Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/10/2020

Número: 0600047-72.2020.6.08.0007
Classe: RECURSO ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Jurista 2 - Dr. RODRIGO MARQUES DE ABREU JUDICE
Última distribuição : 08/09/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0600047-72.2020.6.08.0007
Assuntos: Partido Político - Órgão de Direção Municipal
Objeto do processo: RECURSO ELEITORAL - PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO.
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REDE SUSTENTABILIDADE - LARANJA DA TERRA - ES - GILSON GOMES JUNIOR (ADVOGADO)
MUNICIPAL (RECORRENTE)
ANDRE LUIZ TOSCANO DALMASIO (RECORRENTE) ALINE DUTRA DE FARIA (ADVOGADO)
FELIPE OSORIO DOS SANTOS (ADVOGADO)
Ministério Público Eleitoral (RECORRIDO)
PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
35190 17/09/2020 16:24 Decisão Decisão
45
 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO Dr. RODRIGO MARQUES DE ABREU JUDICE

RECURSO ELEITORAL (11548) - Processo nº 0600047-72.2020.6.08.0007 - Laranja da Terra -

ESPÍRITO SANTO
ASSUNTO: [Partido Político - Órgão de Direção Municipal]
RECORRENTE: REDE SUSTENTABILIDADE - LARANJA DA TERRA - ES - MUNICIPAL,
ANDRE LUIZ TOSCANO DALMASIO
Advogado do(a) RECORRENTE: GILSON GOMES JUNIOR - ES0020687
Advogados do(a) RECORRENTE: FELIPE OSORIO DOS SANTOS - ES0006381, ALINE DUTRA DE
FARIA - ES0012031
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
Advogado do(a) RECORRIDO:

DECISÃO

Trata-se de Recurso Eleitoral interposto por REDE SUSTENTABILIDADE/ÓRGÃO MUNICIPAL DE

LARANJA DA TERRA em face da sentença proferida pelo juiz da 7ª Zona Eleitoral que, apreciando
Petição apresentada pelo Ministério Público Eleitoral de 1º Grau com fundamento na decisão proferida
nos autos de número 0600026-96-2020.6.08.0007 (que junta em anexo a sua inicial, em que restou
demonstrado erro na filiação do Sr. Johnatas Gil Delboni ao partido recorrente, culminando na Decisão
que reputou inexistente referida filiação), DETERMINOU o descredenciamento do operador de filiação
junto ao Sistema Filia, Sr. André Luiz Toscano Dalmásio, pelo prazo de seu mandato como presidente
regional do Partido Rede Sustentabilidade, ou seja, até 01/03/2022.

Requer, de início, a concessão de efeito suspensivo ao Recurso Eleitoral sob a alegação de iminente
prejuízo em desfavor do Recorrente e da própria agremiação partidária.

É a síntese necessária dos autos. Passo a decidir.

Quando da apreciação da concessão de efeito suspensivo ao Recurso, cabe ao julgador verificar a

verossimilhança dos fatos suscitados na peça recursal, como também os danos irreversíveis que o trâmite
processual possa vir a causar à situação jurídica em apreço.

Consoante acima relatado, nos autos da ação de número 0600026-96-2020.6.08.0007, em anexo à petição
inicial que deu origem a esta ação, em que foi questionada a existência de “erro” na filiação do Sr.
Johnatas Gil Delboni ao partido recorrente, culminando na Decisão que reputou inexistente referida
filiação, foi proferida sentença que DETERMINOU o descredenciamento do operador de filiação junto ao
Sistema Filia, Sr. André Luiz Toscano Dalmásio, pelo prazo de seu mandato como presidente regional do
Partido Rede Sustentabilidade, ou seja, até 01/03/2022.

Sobre a matéria, o art. 23, §7º, da Res. TSE nº 23.596/2019, assim dispõe:

Art. 23. Detectados, no processamento, registros com idêntica data de filiação, serão
expedidas, pelo TSE, notificações ao filiado e aos partidos envolvidos.

[...]

Assinado eletronicamente por: RODRIGO MARQUES DE ABREU JUDICE - 17/09/2020 16:24:02 Num. 3519045 - Pág. 1
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Número do documento: 20091716224221000000003326909
 § 7º Verificados indícios de falsidade, abuso, fraude ou simulação na inclusão do registro de
filiação ou na sua retificação, o juiz eleitoral dará ciência ao Ministério Público Eleitoral para
as providências cabíveis e apuração de eventual responsabilidade pela prática de crimes
eleitorais.

O art. 36 da referida resolução prevê:

Art. 36. O uso inadequado dos procedimentos estabelecidos nesta resolução, com a intenção
de causar prejuízo ou lesão ao direito das partes ou ao serviço judiciário, implicará
responsabilidade civil e criminal e imediato descredenciamento dos usuários, além das
sanções cabíveis.

Iniciado o procedimento por provocação do Ministério Público (ID 3428545), houve apresentação do
contraditório, com a juntada da manifestação pelo Presidente do órgão municipal do REDE (ID 3428995),
bem como pelo Presidente da direção regional do partido (ID 3429245). Contudo, tais manifestações não
trouxeram qualquer prova da filiação voluntária do eleitor prejudicado, nem mesmo uma suposta ficha de
filiação.

No caso dos autos, o requerente pretende seja concedido o efeito suspensivo ao recurso por ele interposto,
sob a alegação de que “a r. sentença recorrida criou uma verdadeira situaçao anomala e, no mnimo,
esdruxula ao impedir que o ora Recorrente, que exerce o cargo de Presidente Estadual do Partido Rede
Sustentabilidade, de realizar a operaçao de filiaçao junto ao Sistema FILIA de qualquer membro no
Estado do Esprito Santo inteiro por um mero equvoco ocorrido no Diretorio Municipal de Laranja da
Terra”.

É cediço que, para o deferimento do pedido, exige-se a análise do preenchimento cumulativo de

necessários requisitos i) “fumus boni iuris”, que se trata da verossimilhança da alegação, e do ii)
periculum in mora, que se funda no receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Nada obstante os
argumentos dos Recorrentes, entendo não restar presente o requisito relativo à verossimilhança da
alegação.

Isso porque, conforme disposto no art. 36 da Resolução TSE nº 23.596/2019, “O uso inadequado dos
procedimentos estabelecidos nesta resolução, com a intenção de causar prejuízo ou lesão ao direito das
partes ou ao serviço judiciário, implicará responsabilidade civil e criminal e imediato
descredenciamento dos usuários, além das sanções cabíveis.”, sendo que o procedimento foi
adequadamente observado pelo juízo eleitoral.

Ademais, o art. 8º da citada Resolução do TSE disciplina que a Corte Superior é o responsável por
cadastrar o presidente nacional da agremiação, como usuário Administrador Nacional do partido, e esse
último torna-se o responsável pelos demais cadastramentos de usuários, inexistindo, portanto, qualquer
interferência dos TRE’s.

Por oportuno, transcrevo o referido artigo 8º do instrumento normativo:

Art. 8º O cadastramento de usuários do FILIA observará o seguinte:

I - somente poderão ser cadastrados nos perfis de Administrador, previstos nos incisos I, II e
III do caput do art. 6º desta resolução, os presidentes, vice-presidentes ou delegados
credenciados das respectivas esferas partidárias;

II - o TSE cadastrará o presidente nacional como usuário Administrador Nacional do

partido;

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 III - o perfil Administrador Nacional poderá, observado o disposto no inciso I deste artigo e
de acordo com o regramento interno dos partidos, cadastrar outros perfis de Administrador
Nacional, bem como de Administrador Estadual/Regional e/ou Municipal/Zonal;

IV - o perfil Administrador Estadual/Regional, uma vez cadastrado, poderá cadastrar outros

perfis de Administrador Estadual/Regional, bem como de Municipal/Zonal, observado o
disposto no inciso I deste artigo e de acordo com o regramento interno dos partidos;

V - o perfil Administrador Municipal/Zonal, uma vez cadastrado, poderá cadastrar outros

perfis de Administrador no âmbito da sua esfera partidária, observado o disposto no inciso I
deste artigo e de acordo com o regramento interno dos partidos;

VI - Os Administradores Nacional, Estadual/Regional ou Municipal/Zonal cadastrados

possuem permissão para cadastrar usuários Operador e Consulta no âmbito das suas
respectivas esferas partidárias ou de qualquer órgão partidário a ele vinculado.

Parágrafo único. As senhas são pessoais e intransferíveis, respondendo o usuário, na forma

da lei, em caso de irregularidade na sua utilização.

Por fim, sendo os requisitos cumulativos e não alternativos, deixo de apreciar a presença do periculum in
mora, uma vez que o mesmo, por si só, não tem o condão de autorizar o deferimento da medida.

Ante o exposto, por ora, indefiro o pedido.

Dê-se vista ao Ministério Público Eleitoral para regular manifestação, com a maior brevidade possível.

Vitória, 17 de setembro de 2020.

Vitória-ES, 17 de setembro de 2020.

Dr. RODRIGO MARQUES DE ABREU JUDICE
Relator

Assinado eletronicamente por: RODRIGO MARQUES DE ABREU JUDICE - 17/09/2020 16:24:02 Num. 3519045 - Pág. 3
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