Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

07/11/2023

Número: 1007283-14.2023.4.01.4001
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: Juizado Especial Cível Adjunto à Vara Federal da SSJ de Picos-PI
Última distribuição : 29/08/2023
Valor da causa: R$ 20.000,00
Assuntos: Aposentadoria Rural (Art. 48/51)
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
SOLIMAR CAMINHA DAS CHAGAS (AUTOR) VIDAL GENTIL DANTAS (ADVOGADO)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (REU)
Central de Análise de Benefício - Ceab/INSS (TERCEIRO
INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
17832 29/08/2023 10:07 APOSENTADORIA POR IDADE RURAL - Solimar Inicial
04572 Caminha das Chagas
 EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA VARA ÚNICA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL
DE PICOS-PI.

Resumo fático:
Aposentadoria por idade rural
DER: 03/05/2023
NB: 211.390.921-3
Motivo do Indeferimento: “Falta de comprovação de atividade rural em
números de meses idênticos à carência do benefício .”

SOLIMAR CAMINHA DAS CHAGAS, brasileiro, casado, apicultor, inscrito no CPF nº

199.849.873-53, portador do RG nº 478.005 SSP-PI, residente e domiciliado na
Avenida Anísio da Luz, nº 871, Ipueiras, nesta cidade de Picos-PI, CEP: 64604-090,
através de seu advogado legalmente constituído, consoante mandato procuratório
anexo, com escritório profissional à Rua São José, 80, 1° andar, Picos (PI), onde
receberá intimações de estilo, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
requerer:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE

COMO SEGURADO ESPECIAL C/ PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA,

contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, Autarquia Federal;

fundamentado nos arts. 300 e 319 do Novo CPC, bem como no art. 201, I, da
Constituição Federal e art. 48 da Lei 8.213/91 pelas razões fáticas e jurídicas a seguir
aduzidas:

“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”

(Rui Barbosa)

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Número do documento: 23082909522718100001763869751
 PRELIMINARMENTE

1 - QUANTO A COMPROVAÇÃO DE RESIDÊNCIA

No que diz respeito à comprovação de residência, o autor, Sr. Solimar Caminha das
Chagas, reside em imóvel de sua própria titularidade, situado na Avenida Anísio da
Luz, nº 871, Ipueiras, Município de Picos-PI, comprovante de residência em anexo.

2 - DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

O art. 300 do Código de Processo Civil, mantém a possibilidade do pedido de tutela

de urgência, com antecipação dos efeitos da tutela, ligada a pedido que envolve a
probabilidade do direito e o perigo do dano ou risco ao resultado útil do
processo.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos

que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

No presente caso, torna-se incontestável a evidente existência do direito do autor,

devidamente comprovado mediante farta documentação comprobatória anexada ao
petitório inicial, bem como, o perigo de dano, tendo em vista o mesmo se encontrar
em idade avançada, necessitando sobremaneira do seu benefício para seu sustento.

Diante da situação fática arguida, requer o autor liminarmente a Concessão do

benefício desde a data do Requerimento administrativo, ou seja, 03.05.2023, para os
devidos fins.

2 - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O artigo 98 do CPC, bem como a Lei 1.060/50 asseguram a gratuidade da justiça

para as pessoas consideradas hipossuficientes.

Art. 98 do NCPC: A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,

com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

Portanto, antes de qualquer manifestação a respeito da ação, requer o autor à

concessão dos benefícios da gratuidade judicial, uma vez que o mesmo não tem

“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”

(Rui Barbosa)

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Número do documento: 23082909522718100001763869751
 condições de arcar com as custas do processo, sem colocar em risco o seu sustento
próprio e o de sua família.

Assim, nos termos do disposto nos incisos XXXV e LXXIV do art. 5°. da Constituição
Federal, Lei 1.060/50 e art. 98 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, requer
o deferimento de concessão dos benefícios da Justiça Gratuita.

DOS FATOS

Que o requerente nasceu no dia 07.02.1962, atualmente está com 61 (sessenta e

um) anos de idade, desde muito cedo exerce atividade de apicultor, tendo inclusive
se associado a Cooperativa Apícola da Macrorregião de Picos ainda no ano de 1990,
conforme declaração em anexo.

Que exerce a atividade apícola, com apiários instalados no “Assentamento

Agrovila”, município de Geminiano-PI, praticando também a apicultura migratória
entre os estados Piauí, Ceará, Pernambuco e Maranhão, conforme Declaração da
Cooperativa Apícola da Macrorregião de Picos em anexo, ademais, também pratica a
exploração apícola na propriedade rural denominada “Jatobá”, pertencente a
Francisco José de Sousa, conforme contrato de Comodato Rural em anexo, tal
propriedade fica localizada na zona rural do município de Campo Grande-PI, ao qual
38,5 há foram prestados a título de comodato rural para exploração pelo requerente,
em regime de economia familiar, conforme documentos rurais que seguem em
anexo.

Contudo Excelência, o autor requereu Aposentadoria como Segurado Especial

administrativamente perante o INSS, em 03.05.2023, sob NB 211.390.921-3, e a
mesma fora indeferida sob a alegação de: “Falta de comprovação de atividade
rural em números de meses idênticos à carência do benefício”, conforme
indeferimento em anexo.

Todavia, Nobre Julgador, a decisão do instituto requerido resta totalmente infundada,

visto que o Requerente é “Segurado Especial”, ou seja, “Trabalhador Rural”,
dedicando toda a sua vida às atividades apícola, conforme se comprova através dos
seguintes documentos:

DOCUMENTO DATA DE EMISSÃO

Declaração da Cooperativa Apícola da 17.03.2022
Macrorregião de Picos-PI pontuando a
data de ingresso de Solimar Caminha em

“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”

(Rui Barbosa)

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 03.03.1990
Contrato de Comodato Rural 03.08.2007
Contrato de Comodato Rural 22.08.2008
ITR 2006
Notas fiscais de compra para Produção 27.06.2018, 19.07.2018, 27.11.2018 e
Rural 21.12.2018.

É de bom alvitre mencionar Excelência, que no próprio CNIS emitido pelo INSS não
consta que o requerente teve qualquer vínculo de trabalho, fora da atividade apícola,
mais uma vez comprovando que o mesmo é Segurado Especial, preenchendo os
requisitos de carência para concessão do benefício

Portanto Excelência, o autor dispõe de farta documentação e testemunhas

comprobatórias de atividade rural pelo período exigido, necessário à concessão da
Aposentadoria como Segurado Especial, que segue anexa ao petitório inicial,
configurando-se como prova documental datada e devidamente comprovada como
se verifica acima, não restando dúvidas quanto ao seu direito em ter seu benefício
deferido.

DO DIREITO

São consideradas atividades rurais:

Art. 2º da Lei 8.023/90. Considera-se atividade rural:

I - a agricultura;

II - a pecuária;

III - a extração e a exploração vegetal e animal;

IV - a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura,

sericicultura, piscicultura e outras culturas animais;

V - a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam

alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo
próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente
empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matéria-prima
produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o
acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja,
acondicionados em embalagem de apresentação.

Os próprios Tribunais Regionais Federais consideram a apicultura como atividade

especial, vejamos:
“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”
(Rui Barbosa)

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 PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. APICULTOR.
COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE
ECONOMIA FAMILIAR. REALIZAÇÃO DE BICOS. NÃO
DESCARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL.
CUMPRIMENTO DA CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO. (TRF-5 - Recursos:
05032369320184058309, Relator: POLYANA FALCÃO BRITO, Data de
Julgamento: 31/07/2020, Terceira Turma, Data de Publicação: Creta
03/08/2020 PP-)

Cuida-se de recurso interposto pelo autor contra sentença que julgou

improcedente o seu pedido de aposentadoria por idade híbrida. Alega o
demandante, em síntese, que, no período de 01/01/2005 a 13/08/2018 (DER),
exerceu atividade de apicultor, em regime de economia familiar, daí
entende que esse período deveria ser computado na carência do
benefício perseguido. Sustenta que juntou provas materiais do exercício
dessa atividade, além de que a prova produzida em audiência lhe teria sido
favorável. Contrarrazões sob o anexo 38. É o que importa relatar. A
controvérsia envolve a concessão da aposentadoria híbrida, na qual são
somados o tempo de contribuição urbano e rural, autorizada pelo art. 48, § 3º,
da Lei nº 8.213/1991, que assim dispõe, in verbis:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida

ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta
Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem, e 60 (sessenta), se mulher.
§ 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para
sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de
trabalhadores rurais, respectivamente homens e
mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea
g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.
§ 2º [...]
§ 3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o
deste artigo que não atendam ao disposto no § 2o
deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se
forem considerados períodos de contribuição sob
outras categorias do segurado, farão jus ao benefício
ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade,
se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher.
Destaco que não há discussão sobre a possibilidade de contagem do tempo de
serviço rural remoto (anterior ao advento da Lei n. 8.213/1991), matéria objeto
do Tema/Repetitivo 1.007, onde foi proferida decisão pela vice-presidência do
STJ, determinando a suspensão de todos os processos até a decisão definitiva
do STF.
Pois bem. No caso em tela, o autor juntou aos autos, com o objeto de
comprovar o exercício da atividade de apicultor, os seguintes
documentos: carteira de associado ao Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Araripina (com recolhimentos a partir de 01/2017);
declaração do Sindicato (datada em 08/2018); declaração da Associação
de Apicultores de Araripina (sem data de emissão); contratos de
comodato (datados em 2006, 2007 e 2014); declaração de aptidão ao
Pronaf (datada em 03/2013); certificado de participação em curso de
apicultura (datado em 12/2004); extrato do INFEN, demonstrando que
foi beneficiário de auxílio-doença, na condição de segurado especial,
nos períodos de 04/06/2013 a 03/10/2013, 14/04/2014 a 30/09/2014 e
“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”
(Rui Barbosa)

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 22/11/2014 a 28/02/2015. A meu ver, esses documentos mostram-se
hábeis a servir como início de prova material do exercício da atividade
rural pelo demandante durante o período controvertido.
Embora a esposa do autor tenha afirmado, na entrevista rural realizada na via
administrativa, que ele auferia rendimentos com realização de bicos, deve-se
ponderar que tanto a prova material como a prova produzida em audiência
foram bastante convincentes quanto ao exercício da atividade
de apicultor pelo demandante, em regime de economia familiar, durante o
período objeto de controvérsia. O fato de ele ter realizado bicos não
descaracteriza a condição de segurado especial da Previdência, tendo
em vista que o conjunto probatório demonstra que a atividade rural era
a preponderante para a sua subsistência e da sua família. Dessa forma, o
período deverá ser computado para efeitos de carência.
A planilha anexa revela que o autor, na DER, já havia cumprido a carência
necessária para a concessão do benefício perseguido. Destaco que, apesar de
não constar do CNIS, o vínculo de 01/12/1974 a 23/12/1975 foi considerado
na contagem do período de carência, uma vez que se encontra devidamente
anotado na CTPS, sem qualquer rasura ou ndício de contrafação, sendo isto
suficiente para a comprovação do vínculo (cf. súmulas 12/TST, 225/STF e
75/TNU). Não é demais ressaltar que a empresa figura como responsável
tributária pelo recolhimento das contribuições devidas pelos seus de
empregador, não devendo, estes, portanto, ser prejudicados na hipótese de não
cumprimento do dever imposto ao empregador.
Do exposto, dou provimento ao recurso para condenar o INSS a lhe conceder o
benefício de aposentadoria por idade, com DIB na DER, calculadas as parcelas
atrasadas, com correção pelo INPC e incidência de juros de mora na forma do
art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997 (STJ. 1ª Seção. REsp 1.495.146-MG, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 22/02/2018 - recurso repetitivo).

Requisitos para a Concessão de Aposentadoria por Idade, para o Trabalhador Rural,

Vejam:

Art. 201 da CF/88. A previdência social será organizada sob a forma de

regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos
termos da lei:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

Art. 11, Inciso VII da Lei 8.213/91: São Segurados Obrigatórios da

Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
‘’In Verbis”...

Como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro, e o arrendatário

rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas
atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que
com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou
companheiros e filhos maiores de 14(quatorze) anos ou a eles equiparados,
desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. (O
garimpeiro está excluído por força da Lei n° 8.398, de 7.1.92, que alterou a
redação do Inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212, de 24.7.91).
“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”
(Rui Barbosa)

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 Art. 48, parágrafo 1° e 2° da Lei 8.213/91. A aposentadoria por idade será
devida ao segurado que, cumprida a carência exigida pela Lei, completar
65(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, 60(sessenta), se mulher.
(redação dada pela Lei nº. 9.032. de 28.4.95).

Parágrafo 1° Os limites fixados no caput são reduzidos para 60(sessenta) e 55

(cinqüenta e cinco) anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente
homens e mulheres, referidos na alínea a do Inciso I, na alínea g do Inciso V e
nos Incisos VI e VII do art. 11. (Redação dada pela Lei n° 9.876, de 26.11.99).

Parágrafo 2° Para os efeitos do disposto no parágrafo anterior, o trabalhador

rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de
forma descontínua, no período imediatamente 28.4.95).

Art. 106 da Lei n° 8.213/91: A comprovação do exercício de atividade rural

será feita, alternativamente, por meio de:
I– contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência
Social;
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
III – declaração fundamentada de sindicato que represente o
trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de
pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS;
IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar;
V – bloco de notas do produtor rural;
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7º do art. 30 da
Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da
produção, com indicação do nome do segurado como vendedor;
VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa
agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como
vendedor ou consignante;
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social
decorrentes da comercialização da produção;
IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda
proveniente da comercialização de produção rural; ou
X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.

Art. 142. Para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de

julho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador rural cobertos
pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por
tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta
o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à
obtenção do benefício.

Ano de implementação das condições Meses de contribuição exigidos 1991 60

meses 1992 60 meses 1993 66 meses 1994 72 meses 1995 78 meses 1996 90
meses 1997 96 meses 1998 102 meses 1999 108 meses 2000 114 meses 2001
120 meses 2002 126 meses 2003 132 meses 2004 138 meses 2005 144 meses
“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”
(Rui Barbosa)

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 2006 150 meses 2007 156 meses 2008 162 meses 2009 168 meses 2010 174
meses 2011 180 meses.
anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses
de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido. (Parágrafo
acrescentado pela Lei n° 9.032, de

Portanto Excelência, não há o que se questionar quanto ao direito do

requerente, visto comprovar através de farta documentação sua qualidade de
segurado especial, ademais já atingiu a idade necessária para a concessão do
benefício.

Vale ressaltar Nobre Julgador, a inexistência de obrigatoriedade de o segurado

especial comprovar sua atividade continuamente, ou seja, comprovar a
atividade rural sem nenhuma interrupção, podendo assim, ser interrompida,
durante o período haver um ano ou mais sem comprovar a sua atividade.

Os arts. 48, § 2º e 143 da Lei 8.213/91 estabelecem que:

Art. 48, § 2º da Lei 8.213/91: “Para os efeitos do disposto no parágrafo
anterior, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao
número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício
pretendido.”

Art. 143 da Lei 8.213/91. O trabalhador rural ora enquadrado como

segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da
alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer
aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante
quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que
comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no
período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de
meses idêntico à carência do referido benefício.

Diante dos fatos narrados e do esboço jurídico trazido não restam dúvidas quanto a
qualidade de segurado especial da requerente, sendo justo a concessão do seu
benefício.

DOS PEDIDOS

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

“A Justiça atrasada não é Justiça senão injustiça qualificada e manifesta”

(Rui Barbosa)

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 1) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como o
deferimento da gratuidade da justiça, pois a parte Autora não tem condições de
arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;
2) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo,
apresentar defesa;
3) A produção de todos os meios de prova, principalmente documental,
testemunhal e pericial. Com relação à última, que seja observada a Resolução
1.488/98 do Conselho Federal de Medicina;
4) O deferimento da antecipação de tutela, com a apreciação do pedido de
implantação do benefício em sentença;
5) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o
INSS a:

5.2) Conceder o benefício de Aposentadoria como Segurado Especial ao

requerente desde a data do requerimento, qual seja 03.05.2023.

5.3) Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o

respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a
data do pagamento.

5.4) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis

que cabíveis em segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95
c/c art. 1º da Lei 10.259/01.

6) A parte Autora renuncia expressamente aos valores que excederem o limite de

60 (sessenta) salários mínimos, definidos como teto fixador da competência dos
Juizados Especiais Federais, nos termos do artigo 3º da Lei nº 10.259/01.

Da-se a causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), para efeitos fiscais

Nesses termos,
Pede deferimento.

Picos (PI), 29 de agosto de 2023

DR. VIDAL GENTIL DANTAS

OAB-PI 99-B

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