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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 00ª VARA DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CIDADE/UF

NOME DO CLIENTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do CPF/MF nº


00000000, com Documento de Identidade de n° 0000000000, residente e
domiciliado na Rua TAL, nº 00000000, Bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF, vem
respeitosamente perante a Vossa Excelência propor:

AÇÃO JUDICIAL PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pessoa jurídica


de direito público, na pessoa do seu representante legal, domiciliado na Rua TAL, nº
00000000, Bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF pelos fatos e fundamentos que a
seguir aduz.

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DOS FATOS

A Parte Autora, na qualidade de trabalhador(a) rural, requereu em DIA/MÊS/ANO a


concessão do benefício de aposentadoria por idade rural na agência da Previdência
Social da sua cidade.

Entretanto, o benefício restou indeferido pelo INSS, sob a alegação de que estava
descaracterizado o regime de economia familiar em razão de o seu cônjuge exercer
atividade urbana.

Todavia, a Parte Autora preenche todos os requisitos necessários à concessão do


benefício.

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Desta forma, a limitação apresentada pelo INSS não se justifica, razão pela qual
busca o Poder Judiciário para ver seu direito reconhecido.

DO DIREITO

A Parte Autora desenvolveu atividade rural, em regime de economia familiar, na


localidade de LOCAL ONDE FOI EXERCIDA A ATIVIDADE RURAL, permanecendo na
lavoura no período de DATA DO INÍCIO DA ATIVIDADE RURAL, a, DATA FINAL DA
ATIVIDADE RURAL, cultivando ISSO OU AQUILO.

O conceito de regime de economia familiar está disciplinado pelo § 1º do art. 11 da


Lei n.º 8.213/91, que dispõe:

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Entende-se como regime de economia familiar a atividade em
que o trabalho dos membros da família é indispensável à
própria subsistência e é exercido em condições de mútua
dependência e colaboração, sem a utilização de empregados.

Como prova do exercício de atividade rural, foram juntados ao requerimento


administrativo os documentos abaixo relacionados, os quais não deixam dúvida de
que efetivamente trabalhou na lavoura.

Documento Observação Data

A fim de corroborar as assertivas contidas na presente ação judicial, juntam-se,


ainda, os seguintes documentos:

Documento Observação Data

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Deste modo, os documentos apresentados, tanto na ceara administrativa, quanto os
agora anexados, revelam de maneira satisfatória que a Parte Autora trabalhou,
juntamente com outros membros de sua família, em regime de economia familiar
para sustento próprio e de seus entes mais próximos.

INÍCIO DE PROVA MATERIAL

Considerando a dificuldade de se obter documentos para provar a atividade rural,


situação inerente à condição simplória da vida no campo, a jurisprudência dominante

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tem mitigado a exigência probatória e aceitado diversos documentos como início de
prova material, desde que contemporâneos aos fatos alegados:

Neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA


CONTROVÉRSIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.
ART. 55, § 3º, DA LEI 8.213/91. TEMPO DE SERVIÇO RURAL.
RECONHECIMENTO A PARTIR DO DOCUMENTO MAIS ANTIGO.
DESNECESSIDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONJUGADO
COM PROVA TESTEMUNHAL. PERÍODO DE ATIVIDADE RURAL
COINCIDENTE COM INÍCIO DE ATIVIDADE URBANA
REGISTRADA EM CTPS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A controvérsia cinge-se em saber sobre a possibilidade, ou
não, de reconhecimento do período de trabalho rural anterior
ao documento mais antigo juntado como início de prova
material.
2. De acordo com o art. 400 do Código de Processo Civil "a
prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de
modo diverso". Por sua vez, a Lei de Benefícios, ao disciplinar
a aposentadoria por tempo de serviço, expressamente
estabelece no § 3º do art. 55 que a comprovação do tempo de
serviço só produzirá efeito quando baseada em início de prova
material, "não sendo admitida prova exclusivamente
testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou
caso fortuito, conforme disposto no Regulamento" (Súmula
149/STJ).

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3. No âmbito desta Corte, é pacífico o entendimento de ser
possível o reconhecimento do tempo de serviço mediante
apresentação de um início de prova material, desde que
corroborado por testemunhos idôneos. Precedentes.
4. A Lei de Benefícios, ao exigir um "início de prova material",
teve por pressuposto assegurar o direito à contagem do tempo
de atividade exercida por trabalhador rural em período anterior
ao advento da Lei 8.213/91 levando em conta as dificuldades
deste, notadamente hipossuficiente.
5. Ainda que inexista prova documental do período antecedente
ao casamento do segurado, ocorrido em 1974, os testemunhos
colhidos em juízo, conforme reconhecido pelas instâncias
ordinárias, corroboraram a alegação da inicial e confirmaram o
trabalho do autor desde 1967. […] (STJ, REsp 1348633/SP, Rel.
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 28/08/2013, DJe 05/12/2014, sem grifo no original).

Também acerca do tema, a Lei n.º 8.213/91 define quais documentos que servem
para a comprovação da atividade rural:

Art. 106. (omissis)


Parágrafo único. A comprovação do exercício de atividade rural
referente a período anterior a 16 de abril de 1994, observado o
disposto no § 3º do artigo 55 desta Lei, far-se-á
alternativamente através de:
II - contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
III - declaração do sindicato de trabalhadores rurais, desde que
homologada pelo INSS;

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IV - comprovante de cadastro do INCRA, no caso de produtores
em regime de economia familiar;
V - bloco de notas do produtor rural.

A jurisprudência pátria igualmente firmou entendimento no sentido de que qualquer


dos documentos arrolados no art. 106 da Lei n.º 8.213/91 serve, por si só, como
prova da atividade rural, uma vez que a relação não é taxativa, mas exemplificativa,
podendo ser aceitos outros documentos.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou


orientação no sentido de que, diante da dificuldade do
segurado especial na obtenção de prova escrita do exercício de
sua profissão, o rol de documentos hábeis à comprovação do
exercício de atividade rural, inscrito no art. 106, parágrafo
único, da Lei 8.213/1991, é meramente exemplificativo, e não
taxativo, sendo admissíveis outros documentos além dos
previstos no mencionado dispositivo, inclusive que estejam em
nome de membros do grupo familiar ou ex-patrão […] (STJ,
REsp 1348633/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe 05/12/2014,
sem grifo no original).

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Dessa forma, resta demonstrado que a Parte Autora cuidou de juntar o início de
prova material para o período postulado, que poderá ser complementada pela prova
testemunhal, em atenção ao princípio da livre valoração da prova.

DESNECESSIDADE DE APRESENTAR UM DOCUMENTO PARA CADA ANO DE


ATIVIDADE RURAL LABORADO

A posição dos Tribunais é pacífica no sentido da desnecessidade de se apresentar um


documento para cada ano que se deseja provar, até porque a dificuldade de
encontrar tais provas seria imensa, e impossível para grande maioria daqueles que
trabalharam na área rural.

Veja-se:

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE
RURAL. CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE. PERÍODO DE
CARÊNCIA COMPROVADO. DESNECESSIDADE DE PROVA
ANO A ANO. CONSECTÁRIOS. LEI 11.960/2009. 1. Tendo em
vista que o conjunto probatório demonstrou o exercício de
atividade rural durante o período exigido em lei, é devida a
concessão do benefício de aposentadoria por idade rural. 2.
Não há necessidade de que o início de prova material
abarque todo o período de trabalho rural, desde que
todo o contexto probatório permita a formação de juízo
seguro de convicção, pois está pacificado nos Tribunais
que não é exigível a comprovação documental, ano a
ano, do período pretendido […] (TRF4, AC 0010430-
13.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator Hermes Siedler da
Conceição Júnior, D.E. 29/10/2015, sem grifo no original).

Muito mais razoável é a interpretação apresentada pelo Magistrado Federal, Doutor


Hildo Nicolau Peron da Justiça Federal de Santa Catarina, proferida nos autos n.
2002.72.00.059944-2:

Ora, é preciso ter presente que a profissão que o cidadão


declara na fase de produção de um desses documentos é a que
estava exercendo no presente e, provavelmente, num passado
e num futuro próximos. Pois, só em caso de rara coincidência
acontece de a profissão declarada coincidir com o primeiro dia
da produção do documento ou findar no último dia do ano civil.
Afinal, uma declaração de exercício da profissão de lavrador
constante de um documento sinaliza muito mais que aquela
profissão já vinha sendo exercida – portanto, seu valor não
pode ser apenas daquele dia para diante, mas também para o
passado.

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Assim, força é se admitir que ao documento de uma data se
possa admitir para alguns anos antes e para alguns anos
depois, porque profissões, como a do agricultor, gozam de
certa estabilidade. Essa qualificação profissional dificulta que
migrem para outras atividades porque seus conhecimentos são
pouco aproveitados em outras áreas de trabalho urbano.

Assim, muito embora a Parte Autora não tenha juntado documentos dando conta da
sua profissão para cada ano cuja averbação persegue, aqueles que acostou, por si,
são suficientes a demonstrar o período laborado em regime de economia familiar.

VALIDADE DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS EM NOME DE TERCEIROS

Em razão do conceito de regime de economia familiar, o Colendo Superior Tribunal


de Justiça já firmou entendimento no sentido de que os documentos em nome dos
parentes podem ser aproveitados pelos demais familiares como início de prova
material para efeito de comprovação da atividade rural.

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Veja-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.
CERTIDÃO DE CASAMENTO. PROVA MATERIAL. INÍCIO. 1.
Segundo a compreensão firmada por este Superior Tribunal de
Justiça, não se faz necessário que a prova material corresponda
a todo o período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lei
n. 8.213/91, desde que a via testemunhal se preste a ampliar
sua eficácia probatória. 2. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STJ, AgRg no REsp 1264618/PR, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe
30/08/2013)

Do corpo do voto, extrai-se:

É possível utilizar, para fins de comprovação do tempo de


serviço em atividade rural, certidão de casamento indicando
que o marido da requerente era agricultor. Isso porque,
conforme jurisprudência da Terceira Seção do STJ,
admitem-se documentos em nome de terceiros como início
de prova material para a comprovação da atividade
rural, em razão das dificuldades encontradas pelos

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trabalhadores do campo para comprovar o seu efetivo
exercício no meio agrícola.

Ainda sobre o assunto, o Egrégio Tribunal Regional Federal da Quarta Região já


sumulou a questão:

Súmula nº 73: Admitem-se como início de prova material do


efetivo exercício de atividade rural, em regime de economia
familiar, documentos de terceiros, membros do grupo parental.

Neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.


REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL. DOCUMENTOS EM NOME DE TERCEIROS.
CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. CUMPRIMENTO
IMEDIATO DO ACÓRDÃO. 1. O tempo de serviço rural, cuja
existência é demonstrada por testemunhas que complementam
início de prova material, deve ser reconhecido ao segurado em
regime de economia familiar. 2. Uma vez completada a idade
mínima (55 anos para a mulher e 60 anos para o homem) e

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comprovado o exercício da atividade agrícola no período
correspondente à carência (art. 142 da Lei nº 8.213/1991), é
devido o benefício de aposentadoria por idade rural. 3. Os
documentos em nome de terceiros (filha e genro)
consubstanciam início de prova material do trabalho
rural desenvolvido em regime de economia familiar
(Súmula 73 desta Corte). 4. Havendo prova nos autos de
que a parte autora continuou trabalhando após a vigência da
Lei nº 8.213, em 24/07/1991, aplica-se ao caso o referido
diploma legal, mesmo que o implemento do requisito etário
tenha ocorrido anteriormente a tal data. 5. O Supremo Tribunal
Federal reconheceu repercussão geral à questão da
constitucionalidade do uso da Taxa Referencial (TR) e dos juros
da caderneta de poupança para o cálculo da correção
monetária e dos ônus de mora nas dívidas da Fazenda Pública,
e vem determinando, por meio de sucessivas reclamações, e
até que sobrevenha decisão específica, a manutenção da
aplicação da Lei nº 11.960/2009 para este fim, ressalvando
apenas os débitos já inscritos em precatório, cuja atualização
deverá observar o decidido nas ADIs 4.357 e 4.425 e respectiva
modulação de efeitos. Com o propósito de manter coerência
com as recentes decisões, deverão ser adotados, no presente
momento, os critérios de atualização e de juros estabelecidos
no art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, na redação dada pela Lei nº
11.960/2009, sem prejuízo de que se observe, quando da
liquidação, o que vier a ser decidido, com efeitos expansivos,
pelo Supremo Tribunal Federal. 6. A implantação de benefício
previdenciário, à conta de tutela específica, deve acontecer no
prazo máximo de 45 dias. (TRF4, APELREEX 0009410-
84.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator Osni Cardoso Filho,
D.E. 17/02/2016

Destarte, tendo em vista os inúmeros documentos juntados com a presente, os quais


qualificam diversos parentes da Parte Autora como lavradores, devem tais provas

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serem consideradas documentos hábeis a demonstrar o período laborado na área
rural.

EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA POR MEMBRO DA FAMÍLIA NÃO


DESCARACTERIZA O REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR

Ressalta-se que o fato de o cônjuge da Parte Autora exercer atividade urbana não é
motivo suficiente para descaracterizar o regime de economia familiar e,
consequentemente, ensejar o indeferimento do seu pedido.

Isto porque, na esteira do entendimento jurisprudencial consolidado dos nossos


Tribunais, o mero fato de um membro do grupo familiar exercer atividade urbana
remunerada não desconfigura o regime de economia familiar em que a Parte Autora

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laborou pois, ainda que considerada como trabalhador rural individual, sua situação
encontra guarida no art. 11, VII, da Lei n.º 8.213/91, que determina:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as


seguintes pessoas físicas:
[...]
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no
imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele
que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda
que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor,
assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou
arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas
atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei
no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o
principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca
profissão habitual ou principal meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16
(dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado
de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que,
comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo.

A Turma Nacional de Uniformização, nesta toada, editou a súmula 41, a qual


disciplina que “a circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar
desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do

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trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso
concreto”.

Neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.


SEGURADO ESPECIAL. BOIA-FRIA. LABOR URBANO DO
CÔNJUGE. DOCUMENTOS EM NOME PRÓPRIO. REGIME DE
ECONOMIA FAMILIAR. NÃO DESCARACTERIZA. REQUISITOS
CUMPRIDOS. HONORÁRIOS. BASE DE CÁLCULO LIMITADA. 1.
A comprovação do exercício de atividade rural pode ser
efetuada mediante início de prova material, complementada por
prova testemunhal idônea. 2. Cumprido o requisito etário (55
anos de idade para mulher e 60 anos para homem) e
comprovado o exercício da atividade agrícola no período
correspondente à carência (art. 142 da Lei n. 8.213/91), é
devido o benefício de aposentadoria por idade rural. 3. Tendo
a autora acostado início de prova material em nome
próprio, o exercício do labor urbano pelo cônjuge em
valor não superior a dois salários mínimos não se
mostra suficiente para descaracterizar o regime de
economia familiar. 4. Os honorários advocatícios são devidos
pelo INSS no percentual de 10% sobre as parcelas vencidas até
a decisão judicial concessória do benefício previdenciário
pleiteado, conforme definidos nas Súmulas nº 76 do TRF4 e nº
111 do STJ. (TRF4, APELREEX 0001687-48.2014.404.9999,
Sexta Turma, Relatora p/ Acórdão Vânia Hack de Almeida, D.E.
17/02/2016, sem grifo no original).

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Não fosse isso, o salário percebido pelo cônjuge da Parte Autora não é suficiente
para a manutenção da família, que depende da atividade rural desenvolvida por esta
e seus filhos para complementação da sua renda, o que caracteriza o regime de
economia familiar.

Logo, carecem de razão os fundamentos da decisão do INSS quando indeferiu o


pleito da Parte Autora merecendo, portanto, reforma por este Juízo.

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR


IDADE RURAL

Os requisitos para a concessão da aposentadoria por idade aos trabalhadores rurais


são: a) idade mínima de 60 anos para o homem e de 55 anos para a mulher (Lei nº

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8.213, art. 48, § 1º); b) exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em
número de meses idênticos à carência deste (Lei n.º 8.213, art. 143),
independentemente de recolhimento de contribuições previdenciárias.

Para verificação do tempo (nº de meses) a ser comprovado, deve-se considerar a


tabela constante do art. 142 da Lei n.º 8.213/91, levando-se em conta o ano em que
o segurado implementou as condições necessárias para inativação, ou seja, idade
mínima e tempo de trabalho rural.

Ano de implemento das Meses de atividade rural


condições exigido
1991 60 meses
1992 60 meses
1993 66 meses
1994 72 meses
1995 78 meses
1996 90 meses
1997 96 meses
1998 102 meses
1999 108 meses
2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses

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2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses

Na aplicação dos artigos 142 e 143 da Lei, deve-se atentar para os seguintes pontos:
a) ano-base para averiguação do tempo rural; b) termo inicial do período de trabalho
rural correspondente à carência, e c) termo inicial do direito ao benefício.

Geralmente, o ano-base corresponderá àquele em que o segurado completou a idade


mínima, desde que, até então, já disponha de tempo rural suficiente para o
deferimento do benefício. Em tais casos, o termo inicial do período a ser considerado
como de exercício de labor rural, contado retroativamente, é a data do implemento
do requisito etário, mesmo que o requerimento administrativo seja formalizado
posteriormente, em homenagem ao princípio do direito adquirido (Constituição
Federal, art. 5.º, XXXVI; Lei de Benefícios, art. 102, §1º).

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Todavia, se o segurado, completando a idade necessária, permanecer exercendo
atividade agrícola até a ocasião em que preencher o número de meses suficientes
para concessão do benefício, tanto o ano-base para a verificação do tempo rural
quanto o início de tal período de trabalho, contado retroativamente, será o da data
da implementação do tempo equivalente à carência.

A título de exemplo, se o segurado tiver completado a idade mínima em 1997 e


requerido o benefício na esfera administrativa em 2001, deverá comprovar o
exercício de trabalho rural em um dos seguintes períodos: a) 96 meses antes de
1997; b) 120 meses antes de 2001, ou c) períodos intermediários (102 meses antes
de 1998, 108 meses antes de 1999, 114 meses antes de 2000) – vide tabela do art.
142 da lei n.º 8213/91.

A disposição contida no art. 143 da Lei n.º 8.213 - ou seja, a de que o exercício da
atividade rural deve ser comprovado no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício -, deve ser interpretada em favor do segurado. Tal regra
atende às situações em que ao segurado é mais fácil ou conveniente a comprovação
do exercício do labor rural no período imediatamente anterior ao requerimento
administrativo; entretanto, a sua aplicação deve ser relativizada, em face do disposto
no art. 102, § 1º, da Lei, e, principalmente, por força da garantia constitucional do
direito adquirido.

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Com efeito, e considerando que, no caso, a Parte Autora nasceu em... (data de
nascimento), tendo completado... (60 anos mulher/65 anos homem) anos de idade
em... (ano que completou a idade necessária para a aposentadoria), a carência
exigida conforme o disposto no art. 142 da Lei n.º 8.213/91 corresponde a...
(verificar na tabela prevista no artigo 142 da Lei n. 8.213/91 o número de meses de
contribuição necessários de acordo com o ano que completou a idade para a
aposentadoria) meses de contribuição.

Logo, preenchidos os requisitos necessários à concessão do benefício de


aposentadoria por idade rural, ou seja, idade mínima e carência, faz jus à Parte
Autora ao deferimento da benesse.

Neste sentido caminha a jurisprudência pátria:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA


RURAL POR IDADE. EMPREGADO RURAL. SEGURADO
ESPECIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS. TUTELA
ESPECÍFICA. 1. O tempo de serviço rural para fins

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previdenciários pode ser demonstrado através de início de
prova material suficiente, desde que complementado por prova
testemunhal idônea. 2. Não há dúvida que a lei
previdenciária garantiu também ao empregado rural
(art. 11, inciso I, alínea "a", da Lei n.º 8.213/91) a
possibilidade de receber a Aposentadoria Rural por
Idade, exigindo-lhe, para tanto, apenas a comprovação
da atividade rural no período correspondente à
carência, ainda que de forma descontínua. 2. Restando
comprovado nos autos, mediante início de prova material
corroborado pela prova testemunhal, o requisito idade e o
exercício da atividade laborativa rural, no período de carência, é
de ser concedida aposentadoria por idade rural. (TRF4, AC
0009084-27.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator João Batista
Pinto Silveira, D.E. 11/02/2016).

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.


REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. COMPROVAÇÃO DE
REQUISITOS. CORREÇÃO MONETÁRIA. IMPLANTAÇÃO DO
BENEFÍCIO. 1. Satisfeito o requisito de idade mínima e
provado, por meios documentais e testemunhais, o
exercício da atividade rural suficiente para cumprir a
carência, é devido o benefício. 2. A correção monetária
incidirá a contar do vencimento de cada prestação e será
calculada pela TR. 3. Ordem para imediata implantação do
benefício. Precedente. (TRF4, APELREEX 5017845-
59.2015.404.9999, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Marcelo
de Nardi, juntado aos autos em 18/02/2016, sem grifo no
original).

Portanto, o indeferimento por parte do INSS não encontra amparo na lei, sendo
devida a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.

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DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa do seu


representante legal, para que responda a presente demanda, no prazo legal, sob
pena de revelia;

A concessão da Justiça Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50, assegurados pela


Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (NCPC), artigo 98 e
seguintes;

A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para conceder o


benefício de aposentadoria por idade rural, bem como pagar as parcelas vencidas

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desde a data do requerimento administrativo, monetariamente corrigidas desde o
respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes até
a data do efetivo pagamento;

A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para arcar com as


custas processuais e honorários advocatícios;

Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
notadamente a documental e testemunhal.

Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiência de


conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC.

Atribui-se a causa o valor de R$ 000 (REAIS)

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Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO.

ADVOGADO

OAB Nº

26

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