Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito Primário
Definição: conjunto de regras e princípios que, vertidos nos Tratados institutivos e outros
instrumentos jurídicos de valor jurídico-formal equivalente (ex: Carta dos Direitos
Fundamentais da EU, nos termos do ARTº 6º TUE, protocolos e anexos, ARTº 51º TUE),
formam, no seu conjunto, o estatuto jurídico fundamental da União Europeia.
TRATADOS OU CONSTITUIÇÃO?
A chamada Constituição Europeia tinha por designação oficial TRATADO QUE ESTABELECE
UMA CONSTITUIÇÃO PARA A EUROPA.
® Existe uma precompreensão favorável à ideia de constituição, por parte dos autores
que, em termos de análise atual ou prospetiva, associam a União Europeia a um
modelo federal.
Um texto, como o dos Tratados e da CDFUE, que garanta a separação de poderes e proteja
direitos fundamentais, é uma constituição em sentido material.
1. ÂMBITO TERRITORIAL:
a. ARTº 52º TUE
b. ARTº 355º TFUE
c. ARTº 349º TFUE, com particular relevância para as regiões autónomas da
Madeira e dos Açores, regiões ultraperiféricas que beneficiam de um estatuto de
aplicação adaptada do Direito e da União em função das suas especificidades de
ordem geográfica e económica.
2. ÂMBITO TEMPORAL
a. Vigência ilimitada- ARTº 53º e ARTº 356º TFUE
3. ÂMBITO MATERIAL
a. A expressão “âmbito de aplicação dos Tratados” apresenta-se como critério de
delimitação da sua relevância conformadora- ARTº 18º/1 TFUE, sobre o princípio
da não discriminação em razão da nacionalidade.
Tutorias Direito da União Europeia Miguel Sousa Guedes
4. ÂMBITO SUBJETIVO
a. Os tratados reconhecem aos cidadãos nacionais dos Estados-membros o
estatuto diferenciado de “cidadãos da União” - ARTº 18º a 25º TFUE; ARTº 39º a
46º CDFUE
DIREITO SECUNDÁRIO
Alguns dos atos típicos, como são as recomendações e os pareceres na aceção do ARTº 288º
TFUE, e a generalidade dos atoas atípicos, constituem uma manifestação de soft law.
Podemos assumir que, no quadro do Direito da EU, soft law designará regras de conduta
que, não sendo juridicamente vinculativas, não são juridicamente irrelevantes.
DIRETIVA
® CASO PORTUGUÊS: A CRP exige para a transposição de atos jurídicos da EU, nos
termos do ARTº 112/8, a forma de lei, decreto-lei ou decreto legislativo regional.
O requisito de ato legislativo foi uma opção do Legislador constituinte. Por exemplo,
a Professora Maria Luísa Duarte considera que, por uma questão de equivalência
formal e de adequação funcional, bastaria a forma de ato normativo da função
administrativa para a transposição de diretivas de execução para a ordem jurídica
portuguesa. Assim, considera uma opção constitucional que envolve excesso de
forma e que leva à banalização desnecessária do ato legislativo.
RECOMENDAÇÕES E PARECERES
® Ambos não são vinculativos, pelo que, em princípio, não constituem fonte autónoma
de direitos e deveres. Porém, não são juridicamente irrelevantes.
® Situações em que os Tratados o prevejam, bem como nos casos em que o acordo seja
considerado necessário para alcançar objetivos estabelecidos pelos Tratados-
princípio da implicação de poderes
® Vise regular uma matéria que está prevista num ato juridicamente vinculativo da
União- princípio do paralelismo da competência- ARTº 216º/1 TFUE
O TJ ressalva a aplicação do acordo pela via da limitação temporal dos efeitos da declaração
de ilegalidade, para garantir a proteção dos direitos e interesses das outras partes
contratantes, à luz da CVDT-II, em especial, o ARTº 46º.
O poder de vinculação internacional está limitado pelo âmbito de matérias cuja regulação foi
atribuída à EU e em relação às quais não podem, em princípio, convencionar.
Tratados celebrados pelos EM com países terceiros ou OI’s ANTES da criação das
Comunidades Europeias (para os EM originários) ou da adesão do EM (ex: Portugal):
ARTº 351º TFUE, em nome do princípio pacta sunt servanta e do princípio da boa-fé: a adesão
da EU não prejudica a vigência desses acordos, salvo se verificar alguma incompatibilidade
com os tratados + ATENÇÃO-PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL
Tutorias Direito da União Europeia Miguel Sousa Guedes
OUTRAS FONTES
1. JURISPRUDÊNCIA DO TJ
NÃO EXISTE UMA RELAÇÃO HIERÁRQUICA QUE VINCULE OS JUÍZES NACIONAIS AO TJ.
® O TJ não é um tribunal superior no sentido orgânico de uma tal qualificação. Nem
seria justificado que o fosse não sendo a uma federação.
® Não obstante, a jurisprudência proferida é vinculativa para todos os tribunais
nacionais e para os demais órgãos, da função legislativa e administrativa, da estrutura
eurocomunitária ou estadual.
O Acórdão vai ser vinculativo para o juiz que colocou a questão e para todos os juízes, de
todos os Estados membros que, no futuro, tenham de lidar com questões materialmente
idênticas.
® No ARTIGO 6º, nº3 TUE, ao determinar que fazem parte do direito da União os direitos
fundamentais tal como os garante o CEDG e tal como esultam das tradições
constitucionais comuns aos Estados-Membros enquanto princípios gerais
® A CDFUE RETOMA a ideia de normas garantidoras de direitos fundamentais sob a
forma de princípios.
1. COSTUME
Não é comum encontrar referência ao costume como fonte de Direito da União,
contrariamente ao que acontece com o DI. Por um lado, porque o Direito da União Europeia
se desenvolve por via da aprovação de atos jurídicos e há uma tendência para a exaustividade.
Por outro lado, existe controlo jurisdicional da legalidade.
PRIMADO DA EU
Ou seja:
® Não é por ser hierarquicamente superior, mas é porque é materialmente competentes
para regular o litigio concreto.
® Foram os próprios Estados que aceitaram a limitação de competências em domínios
definidos nos Tratados.
Tutorias Direito da União Europeia Miguel Sousa Guedes
o Portanto, não se trata de uma hétero-limitação. Foi uma autolimitação, por via
convencional.
A norma interna deve ser desaplicada, de acordo com o PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL-
ARTº 4º/3 TUE—Os órgãos nacionais competentes estão obrigados a promover a sua
REVOGAÇÃO ou ALTERAÇÃO de modo a eliminar a incompatibilidade detetada com o
direito comunitário
Caso Simmental- “o juiz nacional responsável, no âmbito das suas competências, pela
aplicação das disposições de direito comunitário, tem a obrigação de assegurar o pleno
efeito de tais normas, decidindo, por autoridade própria, se necessário for, da não aplicação
de qualquer norma de direito interno que as contraria, ainda que tal norma seja posterior,
sem que tenha de solicitar ou esperar prévia eliminação da referida norma por via
legislativa ou por qualquer outro processo constitucional”.
CASO MECANARTE, com origem no tribunal português- formulou a questão específica sobre
se o desvalor da norma interna contrária ao direito derivado se traduzia ou não numa
inconstitucionalidade, porque, se sim, seria necessário recurso obrigatório para o TC. O TJ
veio reiterar a doutrina Simmenthal- o juiz da causa tem o poder de decisão e o dever de
garantir a plena eficácia da norma eurocomunitária interno, neste caso norma constitucional,
ser depois objeto de recurso.
constitucional, mesmo que uma tal interpretação tenha no caso concreto um impacto
deveras negativo sobre o nível de proteção dos direitos fundamentais, como seja o caso de
garantias de direito penal na Constituição Espanhola CASO MELLONI
® É jurisprudência assente que, por força do primado do direito da União, qie é uma
característica essencial da ordem da União(...) a invocação por um Estado-Membro de
disposições de direito nacional, ainda que de natureza constitucional, não pode
afetar o efeito da União no território desse Estado.