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Direito Processual Civil Executivo e Recursos

(Ação Executiva)
2.3 CERTEZA, LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO EXEQUENDA (713.º)
Pressupostos (específicos) para
que a execução possa prosseguir
A obrigação é certa quando o seu (e não para que a ação possa ser
conteúdo se encontra qualitativamente intentada).
determinado.

As obrigações alternativas são aquelas em que cabe ao


devedor cumprir uma de duas ou mais prestações de
São incertas as obrigações alternativas acordo com a escolha a efetuar, arts 545º CC e 714.º CPC.
ou as obrigações genéricas de espécie
indeterminada.
As obrigações genéricas são aquelas em que o devedor
está vinculado a prestar determinada quantidade de um
género que contém duas ou mais espécies diferentes.
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(Ação Executiva)

• 2.3 CERTEZA, LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO EXEQUENDA (713.º)

A obrigação líquida é aquela cujo A obrigação exigível é aquela que se encontra


conteúdo ou objeto se encontra vencida ou que o seu vencimento depende de
quantitativamente determinado. simples interpelação ao devedor.

O Exequente deve especificar os


Não são exigíveis:
valores que considera compreendidos
i. As obrigações de prazo certo quando o prazo ainda
na prestação devida e concluir o
não decorreu –779º CC;
requerimento executivo com um
ii. As obrigações sujeitas a prazo incerto que deva ser
pedido líquido (716.º).
fixado pelo tribunal – 772º nº 2 CC;
iii. As obrigações sujeitas a uma condição suspensiva que
Condenação em Incidente de
ainda não se verificou –270º CC e 715º CPC;
obrigação ilíquida liquidação (358.º
iv. Obrigações decorrentes de um contrato
(609.º2). a 361.º).
sinalagmático, nas situações em que o credor não
tenha ainda cumprido – 715.º CPC.
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(Ação Executiva)
3. PRESSUPOSTOS (COMUNS) DA AÇÃO EXECUTIVA

Suscetibilidade de poder deduzir uma determinada e concreta


3.1 Legitimidade pretensão executiva ou de contra si ser deduzida a mesma
pretensão.

Legitimidade formal, na medida em que se afere pelo confronto entre o título


. executivo e as partes. Para se aferir da legitimidade importa olhar tão só e
apenas, em regra, para o título executivo. Ac STJ 2018

 Tem legitimidade, nos termos do artigo 53º, quem no título executivo


figure como credor ou como devedor.
 Tratando-se de um título ao portador, a ação executiva pode ser
instaurada pelo portador do título (nº 2, 53.º).
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3.1 Legitimidade
Desvios à regra geral (da legitimidade formal), 54.º .
I A execução pode ser promovida por ou contra quem tenha sucedido à pessoa que no
título figura como credor ou devedor. Sucessão inter vivos (262.º, 263º) sucessão
mortis causa (262.º, 351.º).

Sucessão, anterior à demanda Sucessão na pendência da


(54.º 1 in fine). execução: 351.º…, 356.º… Ac STJ 2021

II Se a obrigação exequenda tiver garantia real e esta tiver sido prestada por terceiro, a
execução pode ser intentada apenas contra terceiro, assim como pode ser apenas
intentada contra o devedor, ou pode ser intentada contra ambos (2 e 3, art.º. 54).Ac. STJ 2013

Não há litisconsórcio necessário: O Exequente pode abrir mão da garantia real, dada
por um terceiro e promover execução só contra o devedor. Contra Ac. STJ 28.01.2015.
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3.1 Legitimidade
Desvios à regra geral (da legitimidade formal), 54.º.
III Pertencendo os bens onerados (hipoteca, penhor, arresto) ao devedor, mas
na posse de terceiro (locatário, comodatário, ou depositário); este pode ser
logo demandado juntamente com o devedor (nº 4, 54.º). Do mesmo modo,
o demandado em ação de impugnação pauliana (616.º e 818.º).

A vantagem para o exequente?


Obrigar o possuidor/detentor a pronunciar-se, logo na parte inicial da execução,
sobre aquela situação e, sendo caso disso, opor-se à penhora. O legislador
permite que o terceiro tenha imediato conhecimento da existência da ação
executiva que pode dar origem à penhora do bem que ele detém. Clarificação
imediata, antecipada, da situação dos bens.
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(Ação Executiva)
3.1 Legitimidade
Desvios à regra geral (da legitimidade formal), 55.º.
IV
A execução que tenha por base uma sentença condenatória pode ser,
igualmente, intentada contra quem não seja devedor, mas seja abrangido pela
força de caso julgado da sentença condenatória.
Exemplo:
“A” intenta contra “B” ação declarativa pedindo a condenação na
entrega do imóvel “X”. “B” contesta sustentando que é ele o
proprietário de “X”, e na pendência da ação vende o imóvel a “C”.
A ação prossegue e “B” é condenado na restituição do imóvel.

“A” tem (também) título contra “C”,


“A” tem título contra “B” verificados os requisitos estatuídos no
(53.º) 263.º, nº3.
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3.1 Legitimidade (plural)
Pluralidades de partes (exequentes ou executados) e uma única
Litisconsórcio
relação material controvertida/unicidade da obrigação exequenda).

Na ação executiva, por regra (como na ação declarativa), o litisconsórcio é voluntário.

Execução para pagamento de quantia certa,


A ação não tem, obrigatoriamente,
impondo a lei (p.e. 2019.º CC) ou o negócio, a
de ser intentada por todas as
intervenção de todos os interessados.
Litisconsórcio pessoas que no título constam
Necessário como credores, nem contra todas
Execução para entrega de coisa certa, com as pessoas que no mesmo constam
(33.º) pluralidade de devedores. como devedores.

Execução para prestação de facto com


pluralidade de devedores.
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3.1 Legitimidade (plural). Cônjuges

Execução por dívidas de ambos cônjuges ou


Litisconsórcio necessário para entrega de bens que só ambos possam
dispor (aplicabilidade do 34.º). Teixeira de
Sousa, Rui Pinto, Marco Gonçalves.

A qualificação da dívida exequenda como


Litisconsórcio voluntário comum não determina, por si, a existência de
litisconsórcio necessário. Ac. STJ, de 22.05.2018
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3.2. Coligação e (simples) cumulação de execuções

Pluralidade de obrigações
exequendas.
Pluralidade de partes e de
obrigações exequendas.
Simples
Unicidade de partes. cumulação
Há sempre, igualmente,
cumulação.
 Um credor, ou credores
litisconsortes;
 Um devedor ou devedores
lititiconsortes.
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 Admissibilidade da (simples) cumulação (709.º):

Um credor/credores litisconsortes Um devedor/devedores litisconsortes

 Obstáculos (709.º):

 Situação de incompetência absoluta, para qualquer uma das obrigações;


 Fins diferentes;
 Diferentes formas (às obrigações exequendas deve corresponder a forma de
processo comum);
 A execução de uma das obrigações corra nos próprios autos da ação declarativa.
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Admissibilidade da coligação (56.º):

 A (um credor ou) vários credores coligados é permitido demandar o mesmo devedor ou
vários devedores litisconsortes [al.a)]
Exemplo: “A” vendeu um automóvel a “B”; “C” vendeu
uma motorizada a “B”. “B” não procedeu a qualquer
pagamento.

 A um ou vários credores litisconsortes, ou a vários credores coligados é permitido


demandar vários devedores coligados, desde que obrigados no mesmo título [al. b)]

Exemplo: “A” e “B” vendem x a “C”, e y a “D”, Os dois


contratos são formalizados num único documento.
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Admissibilidade da coligação:

 A um ou vários credores litisconsortes ou a vários credores coligados é permitido


demandar vários devedores coligados, titulares de quinhões no mesmo património
autónomo ou de direitos relativos ao mesmo bem indiviso, sobre os quais se faça
incidir a penhora [al. c)]

Exemplo: “A” emprestou a “B”, “C” e “D”, filhos de “E”


9 .000,00, ficando cada um obrigado à restituição de 3.000,00
acrescido de juros. “E” morre e deixa na sua herança um imóvel.
“A” pode executar “B”, “C” e “D”, e nomear à penhora o referido
bem.
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3.3. Patrocínio judiciário obrigatório (58.º)


Superior a €30.000,00 Obrigatória a constituição
(Alçada dos Tribunais da Relação) de advogado.

Só é obrigatória a constituição
Valor da de advogado, nos casos de
Execução: Entre €5.000,01 e € 30.000,00 procedimento declarativo.

Mas as partes têm de se fazer


representar (58.º nº 3).

Igual ou inferior a € 5.000,00


(Alçada dos Tribunais de 1ª instância) Não é obrigatória a
constituição de advogado.

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