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O ALARGAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA

Ao abrigo do Tratado de Roma, então em vigor, a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido solicitaram,
obtiveram parecer favorável e consagraram a sua adesão às Comunidades Europeias em janeiro de 1973,
ocorrendo assim o primeiro alargamento da Comunidade.

O segundo alargamento acontece na década de 80 do século XX, com a adesão de três países do sul da
Europa: Grécia, Portugal e Espanha (1986), tornando-se estes o 10º, 11º e 12º países da Comunidade,
respetivamente, Portugal e Espanha aderiram quase nove anos após os respetivos pedidos de adesão.

O ATO ÚNICO EUROPEU

O Ato Único Europeu foi assinado a 17 de fevereiro de 1986, tendo entrado em vigor em 1 de julho de
1987.

Os 12 países-membros (de então) propuseram-se realizar, até 1 de janeiro de 1993, o mercado interno
europeu (mercado sem fronteiras), traduzido na livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e
capitais.

O Ato Único Europeu estabeleceu um conjunto de ações no sentido de reforçar a coesão económica e
social entre os Estados-membros, por forma a eliminar ou atenuar as diferenças de desenvolvimento entre
as regras e entre os grupos socias sem condições e oportunidades desiguais.

Os meios previstos para a concretização daqueles objetivos foram:

 O aprofundamento das políticas comuns no domínio económico e monetário, social, de


investigação, de desenvolvimento tecnológico e do ambiente;
 O funcionamento mais eficaz e democrático da União Europeia com o reforço da competência do
Parlamento Europeu e da Comissão e o recurso mais frequente à maioria qualificada no Conselho de
Ministros;
 A transferência de parte da soberania dos Estados-membros para a União Europeia;
 A criação de condições para que a liberdade de circulação de pessoas seja uma realidade
(Convenção de Schengen);
 A harmonização fiscal foi estabelecida a liberdade de circulação de cidadãos comunitários entre os
Estados da UE.

A UNIÃO POLÍTICA

O Tratado de Maastricht incluía também disposições sobre a união política, designação genérica para
áreas tão diferentes como: política externa e de segurança comum, cooperação em assuntos de justiça e
administração pública, cidadania europeia, política social e princípio da subsidiariedade.

› A política externa e de segurança comum

Os «Doze» previram a criação de uma política externa e de segurança comum, que, a prazo, incluiria a
definição de uma Política de Defesa Comum.

No âmbito da Política Externa e de Segurança Comum (PESC), competia ao Conselho Europeu decidir sobre
as orientações políticas que iriam nortear toda a ação da União Europeia, sempre que os Doze
reconhecessem partilhar interesses que desejassem prosseguir em comum.
Tais decisões seriam tomadas por unanimidade, embora, nos domínios em que fosse acordada a
implementação de ações comuns, o Conselho pudesse definir, também por unanimidade, quais as matérias
em que as decisões de execução poderiam ser tomadas por maioria qualificada, isto é, exigindo sempre
concordância de pelo menos oito Estados-membros.

› A cooperação em assuntos de justiça e administração interna

O Tratado de Maastricht previu a possibilidade de adoção de posições e de ações comuns através de um


processo semelhante ao praticado no domínio da política externa e de segurança, nomeadamente, na
política de imigração e de asilo, bem como na cooperação judiciária, aduaneira e policial, tendo em vista a
luta contra o tráfico de droga, o terrorismo e o crime organizado.

› A cidadania europeia

O Tratado consagrou igualmente a criação de uma cidadania europeia, o que implicou o reconhecimento de
direitos específicos decorrentes de o cidadão pertencer à Comunidade. De entre esses direitos, salientamos:

• a liberdade de circular e permanecer em qualquer ponto da UE;

• a possibilidade de eleger e ser eleito nas eleições autárquicas e europeias fora dos Estados-membros a que
pertence;

• o benefício de proteção diplomática e consular de um outro Estado-membro.

› A política social

O Tratado previu também a possibilidade de recurso a voto maioritário para a adoção de legislação sobre
diversas matérias de âmbito social, mantendo-se a exigência de unanimidade para outras e excluindo-se,
mesmo, algumas do campo de aplicação da política social comunitária, como são os casos das
remunerações, do direito sindical, da greve e do lock-out.

TRATADO DE LISBOA

O Tratado de Lisboa foi assinado em Lisboa, a 13 de dezembro de 2007, no culminar da terceira presidência portuguesa
da União Europeia, mas só entrou em vigor a 1 de dezembro de 2009.

O Tratado de Lisboa altera, sem substituir, os tratados da União Europeia e da Comunidade Europeia, conferindo à
União um novo quadro jurídico e os instrumentos necessários para fazer face a desafios futuros e responder às
expectativas dos cidadãos.

De entre as muitas alterações introduzidas por este tratado, salientamos as seguintes:

 atribuir personalidade jurídica a União Europeia;


 cria o cargo de alto representante da União para os Negócios estrangeiros e política de segurança;
 eleva o Conselho Europeu e o Banco Central Europeu a instituições;
 passa o mandato de presidente do conselho de seis meses e rotativo, para permanente e de dois anos e meio;
 reforça o papel do Parlamento Europeu, evoluindo novos poderes no que se refere a legislação e ao
orçamento da União europeia;
 reforça os direitos dos cidadãos da UE;
 prevê uma maior participação dos parlamentos nacionais;
 reconhece a cada Estado-membro liberdade de poder sair da UE;
 simplifica o processo da decisão do conselho.
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UNIÃO EUROPEIA

Os tratados que criaram as Comunidades Europeias dotaram estas organizações de órgãos investidos de competências
próprias. Atualmente, as instituições europeias são:

 o Parlamento Europeu;
 o Conselho da União europeia;
 o Conselho Europeu;
 a Comissão europeia;
 o Tribunal de Justiça;
 o Tribunal de Contas Europeu;
 o Banco Central Europeu.

Para além destas instituições existem ainda dois órgãos de natureza consultiva:

 o Comité Económico Social;


 o Comité das Regiões.

A União Europeia possui ainda outras instituições e organismos interinstitucionais, dos quais destacamos o Banco
Europeu de Investimento (BEI) e o provedor de Justiça Europeu.

O PARLAMENTO EUROPEU

O Parlamento é a instituição que representa os cidadãos dos Estados membros e é composto por 751 deputados,
eleitos nos 20 sete estados membros da UE e está sediado em Estrasburgo, dispondo, no entanto, de mais dois locais
de trabalho: Bruxelas e Luxemburgo.

Os deputados reúnem-se em Estrasburgo e Bruxelas durante sessões plenárias. São eleitos através do sufrágio universal
direto desde 1979, o seu mandato é de cinco anos, renovável.

O Presidente do Parlamento Europeu eleito por maioria absoluta na sequência de escrutínio secreto; se após o terceiro
escrutínio não for alcançado a maioria absoluta, o presidente será eleito à quarta volta por maioria simples. O mandato
é de dois anos e meio, renovável, ou seja, por metade do tempo de uma legislatura.

De entre as funções que competem ao Presidente do Parlamento Europeu, destacam-se:

 dirigir as atividades do Parlamento Europeu;


 presidida às sessões plenárias;
 declarar a adoção final do orçamento da UE;
 representar o Parlamento Europeu nas relações externas;
 representar o Parlamento Europeu nas suas relações com as outras instituições da União Europeia.

Os deputados estão agrupados em função do grupo político a que pertencem sendo que os deputados que não
pertencem a nenhum grupo tomam assento como deputados «não inscritos». Atualmente, o Parlamento Europeu
integra oito grupos políticos e deputados «não escritos».
O PROVEDOR DE JUSTIÇA

O Provedor de Justiça Europeu, cuja função foi instituída pelo Tratado de Maastricht, em 1992, e está sediado em
Estrasburgo, França, atua como mediador e provedor entre os cidadãos e administração da União Europeia.

O provedor de Justiça é eleito pelo Parlamento Europeu por um período renovável de cinco anos.

Ao Provedor de Justiça compete:

proceder aos inquéritos que considere justificados, quer por iniciativa própria, quer com base nas queixas que lhe
tenham sido apresentadas, diretamente ou por intermédio de um membro do Parlamento Europeu, salvo se os factos
invocados forem ou tiverem sido objeto do processo jurisdicional.

Qualquer cidadão ou residente de um Estado-membro da UE pode apresentar queixa ao Provedor de Justiça, bem
como qualquer associação a empresa.

O Provedor de Justiça exerça as suas funções com plena independência e imparcialidade e não solicita nem aceita
quaisquer instruções de nenhum governo ou organismo.

DIREITO DA UNIÃO E DIREITO INTERNO

As normas que integram o Direito da União, tanto no Direito originário como no derivado, não se confundem nem se
identificam com as normas jurídicas dos Estados-membros, tendo nestes uma vigência jurídica própria, constitui uma
das características fundamentais da ordem jurídica da União Europeia.

No que se refere à aplicação das normas da UE, as relações entre o Direito da União e o Direito interno regem-se,
nomeadamente, pelos seguintes princípios:

 do primado do direito da União sobre o direito interno;


 da aplicabilidade direta;
 do efeito direito;
 da receção automática.

Princípio do primado do direito da União sobre o direito interno

De acordo com o princípio do primado, o Direito da União tem um valor superior ao dos Direitos internos dos Estados-
membros e aplica-se a todos os atos europeus com força vinculativa, não podendo os Estados-membros aplicar uma
regra nacional contrária ao Direito da União. Assim, em caso de conflito entre normas aplicação da norma da União.

Mas, por outro lado, qualquer disposição do Direito derivado que contraria princípios contidos na Constituição de
alguns dos Estados-membros pode ser declarada inválida pelo tribunal do país em questão.

De facto, partindo do pressuposto de que o Direito da União tem o primado, o tribunal nacional tem o poder de
solicitar ao Tribunal de Justiça da União Europeia a interpretação de determinada norma comunitária, antes de tomar a
sua decisão.

A principal função do reenvio prejudicial é, pois, a da uniformização da aplicação do Direito.


Princípio da aplicabilidade direta

A aplicabilidade direta consiste na suscetibilidade que uma norma da União tem de se aplicar aos Estados-membros
sem necessidade de qualquer ato de transposição para a ordem jurídica interna, havendo assim uma incorporação
autêntica no Direito interno dos Estados-membros.

A aplicabilidade direta significa que as regras do direito da União devem manifestar a plenitude dos seus efeitos de uma
maneira uniforme em todos Estados-membros a partir da sua entrada em vigor e durante o seu período da sua
vigência.

Esta característica de aplicabilidade direta das normas europeias, que constitui fator de diferenciação mais relevante
da ordem jurídica da União em relação à ordem jurídica interna de cada Estado e à ordem jurídica internacional geral.

Princípio do efeito direto

O princípio do efeito direto permite aos particulares invocar diretamente uma norma da União Europeia perante os
tribunais nacionais ou jurisdição Europeia, para afastar uma norma de direito nacional que lhes é desfavorável.

Pelo que não é necessário que o Estado-membro integre a norma europeia em questão na respetiva ordem jurídica
interna.

Para tal, é necessário cumprir determinadas exigências, tais como, a necessidade da norma comunitária ser clara,
precisa e incondicional.

O efeito direito manifesta-se em dois aspetos:

 vertical: os particulares podem invocar uma norma da União contra o poder político nacional;
 horizontal: um particular pode invocar uma norma da União em relação a outros particular.

Princípio da receção automática

O Direito originário da União: as normas constantes de convenções internacionais ratificadas ou aprovadas vigoram na
ordem interna após publicação oficial e enquanto vincularem internacionalmente o Estado Português.

O Direito privado da União: as normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais de que
Portugal seja parte vigoram diretamente na ordem interna, desde que tal se encontre estabelecido nos respetivos
tratados constitutivos.

OS VÁRIOS SENTIDOS DA EXPRESSÃO «FONTES DO DIREITO»

A ordem jurídica é uma realidade histórica que se exprime por normas jurídicas. Importa saber como e onde nascem, e
como se formam e revelam essas normas. Este é o problema das fontes do Direito.

A expressão fontes do Direito tem sido utilizada pelos diversos autores em vários sentidos, de entre os quais:

 Sentido sociológico-material;
 Sentido histórico;
 Sentido político-orgânico;
 Sentido instrumental;
 Sentido técnico-jurídico.

Em sentido sociológico-material, são fontes do Direito todos os fatores não circunstancialismo sociais que estiveram na
origem determinada norma jurídica.

Em sentido histórico, são fontes do Direito as origens históricas de um sistema jurídico e as influências que sobre ele se
exercem.
Em sentido político-orgânico, são fontes do Direito dos órgãos políticos que, em cada sociedade, estão incumbidos de
emanar normas jurídicas.

Em sentido instrumental, são fontes do Direito os diplomas ou monumentos que contém normas jurídicas.

Em sentido técnico-jurídico, são fontes de Direito os modos de formação em relação das normas jurídicas.

De acordo com este significado, são consideradas, geralmente, fontes do Direito:

 a lei e as normas corporativas;


 o costume;
 a jurisprudência;
 a doutrina.

De entre estas fontes é tradicional distinguir:

 fontes imediatas do Direito, as que têm força vinculativa própria, sendo, portanto, verdadeiros modos de
produção do Direito;
 fontes mediatas do Direito, não tendo força vinculativa própria, são, contudo, importantes pelo modo como
influenciam o processo de formação e a revelação da norma jurídica.

As normas corporativas são as normas emanadas pelos organismos representativos das diversas categorias
profissionais, económicas, desportivas… no âmbito das suas competências, não podendo no entanto contrariar as
disposições legais de carácter imperativo.

A LEI

OS VÁRIOS SENTIDOS DA PALAVRA LEI

A lei ocupa atualmente um lugar privilegiado na “teoria das fontes do direito“, de tal modo que alguns consideram a
única fonte admissível.

A lei é o processo mais vulgarizado da criação do Direito, nos sistemas continentais europeus, e é assim acolhida pelo
nosso legislador.

Os pressupostos da lei:

 provir de uma autoridade competente;


 observar as formas previstas para essa atividade;
 introduzir um preceito genérico.

Pelo que o conceito de lei só se tornará verdadeiramente compreensível se tivermos em conta a distinção entre lei em
sentido formal e lei em sentido material:

 lei em sentido formal é todo o ato normativo emanado de um órgão com competência legislativa, contenha
ou não uma verdadeira regra jurídica, exigindo-se que se revista das formalidades relativas a essa
competência, como as leis da Assembleia da República ou os decretos-leis do Governo;
 lei em sentido material é todo o ato normativo, emanado de um órgão do estado, mesmo que não incumbido
da função de legislativa, desde que contenha uma verdadeira regra jurídica, como uma postura de uma câmara
municipal.

Saliente-se que a generalidade das leis são simultaneamente leis em sentido formal e em sentido material.

Contudo, a lei em sentido material que não são em sentido formal e outras que o são em sentido formal e não o são em
sentido material.

Por fim distinguimos ainda:

 lei em sentido amplo: abrange toda e qualquer norma jurídica;


 lei em sentido restrito: compreende apenas os diplomas emanados da Assembleia da República.
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA LEI

O processo de realização dos atos legislativos não é uniforme para todos eles, variando em função de diversos fatores:
o mesmo é dizer que cada órgão dotado de competência legislativa tem o seu modo próprio de agir na feitura das leis.

Importa assim descrever, ainda que de forma sumária, o formalismo que reveste a respetiva atividade, de que se
destacam as seguintes fases:

 elaboração,
 discussão e aprovação,
 promulgação e entrada em vigor.

PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS LEIS DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Este processo inicia-se com a apresentação do texto, sobre o qual se pretende que a Assembleia da República se
pronuncia.

Esta apresentação pode ser efetuada pelas entidades que têm a iniciativa legislativa:

 deputados, tomando o texto a designação de projeto de lei;


 grupos parlamentares, tomando o texto a designação projeto de lei;
 Governo, tomando o texto a designação proposta de lei;
 grupos de cidadãos eleitores;
 Assembleias Legislativas Regionais, tomando no texto a designação de propostas de lei.

Apresentando à da Assembleia da República, o texto é por esta discutido e votado na generalidade, passando-se
depois à discussão na especialidade, isto é, à discussão de cada um dos preceitos nele contidos, podendo os deputados
apresentar propostas de emenda em relação a cada um deles.

DIREITO SUBSTANTIVO E DIREITO ADJETIVO

O legislador tem de ter duas preocupações:

• elaborar as normas que regulam as condutas dos cidadãos em sociedade, como as que integram o Direito
civil, penal, comercial, do trabalho, administrativo e fiscal, designadas Direito substantivo;

• elaborar outras normas que visam, fundamentalmente, aplicar os princípios gerais e abstratos formulados
por aqueles ramos do Direito às diversas situações concretas da vida real. Estas normas indicam os trâmites
e as entidades a que o cidadão ter de recorrer para exercer os seus direitos e consubstanciam-se nos
diversos ramos de Direito processual, tais como o civil, penal e do trabalho, designados Direito adjetivo.

O INÍCIO E O TERMO DE VIGÊNCIA DA LEI

Início de vigência

O legislador baseia-se rigidamente no pressuposto de que a lei é conhecida, e nem sequer admite que se
prove o seu desconhecimento.

Isto significa que a vigência da lei não depende do seu conhecimento efetivo. Contudo, ó necessário que se
utilize um meio de a tornar conhecida. Este meio é a publicação.
As formas de publicação são diversas, dependendo apenas dos tempos e lugares. Os antigos arautos
desempenhavam esta função de publicidade. Hoje, em Portugal, a publicação é feita por edição eletrônica
do Diário da República.

Manda publicar em Diário da República entre outros diplomas:

• as leis constitucionais;

• as convenções internacionais e respetivos avisos de ratificação;

• as leis da Assembleia da República;

• os decretos-lei do Governo;

• os decretos legislativos regionais.

A falta de publicação oficial implica a ineficácia jurídica do ato.

Com a publicação, a lei passa a ser obrigatória, mas não significa que entre de imediato em vigor. Decorrerá
um intervalo entre a publicação e a sua entrada em vigor. Este prazo de jacência de uma lei denomina-se
vacatio legis, e prende-se com a necessidade de dar a conhecer as leis aos cidadãos, para que estes possam
agir em conformidade. Nessa perspetiva, é uma exigência da segurança jurídica no sentido de certeza
jurídica.

Os prazos de vacatio legis são os seguintes:

• as leis entram em vigor no dia nelas fixado; assim pode acontecer que o legislador estabeleça em cada
diploma a sua própria vacatio legis, sendo corrente verificarem-se duas situações:

- encurta-se o prazo, impondo-se a imediata entrada em vigor do diploma - caráter urgente;

- dilata-se o prazo de vacatio legis, por necessidade de adaptação e pela complexidade de matéria.

• na falta de fixação do dia, as leis entram em vigor em todo o território nacional e no estrangeiro no 5º dia
após a publicação.

Termo de vigência

Passado o período da vacatio legis, se este existir, a lei ficará, em princípio, ilimitadamente em vigor. O
decurso do tempo, por maior que seja, não é razão suficiente para que a lei cesse a sua vigência.

Como formas de cessação de vigência da lei, prevê unicamente a caducidade e a revogação.

• A caducidade pode resultar de cláusula expressa pelo legislador, contida na própria lei, de que esta só se
manterá em vigor durante determinado prazo ou enquanto durar determinada situação e pode, ainda,
resultar do desaparecimento dos pressupostos de aplicação da lei

• A revogação resulta de uma nova manifestação de vontade do legislador, contrária à anterior. Neste caso,
a lei deixa de vigorar por efeito de uma lei posterior, que tem de ter valor hierárquico igual ou superior. A
nova lei daí resultante denomina-se lei revogatória.

A revogação pode classificar-se:

• Quanto à forma:

- expressa: quando a nova lei declara que revoga uma determinada lei anterior;

- tácita: quando resulta da incompatibilidade entre as normas da lei nova e as da lei anterior.
• Quanto à extensão:

- total: quando todas as disposições de uma lei são atingidas, também conhecida por abrogação;

- parcial: quando só algumas disposições da lei antiga são revogadas pela lei nova, também conhecida por
derrogação.

O Governo, no exercício das suas funções legislativas, emite decretos-leis.

As funções legislativas do Governo resultam:

• do seu poder legislativo próprio

• do uso de autorizações legislativas que lhe são conferidas pela Assembleia da República

O Governo, para além das funções legislativas, propriamente ditas, tem ainda competência regulamentar,
que exerce através de regulamentos, sendo principal órgão com esta competência.

Note-se que o regulamento se destina quer a pormenorizar a lei, quer a formular normas complementares
ou instrumentais, de forma a conduzir à sua boa execução.

Os regulamentos do Governo podem assumir as seguintes formas:

• decretos regulamentares;

• resoluções do Conselho de Ministros;

• portarias;

• despachos normativos e ministeriais;

• instruções;

• circulares.

- Os decretos regulamentares são diplomas emanados do Governo, promulgados pelo Presidente da


República, referendados pelo Governo e publicados em Diário da República.

- As resoluções do Conselho de Ministros, como a própria designação sugere, provêm do Conselho de


Ministros. Não carecem de ser promulgados pelo Presidente da República, mas têm de ser publicados no
Diário da República.

- As portarias são ordens do Governo, dadas por um ou mais ministros. Não carecem de ser promulgadas
pelo Presidente da República, mas devem ser publicadas no Diário da República.

O facto de tanto as resoluções como as portarias não terem de ser promulgadas pelo Presidente da
República confere-lhes um valor inferior aos decretos regulamentares na hierarquia das leis.

- Os despachos normativos e ministeriais são subscritos por um ou mais ministros ou pelos secretários de
Estado e apenas aplicáveis dentro dos respetivos ministérios, destinando-se aos subordinados do ministro
ou ministros signatários. Devem ser publicados em Diário da República.

- As instruções são meros regulamentos internos, contendo ordens dadas pelos Ministros aos respetivos
funcionários ou estabelecendo diretrizes para melhor aplicação dos diplomas normativos.

- Circulares é a designação dada às instruções quando estas são dirigidas a diversos serviços.
Para além dos decretos regulamentares do Governo referidos, a forma de decreto é ainda utilizada para
outros atos que podemos designar decretos especiais.

Estes decretos podem provir:

• do Presidente da República, que, embora não seja um órgão com função legislativa, intervém no processo
legislativo e, assim, é por decreto que o Presidente da República nomeia o Primeiro-ministro e os membros
do Governo

• do Governo, pois é por decreto que o Governo aprova os tratados internacionais.

A JURISPRUDÊNCIA

A palavra jurisprudência é suscetível de mais do que um significado. Usa-se frequentemente para designar a
orientação geral seguida pelos tribunais nos diversos casos concretos da vida social. Outras vezes, é
entendida como o conjunto de decisões dos tribunais sobre os litígios que lhe são submetidos.

As decisões judiciais constituem a resolução, nomeadamente, de qualquer problema processual, adjetivo ou


de forma, ou a composição por acordo ou litigiosa da controvérsia submetida ao tribunal, De acordo com o
artigo 152.º do Código de Processo Civil, as decisões podem assumir a forma de acórdãos, sentenças e
despachos.

Em conclusão:

• o acórdão é uma decisão proferida por um tribunal colegial, tomada por maioria e lavrado de acordo com
a orientação que tenha prevalecido, devendo o vencido, quanto à decisão ou quanto aos simples
fundamentos, assinar em último, com a sucinta menção das razões de discordância.

• a sentença é uma decisão proferida por um tribunal singular, sendo que, incidindo esta sobre qualquer
pedido controvertido ou sobre alguma dúvida suscitada no processo.

• o despacho exprime uma decisão proferida pelo juiz, num processo sobre matéria pendente ou para
cumprimento de decisões dos tribunais superiores.

A DOUTRINA

A doutrina compreende as opiniões ou pareceres dos jurisconsultos sobre a regulamentação adequada das
diversas relações sociais, que pode atingir uma relevância tanto maior, quanto maior for o mérito
reconhecido dos seus autores.

O mesmo não se passa na ordem jurídica portuguesa, onde a doutrina não é considerada fonte do Direito.

OS TRATADOS INTERNACIONAIS

Denomina-se tratado um acordo de vontades, em forma escrita, entre sujeitos de Direito internacional,
agindo nessa qualidade, de que resulta a produção de efeitos jurídicos.

Quando os Estados se obrigam a fazer introduzir e a respeitar na ordem interna as normas constantes desses
tratados, estes denominam-se tratados normativos.

A ordem jurídica portuguesa considera que as normas contidas nos tratados normativos não só vinculam o
Estado, como também os cidadãos.

De acordo com a Constituição da República Portuguesa, as normas constantes dos tratados internacionais,
depois de aprovadas pela Assembleia da República, ou pelo Governo, ratificadas pelo Presidente da
República e publicadas em Diário da República, fazem automaticamente parte do Direito português.
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