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28/06/2022
Número: 0800579-06.2019.8.15.0211
Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
Órgão julgador: 2ª Vara Mista de Itaporanga
Última distribuição : 02/05/2019
Valor da causa: R$ 1.000,00
Processo referência: 08005790620198150211
Assuntos:
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PATRICIA RODRIGUES DOS SANTOS (REQUERENTE) JAILSON LOPES DE SOUSA (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE ITAPORANGA (REQUERIDO) FRANCISCO VALERIANO RAMALHO (ADVOGADO)
Maria do Desterro Silva Sousa (REQUERIDO)
MARIA IVANARA MACHADO DE OLIVEIRA (REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
41053 26/03/2021 06:54 Sentença Sentença
886
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA
COMARCA DE ITAPORANGA
Juízo do(a) 2ª Vara Mista de Itaporanga
Manoel Moreira Dantas, S/N, 104, João Silvino da Fonseca, ITAPORANGA - PB - CEP: 58780-000
Tel.: ( ) ; e-mail:
Telefone do Telejudiciário: (83) 3216-1440 ou (83) 3216-1581
v.1.00
SENTENÇA
Nº do Processo: 0800579-06.2019.8.15.0211
Classe Processual: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7)
Assuntos: [Obrigação de Fazer / Não Fazer]
Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 1
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21032606545049000000039091343
Número do documento: 21032606545049000000039091343
AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA
DE URGÊNCIA. CONCURSO PÚBLICO.
APROVAÇÃO FORA DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL. SURGIMENTO DE
VAGA POR EXONERAÇÃO DE CANDIDATO
MAIS BEM COLOCADO. DIREITO SUBJETIVO À
NOMEAÇÃO. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
Vistos etc.
Cuida-se de ação ordinária com pedido de tutela de urgência movido por PATRICIA
RODRIGUES DOS SANTOS, já qualificado, em desfavor do MUNICIPAL DE ITAPORANGA,
pelos fatos e fundamentos expostos na inicial.
Alega o promovente que prestou Concurso Público realizado pelo Município de Itaporanga (PB)
para o cargo de Psicopedagogo que previa 01(uma) vaga, classificando-se em 3º lugar. Relata que as 02
(duas) primeiras colocadas para o Cargo de Psicopedagogo, respectivamente, Maria Do Desterro Silva
Sousa e Maria Ivanara Machado De Oliveira, foram nomeadas. Aduz, ainda, que a Maria do Desterro
acumula irregularmente 02 (dois) vínculos, sendo Psicopedagoga (40 h semanais) lotada no Município de
Itaporanga/PB e como Psicopedagoga (30 h semanais) lotada no Município de Serra Grande/PB.
Requereu o promovente o deferimento da tutela de urgência para fins de declarar inconstitucional a
acumulação de Cargos da Sra. Maria do Desterro Silva Sousa determinando ao Município réu que
notifique a mesma para que possa fazer a opção por 01 (um) dentre os 02 (dois) cargos públicos, bem
como que seja determinada a posse imediata do autor, até o julgamento do presente feito, e, no mérito, a
confirmação da tutela de urgência.
A parte autora apresentou emendar a inicial a fim de incluir no polo passivo da demanda Maria
Do Desterro Silva Sousa e Maria Ivanara Machado de Oliveira (id 23060255).
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O Município de Itaporanga juntou contestação no id 34466120, pugnando pela improcedência da
lide.
A parte autora juntou petição informando que a promovida Maria Do Desterro Silva Sousa foi
exonerada, tendo juntado cópia da publicação da portaria de exoneração (id 40288675 e 40288676 - Pág.
15/16).
O processo foi saneado, conforme decisão do id 40696498, tendo sido declarada a ilegitimidade
passiva das promovidas exclusão do polo passivo das promovidas Maria Do Desterro Silva Sousa e Maria
Ivanara Machado De Oliveira.
É o relatório.
Decido.
A priori, deve-se ressaltar que o feito comporta julgamento antecipado da lide, visto que se trata
de matéria de direito e de fato que prescinde de dilação probatória. Desta forma, indefiro o pedido de fls.
136/37 de produção de prova testemunhal.
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Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,
quando: :
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na
forma do art. 349.
“Também deve haver julgamento antecipado da lide, embora o mérito envolva matéria de fato e
de direito, não houver necessidade de produção de prova em audiência. Nestes casos, inspirado
pelo princípio da economia processual, o legislador autoriza o juiz a dispensar a audiência de
instrução e julgamento” (Luiz Rodrigues Wambier. Curso Avançado de Processo Civil. 3ª ed.
Revista dos Tribunais, 2000).
MÉRITO.
A matéria posta sob apreciação revela nítida abordagem constitucional, sendo que o candidato
aprovado em concurso público, dentro do número de vagas previstas no edital, tem direito subjetivo à
nomeação no cargo para o qual foi aprovado, conforme se extrai do art. 37, IV, da Constituição da
República:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
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desde que não seja ultrapassado o prazo de validade do concurso e não haja preterição dos
primeiros colocados.
Logo, a classificação de candidatos fora das vagas previstas no edital não lhes assegura direito
subjetivo à nomeação, gerando tão somente mera expectativa de direito. Nesse passo, caberá à
Administração Pública estabelecer o momento da investidura, de maneira discricionária, residindo,
inclusive, a discricionariedade quanto à nomeação de candidatos aprovados, mas inseridos em cadastro de
reserva, os quais, a princípio, possuem mera expectativa de direito.
É dentro desse enfoque que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal diferencia e afirma a
necessidade de nomeação dos aprovados fora das vagas que passam a nelas figurar por ocasião da
desistência ou exoneração dos candidatos do mesmo certame mais bem classificados.
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Esse entendimento vem sendo reafirmado pela Suprema Corte, mesmo após o julgamento
repetitivo acima mencionado, no sentido de que o surgimento de vagas posteriores não gera
automaticamente o direito à nomeação dos aprovados em cadastro de reserva. A propósito, confiram-se os
julgados do Pretório Excelso:
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EMENTA: ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSO PÚBLICO PARA O
CARGO DE DIGITADOR DO MUNICÍPIO DE BAYEUX. CONVOCAÇÃO DOS CANDIDATOS
APROVADOS. DESISTÊNCIA. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO DO CANDIDATO
INICIALMENTE POSICIONADO ALÉM DO NÚMERO DE VAGAS. PRECEDENTES. APLICAÇÃO
DO ART. 932, IV,DO CPC. NEGADO PROVIMENTO AO APELO. - “O não preenchimento de todas
as vagas ofertadas dentro do prazo de validade do concurso, em razão da eliminação de candidato
inicialmente habilitado dentro do número previsto em Edital, gera o direito subjetivo à nomeação
do candidato classificado na posição imediatamente subsequente na lista de classificados.” (TJPB -
ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00023522720148150751, - Não possui -, Relator DES. MARCOS
CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE , j. em 27-10-2017)
No caso dos autos restou evidenciado que o promovente foi classificado na 3ª colocação,
para o cargo de Psicopedagogo, concurso este realizado pelo Município de Itaporanga-Pb, com
homologação final em 21/06/2016, por meio do Decreto nº 141/2016 (id 20892425), tendo sido
prorrogado por mais dois anos, conforme decreto 078/2018 (id 34466122). Verifica- se conforme o
edital de id 20892267 que o certame previa o total de 01 (uma) vaga para o cargo de Psicopedagogo,
no entanto, o Município de Itaporanga convocou e nomeou as duas primeiras candidatas para o
respectivo cargo supracitado, consoante documentos dos id 20892420, 30892757, 30892755 e
35197624. A primeira colocada, qual seja, Maria Do Desterro Silva Sousa, foi convocado e assumiu
o cargo, mas no curso do processo esta veio a ser exoneração pelo município diante a acumulação
irregular de cargo, conforme portaria nº 150/2021 do id 40288676 - Pág. 15/16. Desta forma, pelas
provas documentais acostadas, constatou-se a exoneração de outra candidata nomeada, advindo, a
toda evidência, a vaga a ser preenchida pela promovente.
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Portanto, deve ser julgado procedente do pedido da parte autora, considerando o seguimento de
uma nova vaga e restar demonstrado a necessidade de seu preenchimento.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
É cediço que para concessão de tutelas de urgência, como a da hipótese, mister que concorram os
requisitos do art. 300, NCPC. Acerca de tais requisitos, ensina NERY[1]:
“3. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: periculum in mora. Duas situações,
distintas e não cumulativas entre si, ensejam a tutela de urgência. A primeira hipótese
autorizadora dessa antecipação é o periculum in mora, segundo expressa disposição do CPC
300. Esse perigo, como requisito para a concessão da tutela de urgência, é o mesmo elemento de
risco que era exigido, no sistema do CPC/1973, para a concessão de qualquer medida cautelar ou
em alguns casos de antecipação de tutela.
4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris . Também é preciso que a
parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris).
Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou do
processo de execução (Nery. Recursos7 , n. 3.5.2.9, p. 452).”
No caso dos autos, como acima salientado, restou comprovado que a promovente foi classificada
na 3ª colocação, para o cargo de Psicopedagogo, concurso este realizado pelo Município de
Itaporanga-Pb, com homologação final em 21/06/2016, por meio do Decreto nº 141/2016 (id 20892425),
tendo sido prorrogado por mais dois anos, conforme decreto 078/2018 (id 34466122). Verifica- se
conforme o edital de id 20892267 que o certame previa o total de 01 (uma) vaga para o cargo de
Psicopedagogo, no entanto, o Município de Itaporanga convocou e nomeou as duas primeiras candidatas
para o respectivo cargo supracitado, consoante documentos dos id 20892420, 30892757, 30892755 e
35197624. A primeira colocada, qual seja, Maria Do Desterro Silva Sousa, foi convocado e assumiu o
cargo, mas no curso do processo esta veio a ser exoneração pelo município diante a acumulação irregular
de cargo, conforme portaria nº 150/2021 do id 40288676 - Pág. 15/16. Desta forma, pelas provas
documentais acostadas, constatou-se a exoneração de outra candidata nomeada, advindo, a toda evidência,
a vaga a ser preenchida pela promovente. Portanto presente a prova inequívoca do direito do autor.
Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 8
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Pelos mesmos motivos supra, desnecessária a imposição de caução (art. 300, § 1º, NCPC).
DISPOSITIVO.
Ex positis, mais os que dos autos consta, princípios de Direito e jurisprudência aplicáveis à
espécie, JULGO PROCEDENTE o pedido da inicial a fim de que o Município de Itaporanga-PB,
PROCEDA A NOMEAÇÃO E POSSE DA PARTE AUTORA PATRICIA RODRIGUES DOS
SANTOS no cargo de Psicopedagogo, garantindo-lhe o pagamento da remuneração cabível, com efeitos
financeiros retroativos à data da impetração desta ação, bem como CONCEDO A TUTELA DE
URGÊNCIA a fim de para determinar ao município de Itaporanga-PB proceda a IMEDIATA
CONVOCAÇÃO E NOMEAÇÃO da impetrante para o cargo de Psicopedagogo, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, sob pena de aplicação de multa cominatória diária no importe de R$ 100,00 (cem
reais), até o limite de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), sem prejuízo da ampliação da multa ou adoção de
outras medidas, caso se afigure necessário (art. 297, c/c art. 497, ambos do NCPC) e ainda, sob pena de o
seu Prefeito Constitucional cometer o crime do Art. 1°, XIV, do Dec.-Lei n° 201/1967 e do crime de
desobediência, nos termos do art. 330, do CP, sem prejuízo de outras medidas coercitivas cabíveis (art.
26, da Lei nº 12.016/2009), em caso de recalcitrância este juízo poderá, inclusive, direcionar a multa
pessoalmente na figura do gestor.
Sobre todos os itens acima indicados serão acrescidos correção monetária (com índices do
IPCA-E), a partir de cada parcela, e os juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de
poupança, na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, a partir da
citação inicial, tudo conforme decidido na Repercussão Geral no Recurso Extraordinário RE 870947
RG / SE-Sergipe.
Condeno o promovido nos honorários advocatícios no percentual de 10% (dez por cento) sobre
o valor total da condenação (art. 85, §§ 2º e 3º, do NCPC),
Deixo de condenar em custas, vez que há isenção legal (art. 29, lei estadual nº 5672/92).
Decisão não sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório, visto que o valor da condenação não
ultrapassa o limite estabelecido no § 3º, III, do art. 496, do NCPC.
Intime-se com urgência o município, através do prefeito municipal, acerca desta sentença e
do deferimento da tutela de urgência.
P.R.I. e cumpra-se.
Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 9
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21032606545049000000039091343
Número do documento: 21032606545049000000039091343
Itaporanga/PB, data e assinatura digitais.
Juiz de Direito
[1] NERY JÚNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao CPC – NOVO CPC –
Lei 13.105/2015, 1ª ed., 2ª tiragem, São Paulo: RT, 2015, p. 857-8.
Assinado eletronicamente por: ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO - 26/03/2021 06:54:50 Num. 41053886 - Pág. 10
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21032606545049000000039091343
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