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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL

DA VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE


xxxxxxxxxxxxx
 
 
 

xxxxxxxxxxxxx, qualificação completa, vem,


com o devido respeito, perante Vossa Excelência, por meio de seus
procuradores, propor AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL em face do INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes fundamentos
fáticos e jurídicos que passa a expor:
  
DOS FATOS

A requerente, nascida em xxxxxxxxxxxx,


contando atualmente com xxxxxxxxxxx anos de idade, possui vocação
campesina, desempenhando labor rurícola pelo menos desde os seus 12
anos de idade, em mútua e recíproca colaboração com seus pais.

Destaca-se que a Sra. xxxxxxxx nunca se afastou


do meio rural, retirando o seu sustento do cultivo de lavouras de cana e da
criação de alguns animais: galinhas, porcos etc.

O quadro a seguir demonstra de forma objetiva o


período em que a Sra. xxxxxxxxxxx comprova o exercício de atividade
rural:

No dia xxxxxxxxx a parte Autora elaborou


requerimento de aposentadoria por idade, mediante o cômputo de períodos
em que laborou como agricultora em regime de economia familiar.

Ocorre que a Autora recebe benefício de pensão


por morte (N.B. xxxxxxxxx) no valor de xxxxxxxxxx motivo pelo qual a
Autarquia Ré indeferiu administrativamente o benefício pleiteado.

No entanto, tal entendimento não merece


prosperar, motivo pelo qual se ajuíza a presente ação.
 
A pretensão da segurada está fundamentada no
art. 201, I, da Constituição Federal, e nos arts. 39, 48 e 142 da Lei
8.213/91, Lei de Benefícios, encontrando-se presentes os requisitos
exigidos para a concessão da aposentadoria rural por idade, a saber,
atividade rural pelo período idêntico à carência do benefício e a idade de 55
anos para as mulheres.
Por outro lado, cumpre mencionar a
desnecessidade de desempenho de atividade rural de forma contínua,
exigindo-se apenas que o segurado esteja trabalhando no campo no
momento da aposentadoria, ou na data em que satisfaz todos os requisitos
para a concessão do benefício. Assim determina o artigo 48 da Lei
8.213/91, perceba-se (grifos acrescidos):

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao


segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.   
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

1º Os limites fixados no caput são reduzidos para


sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais,
respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na
alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11. 

2º   Para os efeitos do disposto no § 1o deste


artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade
rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior
ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computado
o período  a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta
Lei.
No caso em tela, a idade mínima foi
implementada em xxxxxxxxxx momento em que a Sra.
xxxxxxxxx completou xxx anos de idade, conforme carteira de identidade
anexa ao presente aos autos.

Quanto à carência, a redação do § 2º do art. 48 da


Lei 8.213/91 estatui que o trabalhador rural deve comprovar o efetivo
exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao
número de meses de contribuição.

No caso da Autora o período de carência exigido


corresponde a 180 meses de contribuição, tendo em vista que a segurada
implementou o requisito etário em xxxxxxxxxx posteriormente a vigência
da Lei 8.213/91.
Dessa forma, considerando os períodos de efetiva
atividade rural e os interregnos em que esteve em gozo de benefício por
incapacidade, a parte Autora comprova o exercício de atividade rural
durante, pelo menos, xxxxxxxxxxx meses anteriores ao requerimento
administrativo, conforme demonstram os documentos listados a seguir, de
forma que restam comprovados os requisitos ensejadores do benefício.
 
DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL NO
PERÍODO DE xxxxxxxxxxxxxxxxx  
Para fins de comprovação do tempo de serviço
rural a Autora apresenta os seguintes documentos:
(rol de documentos apresentados)

Por oportuno, destaca-se desde já que a atividade


rural desempenhada pela Sra. XXX está em estrita consonância com o
conceito de “atividade desenvolvida em regime de economia familiar”
constante no § 1 º do art. 11, inciso VII da Lei 8.213/91. Veja-se:
 
1º Entende-se como regime de economia familiar
a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à
própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração,
sem a utilização de empregados permanentes.
 
Saliente-se, ainda, que para o reconhecimento do
tempo de serviço do trabalhador rural, não há exigência legal de que o
documento apresentado como início de prova material abranja todo o
período que se quer comprovar, podendo ser reconhecido período anterior
ao documentos mais antigo apresentado, conforme entendimento sumulado
pelo STJ:

“Súmula 577-STJ: É possível reconhecer o


tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo
apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal
colhida sob o contraditório.STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/06/2016,
DJe 27/06/2016.”(grifou-se)
 Destarte, resta plenamente demonstrado que as
atividades desempenhadas pela Autora, no interregno de
xxxxxxxxxxxxxxxx, foram exercidas de forma ininterrupta. Não obstante,
para que não pairem dúvidas a respeito do tempo de serviço rural, requer o
seja designada audiência de instrução e julgamento com a finalidade de
oitiva de testemunhas;
DA POSSIBILIDADE DE ACUMULAR
BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE COM APOSENTADORIA
POR IDADE RURAL
Destaca-se que o benefício foi indeferido pelo fato
de a Autora ser beneficiária de pensão em função do falecimento de seu
cônjuge, em valor superior à um salário mínimo, motivo pelo qual entendeu
a Autarquia Ré que a segurada não se enquadraria como Segurada Especial,
com fundamento no art. 11, § 9º, inciso I da Lei 8.213/91.

Inicialmente, importante mencionar que não há


óbice legal à cumulação da pensão por morte com o benefício de
aposentadoria por idade rural. Sendo assim, a controvérsia no presente caso
se dá apenas quanto ao valor auferido a título de pensão por morte.

Ora, Excelência, o benefício de pensão por morte


auferido pela Autora excede em ínfimo valor ao salário mínimo, de forma
que, sozinho, o benefício não é capaz de prover o sustento da Autora e de
seu grupo familiar.
Assim, considerando que o que caracteriza o
segurado como especial é, dentre outros requisitos, a indispensabilidade do
exercício da atividade rural para a subsistência da família, o que restou
amplamente comprovado nos autos do presente processo, não parece
razoável afastar os efeitos previdenciários das atividades rurais exercidas
pela Autora durante toda a sua vida.

Perceba-se que o entendimento jurisprudencial


recentemente exarado pelos tribunais é no sentido de relativizar a
determinação legal do art. 11, § 9º, inciso I da Lei 8.213/91, de forma que,
o fato de o benefício de pensão por morte exceder em pouca monta o
salário mínimo não afasta a qualidade de segurado especial.  Veja-se:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA
RURAL POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. REQUISITOS
LEGAIS. COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL,
COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. PENSÃO POR
MORTE SUPERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO. CUMULAÇÃO.
POSSIBILIDADE. 1. É devido o benefício de aposentadoria rural por
idade, nos termos dos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº 8.213/1991,
independentemente do recolhimento de contribuições quando comprovado
o implemento da idade mínima (sessenta anos para o homem e cinquenta e
cinco anos para a mulher) e o exercício de atividade rural por tempo igual
ao número de meses correspondentes à carência exigida, mediante início de
prova material complementada por prova testemunhal idônea. 2. O art.
11, § 9º, da Lei de Benefícios, incluído nesse diploma legal pela Lei
11.718, com vigência a partir de 23/06/2008, não pode retroagir para
abranger fatos que sejam precedentes à data da publicação. 3. Ademais, o
fato de a autora perceber pensão por morte do esposo, em valor pouco
acima de um salário mínimo, não descaracteriza necessariamente sua
condição de segurado especial, porquanto a atividade agrícola
desempenhada por esta era essencial para a subsistência da família.
Precedentes. 4. Hipótese em que a parte autora preencheu os requisitos
necessários à concessão do benefício. (TRF4, AC 5016223-
03.2019.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC,
Relator PAULO AFONSO BRUM VAZ, juntado aos autos em 30/08/2019)
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA
RURAL POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. REQUISITOS
LEGAIS. COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL,
COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. PENSÃO POR
MORTE. INC. I, DO § 9º, DO ART. 11, DA LEI DE BENEFÍCIOS.
CUMULABILIDADE. POSSIBILIDADE. 1. É devido o benefício de
aposentadoria rural por idade, nos termos dos artigos 11, VII, 48, § 1º e
142, da Lei nº 8.213/1991, independentemente do recolhimento de
contribuições quando comprovado o implemento da idade mínima
(sessenta anos para o homem e cinquenta e cinco anos para a mulher) e o
exercício de atividade rural por tempo igual ao número de meses
correspondentes à carência exigida, mediante início de prova material
complementada por prova testemunhal idônea. 3. O recebimento de
benefício de pensão por morte em valor pouco superior ao salário mínimo
não tem o condão de descaracterizar, por si só, a condição de segurada
especial, porquanto o regime de economia familiar há de ser aferido
mediante análise do contexto socio-econômico e da imprescidibilidade da
atividade rurícola desempenhado pela autora para o sustento de sua família.
2. Hipótese em que a parte autora preencheu os requisitos necessários à
concessão do benefício. (TRF4, AC 5000161-82.2019.4.04.9999, TURMA
REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator PAULO AFONSO BRUM
VAZ, juntado aos autos em 30/08/2019)

À vista de todo o exposto, considerando que há


satisfatório início de prova material, restando plenamente demonstrada que
as atividades rurais desempenhadas pela Autora, imprescindível o
reconhecimento de atividade rural no período de xxxxxxxxxxxxx, e a
consequente concessão do benefício de APOSENTADORIA POR IDADE
RURAL.
PEDIDOS
EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossa
Excelência:
1-O deferimento da Gratuidade da Justiça, pois a
parte Autora não tem condições de arcar com as custas processuais sem o
prejuízo de seu sustento e de sua família.

2- A PROCEDÊNCIA total , condenando o INSS


a:
a) Computar para fins de carência os período de
atividade rural entre xxx e xxx;

b) Conceder à Autora o benefício da


APOSENTADORIA POR IDADE, a partir do requerimento administrativo
xxxx, com a condenação do pagamento das prestações em atraso,
corrigidas na forma da lei, acrescidos de juros de mora desde quando se
tornaram devidas as prestações.
c) Após a sentença de procedência, seja o INSS
intimado a cumprir imediatamente a obrigação de implantar o benefício,
conforme inteligência do artigo 43 da Lei 9.099/95 c/c artigo 1º da Lei
10.259/01;
d) Pagar as parcelas vencidas e vincendas,
monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de
juros legais e moratórios, incidentes até a data do pagamento;

A produção de todos os meios de prova,


principalmente documental e testemunhal.
A não realização de audiência de conciliação ou
de mediação, posto que a controvérsia exige a produção de prova
testemunhal.
Dá-se a causa o valor de XXXXXX
 
Termos em que,
Pede Deferimento. 
Advogado
OAB
 
 
 

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