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NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº.

xx/xx,
OAB/UF XX.XXX Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
Cidade xxxxxxx. - Estado.

Email: advogado@mail.com
Telefone:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do ___ (Juizado Especial Cível/Vara Cível) do Foro da
Comarca de Município/Estado

FULANA DA SILVA, estado civil (ou existência de união estável), profissão, CPF
nº. xxx.xxx.xxx-xx, nacionalidade, endereço eletrônico: XXXXXXXXXXXXX,
domiciliado e residente na Rua xxxxxxxxxx, nº. xxxx, Bairro xxxxxxxxxx, cidade
de xxxxxxxxxx, vem, perante Vossa Excelência, por seus procuradores
signatários, instrumento de mandato em anexo, ajuizar a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM DECORRENCIA DA MÁ


PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

contra CLUBE XXXXX, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº
XX.XXX.XXX/0001-00, endereço eletrônico xxxx@mail.com.br, com sede na
Avenida XXXXXXX, XXXX, na cidade de XXXXXXXXXXX/XX, que deverá ser citada
na pessoa de seu representante legal, ante os fatos e fundamentos expostos a
seguir.

I. Dos Fatos

A autora dirigiu-se ao Clube XXXXXXXXXX para locar um salão de festas a fim


de preparar a festa de sua formatura, recepcionando seus convidados após a colação de grau.
Ao chegar ao clube, foi solicitada a atendente para ver os salões de festas
disponíveis e que comportassem 80 pessoas. Uma das exigências foi que o salão deveria ter
climatização (ar-condicionado) pois a colação de grau seria em XXXXXXX de 201X.
Foi oferecido pela atendente de nome XXXXXXXX o Salão XXXXXXXXXXXXX, que
entre outros itens imprescindíveis para a realização da festa, possuía ar condicionado, o que
agradou a autora.

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Diante do descrito e da visita realizada, tal salão foi reservado, tendo sido feito
o pagamento da primeira parte do pagamento para locação do local e economato do clube, para
preparação dos pratos a serem servidos.
Ocorre que os transtornos já se iniciaram no dia da prova do buffet, pois a
autora e seu marido tivemos que aguardar mais de 1 hora e 30 minutos além do horário agendado
para iniciar a degustação, pois o Clube, ainda que tivesse agendado com a autora, não havia
preparado nenhum prato, pois esqueceram que haviam marcado a degustação.
Superada a questão acima, no dia XX de XXXXXXXXX, data da formatura, bem
como da recepção nas dependências do clube demandado, por volta das 9hs da manhã, a
atendente XXXXXXXXXXXX buscou contato com a autora, porém sem êxito. Somente às 12hs do
mesmo dia, a autora verificou a ligação não atendida em seu celular e retornou a ligação, quando
foi informada que o ar-condicionado do salão havia estragado na noite anterior e que não haveria
possibilidade de fazer a manutenção, pois a área de manutenção, só funcionava de segunda à sexta
e o outro funcionário que poderia consertar estava na praia, não podendo retornar.
De imediato, a felicidade pela formatura foi subitamente trocada por uma
forte angústia e temor, pois em poucas horas iria receber seus convidados.
Deixando de lado todos os preparativos necessários para sua formatura, dirigiu
—se ao clube XXXXXXX buscando uma solução, onde lhe foi ofertado outro salão, bem menor
daquele contratado.
Porém, este salão não comportaria o número de convidados e muito menos
as ornamentações locadas (pista de led, mesa de doces, sofás...) e já instaladas no salão
contratado, da mesma forma que o restante da decoração, sendo totalmente inviável qualquer
remanejo.
Desta forma a autora restou obrigada a realizar sua recepção no salão
previamente contratado, mesmo com o ar-condicionado estragado.
Cabe salientar que naquela noite os termômetros passaram dos 30ºC e todos
os convidados da festa ficaram extremamente desconfortáveis com o calor.
Outro transtorno, além da falta de climatização no salão locado, é relacionado
ao buffet, cujos pratos, em razão do forte calor estavam totalmente diferentes do dia em que foi
feita a degustação.

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Mais ainda, diferentemente do que foi contratado, havia apenas um garçom e


uma copeira para atender mais 60 convidados, enquanto deveriam estar no atendimento 2 garçons
e 2 copeiras, resultando em significativa demora no atendimento dos convidados, sendo estes
obrigados, por muitas vezes dirigirem-se à copa para providenciar alguma bebida.
Diante do calor quase insuportável, não restou alternativa aos convidados,
senão a de abrir todas as janelas do salão para ventilar um pouco o ambiente, o que acabou por
atrapalhar a intimidade dos convidados e familiares, bem como a privacidade da festa, pois no
outro salão, localizado no andar inferior, havia um show com bandas de rock e e o som
simplesmente tomava conta do ambiente, atrapalhando por completo o ambiente da recepção.
Nesse sentido, em decorrência de todo o descontentamento, da decepção e
humilhação perante dezenas de pessoas, onde investiu suas economias em sua formatura, para
proporcionar momentos de alegria para si, seus familiares e amigos, tendo inclusive pedido auxílio
financeiro para familiares para custear a decepcionante recepção, não cabe outra medida senão a
de buscar a tutela do Poder Judiciário para reparação dos danos gerados em decorrência dessa
prestação de serviço.

2. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

2.1. Da Inversão do Ônus da Prova

O Código Consumerista confere à postulante a presunção de veracidade


de suas alegações, cabendo a pólo mais forte "derrubar" as afirmações, tudo aliado aos indícios
processuais. A título exemplificativo, a continuidade dos serviços prestados pelo requerido, leva a
presunção júris tantum de adimplência da pessoa requerente, pois caso contrário, o serviço estaria
efetivamente "cortado" ou suspenso.
Contudo é necessária a inversão do ônus da prova eis que presentes os
requisitos para tanto. As Turmas Recursais da Justiça Estadual do XXXXXXXXXXXX já pacificaram o
entendimento no sentido que:

"DEFESA DO CONSUMIDOR. DANO MORAL. TELEFONE NAO


ADQUIRIDO. FATURA INDEVIDA. CADASTRAMENTO NO SPC.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RÉ. INDENIZAÇAO. VALOR
MANTIDO. I-A INSTALAÇAO DE LINHA TELEFÔNICA SEM
SOLICITAÇAO VÁLIDA DO CONSUMIDOR E EM ENDEREÇO

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DIVERSO, CARACTERIZA MÁ PRESTAÇAO DE SERVIÇO,


SOBRETUDO SE RESULTA FATURA E COBRANÇA INDEVIDA PARA
AQUELE QUE NAO DESFRUTOU DO SERVIÇO TELEFÔNICO EM
DISCUSSAO. II-A EMPRESA QUE CAUSA AFLIÇAO E DISSABOR À
PARTE, INSERINDO INDEVIDA E ILEGALMENTE, O SEU NOME NOS
ÓRGAOS DE PROTEÇAO AO CRÉDITO, SOBRETUDO SE NAO EXISTE
MOTIVO PARA TAL COMPORTAMENTO, CONTRARIA DISPOSIÇÕES
DO CDC E DEVE, INDISCUTIVELMENTE, REPARAR O DANO
MORAL. III- A SENTENÇA QUE JULGA A AÇAO PROCEDENTE E FIXA
O A INDENIZAÇAO EM VALOR MÓDICO E COMPATÍVEL COM O
DANO, MERECE SER CONFIRMADA INTEGRALMENTE, SE O
QUANTUM RESSALTA O CARÁTER EDUCATIVO DA REPARAÇAO.
RECURSO IMPROVIDO.(TJ-BA 272590 BA 27259-0/2003, Relator:
HELOISA PINTO DE FREITAS VIEIRA GRADDI, 1ª TURMA RECURSAL
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CIVEIS E CRIMINAIS)”

HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, em matéria publicada na RJ n.º 245, de


março de 1998 é enfático ao dizer que "o processo devido, destarte, é o processo justo, apto a
propiciar àquele que o utiliza uma real e prática tutela."
"Todos são iguais perante a lei", igualdade, isonomia, eqüidade (no sentido
aristotélico do termo), seja como for denominado, significa tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais. Este o fundamento do Código de Defesa do Consumidor. Verificando
que numa sociedade massificada o consumidor se apresentava em posição bastante inferior ao
fornecedor, o legislador ordinário, atendendo aos auspícios constitucionais, criou mecanismos,
substanciais e adjetivos, que antes de constituir privilégios, são a mais pura aplicação do princípio
da isonomia.
Isonomia que não fica sujeita a critérios discricionários, advém da Lei
Maior, que previu a vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor, assim como o fez para os
particulares perante o Poder Público e com os trabalhadores perante os empregadores. Distinções
que podiam e deviam ser feitas pelo Poder Constituinte Originário, conquanto representassem os
anseios do povo.
Inspirou-se na linha da chamada efetividade do processo, calcada nos
princípios da celeridade e do acesso à ordem jurídica justa, suprindo a ineficiência do procedimento
ordinário e suas regras de distribuição do ônus da prova em seus múltiplos aspectos(10).
Comentando o art. 39, IV, do CDC, ANTÔNIO HERMAN VACONCELLOS E
BENJAMIN, doutrina: "A vulnerabilidade é traço universal de todos os consumidores, ricos, pobres,
educados ou ignorantes, crédulos ou espertos.."(11).

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Por fim, não há como se desatrelar dos fundamentos que colimam a


justiça. O papel dos juízes no Estado Democrático de Direito é importantíssimo e imprescindível
neste momento: revolucionar, com amparo nos instrumentos colocados às suas disposições, no
Direito e na Justiça, na defesa dos mais humildes também quanto à espoliação econômica que vêm
sofrendo.
Não bastassem os entendimentos supra mencionados, cumpre destacar
ainda que a transparência na prestação de serviço nas relações consumeristas é direito do usuário,
positivado na Lei nº 8.078/90, a qual trata do assunto com peculiar objetividade, em vários de seus
artigos:

"Art. 4º - A Política Nacional de Relação de Consumo tem por


objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transferência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor;
(...)
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos;
(...)
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como os
riscos que apresentem;
(...)
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas
à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência;
(...)
X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em
geral".
"Art. 22 – Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes e seguros e, quanto aos essenciais, contínuo."
"Art. 31 – A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem
assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas em
língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
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quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e


origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores."

Sem prejuízo dos já citados e decorrentes das relações de consumo, outros


princípios contemplados pelo legislador civilista de 2002 podem e devem ser aplicados à situação
ora em comento, pois, além de serem benéficas ao consumidor, hipossuficiente, são convergentes
com as normas especiais do CDC.
Assim é que podemos falar na função social do contrato e na boa-fé,
previstos, respectivamente, nos artigos 421 e 422 do novo diploma civil, in verbis:

"Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos


limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé."

Pelos motivos acima mencionados e pelo fato de que a demandante


contratou um serviço que não foi entregue da forma contratada, requer a inversão do ônus da
prova, por tratar-se de relação de consumo, e, adicionalmente, a produção de todos os meios de
prova admitidos no direito, em especial o documental, pericial e testemunhal.

III - DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Ficou evidente, que através de seus atos, o REQUERIDO não prestou o serviço
nos moldes do contrato que ele mesmo firmou, sendo totalmente responsável pelos danos morais
e materiais advindos da má prestação do serviço, nos termos dos artigos 14 e 20 do Código de
Defesa do Consumidor (Lei 8.078 de 11/09/1990), que são transparentes:
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos
..........................................”
“Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que
os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da
oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
..........................................”

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Além da responsabilização do REQUERIDO nos moldes do Código de Defesa do


Consumidor, encontramos também no Código Civil de 2002 um dispositivo, o art. 389, que procura
tutelar os direitos de quem se viu lesado pelo inadimplemento contratual, atribuindo ao
inadimplente a responsabilidade pela reparação dos danos causados pelo não cumprimento de sua
obrigação.

“Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e


danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.”

Assim, podemos nos pautar na doutrina e também no legislador pátrio, que


inferem a responsabilização objetiva nas relações de consumo, eis que, na maioria das vezes, como
no caso em questão, a relação é de hipossuficiência do consumidor em comparação ao fornecedor.
Desta feita, estando patente a configuração do ilícito contratual cometido pelo
REQUERIDO, no tocante ao serviço que deveria ter sido prestado, não restam dúvidas quanto à sua
responsabilidade pela reparação dos danos causados, pois nesse ponto, o Código de Defesa do
Consumidor foi taxativo, sem dar margem a qualquer outro tipo de interpretação.
Neste ínterim, há de se observar, que em relação à reparabilidade do dano, seja
material ou moral, a doutrina tem preceituado a aplicação de pena pecuniária em razão da teoria
do desestímulo, segundo a qual, o critério na fixação do quantum indenizatório deve obedecer à
proporcionalidade entre a lesão causada e aquilo que pode aplacá-la, levando-se em conta o
efeito socioeducativo, que será a prevenção e o desestímulo.

IV - DA RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO

Assim, cabe à REQUERENTE o direito de reaver todo seu investimento, uma vez
que o serviço não foi prestado adequadamente!
O Código de Defesa do Consumidor também se manifesta acerca da
possibilidade de ressarcimento do consumidor que se sentiu lesado pelo vício na prestação do
serviço, conforme se vislumbra no inciso II do artigo 20 do referido diploma legal:
"Art. 20........................................
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,
sem prejuízo de eventuais perdas e danos; (...)”

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V - DO DANO MORAL

Como já mencionado, a parte contratou um serviço, que não lhe foi


prestado conforme prometido.
Alugou um salão de festas climatizado para recepcionar seus convidados
após a colação de grau, porém na data da formatura, lhe foi informado que o ar condicionado
estava estragado, tendo que sujeitar seus familiares, amigos e convidados a permanecer em um
ambiente cuja temperatura estava muito acima do suportável e colocou em risco seus convidados
ao oferecer alimentos sem a devida qualidade
Entretanto, previu a legislação o presente procedimento legal específico
para ressarcir aos lesados (no caso a autora) indenizando-os a título de dano moral.
A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenização por
dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais como a honra e a
imagem das pessoas:

"Art. 5º (...) Inciso X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e


a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;(...)”.

Assim, a Constituição garante a reparação dos prejuízos morais e materiais


causados ao ser humano. Este dispositivo assegura o direito da preservação da dignidade humana,
da intimidade, da intangibilidade dos direitos da personalidade.
O Código Civil agasalha, da mesma forma, a reparabilidade dos danos
morais. O art. 186 trata da reparação do dano causado por ação ou omissão do agente:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito".

Dessa forma, o art. 186 do Código define o que é ato ilícito, entretanto,
observa-se que não disciplina o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade civil, matéria
tratada no art. 927 do mesmo Código.
Sendo assim, é previsto como ato ilícito àquele que cause dano, ainda que,
exclusivamente moral. Faça-se constar art. 927, caput:

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"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo."

A personalidade do indivíduo é o repositório de bens ideais que impulsionam o


homem ao trabalho e à criatividade e ocupações habituais. As ofensas a esses bens imateriais
redundam em dano extra-patrimonial, suscetível de reparação.
O Código de Defesa do Consumidor também ampara o consumidor que foi
vitimado em sua relação de consumo, com a justa reparação dos danos morais e patrimoniais
causados pela má prestação de serviço, como se pode constatar em seu artigo 6º, que no inciso VI
explicita tal proteção:
“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
..........................................
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos.
..........................................”
Conceitua bem o assunto enfoco, as palavras de JOSÉ EDUARDO
CALEGARRI:
“ora, o homem constrói no curso de sua vida, através de esforço, regular
comportamento respeitoso aos outros e a própria comunidade. A
probidade do cidadão no passar do tempo angaria a ele créditos sociais de
difícil apreciação econômica, mas que constituem um verdadeiro tesouro.
É certo que a honorabilidade da pessoa propiciar-lhe felicidade e permite a
ela evoluir no comércio, na ciência, na política e em carreiras múltiplas.
Uma única maledicência, porém, pode com maior ou menor força,
dependendo, às vezes, da contribuição dos meios de comunicação,
produzir ao homem desconforto íntimo, diminuir o seu avanço vocacional
ou até acabar com ele”. (RT 702/263)

No vertente caso está configurado o dano chamado “in re ipsa”.


O dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo,
de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma
presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras de experiência comum.
Neste caso a obrigação emana do fato da empresa prestadora de serviço ter
oferecido à autora um serviço determinado, e entregue um salão de festas sem as mínimas
condições de receber os convidados da parte autora. Observa-se, desta feita, a disparidade entre o
que foi contratado e o serviço efetivamente prestado.
Ressalte-se, que a discrepância entre o serviço prestado e o serviço contratado

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foi tão absurda, que a REQUERENTE, sentiu-se ofendida e envergonhada perante todos os seus
convidados, pois foi compelida a permanecer no mesmo salão, visto que a preparação do local já
estava concretizada, com ambientes devidamente decorados para o espaço contratado.
Entrementes, após a comunicação do problema no ar condicionado, o dia que deveria ser festivo e
feliz, passou a ser um dia de apreensão e angústia, pois não parou de pensar no problema durante
todas as horas do dia, na preparação para formatura, na própria cerimônia de diplomação,
culminando com intenso estresse na própria “festa”, pois em razão do nervosismo e do intenso
constrangimento, lhe causaram, inclusive, um mal-estar físico. Insta salientar, que a REQUERENTE
sentiu-se mal durante todo o tempo em que ficou na festa, sendo acometida por intensa dor de
cabeça e enjoos, resultantes do desgaste emocional sofrido.
Desta feita, clara está a impossibilidade de a REQUERENTE ter aproveitado não
só a festa, mas toda a sua formatura, eis que somada à decepção, verifica-se o constrangimento,
que abalaram agudamente, não apenas a estrutura psicológica, mas outrossim, a própria estrutura
física da REQUERENTE.
Provado o fato básico, isto é, o ponto de apoio, provado está o dano, suporte
fático do dever de reparar o dano. Isso se infere da convivência societária natural, a qual prima
pelo respeito à dignidade de cada ser humano, carecendo de afirmação judicial, ao contrário das
presunções legais.
No que tange à quantificação do dano moral, faz-se necessária a análise
conjunta de uma série de variáveis para alcançarem-se elementos suficientes e necessários ao
arbitramento.
A dimensão exterior da afetação interior ou psicológica é que estabelecerá o
quantum indenizatório. Neste, interferem o ambiente de interação social dos sujeitos, as
particularidades do objeto, os requisitos de atividade, tais como o lugar, o tempo e a forma, bem
como os efeitos jurídicos e econômicos.
Ademais, vale lembrar que o arbitramento da indenização deve pautar-se por
critérios que não impliquem em enriquecimento do lesado, nem, por outro lado, ser tão ínfimo que
se torne irrisório para o causador (TJRS, 4ª Câmara Cível, RJTJ 182/356).
É consagrado o entendimento de que “cabe ao juiz, de acordo com o seu
prudente arbítrio, atentando para a repercussão do dano e a possibilidade econômica do ofensor,
estimar uma quantia a título de reparação pelo dano moral” (in Sérgio Cavalieri Filho, ob., cit., p.
80).
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Cumpre analisar, pois, as circunstâncias gerais e específicas do caso concreto,


atentando à gravidade do dano, comportamento do ofensor e ofendido, posição econômica de
ambas as partes, repercussão do fato e, finalmente, capacidade de absorção por parte da vítima.
Além disso, a verba indenizatória deve ser fixada em valor monetário nominal,
sem correspondência a salários mínimos. E isto não só pelas eventuais dificuldades que possam
surgir na fase de execução, mas principalmente pela vedação constitucional, constante do art. 7º,
inc. IV, da Constituição Federal, que impede a vinculação do salário mínimo para qualquer fim.
Assim, devido aos fatos acima relatados é der ser condenada a parte
demandada em danos morais.

VI - DA JURISPRUDENCIA

Sobre o fato ora discutido, diversas são as jurisprudências que corroboram na


tese da autora sobre os pontos ora colados em discussão.
Nesta senda, destacam-se diversos julgados, ora colacionados:

APELAÇÃO - AÇÃO INDENIZATÓRIA - LOCAÇÃO DE ESPAÇO E REALIZAÇÃO


DE FESTA DE ANIVERSÁRIO - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA - CONTRATO
GENERICAMENTE ELABORADO - PREVISÃO DE LOCAÇÃO DAS 12 HORAS
DO DIA 28/11/2009 ÀS 3 HORAS DO DIA 29/11/2009, COM SERVIÇOS DE
SEGURANÇA, COPEIRA E GARÇOM INCLUÍDOS - AUSÊNCIA DE PROVA
INCONTESTÁVEL DE QUE O EVENTO DURARIA 4 HORAS, COM
ENCERRAMENTO ÀS 23 HORAS DO DIA 28/11/2009 - NÃO COMPROVADA
A RESPONSABILIDADE DA AUTORA PELOS ATRASOS NA DECORAÇÃO E NO
INÍCIO DA FESTA - CARACTERIZADOS O DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL E
A MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PELA REQUERIDA - DANOS MATERIAL E
MORAL CONFIGURADOS - REDUÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO -
CABIMENTO - INDENIZAÇÃO REDUZIDA PARA R$ 4.000,00 - VALOR QUE SE
MOSTRA ADEQUADO PARA COMPOR A REPARAÇÃO DO DANO MORAL E
NÃO REPRESENTA ENRIQUECIMENTO ILÍCITO - MANTIDA A
IMPROCEDÊNCIA DA RECONVENÇÃO - RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. (TJ-SP - APL: 00304671320108260001 SP 0030467-
13.2010.8.26.0001, Relator: Cesar Luiz de Almeida, Data de Julgamento:
23/02/2016, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
23/02/2016)

REPARAÇÃO DE DANOS. RECLAMANTE ALEGA, EM SÍNTESE, QUE FIRMOU


CONTRATO COM A EMPRESA RECLAMADA PARA REALIZAÇÃO DE FESTA DE
FORMATURA; QUE FORAM DESCUMPRIDOS DIVERSOS ITENS DO
CONTRATO FIRMADO COMO, POR EXEMPLO, NÃO HAVIA HALL DE

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ENTRADA DECORADO; NÃO HAVIA TAPETE BRANCO COM SALPICADO DE


FOLHAS; NÃO HAVIA CANHÃO SEGUIDOR PARA FOCAR A ENTRADA DE
CADA FORMANDO; QUE NÃO HAVIAM ARRANJOS FLORAIS, POLTRONA,
KIT DE HIGIENE PESSOAL NOS BANHEIROS; QUE FORAM INSTALADOS AR
CONDICIONADOS NO CHÃO, TORNANDO AINDA MAIS ABAFADO O LOCAL;
QUE O LOCAL ESTAVA SUPERLOTADO. SENTENÇA PROCEDENTE.
CONDENOU A RECLAMADA AO PAGAMENTO DE R$ 4.000,00 A TÍTULO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RECLAMADA, EM SEDE RECURSAL,
PRETENDE A REFORMA DA SENTENÇA RECORRIDA A FIM DE EXCLUIR A
CONDENAÇÃO OU, SUBSIDIARIAMENTE, A REDUÇÃO DO MONTANTE
INDENIZATÓRIO. TRATA-SE DE RELAÇÃO DE CONSUMO, VEZ QUE AS
PARTES SE ENQUADRAM NOS CONCEITOS DE CONSUMIDOR E
FORNECEDOR (ARTS. 2.º E 3.º DO CDC), ENSEJANDO A APLICAÇÃO DA
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, NOS TERMOS DO ART. 6.º, INC. VIII DO
CDC. ASSIM, INCUMBIA À EMPRESA RECLAMADA COMPROVAR QUE
TODOS OS ITENS DO CONTRATO FORAM CUMPRIDOS, COM A PRESTAÇÃO
DO SERVIÇO EXATAMENTE COMO DESCRITO. NOTA-SE QUE O HALL DE
ENTRADA FOI DECORADO TÃO SOMENTE COM PASSARELA DE VIDRO, NÃO
HAVENDO ?PISO DE VIDRO FORMANDO SALAS DIFERENCIADAS?
CONFORME DESCRITO NO CONTRATO (MOV. 1.7). ALÉM DISSO, DA
VISUALIZAÇÃO DAS FOTOS CAREADAS NOS AUTOS (MOVS. 1.17 E 1.18),
VERIFICA-SE QUE NÃO FORAM DISPONIBILIZADOS ARRANJOS FLORAIS,
POLTRONA E KIT DE HIGIENE NO BANHEIRO DO EVENTO, CONFORME
PREVISTO EM CONTRATO (MOV. 1.7). DE MESMO MODO, TEM-SE QUE
NÃO RESTOU COMPROVADA A DISPONIBILIZAÇÃO DE SORVETE COM
CAROLINAS E CALDA DE CHOCOLATE, PETIT GATEAU E MOUSSE DE (TJPR -
1ª Turma Recursal - 0001801-15.2015.8.16.0030/0 - Foz do Iguaçu - Rel.:
Fernando Swain Ganem - - J. 22.03.2016)

VI - DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Destaca o requerente que não possui condições de arcar com custas processuais
e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio, conforme demonstra o documento 2
(em anexo), razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da justiça, nos termos dos artigos 98
a 102 do NCPC, o que requer desde já.

VII - DOS PEDIDOS

"Ex Positis", requer a Vossa Excelência:

a) Seja designada/dispensada audiência de conciliação ou mediação na forma


do previsto no artigo 33 do NCPC;

12 | P á g i n a
NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº. xx/xx,
OAB/UF XX.XXX
Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
Cidade xxxxxxx. - Estado.

Email: advogado@mail.com
Telefone:

b) A citação do Réu, nos termos do art. 246, inciso I do CPC/2015, para


oferecer resposta no prazo legal sob pena de preclusão, revelia e confissão;
c) Seja condenado o Requerido a devolução do valor investido pela autora na
locação do salão e dos serviços contratados, conforme previsto no inciso II do artigo 20 do Código
de Defesa do Consumidor
d) Seja condenado o Requerido a indenizar por danos morais a consumidora
ora Requerente, em função da falha na prestação dos serviços, nos termos da legislação, sem
olvidar o caráter pedagógico da indenização para que se desestimule tal atitude irresponsável por
parte da prestadora de serviço;
e) a condenação do Requerido ao pagamento das custas, despesas
processuais e honorários advocatícios, em caso de recurso para uma das Turmas Recursais do
Egrégio Tribunal de Justiça.
f) a produção de provas documentais, testemunhais, periciais e outras
necessárias e admitidas em direito;
g) em razão da verossimilhança (rectius: notoriedade) das alegações, a
inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII do CDC) sobre os fatos narrados na presente;
h) a concessão do benefício da justiça gratuita, por tratar-se de pessoa de
parcos recursos financeiros

Por fim REQUER seja oportunizado a produção de provas por todos os meios
direito admitidos, em especial prova documental.

Em tempo, requer sejam cadastrados no registro deste processo os


procuradores xxxxxxxxxxxxxxx, OAB/XX XX.XXX, expedindo-se todas intimações em nome destes,
sob pena de nulidade.

Dá-se a causa o valor de R$ XX.XXX,XX.

Nestes termos, pede deferimento.

Cidade, Data.

13 | P á g i n a
NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº. xx/xx,
OAB/UF XX.XXX
Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
Cidade xxxxxxx. - Estado.

Email: advogado@mail.com
Telefone:

p.p. Advogado
OAB/UF XX.XXX

14 | P á g i n a

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