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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

13/07/2023

Número: 0000242-83.2017.8.15.2001
Classe: EMBARGOS À EXECUÇÃO
Órgão julgador: 3ª Vara Cível da Capital
Última distribuição : 04/09/2017
Valor da causa: R$ 119.337,71
Assuntos: Efeito Suspensivo / Impugnação / Embargos à Execução
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LIFE CORD REPRESENTACAO LTDA. - ME VAGNER MARINHO DE PONTES (ADVOGADO)
(REPRESENTANTE) PAULO RODRIGO DE CARVALHO GARCIA (ADVOGADO)
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A (EMBARGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
32195 09/07/2020 14:18 Recurso de Apelação Life Cord x BNB Documento de Comprovação
289
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA CIDADE DE
JOÃO PESSOA - PB

[Formula-se pedido de efeito suspensivo à apelação]

Ação de Embargos à Execução


Proc. nº. 0000242-83.2017.8.15.2001
Autor: BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A
Réu: LIFE CORD REPRESENTAÇÃO LTDA - ME

LIFE CORD REPRESENTAÇÃO LTDA – ME, sociedade empresária de direito

privado, estabelecida na Rua Julia Freire, nº. 1.200. sala 05 – Expedicionário – João Pessoa - PB – CEP nº

58.041-000, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 13.200.339/0001-83, comparece, com o devido respeito e

máxima consideração à presença de Vossa Excelência, não se conformando, vênia permissa máxima, com a

sentença meritória exarada no Id. nº 31166247, para interpor, tempestivamente (CPC, art. 1.003, § 5º), com
suporte no art. 1.009 e segs. do Código de Processo Civil, o presente recurso de

APELAÇÃO,

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tendo como recorrido BANCO DO NORDESTE S/A, instituição de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n°
07.237.373/0185-09, com sede na Av. Pedro Ramalho, 5.700 – Bairro Passaré Fortaleza – CE - CEP nº. 60743-

762, em virtude dos argumentos fáticos e de direito expositados nas RAZÕES ora acostadas.

Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência declare os efeitos com que

recebe o recurso evidenciado, determinando, de logo, que a Apelada se manifeste sobre o presente (CPC, art.
1.010, § 1º) e, depois de cumpridas as formalidades legais, seja ordenada a remessa desses autos, com as

Razões de Apelação, ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná..

Respeitosamente, pede deferimento.

João Pessoa (PB), 09 de julho de 2020.

VAGNER MARINHO DE PONTES


Advogado – OAB/PB 15.269

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RAZÕES DE APELAÇÃO

Ação de Embargos à Execução


Processo nº. 000242-83.2017.8.15.2001
Originário da 3ª Vara Cível de João Pessoa (PB)
Apelante: LIFE CORD REPRESENTAÇÃO LTDA - ME
Apelado: BANCO DO NORDESTE S/A

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

Em que pese à reconhecida cultura do eminente Juízo de origem e à proficiência com


que se desincumbe do mister judicante, há de ser reformada a decisão ora recorrida,

porquanto proferida em completa dissonância para com as normas aplicáveis à


espécie, inviabilizando, portanto, a realização da Justiça.

(1) – DA TEMPESTIVIDADE
(CPC, art. 1.003, § 5º)

O presente recurso há de ser considerado tempestivo, vez que a sentença em

questão fora publicada no Diário da Justiça eletrônico em 02/06/2020, o qual circulou no dia 12/06/2020.

Nesse ínterim, à luz da regência da Legislação Adjetiva Civil (art. 1.003, § 5º),

este recurso é interposto dentro do lapso de tempo fixado em lei.

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(2) – PREPARO
(CPC, art. 1.007, caput)

O Recorrente deixa de acostar o comprovante de recolhimento do preparo (CPC,


art. 1.007, caput), haja vista, ser beneficiário da justiça gratuita no Id. nº 28940525 às fls. 177 dos autos, in

verbis:

(3) – SÍNTESE DO PROCESSADO


(CPC, art. 1.010, inc. II)

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( 3.1. ) OBJETIVO DA AÇÃO EM DEBATE

A querela em ensejo diz respeito à propositura de Ação Incidental de Ação de

Embargos à Execução, cujo âmago visa à análise de cláusulas contratuais insertas em pacto de Cédula de

Crédito Bancário objeto de ação executiva promovida pelo Apelado.

Consta da peça vestibular que os litigantes firmaram pacto de empréstimo

financeiro mediante a Cédula de Crédito Bancário nº. 1852011782 , firmado em 24/11/2011, o qual tem como

propósito a abertura de crédito ao capital de giro da empresa Recorrida, pacto esse que fora celebrado para

pagamento em 84(trinta e seis) parcelas mensais e sucessivas de R$ 199.549,46 (cento e oitenta e nove mil,
quinhentos e quarenta e nove reais e quarenta e seis centavos).

Cumpre salienta e que no ato da contratação não foi disponibilizado a empresa

Recorrente sua via da Cédula de Crédito Bancária, ficando impossibilitada de ter conhecimento prévio das
cláusulas contratuais contidas na Cédula de Crédito Bancária em comento, violando assim o artigo 52 do

CDC. Só tendo acesso a Cédula de Crédito Bancária após a propositura da ação de execução, violando os
princípios da transparência, informação e boa-fé das relações consumeristas.

Por conta dos elevados (e ilegais) encargos contratuais, não acobertados pela

legislação, a Apelante, já na parcela de nº. 10, não conseguiu pagar mais os valores acertados contratualmente.

Restou-lhe, assim, buscar o Poder Judiciário, para declarar a cobrança abusiva

de juros capitalizados sem qualquer cláusula contratual que autorize ou legitime a sua cobrança, bem como a
cobrança abusiva de juros remuneratórios cumuladas com juros moratórios e multa contratual fixada em

10%(dez) por cento, afastando os efeitos da inadimplência, onde pretendeu a revisão das cláusulas contratuais

(e seus reflexos) que importam na remuneração e nos encargos moratórios pela inadimplência:

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( 3.2. ) CONTORNOS DA SENTENÇA GUERREADA

O d. Juiz de Direito da 3ª Vara Cível de João Pessoa (PB) julgou parcialmente

procedentes os pedidos formulados pela Recorrente, em que, à luz do quanto disposto em seus fundamentos e

na parte dispositiva, deliberou-se que:

Em seu desisum o MM juiz, julgou parcialmente procedente os Embargos de


Execução, afastando a impertinência de cumulação de juros remuneratório, do cálculos em caso de

inadimplemento reduzindo o percentual de juros moratórios para 1%(um por cento) ao mês e da multa moratória
de 2%(dois por centos), extinguindo o feito com resolução de mérito.

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A sentença proferida é totalmente descabida, haja vista, que o magistrado reconheceu
a abusividade na cobrança de juros cumulativos em caso de inadimplemento, e reconheceu a abusividade na

imposição de multa moratória de 10% (dez por cento).


Nesse contexto, a execução deve ser considerada nula de pleno direito, haja vista,

que a execução extrajudicial não corresponde a obrigação certa, liquida e exigível, conforme preceitua o artigo

803, I § único do CPC, in verbis:

Art. 803. É nula a execução se:


I - O título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível;
II – O executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada
pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de
embargos à execução.

Noutro Norte, em relação a capitalização de juros o MM juiz reconheceu a

inexistência de cláusula contratual que autorize e legitime a cobrança de juros capitalizados na Cédula de
Crédito em comento, sob o argumento da Súmula 541 do Superior Tribunal de Justiça.
Ocorre que em recente julgado em recurso repetitivo de controvérsia sob o Tema
246 e 247, O Superior Tribunal de Justiça, firmou PRECEDENTE VINCULANTE, no sentido que é necessário a
pactuação expressa e clara, para legitimar a cobrança de juros capitalizados nos contratos bancários, in verbis:

É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados


Tese
após 31.3.2000, data da publicação da Medida Provisória n. 1.963-17/2000 (em vigor como MP
Firmada
2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada.

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Com a edição da Súmula 541 do STJ, firmou-se PRECEDENTE VINCULANTE
acerca da matéria que a previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal
é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. (Precedente Tema 247 do STJ)

A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada de forma
Tese
expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo
Firmada
da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada.

Contudo, urge asseverar que esse entendimento restou superado com o


julgamento de recurso repetitivo sob o Tema 953 do Superior Tribunal de Justiça.

O STJ firmou entendimento, em sede de Recurso Repetitivo, através do TEMA


953, no seguinte sentido:

A cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida


Tese Firmada
quando houver expressa pactuação.

Excelência, entende-se por expressa pactuação aquela que é baseada em


linguagem acessível ao consumidor, ou seja, em destaque no contrato, sem técnicas que confundam a
compreensão como remissões ou referências a números de cláusulas, o que prejudica sobremaneira a
adequada compreensão do que efetivamente está sendo cobrado na contratação.
Diga-se, entendimento este em coerência com ordenamento jurídico brasileiro.
Esta circunstância, como é por demais conhecida, influência decisivamente na
fixação do montante devido, trazendo as obrigações da Apelante para patamares razoáveis de remuneração do
crédito.

Nesse sentido, o MM juiz declarou que houve capitalização de juros contratada


pela Empresa Recorrente, bem como sejam constituídos os expedientes de cálculo utilizados pela parte
Recorrida de modo a afastar a prática do anatocismo no contrato entabulados entre as partes. Fundamentou a
sua decisão na Súmula 541 do STJ (Precedente Tema 247 do STJ), Tese de paradigma superado pelo
Egrégio Superior Tribunal de Justiça. É inevitável o afastamento dos juros capitalizados no contrato em comento

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por força dos precedentes vinculantes do STJ, sob o Tema 953, devendo ser afastada a incidência de juros
capitalizados no contrato em comento diante da inexistência de cláusula contratual expressa e clara no
contrato objeto do litígio.

Portanto, clara está a ilegalidade na impertinência de juros capitalizados de


forma diária, mensal, trimestral, semestral ou anual, nos contratos em comento, por completa ausência de
pactuação expressa.

(4) PEDIDO INICIAL A ESTA RELATORIA


DA NECESSIDADE DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO À APELAÇÃO
CPC, art. 995, parágrafo único c/c art. 1.012, § 2º

As questões destacadas na Ação de Embargos à Execução são de gravidade


extremada e reclama, sem sombra de dúvidas, a atribuição de efeito suspensivo. Inquestionável que a hipótese

ora trazida à baila preenche os requisitos exigidos pelo art. 919, § 1º, do Estatuto de Ritos.

Convém ressaltar que o então Embargante, ora Apelante, que anteriormente


havia formulado pedido de efeito suspensivo à ação, ponderou que comprovara o preenchimento de todos os
requisitos legais para tal desiderato.

Tais pressupostos, a saber, fundamentos relevantes e perigo de dano, são bem

elucidados pelo professor Marcelo Abelha:

“Para a sua concessão, o executado deve indicar na sua oposição os fundamentos relevantes e o tal

risco de que a execução poderá causar-lhe grave dano de difícil ou incerta reparação.

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Os requisitos compõem o que se chama de conceitos vagos ou conceitos jurídicos indeterminados,

que deverão, em cada caso concreto, ser analisados mediante diversos elementos contextuais da

própria causa.

Não é possível estabelecer com segurança – senão em raros casos – um rol de hipóteses que de

antemão ensejariam a concessão do efeito suspensivo. Não é isso que quer o legislador, pois o seu

desejo é que o juiz, segundo as provas constantes dos autos, os elementos trazidos na oposição e

as suas máximas de experiência., verifique em cada caso se deve ou não conceder o efeito

suspensivo. “ (ABELHA, Marcelo. Manual de execução civil. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p.

503)

Demonstrado, pois, o preenchimento dos requisitos do “risco de lesão grave e de

difícil reparação” e da “fundamentação relevante”, há de ser concedido efeito suspensivo à ação em debate.

Como bem enfatiza Humberto Theodoro Júnior, também no tocante aos


referidos pressupostos, esse leciona que:

“Em caráter excepcional o juiz é autorizado a conferir efeito suspensivo aos embargos do executado

(art. 919, § 1º). Não se trata, porém, de um poder discricionário. Para deferimento de semelhante

eficácia, deverão ser conjugados os mesmos requisitos para concessão de tutela provisória de urgência

(NCPC, art. 300) ou de evidência (NCPC, art. 311). “(THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito

Processual Civil . . . vol. III. 47ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 660)

Seguramente o Apelante demonstrou o requisito da “fundamentação relevante”,


porquanto cristalinamente ficou comprovado que, sobretudo alicerçado em decisão proferida em sede de

Recurso Repetitivo em matéria bancária no Superior Tribunal de Justiça (REsp nº. 1.061.530/RS): a) existiu

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que a cobrança ilegal de juros capitalizados diariamente; b) que a cobrança de encargos contratuais indevidos,
no período de normalidade contratual, afasta a mora do devedor; c) a cláusula 3ª da Cédula de Crédito Bancário

anuncia, expressamente, a possibilidade da cobrança de juros remuneratórios cumulados com, juros moratórios
e multa contratual acima do permitido, ofuscando à diretriz da Súmula 30, 379, do STJ.

Ademais, além da “fundamentação relevante”, devidamente fixada


anteriormente, a peça recursal preenche o requisito do “risco de lesão grave e difícil reparação”, uma vez que,

tratando-se de título executivo extrajudicial, a execução terá seu seguimento normal. (CPC, art, 919, caput)

O perigo de bloqueio dos ativos financeiros bancários da Apelante, o qual

alcançou a cifra elevadíssima, qualifica-se como perigoso gravame à saúde financeira da empresa executada.
Verdade seja dita, a simples penhora de 20% (vinte por cento) sobre o faturamento bruto de uma sociedade

empresária já o suficiente para provocar desmesurados danos financeiros. Na realidade, pouquíssimas são as
empresas brasileiras que suportariam isso, vez que, no caso, inexiste sequer a dedução dos custos

operacionais. É que a margem de lucro das empresas, como consabido, é diminuta, chegando quase a esse

patamar de percentual acima destacado.


A constrição judicial ocorrida em face do despacho inaugural da ação executiva,

como se percebe, voltou-se exclusivamente aos ativos financeiros da Recorrente. Com isso, máxime em função
do expressivo montante, certamente trará consequências nefastas e abruptas, como o não pagamento das suas
obrigações sociais, sobretudo folha de pagamento, fornecedores, encargos tributários, consumo de energia e

água etc.

E essas circunstâncias foram devidamente instruídas com a exordial dos

Embargos à Execução. É dizer, a Recorrente trouxera à colação documento que comprova a fragilidade da
situação financeira da empresa recorrente.

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De outro turno, é inconteste (CPC, art. 374, inc. I) que o cenário atual das

finanças do País é um dos piores de todos os tempos, devido a CÓVID-19 - Crise de pandemia do novo
coronavírus que assola o mundo.

Nesse passo, urge evidenciar o teor substancial inserto na Legislação Adjetiva


Civil:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 1º - O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as

normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,

observando-se as disposições deste Código.

Art. 8º - Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do

bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a

proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Em abono ao exposto acima, urge transcrever o magistério de José Miguel


Garcia Medina:

“No contexto democrático, o modo como se manifestam e relacionam os sujeitos do processo deve
observar as garantias mínimas decorrentes do due process of law. Assim, interessam, evidentemente,

as regras dispostas no Código de Processo Civil em outras leis, MS, sobretudo, a norma constitucional.

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Entendemos que os princípios e valores dispostos na Constituição Federal constituem o ponto de

partida do trabalho do processualista. A atuação das partes e a função jurisdicional devem ser

estudadas a partir da compreensão de que o processo é um espaço em que devem ser estudas a partir

da compreensão de que o processo é um estado em que se devem se materializar os princípios

inerentes a um Estado que se intitula ‘Democrático de Direito’ ...” (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo

Código de Processo Civil comentado: ... -- São Paulo: RT, 2015, p. 31)

E isso, igualmente, nos remete aos preceitos legais que preservam a função

social dos contratos (CC, art. 421).

No plano constitucional observemos que:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como

fundamentos:

(...)

III - a dignidade da pessoa humana;

(...)

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

E ainda no mesmo importe:

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LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências

do bem comum.

Destarte, a prova documental ora colacionada comprova, sem qualquer dúvida,

que a decisão que a determinação de bloqueio dos ativos financeiros da Apelante e certamente inviabilizará suas

atividades. E isso poderá concorrer também para a quebra da mesma, o que, como se viu, não é o propósito da

Lei.

E foi justamente com esse salutar propósito, a evitar quebras de empresas, que

o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho acolheu o entendimento salutar de que é aconselhável a constrição de

uma pequena parcela do faturamento da empresa. E isso para atender, mesmo que parcialmente, o direito a
crédito alimentar do trabalhador.

Com efeito, cabe ao magistrado, inexistindo suporte sumular nesse tocante,

tomar por analogia a seguinte Orientação Jurisprudencial:

OJ nº 93 -SDI-2: É admissível a penhora sobre a renda mensal ou faturamento da empresa,

limitada a determinado percentual, desde que não comprometa o desenvolvimento regular

de suas atividades.

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Há, assim, fortes possibilidades dos pedidos formulados neste Recurso serem
julgados procedentes, razão qual merecida a concessão de efeito suspensivo àquele.

Urge transcrever os seguintes arestos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.

Decisão de indeferimento de efeito suspensivo aos embargos. Insurgência da parte executada.

Sobrestamento do feito expropriatório que constitui medida excepcional. Requisitos do art. 919, § 1º,

do CPC/2015 preenchidos na hipótese. Bem penhorado e aceito pela parte credora que é suficiente

para garantia do juízo. Perigo de dano. Alegada possibilidade de expropriação de bem do devedor em

detrimento de dívida cuja exigibilidade permanece sob discussão. Plausibilidade do direito da parte

executada evidenciada. Probabilidade de julgamento favorável dos embargos. Decisão modificada.

Efeito suspensivo concedido. Recurso conhecido e provido. (TJSC; AI 4025670-65.2019.8.24.0000;

Lages; Quarta Câmara de Direito Comercial; Rel. Des. Sérgio Izidoro Heil; DJSC 05/03/2020; Pag. 252)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DECISÃO QUE DEIXOU DE CONCEDER

EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS.

Pretensão à reforma. Acolhimento. Caso em que preenchidos os requisitos autorizadores para

concessão de efeito suspensivo: A) requerimento do embargante; b) probabilidade do direito; c)

perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in mora) e d) garantia da execução

por penhora, depósito ou caução suficientes. Precedentes desta Câmara e do STJ. Decisão reformada.

Recurso provido, ratificando-se a tutela recursal anteriormente deferida. (TJSP; AI 2253737-

36.2019.8.26.0000; Ac. 13363548; Guarulhos; Décima Oitava Câmara de Direito Público; Rel. Des.

Ricardo Chimenti; Julg. 02/03/2020; DJESP 05/03/2020; Pág. 2829)

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESPESAS CONDOMINIAIS. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA. EMBARGOS

RECEBIDOS APENAS NO EFEITO DEVOLUTIVO. ATRIBUIÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO. OFERTA DE

CAUÇÃO IDÔNEA. EXEGESE DO § 1º DO ART. 919 DO CPC. RECURSO PROVIDO PARA TAL FIM.

Considerando ter sido ajuizada ação de execução por quantia certa frente à agravante buscando sua

condenação em pagar valor referente a despesas condominiais, a executada opôs embargos à

execução visando o reconhecimento de que não é devedora da quantia cobrada, pugnando também

pela concessão do efeito suspensivo aos embargos à execução por meio da oferta de bem móvel cujo

valor entende que é suficiente para a satisfação da execução. Nesse aspecto, com fulcro no § 1º do art.

919 do CPC, o juiz poderá atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos

para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora,

depósito ou caução suficientes, razão pela qual é de se reputar como preenchidos os requisitos no

caso concreto para a concessão da aludida e excepcional suspensão da execução, mormente diante da

garantia do juízo. Recurso provido. (TJSP; AI 2277195-82.2019.8.26.0000; Ac. 13318537; Paulínia;

Trigésima Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Paulo Ayrosa; Julg. 25/07/2017; DJESP

26/02/2020; Pág. 2754)

Com esse enfoque é altamente ilustrativo transcrever as lições de Luiz

Guilherme Marinoni, quando, ponderando argumentos quanto à concessão do efeito suspensivo almejado,
assim avalia:

“Por óbvio, este perigo não se caracteriza tão só pelo fato de que bens do devedor poderão ser

alienados no curso da execução, ou porque dinheiro do devedor pode ser entregue ao credor. Fosse

suficiente este risco, toda execução dever ser paralisada pelos embargos, já que a execução que

seguisse sempre conduziria à prática destes atos expropriatórios e satisfativos;

O perigo a ser exigido é outro, distinto das consequências – naturais – da execução, embora possa ter

nelas a sua origem. Assim, por exemplo, a alienação de um bem com elevado valor sentimental (v.g.

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joia de família) ou de que dependa o sustento da família do executado. Nestes casos, o dano não está

propriamente na alienação do bem penhorado, mas advém da qualidade especial do bem que, ao

ser retirado do patrimônio do devedor, ocasionará o prejuízo grave e difícil ou incerta reparação; “

(MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil:

... Vol. III. – São Paulo: RT, 2015, p. 113)

(negritamos e sublinhamos)

Não bastasse isso, a execução deverá ser conduzida de sorte a ser o quanto

menos gravosa à parte executada (CPC, art. 805).

Nesse sentido:

AÇÃO DE RESOLUÇÃO CONTRATUAL C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PAGAMENTO DE VALORES A

TÍTULO DE INDENIZAÇÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO.

Pessoa natural. Justiça gratuita. Preenchimento das condições necessárias pela apelante ao

deferimento da benesse. Mérito recursal. Ação ajuizada com fundamento em inadimplemento parcial

de quantia destinada à cessão de direitos sobre imóvel com transferência de posse. Controvérsia

limitada ao montante do débito remanescente, bem como se tal fato autoriza a reintegração da posse

pela autora mediante prévia resolução do que pactuado com pagamento de perdas e danos.

Instrumento particular de cessão de direitos sobre bem imóvel e pagamento parcelado que não

contém assinatura dos cessionários. Narrativa da autora que não encontra amparo nos documentos

juntados. Ônus que lhe incumbia, nos termos do art. 373, I, CPC. Ausência de menção a recibo de

pagamento apresentado pela própria autora, dado pelos réus a título de entrada, que deve ser

descontado do saldo devedor total, em conformidade à tese encampada à contestação. Teoria do

adimplemento substancial. Aplicabilidade do conceito à espécie, na qual se pagou 86,6% do montante

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tomado como referência. O adimplemento substancial, estruturado no princípio da função social do

contrato e nos elevados propósitos de justiça contratual tem por objetivo proporcionar ao devedor

que adimpliu parcela substancial do contrato, execução menos gravosa, evitando seja ele despojado

do bem adquirido em razão da dívida contraída, ainda que permaneça vinculado à satisfação do

crédito remanescente. Referência à precedente do colendo STJ. Manutenção da respeitável sentença.

Recurso desprovido. (TJSP; AC 1019028-56.2018.8.26.0405; Ac. 12857780; Osasco; Vigésima Segunda

Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Alberto Gosson; Julg. 29/08/2019; DJESP 12/09/2019; Pág. 2817)

E, note-se, há aresto inclusive obstando a inclusão do nome do devedor nos


órgãos de restrições, quando a execução já esteja garantida:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. GARANTIA DA

EXECUÇÃO. SEGURO GARANTIA. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO NEGATIVA OU POSITIVA COM EFEITO DE

NEGATIVA. AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO

CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PERIGO DE DANO EVIDENCIADO PELA RESTRIÇÃO EM ATIVIDADES

EMPRESARIAIS. PROBABILIDADE DO DIREITO. RECOLHIMENTO DO TRIBUTO EVIDENCIADO.

DUPLICIDADE NA COBRANÇA PELO FISCO. INEXISTÊNCIA DO PERIGO DE IRREVERSIBILIDADE DO

PROVIMENTO ANTECIPADO, PORQUANTO, CASO VENHA A SER JULGADO IMPROCEDENTE O PEDIDO

FORMULADO PELO AGRAVADO, O IMPOSTO PODERÁ SERÁ COBRADO PELA AUTORIDADE. LITIGÂNCIA

DE MÁ FÉ. NÃO COMPROVADA. LIMINAR MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. À

UNANIMIDADE.

1. O juízo singular concedeu a medida cautelar, aceitando o seguro garantia como garantia,

produzindo os mesmos efeitos da penhora (art. 9ª da lef), bem como determinou a regularização fiscal

da autora com a expedição da certidão negativa de débito ou positiva com efeito de negativa, nos

termos do art. 206 do CTN, determinando ainda, que o estado se abstenha de adotar quaisquer

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medidas coativas ou punitivas contra a autora que sejam decorrentes do status de inadimplente face

ao auto de infração nº 472014510000007-1. 2. Na ação anulatória de lançamento tributário, foi

deferida a tutela antecipada para suspender a exigibilidade do crédito tributário descrito na a inf nº

472014510000007-1, e a exigibilidade da multa imposta no valor de 210% sob o ICMS cobrado. Como

também, determinou ao estado que se abstenha de inscrever o nome da requerente em cadastro de

devedores ou o dever de retira-lo se já tiver procedido a inclusão, ainda que conceda, sempre que

solicitado, certidão positiva com efeito de negativa, nos termos do art. 206 do CTN e, bem como, não a

coloque na situação de ativo não regular pelo débito contido na a inf no 472014510000007-1. 3. Em

que pese a argumentação do estado de que a tutela antecipada deveria ser cassada já que subsistiria a

medida cautelar, nota-se que na medida cautelar foi reconhecida a garantia do juízo para a expedição

da certidão de regularidade fiscal e quando da concessão da tutela antecipada, que é objeto deste

recurso, o juízo singular suspendeu a exigibilidade do crédito tributário, logo, uma complementa a

outra, não subsistindo a tese da Fazenda Pública estadual. 4. Resta comprovado os requisitos exigidos

para a concessão da tutela antecipada requerida na ação anulatória, previstos no art. 300 do código de

processo civil. Na hipótese em tela, o perigo de dano repousa no fato que a empresa agravada poderá

sofrer restrições em seu exercício empresarial. Outrossim, ficou evidente o pagamento/recolhimento

do tributo exigido, não havendo débito referente ao tributo. 5. Inexiste o perigo de irreversibilidade do

provimento antecipado, pois caso venha a ser julgado improcedente o pedido formulado pela

agravada no feito originário, o crédito tributário poderá? ser cobrado pela autoridade competente. 6.

Não comprovada a litigância de má-fé por parte do réu, indevida sua condenação nas penalidades

legais correspondentes. 7. Recurso conhecido e não provido. À unanimidade. (TJPA; AI 0009746-

66.2016.8.14.0000; Ac. 184559; Segunda Turma de Direito Público; Relª Desª Nadja Nara Cobra Meda;

Julg. 14/12/2017; DJPA 15/12/2017; Pág. 291)

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De toda prudência, portanto, que seja concedido efeito suspensivo ao recurso
apelatório em liça, máxime em decorrência das nefastas consequências financeiras que a constrição está

ocasionando à Apelante.

(5) – PRELIMINARMENTE

CPC, art. 1.009, § 1º

NULIDADE DA SENTENÇA

Error in procedendo

5.1. Cerceamento de defesa. Ausência de produção de provas requeridas

A Recorrente, com a peça inaugural, requereu, expressamente e


fundamentadamente, a produção de prova pericial, pleiteando, inclusive, fosse saneado o processo e

destacada tal prova. Na hipótese, necessitava-se provar fatos, quais sejam: a cobrança (ocorrência de fato)
de encargos ilegais no período de normalidade, os quais, via reflexa, acarretaria na ausência de mora do

Apelante.

Outrossim, procurava-se comprovar, com a produção da prova em liça (perícia

contábil), a eventual cobrança de encargos moratórios indevidos (período de inadimplência), o que na sentença
foi rechaçado justamente pelo motivo do Apelante “não haver comprovado” a ocorrência de tal anomalia,

quando extraímos da sentença a seguinte passagem:

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“No caso dos autos, verifica-se que o pacto foi celebrado em 00/00/0000, e já em agosto do mesmo

ano veio o mutuário a propôs(sic) a presente ação revisional, sem, contudo, demonstrar, ainda que de

forma indiciária, qualquer cumulação proibida de encargos contratuais, conforme ressai da análise

dos extratos de movimentação da conta 999.001.0000442233-2, alusiva aos meses de abril, maior e

junho do mesmo ano. Assim sendo, não se desincumbindo a parte autora do ônus de provar os fatos

constitutivos de seu alegado direito, só resta ao Estado Juiz desacolher o pedido. “

( destacamos )

Percebe-se, portanto, in casu, não foi oportunizada ao Apelante a produção


da prova técnica. Essa certamente iria corroborar sua tese sustentada da cobrança de encargos abusivos pela
Apelada.

No caso em vertente, a produção da prova pericial se mostra essencial para

dirimir a controvérsia fática, maiormente quanto à existência ou não da cobrança de encargos abusivos, ou

seja, contrários à lei.

De outro norte, a parte em uma relação processual, sobretudo o Autor da

querela, tem o direito e ônus (CPC, art. 373, inc. I) de produzir as provas que julgar necessárias e
imprescindíveis à demonstração cabal da veracidade de seus argumentos.

Embora o juízo a quo tenha entendido, concessa venia, equivocadamente que a

questão dos autos seria de direito, conclui-se que a questão da cobrança de encargos ilegais (e não de sua

licitude ou ilicitude) requer a verificação por um expert.

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Não se descura que o Juiz é o destinatário da prova, cabendo-lhe indeferir
aquelas que entender inúteis ou desnecessárias ao deslinde da questão posta sob sua apreciação, a teor do

disposto no art. 370 do CPC.

Entrementes, no estudo do caso em vertente, ao ser prolatado o "decisum"

combatido, incorreu em verdadeiro cerceio do direito de defesa do Apelante, posto que o feito não se
encontrava “maduro” o suficiente para ser decidido.

Diante da ausência de elementos técnicos quanto à incidência de juros

remuneratórios acima do patamar legal, a prática de capitalização diária de juros e, mais, da descabida cobrança

de encargos moratórios, cumpria ao julgador deferir a produção da prova pericial, única capaz de elucidar tais
fatos. Destarte, a ação demandava uma instrução probatória mais acurada, especialmente em relação à
cobrança de encargos abusivos durante o período de normalidade contratual e à cobrança ilegal de encargos

moratórios, e só o que consta dos autos não autorizava o julgamento antecipado havido.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PEDIDO DE PRODUÇÃO DE PROVA.

AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO COM IMEDIATA PROLAÇÃO DE SENTENÇA. ALEGAÇÃO DE DIVERGÊNCIA

NA COBRANÇA DA TAXA DE JUROS CONTRATADA. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE

MANIFESTAÇÃO NA SENTENÇA. CASSAÇÃO. NECESSIDADE.

O direito a produção de provas é uma garantia fundamental, tendo como seus princípios formadores a

inafastabilidade do direito de jurisdição, o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e a

isonomia. Cabe ao magistrado, como destinatário da prova, de acordo com o princípio de livre

convencimento, analisar quais são as necessárias para o deslinde da demanda, porém, tratando-se de

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ação revisional de contrato em que se discute a cobrança de encargos, notadamente em que o autor

discute divergência entre a taxa de juros contratada e a efetivamente cobrada pelo banco responsável

pelo financiamento, a realização da prova pericial é medida que se impõe. (TJMG; APCV 0002645-

08.2016.8.13.0290; Vespasiano; Décima Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Adriano de Mesquita

Carneiro; Julg. 05/02/2020; DJEMG 11/02/2020)

De outro importe, era necessário que o Juiz a quo proferisse despacho

saneador (CPC, art. 357), destacando a(s) prova(s) a ser(em) produzida(s)(ou rechaçando-as) e, inclusive,
apontar os pontos controvertidos da querela, o que não ocorreu.

Quanto ao julgamento antecipado da lide, como na hipótese, somente poderia


ocorrer quando:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de

mérito, quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova,

na forma do art. 349.

(os destaques são nossos)

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Entrementes, a questão em debate, para constatar fatos, a produção de prova
pericial. Portanto, por esse ângulo, o caso não seria de julgamento antecipado.

Nem mesmo a produção de prova técnica simplificada fora oportunizada

(CPC, art. 464, § 2º).

De outro bordo, mister que o magistrado tivesse registrado, motivadamente, as

razões que o levaram a não se utilizar da prova contábil (CPC, art. 370, parágrafo único).

Assim, a regra processual, abaixo em ênfase, pressupõe que a sentença não


poderia ter sido proferida sem a prolação de despacho saneador, em que se decidissem as questões

processuais pendentes, se deliberasse sobre as provas a serem produzidas, designando-se audiência de


instrução e julgamento, se necessário.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 357 - Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de

saneamento e de organização do processo:

(...)

II - Delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando

os meios de prova admitidos;

(...)

V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.

(...)

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§ 3º - Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz

designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes,

oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes ...”

Com esse enfoque, urge transcrever as lições de José Miguel Garcia Medina:

“III. Julgamento imediato do mérito e cerceamento de defesa. Havendo necessidade de produção de

provas, não se admite o julgamento imediato do mérito. Ocorre, nesse caso, cerceamento de defesa,

devendo ser decretada a nulidade da sentença (cf. STJ, AgRg no AREsp 371.238/GO, Rel. Ministro

Humberto Martins, 2ª T., j. 03/01/2013), salvo se, por ocasião do julgamento do recurso, for possível

julgar o mérito em favor daquele a quem aproveitaria o reconhecimento da nulidade ...

É tranquila no STJ a orientação de que ´resta configurado o cerceamento de defesa quando o juiz,

indeferindo a produção de provas requerida, julga antecipadamente a lide, considerando

improcedente a pretensão veiculada justamente porque a parte não comprovou suas alegações’ (STJ,

REsp 783.185/RJ, 1ª T., j. 24.04.2007, rel. Min. Luiz Fux).” (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código

de Processo Civil comentado: com ... – São Paulo: RT, 2015, p. 595)

(sublinhamos)

Apropriadas igualmente as lições de Humberto Theodoro Júnior:

“Na ordem lógica das questões, só haverá despacho saneador quando não couber a extinção do

processo, nos termos do art. 354, nem for possível o julgamento antecipado do mérito (art. 355).

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Pressupõe, destarte, a inexistência de vícios na relação processual ou a eliminação daqueles

que acaso tivessem existido, bem como a necessidade de outras provas além dos elementos de

convicção produzidos na fase postulacional.

( ...)

Se for o caso de exame pericial, o momento de deferi-lo, com a nomeação do perito e

abertura de prazo para indicação de assistente pelas partes, é, também, a decisão de saneamento

(vide, infra, nº 629 e segs. ) ( In, Curso de Direito Processual Civil. 56ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015,

vol. I., pp. 829-830)

Pela necessidade do despacho saneador, vejamos o seguinte julgado:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TESE AUTORAL ALEGANDO QUE

A ÁREA EM DEBATE ESTÁ LOCALIZADA EM ZONA RURAL, INCIDINDO CONJUNTAMENTE A COBRANÇA

DE ITR E IPTU.

Julgamento antecipado da lide com improcedência dos pedidos sob alegação de não comprovação do

direito alegado. Ausência de despacho saneador. Fatos controvertidos não elucidados. Cerceamento

de defesa configurado. Nulidade da sentença que se impõe. Trata-se de ação declaratória c/c

repetição de indébito, objetivando o cancelamento de matrícula municipal do imóvel, com devolução

dos valores recolhidos a título de IPTU, sob argumento de incidir sobre o mesmo ITR, por se tratar de

imóvel localizado em zona rural. Julgamento antecipado do feito, com a improcedência da ação, sob

fundamento de que a autora não comprovou o fato constitutivo do direito alegado, não

demonstrando que o imóvel é utilizado em exploração extrativa de vegetal, agrícola, pecuária ou agro

industrial, eis que localizado em área urbana. A hipótese em tela não trata de matéria meramente de

direito, havendo fatos controvertidos que não foram elucidados. Demandante surpreendida com

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sentença de improcedência, sem prolação de despacho saneador. Ocorrência de error in procedendo,

configurando prolação prematura da sentença. Violação dos princípios da ampla defesa e do

contraditório, mormente, pelas incongruências das narrativas de ambas as partes sobre o imóvel em

debate. Cassação da sentença que se impõe. Parcial provimento ao recurso. (TJRJ; APL 0082213-

51.2017.8.19.0038; Nova Iguaçu; Décima Sétima Câmara Cível; Rel. Des. Edson Aguiar de Vasconcelos;

DORJ 07/02/2020; Pág. 684)

Desse modo, impõe-se reconhecer a impossibilidade do

julgamento antecipado do mérito, visto que, havendo controvérsia a respeito de

fatos, cuja prova não se encontra nos autos, imprescindível que o juízo a quo

viabilize ao Apelante a produção da prova requerida. Ao caso em liça,

imprescindível a prova pericial, porquanto, nos termos do art. 373, I, do Código de

Processo Civil, tal ônus pertence ao Apelante, não podendo ter sido proferida

sentença sem a sua realização, incorrendo, por esse norte, no notório cerceamento

de defesa.

Com tais fundamentos, deve ser acolhida a presente preliminar

de nulidade da sentença, por cerceamento de defesa, cassando-se a sentença

vergastada e determinando o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de

que se produza prova pericial contábil.

5.2. Ausência de fundamentação

É consabido que o magistrado deve julgar o mérito nos limites do quanto fora

proposto em juízo. Assim, defeso examinar-se matéria alheia que exige a iniciativa da parte.

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 141 - O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado

conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

Ora, a sentença é nula por não apreciar toda matéria ventilada e

requerida na inicial, quando, no tocante aos juros capitalizados, o Apelante pediu a procedência de seus

pedidos argumentando que:

“Todavia, no pacto em debate houvera sim cobrança indevida da capitalização de juros, porém fora

adotada outra forma de exigência irregular; uma “outra roupagem”.

Entrementes, não houvera ajuste no tocante à capitalização com periodicidade diária.

É cediço que essa espécie de periodicidade de capitalização (diária) importa em onerosidade excessiva

ao consumidor, e, além disso, exige-se que o mutuário seja cientificado, expressamente, dessa

condição contratual.

Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a ilegalidade da cláusula que prevê a

capitalização diária dos juros, esses não poderão ser cobrados em qualquer outra periodicidade

(mensal, bimestral, semestral, anual). É que, lógico, inexiste previsão contratual nesse sentido; do

contrário, haveria nítida interpretação extensiva ao acerto entabulado contratualmente.

Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém ressaltar os ditames estabelecidos na Legislação

Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram

ou reconhecem direitos.

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Diante disso, conclui-se que uma vez declarada nula a cláusula que estipula a capitalização diária, resta

vedada a capitalização em qualquer outra modalidade.”

Dessarte, nesse aspecto, tocante aos juros capitalizados, abordou-se a

inviabilidade da capitalização diária.

Todavia, ao invés disso, o Magistrado a quo, ao examinar a questão em espécie,

conduziu-se por outros argumentos distintos, sem apreciar aqueles levantados na exordial: “


Seguramente essa deliberação merece reparo.

Com esse enfoque dispõe o Código de Processo Civil que:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

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§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,

sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua

relação com a causa ou a questão decidida;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a

conclusão adotada pelo julgador;

VI – deixar de seguir enunciado de sumula, jurisprudência ou precedente invocado pela

parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou sua superação

do entendimento.

(grifei)

Sem sombra de dúvidas a regra supra-aludida se encaixa à decisão hostilizada.

A mesma passa longe de invocar argumentos capazes de motivar a rejeição ao pedido buscado.
Nos embargos à execução a empresa recorrente invocou precedente vinculante do
STJ sob o Tema 953, que superou o entendimento fundamentado pelo magistrado em relação aos juros

capitalizados na cédula de crédito em litígio.

A ratificar o exposto acima, é de todo oportuno gizar o magistério de José


Miguel Garcia Medina:

“O conceito de omissão judicial que justifica a oposição de embargos de declaração, à luz do CPC/2015,

é amplíssimo. Há omissão sobre o ponto ou questão, isso é, ainda que não tenha controvertido as

partes (questão), mas apenas uma delas tenha suscitado o fundamento (ponto; sobre a distinção entre

ponto e questão, cf. comentário ao art. 203 do CPC/2015). Pode, também, tratar-se de tema a respeito

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do qual deva o órgão jurisdicional pronunciar-se de ofício (p. ex., art. 485, § 3º do CPC/2015), ou em

razão de requerimento da parte. Deve ser decretada a nulidade da decisão, caso a omissão não seja

sanada. “( MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: ... – São Paulo: RT,

2015, p. 1.415)

(itálicos do texto original)

Nesse mesmo passo são as lições de Teresa Arruda Alvim Wambier:

“ Em boa hora, consagra o dispositivo do NCPC projetado ora comentado, outra regra salutar no

sentido de que a adequação da fundamentação da decisão judicial não se afere única e

exclusivamente pelo exame interno da decisão. Não basta, assim, que se tenha como material para se

verificar se a decisão é adequadamente fundamentada (= é fundamentada) exclusivamente a própria

decisão. Esta nova regra prevê a necessidade de que conste, da fundamentação da decisão, o

enfrentamento dos argumentos capazes, em tese, de afastar a conclusão adotada pelo julgador. A

expressão não é a mais feliz: argumentos. Todavia, é larga e abrangente para acolher tese jurídica

diversa da adotada, qualificação e valoração jurídica de um texto etc.

Vê-se, portanto, que, segundo este dispositivo, o juiz deve proferir decisão afastando, repelindo,

enfrentando elementos que poderiam fundamentar a conclusão diversa. Portanto, só se pode aferir

se a decisão é fundamentada adequadamente no contexto do processo em que foi proferida. A

coerência interna corporis é necessária, mas não basta. “ (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim ... *et al.+. –

São Paulo: RT, 2015, p. 1.473)

(itálicos e negritos do texto original)

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Não fosse isso o bastante, urge transcrever igualmente as lições de Luiz
Guilherme Marinoni:

“Assim, o parâmetro a partir do qual se deve aferir a completude da motivação das decisões judiciais

passa longe da simples constância na decisão do esquema lógico-jurídico mediante o qual o juiz

chegou à sua conclusão. Partindo-se da compreensão do direito ao contraditório como direito de

influência e o dever de fundamentação como dever de debate, a completude da motivação só pode

ser aferida em função dos fundamentos arguidos pelas partes. Assim, é omissa a decisão que deixa de

se pronunciar sobre argumento formulado pela parte capaz de alterar o conteúdo da decisão judicial.

Incorre em omissão relevante toda e qualquer decisão que esteja fundamentada de forma insuficiente

(art. 1.022, parágrafo único, II), o que obviamente inclui ausência de enfrentamento de precedentes

das Cortes Supremas arguidos pelas partes e de jurisprudência formada a partir do incidente de

resolução de demandas repetitivas e de assunção de competência perante as Cortes de Justiça (art.

1.022, parágrafo único, I). “ (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel.

Novo curso de processo civil: tutela ... vol. 2. – São Paulo: RT, 2015, p. 540)

É necessário não perder de vista a posição da jurisprudência oriunda do


Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTAÇÃO POR

REFERÊNCIA. INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PRONUNCIAMENTO. OMISSÃO CONFIGURADA.

RETORNO DOS AUTOS AO TRIBUNAL DE ORIGEM. DECISÃO MANTIDA.

1. "É pacífico no âmbito do STF e do STJ o entendimento de ser possível a fundamentação per

relationem ou por referência ou por remissão, não se cogitando nulidade ou ofensa ao artigo 93, inciso

IX, da Constituição Federal, desde que os fundamentos existentes aliunde sejam reproduzidos no

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julgado definitivo (principal), o que, como visto, não ocorreu na espécie" (RESP 1.426.406/MT, Rel. p/

Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 11/5/2017). 2. Deixando a Corte local de se

manifestar sobre questões relevantes, apontadas em embargos de declaração que, em tese, poderiam

infirmar a conclusão adotada pelo Juízo, tem-se por configurada a violação do art. 535 do CPC/1973,

devendo ser provido o Recurso Especial, com determinação de retorno dos autos à origem, para que

seja suprido o vício. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ; AgInt-AREsp 726.311; Proc.

2015/0138687-5; RJ; Quarta Turma; Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira; Julg. 15/10/2019; DJE

17/10/2019)

No mesmo sentido:

FAZENDA PÚBLICA. SERVIDOR PÚBLICO. PEDIDO DE ENQUADRAMENTO FUNCIONAL. LCE 274/2014.

EXTINÇÃO DO FEITO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, POR AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE POR PARTE DO

ÓRGÃO RECLAMADO. RECURSO DA PARTE RECLAMANTE. SENTENÇA GENÉRICA. PRECEDENTE.

SENTENÇA CASSADA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À ORIGEM. RECURSO PROVIDO.

1.- Encontra-se afetada por defeito insanável, por ausência de fundamentação, a sentença proferida

de forma genérica e abstrata, que deixa de considerar as particularidades do caso concreto, não

enfrentando todos os argumentos deduzidos no processo que possuam aptidão, em tese, para

infirmar a conclusão adotada pelo julgador, ante o preconizado nos arts. 93, IX, da Carta

Constitucional, e 489, § 1º, IV, do CODEX de Ritos. 2.- E, mais, de acordo com o magistério

jurisprudencial da Suprema Corte, "A fundamentação dos atos decisórios qualifica-se como

pressuposto consti - tucional de validade e eficácia das decisões emanadas do Poder Judiciário", de

modo que "A inobservância do dever imposto pelo art. 93, IX, da Carta Política, precisamente por

traduzir grave transgressão de natureza constitucional, afeta a legitimidade jurídica da decisão e gera,

de maneira irremissível, a consequente nulidade do pronunciamento judicial. " (HC 80892, Relator(a):

Min. Celso DE Mello, Segunda Turma, julgado em 16/10/2001, DJe-147 DIVULG 22-11-2007 PUBLIC 23-

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11-2007 DJ 23-11-2007 PP-00115 EMENT VOL-02300-02 PP-00392) [grifei]. 3.- In casu, o decisum

vergastado não apreciou de forma cabal os documentos colacionados aos autos pela parte reclamante.

4.- Com efeito, no caso sub examine, o Magistrado a quo não agiu com o costumeiro acerto quando

rejeitou as rogativas deduzidas na exordial com base apenas na assertiva de que "... inexistiu qualquer

ilegalidade no procedimento administrativo da parte autora. Deste modo, não cabendo ao Poder

Judiciário rever os atos administrativos, visto que não houve demonstração da ocorrência de

ilegalidade ou abuso de direito por parte do órgão reclamado", porquanto tal motivação não é

suficiente para respaldar juridicamente a conclusão alcan - çada. 5.- Sendo assim, afigura-se de rigor o

reconhecimento da nulidade de pleno di - reito da sentença, por vício de fundamentação, o que torna

impositiva sua desconstituição, em ordem a viabilizar que o Julgador de origem examine de forma

específica a totalidade das alegações formuladas pela parte autora, conside - rando que o processo

não se encontra em condições de imediato julgamento. 6.- Em idêntico sentido: "JUIZADO DA Fazenda

Pública. PROCESSO CIVIL. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. PREJUDICIAL DE MÉRITO. PRESCRIÇÃO REJEITADA.

JULGAMENTO CITRA PETITA. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA ACOLHIDA. SENTENÇA

CASSADA (...) 5. Verifica-se que o Juízo de origem deixou de analisar parte do pedido deduzido na

inicial (nulidade da multa por ausência de aferição pelo Inmetro do etilômetro). Assim, é nula a

sentença vergastada, por vício citra petita, eis que o douto magistrado deixou de julgar a lide em todos

os seus termos. 6. Sendo necessário dar prosseguimento ao procedimento no juízo de origem, inviável

aplicar na espécie a Teoria da Causa Madura, pois o processo não se encontra em condições de

imediato julgamento. Assim, a anulação da sentença, com a devolução do processo ao juízo de origem,

é medida que se impõe. 7. Recurso do conhecido. Prejudicial de mérito rejeitada. Preliminar de

nulidade acolhida para cassar a sentença e determinar sua devolução ao juízo de origem. 8.

Vencedora, mesmo que em parte a recorrente, não há condenação ao pagamento das custas ou

honorários advocatícios. 9. A Súmula de julgamento servirá de acórdão, conforme regra do art. 46 da

Lei n. 9.099/95." (TJDFT. Acórdão n.1102491, 07290329620178070016, Relator: Carlos Alberto Martins

FILHO 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Julgamento: 13/06/2018,

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Publicado no DJE: 21/06/2018. Pág. : Sem Página Cadastrada. ) [grifado] 7.- Assim, não há como

subsistir o provimento jurisdicional terminativo ora objurgado. 8.- Em acréscimo, anote-se que,

quando reformada sentença que extingue o processo sem resolução de mérito (CPC, art. 485), o Juízo

ad quem poderá desde logo enfrentar o meritum causae, desde que o processo apresente condições

de imediato julgamento, conforme autorizativo previsto no art. 1.013, § 3º, I, do aludido CODEX

instrumental. 9.- Ocorre que o douto Juízo singular, além de não se pronunciar sobre o direito alegado

nem sobre valores tidos como devidos pela parte autora, julgou a lide com resolução do mérito, sendo

imperioso, nesta situação, o retorno dos autos à origem, em razão da impossibilidade da utilização do

referido artigo do CPC. 10.- Ante o exposto, VOTO pelo provimento ao Recurso, cassando a sentença

de extinção do feito com resolução de mérito, bem como, para determinar o retorno dos autos ao

Juízo a quo, para sua regular instrução. 11.- Sem custas e honorários advocatícios, diante do resultado

do julgamento, consoante art. 55, caput, da Lei nº 9.099/95. (TJAC; RIn 0601735-38.2019.8.01.0070;

Primeira Turma Recursal; Relª Juíza Maha Kouzi Manasfi e Manasfi; DJAC 10/03/2020; Pág. 31)

A decisão proferida pelo magistrado a quo em relação aos juros capitalizados

deixou de seguir precedente vinculante do STJ, sob o Tema 953. Em sentido contrário o mesmo aplicou tese de
paradigma já superado o entendimento pelo STJ.

Diante disso, ou seja, face à carência de fundamentação, mostra-se

necessária a anulação do decisum combatido, e, por tal motivo, seja determinada a baixa dos autos para que

haja o regular processamento (CPC, art. 1.013, § 3º, inc. IV).

(6) PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL

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Inicialmente cumpre ressaltar que em o banco exequente alegar ser credor de R$
170.567,89 (Cento e setenta mil, quinhentos e sessenta e sete reais e oitenta e nove centavos). No entanto

acostou planilha acostou na exordial da execução às fls. 29 (Id. nº 28940524 - Pág. 43-46), o banco recorrido
apontou a importância executada de R$ 198.168,24 (cento e novena e oito mil, cento e sessenta e oito reais e

vinte e quatro centavos), e relatório analítico no valor de R$ 170.567,89 (Cento e setenta mil, quinhentos e

sessenta e sete reais e oitenta e nove centavos), e requereu:

Em sede de preliminar de mérito a empresa embargante asseverou discordância em


relações aos valores exequendos, tornando assim a petição inicial inepta.

Acrescentou ainda que o artigo 798 do CPC, prescreve:

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:

I - Instruir a petição inicial com:

a) o título executivo extrajudicial;


b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação,
quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o
caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe
corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for
obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação
do exequente;

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A lei nº 10.931/2004, em seu artigo 28, §2º, I e II

Art. 28. A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial e


representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela soma nela
indicada, seja pelo saldo devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou
nos extratos da conta corrente, elaborados conforme previsto no § 2º.

§ 2º Sempre que necessário, a apuração do valor exato da obrigação, ou de


seu saldo devedor, representado pela Cédula de Crédito Bancário, será
feita pelo credor, por meio de planilha de cálculo e, quando for o caso, de
extrato emitido pela instituição financeira, em favor da qual a Cédula de
Crédito Bancário foi originalmente emitida, documentos esses que
integrarão a Cédula, observado que:

I - os cálculos realizados deverão evidenciar de modo claro, preciso e de


fácil entendimento e compreensão, o valor principal da dívida, seus
encargos e despesas contratuais devidos, a parcela de juros e os critérios
de sua incidência, a parcela de atualização monetária ou cambial, a parcela
correspondente a multas e demais penalidades contratuais, as despesas
de cobrança e de honorários advocatícios devidos até a data do cálculo e,
por fim, o valor total da dívida; e

II - a Cédula de Crédito Bancário representativa de dívida oriunda de


contrato de abertura de crédito bancário em conta corrente será emitida
pelo valor total do crédito posto à disposição do emitente, competindo ao
credor, nos termos deste parágrafo, discriminar nos extratos da conta
corrente ou nas planilhas de cálculo, que serão anexados à Cédula, as
parcelas utilizadas do crédito aberto, os aumentos do limite do crédito
inicialmente concedido, as eventuais amortizações da dívida e a incidência
dos encargos nos vários períodos de utilização do crédito aberto.

Nesse sentido, sem sombra de dúvidas a petição inicial da execução é


totalmente inepta, haja vista que o valor atribuído a causa foi R$ 170.567,89 (cento e setenta mil, quinhentos e
sessenta e sete reais e oitenta e nove centavos), e acostou planilha no montante de R$ 198.168,24 (cento e
noventa e oito mil, cento e sessenta e oito reais e vinte e quatro centavos)

Contudo, em seu “Desisum” o MM juiz assim aduziu:

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“Pretende o embargante o reconhecimento da inépcia da inicial sob o
fundamento de erro na planilha de cálculo apresentada pelo exequente.

Entretanto, compulsando os autos (ID 28940524 - Pág. 43-46), não verifico o erro
alegado.

A planilha de cálculo apresentada traz o valor de R$198.168,24 (cento e noventa e

oito mil, cento e sessenta e oito reais e vinte e quatro centavos) como aquele
relativo ao valor liberado ao devedor/embargante por ocasião da contratação, e

R$170.567,89 (cento e setenta mil, quinhentos e sessenta e sete reais e oitenta e

nove centavos) como o valor do débito inadimplido e atualizado até a data de

propositura da ação. Preliminar rejeitada.”

No entanto, em sua petição inicial o banco recorrido atribui ao valor da causa a


importância de R$ 170.567,89 (Cento e setenta mil, quinhentos e sessenta e sete reais e oitenta e nove

centavos). Existem 02(dois)demonstrativos de débitos com valores diversos, as fls.29, e, evolução de débito às

fls.30/32 dos autos. Contudo, as planilhas de débito bem como a planilha de evolução de débito devem com

valores iguais. O que não se vislumbra no caso in análise. Tomando assim a petição inicial inepta.

Nesse sentido a jurisprudência não discrepa:

APELAÇÃO CÍVEL.EMBARGOS AEXECUÇÃO. LlQUlDEZ DO TÍTULO

EXEQUENDO. MEROS CÁLCULOS ARlTMÉTICOS. APLICAÇÃO 0o ART.509, §2°

DO CPC. VALOR DOS HONORARIOS ADVOCATÍCIOS. MANUTENÇÃO.

APRECIAÇÃO EQUlTATlVA. RECURSO CONHEClDO E lMPROVlDO.

UNANIMlDADE. No caso em exame, descabida a prévia liquidação da sentença

exequenda, posto que os simples cálculos aritméticos são suficientes para aferir

o quantum debentur, bastando para tanto, a apresentação da planilha aparelhada

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na Execução Judicial. (TJSE -AC:201700718972, Relator: MARIA ANGÉLlCA

FRANÇA E SOUZA, PRlMElRA CÂMARA CÍVEL, Data dePublicação:01/09/2017.

Portanto Ínclitos julgadores, clara está a existência de inépcia da inicial, conforme

preceitua o artigo 330, l §1º e 2º do CPC.

(7) PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO TRIENAL DA CÉDULA DE CRÉDITO

Em preliminar de prescrição trienal da cédula de crédito bancária, a parte

recorrente arguiu a existência de prescrição da cédula de crédito Bancária.

Argumentou que a empresa ficou inadimplente em 24/10/2013, conforme extratos

bancários às fls. 32 dos autos, ocorrendo o vencimento antecipado da cédula de crédito e a ação executória foi
distribuída em 14/04/2014. Portanto, entre o despacho que determinou a citação e citação válida 12/07/2017.
Ocorreu a prescrição intercorrente da cédula de crédito bancária em comento, conforme dispõe o artigo lido

decreto lei nº 413/69, independentemente de notificação judicial ou extrajudicial.

O Supremo Tribunal Federal, editou a Súmula 150, inverbis:

"Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação"

Desta maneira, visto que o vencimento da cédula de crédito bancária em comento

ocorreu em 24 de outubro de 2013, a presente demanda foi ajuizada em 15/04/2014, (dentro do prazo), houve

despacho determinando a citação em 25/04/2014, (fls. 37) dos autos, e a citação valida ocorreu em

12/07/2017(fls. 53), entre o despacho que determinou a citação e a citação valida, ultrapassaram 03 (três) anos e

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02(dois) meses e 17(dezessete) dias, após o despacho que determinou a citação, conforme se verifica nos
autos. Todavia, a cédula de crédito bancária prescreveu em 25 de abril de 2017 (prescrição intercorrente), ou

seja 03(três)anos após o despacho que determinou a citação e a citação válida, conforme preceitua ao artigo 44,
da Lein°10.931/04 (Lei da Cédula de Crédito Bancária), e artigo 70 da lei Uniforme, e artigo 206 §3°doCódigo.

Partindo-se dessa premissa, o título executivo, ou seja, a cédula de credito bancária,

acostada nos autos, que ensejou na Execução encontrasse prescrita, posto que, o despacho que determinou a
citação foi dia 25/04/2017, prescrevendo em 25/04/2017, três anos após seu vencimento, sendo imperiosa a

Extinção do Processo com resolução de mérito por ser matéria de ordem pública, conforme preceitua o artigo

487, inciso lI do CPC

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Nesse sentido, a empresa Recorrente requer, o acolhimento da preliminar suscitada
por ser matéria de ordem pública, Extinguindo a Execução com resolução demérito, uma vez que o título

Executivo (Cédula de Crédito Bancária ) objeto da Execução estrasse prescrita, conforme inteligência dos artigos
44, da Lei n°10.931/04, e70, da Lei Uniforme e jurisprudência uníssona de Nossos Tribunais Superiores.

Portanto Ínclitos julgadores, clara está a incidência de prescrição intercorrente da


cédula de crédito bancária em comento à época da propositura da ação executória, devendo o juiz decreta-la de

ofício.

(8) – NO ÂMAGO DO RECURSO

(CPC, art. 1.010, inc. III)

Error in judicando

( 6.1. ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS

Sem qualquer dificuldade se constata que não existe na Cédula de Crédito


Bancário em debate qualquer cláusula que estipule a celebração entre as partes da possibilidade da

cobrança de juros capitalizados “diários”.

Observe-se que a legislação que trata da Cédula de Crédito Bancário admite a


cobrança de juros capitalizados, mas desde que expressamente pactuada sua periodicidade:

Lei nº. 10.931/04

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Art. 28 – A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial e representa

dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela soma nela indicada, seja pelo

saldo devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou nos extratos da conta corrente,

elaborados conforme previsto no § 2º.

§ 1º - Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser pactuados:

I – os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os critérios de sua incidência e, se for

o caso, a periodicidade de sua capitalização, bem como as despesas e os demais

encargos decorrentes da obrigação. “

( os destaques são nossos )

Conquanto na espécie exista uma relação de consumo, o Código de Defesa do

Consumidor permite seja revisto o contrato quando ocorrer fato superveniente que o desequilibre, tornando-o
excessivamente oneroso a um dos participantes (art. 6º c/c art. 51, inc. IV, § 1º, inc. III, da Lei nº. 8.078/90).

O magistrado de piso de fato reconheceu que de fato existira a cobrança de

juros capitalizados, todavia abordara com a periodicidade mensal. Todavia, sustentou que essa situação se

encontrava albergada pela Súmula 539 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça e, mais, a Legislação da

Cédula de Crédito Bancário igualmente permitia. É dizer, para aquele os juros capitalizados por periodicidade
inferior à anual, se assim acertados em pactos firmados após 31/3/2000, não demanda ilegalidade alguma.

Com a devida vênia pensamos não ser esse o desiderato mais acertado na

questão posta em discussão.

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Em verdade, no tocante à capitalização dos juros debatidos, não houve qualquer

ofensa às Súmulas 539 e 541 do Superior Tribunal Justiça, as quais abaixo aludidas:

STJ, Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à

anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro

Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada como MP 2.170-36/01),

desde que expressamente pactuada.

STJ, Súmula 541 - A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao

duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual

contratada.

É dizer, os fundamentos debatidos foram completamente diversos dos que estão


insertos nas súmulas em apreço.

De outro norte, é consabido que a cláusula de capitalização, por ser de

importância crucial ao desenvolvimento do contrato, ainda que ajuste eventualmente existisse nesse pacto, deve
ser redigida de maneira a demonstrar exatamente ao contratante do que se trata e quais os reflexos gerarão ao

plano do direito material.

O pacto, à luz do princípio consumerista da transparência, que significa


informação clara, correta e precisa sobre o contrato a ser firmado, mesmo na fase pré-contratual, teria que

necessariamente conter:

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1) redação clara e de fácil compreensão(art. 46);

2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus reflexos no plano do


direito material;

3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas, sobre as condições


de pagamento, juros, encargos, garantia(art. 54, parágrafo 3º, c/c art. 17, I, do Dec.

2.181/87);

4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão, as cláusulas que

implicarem limitação de direito(art. 54, parágrafo 4º)

Nesse mesmo compasso é o magistério de Cláudia Lima Marques:

“ A grande maioria dos contratos hoje firmados no Brasil é redigida unilateralmente pela economicamente mais
forte, seja um contrato aqui chamado de paritário ou um contrato de adesão. Segundo instituiu o CDC, em seu art.

46, in fine, este fornecedor tem um dever especial quando da elaboração desses contratos, podendo a vir ser

punido se descumprir este dever tentando tirar vantagem da vulnerabilidade do consumidor.

(...)

O importante na interpretação da norma é identificar como será apreciada „a dificuldade de compreensão‟ do


instrumento contratual. É notório que a terminologia jurídica apresenta dificuldades específicas para os não

profissionais do ramo; de outro lado, a utilização de termos atécnicos pode trazer ambiguidades e incertezas ao

contrato. “ (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações

contratuais. 6ª Ed. São Paulo: RT, 2011. Pág. 821-822)

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Por esse norte, a situação em liça traduz uma relação jurídica que, sem dúvidas,
é regulada pela legislação consumerista. Por isso, uma vez seja constada a onerosidade excessiva e a

hipossuficiência do consumidor, resta autorizada a revisão das cláusulas contratuais, independentemente do


contrato ser "pré" ou "pós" fixado.

Desse modo, o princípio da força obrigatória contratual (pacta sunt servanda)


deve ceder e se coadunar com a sistemática do Código de Defesa do Consumidor.

Nesse ponto específico, ou seja, quanto à informação precisa ao mutuário

consumidor acerca da periodicidade dos juros, decidira o Superior Tribunal de Justiça no seguinte sentido:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PRETENSÃO DE CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS.

IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTE ESPECÍFICO DA TERCEIRA TURMA DO STJ. CONCLUSÃO FUNDADA NA

APRECIAÇÃO DE FATOS, PROVAS E TERMOS CONTRATUAIS. SÚMULAS NºS 5 E 7 DO STJ. AGRAVO

INTERNO DESPROVIDO.

1. Insuficiência da informação a respeito das taxas equivalentes sem a efetiva ciência do devedor

acerca da taxa efetiva aplicada decorrente da periodicidade de capitalização pactuada. Precedentes. 2.

A revisão do julgado importa necessariamente no reexame de provas, o que é vedado em âmbito de

Recurso Especial, ante o óbice do Enunciado N. 7 da Súmula deste Tribunal. 3. Agravo interno

desprovido. (STJ; AgInt-REsp 1.785.528; Proc. 2018/0327292-2; RS; Terceira Turma; Rel. Min. Marco

Aurélio Bellizze; Julg. 10/02/2020; DJE 13/02/2020)

Além disso, a relação contratual também deve atender à função social dos

contratos, agora expressamente prevista no artigo 421 do Código Civil, "a liberdade de contratar será exercida

em razão e nos limites da função social do contrato".

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De outra banda, é certo que o Superior Tribunal de Justiça já consagrou

entendimento de que “a previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal
é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada.” (Súmula 541). Mas, insistimos, não foi

esse o fundamento delimitado na defesa, muito menos no presente apelo.

No pacto em debate houvera sim cobrança indevida da capitalização de juros,


porém fora adotada outra forma de exigência irregular; uma “outra roupagem”.

É cediço que essa espécie de periodicidade de capitalização (diária) importa

em onerosidade excessiva ao consumidor.

APELAÇÃO CÍVEL. JULGAMENTO ULTRA PETITA. DECOTE DO EXCESSO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.

CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. JUROS MORATÓRIOS DE 1% AO MÊS CAPITALIZADOS DIARIAMENTE.

VEDAÇÃO.

I. Incorre em vício ultra petita a sentença que vai além dos pedidos formulados pelo autor, sendo

medida imperativa o decote da parte exorbitante; II. Ainda que em sede de cédula de crédito bancário,

a capitalização diária de juros moratórios de 1% ao mês não possui respaldo legal, ensejando

onerosidade excessiva e desequilíbrio contratual, pelo que deve ser extirpada. (TJMG; APCV 2622424-

87.2013.8.13.0024; Belo Horizonte; Décima Oitava Câmara Cível; Rel. Des. João Cancio; Julg.

11/02/2020; DJEMG 13/02/2020)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO.

Interposição de Recurso Especial. Reexame do julgado (art. 1.030, II, do código de processo civil).

Divergência entre o acórdão recorrido e a tese fixada pela corte da cidadania no RESP. Nº 973.827/RS

(tema 246) quanto à capitalização de juros em periodicidade inferior a um ano. Encargo contratado na

modalidade diária que acarreta onerosidade excessiva e desproporcional ao consumidor. Cobrança

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vedada. Manutenção do julgado prolatado por esta câmara. (TJSC; AC 0700721-76.2012.8.24.0023;

Segunda Câmara de Direito Comercial; Rel. Des. Newton Varella Júnior; DJSC 11/02/2020; Pag. 300)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. APELAÇÃO. REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. EMPRÉSTIMO DE

CAPITAL DE GIRO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INAPLICABILIDADE. JUROS. CAPITALIZAÇÃO.

COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. CLÁUSULA RESOLUTÓRIA. SEGURO PROTEÇÃO FINANCEIRA. TÍTULOS

DE CAPITALIZAÇÃO. VENDA CASADA. FORMA DE AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO

DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE PAGOS. DISTRIBUIÇÃO DA SUCUMBÊNCIA.

1. Apelação contra sentença, proferida ação revisional de contratos de empréstimo de capital de giro,

que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, tão somente para reconhecer a abusividade

da cláusula referente à cobrança de Tarifa de Abertura de Crédito, impondo a sua devolução à autora.

2. A empresa autora não se enquadra no conceito de consumidor (artigo 2º do CDC. Não comprovou

vulnerabilidade em relação à instituição financeira e que os recursos obtidos não foram usados para

fomentar sua atividade econômica, limitando-se a tecer considerações genéricas a respeito da

matéria. 3. É válida a cobrança de capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em

contratos celebrados após 31/03/2000, data da publicação da MP 2.170-36/01, considerada

constitucional e aplicável aos contratos bancários. Entendimento firmado no Superior Tribunal de

Justiça. STJ no julgamento do RESP 973.827/RS, realizado na Segunda Seção, sob o rito dos recursos

repetitivos. 4. Quanto ao dever de informar o consumidor acerca da incidência de juros compostos,

basta que a taxa anual efetiva seja superior a doze vezes a taxa mensal, o que é constatado pelo

contraste das taxas de juros mensal e anual, está superior ao duodécuplo da mensal, do contrato de

empréstimo sob exame. Súmulas nºs 539 e 541 do e. STJ. 5. Ainda que expressamente prevista e

pactuada entre as partes, a capitalização diária deve ser afastada por representar onerosidade

excessiva para o contratante, com fundamento no princípio da relatividade do contrato, de forma a

assegurar o equilíbrio da relação jurídica contratual. 6. Inexistindo no contrato a previsão de

cumulação da comissão de permanência com outros encargos da mora, descabida a pretensão da

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apelante-autora no ponto. 7. As cláusulas conhecidas como cross default ou vencimento antecipado

cruzado, não padecem de qualquer vício apto a ensejar sua nulidade, devendo ser respeitada a

autonomia da vontade das partes. 8. A contratação de seguro de proteção financeira, de forma

espontânea, é válida. Precedentes do e. TJDFT. 9. Não há ilegalidade na utilização do Sistema de

Amortização Constante (SAC) previsto contratualmente. 10. É improcedente o pedido de repetição em

dobro do indébito, porquanto o CDC não se aplica à hipótese dos autos e a tarifa, embora considerada

abusiva em Juízo, estava expressamente prevista nos contratos, não tendo sido comprovada má-fé na

cobrança pela instituição financeira. 11. Se ambos os litigantes forem, em parte, vencedor e vencido,

serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas, nos termos do art. 86 do CPC. 12.

Recurso da ré parcialmente conhecido e desprovido. Recurso da autora conhecido e parcialmente

provido. (TJDF; APC 00364.53-63.2016.8.07.0001; Ac. 122.1715; Segunda Turma Cível; Rel. Des. César

Loyola; Julg. 11/12/2019; DJDFTE 16/12/2019)

Obviamente que uma vez que fora identificada e reconhecida à cláusula que

prevê a capitalização diária dos juros, esses não poderão ser cobrados em qualquer outra periodicidade

(mensal, bimestral, semestral, anual). É que, lógico, inexiste previsão contratual nesse sentido; do contrário,
haveria nítida interpretação extensiva ao acerto entabulado contratualmente.

Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém ressaltar os ditames

estabelecidos na Legislação Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se

declaram ou reconhecem direitos.

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Nesse passo, é altamente ilustrativo transcrever o seguinte aresto:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO, COM PEDIDO DE CONSIGNAÇÃO

EM PAGAMENTO.

Débito oriundo de contrato de consórcio, gravado com alienação fiduciária em garantia. Alegação de

quitação das parcelas de ns. 35 a 37 com o adimplemento de acordo homologado nos autos da ação

de busca e apreensão n. 0317646-47.2014.8.24.0023. Sentença de parcial procedência que

reconheceu o pagamento apenas da prestação de n. 35 e determinou o levantamento da quantia

consignada em juízo, destinada ao adimplemento das parcelas de ns. 38 a 67, em favor do autor.

Reclamo do autor. Pretendida procedência dos pedidos iniciais. Alegação de que as parcelas ns. 36 e

37 estão devidamente quitadas, por terem sido englobadas na quantia adimplida por meio do acordo

extrajudicial homologado na ação de busca e apreensão n. 0317646-47.2014.8.24.0023. Tese acolhida.

Ajuste que não especificou as parcelas a serem quitadas, apenas indicando quantia certa a ser paga

(R$ 4.650,00 [quatro mil seiscentos e cinquenta reais]). Interpretação restritiva das transações

extrajudiciais (art. 843 do Código Civil). Utilização dos cálculos apresentados pelas partes como

parâmetro para entender os limites do ajuste. Contexto probatório dos autos que corrobora o

demonstrativo de débito exibido pelo autor. Reforma da sentença que se impõe, para julgar

procedentes os pleitos exordiais, a fim de reconhecer a quitação das parcelas ns. 36 e 37 com o

pagamento do acordo extrajudicial celebrado nos autos da ação de busca e apreensão n. 0317646-

47.2014.8.24.0023, que também englobou as parcelas ns. 25 a 35, declarar injustificada a recusa da

casa bancária ré em receber as prestações subsequentes e determinar o levantamento dos valores

consignados em juízo (parcelas ns. 38 a 67) em favor da financeira credora. Necessária adequação da

sucumbência, para condenar a instituição financeira ré no pagamento das custas processuais e dos

honorários advocatícios, estes fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor atualizado da causa,

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montante que leva em consideração o labor do demandante, que advoga em causa própria, em ambas

as instâncias judiciárias. Pedido subsidiário de amortização da dívida com os valores consignados em

juízo, nesse cenário, prejudicado. Reclamo conhecido e provido. Prequestionamento suscitado pelo

apelado em contrarrazões. Temáticas aventadas examinadas à saciedade e de forma fundamentada.

Apreciação de todos os argumentos e dispositivos apontados pelos litigantes desnecessária, quando

incapazes de infirmar a conclusão adotada pelo julgador. (TJSC; AC 0335659-94.2014.8.24.0023;

Florianópolis; Terceira Câmara de Direito Comercial; Rel. Des. Túlio José Moura Pinheiro; DJSC

28/01/2019; Pag. 260)

Diante disso, conclui-se que, ao revés do entendimento fixado no decisum

guerreado, mister seja declarada nula a cláusula que estipula a capitalização diária. Com isso, resta vedada a
capitalização em qualquer outra modalidade. Subsidiariamente (CPC, art. 289), o Apelante almeja seja

definida a capitalização de juros anual (CC, art. 591), ainda assim com a desconsideração da mora pelos
motivos antes mencionados.

(6.2) DOS JUROS REMUNERATÓRIOS

Em relação aos juros remuneratório, entabulado entre as partes o MM juiz


asseverou em sua fundamentação o seguinte:

“No entanto, os juros previstos na cédula de crédito comercial (ID 28940524 - Pág. 8)
são de 6,75% ao ano, de modo que não há abusividade a ser reconhecida. Com efeito,
as notas de crédito rural, comercial e industrial acham-se submetidas a regramento
próprio (Lei n. 6.840/80 e Decreto-Lei n. 413/69) que confere ao Conselho Monetário
Nacional o encargo de fixar os juros a serem praticados. E à falta de regulamentação os
juros remuneratórios não podem exceder à taxa de 12% ao ano. Circunstância dos
autos em que os juros remuneratórios não são abusivos; e a pretensão, neste ponto
insubsistente.”

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No entanto a questão dos juros remuneratórios, não foi objeto de debate nos
embargos à execução opostos pela parte Recorrente, haja vista, a sua patente legalidade.

O objeto dos Embargos foram:

a) Afastar os juros capitalizados da cédula de crédito Bancária, haja vista a ausência de pactuação
expressa e clara;
b) Excluir os Encargos moratórios, haja vista, a sua patente colisão com Precedentes e Súmulas do STJ;
c) Afastar a incidência de multa de 10%(dez) por cento, em caso de inadimplemento, imposta na Cédula de
Crédito Bancária na cláusula contratual 3.

Os quais foram atendidos em parte, pelo MM juiz na sentença proferida nos


autos, não havendo que se falar em limitação de juros remuneratórios no litígio.

(6.3) DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO E COMPENSAÇÃO

Em outro trecho do “Desisum” o ínclito julgador a quo asseverou:

“Da repetição de indébito e compensação. Na revisão de contrato, ainda que em embargos à execução
com pedido de repetição, é possível a compensação de valores pagos a maior, mas na forma simples. A
repetição em dobro requisita prova de má-fé que não se presume. Circunstância dos autos em que se
impõe admitir a repetição de indébito na forma simples e compensação.”

Pois bem, inexiste nos embargos à execução o pedido de compensação de valores


pagos à maior, O que existe é a restituição em dobro dos valores pagos a maior (Item 12 – dos Embargos),
conforme preceitua o parágrafo 3º da lei nº 10.931/2004 em seu artigo 28 da lei de cédula Bancária.

Eis o precedente em relação a compensação dos valores cobrados à maior. O


resultado da prova documental a ser exibida, acrescida do culto exame desse Julgado em juízo de revisão
contratual, bem como do laudo pericial implicarão em identificação de valores pagos a maior.
O STJ em PRECEDENTE VINCULANTE definiu que quando identificados valores
pagos a maior é direito do consumidor obter restituição do indevido, seja por meio de repetição, seja por meio de
compensação com eventual saldo devedor, TEMA 908, nas informações adicionais:

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"[...] independentemente do julgamento da prestação de contas, fica
ressalvada ao correntista a possibilidade de ajuizar ação
revisional de contrato cumulada com repetição de eventual indébito
ou, ainda, se for o caso, revisar as cláusulas contratuais em sede
de embargos à execução, com a observância dos princípios do
contraditório e da ampla defesa". (REsp 1497831 / PR, em repetitivo)

Nesse sentido, é perfeitamente possível a restituição em dobro dos os valores


pagos a maior, seja por meio de repetição conforme dispõe o artigo 28 parágrafo 3º da Lei nº 10.931/2004.
Portanto, também nesse ponto a decisão foi não acertada, não seguindo Precedente vinculante do STJ.

(6.4) – NULIDADE DA EXECUÇÃO

Em seu desisum o magistrado a quo reconheceu a abusividade na cobrança de


juros moratórios cumulados com outros encargos, e reduziu ao percentual de 1%(um por cento) ao mês, e
reconheceu a abusividade na cobrança de multa moratória de 10%, limitando-a ao percentual de 2%(dois por
cento).

Cumpre ressaltar que a planilha acostada na exordial, estão insertas as


abusividades declaradas na sentença proferida, totalizando a quantia de R$ 198.168,24 (cento e noventa e oito
mil, cento e sessenta e oito reais e vinte e quatro centavos), delimitadas como certas, liquidas e exigível.

Contudo, ao declarar a abusividade das referidas alíquotas, excluindo-as dos


cálculos exequendos, a execução restou inserta, haja vista, não corresponder a obrigação certa, liquida e
exigível. Portanto, Nula de pleno direito.

Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título


de obrigação certa, líquida e exigível.

Art. 803. É nula a execução se:

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I - O título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível;
II – O executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo
juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos
à execução.

Nesse sentido a jurisprudência não discrepa:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO


EXTRAJUDICIAL. EXTINÇÃO DO FEITO NA FORMA DO ART. 803 CPC/2015 C/C
ART. 783 CPC/2015. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. REQUISITOS
ESSENCIAIS. CERTEZA, LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
APELAÇÃO CONHECIDA E NÃO PROVIDA. 1. A execução fundar-se-á sempre
em título de obrigação certa, líquida e exigível, nos termos do art. 783 CPC/2015,
inexistente um dos atributos fundamentais para a sua execução, deve ser
julgada extinta na forma do art. 803 CPC/2015. 2. No caso dos autos há ausência
de liquidez quanto a execução fundada no contrato de prestação de serviços
firmado entre as partes, tendo em vista que o valor pretendido pela exequente
não estima o quantum determinado, com o demonstrativo discriminado e
atualizado do montante a ser executado, cabendo ao credor ao requerer a
execução, instruir a inicial com os documentos exigidos para tanto, ausente no
caso. 3. Apelação conhecida e não provida. ACÓRDÃO. (TJ-AM - APL:
06293426020168040001 AM 0629342-60.2016.8.04.0001, Relator: Airton Luís
Corrêa Gentil, Data de Julgamento: 11/02/2019, Terceira Câmara Cível, Data de
Publicação: 11/02/2019)

DECISÃO LIMINAR QUE JÁ PRODUZIA EFEITOS QUANDO DO AJUIZAMENTO


DA EXECUÇÃO FISCAL – EXECUÇÃO QUE CARECE DE REQUISITO ESSENCIAL
(ART. 783, CPC) – NULIDADE DA EXECUÇÃO (ART. 803, CPC), CUJA EXTINÇÃO
SE IMPÕE – SENTENÇA MANTIDA – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE

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SUCUMBÊNCIA MAJORADOS EM SEDE RECURSAL - RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJPR - 2ª C. Cível - 0060008-31.2010.8.16.0014 - Londrina - Rel.:
Juíza Angela Maria Machado Costa - J. 07.02.2019)(TJ-PR - APL:
00600083120108160014 PR 0060008-31.2010.8.16.0014 (Acórdão), Relator: Juíza
Angela Maria Machado Costa, Data de Julgamento: 07/02/2019, 2ª Câmara Cível,
Data de Publicação: 08/02/2019)

Nesse contexto, diante da ausência de requisito essencial da execução, qual


seja certeza, liquidez e exigibilidade, Requer a Nulidade da execução, conforme preceitua os artigos 783,
803, I do CPC.

(6.5) - DA AUSÊNCIA DE MORA

Não há que se falar em mora do Apelante, como equivocadamente ficou

fundamentado na sentença recorrida.

A mora reflete uma inexecução de obrigação diferenciada, maiormente quando


representa o injusto retardamento ou o descumprimento culposo da obrigação. Assim, na espécie incide a

regra estabelecida no artigo 394 do Código Civil, com a complementação disposta no artigo 396 desse

mesmo Diploma Legal.

CÓDIGO CIVIL

Art. Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que

não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora

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Com esse enfoque:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C TUTELA DE URGÊNCIA. CÉDULA DE

CRÉDITO BANCÁRIO. TOGADO DE ORIGEM QUE JULGA IMPROCEDENTE A PRETENSÃO

INAUGURAL. RECURSO DO AUTOR. DIREITO INTERTEMPORAL. DECISÃO PUBLICADA EM 25-9-

19.

Incidência do pergaminho fux. Anatocismo. Cédula de crédito bancário. Lei específica (Lei nº

10.931/04, art. 28, § 1º, inciso I) que autoriza a incidência do anatocismo. Necessidade,

todavia, de previsão expressa do encargo. Entendimento do Superior Tribunal de Justiça no

RESP nº 973.827/RS, em julgamento de caráter repetitivo, no sentido de permitir a

capitalização com periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados empós 31-3-00,

data da publicação da Medida Provisória nº 1.963-17, reeditada pela 2.170-36, desde que

expressamente pactuada, considerando-se como tal quando verificado que a taxa de juros

anual é superior ao duodécuplo da taxa mensal. Entendimento recente da "corte da

cidadania" que relativizou a incidência do anatocismo nas cédulas de crédito bancário,

considerando ilegal a periodicidade diária do encargo, por ser excessivamente onerosa ao

consumidor. Caso concreto que se enquadra no posicionamento recente supramencionado.

Cobrança da capitalização diária vedada pela carência na a vença da respectiva taxa.

Permissão, porém, do anatocismo na modalidade mensal. Decisão modificada. Método de

amortização da dívida. Demandante que sustenta a abusividade da utilização da tabela price e

almeja a sua substituição pelo método de gauss acolhimento em parte. Sistema francês que

possui como característica intrínseca a capitalização de juros. Aplicação autorizada somente

aos contratos cuja sua natureza permita o cômputo exponencial de juros e desde que

expressamente pactuada, sob pena de ofensa ao princípio da transparência nas relações de

consumo. Inteligência dos arts. 6º, inciso III e 52, ambos da Lei nº 8.078/90. Hipótese dos

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autos que não há disposição expressa acerca da utilização do referido sistema de amortização.

Emprego obstado. Impossibilidade, todavia, de utilização do sistema de gauss por se tratar de

método com aplicação de juros simples. Incompatibilidade com o negócio jurídico sub

examine que prevê expressamente a capitalização de juros. Recálculo das p arcelas que deve

observ AR a regra encartada no art. 354 do Código Civil. Sentença reformada no ponto.

Descaracterização da mora. Ressonância jurídica do reconhecimento de abusividade no

período de normalidade contratual. Entendimento sufragado no RESP. Nº 1.061.530/RS, de

relatoria da ministra nancy andrighi. Afastamento cogente da mora debendi. Ônus de

sucumbência. Alteração da sentença neste grau de jurisdição. Recalibragem necessária.

Litigantes reciprocamente vencedores e vencidos. Inteligência do art. 86 do código de

processo civil de 2015. Honorários advocatícios. Arbitramento conforme os preceitos

estabelecidos no art. 85, § 2º, do CPC/2015. Vedação à compensação, nos termos do § 14 do

art. 85 do diploma legal citado. Honorários sucumbenciais recursais. Inteligência do art. 85, §§

1º e 11, do código fux. Possibilidade de fixação de ofício em razão da existência de

condenação ao pagamento da verba profissional na origem. Rebeldia parcialmente provida.

(TJSC; AC 0304393-31.2019.8.24.0018; Chapecó; Quarta Câmara de Direito Comercial; Rel.

Des. José Carlos Carstens Kohler; DJSC 13/02/2020; Pag. 258)

Em face dessas considerações, conclui-se que a mora cristaliza o retardamento

por um fato, quando imputável ao devedor. É dizer, quando o credor exige o pagamento do débito, agregado
com encargos excessivos, retira-se do devedor a possibilidade de arcar com a obrigação assumida. Por

conseguinte, não pode lhes ser imputados os efeitos da mora.

Durante o período de normalidade contratual o Banco apelado, impôs ao apelante a


cobrança abusiva de juros remuneratórios cumulados com juros moratórios e multa no percentual de 10%(dez)

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por cento, conforme já reconhecido na sentença proferida nos autos. Portanto, clara está a exigência de
encargos excessivos, retirando do devedor a possibilidade de arcar com a obrigação assumida.

Com efeito, de rigor o afastamento dos encargos moratórios, ou seja,


comissão de permanência, honorários advocatícios, multa contratual e juros moratórios,
descaracterizando a mora do apelante.

(7) – RAZÕES DO PEDIDO DA REFORMA


(CPC, art. 1.010, inc. III)
Em conta disso, é inarredável que a sentença merece ser reformada. Essa

convergiu em error in procedendo e, além disso, em error in judicando, porquanto:

( i ) cerceou o direito de defesa do Apelante, porquanto refutou a indispensável produção

de provas requeridas nos autos;

( ii ) ausência de fundamentação no decisório atacado;

( iii ) constrição excessiva e onerosa de valores;

( iv ) não houve acerto no tocante à periodicidade de capitalização diária e, por isso, feriu a

disciplina contida no CDC, e Precedente sob o Tema 953 do STJ.

(8) – PEDIDO DE NOVA DECISÃO


(CPC, art. 1.010, inc. IV)

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Nessas condições, pleiteia o Recorrente que está Egrégia

Corte reedite mais uma de suas brilhantes atuações, para, em considerando tudo o

mais que dos autos consta, conheça das presentes razões recursais e proveja o

apelo para acolher as preliminares:

1. Inépcia da inicial da execução;


2. Preliminar de Prescrição Trienal da Cédula de Crédito Bancária;
3. Nulidade da Execução haja vista, a quantia executa não corresponder a
obrigação certa, liquida e exigível. (CPC, arts. 798, 803, I § único)
4. em face de cerceamento de defesa;
3. por carência de fundamentação;(CPC, art. 489 §1º VI)

Por tais motivos, pleiteia que seja cassada a sentença

meritória guerreada e, depois disso, seja determinado que os autos retornem ao

juízo de piso para o regular processamento, inclusive com a produção de provas.

Não sendo esse o entendimento, ad argumentandum,

subsidiariamente (CPC, art. 326) pede seja proferida nova decisão (CPC, 1.010, inc.

IV) de sorte a:

(1) declarar abusiva a cobrança de juros capitalizados diariamente nesta


modalidade contratual por ausência de acerto contratual e/ou por decorrência
da onerosidade excessiva.

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(2) sejam afastados seus reflexos no acerto contratual em vertente.

(3) reconhecida a cobrança de encargos contratuais abusivos no período de


normalidade, pede que sejam descartados os efeitos da mora e, ainda
subsidiariamente (CPC, art. 326), seja suprimida a cobrança de comissão de
permanência cumulada com outros encargos moratórios.

(4) Requer igualmente, condenação a devolver em dobro o que fora cobrado a


maior (Lei n°. 10.931/2004, art.28, §3º - Lei de Cédula de Crédito Bancária);
(5) pleiteia-se, por fim, a inversão do ônus de sucumbência.

Respeitosamente, pede deferimento.

João Pessoa (PB), 09 de julho do ano de 2020.

VAGNER MARINHO DE PONTES


Advogado – OAB/PB 15.269

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