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ADVOCACIAESPECIALIZADA

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AO MERETÍSSIMO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA


SUBSEÇÃO JUDICIARIA DE CAMPO MOURÃO- PARANÁ

COM PEDIDO DE PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

CEALDA PEDROSA DEGRANDE, brasileira, casada,


portadora da cédula de identidade sob nº 4.383.326-0 SSP/PR e inscrita no CPF/MF sob
o nº 58811001900, nascida aos 09/09/1959 (68 anos), residente e domiciliada na Rua
Beija Flor nº 46, Campo Mourão-PR, vem, com o devido respeito, por meio de sua
procuradora, perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR


IDADE HÍBRIDA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO


SOCIAL (INSS), pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos:

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JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, requer a concessão do benefício da assistência


judiciária gratuita, por ser a Autora pobre, na acepção legal do termo, conforme
declaração de hipossuficiência anexo, consoante Art. 5º, inciso LXXIV, da CF/88, e
regulamentado ainda pelo art. 98 do Código de Processo Civil.

I – DOS FATOS

A Autora nascido em 17 de Novembro de 1952, atualmente


com 68 anos de idade laborou na atividade rural e urbana durante diversos períodos
contributivos.

Destaca-se que as lides do campo foram exercidas em regime de


economia familiar, inicialmente com o seus pais e irmãos deste que terá idade durante o
período 01/01/1964 a 30/04/1972. Após o casamento com o Sr. DEZIO DEGRANDE, a
autora passou a auxiliar o marido nas atividades rurais em regime de economia familiar
permanecendo no período 12/05/1973 a 30/09/1984 TOTALIZANDO 19 ANOS 08
MESES 19 DIAS - DE ATIVIDADE RURAL.

Em todos os anos de atividade, acumulou, dentre as duas


modalidades de trabalho, suficiente tempo de contribuição e carência para usufruir do
benefício da Aposentadoria por Idade Hibrida, consoante se depreende as informações
embasada inclusive em dados constantes do CNIS anexo.

Nesse contexto, o Autor pleiteou ao INSS, no dia 12/12/2018, o


benefício de aposentadoria por idade híbrida NB: 185.903.965-8, o qual foi indeferido
sob a justificativa infundada de “falta de período de carência” .

O período de atividade rural em regime de economia familiar


exercido inicialmente com seus pais e após o casamento com seu esposo não foi
reconhecido.

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Insta mencionar, a Autora possui um período constante em seu


CNIS, no qual se TOTALIZA 10 ANOS 01 MÊS de contribuição.

A tabela a seguir demonstra de forma objetiva estes interregnos:

Conforme será amplamente demonstrado nessa exordial, como


bem com todas as provas matérias anexo, todo o período acima mencionado deverá ser
reconhecido e averbado em seu CNIS para fins de concessão de APOSENTADORIA
POR IDADE HIBRIDA.

Com o devido respeito ao servidor da Autarquia, que alicerça


suas decisões na instrução normativa interna, o indeferimento não pode prosperar, da
maneira que será constatada posteriormente.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A pretensão da Requerente está fundamentada no art. 201, inciso


I, da Constituição Federal, e nos art. 39, inciso I, e 142, ambos da Lei 8.213/91,
encontrando-se presentes os requisitos exigidos para a concessão da aposentadoria por
idade.

Por outro lado, houve significativa alteração da legislação


referente a aposentadoria por idade com a inclusão de uma nova modalidade
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denominada atípica, mista ou híbrida, possibilitando a soma do tempo de serviço urbano


ao rural para a concessão da aposentadoria por idade, de acordo com a nova redação do
art. 48 da Lei 8.213/91, promovida pela edição da Lei 11.718/08.

Na esteira da inclusão dessa nova modalidade de aposentadoria


por idade, o Decreto nº 6.722/08, visando adequar o regulamento da previdência social,
deu a seguinte redação ao art. 51 do Decreto 3.048/99:

Art. 51. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida a carência exigida,
será devida ao segurado que completar sessenta e cinco anos de idade, se
homem, ou  sessenta, se mulher, reduzidos esses limites para sessenta e
cinquenta e cinco  anos de idade para os trabalhadores rurais,
respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea "a" do inciso I, na
alínea "j" do inciso V e nos incisos VI e VII do caput do art. 9º, bem como
para os segurados garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime
de economia familiar, conforme definido no §5º do art. 9º. (Redação dada
pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/1999)
§1º Para os efeitos do disposto no caput, o trabalhador rural deve comprovar
o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no
período imediatamente anterior ao requerimento do benefício ou, conforme o
caso, ao mês em que cumpriu o requisito etário, por tempo igual ao número
de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 8o do art.
9o. . (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
§2º Os trabalhadores rurais de que trata o caput que não atendam ao disposto
no § 1º, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos
de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao
completarem sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos, se
mulher. . (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
§3º Para efeito do § 2o, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado
na forma do disposto no inciso II do caput do art. 32, considerando-se como
salário-de-contribuição mensal do período como segurado especial o limite
mínimo do salário-de-contribuição da previdência social. (Incluído pelo
Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
§4º Aplica-se o disposto nos §§ 2º e 3º ainda que na oportunidade do
requerimento da aposentadoria o segurado não se enquadre como
trabalhador rural. (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008).

Assim, após a referida modificação legislativa, tornou-se


possível a soma do tempo de serviço rural ao urbano, inclusive quando o segurado
estiver exercendo atividade urbana no momento do requerimento do benefício.

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Com o novo regramento o legislador buscou corrigir uma


contradição histórica da legislação previdenciária. Veja-se o exemplo de um segurado
especial que estava prestes a se aposentar no campo, mas, às vésperas obteve uma
oportunidade de emprego na cidade.
Neste caso, além de não poder requerer o benefício da
aposentadoria por idade rural, deveria contribuir por quinze anos na condição de
segurado urbano para preencher os requisitos da aposentadoria.
A jurisprudência também vem se manifestando neste sentido,
sendo de enorme relevância o julgamento do Superior Tribunal de Justiça ao julgar o
Tema Repetitivo 1007:

O tempo de serviço rural, ainda que remoto e descontínuo,


anterior ao advento da Lei 8.213/1991, pode ser computado para fins da carência
necessária à obtenção da aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido
efetivado o recolhimento das contribuições, nos termos do art. 48, § 3o. da Lei
8.213/1991, seja qual for a predominância do labor misto exercido no período de
carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etário
ou do requerimento administrativo.

Nesse sentido é o entendimento adotado pelo Tribunal Regional


Federal da 4ª Região:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. REQUISITOS


LEGAIS. COMPROVAÇÃO. LEI Nº 11.718/2008. LEI 8.213, ART. 48, §
3º. TRABALHO RURAL E TRABALHO URBANO. CONCESSÃO DE
BENEFÍCIO A SEGURADO QUE NÃO ESTÁ DESEMPENHANDO
ATIVIDADE RURAL NO MOMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DOS
REQUISITOS. DESCONTINUIDADE. POSSIBILIDADE. 1. É devida a
aposentadoria por idade mediante conjugação de tempo rural e urbano
durante o período aquisitivo do direito, a teor do disposto na Lei nº 11.718,
de 2008, que acrescentou § 3º ao art. 48 da Lei nº 8.213, de 1991, desde que
cumprido o requisito etário de 60 anos para mulher e de 65 anos para
homens. 2. Ao § 3º do artigo 48 da LB não pode ser emprestada
interpretação restritiva. Tratando-se de trabalhador rural que migrou
para a área urbana, o fato de não estar desempenhando atividade rural
por ocasião do requerimento administrativo não pode servir de
obstáculo à concessão do benefício. A se entender assim, o trabalhador
seria prejudicado por passar contribuir, o que seria um contrassenso. A
condição de trabalhador rural, ademais, poderia ser readquirida com o
desempenho de apenas um mês nesta atividade. Não teria sentido se

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exigir o retorno do trabalhador às lides rurais por apenas um mês para


fazer jus à aposentadoria por idade. 3. O que a modificação legislativa
permitiu foi, em rigor, para o caso específico da aposentadoria por idade aos
60 (sessenta) ou 65 (sessenta e cinco) anos (mulher ou homem), o
aproveitamento do tempo rural para fins de carência, com a consideração de
salários-de-contribuição pelo valor mínimo no que toca ao período rural. 4.
Não há, à luz dos princípios da universalidade e da uniformidade e
equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais, e bem
assim do princípio da razoabilidade, como se negar a aplicação do artigo 48,
§ 3º, da Lei 8.213/91, ao trabalhador que exerceu atividade rural, mas no
momento do implemento do requisito etário (sessenta ou sessenta e cinco
anos), está desempenhando atividade urbana. 5. A denominada
aposentadoria mista ou híbrida, por exigir que o segurado complete 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher,
em rigor é uma aposentadoria de natureza urbana. Quando menos, para fins
de definição de regime deve ser equiparada à aposentadoria urbana. Com
efeito, a Constituição Federal, em seu artigo 201, § 7º, II, prevê a redução do
requisito etário apenas para os trabalhadores rurais. Exigidos 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher, a
aposentadoria mista é, pode-se dizer, subespécie da aposentadoria urbana.
(TRF4, APELREEX 0015673-11.2010.404.9999, Quinta Turma, Relator
Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 18/10/2013) (grifei)

Não bastasse, registre-se o teor da SÚMULA 103 DO TRF4:

SÚMULA 103 "A concessão da aposentadoria híbrida ou


mista, prevista no art. 48, §3º, da Lei nº 8.213/91, não está condicionada ao
desempenho de atividade rurícola pelo segurado no momento imediatamente anterior
ao requerimento administrativo, sendo, pois, irrelevante a natureza do trabalho
exercido neste período."

Nesse diapasão, denota-se que a súmula supracitada é um


PRECEDENTE VINCULANTE nos termos do art. 927, inciso V, do Código de
Processo Civil.

Desta forma, verifica-se que os precedentes judiciais deverão


ser fielmente observados pelos tribunais, sobretudo porque a interpretação sistemática
do ordenamento jurídico pátrio não deixa qualquer dúvida a respeito da
ilegalidade/inconstitucionalidade da inserção de norma que tenha por objetivo deixar de
observar os precedentes supramencionados.
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Trata-se de regra que deve ser interpretada extensivamente para


concluir-se que é omissa a decisão que se furte em considerar qualquer um dos
precedentes obrigatórios nos termos do art. 927 do CPC.
No mais, exatamente por ser obrigatória a observância dos
precedentes vinculantes, os julgadores, independentemente de provocação, deverão
conhecê-los de ofício, sob pena de omissão e denegação de justiça.
A pretensão da Segurada está fundamentada no art. 18 da EC
103/2019 e no § 3º do art. 48 da Lei 8.213/91, encontrando-se presentes os requisitos
exigidos para a concessão da aposentadoria por idade mista ou híbrida, na qual é
possível o cômputo tanto de períodos de atividade urbana quanto de atividade rural.
É importante destacar, ainda, que em 04/01/2018 foi emitido
Memorando-Circular Conjunto nº 1 /DIRBEN/PFE/INSS, com base no deferimento de
execução provisória da Ação Civil Pública -ACP nº 5038261-15.2015.4.04.7100/RS,
para fins de garantir o direito à aposentadoria por idade na modalidade híbrida,
independentemente de qual tenha sido a última atividade profissional desenvolvida –
rural ou urbana.

Portanto, essencialmente, bastam os seguintes requisitos para a


concessão da aposentadoria por idade híbrida:

* O implemento dos 65 anos de idade para os homens ou 60


anos de idade para as mulheres (regra permanente);

* 15 anos de contribuição para ambos os sexos, podendo ser


considerada atividade rural ou urbana para este fim.

Outrossim, na data do requerimento administrativo o requisito


etário exigido era de 60 anos para as mulheres, conforme regra transitória prevista no §
1º do art. 18 da EC 103/2019. 
Assim, restam cumpridos os requisitos necessários à concessão
do benefício, visto que a AUTORA POSSUI 66 ANOS DE IDADE NA DATA DA
DER E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 29 ANOS 09 MESES 16 DIAS DE
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO CONTANDO CNIS E RURAL.

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Não obstante, oportuno tecer algumas considerações a respeito


do conjunto probatório do período laborado em regime de economia familiar.
Ademais, para aqueles que se filiaram à Previdência Social em
período anterior a 24 de julho de 1991 há uma regra especial a fim de não onerar
excessivamente quem estava na expectativa de acesso aos benefícios. Na regra de
transição, prevista no art. 142 da Lei 8.213/91, o tempo de serviço urbano somado ao
rural, idêntico à carência do benefício, vai gradativamente aumentando conforme o ano
de implemento da idade ou do preenchimento de todos os requisitos do benefício.Em
vista disso, oportuno tecer algumas considerações a respeito do período controvertido na
presente ação.

II.1 COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL EM


REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – CASO CONCRETO

Conforme já mencionado brevemente na síntese fática, a


Requerente desde tenra idade, dedicou-se por um longo período exclusivamente ao
exercício do labor rural em regime de economia familiar.
Passou grande parte da sua vida juntamente com seus pais e
irmãos até se casar e continuar na lavoura juntamente com seu esposo e filhos
realizando atividades rurais.
Outrossim, para fins de comprovação do tempo de serviço rural,
a Autora apresenta, entre outros, os seguintes documentos:

- MATRICULA DE TERRA: Em nome do pai da Requerente


SR. BELCHIOR ARMINDO PEDROSA, qualificando o genitor como
LAVRADOR, propriedade rural localizada em Mamborê –PR onde permaneceu grande
parte de sua vida exercendo atividade rural com sua família em regime de economia
familiar com DATA 20/04/1966.
- CERTIDÃO DE CASAMENTO: Da Requerente com o SR.
DEZIO DEGRANDE, constando sua qualificação como AGRICULTOR, com DATA
12/05/1973.
- MATRICULA DE TERRA: Em nome do SR. CAETANO
DEGRANDE, sogro da Requerente, propriedade rural localizada em Campo Mourão-
PR, onde a requerente e seu esposo passaram a residir após o matrimonio com DATA
20/10/1969.

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- CERTIDÃO DE NASCIMENTO: Do filho da Requerente o


SR.MARCOS ANTONIO DEGRANDE, constando o genitor o SR. DEZIO
DEGRANDE, constando sua qualificação como AGRICULTOR, com DATA
17/03/1975 .
- CERTIDÃO DE NASCIMENTO: Da filha da Requerente a
SRA. MARCIA CRISTINA DEGRANDE, constando o genitor o SR. DEZIO
DEGRANDE, constando sua qualificação como AGRICULTOR, com DATA
02/11/1977.

Cumpre ressaltar que a Súmula n. 73 do TRF da 4a Região


sedimentou entendimento de que “admitem-se como início de prova material do efetivo
exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros,
membros do grupo parental”.

Na mesma linha, determina o art. 115, da IN INSS/PRES nº


77/15:

Art. 115. Tratando-se de comprovação na categoria de


segurado especial, o documento existente em nome de um dos
componentes do grupo familiar poderá ser utilizado como início
de prova material por qualquer dos integrantes desse grupo,
assim entendidos os pais, cônjuges, companheiros, inclusive os
homoafetivos e filhos solteiros ou a estes equiparados.

O início de prova material, conforme a própria expressão o diz,


não indica completude, mas, o começo de prova, princípio de prova, elemento
indicativo que permita o reconhecimento da situação jurídica discutida, desde que,
associada a outros dados probatórios.

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR


IDADE. RURÍCOLA. CTPS. PROVA PLENA. INÍCIO RAZOÁVEL DE
PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHAL. ATIVIDADE
COMPROVADA. PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR.
CARÊNCIA. QUALIDADE DE SEGURADO. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. BENEFÍCIO DE CARÁTER VITALÍCIO. TERMO

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INICIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CORREÇÃO


MONETÁRIA. PREQUESTIONAMENTO.
[...]
6 - Preenchido o requisito da idade e comprovado o efetivo exercício da
atividade rural, é de se conceder o benefício de aposentadoria por idade.
7 - Descabida a exigência do exercício da atividade rural no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício àquele que
sempre desempenhou o labor rural. 8 - A perda da qualidade de segurado
não é mais considerada, nos termos do art. 3º, §1º, da Lei nº 10.666, de 8 de
maio de 2003, para a concessão do benefício pleiteado. (AC -
200503990431753, Relator Desembargador Federal NELSON
BERNARDES, DJU 18/10/2007, p. 724). (Grifo nosso).

Todavia, para que não pairem dúvidas a respeito do tempo de


serviço rural requer a produção de prova testemunhal, haja vista que o INSS não
autorizou o processamento de Justificação Administrativa. 

Saliente-se, ainda, que para o reconhecimento do tempo de


serviço do trabalhador rural, não há exigência legal de que o documento apresentado
como início de prova material abranja todo o período que se quer comprovar. É preciso,
no entanto, que o início de prova material seja contemporâneo aos fatos alegados e
referir-se, pelo menos, a uma fração daquele período (STJ – AgRg no Resp.
1.320.089/PI 2012/0082 553-9, Rel. Min. Castro Meira, DJ 09/10/2012, T2 – Segunda
Turma, Dje 18/10/2012).

Além disso, destaca-se que o conjunto probatório preenche os


requisitos da Súmula 34 da TNU, no sentido de que o início de prova material
apresentado deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar, como ocorre no caso
concreto.

Por oportuno, destaca-se que a atividade rural desempenhada


pelo Recorrente e sua família está em estrita consonância com o conceito de
“atividade desenvolvida em regime de economia familiar” constante no § 1 º do
art. 39 da Instrução Normativa INSS/PRES Nº 77, de 21 de janeiro de 2015:
 
Art. 39. São considerados segurados especiais o produtor rural e o
pescador artesanal ou a este assemelhado, desde que exerçam a
atividade rural individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com o auxílio eventual de terceiros.
§1º  A atividade é desenvolvida em regime de economia familiar
quando o trabalho dos membros do grupo familiar é indispensável à

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sua subsistência e desenvolvimento socioeconômico, sendo exercido


em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização
de empregados permanentes, independentemente do valor auferido
pelo segurado especial com a comercialização da sua produção,
quando houver, observado que: (...)
 
Sendo assim, a Requerente comprova cabalmente o exercício de
atividades rurais entre 01/01/1964 a 30/04/1972 e 12/05/1973 a 30/09/1984 no qual
TOTALIZA 19 ANOS 08 MESES 19 DIAS cujo período deve ser somado com os
períodos já reconhecidos pelo INSS, totalizando 29 ANOS 09 MESES 19 DIAS, de
lavoura em regime de economia familiar, motivo pelo qual restam preenchidos os
requisitos para a aposentadoria por idade rural.

III – DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de análise detalhada de


provas no presente feito, a Autora vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso
VII, do CPC/2015, que não há interesse na realização de audiência de conciliação ou
mediação, haja vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade de que
ambas as partes dispensem a sua realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I,
do CPC/2015.

IV – DA TUTELA PROVISÓRIA SATISFATIVA

ENTENDE A AUTORA QUE A ANÁLISE DA MEDIDA


ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER MELHOR APRECIADA EM SENTENÇA

De acordo com a previsão do art. 43 da lei 9.099/95 c/c o art. 1º


da Lei 10.259/01, salvo situações excepcionais, deverá ser atribuído apenas o efeito
devolutivo ao recurso interposto no âmbito dos Juizados Especiais Federais.
De qualquer forma, no momento em que for proferida a
sentença, os requisitos para concessão de tutela provisória satisfativa de urgência
previstos no art. 300 do CPC/2015 estarão devidamente preenchidos, a saber: 1) A

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existência de elementos que evidenciem a probabilidade do direito; 2) O perigo ou dano


ao resultado útil do processo;
O primeiro requisito será preenchido com base em cognição
exauriente e nas diversas provas apresentadas no processo, as quais demonstram de
forma inequívoca o direito da Autora à concessão do benefício.
No que concerne ao perigo ou dano ao resultado útil do
processo, há que se atentar que o caráter alimentar do benefício e a idade avançada da
Autora traduzem um quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo
em vista que nos benefícios previdenciários resta intuitivo o risco de ineficácia do
provimento jurisdicional final.
Sendo assim, é imperiosa a determinação sentencial para que a
Autarquia Ré implante o benefício de forma imediata, tendo em vista a ausência do
efeito suspensivo nos recursos interpostos no âmbito dos Juizados Especiais Federais,
bem como o preenchimento dos requisitos para deferimento da tutela provisória.

V – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

EM FACE DO EXPOSTO, requer:

a) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural,


bem como a concessão de prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da lei
10.741/03 (Estatuto do Idoso) e no art. 1048, I, do CPC/2015, eis que a Autora conta
com mais de sessenta anos de idade;

b) Conceder Aposentadoria por idade Hibrida, tendo em vista a


autora já possuir tempo suficiente reconhecido pelo autarquia;

c) Reconhecer, na condição de tempo de serviço rural, o período


de01/01/1964 a 30/04/1972 e 12/05/1973 a 30/09/1984 , cuja a soma se dá 19 ANOS
08 MESES 19 DIAS;

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e) A concessão da APOSENTADORIA POR IDADE


HIBRIDA, visto o direito ao melhor benefício não observado pela Autarquia.

f) A concessão do benefício desde a Data de Entrada do


Requerimento, em 12/12/2018 sob NB: 185.903.965-8 ou a reafirmação da DER, tendo
em vista que a parte Autora continua laborando, condenando a parte Requerida ao
pagamento do valor desde aquela data até a data do efetivo pagamento, acrescido de
correção monetária e juros legais, condenando, ainda, ao pagamento das custas e
despesas processuais, nos moldes do Art. 82 § 2º do CPC, e Honorários Advocatícios,
em valor a ser arbitrado nos moldes do artigo 85 do CPC.

g) A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, tendo em


vista que a parte autora não possui recursos financeiros suficientes para custear as
despesas do processo;
h) A não realização da audiência de conciliação e mediação
prevista no art. 334 do CPC/2015;

i) A CITAÇÃO do Réu, na pessoa de seu representante legal,


para que, querendo, conteste a presente ação, sob pena de revelia.

j) A Intimação da Ré para que, nos termos do art. 11 da Lei


10259/2001, junte aos autos o processo administrativo referente à demanda.

DAS PROVAS:

Pugna-se pela produção de todas às fontes e meios de prova em


direito admitidas, em especial as documentais (já acostadas), testemunhais, depoimento
da parte Autora e outras que, eventualmente, Vossa Excelência entenda necessárias.
Com relação às testemunhas, a parte Autora compromete-se a
fornecer, posteriormente, os nomes e respectivos endereços.

DO VALOR DA CAUSA

Segue cálculo, aproximado, para indicação de proveito


esperado, bem como para fundamentar o valor atribuído à causa, consoante previsão
legal do art. 260 do CPC, ou seja, valor vencido acrescido de 12 prestações vincendas.

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PERÍODO BASE VALOR NOMINAL DEVIDO


12/2018 a 07/2021 R$ 38.156,13
12 parcelas vincendas R$ 13.200,00
Total R$ 51.356,13

Dá-se à causa o valor, estimado, de R$ 51.356,13 (cinquenta e


um mil trezentos e cinquenta e seis reais e treze centavos).

Termos em que, pede deferimento.

Campo Mourão, 29 de julho de 2021.

LUIZA C. ALVES DE CAMARGO


OAB/PR 89.739
 

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