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11/12/2020
Número: 0800228-83.2020.8.10.0131
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: Vara Única de Senador La Roque
Última distribuição : 22/02/2020
Valor da causa: R$ 7.700,00
Assuntos: Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Material
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MARIA JOSE DE SOUSA MOURA (AUTOR) ALDEAO JORGE DA SILVA (ADVOGADO)
BANCO BRADESCO SA (REU) ANTONIO DE MORAES DOURADO NETO (ADVOGADO)
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Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
32347 23/06/2020 13:53 Sentença Sentença
699
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
COMARCA DE SENADOR LA ROCQUE
SENTENÇA
1 – RELATÓRIO
Trata-se de ação anulatória c/c indenização por danos morais e materiais e pedido
de liminar.
Alega a parte demandante que procurou a requerida para abrir uma conta bancária
para receber exclusivamente seu benefício previdenciário e/ou salário. Ocorre que o banco réu,
aproveitando-se sua vulnerabilidade, procedeu à abertura de uma conta corrente, sem informar
quais os serviços estavam sendo ofertados e o valore da tarifa que seria cobrada. Desse modo,
parte de sua remuneração era destinada ao pagamento de taxas e serviços não autorizados ou
solicitados.
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é titular uma conta-corrente junto ao banco réu e que concordou com todas as suas cláusulas
para sua movimentação, inclusive com a cobrança de tarifas a que estão sujeitos todos os
correntistas.
2 – FUNDAMENTAÇÃO.
Pelo exposto, afasto a preliminar por entender que, neste caso, o prévio
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requerimento administrativo não é condição para o ajuizamento da demanda.
Quanto à alegação de que a parte autora não juntou aos autos os documentos
necessários e indispensáveis para propositura da ação, ferindo os requisitos essenciais da
petição inicial, de acordo com o art. 320 do CPC.
Todavia, a preliminar, ora objurgada, não merece acolhida.
Cotejando os elementos constantes dos autos, verifico que a causa está instruída com os
documentos necessários para comprovação das alegações da parte promovente, bem como para
propositura da ação, basta observar os documentos juntados no ID 28498326.
Por fim, alegou que apresente demanda é conexa com a ação n.º
500063109220208240002. No entanto, tal número não corresponde a nenhum processo que
tramita nesta Comarca. Apesar disso, este juízo fez a consulta processual pelo nome da
requerente e não encontrou nenhuma outra ação. Por essas razões, rejeito a preliminar.
Passo ao mérito.
Com efeito, se nota que a parte demandante traz relevante início de prova de
descontos indevidos em sua conta bancária, na medida em que juntou os extratos da sua conta
bancária constando que sofreu descontos sob o título “TARIFA BANCÁRIA CESTA”, os quais
foram efetuados pela requerida.
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A defesa, por seu turno, aduz que as tarifas bancárias foram cobradas conforme
previsão contratual e que estes descontos respeitam os limites previsto na tabela de tarifas nos
respectivos períodos, comprovando não ter havido qualquer ilegalidade na atuação do réu.
No caso dos autos, a instituição financeira não trouxe aos autos o contrato de
abertura de conta bancária constando a autorização para os referidos descontos, bem como não
trouxe aos autos nenhuma prova que demonstrasse que o consumidor foi prévia e efetivamente
informado sobre a cobrança de tarifas, não tendo, assim, se desincumbido de seu ônus probatório
(inteligência do art. 373, II, do CPC c/c art. 6º, inc. VIII do CDC).
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Diante disso, é forçoso concluir que o referido desconto não encontrou
embasamento contratual, sendo ilegítima tal cobrança. Assim, o requerido não se incumbiu com
seu ônus da prova, conforme lhe competia nos termos do art. 373, II, do Novo Código de
Processo Civil, c/c art. 6º, VIII, do CDC.
Igualmente, resta evidente que não poderia a parte autora comprovar a não
realização da autorização para desconto, já que se trata de prova impossível e somente o
requerido estava em condições de esclarecer tais fatos e, assim, demonstrar a regularidade dos
descontos efetuados. Nesse diapasão, ressalvadas a diferenças no caso concreto, ensina a
jurisprudência:
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Diante disso, cabe à instituição financeira devolver ao consumidor a quantia
indevidamente descontada de sua conta bancária, mas em dobro, nos termos do parágrafo único
do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor.
De outro norte, passamos a analisar o dano moral que, na hipótese, está fundando
na responsabilidade civil extracontratual por ato ilícito, sendo necessário para sua configuração a
presença de três requisitos que são: a ocorrência do dano, a prática de um ato ilícito pelo agente
e o nexo de causalidade entre esses dois elementos.
Desse modo, resta, também, configurado o dano, pois, no caso, houve cobrança
direta em conta da parte promovente de mensalidade relativa a um contrato sem que o mesmo
tenha sido autorizado pelo titular da conta.
3 - DA TUTELA DE URGÊNCIA
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A concessão de tutela de urgência quebra a ordem jurídica convencional e somente
poderá ser deferida quando presentes os requisitos legais exigidos, quais sejam, probabilidade do
direito alegado e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (art. 300 do CPC).
De se notar ainda, que, segundo os ditames do art. 497, caput, NCPC, o juiz poderá
determinar providências que assegurem a obtenção da tutela pelo resultado, caso a ação tenha
por objeto o cumprimento de obrigação de fazer. O caso em espeque se amolda com perfeição
ao preceituado no NCPC.
Ademais, o artigo 1.012, § 1º, inciso V, do Código de Processo Civil, prevê que
começa a produzir efeitos imediatamente após sua publicação a sentença que "confirma,
concede ou revoga a tutela provisória".
4– DISPOSITIVO
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CDC), os valores descontados da sua conta bancária, decorrentes da cobrança
indevida de tarifa bancária intitulada “TARIFA BANCÁRIA CESTA”, a serem
apurados mediante liquidação por mero cálculo ( art. 509, §2º, do CPC), com juros
de mora de 1% a.m., a partir da citação (CC, art. 405), e a correção monetária pelo
INPC, desde o evento danoso, conforme disposto na Súmula 43 do STJ; e
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