Você está na página 1de 5

EXMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPOS


DOS GOYTACAZES/RJ

Processo nº 0039608-46.2009.8.19.0014

JOSIMAR SANTOS MANHAES, já qualificados nos autos


da ação que move em face de SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO
DPVAT, através de seus advogados abaixo assinados, ciente dos termos do Recurso de Apelação
de folhas retro, interposto pela Ré, tempestivamente, apresentar:

CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO

a fim de que V. Exa. a receba e determine o seu processamento,


remetendo oportunamente à Colenda Câmara, segundo a exposição e as razões que adiante
seguem.

Termos em que,
Pede deferimento

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2021.

MARCELO CRUZ EVANGELISTA LEVI SIMÕES DE FREITAS


OAB/RJ 58.404 OAB/RJ 196.585

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,


Autos do processo nº: 003960846.2009.8.19.0014
Apelante: SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO DPVAT S/A
Apelado: JOSIMAR SANTOS MANHAES
Origem: MM. Juízo da 3ª Vara Cível da Comarca de Campos dos Goytacazes/RJ

Colenda Câmara,
Eméritos Julgadores.

PRELIMINARMENTE

DA TEMPESTIVIDADE DA RESPOSTA

Tendo em vista intimação eletrônica do Autor efetuada nesta data, o


ora Apelado, apresenta as contrarrazões ao Recurso de Apelação interposto pela Ré, sendo assim,
nos moldes do Novo Código de Processo Civil, nos artigos 219, caput e art. 224 e §§ seguintes,
iniciando-se a contagem no primeiro dia útil subsequente, sendo a contraminuta apresentada na
data deste protocolo, imperioso se faz concluir que suas razões defensivas estão dentro do prazo
legal, por conseguinte, efetivamente TEMPESTIVAS.

SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de Ação de cobrança de Seguro DPVAT, objetivando a


condenação da Ré ao pagamento da complementação de indenização em virtude de acidente
automobilístico ocorrido em 23/08/2008, onde acarretou sequelas permanentes no Autor.

Após a apresentação de contestação pela parte Ré fora realizada


perícia médica por Perito nomeado pelo Juízo, onde restou comprovado o nexo causal entre o
acidente e os danos sofridos pelo Autor, sendo atestada sequela em razão de retirada do baço.

Ao exarar sua sentença, o nobre Magistrado a quo decidiu no


julgamento parcialmente procedente da demanda, nos seguintes termos:

Trata-se de ação ajuizada por JOSIMAR SANTOS MANHÃES em face


SEGURADORA LIDER DOS CONSÓRCIOS DE SEGURO DPVAT S/A,
alegando, em síntese, que sofreu um acidente automobilístico, em 23/08/2008, que
lhe ocasionou sequelas permanentes, especificamente audição debilitada, sentindo
fortes dores, devido à otorracia à esquerda. Ao final requer o pagamento de
indenização do seguro obrigatório DPVAT no valor de R$13.500,00. A petição
inicial veio instruída pelos documentos de fls. 07/34. Proferida decisão à fls. 36, na
qual foi deferida a gratuidade de justiça. Citação regular à fls. 22-v. Assentada de
audiência às fls. 41/42, na qual o feito foi julgado extinto. Contestação tempestiva
às fls. 43/52, instruída pelos documentos de fls. 53/68, na qual alega, em síntese, a
falta do interesse de agir; a ausência de provas dos fatos alegados; que a
indenização deve ser proporcional à natureza, alcance, impacto, grau e extensão da
lesão. Apelação às fls. 73/81. Recebida à fls. 85. Contrarrazões às fls. 88/99.
Anulada a sentença às fls. 103/109. Proferida decisão à fls. 112, na qual foi
afastada questão preliminar, saneado o feito, fixado ponto controvertido e
deferidas provas documental e pericial. Laudo pericial às fls. 191/195.
Manifestações às fls. 198 e 201/203. Encaminhados os autos ao Grupo de Sentença
à fls. 221. Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Passos a decidir. Busca o
Autor o pagamento de diferença em indenização do seguro DPVAT, pelos
fundamentos explicitados na inicial. Considerando que não há mais provas a serem
produzidas, impõe-se o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I do
Código de Processo Civil. Estamos em evidente sede de direito do consumidor, no
qual os prestadores de serviço respondem pelos danos causados aos consumidores
objetivamente, só se isentando de sua responsabilidade caso comprovem uma das
excludentes prevista no art. 14, §3º I e II do Código de Defesa do Consumidor, ou
seja, a inexistência de defeito na prestação ou culpa exclusiva do consumidor ou
de terceiro. Restou comprovado pelo laudo pericial (fls. 191/195) que o Autor é
portador de incapacidade parcial e permanente avaliada em 10% (dez por cento),
por lesões neurológicas, conforme trechos que passamos a reproduzir: ´Em virtude
das lesões crânio-faciais, com debilidade permanente total em grau residual das
funções neurológicas, o periciado faz jus a indenização DPVAT que corresponde a
10% de R$13.500,00.´ Para apuração do valor a ser indenizado, deve-se observar a
tabela anexa à Lei 6194/74. Considerando que o patamar máximo de indenização é
de R$13.500,00, cabe ao Autor uma indenização no valor de R$1.350,00. Não
podemos deixar de observar que o Autor formulou requerimento administrativo
apenas após o ajuizamento da presente demanda, acarretando a fluência da
correção monetária a contar da juntada do laudo pericial nestes autos. Na mesma
toada, tendo em mente o Princípio da Causalidade, esclarecendo que este não se
contrapõe ao Princípio da Sucumbência, mas sim o mitiga em ocasiões nas quais a
aplicação pura e simples deste causaria uma situação de injustiça, deverá o Autor
arcar com as custas processuais, eis que ajuizou a demanda se que houvesse
resistência do Réu. Pelo exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o
pedido para condenar o Réu ao pagamento em favor do Autor da quantia de
R$1.350,00 (um mil, trezentos e cinquenta reais), acrescido de juros a contar da
citação e correção monetária a contar da data da juntada do laudo pericial,
observando-se os índices oficiais da Corregedoria Geral de Justiça e julgo extinto
o processo, na forma do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Com base
na teoria da causalidade, condeno o Autor ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) sob o valor da causa,
com fulcro no § 2º do art. 85 do Código de Processo Civil, observando-se a
gratuidade de justiça deferida. Certificados o trânsito em julgado e a insubsistência
de custas, dê-se baixa e arquive-se. P.R.I.

Irresignada, a parte Ré interpõe Recurso de Apelação.

DA ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO


Nobres Julgadores, como colacionado acima, embora a sentença
retro deva ser reformada de modo que seja afastada a sucumbência recíproca, condenando-se o
Réu ao pagamento de honorários em sua integralidade e afastando quaisquer ônus de custas e afins
da parte Autora, ante a gratuidade de justiça deferida, além considerar a incidência de correção
monetária desde a data do evento danoso (23/08/2008), não há que se falar em ausência de
fundamentação, pois o retro decisum é tecnicamente idôneo.

O juízo a quo apresenta o relatório, a fundamentação e dispositivo da


sentença, conforme preceitua o ordenamento jurídico.

Dessa forma, fica clara a ausência de argumentos fáticos e de mérito


da Ré, que interpõe recurso com a única finalidade de protelar o feito.

DA ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE COBERTURA

No referido tópico a parte Apelante tenta trazer à baila tese


completamente oposta ao entendimento pacífico deste Tribunal e até mesmo da Lei que rege a
situação ora debatida, a Lei. 6.194/74.

A Lei em comento traz tabela específica onde lá constam os


percentuais atribuídos às lesões suportadas.

Obviamente, tratando-se de lesão neurológica, ainda que se


acolhesse a tese da Ré, na verdade, o percentual indenizável deveria ser o total, já que é o previsto
pela Tabela Anexa à Lei 6.194/74.

Portanto, sucintamente, caso a tese do Tempus Regit Actum seja


acolhida, deve-se aplicar, o percentual máximo sem aplicação de redutores, como feito em
sentença.

No mais, caso não seja o entendimento desta Egrégia Câmara,


mantenha-se a sentença neste ponto, já que correto o enquadramento da lesão.

DO CORRETO ENQUADRAMENTO E LAUDO PRECISO

O i. perito nomeado por este Juízo, ao realizar o exame médico


pericial no Autor, constatou que este apresenta sequelas em suas funções neurológicas e não
simplesmente ‘dor’.
O Réu, ora Apelante, ao alegar que o laudo enquadra unicamente em
“dor” a lesão do Apelado, comete grave equívoco, uma vez que não se atém ao fato de que houve
lesão neurológica e que o Autor deve ser indenizado por isso.

Ao concluir seu Laudo, o i. expert reconheceu o nexo causal entre o


acidente e as lesões sofridas pela parte Autora e atestou que, em razão do acidente, ocorreu
DEBILIDADE PERMANENTE TOTAL EM FUNÇÃO DE LESÕES CRANIOFACIAIS.
DO PEDIDO

Por todo o exposto, requer o Apelado que essa Corte digne-se a


negar provimento ao recurso interposto pela Ré ora Recorrente, mantendo irretocável e
irretorquível o v. julgado nos pontos suscitados pelo Apelante e acolhendo o Recurso
interposto pela parte Autora, por ser medida da mais lídima Justiça e de acordo com o
ordenamento jurídico brasileiro.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2021.

MARCELO CRUZ EVANGELISTA


OAB/RJ 58.404

LEVI SIMÕES DE FREITAS


OAB/RJ 196.585

Você também pode gostar