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AO JUÍZO DA 28ª VARA FEDERAL - JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - DA SEÇÃO JUDI-

CIÁRIA DE PERNAMBUCO

ROSA MARIA DA SILVA, brasileira, casada, agricultora, inscrita no CPF sob o


nº: 215.036.958-42, residente e domiciliada no Sítio Papagaio, n° 25, zona rural, no municí-
pio de Arcoverde/PE, CEP: 56520-000 via advogados formalmente constituídos com escritó-
rio profissional localizado na Rua Jose de Oliveira calado, 688, São Cristóvão, Arcoverde, Es-
tado de Pernambuco, CEP nº 56523-010, Tel. (87) 99802-4958, onde recebem intimações e
correspondências – vem à presença de V. Exa., com fulcro nos art. 1º e 203, incisos IV e V, da
Constituição Federal, na Lei nº. 10.259/01 e, na legislação previdenciária pertinente, propor

AÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE DE TRABALHADOR


RURAL

em face do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS, autarquia federal, com sede
em Brasília/DF e, representação legal local através da Gerência Executiva neste Estado, loca-
lizada na Praça Dom Moura, s/n, Garanhuns/PE, CEP 55295-220, pelos fundamentos fáticos
e jurídicos e seguir expostos:

PRELIMINARMENTE

DA ACEITAÇÃO DA INSTRUÇÃO CONCERTADA PARA FINS DE ACORDO

Cumpre ainda a parte autora, tomando conhecimento que é prática adotada


por esta comarca a realização do procedimento de INSTRUÇÃO CONCERTADA PARA FINS DE
ACORDO, de maneira expressa informar que ACEITA a realização do novo fluxo processual,
munindo a presente demanda com fotos do autor, vídeos de seu roçado, depoimentos de
testemunhas.
Ainda informa que, caso não seja realizado acordo entre as partes, requer
subsidiariamente a realização do auto de constatação no local de trabalho da autora e na
TOTAL IMPOSSIBILIDADE de realização da perícia rural que seja realizada audiência de
instrução e julgamento.

DOS FATOS
A autora é agricultora e exerceu suas atividades rurais no Sítio Papagaio, pro-
priedade do Sr. Manoel da Silva, (seu esposo) no período de 20/08/2002 a 18/03/2020 e
de 18/06/2023 a 18/03/2022, trabalhando em regime de economia familiar, sem vínculo
empregatício, em uma área explorada de 1,0 hectare, cultivando lavoura de subsistência
para o seu sustento e da sua família.

O instituto-réu indeferiu o pedido de Aposentadoria por Idade solicitado pela


autora em 18/03/2022 (NB: 174.444.585-8) sob a alegação de “Falta de período de carência
– não comprovou efetivo exercício de atividade rural” (Comunicado de indeferimento
anexo).

No entanto, a parte autora, além de já ter RECONHECIDO PELO PRÓPRIO INSS


O PERÍODO DE 2006 A 2019, já homologado, junta os seguintes documentos como provas
de sua atividade rural:

• Declaração do Sindicato dos Trabalhadores de Salgado de São


Felix/PB, informando a atividade rural exercida de 01/1999 até os dias
atuais;
• Certidões de casamento e de nascimentos dos filhos;
• Ficha de Associado com filiação em 01/2006;
• Endereço rural;
• Certidão eleitoral de 2006 constando a profissão de agricultora;
• Declaração do dono da terra, Sr. Manoel Izidro Faustino, em regime de
comodato, com FIRMA RECONHECIDA e testemunhas;  Fichas de
matrículas;
• Fichas de saúde;
• Declaração de aptidão ao PRONAF;
• Recibos do Bolsa-renda desde 2001,

Vale ressaltar que, o esposo da autora é o proprietário do sítio em que são exer-
cidas suas atividades campesinas, estando ele já aposentado com um benefício de aposen-
tadoria por idade rural. Além disso, conforme autodeclaração em anexo, a autora trabalha
em regime de agricultura familiar, restando mais uma vez comprovada que a autora tem
contato com o meio rural e exerce atividades rurícolas.
Salienta-se que a autora embora tenha vínculos urbanos estes não interferem
em nada ao reconhecimento do exercício de suas atividades rurais, nos termos do art. 48,
§2º, da Lei 8.213/91, além de demonstrar conhecimento acerca da sua atividade campesina,
bem como apresenta características convincentes de mulher da roça.
Ainda a autora reside em área rural, em casa simples, no mesmo local que
trabalha, conforme comprovante de residência e documentos da terra em anexo, condizente
com o padrão de vida de alguém que sempre viveu do seu trabalho na agricultura, sempre
fazendo parte de programas sociais do governo dos quais já recebeu uma cisterna, e já
participou de frentes de emergência na construção de barragens.

Ademais, bastasse conferir as mãos da autora para notar que realiza, já há muito
tempo, seu labor com uso de equipamentos como enxada e outros próprios do trabalho
rural.

Assim, equivocado o indeferimento da autarquia, uma vez que os documentos


apresentados pela autora indicam a sua condição de trabalhadora rural, em regime de
economia familiar, a ser corroborado pela prova testemunhal a ser produzida em momento
oportuno.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

DO INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL

A concessão da aposentadoria por idade de trabalhador rural, pleiteada pela


autora perante o Instituto réu está amparada pelos arts. 39 e 48 da Lei 8.213/91 e art. 201
da Constituição Federal.

Ademais, os Tribunais vêm, há muito tempo, reconhecendo como início de


prova material para fins de comprovação de atividade rural a carteirinha do sindicato, o
título de eleitor, a escritura de terras, extrato de DAP, autodeclaração, assim como outros
docu- mentos que possam levar o magistrado ao convencimento verossímil quanto ao
período de atividade rural a que se reporta o inciso I do artigo 39, aos segurados especiais
referidos no inciso VII do artigo 11 da Lei 8.213/91.

Se faz necessário ainda salientar que, conforme jurisprudência, pode ser com-
provada com início de prova material, corroborada com prova testemunhal.

E M E N T A PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. ART. 48, § 1º, DA LEI
8.213/91. ATIVIDADE
RURAL COMPROVADA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBO-
RADA POR PROVA TESTEMUNHAL. REQUISITOS PREENCHIDOS.
BENEFÍCIO DEVIDO. 1. O benefício da aposentadoria por idade
é concedido, desde que demonstrado o cumprimento da
carên- cia, ao segurado trabalhador rural que tenha 60 anos de
idade, se homem, ou 55 anos se mulher (§ 1º, artigo 48 da Lei
nº 8.213/91). 2. Comprovada a atividade rural e a carência
exigi- das através de início de prova material corroborada pela
teste- munhal, e preenchida a idade necessária à concessão do
bene- fício, faz jus a parte autora ao recebimento da
aposentadoria por idade. 3. Apelação do INSS desprovida.
Fixados, de ofício, os consectários legais.

(TRF-3 - ApCiv: XXXXX20214039999 SP, Relator:


Desembargador Federal NELSON DE FREITAS PORFIRIO
JUNIOR, Data de Julgamento: 08/03/2022, 10ª Turma, Data de
Publica- ção: Intimação via sistema DATA: 11/03/2022)

Importante se faz destacar que o rol dos documentos hábeis à comprovação


do exercício da atividade rural, previsto no art. 106, parágrafo único da Lei 8.213/91, é me-
ramente exemplificativo e não taxativo, sendo admissível, portanto, outros documentos
além daqueles previstos no referido dispositivo legal.

Destaque-se, por oportuno, que a Lei fala em início de prova material, e não
em prova inequívoca, o que fulmina o espírito e a vontade da norma constitucional, que
prevê tratamento diferenciado para esse tipo de segurado.

Outrossim, a prova testemunhal a ser produzida em audiência, o que desde



se requer, irá ampliar a eficácia probatória dos documentos ora anexados, não excluindo a
juntada de outros no momento da audiência de conciliação/instrução.

Portanto, comprovada a idade e a carência da autora, esta faz jus à


concessão
da aposentadoria por idade, como segurada especial, desde a data da entrada do requeri-
mento administrativo.

DA DESCARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE RURÍCOLA


Apesar da parte autora ter realizado atividades urbanas durante seu histórico
de labor campesino, este não descaracteriza sua qualidade como segurado especial visto que
não extrapola o limite de 120 dias estipulados no ano civil, conforme tema 301, da TNU,
julgado em 15/09/2022 e publicado em 16/09/2022. VEJAMOS:

“Cômputo do Tempo de Trabalho Rural I. Para a


aposentadoria por idade do trabalhador rural não será
considerada a perda da qualidade de segurado nos intervalos
entre as atividades rurícolas. Descaracterização da condição
de segurado especial II. A condição de segurado especial é
descaracterizada a partir do 1º dia do mês seguinte ao da
extrapolação dos 120 dias de atividade remunerada no ano
civil (Lei 8.213/91, art. 11, § 9º, III); III. Cessada a atividade
remunerada referida no item II e comprovado o retorno ao
trabalho de segurado especial, na forma do art. 55, parag. 3o,
da Lei 8.213/91, o trabalhador volta a se inserir
imediatamente no VII, do art. 11 da Lei 8.213/91, ainda que
no mesmo ano civil.” TEMA 301, TNU, 16/09/2022.

DO PEDIDO
PELO EXPOSTO, requer a V. Exa.:

a) a concessão do benefício da GRATUIDADE JUDICIÁRIA para a autora, vez


que ela não possui condições de suportar com eventuais custas e despesas processuais sem
prejuízo próprio e de seus familiares, fazendo jus, pois, ao teor do disposto no inciso LXXIV
do art. 5o da Carta Magna e artigo 98 e seguintes do CPC, nomeando o(s) profissional(is)
signatário(s) seu(s) assistente(s) judiciário(s);

b) a citação do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS, na pessoa


de seu representante legal, para responder à presente, sob pena de confissão quanto aos
fatos aqui narrados;

c) julgar PROCEDENTE a presente demanda, em todos os seus termos, para


condenar o INSS à conceder à autora o benefício de aposentadoria por idade, na qualidade
de segurado especial, retroativa à data do requerimento (18/03/2022),
no equivalente a 01 (um) salário mínimo por mês, inclusive 13º salário, com o pagamento
das parcelas vencidas e vincendas, acrescidas de correção monetária e juros de mora;

c.1) subsidiariamente, acaso não satisfeitos os requisitos para a aposentado-


ria por idade na data do requerimento administrativo supracitado, que seja reafirmada a
DER, no sentido de conceder o benefício guerreado retroativamente a contar da data do
implemento dos requisitos mínimos, em obediência ao disposto no art. 493 do CPC, no art.
176-D do Decreto nº 3.048/1999 com redação dada pelo Decreto nº 10.410/20 e em
observância à tese firmada no julgamento do Tema 995 pelo STJ;
c.1) Subsidiariamente, caso este Juízo entenda pelo não reconhecimento de
todo o período de atividade como segurado especial, e, por consequência, reste não
satisfeitos os requisitos para concessão do benefício de aposentadoria, requer a V. Exa. que
reconheça e averbe o tempo em que restou comprovado o exercício da atividade rural;

d) que seja realizado o procedimento de instrução concentrada para fins de


acordo;

d.1) subsidiariamente, a realização do auto de constatação rural no local de


trabalho do autor;

d.2) na total impossibilidade de realização da perícia rural a realização de


audiência de instrução e julgamento;

e) a produção de toda e qualquer prova em direito permitida, especialmente


o depoimento da autora e a oitiva das testemunhas;

f) caso seja ofertada defesa à presente ação, deve o INSS ser compelido a
trazer aos autos a cópia do Procedimento Administrativo do Benefício Nº: NB: 174.444.585-
8, conforme mandamenta o art. 11 da Lei 10.259/2001;

g) a parte autora requer a dispensa de designação de audiência de


conciliação (CPC, art. 319, VII), tendo em vista a prática consolidada neste Juizado de
realização apenas de audiência de instrução;

h) caso haja recurso, a condenação do INSS ao pagamento dos honorários


sucumbenciais em 20% sobre o valor da condenação;

i) Requer, outrossim, nos termos do art. 272, § 5º, do Código de Processo Civil, que as
comunicações dos atos processuais do processo em epígrafe sejam feitas com expressa
indicação em nome do advogado.

A autora renuncia, tão somente para fins de competência, aos valores


superiores a 60 (sessenta) salários mínimos, valor máximo de alçada desse
procedimento especial, registrando que essa renúncia alcança apenas as
parcelas compreendidas no valor da causa definido pelo art. 292, CPC, não
atingindo parcelas futuras excedentes às 12 (doze) primeiras após o
ajuizamento.
Valor da Causa: A parte autora requer o pagamento de 33 (trinta e três) parcelas
atrasadas desde o requerimento, que acrescidas de 12 (doze) vincendas (art. 292, CPC),
totalizam 45 parcelas, o que resulta em R$: 45.102,06 (quarenta e cinco mil, cento e dois
reais seis centavos), valor ora dado à causa.

Nestes termos, pede

DEFERIMENTO.

Arcoverde/PE, 20 de novembro de 2023.

ANA CAROLINA DE ARAÚJO LOPES

OAB/PE 11.222

CEZAR AUGUSTO DE ALENCAR PEREIRA

OAB/PE 55.222

MARIA GABRIELA SANTANA DE LIMA LOURENÇO


OAB/PE 22.336
KAMILLA NOVAES DA SILVA
OAB/PE 66.888

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