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O processo de construção europeia: génese, evolução, alargamentos e

aprofundamentos
As Comunidades Europeias referem-se às organizações intergovernamentais
que se uniram para promover a integração econômica e política na Europa. Essas
comunidades foram criadas em resposta às devastadoras guerras que ocorreram na
Europa durante a primeira metade do século XX.

Gênese:
As Comunidades Europeias foram criadas após a Segunda Guerra Mundial, com o
objetivo de reconstituir as regiões económicas e estabelecer uma paz duradoura que
conduzisse a Europa a um movimento de solidariedade essencial à ideia da união dos
Estados.
O primeiro passo nesta direção foi dado em 1940, com o discurso de Churchill onde
convidou os inimigos França e Alemanha a reconciliarem-se a fim de criar os Estados
Unidos da Europa.
O Congresso europeu inicia-se em 1948 em Haia, sob a presidência de Churchill, onde
reúne delegados de 19 países para adotar resoluções no sentido da criação de uma
união política e económica.

Evolução histórica:
Estava então criada a possibilidade de prosseguir o processo de construção europeia.
Este processo arranca com a declaração histórica do ministro francês dos negócios
estrangeiros Robert Schumann em 1950 em Paris, onde propõe colocar a produção
franco-alemã de carvão e de aço sob uma alta autoridade comum, numa Organização
aberta. A proposta é aceite e em 1951 é assinado o tratado que constitui a
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA).
A construção comunitária não ficou por aqui, em 1957 foi assinado o Tratado de Roma,
com vista a realizar a integração económica da Europa, que criou a Comunidade
Econômica Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atômica (EURATOM).
Também em 1957, assinou-se uma convenção relativa às instituições comuns das
Comunidades Europeias que veio a estabelecer a Assembleia, o Tribunal de Justiça e o
Comité Económico e Social (processo comunitário)

Alargamentos:
Desde a sua criação, as Comunidades Europeias cresceram significativamente,
passando as Comunidades Europeias, e posteriormente a União Europeia, de 6
membros para 28:
1. Reino Unido, Irlanda, Dinamarca e Noruega - 1972
2. Grécia - 1981
3. Portugal e Espanha - 1986
4. Áustria, Finlândia e Suécia - 1995
5. Chipre, Malta, Polónia, República Checa, Hungria, República Eslovaca, Lituânia,
Letónia, Eslovénia e Estónia - 2003
6. Roménia e Bulgária - 2007
7. Croácia - 2013
Atualmente, o procedimento de adesão à União Europeia está previsto no Art.º 49 TUE,
que limita aos Estados europeus à possibilidade de admissão, exigindo que o Estado
requerente respeite e esteja empenhado a promover os valores referidos no Art.º 2
TUE.

Aprofundamentos:
Além dos alargamentos, as Comunidades Europeias também passaram por
aprofundamentos significativos, com o objetivo de tornar a UE mais unida e eficaz. Por
aprofundamentos entende-se as revisões operadas que implicam alterações no
processo comunitário.
O 1° tratado de revisão importante foi o Ato Único Europeu, aprovado pelo Conselho
Europeu de Luxemburgo em 1985, que adotou a realização de um mercado interno, a
introdução da coesão económica e social, a institucionalização da Cooperação Política
Europeia...
O 2º tratado foi o Tratado de Maastricht assinado em 1992, que comporta inovações
no plano da criação de uma estrutura de 3 pilares:
1. Comunidades Europeias: reforço das 3 Comunidades Europeias, em especial da
CEE, instituição da cidadania europeia, instituição política monetária única,
adoção da maioria qualificada como regra geral de decisão...
2. Políticas e formas de cooperação intergovernamental em matéria de política
externa e de segurança comum (PESC)
3. Domínio da justiça e dos assuntos internos (JAI)
O Tratado de Lisboa, que ampliou o poder do Parlamento Europeu e estabeleceu um
presidente permanente do Conselho Europeu.

Os valores em que se baseia a União Europeia podem ser objeto de violação pelos
estados-membros? Existe algum mecanismo sancionatório para esse tipo de
violações?

Os valores em que se baseia a União Europeia, como a democracia, o Estado de


direito e os direitos humanos, são considerados fundamentais e essenciais para o
funcionamento da UE. Quando um Estado-membro viola esses valores, isso pode ter
um impacto negativo na coesão e integridade da UE como um todo, portanto, a UE tem
mecanismos para lidar com tais violações.

Diálogo político: a UE pode iniciar um diálogo político com o Estado-membro na


tentativa de resolver a questão de forma amigável e cooperativa

Processos de infração: a Comissão Europeia pode abrir um processo de infração contra


o Estado-membro que tenha violado as leis europeias, incluindo as relacionadas com
os valores fundamentais da UE. O Estado-membro pode ser multado ou condenado a
tomar medidas para resolver o assunto em questão

Sanções financeiras: a UE pode impor sanções financeiras contra o Estado-membro em


questão, restringindo o acesso a fundos da UE ou impondo-lhe multas

Suspensão de direitos: perante casos graves de violação dos valores fundamentais da


UE, esta pode suspender o direito de voto do Estado-membro nas instituições da UE ou
até mesmo suspender temporariamente sua participação na UE
Art.º 7 TUE: procedimento mais severo e que pode ser utilizado quando existe uma
violação grave e persistente dos valores fundamentais da UE. Pode levar à suspensão
dos direitos de voto do Estado-membro no Conselho Europeu

A UE tem mecanismos para lidar com violações dos valores fundamentais em


que se baseia, mas essas medidas dependem da gravidade da situação em causa.

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