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TJPA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

16/06/2023

Número: 0006518-68.2007.8.14.0301
Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Órgão julgador: 6ª Vara de Família de Belém
Última distribuição : 07/08/2020
Valor da causa: R$ 2.100,00
Assuntos: Fixação, Investigação de Paternidade, Levantamento de Valor
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
EMILY VITORIA VALE DO EGITO (EXEQUENTE) LOBATO E OLIVEIRA ADVOGADOS registrado(a) civilmente
como ANDRE LUIZ MONTEIRO DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
GUSTAVO DE CARVALHO AMAZONAS COTTA
(ADVOGADO)
ANA LUIZA MIRANDA DE BRITO (ADVOGADO)
FLAVIO NEVES PALHETA (EXECUTADO) BRENO FARO DE LIMA (ADVOGADO)
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARÁ
(AUTORIDADE)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
84590186 09/01/2023 Parecer Parecer
02:09
84590187 09/01/2023 PJE_0006518-68.2007.8.14.0301- Parecer
02:09 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA_EMILY VALE
DO EGITO
Segue parecer do Ministério Público, em anexo.

Assinado eletronicamente por: MARIA DE BELEM SANTOS - 09/01/2023 02:09:24 Num. 84590186 - Pág. 1
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Número do documento: 23010902092177600000080437460
8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FAMÍLIA

JUÍZO DE DIREITO DA 6ª VARA DE FAMÍLIA


PROCESSO Nº 0006518-68.2007.8.14.0301
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
EXEQUENTE : EMILY VITORIA VALE DO EGITO PALHETA
EXECUTADO : FLAVIO NEVES PALHETA

MM. Juiz,

Versam os autos sobre PEDIDO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


efetivado por EMILY VITORIA VALE DO EGITO PALHETA em face de FLAVIO NEVES
PALHETA, pelos fundamentos de fato e de direito constantes ao ID. 18844784, visando a
satisfação da obrigação alimentar outrora estabelecida, no importe de 20% (vinte por cento) sobre
o salário-mínimo, conforme título judicial constante aos autos, ao ID. 18845240. Assim, no
presente feito, cumulou os ritos da coerção pessoal e da expropriação de bens, separando os
débitos urgentes e os pretéritos.

Pois bem. Em audiência realizada no dia 25.11.2010, as partes acordaram


quanto ao objeto da lide, o que foi devidamente homologado por sentença. Em síntese,
estabeleceram que o requerido, ora executado, assumiria a paternidade da então menor, ora
exequente, com o acréscimo, ao nome desta, do sobrenome do pai e o nome dos avós paternos,
passando a constar no registro de nascimento da reconhecida, a qual passou a se chamar Emily
Vitória Vale do Egito Palheta, conforme termo de ID nº 18845240 – Págs. 1 e 2. No mais, o genitor
comprometeu-se em pagar, mensalmente, a título de prestação alimentar, o percentual de 20%
(vinte por cento) do salário-mínimo. Contudo, diante do descumprimento do dever alimentar, a
parte ingressou com o presente Pedido de Cumprimento de Sentença, que ora se analisa.

Em manifestações anteriores, de IDs. nºs. 18845260 e 64648194, a ilustre


Representante do Ministério Público que nos antecedeu nos autos já havia exarado parecer pela
decretação da prisão civil do executado, na forma prevista no art. 528, § 3º, do Código Processual
Civil e art. 5º, inciso LXVII, da Constituição Federal, com a adoção do regime fechado. Igualmente
posicionou-se pela inscrição do nome do executado nos cadastros de inadimplentes (SPC e
SERASA). Em relação ao pedido de expropriação de bens, considerando que o devedor não
efetuou o pagamento da dívida correspondente, requereu a incidência do disposto no art. 523, §1º,
do CPC, o qual determina que, não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, seja o
débito acrescido de multa de 10% (dez por cento) e, também, de honorários de advogado de 10%
(dez por cento).

Em petição ao ID 65128981, a parte exequente requereu o prosseguimento


do feito.

Decisão de ID. 80545376, na qual esse douto Juízo decretou a prisão civil
do devedor de alimentos, o Sr. FLAVIO NEVES PALHETA, pelo prazo de 3 (três) meses, ou até

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0006518-68.2007.8.14.0301

Assinado eletronicamente por: MARIA DE BELEM SANTOS - 09/01/2023 02:09:24 Num. 84590187 - Pág. 1
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que fosse efetivado o pagamento total do débito. Mandado de Prisão inscrito no BNMP, sob o nº
0006518-68.2007.8.14.0301.01.0001-17. Decreto prisional datado de 29.10.2022.

Em petição de ID. 82466440, o executado requereu a suspensão do


cumprimento da ordem prisional, ao argumento de que pagou o valor de R$-740,00 (setecentos e
quarenta reais), perfazendo, portanto, o valor necessário para quitação da dívida alimentícia que
autorizava a prisão civil.

Sobre o pedido, a exequente afirmou que o pagamento do débito seria


parcial e não autorizava o pedido de revogação do decreto prisional, notadamente, em face de se
tratar de devedor recalcitrante. Acrescentou que o executado informou ter pago, em 25.11.2022,
o valor de R$-740,00 (setecentos e quarenta reais), referente aos meses de abril, maio de
junho/2022, permanecendo inadimplente com as parcelas de julho, agosto, setembro, outubro e
novembro/2022.

Vieram os autos ao Ministério Público.

Eis o relatório.

Passa-se à manifestação.

Constata-se que os autos tratam de Pedido de Cumprimento de Sentença


em que se cumulam os ritos da coerção pessoal e da expropriação de bens, efetivado por EMILY
VITORIA VALE DO EGITO PALHETA em face de FLAVIO NEVES PALHETA.

Inicialmente cumpre ressaltar, mais uma vez, que a exequente já


alcançou a maioridade civil, pelo que deve postular judicialmente em nome próprio, para
defender seus interesses, outorgando instrumento de mandato aos patronos que ora se encontram
como seus representantes processuais.

A respeito da possibilidade de se cumular os ritos, dentro de um mesmo


procedimento executivo, lembramos que o Superior Tribunal de Justiça em julgado recente,
datado de agosto de 2022, reafirmou tal entendimento, asseverando:

“Na cobrança de obrigação alimentar, é cabível a cumulação das


medidas executivas de coerção pessoal e de expropriação no âmbito
do mesmo procedimento executivo, desde que não haja prejuízo ao
devedor nem ocorra qualquer tumulto processual.” (STJ. 4ª Turma.
REsp 1.930.593/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
9/8/2022).

Assim, em regra, é cabível a cumulação das medidas executivas da


coerção pessoal e da expropriação no âmbito do mesmo procedimento executivo, desde que não
haja prejuízo ao devedor (a ser devidamente comprovado por ele) nem ocorra qualquer tumulto
processual, ambos a serem avaliados pelo magistrado no caso concreto. É recomendável,
portanto, que credor especifique, em tópico próprio, a sua pretensão ritual em relação a eles,

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0006518-68.2007.8.14.0301

Assinado eletronicamente por: MARIA DE BELEM SANTOS - 09/01/2023 02:09:24 Num. 84590187 - Pág. 2
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bem como o mandado de intimação deverá prever as respectivas consequências, de acordo


com as diferentes prestações (atuais/urgentes ou pretéritas). Em razão disso, há necessidade
premente de se individualizar o valor correto para cada pedido executivo. Vejamos.

A esse respeito, observa-se que o último petitório apresentado pela parte


exequente, antes do decreto prisional (ID. 65128981) requereu o prosseguimento do feito com
relação aos dois ritos, informando que o débito concernente aos alimentos atuais seria o de
R$-738,77 (setecentos e trinta e oito reais e setenta e sete centavos) e aos alimentos
pretéritos perfazia o montante de R$-52.853,14 (cinquenta e dois mil, oitocentos e cinquenta
e três reais e quatorze centavos), acrescido de multa e honorários advocatícios, de acordo
com as respectivas planilhas de ID. 65128987, ID. 65131595, ID. 65131596, ID. 65131597, ID.
65131598, ID. 65131603, ID. 65131606, ID. 65131607, ID. 65131611, ID. 65131614, ID.
65131615, ID. 65131616 e ID. 65131617. Nessa esteira, em relação aos débitos urgentes, a
requerente cingiu-se a apresentar os valores atuais remanescentes, sem atentar-se aos
parâmetros de cálculo legal, estatuídos pelo art. 528 do Código de Processo Civil, que lhe
permitiam cobrar até as últimas três parcelas anteriores ao pedido inicial, em planilha
consolidada.

Nos termos do art. 528, do diploma adjetivo civil, somente as três últimas
parcelas anteriores ao pedido, bem como as que se vencerem no curso do processo, dão ensejo
ao decreto prisional. Então, em razão da petição de ID. 18845251, consideramos que as 03 (três)
prestações anteriores ao Pedido de Cumprimento de Sentença são referentes aos meses de
julho, agosto e setembro/2016 (a migração dos autos à forma eletrônica ocorreu somente em
agosto/2020), conforme consta ao ID. 18845246. Logo, a planilha de cálculo deveria considerar
esse marco temporal, ou seja, as três últimas parcelas anteriores ao pleito e as que se vencerem
no curso do processo, salvo se a exequente realmente decidiu optar por alterar o rito, para o
da constrição patrimonial, no tocante às parcelas anteriores ao mês de abril/2022.

Verifica-se, por outro lado, que foi decretada a prisão civil do devedor, ao
ID. 80545376, determinando-se a expedição do competente mandado prisional, consignando,
equivocadamente, o valor do débito como sendo de R$-52.853,14 (cinquenta e dois mil, oitocentos
e cinquenta e três reais e quatorze centavos), com atualização monetária, além de honorários
advocatícios e custas processuais, que, como já visto, referia-se à dívida alimentar pretérita.

Faz-se necessário, portanto, o chamamento do feito à ordem, sustando-se,


ao momento, o decreto prisional para a correção de valores, ou alternativamente, que se promova
a sua substituição, desde que seja retificado o montante do débito.

Em contrapartida, torna-se imperioso que a parte exequente apresente as


respectivas planilhas de débitos individualizadas (alimentos atuais e pretéritos), discriminando
corretamente mês a mês os valores devidos, considerando como alimentos urgentes os devidos
desde o mês de julho de 2016, abatendo-se a quantia de R$-738,77 (setecentos e trinta e
oito reais e setenta e sete centavos) paga pelo devedor. De outro modo, poderá a exequente
ratificar expressamente a sua vontade em considerar como urgentes apenas os alimentos em
atraso devidos a partir do mês de abril/2022, passando todos os demais meses anteriores a
serem cobrados como verba alimentar pretérita, sob o rito da expropriação.

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Ressalta-se, todavia, que se trata de mera questão de cálculo, eis que


tanto o Ministério Público quanto o Poder Judiciário já analisaram a justificativa do executado,
por duas vezes, e esta não se mostrou hábil a elidir o decreto prisional, quanto menos o
prosseguimento executivo comum de expropriação.

Ante ao exposto, tão logo cumprida a diligência acima referida, este


Órgão Ministerial posiciona-se, desde já, pela REDECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO
EXECUTADO, retificando-se o mandado prisional outrora expedido, com a sua correção no
BNMP, na forma prevista no art. 528, § 3º, do Novo Código Processual Civil e art. 5º, inciso
LXVII, da Constituição Federal, adotando-se o regime fechado.

Em relação ao pedido de expropriação de bens, considerando que o


devedor não efetuou o pagamento da dívida correspondente, deverá incidir ao caso o disposto
no art. 523, §1º do Novo Código de Processo Civil, que determina que, não ocorrendo
pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e,
também, de honorários de advogado de dez por cento. Logo, a demanda deverá prosseguir,
expedindo-se o competente mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de
expropriação, conforme determina o §3º do dispositivo legal acima mencionado.

Outrossim, como medida indutiva e coercitiva, o Ministério Público


manifesta-se no sentido de que seja determinado o protesto da decisão judicial descumprida,
bem como que o nome do executado seja incluído nos cadastros de inadimplentes (SPC e
SERASA), sem prejuízo da adoção de outras medidas que esse douto Juízo entender
pertinentes.

É o parecer.

Belém-PA, 09 de janeiro de 2022.

MARIA DE BELÉM SANTOS


Promotora de Justiça de Família da Capital

8ª Promotoria de Justiça de Família Manifestação


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