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ATUAL SISTEMA PORTUGUÊS DE DF

Como de habitual nas constituições resultantes de revoluções, a nossa é uma


constituição é muito robusta e completa!

A parte I da CRP de 76, versa sobre direitos e deveres fundamentais ao longo de


sessenta e oito artigos, por vezes muito extensos. No entanto, não esgota a matéria e
nem a enumeração dos DF. E PQ?

I – Preceitos dispersos nas partes dois, III e nas disposições finais e transitórias, em
conexão com outras matérias, preveem outros direitos ou relevam mais ou menos para
o exercício dos direitos da parte I.1

II – Artigo 16º n 2 manda interpretar e integrar os preceitos constitucionais respeitantes


aos DF, pela declaração universal dos direitos do homem, como conjunto de princípios
gerais de DIP elevados a princípios de constitucional português. Não é uma clausula
de receção como é o artigo 8º. O artigo 16º manda interpretar e integrar os preceitos
constitucionais relativos aos DF, utilizando como parâmetro aquele mesmo documento
exterior, o que permite sim uma densificação de conceitos indeterminados
constitucionais relativos aos DF, em conformidade com seus princípios e valores,
alargando a cobertura dos direitos fundamentais. (por exemplo, artigo 9 da DUDH
subjaz no 33º da CRP; o 26º nº 2, subjaz no 73º n2 etc). Abre-se com isto o catálogo de
direitos fundamentais à influência da DUDH, determinando que esta é um instrumento
auxiliar de interpretação e integração em todos os domínios dos DF, em todos os casos
que nossa ordem constitucional não ofereça uma proteção mais elevada e completa.

1 Caso por exemplo, das disposições constantes dos artigos 106º n3, 246º n2, 268º n 2, 3, 4 e 5, 269 n3, e 271 n 3,
e 276 n 7, como exemplos similares aos direitos liberdades e garantias. Similares ainda aos direitos sociais,
económicos e culturais, por exemplo, o artigo 100º .No próprio código civil, os artigos 73º e 74º e o artigo 483º. E
nas declarações internacionais, artigo 16 n2 e n 1.
III – Artigo 16º n1, estatui que os DF consagrados na CRP não excluem quaisquer
outros constantes de leis e das regras de DIP, ligando-se assim ao artigo 7 e 8, o que
dá acesso a por exemplo a carta dos direitos fundamentais da UE (mas não só).

Resulta do exposto que há DF em sentido formal e em sentido material!

-Formal2 – Não são apenas os que estão constantes da parte I e II da CRP. São todos
os que estejam consignados na constituição em sentido formal.

-Material – Os que estejam consignados na constituição em sentido material 3. Portanto


encaixam-se aqui os direitos fundamentais constantes das leis e das outras normas de
DIP.

Direitos fundamentais sentido formal e material. Isto nos permite distinguir! Sentido
formal, são os que constam da constituição em sentido formal.

DF Sentido material, que estejam não na crp, mas em leis e em direito internacional.

2 Constituição em sentido formal (só releva com a constituição em sentido instrumental, onde são inseridas as
formalmente): Observar-se-á a forma! As normas deverão ser constitucionais, surgir com força jurídica
hierarquicamente superior as demais. Consideração sistemática, intencionalidade na formação, força jurídica
própria. Devem ser criadas por um órgão com competência e legitimidade, criando de acordo com um processo
específico, e com a intenção delas terem um valor hierarquicamente superior. Devem ser sistematizadas de
maneira a que tenham alguma coerência própria e uma certa unidade. E criadas com intenção de serem
hierarquicamente superiores as demais normas. A constituição em sentido material é bem mais ampla. Há diversas
matérias do ponto de vista do conteúdo, que são materialmente constitucionais, mas reparando no seu valor,
foram feitas para valer como leis ordinárias (estatuto das RA, leis eleitorais etc)

3 Observa-se ao conteúdo das normas. Abrange todas as que regulam matérias com dignidade constitucional.

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