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Ética e Legislação

Profissional
Material Teórico
Legislação Profissional do Engenheiro e do Arquiteto

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Samuel Dereste Dos Santos

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Legislação Profissional do Engenheiro
e do Arquiteto

• O Papel da Constituição na Organização de um Estado;


• Hierarquia das Normas Jurídicas;
• A Regulamentação da Profissão do Engenheiro
e do Arquiteto no Brasil.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Discutir os Conceitos Gerais sobre Legislação;
• Discutir como se organizam as profissões;
• Discutir sobre a estrutura do Sistema Confea / CREA;
• Discutir sobre a estrutura do Sistema CAU-BR;
• Apresentar as Penalidades sobre o Exercício ilegal da profissão da Engenharia e da Arquitetura.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
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O Papel da Constituição
na Organização de um Estado
A Constituição trata-se de uma norma fundamental que cria juridicamente um
Estado (país) e o organiza. Segundo o Professor José Afonso da Silva (2001 p. 38),
a Constituição do Estado, considerada sua Lei fundamental, seria, então, a organiza-
ção dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costu-
meiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição
e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a Constitui-
ção é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.

A versão atual da Constituição Federal de 1988 é a norma fundamental da


República Federativa do Brasil, a qual criou juridicamente um Estado. Em outras
palavras, pode-se dizer que é a Constituição que organiza o Estado Democrático de
Direito no Brasil. Tal expressão significa que o país está alicerçado em um sistema
jurídico cujo objetivo é regrar os limites das condutas de seus habitantes e estabele-
cer diretrizes para que os órgãos públicos possam atuar.

Figura 1 – Aprovação da Nova Constituição de 1988: Momento histórico no Brasil após a redemocratização
Fonte: Wikimedia Commons

Outro fator importante é o mesmo ser democrático, ou seja, todas as decisões


quanto ao rumo do País são fundadas por decisões participativas, sejam por ações
diretas do povo (por exemplo, em um plebiscito), ou indiretamente pelos represen-
tantes do povo (por exemplo, os parlamentares elaboram uma lei), como expressa
o parágrafo único do artigo 1º de nossa Constituição:

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

A função principal de uma Constituição é estruturar um País. Nesse passo,


pode-se afirmar que a Constituição Federal de 1988 estrutura o Estado Brasileiro
em nove de seus títulos:
(1) dos princípios fundamentais; (2) dos direitos e garantias fundamentais,
segundo uma perspectiva moderna e abrangente dos direitos individuais
e coletivos, dos direitos sociais dos trabalhadores, da nacionalidade, dos
direitos políticos e dos partidos políticos; (3) da organização do Estado,
em que estrutura a federação com seus componentes; (4) da organização
dos poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário, com
a manutenção do sistema presidencialista, seguindo-se um capítulo sobre
as funções essenciais à Justiça, com Ministério Público, Advocacia Públi-
ca (da União e dos Estados), advocacia privada e defensoria pública; (5) da
defesa do Estado e das instituições democráticas, com mecanismos dos
Estados de Defesa, de Sítio e da segurança pública; (6) da tributação e do
orçamento; (7) da ordem econômica e financeira; (8) da ordem social; (9)
das disposições gerais. Finalmente, o Ato das Disposições Transitórias.

Todas as leis de um país estão balizadas pela Constituição!

Hierarquia das Normas Jurídicas


A Constituição tem o papel de organizar e estabelecer as diretrizes que devem
nortear o Sistema Jurídico de um Estado, o que significa que qualquer norma jurí-
dica para existir, deve buscar seu fundamento de validade na sua Constituição, isto
é, uma norma somente poderá produzir efeitos se não contrariar a Constituição.

O sistema jurídico brasileiro é formado por uma série de espécies normativas,


que se relacionam uma com outra por intermédio de uma hierarquia. A hierarquia
tem por objetivo que uma norma deva respeitar o que a outra imediatamente su-
perior preconiza. Esse sistema jurídico pode ser representado por uma pirâmide,

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na qual em seu ápice temos a Constituição, que empresta fundamento de validade


para as demais normas, ou seja, a partir da Constituição, temos outras espécies
normativas (leis, medidas provisórias, resoluções e portarias).

Assim, somente podem existir normas que não contrariem a Constituição e as


de menor hierarquia devem também respeitar as de hierarquia superior. Por exem-
plo, pode-se dizer que uma Resolução de um determinado órgão público não po-
derá contrariar uma lei, e essa, por sua vez, não poderá contrariar a Constituição.

Constituição

Emendas
Constitucionais

Leis complementares, leis ordinárias,


leis delegadas, medidas provisórias

Decretos

Outros atos normativos

Figura 2 – A hierarquia das leis no Brasil, onde no cume aparece a constituição, logo
abaixo as emendas constitucionais, seguida das Leis, Decretos e Outros Atos Normativos

As Leis
As leis estão abaixo das normas constitucionais e são fruto de um processo legis-
lativo emanado no Poder Legislativo. A diferença entre Lei Complementar, Lei Ordi-
nária, Lei Delegada e Medida Provisória está, resumidamente, centrada no seu pro-
cesso de formação, conhecido como processo legislativo. Desse modo, abaixo segue
detalhamento acerca do anteriormente mencionado a fim de elucidar as diferenças:
• A Lei Complementar trata de matérias especificamente previstas na Constitui-
ção Federal, na qual o rigor do seu processo legislativo de criação será maior,
com quórum mínimo de aprovação da maioria absoluta. (Art. 69 – CF);
• A matéria da Lei Ordinária não é reservada pela Constituição Federal, exigin-
do um quórum menos expressivo que a lei complementar para sua aprovação,
a qual se dará por maioria simples;
• A Lei Delegada é elaborada pelo Presidente da República, mediante delegação
do Congresso Nacional;
• A Medida Provisória tem força de lei e é adotada pelo Presidente da República
em caso de relevância e urgência; no entanto, deverá ser submetida de imedia-
to ao Congresso Nacional (Art. 62 – CF).

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Essas quatro normas estão no mesmo patamar hierárquico. Assim, havendo um
conflito entre elas, há de se avaliar qual delas extrapolou os limites de competência
previstos na Constituição Federal.

Os Decretos
Logo abaixo das Leis, encontram-se os Decretos, que resumidamente são um
instrumento legislativo, da competência do Presidente da República (Art. 84, IV –
CF), os quais servem para regulamentar a lei, de forma a possibilitar o fiel cum-
primento desta. É importante destacar que o Decreto não poderá regular questões
além dos limites da lei, para alterar ou acrescentar preceitos a esta. Os governado-
res e prefeitos municipais também têm competência para expedir decretos.

As Portarias e Resoluções
A Portaria trata-se de um instrumento legislativo, utilizado pelos auxiliares dire-
tos dos chefes de Poder Executivo, cujo objetivo é de regular as atividades de suas
pastas. Vale lembrar que uma Portaria deve estar em perfeita consonância com as
Leis e Decretos.

As Resoluções, por sua vez, regulamentam as deliberações normativas de órgãos


colegiados. As Resoluções também não podem extrapolar os limites da lei e da
competência do órgão que a editar.

Como a Constituição Federal influencia as profissões?


Como foi visto anteriormente, todas as normas derivam da Constituição. A Cons-
tituição em seu artigo 7º, por exemplo, trata dos direitos inerentes aos trabalhado-
res urbanos e rurais, cujo objetivo é de garantir à massa trabalhadora uma melhoria
de sua condição social.

Figura 3 – A constituição regulamenta a organização das profissões, no sentido de


definir quais delas terão regulamentos próprios, em função das suas especificidades
Fonte: Getty Images

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Pode-se enumerar alguns desses direitos, o que possibilitará verificar o alcance


da Constituição em relação ao exercício de qualquer profissão:
• Direitos sobre as condições de trabalho;
• Direitos relativos aos salários. (Salário mínimo - artigo 7.º, IV; adicional notur-
no, artigo 7.º, IX, 13.º salário, artigo 7º, VIII, etc);
• Direitos relativos ao repouso e à inatividade do trabalhador (artigo. 7.º, XV,
XVII, XIX e XXIV);
• Proteção dos trabalhadores como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço­ –
FGTS (artigo 7º, III).

A Constituição pode afetar diretamente uma determinada atividade profissional.


O artigo 5º inciso XIII assim expressa:
Art. 5º [...]

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendi-


das as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Diante dessa disposição constitucional, podemos vislumbrar que o efetivo exer-


cício de qualquer trabalho, ofício ou profissão se trata de um direito relacionado
a uma liberdade, ou seja, apresenta-se como um fundamento à vida de qualquer
pessoa, ao mesmo tempo em que o trabalho se mostra como um modo de contri-
buição à vida social como um todo.

Como se pode notar, o texto afirma que é livre em nosso país o exercício de
qualquer trabalho, ofício ou profissão; assim, os brasileiros e estrangeiros, residen-
tes no Brasil, podem exercer qualquer atividade laboriosa, desde que não contra-
riem a Lei. Assim, é possível realizar qualquer trabalho, ofício ou profissão desde
que a lei não impeça.

Como será que se regulamentam as profissões que exigem conhecimentos específi-


cos ou formação?

Porém, a Constituição cria o que no Direito pode ser denominado de reserva


legal, ao ponto que permita ao Estado estabelecer determinadas regras que irão
definir melhor o efetivo exercício de determinada atividade profissional. Desta for-
ma, o Poder Público poderá estabelecer limites, ou ainda disciplinar o exercício
de determinada atividade profissional, para que esta atenda a certas condições de
capacidade, estabelecendo a comprovação do preenchimento de determinadas ap-
tidões para efetivo exercício profissional.

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Figura 4 – Profissionais da Engenharia e da Arquitetura trabalhando. Estas profissões possuem
regulamentação própria dentro da constituição, pois seus profissionais precisam ser
devidamente habilitados a trabalharem nestas profissões
Fonte: Getty Images

No entanto, a lei é que fixará as condições de capacidade, devendo ser inspirada


sob a égide de um “critério de defesa social”, e não de mero arbítrio, pois não é
qualquer profissão que requer uma imposição de condição legal para ser exercida,
considerando que existem profissões as quais seu efetivo exercício não oferece risco
a terceiros, como por exemplo, a atividade de um lavrador. O artigo 22 diz que:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

[...]

XVI – organização do sistema nacional de emprego e condições para o


exercício de profissões;

A Regulamentação da Profissão do
Engenheiro e do Arquiteto no Brasil
A regulamentação das profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor, em
âmbito nacional, somente foi obtida em 11 de dezembro de 1933, pelo Decreto-Lei
23.569, quando foram criados os Conselhos Federal e Regionais de Engenharia,
Arquitetura e Agrimensura.

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Assim, a criação de uma norma que regulamenta essas atividades profissionais


deveu-se, em grande parte, à influência dos ex-alunos e profissionais das poucas e
boas escolas de engenharia e arquitetura da época, além dos homens públicos de
larga visão histórica.

Essa influência fez com que o então Presidente da República, Getúlio Vargas pro-
mulgasse, em 11 de dezembro de 1933, o Decreto Federal nº 23.569, regulamen-
tando, entre outras, as profissões de engenheiros, além de instituir os Conselhos
Federais e Regionais.

Atualmente, a Lei Federal nº 5.194 de


dezembro de 1966, a qual revogou tacita-
mente os Decretos anteriores, é o marco
regulatório da regulamentação da profis-
são no Brasil.

Vale salientar que, no Brasil de hoje, o


Conselho Federal de Engenharia e Agro-
nomia (CONFEA), nos termos do sistema
normativo brasileiro, tem a incumbência de
exercer a fiscalização profissional, não na
qualidade de uma entidade de classe, mas
na estrutura de uma autarquia pública. Além
disso, é responsável pela regulamentação e
julgamento final no Brasil das atividades pro-
fissionais relacionadas às classes que abran- Figura 5 – Getúlio Vargas, o então presidente que
ge: Engenharia, Agronomia, bacharéis em aprovou o Decreto 23.569, de 11 de dezembro de 1933
Geografia, Geologia e Meteorologia. Fonte: Wikimedia Commons

Inseridos nesse sistema, temos os Conselhos Regionais de Engenharia e Agrono-


mia – CREA, os quais são entidades que, em âmbito estadual, são dotados de compe-
tências que lhe são próprias, exercendo o papel de representantes regionais do Con-
selho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA). Além disso, são responsáveis
pela fiscalização do exercício das profissões da área tecnológica em âmbito regional.

Natureza Jurídica do Sistema CONFEA/CREA


O Sistema denominado CONFEA/CREA foi instituído pela Lei nª 5.194, de 24
de dezembro se 1966. Esse instrumento legal esclarece que os órgãos, os quais
compõem esse sistema terão a natureza jurídica de uma autarquia, conforme expli-
citado no artigo 80 dessa lei:
Art. 80. Os Conselhos Federal e Regionais de Engenharia e Agronomia
são autarquias dotadas de personalidade jurídica de direito público, cons-
tituem serviço público federal, gozando os seus bens, rendas e serviços de
imunidade tributária total (Ed. extra 31, inciso V, alínea a da Constituição
Federal) e franquia postal e telegráfica. (g.n.)

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Mas o que vem a ser autarquia?

Para responder a essa pergunta, basta verificar o que está previsto no art. 4º do
Decreto-Lei n.º 200, de 25 de fevereiro de 1967, no que se refere à organização da
Administração Pública:
Art. 4º – A administração federal compreende:

I – a administração direta, ...;

II – a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de


entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:

a) autarquias;

O artigo 5º deste citado Decreto-Lei define a autarquia como:


Art. 5º – Para os fins desta lei, considera-se:

I – autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade


jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
administração pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada;

Assim, as autarquias são dotadas de determinadas características que lhe são pró-
prias, como afirma a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2006, p. 422 a 423):
[...] há certo consenso entre os autores ao apontarem as características
das autarquias:
1- criação por lei;
2- personalidade jurídica pública;
3- capacidade de autoadministração;
4- especialização dos fins ou atividades;
5- sujeição a controle ou tutela.

Importante mencionar que, segundo o posicionamento da Prof.ª Maria Sylvia,


as autarquias são consideradas como pessoa jurídica de direito público, sendo cria-
das por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de serviço
público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da
lei. Porém, sua organização é estabelecida por seu estatuto ou regulamento, devi-
damente aprovado por decreto do poder Executivo.

Os bens, que se encontram inseridos em uma autarquia, são classificados como


pertencentes a pessoas jurídicas de direito público, o que significa que no caso das
autarquias, esses bens classificam-se como bens públicos e seus imóveis são consi-
derados bens de uso especial, o que segundo os artigos 98 e 99 do Código Civil,
lhes conferem alguns atributos, ou seja, são inalienáveis, imprescritíveis, insusceptí-
veis de usucapião e de direitos reais, isto é, indisponíveis.

Importante destacar que as autarquias atuam em suas respectivas áreas de


competência como autoridades públicas, mas, para tanto, devem observar os

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objetivos e demais deliberações da lei que as criou. Além disso, o Sistema CON-
FEA/CREA não está voltado precipuamente a finalidades corporativas, pelo
contrário, não possui objetivo corporativo. Conforme já mencionado anterior-
mente, seus preceitos se fundam em uma demanda institucional, diante da ne-
cessidade da sociedade em contar com profissionais que estejam legais e tecni-
camente habilitados para o exercício afeito aos objetivos do sistema, protegendo
a sociedade de serviços que lhe possam trazer riscos, quando realizados por
leigos e não aptos.

Fundamenta esse entendimento o fato de que as profissões de engenheiro, arqui-


teto e engenheiro-agrônomo são caracterizadas pelas realizações de interesse social
e humano, nos dizeres do artigo 1º, Lei n.º 5.194/66:
Art. 1º As profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo
são caracterizadas pelas realizações de interesse social e humano que
importem na realização dos seguintes empreendimentos:

a) aproveitamento e utilização de recursos naturais;

b) meios de locomoção e comunicações;

c) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos


seus aspectos técnicos e artísticos;

d) instalações e meios de acesso a costas, cursos e massas de água e


extensões terrestres;

e) desenvolvimento industrial e agropecuário.

A função do Sistema CONFEA/CREA é zelar pelo exercício da profissão de


Engenharia no Brasil, dentro das mais variadas formações. Faz isso através de
regimentos e normas internas; emissão de registros profissionais, registros de res-
ponsabilidade técnica, certidões e outros; fiscalização das atividades correlatas à
Engenharia. Organiza-se através do sistema federal (CONFEA), e cada estado pos-
sui seu Conselho Regional (CREA).

Natureza Jurídica do Sistema CAU-BR


O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e os Conselhos
de Arquitetura e Urbanismo das Unidades da Federação (CAU/UF) foram criados
pela Lei 12.378, de 31 de dezembro de 2010, que regula o exercício da profissão
de Arquiteto e Urbanista no país. Esta lei foi promulgada pelo então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Foi fundado em 15 de dezembro de 2011.

O sistema CAU-BR, que também é uma autarquia federal, possui a missão es-
pecífica de “orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de arquitetura e
urbanismo, zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe
em todo o território nacional, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício
da Arquitetura e Urbanismo”.

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Figura 6 – O exercício da profissão da Arquitetura e Urbanismo, que foi regulamentado
pela lei 12.378, que separou do Sistema Confea-CREA os profissionais da Arquitetura,
trazendo um novo horizonte de atuação profissional
Fonte: Getty Images

A missão institucional do CAU-BR é regular o exercício da arquitetura e do ur-


banismo no Brasil. Para tanto, desenvolve e estabelece normas, Código de Ética;
Emissão de Registros Profissionais, Registros de Responsabilidade Técnica, Certi-
dões Profissionais, Tabelas de Honorários, Fiscalização das atividades de Arquitetu-
ra e Urbanismo, além de ações de promoção e conscientização da profissão.

O CAU veio atender a uma demanda antiga dos arquitetos e urbanistas brasilei-
ros, de ter um conselho profissional próprio, onde pudessem definir os rumos da
profissão. Até 2010, os arquitetos e urbanistas foram filiados ao Sistema CREA/
CONFEA, junto com engenheiros e agrônomos. Porém com esta separação o con-
selho tem conseguido atender as reinvindicações dos arquitetos, reposicionando a
profissão no mercado atual.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Código de Ética dos Profissionais do Sistema Confea/CREA
Vídeo desenvolvido pelo CONFEA no sentido de conscientizar sobre a importância da
ética profissional.
https://youtu.be/ZnZ995xeNEg
Seminário de Ensino e Formação Ética no CAU/SP - Depoimentos
Depoimentos de Conselheiros e Convidados que participaram do Seminário “O papel
do Ensino e do CAU na capacitação e na formação continuada em ética e no exercício
profissional por diferentes modalidades de comunicação”.
https://youtu.be/xa2Ll1xJJzU
Responsabilidade do Engenheiro – Responsabilidade ética, trabalhista e administrativa
Breve explanação sobre as diferentes instâncias e tangências com relação à ética
profissional trabalhista e administrativa para os profissionais da engenharia.
https://youtu.be/0TXIJEsurHA
Sistema Confea/CREA
Nesta página estão disponíveis as últimas informações relativas à legislação da área da
Engenharia. Vale a pena visitar e assistir a última live do presidente, que sempre está
discutindo um assunto interessante relacionado à área e à formação.
http://bit.ly/2KPJAaO

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Referências
BRASIL, Código Penal Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.
Acesso em: 02/07/19.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. Se-


nado Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02/07/19.

BRASIL, Lei nº 5.194/66. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso


em: 02/07/19.

BRASIL. Lei 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Criação do CAU – Conselho


de Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12378.htm>. Acesso em: 02/07/19.

BRASIL. Lei 5.194 de 24 de dezembro se 1966. Criação do Sistema Confea.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5194.htm>. Acesso
em: 02/07/19.

DEL VECCHIO, G. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio Amado. 1972.

DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. São Paulo: Ed. Atlas, 2006.

FÜHRER, M. C. A. e MILARÉ, È. Manual de Direito Público e Privado – 11ª


Editora Revista dos Tribunais.

MENDES, G. F.; COELHO, I. M.; BRANCO, P. G. G. Curso de direito constitu-


cional. 3ª ed., São Paulo: Saraiva.

NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito, 16ª ed., Rio de Janeiro 1998.

REALE, M. Lições Preliminares de Direito. 27ªed. São Paulo: Saraiva. 2002.

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SILVA, J. A. da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19.ª ed. São Paulo:
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