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Piauí.
RCAND nº0600940-76.2018.6.18.0000.
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Razões do Recurso Especial
RCAND Nº0600940-76.2018.6.18.0000.
Recorrente: Ministério Público Eleitoral
Recorrido: Odival José de Andrade.
Colenda Corte,
Excelentíssimo Senhor Ministro Relator,
I – Tempestividade do recurso.
2
I – especial; […]
§1°. É de três dias o prazo para a interposição do recurso,
contado da publicação da decisão nos casos n°s I, letras a e b, e II,
letra b, e da seção da diplomação no caso do n° II, letra a.
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legitimidade das eleições, contra a influência do poder econômico ou
abuso do poder político ou administrativo.
4
- Ações de Impugnação julgadas parcialmente procedentes, para
indeferir o RRC.
5
partidária” do recorrido e num segundo momento aceitou que o parcelamento da multa
criminal implicou no restabelecimento dos direitos políticos dele, à vista dos mesmos
elementos probatórios, ressalvada a quitação da multa após o julgamento do registro de
candidatura, restou evidenciado que o decisum foi proferido contra disposições expressas da
Constituição Federal e da lei, negando-lhes vigência, além de divergir do posicionamento
adotado por outros tribunais eleitorais, conforme demonstrado a seguir.
IV– Negativa de vigência ao art. 15, III e ao art. 14, § 3º, II, da
Constituição Federal.
O voto divergente (ID 77.100, fls. 21-22), proferido pelo Juiz Federal
Daniel Santos Rocha Sobral, que deu embasamento ao acórdão combatido, traz como
fundamento para rever a decisão anteriormente externada pela Corte Eleitoral o fato do
recorrido ter quitado integralmente a dívida, que a ele foi imposta por meio de condenação
criminal transitada em julgado.
Nos termos do voto citado: “[…] o Colendo TSE editou a Súmula 50,
decretando que: “O pagamento de multa eleitoral pelo candidato ou a comprovação do
cumprimento regular de seu parcelamento após o pedido de registro, mas antes do julgamento
respectivo, afasta a ausência de quitação eleitoral”” E conclui: “[…] a parte – como dito –
quitou integralmente o débito, soterrando de vez a questão da ausência de condições de
elegibilidade para efeito de registro de candidatura”.
Ocorre que o pagamento integral da multa a que estava obrigado em
decorrência de condenação criminal (Acórdão nº138676), consoante documentos
colacionados (ID 72.162, ID 72.163, ID 72.471), somente aconteceu após o indeferimento de
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seu registro, por ausência de condição de elegibilidade. Com efeito, a quitação da multa,
cuja soma foi de R$44.169,26 (quarenta e quatro mil, cento e sessenta e nove reais e vinte e seis
centavos), se deu em 18/09/2018, um dia após o julgamento de seu registro.
Portanto, as razões lançadas no voto divergente contrariam a norma
do art. 15, III, da Constituição Federal. Isso porque, quando do julgamento do registro de
candidatura, ainda pesavam sobre o candidato os efeitos da condenação sofrida, pois a
dívida ainda não tinha sido quitada. Ou seja, naquele momento, ele estava com os direitos
políticos suspensos.
À luz da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, a suspensão dos
direitos políticos decorrente de condenação criminal é auto-aplicável pois não depende, para
a sua incidência, de pronunciamento no dispositivo da sentença condenatória, que tem na
suspensão dos direitos políticos um de seus efeitos secundários. Nessa toada:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. […]
INDEFERIMENTO. REGISTRO DE CANDIDATURA. […]
CONDENAÇÃO CRIMINAL. TRÂNSITO EM JULGADO.
SUSPENSÃO. DIREITOS POLÍTICOS. […] EFEITO SUSPENSIVO.
CONDENAÇÃO. […] AFASTAMENTO. INELEGIBILIDADE. […]
4. […] a suspensão dos direitos políticos em decorrência de
condenação criminal transitada em julgado, prevista no art. 15, III,
da Constituição Federal, é auto-aplicável e constitui efeito
automático da sentença penal condenatória, não havendo
necessidade de manifestação a respeito de sua incidência na decisão
condenatória. […] (RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial
Eleitoral nº 32677 - CORGUINHO – MS, Ac. de 02/02/2009, Relator(a)
Min. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira, DJE 19/03/2009, p. 28).
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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.
CONDENAÇÃO CRIMINAL. TRÂNSITO EM JULGADO. DIREITOS
POLÍTICOS. SUSPENSÃO. EFEITO AUTOMÁTICO.
INELEGIBILIDADE. […]
2. A condenação criminal transitada em julgado ocasiona a
suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem seus efeitos,
independentemente da natureza do crime.
3. A suspensão dos direitos políticos prevista no art. 15, III, da
Constituição Federal é efeito automático da condenação criminal
transitada em julgado e não exige qualquer outro procedimento à
sua aplicação. […] (RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial
Eleitoral nº 35803 - MIRADOR – PR, Ac. de 15/10/2009, Relator(a)
Min. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira, DJE, Tomo 235,
14/12/2009, p. 15/16).
O texto legal, por fim, informa que a suspensão dos direitos políticos
opera enquanto durarem os efeitos da condenação. Sobre esse tema, dispõe a Súmula 9, do
Tribunal Superior Eleitoral:
“A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação
criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a
extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de
reparação dos danos”
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dizer, os direitos políticos retornam para o apenado, mas produzem efeitos da data da
comprovação da quitação para frente.
Como se observa (ID 52.537, ID 52.538, ID 52.539), o candidato, na
data de formalização de seu pedido de registro de candidatura até o respectivo julgamento,
ainda não tinha quitado a multa aplicada em decorrência de condenação pela prática de crime
eleitoral. Daí que ele não possuía, durante todo o trâmite de seu registro, a plenitude de
seus direitos políticos. Circunstância que o impede de participar do prélio eleitoral.
Com efeito, a fragmentação da multa, ainda que seja permitida, não
retira a eficácia da condenação criminal, que somente desaparece com o pagamento
integral da pena pecuniária. Em outras palavras, mesmo que o reparcelamento seja
concretizado, o requerido permanece com os seus direitos políticos suspensos. Esse
raciocínio é confirmado pelo julgado abaixo transcrito:
RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. […]
SUSPENSÃO DIREITOS POLÍTICOS. […]
1. O preenchimento das condições de elegibilidade relativa à
plenitude dos direitos políticos deve ser observado desde o pedido de
registro de candidatura. […]
3. A condenação criminal transitada em julgado cuja pena
privativa de liberdade fora convertida em prestação pecuniária
(multa), produz como efeito automático a suspensão dos direitos
políticos, que tem assento constitucional. A multa, nesse caso, tem
caráter penal e não se confunde com a de natureza administrativa.
4. O parcelamento da multa aplicada e o pagamento das parcelas
vencidas não se revelam suficientes a desfazer os efeitos da
suspensão dos direitos políticos e também não se confunde com
hipótese de extinção de punibilidade que possui rol taxativo (RCED
n 86951/MT, Ac. n 22899 de 23/04/2013, Relator(a) JOSÉ LUÍS
BLASZAK, DEJE, Tomo 1402, 08/05/2013, p. 2-6).
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fracionamento de multa oriunda de condenação criminal. Nesse diapasão, colaciono
ementas relacionadas a parcelamento originado de multas aplicadas em razão de
representação eleitoral:
ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
ESPECIAL. DEFERIMENTO. REGISTRO DE CANDIDATURA.
SEGUNDO SUPLENTE SENADOR. PAGAMENTO DE MULTA
ANTES DO JULGAMENTO. QUITAÇÃO ELEITORAL.
DESPROVIMENTO.
1. A jurisprudência recente firmada no âmbito desta Corte
Superior firmou-se no sentido de que o pagamento da multa, ou a
comprovação do cumprimento regular de seu parcelamento, pelo
candidato, após o pedido de registro, mas antes do julgamento
respectivo, tem o condão de afastar a ausência de quitação eleitoral,
independentemente do fato de a sanção pecuniária ter sido cominada em
representação eleitoral. Precedente: REspe nº 664-69/CE, Rel. Ministro
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, publicado na sessão de 18.9.2014.
2. Agravo regimental desprovido. (RESPE nº 76398/MT, Relator(a)
Min. Maria Thereza de Assis Moura, PSESS, 24/10/2014).
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está em jogo condição de elegibilidade, a quitação eleitoral, não o
valor da multa aplicada.
3. Recurso provido. (RESPE nº 288737/SP, Relator(a) Min. Gilmar
Mendes, PSESS, 01/10/2014).
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Cumpre frisar, também, que a filiação partidária deve ser deferida
pelo grêmio político pelo menos seis meses antes do pleito. Ocasião em que o filiado deverá
estar na plenitude do gozo dos direitos políticos.
Na espécie, o Acórdão nº060094076-A, puxado pelo voto divergente
do Juiz Federal Daniel Santos Rocha Sobral, considerou que o recorrido estava apto a se
filiar em 05/02/2018 ao Partido da República – PR, em razão do recorrido ter parcelado a
pena pecuniária a ele imputado. É o que se conclui dos seguintes trecho da decisão:
“Não obstante condenado por crime eleitoral de injúria, com fulcro
no art. 326, do Código Eleitoral, a pena imposta ao pré-candidato foi
de pagamento de multa, o que implica dizer que, após o trânsito em
julgado, se convolou em dívida de valor, a qual foi parcelada
regularmente perante a Fazenda Nacional em novembro de 2017,
elidindo, por certo tempo, a ausência de quitação eleitoral, consoante
precedentes jurisprudenciais (Recurso Especial Eleitoral nº 28087,
Acórdão, Relator(a) Min. Marco Aurélio Mendes De Farias Mello,
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 119, Data
26/06/2013, Página 56).
O pretenso candidato, então, pagou três parcelas (até 31/01/2018 –
ID 52537), correspondentes a dezembro/2017, janeiro/2018 e
fevereiro/2018 – de modo que, na época da filiação partidária, em
fevereiro de 2018, o interessado estava em dia no tocante à quitação
eleitoral e, consequentemente, à filiação partidária. […]
Destaco, especificamente no que tange à filiação, que tal questão
remonta ao parcelamento e, quanto a este, repito: após o trânsito em
julgado, houve a inscrição da dívida na Fazenda Nacional
(outubro/2017), a qual, em seguida, analisou e deferiu, em 02/12/2017, o
pedido de parcelamento formulado pelo apenado em 30/11/2017,
conforme termo constante dos autos. Frise-se que cabe justamente à
Fazenda aferir todos os detalhes referentes a esse trâmite, a exemplo da
quantidade de parcelas, o valor, o tipo e o quantum dos juros, tudo sob a
égide da legislação tributária federal. In casu, é inquestionável,
portanto, que o primeiro parcelamento da multa deu-se de modo
regular e que, na data da filiação, estava absolutamente válido, uma
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vez que fora rescindido apenas em julho/2018, quando foi realizado
novo pacto com o órgão fazendário. […]”
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CONTAGEM DO PERÍODO DE SUSPENSÃO. REGISTRO
INDEFERIDO. […]
2. Não há eficácia da filiação partidária, para atender o prazo de
seis meses antes da eleição, durante o período em que perdurou a
suspensão de direitos políticos decorrente do trânsito em julgado da
condenação por improbidade.
3. Na espécie, o posterior exaurimento do prazo da suspensão não
altera o fato de os direitos políticos do candidato estarem suspensos
no momento da convenção para escolha dos candidatos e do registro
de candidatura. […] (RESPE nº 11166/GO, Relator(a) Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Relator(a) designado(a) Min. Henrique Neves Da
Silva, DJE, 17/05/2017).
14
candidatura”. (RESPE nº 12448/AM, Relator(a) Min. Luiz Fux, DJE,
Tomo 71, 10/04/2017, p. 71).
15
de se filiar a partido político, por conta da suspensão de seus direitos
políticos, de modo que o ato de filiação não possui eficácia jurídica.
Dessa forma, ainda que se admita o restabelecimento dos direitos
políticos pelo Embargante, em razão da superveniente quitação da
multa que lhe fora aplicada na Ação Penal 1386-76.2010.6.18.0011,
esse fato, por si só, não afasta a ausência da filiação partidária
válida como condição de elegibilidade.”
Desta feita, dos fatos narrados e das provas colhidas ressai que a filiação
partidária do recorrido é ineficaz pois no período em que se filiou encontrava-se com os
direitos políticos suspensos.
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de elegibilidade, conforme texto expresso de lei, devem ser aferidas no momento da
formalização do pedido. A ressalva inserida na norma diz respeito tão somente às causas de
inelegibilidade, portanto não se aplica ao caso concreto em análise.
A própria jurisprudência utilizada pelo Juiz Federal Daniel Santos Rocha
Sobral informa que “a ressalva final do § 10 do artigo 11 da Lei das Eleições não comporta
ampliação, ou seja, tão somente se aplica às causas de inelegibilidade, conforme
expressamente estabelece a norma, não incidindo em relação às condições de elegibilidade.
3. Recurso desprovido. (RESPE nº 28087/SP, Relator(a) Min. Marco Aurélio, Relator(a)
designado(a) Min. Laurita Vaz, Ac. de 14/05/2013, DJE, Tomo 119, 26/06/2013, p. 56).
Entrementes, mesmo que se considere possível uma mitigação dessa
interpretação, aplicando a ressalva do §10, do art. 11 também às condições de
elegibilidade, devemos levar em conta que a data da decisão que julga o registro de
candidatura é o marco final para que todas as condições de elegibilidade estejam
preenchidas. É dizer, sob essa ótica mais flexível, o pré-candidato deverá ostentar
integralmente todas as condições de elegibilidade até o julgamento de seu registro, e não na
data da formalização do requerimento de registro, como determina a lei.
Sobre esse tema, ensina Edson de Resende Castro2:
“A Lei n. 12.034/2009, acrescentando o §10 ao art. 11, da Lei n.
9.504/97, reafirma que as condições de elegibilidade e as causas de
inelegibilidade deve ser aferidas no momento da formalização do pedido
de registro, mas ressalva que devem ser levadas em conta as alterações
fáticas ou jurídicas supervenientes que afastem a inelegibilidade.
Equivale dizer que o candidato – com condenação criminal transitada
em julgado, p. ex. –, terá seu registro indeferido se quando do
pedido ainda estiver sob os efeitos da condenação, por não ter
cumprido integralmente a pena, já que, como dito, as condições de
elegibilidade são verificadas no momento da formalização do pedido
(até 15 de agosto). Mas o Juiz deve levar em conta, para então deferir
o registro, posterior preenchimento dessa condição – pleno gozo dos
direitos políticos –, se essa elegibilidade superveniente ocorrer antes
da decisão. Por exceção, a elegibilidade poderá ser aferida não no
2
CASTRO, Edson de Resende. Curso de Direito Eleitoral. 9. ed. rev. E atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2018. p.
152.
17
momento do protocolo do pedido de registro, mas sim no momento
da sua apreciação”.
18
exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral
para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de
multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e
não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral.
§ 2° Para fins de verificação da quitação eleitoral de que trata o §
1°, são considerados quites aqueles que:
I – condenados ao pagamento de multa, tenham, até a data do
julgamento do seu pedido de registro de candidatura,
comprovado o pagamento ou o parcelamento da dívida
regularmente cumprido;
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4. Recurso especial eleitoral não provido. (RESPE nº 26399/RO, Rel.
Min. José Augusto Delgado, PSESS 20/09/2006).
20
RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA.
ELEIÇÕES 2016. PREFEITO. INDEFERIMENTO. […]
CONDENAÇÃO CRIMINAL. […] PENA DE MULTA. NÃO
QUITADA. ART. 15, INCISO III DA CF. INSCRIÇÃO EM DÍVIDA
ATIVA. […] INDEFERIMENTO DO REGISTRO. […]
2- O tratamento da multa criminal como dívida de valor não lhe
retira o caráter penal, permanecendo como pena até seu pagamento
ou o advento de outra hipótese de extinção. Ademais, a pena
pecuniária, mesmo isoladamente, enseja a suspensão dos direitos
políticos. Precedentes.
3- Dessa forma, na linha dos precedentes acima indicados, a
pendência de pagamento da pena de multa, ou sua cominação
isolada nas sentenças criminais transitadas em julgado, tem o
condão de manter/ensejar a suspensão dos direitos políticos prevista
pelo art. 15, III, da Constituição Federal. […] (RE n 28715/MT, Ac. n
25824 de 06/10/2016, Relator(a) RICARDO GOMES DE ALMEIDA,
PSESS, 06/10/2016)
21
- RECURSO ELEITORAL – INDEFERIMENTO PEDIDO DE
RESTABELECIMENTO DE DIREITOS POLÍTICOS -
CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE MULTA EM RAZÃO DO
COMETIMENTO DE ILÍCITO PENAL - PARCELAMENTO DO
DÉBITO - SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS COMO
EFEITO DA CONDENAÇÃO (INCISO III DO ARTIGO 15 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL) QUE SOMENTE SE EXTINGUE
COM O PAGAMENTO INTEGRAL – DESPROVIMENTO.
(RCRIME n 758216832/SC, Ac. n 26729 de 06/08/2012, Relator(a)
JULIO GUILHERME BEREZOSKI SCHATTSCHNEIDER, Revisor(a)
NELSON MAIA PEIXOTO, DJE, Tomo 145, 10/8/2012, p. 6).
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julgamento do pedido de registro de candidatura. Requisito esse que não foi atendido pelo
recorrido.
Portanto, o recorrido, à época do julgamento de seu registro de
candidatura, não estava quite com a Justiça Eleitoral, não havia restabelecido os seus
direitos políticos.
Ao percorrer todos os argumentos, as justificativas, as circunstâncias
fáticas e as provas detalhadas nos autos, chega-se à conclusão de que o requerente não pode
figurar entre aqueles que concorrem a cargo eletivo nas eleições desse ano. Pois não
preencheu todas as condições de elegibilidade necessária para tal desiderato.
De fato, o pré-candidato que não cumpre plenamente as condições de
elegibilidade insculpida na Constituição não reúne as condições mínimas para assumir cargo
público, nem para representar a população.
Nesse aspecto, o texto constitucional é incondicional ao exigir, como
requisito indispensável para participar do prélio eleitoral na condição de candidato, a plenitude
dos direitos políticos bem como a filiação deferida pelo partido há pelo menso seis meses antes
do pleito. Daí que, subsistindo restrição às condições de elegibilidade do recorrido, não deve ser
permitido a ele figurar como candidato nas eleições vindouras.
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23.548/17 E SÚMULA TSE N. 50. QUITAÇÃO INTEGRAL DO
DÉBITO AINDA NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. AFASTAMENTO
DOS VÍCIOS CONSTATADOS EM RELAÇÃO Á QUITAÇÃO E
FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. DEFERIMENTO DO PEDIDO DE
REGISTRO DE CANDIDATURA.
Sob a Presidência do Excelentíssimo Senhor Desembargador
SEBASTIÃO RIBEIRO MARTINS, ACORDAM os Membros do
Tribunal Regional Eleitoral do Piauí, por unanimidade, em DEFERIR
a juntada dos comprovantes do pagamento integral da multa
imposta ao Embargante na Ação Penal 1386-76.2010.6.18.0011, nos
termos do voto do Relator; e, por maioria, em CONHECER e DAR
PROVIMENTO aos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, nos termos
do voto divergente do Doutor Daniel Santos Rocha Sobral. Vencidos
o Relator e o Doutor Paulo Roberto de Araújo Barros.
24
Contudo, não obstante haja excertos de jurisprudência chancelando
esse entendimento, analisando mais detidamente a questão, constatei que
o art. 29, §2º, I, da Resolução TSE n. 23.548/2017 dispõe o seguinte:
Art. 29. Os requisitos legais referentes à filiação partidária, domicílio
eleitoral, quitação eleitoral e inexistência de crimes eleitorais são
aferidos com base nas informações constantes dos bancos de dados da
Justiça Eleitoral, sendo dispensada a apresentação de documentos
comprobatórios pelos requerentes (Lei nº 9.504/1997, art. 11, § 1º,
incisos III, V, VI e VII). (…)
§ 2° Para fins de verificação da quitação eleitoral de que trata o § 1°,
são considerados quites aqueles que:
I - condenados ao pagamento de multa, tenham, até a data do
julgamento do seu pedido de registro de candidatura, comprovado o
pagamento ou o parcelamento da dívida regularmente cumprido.
De outra parte, o Colendo TSE editou a Súmula 50, decretando que:
“O pagamento da multa eleitoral pelo candidato ou a comprovação
do cumprimento regular de seu parcelamento após o pedido de
registro, mas antes do julgamento respectivo, afasta a ausência de
quitação eleitoral”.
Tais diretrizes apontam no sentido de que restou afastada a ausência
de condição de elegibilidade questionada. […]
Destaco, especificamente no que tange à filiação, que tal questão
remonta ao parcelamento e, quanto a este, repito: após o trânsito em
julgado, houve a inscrição da dívida na Fazenda Nacional
(outubro/2017), a qual, em seguida, analisou e deferiu, em
02/12/2017, o pedido de parcelamento formulado pelo apenado em
30/11/2017, conforme termo constante dos autos. Frise-se que cabe
justamente à Fazenda aferir todos os detalhes referentes a esse trâmite, a
exemplo da quantidade de parcelas, o valor, o tipo e o quantum dos
juros, tudo sob a égide da legislação tributária federal. In casu, é
inquestionável, portanto, que o primeiro parcelamento da multa deu-
se de modo regular e que, na data da filiação, estava absolutamente
válido, uma vez que fora rescindido apenas em julho/2018, quando foi
realizado novo pacto com o órgão fazendário. […]”
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A leitura do excerto transcrito acima leva à conclusão de que a Corte
Eleitoral do Piauí, ao chancelar entendimento do Juiz Federal Daniel Santos Rocha
Sobral, divergiu na interpretação da lei de vários Tribunais Regionais Eleitorais, cujas
ementas dos julgados e trechos dos votos condutores transcrevem-se neste momento:
Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas – TRE/AM.
Ementa:
RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA.
Ausência de filiação partidária. Filiação feita em período de
cumprimento de suspensão de direitos políticos por condenação
transitada em julgado. Nulidade da filiação para efeitos de registro
de candidatura. (RE n 12448/AM, Ac. n 313 de 16/09/2016, Relator(a)
FELIPE DOS ANJOS THURY, PSESS).
26
Federal, art. 87; 89, VII; 101; 103, §1º), participar de sufrágios, votar em
eleições, plebiscitos e referendos, apresentar projetos de lei pela via da
iniciativa popular (Constituição Federal, arts. 61, 5 2' e 29, XI) e propor
ação popular (Constituição Federal, art. 51', inc. LXXIII). Quem não
está em gozo dos direitos políticos não poderá filiar-se a partido
político (Lei n. 5.682, de 21.07.71, art. 62) e nem investir-se em
qualquer cargo público, mesmo não eletivo (Lei n. 8.112, de 11.12.90,
art. 5", II). Não pode, também, ser diretor ou redator-chefe de jornal ou
periódico (Lei n. 5.250, de 09.02.67, art. 7, % 1') e nem exercer cargo
em entidade sindical (Consolidação das leis do trabalho, art. 530, V)".
(Grifo nosso)
Com efeito, embora o Excelentíssimo Ministro do Supremo
Tribunal Federal tenha feito referência ao texto da antiga Lei Orgânica
dos Partidos Políticos de 1971, o mesmo dispositivo legal encontra-se
reproduzido no art. 16 da Lei dos Partidos Políticos Lei n. 9.096/95, in
verbis:
"Art. 16. Só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no
pleno gozo de seus direitos políticos."
Portanto, suspensos os direitos políticos do cidadão, impedido
está de filiar-se a partido político por expressa previsão legal. […]
a filiação partidária, obtida durante período em que estavam
suspensos os direitos políticos, como decorrência do trânsito em
julgado de decisão condenatória criminal, é nula, sendo escorreita a
decisão que indeferiu o pedido de registro de filiação do Recorrente,
ex vi do are. 16 da Lei n' 9.096/95. [...]
27
CONDENAÇÃO CRIMINAL. […] AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO
DE ELEGIBILIDADE. FILIAÇÃO NULA.
2. Filiação executada quando o candidato encontrava-se com os
direitos políticos suspensos é nula. […] (RE n 3985/GO, Ac. n
994/2016 de 22/09/2016, Relator(a) NELMA BRANCO FERREIRA
PERILO, PSESS, Tomo 78, 22/09/2016).
28
I. Hipótese em que, estando o Recorrente com os direitos políticos
suspensos na oportunidade da filiação, em decorrência de
condenação criminal transitada em julgado, e não havendo notícia
do cumprimento ou extinção da pena, não poderia ele atender ao
requisito da filiação partidária no prazo de um ano antes do pleito.
2. Nos termos do artigo 16 da Lei no 9.096/95, só pode filiar-se a
partido político o eleitor que estiver no pleno gozo dos direitos
políticos. Portanto, é nula a filiação realizada durante o período em
que se encontram suspensos os direitos políticos em decorrência de
condenação criminal transitada em julgado. Precedentes.
3. "Na linha da jurisprudência deste Tribunal e até que o Supremo
Tribunal Federal reexamine a questão já admitida sob o ângulo da
repercussão geral, a condenação criminal transitada em julgado é
suficiente para atrair a incidência da suspensão dos direitos políticos,
independentemente do fato de a pena privativa de liberdade ter sido
posteriormente substituída pela restritiva de direitos" (REspe no 398-
22/RJ, Rei. Ministro HENRIQUE NEVES, julgado em 7.5.2013).
(…)
6. Recurso especial desprovido.
(TSE, REspe - Recurso Especial Eleitoral no 11450 – Selvíria/MS,
Acórdão de 06/08/2013, Relator(a) Min. LAURITA HILÁRIO VAZ,
Publicação: DJE de 26/08/2012). [...]
29
extinta ou cumprida pelo pagamento posterior de multa, correta a
decisão que indeferiu o registro postulado (art. 15, inciso III, da
Constituição Federal).
Embora o restabelecimento desses direitos seja automático,
decorrendo do cumprimento ou extinção da pena,
independentemente de reabilitação ou reparação dos danos (Súmula
TSE n.º 9/92), tem-se que ocorre apenas com a extinção da pena ou
com o seu cumprimento, seja ela de qualquer natureza. Desse modo,
pendente ainda a sanção de multa, não estará extinta a pena, nem
tampouco estarão restabelecidos os direitos políticos, até porque a
sanção de multa é suficiente para a suspensão dos direitos políticos
nos termos previstos no art. 15, III, da Constituição Federal.
Apesar de estar filiado no sistema FILIAWEB pelo tempo
legalmente exigido pelo art. 9.º da Lei n.º 9.504/97, tal vinculação
não figura regular, já que registrada durante a vigência da
suspensão. […] (RE n 13429/MS, Ac. n 7235 de 20/08/2012, Relator(a)
LUIZ CLÁUDIO BONASSINI DA SILVA, PSESS, 20/8/2012).
30
18.07.2012, ou seja, apenas antes da decisão de 27.7.2012, que
indeferiu o registro por falta de regular filiação partidária.
Muito embora o restabelecimento seja automático cesse com o
cumprimento ou extinção da pena independentemente de reabilitação ou
reparação dos danos (Súmula TSE n.° 9/92), a teor dos Acórdãos TSE
n.°s 13.027/96, 302/98, 15.338/99 e 252/2003, para a incidência deste
dispositivo, é irrelevante a espécie de crime, a natureza da pena, bem
como a suspensão condicional da desta.
Assim, apenas com a extinção da pena ou com o seu
cumprimento, seja ela de qualquer natureza (inclusive a multa),
ocorre o restabelecimento dos direitos políticos.
Em outras palavras, pendente ainda a sanção de multa, não estará
extinta a pena, nem tampouco estarão restabelecidos os direitos
políticos, até porque a sanção de multa é suficiente para a suspensão
dos direitos políticos nos termos previstos no art. 15, III, da
Constituição Federal. […]
[…] Assim, apesar de estar filiado no sistema FILIAWEB pelo
tempo legalmente exigido pelo art. 9.° da Lei n.° 9.504/97, as provas
coligidas aos autos demonstram que os direitos políticos estavam
suspensos, não sendo regular esta filiação registrada durante a
vigência dessa suspensão.
31
ANTES DA DATA DA ELEIÇÃO NÃO OBSERVADO. AUSÊNCIA
DE CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE. ART. 14, § 3°, V, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REGISTRO INDEFERIDO.
[…]
2. Segundo a jurisprudência iterativa deste Tribunal Superior, a
filiação partidária realizada durante o período de suspensão dos
direitos políticos não produz efeitos para fins de registro de
candidatura”. (RESPE nº 12448/AM, Relator(a) Min. Luiz Fux, DJE,
Tomo 71, 10/04/2017, p. 71).
32
meses para que o candidato realizasse a filiação partidária nas
Eleições de 2016, prazo este que foi finalizado em 2/4/2016, nos
termos do art. 90, da Lei n° 9.504/1 997 (fls. 353).
Esta Corte reconhece que a condenação criminal transitada em
julgado é suficiente para enseiar a imediata suspensão dos direitos
políticos, nos termos do art. 15, III, da Constituição Federal. […]
Assim, justamente pelo trânsito em julgado da decisão condenatória
criminal, é escorreita a decisão que obstou a filiação da Recorrente, cuja
obtenção abrange, entre outros requisitos, a plenitude do gozo dos
direitos políticos, ex vido art. 16 da Lei n°9.906/95.
Ademais, consoante a jurisprudência desta Corte Superior, só é
possível a filiação a partido político se o eleitor estiver em pleno gozo
dos seus direitos políticos, sendo nula a filiação realizada durante a
suspensão de tais direitos. [...]
33
condão de manter/ensejar a suspensão dos direitos políticos prevista
pelo art. 15, III, da Constituição Federal. […] (RE n 28715/MT, Ac. n
25824 de 06/10/2016, Relator(a) RICARDO GOMES DE ALMEIDA,
PSESS, 06/10/2016)
34
desacato - Pena de multa - Sentença criminal com trânsito em
Julgado - Auto-aplicabilidade do art. 15, III, da Constituição
Federal - Recurso não conhecido. [Grifei]. [REspe n° 196331SP, DJde
9.8.2002, rei. Mm. Fernando Neves).
Também no STF, essa orientação foi reafirmada no julgamento do
RE no 577.012/MG, DJe 25.3.2011, de relataria do Ministro Ricardo
Lewandowski, que destacou em seu voto magistério do Ministro Teori
Zavascki:
Constituinte não fez exceção alguma: em qualquer hipótese de
condenação criminal haverá suspensão dos direitos políticos
enquanto durarem os efeitos da sentença. Trata-se de preceito
extremamente rigoroso, porque não distingue crimes dolosos dos
culposos, nem condenações a penas privativas de liberdade de
condenações a simples penas pecuniárias. Também não distingue
crimes de maior ou menor potencial ofensivo ou danoso [ ... ].
Dessa forma, na linha dos precedentes acima indicados, a
pendência de pagamento da pena de multa, ou sua cominação
isolada nas sentenças criminais transitadas em julgado, tem o
condão de manter/ensejar a suspensão dos direitos políticos prevista
pelo art. 15. III, da Constituição Federal.
35
3. A condenação criminal transitada em julgado cuja pena
privativa de liberdade fora convertida em prestação pecuniária
(multa), produz como efeito automático a suspensão dos direitos
políticos, que tem assento constitucional. A multa, nesse caso, tem
caráter penal e não se confunde com a de natureza administrativa.
4. O parcelamento da multa aplicada e o pagamento das parcelas
vencidas não se revelam suficientes a desfazer os efeitos da
suspensão dos direitos políticos e também não se confunde com
hipótese de extinção de punibilidade que possui rol taxativo. (RCED
n 86951/MT, Ac. n 22899 de 23/04/2013, Relator(a) JOSÉ LUÍS
BLASZAK, DEJE, Tomo 1402, 08/05/2013, p. 2-6).
36
"Como bem se observa, […] o parcelamento da multa não constitui
causa de extinção de punibilidade, já que, para começar, não consta do
rol do art. 107 do Código Eleitoral.
O parcelamento do valor da multa imposta nada mais é do que um
mecanismo de fragmentação da penalidade para facilitar o seu
cumprimento, isto porque, regra geral, a sanção pecuniária deve ser
adimplida no prazo de 10 dias, contados do trânsito em julgado.
Daí a conclusão lógica e inexorável de que a divisão do débito em
parcelas para fins de pagamento não retira a eficácia da condenação
criminal, o qual continua a surtir seus efeitos até que a punição ali
imposta seja integralmente cumprida.
Ademais, não se pode confundir os efeitos de uma sentença penal
condenatória transitada em julgado com a forma de penal
condenatória transitada em julgado com a forma de execução da
espécie da pena aplicada. A questão da satisfação da penalidade de
multa estar sujeita a atuação da Fazenda Pública em caso de
eventual inadimplemento não altera o fato de que ela – a multa –
decorre diretamente da sentença penal condenatória definitiva
(efeito) e que é justamente esse título judicial que legitima eventual
execução.
No caso dos autos, importante registrar que a penalidade de multa
aplicada, muito embora tenha sido parcelada por solicitação do
requerido, não foi integralmente cumprida. Logo, é imperativo aqui
reconhecer que o recorrido ainda permanece com seus direitos
políticos suspensos […]
[…] O que de fato importa ressai da suspensão dos direitos políticos
do candidato […]
[…] Nesse sentido peço licença à ilustrada Procuradoria Regional
Eleitoral para colacionar relevante doutrina trazida no bojo do parecer
ministerial, verbis: "Acerca do tema, confira, a propósito, a lição do
Promotor de Justiça Rodrigo Zílio (Direito Eleitoral. Porto Alegre: Verbo
Jurídico, 2008, p. 139):
"Deve-se ponderar que qualquer espécie de condenação criminal -
seja praticada de forma dolosa, culposa ou preterdolosa, seja oriunda de
37
crime ou contravenção penal - atrai a incidência da causa de suspensão
dos direitos políticos, já que a norma constitucional sob comento não
exige qualquer elemento subjetivo específico do tipo para a incidência e,
ao referir-se, de modo genérico, à condenação criminal, abarca, de igual
modo, o conceito de crime e de contravenção penal.
Desimporta, também, para a aplicação da norma constitucional
mencionada, a espécie de pena aplicada ao réu. Assim, tanto a
condenação por pena privativa de liberdade (...), como a pena
restritiva de direitos (...) ou a pena de multa implica a suspensão dos
direitos políticos.
A suspensão dos direitos políticos do condenado criminalmente tem
incidência enquanto durarem os efeitos da condenação. Assim,
enquanto o condenado está cumprindo a pena imposta incide a
suspensão dos direitos políticos. A par das causas de cumprimento da
pena, deve-se ponderar que a suspensão dos direitos políticos também
cessa mediante a extinção da punibilidade do agente( ... ). De outra parte,
somente o pagamento integral da multa imposta importa na
possibilidade de restabelecimento dos direitos políticos suspensos."
(grifos originais)
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(RCRIME n 758216832/SC, Ac. n 26729 de 06/08/2012, Relator(a)
JULIO GUILHERME BEREZOSKI SCHATTSCHNEIDER, Revisor(a)
NELSON MAIA PEIXOTO, DJE, Tomo 145, 10/8/2012, p. 6).
Essa decisão, que foi unânime, externa, com simplicidade, a ideia de que
o parcelamento de multa criminal não gera o restabelecimento dos direitos políticos do
condenado por crime eleitoral.
Os casos apontados apresentam similitude fática com este que ora se
examina, vez que os julgados decorreram de situações, ora referentes a registro de candidatura
em que o candidato, ao postular sua filiação partidária, estava com os direitos políticos
suspensos, ora relativas a situações em que o candidato parcelou multa derivada de condenação
criminal.
Em ambas as hipóteses, o candidato, por estar com os direitos políticos
suspensos, não preenche as condições de elegibilidade estampadas na Constituição Federal.
Assim, em face da divergência jurisprudencial comprovada, o
presente recurso deve ser conhecido e provido, determinando a reforma da decisão
objurgada, que deferiu o requerimento de registro de candidatura em tela.
39
IX – Pedido.
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