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SEMANA 01 – INTRODUÇÃO AO DIREITO

INTRODUÇÃO

“A função de toda ordem social, de toda sociedade — porque a


sociedade nada mais é que uma ordem social — é motivar certa
conduta recíproca dos seres humanos: fazer com que eles se
abstenham de certos atos que, por alguma razão, são
considerados nocivos à sociedade, e fazer com que executem
outros que, por alguma razão, são considerados úteis à
sociedade.” (Kelsen)
Extrai-se do trecho acima que é necessária certa ordem para o convívio
social, uma vez que para convivência faz-se necessária a limitação da liberdade
absoluta. Não se pode fazer o que bem entende quando se vive em sociedade.

Atualmente, essa ordem é construída, em grande parte, por meio do


Direito, consubstanciado em suas normas e princípios. Mas já foi diferente. A
ordem já foi imposta por monarcas absolutistas no século XVII ou (ainda que
fazendo uso do Direito) por governantes autoritários em regimes ditatoriais.

Hoje, o Brasil é um Estado Democrático de Direito, razão pela qual a


ordem social é efetivada por meio do Direito, cuja construção tem a participação
democrática de todos através do voto, sendo criadas ainda instituições para a
formulação, aplicação e efetivação destas regras, e para as demais funções
necessárias à organização do nosso Estado.

ORDENAMENTO JURÍDICO

De forma geral, o que chamamos de ordenamento jurídico pode ser


entendido como o conjunto de princípios e normas que regulamentam a
atuação dos diversos atores de uma sociedade (Estado, pessoas físicas, pessoas
jurídicas, etc.).

Princípios: regras norteadoras que auxiliam na compreensão das


normas e orientam sua interpretação e aplicação. Podem estar
dispostos em lei escrita, mas geralmente não são escritos, surgindo
da interpretação de diversos elementos do ordenamento jurídico e
da sociedade.
Normas: regras escritas que podem ser: leis, decretos, atos
administrativos, etc.
HIERARQUIA DAS NORMAS

As normas que compõem o ordenamento jurídico não têm a mesma


importância, sendo organizadas em uma hierarquia que deve ser respeitada. A
forma mais tradicional de representação dessa hierarquia do ordenamento
jurídico é uma pirâmide, conforme abaixo:

Desse modo, uma norma da base da pirâmide não pode contrariar outra
norma mais ao topo.

Para além disso, cada faixa da pirâmide e, mais especificamente, cada


norma ali indicada tem uma função diferente no ordenamento jurídico. Ao
mesmo passo em que todas contribuem para a ordem e organização da sociedade
e do Estado, algumas dão diretivas mais gerais e outras são específicas, algumas
tratam de princípios e outras de questões mais práticas de funcionamento de
órgãos, cidades, etc. A especificidade tende a crescer de cima para abaixo, sendo
a Constituição a norma mais geral e os atos administrativos os mais específicos.

TIPOS DE NORMAS

Constituição: É a norma elaborada figurativamente pelo povo, trazendo seus


valores básicos na forma de princípios e direitos fundamentais, a organização do
Estado, os Poderes Públicos, dentre outras disposições gerais ligadas à formação
da ordem social. As disposições e princípios ali contidos ou que são dela
inferidos informam o restante do ordenamento jurídico. Assim, todo o
ordenamento jurídico e aplicação das normas deverá respeitar o que se encontra
disposto na constituição federal.

Traz disposições gerais sobre o país e sua organização, inclusive a


repartição dos poderes no Estado brasileiro, as competências para legislar e o
funcionamento judiciário brasileiro encontrarão na Constituição seus
fundamentos. Em sua forma mais democrática, elaborada por uma assembleia
constituinte. (https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm)

Emenda Constitucional: A Constituição, por ser uma norma a que se dá a


pretensão de permanência e durabilidade, deve poder ser modificada, para que
suas disposições se adaptem às gerações e mudanças sociais sem a necessidade
de se editar novas Constituições a todo momento. Por isso, ela própria prevê
como pode ser modificada, em seu artigo 60, por meio de emenda constitucional.

A votação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) ocorre em


dois turnos em cada umas das casas legislativas da união (Câmara dos
Deputados e Senado) tendo que ser aprovada por três quintos dos membros em
cada votação.

Lei Complementar: No direito, lei complementar é uma lei que tem, como
propósito, complementar, explicar e adicionar algo à constituição. Encontrar-se-
á referência expressa a elas na constituição. Além desta diferenciação de
conteúdo, frente à lei ordinária, também se diferencia por necessitar da
aprovação da maioria absoluta dos membros da casa em cada votação, e não
somente da maioria dos presentes.

Lei Ordinária: Considerando que a lei complementar é exigida de maneira


específica (expressa na constituição), a lei ordinária é considerada residual (no
resto dos casos, ou seja, onde não houver a exigência de lei complementar). Sua
aprovação é por maioria simples (o primeiro número inteiro após a metade do
número dos presentes).

Lei Delegada: o Congresso Nacional pode delegar ao presidente a elaboração


de leis de sua competência, com as devidas restrições de matéria explicitadas no
artigo 68. É hierarquicamente equivalente à Lei ordinária e complementar, mas
há poucos casos em que isso foi efetivamente aplicado até o momento.
Medida Provisória: Só pode ser feita para casos de relevância e urgência. Não
pode tratar de matéria reservada a Lei Complementar, direito penal, processo
penal, processo civil, dentre outras matérias. Tem força de lei. Devem ser
submetidas de imediato ao Congresso Nacional e, após 60 dias da sua publicação
perdem a eficácia, podendo o prazo ser prorrogado por igual período uma vez
(chegando a 120 dias de vigência). Nesse período, o Congresso Nacional deverá
convertê-la em lei se assim entender cabível, sendo que não o fazendo, a MP
perderá sua vigência desde sua edição. A MP é feita pelo chefe do Poder
Executivo.

Atos Normativos: São de diversos tipos, também com funções distintas,


editados pelo poder executivo. Todas as normas precisam ser publicadas para
que tenham força normativa.

- Atos Normativos Complementares: visam dar alguma forma específica de


execução às leis e decretos. É o caso das instruções normativas e resoluções.

- Atos Normativos Ordinatórios: ordenam algo, geralmente relativo a um


âmbito específico. É o caso das circulares, portarias ofícios, despachos e ordens
de serviço.

- Atos Normativos Negociais: são responsáveis por estabelecer situações de


negociação entre órgãos públicos ou com entidades privadas. É o caso da
licitação.

- Atos Normativos Enunciativos: eles narram ou contam algo relevante,


como uma certidão, atestado, parecer.

- Atos Normativos Punitivos: – emitidos para regular uma determinada


situação, impondo sanção, multa, advertência, suspensão ou cassação.

* Normas técnicas: Não pertencem propriamente ao ordenamento jurídico


brasileiro e não são feitas pelo Poder Público/Estado. São normas que se referem
a procedimentos, serviços, produtos específicos que devem seguir certo padrão.
Para que esse padrão seja conhecido e seguido, são editadas as normas técnicas
por órgãos específicos e creditados para tal.
(http://www.abnt.org.br/imprensa/releases/5698-normas-tecnicas-voce-sabe-o-que-
e-e-para-que-servem)
O Diretor da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) definiu as
normas técnicas da seguinte forma:

“A definição internacional de norma diz que é um “documento


estabelecido por consenso e aprovado por um organismo
reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras,
diretrizes ou características para atividades ou seus resultados,
visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado
contexto.” A esta definição podemos acrescentar a recomendação
de que “convém que as normas sejam baseadas em resultados
consolidados da ciência, tecnologia e da experiência acumulada,
visando à otimização de benefícios para a comunidade.” Ou seja,
as Normas técnicas fazem as coisas funcionarem. Elas fornecem
especificações de classe mundial para produtos, serviços e
sistemas. Garantem a qualidade, a segurança e a eficiência.”
Assim, existem normas técnicas para diversos procedimentos ligados à
contabilidade, administração, engenharia, etc. É possível consultar ou pesquisar
por normas técnicas no site da ABNT (abnt.org.br).

Ainda, importa ressaltar que as NRB (normas técnicas brasileiras, feitas


pela ABNT) se diferem das Normas Regulamentadoras (NR), feitas pelo
(antigo) Ministério do Trabalho e Emprego e que também ditam regras
procedimentais e de organização importantes sobre os ambientes de trabalho.

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E REPARTIÇÃO DOS


PODERES

A Constituição, que como já visto dá as diretrizes de organização do país,


indica que o Brasil é um país republicano, federativo, presidencialista e
composto por três poderes, independentes e harmônicos entre si, que são os
responsáveis, de modo geral, pelo funcionamento do Estado. Assim foi feita a
divisão do que chamamos de Poder Público:
Todos os papeis a serem cumpridos pelo Estado brasileiro (papeis estes
que também estão em grande parte previstos na Constituição), serão
desempenhados por algum dos três poderes ou estarão sob seu controle.

A maioria das normas são feitas pelo Poder Legislativo, enquanto outras
podem ser feitas diretamente pelo executivo (geralmente relacionadas a sua
função de administração do Estado). Por sua vez, o Poder Judiciário fiscaliza a
conformidade do ordenamento jurídico formado, bem como confere
interpretação às normas.

Relembra-se que no sistema Judiciário brasileiro, há órgãos que


funcionam no âmbito da União e dos Estados, incluindo o Distrito Federal. No
campo da União, o Poder Judiciário conta com as seguintes unidades: a Justiça
Federal (comum) e a Justiça Especializada — composta pela Justiça do Trabalho,
a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar.

Nos Estados, a Justiça comum, estadual, tem algumas competências


específicas. Contudo, é importante destacar que estes Tribunais de Justiça
estaduais não estão restritos a julgar matérias de leis estaduais ou municipais.
São apenas vinculados aos Estados, mas suas competências incluem temas
ditados por leis federais e até mesmo constitucionais. As competências de cada
Justiça encontram-se previstas na Constituição Federal.

Em suma, cada um dos três poderes tem suas próprias competências (são
independentes), havendo pequenos pontos de interferência entre eles (chamados
de freios e contrapesos), a fim de garantir um maior equilíbrio e evitar que um
dos Poderes sozinho possa controlar o país (devem ser harmônicos entre si,
conforme dito constitucional).

Assim, o Brasil segue o princípio da divisão dos poderes:

“Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos


principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três
poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de
julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos”.
(Montesquieu, p. 157)

Cada um dos poderes dispõe de largo trecho da Constituição que versa


especificamente sobre suas competências, organizações, etc. De forma geral:

Poder Legislativo: tem como objetivo criar e aprovar as leis que


irão reger o Brasil.
Poder Executivo: deve executar estas leis, por meio de decretos e
outros atos normativos.
Poder Judiciário: tem como objetivo analisar se estas Leis e
Decretos estão sendo respeitados e se estão de acordo com a
Constituição Federal.
Não há hierarquia entre os poderes, mas competências diferentes.

Em razão do modo federativo de organização do Estado, as esferas dos


três poderes estão presentes em mais de um nível da federação, agindo cada uma
de acordo com suas competências. Por isso temos:

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