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DOS FATOS
Entretanto, o benefício restou indeferido pelo INSS, sob a alegação de que estava
descaracterizado o regime de economia familiar em razão de o seu cônjuge exercer
atividade urbana.
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Desta forma, a limitação apresentada pelo INSS não se justifica, razão pela qual
busca o Poder Judiciário para ver seu direito reconhecido.
DO DIREITO
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Entende-se como regime de economia familiar a atividade em
que o trabalho dos membros da família é indispensável à
própria subsistência e é exercido em condições de mútua
dependência e colaboração, sem a utilização de empregados.
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Deste modo, os documentos apresentados, tanto na ceara administrativa, quanto os
agora anexados, revelam de maneira satisfatória que a Parte Autora trabalhou,
juntamente com outros membros de sua família, em regime de economia familiar
para sustento próprio e de seus entes mais próximos.
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tem mitigado a exigência probatória e aceitado diversos documentos como início de
prova material, desde que contemporâneos aos fatos alegados:
Neste sentido:
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3. No âmbito desta Corte, é pacífico o entendimento de ser
possível o reconhecimento do tempo de serviço mediante
apresentação de um início de prova material, desde que
corroborado por testemunhos idôneos. Precedentes.
4. A Lei de Benefícios, ao exigir um "início de prova material",
teve por pressuposto assegurar o direito à contagem do tempo
de atividade exercida por trabalhador rural em período anterior
ao advento da Lei 8.213/91 levando em conta as dificuldades
deste, notadamente hipossuficiente.
5. Ainda que inexista prova documental do período antecedente
ao casamento do segurado, ocorrido em 1974, os testemunhos
colhidos em juízo, conforme reconhecido pelas instâncias
ordinárias, corroboraram a alegação da inicial e confirmaram o
trabalho do autor desde 1967. […] (STJ, REsp 1348633/SP, Rel.
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 28/08/2013, DJe 05/12/2014, sem grifo no original).
Também acerca do tema, a Lei n.º 8.213/91 define quais documentos que servem
para a comprovação da atividade rural:
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IV - comprovante de cadastro do INCRA, no caso de produtores
em regime de economia familiar;
V - bloco de notas do produtor rural.
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Dessa forma, resta demonstrado que a Parte Autora cuidou de juntar o início de
prova material para o período postulado, que poderá ser complementada pela prova
testemunhal, em atenção ao princípio da livre valoração da prova.
Veja-se:
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE
RURAL. CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE. PERÍODO DE
CARÊNCIA COMPROVADO. DESNECESSIDADE DE PROVA
ANO A ANO. CONSECTÁRIOS. LEI 11.960/2009. 1. Tendo em
vista que o conjunto probatório demonstrou o exercício de
atividade rural durante o período exigido em lei, é devida a
concessão do benefício de aposentadoria por idade rural. 2.
Não há necessidade de que o início de prova material
abarque todo o período de trabalho rural, desde que
todo o contexto probatório permita a formação de juízo
seguro de convicção, pois está pacificado nos Tribunais
que não é exigível a comprovação documental, ano a
ano, do período pretendido […] (TRF4, AC 0010430-
13.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator Hermes Siedler da
Conceição Júnior, D.E. 29/10/2015, sem grifo no original).
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Assim, força é se admitir que ao documento de uma data se
possa admitir para alguns anos antes e para alguns anos
depois, porque profissões, como a do agricultor, gozam de
certa estabilidade. Essa qualificação profissional dificulta que
migrem para outras atividades porque seus conhecimentos são
pouco aproveitados em outras áreas de trabalho urbano.
Assim, muito embora a Parte Autora não tenha juntado documentos dando conta da
sua profissão para cada ano cuja averbação persegue, aqueles que acostou, por si,
são suficientes a demonstrar o período laborado em regime de economia familiar.
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Veja-se:
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trabalhadores do campo para comprovar o seu efetivo
exercício no meio agrícola.
Neste sentido:
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comprovado o exercício da atividade agrícola no período
correspondente à carência (art. 142 da Lei nº 8.213/1991), é
devido o benefício de aposentadoria por idade rural. 3. Os
documentos em nome de terceiros (filha e genro)
consubstanciam início de prova material do trabalho
rural desenvolvido em regime de economia familiar
(Súmula 73 desta Corte). 4. Havendo prova nos autos de
que a parte autora continuou trabalhando após a vigência da
Lei nº 8.213, em 24/07/1991, aplica-se ao caso o referido
diploma legal, mesmo que o implemento do requisito etário
tenha ocorrido anteriormente a tal data. 5. O Supremo Tribunal
Federal reconheceu repercussão geral à questão da
constitucionalidade do uso da Taxa Referencial (TR) e dos juros
da caderneta de poupança para o cálculo da correção
monetária e dos ônus de mora nas dívidas da Fazenda Pública,
e vem determinando, por meio de sucessivas reclamações, e
até que sobrevenha decisão específica, a manutenção da
aplicação da Lei nº 11.960/2009 para este fim, ressalvando
apenas os débitos já inscritos em precatório, cuja atualização
deverá observar o decidido nas ADIs 4.357 e 4.425 e respectiva
modulação de efeitos. Com o propósito de manter coerência
com as recentes decisões, deverão ser adotados, no presente
momento, os critérios de atualização e de juros estabelecidos
no art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, na redação dada pela Lei nº
11.960/2009, sem prejuízo de que se observe, quando da
liquidação, o que vier a ser decidido, com efeitos expansivos,
pelo Supremo Tribunal Federal. 6. A implantação de benefício
previdenciário, à conta de tutela específica, deve acontecer no
prazo máximo de 45 dias. (TRF4, APELREEX 0009410-
84.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator Osni Cardoso Filho,
D.E. 17/02/2016
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serem consideradas documentos hábeis a demonstrar o período laborado na área
rural.
Ressalta-se que o fato de o cônjuge da Parte Autora exercer atividade urbana não é
motivo suficiente para descaracterizar o regime de economia familiar e,
consequentemente, ensejar o indeferimento do seu pedido.
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laborou pois, ainda que considerada como trabalhador rural individual, sua situação
encontra guarida no art. 11, VII, da Lei n.º 8.213/91, que determina:
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trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso
concreto”.
Neste sentido:
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Não fosse isso, o salário percebido pelo cônjuge da Parte Autora não é suficiente
para a manutenção da família, que depende da atividade rural desenvolvida por esta
e seus filhos para complementação da sua renda, o que caracteriza o regime de
economia familiar.
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8.213, art. 48, § 1º); b) exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em
número de meses idênticos à carência deste (Lei n.º 8.213, art. 143),
independentemente de recolhimento de contribuições previdenciárias.
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2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses
Na aplicação dos artigos 142 e 143 da Lei, deve-se atentar para os seguintes pontos:
a) ano-base para averiguação do tempo rural; b) termo inicial do período de trabalho
rural correspondente à carência, e c) termo inicial do direito ao benefício.
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Todavia, se o segurado, completando a idade necessária, permanecer exercendo
atividade agrícola até a ocasião em que preencher o número de meses suficientes
para concessão do benefício, tanto o ano-base para a verificação do tempo rural
quanto o início de tal período de trabalho, contado retroativamente, será o da data
da implementação do tempo equivalente à carência.
A disposição contida no art. 143 da Lei n.º 8.213 - ou seja, a de que o exercício da
atividade rural deve ser comprovado no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício -, deve ser interpretada em favor do segurado. Tal regra
atende às situações em que ao segurado é mais fácil ou conveniente a comprovação
do exercício do labor rural no período imediatamente anterior ao requerimento
administrativo; entretanto, a sua aplicação deve ser relativizada, em face do disposto
no art. 102, § 1º, da Lei, e, principalmente, por força da garantia constitucional do
direito adquirido.
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Com efeito, e considerando que, no caso, a Parte Autora nasceu em... (data de
nascimento), tendo completado... (60 anos mulher/65 anos homem) anos de idade
em... (ano que completou a idade necessária para a aposentadoria), a carência
exigida conforme o disposto no art. 142 da Lei n.º 8.213/91 corresponde a...
(verificar na tabela prevista no artigo 142 da Lei n. 8.213/91 o número de meses de
contribuição necessários de acordo com o ano que completou a idade para a
aposentadoria) meses de contribuição.
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previdenciários pode ser demonstrado através de início de
prova material suficiente, desde que complementado por prova
testemunhal idônea. 2. Não há dúvida que a lei
previdenciária garantiu também ao empregado rural
(art. 11, inciso I, alínea "a", da Lei n.º 8.213/91) a
possibilidade de receber a Aposentadoria Rural por
Idade, exigindo-lhe, para tanto, apenas a comprovação
da atividade rural no período correspondente à
carência, ainda que de forma descontínua. 2. Restando
comprovado nos autos, mediante início de prova material
corroborado pela prova testemunhal, o requisito idade e o
exercício da atividade laborativa rural, no período de carência, é
de ser concedida aposentadoria por idade rural. (TRF4, AC
0009084-27.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator João Batista
Pinto Silveira, D.E. 11/02/2016).
Portanto, o indeferimento por parte do INSS não encontra amparo na lei, sendo
devida a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.
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DOS PEDIDOS
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desde a data do requerimento administrativo, monetariamente corrigidas desde o
respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes até
a data do efetivo pagamento;
Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
notadamente a documental e testemunhal.
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Termos em que,
Pede Deferimento.
ADVOGADO
OAB Nº
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