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TJBA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

07/02/2024

Número: 8002770-66.2021.8.05.0036
Classe: REINTEGRAÇÃO / MANUTENÇÃO DE POSSE
Órgão julgador: V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COMERCIAIS DE CACULÉ
Última distribuição : 31/10/2022
Valor da causa: R$ 1.100,00
Assuntos: Esbulho / Turbação / Ameaça
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOSEVAL ANTONIO FREITAS SANTOS (AUTOR) LUIZ CARLOS GARCIA AVELAR registrado(a) civilmente
como LUIZ CARLOS GARCIA AVELAR (ADVOGADO)
ALINE MARIANE LADEIA SILVA registrado(a) civilmente
como ALINE MARIANE LADEIA SILVA (ADVOGADO)
DAVID GOMES DA SILVEIRA (REU) PETHERSON JUNQUEIRA MOTA (ADVOGADO)
MARIO GOMES DA SILVEIRA (REU) PETHERSON JUNQUEIRA MOTA (ADVOGADO)
ANTONIO URBANO PRATES (REU) PETHERSON JUNQUEIRA MOTA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
42944 31/01/2024 11:16 Apelação Apelação
4311
AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DOS FEITOS DE RELAÇÕES DE CONSUMO
CÍVEIS E COMERCIAIS DA COMARCA DE CACULÉ - BAHIA.

Processo nº 8002770-66.2021.8.05.0036

DAVID GOMES DA SILVEIRA, brasileiro, maior, capaz, casado, lavrador, portador do RG nº.
18.760.887-8 SSP/SP e inscrito no CPF nº. 308.627.605-34, atualmente domiciliado na capital
São Paulo – SP, com residência na Fazenda Umbaúba, zona rural do município de Ibiassucê –
Bahia, CEP. 46.390-000; seu irmão, MÁRIO GOMES DA SILVEIRA, brasileiro, maior, capaz,
solteiro, lavrador, portador do RG nº. 22.517.872-2 SSP/SP e inscrito no CPF nº. 104.056.178-
01, atualmente domiciliado na capital São Paulo – SP, com residência na Fazenda Umbaúba,
zona rural do município de Ibiassucê – Bahia, CEP. 46.390-000; ambos filhos de Manoel Gomes
da Silveira e de Isabel Maria da Silveira, e, ANTÔNIO URBANO PRATES, brasileiro, maior,
capaz, casado, lavrador, portador do RG nº. 20.735.001-96 SSP/BA e inscrito no CPF nº.
255.663.775-72, residente e domiciliado na Fazenda Umbaúba, zona rural do município de
Ibiassucê – Bahia, CEP. 46.390-000; filho de Osvaldo Urbano de Oliveira e de Anísia Eulália
Prates, vem, por seu advogado infra-assinado, respeitosamente à sublime presença de Vossa
Excelência, irresignados com a sentença que confirmou manutenção de posse em face de
JOSEVAL ANTÔNIO FREITAS SANTOS, propor, nos termos do artigo 1.009 e seguintes do
CPC:

APELAÇÃO
Requerendo, desde já, o seu recebimento no efeito suspensivo, com a imediata intimação do
recorrido para, querendo, oferecer as contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos, com as
razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, com o objetivo de
reformular a respeitável sentença constante deste processo.

Pede deferimento.
Caculé – Bahia, 31/01/2024.
Petherson Junqueira Mota
OAB/BA 23.308

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA.

Processo de origem nº. 8002770-66.2021.8.05.0036 – Vara Cível da Comarca de Caculé – Bahia.

APELANTES: DAVID GOMES DA SILVEIRA, MARIO GOMES DA SILVEIRA, e ANTONIO


URBANO PRATES.

APELADO: JOSEVAL ANTÔNIO FREITAS SANTOS

RAZÕES RECURSAIS

EGRÉGIO TRIBUNAL;

COLENDA CÂMARA;

EMÉRITOS DESEMBARGADORES.

DA TEMPESTIVIDADE
A sentença (ID 425329850) foi prolatada em 19/12/2023, um dia antes do recesso do judiciário,
contudo, até o presente momento não houve publicação em diário, sendo, portanto, a presente
Apelação tempestiva.

DO PREPARO
Quanto ao preparo, tendo em vista que os Apelantes estão sob a égide da Justiça Gratuita,
requerem o processamento deste recurso fazendo uso de tal benefício.

Não obstante, no eventual entendimento contrário, renova a Vossa Excelência o pedido de


Justiça Gratuita também em sede recursal.

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BREVE SÍNTESE DA DEMANDA
Trata-se de ação de manutenção de posse interposta por Joseval Antônio Freitas Santos em
face de David Gomes da Silveira, Mário Gomes da Silveira, e de Antônio Urbano Prates, aos
argumentos de que há 08 (oito) anos detém a posse do referido imóvel, de forma mansa e
pacífica, sem interrupção, reclamação ou oposição de qualquer natureza, cumprindo com devida
função social do imóvel, estabelecendo nele atividades laborativas rurais e tornando-o produtivo.
Que o autor descobriu recentemente que a cerca do seu terreno fora derrubada, e outra fora
edificada um pouco mais à frente, e parte do terreno foi desmatado com maquina tipo pá
carregadeira. Alguns dias depois, chegando ao local encontrou o vizinho de nome Antônio, que
estava no interior do imóvel, fazendo serviço de limpeza arrancando tocos, e ao lhe questionar,
esse informou estar ali por ordens dos irmãos Davi e Mario.

Em contestação e reconvenção, os requeridos demonstraram que, efetivamente possuem a


posse do imóvel rural, havendo, inclusive inventário e partilha pendentes de julgamento, e, ao
final requererem a revogação da liminar concedida ao autor, bem como, concessão de
manutenção em favor dos contestantes / reconvintes.

Demonstramos que o apelante Antônio Urbano é meeiro e possuidor, uma vez que seu pai
adquiriu, juntamente com o pai dos apelantes (Mário e David) toda a propriedade em discussão,
tendo ali constituído moradia, cultivo de arroz, palma, capim, criação de gado, dentre outras
atividades inerentes à função social da propriedade.

Contudo, em sentença, o juiz de piso entendeu de modo diverso, ignorando por completo a posse
exercida pelo apelante Antônio Urbano, que mora na propriedade, cuidando da sua metade e da
metade dos apelantes Mário, David, e demais irmãos, haja visto que estes moram em São Paulo,
mas delegaram ao vizinho Antônio os cuidados com a terra, até ulterior partilha no processo de
inventário.

Vejamos o dispositivo proferido:


“(...) Pelo exposto, julgo PROCEDENTE a ação, para
DETERMINAR a MANUTENÇÃO DE POSSE da área descrita na
inicial em favor da parte autora, pelo que CONFIRMO a decisão

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liminar proferida no id 360456082 que determinou a expedição
de mandado de manutenção de posse do imóvel, bem como
que a parte ré se abstivesse de praticar qualquer ato de
turbação/esbulho na área em questão, sob pena de multa diária
no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), limitada a R$ 3.000,00
(três mil reais), tornando-a definitiva; bem como julgo
IMPROCEDENTES os pedidos realizados na reconvenção
oferecida pela parte ré. Assim, extingo o feito com resolução
do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC”.

Deste modo, tendo em vista o grande equívoco do magistrado ao conceder posse ao autor, de
forma contrária às provas, sem observar de forma criteriosa os documentos carreados, os
depoimentos das partes e testemunhas, bem como, do processo de inventário e partilha, outro
não há de ser o entendimento deste Egrégio Tribunal, que não seja pela reforma da sentença.

NO MÉRITO
Excelências, data máxima vênia, o autor utiliza-se de falácias e invenções, pois em momento
algum teve posse da área em litígio, assim como ficou sobejamente demonstrado em audiência
de instrução, com o depoimento pessoal do mesmo, dos réus, além da oitiva de testemunhas e
declarantes.

Excelências, há de se observar que os requeridos são herdeiros legítimos de Manoel Gomes da


Silveira e de Osvaldo Urbano de Oliveira, proprietários e verdadeiros possuidores das referidas
terras, que se encontra ainda pendente de sentença nos autos do processo de inventário e
partilha de nº. 0000502-91.2015.8.05.0035, tendo sido nomeado inventariante o senhor DAVID
GOMES DA SILVEIRA, estando, portanto, o mesmo, exercendo a administração das terras até
ulterior decisão judicial e partilha das cotas partes entre ele e seus irmãos.

Se alguém possui a posse real e efetiva da área em questão, são os apelantes, todos herdeiros,
administrando o acervo patrimonial, ao contrário do autor que possui apenas a expectativa de
posse com os contratos particulares de compra e venda de alguns herdeiros.

O autor tem apenas a expectativa de direito real sobre parte da propriedade, que deverá, após
partilhada entre os herdeiros, ser-lhe adjudicada a sua cota parte para fins de registro no CRI e
exercício efetivo de posse.

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O autor sequer demonstrou efetivamente o exercício de posse. Trouxe aos autos apenas recibos
de declaração de ITR, que facilmente são feitos, bastando apresentar algum instrumento
particular de compra e venda, e, os contratos particulares de compra e venda, entre ele e alguns
herdeiros do falecido proprietário das terras, o senhor MANOEL GOMES DA SILVEIRA, sem
discriminar qual a área e seu tamanho.

Pelos fatos narrados na inicial, resta demonstrado que o autor não é o titular da relação jurídica
material sobre o imóvel em questão, isso porque, apenas adquiriu, através de instrumento
particular de compra e venda, partes incertas e indeterminadas das terras que, sequer foram
inventariadas e partilhadas, ou seja, que ainda pertencem ao senhor MANOEL GOMES DA
SILVEIRA, pai dos requeridos DAVID e MÁRIO, e ao senhor OSVALDO URBANO DE OLIVEIRA,
pai do requerido ANTÔNIO URBANO PRATES.

O autor sequer demonstrou quantos hectares comprou, quem são seus confinantes, a
especificação da suposta área, as plantações, criações e benefícios que teria feito, ou seja, não
provou em momento algum a posse.

O fato é que o autor comprou, mas em momento algum tomou posse, isso porque, o
administrador do espólio David Gomes da Silveira, seu irmão Mário Gomes da Silveira, e o
confinante Antônio Urbano Prates é quem detinha a posse, limpando a área com máquina
(trator), fazendo a roçagem, aviventando os pontos e marcos com afixação de cercas novas,
limpando o tanque, dentre outras tarefas e funções inerentes ao cuidado com o espólio.

O vídeo anexado pelo autor prova exatamente o que está escrito acima, ou seja, mostra o
apelante Antônio Urbano trabalhando para limpar e manter a área, a pedido de David
(inventariante) e Mário, tendo sido por eles pago as horas de máquina e mão-de-obra.

As fotografias anexadas, tiradas por este patrono em 14/05/2016 provam o uso efetivo da área,
a posse dos apelantes, podendo-se ver nas fotos a casa em que Antônio Urbano mora, a casa
antiga (em ruínas) de seu pai Osvaldo Urbano, a casa de Manoel Gomes da Silveira no alto da
colina (de frente para a estrada), tanques de água, cisterna de água do governo federal,
plantações de palmas, mandioca, cana de açúcar, animais de criação, forno, árvores e plantas,

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roupas no varal, demonstrando inequivocamente que quem sempre morou, usou e teve efetiva
POSSE das terras da Fazenda Umbaúba são os apelantes.

O apelado, por sua vez, jamais exerceu nenhum dos atos possessórios, muito menos provou o
uso constante, pacífico e duradouro das terras, a suposta turbação, a data, e a sua continuidade,
embora turbada.

O apelante só veio a tentar ingressar nas terras após conseguir equivocadamente uma liminar
sustentada por mentiras e invenções.

Observem nos autos, a fotografia dos familiares do apelante Antônio Urbano passeando
tranquilamente pela plantação de arroz, na beira da lagoa.

Observem ainda a colheita do arroz feita pelo por Antônio Urbano, em parceria e anuência com
David e Mário, no meio da propriedade, defronte a lagoa.

Se os atos praticados pelos apelantes não forem de efetiva posse e de administração do espólio,
então não conhecemos mais a definição clara do que é posse.

Para confirmar a tese dos apelantes, veremos agora o que disse em depoimento as partes e
testemunhas.

DOS DEPOIMENTOS E TESTEMUNHOS


O próprio autor Joseval, em seu depoimento afirma que comprou parte das terras do herdeiro
João Batista, e que o vizinho, ora apelante, Antônio Urbano era quem mais “perturbava”; Ou seja,
o próprio autor afirma que Antônio estava lá como vizinho; Afirma ainda que Davi e Mário moram
em São Paulo, mas que vem nas terras passear, e que mexeram numa cerca “dele” lá; Que
comprou do João Batista, irmão dos réus; Disse que cria gado, mas não demonstrou sequer uma
foto do gado ou registro na ADAB; Disse que Antônio chegava lá por ordem de Davi e Mário
dizendo que ele não poderia estar lá; Que Mário foi lá uma vez e passou uma máquina na terra;
Que Antônio sempre chegava lá dizendo que a terra tem herdeiros, e Joseval afirma: “e tem
mesmo”; Que quando comprou de João, ele disse para não mexer na área da casa que tem lá,
que é dos irmãos dele (casa onde o pai morava e criou os filhos); Disse para não trabalhar nessa

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área que ficaria para os irmãos dele (os réus Davi e Mário); Que Antônio, vizinho, “solta” gado lá
dentro; Joseval confirmou ainda em seu depoimento que Antônio tem casa dentro da área da
fazenda umbaúba; Que os réus Mário e David também tem a casa antiga do falecido pai; Que
quando comprou as partes de João Batista não marcou quantos hectares ele tinha; Que a área
não era partida; Que era um círculo; Que é uma área cercada sem dividir; Que Antônio já plantou
arroz na parte dele, na beira da lagoa.

Depoimento de David: Disse que mora em São Paulo, mas que sempre vem às terras, e que
cedeu metade ao meeiro Antônio para plantar; Que Antônio é vizinho; Antônio é vizinho do lado
esquerdo; Que a terra é de 10 herdeiros, mas ele e Mário quem toma conta; Que não ouviu dos
seus irmãos que vendeu terras a Joseval.

Depoimento de Mário: Que não tem divisão das terras; Que está esperando o inventário para
dividir; Que sempre vem de São Paulo pra cá e que quem cuida da terra pra nós é Antônio; Que
Joseval nunca teve posse da área; Que só depois da liminar que ele entrou; Que lá tem a casa
do falecido pai; Que nasceu e criou lá; Que David pretende aposentar e vir morar na casa.

Depoimento de Antônio: Que toma conta de toda a área; Que cuida das terras de Mário e
David; Que plantou na meia (divisa); Que Mário autorizou colocar gado na fazenda; Que tem
mais de 15 anos que toma conta das terras; Que de 2021 pra cá planta roça na “meia”, para ele,
Mário e David.

Agora vejamos o depoimento da primeira testemunha do autor, senhor José Roberto Soares
do Nascimento.
Em que pese a suposta parcialidade da testemunha ao afirmar que é casado com a prima de
Joseval, o mesmo disse que: “Que já viu gado lá dentro; Que trabalhou para Mário (réu) que
o contratou para fazer uma cerca lá, por volta de 2020; Que fez uma nova cerca; Que
Antônio tem casa lá no terreno que faz divisão; Que viu plantação lá; Que foi contratado
pelos irmãos Mário e David para fazer a cerca na propriedade”.

Depoimento da segunda testemunha do autor, senhor João Batista.


Vale ressaltar que a testemunha é um dos herdeiros do falecido proprietário das terras, tem
interesse na causa, sendo, portanto parcial, eis que afirmou ser amigo íntimo de Joseval.

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Disse que: “Que vendeu em 2013 sua parte para Joseval; Que lá é de herança; Que são 10
herdeiros; Que comprou de 04 irmãos e mais a sua parte e vendeu; Que tem a casa do pai lá no
imóvel; Que Antônio tem casa na Fazenda umbaúba; Que a escritura foi do pai dele e do pai do
Antônio; Que as terras não foram divididas entre ele e os irmãos; Que vendeu as terras
sem ter sido divididas; Que mora em Atibaia – SP.

Depoimento da terceira testemunha do autor, senhor Ivânio: Disse que: “Antônio mora lá; Que
já viu plantação na área; Que não sabe dizer quem plantou; Que lá tem uma casa antiga; Que
prestou serviço para Antônio.

Observem agora o depoimento da primeira testemunha dos Apelantes, senhor Roberto Tadeu
de Santana: disse que: “Que Antônio mora lá na fazenda umbaúba; Que é vizinho da
propriedade; Que tem criação de gado, e que planta milho, mandioca, arroz, feijão; Que
Mário e David vem todo ano; Que Antônio foi pago por Mário e David para cuidar da roça;
Que Joseval não posse lá; Que Joseval mora em um povoado há 6km de lá; Que Antônio
tem família lá, e que já viu ele com a família na propriedade; Que há 02 anos atrás trabalhou
colhendo arroz na área, na parte conjugada; Que joseval não plantava lá.

Segunda testemunha dos Apelantes, senhor Gilberto Teixeira Vieira: Disse que: “Que mora
perto; Que tem duas casas na área, a de Antônio e de Manoel Gomes; Que é uma
propriedade só; Que de um lado fica Manoel Gomes e do outro Antônio; Que a área está
aberta, em comum, para ser dividida; Que lá tem uma lagoa; Que Antônio planta arroz,
capim; Que já viu Joseval lá, mas não plantando nada; Que ele ia lá e falava que tinha
partes, mas que nunca o viu plantando; Que Mário e David sempre entra em contato com
Antônio para olhar as terras, mas que ele também vem; Que ajudou Antônio a colher arroz;
Que plantou arroz na área dos dois (Antônio e David); Que não tem cerca dividindo a
propriedade.

Terceira testemunha dos Apelantes, senhor Lindolfo Santana Lima: Disse que: “Que mora
perto, a uns 2km da área; Que as áreas juntas dão mais ou menos 40 hectares; Que não é
dividida pelos dois; Que os meninos ainda não dividiram entre eles as terras; Que quem
sempre vem é David e Mário; Que quem toma conta do terreno para eles é Antônio; Que

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Antônio mora dentro da propriedade, na parte do pai dele; Que Antônio tem acesso à área
dos meninos, toma conta, plantou roça em 2021e criou gado; Que Joseval nunca plantou
nada nessa propriedade umbaúba; Que Joseval tentou fazer uma cerca na propriedade
dos meninos de Manoel Gomes, mas foi derrubada”.

Excelências, data máxima vênia, não restam dúvidas de quem exerce a possa das terras da
fazenda umbaúba.

Ficou sobejamente claro e demonstrado que a posse sempre foi exercida pelos Apelantes, sendo
de maneira direta por Antônio, que mora, cuida e administra toda a fazenda, ou seja, todos os
40 hectares, e, de maneira indireta pelos réus Mário e David, inventariante, que paga Antônio
para cuidar, plantar, usar, e ainda vem todo ano fiscalizar as terras que ainda estão em processo
de inventário e posterior partilha entre todos os herdeiros de Manoel Gomes.

Os depoimentos e testemunhas esclareceram que os Apelantes são possuidores e herdeiros,


fazendo uso da terra e da casa em que nasceram.

DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL


Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados, vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante da demonstração inequívoca de


que os Apelantes são herdeiros e possuidores, com residências e cultivos na área, tendo sido
impedidos de manter sua posse com a decisão equivocada do juízo de piso.

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para aguardar o desfecho do processo,
quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há


racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo

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necessário à produção de provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se
desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente
o beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de
Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017.
p.284).”

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pelo impedimento de uso das terras imposto em
sentença, bem como, pelo prejuízo enquanto a posse não for devolvida aos Apelantes para que
continuem o que sempre fizeram, ou seja, plantar e criar na área, principalmente neste período
de chuvas. Tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado útil do processo,
conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não ser útil


ao interesse demonstrado pela parte", em razão do
"periculum in mora", risco esse que deve ser
objetivamente apurável, sendo que e a plausibilidade
do direito substancial consubstancia-se no direito
"invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o
"fumus boni iuris" (in Curso de Direito Processual Civil,
2016. I. p. 366)”.

Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza conduta irreversível, não
conferindo nenhum dano ao Apelado.

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano irreparável,


sendo imprescindível concessão do pedido liminar para que os Apelantes, especialmente
ANTÔNIO URBANO seja reconduzido à posse da área onde fica sua própria residência, animais,
plantações, bem como, à área em comum com os apelantes MÁRIO e DAVID.

O direito do Autor vem primordialmente amparado no Código de Processo Civil:

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Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio
de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o
segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado
proibitório em que se comine ao réu determinada pena
pecuniária caso transgrida o preceito.

No mesmo sentido o Código Civil dispõe em seu artigo 1.210:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em


caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Ou seja, diante do comando judicial de piso que subtraiu a posse de quem efetivamente à
possuía, como já destacado anteriormente, os Apelantes têm direito à REINTEGRAÇÃO DE SUA
POSSE conforme precedentes sobre o tema:

APELAÇÃO CÍVEL - INTERDITO PROIBITÓRIO -


ILEGITIMIDADEATIVA- REJEITAR - REQUISITOS -POSSE- ATO
ATENTATÓRIO AO EXERCÍCIO DAPOSSE- SENTENÇA
MANTIDA - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - NÃO CONFIGURADA. -
Pela Teoria da Asserção, a legitimidade ativa deve ser
analisada com base na narrativa apresentada na peça inicial. -
O interdito proibitório tem caráter preventivo e visa evitar a
consumação do esbulho ou da turbação, quando provado o
justo receio do possuidor de ser molestado na sua posse. -
Presentes os requisitos legais, deve ser reconhecida a
procedência do mandado proibitório em favor daquele que
detém a posse (direta ou indireta) ameaçada. - O uso dos
recursos previstos no ordenamento jurídico e o
desenvolvimento de argumentação entendida pela parte como
necessária a embasar sua pretensão não traduz deslealdade a
justificar a aplicação da multa por litigância de má-fé. (TJ-MG -
Apelação Cível 1.0000.23.020182-4/001, Relator(a):
Des.(a)Habib Felippe Jabour, julgamento em 09/05/2023,
publicação da súmula em 10/05/2023, #53297555).

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DEINTERDITOPROIBITÓRIO-


ACOLHIMENTO DO PEDIDO - POSSE COMPROVADA PELA
PARTE AUTORA - REQUISITOS DEMONSTRADOS -A finalidade

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do interdito proibitório é proteger o possuidor do justo receio
de ser molestado em sua posse, mediante mandado
proibitório, em que se comine à parte ré determinada pena
pecuniária para a hipótese de transgressão ao preceito
cominatório. - Deve ser julgado procedente o pedido feito pelo
autor na ação de interdito proibitório quando comprovar ser o
possuidor da área em litígio. (TJ-MG - Apelação Cível
1.0000.21.109796-9/002, Relator(a): Des.(a)Evandro Lopes da
Costa Teixeira, julgamento em 17/05/2023, publicação da
súmula em 18/05/2023, #13297555).

RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INTERDITO


PROIBITÓRIO - POSSE COMPROVADA POR DOCUMENTOS E
OITIVA DE TESTEMUNHAS EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO -
IMINÊNCIA DE TURBAÇÃO E/OU ESBULHO DEMONSTRADA -
REQUISITOS DO ART. 567 DO CPC PRESENTES - RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. O interdito proibitório é uma
ação de natureza possessória, podendo ser proposta por
possuidor que tenha justo receio de ser molestado em sua
posse, requerendo ao juiz que lhe proteja da turbação ou do
esbulho iminente por meio de mandado proibitório. Tendo a
parte autora cumprido com o seu ônus processual, nos termos
do art. 373, inciso I, do CPC, demonstrando, por documentos,
laudo pericial e oitiva de testemunhas em audiência de
instrução, que a posse anterior está na iminência de sofrer
turbação ou esbulho, é de se julgar procedente o pedido inicial.
(TJ-MT, N.U 0004560-63.2016.8.11.0059, CÂMARAS ISOLADAS
CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, DIRCEU DOS SANTOS, Terceira
Câmara de Direito Privado, Julgado em 12/02/2020. Publicado
no DJE 17/02/2020, #53297555).

POSSE - Interdito proibitório - Bem imóvel - Provas que


demonstram o justo receio do autor de ser molestado na posse
do respectivo imóvel rural - Turbação evidenciada pelo avanço
reiterado e de forma intencional sobre a área de posse do autor,
cuja demarcação era de conhecimento de ambos, por meio de
maquinário agrícola de propriedade do réu. DANOS
MATERIAIS - Insurgência do autor requerendo a condenação
do réu ao pagamento de indenização pelos danos causados ao
plantio - Não acolhimento - Prova produzida nos autos que

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afastou nexo de causalidade entre a conduta do réu e a citada
quebra de produção sofrida pelo autor. HONORÁRIOS DE
ADVOGADO - Verba honorária arbitrada em favor do apelante
autor em R$1.500,00 (mil e quinhentos reais) que se afigura
apoucada - Majoração para R$3.000,00 (três mil reais), valor
mais adequado e suficiente para atender aos pressupostos
objetivos contidos no §2º do art. 85 do Cód. de Proc. Civil -
Sentença reformada em parte - Apelação do autor parcialmente
provida; improvida a do réu. (TJSP; Apelação Cível 1004279-
49.2018.8.26.0400; Relator (a): José Tarciso Beraldo; Órgão
Julgador: 37ª Câmara de Direito Privado; Foro de Olímpia - 1ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 21/01/2021; Data de Registro:
21/01/2021, #83297555).

Portanto, outro não poderia ser o entendimento, se não, pelo necessário provimento do presente
recurso de Apelação, garantindo a reintegração de posse aos Apelantes nos termos do Art. 562
do CPC.

DOS PEDIDOS
Por estas razões REQUER:

 O recebimento do presente recurso nos seus efeitos suspensivo e devolutivo, nos termos do

Art. 1.012 do CPC, com o deferimento da antecipação da tutela recursal para fins de
reintegrar a posse da área aos apelantes, reiterando ainda, integralmente, os termos da
contestação / reconvenção, para no mérito recursal ser julgado improcedente a ação
manejada por Joseval, revogando a liminar precariamente concedida, e ao final conceder e
manter a posse em favor dos réus Antônio, Mário e David, por ser a mais clara, lídima e
cristalina justiça;

 Seja deferido novo pedido de gratuidade de justiça, nos termos do Art. 98 do CPC/15;

 A intimação do Recorrido para se manifestar querendo, nos termos do §1º, art. 1.010 do CPC;

 A total procedência do recurso para reformar a decisão recorrida revogando a manutenção

de posse precariamente concedida, e ao final conceder e manter a posse em favor dos réus
Antônio, Mário e David;

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 Informa que deixou de efetuar o preparo por serem beneficiários da justiça gratuita;

 A condenação do recorrido ao pagamento das despesas processuais e honorários de

sucumbência.

Nestes termos;
Pede e espera deferimento.

Caculé – Bahia, 31/01/2024.

Petherson Junqueira Mota


OAB/BA 23.308

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