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CASTANHAL/PA.
Castanhal –Pa
AL. Liberdade, nº 3073
Estrela, 68743-200
I. DA JUSTIÇA GRATUITA
O Requerente não tem condições de arcar com os ônus processuais sem comprometer
o próprio sustento, bem como o de sua família, razão pela qual necessita e requer os
benefícios da Justiça Gratuita, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil.
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Conforme autodeclararão do segurado especial, em anexo, o requerente exerceu por
anos tanto atividade rural para fins de subsistência desde o ano de 1994, o autor sempre
trabalhou em vários terrenos após o falecimento do seu tio dono do terreno e finalmente
no ano de 2022conseguiu comprar um lote e atualmente está trabalhando no seu próprio
terreno.
É importante ressaltar que o requerente nunca exerceu nenhum outro tipo de vínculo
empregatício urbano, fato esse que pode ser comprovado pela sua CTPS que nunca fora
assinada, assim como seu CNIS. Além disso, já recebeu auxílio doença na qualidade de
segurado especial, de 2013 a 2017, benefício esse que reforça ainda mais a sua
qualidade como segurado especial rural.
Cumpre destacar ainda que o artigo 258 da IN nº128/2022 assevera que para concessão
da Aposentadoria por Idade rural o segurado deve estar exercendo a atividade rural ou
em período de graça na DER ou na data em que implementou todas as condições
exigidas para o benefício. Assim sendo, como demonstrado pela gama de provas juntas
aos autos, o Requerente estava/está exercendo atividade rural tanto na DER como na
data do implemento das condições exigidas para o benefício.
No entanto, o servidor do INSS indeferiu o pedido de aposentadoria rural por entender
que não havia documentos suficientes que comprovassem a carência mínima exigida
por lei. Vejamos:
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apresentação de apenas dois deles para o alcance da carência desejada (180 meses).
Vejamos:
Sendo assim, para melhor análise do caso, a carência será demonstrada através de uma
linha do tempo do exercício de atividade rural da parte autora, onde foram dispostos os
documentos rurais coletados pelo segurado, nos termos do ofício-circular 46/2019.
Vejamos:
7,5 anos
7,5 anos Ofício Circular 46/19
Ofício Circular 46/19
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Rol dos documentos ratificadores em ordem cronológica
Deste modo, é perceptível que o requerente possui muito mais de 180 meses de atividade rural
suprindo todos os requisitos para o deferimento do benefício pleiteado.
IV- DO DIREITO
Inicialmente, registra-se que a pretensão da Autora está fundamentada nos artigos 195,
§ 8º, e 201, §7º, II, da Constituição Federal, in verbis:
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mulheres, referidos na alínea a dos incisos I e IV e nos incisos VI e VII do
art. 11 desta lei.
§ 2º - Para efeitos do disposto no parágrafo anterior, o trabalhador rural
deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de
forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento de benefício por tempo igual ao número de
contribuições correspondente a carência do benefício pretendido.
(Parágrafo acrescentado pela lei n° 9.032, de 24/04/95).
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§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2023, a comprovação da condição e
do exercício da atividade rural do segurado especial ocorrerá,
exclusivamente, pelas informações constantes do cadastro a que se
refere o art. 38-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 2º Para o período anterior a 1º de janeiro de 2023, o segurado
especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural por
meio de autodeclaração ratificada por entidades públicas
credenciadas, nos termos do art. 13 da Lei nº 12.188, de 11 de
janeiro de 2010, e por outros órgãos públicos, na forma prevista
no regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
No entanto, muito embora o art. 106 da Lei nº 8.213/91 estabeleça um rol de documentos
específicos, já existe ensinamento jurisprudencial firme e pacífico, tendente a atribuir ao
julgador da causa a prerrogativa de conferir validade e força probantes a documentos
que não se inserem naquele rol meramente exemplificativo, em prol da preservação do
princípio do livre convencimento do juiz e em respeito ao cânon do artigo 5° da Lei de
Introdução ao Código Civil.
O uso da flexibilização interpretativa procura levar em conta unicidade da vida no campo
definida pelas dificuldades encontradas pelo trabalhador para comprovar seu labor rural
são marcadas pela informalidade e falta de instrução, uma vez que o homem do
campo pouco se preocupa com a formalização de seus atos, o que acarreta problemas
futuros para a comprovação do período de contribuição junto ao INSS.
É necessário abordar que algumas provas documentais de atividade rural são vinculadas
a um certo regionalismo, justamente por conta das diferentes realidades agropecuárias
de um país tão grande como o Brasil. Isso significa que, por mais que a legislação
pertinente, especialmente o art. 106, da Lei 8.213 e o art. 116, da Instrução Normativa
128 de 2022 do INSS, tenham elencado um rol de documentos rurais, na prática alguns
deles podem ter um valor probante diferenciado de acordo com a localidade.
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Quanto à exigência do número mínimo de meses de efetivo exercício da atividade rural
(período de carência), trata-se de mero parâmetro que é atenuado, da mesma forma,
Pelas imposições dos artigos 39 e 143, que lecionam em “exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício.”
Tal descontinuidade de tempo não encontra na legislação maiores definições e limites,
situação que remete ao julgador, mais uma vez, à tarefa de analisar cuidadosamente os
casos postos em apreciação, tendo sempre em mira o tratamento protetivo que a
legislação constitucional e infraconstitucional dispensou à classe dos trabalhadores
rurais, em virtude das limitações e dificuldades já apontadas no trecho antecedente.
Nesse sentido já se posicionou a Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência
dos Juizados Especiais Federais, ao estabelecer, na Súmula 14, in verbis:
Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova
material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.
Tanto que a jurisprudência já assentou que a prova material pode ser complementada
pela testemunhal. Nesse sentido:
“Ementa: PREVIDENCIÁRIO - PROCESSUAL CIVIL -
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO - AUXILIO-DOENÇA -
TRABALHADOR RURAL - ART. 59, DA LEI Nº 8.213/91 – PROVA
TESTEMUNHAL CORROBORADA POR INÍCIO DE PROVA
MATERIAL - QUALIDADE DE SEGURADO COMPROVADA -
REQUISITOS LEGAIS - POSSIBILIDADE.
1. (...)
2. (...)
3. A prova testemunhal harmônica e segura, produzida em juízo,
conforme entendimento desta eg. Turma, é idônea a comprovar o
exercício de atividade rural, ainda mais se corroborada por início de
prova documental, tendo em vista a dificuldade encontrada pelo
rurícola para comprovar sua condição, por meio de prova
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material, seja pela precariedade do acesso aos documentos
exigidos, seja pelo grau de instrução ou mesmo pela própria
natureza do trabalho exercido no campo que, na maioria das
vezes, não são registrados e ficam impossibilitados de
apresentarem prova escrita do período trabalhado no campo.
4. No caso dos autos, a demandante demonstrou o efetivo
exercício de atividade rurícola, atendendo a carência legal e
comprovando a idade mínima exigida para a obtenção do benefício
pleiteado, através de início de prova documental (Declaração do
Sindicato dos Trabalhares Rurais, declarando sua profissão
como agricultor, Certificado de cadastro de imóvel rural em que
reside, Carteira de recebimento de cesta de alimentos – CANAB,
Ficha da Secretaria Municipal de Saúde com qualificação de
agricultor do requerente), tendo sido a prova testemunhal, colhida
em juízo, complementada pela prova material apresentada, portanto,
presentes os requisitos legais que autorizam a concessão do
benefício pleiteado.
5. (...)
Classe: AC - Apelação Cível – 409234 – Processo:
200582020006556 UF: PB Órgão Julgador: Primeira Turma. Data
da decisão: 05/07/2007. Documento: TRF500143579. Fonte DJ -
Data:17/09/2007 - Página:1134 - Nº:179 Relator(a)
Desembargador Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho.
É nesse sentido que a parte autora possui início de prova o suficiente para a concessão
do benefício pleiteado.
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V - Dos Pedidos
b) O recebimento da inicial;
Termos em que,
Pede deferimento.
Naysa Nafahely
OAB/PA 27.949
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