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Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro

PJe - Processo Judicial Eletrônico

16/08/2022

Número: 0600095-65.2021.6.19.0144
Classe: RECURSO ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Gabinete Do Membro Jurista 1
Última distribuição : 07/02/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0600095-65.2021.6.19.0144
Assuntos: Doação de Recursos Acima do Limite Legal - Pessoa Física
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LEONARDO LOPES PIMENTA (RECORRENTE) LEONARDO LOPES PIMENTA (ADVOGADO)
MINISTERIO PUBLICO ELEITORAL (RECORRIDO)
Procuradoria Regional Eleitoral1. (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
31004 10/01/2022 21:28 DEFESA LEONARDO LOPES PIMENTA 144 ZE Petição
483
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 144ª ZONA ELEITORAL DE

NITERÓI – ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Processo referência: Representação Eleitoral nº 0600095-65.2021.6.19.0144

LEONARDO LOPES PIMENTA, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, em

causa própria (advogado OAB RJ 144941), tendo sido devidamente citado por e-mail,

para apresentação de defesa aos fatos narrados na exordial, vem requerer à Vossa

Excelência a apresentação de CONTESTAÇÃO aos fatos articulados na peça inaugural

propostos pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO.

DA TEMPESTIVIDADE

O representado fora citado no último dia do recesso forense, como pode ser observado

nas informações processuais.

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Prosseguindo, o representado em comunicação com a Zona eleitoral asseverou que o

prazo final para apresentação da defesa, findaria na data de 10 de janeiro de 2022.

Vale salientar que, conforme disposição dos processos judiciais eletrônicos, o prazo se

encerra no dia supracitado até às 23:59.

Por fim, sem maiores digressões sobre o tema, a defesa é tempestiva!

PREAMBULARMENTE

DA IMPOSSIBILIDADE DE ANOTAÇÃO NA ASE 540 E DECLARAÇÃO DE

INELEGIBILIDADE FACE A DESPROPORCIONALIDADE ENTRE A

DOAÇÃO E A MEDIDA PUNITIVA

O Ministério Público asseverou a doação de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ao candidato à

Prefeito no Município de São Bernardo do Campo, Sr. Rafael Demarchi, e dentro de sua

função, e sem qualquer diferença entre as peças processuais, requereu o pagamento de

multa de até 100 por cento acima do limite de doação, além do requerimento da gravosa

medida de inelegibilidade.

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Ciente que nos casos de doação acima do limite, o magistrado deve apreciar questões

importantes que vão além da simples doação, mas que possam afetar a paridade de armas

nas eleições.

No caso dos presentes autos, o aludido candidato não só perdeu as eleições, como também

se posicionou em terceiro lugar, fato que por si só, demonstra que a doação não

desequilibrou o pleito eleitoral, como também não foi suficiente para alavancar a

candidatura de tal maneira que pudesse conduzir o Sr. Rafael Demarchi ao segundo lugar

nas votações.

Os fatos, narrados são públicos e notórios, e não necessitam de comprovação documental,

visto que o magistrado ao laborar na decisão exauriente, poderá diligenciar dentro dos

limites que possam amparar sua livre convicção.

Prosseguindo, o equívoco do representado ao não ter sido diligente, em apreciar os

rendimentos auferidos no ano anterior as eleições, e basear-se nas condições financeiras

do ano eleitoral, e tendo sido doado valor que não ensejou abuso de poder econômico,

tampouco valor muito maior do que o limite de isenção ao pagamento do imposto de

Renda, não pode ser pressuposto automático de condenação em medida mais gravosa que

o mero desacordo legal.

Por fim, a reflexão e decisão do Estado Juiz deve ser pautada no princípio da

proporcionalidade, no que tange o mero desacordo legal e o excesso da punição, a qual

ultrajará os direitos políticos do representado pelo equívoco do ato de doação.

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DOS FATOS

É fato que todo advogado, e todo réu sempre age negando os fatos a si imputados.

Ocorre que, contra fatos não existem argumentos!

Nesse sentido, todas as informações trazidas aos autos são verídicas, no entanto o ato em

desacordo legal não fora praticado com a intenção de violar a Lei, ou propiciar

desequilíbrio nas eleições.

Ocorre que, durante o calor das eleições e tendo o representado modificado sua vida

profissional e financeira no ano de 2020, permitiu-se auxiliar deforma modesta, um

candidato a Prefeito amigo da família.

A decisão foi acertada, mas não fora diligente, visto que a vida financeira do representado

no ano de 2019 não se encontrava como deveria, certo de que os rendimentos ficaram no

limite da isenção fiscal, poderia ter doado algo próximo à R$ 3.000,00, e não R$ 5.000,00.

Pelo exposto, indubitável que a doação maculou a previsão insculpida na Lei 9504 de

1997, mas não foi suficiente para ensejar o abuso do poder econômico, muito menos

desequilibrar o pleito eleitoral.

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DO MÉRITO

QUESTÃO DE FUNDO INCONTRVERSA – DOAÇÃO ACIMA DO LIMITE -

RECONHECIMENTO (R$ 5.000,00)

Inicialmente cumpre registrar os fatos narrados, e analisar a aplicação das medidas de

multa e de declaração de inelegibilidade, sob a anotação (ASE 540), no que tange o

princípio da insignificância e o princípio da proporcionalidade.

Em relação ao princípio da insignificância face a doação de R$ 5.000,00, vale registrar

que muitos são os julgados que afastam a aplicação da multa em sua máxima condenação,

visto que a irregularidade deve ser associada a capacidade financeira do representado, e

equivalente ao montante que excedeu o limite da doação.

A medida punitiva deve ter o caráter de prevenir e evitar condutas que possam ensejar à

prática de irregularidades, as quais possam trazer desequilíbrio as eleições, assim o

exagero da aplicação da medida punitiva pecuniária, além de não ter o caráter educativo,

poderá ensejar falecimento financeiro do representado, o qual não poderá ter condições e

pagar as elevadas multas.

Prosseguindo, e em atenção ao princípio da proporcionalidade, o representado além de

ter uma condenação pecuniária, poderá também sofrer com medida restritiva a sua

capacidade política, quer dizer, seus direitos políticos.

Nesse diapasão, em consonância com o choque entre os princípios da legalidade e da

proporcionalidade, visto a diminuta e irregular doação de cerca de R$ 2.000,00 à mais ao

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limite permitido ao representado, não pode ser motivo para arrancar-lhe seus direitos

políticos constitucionalmente assegurados.

O mero desacordo legal da conduta, no caso dos presentes autos, é insuficiente para a

declaração de inelegibilidade, certo de que haverá excesso do Estado Juiz, o que poderá

inviabilizar a vida com clara violação a dignidade da pessoa, constitucionalmente

assegurada.

Prosseguindo, seria em termos comparativos, condenar o furto famélico de um pai em

desespero em suprir as necessidades de seus filhos com pena máxima de 4 anos, e com

seus acréscimos legais.

Muito embora o parágrafo acima possa ensejar críticas, destaque-se que aquele que pensa

diferente do outro não é seu inimigo, mas seu parceiro na sociedade para a construção de

uma vida boa e equilibrada, e a plurivocidade de ideia e valores constroem uma sociedade

mais intelectualizada e uma vida sadia.

Assim, os erros ensejam a reflexão dos acordos legais existentes em nossa sociedade.

O Brasil é um repleto de leis, das quais certamente não sabemos de todos seus

regramentos, o que possibilita a todos em algum dia de sua existência, equivocadamente

transgredir alguma norma, mesmo que de forma não intencional.

A pena existe para reeducar, não para ferir!

Diante das disposições fáticas e de direito, roga-se ao Estado Juiz a apreciação da verdade

e da aplicação legal, considerando os aspectos da verdade, do reconhecimento do erro e

da proporcionalidade.

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Por todo o exposto, diante do desacordo legal consumado, em detrimento do valor de

pequena monta, e gravosa medida requerida pelo representante, pede-se que o Estado Juiz

pondere os efeitos da medida em decisão exauriente.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer-se que a representação seja julgada parcialmente

provida, para condenar o representado tão somente ao pagamento de multa, no

mínimo legal, considerando o limite do imposto de renda de 2019, e que o cartório

eleitoral possa propiciar o magistrado com informações do TRE SP, em relação às

informações da defesa em relação ao candidato Rafael Demarchi, de São Bernardo

do Campo – SP.

Nestes termos pede e espera deferimento.

Niterói, 10 de janeiro de 2022.

LEONARDO LOPES PIMENTA

OAB RJ 144941

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