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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/06/2022

Número: 0800579-06.2019.8.15.0211
Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
Órgão julgador: 2ª Vara Mista de Itaporanga
Última distribuição : 02/05/2019
Valor da causa: R$ 1.000,00
Processo referência: 08005790620198150211
Assuntos:
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PATRICIA RODRIGUES DOS SANTOS (REQUERENTE) JAILSON LOPES DE SOUSA (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE ITAPORANGA (REQUERIDO) FRANCISCO VALERIANO RAMALHO (ADVOGADO)
Maria do Desterro Silva Sousa (REQUERIDO)
MARIA IVANARA MACHADO DE OLIVEIRA (REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
41053 26/03/2021 06:54 Sentença Sentença
886
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA
COMARCA DE ITAPORANGA
Juízo do(a) 2ª Vara Mista de Itaporanga
Manoel Moreira Dantas, S/N, 104, João Silvino da Fonseca, ITAPORANGA - PB - CEP: 58780-000
Tel.: ( ) ; e-mail:
Telefone do Telejudiciário: (83) 3216-1440 ou (83) 3216-1581

v.1.00

SENTENÇA

Nº do Processo: 0800579-06.2019.8.15.0211
Classe Processual: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7)
Assuntos: [Obrigação de Fazer / Não Fazer]

AUTOR: PATRICIA RODRIGUES DOS SANTOS


REU: MUNICIPIO DE ITAPORANGA

Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 1
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21032606545049000000039091343
Número do documento: 21032606545049000000039091343
AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA
DE URGÊNCIA. CONCURSO PÚBLICO.
APROVAÇÃO FORA DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL. SURGIMENTO DE
VAGA POR EXONERAÇÃO DE CANDIDATO
MAIS BEM COLOCADO. DIREITO SUBJETIVO À
NOMEAÇÃO. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

Vistos etc.

Cuida-se de ação ordinária com pedido de tutela de urgência movido por PATRICIA
RODRIGUES DOS SANTOS, já qualificado, em desfavor do MUNICIPAL DE ITAPORANGA,
pelos fatos e fundamentos expostos na inicial.

Alega o promovente que prestou Concurso Público realizado pelo Município de Itaporanga (PB)
para o cargo de Psicopedagogo que previa 01(uma) vaga, classificando-se em 3º lugar. Relata que as 02
(duas) primeiras colocadas para o Cargo de Psicopedagogo, respectivamente, Maria Do Desterro Silva
Sousa e Maria Ivanara Machado De Oliveira, foram nomeadas. Aduz, ainda, que a Maria do Desterro
acumula irregularmente 02 (dois) vínculos, sendo Psicopedagoga (40 h semanais) lotada no Município de
Itaporanga/PB e como Psicopedagoga (30 h semanais) lotada no Município de Serra Grande/PB.
Requereu o promovente o deferimento da tutela de urgência para fins de declarar inconstitucional a
acumulação de Cargos da Sra. Maria do Desterro Silva Sousa determinando ao Município réu que
notifique a mesma para que possa fazer a opção por 01 (um) dentre os 02 (dois) cargos públicos, bem
como que seja determinada a posse imediata do autor, até o julgamento do presente feito, e, no mérito, a
confirmação da tutela de urgência.

Juntou a inicial os documentos e procuração.

A parte autora apresentou emendar a inicial a fim de incluir no polo passivo da demanda Maria
Do Desterro Silva Sousa e Maria Ivanara Machado de Oliveira (id 23060255).

A promovida Maria Ivanara Machado De Oliveira apresentou contestação no id 30892750,


alegando em sede preliminar a sua ilegitimidade passiva, e, no mérito, a improcedência da ação.

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O Município de Itaporanga juntou contestação no id 34466120, pugnando pela improcedência da
lide.

Já a promovida Maria Do Desterro Silva Sousa apresentou contestação no id 35197612, alegando


a legalidade de sua acumulação de cargos e requereu ao final a improcedência da ação.

A parte autora ofereceu impugnação às contestações no id 37061946.

O Ministério Público emitiu parecer no id 37944241.

A parte autora juntou petição informando que a promovida Maria Do Desterro Silva Sousa foi
exonerada, tendo juntado cópia da publicação da portaria de exoneração (id 40288675 e 40288676 - Pág.
15/16).

O processo foi saneado, conforme decisão do id 40696498, tendo sido declarada a ilegitimidade
passiva das promovidas exclusão do polo passivo das promovidas Maria Do Desterro Silva Sousa e Maria
Ivanara Machado De Oliveira.

Intimadas a especificarem as provas que pretendiam produzir, as partes requereram o julgamento


antecipado da lide (id 40983200 e 40996805).

Vieram-me os autos conclusos.

É o relatório.

Decido.

DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE

A priori, deve-se ressaltar que o feito comporta julgamento antecipado da lide, visto que se trata
de matéria de direito e de fato que prescinde de dilação probatória. Desta forma, indefiro o pedido de fls.
136/37 de produção de prova testemunhal.

Com efeito, o art. 355, I, do NCPC é bem claro ao dispor:

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Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,
quando: :

I –não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na
forma do art. 349.

A doutrina processualista reconhece o julgamento antecipado da lide como medida de economia


processual:

“Também deve haver julgamento antecipado da lide, embora o mérito envolva matéria de fato e
de direito, não houver necessidade de produção de prova em audiência. Nestes casos, inspirado
pelo princípio da economia processual, o legislador autoriza o juiz a dispensar a audiência de
instrução e julgamento” (Luiz Rodrigues Wambier. Curso Avançado de Processo Civil. 3ª ed.
Revista dos Tribunais, 2000).

No caso em exame, é evidente a admissibilidade do conhecimento direto do pedido, nos termos


do art. 355, I, do NCPC, posto que as partes instruíram o processo com provas documentais suficientes
para o deslinde do litígio. Ademais, as partes pugnaram pelo julgamento antecipado da lide.

MÉRITO.

A matéria posta sob apreciação revela nítida abordagem constitucional, sendo que o candidato
aprovado em concurso público, dentro do número de vagas previstas no edital, tem direito subjetivo à
nomeação no cargo para o qual foi aprovado, conforme se extrai do art. 37, IV, da Constituição da
República:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...) IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em


concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

Assim, a nomeação do candidato aprovado dentro do número de vagas é ato vinculado da


Administração Pública. Todavia, a Administração tem o poder discricionário para decidir o
momento adequado para a nomeação, observando os critérios da conveniência e oportunidade,

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desde que não seja ultrapassado o prazo de validade do concurso e não haja preterição dos
primeiros colocados.

Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, firmou


entendimento no sentido de que a aprovação do candidato, dentro do número de vagas
disponibilizadas no edital do concurso, confere-lhe direito subjetivo à nomeação para o
respectivo cargo, dentro do prazo de validade do certame, in verbis:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. 1. CANDIDATO
APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS: DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO.
2. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. PRETERIÇÃO DE CANDIDATO. BURLA AO
PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA
PROVIMENTO. 1. O candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no Edital de
concurso público tem direito subjetivo à nomeação durante o prazo de validade do
concurso. Tema cuja repercussão geral foi reconhecida. Precedente. 2. A contratação
temporária de pessoal, no período de validade do concurso público, configura preterição do
candidato aprovado e intolerável burla ao princípio do concurso público. (ARE 816455 AgR,
Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 05/08/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-158 DIVULG 15-08- 2014 PUBLIC 18-08-2014)

Não obstante, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal manifestou-se, outro lado e


complementarmente, no sentido de que “o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso
para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o
direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital” (STF, RE 837311,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/2015, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-072 DIVULG 15-04-2016 PUBLIC 18-04-2016).

Logo, a classificação de candidatos fora das vagas previstas no edital não lhes assegura direito
subjetivo à nomeação, gerando tão somente mera expectativa de direito. Nesse passo, caberá à
Administração Pública estabelecer o momento da investidura, de maneira discricionária, residindo,
inclusive, a discricionariedade quanto à nomeação de candidatos aprovados, mas inseridos em cadastro de
reserva, os quais, a princípio, possuem mera expectativa de direito.

Com efeito, posteriormente à consolidação do seu entendimento de que os candidatos aprovados


dentro do número de vagas previsto no edital adquirem direito à nomeação e de que o surgimento de
novas vagas não gera o direito automático, o Supremo Tribunal Federal estendeu o reconhecimento
desse mesmo direito ao candidato que tenha sido aprovado fora das vagas previstas no edital, mas que, em
razão da desistência de candidatos classificados acima dele, passe a estar colocado dentro do número das
vagas oferecidas.

É dentro desse enfoque que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal diferencia e afirma a
necessidade de nomeação dos aprovados fora das vagas que passam a nelas figurar por ocasião da
desistência ou exoneração dos candidatos do mesmo certame mais bem classificados.

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Esse entendimento vem sendo reafirmado pela Suprema Corte, mesmo após o julgamento
repetitivo acima mencionado, no sentido de que o surgimento de vagas posteriores não gera
automaticamente o direito à nomeação dos aprovados em cadastro de reserva. A propósito, confiram-se os
julgados do Pretório Excelso:

“EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATO QUE PASSA
A FIGURAR DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL.
DESISTÊNCIA DE CANDIDATO CLASSIFICADO EM COLOCAÇÃO SUPERIOR.
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRECEDENTES. ALEGADA VIOLAÇÃO AO
ART. 2º DA CF/88. IMPROCEDÊNCIA. 1. O Plenário desta Corte firmou entendimento no
sentido de que possui direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado dentro do número de
vagas previstas no edital de concurso público (RE 598.099- RG, Rel. Min. Gilmar Mendes; e RE
837.311-RG, Rel. Min. Luiz Fux). 2. O direito à nomeação também se estende ao candidato
aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as
vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação superior.
Precedentes. 3. A jurisprudência desta Corte e pacífica no sentido de que não viola o princípio
da separação de Poderes o exame, pelo Poder Judiciário, de ato administrativo tido por ilegal ou
abusivo. Precedentes. 4. Nos termos do art. 85, § 11, do CPC/2015, fica majorado em 25% o
valor da verba honorária fixada anteriormente, observados os limites legais do art. 85, §§ 2º e 3º,
do CPC/2015. 5. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no
art. 1.021, § 4º, do CPC/2015”. (STF, ARE 956521 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO
BARROSO, Primeira Turma, julgado em 28/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243
DIVULG 16-11-2016 PUBLIC 17-11-2016). (grifo nosso).

“EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATO QUE PASSA A FIGURAR
DENTRO Remessa Oficial nº 00013435620108150141 7 DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL. DESISTÊNCIA DE CANDIDATO CLASSIFICADO EM
COLOCAÇÃO SUPERIOR. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O
Plenário desta Corte já firmou entendimento no sentido de que possui direito subjetivo à
nomeação o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital de concurso
público (RE 598.099- RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, e RE 837.311-RG, Rel. Min. Luiz Fux). 2.
O direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do número de vagas
previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência
de candidatos classificados em colocação superior. Precedentes. 3. Agravo regimental a que
se nega provimento”. (STF, RE 916425 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira
Turma, julgado em 28/06/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-166 DIVULG 08- 08-2016
PUBLIC 09-08-2016).

E, no mesmo sentido, vem se manifestando o E. Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, no


sentido de que há direito à nomeação de candidatos aprovados fora das vagas iniciais previstas no edital,
que, porém, passam a figurar dentro do numerário anunciado pela administração, seja em virtude da
desistência de outros mais bem classificados ou da exoneração de aprovados no mesmo certame em igual
circunstância. Por todos colaciono os seguintes precedentes:

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Número do documento: 21032606545049000000039091343
EMENTA: ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSO PÚBLICO PARA O
CARGO DE DIGITADOR DO MUNICÍPIO DE BAYEUX. CONVOCAÇÃO DOS CANDIDATOS
APROVADOS. DESISTÊNCIA. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO DO CANDIDATO
INICIALMENTE POSICIONADO ALÉM DO NÚMERO DE VAGAS. PRECEDENTES. APLICAÇÃO
DO ART. 932, IV,DO CPC. NEGADO PROVIMENTO AO APELO. - “O não preenchimento de todas
as vagas ofertadas dentro do prazo de validade do concurso, em razão da eliminação de candidato
inicialmente habilitado dentro do número previsto em Edital, gera o direito subjetivo à nomeação
do candidato classificado na posição imediatamente subsequente na lista de classificados.” (TJPB -
ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00023522720148150751, - Não possui -, Relator DES. MARCOS
CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE , j. em 27-10-2017)

REMESSA OFICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO


PÚBLICO. APROVAÇÃO FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL.
IMPETRANTE QUE FIGURA EM CADASTRO DE RESERVA. COMPROVAÇÃO DE desistência DE
CANDIDATOS APROVADOS NO MESMO CERTAME MAIS BEM CLASSIFICADOS.
DEMANDANTE QUE PASSA A FIGURAR DENTRO DO NUMERÁRIO DE VAGAS
ANUNCIADOS PELA ADMINISTRAÇÃO NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DO CONCURSO.
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO DO
REEXAME. - Da teoria do concurso público, de acordo com os julgados dos Tribunais Superiores,
deflui-se a seguinte conclusão: a) o direito subjetivo à nomeação é assegurado aos candidatos aprovados
dentro das vagas previstas no edital; b) a classificação de candidatos fora das vagas inicialmente previstas
não lhes assegura direito à nomeação, gerando tão somente mera expectativa de direito, salvo em caso de
preterição por inobservância da ordem de classificação ou por nomeação decorrente de novo concurso em
preterição aos do certame anterior, ou ainda, excepcionalmente, quando houver manifestações
inequívocas da Administração acerca da existência de vagas e da necessidade de chamamento de novos
aprovados (STF, RE 837311, Relator Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe 18-04-2016); e c) há direito à
nomeação de candidatos aprovados fora das vagas iniciais previstas no edital, que, porém, passam a
figurar dentro do numerário anunciado pela administração, seja em virtude da desistência de
outros mais bem classificados ou da exoneração de aprovados no mesmo certame em igual
circunstância (STF, ARE 956521 AgR, Relator Min. Luís Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 17-11-
2016). - Demonstrado o direito da impetrante em ser nomeada no cargo que postula, uma vez que
comprovada a desistência/exoneração de candidatos mais bem classificados dentro das vagas do edital,
verifica-se correta a decisão que concedeu a segurança perquirida. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do
Processo Nº 00013435620108150141, 2ª Câmara Especializada Cível, Relator DES. OSWALDO
TRIGUEIRO DO VALLE FILHO , j. em 17-10-2017)

No caso dos autos restou evidenciado que o promovente foi classificado na 3ª colocação,
para o cargo de Psicopedagogo, concurso este realizado pelo Município de Itaporanga-Pb, com
homologação final em 21/06/2016, por meio do Decreto nº 141/2016 (id 20892425), tendo sido
prorrogado por mais dois anos, conforme decreto 078/2018 (id 34466122). Verifica- se conforme o
edital de id 20892267 que o certame previa o total de 01 (uma) vaga para o cargo de Psicopedagogo,
no entanto, o Município de Itaporanga convocou e nomeou as duas primeiras candidatas para o
respectivo cargo supracitado, consoante documentos dos id 20892420, 30892757, 30892755 e
35197624. A primeira colocada, qual seja, Maria Do Desterro Silva Sousa, foi convocado e assumiu
o cargo, mas no curso do processo esta veio a ser exoneração pelo município diante a acumulação
irregular de cargo, conforme portaria nº 150/2021 do id 40288676 - Pág. 15/16. Desta forma, pelas
provas documentais acostadas, constatou-se a exoneração de outra candidata nomeada, advindo, a
toda evidência, a vaga a ser preenchida pela promovente.

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Portanto, deve ser julgado procedente do pedido da parte autora, considerando o seguimento de
uma nova vaga e restar demonstrado a necessidade de seu preenchimento.

Por fim, quanto ao pedido de declaração de inconstitucionalidade de acumulação de Cargos por


parte de Maria do Desterro Silva Sousa, este resta prejudicado, diante de sua exoneração pelo município,
conforme portaria nº 150/2021 do id 40288676 - Pág. 15/16.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

É cediço que para concessão de tutelas de urgência, como a da hipótese, mister que concorram os
requisitos do art. 300, NCPC. Acerca de tais requisitos, ensina NERY[1]:

“3. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: periculum in mora. Duas situações,
distintas e não cumulativas entre si, ensejam a tutela de urgência. A primeira hipótese
autorizadora dessa antecipação é o periculum in mora, segundo expressa disposição do CPC
300. Esse perigo, como requisito para a concessão da tutela de urgência, é o mesmo elemento de
risco que era exigido, no sistema do CPC/1973, para a concessão de qualquer medida cautelar ou
em alguns casos de antecipação de tutela.

4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris . Também é preciso que a
parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris).
Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou do
processo de execução (Nery. Recursos7 , n. 3.5.2.9, p. 452).”

No caso dos autos, como acima salientado, restou comprovado que a promovente foi classificada
na 3ª colocação, para o cargo de Psicopedagogo, concurso este realizado pelo Município de
Itaporanga-Pb, com homologação final em 21/06/2016, por meio do Decreto nº 141/2016 (id 20892425),
tendo sido prorrogado por mais dois anos, conforme decreto 078/2018 (id 34466122). Verifica- se
conforme o edital de id 20892267 que o certame previa o total de 01 (uma) vaga para o cargo de
Psicopedagogo, no entanto, o Município de Itaporanga convocou e nomeou as duas primeiras candidatas
para o respectivo cargo supracitado, consoante documentos dos id 20892420, 30892757, 30892755 e
35197624. A primeira colocada, qual seja, Maria Do Desterro Silva Sousa, foi convocado e assumiu o
cargo, mas no curso do processo esta veio a ser exoneração pelo município diante a acumulação irregular
de cargo, conforme portaria nº 150/2021 do id 40288676 - Pág. 15/16. Desta forma, pelas provas
documentais acostadas, constatou-se a exoneração de outra candidata nomeada, advindo, a toda evidência,
a vaga a ser preenchida pela promovente. Portanto presente a prova inequívoca do direito do autor.

Entendo, neste exame perfunctório do direito, presente a verossimilhança do alegado, bem


como a necessidade de concessão da medida de urgência (perigo da demora), dada a possibilidade de
dano irreparável ou de difícil reparação, vez que se tiver que aguardar o desfecho final da demanda, a
autora poderá sofrer prejuízos ainda maiores, resultantes da impossibilidade de tomar posse e entregar em
exercício para o cargo que foi aprovado.

Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 8
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Número do documento: 21032606545049000000039091343
Pelos mesmos motivos supra, desnecessária a imposição de caução (art. 300, § 1º, NCPC).

DISPOSITIVO.

Ex positis, mais os que dos autos consta, princípios de Direito e jurisprudência aplicáveis à
espécie, JULGO PROCEDENTE o pedido da inicial a fim de que o Município de Itaporanga-PB,
PROCEDA A NOMEAÇÃO E POSSE DA PARTE AUTORA PATRICIA RODRIGUES DOS
SANTOS no cargo de Psicopedagogo, garantindo-lhe o pagamento da remuneração cabível, com efeitos
financeiros retroativos à data da impetração desta ação, bem como CONCEDO A TUTELA DE
URGÊNCIA a fim de para determinar ao município de Itaporanga-PB proceda a IMEDIATA
CONVOCAÇÃO E NOMEAÇÃO da impetrante para o cargo de Psicopedagogo, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, sob pena de aplicação de multa cominatória diária no importe de R$ 100,00 (cem
reais), até o limite de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), sem prejuízo da ampliação da multa ou adoção de
outras medidas, caso se afigure necessário (art. 297, c/c art. 497, ambos do NCPC) e ainda, sob pena de o
seu Prefeito Constitucional cometer o crime do Art. 1°, XIV, do Dec.-Lei n° 201/1967 e do crime de
desobediência, nos termos do art. 330, do CP, sem prejuízo de outras medidas coercitivas cabíveis (art.
26, da Lei nº 12.016/2009), em caso de recalcitrância este juízo poderá, inclusive, direcionar a multa
pessoalmente na figura do gestor.

Sobre todos os itens acima indicados serão acrescidos correção monetária (com índices do
IPCA-E), a partir de cada parcela, e os juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de
poupança, na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, a partir da
citação inicial, tudo conforme decidido na Repercussão Geral no Recurso Extraordinário RE 870947
RG / SE-Sergipe.

Condeno o promovido nos honorários advocatícios no percentual de 10% (dez por cento) sobre
o valor total da condenação (art. 85, §§ 2º e 3º, do NCPC),

Deixo de condenar em custas, vez que há isenção legal (art. 29, lei estadual nº 5672/92).

Decisão não sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório, visto que o valor da condenação não
ultrapassa o limite estabelecido no § 3º, III, do art. 496, do NCPC.

Intime-se com urgência o município, através do prefeito municipal, acerca desta sentença e
do deferimento da tutela de urgência.

P.R.I. e cumpra-se.

Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 9
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Número do documento: 21032606545049000000039091343
Itaporanga/PB, data e assinatura digitais.

Antonio Eugênio Leite Ferreira Neto

Juiz de Direito

[1] NERY JÚNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao CPC – NOVO CPC –
Lei 13.105/2015, 1ª ed., 2ª tiragem, São Paulo: RT, 2015, p. 857-8.

Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 10
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21032606545049000000039091343
Número do documento: 21032606545049000000039091343

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