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LC nº 64/90
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério
Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente
ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas,
indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para
apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder
de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de
comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político,
obedecido o seguinte rito:
Ø Abuso de poder econômico: O abuso de poder econômico nada mais é do que a
transformação do voto em instrumento de mercancia. É a compra, direta ou
indiretamente, da liberdade de escolha dos eleitores. (ERC)
§ AIJE por abuso de poder econômico X Captação ilícita de sufrágio: bem jurídico
protegido e limites temporais do art.41-A.
§ Art. 73, §1º da L. 9504/97: definição de agente público. O abuso de poder político
não é conduta reservada aos chefes do Executivo.
§ TSE (REspe 25074): caracteriza-se o abuso do poder quando demonstrado que o ato
da Administração, aparentemente regular e benéfico à população, teve como
objetivo imediato o favorecimento de algum candidato, ferindo a legitimidade e
normalidade dos pleitos e, também o princípio da isonomia entre os concorrentes.
TSE: Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 30251 - ITAGUAÍ - RJ
Acórdão de 23/03/2017
Relator(a) Min. Henrique Neves Da Silva
Art. 22 da LC 64/90
XVI – para a configuração do ato abusivo, não será considerada a
potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a
gravidade das circunstâncias que o caracterizam. (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010)
§ Competência: Nas eleições presidenciais, competente é o TSE. Nas eleições
federais e estaduais, o TRE. Nas municipais, os Juízes eleitorais. As demandas
devem ser ajuizadas perante as Corregedorias, pois este órgão é
responsável pela instrução, conforme art. 22 da LC nº 64/90. Mas o
julgamento é feito pela Corte (TRE ou TSE), a qual o corregedor apresenta
relatório após encerramento da instrução. Nas eleições municipais, a
competência é do Juiz eleitoral para instruir o feito e julgá-lo (art. 24 da LC
nº 64/90).
§ Prazos: Termo inicial da AIJE é controvertido: alguns defendem que é a partir do
registro (AS), outros das convenções (JJG), enquanto alguns outros defendem que
poderia ser ajuizada antes mesmo do início do processo eleitoral (ERC e RLZ).
• TSE decidiu que o termo inicial é o requerimento do registro da candidatura (Ag.
Regimental em RO nº 107-87, julg. em 17.09.2015).
• Importante: A AIJE pode se referir a fatos (abusos de poder) ocorridos antes deste
marco inicial.
• Termo final é a data da diplomação dos eleitos.
§ Súmula TSE nº 38: Nas ações que visem à cassação de registro, diploma ou
mandato, há litisconsórcio passivo necessário entre o titular e o respectivo vice da
chapa majoritária.
ROs 0603030-63 (PJe) e 0603040-10 (PJe)
§ Pelo mesmo motivo, não há captação ilícita de sufrágio: (a) quando a conduta é
direcionada a eleitor que possua o direito de voto em circunscrição diversa do
candidato que praticou o ilícito; (b) quando a conduta é direcionada para
candidato desistir da disputa em troca de bem ou vantagem (TSE: Recurso Especial
Eleitoral nº 50706).
§ Sanções: Art. 73, § 4º, da Lei nº 9.504/97 (multa) e art. 73, § 5º, da Lei nº
9.504/97 (cassação do registro ou diploma) para os incisos do art. 73, caput, e
§ 10.
§ Art. 73, §6º: As multas de que trata este artigo serão duplicadas a cada
reincidência.
Para as condutas vedadas previstas nos arts. 74, 75 e 77, a sanção única é de
cassação do registro ou diploma.
§ TSE: Basta a ocorrência do fato lesivo para que ocorra a procedência do
pedido, com a aplicação da multa prevista no art. 73, § 4º, da Lei nº
9.504/97. No entanto, para que se aplique a pena de cassação do registro ou
do diploma, deverá ser sopesada a proporcionalidade, a gravidade dos fatos e
potencialidade lesiva de gerar desequilíbrio ao pleito.
§ Portanto, havendo sanção de multa, pessoa jurídica pode figurar no polo passivo
da relação processual (art. 73, § 8º, da LE).
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes
condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos
pleitos eleitorais:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens
móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a
realização de convenção partidária;
Ø Exemplo: Senador que teve seu mandato de cassado por ter ordenado, às
custas da gráfica do Senado, a impressão de 130.000 calendários com
propaganda eleitoral em proveito próprio.(TSE – RO nº 12.224. julg. em
13/09/1994)
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal,
estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de
campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de
expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;
Ø TSE, entretanto, entende que essa conduta vedada não se aplica a servidores dos
demais poderes.(Ag. Rg. Respe nº 119.653/RN).
Ø Ao contrário do art. 73, inciso IV da Lei 9.504/97, o §10 não exige o “uso
promocional” da distribuição gratuita de bens. Veda-se a própria distribuição
gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública.
§ Fundamento Constitucional:
Art. 14, § 10º - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral
no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ Objetivo: desconstituir o mandato do eleito, uma vez que obtido com abuso
de poder econômico, corrupção ou fraude.
§ Legitimados ativos: qualquer candidato (mesmo que derrotado nas urnas ou que
tenha disputado eleições para outro cargo), partido político, coligação ou
Ministério Público.
OBS: Embora a AIME só possa ser ajuizada nos 15 dias posteriores a diplomação, o TSE
tem admitido a legitimidade das coligações. TSE: Partido político que concorreu em
coligação pode propor isoladamente a AIME, pois a ação somente é ajuizada após a
eleição.
§ Legitimados passivos: O polo passivo somente pode ser ocupado por
candidato diplomado, aí se incluindo os suplentes. Nas eleições majoritárias,
é preciso que o vice seja citado para compor o polo passivo, sob pena de
nulidade da relação processual.
§ Prazo: Por força do art. 262, §3º do CE, o prazo para o ajuizamento é de 3 dias
após o último dia limite fixado para a diplomação e será suspenso no período
compreendido entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro, a partir do qual
retomará seu cômputo.
Exemplo: Caso o eleito não estivesse filiado ao seu partido político pelo prazo
mínimo de seis meses; suspensão dos direitos políticos após as eleições.
Recurso Especial Eleitoral nº 142-42, Presidente Juscelino/MG, redator para o acórdão
Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, julgado em 7.5.2019.
Inelegibilidade constitucional preexistente arguida em RCED e preclusão. Mantida a jurisprudência
do TSE quanto à não incidência de preclusão quando se tratar de causa de
inelegibilidade estabelecida diretamente na Constituição. Assim, inelegibilidade
constitucional, ainda que preexistente ao registro de candidatura, poderá ser noticiada
em sede de Recurso Contra a Expedição de Diploma (RCED). Trata-se de RCED ajuizado pelo
Ministério Público Eleitoral em face de candidato eleito ao cargo de vereador, a fim de que fosse
reconhecida a causa de inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, da Constituição Federal. No caso
concreto, consta do acórdão do Regional que a existência da relação de parentesco
causadora da inelegibilidade reflexa foi declarada pelo recorrente no processo de registro
de candidatura, ocasião em que o Ministério Público Eleitoral quedou-se inerte quanto à
impugnação. Posteriormente, o Parquet insurgiu-se contra a inelegibilidade em sede de
RCED, ora em análise. O Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, ao proferir seu voto-
vista, divergiu do relator, no ponto em que entendeu que a inelegibilidade constitucional não
é afetada por preclusão, seja pela densidade normativa agregada, seja pela impossibilidade
de convalidação de vício de tal natureza (arts. 259 e 262 do Código Eleitoral). Ressaltou que
esse é o entendimento sulfragado na Súmula-TSE nº 47, que autoriza a interposição de RCED
quando fundado em inelegibilidade constitucional superveniente. Vencido o relator, Ministro
Admar Gonzaga, que submeteu à Corte proposta de alteração da jurisprudência para que,
assim como ocorre em relação à inelegibilidade de caráter infraconstitucional, a
inelegibilidade constitucional deva se sujeitar à preclusão, de modo que, se ela for
preexistente ao registro de candidatura e não for alegada nessa fase, não poderá ser
arguida em recurso contra expedição de diploma. Acrescentou que a alegação somente no âmbito de
RCED acarreta incerteza quanto ao resultado da eleição e potencial afronta ao princípio da
soberania popular.
§ Competência: A competência para o julgamento do RCED sempre será da
instância imediatamente superior ao juízo da diplomação. Nas eleições municipais
(Prefeito e Vereador), o RCED é interposto e processado perante o Juiz Eleitoral e
julgado pelo TRE; nas eleições estaduais e federais (deputados, Senador e
Governador), o RCED é interposto e processado perante o TRE e julgado pelo TSE. Nas
eleições presidenciais é interposto e julgado perante o TSE, conforme decidido pelo
STF em 07.03.2018, na ADPF 167/DF (Informativo 893).
Partido politico que concorreu coligado poderá propor o RCED isoladamente, uma vez
que a eleição já vai ter acontecido.
§ Embora a doutrina defenda ser cabível a ação rescisória tanto para a inelegibilidade
como para a ausência de condição de elegibilidade, o TSE adota entendimento
restritivo, afastando seu cabimento quando a matéria envolve condição de
elegibilidade. Súmula 33 do TSE: Somente é cabível ação rescisória de decisões do
Tribunal Superior Eleitoral que versem sobre a incidência de causa de
inelegibilidade.
Ementa:
ELEIÇÕES 2018. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO RESCISÓRIA. REQUERIMENTO DE REGISTRO DE
CANDIDATURA INDEFERIDO. NÃO CABIMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA. DESPROVIMENTO.