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DOUGLAS MOREIRA NUNES

OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA CIRCUNSCRIÇÃO DE LONDRINA –


SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

AS NOTIFICAÇÕES, AVISOS E CORRESPONDÊNCIAS, E/OU


INTIMAÇÕES, DEVEM SER ENVIADAS EXCLUSIVAMENTE PARA O
ENDEREÇO DOS PROCURADORES DA AUTORA, CONSTANTE NO
PREÂMBULO E RODAPÉ DA INICIAL, SOB PENA DE NULIDADE NA
FORMA DO ART. 236, § 1º DO CPC. ASSIM COMO AS PUBLICAÇÕES
REALIZADAS NO DIÁRIO OFICIAL DA JUSTIÇA DEVERÃO SER
REALIZADAS EXCLUSIVAMENTE EM NOME DE DOUGLAS MOREIRA
NUNES E EMERSON CARLOS DOS SANTOS, REGULARMENTE
INSCRITOS NA OAB/PR Nº 31.190 E 32.078 RESPECTIVAMENTE, SOB
PENA DE NULIDADE.

CLARICE CALOVI NISHIMURA, brasileira, casada lavradora,


devidamente inscrita no CPF nº 977.251.299-87 e portadora da cédula de identidade RG
nº 6.686.429-4, residente e domiciliada na Estrada Serra Morena – Cto 4 5031 Rural –
Uraí – PR – CEP 86280-000, sem endereço eletrônico, vem mui respeitosamente à ilustre
presença deste Instituto, através de seus procuradores que esta subscrevem, (ut
mandado de procuração anexo), com escritório profissional situado à Rua Serra da
Graciosa, 282 – Jardim Bandeirantes, Londrina – PR, CEP 86.065-180, Fone/Fax (43)
3348-2626, nunesesantosadvs@sercomtel.com.br, onde recebem avisos, intimações e
notificações de praxe, com fulcro na CF/88, arts. 7º, XXIV, 201, § 7º, I e 203; Leis
8.213/91, 8.212/91 e o Regulamento Decreto 3.048/99, pleitear a concessão de:

AÇÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL, em face do:

I.N.S.S. (Instituto Nacional da Seguridade Social), Autarquia Federal,


que deverá ser citada na pessoa de seu representante legal, situada à Av. Tiradentes,
501 Torre I 17º Andar, Jd. Shangrí-La, CEP 86.070-000, nesta cidade de Londrina –
Paraná.

Matriz: Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina – PR Fone: 3348.2626 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
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PRELIMINARMENTE - AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Em atenção ao art. 334, I, a autora vem por meio da presente informar


que uma vez que o réu se trata de ente público, entende que por força de Lei esteja o
mesmo impossibilitado de qualquer acordo antes da instrução processual, razão pela
qual, manifesta-se expressamente no sentido de não haver audiência de tentativa
conciliatória, uma vez que esta normalmente em tais casos é inócua.

01 FATOS

A autora nasceu no sítio do seu avô, denominado Sítio Gamba, localizado


em Uraí – PR em 05/11/1967 (cinco de novembro de 1967), possuindo no ato do
pedido administrativo 55 (cinquenta e cinco) anos de idade.

Na propriedade da família, a autora iniciou o trabalho rural por volta dos


10 (dez) anos de idade e ficou morando e trabalhando nesta propriedade até se casar no
ano de 1985 com o Sr Evaldo Nishimura.

Após o casamento, a autora se mudou para o sítio da família do cônjuge,


Sítio Nishimura, nesta propriedade a autora e o marido trabalhavam na lavoura como
agricultura familiar.

No ano de 1999, a autora e o marido compraram uma propriedade rural


na região de Uraí – PR, local em que trabalham até a presente data cultivando verduras
para subsistência e venda em área rural, conforme as notas de Produtor Rural anexadas
no processo administrativo.

Em 21/03/2023, a autora requereu o benefício de Aposentadoria por


Idade Rural NB 197.980.523-4, tendo em vista, ter completado idade e tempo mínimo de
trabalho na lavoura, todavia, o pedido foi indeferido sob a justificativa de falta de
comprovação da atividade rural em número de meses idênticos à carência do
benefício.

Ao contrário do entendimento do instituto réu, no ato do pedido


administrativo, a autora apresentou uma vasta documentação comprovando o exercício
da atividade rural:

a) 1985 – Certidão de casamento da autora, profissão cônjuge


lavrador;
b) 2004 – Escritura de compra e venda propriedade rural;

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c) 2004 a 2018 – Prontuário médico em noma da autora,


constando a profissão de lavradora;
d) 2011 a 2022 – Notas de Produtor rural em nome da autora e do
cônjuge;
e) 2022 – Comprovante residência área rural, em nome da autora;

Tendo em vista, a autora ter preenchido os requisitos para obtenção do


benefício de Aposentadoria por Idade Rural, a autora requereu em sede administrativa o
benefício, todavia, o pedido foi indevidamente indeferido, não restando alternativa senão à
via judicial.

03 DIREITO

03.1 REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO –


DESNECESSIDADE

A parte autora tentou recorrer em vão à via administrativa, não que seja
um pré-requisito, uma vez que a Constituição Federal de 1988 preceitua, em seu art. 5º,
XXXV, que o judiciário não deixará de apreciar direito, muito menos que criará requisitos
para tal, conforme transcrito a seguir:

Art. 5º - omissis
XXXV – A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito.

Portanto, ainda que não houvesse pedido administrativo, diante do


preceito constitucional, não há que se falar em Falta de Legitimidade Ativa/Carência de
Ação, ressalvado que no caso em tela, houve o Pedido Administrativo anterior, conforme
já narrado.

03.2 – REQUISITOS – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Segundo a disposição do art. 48, §§ 1º e 2º e 143, todos da Lei 8.213/91,


os requisitos básicos para concessão da Aposentadoria por Idade dos trabalhadores
rurais são:

 Idade mínima de 55 anos para mulher e 60 anos para homem;


 Prova de Atividade rural, no mínimo igual à carência;

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Faz-se comprovado facilmente o requisito etário através dos documentos


cíveis (RG/CPF), tendo sido tais documentos juntados por ordem da inicial. Já, o tempo
de trabalho é provado de forma mais complexa, conforme se comprovará no decorrer
desta.

No caso retro, não há falta de período de carência assim como motiva o


indeferimento do pedido administrativo, até por que, a parte autora laborou toda à vida no
meio rural sendo comprovado este labor por documentos juntados nesta e futuramente
por provas testemunhais.

Conforme narrado anteriormente, a parte autora trabalha no meio rural


efetivamente desde os 08 (oito) anos de idade. Fato este, que a torna absolutamente
detentora do direito ao benefício pleiteado, visto que, conforme fatos narrados e
comprovados, a mesma possui aproximadamente 45 (quarenta e cinco) anos de labor
rural, o que ultrapassou em muito a carência mínima exigida para a concessão do
benefício pleiteado.

O labor mencionado no parágrafo anterior será ratificado pelas


testemunhas indicadas no final desta, em futura audiência de instrução e julgamento.

Além do explanado anteriormente, o direito da parte autora se mantém


indubitavelmente sólido, em razão de ser filha e esposa de trabalhador rural. Conforme é
pacificado nos Tribunais de forma uníssona, o status de trabalhador rural é extensível aos
entes familiares (inclusive os filhos), juntando-se prova material e testemunhal, fato este
que será explorado no decorrer desta.

Todavia, restaria ainda um questionamento a ser respondido.

Conforme retro e mencionado pelo réu na comunicação de decisão, um


dos artigos que regem o benefício requerido pela parte autora, mais especificamente o
art. 48, §2º, dispõe que o segurado para fazer jus ao benefício necessita provar tempo de
trabalho mínimo igual à carência em período imediatamente anterior ao requerimento
administrativo, conforme transcrição infra do referido artigo:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida
a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de
idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

§ 1 o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta


e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e
mulheres, referidos na alínea “a” do inciso I, na alínea “g” do inciso V e
nos incisos VI e VII do art. 11.

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§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural


deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição
correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período
a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei. (Destaquei).

Diante da análise isolada do referido artigo, a priori tende-se a concluir


que o segurado deve estar trabalhando na área rural quando do ingresso em seu pedido
de aposentadoria.

Todavia, em que pese não seja o caso da autora, tendo em vista, que até
a presente data a mesma trabalha na atividade rural, não é este o entendimento que deve
prevalecer, haja vista, que da análise do art. 142, c/c o art. 102, da referida lei, concluiu-se
que uma vez adquirido o direito do segurado ao benefício, este em respeito ao DIREITO
ADQUIRIDO não pode deixar de possuí-lo, ou seja, perder seu direito já garantido.

Com vistas a ilustrar o exposto, cabe a transcrição de trecho da r.


sentença exarada dos autos de Ação de APOSENTADORIA POR IDADE RURAL, nº
527/2008, proferida pelo nobre juízo da comarca de Jaguapitã – PR, Doutor
RICARDO MITSUO ABE, quando aduz sobre o tema:

“(...)
Relativamente à carência, é necessário consignar que até a edição da Lei nº
8.213/91, correspondia a 60 contribuições mensais. A nova Lei de Benefícios
estabeleceu novos prazos de carência, no entanto, em seu art. 142, estabeleceu
regra de transição para os segurados inscritos na Previdência Social Urbana até
24/07/1991, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais cobertos
pela Previdência Social Rural, estabelecendo período de carência que varia de
60 a 180 contribuições mensais, considerando o ano da entrada do requerimento
do benefício.
No entanto, a Lei nº 9.032, de 28/04/1995, alterou a redação do art. 142,
estabelecendo novos prazos de carência e substituindo o critério do “ano da
entrada do requerimento”, que até então era tomado como parâmetro de
enquadramento na tabela, pelo critério do “ano em que o segurado
implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício”.
Não se trata evidentemente de norma totalmente nova, apenas tornou expressa
a interpretação que já vinha sendo adotada pelos tribunais. É que chegava-se a
igual conclusão através da aplicação combinada do art. 102, da mesma lei (na
redação anterior à Lei nº 9.528/97), onde já se garantia que “A perda da
qualidade de segurado após o preenchimento de todos os requisitos
exigidos para a concessão da aposentadoria ou pensão não importa em
extinção do direito a esses benefícios.”.
Por outro lado, em consonância com essa interpretação a jurisprudência tem se
posicionado no sentido de que “É certo que os arts. 48, §2º, e 143 da Lei
8.213/91 dizem que a carência deve ser comprovada ‘no período imediatamente
anterior ao requerimento do benefício’. Mas essa regra não impede que a
contagem seja feita a partir da data em que o direito foi adquirido, pelo
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implemento de suas condições. A lei, ao tomar como base a data do


requerimento, está a facilitar a prova para o segurado. É que, em regra, é mais
fácil provar o exercício da atividade agrícola em relação a períodos mais
próximos, ainda mais em se tratando de atividade desenvolvida sem qualquer
controle formal. Isso não impede, porém, que se faça a prova a contar da data
em que o direito foi adquirido. O contrário levaria à violação do direito adquirido.
(...)” (TRF 4ª Região – Ap. Cível nº 443225 – SC – 5ª Turma – Rel. Juiz Paulo
Afonso Brum Vaz – julg. 26/09/2002 – DJU 09/10/2002 – pg. 846).
Desta forma, tanto na redação revogada do art. 142 da Lei nº 8.213/91, quanto
na atual, o parâmetro que serve para aferição do número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício, é o do momento em que o
segurado implementou todos os requisitos necessários à obtenção do benefício.
(...)”.

Outro ponto a ser ressaltado que há divergência de interpretação é com


relação ao rol de documentos elencados no art. 106 da referida Lei.

A legislação previdenciária dispõe no art. 106 da Lei 8.213/91, algumas


hipóteses que comprovam junto ao INSS o período laborado pelo segurado, dentre elas
estão a CTPS, contrato individual de trabalho, de arrendamento, parceria ou comodato
rural, dentre outros.

Todavia, o judiciário já reconheceu que o rol de documentos dispostos


no art. 106 é meramente exemplificativo e não taxativo, havendo, portanto, outros
meios de prova, sob pena de inviabilizar a prova por parte dos trabalhadores rurais
volantes, bóias frias, que estariam, assim, excluídos da proteção do Estado.

Inclusive este é o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª


Região, conforme transcrição do aresto a seguir:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS.


ATIVIDADE RURAL. BOIA-FRIA.1. O TEMPO DE SERVIÇO RURAL PODE
SER COMPROVADO MEDIANTE A PRODUÇÃO DE PROVA MATERIAL
SUFICIENTE, AINDA QUE INICIAL, COMPLEMENTADA POR PROVA
TESTEMUNHAL IDÔNEA.2. EM SE TRATANDO DE TRABALHADOR RURAL
"BOIA-FRIA", A EXIGÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL PARA
EFEITO DE COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA
DEVE SER INTERPRETADA COM TEMPERAMENTO, PODENDO,
INCLUSIVE, SER DISPENSADA EM RAZÃO DA INFORMALIDADE COM QUE
É EXERCIDA A PROFISSÃO E A DIFICULDADE DE COMPROVAR
DOCUMENTALMENTE O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL NESSAS
CONDIÇÕES. PRECEDENTES DO STJ.3. NÃO TENDO O AUTOR LOGRADO
DEMONSTRAR O EFETIVO EXERCÍCIO DE TRABALHO RURAL COMO BOIA-
FRIA DURANTE O PERÍODO EQUIVALENTE À CARÊNCIA NECESSÁRIA À
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO, MOSTRA-SE INVIÁVEL A OUTORGA
DESTE.(9999 PR 0008729-90.2010.404.9999, RELATOR: REVISOR, DATA DE
JULGAMENTO: 09/02/2011, SEXTA TURMA, DATA DE PUBLICAÇÃO: D.E.
16/02/2011). (Grifo nosso).

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Diante da ilustre aula ministrada pela Doutora e Ilustre Desembargadora


Eliana Paggiarin Marinho, relatora do caso acima descrito, pode-se concluir alguns pontos
acerca do tema, a saber:

De acordo com a Lei 8.213/91, os requisitos para o benefício de


Aposentadoria por Idade Rural são indiscutivelmente “Idade Mínina e Tempo Mínimo de
Trabalho Rural”, todavia, restou igualmente demonstrado pelo acórdão, e isso que é
mais salutar, que a prova deste período rural pode ser feita de forma distinta da descrita e
discriminada na Lei nº 8.213/91, ou seja, enquanto nesta há um rol, a princípio taxativo, o
Judiciário demonstra que o rol é meramente exemplificativo, havendo outras maneiras
possíveis de comprovar o referido tempo.

Dentre tais maneiras estão os documentos cíveis, desde que ratificados


posteriormente por prova testemunhal, ou seja, há necessidade de INÍCIO DE PROVA
MATERIAL corroborado por futura PROVA TESTEMUNHAL, ressalvada a exceção aos
trabalhadores rurais diaristas/volantes “bóias-frias”, que em face da especificidade
do trabalho, podem fazer prova exclusivamente por testemunhas.

Desta feita, basta à parte autora juntar início de prova material, assim
como ter prova testemunhal de seu labor para fazer jus ao benefício, uma vez tendo
adimplido ao requisito etário.

03.3 INÍCIO DE PROVA MATERIAL

03.3.1 PROVA MATERIAL – DEFINIÇÃO

Não há definição do que seja início de prova material, porém, a


jurisprudência já assentou o assunto, sendo qualquer documento onde conste à profissão
de lavrador ao requerente, (título de eleitor, registro civil), entre outras, ou seja, atividade
ligada à área rural.
03.3.2 PROVA MATERIAL EXTENSÍVEL AO ENTE FAMILIAR

Cabe ressaltar ainda que a qualificação do pai e cônjuge se estende a


todos os entes da família, conforme restou pacificado de forma uníssona nos tribunais,
de acordo com o acórdão infra:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. TEMPO DE
SERVIÇO URBANO. SENTENÇA TRABALHISTA. EMPREGADA
DOMÉSTICA. BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO. OPÇÃO. SUCUMBÊNCIA.
PREQUESTIONAMENTO. 1. O tempo de serviço rural pode ser comprovado
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mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial,


complementada por prova testemunhal idônea. 2. Os documentos em nome de
terceiros (pais/cônjuge) consubstanciam início de prova material do
trabalho rural desenvolvido em regime de economia familiar. 3. É possível o
cômputo para fins previdenciários do labor rural a partir dos doze anos de idade.
4. A singela referência ao genitor da interessada como "Empregador II-B" ou a
dimensão da gleba rural não fragilizam a pretensão de reconhecimento do labor
rural em regime de economia familiar. Circunstâncias a serem cotejadas com os
demais elementos de prova colacionados aos autos. 5. A sentença prolatada
perante a Justiça Trabalhista revela idôneo início de prova material acerca do
labor urbano, cuja ratificação é de ser implementada por meio de outras provas,
inclusive a testemunhal. 6. É direito subjetivo da autora, quando satisfeitas as
legais condicionantes, a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de
serviço/contribuição, bem como o de optar pelo benefício mais vantajoso. 7.
Sucumbência dosada em atenção aos precedentes da Turma em demandas de
similar jaez e ao preceituado nos artigos 20, §§ 3º e 4º, do CPC. 8.
Prequestionamento quanto à legislação invocada estabelecido pelas razões de
decidir. (TRF4, APELREEX 5002933-75.2012.404.7117, Quinta Turma, Relatora
p/ Acórdão Maria Isabel Pezzi Klein, D.E. 17/06/2013). Destaquei

Portanto, igualmente restam adimplidos os requisitos.

03.3.3 ART. 106 – ROL EXEMPLIFICATIVO E NÃO TAXATIVO

A legislação previdenciária, conforme narrado anteriormente, dispõe no


art. 106 da Lei 8.213/91, algumas hipóteses que segundo o instituto réu seria a única
forma de comprovar o período laborado pelo segurado, todavia, os tribunais superiores já
demonstraram que o artigo retro é meramente exemplificativo, havendo outras
possibilidades do segurado comprovar seu período de trabalho na área rural.

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. APOSENTADORIA POR


IDADE. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. DOCUMENTOS EM NOME DE
TERCEIROS. EFICÁCIA PROBATÓRIA. REABERTURA DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO.1. As Instruções Normativas que sucederam a de nº 94/2004
admitiram o cômputo de tempo rural dos 12 aos 14 anos entre 1º/03/67 a
04/10/88 (art. 32 da Instrução Normativa nº 20/2007). Assim, ausente pretensão
resistida, não há porque se pronunciar o Judiciário sobre a questão.2. Embora o
art. 106 da Lei de Benefícios relacione os documentos aptos à
comprovação de atividade rural, o rol nele estabelecido não é exaustivo.
Desse modo, o que importa é a apresentação de documentos que se prestem
como indício do exercício de atividade rural (como notas fiscais, talonários de
produtor, comprovantes de pagamento do ITR, prova de titularidade de imóvel
rural, certidões de casamento, de nascimento, de óbito, certificado de dispensa
de serviço militar, cadastros em lojas, escolas, hospitais, etc.), os quais podem
se referir a terceiros, pois não há na lei exigência de apresentação de
documentos em nome próprio e, ademais, via de regra nas famílias dedicadas à
atividade rural os atos negociais são efetivados em nome do chefe do grupo,
geralmente o genitor (Nesse sentido: EDRESP 297.823/SP, STJ, 5ª T, Rel. Min.

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Jorge Scartezzini, DJ 26/08/2002, p. 283; AMS 2001.72.06.001187-6/SC,


TRF4ªR, 5ªT, Rel. Des. Federal Paulo Afonso Brum, DJ 05/06/2002, p. 293).
Assim, os documentos apresentados em nome de terceiros, sobretudo quando
integrantes do mesmo núcleo familiar, consubstanciam início de prova material
do labor rural. Inteligência da Súmula 73 do TRF 4ª Região.ITR3. Hipótese em
que, reconhecida a eficácia probatória dos documentos apresentados, deve o
INSS reabrir o processo administrativo, decidir acerca do tempo rural à luz dos
documentos apresentados e, se for o caso, conceder o benefício. (3674 SC
2007.72.05.003674-0, Relator: Relator, Data de Julgamento: 03/09/2008,
TURMA SUPLEMENTAR, Data de Publicação: D.E. 22/09/2008). (Grifo nosso).

A título de ilustração, a parte autora reproduz abaixo o Art. 106 da Lei nº


8.213/91, ressalvando e relembrando que este é meramente exemplificativo:

Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será feita,


alternativamente, por meio de:

I– contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência


Social;
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador
rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde
que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS;
IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia
familiar;
V – bloco de notas do produtor rural;
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30
da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente
da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor;
VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à
cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do
segurado como vendedor ou consignante
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social
decorrentes da comercialização da produção
IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda
proveniente da comercialização de produção rural; ou
X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo INCRA.

Portanto, diante do todo retro expendido, outra não poderia ser a


interpretação, pois, caso contrário, a luz exclusiva e exaustiva do artigo retro, a maioria
dos trabalhadores rurais não estaria amparada pela Previdência Social, pois não teria
como comprovar o trabalho, pela praxe utilizada na zona rural.

Sendo assim, resta evidente que há outras formas de prova do período de


atividade rural, podendo ser inclusive, em casos extremos, exclusivamente
testemunhal.

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3.4 PROVA TESTEMUNHAL – VALIDADE

De acordo com artigo 369 do Código de Processo Civil, embasado na


Constituição Federal, expressa que todos os meios de provas legais, bem como os
moralmente legítimos, são hábeis para provar à veracidade dos fatos em que se
fundamenta a ação, não se podendo admitir a prefixação de provas pelo INSS a serem
produzidas com o intuito de comprovar o labor rural, principalmente no caso dos
trabalhadores rurais, onde impera a informalidade.

A matéria já foi alvo de análise dos tribunais, sendo pacífico o


entendimento que toda e qualquer prova é válida, desde que lícita, conforme arestos:

PREVIDENCIÁRIO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA PELA


PROVA TESTEMUNHAL. ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA
FAMILIAR, COMO ARRENDATÁRIA E COMO BOIA-FRIA. QUALIDADE DE
SEGURADA ESPECIAL COMPROVADA. APOSENTADORIA RURAL POR
IDADE. REQUISITOS PREENCHIDOS. DIREITO ADQUIRIDO. CONCESSÃO
DO BENEFÍCIO. TUTELA ESPECÍFICA. 1. O tempo de serviço rural para fins
previdenciários pode ser demonstrado através de início de prova material, desde
que complementado por prova testemunhal idônea. Precedentes da Terceira
Seção desta Corte e do egrégio STJ. 2. Cuidando-se de trabalhador rural que
desenvolve atividade na qualidade de boia-fria, deve o pedido ser analisado
e interpretado de maneira "sui generis", uma vez que a jurisprudência tem
se manifestado no sentido de acolher, em tal situação, a prova
exclusivamente testemunhal (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil).
3. A contemporaneidade entre a prova documental e o período de labor rural
equivalente à carência não é exigência legal, de forma que podem ser aceitos
documentos que não correspondam precisamente ao intervalo necessário a
comprovar. Precedentes do STJ. 4. Aplicável a regra de transição contida no
artigo 142 da Lei n.º 8.213/91 aos filiados ao RGPS antes de 24-07-1991,
desnecessária a manutenção da qualidade de segurado na data da Lei n.°
8.213/91. 5. Restando comprovado nos autos o requisito etário e o exercício da
atividade laborativa rural no período de carência, há de ser concedida a
aposentadoria por idade rural, à parte autora a contar do requerimento
administrativo, nos termos da Lei n.º 8.213/91, desimportando se depois disso
houve perda da qualidade de segurada (art. 102, § 1º da LB). 6. Determina-se o
cumprimento imediato do acórdão naquilo que se refere à obrigação de
implementar o benefício, por se tratar de decisão de eficácia mandamental que
deverá ser efetivada mediante as atividades de cumprimento da sentença stricto
sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo
executivo autônomo (sine intervallo). (TRF4, AC 0008249-78.2011.404.9999,
Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 16/02/2012).(Grifo
nosso).

O entendimento do Superior Tribunal de Justiça está consolidado na


direção de que a prova testemunhal é válida, ainda mais, se esta vem corroborada com
algum início de prova documental.

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03.4.1 PROVA TESTEMUNHAL – EXCLUSIVA – “BÓIAS FRIAS” –


EXCEÇÃO SÚMULA 149 DO SJT

De acordo com o que já fora narrado, em casos especiais a prova


exclusivamente testemunhal é hábil de comprovar isoladamente o labor rural, tendo
inclusive o Tribunal Regional Federal da 4ª Região já assentado tal entendimento.

Segundo o Egrégio Tribunal, a prova testemunhal, quando se trata de


“bóia-fria”, deve ser uma exceção à regra disposta pela Súmula 149 do STJ, devendo
nestes casos específicos, servirem de prova do trabalho rural, ainda que não ratificadas
por nenhum início de prova material, conforme jurisprudência:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS.


ATIVIDADE RURAL. BOIA-FRIA. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. 1. O
tempo de serviço rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material
suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea. 2. Em se
tratando de trabalhador rural "boia-fria", a exigência de início de prova material
para efeito de comprovação do exercício da atividade agrícola deve ser
interpretada com temperamento, podendo, inclusive, ser dispensada em razão da
informalidade com que é exercida a profissão e a dificuldade de comprovar
documentalmente o exercício da atividade rural nessas condições. Precedentes do
STJ. 3. Não é devido o benefício previdenciário quando o conjunto probatório for
insuficiente para a comprovação do trabalho rural no período correspondente à carência,
exigido pela legislação. (TRF4, AC 0016893-10.2011.404.9999, Sexta Turma, Relatora
Eliana Paggiarin Marinho, D.E. 16/02/2012). (Grifo nosso).

Na verdade, firmou-se entendimento no sentido de que para comprovação


do exercício de atividade rural, a legislação previdenciária não exige o exaurimento da
prova material, devendo ser acolhida àquela razoável ao senso comum, valorando-se,
sobretudo, a prova testemunhal, considerando, especialmente, a realidade da vida no
campo, onde as pessoas, via de regra, não são afetas às formalidades do direito.

Insta ressaltar o exposto, até porque se tivessem os segurados prova


documental robusta e contemporânea a todo período trabalhado, certamente não
precisariam se socorrer do judiciário para obtenção do benefício postulado e uma vez
havendo tal qualidade de prova (robusta) já não se trataria mais de “início de prova
documental”, mas sim, prova material plena, não havendo sequer necessidade de
ratificação por prova testemunhal.

Ou seja, caso ainda assim fosse necessário, tal prova não seria
considerada apenas como mero indício documental (início de prova), mas sim, prova
plena.

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04. TEMPO DE TRABALHO – COMPROVAÇÃO DE PERÍODO –


DESNECESSIDADE DE IMEDIATIVIDADE DE LABOR QUANDO DO
PEDIDO ADMINISTRATIVO - ART. 48, §2º DA LEI 8.213/91

Conforme retro exposto, há duas interpretações diversas para o que


dispõe o artigo retro em epígrafe, onde neste, a princípio, há determinação expressa para
que o segurado esteja trabalhando no ato do pedido administrativo e aquela que dispensa
tal circunstância, podendo o segurado utilizar-se de período de trabalho de outrora sem
este ser imediatamente anterior ao requerimento administrativo, em homenagem e
respeito a alguns princípios, dentre os quais cita-se o do Direito Adquirido.

De acordo com o narrado no parágrafo anterior, data venia, deve


prevalecer o entendimento que o segurado pode provar a qualquer tempo seu labor rural,
sob pena de ofensa ao Princípio do Direito Adquirido, assim como da premissa de que
neste caso a lei deve beneficiar o hipossuficiente, podendo ser abrandada, com vistas a
facilitar e viabilizar o direito perseguido e não prejudicá-lo.

O retro exposto já está assentado em nossos tribunais, conforme


jurisprudência:

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL


CORROBORADO POR TESTEMUNHAS. TRABALHADORA RURAL EM
REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR E EM CARÁTER INDIVIDUAL.
APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS PREENCHIDOS.
DIREITO ADQUIRIDO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. TUTELA ESPECÍFICA.
1. O tempo de serviço rural para fins previdenciários pode ser demonstrado
através de início de prova material, desde que complementado por prova
testemunhal idônea. Precedentes da Terceira Seção desta Corte e do egrégio
STJ. 2. Restando comprovado nos autos o exercício da atividade laborativa rural
no período de carência, há de ser concedida a aposentadoria por idade rural. 3.
A contemporaneidade entre a prova documental e o período de labor rural
equivalente à carência não é exigência legal, de forma que podem ser aceitos
documentos que não correspondam precisamente ao intervalo necessário a
comprovar. Precedentes do STJ. 4. Aplicável a regra de transição contida no
artigo 142 da Lei n.º 8.213/91 aos filiados ao RGPS antes de 24-07-1991,
desnecessária a manutenção da qualidade de segurado na data da Lei n.°
8.213/91. 5. Restando comprovado nos autos o requisito etário e o
exercício da atividade laborativa rural no período de carência, há de ser
concedida a aposentadoria por idade rural, a partir da data do requerimento
administrativo, a teor do disposto no art. 49, inciso II, da Lei n.º 8.213/91,
desimportando se depois disso houve perda da qualidade de segurada (art.
102, § 1º, da LB). 6. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão naquilo
que se refere à obrigação de implementar o benefício, por se tratar de decisão
de eficácia mandamental que deverá ser efetivada mediante as atividades de
cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a
necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo). (TRF4, AC

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0016545-89.2011.404.9999, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira,


D.E. 17/02/2012).(Grifo nosso).

Sendo assim, chega-se a conclusão que a combinação dos artigos supra


referidos, garantem que a perda da “suposta” qualidade de segurado após o
preenchimento de todos os requisitos exigidos para a concessão da aposentadoria, não
importa em extinção do direito a esses benefícios.

05 PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADA

Segundo a Lei nº 10.666, de 08/05/2003 (oito de maio de 2003), a perda


da qualidade de segurado não será considerada para a concessão de aposentadoria por
idade, desde que o trabalhador tenha cumprido o tempo mínimo de contribuições
exigidas.

Art. 3o: Omissis


§ 1o Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado
não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para
efeito de carência na data do requerimento do benefício.

Desta feita, com a publicação da referida Lei, pelo menos em relação ao


benefício de Aposentadoria por Idade, não há mais que se falar em discussão de
interpretação, já que esta colocou fim à controvérsia.

A parte autora conta atualmente com 63 (sessenta e três) anos de idade,


tendo trabalhado por aproximadamente 50 (cinquenta) anos somente na área rural.

Insta salientar, que a autora sempre exerceu atividade rural conforme


anteriormente narrado, implementando assim, as condições necessárias e exigidas para a
concessão do benefício pleiteado.

Desta feita, se o período de carência exigido para concessão do beneficio


de aposentadoria por idade rural é discriminado pela tabela contida no art. 142 e a parte
autora já tenha cumprido os requisitos necessários para obter o beneficio pleiteado, a
mesma não perderá o direito a este benefício em face do direito adquirido.

A partir de então independe a data em que irá ingressar realmente com o


pedido do benefício, ou seja, exercê-lo, pois, seu direito a ele está garantido e desde
então JAMAIS PODERÁ SER “PREJUDICADO”.

Comunga do mesmo entendimento o Superior Tribunal Federal, 4º


Região:
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PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL


CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL. TRABALHADORA RURAL
COMO BOIA-FRIA. QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL COMPROVADA.
APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS PREENCHIDOS.
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. TUTELA ESPECÍFICA. 1. Cuidando-se de
trabalhador rural que desenvolve atividade na qualidade de boia-fria, deve o
pedido ser analisado e interpretado de maneira "sui generis", uma vez que a
jurisprudência tem se manifestado no sentido de acolher, em tal situação, a
prova exclusivamente testemunhal (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil).
2. O fato do marido da autora possuir vínculos no meio urbano não afasta a
condição de segurada especial daquela, uma vez que, tratando-se de hipótese
de trabalhadora individual (boia-fria), não enseja análise a atividade
desenvolvida por seu cônjuge. 3. A contemporaneidade entre a prova
documental e o período de labor rural equivalente à carência não é exigência
legal, de forma que podem ser aceitos documentos que não correspondam
precisamente ao intervalo necessário a comprovar. Precedentes do STJ. 4.
Aplicável a regra de transição contida no artigo 142 da Lei n.º 8.213/91 aos
filiados ao RGPS antes de 24-07-1991, desnecessária a manutenção da
qualidade de segurado na data da Lei n.° 8.213/91. 5. Restando comprovado
nos autos o requisito etário e o exercício da atividade laborativa rural no
período de carência, há de ser concedida a aposentadoria por idade rural à
parte autora a contar do requerimento administrativo, nos termos da Lei n.º
8.213/91, desimportando se depois disso houve a perda da qualidade de
segurada (art. 102, § 1º da LB). 6. Determina-se o cumprimento imediato do
acórdão naquilo que se refere à obrigação de implementar o benefício, por se
tratar de decisão de eficácia mandamental que deverá ser efetivada mediante as
atividades de cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do
CPC, sem a necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo).
(TRF4, AC 0018959-60.2011.404.9999, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto
Silveira, D.E. 17/02/2012)(Grifo nosso)

06 CONCLUSÃO

Sendo assim, comprova-se que a parte autora já cumpriu com todas as


exigências legais, logo está apta a se aposentar, visto que já adimpliu com todos os
requisitos legais exigidos, tendo idade e tempo de trabalhos superiores ao mínimo
exigido, conforme se comprovará pelos documentos juntados e futuros depoimentos
colhidos em audiência de instrução e julgamento.

07 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Declara a autora ser pessoa pobre, na acepção jurídica da palavra, vez


que não possui recursos para arcar com custas processuais e honorários advocatícios
sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família, assim, requer a concessão do
benefício da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50, com nova
redação dada pela Lei nº 7.510/86.

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08 PEDIDOS

Ex positis, requer seja procedida a citação do réu, no endereço que


consta no preâmbulo desta, para que compareça na audiência a ser designada por Vossa
Excelência, observando o art. 242, §3º do NCPC, e querendo, apresente resposta, sob
pena de confissão, preclusão e revelia.

Requer que o réu junte o PROCESSO ADMINISTRATIVO.

Que seja reconhecida e declarada como data do Protocolo Administrativo


a data retro de 21/03/2023 (vinte e um de março de 2023).

Requer seja reconhecido, homologado e averbado o tempo de trabalho


rural de 1977 até a data do pedido administrativo em 21/03/2023.

Requer ao final, seja o INSS condenado:

A conceder à autora o Benefício Vitalício de APOSENTADORIA POR


IDADE RURAL, no importe de 01 (um) salário mínimo mensal, vigente à época.

Ao pagamento das prestações em atraso, assim como as Gratificações


Natalinas, desde a data do Protocolo Administrativo, datado em 21/03/2023 (vinte e um
de março de 2023), sendo para tanto considerada a data do agendamento eletrônico,
corrigidas na forma da lei, acrescidas de juros legais, correção monetária e demais
cominações legais, assim como as custas processuais;

Em caso de recurso, ao pagamento dos honorários advocatícios à base


de 20% (vinte por cento) sob o total da condenação, parcelas vencidas e vincendas.
Sucessivamente, caso assim não entender Vossa Excelência, que seja arbitrado em 10%
(dez por cento) sobre o valor das parcelas vencidas até a data do trânsito em julgado da
decisão de primeiro ou segundo grau, no caso de haver recurso de qualquer de uma das
partes.

Requer seja concedido o benefício de Assistência Judiciária Gratuita.

Protesta provar o alegado por todos os meios permitidos em direito,


especialmente pelo depoimento pessoal do réu, na pessoa de seu representante legal,
sob pena de confesso, oitiva de testemunhas, exames, perícias, juntada de ulteriores
documentos, se assim o controvertido dos autos exigir, com vistas ao perfeito deslinde da
controvérsia.

Matriz: Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina – PR Fone: 3348.2626 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
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OAB/PR 32078

As notificações, avisos e correspondências, e/ou intimações, devem


ser enviadas exclusivamente para o endereço dos procuradores da autora,
constante no preâmbulo e rodapé da inicial, sob pena de nulidade na forma do art.
236, § 1º DO CPC. Assim como as publicações realizadas no diário oficial da justiça
deverão ser realizadas exclusivamente em nome de Douglas Moreira Nunes e
Emerson Carlos Dos Santos, regularmente inscritos na OAB/PR nºs 31.190 e 32.078
respectivamente, sob pena de nulidade.

Requer, por fim, que seja procedida à notificação das testemunhas


futuramente arroladas para que compareçam à futura audiência de instrução e
julgamento.

Dá-se a causa o valor de R$23.819,98 (vinte e três mil, oitocentos e


dezenove reais e noventa e oito centavos) para fins de alçada, conforme planilha infra.

Termos em que,
pede e espera
D E F E R I M E N T O.

Londrina – PR, 28 de setembro de 2023.

Douglas Moreira Nunes Emerson Carlos dos Santos


OAB/PR 31190 OAB/PR 32078

Valéria Barboza da Silva


OAB/PR 81843

Competência Valor Corr. Monetária Valor Corrigido


mar/23 R$ 468,39 1,07553191 R$ 503,77
abr/23 R$ 1.320,00 1,06309371 R$ 1.403,28
mai/23 R$ 1.320,00 1,05340241 R$ 1.390,49
jun/23 R$ 1.320,00 1,04173498 R$ 1.375,09
jul/23 R$ 1.320,00 1,03070642 R$ 1.360,53
ago/23 R$ 1.320,00 1,01979462 R$ 1.346,13
Décimo terceiro R$ 589,03 1,01979462 R$ 600,69
Parcelas Vencidas R$ 7.979,98
Parcelas Vincendas R$ 15.840,00
Valor da Causa R$ 23.819,98

Matriz: Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina – PR Fone: 3348.2626 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
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