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Direito da União Europeia teste

Direito da União Europeia (Universidade Lusófona de Humanidades e Technologias)

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Direito da União Europeia


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Fontes de Direito da UE
As fontes de direito são os modos de formação e de revelação das normas jurídicas. As fontes
dividem-se em fontes imediatas e mediatas.
As principais fontes imediatas de Direito da UE são:
a) O Direito Originário;
b) Os Princípios Gerais de Direito;
c) O Direito Derivado;
d) O Direito Internacional.
As principais fontes mediatas de Direito da UE são:
a) Jurisprudência;
b) O Costume.
Os princípios gerais de Direito, enquanto princípios conformadores da ordem jurídica, são
instrumentos a que o Tribunal de Justiça recorre para definir os parâmetros da legalidade na
interpretação e na integração das lacunas do Direito originário e do direito derivado e para
averiguar da conformidade das medidas nacionais com o Direito da União Europeia. O Tribunal
de Justiça garante o respeito do Direito na interpretação e aplicação dos Tratados (art.º 19.º/n.º1
do TUE).
Os Estados criaram a União Europeia, uma organização nova à qual fixaram objetivos e
atribuíram as competências necessárias para a realização desses fins, seguindo o método
funcional da atribuição de competências.
Nos termos do art.º 5.º do Tratado da União Europeia, a delimitação das competências da União
rege-se pelo princípio da atribuição e o exercício dessas competências rege-se pelos princípios
da subsidiariedade e da proporcionalidade (art.º 5.º/n.º1 TUE).
Por força do princípio da Atribuição, União atua unicamente dentro dos limites das
competências que os Estados membros lhe tenham atribuído nos Tratados para alcançar os
objetivos fixados por estes últimos. As competências que não sejam atribuídas à União
pertencem aos Estados membros (art.º 5.º/n.º2 TUE).
Um dos poderes da União Europeia é a criação de normas jurídicas. Com a criação das
comunidades europeias surgiu um ordenamento jurídico novo, autónomo e hierarquizado, com
regras próprias emanadas dos órgãos comunitários competentes, sem qualquer intervenção
direta da parte dos Estados membros. Trata-se de um ordenamento jurídico que se encontra em
sobreposição com o ordenamento jurídico interno de cada um dos Estados membros.
Em sentido estrito, são fontes de direito da UE o direito originário (Tratados) e o direito
derivado (atos adotados pelas instituições, órgãos ou organismos da UE). Em sentido amplo, são
fontes de direito europeu todas as regras ou normas aplicáveis na ordem jurídica europeia,
mesmo que a sua origem seja exterior à própria UE. Inclui-se aqui não apenas o direito europeu
originário e o direito europeu derivado, mas também o direito internacional geral ou comum e
as convenções estabelecidas entre os Estados membros para a aplicação dos tratados e ainda os
princípios gerais de direito não escritos que sejam reconhecidos pelo Tribunal de Justiça.

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Os Tratados Europeus
Os Tratados, fonte primária ou originária de direito europeu, são convenções internacionais de
tipo clássico, produto exclusivo da vontade soberana dos Estados contraentes, que foram
concluídos em conformidade com as regras de direito internacional e no respeito das respetivas
normas constitucionais nacionais.
O Direito Originário é constituído pelos Tratados institutivos, primeiro das comunidades
europeias e depois da União Europeia e ainda por todos os Tratados que se lhes seguiram e
modificaram, completaram ou adaptaram os Tratados iniciais, onde sobressai pela amplitude das
alterações introduzidas ao TUE o Tratado de Lisboa. O direito originário integra também os
Tratados de adesão de novos Estados membros, de que é exemplo o Tratado de adesão da
Croácia, bem como, os Protocolos e os Anexos constantes dos Tratados (art.º 51.º TUE), por
último faz também parte do Direito Originário a Carta dos Direitos Fundamentais da UE que é
uma das mais importantes fontes de direito da União Europeia, uma vez que tem o mesmo valor
jurídico dos Tratados (art.º 6.º/n.º1 do TUE).

A natureza constitucional dos Tratados


A UE funda-se no TUE e no TFUE, estes tratados estabelecem os objetivos fundamentais da
UE, a estrutura institucional e respetivas competências, definem as bases essenciais de direito
económico, financeiro e social da União e bem assim as disposições relativas à salvaguarda da
ordem jurídica europeia instituída.
Nestes tratados encontramos o que se designa de “bloco de constitucionalidade”, no sentido em
que se trata de disposições ordenadoras que não podem ser postas em causa por qualquer norma
aprovada pelas instituições da UE nem desrespeitadas por qualquer ato emanado dos órgãos
competentes.
Embora não se trate de uma verdadeira constituição política, em sentido próprio, os Tratados
(TUE e TFUE) ocupam, juntamente com as constituições dos Estados membros, o lugar de topo
na hierarquia do direito vigente na ordem jurídica europeia e as suas disposições prevalecem
sobre todos os atos e normas de direito derivado e sobre os ordenamentos jurídicos nacionais
dos Estados membros.

Os Tratados e as Convenções internacionais


O direito internacional tem uma importância limitada no relacionamento entre os Estados
membros e entre estes e a UE.
A aplicação do direito internacional no interior da União tem caráter residual e verdadeiramente
subsidiário, na medida em que a UE através dos Tratados consagrou os seus princípios
fundamentais e criou as suas próprias regras para regular as suas relações com os cidadãos, com
os Estados membros e com países terceiros. Os tratados europeus criaram uma ordem jurídica
própria e específica que muitas vezes se afasta da ordem jurídica interna dos Estados membros e
da ordem jurídica internacional.
Não obstante, o direito internacional tem uma aplicação mais forte no domínio das relações
externas da UE e dos seus Estados membros.
A União pode celebrar acordos com um ou mais países terceiros ou organizações internacionais
quando os Tratados o prevejam ou quando a celebração de um acordo seja necessária para

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alcançar, no âmbito das políticas da União, um dos objetivos estabelecidos pelos Tratados ou
quando tal celebração esteja prevista num ato juridicamente vinculativo da União ou seja
suscetível de afetar normas comuns ou alterar o seu alcance (art.º 216.º/n.º1 TFUE).
Por força do primado do direito da União Europeia, o direito originário dos Tratados prima
sobre qualquer regras sem exceção, pelo que todas as outras fontes de direito estão abaixo deste
direito originário. Os atos de direito internacional estão sujeitos ao princípio das competências
de atribuição e ao princípio da legalidade.
Aliás, qualquer Estado membro, o Parlamento Europeu, o Conselho ou a Comissão podem obter
o parecer do Tribunal de Justiça sobre a compatibilidade de um projeto de acordo com os
Tratados EM caso de parecer negativo do Tribunal, o acordo projetado não pode entrar em
vigor, salvo alteração deste ou revisão dos Tratados (art.º 218.º/n.º11 do TFUE).
Antes da criação das comunidades europeias, alguns países haviam celebrado entre si algumas
convenções, pelo que os Tratados regularam essa questão mantendo em vigor todas as
convenções na medida em que não estejam em contradição com as regras dos tratados
comunitários tal como prevê o art.º 350.º TFUE, no caso de Estados terceiros aplica-se o 351.º
TFUE.

As fontes de direito derivado


O Direito derivado é constituído pelos atos unilaterais dos órgãos da UE adotados de acordo
com as regras constantes dos Tratados. O Direito derivado constitui um autentico direito
produzido, de forma autónoma pelas diversas instituições no exercício das competências
normativas atribuídas pelos tratados.
Este poder de criar regras jurídicas constitui a caraterística base das Comunidades Europeias,
podendo mesmo afirmar-se que aí reside a grande inovação jurídica e a singularidade política do
processo de integração europeia.
Na versão consolidada dos Tratados da UE, os atos jurídicos (regulamentos, diretivas, decisões,
recomendações e pareceres) estão previstos no art.º 288.º TFUE. Os regulamentos são
obrigatórios e diretamente aplicável a todos os Estados membros; A diretiva vincula o Estado
membros destinatário quanto ao resultado a alcançar deixando para o Estado membros a forma
que entender para alcançar esse fim; A decisão é obrigatória em todos os elementos quando
designa destinatários só é obrigatória para estes; As recomendações e os pareceres não são
vinculativos.

Os regulamentos europeus
Na definição de regulamento dada pelos Tratados estão presentes 3 elementos essenciais: i)
generalidade; ii) obrigatoriedade; iii) aplicabilidade direta.

Caráter Geral do regulamento


Pelo seu caráter geral, os regulamentos da União são equiparáveis às leis nacionais. Tal como
estas, os regulamentos estabelecem regras, impõem obrigações ou conferem direitos a todos os
que se incluam na categoria de destinatários que o regulamento define em abstrato e segundo
critérios objetivos.

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A Generalidade do regulamento tanto pode reportar-se aos destinatários como ao objeto da


estatuição normativa.

Obrigatoriedade do regulamento em todos os seus elementos


O caráter geral e obrigatório do regulamento é a expressão de um poder normativo autónomo
que permite à autoridade europeia competente impor por si só – isto é, com total independência
e dispensa da participação das instituições nacionais – a observância de todas as disposições
desse ato legislativo aos Estados membros, aos seus órgãos e autoridades, e a todos os
particulares sujeitos à jurisdição da União.
Importa sublinhar que o regulamento se distingue da diretiva precisamente pelo facto de ser
obrigatório em todos os seus elementos enquanto a diretiva só obriga no elemento respeitante ao
resultado. Com efeito, a diretiva prescreve imperativamente o resultado a atingir, mas não
determina os meios que os Estados devem usar para alcançar esse resultado.
O regulamento pode, diversamente da diretiva, impor quaisquer modalidades de aplicação e de
execução que sejam consideradas necessárias ou úteis pela autoridade competente da UE para a
adoção do ato legislativo (o Conselho e/ou Parlamento).

Aplicabilidade direta do regulamento


Ser diretamente aplicável significa que, depois de aprovado em conformidade com os Tratados,
o regulamento entra em vigor em todo o espaço da UE, logo é diretamente aplicável no
território dos Estados membro, sem necessidade de um qualquer ato de receção na ordem
jurídica nacional por parte dos Estados membros.
A expressão “diretamente aplicável em todos os Estados membros” (art.º 288.º TFUE) revela o
traço mais caraterístico dos regulamentos: uma vez publicado no Jornal Oficial da UE e logo
que tenha decorrido o prazo de “vacatio legis”, o regulamento entra em vigor em todo o espaço
da União Europeia, ficando automaticamente incorporado no ordenamento jurídico interno dos
Estados membros, passando a ser aplicável a qualquer pessoa física ou moral sujeita à jurisdição
da UE, mediante solicitação de quem tenha legitimidade processual para o invocar em juízo.~
O regulamento é um instrumento de uniformização jurídica por contraposição à diretiva, que é
um instrumento de harmonização legislativa.

As diretivas europeias
Resulta do art.º 288.º TFUE que as diretivas são atos jurídicos através dos quais a autoridade
competente, ao mesmo tempo que fixa aos Estados membros destinatários um resultado que
deve ser obrigatoriamente alcançado no interesse comum, permite que cada Estado, de per si,
escolha os meios e as formas que considere mais adequadas – do ponto de vista do direito
interno, da realidade nacional ou dos seus interesses próprios – para alcançar o objetivo visado.
A diretiva é um instrumento de harmonização legislativa, obriga à transposição para o
ordenamento jurídico nacional por parte dos Estados, sendo que o objetivo que se pretende
alcançar é que haja uma certa compatibilidade entre todos os ordenamentos jurídicos, isto é, que
o regime jurídico em causa se apresente com um enquadramento semelhante em todos os
ordenamentos jurídicos dos Estados membros. O órgão competente para emanar diretivas,
regra geral é o Conselho.

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A diretiva é um método de legislação por etapas. Vincula os Estados membros quanto ao


resultado, deixando que o órgão nacional competente escolha a forma e os meios que considera
mais adequado para atingir esse resultado que constitui um fim de interesse comunitário.
Em princípio, a diretiva não possui caráter geral, ao contrário do regulamento, uma vez que a
diretiva vincula um ou mais Estados membros, logo são perfeitamente identificados esses
Estados destinatários. Em todo o caso, a diretiva possui uma generalidade indireta, ou seja,
depois de transposta para o direito nacional, passa a aplicar-se a um número indeterminado de
pessoas.
Quanto à obrigatoriedade de resultado e à liberdade de escolha da forma e dos meios, pode,
em síntese, concluir-se que:
1) A diretiva é um instrumento privilegiado de harmonização das legislações
nacionais, tendo como objetivo um fim comum, de interesse comunitário. A diretiva
consagra um fim que os Estados têm de cumprir. Esta obrigação decorre do art.º 288.º
TFUE;
2) Quanto à escolha da forma, os Estados membros são livres para escolher o ato jurídico
da transposição da diretiva. No caso de Portugal, o art.º 112.º/n.º8 da CRP estabelece
que a transposição de atos jurídicos da UE para a ordem jurídica interna assume a forma
de lei, decreto-lei ou, decreto legislativo regional;
3) Quanto à escolha dos meios, o órgão competente de cada Estado membro adotará as
medidas concretas que considere suscetíveis de conduzir ao resultado importo pela
diretiva;
4) Finalmente, as diretivas gozam de aplicabilidade imediata, porquanto a transposição
da diretiva constitui um mero ato de execução obrigatória. Qualquer particular pode
fazer valer em juízo um direito atribuído ou reconhecido pela diretiva, invocando as
respetivas disposições no caso de o Estado membros não cumprir a sua obrigação, seja
por não ter efetuado a transposição da diretiva, seja por a forma ou meios escolhidos
para a execução da diretiva não se mostrarem adequados ao fim em vista, caso em que o
Estado está a prejudicar os cidadãos.

A limitação dos destinatários da decisão


A decisão obriga apenas os destinatários que ela própria designar, individualizando-os. Tais
destinatários tanto podem ser Estados (um, vários ou todos) como pessoas coletivas de direito
público ou de direito privado e mesmo simples particulares.
A decisão tem normalmente por finalidade aplicar as regras de direito europeu a casos
particulares e, nesse caso, a decisão deve ser equiparada a um ato administrativo. A decisão
apresenta-se como um instrumento que as instituições podem utilizar para aplicação, por via
administrativa, das normas jurídicas europeias.
Mas a decisão pode também ser utilizada para prescrever a um Estado ou grupo de Estados
membros um objetivo cuja realização exige a adoção de medidas nacionais de alcance geral.
Neste caso a decisão apresenta-se como um instrumento de legislação indireta próximo da
diretiva, com a diferença de que a decisão é obrigatória em todos os seus elementos.
Esta é a interpretação que resulta do art.º 291.º/n.º1 TFUE que estabelece o seguinte: “Os
Estados membros tomam todas as medidas de direito interno necessárias à execução dos atos
juridicamente vinculativos da União”.

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A obrigatoriedade da decisão
A decisão é obrigatória em todos os seus elementos, tal como o regulamento.
À semelhança do que sucede com a diretiva, a decisão impõe o resultado a atingir, mas,
diversamente daquela, a decisão obriga quanto às modalidades de execução.

A aplicabilidade direta da decisão


Importa distinguir primeiramente as decisões dirigidas pelo órgão da União a particulares
(indivíduos ou empresas) e as decisões dirigidas aos Estados.
As decisões dirigidas a particulares originam, direta e imediatamente, direito e obrigações para
os respetivos destinatários e, eventualmente, para terceiros, situações jurídicas cuja titularidade
os tribunais nacionais, na sua qualidade de tribunais comuns de direito europeu, podem ser
solicitados a reconhecer e declarar.
Em princípio, uma decisão da União não modifica por si própria a ordem jurídica interna do
Estado membro em causa e portanto, as situações jurídicas individuais. A modificação resultará
normalmente da aplicação pelos Estados membros destinatários da decisão, das medidas que
pela decisão lhes são impostas.
Na verdade, as decisões dirigidas aos Estados não podem, em princípio, ter um efeito direto e
imediato na esfera jurídicas dos particulares, mas tão só um efeito meramente mediato, o qual
fica assegurado pela observância do disposto no art.º 291.º/n.º1 TFUE (“Os Estados membros
tomam todas as medidas de direito interno necessárias à execução dos atoa juridicamente
vinculativos da União”).

As recomendações e pareceres
De acordo com o art.º 288.º TFUE as recomendações e os pareceres não são vinculativos.
Por não ter natureza obrigatória, a recomendação e o parecer exercem uma influencia direta, na
maior parte dos casos limitada à formulação de uma linha de orientação para as legislações dos
Estados membros.
As recomendações e os pareceres desempenha, um papel importante e, por vezes, decisivo na
interpretação dos atos jurídicos adotados. Nos termos do art.º 296.º TFUE, os atos jurídicos são
fundamentados e fazem referencia às propostas, iniciativas, recomendações, pedidos ou
pareceres previstos pelos Tratados.
As recomendações são atos do Conselho dirigidos aos Estados membros (art.º 292.º TFUE), ou
atos da Comissão dirigidos quer ao Conselho quer aos Estados membros (art.º 117.º TFUE).
Exprimindo-lhes o respetivo ponto de vista sobre determinadas questões, apontando-lhes as
medidas ou soluções reclamadas pelo interesse da União, sugerindo-lhes os atos a adotar.
As recomendações foram concebidas como um instrumento de ação indireta da autoridade
europeia, visando frequentemente à aproximação das legislações nacionais ou à adaptação de
um dada regulamentação interna ao regime jurídico da UE.
Quanto aos pareceres, importa ter presente que a própria noção de parecer é de sentido amplo e
engloba diversas modalidades de atos que têm em comum a ausência de força vinculativa, pelo
que não constituem só por si os respetivos destinatários em qualquer obrigação jurídica.

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Os Tratados consagram instâncias de consulta e emissão de pareceres (Comités) para assegurar


aos principais órgãos da UE (Parlamento Europeu, Conselho e Comissão) o cabal desempenho
das respetivas competências.
São exemplo de Comités o Comité Económico e Social que é composto por representantes dos
trabalhadores, dos patrões e outros atores representativos da sociedade civil e o Comité das
Regiões que é composto por eleitos nas ao nível regional e local.

Os princípios gerais de direito e jurisprudência do TJUE


O TJUE começou por fazer a interpretação das regras constantes dos Tratados, mas foi mais
além, declarando um conjunto de princípios gerais, nomeadamente, o princípio do primado e o
princípio do efeito imediato ou mesmo desenvolvendo outros princípios, em especial, o
principio da aplicabilidade direta do direito europeu.
Ao longo desta primeira fase o TJUE promoveu o que tem sido designado de
“constitucionalização” do Tratado de Roma, sendo que numa segunda fase o TJUE foi mesmo
mais além, e nessa tendência para criar direito europeu acabou por violar o principio das
competências de atribuição, acabando por desvirtuar este principio, ao transformar determinadas
competências concorrentes em competências exclusivas da UE.
Em virtude do principio da atribuição, a União atua unicamente dentro dos limites das
competências que os Estados membros lhe tenham atribuído nos Tratados, sendo que as
competências que não sejam atribuídas à UE nos tratados pertencem aos Estados membros.
Em virtude do princípio da subsidiariedade, nos domínios que não sejam da sua competência
exclusiva, a UE intervém apenas se e na medida em que os objetivos da ação considerada não
possam ser suficientemente alcançados pelos Estados membros. O Tratado da União Europeia
foi mais longe e afirmou a aplicação pelas instituições da UE do principio da subsidiariedade
em conformidade com o protocolo relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da
proporcionalidade sob vigilância dos Parlamentos nacionais.
Baseando-se nos princípios gerais de direito o TJUE tem vindo a afirmar um conjunto de
princípios que se impõe às instancias nacionais e às instituições da UE quando estas são
chamadas a aplicar o direito europeu.
É possível agrupar estes princípios em quatro princípios gerais: i) Princípio da segurança
jurídica; ii) Principio do Direito à defesa; iii) Principio da proporcionalidade; iv) Principio da
igualdade.

O princípio da segurança jurídica


Como manifestações do principio da segurança jurídica, o Tribunal de Justiça tem sustentado a
existência de duas situações bem diversas, mas que constituem verdadeiros corolários da
segurança jurídica e que são:
1) O principio da estabilidade das situações jurídicas;
2) O principio da confiança legitima dos cidadãos na atividade da administração.
Estes dois corolários do principio da segurança jurídica têm sido invocados pelo TJUE quase
sempre por via de uma analise em que são ponderadas as implicações jurídicas incontornáveis
que acabam por estar sempre presentes quando é chamado a pronunciar-se e a decidir sobre
situações que envolvem algum dos seguintes factos jurídicos:
a) Prescrição;
b) Não retroatividade;

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c) Publicidade;
d) Clareza na relação dos diferentes atos jurídicos.

O principio do direito à defesa


Sempre que está em causa apreciar os termos do procedimento administrativo em que foi
tomada certa decisão desfavorável ao particular, o TJUE tem vindo a sublinhar dois corolários,
dos quais resulta a compreensão do conteúdo, significado e alcance do principio do direito à
defesa e que são:
1) O Princípio do Contraditório;
2) O princípio da audiência prévia, em que salienta o direito do destinatário de uma
decisão individual de ser ouvido pelo órgão decisor antes da tomada de decisão.

O princípio da proporcionalidade
O TJUE começou por afirmar como fonte de direito europeu, com especial destaque para os
corolários da adequação e da proibição do excesso, afirmando sempre sem reservas nos seus
acórdãos que o principio da proporcionalidade se impõe às instituições europeias e aos Estados
membros e faz parte da ordem jurídica da UE.
O principio da proporcionalidade aparece finalmente consagrado de forma expressa no TUE no
seu art.º 5.º/n.º4.

O princípio da igualdade
Afirma-se a vontade prosseguir a integração no respeito pelos princípios gerais de direito que
são comuns aos Estados membros, no que se considera um passo significativo para a construção
de uma UE como espaço de Direito. De acordo com esse propósito, no TUE, na versão de
Amesterdão surge a proclamação de que “A União assenta nos princípios da liberdade, da
democracia, do respeito, pelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais, bem como
do Estado de Direito, princípios que são comuns aos Estados membros” .
Com o Tratado de Lisboa avança-se definitivamente para afirmação do principio da igualdade
na sua plenitude, consagrando-se a igualdade entre homens e mulheres.
“A União funda-se nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da
democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem,
incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias. Estes valores são comuns aos
Estados membros, numa sociedade caraterizada pelo pluralismo, a não discriminação, a
tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres” (art.º 2.º TUE).
Com a Carta dos Direitos Fundamentais da UE, avançou-se para a definição de um catálogo
próprio de direitos fundamentais, tal como hoje surgem configurados no Tratado de Lisboa e
que integram verdadeiros direitos de natureza social, económica, cultural e politica. Surge assim
o art.º 6.º TUE.

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Os princípios fundamentais da União Europeia

Os princípios e valores da UE
Com o Tratado de Lisboa, os objetivos da UE ficaram definitivamente assinalados, como sendo
a construção de uma União assente nos valores universais que são os direitos invioláveis e
inalienáveis da pessoa humana, bem como a liberdade, a democracia, a igualdade e o Estado de
direito. Nesse sentido, o art.º 2.º do TUE estabelece que “A União funda-se nos valores do
respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de
direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a
minorias. Estes valores são comuns aos Estados membros, numa sociedade caraterizada pelo
pluralismo, a não discriminação, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre
homens e mulheres”
De seguida, concretizando os fins da União, o Tratado de Lisboa (art.º 3.º/n.º3 TUE) define
como principais objetivos a alcançar:
a) Promover a paz, os valores universais e o bem-estar dos seus povos;
b) Proporcionar aos seus cidadãos um espaço de liberdade, segurança e justiça sem
fronteiras internas, em que seja assegurada a livre circulação de pessoas, em conjugação
com medidas adequadas em matéria de controlos na fronteira externa, de asilo e
imigração, bem como de prevenção da criminalidade e combate a este fenómeno;
c) Estabelecer um mercado interno;
d) Prosseguir de forma empenhada o desenvolvimento sustentável da Europa, assente num
crescimento económico equilibrado e na estabilidade de preços, numa economia social
de mercado altamente competitiva que tenha como meta o pleno emprego e o progresso
social, e num elevado nível de proteção e de melhoramento da qualidade do ambiente;
e) Fomentar o progresso científico e tecnológico;
f) Combater a exclusão social e as discriminações;
g) Promover a justiça e proteção sociais, a igualdade entre homens e mulheres;
h) Promover a solidariedade entre as gerações e a proteção dos direitos da criança;
i) Promover a coesão económica, social e territorial;
j) Promover a solidariedade entre Estados membros;
k) Velar pela vanguarda e pelo desenvolvimento do património cultural europeu, no
respeito da diversidade cultural e linguística entre os povos europeus.
Nas suas relações com o resto do mundo, a União afirma e promove os seus valores e interesses
e contribui para a proteção dos seus cidadãos. Contribui para a paz, a segurança, o
desenvolvimento sustentável do planeta, a solidariedade e o respeito mutuo entre os povos, o
comercio livre e equitativo, a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos do Homem, em
especial os da criança, bem como para a rigorosa observância e o desenvolvimento do direito
internacional, incluindo o respeito dos princípios da Carta das Nações Unidas (Art.º 3.º/n.º5
TUE).
Podemos concluir que a UE assenta num conjunto de princípios fundamentais que, em boa parte
são princípios estruturantes do seu ordenamento jurídico, podendo mesmo afirmar-se que tais
princípios integram a chamada “constituição material” da União.

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São princípios fundamentais no exato sentido em que dão vida aos valores que a UE adotou
como base de legitimação do seu funcionamento e de orientação superior de todas as suas
decisões.
A natureza imperativa dos princípios jurídicos obriga a UE e os Estados membros, vinculam o
legislador europeu e o legislador nacional, pelo que a eles se devem submeter a Economia e o
próprio Direito.
A importância desses princípios é vital para a UE enquanto produto histórico com um
património cultural e humanista e assumem uma natureza imperativa para os Estados membros,
pelo que qualquer violação grave e reiterada pode resultar em sanção para o Estado membro
(art.º 7.º TUE).

Princípio da identidade nacional


No plano jurídico, o principio do respeito pela identidade nacional exige que a UE salvaguarde
a especificidade do Direito nacional de cada Estado membro, o respeito pelo ordenamento
jurídico-constitucional nacional.

Os princípios da liberdade e da democracia


O valor da liberdade abrange a liberdade política em todas as suas dimensões, a liberdade de
expressão e de reunião e de organização, a liberdade de consciência e de pensamento, de
religião e de culto, de criação cultural.
Esta ideia de liberdade é valorizada nas chamadas quatro liberdades de circulação (pessoas,
bens e serviços, capitais, empresas) no espaço da União Europeia, configurando como mercado
interno, como espaço sem fronteiras, cuja efetividade se garante através da concorrência.
A ideia de liberdade política surge associada à ideia de democracia, o que implica um sistema de
governo que resulte do livre exercício do direito de votar e de ser eleito, capaz de assegurar uma
relação aberta e plural entre governantes, governados, organizada com base no Direito.
A ideia de democracia deve ser entendida como democracia política, económica e social. Essa
ideia mais ampla significa que não basta assegurar a eleição, a representatividade e o
funcionamento democrático dos órgãos da UE. A ideia de democracia não se limita à garantia
formal da representatividade legitimadora e a assegurar que a tomada das decisões se processa
segundo as regras de maioria.
A democracia exige ainda que o bem-estar das populações e o progresso social constituam
objetivos da UE, desiderato que se alcança através do modelo europeu da economia social de
mercado, promovendo a igualdade de oportunidades, eliminando toda e qualquer discriminação,
como condição de justiça social.
Esta forma de encarar a democracia completa-se e concretiza-se no respeito e proteção dos
direitos fundamentais do cidadão, constantes da Carta dos Direito Fundamentais da UE,
incluindo os direitos das minorias e das pessoas nelas integradas (art.º 2.º e 6.º TUE e 17.º a 25.º
TFUE).

O princípio do Estado de Direito


Estado de Direito significa que o exercício das funções do Estado na realização do interesse
geral, implica o respeito dos direitos dos indivíduos.

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A ideia de Estado de Direito determina a vinculação da Administração pública ao princípio da


legalidade, no sentido em que esta só pode atuar com base na lei prévia que lhe serve de
fundamento e de limite. Mas, a legalidade determina também o controlo judicial dos atos
administrativos por tribunais independentes e a responsabilidade do Estado e dos seus agentes
pelos danos causados por factos ilícitos praticados no exercício das suas funções.
É com este significado que o princípio do Estado de Direito exige uma “União de Direito”, no
sentido em que toda a atuação da UE, dos seus órgãos e dos Estados membros deve decorrer no
respeito pela legalidade, ou seja, no respeito pelo conjunto de princípios fundamentais que
formam o chamado bloco da legalidade, o qual se cumpre plenamente quando o ordenamento
jurídico assegura a tutela judicial efetiva dos direitos fundamentais.
O Tratado de Lisboa conferiu maior clareza e amplitude ao princípio da subordinação ao
Direito, preocupação que resulta expressa nos seguintes planos:
a) Art.º 17.º/n.º1 TUE;
b) Art.º 6.º/n.º1 TUE;
c) Art.º 19.º/n.º 1/pgf. 2.º TUE.
Primado do Direito da UE significa desde logo que todo o Direito da UE (tratados,
regulamentos, diretivas, decisões e acordos internacionais concluídos pela UE) prevalece sobre
o direito estadual interno. Esta prevalência do Direito da UE determina a necessidade de adoção
de processos de revisão constitucional por parte dos estados-membros de forma a tornar as
respetivas constituições políticas compatíveis com os Tratados, assegurando a coerência do
ordenamento jurídico da União à medida que os próprios Tratados vão sendo alterados
(revistos).

O princípio da economia social de mercado


O modelo social europeu carateriza-se pela promoção do crescimento económico e da
estabilidade de preços, como condições indispensáveis ao desenvolvimento sustentado, mas
acrescenta-lhe a ambição de eliminar progressivamente a exclusão social e todas as formas de
discriminação. A busca permanente da realização da justiça e da proteção social, a igualdade
entre homens e mulheres, a proteção dos direitos fundamentais, a solidariedade intergeracional
através da segurança social, constituem elementos de identificação do modelo social europeu.

Princípio do Gradualismo e do adquirido


O princípio do gradualismo implica que o processo de integração europeia deve fazer-se de
forma gradual, isto é, de uma forma progressiva e segura evitando os riscos de paragens ou de
saltos entre fases do processo. O gradualismo significa integração dinâmica e evolutiva, em que
a passagem à fase seguinte só avança quando se consolidam os objetivos visados na fase
anterior do processo. Importa atingir o amadurecimento adequado de cada uma das várias fases
do processo.
Este gradualismo resulta evidente nas várias fases do processo de integração e que vão desde a
zona de comercio livre, passando pela união aduaneira e pelo mercado comum, pelo mercado
interno e união económica e monetária.
O objetivo político a alcançar com o gradualismo é a “criação de uma união cada vez mais
estreita entre os povos da Europa”.
Importa fazer uma breve referencia ao princípio do adquirido da União, ou do acervo
comunitário.

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De acordo com o princípio do adquirido, o processo de integração, sendo gradual, deve a todo o
momento ser consolidado, o que significa que deve ter-se como adquirido e assente o que se
alcançou em cada fase, de tal forma que os objetivos alcançados e as medidas e atos adotados
pela União devem considerar-se juridicamente definidos e politicamente irreversíveis.
Claro está que a irreversibilidade do processo de integração não impede que um determinado
Estado membro decida sair do processo. Com efeito, o Tratado de Lisboa consagrou essa
hipótese no art.º 50.º TUE, mediante acordo a celebrar tendo em conta o quadro das suas futuras
relações com a UE.

O princípio da proporcionalidade
O objetivo essencial está associado à ideia de que sempre que se justifique a adoção de uma
medida, importa assegurar que as finalidades a alcançar sejam atingidas com base no menor
sacrifício ou encargo possível para os destinatários da medida, como tem vindo a ser fixado pela
jurisprudência do Tribunal de Justiça.
Esta ideia da proporcionalidade radica na necessidade da medida e na proibição do excesso
põe em evidencia a questão nuclear da adequação ou do equilíbrio da intervenção em especial
nos domínios em que a medida tem natureza restritiva ou mesmo proibitiva.
O princípio da proporcionalidade comete aos órgãos da UE a obrigação de adequar os seus atos
aos fins concretos que visam atingir, adequando as restrições impostas ao exercício das quatro
liberdades ao estritamente necessário e razoável. Trata-se assim de um princípio que tem
subjacente a ideia de limitação do excesso, de modo que o exercício das competências
atribuídas não ultrapassem o indispensável à realização dos objetivos a prosseguir.

Competências Exclusivas da União


As competências exclusivas da União respeitam a matérias cuja capacidade de exercício foi
transferida para a titularidade da União, de modo irreversível, pelo que os Estados membros
só podem decidir sobre tais matérias mediante delegação de poderes para o efeito conferida pela
União, como resulta do art.º 2.º/n.º1 TFUE.

Competências Partilhadas
Estabelece o art.º 2.º/n.º2 do TFUE que quando os Tratados atribuam à União competência
partilhada com os Estados membros em determinado domínio, a União e os Estados membros
podem legislar e adotar atos juridicamente vinculativos nesse domínio.
Os Estados membros exercem a sua competência na medida em que a União não tenha exercido
a sua. Os Estados membros voltam a exercer a sua competência na medida em que União tenha
decidido deixar de exercer a sua.

Competências Complementares
As competências complementares da UE, respeitam a matérias relativamente às quais os
Estados membros mantêm as suas competências (competências que não transferiram), embora

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as ações dos Estados nesses domínios possam ser complementadas pela ação da União com
vista a assegurar a realização dos objetivos da UE constantes dos Tratados.

Órgãos da União Europeia


1) Parlamento Europeu (art.º 14.º TUE; 223.º a 234.º TFUE);
2) Conselho Europeu (art.º 15.º TUE; 235.º e 236.º TFUE);
3) O Conselho (art.º 16.º TUE; 237 a 243.º TFUE);
4) Comissão Europeia (art.º 17.º TUE; 244.º a 250.º TFUE);
5) TJUE (art.º 19.º TUE; 251.º a 281.º TFUE).
Poder Legislativo
1) Parlamento Europeu;
2) O Conselho;
3) A Comissão
Poder Executivo
1) O Conselho;
2) A Comissão;
Poder de Fiscalização e Controlo
1) Parlamento Europeu;
2) Tribunal de Contas.
Poder Judicial
Tribunal de Justiça da UE

O Parlamento Europeu (Competências)


Nos termos dos Tratados, o PE possui as seguintes competências:
a) Competência legislativa;
b) Financeira e Orçamental;
c) Política;
d) Consultiva.
Embora organizado e funcionando de acordo com o modelo dos parlamentos nacionais, a
verdade é que o PE não possui competências que normalmente são atribuídas às assembleias
parlamentares dos Estados membros para o exercício da função legislativa.
Iniciativa Legislativa do PE
Ao contrário do que acontece com os parlamentos nacionais nos Estados membros, o PE não
dispõe de iniciativa legislativa na UE, salvo nos casos excecionais previstos nos Tratados (art.º
289.º/n.º4 TFUE). O poder de iniciativa legislativa cabe, em regra, à Comissão Europeia que o
exerce através da apresentação de uma proposta formal.
Os Tratados atribuem um poder de iniciativa legislativa indireto quando se estabelece que o PE
pode, por maioria dos membros que o compõem, solicitar à Comissão que submeta à sua
apreciação todas as propostas adequadas à elaboração de atos da União, estando a Comissão
obrigada a informar o PE das razões que fundamentam a não apresentação de uma proposta
(art.º 225.º TFUE).

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Processo Legislativo Ordinário


O processo legislativo comum na UE é, a partir do Tratado de Lisboa o chamado processo
legislativo ordinário, em que o Parlamento Europeu e o Conselho são colocados em pé de
igualdade, ambos são colegisladores da UE e os atos legislativos são aprovados conjuntamente.
O processo legislativo ordinário encontra-se regulado no art.º 294 TFUE.
O processo legislativo ordinário instituído pelo Tratado de Lisboa como processo legislativo
comum ou geral da UE substitui o processo de codecisão, introduzido pelos Tratados anteriores
como processo de decisão conjunta entre PE e Conselho.
Agora no processo legislativo ordinário PE e o Conselho ficam colocados em pé de igualdade.
Agora a Comissão apresenta uma proposta ao PE e ao Conselho.
O PE estabelece a sua posição em primeira leitura e transmite-a ao Conselho. Se o Conselho
aprovar a posição do PE, o ato em questão é adotado com a formulação correspondente à
posição do PE (art.º 294.º TFUE). A primeira leitura cabe ao PE.
O processo ordinário da UE criado pelo Tratado de Lisboa contribui para uma certa
configuração de um modelo bicameralista em que o PE representando os cidadãos da UE seria
uma espécie de “camara baixa” do parlamento, enquanto o Conselho assumia o papel de
“camara alta” em representação dos Estados.
O processo legislativo especial
Estão previstas nos Tratados algumas situações em que, não obstante caber ao Conselho o
poder de decidir, se exige, todavia, a participação do PE no processo de tomada de decisão.
Trata-se de um processo de decisão em que o Tratado de Lisboa reforça as competências do PE,
num processo de partilha comum, designado de processo legislativo especial (art.º 289.º/n.º2
TFUE).
Contudo, neste processo especial em bom rigor o poder legislativo cabe a um dos órgãos: ou ao
Conselho, caso em que a participação do PE se concretiza num parecer ou na aprovação; ou
então cabe ao PE legislar sozinho, embora com a participação prévia do Conselho que se limita
a aprovar.
São duas as formas através das quais o PE participa no processo legislativo especial em que é o
Conselho que legisla: o processo de consulta e o processo de aprovação.

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