Você está na página 1de 4

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

PJe - Processo Judicial Eletrônico

01/04/2024

Número: 0804945-32.2023.8.19.0213
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: Juizado Especial Cível da Comarca de Mesquita
Última distribuição : 15/05/2023
Valor da causa: R$ 10.299,00
Assuntos: Indenização por Dano Material, Indenização Por Dano Moral - Outros
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MARCOS EDUARDO FREDERICO DE ANDRADE (AUTOR) MARCIO GREGORIO JUNIOR (ADVOGADO)
DILEA COSTA FALCAO (ADVOGADO)
GABRIEL ABRAAO VIEIRA DAS CHAGAS (ADVOGADO)
NRE PARTICIPACOES S.A. (RÉU) JOAO PAULO ROCHA DE AZEVEDO (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
10851 22/03/2024 07:39 Projeto de Sentença Projeto de Sentença
2546
Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
Comarca de Mesquita

Juizado Especial Cível da Comarca de Mesquita

Rua Paraná, 01, Centro, MESQUITA - RJ - CEP: 26553-020

PROJETO DE SENTENÇA

Processo: 0804945-32.2023.8.19.0213

Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436)

AUTOR: MARCOS EDUARDO FREDERICO DE ANDRADE

RÉU: NRE PARTICIPACOES S.A.

Dispensado o relatório, consoante permitido pelo artigo 38 da Lei 9.099/95, passo a


decidir.

Trata-se de ação pelo rito da Lei 9.099/95, na qual a parte autora afirma, em síntese,
que realizou a matrícula no curso da ré, no entanto, antes das aulas se iniciarem, resolveu
solicitar a transferência da matrícula para Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Narra que
requereu a devolução do valor pago na matrícula na data de 23/02/2023, mas não obteve êxito.
Assim, requer a restituição do valor de R$ 299,00, bem como a compensação por danos morais.

Em contestação, o réu argui, preliminarmente, ilegitimidade passiva. No mérito,


sustenta que o autor não respondeu a solicitação de dados bancários para devolução do valor da
matrícula. Pugna pela improcedência dos pedidos autorais.

Rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, pois extrai-se da teoria da


asserção que as condições para o regular exercício do direito de ação devem ser aferidas com
base nas alegações da parte autora. Se esta atribui responsabilidade ao réu, se há ou não nexo
causal entre a conduta do réu e o dano sofrido pelo autor, é questão a ser analisada no mérito.

Passo a análise do mérito.

Não há dúvidas de que a parte autora é consumidora, na forma do art. 2º da Lei

Assinado eletronicamente por: MARIANA MARQUES DA SILVA - 22/03/2024 07:39:45 Num. 108512546 - Pág. 1
https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=24032207394523400000103265845
Número do documento: 24032207394523400000103265845
8.078/90 – o CDC, razão pela qual esta lei é aplicável, com todas as suas regras e princípios.

Ressalte-se que a parte ré é prestadora de serviços e, assim, tem responsabilidade


objetiva, na forma do art. 14 da Lei 8078/90, isto é, responde independentemente da existência
de culpa, cabendo àquele a comprovação de causa de exoneração de sua responsabilidade, nos
termos do §3º do dispositivo antes citado.

No presente caso, a parte autora se insurge quanto à ausência de restituição do valor


pago na matrícula após solicitação de transferência. Compulsando os autos, verifica-se que o réu
não se desincumbiu do seu ônus de provar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor, tendo em vista que não demonstra nos autos que efetuou a restituição do valor da
matrícula.

Frisa-se que não tendo ocorrido a prestação dos serviços educacionais, não pode o
curso reter cobrança referente à matrícula, sendo certo que o autor afirma que solicitou a
transferência antes do inicio das aulas, fato este não impugnado pelo réu. Ademais, entender de
forma diversa, seria violar o princípio da vedação ao enriquecimento sem causa por parte da
instituição de ensino.

Assim, de acordo com as provas trazidas, é indubitável que houve falha na prestação
dos serviços, razão pela qual a ré deverá restituir a quantia de R$ 299,00 ao autor.

O réu alega que o autor permaneceu inerte após solicitação de dados bancários para
restituição. De acordo com o id 58489506, o autor solicitou o cancelamento da matrícula em
14/02/2023 e requereu a devolução do valor na data de 23/02/2023, tendo sido informado que o
prazo de conclusão do requerimento seria em cinco dias úteis (até 02/03/2023). Observa-se,
contudo, que a ré demonstra que solicitou os dados bancários somente em 15/05/2023, ou seja,
mais de dois meses após o pedido de restituição.

Nesse passo, em relação ao pedido de dano moral, é certo que os transtornos


ocasionados à parte autora, em virtude da demora na solução administrativa, refogem aos
aborrecimentos habituais e corriqueiros, importando em violação aos direitos integrantes da
personalidade.

No que diz respeito ao valor da indenização, doutrina e jurisprudência ensinam que


este deve ser fixado à luz do caso concreto, considerando o grau de reprovabilidade da conduta
ilícita, a gravidade do dano por ela produzido e a capacidade econômica das partes. Além disso,
o valor arbitrado deve ser suficiente para compensar a vítima e, ao mesmo tempo, dissuadir o
ofensor da prática de atos futuros semelhantes (caráter pedagógico-punitivo dos danos morais).
Assim, entendo que a quantia de R$ 2.000,00 é razoável e adequada para reparar a lesão aos
direitos da personalidade sofrida pela autora.

Assinado eletronicamente por: MARIANA MARQUES DA SILVA - 22/03/2024 07:39:45 Num. 108512546 - Pág. 2
https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=24032207394523400000103265845
Número do documento: 24032207394523400000103265845
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos e, extinto o processo, nos
termos do Art. 487, I, do CPC, para condenar a ré a: 1) restituir à parte autora o valor de R$
299,00 (duzentos e noventa e nove reais), com correção monetária a partir do desembolso
e juros de mora de 1% ao mês a partir da citação; 2) compensar à parte autora, a título de
danos morais, na quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), acrescida de juros moratórios de
1% ao mês a partir da citação e correção monetária a partir da data da sentença (súmula
362 STJ) pelos índices da CGJ/TJRJ.

Sem custas e honorários. (art. 55, Lei nº 9.099/95)

Nos termos do artigo 40 da Lei 9099/95, submeto o presente projeto de sentença à


homologação pela MM. Juíza de Direito.

MESQUITA, 22 de março de 2024.

MARIANA MARQUES DA SILVA

Assinado eletronicamente por: MARIANA MARQUES DA SILVA - 22/03/2024 07:39:45 Num. 108512546 - Pág. 3
https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=24032207394523400000103265845
Número do documento: 24032207394523400000103265845

Você também pode gostar