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Justiça Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

18/11/2021

Número: 0600520-26.2020.6.24.0100
Classe: PRESTAÇÃO DE CONTAS ELEITORAIS
Órgão julgador: 100ª ZONA ELEITORAL DE FLORIANÓPOLIS SC
Última distribuição : 28/10/2020
Assuntos: Partido Político - Órgão de Direção Municipal, Prestação de Contas - de Partido Político
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PODEMOS - FLORIANOPOLIS - SC - MUNICIPAL LARISSA PROENCA CARDOSO (ADVOGADO)
(REQUERENTE) CLEITON ROBERTO PEREIRA (ADVOGADO)
RONALDO BRITO FREIRE (REQUERENTE) CLEITON ROBERTO PEREIRA (ADVOGADO)
LARISSA PROENCA CARDOSO (ADVOGADO)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DE SANTA
CATARINA (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
99944 15/11/2021 18:20 Sentença Sentença
300
JUSTIÇA ELEITORAL
100ª ZONA ELEITORAL DE FLORIANÓPOLIS SC

PRESTAÇÃO DE CONTAS ELEITORAIS (12193) Nº 0600520-26.2020.6.24.0100 / 100ª ZONA ELEITORAL DE


FLORIANÓPOLIS SC
REQUERENTE: PODEMOS - FLORIANOPOLIS - SC - MUNICIPAL, RONALDO BRITO FREIRE
Advogados do(a) REQUERENTE: LARISSA PROENCA CARDOSO - SC56050, CLEITON ROBERTO PEREIRA -
SC57632
Advogados do(a) REQUERENTE: CLEITON ROBERTO PEREIRA - SC57632, LARISSA PROENCA CARDOSO -
SC56050

SENTENÇA

1. Trata-se de processo de prestação de contas de campanha relativas às


Eleições 2020, apresentadas tempestivamente pelo Partido PODEMOS, CNPJ n.
15.281.468/0001-79.

Apresentada a prestação de contas final e publicado edital para eventual


impugnação, não houve manifestação de qualquer interessado.

Remetida à análise técnica, foi emitido parecer opinando pela aprovação das
contas com ressalvas.

O Ministério Público Eleitoral manifestou-se pela sua desaprovação.

É o breve relatório.

Decido.

2. A Resolução TSE n. 23.607/2019, que regula a arrecadação, os gastos e a


prestações de contas dos recursos utilizados pelos partidos políticos e candidatos nas
Eleições de 2020, estabelece, em seu art. 74, que após a análise técnica realizada pela
unidade técnica dos tribunais e da chefia do cartório eleitoral e de manifestação do
Ministério Público Eleitoral, cabe ao juízo eleitoral verificar a regularidade das contas e
julgá-las aprovadas, na ausência de irregularidades, aprovadas com ressalvas, quando
houver falhar que não comprometam a regularidade das contas, desaprovadas, se
presentes falhas comprometedoras de sua regularidade, ou, finalmente, não prestadas.

No caso dos autos, não foi apontada falta de documentação impeditiva da

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aprovação das contas (art. 74, IV, "b" e "c").

Também não foram identificadas irregularidades ou impropriedades


comprometedoras da integridade das contas prestadas.

A análise técnica apontou inicialmente a existência de vícios que, contudo,


foram esclarecidos e sanados pelas informações ou documentos apresentados em
diligência pelo interessado (foram apresentados extratos bancários das contas de
campanha, contrato de honorários de contador e advogado, número da inscrição do
contador no CRC; foi justificado o atraso na entrega dos relatórios financeiros da
campanha e na abertura das contas da campanha; foram esclarecidas omissões de
receitas e de conta bancária por não serem relacionadas à campanha; esclareceu
movimentações bancárias declaradas de forma divergente da apresentada nos extratos
eletrônicos; esclareceu pagamentos realizados a prestadores de serviços.

De outro lado, o MPE considerou insuficiente a apresentação do contrato


relativo à prestação de serviços advocatícios e contábeis. há vícios que remanescem,
mas que não comprometem a integridade das contas prestadas, pois embora a despesa
correspondente esteja declarada na prestação de contas, não está identificada no extrato
eletrônico da conta bancária, o que poderia representar omissão da fonte de recursos
para o pagamento da despesa ou o fato de não ter sido ainda paga.

De fato, dentre as várias despesas declaradas no SPCE e ausentes dos


extratos bancários, relacionadas no parecer conclusivo da análise técnica, verifica-se a
presença das despesas com contador e advogado, caracterizando a irregularidade
apontada pelo MPE.

O MPE apontou ainda a falta de registro de despesa realizada em


28/10/2020, no valor de RT$ 1.500,00, objeto de transferência bancária para destinatário
não identificado no extrato bancário de ID 97917171. Observa o MPE que das note
transferências realizadas naquela data, oito tem destinatário identificado, a uma delas
não. O valor, portanto, gasto sem suficiente comprovação do destino, deve ser restituído
ao Tesouro Nacional.

O art. 53, II, "c", da Resolução n. 23.907/2019 exige que com a prestação de
contas sejam apresentados "documentos fiscais que comprovem a regularidade dos
gastos eleitorais realizados com recursos do Fundo Partidário e com recursos do Fundo
Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), na forma do art. 60 desta Resolução".

O art. 60 da Resolução em comento estabelece que os gastos sejam


comprovados por documento fiscal idôneo ou outro meio idôneo de prova (§ 1º), podendo
ser exigida a "apresentação de elementos probatórios adicionais que comprovem a
entrega dos produtos contratados ou a efetiva prestação dos serviços declarados".

Não tendo havido a comprovação das despesas que a campanha alega ter
realizado, com emprego de recursos do FEFC, incide na espécie o disposto nos §§ 1º e
2º do art. 79 da mesma Resolução:

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Art. 79. [...]

§ 1º Verificada a ausência de comprovação da utilização dos recursos do Fundo


Partidário e/ou do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) ou a
sua utilização indevida, a decisão que julgar as contas determinará a devolução
do valor correspondente ao Tesouro Nacional no prazo de 5 (Cinco) dias após o
trânsito em julgado, sob pena de remessa dos autos representação estadual ou
municipal da Advocacia-Geral da União, para fins de cobrança.

§ 2º Na hipótese do § 1º, incidirão juros moratórios e atualização monetária,


calculados com base na taxa aplicável aos créditos da Fazenda Pública, sobre os
valores a serem recolhidos ao Tesouro Nacional, desde a data da ocorrência do
fato gerador até a do efetivo recolhimento, salvo se tiver sido determinado de
forma diversa na decisão judicial.

Observou ainda o MPE falha na prestação de conta de despesa declarada no


valor de R$ 14.990,00, sem indicação de qual tenha sido o fornecedor destinatário dessa
importância.

3. Ante o exposto, considerando que as irregularidades apontadas não


comprometem a regularidade das contas, JULGO DESAPROVADAS as contas prestadas
pelo partido PODEMOS, , nos termos do art. 74, III, da Resolução n. 23.607/2019.

Condeno-o a recolher ao Tesouro Nacional o valor dos recursos recebidos do


FEFC e utilizados indevidamente, como apontados acima, no valor de R$ 1.500,00,
acrescidos de juros e atualização monetária, nos termos do disposto nos §§ 1º e 2º do art.
79 da Resolução TSE n. 23.607/2019.

O comprovante de recolhimento deverá ser juntado aos autos pelo candidato


no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado desta decisão. Não comprovado o
cumprimento da obrigação, deverão ser adotadas as providências prescritas no § 2º do
art. 32 da Resolução TSE 23.607/2019, com o ulterior arquivamento dos autos.

Intimem-se.

Arquive-se após o trânsito em julgado.

Florianópolis, na data da assinatura digital.

Laudenir Fernando Petroncini

Juiz Eleitoral - 100ª ZE

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