EXCELENTÍSSIMO JÚIZO FEDERAL DA 1ª VARA DA SUBSEÇÃO
DE (NOME DA CIDADE) – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE (NOME DO
ESTADO).
MARIA SIL, brasileira, casada, agricultora, portadora da carteira de
identidade nº _____, e do CPF nº ______, residente e domiciliada na Localidade Rural de ______, nº_____, Bairro ____, no município de ____, CEP ____-___, vem respeitosamente à Vossa Excelência, por seus procuradores infra-firmados, conforme procuração anexa e endereço ao rodapé indicado, propor a presente:
AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE
SALÁRIO-MATERNIDADE
Em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,
Autarquia Federal com CNPJ nº 29.979.036/0314-53, situada na Rua ____, nº ___, CEP ___-__, Bairro ____, Município de ____, pelos fatos e fundamentos de direito aduzidos:
I – DOS FATOS
A autora é trabalhadora rural na localidade de Rio da Anta,
exercendo suas atividades rurais em regime de economia familiar em terras rurais próprias e de comodato, conforme se verifica nos documentos carreados aos autos.
No dia 01.02.2018, a autora deu a luz à MARIA SILVA, passando,
consequentemente a ter direito ao benefício de salário-maternidade rural na forma da lei.
Para a autora, portanto, bastaria provar que nos 10 (dez) meses
anteriores ao nascimento de sua filha, que exercia à atividade rural, independentemente de qualquer carência, ou seja, basta à autora comprovar o efetivo exercício de atividade rural entre: Período de carência mínima de 04/2015 até 02/2018 (NAS 01.02.2018). Destacamos que: o período de carência é devidamente comprovado pelos documento (em anexo), em nome PRÓPRIO da segurada e em nome de seu marido/ companheiro Jiovani, vejamos:
a) Certidão de nascimento de sua filha MARIA SILVA, nascida em
01.02.2016;
b) Contrato de comprova e venda de Imóvel Rural em nome da
autora e de seu companheiro/marido datado de 22.03.2013;
c) Contrato particular de comodato em nome da autora e de seu
companheiro/marido datado de 22.10.2015;
d) Notas Fiscais de Produto Agrícola em nome da autora e de seu
companheiro/marido dos anos de 2013 a 2016;
e) Relação de Notas Fiscais emitidas em nome da autora em
conjunto com seu marido/companheiro dos de 2012 a 2018;
f) Declaração de Exercício de Atividade Rural emitido pelo
Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de P P, declarado atividade rural no período de 2012 à 2017;
Entretanto, a Autarquia Federal – INSS negou à trabalhadora
rural o seu direito ao referido benefício previdenciário em 15.04.2018 (NB-001).
AINDA, a negativa do benefício previdenciário não pode ser
fundamentada nos recebimento do benefício de pensão por morte do falecido marido da autora (NB 21/002-DER-26.04.2006), visto que referido benefício previdenciário possui 3 dependentes, quais sejam: a autora e seus filhos, Felipe e Anderson, sendo a quota parte da autora somente 1/3 do valor total do benefício, ou R$ 402,65 reais. “Ademais, sendo a quota da autora inferior ao salário mínimo é inaplicável a espécie a redação do art.112, XI, ‘a”, da Instituição Normativa, INSS n. 128 de 2022.
Enfim, pretende a autora provar por todos os meios admitidos
em direito que faz jus ao benefícios, vez que além de possuir início de prova documental rural, possui testemunhas que podem comprovar o efetivo exercício de atividade rural entre os períodos d 04/2015 até 02/2018.
II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO
O art.11, inciso VII e §1º da Lei n. 8.213/91 preconizam que,
exercendo suas atividades em regime de economia familiar e, também de maneira individual como bóia-fria, a autora se enquadra na definição de segurado especial para fins de recebimento de benefício da Previdência Social.
Especificamente com relação ao benefício de salário-maternidade, a
referida lei em seu art. 39, parágrafo único, de início estabelecia prazo de carência de 12 meses.
Entretanto, no tocante à carência, o art. 25, inciso III da Lei n.
8.213/91, com redação conferida pela Lei n. 9.876/99, estabeleceu período de carência de 10 meses.
Ou seja, o parágrafo único do art. 39 da Lei n. 8.213/91 (acrescido
pela Lei n. 8.861, de 25.03.1994), bem como a ressalva prevista no inciso III do art. 25, (conferida pela Lei n. 9.876/99 e §2º do art. 93 do Decreto n. 3.265/99) estabelecem que independe de carência a concessão do benefício de salário-maternidade para as seguradas trabalhadoras rurais que exerçam suas atividades em regime de economia familiar.
DA CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIO
Mesmo comprovada a atividade rural da parte autora, a Autarquia
Federal-INSS, descaracterizou referida atividade rural da instituidora do benefício, pelo argumento de existência de rendimentos superiores ao salário-mínimo (R$ 954,00 reais) por parte da autora requerente.
No caso, autora percebe o benefício previdenciário de pensão por
morte com DER-26/04/2006 NB 21/002 E RMS –R$ 1.207,95 reais, observamos que o seu benefício é superior ao salário-mínimo, entretanto conforme documentação a autora é titular de somente 1/3 desse benefício.
Ademais, a jurisprudência vem admitindo a concessão do benefício
em cumulação com pensão por morte em casos semelhantes, consoante demonstram as ementas abaixo transcritas: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL. REQUISITOS PRENCHIDOS. BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE. CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR IDADE. POSSIBILIDADE. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. TUTELA ESPECÍFICA. 1. O tempo de serviço rural para fins previdenciários pode ser demonstrado através de início de prova material suficiente, desde que complementado or prova testemunhal idônea. 2. Restando comprovado nos autos o requisito etário e o exercício de atividade rural no período de carência, é de ser concedid a aposentadoria por idade rural à parte autora a conta do requerimento administrativo, a teor do disposto no art. 49, II, da Lei n. 8.213/91. 3. Em se tratando de benefício previdenciário rural é legítima a percepção cumulativa de aposentadoria por idade e pensão por morte, tendo em vista diferentes pressupostos fáticos e fatos geradores de natureza distintos. 4. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão naquilo que se refere à obrigação de implementar o benefício, por se tratar de decisão de eficácia mandamental que deverá ser efetivada mediante as atividades de cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo).
Do corpo do acórdão colhe-se:
O fato de a autora perceber benefício de pensão por morte com DIB em 09-05-2002, no valor de R$ 728,37 (competência agosto/2012, Plenus em anexo, Evento 53 – OUT3), não afasta o seu direito à aposentação, porquanto se tratam de benefícios de pressupostos fáticos diferentes e fatos geradores de naturezas distintas, consoante resta claro do precedente abaixo colacionado: PREVIDENCIÁRIO – RECURSO ESPECIAL – BENEFÍCIO DE ENSÃO POR MORTE – CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR IDADE – RURÍCOLA – POSSIBILIDADE – Em se tratando de benefício previdenciário rural é legítima a percepção cumulativa de aposentadoria por idade e pensão por morte, tendo em vista diferentes pressupostos fáticos e fatos geradores de natureza distintas. – Omissis”(REsp 244.917/RS, 5ª Turma, rel. Min. Jorge Scartezzini, DJU 20.11.2000). O fato de o cônjuge da autora ter desempenhado atividade urbana no lapso de tempo rural reconhecido, não afasta a condição da segurada especial da demandante, sendo certo, também, que incumbia à Autarquia Previdenciária a prova de que o trabalho desenvolvido pela requerente na agricultura não era “indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar”, nos termos dispostos no § 1º do art. 11 da LBPS (Redação dada pela Lei n. 11.718, de 20.06.2008) o que não se verificou no presente caso.
A propósito do tema, é o teor da Súmula n. 41 da TNU (Dj
03.03.2010) “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto.”
Em resumo, por tratasse de origens contributivas, ou fatos
geradores distintos, a quota de benefício de pensão por morte da autora não é meio para descaracterização da sua atividade rural, ainda, o art. 12, §10, d Lei n. 8.212/91, é claro em destacar que o fato de um dos membros do grupo exercer atividade incompatível com o regime de economia familiar não descaracteriza, por si só, a atividade rural dos demais componentes. No caso, e a exclusão do conceito somente ao membro do grupo familiar que exercer atividade diversa a rural.
Vejamos que, as redações dos arts. 42, VIII, “b”, da Instrução
Normativa –INSS n. 77 de 2015, e 112, IX “a” da IN-INSS n. 128 de 2022, estabelecem a restrição inexistente em Lei, contrária à redação do art. 12, §10 da Lei n. 8.212/91, motivo pelo qual é ilegal, porque feri o princípio constitucional da legalidade onde ato administrativo não pode se sobrepor à Lei.
Por fim, sendo a autora trabalhadora rural em regime de economia
familiar e/ou individual, e tendo exercido tais atividades, ainda que de forma descontínua, nos 10 meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, faz jus ao recebimento do benefício de salário-maternidade, na forma prevista no arts. 25 inciso II, 39 parágrafo único, 71 e 73 da Lei n. 8.213/91.
III – DO PEDIDO
Ex positis, requerer:
a) A concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA com a
isenção de custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 98 do CPC;
b) Nos termos do art. 319, VII, do CPC, a parte autora informa
que, não tem interesse na designação de audiência de conciliação ou mediação;
c) A citação do réu, na pessoa de seu procurador, para
querendo, contestar o feito, sob pena de serem reputados como verdadeiros os fatos aqui alegados nos termos do art. 344, do CPC;
d) Requer a produção das provas necessárias à comprovação
do direito da parte autora, em especial, a prova testemunhal, adiante arrolada e a prova documental acostada m arquivos digitais anexos, e por fim, por todos os meios de prova admitidos em direito, nos termos dos arts. 319, VI, 355 e 369 do CPC;
e) Após a produção das provas, seja julgada a presente ação
procedente e através de sentença declarar a certeza da existência de relaçã jurídica de trabalho rural entre 04.2015 a 02.2018, para fins exclusivos de concessão de salário- maternidade prevista nos arts. 25 inciso III, 39 parágrafo único, 71 e 73 da Lei n. 8.213/91, para por fim, declarar por sentença todo o período de relação jurídica entre a parte autora e o réu Instituto Nacional do Seguro Social;
f) Por fim, seja o INSS condenado a implantar os benefícios
pleiteados pela parte autora (com base nos arts. 25, inciso III, 39 parágrafo único, 71 e 73 da Lei n. 8.213/91) e pagar na integralidade as parcelas vencidas referentes aos benefícios necessários, ou seja, desde a DER-15.04.2018 (NB-80/001), com a devida correção monetária, juros moratórios mensais e honorários advocatícios de sucumbência em patamar de 20% nos termos do art. 85, §3º, I, do CPC;
g) Por fim, a parte autora renuncia desde já aos valores
excedentes a 60 (sessenta) salários mínimos para fins de competência do Juizado Especial Federal.
IV – ROL DE TESTEMUNHAS
1º) NIL SILVA, casado, agricultor, portador da Carteira de
Identidade n.___ e do CPF n.____, residente e domiciliado na localidade de Rio da Anta, no município de P P/SC;
2º) SEGE ALVES, casado, agricultor, portador da Carteira de
Identidade n.___ e do CPF n.____, residente e domiciliado na localidade de Rio da Anta, no município de P P/SC;
3º) ELOI SILVA, casado, agricultor, portador da Carteira de
Identidade n.___ e do CPF n.____, residente e domiciliado na localidade de Rio da Anta, no município de P P/SC;
V – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor provisório de R$ 4.664,66 (Quatro mil
seiscentos e sessenta e quatro reais e sessenta e seis centavos)