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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO COLÉGIO RECURSAL DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DO ESTADO DA BAHIA.

ISLAN RODRIGO MACHADO, já qualificado nos autos da presente ação, vem,


respeitosamente, perante Vossas Excelências, inconformada, data venia, com a r. decisão de
evento nº 75 proferida pela MM. Juíza da 3ª Vara do Juizado Especial Cível da Comarca de
Feira de Santana – BA - processo nº 0004623-85.2019.8.05.0080, com fulcro no artigo 1.015
e seguintes do Código de Processo Civil, INTERPOR o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO
com PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO, na conformidade das razões de fato e de direito
aduzidas em anexo.
Para tanto, apresenta as razões em anexo e requer a juntada das inclusas peças necessárias
à formação do instrumento, bem como o regular processamento.
Finalmente, requer se dignem Vossas Excelências a conhecer do presente agravo de
instrumento, recebendo-o e provendo-o por ser esta a mais lídima Justiça.
Termos em que, pede e espera deferimento.
Feira de Santana – BA, 22 de junho de 2020.

HENRE EVANGELITA ALVES HERMELINO.


OAB/BA – 34.508
RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
Agravante: ISLAN RODRIGO MACHADO
Agravado: BANCO ITAU UNIBANCO S A
Autos na Origem: 0004623-85.2019.8.05.0080
3ª Vara do Juizado Especial Cível – Comarca de Feira de Santana – BA.
EGRÉGIO COLÉGIO RECURSAL,
COLENDA TURMA JULGADORA
I - DA DECISÃO AGRAVADA
Insurge-se o Agravante contra a r. decisão de evento nº 75, proferida pela Digníssima Juíza
da 3 xª Vara do Juizado Especial Cível – Comarca de Feira de Santana – BA, sob o seguinte
fundamento:
As custas que estão sendo cobradas ao acionante são as decorrentes da
contumácia e estas possuem natureza de sanção e, por isto, não estão abarcadas
por eventual concessão de benefício da gratuidade da justiça, motivo pelo qual
indefiro o pedido de evento 69.

Inconformado com a r. decisão monocrática prolatada pela MM. Juíza a quo, vem o
Agravante, por seu advogado e procurador, demonstrar a Vossas Excelências a necessidade
de provimento ao presente agravo de instrumento, para reformar a r. decisão guerreada,
pois os fundamentos que a ensejaram não se mostram suficientes, tendo em vista que em
sede de Súmula de Julgamento, o juízo ad quem suspendeu a exigibilidade da sentença que
condenou ao pagamento de custas processuais.
Desta forma, sem razão a destacada Autoridade, pelo que, merece reforma conforme se
demonstrará nas razões recursais.
II - SÍNTESE DA DEMANDA
O agravante pleiteou ação de indenização por danos morais, entretanto, conforme observa-
se nos documentos anexos, o autor não pôde participar da audiência de conciliação por
motivos de saúde, por consequência o juízo de ad quo condenou ao autor ao pagamento de
custas processuais.
Inconformado com a decisão, autor recorreu da presente decisão e o juízo ad quem decidiu
pela manutenção da sentença, entretanto afastando a exigibilidade da condenação pelo
prazo de 5 (cinco) anos, conforme segue:
Vistos, relatados e discutidos os autos acima indicados.
Realizado o julgamento, a Quinta Turma Recursal do Tribunal de Justiça do
Estado da Bahia, composta pelos Juízes de Direito: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA
DA SILVA, MARIAH MEIRELLES DE FONSECA e ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA,
decidiu, à unanimidade de votos, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO, para manter a sentença impugnada, pelos seus próprios e jurídicos
fundamentos, condenando a parte recorrente ao pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios, estes arbitrados em 20 % (vinte por
cento) sobre o valor da condenação, desde que a parte contrária esteja
acompanhada de advogado. Ausente condenação pecuniária, tal percentual
deverá incidir sobre o valor da causa.

Tal ônus fica suspenso, contudo, pelo prazo de 05 (cinco) anos, apenas e tão
somente, caso tenha sido conferido à parte Recorrente os benefícios da
assistência judiciária gratuita (art. 98, § 3º, do Novo Código de Processo Civil).

Julgamento conforme o art. 46, segunda parte, da Lei nº. 9.099/95, e nos termos
do art. 15 do Decreto Judiciário nº. 209, de 18 de março de 2016, do Tribunal de
Justiça do Estado da Bahia, disponibilizado no DJE de 29/03/2016, servindo a
presente súmula de julgamento como acórdão.

Ocorre que, mesmo diante da decisão proferida em súmula de julgamento pela turma
recursal, o juízo de piso se nega em afastar a exigibilidade da condenação pelo prazo
estipulado (cinco anos), em flagrante violação a decisão da turma recursal e dispositivos
legais citados na mesma, o que ensejou o presente agravo de instrumento.
DO MÉRITO

III - CABIMENTO E PERTINÊNCIA DO AGRAVO:


Merece ser modificada a r. decisão de evento nº 75, pois os fundamentos que a ensejaram
não se mostram suficientes, tendo em a exigibilidade do pagamento de custas processuais
impostas pela sentença de piso estão suspensas pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Vejamos o equívoco constante da r. decisão agravada, que pedimos vênia para transcrever:
As custas que estão sendo cobradas ao acionante são as decorrentes da
contumácia e estas possuem natureza de sanção e, por isto, não estão abarcadas
por eventual concessão de benefício da gratuidade da justiça, motivo pelo qual
indefiro o pedido de evento 69.

Com o devido respeito, tal decisão não pode prevalecer, visto que a r. decisão é
contraditória ao que estipulado em súmula de julgamento.
Não obstante a necessidade de conferir maior celeridade e simplicidade ao exercício da
jurisdição, por óbvio que caros princípios processuais não devem ser afastados, tais como a
segurança jurídica, a ampla defesa e o contraditório.
Portanto, o presente agravo de instrumento, tem que ser acatado, mesmo em se tratando
de processo perante os Juizados Especiais Cíveis, eis que a lei posterior revogou a lei
anterior (Lei 9.099/95) nos termos em que há incompatibilidade.
Nestes termos, inclusive é o entendimento jurisprudencial:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRAZO PARA COMPLEMENTAÇÃO – DESERÇÃO –
Afastamento - Aplicável ao Juizado Especial Cível o disposto no artigo 1017,
parágrafo segundo, do Código de Processo Civil - Recurso provido. (TJSP; Agravo
de Instrumento 0100029-88.2018.8.26.9003; Relator (a): Sidney Tadeu Cardeal
Banti; Órgão Julgador: 3ª Turma Recursal Cível; Data do Julgamento: 26/03/2018;
Data de Registro: 27/03/2018).

AGRAVO DE INSTRUMENTO –PRAZO PARA COMPLEMENTAÇÃO – DESERÇÃO –


Afastamento - Aplicável ao Juizado Especial Cível o disposto no artigo 1007,
parágrafo segundo, do Código de Processo Civil- Recurso provido. (TJSP; Agravo
de Instrumento 0100196-42.2017.8.26.9003; Relator (a): Sidney Tadeu Cardeal
Banti; Órgão Julgador: 3ª Turma Recursal Cível; Foro de Franco da Rocha - 2ª.
Vara Cível; Data do Julgamento: 28/08/2017; Data de Registro: 31/08/2017).

AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRAZO PARA COMPLEMENTAÇÃO – DESERÇÃO –


Afastamento - Aplicável ao Juizado Especial Cível o disposto no artigo 1007
parágrafo primeiro, do Código de Processo Civil - Recurso provido. (TJSP; Agravo
de Instrumento 0100023-18.2017.8.26.9003; Relator (a): Sidney Tadeu Cardeal
Banti; Órgão Julgador: 3ª Turma Recursal Cível; Foro de Piracicaba - 4ª. Vara
Cível; Data do Julgamento: 27/03/2017; Data de Registro: 29/03/2017).

Destacam Nelson Nery Júnior e Rosa Maria Andrade Nery:


"Mesmo na ausência de dispositivo expresso determinando a aplicação
subsidiária do CPC às ações que se processam perante os juizados especiais
cíveis, referida aplicação se dá pelo fato de o CPC ser a lei ordinária, geral, do
direito processual civil no Brasil."(NERY Júnior, Nelson e NERY, Rosa Maria
Andrade. Código de Processo Civil Comentado e Legislação Processual Civil
Extravagante em Vigor. 4. ed. rev. ampl. atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 1999. p. 2.238)."

O fumus boni juris, por sua vez, é evidente, posto que deva ser aplicado ao caso em
comento não só o direito, mas princípios constitucionais e o próprio artigo 99 e parágrafos
do novo CPC, que resguarda a agravante.
DA NECESSIDADE DO RECEBIMENTO DO AGRAVO EM SEU EFEITO ATIVO
A manutenção da decisão agravada impõe a Agravante um evidente prejuízo, qual seja ao
pagamento de custas processuais. Isso porque não tem a Agravante qualquer condição
econômico-financeira para arcar com as despesas do processo.
O perigo na demora ocasiona o agravante ao pagamento de custas processuais conforme
decisão agravada e a fumaça do bom direito está presente na súmula de julgamento
proferida pela turma recursal que afastou a exigibilidade por 5 anos.
Assim, demonstrado o “periculum in mora” e o “fumus boni juris”, requer a Agravante que
Vossa Excelência conceda, em liminar, efeito ativo ao presente Agravo de Instrumento, a fim
de suspender os efeitos do despacho interlocutório de primeiro grau, e conceder o benefício
da gratuidade da justiça, determinando ao Juízo a quo proceda a análise do pedido
formulado na inicial e o prosseguimento do feito, nos termos da Lei.
IV – CONCLUSÃO E PEDIDO
Diante do exposto, em respeito a boa-fé processual e em atendimento ao duplo grau de
jurisdição e a ampla defesa violados, requer às Vossas Excelências seja conhecido e dado
provimento ao presente agravo de instrumento, para reformar a r. decisão agravada de
evento nº 75.
Seja deferido o efeito ativo ao presente agravo de instrumento para suspender os efeitos da
decisão interlocutória, determinando o afastamento da exigibilidade do pagamento das
custas processuais pelo prazo de 5 anos.
Requer ainda, a intimação do agravado, para, querendo, responder aos termos do presente
agravo, no prazo legal.
Deixa de recolher custas recursais, considerando não ter condições de arcar com as custas
processuais, requerendo, desde já, o benefício da gratuidade da justiça.
Por fim, requer a juntada das cópias obrigatórias e facultativas anexas, que desde já a
patrona da agravante declara que conferem com os originais, para que possam instruir o
presente recurso.
Assim agindo, Vossas Excelências poderão estar convictos de haver aplicado o Direito e,
sobretudo, em toda sua plenitude, a tão esperada JUSTIÇA!
Nesses termos, pede deferimento.
Feira de Santana – BA, 22 de junho de 2020.

HENRE EVANGELISTA ALVES HERMELINO.


OAB/AB – 34. 508

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