Você está na página 1de 4

TJBA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

01/03/2023

Número: 8078418-26.2022.8.05.0001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 16ª VARA DE RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE SALVADOR
Última distribuição : 03/06/2022
Valor da causa: R$ 36.000,00
Assuntos: Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CAMILA SILVA DE ASSIS (AUTOR) LAURA MOURA LACERDA SANTOS (ADVOGADO)
NATHALIA MURAIVIECHI PASSOS (AUTOR) LAURA MOURA LACERDA SANTOS (ADVOGADO)
CAMILA LAPA MATOS RIBAS (AUTOR) LAURA MOURA LACERDA SANTOS (ADVOGADO)
CEREZO PROMOCOES E EVENTOS LTDA - ME (REU) PAULA PEREIRA PIRES (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
34656 04/01/2023 11:47 Decisão Decisão
9290
PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

16ª VARA DE RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE SALVADOR


Rua do Tingui, s/n, Campo da Pólvora,
Fórum Prof. Orlando Gomes - 3º andar, Nazaré, Salvador/BA - CEP 40040-380,
Fone: 3320-6980, E-mail: salvador16vrconsumo@tjba.jus.br

Processo: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) nº 8078418-26.2022.8.05.0001


Órgão Julgador: 16ª VARA DE RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE SALVADOR
AUTOR: CAMILA SILVA DE ASSIS, NATHALIA MURAIVIECHI PASSOS, CAMILA LAPA MATOS RIBAS
Advogado do(a) AUTOR: LAURA MOURA LACERDA SANTOS - BA63204
Advogado do(a) AUTOR: LAURA MOURA LACERDA SANTOS - BA63204
Advogado do(a) AUTOR: LAURA MOURA LACERDA SANTOS - BA63204
REU: CEREZO PROMOCOES E EVENTOS LTDA - ME
Advogado do(a) REU: PAULA PEREIRA PIRES - BA8448

DECISÃO

Vistos, etc.

Inicialmente reconheço que a Acionada não faz jus ao benefício da


gratuidade requerida, pois não há prova da incapacidade de arcar com as despesas do processo,
pois todos os documentos juntados referem-se a gratuidade deferida em processos judiciais
específicos, sem que tenha sido apresentada comprovação da sua incapacidade.

Como é cediço, é possível o deferimento dos benefícios da gratuidade da


justiça à pessoa jurídica, desde que presente nos autos prova contundente e atual de sua
inviabilidade em arcar com os encargos processuais, sem prejuízos de sua própria manutenção.

É o que dispõe a Súmula nº 481, do Superior Tribunal de Justiça, "verbis":

"Súmula 481. Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com
ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos
processuais".

Tal comprovação deve ser feita por meio de documentos que demonstrem,
de forma irrefutável, a precariedade financeira presente da pessoa jurídica, a ensejar a
necessidade da concessão do benefício, tais como declaração de imposto de renda, extratos
bancários, balanços financeiros ou outro documento contábil aprovado pela Assembleia ou
subscrito pelos diretores, entre outros, conforme se extrai da seguinte ementa:

Assinado eletronicamente por: MAURICIO LIMA DE OLIVEIRA - 04/01/2023 11:47:09 Num. 346569290 - Pág. 1
https://pje.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23010411470877800000337347827
Número do documento: 23010411470877800000337347827
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. JUSTIÇA
GRATUITA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. PESSOA JURÍDICA. ALEGAÇÃO DE SITUAÇÃO
ECONÔMICA-FINANCEIRA PRECÁRIA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO MEDIANTE
APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. INVERSÃO DO ONUS PROBANDI.I - A teor da reiterada
jurisprudência deste Tribunal, a pessoa jurídica também pode gozar das benesses alusivas à
assistência judiciária gratuita, Lei 1.060/50. Todavia, a concessão deste benefício impõe
distinções entre as pessoas física e jurídica, quais sejam: a) para a pessoa física, basta o
requerimento formulado junto à exordial, ocasião em que a negativa do benefício fica
condicionada à comprovação da assertiva não corresponder à verdade, mediante provocação do
réu. Nesta hipótese, o ônus é da parte contrária provar que a pessoa física não se encontra em
estado de miserabilidade jurídica. Pode, também, o juiz, na qualidade de Presidente do processo,
requerer maiores esclarecimentos ou até provas, antes da concessão, na hipótese de encontrar-
se em "estado de perplexidade"; b) já a pessoa jurídica, requer uma bipartição, ou seja, se a
mesma não objetivar o lucro (entidades filantrópicas, de assistência social, etc.), o procedimento
se equipara ao da pessoa física, conforme anteriormente salientado.II - Com relação às pessoas
jurídicas com fins lucrativos, a sistemática é diversa, pois o onus probandi é da autora. Em suma,
admite-se a concessão da justiça gratuita às pessoas jurídicas, com fins lucrativos, desde que as
mesmas comprovem, de modo satisfatório, a impossibilidade de arcarem com os encargos
processuais, sem comprometer a existência da entidade.III - A comprovação da miserabilidade
jurídica pode ser feita por documentos públicos ou particulares, desde que os mesmos retratem a
precária saúde financeira da entidade, de maneira contextualizada. Exemplificativamente: a)
declaração de imposto de renda; b) livros contábeis registrados na junta comercial; c) balanços
aprovados pela Assembleia, ou subscritos pelos Diretores,etc.IV - No caso em particular, o
recurso não merece acolhimento, pois o embargante requereu a concessão da justiça gratuita
ancorada em meras ilações, sem apresentar qualquer prova de que encontra-se impossibilitado
de arcar com os ônus processuais.V - Embargos de divergência rejeitados" (Corte Especial,
EREsp nº 388.045/RS, rel. Min. Gilson Dipp, j. 01/08/2003, DJ 22/09/2003).

Portanto, há que se considerar que a acionada possui plenas condições de


arcar com o pagamento das despesas processuais.

Verifico, pois, que a relação processual que se instaurou desenvolveu-se


regularmente e o direito de ação pode ser validamente exercido no caso concreto, o que autoriza
o julgamento do mérito.

Assim sendo, declaro saneado o feito, invertendo o ônus da prova em favor


da acionante, por força do que dispõe o art. 14,§3º, I e II do CDC.

A questão fática sobre a qual recairá a atividade probatória diz respeito a


existência de defeito no serviço prestado pela Acionada.

Já as questões de direito relevantes para decisão de mérito:


responsabilidade civil da acionada, dano mateira, dano moral e sua quantificação.

Assinado eletronicamente por: MAURICIO LIMA DE OLIVEIRA - 04/01/2023 11:47:09 Num. 346569290 - Pág. 2
https://pje.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23010411470877800000337347827
Número do documento: 23010411470877800000337347827
Passo a delimitar a atividade probatória, deferindo a produção de prova
testemunhal requerida, designando dia 1º de março de 2023 às 15:30 para realização de
audiência de instrução e julgamento.

P. I.

Salvador, 4 de janeiro de 2023.

Maurício Lima de Oliveira


Juiz de Direito Titular

Assinado eletronicamente por: MAURICIO LIMA DE OLIVEIRA - 04/01/2023 11:47:09 Num. 346569290 - Pág. 3
https://pje.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23010411470877800000337347827
Número do documento: 23010411470877800000337347827

Você também pode gostar