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RESPOSTA À ACUSAÇÃO - ART.

396-A DO CPP - ESTUPRO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _ª VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE ___Conforme magistério de Rômulo de Andrade
Moreira:
"Nesta [...] defesa prévia, 'o acusado poderá argüir preliminares e alegar
tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as
e requerendo sua intimação, quando necessário'. É importante que o
patrono do acusado saiba que, apesar do recebimento da peça acusatória,
a sua resposta, se convincente, poderá levar desde logo à absolvição
sumária, evitando os demais termos do processo, inclusive o
interrogatório."
(negrito nosso)
MOREIRA, Rômulo de Andrade. A reforma do código de processo penal -
procedimentos. Juris Plenum, Caxias do Sul: Plenum, v. 2, n. 102, set./out.
2008. 2 CD-ROM.
Ação Penal nº:
(NOME), já devidamente qualificado nos autos do
processo criminal supra, que lhe move o Ministério
Público, vem, por intermédio de advogado e
bastante procurador (doc. 01), devidamente
constituído, perante Vossa Excelência, apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO
com espeque no artigo 396-A, do Código de Processo Penal, pelos
fatos e fundamentos a seguir aduzidos.
Imputa-lhe a denúncia, consoante o Auto de Prisão em Flagrante nº
___, o denunciado teria, no dia __/__/__, por volta das __ horas,
praticado o crime tipificado no art. 213 c/c no Art. 61, alínea "f" e
"h" do CÓDIGO PENAL - DECRETO-LEI Nº 2.848 DE 07.12.1940,
Estupro com circunstância agravante, contra (nome), a vítima no
interior de sua residência, foi constrangida, mediante ameaças, a
praticar ato libidinoso diverso da conjunção carnal, em ____.
Segundo informações da vítima, o denunciado, aproveitando-se do
momento em que este tomava banho, chamou e obrigou a vítima a
masturbá-lo. Posteriormente, não satisfeito com tal situação, iniciou
o atrito de seu membro contra o corpo da jovem, supostamente
grávida, sua enteada, vindo a obrigá-la a permitir que com ela fosse
praticado cópula anal.
A vítima, temendo violência, aquiesceu a investida do denunciado e
praticou tais atos.
NO MÉRITO
Em que pese o brilho das razões elencadas pelo Doutor Promotor de
Justiça que subscreve a peça portal acusatória, tem-se, que a mesma
não deverá vingar em seu desiderato mor, qual seja, o de obter a
condenação do denunciado.
O conjunto fático-probatório hospedado pela demanda, outorgará
um único veredicto possível a absolvição do denunciado.
Primeiramente a enteada do denunciado é uma mulher feita, conta
com 18 anos, com vida pregressa leviana e airada, testemunhas
abaixo elencadas corroboram esta alegação, ademais esta não se
encontra em estado gravídico, exame pericial, desde já requerido,
comprovará este fato.
Por seu turno, a irmã da vítima, _________ - testemunha ocular do
fatos - estranhamente não mencionada na peça acusatória, deverá
prestar depoimento sobre os fatos, e o fato principal é que o
denunciado e a vítima apenas trocaram um beijo, sem mais nenhum
ato, libidinoso ou não, de ambas as partes, sendo completamente
inverídicas as acusações.
O denunciado limitou-se a dar "um beijinho" na vítima, com a
aquiescência desta, por quem era assediado.
O denunciado nega desde já os fatos que lhe foram tributados pela
denúncia.
Ademais, assoma desprimoroso, nos dias que correm, sob o pálio do
Estado de Direito, intentar o Ministério Público, valer-se dos
elementos granjeados durante o fabrico do inquérito policial, para
em estabelecendo-os, unilateralmente, como "fonte da verdade",
perseguindo, de forma inclemente, a condenação do denunciado,
sabido que o inquérito é peça meramente informativa, de feições
administrativas e sendo elaborado por autoridade discricionária,
não se sujeita a ciranda do contraditório.
Nesse diapasão é a mais alvinitente jurisprudência, digna de
transcrição:
O inquérito policial apenas legitima o Ministério Público a
provocar o poder jurisdicional por meio da ação penal,
propondo-se fazer prova do alegado no decorrer da instrução
criminal. Assim, não sendo o inquérito estruturado tendo em
vista o contraditório, não é o mesmo apto a constituir prova
contra o denunciado (Ap. 140.755, TACrimSP, Rel. CHIARADIA
NETTO).
A confissão policial não é prova, pois o inquérito apenas
investiga para informar e não provar. A condenação deve
resultar de fatos provados através do contraditório, o que não
há no inquérito policial, que além de inquisitório, é
relativamente secreto (TACRIM-SP, ap. 121.869, Rel.
CHIARADIA NETTO)
ROUBO. PROVA EXCLUSIVAMENTE EXTRAJUDICIAL.
ABSOLVIÇÃO. Prova produzida exclusivamente no inquérito
policial não autoriza a condenação. (Apelação nº 1003718-
22.2007.8.22.0012, 1ª Câmara Criminal do TJRO, Rel. Zelite
Andrade Carneiro. j. 21.06.2011, unânime, DJe 28.06.2011).
FURTO QUALIFICADO. PROVA EXCLUSIVAMENTE
EXTRAJUDICIAL. ABSOLVIÇÃO. A prova produzida
exclusivamente no inquérito policial não autoriza a
condenação. (Apelação nº 0026690-51.2008.8.22.0017, 1ª
Câmara Criminal do TJRO, Rel. Valter de Oliveira. j.
10.11.2011, unânime, DJe 18.11.2011).
Se uma condenação pudesse ter por suporte probatório
apenas o interrogatório policial do acusado, ficaria o
Ministério Público, no limiar da própria ação penal,
exonerado do dever de comprovar a imputação, dando por
provado o que pretendia provar e a instrução judicial se
transformaria numa atividade inconsequente e inútil
(TACRIM-SP, ap. 103.942, Rel. SILVA FRANCO).
O inquérito policial não admite contrariedade, constituindo
mera peça informativa à qual se deve dar valor de simples
indício. Assim, não confirmados em juízo os fatos narrados na
Polícia, ainda que se trate de pessoa de maus antecedentes,
impossível será a condenação. (TACRIM-SP, ap. 181.563. Rel.
GERALDO FERRARI).
PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO.
CONDENAÇÃO FUNDAMENTADA APENAS EM ELEMENTOS
INFORMATIVOS DO INQUÉRITO E EM PROVA EMPRESTADA.
IMPOSSIBILIDADE. I - "Ofende a garantia constitucional do
contraditório fundar-se a condenação exclusivamente em
elementos informativos do inquérito policial não ratificados
em juízo" (Informativo-STF nº 366). II - Não obstante o valor
precário da prova emprestada, ela é admissível no processo
penal, desde que não constitua o único elemento de convicção
a respaldar o convencimento do julgador (HC 67.707/RS, 1ª
Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 14.08.1992).
Ademais, configura-se evidente violação às garantias
constitucionais a condenação baseada em prova emprestada
não submetida ao contraditório (HC 66.873/SP, 5ª Turma, Rel.
Min. Gilson Dipp, DJ de 29.06.07 e REsp 499.177/RS, 6ª
Turma, Rel. Min. Paulo Gallotti, DJ de 02.04.07), como na
hipótese de depoimento colhido, ainda que judicialmente, em
processo estranho ao do réu (HC 47.813/RJ, 5ª Turma. Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.09.2007). III - In casu, o e.
Tribunal de origem fundamentou sua convicção somente em
depoimento policial, colhido na fase do inquérito policial, e
em depoimento de adolescente supostamente envolvido nos
fatos, colhido na Vara da Infância e da Juventude, deixando
de indicar qualquer prova produzida durante a instrução
criminal e, tampouco, de mencionar que aludidos elementos
foram corroborados com as demais provas do processo.
Ordem concedida. (Habeas Corpus nº 141249/SP
(2009/0131759-5), 5ª Turma do STJ, Rel. Felix Fischer. j.
23.02.2010, unânime, DJe 03.05.2010).

Diante dos fatos, a defesa desde já requer a absolvição do


denunciado, para tanto requerendo:
1) intimação das testemunhas arroladas abaixo, em especial a irmã
da vítima, (nome), sob causa de imprescindibilidade;
2) oportunidade de exame pericial para determinar se a vítima de
fato está grávida;
3) improcedência da peça portal, com a subsequente absolvição do
réu, por critério de Justiça.
Nesses Termos
Pede Deferimento
_________, ____ de _________ de _____.
Defensor
OAB/UF
Rol de testemunhas:
1) (nome, endereço e qualificação);
2) (nome, endereço e qualificação);
3) (nome, endereço e qualificação);

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