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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DAS TURMAS RECURSAIS DOS JUIZADOS

ESPECIAIS FEDERAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO.

AUTOS 00049013420154036315

JOSÉ MOACIR DE OLIVEIRA, devidamente qualificado nos autos de AÇÃO


DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, por seus procuradores que esta
assinam, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL DE
JURISPRUDÊNCIAS, para o Presidente da Turma Recursal de São Paulo reconsiderar a decisão de inadmissibilidade
do Pedido de Uniformização Nacional e, caso não havendo, para que a admissibilidade do pedido realizado seja feito pelo
Presidente da Turma Nacional de Uniformização do Juizado Especial Federal, requerendo que seja admitido e remetido,
com as anexas razões.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 10 de setembro de 2018

Thais Takahashi Arielton Tadeu Abia de Oliveira


OAB/PR 34.202 OAB/PR 37.201
OAB/SP 307.048-A OAB/SP 307.035

Wilson Y. Takahashi Antonio Carlos Bernardino Narente


OAB/PR 6.666 OAB/PR 31.728
OAB/SP 307.048 OAB/SP 307.034

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA TURMA
NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDENCIAS
DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAL

RAZÕES DO REQUERENTE

1. RAZÕES DO RECORRENTE

Data permissa, a decisão dos Juízes que compõem a Décima Primeira Turma Recursal do
Juizado Especial Federal da Terceira Região da Seção Judiciária de São Paulo, merece retratação e reforma por violar
interpretação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça e entendimento pacificado da Turma Nacional de
Uniformização - TNU, tendo em vista que NEGOU PROVIMENTO ao recurso inominado interposto pela parte autora,
mantendo a decisão monocrática que Julgou Improcedente o pedido de aposentadoria por tempo de contribuição,
mantendo a sentença pelos seus próprios fundamentos.

Restou IMPROCEDENTE a averbação do período rural 09/11/1977 a 31/12/1981 por


entender que os indícios de prova material são extemporâneos, bem como o reconhecimento da especialidade da atividade
rural desenvolvida no período de 09/11/1977 a 31/01/1990 pelo enquadramento da categoria profissional.

Não reconheceu os indícios de prova material CTPS com anotações de vínculos rurais,
certidão de nascimento do autor, documentos pessoais, certidão do filho, certidão de casamento do recorrente, ficha de
filiação do autor junto ao Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Ubiratã, certidão de nascimento dos filhos do autor,
onde consta a sua profissão como lavrador, bem como alegou que o inicio de prova material operou-se através da
aquisição da propriedade rural pelo genitor, o que se deu no ano de 1982, e que os documentos seriam extemporâneo.

Portanto, autorizou o computo das atividades rurais que o autor exerceu somente no perito de
01/01/1982 à 31/01/1990.

Assim sendo, a Décima Primeira Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Terceira
Região da Seção Judiciária de São Paulo declarou a manutenção da sentença que julgou improcedente o pedido de
aposentadoria por tempo.

Transcreve-se os acórdãos recorridos:

1.1 ACÓRDÃO DO RECURSO INOMINADO (ANEXO):

Pedido de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, com o reconhecimento de labor rural e especial. 2.
Conforme consignado na sentença: “(...) 1. Atividade rural A parte autora requer o reconhecimento do período rural de

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09/11/1977 a 31/01/1990. O tempo de trabalho rural pode ser comprovado por prova testemunhal, desde que exista
início de prova documental que corrobore aquela prova, nos termos do § 3º do artigo 55 da L. 8.213/91. Para provar o
alegado, o autor trouxe aos autos os seguintes documentos que considero relevantes: documentos pessoais do autor –
nascimento em 09/11/1965 – filho de Esidio José de Oliveira e de Idalina Alves de Oliveira; CTPS de número 00194-SP,
emitida em 19/12/1994 – constando primeiro vínculo como ajudante de produção, de 08/03/1990 a 10/12/1994 (vínculo
controverso), fls. 12 do documento; matrículas imobiliárias em nome de Esidio José de Oliveira, do CRI de Ubiratã/PR,
referente a um imóvel rural denominado lote de terra nº 592-A, com área de 7,0 alqueires, constando aquisição
22/12/1982; título eleitoral – emissão 22/05/1984 – profissão lavrador; certidão de casamento do autor - assento em
06/10/1984- anotada sua profissão como lavrador; ficha de filiação do autor junto ao Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Ubiratã, constando admissão em 10/05/1985; certidões de nascimento de filhos do autor (Adriano da Silva
Oliveira - 05/01/1986 e Marcos da Silva Oliveira - 13/08/1988), anotada a profissão como lavrador. Em depoimento
pessoal o autor declarou que morou até seus vinte e quatro anos de idade no sítio de propriedade de seu pai; ele é
proprietário de duas áreas, uma com sete e a outra com oito alqueires; seu genitor trabalha no local até hoje; produziam
somente para subsistência: arroz, feijão, milho e um pouco de algodão; atualmente a produção é outra; são ao todo em
dez irmãos e todos trabalhavam diariamente; após seu casamento permaneceu mais um tempo trabalhando no local com
seus familiares. A testemunha Manoel Urbano disse que conheceu o autor no Paraná pois eram vizinhos; morou até 1992
e o autor ficou no local até 1990; à época o autor não tinha outra atividade, só “roça” familiar; trabalhavam somente
com lavoura branca. A testemunha Mário disse ter conhecido o autor no Paraná; ele trabalhava com a família;
produziam lavoura branca. O depoente deixou o local em 1987 mas esclareceu que o autor ali permaneceu.
Considerando a documentação anexada e a prova oral produzida, entendo comprovado que o autor realizou atividade
rural no período alegado. É notório que era extremamente comum o trabalho rural de crianças e adolescentes,
especialmente na época dos fatos narrados pelo autor. Contudo, o início de prova material operou-se através da
aquisição da propriedade rural pelo genitor, o que se deu no ano de 1982. Entendo, portanto, que as provas produzidas
nos autos são suficientes para autorizar o cômputo das atividades rurais que o autor exerceu, no período de 01/01/1982 a
31/01/1990, exceto para fins de carência. 2. Atividade Rural Especial No que se refere à atividade de trabalhador rural,
importante mencionar que o Decreto 53831 de 25/03/1964 dispôs no item 2.2.0 a 2018/930101333044-96168-JEF
Assinado digitalmente por: LUCIANA MELCHIORI BEZERRA:10284 Documento Nº: 2018/930101333044-96168
Consulte autenticidade em: http://web.trf3.jus.br/autenticacaojef possibilidade de reconhecer como especial a função de
trabalhadores da agropecuária/agroindústria. A parte autora comprovou ser segurada especial, portanto, não se
enquadra nessa catergoria de profissional. Ademais, não há comprovação de exposição a nenhum agente nocivo. Nesse
sentido é o entendimento de nossos Tribunais: (...) Assim, a atividade rural não pode ser considerada especial. 3.
Atividade comum A parte autora requer a averbação do período comum de 08/03/1990 a 10/12/1994. Por primeiro, de se
destacar que o INSS já reconheceu administrativamente o período de 08/03/1990 a 31/12/1990, pelo que deverá ser
considerado incontroverso. A comprovação do tempo de serviço vem tratada pela Lei 8.213/91 em seu art. 55, que se
remete ao regulamento. O Decreto 3048/99 trata do tema em seus arts. 62 e 63, dispondo que os documentos devem ser
contemporâneos aos fatos que pretendem comprovar. No presente caso, o período pleiteado pelo autor foi excluído pelo
INSS por ser extemporâneo. A parte autora apresentou a CTPS emitida em 19/12/1994, número 49778, série 194-SP,
cuja cópia foi anexada aos autos. A par, juntou cópia da folha de registro de empregados, contendo carimbo da empresa,
constando admissão em 08/03/1990 e demissão em 10/12/1994. Nesse mesmo documento, constam anotações sobre as
alterações salariais sofridas desde 1990, além de anotações de férias concedidas. Por fim, de se destacar a emissão de

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PPP apontando agentes nocivos à época da prestação do serviço, a corroborar com a comprovação do vínculo. A mera
ausência no CNIS de vínculos antigos, como no presente caso, não é suficiente para a exclusão da contagem, visto que a
base CNIS existe desde 1994 e é natural a ausência de lançamento de vínculos mais antigos. Assim nos termos da súmula
75 da TNU “A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe
comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço
para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações
Sociais (CNIS)”, o vínculo deve ser considerado para fins previdenciários. Assim, entendo como comprovado o período
anotado em CTPS de 01/01/1991 a 10/12/1994. No mais, como cabia ao empregador o pagamento das contribuições, não
pode a parte autora ser penalizada pelo fato de o INSS não as ter localizado. 4. Atividade especial (...) De acordo com o
PPP da empresa FACIS TUBOS E POSTES LTDA, o autor exerceu suas funções no setor de produção, no período de
08/03/1990 a 10/12/1994 e de 02/05/1995 a 31/01/1997, exposto a ruído de 80 dB(A). Frise-se que o documento
relacionado ao período de 02/05/1995 a 31/01/1997 foi emitido somente em 10/06/2015 (Anexo 10). De acordo com o
PPP´s da empresa FACIS TUBOS E POSTES LTDA, o autor exerceu suas funções no setor de produção, como operador
de ponto rolante, de 02/01/1998 a 18/07/2000 e de 02/01/2001 a 10/02/2005, exposto ao agente nocivo ruído de 80
dB(A). As atividades foram exercidas com submissão a ruído em nível inferior aos limites de nocividade à época, pelo
que, não poderá ser considerada especial. Para o período de 01/08/2005 a 31/01/2009, na mesma empresa FACIS
TUBOS E POSTES LTDA, consta que o autor esteve exposto a ruído, sem especificação da intensidade, pelo que não
poderá ser considerado especial. Por fim, no tocante ao período de 03/08/2009 a 2014, na FACIS TUBOS E POSTES
LTDA, consta a exposição ao ruído de 82 dB(A), também inferior aos limites legais da época, pelo que não poderá ser
considerado especial. Ante a fundamentação acima, reconheço como especiais os períodos de 08/03/1990 a 10/12/1994 e
de 02/05/1995 a 31/01/1997. DA CONTAGEM FINAL Realizada a contagem de tempo trabalhado pela Contadoria
Judicial, com base nas fundamentações supra, verifico que o autor possuía, na data de entrada de seu requerimento
(25/06/2014), o total de 32 anos, 03 meses e 08 dias de tempo de serviço, insuficiente para a concessão do benefício
vindicado. Ante o exposto EXTINGO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do art. 267, inciso VI
do CPC quanto à averbação do período de 08/03/1990 a 31/12/1990 e JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O
PEDIDO para determinar ao INSS que: (i) averbe, como tempo de serviço rural, o período de 01/01/1982 a 31/01/1990,
exceto para fins de carência; (ii) averbe, como tempo comum, o período de 01/01/1991 a 10/12/1994. (iii) averbe os
períodos de trabalho especial, para fins de conversão, de 08/03/1990 a 10/12/1994 e de 02/05/1995 a 31/01/1997. (...)”
3. Recurso da parte autora: Alega que, com relação ao tempo rural, pelo entendimento do STJ, os indícios de prova
material não precisam ser contemporâneos. Sustenta que a atividade rural está enquadrada nos itens 2.2.1 e 2.4.4 dos
Decretos 53.831/64 e 80.080/79 e que, portanto, o período de 09/11/1977 a 31/01/1990 deve ser reconhecido como
especial. Requer a averbação do período rural de 09/11/1977 a 31/12/1981, o reconhecimento do período de 09/11/1977
a 31/01/1990 como especial e a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição desde a DER. 4. Recurso do
INSS: Alega que o PPP apresentado está irregular, pois ausente cópia autenticada da procuração outorgada pela
empresa para a signatária, com poderes para assinar o documento ou declaração da empresa informando que o
responsável pelo PPP está autorizado a assinar esse documento. Sustenta que o PPP informa que o nível de ruído é de 80
dB e não acima de 80 dB, não sendo possível o reconhecimento dos períodos, de 08/03/1990 a 10/12/1994 e de
02/05/1995 a 31/01/1997, como especiais. Requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido de
conversão dos períodos de especial para comum. 5. Com relação ao pleiteado no recurso da parte autora, consigne-se
que a sentença analisou corretamente todas as questões trazidas no recurso inominado, de forma fundamentada, não

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tendo o recorrente apresentado, em sede recursal, elementos que justifiquem sua modificação. 6. Tempo Especial: As
regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum aplicam-se ao
trabalho prestado em qualquer período, ressalvando-se apenas a necessidade de observância, no que se refere à natureza
da atividade desenvolvida, ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. Com efeito, o Decreto
n.º 4827/03 veio a dirimir a referida incerteza, possibilitando que a conversão do tempo especial em comum ocorra nos
serviços prestados em qualquer período, inclusive antes da Lei nº 6.887/80. Conforme entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, é possível a transmutação de tempo especial em comum, seja antes da Lei 6.887/80 seja após maio/1998.
Ademais, conforme Súmula 50, da TNU, é possível a conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho
prestado em qualquer período. 7. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhece o direito ao cômputo do
tempo de serviço especial exercido antes da Lei 9.032/95 (29/04/1995), com base na presunção legal de exposição aos
agentes nocivos à saúde pelo mero enquadramento das categorias profissionais previstas nos Decretos 53.831/64 e
83.080/79. A partir da Lei 9.032/95, o reconhecimento do direito à conversão do tempo de serviço especial se dá
mediante a demonstração da exposição aos agentes prejudiciais à saúde, por meio de formulários estabelecidos pela
autarquia, até o advento do Decreto 2.172/97 (05/03/1997). A partir de então, por meio de formulário embasado em
laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 8. A extemporaneidade dos formulários e laudos não impede, de plano, o
reconhecimento do período como especial. Nesse sentido, a Súmula 68, da TNU: “o laudo pericial não contemporâneo
ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade especial do segurado” (DOU 24/09/2012). Em princípio, não
havendo menção a mudanças no ambiente de trabalho, presume-se que elas foram mantidas e que os documentos
retratam as condições de trabalho da parte autora. 9. O PPP deve ser emitido pela empresa com base em laudo técnico
de condições ambientais de trabalho, expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança, substituindo, deste
modo, o próprio laudo pericial e os formulários DIRBEN 8030 (antigo SB 40, DSS 8030). Para que seja efetivamente
dispensada a apresentação do laudo técnico, o PPP deve conter todos os requisitos e informações necessárias à análise
da efetiva exposição do segurado ao referido agente agressivo. Nesse sentido, a irregularidade formal de não
apresentação de procuração do representante legal da empresa evidenciando os poderes de quem o subscreveu, não
autoriza a conclusão de que os PPP's juntados aos autos seriam inidôneos (TRF-3 - APELREEX: 7797 SP 0007797-
62.2010.4.03.6109, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL CECILIA MELLO, Data de Julgamento: 31/03/2014,
OITAVA TURMA). Ademais, considere-se que o artigo 178 da INSS/PRES 20/07 apenas dispõe que o PPP deverá ser
assinado por representante legal da empresa, com poderes específicos outorgados por procuração, não que a
procuração deve instruir o PPP. 10. RUÍDO: O Colendo Superior Tribunal de Justiça, por sua 1ª Seção, fixou
entendimento no seguinte sentido: i) período anterior a 05.03.1997, necessidade de exposição a nível de ruído superior a
80 dB(A); ii) período entre 06.03.1997 a 17.11.2003, necessidade de exposição a nível de ruído superior a 90 dB(A); iii)
período posterior a 17.11.2003, necessidade de exposição a nível de ruído superior a 85 dB(A). Confiram-se, a propósito,
ementas de elucidativos julgados sobre o assunto: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL. RUÍDOS. DECRETO N. 4.882/2003. LIMITE MÍNIMO DE 85 DECIBÉIS. ANÁLISE DE FATOS E PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nos termos da
jurisprudência do STJ, o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado. A lei
nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente. 2. É
considerada especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibéis até a edição do Decreto n.
2.171/97, sendo considerado prejudicial, após essa data, o nível de ruído superior a 90 decibéis. A partir da entrada em
vigor do Decreto n. 4.882, em 18.11.2003, o limite de tolerância de ruído ao agente físico foi reduzido a 85 decibéis.

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2018/930101333044-96168-JEF Assinado digitalmente por: LUCIANA MELCHIORI BEZERRA:10284 Documento Nº:
2018/930101333044-96168 Consulte autenticidade em: http://web.trf3.jus.br/autenticacaojef 3. No caso dos autos,
conforme se extrai do acórdão recorrido, o Tribunal de origem, limitou-se a afirmar que a partir de 6.3.1997 o segurado
esteve exposto a níveis de ruído superiores a 85 decibéis, sem precisar o valor exato. Logo, não há como aferir se
durante esse período o ora recorrido esteve submetido a pressão de ruído em níveis superiores a 90 decibéis. 4. O
deslinde da controvérsia depende do reexame de fatos e provas, o que é obstado pelo ditame da Súmula 7/STJ. Agravo
regimental improvido. (AgRg no REsp 1399426/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 24/09/2013, DJe 04/10/2013) PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APOSENTADORIA. RUÍDOS
SUPERIORES A 80 DECIBÉIS ATÉ A EDIÇÃO DO DECRETO 2.171/97. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO
RETROATIVA DA NORMA. 1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou orientação de que é tida por
especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibéis até a edição do Decreto 2.171/1997. Após
essa data, o nível de ruído considerado prejudicial é o superior a 90 decibéis. Com a entrada em vigor do Decreto 4.882,
em 18.11.2003, o limite de tolerância ao agente físico ruído foi reduzido para 85 decibéis. 2. No entanto, concluiu o
Tribunal de origem ser possível a conversão de tempo de serviço especial em comum, após o Decreto 2.172/1997, mesmo
diante do nível de ruído inferior a 90 decibéis. Igualmente, levou em conta a aplicação retroativa do Decreto 4.882/2003,
por ser mais benéfico, de modo a atentar para a atividade sujeita a ruídos superiores a 85 decibéis desde 6.3.1997, data
do Decreto 2.172/1997. 3. Assim decidindo, contrariou o entendimento jurisprudencial do STJ de não ser possível
atribuir retroatividade à norma sem expressa previsão legal, sob pena de ofensa ao disposto no art. 6º da LICC,
notadamente porque o tempo de serviço é regido pela legislação vigente à época em que efetivamente prestado o labor.
Precedentes do STJ. 4. Recurso Especial provido. (REsp 1397783/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 17/09/2013) 11. Períodos de 08/03/1990 a 10/12/1994 e de 02/05/1995 a
31/01/1997: PPPs (fls. 35/36 e 39/40 – evento 1) atestam a função de ajudante, com exposição a 80 dB, abaixo, portanto,
dos limites supramencionados, nos termos do entendimento do STJ, que exige ruído superior a 80 dB. Logo, não é
possível o reconhecimento dos períodos como especiais. 12. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DA
PARTE AUTORA E DOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS para reformar em parte a sentença e considerar os
períodos de 08/03/1990 a 10/12/1994 e de 02/05/1995 a 31/01/1997, como comuns. Mantenho, no mais, a sentença. 13.
Parte autora-recorrente condenada ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa.
Na hipótese de a parte autora ser beneficiária de assistência judiciária gratuita, o pagamento dos valores mencionados
ficará suspenso nos termos do § 3º do artigo 98 do CPC. 14. É o voto. <#III – ACÓRDÃO Decide a Décima Primeira
Turma Recursal do Juizado Especial Federal Cível da Terceira Região - Seção Judiciária de São Paulo, por
unanimidade, negar provimento ao recurso da parte autora e dar provimento ao recurso do INSS, nos termos do voto da
Juíza Federal Relatora. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Juízes Federais Luciana Melchiori Bezerra,
Maíra Felipe Lourenço e Paulo Cezar Neves Junior.

Eis a decisão recorrida, a qual é contrária, em seus fundamentos, aos Julgados proferidos pelo
Superior Tribunal de Justiça e entendimento pacificado da Turma Nacional de Uniformização - TNU, justificando-se
assim, a interposição do presente Pedido de Uniformização de Jurisprudência.

2. O CABIMENTO DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL DE JURISPRUDÊNCIAS.

Nobre Julgador, o guerreado acórdão contraria decisão jurisprudencial do Superior Tribunal

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de Justiça, ao deixar reconhecer os indícios de prova material apresentados e consequentemente averbar o período
controvertido 09/11/1977 à 31/12/1981, bem como ao deixar de reconhecer os períodos rurais como atividade especial
(09/11/1977 à 31/01/1990).

Consignou no Acórdão do recurso inominado a Décima Primeira Turma Recursal dos


Juizados Especiais Federais da 3ª Região - Seção Judiciária de São Paulo:

(...) com relação ao pleiteado no recurso da parte autora, consigne-se que a


sentença analisou corretamente todas as questões trazidas no recurso inominado,
de forma fundamentada, não tendo o recorrente apresentado, em sede recursal,
elementos que justifiquem sua modificação.

Tal decisão diverge totalmente com decisões do STJ e entendimento pacificado da Turma
Nacional de Uniformização - TNU, conforme será demonstrado.

3. DO COTEJO ANALITICO ENTRE A PRETENSÃO AUTORAL E A DEMONSTRAÇÃO DE VIOLAÇÃO


DE DECISÕES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ E TURMA NACIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO – TNU.
3.1. Síntese da Pretensão Recursal.

Como se abstrai, foi indeferido o pedido do recorrente a concessão ao benefício de


aposentadoria por tempo, haja vista que não foi averbado o período rural 09/11/1977 à 31/12/1981 e reconhecimento da
atividade especial os períodos de 09/11/1977 à 31/01/1990, que acrescidos dos períodos recolhidos, lhe confere o direito a
concessão de aposentadoria por tempo proporcional.

Indeferido também, o reconhecimento e conversão de tempo especial para comum dos


períodos rurais acima delineados pelo enquadramento da categoria profissional, o que lhe conferem a concessão de
aposentadoria por tempo de contribuição integral.

Assim sendo, a título ilustrativo, todos os elementos necessários para a sua concessão foram
demonstrados na pela instrução processual.

Desta forma, os fundamentos que ensejam o reconhecimento de sua pretensão resumem-se aos
seguintes aspectos, abaixo expendidos.

3.2. DOS INDÍCIOS DE PROVA MATERIAIS E DESNECESSIDADE DE CONTEMPORÂNEIDADE.


PRINCIPIO DA EFICÁCIA TEMPORAL DA PROVA MATERIAL. EXISTÊNCIA DE RECURSO
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA NO STJ E POSICIONAMENTO FAVORÁVEL NO TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO. ESCRITURA DO IMÓVEL RURAL EM NOME DOS GENITORES .
CTPS COM VÍNCULOS RURAIS:

A r. sentença atacada, no tocante a pretensão de reconhecimento do exercício da atividade rural


do recorrente, decidiu pela não aceitação dos documentos que qualificam o esposo da recorrente como lavrador,
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bem como alega serem extemporâneos, não sendo este meio hábil para comprovação de sua atividade. REPITA-SE,
novamente os documentos apresentados como início de prova material:

a) Escritura do Imóvel Rural comprovando a aquisição formal do imóvel pelo genitor em 1983. CUMPRE
ESCLARECER QUE O GENITOR TINHA A POSSE IMÓVEL DESDE 1975, fls. 50 do PA;

b) Título de Eleitor 1984 comprovando a profissão de lavrador, fls. 51 do PA;

c) Certidão de Casamento 1984 comprovando a profissão de lavrador, fls. 52 do PA;


d) Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais 1985 comprovando o autor ser filiado ao respectivo
sindicato do município de Ubiratã – Paraná, fls. 53 do PA;

e) Certidão de Nascimento filhos 1983 e 1988 comprovando a profissão de lavrador, fls. 54/55 do PA;

f) INFBEN comprovando o genitor perceber benefício de aposentadoria por idade rural desde 07/08/1996, fls. 63
do PA.

Como é de conhecimento notório e, para tanto, diversas são as jurisprudências neste sentido, a
atividade rural é caracterizada pela presteza das relações de trabalho são determinadas pela total ausência de formalidade,
o que dificulta a angariação de indícios de provas.

Portanto, para abrandar o informalismo desta atividade, a jurisprudência


determina que é prescindível que os indícios se refiram ao período de carência, dês que a prova
testemunhal amplie sua eficácia probatória, sendo aceito os documentos apresentados junto com a
peça vestibular.

A admissibilidade recursal fica mais clara ainda, quando observamos que a


decisão proferida pelo juízo monocrático é manifestamente contrária a recente Súmula 577 do
STJ e ao RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA – REsp nº 1.348.633/SP da
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça – STJ – em que empossou o entendimento de ser
possível o reconhecimento do tempo de serviço rural através de documento extemporâneo, bem
como reconhecimento de tempo serviço mediante apresentação de um início de prova material,
desde que corroborado por testemunhos idôneos:

Súmula 577 do STJ: É possível reconhecer o tempo de


serviço rural anterior ao documento mais antigo
apresentando, desde que amparado em convincente prova
testemunhal colhida sob o contraditório.
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"PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ART. 55, § 3º,
DA LEI 8.213/91. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. RECONHECIMENTO A PARTIR
DO DOCUMENTO MAIS ANTIGO. DESNECESSIDADE. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL CONJUGADO COM PROVA TESTEMUNHAL. PERÍODO DE
ATIVIDADE RURAL COINCIDENTE COM INÍCIO DE ATIVIDADE URBANA
REGISTRADA EM CTPS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A controvérsia cinge-se em saber sobre a possibilidade, ou não, de reconhecimento
do período de trabalho rural anterior ao documento mais antigo juntado como início
de prova material.
2. De acordo com o art. 400 do Código de Processo Civil "a prova testemunhal é
sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso". Por sua vez, a Lei de
Benefícios, ao disciplinar a aposentadoria por tempo de serviço, expressamente
estabelece no § 3º do art. 55 que a comprovação do tempo de serviço só produzirá
efeito quando baseada em início de prova material, "não sendo admitida prova
exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso
fortuito, conforme disposto no Regulamento" (Súmula 149/STJ).
3. No âmbito desta Corte, é pacífico o entendimento de ser possível o
reconhecimento do tempo de serviço mediante apresentação de UM início de prova
material, desde que corroborado por testemunhos idôneos. Precedentes.
4. A Lei de Benefícios, ao exigir um "início de prova material", teve por pressuposto
assegurar o direito à contagem do tempo de atividade exercida por trabalhador rural
em período anterior ao advento da Lei 8.213/91 levando em conta as dificuldades
deste, notadamente hipossuficiente.
5. Ainda que inexista prova documental do período antecedente ao casamento do
segurado, ocorrido em 1974, os testemunhos colhidos em juízo, conforme
reconhecido pelas instâncias ordinárias, corroboraram a alegação da inicial e
confirmaram o trabalho do autor desde 1967.
6. No caso concreto, mostra-se necessário decotar, dos períodos reconhecidos na
sentença, alguns poucos meses em função de os autos evidenciarem os registros de
contratos de trabalho urbano em datas que coincidem com o termo final dos
interregnos de labor como rurícola, não impedindo, contudo, o reconhecimento do
direito à aposentadoria por tempo de serviço, mormente por estar incontroversa a
circunstância de que o autor cumpriu a carência devida no exercício de atividade
urbana, conforme exige o inc. II do art. 25 da Lei 8.213/91.

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7. Os juros de mora devem incidir em 1% ao mês, a partir da citação válida, nos
termos da Súmula n. 204/STJ, por se tratar de matéria previdenciária. E, a partir do
advento da Lei 11.960/09, no percentual estabelecido para caderneta de poupança.
Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil."
(STJ, Primeira Seção, REsp nº 1.348.633/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j.
28.08.2013, DJe 05.12.2014)

Assim, dentre as decisões apontadas como divergentes do STJ, extrai-se o seguinte trecho da
decisão do mencionado recurso repetitivo:

“(...) Nessa linha de compreensão, mostra-se possível o reconhecimento de


tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo, desde que
amparado por convincente prova testemunhal, colhida sob o contraditório.
Com efeito, a Lei de Benefícios, ao exigir um "início de prova material", teve
por pressuposto assegurar o direito à contagem do tempo de atividade exercida
por trabalhador rural em período anterior ao advento da Lei 8.213/91 levando
em conta as dificuldades deste, notadamente hipossuficiente. (...)”

E ainda completa o Eminente Ministro ARNALDO ESTEVES DE LIM:

“(...) No âmbito desta Corte, a jurisprudência, desde há muito, vem


reconhecendo o tempo de serviço rural mediante apresentação de um início de
prova material sem delimitar o documento mais remoto como termo inicial do
período a ser computado, contanto que corroborado por testemunhos idôneos
a elastecer sua eficácia. (...)”

A decisão também se afasta do posicionamento adotado pela TNU 1:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. TEMPO DE SERVIÇO RURAL.


APOSENTADORIA POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.
CONTEMPORANEIDADE. EXTENSÃO DA EFICÁCIA PROBATÓRIA PELA
PROVA TESTEMUNHAL.
1. Para fins de contemporaneidade, o início de prova material não precisa,
necessariamente, abranger todo o período de tempo de serviço que se pretende
reconhecer.
2. Considera-se contemporâneo o documento que estiver datado dentro do

1
Retiradas do site http://columbo2.cjf.jus.br/juris/unificada/.
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período de carência da aposentadoria por idade pretendida, dada à possibilidade
de extensão no tempo da eficácia probatória do início de prova material
apresentado pela prova testemunhal para fins de abrangência de todo o período,
desde que não haja contradição, imprecisão ou inconsistência entre as
declarações prestadas pela parte autora e as testemunhas e/ou entre estas e a
prova material apresentada. 3. Pedido de uniformização parcialmente provido,
com o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para fins de adequação.
(TNU, Proc. nº 2005.81.10.01.7839-4, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels
Bilhalva, DJ 13.10.2009)

EMENTA/VOTO - PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.


APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL. INÍCIO
DE PROVA MATERIAL. FICHA HOSPITALAR. APTIDÃO. INCIDENTE
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Pretende a parte autora a modificação de
acórdão que não reconheceu o seu direito à obtenção de aposentadoria rural por
idade, insistindo que o início de prova material não necessita abranger todo o
período de carência exigido, desde que a prova testemunhal seja apta para tanto,
e que a ficha hospitalar apresentada constitui início razoável de prova material.
2. No que diz respeito ao requisito da similitude fático-jurídica, assinalo que o
primeiro argumento do incidente não se coaduna com o fundamento do acórdão
recorrido que afastou a validade da certidão de casamento como início
de prova material por ser extemporânea ao período de carência, e não por não
abranger todo o período de carência (“Ao contrário do que afirma o recorrente
(INSS), a certidão de casamento, apesar de expedida em 2010, alude a
matrimônio celebrado em 1975, tendo sido indicada a profissão do nubente
como agricultor. Todavia, este documento tem seu caráter indiciário obstado
pela extemporaneidade quanto ao período imediatamente anterior ao
requerimento administrativo, mormente por não ser corroborado por elemento
de prova ulterior”). 3. Não obstante isso, o incidente merece ser conhecido em
relação ao dissídio concernente à aceitação da ficha hospitalar como início
de prova material. De fato, o paradigma invocado, emanado desta Turma
Nacional, veicula entendimento pacificado no sentido de admitir a validade de
documentos médico-hospitalares em que conste a qualificação profissional do
segurado (PEDILEF nº 2007.83.05.501035-6/PE, Rel. Juiz Fed. Ricarlos Almagro
V. Cunha, DJ 13.05.2010). 4. No caso em exame, a autora apresentou Ficha de
Anamnese de Internação Hospitalar, datada de 2007, na qual consta sua profissão
como agricultora. Cuida-se, portanto, de documento hábil para servir como início
razoável de prova material, cuja eficácia probatória deve ser ampliada
por prova testemunhal idônea. 5. Não obstante isso, no presente caso, não foi
colhida a prova testemunhal, haja vista que as partes desistiram da sua oitiva,

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conforme consta do termo de audiência lavrado. Apenas foi colhido o depoimento
pessoal da autora. Nesse sentido, entendo que não há como se determinar a
reabertura da instrução processual, haja vista a desistência da parte da produção
de prova indispensável ao deslinde da causa, devendo a parte arcar com o ônus
dessa desistência. 6. Assim sendo, dou parcial provimento ao incidente, tão-
somente para firmar a tese da existência de início de prova material, mantido, no
entanto, o julgamento de improcedência do pedido inicial, ante a ausência de
produção de prova testemunhal por desistência da autora. É como voto. (TNU,
Proc. nº 0506394-79.2010.4.05.8102, Rel. Juíza Federal Simone Lemos
Fernandes, DJ 08.06.2012)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO.


APOSENTADORIA IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.
CERTIDÃO DE CASAMENTO EXTEMPORÂNEA. APLICAÇÃO
ENTENDIMENTO DA TNU. QUESTÃO DE ORDEM 13. PEDIDO DE
UNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. 1. Acórdão da 2º Turma Recursal da
Bahia mantém sentença de procedência de aposentadoria por idade rural ante a
confluência de início deprova material (certidão de casamento), corroborado
por prova testemunhal coerente. 2. Inconformado, o INSS interpôs
tempestivamente Pedido de Uniformização ao fundamento nuclear de não haver
documento apto a caracterizar o início de prova material no período de carência
que ser quer demonstrar (1989 a 1997), vez que a certidão de casamento
é extemporânea (23/06/76). Asseverou ainda que o acórdão recorrido divergiu de
entendimento da TNU (PEDILEFs nºs 2006.70.51.003206-4 e 2004.85.10.003802-
3) e de Turma Recursal do Rio Grande do Sul (Proc. nº 2006.71.95.002763-2/RS).
3. Tal Incidente não foi admitido pelo juiz coordenador das Turmas Recursais da
Bahia com base no argumento da recorrente objetivar reexame fático-probatório.
Encaminhado os autos a esta TNU, foram os mesmos distribuídos a este relator
para o exame de admissibilidade. 4. O presente incidente não é de ser admitido,
com base na Questão de Ordem 13 desta TNU (“Não cabe Pedido de
Uniformização, quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização de
Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do
acórdão recorrido.”) 5. Com efeito, verifica-se que tanto a r. sentença como o v.
acórdão se lastrearam, em sede de início de prova material, entre outros
documentos, na certidão de casamento da autora (23/06/1976), posteriormente
corroborado por prova testemunhal. A autora completou a idade em 29/06/1997,
a exigir-se a demonstração de atividade rural no pelo período imediatamente
anterior, equivalente a 96 meses. 6. É assente no âmbito desta Turma Nacional
que os registros de casamento e de nascimento, documentos dotados de fé pública,
a firmarem uma condição da pessoa/segurado que se protrai no tempo, valem

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como início de prova material, ainda que extemporâneos. Por oportuno:
“Constitui entendimento dominante desta Turma Nacional que “documentos
pessoais dotados de fé pública, como as certidões de nascimento, casamento e
óbito, não necessitam ostentar a contemporaneidade com o período de carência
do benefício previdenciário rural para serem aceitos como início
de prova material, desde que o restante conjunto probatório permita a extensão
de sua eficácia probatória por sobre aquele período” (PEDILEF
200670950141890, rel. Juiz Federal Manoel Rolim Campbell Penna, DJ de
05/05/2010).” Outros precedentes: 200770520018172 e 200682015052084. E
a prova testemunhal, conforme consta da fundamentação tanto da sentença
quanto do acórdão comprovou de forma inconteste o labor rural no período em
questão. 7. Vê-se, pois, que o acórdão recorrido está em sintonia com o
entendimento desta Turma Nacional a autorizar a aplicação da aludida Questão
de Ordem 13. E não havendo divergência não há falar na admissão do presente
incidente. 8. Em sendo assim, não CONHEÇO do presente Pedido de
Uniformização. Brasília/DF, 29 de fevereiro de 2012. (TNU, Proc. nº
2006.33.00.714951-8, Rel. Juíza Federal Paulo Arena, DJ 23.03.2012)

Desta forma, os paradigmas colecionados indicam efetivamente que a prova testemunhal tem
poderes suficientes a ampliar o sentido probatório dos documentos extemporâneos, que em análise a todo o conjunto
probatório, possibilitam o reconhecimento integral do período rural pretendido.

Ademais, o STJ entende que a CTPS, certidão de nascimento e demais


documentos que constem o genitor como trabalhador rural também são considerados como
indício de prova material:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE


SERVIÇO. REVALORAÇÃO DAS PROVAS APRESENTADAS EM JUÍZO.
AFASTADA A INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. EMPREGADA DOMÉSTICA.
PERÍODO ANTERIOR À EDIÇÃO DA LEI 5.859/79. COMPROVAÇÃO POR
OUTROS MEIOS QUE NÃO O REGISTRO EM CARTEIRA. EXISTÊNCIA DE
INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CTPS ANOTADA. AMPLIADA POR PROVA
TESTEMUNHAL. PREQUESTIONAMENTO DE DISPOSITIVOS
CONSTITUCIONAIS. NÃO CABIMENTO. 1. (...). 4. No caso dos autos, a parte
autora colacionou a CTPS com o registro de trabalho doméstico de 17.06.1974 a
10.04.1975. A prova testemunhal produzida nos autos é harmônica no sentido de
que entre meados de 1967/1968 foi levada à cidade de São Paulo para trabalhar
como doméstica por cerca de dez anos. 5. In casu, não há apenas o início razoável
de prova documental, mas a sua extensão, partindo de outros elementos já dispostos
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no contexto processual. 6. (...). (AgRg no REsp 1466111/SP, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe
14/11/2014).

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. SALÁRIO MATERNIDADE.


DEMONSTRAÇÃO DO TRABALHO NO CAMPO. DOCUMENTOS EM
NOME PAIS DA AUTORA. VÍNCULO URBANO DE UM DOS MEMBROS DA
UNIDADE FAMILIAR QUE NÃO DESCARACTERIZA A CONDIÇÃO DE
RURÍCOLA DOS DEMAIS. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A
concessão de salário-maternidade rural, benefício previdenciário previsto no art. 71
da Lei 8213/91, exige que a trabalhadora demonstre o exercício de atividade laboral
no campo, por início de prova material, desde que ampliado por prova testemunhal,
nos dez meses imediatamente anteriores ao do início do benefício, mesmo que de
forma descontínua. 2. Para esse fim, são aceitos, como início de prova
material, os documentos em nome dos pais da autora que os qualificam
como lavradores, aliados à robusta prova testemunhal. De outro lado, o
posterior exercício de atividade urbana por um dos membros da família, por si só, não
descaracteriza a autora como segurada especial, devendo ser averiguada a
dispensabilidade do trabalho rural para a subsistência do grupo familiar (REsp
1.304.479/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe 19/12/2012,
recurso submetido ao rito do art. 543-C do CPC) . 3. No caso dos autos, o juízo de
origem, ao examinar o contexto fático-probatório dos autos, concluiu que ficou
amplamente demonstrado o labor rural da segurada. Assim, a averiguação de que não
existe regime de economia familiar em virtude de vínculo urbano mantido por um dos
membros da unidade familiar, esbarra no óbice da Súmula 7/STJ ("A pretensão de
simples reexame de prova não enseja recurso especial"). 4. Agravo regimental a que
se nega provimento. (STJ – 1ª T., AGARESP 201302054031, Rel. Min. Sergio Kukina,
Publicado em 04/02/2014).

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL.


INÍCIO DE PROVA MATERIAL. RECONHECIMENTO. DESNECESSIDADE DE
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO, NA ESPÉCIE. ALTERAÇÃO
DOS JUROS DE MORA. APLICAÇÃO IMEDIATA DA NORMA NOS PROCESSOS
EM CURSO. RECURSO PROVIDO, EM PARTE, PARA ESTE FIM. 1. Na espécie,
afasta-se a incidência do óbice da Súmula 7/STJ, porquanto os documentos nos quais
se alicerçou o julgado ora agravado para reconhecer a atividade rural do autor da

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ação foram os mesmos elencados pelo Tribunal a quo. Houve, na verdade, a
revaloração da prova. 2. Podem ser consideradas como início de prova material do
labor campesino do segurado as fichas de matrícula escolar de seus filhos,
provenientes de Secretarias Estadual e Municipal, onde consta como domiciliado em
fazenda, e sua Certidão de Nascimento, informando ser o seu pai lavrador. 3. As
normas que alteram os consectários da mora devem ter aplicação imediata, incidindo
sobre os feitos em curso. 4. Agravo regimental provido, em parte, tão-somente quanto
aos juros de mora. (AgRg no REsp 1160927/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 01/10/2014).

AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


SERVIÇO. TRABALHADOR RURAL. AVERBAÇÃO DE TEMPO NA ATIVIDADE
CAMPESINA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL REFERENTE À MAIOR PARTE DO
PERÍODO PRETENDIDO. PROVA TESTEMUNHAL QUE CORROBORA TODO O
PERÍODO. CARÊNCIA. ATENDIMENTO. DECISÃO RESCINDENDA NO MESMO
SENTIDO DO ENTENDIMENTO DO STJ. VIOLAÇÃO LITERAL DE DISPOSITIVO
DE LEI E ERRO DE FATO. INEXISTÊNCIA. 1. A certidão de casamento do
trabalhador serviu como indício probatório quanto à sua profissão (lavrador), bem
como quanto à de seu pai, elastecendo a abrangência probatória para antes da data
de edição do documento, alcançando período de sua adolescência (12 anos), quando
iniciou o seu labor no campo, auxiliando seu  pai; o que foi corroborado com o
depoimento das testemunhas. 2. A Primeira Seção ratificou esse entendimento quando
do julgamento do REsp n. 1.348.633/SP, representativo da controvérsia, destacando a
possibilidade do reconhecimento do tempo de serviço rural mediante apresentação de
início de prova material, sem a delimitação do documento mais remoto como termo
inicial do período a ser computado, desde que tais elementos probatórios sejam
confirmados por testemunhos idôneos, a elastecer sua eficácia.(...) (STJ, AR
200801316087, Terceira Seção, Ministro Relator SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data da
Publicação 18/11/2014).

PREVIDENCIÁRIO - RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO RURAL -


REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - INÍCIO DE PROVA MATERIAL - TÍTULO
DE ELEITOR - PERÍODO DE CARÊNCIA - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS
- INEXIGIBILIDADE. - O Título Eleitoral do autor, Inscrição nº 14.698, 11ª Zona
Eleitoral do Município de São Sebastião do Cai/RS, onde consta sua profissão de
agricultor, além da Certidão, expedida pela Divisão de Cadastro Rural do Instituto

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Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, de registro de propriedade
rural em nome do pai do autor Melchior José Reinehr, bem como a Certidão de
Casamento, datada de 22.03.50, que declara ser o pai do autor agricultor, são
documentos hábeis à produção de início razoável de prova documental, para
comprovação do exercício de atividade rurícola em regime de economia familiar. -
Em consonância com o art. 143, inciso II, da Lei 8.213/91, para fins de
reconhecimento de tempo de serviço rural, a comprovação do período de carência
não representa óbice para a concessão do benefício previdenciário. - A atividade
rural exercida em regime de economia familiar, em período anterior à Lei 8.213/91,
independe de recolhimento de contribuições, para efeito de contagem de tempo de
serviço para fins de aposentadoria por tempo de serviço. - Precedentes deste Corte. -
Recurso conhecido mas desprovido. (REsp 603.202/RS, Rel. Ministro JORGE
SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 06/05/2004, DJ 28/06/2004, p. 408)

Conforme consta da decisão recorrida, o indeferimento recai sobre a extemporaneidade


e aptidão dos documentos apresentados como início prova material, ao passo que a prova oral foi rica em detalhes
da atividade rural do recorrente, sendo ainda bastante esclarecedora! PROVA TESTEMUNHAL ROBUSTA!!

Isto posto, requer a reforma da decisão monocrática para averbar integralmente o período rural
de 09/11/1977 á 31/12/1981.

4. DOS PEDIDOS.

Diante do exposto, demonstrada a violação ao posicionamento predominante do STJ e da TNU


pacificada pelos acórdãos transcritos e, estando presentes os pressupostos de admissibilidade do PEDIDO DE
UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL, requer seja conhecido e dado provimento ao mesmo, para que seja averbado o período
rural de 09/11/1977 à 31/12/1981 e, consequentemente, a percepção do benefício previdenciário pretendido, determinando
o RETORNO DOS AUTOS A ORIGEM PARA ADEQUAÇÃO DO JULGADO e, assim sendo, proferir novo
julgamento.

Termos em que,
Pede e espera deferimento, por ser de JUSTIÇA SOCIAL!!

De São Paulo p/ Brasília, 6 de julho de 2022.

Thais Takahashi Arielton Tadeu Abia de Oliveira


OAB/PR 34.202 OAB/PR 37.201
OAB/SP 307.048-A OAB/SP 307.035

Wilson Y. Takahashi Antonio Carlos Bernardino Narente


OAB/PR 6.666 OAB/PR 31.728
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