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Nathalia Masson
Direito Constitucional - Agente - PC (TO) Aula 01

Aula 01
Direito Constitucional – Constituição:
conceito, estrutura, concepções e
elementos
Agente - PC (TO)
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Sumário
SUMÁRIO .................................................................................................................................. 2
CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, ESTRUTURA, CONCEPÇÕES E ELEMENTOS............................. 3
(1) RECADO INICIAL ..............................................................................................................................................3
(2) CONSTITUIÇÃO: CONCEITO ............................................................................................................................3
(3) CONSTITUIÇÃO: ESTRUTURA .........................................................................................................................9
(4) CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO ................................................................................................................. 12
(4.1) CONSTITUIÇÃO SOB O PRISMA SOCIOLÓGICO .......................................................................................... 13
(4.2) CONSTITUIÇÃO SOB O ASPECTO POLÍTICO............................................................................................... 15
(4.3) CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO JURÍDICO ................................................................................................... 16
(5) ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................................. 20
(6) QUESTÕES RESOLVIDAS EM AULA .............................................................................................................. 26
(7) OUTRAS QUESTÕES: PARA TREINAR ............................................................................................................33
(8) RESUMO DIRECIONADO .............................................................................................................................. 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 42

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CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, ESTRUTURA,


CONCEPÇÕES E ELEMENTOS
(1) Recado inicial
Lembre-se que esta aula foi produzida para o concurso de Agente da PC TO, sendo datada de
maio de 2021. Como o conteúdo de Direito Constitucional é o que mais se altera no mundo jurídico (em
razão das constantes mudanças legislativas e, em especial, das incessantes novas decisões do STF), não
desperdice seu tempo ou arrisque sua aprovação estudando um material desatualizado. Busque sempre
a versão oficial da aula no site do nosso curso!

(2) Constituição: conceito


Quando você pensa na palavra “Constituição”, o que lhe vem à mente? Talvez você pense em
constituir, criar, delimitar... Todos esses termos realmente se associam à palavra que estamos
analisando. Muitas vezes, aliás, a palavra “Constituição” é apresentada em frases comuns do nosso dia-
a-dia com a intenção de indicar uma criação ou organização de entidades ou seres. Por exemplo: você
já pode ter dito em algum momento que iria constituir uma sociedade ou um grupo no WhatsApp.

A partir dessas ideias iniciais, sugiro que você comece a pensar na nossa Constituição como um
conjunto de normas que vão criar, estruturar e organizar o nosso país, o nosso Estado Nacional.

Veja, então, que as Constituições são documentos muito importantes. Mais que isso: são
essenciais! Todo Estado Nacional (todo país) deve possuir a sua. Afinal de contas, em todos os países
teremos que organizar as regras que vão orientar o funcionamento do Estado. E serão as Constituições
que vão dizer de que forma o Estado vai funcionar (quais Poderes cumprirão quais funções, quais serão
os direitos e as garantias asseguradas aos indivíduos, etc.).

Repare que o art. 16, da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (da
Revolução Francesa, de 1789) reforça a explicação do parágrafo anterior, ao dizer que: “Toda sociedade
na qual não está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, não
tem constituição”.

Em prova, essa noção introdutória sobre a Constituição pode ser exigida de você. Quer saber
de que forma? Vamos resolver juntos duas questões que trataram do assunto:

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Questões para fixar


[CESPE - 2014 - TJ-SE - Técnico Judiciário] Acerca dos direitos fundamentais e do conceito e da classificação
das constituições, julgue o item a seguir:

Do ponto de vista jurídico, a constituição funda as bases do ordenamento jurídico, contendo, em seu corpo,
disposições estruturais acerca do funcionamento do Estado, seus entes e órgãos, e dos limites à atuação
estatal, quais sejam, os direitos e garantias fundamentais do cidadão.

Comentário:
Este item é verdadeiro por definir corretamente que o Estado (o país) surge (juridicamente falando) quando a
Constituição é apresentada e que o documento constitucional é que irá estabelecer as regras centrais de
estruturação do Estado (seus entes e órgãos), bem como trará os direitos e garantias fundamentais do
cidadão.

Gabarito: Certo

[FUNDEP-Gestão de Concursos - 2014 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto] Sobre o conceito de Constituição,
assinale a alternativa CORRETA:
A) É o estatuto que regula as relações entre Estados soberanos.

B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres de um povo.


C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação, à formação
dos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.

D) É uma norma de um Estado, que regula os direitos e deveres de um povo nas suas relações.

Comentário:

Qual alternativa você marcaria? Ora, se queremos um conceito de Constituição, só podemos assinalar a letra
‘c’ que corretamente identifica que ela representa a lei suprema e fundamental do Estado, pois prevê sua
estrutura essencial, trata do funcionamento dos Poderes e estabelece direitos deveres e garantias para os
indivíduos.

Gabarito: C

Dando sequência ao nosso estudo, entenda que apesar de na doutrina encontrarmos vários e
diferentes conceitos para o termo “Constituição”, quero lhe mostrar, neste início do nosso curso, um
muito importante, de um autor português respeitadíssimo no mundo todo, que é J.J. Gomes Canotilho.
Segundo ele, uma constituição ideal deve conter os seguintes elementos:
a) deve ser escrita;
b) deve possuir um conjunto de direitos e garantias individuais;
c) deve estabelecer expressamente o princípio da separação dos poderes;
d) deve adotar um sistema democrático formal.

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Seguindo em nossa conversa, quero lhe lembrar que como a Constituição trata dos assuntos
mais importantes do Estado, ela ocupa no ordenamento jurídico uma posição diferenciada. “Como
assim?”, você me pergunta. Ora, futuro Agente da PC TO, quando você imaginar o conjunto de normas
(leis, medidas provisórias, decretos...) que temos em nosso país, não as visualize de forma espalhada e
bagunçada! Nosso ordenamento jurídico é muito organizado e poderia ser visualmente ilustrado da
seguinte maneira:

Constituição
Federal

Leis (complementares,
Normas
ordinárias, delegadas);
Infraconstitucionais
Resoluções; Decretos
legislativos e Medidas
provisórias

Decretos Regulamentares; Instruções Normas


normativas; Portarias ... Infralegais

Essa estrutura é conhecida como “pirâmide de Kelsen” (Hans Kelsen é um dos juristas mais
importantes da história da Teoria do Direito, tendo escrito em 1934 uma obra que é referência mundial
no assunto, chamada “Teoria Pura do Direito”). Ela foi pensada pelo professor austríaco para explicitar
a ideia de que existe hierarquia entre as normas que integram o ordenamento jurídico, vale dizer, as
normas não têm a mesma importância e, por isso, não podem ser colocadas no mesmo patamar (no
mesmo plano). Assim, existirão normas que serão superiores e normas que serão inferiores. As
inferiores são consideradas normas fundadas pelas superiores (que, por isso, são chamadas de
fundantes) e delas retiram seu fundamento de validade, sua razão de existir. Para visualizar uma
correta definição de hierarquia e de superioridade, veja a assertiva abaixo:

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Questões para fixar


[ESAF - 2013 - MF - Conhecimentos Básicos - Adaptada] Quanto à hierarquia das normas, julgue o item:
Há hierarquia entre as normas jurídicas quando uma delas, a norma superior, é fundamento de validade da
outra, a norma inferior.

Comentário:

Sabendo que nosso ordenamento jurídico é escalonado (formado por normas superiores e normas
inferiores), você deve voltar à ilustração posta acima e identificar qual é a norma superior a todas as demais.
Ficou fácil visualizar a importância da Constituição agora, certo? Ela ocupa o ápice (o topo) do ordenamento
jurídico, sendo superior a todas as outras (princípio da supremacia da Constituição)! E se ela é superior a
todas as outras normas, é porque todas essas outras normas (que são chamadas de infraconstitucionais) a ela
devem irrestrita obediência. Ficou confuso? Vou explicar novamente com outras palavras: imagine que uma
lei ordinária desrespeite uma regra que está inserida na Constituição. Essa lei pode continuar no nosso
ordenamento? Claro que não! Afinal, ela é uma norma inferior, que só poderá permanecer validamente na
ordem jurídica se obedecer completamente a norma superior, que é a Constituição. Aliás, é para isso que
serve o “Controle de constitucionalidade”: para fiscalizarmos todas as normas inferiores feitas, se elas estão
(ou não) de acordo com a norma superior (com a Constituição). E as que não estiverem terão que ser
retiradas da ordem jurídica (serão declaradas inconstitucionais).

Gabarito: Certo

[CESPE - 2018 - MPE-PI - Analista Ministerial - Área Processual - Adaptada] Julgue o item seguinte, acerca da
supremacia da Constituição e da aplicabilidade das normas constitucionais:

Decorre da noção de supremacia da Constituição o pressuposto da superioridade hierárquica constitucional


sobre as demais leis do país.

Comentário:
O item é verdadeiro, pois realmente há hierarquia normativa (entre normas) em nossa ordem jurídica,
estando a Constituição em posição de supremacia (de superioridade) perante as demais.
Gabarito: Certo

Agora, um detalhe importante: nossa Constituição Federal de 1988 foi elaborada pelo
chamado “Poder Constituinte Originário” e promulgada em 05/10/1988. Nossos representantes (eleitos
pelo povo), se reuniram em uma Assembleia Nacional Constituinte e, de fevereiro de 1987 até outubro
de 1988, se dedicaram à redação da nossa atual Constituição. Essas normas, que foram feitas pelo
Poder Originário durante o período citado, são chamadas de normas constitucionais originárias.
Uma pergunta para você: de outubro de 1988 até o presente momento, nossa Constituição
manteve exatamente a mesma redação? Não. Ela foi objeto de diversas emendas constitucionais, que
alteraram vários dos seus artigos. Por que isso ocorre? Ora, as Constituições não podem ser imutáveis

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(ou imodificáveis), pois elas precisam se adaptar às mudanças sociais e à evolução histórica, senão seus
textos perdem a sintonia com a realidade. Assim, vez ou outra, nossa Constituição passa por
modificações, que nada mais são do que pequenos ajustes que pretendem rejuvenescer seu texto e
melhor adequá-lo ao momento histórico. Estudaremos, futuramente, o modo como essas emendas
constitucionais são feitas (como elas são apresentadas, discutidas, votadas, etc), mas, nesse momento
do curso, futuro Agente, eu preciso que você saiba que elas são elaboradas pelo chamado Poder
Constituinte Derivado (representado pelo Congresso Nacional) e, por essa razão, também podem ser
chamadas de normas constitucionais derivadas.
Pois bem. A explicação acima lhe permite notar que em nossa Constituição existem normas
constitucionais que são originárias (pois estão no texto constitucional desde 5/10/1988) e normas
constitucionais que são derivadas, que foram sendo inseridas ao longo das últimas três décadas. Mas
repare: pouco importa se a norma constitucional é originária ou derivada, ela é constitucional e, por
isso, situa-se no topo da pirâmide de Kelsen, no ponto mais alto do ordenamento jurídico. Isso significa
que não há hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas, já
que, rigorosamente, todas as normas constitucionais estão no mesmo plano, se situam no mesmo
patamar.
Mas muito cuidado com um detalhe: apesar de não haver hierarquia entre normas
constitucionais originárias e derivadas, há uma importante diferença entre elas. As normas
constitucionais originárias não podem ser declaradas inconstitucionais, sendo sempre constitucionais
(afinal, elas representam a própria Constituição). Já as normas constitucionais derivadas (as emendas
constitucionais) devem ser produzidas em obediência as regras que o Poder Originário inseriu na
Constituição quando a elaborou. Isso significa que uma emenda constitucional que desobedeça às
normas que regulamentam a sua feitura poderá ser declarada inconstitucional. Em outras palavras: as
normas constitucionais originárias não podem ser objeto do controle de constitucionalidade; já as
normas constitucionais derivadas podem.
Abaixo, um item verdadeiro que ilustra o modo como esse tópico pode ser apresentado em
uma prova:

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Questão para fixar


[ESAF - 2013 - MF - Conhecimentos Básicos - Adaptada] Quanto à hierarquia das normas, julgue o item:
As emendas constitucionais têm a mesma posição hierárquica das normas constitucionais originárias,
embora somente aquelas estejam sujeitas a controle de constitucionalidade.

Comentário:

Este é um item verdadeiro. Como vimos acima, as emendas constitucionais têm a mesma posição hierárquica
das normas constitucionais originárias.
Gabarito: Certo

Considero igualmente importante destacar que não há hierarquia entre as normas


constitucionais em razão do conteúdo. Em outras palavras: não seria correto dizer que o art. 5° da
Constituição, que consagra direitos e garantias individuais e coletivos é, do ponto de vista hierárquico,
superior a um outro artigo constitucional que trate de um tema de menor relevância, como, por
exemplo, o art. 242 que, em seu § 2°, determina que “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de
Janeiro, será mantido na órbita federal”. Independentemente do assunto tratado, se a norma é
constitucional ela é superior e está no topo do ordenamento jurídico.
Olhando agora para as normas infraconstitucionais (que são assim chamadas porque estão
abaixo da Constituição), tampouco há hierarquia entre elas, pois estão todas elas no mesmo patamar:
num nível inferior ao da Constituição. Por isso, leis complementares não são superiores às leis
ordinárias ou às medidas provisórias. Todas elas (as infraconstitucionais) inovam no ordenamento
jurídico, podem prever direitos, deveres e obrigações.
No mesmo sentido, e ao contrário do que muitos podem imaginar, também não há hierarquia
entre leis federais, estaduais e municipais: todas são leis, são normas infraconstitucionais. Não pense
que a lei editada pela União, por ter abrangência nacional, é superior a uma lei editada por um Estado
ou por um Município. Por isso, se houver um conflito entre essas leis, a solução não será dada por
critério hierárquico, claro que não. Teremos que verificar qual ente da federação (União, Estados-
membros ou Municípios) possui a competência para legislar sobre o tema. Se, por exemplo, a
competência para legislar é dos Estados, a lei estadual vai prevalecer; se é dos Municípios, a lei
municipal prevalecerá.

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Essa discussão sobre a existência ou não de hierarquia entre certas normas, é constantemente
objeto de questionamento em prova. Vamos juntos resolver duas questões, para você começar a
entender o tipo de pergunta que enfrentará:

Questões para fixar


[MPE-BA - 2015 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto] No que tange à disciplina normativo-
constitucional 2015expressa do processo legislativo (artigo 59 e seguintes da Constituição Federal de 1988),
julgue a assertiva:

Existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, bem como entre lei federal e estadual.

[ESAF - 2012 - MI - Nível Superior - Conhecimentos Gerais - Adaptada] Sobre a hierarquia


constitucionalmente caracterizada entre os atos jurídico-normativos do Poder Público, julgue a assertiva:
As leis complementares são hierarquicamente superiores às leis ordinárias.

Comentário:
Já sabemos que não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, pois elas estão no mesmo nível
hierárquico: ambas são normas infraconstitucionais. Também não há hierarquia entre lei federal e lei
estadual: são leis e estão abaixo da Constituição Federal. Desta forma, os dois itens são falsos.
Gabarito: Errado / Errado

Por último, repare que na pirâmide de Kelsen, abaixo das normas infraconstitucionais, temos
as normas infralegais. Essas são normas secundárias que não podem gerar direitos, deveres ou prever
obrigações. Por serem inferiores às normas infraconstitucionais (que são chamadas também de normas
primárias), as secundárias devem obediência a elas, podendo ser invalidadas e retiradas do
ordenamento em caso de desrespeito. Em outras palavras: pense em um decreto regulamentar (que é
uma norma infralegal). Ele foi editado para regulamentar uma lei. Ele não cria direitos e deveres, ele só
facilita a aplicação de uma lei (ela sim cria os direitos e deveres). E se esse decreto desrespeitar a lei,
desobedece-la, ele deverá ser retirado do nosso ordenamento jurídico.

(3) Constituição: estrutura


Agora que você já sabe que todos os Estados Nacionais possuem uma Constituição e que ela
representa o documento jurídico mais importante do país, ocupando o topo do ordenamento
normativo, quero iniciar a apresentação do nosso documento constitucional vigente: a Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. Vamos conhece-la melhor a cada aula! E começaremos com a
estrutura.
Saiba que, estruturalmente, nossa Constituição pode ser dividida em três partes:

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(i) preâmbulo;
(ii) parte permanente (ou parte dogmática) e
(iii) ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).
Vamos aprender um pouco sobre cada um desses fragmentos.
O preâmbulo é a 1ª parte que você nota na Constituição. Ele vem antes do primeiro artigo e diz
o seguinte:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL.

De largada, preciso que você conheça o entendimento do STF sobre o preâmbulo: ele não é
uma norma jurídica, não é uma norma constitucional. Representa um “recado” do legislador
constituinte a nós, que somos os destinatários da Constituição. Ele vem antes do texto constitucional,
como se fosse uma “carta de intenções” que resume as posições ideológicas (os valores e as intenções)
do Poder Constituinte Originário (que é o poder que faz, que elabora, a Constituição). Sua importância
é histórica, de guia/diretriz interpretativa.
Como nossa Corte Suprema (o STF) já definiu que o preâmbulo não é norma constitucional,
como responder as seguintes perguntas que podem ser feitas pelo examinador?
(i) Uma lei que violar o preâmbulo da Constituição Federal pode ser considerada inconstitucional?
- Não. Afinal, se o preâmbulo não é uma norma jurídica, ele não pode ser considerado uma norma
constitucional. Logo, ele não serve de parâmetro (de paradigma) para a declaração de
inconstitucionalidade de uma lei. Pensemos em uma situação que pode ser criada pelo examinador em
prova: uma Lei Estadual X determina que está proibida a utilização de símbolos religiosos em
repartições públicas; o Governador do Estado ajuíza uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no
STF, argumentando que a Lei X desobedece o preâmbulo da Constituição Federal, pois o Preâmbulo da
CF diz que o texto constitucional foi promulgado “sob a proteção de Deus”. Claro que o STF não vai
considerar a Lei Estadual X inconstitucional por violação do preâmbulo da CF, pois ele não é uma norma
constitucional que tenha que ser estritamente obedecida.
(ii) O preâmbulo é norma de repetição obrigatória para as demais esferas da federação? Ou seja: os
preâmbulos das Constituições estaduais devem reproduzir o preâmbulo da Constituição Federal?

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- O STF diz que não. Afinal, se ele não é norma jurídica, não vincula as Constituições estaduais. Isso
significa que os preâmbulos das Constituições estaduais podem ser diferentes.
Para você ter informações adicionais que vão lhe ajudar a gravar a posição do STF sobre o
preâmbulo da nossa Constituição Federal, vou lhe contar um caso muito interessante que envolveu o
preâmbulo da Constituição do Acre.
Em 1999, o Partido Social Liberal (PSL), ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (a
ADI 2076) contra o preâmbulo da Constituição do Acre, pois ele (na época) não trazia a expressão “sob a
proteção de Deus”. O partido alegava que o preâmbulo da Constituição do Acre ofendia o preâmbulo
da Constituição Federal, que traz a expressão. Aliás, dizia o PSL, essa “omissão” da Constituição do
Estado o tornava “o único no país privado de ficar sob a proteção de Deus”.
Ao julgar a ADI, o STF entendeu que o preâmbulo da Constituição Federal não cria direitos e
deveres, nem tem força normativa, refletindo apenas a posição ideológica do Poder Constituinte
Originário. “O preâmbulo, portanto, não contém norma jurídica”, disse o ministro relator da ação,
Carlos Velloso.
Desta forma, o STF firmou o entendimento de que o preâmbulo da Constituição do Acre, ao
não usar a expressão “sob a proteção de Deus”, não estava violando a Constituição Federal. Só não
invocava a proteção de Deus, mas tudo bem, pois essa frase posta no preâmbulo da Constituição
Federal somente reflete um sentimento religioso do Poder Constituinte Originário.
Agora vamos à parte permanente (ou dogmática) da Constituição: ela representa o texto
constitucional propriamente dito e se inicia no art. 1° e vai até o 250. São os artigos que organizam o
Estado, estruturam os Poderes e estabelecem os direitos e as garantias fundamentais. Essa parte é
chamada de “permanente” não porque esses artigos sejam imutáveis e não possam ser modificados:
eles podem sim ser alterados por meio das emendas constitucionais feitas pelo Poder Derivado
Reformador. O nome dessa parte (“permanente”) foi dado justamente para diferencia-la do último
fragmento da Constituição, que é a parte transitória.
A parte transitória da Constituição é chamada de ADCT (Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias). Seu intuito é o de facilitar a passagem de uma ordem jurídica antiga para a nova. Numa
metáfora, é como se o ADCT fosse um “colchão”, que vai amortecer essa mudança de uma Constituição
para outra, facilitando o processo de substituição de quando do advento de uma nova Constituição,
garantindo a segurança jurídica e evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Suas
normas são formalmente constitucionais, embora, no texto da CF/88, apresente numeração própria
(vejam ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias). Assim como a parte dogmática, a

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parte transitória pode ser modificada por reforma constitucional. Além disso, também pode servir
como paradigma para o controle de constitucionalidade das leis.

Questões para fixar


[UFPR - 2014 - DPE-PR - Defensor Público - Adaptada] Quanto ao âmbito da Teoria da Constituição, Normas
Constitucionais no Tempo, Hermenêutica Constitucional e Preâmbulos Constitucionais, julgue a assertiva:

O preâmbulo constitucional consiste em um texto introdutório à Constituição, sendo uma declaração de


princípios, de caráter obrigatório, vinculativo, cujo conteúdo é de observância necessária aos demais entes da
federação, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.

Comentário:

Assertiva incorreta. O STF, acionado em ação direta de inconstitucionalidade (ADI 2076), definiu que o
preâmbulo da Constituição Federal não é norma jurídica, logo não é de observância obrigatória em âmbito
estadual, tampouco parâmetro para o controle de constitucionalidade. Foi nessa ADI 2076 que o STF decidiu
que o preâmbulo da Constituição do Acre não era inconstitucional por não reproduzir na literalidade o que
constava do preâmbulo do texto constitucional federal (na Constituição do Acre não havia menção à
proteção de Deus, como o preâmbulo da Constituição Federal faz; e o STF disse que não havia
inconstitucionalidade nesse comportamento de não repetir o preâmbulo da CF/88).

Gabarito: Errado

[VUNESP - 2014 - DPE-MS - Defensor Público] No que se refere à interpretação da natureza jurídica do
preâmbulo da Constituição, segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, julgue a assertiva:

O preâmbulo da Constituição não constitui norma central, não tendo força normativa e, consequentemente,
não servindo como paradigma para a declaração de inconstitucionalidade.

Comentário:

A assertiva está correta, segundo o STF o preâmbulo não é uma norma jurídica, não é uma norma
constitucional (ADI 2076).
Gabarito: Certo

(4) Concepções de Constituição


Este tema trazido pelo seu edital é exclusivamente doutrinário. Isso significa que não teremos
nenhum artigo da Constituição Federal para lermos, tampouco alguma decisão do STF a ser
comentada. Vamos nos concentrar naquilo que a doutrina diz sobre o assunto.
E começaremos lembrando que conceituar de forma precisa o vocábulo “Constituição” é uma
tarefa árdua, já que é uma palavra que pode ser utilizada em variados sentidos. Na tentativa de
desvendar tal vocábulo, surgiram várias concepções, cada qual construída a partir de uma diferente

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forma de entender e explicar o Direito. Em que pese serem todas muito diversas e possuírem bases
teóricas muitas vezes opostas, são de grande importância doutrinária, pois foram possivelmente
adequadas em algum momento histórico (ou segundo um específico prisma de análise) e nos fornecem
os elementos para entendermos o constitucionalismo contemporâneo.
Por isso vamos estudar, nos itens seguintes, os sentidos e as concepções de maior
repercussão, que disputam a conceituação adequada do termo “Constituição”.
(4.1) Constituição sob o prisma sociológico
O conceito sociológico foi pensado pelo autor alemão Ferdinand Lassalle que, em sua obra “A
essência da Constituição” (das primeiras décadas do século XIX), sustentou que a Constituição seria o
produto da soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade.
Segundo esta concepção, a Constituição é um reflexo das relações de poder vigentes em
determinada comunidade. Assim, os contornos dessa Constituição real (ou efetiva) são definidos pelas
forças políticas, econômicas e sociais atuantes e pela maneira como o poder está distribuído entre os
diferentes atores do processo político.
Oposta a essa “Constituição real”, temos a “Constituição escrita” (ou jurídica) que, ao incorporar
num texto escrito esses fatores reais de poder, os converte em instituições jurídicas. Todavia, essa
Constituição escrita não passa de um mero “pedaço de papel”, sem força diante da “Constituição real”,
que seria a soma dos fatores reais de poder, isto é, das forças que atuam para conservar as instituições
jurídicas vigentes.
Como num eventual embate entre o texto escrito e os fatores reais de poder estes últimos
sempre prevalecerão, deverá a “Constituição escrita” sempre se manter compatível com a realidade,
pois, do contrário, ela será esmagada (como uma simples “folha de papel") pela sua desarmonia com o
que de fato acontece na sociedade.
O autor exemplifica a essencial consonância entre o texto escrito e a realidade fática com uma
interessante metáfora:
Podem os meus ouvintes plantar no seu quintal uma macieira e segurar no seu tronco um papel que diga:
“Esta árvore é uma figueira”. Bastará esse papel para transformar em figueira o que é macieira? Não,
naturalmente. E embora conseguissem que seus criados, vizinhos e conhecidos, por uma razão de
solidariedade, confirmassem a inscrição existente na árvore de que o pé plantado era uma figueira, a

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planta continuaria sendo o que realmente era e, quando desse frutos, destruiriam estes a fábula,
produzindo maçãs e não figos.1
Por outro lado, quando há uma correspondência entre a Constituição real e a escrita,
estaremos diante de uma situação ideal, em que a Constituição é compatível com a realidade que ela
pretende normatizar. Deste modo, para Ferdinand Lassale, só é eficaz aquela Constituição que
corresponda aos valores presentes na sociedade.
Essa concepção de Lassale nos permite dizer que todas as comunidades, mesmo aquelas mais
arcaicas e rudimentares, já tinham uma ‘Constituição real’, pois já possuíam um modo específico de se
organizarem (ainda que essas ‘regras’ de organização não estivessem inseridas em um texto escrito).
Portanto, não se esqueça que as Constituições escritas são um fenômeno moderno (surgiram no final
do século XVIII, com a Constituição dos EUA de 1787 e a da França de 1791). No entanto, ter um modo
‘real’ de estruturar as relações, de organizar a comunidade, é algo bem mais antigo. Por isso, podemos
dizer que a noção de ‘Constituição real’ existe desde sempre (porque em todos os lugares, em todos os
momentos, sempre houve a necessidade de organizar a comunidade, de impor regras de
funcionamento; só depois essas ideias foram colocadas em um documento escrito, fazendo surgir as
Constituições escritas que a modernidade conhece).
Observe como a concepção sociológica de Constituição pode ser cobrada:

Questões para fixar


[MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Delegado de Polícia - Adaptada] Julgue a proposição abaixo:

Constituição, em sentido sociológico, conforme concepção de Ferdinand Lassale, é a soma dos fatores reais
de poder que regem um determinado Estado.

Comentário:
Em sua obra “A essência da Constituição”, Ferdinand Lassalle afirmou que a Constituição é produto da soma
dos fatores reais de poder que regem a sociedade, sendo reflexo das relações de poder predominantes na
comunidade, com contornos definidos pelas forças políticas, econômicas e sociais atuantes e pela maneira
como o poder está distribuído. Deste modo, a assertiva é verdadeira.

Gabarito: Certo.

[CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Adaptada] A respeito das
concepções das constituições, julgue o item:
Na concepção sociológica, constituição consiste no somatório dos fatores reais de poder em uma sociedade,

1
. FERDINAND, Lassalle. A Essência da Constituição. 9ª ed. Brasília: Lumen Juris, 2009, p. 21.

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sendo consideradas sinônimas a constituição real e efetiva e a constituição jurídica.


Comentário:
Essa assertiva é iniciada com uma informação verdadeira: realmente na concepção sociológica, constituição
consiste no somatório dos fatores reais de poder em uma sociedade. Todavia, repare que ela segue
informando que poderiam ser consideradas sinônimas a constituição real e efetiva e a constituição jurídica, o
que não é verdade. A concepção sociológica parte, justamente, da distinção entre a Constituição real e a
escrita. Lembrando que, se houver um embate entre o texto escrito e os fatores reais de poder estes últimos
sempre prevalecerão! Por isso, a “Constituição escrita” deve sempre se manter compatível com a realidade,
pois, se isso não acontecer, ela será esmagada (como uma simples “folha de papel") pela sua desarmonia
com o que acontece de fato na sociedade. Portanto, meu caro aluno, pode marcar essa alternativa como
falsa.
Gabarito: Errado.

(4.2) Constituição sob o aspecto político


A concepção de Carl Schmitt, que ele apresenta na clássica obra “Teoria da Constituição” (de
1920), traz um novo olhar sobre o modo de entendermos a Constituição: não mais ligada à distribuição
de forças na comunidade política, agora a Constituição corresponde à “decisão política fundamental”
que o Poder Constituinte (quando elabora o documento constitucional) reconhece e explicita ao impor
uma nova existência política.
Nessa concepção política, portanto, pouco interessa se a Constituição corresponde ou não aos
fatores reais de poder, o importante é que ela se apresente enquanto o produto de uma decisão política
fundamental oriunda de um Poder Constituinte.
Para Schmitt, a compreensão do vocábulo “Constituição” passa ainda pela aceitação de que o
documento constitucional é um conjunto de normas que não estão conectadas por nenhuma unidade
lógica. Os dispositivos só se assemelham no aspecto formal, pois estão todos inseridos num mesmo
documento e não podem ser alterados por lei ordinária; sob o ponto de vista material os dispositivos
integrantes da Constituição variam: enquanto uns são cruciais para a comunidade (porque referem-se à
estruturação do Estado ou aos direitos fundamentais), outros só estão ali para se protegerem de uma
modificação por lei ordinária, pois não trazem conteúdo de grande relevância jurídica e política.
Essa leitura que o autor faz cria uma divisão das normas da Constituição em “constitucionais”
(aquelas normas vinculadas à decisão política fundamental) e em “leis constitucionais” (aquelas que
muito embora integrem o texto da Constituição, sejam absolutamente dispensáveis por não fazerem
parte da decisão política fundamental daquele Estado).

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Desta forma, constitucionais são somente aquelas normas que fazem referência à decisão
política fundamental, constituindo o que hoje denominamos de “normas materialmente
constitucionais”. Todos os demais dispositivos que estão inseridos na Constituição, mas não são
normas essenciais numa Constituição (ou seja, poderiam estar em uma lei ordinária), são meramente
“leis constitucionais”, isto é, nos dizeres atuais: são normas somente formalmente constitucionais (que
estão na Constituição, mas não tratam de matéria constitucional).
Veja como essa concepção poderá ser cobrada pelo examinador:

Questão para fixar


[CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Adaptada] A respeito das
concepções das constituições, julgue o item:

Segundo o critério político, a validade de uma constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas na
decisão política que lhe dá existência.
Comentário:

A assertiva é correta, uma vez que, de acordo com o critério político (de Carl Schmitt), a validade de uma
Constituição se apoia justamente na decisão política fundamental oriunda de um Poder Constituinte.
Gabarito: Certo.

(4.3) Constituição em sentido jurídico


Esta concepção foi construída a partir das teses do mestre austríaco Hans Kelsen, que se tornou
mundialmente conhecido como o autor da Teoria Pura do Direito. Observe-se, porém, que a teoria
pura não é somente o título de uma obra e sim de um projeto que tencionava livrar o Direito de
elementos estranhos à uma leitura jurídica de seu objeto – isto é, visava desconsiderar a influência de
outros campos do conhecimento como o político, o social, o econômico, o ético e o psicológico, uma
vez que estes em nada contribuíam para a descrição das normas jurídicas – possibilitando que o Direito
se elevasse à posição de uma verdadeira ciência jurídica.
Kelsen estruturou o ordenamento de forma estritamente jurídica, baseando-se na constatação
de que toda norma retira sua validade de outra que lhe é imediatamente superior.
De acordo com o autor, no mundo das normas jurídicas uma norma só pode receber validade de
outra, de modo que a ordem jurídica sempre se apresente estruturada em normas superiores fundantes
– que regulam a criação das normas inferiores – e normas inferiores fundadas – aquelas que tiveram a
criação regulada por uma norma superior.

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Essa relação de validade culmina em um escalonamento hierárquico do sistema jurídico, uma


vez que as normas nunca estarão lado a lado, ao contrário, apresentarão posicionamentos
diferenciados em graus inferiores e superiores.
Para exemplificar a sua teoria, Kelsen sugere que partamos de uma sentença. Acaso você se
pergunte por que uma sentença de um juiz tem que ser obedecida, o autor te responde lhe remetendo
ao código que autoriza ao juiz decidir o caso através da prolação da decisão – já que o código funciona
como norma superior fundante que confere validade jurídica à sentença. Mas você pode fazer outra
pergunta, querendo conhecer a razão de obedecermos ao código. Por mais uma vez , Kelsen vai lhe
remeter a norma superior que dá validade ao código: o legislador editou o código pois está
devidamente autorizado pela Constituição a editar as leis; deste modo, ao fazê-lo, está obedecendo a
Constituição. A Constituição também compõe o sistema normativo e, como todas as outras normas,
depende que algo lhe confira validade: se uma norma somente adquire tal status a partir de uma outra
norma, será preciso admitir que existe uma norma fundamentando a Constituição2.
Pode ser que a atual Constituição vigente em determinado Estado tenha sido criada mediante
uma lei autorizada pela Constituição anterior, retirando sua validade deste documento. Mas este último
também pode ter sua validade questionada e assim sucessivamente, até se chegar à primeira
Constituição daquele Estado, provavelmente criada através da emancipação de um Estado frente a
outro – revolução ou declaração de independência.
Ainda assim, frente a essa primeira Constituição (que não esteja em disputa e seja, portanto,
eficaz3), a questão da validade permaneceria imperiosa, principalmente porque se não for devidamente
resolvida, toda a cadeia de fundamentação deixa de fazer sentido: afinal, acaso se perca o fundamento
da Constituição, esta não estará apta a validar mais nada, os códigos perderiam seu suporte e, por
conseguinte, os atos que nele se fundamentam também. O sistema desmoronaria.
Essa cadeia de validade ou hierarquia do Direito deve, portanto, encontrar um ponto final sob
pena de se chegar ao infinito, já que toda norma dependerá de uma superior e assim indefinidamente.
A busca por esse último alicerce da ordem normativa levou Kelsen a construir a teoria da norma
fundamental, que irá justificar a validade objetiva de determinada ordem jurídica positiva. Chega-se a
esta norma básica quando não se admite um único passo para trás na cadeia de validade jurídica, pois

2
. SGARBI, Adrian. Hans Kelsen. Ensaios Introdutórios. 1ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 13.
3
. Para nosso autor a Constituição deixa de ser considerada em disputa e torna-se globalmente eficaz quando as normas
estão sendo obedecidas, isto é, servindo de parâmetro para as condutas, ou quando as normas não são devidamente
observadas, mas os funcionários estão efetivamente punindo, através da aplicação de sanções, aqueles transgressores.

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ela será a norma superior por excelência, única a não depender de outra que lhe dê suporte. E esta
independência é característica que decorre do próprio sentido que ela possui: não é um documento
factual, mas sim algo pressuposto. Kelsen explica muito melhor:
A norma que representa o fundamento de validade de uma outra norma é, em face desta, uma
norma superior. Mas a indagação do fundamento de validade de uma norma não pode, tal como a
investigação da causa de um determinado efeito, perder-se no interminável. Tem de terminar
numa norma que se pressupõe como a última e a mais elevada. Como norma mais elevada, ela
tem de ser pressuposta, visto que não pode ser posta por uma autoridade, cuja competência teria
de se fundar numa norma ainda mais elevada. [...] Uma tal norma, pressuposta como a mais
elevada, será aqui designada como norma fundamental. [...] Todas as normas cuja validade pode
ser reconduzida a uma e mesma norma fundamental formam um sistema de normas, uma ordem
normativa. A norma fundamental é a fonte comum da validade de todas as normas pertencentes a
uma e mesma ordem normativa, o seu fundamento de validade comum (grifo nosso) 4.
Ao se valer, pois, dessa pressuposição – de que há uma norma básica, através da qual todas as
outras podem ser identificadas numa sequência de atribuição de validade –, Kelsen demonstrou se
submeter à influência de Kant no que diz respeito a aceitação de que em todo ramo do conhecimento
haverá de se reconhecer alguma pressuposição5.
Seguindo na análise da concepção jurídica, deve-se dizer ainda que foram desenvolvidos dois
sentidos para o vocábulo “Constituição”:
(i) No primeiro, lógico-jurídico, “Constituição” significa a “norma fundamental hipotética”,
que não é posta, mas sim pressuposta, e que positiva apenas o comando “obedeçam a Constituição
positiva”. Você deve notar, meu caro aluno, que esta norma hipotética não tem um texto explícito: é
apenas numa ordem implícita, dirigida a todos nós, de que devemos obedecer a Constituição positiva
(que, no caso brasileiro, é a Constituição Federal de 1988).
(ii) O segundo, jurídico-positivo, traz “Constituição” como norma positiva suprema, que
fundamenta e dá validade a todo o ordenamento jurídico, somente podendo ser alterada se
obedecidos ritos específicos.
Note, para concluirmos, que a concepção puramente jurídica da Constituição não considera se o

4
. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 217.
5
. "Segundo Kant, o trabalho de se encontrar os elementos universais do conhecimento não se dá sem alguma
pressuposição, através da qual todo o resto obtém sentido” (SGARBI, Adrian. Teoria do Direito. 1ª ed. Brasília: Lumen Juris,
2007, p. 48).

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documento constitucional é estabelecido por alguma vontade política, tampouco se reflete fielmente os
fatores reais de poder que regem a sociedade. Ao contrário, vê a Constituição enquanto um conjunto de
normas jurídicas, devidamente estruturadas e hierarquizadas num ordenamento escalonado
(hierarquizado), que encontra seu fundamento de validade definitivo e último na norma fundamental,
ponto de convergência de todas as normas integrantes do sistema jurídico e fundamento de validade
transcendental de toda a estrutura normativa.
Veja uma questão que demonstra como o tema poderá ser cobrado:

Questão para fixar


[CESPE - 2008 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária] Acerca da teoria geral da constituição e do Poder
Constituinte, julgue o item seguintes.

Considere a seguinte definição, elaborada por Kelsen e reproduzida, com adaptações, de José Afonso da
Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Atlas, p. 41...).
“A constituição é considerada norma pura. A palavra constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico e
jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa norma fundamental hipotética, cuja
função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, que
equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional
no seu mais alto grau.”
É correto afirmar que essa definição denota um conceito de constituição no seu sentido jurídico.

Comentário:

Repare, me caro aluno, que essa é a definição exata da concepção kelseniana. De fato, o mestre austríaco
identificou um sentido lógico-jurídico (para o qual a Constituição se apresenta como norma fundamental
hipotética, que fundamenta e dá validade a todo o ordenamento jurídico) e um sentido jurídico-positivo (para
o qual a Constituição significa norma geral positiva). Deste modo, a assertiva é verdadeira.
Gabarito: Certo.

Observe agora a tabela posta abaixo, que lhe ajudará a gravar os pontos centrais das três
concepções clássicas que temos:

CONCEPÇÃO AUTOR OBRA MATRIZ CONCEITO CENTRAL


“A Essência da A Constituição é a soma dos
Sociológica Lassalle
Constituição” fatores reais de poder
A Constituição é a decisão política
Política Schmitt “Teoria da Constituição”
fundamental
A Constituição é uma norma
Jurídica Kelsen “Teoria Pura do Direito” jurídica pura, superior e
fundamental do Estado

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(5) Elementos da Constituição


Eis um tema absolutamente doutrinário que o seu edital trouxe! Como temos uma
Constituição muito ampla e prolixa (com muitos artigos, pois ela trata de variados temas), os autores se
ocuparam de organizar as normas constitucionais de acordo com suas finalidades. Para tanto, foram
estruturados cinco grupos, que refletem as cinco principais categorias de normas que podemos
encontrar na Constituição Federal de 1988. Essa divisão, sem dúvida, facilita a visualização da nossa
Constituição enquanto um conjunto harmônico de normas com diferentes propósitos.
Entendo que a mais completa organização desses cinco elementos que nossa Constituição
possui é aquela clássica feita pelo Professor José Afonso da Silva6, que vou lhe apresentar:
(i) elementos orgânicos: são representados pelas normas que regulam a estrutura do Estado e dos
Poderes. Estão concentrados, predominantemente, nos Títulos III (Da Organização do Estado), IV (Da
Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), Capítulos II e III do Título V (Das Forças Armadas e
da Segurança Pública) e Título VI (Da Tributação e do Orçamento);
(ii) elementos limitativos: estão presentes nas normas que compõem o rol de direitos e garantias
fundamentais, constantes do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais, excetuando-se os
Direitos Sociais, que fazem parte da próxima categoria);
(iii) elementos socioideológicos: são as normas que expressam o compromisso social das
Constituições modernas, com a proteção dos indivíduos e com a busca pela efetivação de um bem-
estar social, como as do Capítulo II do Título II (Direitos Sociais) e as dos Títulos VII (Da Ordem
Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social);
(iv) elementos de estabilização constitucional: conjunto representado pela reunião das normas que
objetivam assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das
instituições democráticas, como as encontradas nos arts. 34 a 36 (que tratam da Intervenção); 59, I e 60
(processo de emendas à Constituição); 102, I, “a” (ação direta de inconstitucionalidade e ação
declaratória de constitucionalidade); 102 e 103 (consagradores da jurisdição constitucional) e no Título
V (Da Defesa do Estado e das instituições democráticas, especialmente o Capítulo I, pois os Capítulos II
e III, conforme vimos, integram os elementos orgânicos);
(v) elementos formais de aplicabilidade: este último grupo é representado pelas normas que
instituem regras de aplicação das normas constitucionais; pode-se dizer que o preâmbulo é um
exemplo, bem como normas constitucionais de caráter transitório (presentes no ADCT) e, ainda, o § 1º

6
.SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 44-45.

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do art. 5º, quando determina que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata”.

Para finalizar a parte teórica, veja no esquema abaixo uma organização estruturada dos cinco
elementos da Constituição:

ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

ELEMENTOS DE ELEMENTOS
ELEMENTOS ELEMENTOS ELEMENTOS
ESTABILIZAÇÃO FORMAIS DE
ORGÂNICOS LIMITATIVOS SÓCIOIDEOLÓGICOS
CONSTITUCIONAL APLICABILIDADE

Buscam a solução
dos conflitos
São as normas
Tratam da constitucionais, a Preveem regras de
que instituem o
estrutura do Visam o bem-estar defesa da aplicação para as
rol de direitos e
Estado e dos social Constituição, do normas
garantias
Poderes Estado e das constitucionais
fundamentais
instituições
democráticas

Bom, meu caro aluno, agora queria lhe convidar a resolver comigo dez questões ilustrativas do
modo como esse assunto pode vir a ser cobrado em sua prova:

Questões para fixar


[IESES - 2017 - ALGÁS - Analista de Projetos Organizacionais - Jurídica] Para José Afonso da Silva, as
Constituições contemporâneas, em sua estrutura normativa, revelam cinco categorias de elementos
destacáveis: orgânicos; limitativos; socioideológicos; de estabilização constitucional; e, finalmente, formais
de aplicabilidade. Podemos afirmar:

A) Elementos socioideológicos: são aqueles que têm origem no liberalismo clássico, que busca estabelecer
limites à ação do Estado, assegurando um Estado de Direito onde os direitos individuais e coletivos devem
estar presentes no texto constitucional.
B) Elementos de estabilização constitucional e os formais de aplicabilidade: Na Constituição brasileira em
vigor, vislumbramos estes elementos no Capítulo II, do Título II (Dos Direitos Sociais), e, também, nos Títulos
VII e VIII (Da Ordem Econômica Financeira e Da Ordem Social).

C) Elementos orgânicos: são aqueles contidos em normas jurídicas que regulam a estrutura e o
funcionamento do poder estatal, sendo, portanto, fundamentais à existência do Estado.
D) Elementos Limitativos: não existiam nas primeiras Constituições escritas, porque elas tratavam
exclusivamente da limitação à ingerência estatal.

Comentário:
Vamos iniciar a resolução dessa questão recordando duas coisas: (i) os elementos socio-ideológicos incluem
as normas que expressam o compromisso social das Constituições modernas, com a proteção dos indivíduos

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e busca pela efetivação de um bem-estar social; (ii) são os elementos limitativos que representam as normas
que integram o rol de direitos e garantias fundamentais (com exceção dos Direitos Sociais). Nesse sentido, a
assertiva ‘a’ é falsa.

Como os elementos de estabilização constitucional estão representados pela reunião das normas que
objetivam assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das
instituições democráticas; enquanto os elementos formais de aplicabilidade estão representados pelas
normas que instituem regras de aplicação das normas constitucionais; podemos concluir que a assertiva ‘b’
também é falsa.

Em relação a letra ‘c’, esta deve ser assinalada, pois os elementos orgânicos realmente contemplam as
normas que regulam a estrutura do Estado e dos Poderes.

Por fim, a letra ‘d’ é incorreta, pois são os elementos socioideológicos, que não existiam nas primeiras
Constituições escritas, que tratavam exclusivamente de impor uma limitação à ingerência estatal. Tais
elementos revelam a emergência de um Estado Social, mais intervencionista que o velho Estado Liberal
constante dos primeiros documentos constitucionais escritos. Lembremos, em conclusão, que são
justamente os elementos limitativos que existiam nas primeiras Constituições escritas, afinal são elas que se
preocupavam diretamente com a limitação da ingerência estatal na vida das pessoas. A letra ‘b’ até começa
bem: realmente regras e princípios são espécies do gênero “normas jurídicas”. No entanto, não há hierarquia
normativa entre eles (ou seja, os princípios não são superiores às regras).
Gabarito: C

[INSTITUTO AOCP - 2014 - UFES - Advogado] Em relação aos elementos das Constituições, aquele que
manifesta-se nas normas que compõem o elenco de direitos e garantias fundamentais restringindo a atuação
dos poderes estatais, denomina-se

A) elementos orgânicos.
B) elementos socioideológicos.

C) elementos de estabilização constitucional.

D) elementos limitativos.

E) elementos formais de aplicabilidade.

Comentário:

Em relação aos elementos da Constituição, os limitativos são os presentes nas normas institutivas dos
direitos e garantias fundamentais, constantes do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais,
excetuando-se os Direitos Sociais, que fazem parte dos elementos socioideológicos). A letra ‘d’ é, portanto, a
nossa resposta.

Gabarito: D

[FCC - 2013 - AL-RN - Assessor Técnico de Controle Interno] Sobre os elementos das Constituições, são
considerados elementos orgânicos as normas:
A) que revelam o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado Social.

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B) que regulam a estrutura do Estado e do Poder.

C) destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das


instituições democráticas.

D) que estabelecem regras de aplicação de outras normas constitucionais.

E) que compõem o elenco dos direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação dos Poderes estatais.

Comentário:

A única assertiva correta é aquela constante da letra ‘b’, visto que os elementos orgânicos contemplam as
normas que regulam a estrutura do Estado e dos Poderes; se concentram, predominantemente, nos Títulos
III (Da Organização do Estado), IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), Capítulos II e III
do Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública) e Título VI (Da Tributação e do Orçamento).

Gabarito: B

[CESPE - 2012 - TCE-ES - Auditor de Controle Externo - Auditoria Governamental] Acerca da supremacia da
Constituição Federal (CF), da organização político-administrativa e dos elementos da CF, julgue o item a
seguir:

Denominam-se elementos orgânicos da CF os elementos acerca da estrutura do Estado e do poder, tais


como as normas relativas à organização do Estado.

Comentário:
A assertiva é verdadeira. São classificados como elementos orgânicos as normas constitucionais que regulam
a estrutura do Estado e dos Poderes (e que estão inseridas, dentre outros, no Título III da CF/88 – Da
Organização do Estado).

Gabarito: Certo

[FUMARC - 2013 - PC-MG - Analista da Polícia Civil – Direito] A tendência moderna é de elaboração de
Constituições analíticas ou prolixas, repletas de normas pormenorizadas, sobre as mais diferentes matérias.
Esse inchamento das Constituições fez com que a doutrina estabelecesse uma classificação, levando-se em
conta a estrutura normativa do Texto Magno. Sobre os chamados “elementos da Constituição”, é CORRETO
afirmar:
A) Elementos limitativos: são os que se acham consubstanciados nas normas que estabelecem regras de
aplicação das normas constitucionais, assim, o preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de
promulgação, as disposições constitucionais transitórias e as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais que têm aplicação imediata.
B) Elementos orgânicos: que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do poder, que se
concentram, predominantemente, nos seguintes Títulos: Da Organização do Estado; Da Organização dos
Poderes e do Sistema de Governo; Das Forças Armadas e da Segurança Pública e Da Tributação e do
Orçamento.

C) Elementos socioideológicos: que se manifestam nas normas que consagram o elenco dos direitos e
garantias fundamentais.
D) Elementos formais de aplicabilidade: consagrados nas normas destinadas à solução de conflitos

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constitucionais, à defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.

Comentário:

Essa é uma questão bem completa, pois requer uma análise de todos os cinco grupos de elementos que a
doutrina elenca. Vamos analisar item pode item:

(i) A letra ‘a’ é incorreta, visto que a assertiva traz a definição de elementos formais de aplicabilidade e não
dos elementos limitativos (que são os presentes nas normas eu instituem o rol de direitos e garantias
fundamentais);
(ii) A letra ‘b’ é a assertiva que deve ser assinalada, afinal, os elementos orgânicos contemplam as normas que
regulam a estrutura do Estado e dos Poderes; se concentram, predominantemente, nos Títulos III (Da
Organização do Estado), IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), Capítulos II e III do
Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública) e Título VI (Da Tributação e do Orçamento);

(iii) A letra ‘c’ traz um item incorreto, pois os elementos socioideológicos contemplam as normas que
explicitam o compromisso social das Constituições modernas, com a proteção dos indivíduos e com a busca
pela efetivação de um bem-estar social. As normas que consagram o elenco dos direitos e garantias
fundamentais constituem os chamados elementos limitativos;

(iv) Na letra ‘d’ temos outra assertiva incorreta, uma vez que ela traz a definição das normas que contemplam
os elementos de estabilização constitucional, isto é, que objetivam assegurar a solução de conflitos
constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
Gabarito: B

[IBFC - 2013 - SEPLAG-MG - Direito] Acerca dos elementos das constituições, assinale a alternativa
INCORRETA:
A) Orgânicos: elementos contidos nas normas que dispõem sobre a estrutura do Estado e do poder.

B) Limitativos: elementos consagrados nas normas que cuidam da defesa da constituição e das instituições
democráticas.

C) Socioideológicos: insculpidos nas normas que fixam os compromissos sociais do Estado.

D) Formais de aplicabilidade: elementos assentados nas regras de aplicação das constituições.

Comentário:

A única afirmativa que está incorreta é aquela constante da letra ‘b’, pois os elementos limitativos
contemplam as normas institutivas do rol de direitos e garantias fundamentais, constantes do Título II (Dos
Direitos e Garantias Fundamentais, excetuando-se os Direitos Sociais, que fazem parte de outra categoria).

Gabarito: B

[CESPE - 2013 - DPE-DF - Defensor Público] Acerca dos elementos e normas constitucionais, julgue o item
seguinte:

Consideram-se elementos limitativos da Constituição as normas constitucionais que compõem o catálogo


dos direitos e garantias individuais
Comentário:

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A assertiva é verdadeira, realmente os direitos e garantias individuais são considerados elementos


limitativos, conforme a classificação doutrinária.

Gabarito: Certo

[CONSESP - 2015 - DAE-Bauru - Procurador Jurídico] No que concerne aos elementos da constituição, pode-
se afirmar que os “elementos formais de aplicabilidade"

A) buscam a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do estado e das instituições
democráticas.

B) preveem regras de aplicação para as normas constitucionais.

C) tratam da estrutura do estado e dos poderes.


D) instituem o rol de direitos e garantias fundamentais.

E) visam o bem-estar social.

Comentário:
A assertiva ‘b’ deve ser assinalada. Nos elementos formais de aplicabilidade encontram-se as normas que
instituem regras de aplicação das normas constitucionais; pode-se dizer que o preâmbulo é um exemplo,
bem como normas constitucionais de caráter transitório (presentes no ADCT) e, ainda, o § 1º do art. 5º,
quando determina que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata”.
Gabarito: B

[CESPE - 2012 - AL - Analista Judiciário] A respeito de Constituição e aplicabilidade das normas


constitucionais, julgue a assertiva abaixo:

O preâmbulo constitui exemplo de elemento orgânico da Constituição.


Comentário:
O item é falso, visto que o preâmbulo é um elemento formal de aplicabilidade das normas constitucionais.

Gabarito: Errado

[CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Processual] Julgue o item:

O preâmbulo e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias são exemplos dos denominados elementos
de estabilização constitucional.

Comentário:
Errado, o Preâmbulo e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias são exemplos de elementos
formais de aplicabilidade.

Gabarito: Errado

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(6) Questões resolvidas em aula


QUESTÃO 01
[CESPE - 2014 - TJ-SE - Técnico Judiciário] Acerca dos direitos fundamentais e do conceito e da
classificação das constituições, julgue o item a seguir:
Do ponto de vista jurídico, a constituição funda as bases do ordenamento jurídico, contendo, em seu
corpo, disposições estruturais acerca do funcionamento do Estado, seus entes e órgãos, e dos limites à
atuação estatal, quais sejam, os direitos e garantias fundamentais do cidadão.
QUESTÃO 02
[FUNDEP-Gestão de Concursos - 2014 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto] Sobre o conceito de
Constituição, assinale a alternativa CORRETA:
A) É o estatuto que regula as relações entre Estados soberanos.
B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres de um povo.
C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação, à
formação dos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
D) É uma norma de um Estado, que regula os direitos e deveres de um povo nas suas relações.
QUESTÃO 03
[ESAF - 2013 - MF - Conhecimentos Básicos - Adaptada] Quanto à hierarquia das normas, julgue o item:
Há hierarquia entre as normas jurídicas quando uma delas, a norma superior, é fundamento de validade
da outra, a norma inferior.
QUESTÃO 04
[CESPE - 2018 - MPE-PI - Analista Ministerial - Área Processual - Adaptada] Julgue o item seguinte,
acerca da supremacia da Constituição e da aplicabilidade das normas constitucionais:
Decorre da noção de supremacia da Constituição o pressuposto da superioridade hierárquica
constitucional sobre as demais leis do país.
QUESTÃO 05
[ESAF - 2013 - MF - Conhecimentos Básicos - Adaptada] Quanto à hierarquia das normas, julgue o item:
As emendas constitucionais têm a mesma posição hierárquica das normas constitucionais originárias,
embora somente aquelas estejam sujeitas a controle de constitucionalidade.

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QUESTÃO 06
[MPE-BA - 2015 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto] No que tange à disciplina normativo-
constitucional 2015expressa do processo legislativo (artigo 59 e seguintes da Constituição Federal de
1988), julgue a assertiva:
Existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, bem como entre lei federal e estadual.
QUESTÃO 07
[ESAF - 2012 - MI - Nível Superior - Conhecimentos Gerais - Adaptada] Sobre a hierarquia
constitucionalmente caracterizada entre os atos jurídico-normativos do Poder Público, julgue a
assertiva:
As leis complementares são hierarquicamente superiores às leis ordinárias.
QUESTÃO 08
[UFPR - 2014 - DPE-PR - Defensor Público - Adaptada] Quanto ao âmbito da Teoria da Constituição,
Normas Constitucionais no Tempo, Hermenêutica Constitucional e Preâmbulos Constitucionais, julgue
a assertiva:
O preâmbulo constitucional consiste em um texto introdutório à Constituição, sendo uma declaração
de princípios, de caráter obrigatório, vinculativo, cujo conteúdo é de observância necessária aos demais
entes da federação, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.
QUESTÃO 09
[VUNESP - 2014 - DPE-MS - Defensor Público] No que se refere à interpretação da natureza jurídica do
preâmbulo da Constituição, segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, julgue a assertiva:
O preâmbulo da Constituição não constitui norma central, não tendo força normativa e,
consequentemente, não servindo como paradigma para a declaração de inconstitucionalidade.
QUESTÃO 10
[MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Delegado de Polícia - Adaptada] Julgue a proposição abaixo:
Constituição, em sentido sociológico, conforme concepção de Ferdinand Lassale, é a soma dos fatores
reais de poder que regem um determinado Estado.
QUESTÃO 11
[CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Adaptada] A respeito das
concepções das constituições, julgue o item:
Na concepção sociológica, constituição consiste no somatório dos fatores reais de poder em uma
sociedade, sendo consideradas sinônimas a constituição real e efetiva e a constituição jurídica.

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QUESTÃO 12
[CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Adaptada] A respeito das
concepções das constituições, julgue o item:
Segundo o critério político, a validade de uma constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas
na decisão política que lhe dá existência.
QUESTÃO 13
[CESPE - 2008 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária] Acerca da teoria geral da constituição e do
Poder Constituinte, julgue o item seguintes:
Considere a seguinte definição, elaborada por Kelsen e reproduzida, com adaptações, de José Afonso
da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Atlas, p. 41...).
“A constituição é considerada norma pura. A palavra constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico e
jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa norma fundamental hipotética, cuja
função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, que
equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei
nacional no seu mais alto grau.”
É correto afirmar que essa definição denota um conceito de constituição no seu sentido jurídico.
QUESTÃO 14
[IESES - 2017 - ALGÁS - Analista de Projetos Organizacionais - Jurídica] Para José Afonso da Silva, as
Constituições contemporâneas, em sua estrutura normativa, revelam cinco categorias de elementos
destacáveis: orgânicos; limitativos; socioideológicos; de estabilização constitucional; e, finalmente,
formais de aplicabilidade. Podemos afirmar:
A) Elementos socioideológicos: são aqueles que têm origem no liberalismo clássico, que busca
estabelecer limites à ação do Estado, assegurando um Estado de Direito onde os direitos individuais e
coletivos devem estar presentes no texto constitucional.
B) Elementos de estabilização constitucional e os formais de aplicabilidade: Na Constituição brasileira
em vigor, vislumbramos estes elementos no Capítulo II, do Título II (Dos Direitos Sociais), e, também,
nos Títulos VII e VIII (Da Ordem Econômica Financeira e Da Ordem Social).
C) Elementos orgânicos: são aqueles contidos em normas jurídicas que regulam a estrutura e o
funcionamento do poder estatal, sendo, portanto, fundamentais à existência do Estado.
D) Elementos Limitativos: não existiam nas primeiras Constituições escritas, porque elas tratavam
exclusivamente da limitação à ingerência estatal.

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QUESTÃO 15
[INSTITUTO AOCP - 2014 - UFES - Advogado] Em relação aos elementos das Constituições, aquele que
manifesta-se nas normas que compõem o elenco de direitos e garantias fundamentais restringindo a
atuação dos poderes estatais, denomina-se
A) elementos orgânicos.
B) elementos socioideológicos.
C) elementos de estabilização constitucional.
D) elementos limitativos.
E) elementos formais de aplicabilidade.
QUESTÃO 16
[FCC - 2013 - AL-RN - Assessor Técnico de Controle Interno] Sobre os elementos das Constituições, são
considerados elementos orgânicos as normas
A) que revelam o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado Social.
B) que regulam a estrutura do Estado e do Poder.
C) destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e
das instituições democráticas.
D) que estabelecem regras de aplicação de outras normas constitucionais.
E) que compõem o elenco dos direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação dos Poderes
estatais.
QUESTÃO 17
[CESPE - 2012 - TCE-ES - Auditor de Controle Externo - Auditoria Governamental] Acerca da
supremacia da Constituição Federal (CF), da organização político-administrativa e dos elementos da
CF, julgue o item a seguir:
Denominam-se elementos orgânicos da CF os elementos acerca da estrutura do Estado e do poder, tais
como as normas relativas à organização do Estado.
QUESTÃO 18
[FUMARC - 2013 - PC-MG - Analista da Polícia Civil – Direito] A tendência moderna é de elaboração de
Constituições analíticas ou prolixas, repletas de normas pormenorizadas, sobre as mais diferentes
matérias. Esse inchamento das Constituições fez com que a doutrina estabelecesse uma classificação,
levando-se em conta a estrutura normativa do Texto Magno. Sobre os chamados “elementos da
Constituição”, é CORRETO afirmar:

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A) Elementos limitativos: são os que se acham consubstanciados nas normas que estabelecem regras
de aplicação das normas constitucionais, assim, o preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de
promulgação, as disposições constitucionais transitórias e as normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais que têm aplicação imediata.
B) Elementos orgânicos: que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do poder, que
se concentram, predominantemente, nos seguintes Títulos: Da Organização do Estado; Da
Organização dos Poderes e do Sistema de Governo; Das Forças Armadas e da Segurança Pública e Da
Tributação e do Orçamento.
C) Elementos socioideológicos: que se manifestam nas normas que consagram o elenco dos direitos e
garantias fundamentais.
D) Elementos formais de aplicabilidade: consagrados nas normas destinadas à solução de conflitos
constitucionais, à defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
QUESTÃO 19
[IBFC - 2013 - SEPLAG-MG - Direito] Acerca dos elementos das constituições, assinale a alternativa
INCORRETA:
A) Orgânicos: elementos contidos nas normas que dispõem sobre a estrutura do Estado e do poder.
B) Limitativos: elementos consagrados nas normas que cuidam da defesa da constituição e das
instituições democráticas.
C) Socioideológicos: insculpidos nas normas que fixam os compromissos sociais do Estado.
D) Formais de aplicabilidade: elementos assentados nas regras de aplicação das constituições.
QUESTÃO 20
[CESPE - 2013 - DPE-DF - Defensor Público] Acerca dos elementos e normas constitucionais, julgue o
item seguinte:
Consideram-se elementos limitativos da Constituição as normas constitucionais que compõem o
catálogo dos direitos e garantias individuais
QUESTÃO 21
[CONSESP - 2015 - DAE-Bauru - Procurador Jurídico] No que concerne aos elementos da constituição,
pode-se afirmar que os “elementos formais de aplicabilidade”:
A) buscam a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do estado e das instituições
democráticas.
B) preveem regras de aplicação para as normas constitucionais.
C) tratam da estrutura do estado e dos poderes.

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D) instituem o rol de direitos e garantias fundamentais.


E) visam o bem-estar social.
QUESTÃO 22
[CESPE - 2012 - AL - Analista Judiciário] A respeito de Constituição e aplicabilidade das normas
constitucionais, julgue a assertiva abaixo:
O preâmbulo constitui exemplo de elemento orgânico da Constituição.
QUESTÃO 23
[CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Processual] Julgue o item:
O preâmbulo e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias são exemplos dos denominados
elementos de estabilização constitucional.

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GABARITO
1–V 7–F 13 – V 19 – B
2–C 8–F 14 – C 20 – V
3–V 9–V 15 – D 21 – B
4–V 10 – V 16 – V 22 – F
5–V 11 – F 17 – V 23 – F
6–F 12 – V 18 – B

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(7) Outras questões: para treinar


QUESTÃO 01
[CESPE - 2011 - EBC - Analista - Advocacia] Julgue o item seguinte, relativo às normas constitucionais:
As normas previstas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias possuem natureza de norma
constitucional.
QUESTÃO 02
[CESPE - 2017 - DPU - Defensor Público Federal] A respeito da evolução histórica do constitucionalismo
no Brasil, das concepções e teorias sobre a Constituição e do sistema constitucional brasileiro, julgue o
item a seguir:
A CF goza de supremacia tanto do ponto de vista material quanto do formal.
QUESTÃO 03
[CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Administrativa] Acerca do Estado federal brasileiro,
tendo como referência a Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir:
Dada a subordinação dos entes federados à força normativa da CF, seu preâmbulo deve ser
obrigatoriamente reproduzido nas constituições estaduais.
QUESTÃO 04
[CESPE - 2016 - PGE-AM - Procurador do Estado] Julgue o item seguinte, relativos à aplicabilidade de
normas constitucionais e à interação destas com outras fontes do direito:
Embora o preâmbulo da CF não tenha força normativa, podem os estados, ao elaborar as suas próprias
leis fundamentais, reproduzi-lo, adaptando os seus termos naquilo que for cabível.
QUESTÃO 05
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área III] À luz dos
princípios fundamentais de direito constitucional positivo brasileiro, julgue o item a seguir:
Quando um estado da Federação deixa de invocar a proteção de Deus no preâmbulo de sua
constituição, contraria a CF, pois tal invocação é norma central do direito constitucional positivo
brasileiro.
QUESTÃO 06
[CESPE - 2012 - ANAC - Especialista em Regulação de Aviação Civil - Área 5] A respeito de
constitucionalismo, interpretação, eficácia e hierarquia das normas constitucionais, julgue o item que
se segue:

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As emendas constitucionais têm o mesmo grau hierárquico que as normas constitucionais originárias e,
por isso, não estão sujeitas ao controle de constitucionalidade.
QUESTÃO 07
[NC-UFPR - 2014 - DPE-PR - Defensor Público - Adaptada] Quanto ao âmbito da Teoria da
Constituição, Normas Constitucionais no Tempo, Hermenêutica Constitucional e Preâmbulos
Constitucionais, julgue o item a seguir:
O preâmbulo constitucional consiste em um texto introdutório à Constituição, sendo uma declaração
de princípios, de caráter obrigatório, vinculativo, cujo conteúdo é de observância necessária aos demais
entes da federação, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.
QUESTÃO 08
[VUNESP - 2016 - TJ-RJ - Juiz Substituto - Adaptada] No que se refere à Teoria das Normas
Constitucionais Inconstitucionais, julgue o item a seguir, segundo entendimento do Supremo Tribunal
Federal:
Há hierarquia e contradição entre normas constitucionais advindas do Poder Constituinte Originário, o
que legitima o controle de constitucionalidade de normas constitucionais, produto do trabalho do
Poder Constituinte Originário.
QUESTÃO 09
[CETREDE - 2016 - Prefeitura de Itapipoca - CE - Procurador - Adaptada] Levando-se em consideração
a norma e o direito constitucional, no que diz respeito à evolução histórica, conceito e classificação,
julgue a assertiva:
O preâmbulo constitui norma central da Constituição Federal, possuindo força normativa para
descortinar a inconstitucionalidade de uma norma.
QUESTÃO 10
[FCC - 2018 - ALESE - Técnico Legislativo - Técnico-Administrativo - Adaptada] À luz da Teoria Geral
da Constituição, julgue a assertiva a seguir:
O preâmbulo da Constituição Federal brasileira é norma de reprodução obrigatória nas Constituições
Estaduais.

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GABARITO COMENTADO
QUESTÃO 01
[CESPE - 2011 - EBC - Analista - Advocacia] Julgue o item seguinte, relativo às normas constitucionais:
As normas previstas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias possuem natureza de norma
constitucional.
Comentário:
A assertiva deve ser julgada como verdadeira. O ADCT representa a parte transitória do texto
constitucional e tem o intuito de facilitar a passagem de uma ordem jurídica antiga para uma ordem
jurídica nova. Suas normas, cumpre dizer, são formalmente constitucionais, ainda que apresente
numeração própria.
QUESTÃO 02
[CESPE - 2017 - DPU - Defensor Público Federal] A respeito da evolução histórica do constitucionalismo
no Brasil, das concepções e teorias sobre a Constituição e do sistema constitucional brasileiro, julgue o
item a seguir:
A CF goza de supremacia tanto do ponto de vista material quanto do formal.
Comentário:
Eis um item verdadeiro. Na estruturação do nosso ordenamento jurídico, a Constituição Federal, norma
fundante, é aquela que confere fundamento e validade a todas as demais, consideradas normas
fundadas. Sendo assim, não se situa no mesmo plano hierárquico das normas infraconstitucionais e
infralegais: ocupa, sozinha, o ápice do ordenamento jurídico. É, portanto, um diploma que goza de
supremacia material e formal diante de todas as demais. Material porque em seu texto estão
estruturados os temas mais essenciais para a organização do Estado. Formal porque suas normas são
superiores e só podem ser modificadas por um rito mais solene e gravoso do que aquele previsto para
os diplomas inferiores.
QUESTÃO 03
[CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Administrativa] Acerca do Estado federal brasileiro,
tendo como referência a Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir:
Dada a subordinação dos entes federados à força normativa da CF, seu preâmbulo deve ser
obrigatoriamente reproduzido nas constituições estaduais.
Comentário:

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A assertiva é falsa. De acordo com entendimento firmado pelo STF, o preâmbulo não é norma jurídica
e, tampouco, norma constitucional. Deste modo, não vincula as Constituições estaduais, que não estão
obrigadas a reproduzi-lo.
QUESTÃO 04
[CESPE - 2016 - PGE-AM - Procurador do Estado] Julgue o item seguinte, relativos à aplicabilidade de
normas constitucionais e à interação destas com outras fontes do direito:
Embora o preâmbulo da CF não tenha força normativa, podem os estados, ao elaborar as suas próprias
leis fundamentais, reproduzi-lo, adaptando os seus termos naquilo que for cabível.
Comentário:
Os Estados, ao elaborar suas Constituições, não estão obrigados a reproduzir o preâmbulo da
Constituição Federal, vez que ele não possui força normativa. Sendo assim, nada impede que os
Estados, caso optem por reproduzir o texto do preâmbulo da CF, realizem adaptações. Deste modo, a
assertiva apresentada pelo examinador é verdadeira.
QUESTÃO 05
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área III] À luz dos
princípios fundamentais de direito constitucional positivo brasileiro, julgue o item a seguir:
Quando um estado da Federação deixa de invocar a proteção de Deus no preâmbulo de sua
constituição, contraria a CF, pois tal invocação é norma central do direito constitucional positivo
brasileiro.
Comentário:
Não há dúvidas de que estamos diante de uma assertiva falsa. De acordo com o STF, o preâmbulo da
Constituição Federal não é norma jurídica e, sendo assim, não vincula os Estados na confecção de suas
Constituições Estaduais. Foi exatamente isso que nossa Suprema Corte firmou no julgamento da ADI
2076, ao explicitar que a ausência da expressão “sob a proteção de Deus” na Constituição Estadual do
Acre não violou a Constituição Federal.
QUESTÃO 06
[CESPE - 2012 - ANAC - Especialista em Regulação de Aviação Civil - Área 5] A respeito de
constitucionalismo, interpretação, eficácia e hierarquia das normas constitucionais, julgue o item que
se segue:
As emendas constitucionais têm o mesmo grau hierárquico que as normas constitucionais originárias e,
por isso, não estão sujeitas ao controle de constitucionalidade.

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Comentário:
Ainda que não exista hierarquia entre as normas constitucionais originárias e derivadas, elas se diferem
no seguinte aspecto: as normas constitucionais derivadas, se não forem produzidas de acordo com as
regras inseridas pelo Poder Constituinte Originário, estão sujeitas à controle de constitucionalidade. Ao
contrário das normas constitucionais originárias, que serão sempre constitucionais. Sendo assim, não
há dúvida meu caro aluno, que estamos diante de uma assertiva é falsa.
QUESTÃO 07
[NC-UFPR - 2014 - DPE-PR - Defensor Público - Adaptada] Quanto ao âmbito da Teoria da
Constituição, Normas Constitucionais no Tempo, Hermenêutica Constitucional e Preâmbulos
Constitucionais, julgue o item a seguir:
O preâmbulo constitucional consiste em um texto introdutório à Constituição, sendo uma declaração
de princípios, de caráter obrigatório, vinculativo, cujo conteúdo é de observância necessária aos demais
entes da federação, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.
Comentário:
Ainda que o item acerte ao dizer que o preâmbulo da Constituição Federal consiste em um texto
introdutório à Constituição, não há dúvidas de que estamos diante de uma assertiva falsa. De acordo
com o STF, o preâmbulo da Constituição Federal não é norma jurídica e, sendo assim, não vincula os
Estados na confecção de suas Constituições Estaduais e não tem caráter obrigatório. Foi exatamente
isso que nossa Suprema Corte firmou no julgamento da ADI 2076, ao explicitar que a ausência da
expressão “sob a proteção de Deus” na Constituição Estadual do Acre não violou a Constituição
Federal.
QUESTÃO 08
[VUNESP - 2016 - TJ-RJ - Juiz Substituto - Adaptada] No que se refere à Teoria das Normas
Constitucionais Inconstitucionais, julgue o item a seguir, segundo entendimento do Supremo Tribunal
Federal:
Há hierarquia e contradição entre normas constitucionais advindas do Poder Constituinte Originário, o
que legitima o controle de constitucionalidade de normas constitucionais, produto do trabalho do
Poder Constituinte Originário.
Comentário:
As normas constitucionais fruto do trabalho do Poder Constituinte Originário não estão sujeitas ao
controle de constitucionalidade, uma vez que representam a própria Constituição. Deste modo, a
assertiva é falsa.

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QUESTÃO 09
[CETREDE - 2016 - Prefeitura de Itapipoca - CE - Procurador - Adaptada] Levando-se em consideração
a norma e o direito constitucional, no que diz respeito à evolução histórica, conceito e classificação,
julgue a assertiva:
O preâmbulo constitui norma central da Constituição Federal, possuindo força normativa para
descortinar a inconstitucionalidade de uma norma.
Comentário:
Não há dúvidas de que estamos diante de uma assertiva falsa. De acordo com o STF, o preâmbulo da
Constituição Federal não é norma jurídica e, sendo assim, não possui força normativa para servir de
parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade de normas. Repare, futuro Agente da PC TO, que
questões de prova tratando do preâmbulo são muito corriqueiras! E normalmente o examinador torna a
alternativa incorreta ao dizer que o preâmbulo é norma jurídica, ou ao dizer que ele deve ser
reproduzido nas Constituições estaduais, ou ao mencionar que o preâmbulo teria força normativa para
ensejar a declaração de inconstitucionalidade de uma lei inferior que o desobedecesse.
QUESTÃO 10
[FCC - 2018 - ALESE - Técnico Legislativo - Técnico-Administrativo - Adaptada] À luz da Teoria Geral
da Constituição, julgue a assertiva a seguir:
O preâmbulo da Constituição Federal brasileira é norma de reprodução obrigatória nas Constituições
Estaduais.
Comentário:
Os Estados, ao elaborarem suas Constituições, não estão obrigados a reproduzir o preâmbulo da
Constituição Federal, vez que ele não possui força normativa. Deste modo, a assertiva apresentada pelo
examinador é falsa.

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(8) Resumo direcionado


➢ Constituição

- A Constituição representa o conjunto mais importante de normas que vão criar,


estruturar e organizar o nosso país.

- A Constituição Federal de 1988 foi elaborada pelo chamado “Poder Constituinte


Conceito Originário” e promulgada em 05/10/1988.

- A Constituição trata dos assuntos mais importantes do Estado, por isso ela ocupa no
ordenamento jurídico uma posição diferenciada, de superioridade.
- Não há hierarquia entre normas constitucionais, todas ocupam o ápice (o topo) do
ordenamento jurídico)

Constituição
Federal

Leis (complementares,
Normas
ordinárias, delegadas);
Infraconstitucionais
Resoluções; Decretos
legislativos e Medidas
provisórias

Decretos Regulamentares; Instruções Normas


normativas; Portarias ... Infralegais

Estruturalmente a Constituição pode ser dividida em três partes:

(i) preâmbulo (não possui força normativa);


Estrutura
(ii) parte permanente (ou parte dogmática) e
(iii) ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias)

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➢ Concepções de Constituição

Constituição sob Ferdinand Lassale - Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem a
o prisma sociedade
sociológico

Carl Schmitt - Constituição corresponde à “decisão política fundamental” que o Poder


Constituição sob
Constituinte, quando elabora o texto constitucional, reconhece e explicita ao impor
o aspecto político
uma nova existência política.

Hans Kelsen - toda norma retira sua validade


de outra que lhe é imediatamente superior,
Constituição em culminando em um escalonamento
sentido jurídico hierárquico do sistema jurídico. A cadeira de
validade ou hierarquia deve, portanto,
encontrar ponto final, levando a construção
da teoria da norma fundamental.

A norma fundamental justifica a validade


objetiva de determinada ordem jurídica
positiva. É alcançada quando não se admite
retrocessos na cadeia de validade jurídica,
pois ela será a norma superior por excelência.

Constituição no sentido lógico-jurídico: Constituição no sentido jurídico-positivo:


significa norma fundamental hipotética; norma jurídica suprema, que fundamenta e
pressuposta; não é texto explícito. dá validade a todo o ordenamento jurídico; só
pode ser alterada obedecendo ritos
específicos.

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➢ Elementos da Constituição

Elementos
Tratam da estrutura do Estado e dos Poderes
orgânicos

Elementos
São as normas que instituem o rol de direitos e garantias fundamentais
limitativos

Elementos
Visam o bem-estar social
sócioideológicos

Elementos de
Buscam a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e
estabilização
das instituições democráticas
constitucional

Elementos
formais de Preveem regras de aplicação para as normas constitucionais
aplicabilidade

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017.

BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotada. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 7ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2019.

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de
Direito Constitucional. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 41ª ed. atual. São Paulo: Malheiros,
2018.

SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014.

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