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3ª Câmara de Julgamento
Data/Hora: 16/10/2020 18:28:00
Inclusão em Pauta
Incluído em pauta em 09/10/2020 14:33:22 para sessão 0638/2020 E.
Relatório
Trata-se de recurso especial interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face de
MARIA MARLENE SCHAEFFER, em razão da decisão da 24ª Junta de Recursos, que conheceu e deu
provimento ao recurso ordinário da interessada, que reconheceu o período de 08/02/1965 a 31/12/1977
como rural. E assim, concedeu a aposentadoria por idade híbrida.
O INSS, em seu Recurso Especial, afirma que não há documentos em nome da interessada, somente de
terceiros. Nesse sentido, deveria haver o processamento de Justificação Administrativa.
A interessada apresentou contrarrazões, e requer a manutenção do decisório da D. Junta de Recursos.
Contudo, autoriza o processamento de Justificação Administrativa.
Principais documentos:
-Ficha de inscrição junto a Cooperativa dos Suinocultores do Caí Superior Ltda, em nome do pai, com data
de admissão 30/01/1960, constando em anotações movimentação de produção em 1984 informando NF
21031-soja.
-Declaração Cooperativa dos Suinocultores do Caí Superior Ltda informando matrícula e data de filiação
(30/01/1960).
-Atestado escolar da requerente para os anos de 1962 e 1963 (anterior ao período que quer comprovar)
-Ficha de classificação escolar para o ano de 1963.
-Certidão de casamento da requerente celebrado em 30/08/1977
-Ficha do Sindicato doa Trabalhadores Rurais de S.S. do Caí sem data de filiação
-Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de S.S. do Caí informando que o pai da requerente foi
associado de 1979 a 1981 (posterior ao período que deseja comprovar)
Voto
EMENTA:
DUPLO RECURSO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. ART 48, §3° DA LEI 8213/91.
ATIVIDADE RURAL. SEGURADA ESPECIAL. JUNTADA DE DOCUMENTOS.
RECONHECIMENTO. ENUNCIADO 08 DO CRPS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 5038261-
15.2015.4.04.7100/RS. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE. RECURSO DO INSS
NÃO CONHECIDO. RECURSO DA RECORRENTE CONHECIDO E PROVIDO.
Observa-se que o recurso interposto pelo INSS é intempestivo, já que a parte obteve ciência da decisão
no dia 17/01/2020, conforme fl. 80, e somente interpôs seu recurso dia 18/02/2020, de acordo com fl. 85.
Portanto, ultrapassou o limite legal estabelecido no art. 305, §1° do Decreto n° 3.048/1999.
A intempestividade de recurso poderá ser relevada, caso seja demonstrado no mérito dos autos, de
forma líquida e certa o direito da parte, segundo o art. 16, inciso II do Regimento Interno deste
Conselho[1].
Recebo as contrarrazões tempestivas da interessada na forma de Recurso Especial. Autorizou o
processamento de Justificação Administrativa.
Os autos versam sobre a possibilidade de concessão da aposentadoria por idade híbrida.
A aposentadoria por idade híbrida diz respeito ao benefício do art. 48, §3° da Lei 8213/91, em que o
segurado trabalhou tanto no meio rural, quanto do meio urbano:
“Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei,
completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. (Redação dada
pela Lei nº 9.032, de 1995)
§3° Os trabalhadores rurais de que trata o §1° deste artigo que não atendam ao disposto no §2° deste
artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras
categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher. (Incluído pela Lei nº 11,718, de 2008)”
Para concessão de aposentadoria por idade híbrida é preciso observar a idade mínima de 65 anos para
homem e 60 anos mulher, é também art. 142 da Lei de Benefícios que diz respeito ao número de
contribuições exigido para aposentadoria por idade.
A interessada apresentou documentos e requer a homologação de períodos como rural.
A qualidade de segurado especial é caracterizada pelos requisitos expostos no art. 11, inciso VI, da Lei n°
8.213/91[2].
Além disso, é necessária análise de documentação dos autos para que seja efetiva a comprovação do
exercício da atividade rural, por meio dos documentos elencados no art. 106 da Lei n° 8.213/91[3].
Importante ressaltar o ENUNCIADO nº 8 do Conselho de Recursos da Previdência Social para
reconhecimento de atividade rural:
O tempo de trabalho rural do segurado especial e do contribuinte individual, anterior à Lei nº 8.213/91,
Declaração de Voto
Decisório
Nº Acordão: 3ª CAJ/10105/2020