Você está na página 1de 7

MERITÍSSIMO JUÍZO DA VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE PATO BRANCO/PR

Ementa: Prioridade de tramitação. IDOSA. Aposentadoria por idade híbrida. Atividade


rural. Segurada especial. Farta prova material. Indeferimento devido a Justificação
Administrativa supostamente desfavorável.

${cliente_nomecompleto}, já cadastrada eletronicamente, vem, com o


devido respeito, por meio de seus procuradores, perante Vossa
Excelência, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA COM PEDIDO DE CONCESSÃO


DE APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos


seguintes fundamentos fáticos e jurídicos:

I – SÍNTESE FÁTICA

A Autora, Sra. ${cliente_nome}, nascida em ${cliente_nascimento}, esteve filiada à


Previdência Social desde ${informacao_generica}. Importa mencionar que a partir do ano de
${informacao_generica} dedicou-se exclusivamente à atividade rural. O quadro a seguir ilustra,
de forma objetiva, o histórico laboral da Autora:

${calculo_vinculos_resultado}
Nesse contexto, a Autora pleiteou ao INSS, no dia 21 de setembro de 2018, o benefício
de aposentadoria por idade híbrida, o qual foi indeferido sob a justificativa infundada de “falta
de período de carência” . Isso porque o INSS deixou de reconhecer os períodos de atividade
rural destacados na tabela supra.

Desta decisão, a Autora interpôs recurso ordinário à Junta de Recursos do CRPS, o qual
teve provimento negado. Por conseguinte, foi interposto Recurso especial à Câmara de
Julgamento do CRPS (CAJ).

Sucede que, embora o recurso especial tenha sido protocolado em ${data_generica},


sequer houve remessa à CAJ.

Sendo assim, diante das decisões administrativas equivocadas, bem como da excessiva
demora para apreciação do recurso especial interposto à CAJ, ajuíza-se a presente demanda.

II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A pretensão da Segurada está fundamentada no art. 201, inciso I, da Constituição


Federal, e nos arts. 39, inciso I, e 142, ambos da Lei 8.213/91, encontrando-se presentes os
requisitos exigidos para a concessão da aposentadoria por idade.

No ponto, registre-se que houve significativa alteração da legislação referente a


aposentadoria por idade com a inclusão de uma nova modalidade denominada atípica, mista
ou híbrida, possibilitando a soma do tempo de serviço urbano ao rural para a concessão da
aposentadoria por idade, de acordo com a nova redação do art. 48 da Lei 8.213/91,
promovida pela edição da Lei 11.718/08.

Portanto, essencialmente, bastam os seguintes requisitos para a concessão da


aposentadoria por idade, nos moldes da Lei 11.718/08:

1. O implemento dos 65 anos de idade para os homens ou 60 anos de idade para as


mulheres;

2. O preenchimento do período de carência previsto no art. 142 da lei 8.213/91, podendo


ser somado o tempo de serviço urbano ao rural, conforme a nova redação do art. 48, §
3º, da Lei 8.213/91.
Assim, restam cumpridos os requisitos necessários à concessão do benefício, visto que a
Autora possui ${cliente_idade} anos de idade e ${calculo_carencia} meses de carência. Não
obstante, oportuno tecer algumas considerações a respeito do conjunto probatório do período
laborado em regime de economia familiar.

COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL – CASO CONCRETO

Consoante demonstrado no processo administrativo, a Autora dedicou-se


exclusivamente ao exercício do labor rural em regime de economia familiar a partir do ano de
${informacao_generica}.

Cabe ressaltar que, desde então, somente se afastou da lide campesina quando
necessitou usufruir de auxílio-doença acidentário, períodos que, inclusive, devem ser
averbados para a concessão do benefício ora pleiteado, nos termos da regulamentação.

Ademais, para fins de comprovação do tempo de serviço rural, a Autora apresentou os


seguintes documentos:

1. Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de ${informacao_generica} ;

2. Comprovante da Receita Estadual contendo o nome da Autora como microprodutora;

3. Contrato de Comodato Rural firmado em ${informacao_generica} ;

4. Contrato de Comodato Rural firmado em ${informacao_generica} ;

5. Notas fiscais de produtor rural referentes a todo o período requerido ;

Impende frisar que esta documentação é prova suficiente do exercício da atividade


rural, conforme disposição da própria IN nº 77/2015 (grifos nossos):

Subseção II

Da comprovação da atividade do segurado especial para fins de inclusão, alteração,


ratificação e exclusão dos dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS

Art. 47. A comprovação do exercício de atividade rural do segurado especial,


observado o disposto nos arts. 118 a 120, será feita mediante a apresentação de um
dos seguintes documentos:
I - contrato de arrendamento, parceria, meação ou comodato rural, cujo período da
atividade será considerado somente a partir da data do registro ou do reconhecimento
de firma do documento em cartório;

II - declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou,


quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo
INSS;

III - comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -


INCRA, através do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural - CCIR ou qualquer outro
documento emitido por esse órgão que indique ser o beneficiário proprietário de
imóvel rural;

IV - bloco de notas do produtor rural;

V - notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 24 do art. 225 do RPS,


emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado
como vendedor;

VI - documentos fiscais relativos à entrega de produção rural à cooperativa agrícola,


entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou
consignante;

VII - comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes


da comercialização da produção;

VIII - cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da


comercialização de produção rural;

IX - comprovante de pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR,


Documento de Informação e Atualização Cadastral do Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural - DIAC e/ou Documento de Informação e Apuração do Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural - DIAT, entregue à RFB;

Outrossim, faz-se mister pontuar que esta documentação tanto constitui prova
suficiente do labor rural que a Autora já teve por duas vezes concedido o benefício de auxílio-
doença na qualidade de segurada especial.

Não obstante a farta prova documental apresentada, foi processada Justificação


Administrativa, a qual segundo entendimento da Autarquia Previdenciária foi desfavorável à
comprovação da atividade campesina, pois as testemunhas não tinham certeza sobre a
propriedade do imóvel rural.

Contudo, ressalta-se que o direito fundamental à Previdência Social não pode ser
restringido pelo simples fato de alguns depoentes não terem conhecimento sobre o modo de
exploração rural – arrendamento ou propriedade da terra –, já que TODAS as testemunhas
confirmaram que a Autora trabalhava no meio rural.

Pelo exposto, pugna a Autora que seja conhecida sua qualidade de segurada especial a
partir de ${data_generica}, pois, realmente, dedicou-se exclusivamente à agricultura, sendo
este seu único meio de subsistência e, consequentemente, seja concedida a aposentadoria por
idade híbrida.

Por derradeiro, a fim de que não pairem dúvidas acerca do desempenho da atividade
rural, requer a prodoução de prova testemunhal em juízo.

III – AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de análise detalhada de provas no presente feito, a Autora


vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso VII, do CPC/2015, que não há interesse na
realização de audiência de conciliação ou mediação, haja vista a iminente ineficácia do
procedimento e a necessidade de que ambas as partes dispensem a sua realização, conforme
previsto no art. 334, §4º, inciso I, do CPC/2015.

IV – IMPLANTAÇÃO IMEDIATA DO BENEFÍCIO

De acordo com a previsão do art. 43 da lei 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei 10.259/01, salvo
situações excepcionais, deverá ser atribuído apenas o efeito devolutivo ao recurso interposto
no âmbito dos Juizados Especiais Federais.

De qualquer forma, no momento em que for proferida a sentença, os requisitos para


concessão de tutela provisória satisfativa de urgência previstos no art. 300 do CPC/2015
estarão devidamente preenchidos, a saber: 1) A existência de elementos que evidenciem a
probabilidade do direito; 2) O perigo ou dano ao resultado útil do processo.

O primeiro requisito será preenchido com base em cognição exauriente e nas diversas
provas apresentadas no processo, as quais demonstram de forma inequívoca o direito da
Autora à concessão do benefício.
No que concerne ao perigo ou dano ao resultado útil do processo, há que se atentar
que a idade avançada e o caráter alimentar do benefício traduzem um quadro de urgência
que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em vista que nos benefícios previdenciários
resta intuitivo o risco de ineficácia do provimento jurisdicional final.

Sendo assim, é imperiosa a determinação sentencial para que a Autarquia Ré implante


o benefício de forma imediata, tendo em vista a ausência do efeito suspensivo nos recursos
interpostos no âmbito dos Juizados Especiais Federais, bem como o preenchimento dos
requisitos para deferimento da tutela provisória.

V – PEDIDOS E REQUERIMENTOS

EM FACE DO EXPOSTO, requer:

1. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural , bem como o deferimento


de prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso) e
no art. 1048, I, do CPC/2015, eis que a Autora conta com mais de sessenta anos de
idade;

2. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, tendo em vista que a parte Autora


não possui recursos financeiros suficientes para custear as despesas do processo;

3. A dispensa da audiência de conciliação e mediação prevista no art. 334 do CPC/2015,


nos termos da fundamentação;

4. A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente o


testemunhal;

5. O deferimento da tutela provisória satisfativa, com a apreciação do pedido de


implantação do benefício em sentença;

6. Ao final, julgar procedentes os pedidos formulados na presente ação, condenando o


Instituto Nacional do Seguro Social a:

1. Averbar para fins de carência o tempo de serviço rural prestado na qualidade de


segurada especial durante o período de ${informacao_generica} ;

2. Conceder à Autora a APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA NB:


${informacao_generica}, com a condenação ao pagamento das prestações em
atraso a partir da DER, em ${data_generica}, corrigidas na forma da lei,
acrescidas de juros de mora desde quando se tornaram devidas as prestações.
Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Dá à causa o valor[1] de R$ ${processo_valordacausa}.

Pato Branco/PR, 18 de janeiro de 2024.


TALITA FERRARESI
PR69045

[1] ${processo_calculo_valordacausa}

Você também pode gostar