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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

29/08/2023

Número: 0803632-53.2021.8.15.0751
Classe: USUCAPIÃO
Órgão julgador: 2ª Vara Mista de Bayeux
Última distribuição : 11/10/2021
Valor da causa: R$ 20.000,00
Assuntos: Propriedade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MOACIR FAUSTINO DA COSTA JUNIOR (AUTOR) YANNA NOBREGA MACEDO (ADVOGADO)
JERONIMO ARQUINO SOARES (REU)
LARISSA DA COSTA FRAGA (CONFINANTE)
LENILSON MATIAS DA SILVA (CONFINANTE)
PEDRO PEREIRA DA SILVA (CONFINANTE)
LUCAS CLEMENTINO DA SILVA (CONFINANTE)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
64365 10/10/2022 14:37 Decisão Decisão
190
Poder Judiciário da Paraíba
2ª Vara Mista de Bayeux

USUCAPIÃO (49) 0803632-53.2021.8.15.0751

DECISÃO

Vistos, etc.

A despeito da afirmação de impossibilidade de recolhimento das custas processuais, observo


que a parte PROMOVENTE é pessoa física, profissão empresário, acostando para tanto alguns
documentos, na tentativa de comprovação de sua situação de hipossuficiência, objetivando a
concessão da justiça gratuita.

Com efeito, a partir da vigência do NCPC, é possível a concessão do parcelamento, dispensa


do recolhimento de alguns atos e redução proporcional do valor. Entendo que a dispensa
integral se restrinja àqueles que, de fato, nenhuma quantia poderia realizar a título de despesas
do processo, o que, ao menos da narrativa da inicial, não seria o caso do postulante,
partindo-se do princípio o investimento feito junto a parte demandada.

Por outro lado, o requerente apontou como valor da causa a quantia de R$ 20.000, 00
(vinte mil reais). Conforme guia de custas já disponível no site do TJPB (aba custas
judiciais), após a concessão de desconto de 50% (cinquenta por cento), verifica-se que o
valor seria de R$ 775,00 (12,4 UFR)

Acompanho posição já firmada por nossos Tribunais no sentido de que a gratuidade de justiça
não se reveste do caráter de benevolência, de sorte que a parte que a postula deve cabalmente
demonstrar a sua necessidade, sob pena do seu indeferimento.

Atualmente, tenho sido ainda mais rigoroso diante dessa afirmação, especialmente
considerando as atuais possibilidades previstas no Código de Processo Civil quanto à redução
e/ou parcelamento de custas.

Nos dias atuais, mais do que nunca a total gratuidade só deve ser garantida aqueles para
quem qualquer contribuição, ainda que mínima, possa representar verdadeiro impedimento
de acesso à Justiça, o que não se afigura, da análise da documentação acostada pela parte
autora, neste caso concreto.

A finalidade do art. 5º, inc. LXXIV, da Constituição Federal, reside na efetivação dos princípios
da igualdade e do pleno acesso à Justiça. A prevalecer entendimento diverso (quanto ao
indeferimento aqui sustentado), o princípio da igualdade restaria frontalmente violado, já que
pessoas desiguais receberiam mesmo tratamento, acarretando, outrossim, prejuízo ao acesso
à Justiça, uma vez que o Estado não dispõe de recursos financeiros suficientes para arcar com
o pagamento das custas judiciais de quem pode pagá-las.

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Imperiosa deve ser a observância das regras processuais pelo Julgador para comprovação dos
casos de miserabilidade protegidos pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º inciso
LXXIV, sob pena de desvirtualização do benefício.

O pedido de justiça gratuita deve ser seriamente verificado a fim de evitar o mau uso do
benefício, que é custeado pelo Estado e, consequentemente, carrear à população os ônus que
deveriam ser pagos pela parte.

Inclusive, é plenamente possível amoldar o valor das custas à situação financeira do


requerente, garantido o acesso à justiça e o pagamento dos valores devidos pela
movimentação do judiciário.

Assim, considerando a natureza jurídica da lide e no intuito de garantir o acesso à justiça e da


mesma forma garantir o pagamento de valores devidos aos gastos públicos pela movimentação
da máquina da Justiça Estadual (as custas judiciais decorrem da utilização efetiva de um
serviço público e são destinadas a atividades específicas da Justiça – art. 98, §2º da CF)
, DEFIRO EM PARTE o pedido de gratuidade da justiça e, com fulcro no art. 98, §§ 5º e 6º,
concedendo desconto de 50% (cinquenta por cento) e autorizando, se assim entender
necessário, a parte autora, o parcelamento em 4 (quatro) vezes iguais, mensais e sucessivas,
sujeita à correção pela UFR do mês vigente, nos termos do art. 2º da Portaria Conjunta
02/2018 da Presidência e Corregedoria do Tribunal de Justiça da Paraíba.

Se optar pelo parcelamento, deverá comprovar o pagamento da primeira parcela.

O prazo para pagamento das parcelas é o ultimo dia de cada mês e não se suspende em
virtude de recesso, nem de qualquer outro motivo de suspensão do processo (Portaria
Conjunta 02/2018, Art. 2º, §2º)

O beneficiário poderá adiantar o pagamento, não sendo cabível qualquer desconto (Portaria
Conjunta 02/2018, Art. 2º, §3º).

Ressalto que a presente decisão restringe-se exclusivamente ao valor das custas iniciais,
outras despesas não abrangidas pela custas, deverão ser objeto de novas deliberações,
c o n f o r m e o c a s o .

Caberá ao Chefe do Cartório, o controle do pagamento regular das custas, certificando nos
autos o inadimplemento, até que sobrevenha controle automatizado. (Portaria Conjunta
0 2 / 2 0 1 8 , A r t . 3 º ) .

A sentença só poderá ser prolatada após o pagamento de todas as parcelas. Se, antes de
prolatar, verificar-se que as parcelas não foram totalmente pagas, INTIME-SE A PARTE
AUTORA PARA QUITÁ-LAS EM 5 (CINCO) DIAS, SOB PENA DE EXTINÇÃO SEM
RESOLUÇÃO DO PROCESSO. (Portaria Conjunta 02/2018, Art. 3º, Parágrafo Único).

Assim, atente a escrivania para, antes de fazer os processos conclusos para sentença,
certificar acerca do pagamento de todas as parcelas das custas parceladas.

Por fim, incumbe a parte beneficiária do parcelamento extrair do sistemas CUSTAS ON LINE,
no portal do Tribunal de Justiça da Paraíba (www.tjpb.jus.br), o boleto relativo a cada parcela,
utilizando o numero do processo ou da guia de custas.(Portaria Conjunta 02/2018, Art. 5º).

Intime a parte autora desta decisão e, para comprovar o pagamento das custas, no prazo de
quinze dias, sob pena de indeferimento da inicial e cancelamento da distribuição. Ciente de que

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optando pelo parcelamento, deverá comprovar o pagamento da primeira parcela até o último
dia do mês em que ocorrer a intimação e as demais parcelas, sucessivamente, até o último dia
dos meses subsequentes. (Portaria Conjunta 02/2018, Art. 2º, §2º).

CUMPRA.

P. Intime-se o requerente acerca desta decisão.

Decorrido o prazo para interposição de recurso, intime-se para efetivação do pagamento das
custas, no prazo de quinze dias, sob pena de cancelamento.

BAYEUX, 5 de outubro de 2022.

Juiz(a) de Direito

Parcela Valor Mês de referência

1 R$ 193,75 (3,1 UFR ) --

2 R$ 193,75 (3,1 UFR ) --

3 R$ 193,75 (3,1 UFR ) --

4 R$ 193,75 (3,1 UFR ) --

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