Você está na página 1de 276

SÚMULAS STM

SÚMULA Nº 1 - Cancelada (DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)


Texto anterior: Desclassifica-se para o art. 187, do CPM, a deserção especial
prevista no art. 190, do mesmo diploma legal, quando o infrator se apresenta ou é
capturado depois de decorridos mais de 10 (dez) dias da prática do ato delituoso,
não se configurando afronta ao art. 437, alínea "a”, do Código de Processo Penal
Militar. (DJ1, 02-05-1980, p. 3021).

SÚMULA Nº 2 - Cancelada (DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)


Texto anterior: Não constitui nulidade processual a omissão ou ineficiência no
cumprimento da diligência para localização e retorno do militar ausente à sua
Unidade, medida prevista no art. 456, § 2º, do Código de Processo Penal Militar .
(DJ1, 02-05-1980, p. 3021).

SÚMULA Nº 3 - (Republicada no DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)


"Não constituem excludentes de culpabilidade, nos crimes de deserção e
insubmissão, alegações de ordem particular ou familiar desacompanhadas de
provas." (Aprovada – DJ1, 02.05.1980, p. 3021).

SÚMULA Nº 4 - Cancelada (DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)


Texto anterior: O crime de insubmissão, capitulado no artigo 183 do CPM, tipifica-
se quando provado, de maneira inconteste, o conhecimento, pelo Conscrito, da
data e local de sua apresentação, para incorporação, seja através de documentos
ou anotação hábil constante dos autos, seja através de sua própria confissão.
(DJ1, 02-05-1980, p. 3021)

SÚMULA Nº 5 - (DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)


"A desclassificação de crime capitulado na denúncia pode ser operada pelo
Tribunal ou pelos Conselhos de Justiça, mesmo sem manifestação neste sentido
do Ministério Público Militar nas alegações finais, desde quando importe em
beneficio para o réu e conste da matéria fática."

SÚMULA Nº 6 - Cancelada (DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)


Texto anterior: O insubmisso, classificado no Grupo B.1 ou B.2 em inspeção de
saúde e considerado "incapaz definitivamente" nos termos da regulamentação da
Lei do Serviço Militar, fica isento do processo, "ex vi" do artigo 464 do CPPM. (DJ1,
02-09-1985, p. 14.516).
SÚMULA Nº 7 - (DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)
"O crime de insubmissão, capitulado no art. 183 do CPM, caracteriza-se quando
provado de maneira inconteste o conhecimento pelo conscrito da data e local de
sua apresentação para incorporação, através de documento hábil constante dos
autos. A confissão do indigitado insubmisso deverá ser considerada no quadro do
conjunto probatório."

SÚMULA Nº 8 - (DJ 1 Nº 77, de 24/04/95)


"O desertor sem estabilidade e o insubmisso que, por apresentação voluntária ou
em razão de captura, forem julgados em inspeção de saúde, para fins de
reinclusão ou incorporação, incapazes para o Serviço Militar, podem ser isentos
do processo, após o pronunciamento do representante do Ministério Público."

SÚMULA Nº 9 - (DJ 1 Nº 249, de 24/12/96)


"A Lei n° 9.099, de 26.09.95, que dispõe sobre os Juízos Especiais Cíveis e
Criminais e dá outras providências, não se aplica à Justiça Militar da União."

SÚMULA Nº 10 - Cancelada (DJe Nº 103, de 13/06/2018)


"Não se concede liberdade provisória a preso por deserção antes de decorrido o
prazo previsto no art. 453 do CPPM".

SÚMULA Nº 11 - (DJ 1 Nº 18, de 27/01/97)


"O recolhimento à prisão, como condição para apelar (art. 527, do CPPM), aplica-
se ao Réu foragido e, tratando-se de revel, só é aplicável se a sentença houver
negado o direito de apelar em liberdade."

SÚMULA Nº 12 - (DJ 1 N° 18, de 27.01.97)


"A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção sem ter
readquirido o status de militar, condição de procedibilidade para a persecutio
criminis, através da reinclusão. Para a praça estável, a condição de procedibilidade
é a reversão ao serviço ativo."

SÚMULA Nº 13 - (DJ 1 N° 18, de 27.01.97)


"A declaração de extinção de punibilidade em IPI, IPD e IPM deve ser objeto de
Decisão, que, também, determinará o arquivamento dos autos."

SÚMULA Nº 14 - ( DJe N° 149, de 02.09.14)


"Tendo em vista a especialidade da legislação militar, a Lei n°11.343, de 23 de
agosto de 2006, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas, não se aplica à Justiça Militar da União".
SÚMULA Nº 15 - Cancelada (DJe N° 88, de 17.05.2016)
"A alteração do art. 400 do CPP, trazida pela Lei nº 11.719, de 20 de junho de
2008, que passou a considerar o interrogatório como último ato da instrução
criminal, não se aplica à Justiça Militar da União." (BJM N° 01, de 04.01.13, DJe
N° 070, de 18.04.13; republicada no DJe N° 149, de 02.09.14).

SÚMULA Nº 16 - (DJe N° 207, de 11.11.2016)


"A suspensão condicional da pena (sursis) não é espécie de pena; portanto, o
transcurso do período de prova, estabelecido em audiência admonitória, não
atende ao requisito objetivo exigível para a declaração de extinção da punibilidade
pelo indulto".

SÚMULA Nº 17 - (DJe N° 213, de 06.12.2019)


"Compete aos Conselhos Especial e Permanente de Justiça processar e julgar
acusados que, em tese, praticaram crimes militares na condição de militares das
Forças Armadas".

ENUNCIADOS DO “CICLO COMPLETO DE POLÍCIA PELAS


FORÇAS ARMADAS EM FAIXA DE FRONTEIRA”

Entre os dias 4 e 6 de junho, o Ministério Público Militar realizou, no Auditório da


Procuradoria-Geral de Justiça Militar, em Brasília/DF, o Seminário Ciclo Completo
de Polícia pelas Forças Armadas em Faixa de Fronteira. Na oportunidade,
estiveram reunidos estudiosos, civis e militares, para discutir a possibilidade de
implantação do ciclo completo de polícia pelas Forças Armadas nas áreas
limítrofes do país

PRIMEIRO ENUNCIADO –Os princípios do promotor e do juiz natural não


implicam a exclusividade da investigação por determinada instituição, segundo
orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, no RE 593.727/MG (Rel. Min.
Gilmar Mendes, j. 14/05/2015) e na ADI 4.318/BA (Rel. Min. Cármen Lúcia, j.
01/08/2018) e na ADI 4.618/SC (Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 01/08/2018).

SEGUNDO ENUNCIADO –É constitucional o registro formal de fatos criminosos


de autoria conhecida feito pelas instituições que detêm poder de preservação da
ordem pública nos casos de repressão imediata, com remessa direta do
expediente ao Poder Judiciário e ao Ministério Público.

TERCEIRO ENUNCIADO –Tem caráter de peça de informação,


independentemente do título, para os fins do art. 129, I, da CF/1988, o
expediente gerado a partir do registro formal de fatos criminosos de autoria
conhecida feito pelas instituições que detenham poder de preservação da ordem
pública, desde que acompanhado dos elementos necessários à formação da
opinio delicti.

QUARTO ENUNCIADO – É válida a lavratura de termo circunstanciado por


militar das Forças Armadas que esteja atuando na preservação da ordem
pública, partindo-se do conceito jurisprudencial de autoridade policial, para os
fins do art. 69 da Lei 9.099/1995, e da premissa de que é um direito do autor de
contravenção penal e de infração penal de menor potencial ofensivo não ter sua
liberdade tolhida ao se comprometer a comparecer em juízo.

QUINTO ENUNCIADO –Ao atuar repressivamente em faixa de fronteira, com


fundamento no art. 16-A da Lei Complementar 97/1999, as Forças Armadas
podem registrar qualquer fato delituoso não abrangido pela Lei 9.099/1995, e
não apenas os crimes transfronteiriços e ambientais, mediante a lavratura de
auto de prisão em flagrante delito, onde não houver estrutura policial federal ou
estadual ou for ela insuficiente. Deverá ser reconhecida a insuficiência pela
autoridade militar quando for evidente que a prévia condução do flagranteado a
uma delegacia de polícia (civil ou federal) retardará demasiadamente o
encaminhamento do auto de prisão à autoridade judiciária.

SEXTO ENUNCIADO –O controle externo da atividade policial desenvolvida


pelas Forças Armadas, inclusive o registro de fatos criminosos de autoria
conhecida, será exercido pelo Ministério Público Militar, consoante os
fundamentos da decisão do Conselho Nacional do Ministério Público no Pedido
de Providências 1.00717/2016-53, sem prejuízo de eventual atuação conjunta
com outros ramos do Ministério Público da União ou com os Ministérios Públicos
dos Estados, e desde que respeitadas a atribuição e autonomia do promotor
natural criminal.
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 1/96 – CCR/MPM

“Em qualquer crime militar, que resulte dano ao

patrimônio sob a Administração Militar, recomenda a Câmara de

Coordenação e Revisão que o Membro do MPM remeta cópias

autenticadas de todas as peças incriminatórias para o Ministério

Público Federal e, mediante representação, para o Tribunal de

Contas da União, dando disso ciência ao Procurador-Geral da

Justiça Militar, sem prejuízo das providências previstas no

Capítulo II, do Título XIII, do Livro I do CPPM”.


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 2/96 – CCR/MPM

“Aos Procuradores da Justiça Militar ou substitutos

eventuais, recomenda-se requisitar dos órgãos integrantes da rede

regional de fiscalização de produtos controlados - art. 24, do R.

105 - informações e documentos relativos às infrações e

penalidades descritas nos artigos 279 e seguintes do mesmo

Regulamento, cuja ocorrência possa vir a constituir crime militar,

sob a ótica do Ministério Público”.


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 3/96 – CCR/MPM

“Aos Membros do Ministério Público Militar,

recomenda-se o acompanhamento das apreensões de armamento

de propriedade das F.F.A.A., levadas a efeito em operações

policiais nos Estados que cheguem ao seu conhecimento, para o

fim de garantir a devida reintegração ao patrimônio militar”.


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 4/96 – CCR/MPM

“Em acidente que envolva aeronave, navio, ou

engenho de guerra motomecanizado do patrimônio militar,

recomenda-se a imediata instauração de IPM, independentemente

de medidas administrativas paralelas”.


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 5/96 – CCR/MPM

“Com o fim de assegurar o fiel cumprimento do art. 10, da LC. nº

75/93, recomenda-se aos Senhores Procuradores da Justiça Militar, comunicarem-

se com as autoridades militares das áreas respectivas, informando-as da

necessidade da comunicação imediata das prisões efetuadas, com a indicação do

lugar onde se encontra preso, e a remessa de cópia dos documentos

comprobatórios da legalidade da prisão”.

RECOMENDAÇÃO Nº 05/1996 (nova redação):

"Recomenda-se aos Membros com atuação na 1ª Instância a

fiscalização do cumprimento, por parte dos Comandos Militares,

do contido no Art. 10 da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio

de 1993, devendo os expedientes relativos à comunicação

imediata de prisão, pela prática de crime militar, com indicação do

local onde se encontra o preso e cópia dos documentos relativos à

legalidade da prisão, serem autuados como Procedimento

Administrativo, visando a análise da correção da Polícia Judiciária

Militar, por se tratar de nítida atividade de controle externo, nos

termos do Art. 9º da referida lei complementar".


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 6/96 – CCR/MPM

“Quando recebida favoravelmente pelo Procurador-

Geral a manifestação da Câmara de Coordenação e Revisão no

sentido de que deve ser designado outro membro do MPM para

oferecimento de denúncia (§ 1º do artigo 397 do CPPM),cabe a

este último oferecer a respectiva peça inaugural dentro dos prazos

correspondentes fixados no Código de Processo Penal Militar, sem

maiores perquirições e sem prejuízo de, no decorrer do feito,

tomar as providências mencionadas no Enunciado nº 7 desta

CCR.”
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 7/97 – CCR/MPM

“Tendo em vista o conflito de normas entre o disposto

na letra “b” do artigo 516 e o disposto no artigo 397, “ in fine”, tudo

do CPPM , o que tem provocado por parte de alguns membros do

MPM a utilização do recurso em sentido estrito quando indeferido

o pedido de arquivamento de IPM, esta CCR recomenda aos

senhores membros - por força do princípio de que a norma

especial (artigo 397 do CPPM c/c os artigos 116, inciso I e 136,

inciso IV da L.C. nº 75/93), prevalece sobre a geral (artigo 516,

letra “b” do CPPM) - que se evite a aplicação do disposto na letra

“b” do Artigo 516 do CPPM, fazendo prevalecer a regra contida no

artigo 397 do mesmo diploma legal, através de manifestação nos

autos requerendo a remessa ao Procurador-Geral, quando

intimado pelo Juiz-Auditor da decisão denegatória do pedido de

arquivamento.”
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 8/2002 – CCR/MPM

“Recomenda-se no sentido de que as diligências

investigatórias sejam realizadas dentro de Procedimento de

Investigação Criminal”.
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 9/2002 – CCR/MPM

“Recomenda-se ao Membro do MPM, nos

Procedimentos de Investigação Criminal que instaurar, somente

proceder o arquivamento indireto, significando este a remessa de

cópia dos autos ao Órgão que considerar competente, após o

pronunciamento da Câmara de Coordenação e Revisão”.


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 10/2002 – CCR/MPM

“O poder investigatório conferido pela Constituição

Federal ao Ministério Público e pela Lei Complementar nº 75/93,

não pode ser delegado a qualquer autoridade por meio de

requerimento de sindicância ou outro instrumento”.


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 11/2008 – CCR/MPM

“Recomenda aos ilustres Membros em exercício na 1ª

Instância que, ao receberem eventuais representações contra

Oficiais-Generais, cuja competência originária para apuração é do

Procurador-Geral da Justiça Militar, obtenham a ratificação,

mediante depoimento pessoal do representante, antes de remetê-

la à Procuradoria-Geral salvo, evidentemente, nos casos de

representação apócrifa ou anônima, hipótese em que a

representação será a ela encaminhada incontinenti.”


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 12/2016 – CCR/MPM

“Recomenda-se aos Membros com atuação na 1ª

Instância o exato cumprimento no contido no Art. 1º da Resolução

nº 84/CSMPM, de 15 de abril de 2015, no sentido de instaurar

Procedimento Administrativo, a ser posteriormente remetido e

analisado pela CCR/MPM, exclusivamente das visitas técnicas

anuais e das inspeções extraordinárias a estabelecimentos

prisionais militares, não sendo necessária a autuação, em

procedimento específico, das visitas mensais aos mesmos

estabelecimentos”.
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO nº 13/2016 – CCR/MPM

“Quando houver Recomendação à autoridade militar

nos Procedimentos Administrativos de Inspeção Prisional, o

Despacho conclusivo de arquivamento somente deve ser proferido

após a juntada das informações a respeito do seu atendimento.

Em tais casos, a remessa à CCR deve especificar as providências

decorrentes da Recomendação do Ministério Público”.


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO Nº 14/2017 – CCR/MPM

“Recomenda-se aos Membros do MPM, observada a independência


funcional, que postulem a imediata expedição de guias de execução criminal e de
execução de ativos fiscais, resultantes de condenações confirmadas pelo Superior
Tribunal Militar, bem como procedam a correta fiscalização de sua exatidão e dos
devidos encaminhamentos.”
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO Nº 15/2017 – CCR/MPM

“A Câmara de Coordenação do Ministério Público Militar,


Considerando o contido na Resolução nº 174-CNMP, de 04 de julho
de 2017, já em vigor, que disciplina, no âmbito do Ministério Público, a instauração e
tramitação de Notícias de Fato e Procedimentos Administrativos;
Considerando que a referida resolução traz alterações na
sistemática atualmente adotada, no âmbito do MPM, para a tramitação de tais
procedimentos;
Considerando o encaminhamento de expediente ao Procurador-
Geral da Justiça Militar e Presidente do CSMPM, no sentido da necessidade de
alteração da Resolução nº 06/CSMPM, de 10 de novembro de 1993, alterada pela
Resolução nº 86/CSMPM, de 17 de junho de 2015, e pela Resolução nº 92/CSMPM,
de 8 de fevereiro de 2017, que “dispõe sobre o Regimento Interno da Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público Militar.” e da Resolução nº 84-
CSMPM, de 15 de abril de 2015, que “Disciplina, no âmbito do Ministério Público
Militar, a instauração e a tramitação do Procedimento Administrativo relativo à visita
técnica anual e à visita extraordinária de inspeção a estabelecimento prisional das
Forças Armadas”;
Considerando a necessidade de estabelecimento de regramento
mínimo acerca da matéria, em razão da disparidade no tratamento da questão, até a
aprovação de novos textos normativos, no âmbito do Ministério Público Militar;
RECOMENDA aos Membros de 1ª Instância do Ministério Público
Militar a adoção imediata da sistemática disciplinada pelo Conselho Nacional do
Ministério Público, em relação a instauração e tramitação de Notícias de Fato e
Procedimentos Administrativos, conforme Resolução nº 174-CNMP, de 04 de julho
de 2017, notadamente quanto a prazos (Art. 3º e Art. 11); necessidade de ciência ao
noticiante de arquivamento proferido, com abertura de prazo de 10 dias para o
recurso (Art. 4º, § 1º, e Art. 13, § 3º); arquivamento dos autos na Instância, sem
necessidade de encaminhamento à CCR/MPM, salvo em caso de recurso do
interessado, sem reconsideração (Art. 4º, § 3º, c/c Art. 5º, e Art. 12, c/c Art. 13, § 4º)
e remessa direta ao órgão com atribuição, em caso de declínio, sem necessidade de
submissão prévia de tal decisão à CCR/MPM (Art. 2º, § 3º), nos termos da
Resolução nº 56 do CNMP (art. 2º e parágrafos), de 22 de junho de 2010.”
RECOMENDAÇÃO Nº 16/2017 – CCR/MPM

Considerando solicitação da Corregedoria do Ministério Público


Militar, no sentido de apreciar a conveniência e oportunidade de “expedir
Recomendação aos Membros do MPM versando sobre o correto preenchimento
do campo específico do Sistema Integrado de Gestão Processual (GAIUS) e do
Sistema de Registro e Gestão dos Processos e Procedimentos Eletrônicos (MP-
Virtual)”, dado que “nas últimas correições ordinárias tem sido recorrente o
reclamo de membros e servidores sobre o assunto, inclusive notícia de
concessão de Ordem de Habeas Corpus pelo E. STM para trancamento de um
PIC, sob a alegação de que a espécie já havia sido objeto de outro
procedimento idêntico”.

Considerando, ainda, as seguintes razões, expostas pela


Corregedoria do MPM, adotadas por está Câmara:

1.) “que as certidões para a instrução de Notícias de


Fato (NF) e Procedimentos de Investigação Criminal
(PIC) são geradas eletronicamente pelos Sistemas
Integrado de Gestão Processual (GAIUS) e pelo
Sistema de Registro e Gestão dos Processos e
Procedimentos Eletrônicos do Ministério Público
Militar (MP-Virtual)”;

2.) “que para tal geração ambos os Sistemas


executam a pesquisa no campo 'assunto',
alimentado no ato de implantação das informações
iniciais”;

3.) ”que a alimentação de tais informações é,


muitas vezes, efetuada por servidores sem o devido
preparo ou conhecimento mínimo na área jurídica o
que ocasiona a implantação de informações que não
espelham os assuntos principais que norteam a
peça inicial”; e

4.) “que esse fato tem ocasionado a distribuição de


feitos versando sobre a mesma matéria para
Membros distintos, resultando em repetição dos
atos instrutórios e caracterizando um desnecessário
bis in idem”.
A Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público
Militar resolve expedir a presente Recomendação aos Membros do MPM, nos
termos seguintes:

"A implantação inicial de Notícias de Fato (NF) e Procedimentos de


Investigação Criminal (PIC) nos Sistemas GAIUS e MP-Virtual deve ficar a
cargo de um Membro do MPM, ou de um Analista do MPU/Apoio
Jurídico/Direito, ou de servidor devidamente habilitado para tal, que
preencherá o campo 'assunto' dos referidos sistemas com o maior número de
informações relevantes possíveis, a fim de que o objeto principal constante da
inicial reste plenamente identificado."
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO Nº 17 – CCR/MPM, EM 02/10/2019

“Nas hipóteses de arquivamento de Procedimento de Investigação Criminal (PIC), por motivo


de requisição de instauração de Inquérito Policial Militar, para investigação de todos os fatos
abarcados pelo PIC arquivado, deve o Membro do Ministério Público Militar providenciar a juntada da
Portaria de instauração do IPM aos autos do procedimento arquivado, no Sistema MPVirtual,
mantendo os autos arquivados na origem, sem necessidade de submissão dos mesmos ao crivo do
Colegiado Revisional”.
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

RECOMENDAÇÃO Nº 18 – CCR/MPM, EM 02/10/2020

“Em caso de crimes que atentem contra o Patrimônio Público Militar, ou à Ordem
Administrativa Militar, com vulneração dos princípios que regem a Administração Pública,
por civis ou militares, recomenda-se ao Membro do MP Militar a remessa de cópia dos
autos ao órgão do MP Federal para que promova a competente Ação de Improbidade
Administrativa.”
RECOMENDAÇÃO Nº 19 – CCR/MPM, em 25/05/2021:
Alterada, em 09.08.2021, com a inclusão do item 4.

Tendo em vista o descumprimento frequente das cautelas exigidas pela lei


processual penal militar e comum, quanto à preservação dos locais de crimes e,
especialmente, a apreensão dos objetos que tenham relação com o fato, art. 12, a, b e d do
CPPM e as recentes disposições sobre a cadeia de custódia, art. 158 a 158-F do Código de
Processo Penal (Lei n° 13.964, de 24 de dezembro de 2019, Pacote Anticrime),
RECOMENDA-SE aos órgãos do Ministério Público Militar que adotem providências
acauteladoras julgadas pertinentes, junto aos Comandos das Organizações Militares,
situados em sua área de atribuição, para que orientem aos seus oficiais subordinados,

quando designados para o exercício da função de Encarregado de Inquérito Policial Militar


ou como Presidente de Auto de Prisão em Flagrante, notadamente no que tange às
condutas cuja tipificação encontram adequação no artigo 290 do Código Penal Militar,
acerca da necessidade de:
1 - Ao formalizar o Auto de Prisão em Flagrante ou instruir o Inquérito Policial
Militar pela prática do delito militar de tráfico, posse ou uso de substância entorpecente
ou similar, a autoridade de polícia judiciária militar deverá, de imediato, confeccionar e
juntar o Auto de Apreensão da Substância, descrevendo, de maneira pormenorizada, a
natureza e a quantidade da substância apreendida (se possível), onde foi encontrada, a
forma e as condições de armazenamento, devendo o auto ser acompanhado de
fotografias da substância entorpecente apreendida, as quais devem ser digitalizadas em
cores;
2 - antes de encaminhar a substância entorpecente à autoridade competente,
para análise preliminar, deverá ser acondicionada de forma adequada, lacrando-se o
invólucro. O envio da substância para exame pericial preliminar deverá ser efetuado por
meio de Ofício, no qual deverá constar o destinatário, a data do encaminhamento, a
natureza e a quantidade da substância apreendida (se possível), bem como o número do
lacre aposto em seu invólucro;
3 - elaborar Ficha de Acompanhamento de Vestígio, a qual deverá conter
informações acerca do material apreendido, autoridade militar responsável pela
apreensão, número do lacre, origem e destinatário; as cautelas elencadas podem e
devem ser aplicadas em relação a qualquer objeto ou instrumento do crime, pois a
cadeia de custódia se aplica em relação a qualquer bem apreendido, sendo que a
referência expressa à substância entorpecente, na presente Recomendação, deve-se ao
fato deste delito ser mais frequente o qual tem gerado dificuldades para a acusação ao
longo de todo o Processo nas instâncias recursais.
4 - As orientações acima veiculadas devem incidir, sempre que couber, no
caso da prática de qualquer outro crime militar não transeunte.
RECOMENDAÇÃO Nº 20 – CCR/MPM, em 02/09/2021:

“ Em caso de crimes, em tese, que atentem contra a Ordem Tributária, constatados a

partir de valores suspeitos creditados em conta de depósito ou de investimento

mantidos em instituição financeira, recomenda-se ao membro do Ministério Público

Militar, após deferido pedido de compartilhamento pela autoridade judiciária

competente, a remessa de cópia das referidas movimentações à Receita Federal do

Brasil, a fim de procederem, seus agentes, caso assim entendam, a intimação do

investigado ou denunciado, para comprovar a origem dos referidos recursos".


RECOMENDAÇÃO Nº 21 – CCR/MPM, em 03/09/2021:

" RECOMENDA-SE aos órgãos do Ministério Público Militar que adotem, no que

couber, todas as providências previstas na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha),

no que tange aos crimes militares que ensejarem o contexto de violência familiar e

doméstica contra a mulher, sob a configuração típica prevista no caput do art. 5º da

Lei nº 11.340/2006, bem como oficiem junto aos Comandos das Organizações

Militares, situados em sua área de atribuição, para que, igualmente no que couber,

orientem aos seus oficiais subordinados, quando designados para o exercício da

função de Encarregado de Inquérito Policial Militar ou como Presidente de Auto de

Prisão em Flagrante, a fiel observância do contido nos arts. 10, 10-A, 11, 12 e

seguintes, da citada lei".


MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
Ministério Público Militar
Conselho Superior

RESOLUÇÃO Nº 91/CSMPM, de 14 de dezembro de 2016.

Institui os Núcleos Permanentes de Incentivo à Auto-


composição do Ministério Público Militar (NUPIA)

O CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, no uso das atri-

buições previstas no art. 131, inciso I, alíneas C e D, da Lei Complementar nº 75/93, Lei Orgânica

do Ministério Público da União, e

Considerando que o acesso à Justiça é direito e garantia fundamental da sociedade e

do indivíduo e abrange o acesso ao Judiciário, mas vai além para incorporar também o direito de

acesso a outros mecanismos e meios autocompositivos de resolução de conflitos, inclusive o aces-

so ao Ministério Público como garantia fundamental de proteção e efetivação dos direitos e inte-

resses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, da Constituição da República de 1988);

Considerando a necessidade de se consolidar, no âmbito do Ministério Público Mili-

tar, uma política permanente de incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos de autocomposi-

ção;

Considerando o disposto na Resolução nº 118, de 1º de dezembro de 2014, do Conse -

lho Nacional do Ministério Público (CNMP), que instituiu a Política Nacional de Incentivo à Au-

tocomposição no Ministério Público Nacional;

Considerando os amplos espaços para a negociação, em várias disposições legais, que

conferem legitimidade ao Ministério Público para a construção de soluções autocompositivas, es-

pecialmente, as previstas nas Leis nº 7.347, de 24 de julho de 1985 e nº 8.429, de 2 de junho de

1992;

Considerando, finalmente, os estudos, pesquisas e contribuições dos Membros do

Grupo de Estudos, das Assessorias e secretarias respectivas;

RESOLVE:
Editar o presente Regimento, delimitando a instituição, organização e as atribuições

dos Núcleos de Incentivo à Autocomposição:

Art. 1º Ficam instituídos, no âmbito das Procuradorias de Justiça Militar do país, os

Núcleos Permanentes de Incentivo à Autocomposição (NUPIA), com as seguintes finalidades e

atribuições;

I – Propor à Administração Superior do Ministério Público Militar ações voltadas ao

cumprimento da Política Nacional de Incentivo à Autocomposição;

II – Promover, na área de sua atuação, a realização de convênios, parcerias e progra-

mas, para o atendimento dos fins estatuídos na Resolução nº 118/2014 – CNMP;

III – Atuar na interlocução com outros ramos do Ministério Público e demais agentes

públicos, nas oportunidades de mediação e autocomposição;

IV – Estimular programas de negociação e mediação junto às Instituições Militares;

V – Capacitar e adestrar membros e servidores nos mecanismos de autocomposição,

assim, consideradas a negociação, a mediação, a conciliação, as práticas restaurativas e as conven-

ções processuais;

VI – Divulgar as boas práticas, metodologias aplicadas ou desenvolvidas na solução

extrajudicial de conflitos, assim considerada a intervenção destinada à prevenção, gestão ou reso -

lução de conflitos;

VII – Manter arquivos e cadastros dos envolvidos, nos casos submetidos ao Núcleo de

Incentivo à Autocomposição.

Art. 2º Os Núcleos de Incentivo à Autocomposição serão Integrados por um Procura -

dor de Justiça Militar, que o chefiará, um analista e um técnico, selecionados dentre os servidores

da Procuradoria.

§ 1º. O Chefe do Núcleo de Incentivo à Autocomposição será substituído por um Pro -

motor de Justiça Militar em suas eventuais ausências.

§ 2º. Os membros designados e servidores atuarão nos Núcleos de Incentivo à Auto -

composição, sem prejuízo de suas atribuições.


§ 3º. Os Núcleos de Incentivo à Autocomposição serão apoiados pelos Órgãos Técni-

cos da Administração Superior.

Art. 3º Haverá um Núcleo de Incentivo à Autocomposição em cada Procuradoria de

Justiça Militar.

Art. 4º Os Procedimentos envolvendo mediação, conciliação, a negociação, as conven-

ções processuais e as práticas restaurativas após concluídos serão encaminhados à Câmara de Co-

ordenação e Revisão para homologação do arquivamento.

Art. 5º Este Ato entre em vigor a partir da sua publicação, remetendo-se cópia ao Con -

selho Nacional do Ministério Público, nos termos do art. 7º, parágrafo único, da Resolução nº

188/2014.

Dr. Jaime de Cassio Miranda


Procurador-Geral de Justiça Militar
Presidente

Dr. Mário Sérgio Marques Soares Dr. Edmar Jorge de Almeida Dr. Alexandre Concesi
Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheiro Conselheiro

Dr. Marcelo Weitzel Rabello de Souza Dra. Anete Vasconcelos de Borborema Dra. Maria de Nazaré Guimarães de Moraes
Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocuradora-Geral de Justiça Militar Subprocuradora-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheira Conselheira

Dr. Giovanni Rattacaso


Corregedor-Geral do MPM
Conselheiro
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
Ministério Público Militar
Conselho Superior

RESOLUÇÃO Nº 100/CSMPM, de 14 de março de 2018.


(Alterada pela Resolução 109/CSMPM, 26 de maio de 2020)

Alt era a Re so lu ção nº 6 6/ C S M PM, que d i sp õ e


sob re a in stau r aç ão d e Inq uér i to C ivi l e
Pro ced im en t o Pr ep a ra t ó r io no Mi n i s té r i o Públ ic o
M il it ar.

O C ON SE LH O S UP E R IO R DO M IN I ST É RIO PÚ BLI C O M I LI TA R, no uso da s


at rib u iç õ es que lhe s ão co nfer ida s pe lo art igo 13 1, in ci so I, da Le i Com p lem e n ta r 75 /93 ,
con s id eran do o d i spo s to nos ar ti go s 127 e 1 2 9 , i nci so I II , d a Con st it u iç ão da R e públ ica , be m
com o o ar t. 6º , in c i so VI I, da ci tad a l ei , e t e nd o em a tenç ão a R es o lu ção 164 d o Cons e lho
Nac iona l do M in is t ér io Púb l i co, em f ac e d a ne c es sid ade de r egu l am en t a r o Inq uéri to Ci v il e o
Pro ced im en t o Pr epa rató r i o no âm b it o do M i ni s t é rio Púb l i co M il i t a r, re so l ve:

T Í TU LO I

DO INQ U ÉR I TO C IV I L

Cap í tu l o I – Con ce ito e O bje to

Art . 1 º. O In q uér ito C iv il , pro c ed im ent o d e n atur e za ad m ini s tr a t iva , de car áte r
in qui si t ori al, será in s t a ura do ob je t iv a ndo a pro teç ão, pr even ç ão e rep araç ão d e dan o ao
pat ri m ônio p úb l i co , ao m e io am bi ent e, ao s b e ns e di re ito s d e va lor h is t óri co e cul tu ra l , a
pr oteç ão do s in ter e ss es indi v i dua i s i nd i spo nív ei s, d i fus o s e c ole tivo s, e a pro t eç ão dos
di rei to s con st i tu c ion ai s n o âm b i to da ad m in i st ra ç ão m i l i t ar .

§ 1 º O M em b r o do M ini st éri o Púb li co M i li tar , d e ofí c io ou m edi ante re p re s ent a çã o,


pod erá i n s taur ar Pro c ed i m ent o Pre p ar ató rio d e I nqué rit o C i vi l .

§ 2 º O I nqué rit o C i vi l e os Pr o ce di m e nto s Pre par atór io s não cons ti tue m con d ição
par a o a jui zam e nto d e A çõe s do M i ni st é rio Púb l i co Mi li tar .

§ 3º As r equ i s i çõ es , pe rí cia s c iv i s, v i s to r ia s, r ecom en d aç õe s, t erm o s de


aj u st a m ent o d e c ondu t a, av al i a çõ e s ou qual que r out ra di li g ên c ia não e xige m a pré vi a
in s ta ura ção d e Inq uér ito C ivi l.

Art . 2 º. O Inq uér ito C iv i l s erá in s taur ad o:

I – d e of íci o ;
II – em face d e r eque r i m ento ou repr e se n ta ç ão apre sen t ad os po r qu a lq u er pes soa o u
com u nic ação d e o ut r o Órgã o do M ini s té r i o Públ i co , ou q u alq uer au to r ida d e, de sd e qu e
fo rneç am in for m açõe s s o bre o fa t o obj et o d a a p ur ação e a s c irc un s t ân c i as qu e o env o lv em .

II I – po r de term inaç ã o d o Proc ur ador -G er a l da Ju s ti ç a M il it ar , d o Con se lh o


Sup er i or do M ini s t ér i o Púb l ic o M i l i t ar e da Câ m a ra de Coo r den a ção e Rev i sã o.

§ 1º O Mi n i sté rio Pú b li co M il it ar at ua r á ind ep en dent e de pr ovoc ação , em c aso de


con heci m ent o d e f a t os qu e, em t es e, co n s ti t uam le são a os b e ns , i nter e s se s o u d ir ei tos
m enc ion ados n o ar t. 1º d es t a Re s o lu ção, p or qu alq uer f o r ma ou m ei o de com un ic a ção .

§ 2º Se r ão r edu zi d a s a t erm o a s co m uni caçõ es de fat o s qu e con st itua m l es ão o u


am ea ç a de le são a o s be n s, i nter e s s es , d ir ei t o e v alor e s d o art . 1º.

§ 3 º Na hi pó t e se d e at r ib uiçõ es conc orr ent e s o u no caso d e não- a t rib u iç ão, s er ã o


enc am in hado s ao Ór gão com pe t en te o s doc um en t os r e sp e ct ivo s.

§ 4º O con he ci m ent o por inf o rm a ç ão an ô ni m a n ão i m pl icar á a u sênc ia de


pr ovid ênc ia s d e sd e que obed ecid o s o s r e qui s it o s prev i st o s no inc i s o II .

Art . 3º. As rep r es ent aç õ es e n ot í c i a s aut uad a s ser ão d is tri bu í da s no â mb ito d a


Pro cu r ador ia da J u st iça M il ita r r e sp ect iva ou d a PG J M , d ev e ndo o Órg ão of ic ian te e m it ir
pr onun ciam e nto no pr a zo de qu inze d i a s, ve r i fic ada a ex i s tê n ci a de proc edim e n to com o
m esm o obj e to e m out ro Ór gão.

§ 1º N a h ip óte se de exi st i r pr oc ed im en to c om idê n ti co o bj e to, a s peç a s d e


in for m aç ão ser ão re m et i d a s ao Ór g ão r e sp on s áve l pel a inv e s t ig aç ã o, a in d a qu e j á arqu iva d a.

§ 2 º Ao Órg ão ofi ci a nt e cum p ri r á co lhe r a s pr ova s ne ce s sár ia s ao e sc l are cim ent o


do fat o, p odend o ab r i r P roce dim e nto Adm in is tra tiv o P repa r at ór io e/ou e x pedi r Re com en daçõ e s
ant e s d a in st a u ra ç ão d o In quér ito Civ il.

§ 3 º Na h ipó te se d e in def eri m ent o d e i ns ta ur a ção de pro ced i m en t o e m fac e d e


Repr es ent ação, dev e rá o M em br o of ic ian te i n t im ar o i n te re s sado par a , q uer endo, reco r r er à
Câm ar a d e Coor dena ção e R evi são n o pr azo d e 1 0 ( dez) d i a s.

Capítulo II

Do Procedimento Preparatório e das Recomendações

Art . 4º. O Proc edi m en t o Adm i n i str at ivo Prep ar a tór io se r á i ns t aur ado po r des pach o
fu ndam en t ad o do re pr e sen t an t e do M in i st ér io Púb l i co M i l it ar c o m pete n te , d ian t e da
in suf ic i ênc ia d e e le m en t os qu e p er m it am ou j u s t i fiqu e m a i ns t aur ação de I nqué ri to Ci v il .
§ 1º O P ro c edim ento Adm in i str at ivo Pr ep a rat óri o dev erá s er au t uado c om
num e raç ão a se r m ant id a cas o co nver t i do em In q uéri to C ivi l, c um pr ind o ao Me m bro ofi c ia n te
pr oced er à s d il igê n ci a s q ue en t end er c a bív ei s , a s qu ai s d ever ão s er co n cl uíd as no p raz o de 90
(n oven ta) d i a s, p r orr ogá v el p or i gua l per ío d o, u m a ú nic a ve z, em ca so d e mo t i vo ju s t if i cáv el.

§ 2 º Apó s o pr azo me nci onad o no p ar ágra fo ant er i or, o M em br o do M in i st éri o


Púb l ic o pr om ov erá o ar qui vam en to d o Pr o ced i m e nto Prep ar a tó r io, o c o nver ter á em Inqu é ri to
Civ il ou ado tar á p r ovi dê nc ia s par a o a j ui z am en t o d a re s pec tiv a A ção C i v il P úbl ica .

Art . 5 º. O M i ni st ér io P úbl ico, d e of í ci o ou m edi an t e pr ovo c aç ã o, n os au t o s d e


In quér ito C i vi l, d e Pr oc edim e nto Ad m i n is tr a ti vo ou Pro cedi m ent o Prepa r at ór io, pode rá
exp ed ir Re co m enda ção o bjet iva ndo o r e spe ito e a efet iv id a de dos d ire it os e in ter e s s e s que lhe
in cum ba d efe nd e r e, s en d o o ca s o, a ed i çã o ou a lte r aç ão de norm as .

§ 1º Ante s da exp ed i ção d a Re co m e nda ç ão à au t or idad e públ ic a, s er ão r e qui si t ada s


in for m açõ e s ao Órg ão d es tina tár io s obre o c a so co ncr e to e a s i tua ção j u rí dic a inci d en t e, sa lvo
em ca so d e im po s si b il id ade d ev i dam en te m o t iv a da .

§ 2º No s ca so s que r ec l am em ur gênc ia, o M in i s t ér i o Púb l i co p oder á , de ofí c i o,


exp ed ir Reco m endaç ã o , pr oced endo , p os t eri orm en te , à i n s t au r ação do r esp ect ivo
pr oced im ent o.

§ 3 º A s Re co m en da çõ e s não t êm n atur eza im po s i ti va ou coe r ci ti va , p or d epe n der e m


da an uên ci a d e que m a s r eceb e pa r a s e rem at end ida s, de f orm a a at ingi r su a f i na l ida d e e
ef ic á ci a , c o nfo rm e a m o t iva ção qu e a fu nd a m en t a.

§ 4º A exp edi ção d e Re c om enda çõe s dep end erá da pr é vi a c iên c ia de to do s o s


Órg ão s c om atu açã o n a m e sm a ár ea terr it or ial .

§ 5º Hav endo d iv e rgê nc i a q u an to à e xpedi ção d a Rec o m end aç ã o, q u al q ue r M em br o


pod erá prop or, n o pr a z o de c inco d ia s d a c i ê nci a d e seu teo r , im pu g nação , sub m et e ndo a
m at ér i a à d el i b e ra ç ão d a C â ma ra de Co ord enaç ã o e Rev i sã o do M PM , qu e dev er á se m ani fe s ta r
no p razo de qu inz e di as .

§ 6º A i m pu gn aç ã o te m e fe i to susp ens ivo, n ão po dend o a R e com e ndaçã o s e r


exp ed id a s e não após exa u rid os os p ra zo s d o p ar á gr afo ant eri or .

Art . 6º. A s R ec om end aç õ es s erã o ex ped ida s ob j et iv ando o r e spe it o e a e fet ivi d ad e
dos d ir e i to s e in ter es s e s q ue in cum ba ao M in i s té r io Públ ico Mi li tar d ef e nd er e, s endo o ca so, a
edi ção ou a l te raçã o de n o rm a s , obs erv ando- se os se gu i nt e s pr inc ípio s :

I – m o t i vaç ã o ;

II – for m a l idad e e s o le n id ade ;

II I – ce ler id ade e i m pl e m ent a çã o te m pe s tiv a da s m ed i da s r eco m end ada s ;


IV – p ubl ic i d ade , m ora li dade , e f i c iê nc i a, im pe s s oali d ad e e l eg al id ade ;

V – m áx im a a mp l i tud e d o o bjet o e d a s m ed id as r ecom en dad a s;

VI – g ar a nt i a de ac es so à ju st iç a ;

VII – m áxi m a ut il ida de e e fe t iv i dade ;

VII I – c ará ter n ão- vin cu l at i vo da s m edi d as rec o m en d ada s;

IX – c ará t er p re v ent iv o ou c orr et i vo;

X – re so l ut iv i dad e ;

XI – segur an ça ju ríd ica ;

XII – a po n der açã o e a prop orc ion al i dade n os ca s o s de t en sã o en t re dir ei to s


fu ndam en t ai s.

Art . 7 º. A Rec om end aç ã o pod e ser d i rig ida, d e m an e ir a pr eve n ti va o u co rret iv a,


pr eli m inar o u d efi n it iv a , a qu alqu er p es soa , f í si ca ou jur ídi ca, de d i re i t o púb l i co o u p riv ado,
que t enh a cond içõ es de f azer ou dei x ar d e faz er al gum a c oi s a par a s al vagu a rd ar in ter e s s e s ,
di rei to s e b en s de q ue é incu m bido o M in i st éri o Pú bl i co.

§ 1º A Re co m enda ção d ever á ser dir igi da a qu em tem po der, a tri bui ção o u
com p et ê nci a p a ra a ad o çã o d a s m edi d as r e co m e nda das ou r e spo n sab il id ade pe la rep ar a ção ou
pr even ção d o dano .

§ 2 º Qu ando de n tr e o s des tin a tá r io s d a Re co m enda ção f i gur ar aut o ri d ad e p ara a s


qua i s a l ei e st abel ece c aber ao Pr ocu rado r- Ge ra l o en cam i nham e n to de co rr espon d ên c ia ou
not if ica ção, c abe rá a e st e, o u ao Ór g ão do M i ni s té rio Púb lic o a q uem e s t a at r ib ui ção t ive r s ido
del egad a, enc am in h ar a Reco m e ndaç ão ex ped i da pe lo Pr o m ot or ou P rocu rad or na tur al , no
pr azo de d ez d ia s, n ão c aben do à ch efi a ins ti t uci on al a va l or ação do cont eúd o da
Re c om enda ção , r e s s al va da a po s si b il id a de d e, fu ndam en t ad am en te , ne gar enc am inh am en to à
que t ive r s i do exp ed i da po r Órgão M i ni st er i a l s e m at r i bui ção, qu e af r o nt ar a l ei ou o di spo sto
nes ta Re so lu ç ão o u, ai n da , qua ndo não fo r o b serv ado o t r at a m en to pro toco l ar dev ido ao
des ti na t ár i o.

Art . 8º . Não p od e rá s e r e xped id a R ecom e ndaç ão q ue te nh a com o de s t ina tár ia a


m esm a par te, ob j e to e o m esm o pedi do de a ção j ud ici al, re s s al v ada s a s s itu a çõe s ex cepc ion ai s ,
ju s ti f i cad a s pela s c ir cu n st ân ci a s d e fato e de di rei to e pel a n atur e za do bem tut el ado ,
dev idam ente m ot ivad a s, d esde que n ão co nt r ari e d eci são j udi ci a l.

Art . 9 º. S e n do c a bív e l a Reco m enda ç ão , e s ta d eve s e r m anej ada a nt e s d o


aj ui z am en t o da aç ão jud ici al.
Art . 10 . A Re com en d açã o d eve se r fund am e n tad a, m e d ia nt e a exp osi ção do s
m ot iv o s fá t i c o s e jurí d i c os q ue j u st if i cam a su a expe diç ão.

Art . 11. A Re co m en da ç ão cont e rá a f i xaç ã o d e p razo ra zo á ve l par a a ad oção da s


pr ovid ênc ia s c abí ve i s, i ndi cando - as de f orm a c l a ra e o b je tiv a.

Par ág r afo ún i co. O a te n dim en to d a R eco m end ação será apur ado nos aut os d o
In quér ito Civ il, Pr oc edi me nto Adm in i st ra t ivo o u Pr ep a rat ó ri o q u e t e nha s ido exped ido .

Art . 12. O Ó rg ão d o M in i st ér io Públ ico p o derá r e qui s it ar ao d e st ina tár io a


ade quad a e im ed ia ta d i v ul gaçã o d a Rec om end a ção exped ida , incl u i ndo su a af i xa ç ão em lo ca l
de f ác i l ac e s s o ao p úbl ic o , quan do ne ce ss ári a à e fet iv idad e da Re com e nd aç ão.

Art . 13. O Órg ão do Mi ni s té r io Públ ico pod erá r equ i si tar , em pr a z o razo ável ,
re spo s t a por e s cr i to so b re o at end im en to o u não da R ecom e ndaç ão, bem c om o in s tar o s
des ti na t ár i o s a r esp ond ê -l a de m o do fu ndam ent a do.

Par ág r afo ú n ic o. Hav en d o re spo s ta d e não at en di m ent o , a i nda que n ão r equ i si tad a,
im p õe- se ao Ór g ão do M i ni s t ér io P úb l ico a pre ciá -la fund a m ent ad am ent e .

Art . 14. N a h ip óte s e d e des a te nd i m en t o à R e com en daçã o, de f a l t a d e r e s p ost a ou d e


re spo s t a i n co n si st ente , o Órg ão do Mi n i st ério P úb lic o ado t ar á as m ed i d as cabí v ei s à o bt enção
do r esu lt ado pr e t end i do c om a exp edi ção d a Rec om end ação .

§ 1º No ca s o d e de s a te ndi m ento e n o int u it o d e ev ita r a jud ic ial iz açã o po der á o


Órg ão d o M in is tér io Pú b l ico re it erar a R eco m e nd ação fo rnec end o as i n for m açõe s q ue d eram
bas e ao seu conv en ci m ent o, com a ind ic açã o d as ra zõ e s pe l a s qu a i s en ten de cab íve is e
nec e s s ári as à s m ed ida s r ec om end ad a s.

§ 2º Na hipó te se d o pa r ág raf o an ter io r, o Órgã o M i ni s ter i al n ão a dot ará as m ed i da s


in dic ada s an te s d e tr an s corr ido o pr azo f ix a do p ar a r e sp o st a, exce to se f ato no vo d et er mi n ar a
ur gênc i a de s sa ado ção.

§ 3 º A ef et iv a adoç ão d as m ed i da s in dic ada s n a R eco m enda ç ão co m o c ab íve is , e m


te se, p r es supõ e a apr ec i ação f undam e n ta d a da r espo st a de qu e tr ata o pará graf o ún ico do
ar tig o ant eri or .

Cap í tu l o I II

Da i n sta u raç ão do I nq ué r it o Civ il

Art . 15. O I nq uér it o Ci v il ser á i ns t aur ado pe lo Ór gão o f i c ia nt e , m edi an t e Por t ar i a a


ser pub li cada n a i mp ren sa of ic ial , au t uado e reg is tra do em l ivr o pr ópr io.

§ 1º A Por tar ia d e i n st aur aç ã o do Inq u ér i t o C ivi l se rá nu m er a da em ord em


cr e sce n te , r en ovada anu alm en te, d evi d am en te r e gi s tr ada em li vro próp ri o, aut uad a e con t er á :
I – o f undam e n to l ega l q ue a u to ri za a a ção do M in is t ér i o Púb l i co M il it ar e a
des c ri ç ão do fa to o b je to d a inv e s t ig a ção ;

II – o n om e e a q ua l if ic a ção po ss íve l da p e s s oa jur íd i ca e /ou fí s i ca a qu em o fat o é


at rib u íd o;

II I – o n om e e a q u al if i c ação p o s sív el do auto r d a R epr e sen taç ão, se for o ca so;

IV – a d at a e o l oc a l d a ins tau ra ç ão e a d ete rm i n açã o de d i l igên ci as in i ci ai s;

V – a d es i gna ç ão do se c ret ár i o, m ed ian te t erm o de co m prom is so , quan do c ouber ;

VI – a det erm i naçã o d e afi xa ç ão da Por t ar i a n o l oca l de co s tum e, b e m c om o a


cóp ia d e rem es s a par a p u blic açã o.

§ 2º O I nqué ri t o C iv i l e o Pr oced im en to P r epa rat ó ri o se rão p re s id i do s pel o Órgã o


of ici ant e, sendo a s d i lig ên ci a s, in qu i ri çõe s e ou tro s ato s de inv e st igaç ão for m al iza do s
m edi an t e te rm o .

§ 3º A s d il ig ên c ia s e at os qu e d ev am s er r ea liz ado s for a dos lim ite s t e rr itor ia is d o


Órg ão of ic i an t e pod erão se r e f et iv ado s p or co o pe raçã o com o s Órg ã o s do M i n i stér io Púb l ico
do l oca l.

§ 4º Qua lqu er M em b ro d a In st i tu i ção p ode rá r epr e sen t ar ao Ch efe d o M in i st éri o


Púb l ic o M i li tar par a f in s d e in s ta ur a ção de Pro c edim ento Pr epar a t ór i o o u In quér i t o C i vi l d e
âm bi to n ac i ona l.

§ 5 º No ca so de in s ta ura ção s im u l tân ea d e In qué rit o Civ il com o m e sm o obj eto , por
m ai s d e u m M em br o , ou de obj eção, c a ber á à C â m ara de Coo rden a ção e Rev i s ão do Mi n i s tér io
Púb l ic o M i l i t ar co o rd en a r o pr oced im en to o u d e l ibe r ar a re spe i to .

§ 6 º Qu alqu er pe sso a p oder á, d uran te a tr am it açã o d o I nqu éri to, apr es e nt a r


doc um ent o s ou sub síd io s par a a m el hor apur a çã o dos f at o s.

Cap í tu l o IV

Da i n str ução

Art . 16. Par a a in str uçã o do Inq u ér i t o Ci vi l, al ém daqu ela s pr ovi dênc ia s
exp re s s am en te p rev i st as em l ei , o Órg ão of i ci an t e po der á :

I – d e si gnar n os aut o s s erv idor pa r a sec ret ar i á- l o ;

II – co lhe r pr ova s e pr om ov er di l i gênc ia s nec es s ár i a s ao s es cl a re c im e n t os do s fa to s


obj eto d a i nv e st i gaç ão;
II I – de term inar a apr es e ntaç ão pelo re p re sen t a nte ou repr e se n ta do d e d ocum e nto s
re la t ivo s ao s f at o s inve s t igad o s ;

IV – re qui s it a r c er t i dõe s, do cum en tos , inf orm a ções , ex am e s ou p er í c i a s d e Ór gão s


Púb l ic o s e d o cu me n to s e i nfo rm a ç õe s d e ent id ad es pr i vada s ;

V – d e s igna r s erv idor p a ra a pr át i c a d e d il i gên cia s ou ato s n ece s sár ios à a pur açã o
de f ato s.

Par ág r afo ú nico . As re q uis içõe s e so l i c i ta çõ e s de s t i nada s a M ini str o de E s t ad o,


Com an d ant es de Força , M em br o s d o Po der Legi sl at i vo F eder a l e de Tr i bun ai s Sup e rio r e s s e rão
env iada s po r m e i o do Pr o c urad or- G era l da Ju s t iç a M i l i t ar, na for m a da le i .

Art . 17. O I n qué ri to Civ i l Públ ico dev erá se r co nc luí do n o pr azo d e cen to e o i t en t a
di a s, ad m i ti ndo p ror rog ação por i gua l pr azo, à v i st a d a im pr e s c ind ibi l id ade d a re ali zaç ão ou
con clu são de d i l i gên cia s e po r d ec i s ão f und am ent ada de s eu pr es iden t e , dand o- s e c i ênc ia à
Câm ar a d e Coor dena ção e R evi são d o M in i st éri o Púb l i co M i li t ar.

Par ág r afo ún i co. O Pro cedi m en t o Pr epa ra t óri o d ev er á ser conc luí do no p razo d e
nov en t a d ia s, pr or r ogáv el p or i gua l per ío do, por des p ach o fun d am en t ad o do Ór gão o fi c ia n te .

Art . 1 8 . Con c luí do o P roce d im e n to Adm in i st rat ivo Pr ep ara tór io o u o In q uér i t o
Civ il , o Ó rgã o of ici ant e el abor ará r el a t óri o cir cu nst anci ado de :

I - a rq uiva m ent o p or au s ênc i a de prov a s, ou im pr oced ênc ia da d enú nc i a, o u p erd a


do o bjet o i nve s ti g ado ;

II – en cer ra me nto pe la f orm a l iz a çã o d e T er m o d e Com pr om is so, c ont end o aj u st e d a


con du t a às e xig ênc ia l eg ai s;

II I – pr opo s ta d e a j ui za m en to da Aç ão Civ i l Pú bli c a.

Par ág r afo ú ni c o. S e, no cur so do Inqu ér i to C ivi l o u do Pr oced im en to Pr epar a t óri o,


os f a t o s ap ura do s indi c a rem ne ce s sid ad e de i n ve s ti ga ç ão d e obj e to d i vers o do q u e e s ti ver
sen do i nve s ti gado , M e m b ro d o M in is t ér io P úbl ico pode rá ad i t ar a Po rt ar i a i n ic i al ou
det erm inar a ex t ra ç ão d e pe ça s p ar a i n st au r aç ão de ou t ro I n qu ér i to Civ i l ou P r oced im en to,
re sp ei t a da s a s n or m a s r e l at i va s à div is ão de atr i b uiçõ e s.

Art . 19. Na hi pó t e se de d ec i são d e arqu iva m ento do I nqu ér i to Ci vi l o u d o


Pro ced im en t o Pr epa ra t ó r io i ns t aur ado m edi ant e Rep re s en t a ção , o M e m bro o f i c ia nt e
det erm inar á a int im a ç ã o do R epr e sen tan t e, c o ncede ndo- se- lh e o p r azo de d ez d ia s p ar a
re corr er d a de ci s ão.

§ 1 º F i ndo e s se pr a zo , c o m ou s e m r ecur so, os aut o s ser ão r em e t ido s à C âm ar a d e


Coor den ação e Rev i s ão, q ue dev er á s e pro nunc i ar ace r ca do arqu iv a m e nt o no pra zo de t r i nt a
di a s, co n ta do s d a dat a d e rec ebi m ento .
§ 2º D eixa ndo a Câ m a r a de Coord ena ç ão e Rev i são de ho m olog ar a de c i sã o d e
ar quiv am ent o, o u ac olh e nd o o r e cu rso da p art e i nt ere s sad a , o s au to s ser ão r e st it u íd o s à or ig e m
par a c um pri m ent o d a de li ber ação , no s te r m os d o s §§ 3º e 4º d o a rt. 5º d a Re solu ção 6, d e 10
de n ovem b ro d e 1993 . (Texto alterado pela Resolução nº 109/CSMPM)

Art . 20 . A s i nve s t ig açõ e s e m Pro cedi m ent o a rqu ivad o so m en t e pod erã o s er r ein ic iada s
di ant e da h ipót es e de no v os e lem ento s ou p rov as .

Art . 21 . O M in is t ér io P úb lic o Mi li tar p od er á a t uar em li ti scon sór c io f a cul t a t iv o com


Órg ão s dos d em ai s Ram o s co ngên e re s da Uni ã o e dos Es ta do s, s em pr e q ue oc orr er c um u l aç ão
de a tr ibui çõe s e d e in t er es se s a p rot eger .

Par ág r afo ú nic o . A Por t ar ia co rr e sp onde n t e ser á la vr a da em c onju nto p e lo s


li t i scon sor t es .

Art . 22. Ap li ca- se ao I nq uér ito Civ il o pri n cí pi o da p ub l i ci da d e do s at o s, c om


exc eç ã o da s h ipót es e s em que h aj a s igi lo l eg a l ou em qu e e la p os s a acar r e tar p r ej u í zo à s
in ve st ig açõ e s, ca so s e m que a de c re t aç ão do si g i lo d ever á se r m o t iv a da.

§ 1º No s r equ e r im e n to s de obt en ção de c ert id õe s ou ex tra ção de có p ia do s aut o s, o s


in ter es s ados deve r ão e sc lar e cer o s f ins e a s r az õ es d o p ed ido, n os t er m o s da Lei n º. 9 .051 /95.

§ 2º A pu b li ci dad e con si st ir á :

I – na d i vulg açã o ofi c i al, com ex clu sivo f im de co nhe c im en to púb li c o, m edi ant e
pub lic ação d e ex tr a to s n a im pr ens a ofi ci al ;

II – na divu lgaç ão no sí t io el e trô n ic o do M in i st éri o Pú b li co M i l i ta r, d e la dev end o


con s ta r a s po r tar ia s de i n st aur aç ão e ext r a to s d o s a to s de co nclu são ;

II I – na ex pedi ção d e ce r ti dão e na ext raç ão de có pia s sobr e os f ato s in ves tig ado s ,
m edi an t e r e quer im en to f un dam ent ado e por def er i m ento do pr e si d en t e d o In quér i t o Civ il ;

IV – n a pr es ta ç ão de in f orm aç õe s ao púb l i c o e m gera l, a cr it é rio do p re s id ent e d o


In quér ito Civ il ;

V – na c once s são d e v i s t a s do s au t os , m ed ian te re qu e rim e nto f und am ent ado d o


in ter es s ado ou de s e u pr o cur ador leg alm en te co nst it u íd o e por def eri m e nt o to ta l o u par cia l do
pr es i dent e do I nqu éri to Ci v i l .

§ 3 º As d e sp e sa s deco rr ente s da ext ra ção d e có pia s co rre r ão por con ta de q uem a s


re quer eu.

§ 4º A r es t ri ção à p u bl ic i dade dev erá s er d ecr e ta da em d ec i são m otiv ad a , em


at enç ã o ao i n te r es s e p úb li co, e poder á se r , co n fo rm e o c a so, l im i tad a a de ter m ina da s p e s s oa s,
pr ovas, i nfo rm a çõ e s, d a dos, p e río d o s ou f a se s, c es sando q u and o ex t int a a c au s a que a
m ot iv ou .
§ 5º O s docu m ento s r esg u ard ado s por sig ilo lega l de ver ão se r au tuad o s e m ap en so.

Cap í tu l o V

Do Ter m o de Aj us t am e nt o de Con d ut a

Art . 23 . O M ini s t ér io Públ ico M i l i tar po d er á fir m ar Ter m o d e Aju s tam e n to d e


Cond ut a com o r e sp on s á v el p el a l es ão ou am eaç a de l e são ao s d ir e i to s e in t er e s se s d e que tr at a
o ar tig o 1º, v i sa ndo a r e pa raçã o do dano , a a d eq uaçã o da cond u ta a nt e a s exi g ênc i a s lega i s o u
nor m at iva s e a co m p en s açã o e /o u in deni zaç ão p elo s dano s i rre cup e ráve i s .

Par ág r afo ún ico . O T erm o d e A ju st a m en t o de Cond u t a, com o c ondi ção d e


su spen são ou ext in ç ão d e I nqu éri to Civ il , com e f icá c ia d e t í tu l o e x ecu t i vo extr a j udi cia l, s er á
obr iga tor iam ent e red u zi d o a t e rm o , c on t endo :

I – n om e e q ual ifi caç ão d os in ter es s ado s ;

II – de scr i ção suc int a do f ato inv e st iga do ;

II I – f undam ento l ega l a utor i z a ti vo, p ra zo d e c um pr im en to, ope r ac i ona liz ação d o
aj u st e , com i naç ão de p e n alid ade e fi sc a l i za çã o.

§ 1 º A af eri ç ão do cu m pr im en to do Te r m o d e Aj u s te d e Con du t a o corr erá no s


pr ópri os a uto s do Pr o ce d im e nto Pr ep ara tór io o u do I nqu éri to Ci v il .

§ 2º O Órg ã o do M in i st éri o Públ ico M i l i t ar , se f or o ca so, pode rá d e pre car a ou tr o


Órg ão do M in i st é rio P ú b lico a r ea l iz a ção d e di lig ênc ia s nec e s sár ia s pa ra a ver ifi caç ão do
cum p rim ento do T A C, e n vian do a s cóp ia s n ece s sár ia s à r e al iza ção do a t o requ er i do, a s qua is
ser ão a utu ada s no d e s ti n o c om o “ Ca r ta Pr e ca t óri a de a com pa nh a me nto d e TA C” .

Art . 24 . Qu ando o Órgã o o fic ian te r e put ar inef i c az p ara r e st au r ar a o rd e m jur íd i c a


o T e rm o d e Com pr om i s so de Aj u s t am en to d e Con du t a por e l e ce l e brad o ou por m em bro
di ver so, ou quan do surg ire m fa to s novo s m od ifi can do s igni f i c at iva m en t e as si tua çõe s fát ic a ou
ju ríd ica , d ever á in dic ar em des p ac ho fun dam en tad o os d e fe i to s im pu ta d os ao in s tr um en to, a s
m edi da s que co n s ider a n e ce s sári as p ara saná - l o s, be m co m o a prop os t a re tif ica do r a do TA C,
ou a su a a nu l aç ão .

§ 1 º Haven do d iv ergê nci a qu anto à s it u açã o co nt i da no cap u t, a ma t ér i a ser á


sub m e ti d a à d el i ber a ção da Câm a ra d e Co orde n aç ão e Rev i s ã o , qu e h om olo gará a anu l a çã o, a
re tif ic ação o u a r ati fi c a ç ão do i n s tru m en t o.

§ 2 A C âm ar a d e Co ord enaç ão e R e vi s ão d ev er á s e m ani fe s tar no pr a z o d e 30 ( t ri nta )


di a s, co n ta do d a di s t ri bu i ção d o fe i t o ao R e l at or.

§ 3º O a d it am en to d a s d ispo s i çõe s do T A C j á c eleb rad o que n ão i m pl ique anu laç ão,


sup re s são o u m odi f ic a ç ão sub s ta nc i a l da ( s) clá usul a( s ) co n st ant e (s ) do a ju s t e, ou aind a que
pr om ova a in ser ç ão d e no va s di spo si ç õe s r e lac iona d as ao ob jet o pri nc i pal , de ve r á ser
pr om ovi do se m m aior es for m al idad e s, d e sd e q ue c onte m com a a nuên ci a do Com p ro m i t en t e.

Cap í tu l o VI

Di s po s içõe s G era is

Art . 2 5 . O s aut o s de Inq uéri to Ci vi l e de Pr oc e d im e nto Pr epa ra t ór io fi ca m su jei to s


à at iv id a de co rre c io na l da Co r reg edor ia d o M in i st éri o Púb li co M i li t ar.

Art . 2 6 . F in do o In qué r it o Ci v il s em sol u ção f av oráv e l à de fe sa do s b ens a c arg o


do M in i s tér io Púb li co M il it ar, dev erá o Ór gão o fic ian te ado tar p ro vidê nc i a s qua n to à
pr om oção da Aç ão Civ il .

Art . 27. A jui z ad a a Aç ã o C iv i l Púb li c a, o se t or de a po i o pr ov i den c iar á a cr iaç ão d a


pas ta e sp ec í f ic a e o r eg i st ro no si s t em a d e co n tr o le de f e i to s , b em co m o o r egi s t ro do nú m ero
fo rnec ido p elo ó rg ão j ud i ci á rio e o dev id o a co m panh am en t o.

Art . 28 . Ob t ida s ente n ç a fa vorá v el , d e verá o Ó rg ão do M i ni st ér io Púb l ic o, a s si m


que tra n s i tad a em j u lg ad o, a dota r pr o vi d ênc i a s n o s en t ido d a su a exe cuç ã o.

Art . 29 . O s a t o s e p e ç a s d o s proc edi m ent o s de que tr at am e st a Re s ol ução sã o


púb lic o s, s alv o d i spo s iç ão leg al em con trá r i o ou p or ra zõe s d e i n te r es s e públ ico.

Par ág r afo ú n ic o. A pub l ic id a de co n s i s ti rá :

I – na exp ediç ão de cert idã o, a p ed ido do int er e s sad o , d e s e u a dvog ado o u


pr ocur ador , do Po der Jud i ci ár io, de ou t ro Ó rgão do M i n is tér io Pú bl ico ou de ter c ei ro
di ret am en te i nte re s s ado ;

II – na conc e s s ão de vis ta do s au tos, n a fo r m a da s nor m a s in ter na s do M PM ,


m edi an t e re qu e ri me nto f un dam en t ad o à s pe s so a s r efer id a s no inc iso I, r e s salv ada s a s hip ó te se s
de s ig i lo l ega l;

II I – n a ex t raç ão de có p ia s , n a for m a da s no r m as int ern a s do em v i g or , m edi ante


re quer im en to f unda m en t ado, a expe n sa s do r equ ere nt e e som e nte à s pe s s oas r efe r id a s no inc iso
I, r e ss alv ada s a s h ipót e s es d e sig ilo leg a l;

IV – na divu lg aç ão e m pub l i caç ã o o f i c ia l, co n form e es tab e le cid o em l e i ou a t o


re gula m ent ar e spe cíf ico .

Art . 30. S e n o cur so do I nqu érit o Civ il , ou de q ual quer inv es t ig a ção d o M ini st éri o
Púb l ic o, fo r v erif ic ad a a oc orr ênc ia de in fra ç ão pena l, s er ã o ex t raí d as c ó pia s par a qu e o Órgão
com p et e nte adot e a s pro v idê nc i a s c abív e i s.
Art . 31 . Cada un ida d e i nst it u ci ona l m a nte r á con tro le atu al i zado do and a m en to d e s eu s
In quér ito s Civ is, o q u al se rá r em e tid o, anua lm e nte, à Câ m ara d e Coor d ena ção e R evi são, pa r a
fi ns e sta tí s ti co s e de c o n h ecim e nto .

Art . 32. A Câ m ar a de Coor d ena ç ão e Rev is ã o, de ntr o de su a re sp e ctiv a ár ea d e


at uaç ã o, se rá r espo n s á v el p el o s c ontr o l e s e s ta tí st i co s do s Pro cedi m ento s Adm i n i str ati vo s , do s
In quér ito s Civ is, da s Aç ões p r opo s ta s, e a in d a d os Aj u st am en tos de Con dut a, R ecom e nd aç õe s,
Audi ên c ia s Pú bl i c as e Arq uiv a m ent o s pro m o vi dos p el o s M em br o s do M ini s t ér i o Púb l i co
M il it ar.

Art . 33. A pr e s en te Re sol u ção apl ic a-s e ao s Pr oced im en to s e I nqu ér i to s C iv i s em


cur so, c ont ando - se o s pr azos nel a re f er ido s a pa r t ir d a da ta de su a p ubl ic a ção.

Art . 34 - E st a Re sol u ç ão entr a em v ig or n a d ata d e sua publ ic ação , revo gand o a s


di spo s içõ e s e m con t rár i o .

Dr. Jaime de Cassio Miranda


Procurador-Geral de Justiça Militar
Presidente

Dr. Roberto Coutinho Dr. Edmar Jorge de Almeida Dr. Alexandre Concesi
Vice-Procurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheiro-Relator Conselheiro

Dra. Arilma Cunha da Silva Dr. José Garcia de Freitas Junior Dra. Herminia Celia Raymundo
Subprocuradora-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocuradora-Geral de Justiça Militar
Conselheira Conselheiro Conselheira

Dr. Giovanni Rattacaso Dr. Clauro Roberto de Bortolli Dr. Cezar Luís Rangel Coutinho
Corregedor-Geral do MPM Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheiro Conselheiro
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
Ministério Público Militar
Conselho Superior

RESOLUÇÃO Nº 101/CSMPM, de 26 de setembro de 2018.


(Alterada pelas Resoluções 104/CSMPM, de 8 de maio de 2019,
108/CSMPM, de 11 de dezembro de 2019, 109/CSMPM, de 26 de maio de 2020 e
115/CSMPM, de 29 de outubro de 2020.)

Regul amenta o P roce dimento I nvest igat óri o


Cri mi nal – P I C, no M inis téri o P úb lico Mi lit ar.

O CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, no uso das


atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 131, inciso I, da Lei Complementar nº 75/93, de 20 de maio de 1993,
considerando o contido na Resolução CNMP nº 181, de 7 de agosto de 2017, alterada pela Resolução CNMP nº 183,
de 24 de janeiro de 2018, que dispõe sobre a instauração e a tramitação do Procedimento Investigatório Criminal a
cargo do Ministério Público, e considerando a necessidade da adequação das normas do Ministério Público Militar às
disposições do Conselho Nacional do Ministério Público, RESOLVE expedir a seguinte Resolução:

Capítulo I

Da Definição e Finalidade

Art. 1º O Procedimento Investigatório Criminal – PIC é instrumento sumário e desburocratizado de natureza


administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público Militar, e terá como
finalidade apurar a ocorrência de crimes militares, servindo de embasamento para o juízo de propositura, ou não, da
respectiva ação penal.

Parágrafo único. O Procedimento Investigatório Criminal não é condição de procedibilidade ou pressuposto


processual para o ajuizamento de ação penal e não exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros
órgãos legitimados da Administração Pública.

Capítulo II

Da Instauração

Art. 2º Em poder de quaisquer peças de informação, versando sobre matéria criminal militar, o membro do Ministério
Público Militar poderá:

I – autuá-las como Notícia de Fato, quando não presentes informações imprescindíveis para deliberação sobre as
hipóteses constantes dos incisos II a IV deste artigo, ou quando se tratar de hipótese de arquivamento de plano;

II – instaurar Procedimento Investigatório Criminal;


III – requisitar a instauração de inquérito policial militar, indicando, sempre que possível, as diligências necessárias à
elucidação dos fatos, sem prejuízo daquelas que vierem a ser realizadas por iniciativa da autoridade de polícia
judiciária militar.

IV – promover a ação penal cabível;

§1º No caso do inciso I, 1ª parte, o membro do Ministério Público poderá colher as informações preliminares
imprescindíveis para deliberação sobre as hipóteses constantes dos incisos II a IV deste artigo, no prazo de até 30
(trinta) dias, prorrogado uma vez, fundamentadamente, por até 90 (noventa) dias, sendo vedada a expedição de
requisições.

§2º – Ocorrerá arquivamento das peças de informação, autuadas como Notícia de Fato, quando:

a) o fato narrado não configurar lesão ou ameaça de lesão aos interesses ou direitos tutelados pelo Ministério Público
Militar;

b) o fato narrado já tiver sido objeto de investigação ou de ação judicial ou já se encontrar solucionado;

c) a lesão ao bem jurídico tutelado for manifestamente insignificante, nos termos de jurisprudência consolidada ou
orientação da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Militar;

d) for desprovida de elementos de prova ou de informação mínimos para o início de uma apuração e o noticiante não
atender à intimação para complementá-la;

e) for incompreensível.

Art. 3º O Procedimento Investigatório Criminal poderá ser instaurado de ofício por membro do Ministério Público
Militar, no âmbito de suas atribuições, ao tomar conhecimento da prática de crime militar, por qualquer meio, ainda
que informal, ou mediante provocação.

§1º O procedimento deverá tramitar no MP-Virtual, e a comunicação de seus atos e transmissão de suas peças dar-se-
ão, preferencialmente, por meio eletrônico.

§2º No caso de instauração de ofício, o Procedimento Investigatório Criminal será distribuído livremente entre os
membros da instituição, incluído aquele que determinou a sua instauração, observados os critérios fixados pelo
Conselho Superior do Ministério Público Militar.

§3º No caso de conversão de Notícia de Fato em Procedimento Investigatório Criminal, a distribuição se dará por
vinculação ao ofício ao qual distribuída, originalmente, a Notícia de Fato.

Art. 4º O Procedimento Investigatório Criminal será instaurado por Portaria fundamentada, devidamente registrada e
autuada, com a indicação dos fatos a serem investigados e deverá conter, sempre que possível, o nome e a
qualificação do autor da representação e a determinação das diligências iniciais, e a designação do Secretário.

§1º Se, durante a instrução do Procedimento Investigatório Criminal, for constatada a necessidade de investigação de
outros fatos, o membro do Ministério Público Militar poderá aditar a portaria inicial ou determinar a extração de
peças para instauração de outro Procedimento Investigatório Criminal, o qual será distribuído nos termos do § 2º do
art. 3º. (Texto alterado pela Resolução nº 104/CSMPM)
§2º Da instauração do Procedimento Investigatório Criminal far-se-á comunicação imediata ao Procurador-Geral de
Justiça Militar ou ao órgão a quem incumbir por delegação nos termos da lei. (Texto revogado pela Resolução nº
104/CSMPM)

Art. 5º Quando se tratar de fato cuja competência originária para processamento e julgamento seja do Superior
Tribunal Militar, a iniciativa de instauração do Procedimento de Investigação Criminal caberá ao Procurador-Geral de
Justiça Militar, que poderá designar um Subprocurador-Geral para presidi-lo.

Parágrafo único. Se no curso de Procedimento de Investigação Criminal instaurado em 1ª Instância surgirem indícios
da prática de fatos cuja competência originária para processamento e julgamento seja do Superior Tribunal Militar, o
Procurador-Geral de Justiça Militar será comunicado, para deliberação a respeito.

Capítulo III

Das investigações conjuntas

Art. 6º O Procedimento Investigatório Criminal poderá ser instaurado de forma conjunta, por meio de força tarefa ou
por grupo de atuação especial composto por membros do Ministério Público Militar, cabendo sua presidência àquele
que o ato de instauração designar.

§1º Poderá também ser instaurado Procedimento Investigatório Criminal, por meio de atuação conjunta entre
Ministérios Públicos dos Estados, da União e de outros países.

§2º O arquivamento do procedimento investigatório será objeto de controle e revisão pela Câmara de Coordenação e
Revisão, cuja apreciação, nos casos do §1º do presente artigo, se limitará ao âmbito de atribuição do Ministério
Público Militar.

Capítulo IV

Da Instrução

Art. 7º O membro do Ministério Público Militar, observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e sem
prejuízo de outras providências inerentes a sua atribuição funcional, poderá:

I – fazer ou determinar vistorias, inspeções e quaisquer outras diligências, inclusive em organizações militares;

II – requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades civis e militares, órgãos e entidades da
Administração Militar e Administração Pública direta e indireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;

III – requisitar informações e documentos de entidades privadas, inclusive de natureza cadastral;

IV – notificar testemunhas e vítimas, e requisitar sua condução coercitiva, nos casos de ausência injustificada,
ressalvadas as prerrogativas legais;

V – acompanhar buscas e apreensões deferidas pela autoridade judiciária;


VI – acompanhar cumprimento de mandados de prisão preventiva ou temporária deferidas pela autoridade judiciária;

VII – expedir notificações e intimações necessárias;

VIII – realizar oitivas para colheita de informações e esclarecimentos;

IX – ter acesso incondicional a qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço de relevância
pública;

X – requisitar auxílio de força policial.

§1º Nenhuma autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de função pública poderá opor ao
Ministério Público Militar, sob qualquer pretexto, a exceção de sigilo, sem prejuízo da subsistência do caráter sigiloso
da informação, do registro, do dado ou do documento que lhe seja fornecido, ressalvadas as hipóteses de reserva
constitucional de jurisdição.

§2º As respostas às requisições realizadas pelo Ministério Público Militar deverão ser encaminhadas, sempre que
determinado, em meio informatizado e apresentadas em arquivos que possibilitem a migração de informações para os
autos do processo sem redigitação, em formato com reconhecimento de caracteres.

§3º As requisições do Ministério Público Militar serão feitas fixando-se prazo razoável de até 10 (dez) dias úteis para
atendimento, prorrogável mediante solicitação justificada.

§4º Ressalvadas as hipóteses de urgência, as notificações para comparecimento devem ser efetivadas com
antecedência mínima de 48 horas, respeitadas, em qualquer caso, as prerrogativas legais pertinentes.

§5º A notificação deverá mencionar o fato investigado, salvo na hipótese de decretação de sigilo, e a faculdade do
notificado de se fazer acompanhar por defensor.

§6º O encaminhamento das correspondências, notificações, requisições e intimações do Ministério Público


Militar será efetivado nos seguintes termos:

I – quando tiverem como destinatário o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, membro do


Congresso Nacional, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro de Estado, Ministro de Tribunal
Superior, Ministro do Tribunal de Contas da União ou chefe de missão diplomática de caráter permanente
serão remetidas e levadas a efeito pelo Procurador-Geral da República, após envio pelo Procurador-Geral de
Justiça Militar;

II – quando tiverem como destinatários os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, serão


remetidas e levadas a efeito pelo Procurador-Geral de Justiça Militar. (Texto alterado pela Resolução nº
104/CSMPM)

§7º As autoridades referidas no parágrafo 6º poderão fixar data, hora e local em que puderem ser ouvidas, se for o
caso.

§8º O membro do Ministério Público Militar será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que
requisitar, inclusive nas hipóteses legais de sigilo e de documentos assim classificados.

Art. 8º A colheita de informações e depoimentos deverá ser feita preferencialmente de forma oral, mediante a
gravação audiovisual, com o fim de obter maior fidelidade das informações prestadas.

§1º Somente em casos excepcionais e imprescindíveis deverá ser feita a transcrição dos depoimentos colhidos na fase
investigatória.
§2º O membro do Ministério Público Militar poderá requisitar o cumprimento das diligências de oitiva de
testemunhas ou informantes a servidores da instituição, militares das Forças Armadas, ou a qualquer outro servidor
público que tenha como atribuições fiscalizar atividades cujos ilícitos possam também caracterizar delito.

§3º A requisição referida no parágrafo anterior deverá ser comunicada ao seu destinatário pelo meio mais expedito
possível, e a oitiva deverá ser realizada, sempre que possível, no local em que se encontrar a pessoa a ser ouvida.

§4º O funcionário público, no cumprimento das diligências de que trata este artigo, após a oitiva da testemunha ou
informante, deverá imediatamente elaborar relatório legível, sucinto e objetivo sobre o teor do depoimento, no qual
deverão ser consignados a data e hora aproximada do crime, onde ele foi praticado, as suas circunstâncias, quem o
praticou e os motivos que o levaram a praticar, bem ainda identificadas eventuais vítimas e outras testemunhas do
fato, sendo dispensável a confecção do referido relatório quando o depoimento for colhido mediante gravação
audiovisual.

§5º O Ministério Público Militar, sempre que possível, deverá fornecer formulário para preenchimento pelo servidor
público dos dados objetivos e sucintos que deverão constar do relatório.

§6º O funcionário público que cumpriu a requisição deverá assinar o relatório e, se possível, também o deverá fazer a
testemunha ou informante.

§7º O interrogatório de suspeitos e a oitiva das pessoas referidas nos §§ 6º e 7º do art. 7º deverão necessariamente ser
realizados pelo membro do Ministério Público Militar.

§8º As testemunhas, informantes e suspeitos ouvidos na fase de investigação serão informados do dever de comunicar
ao Ministério Público Militar qualquer mudança de endereço, telefone ou e-mail.

Art. 9º O autor do fato investigado poderá apresentar, querendo, as informações que considerar adequadas, facultado
o acompanhamento por defensor.

§1º O defensor poderá examinar, mesmo sem procuração, autos de procedimento de investigação criminal, findos ou
em andamento, ainda que conclusos ao presidente, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou
digital.

§2º Para os fins do parágrafo anterior, o defensor deverá apresentar procuração, quando decretado o sigilo das
investigações, no todo ou em parte.

§3º O órgão de execução que presidir a investigação velará para que o defensor constituído nos autos assista o
investigado durante a apuração de infrações, de forma a evitar a alegação de nulidade do interrogatório e,
subsequentemente, de todos os elementos probatórios dele decorrentes ou derivados, nos termos da Lei nº 8.906, de 4
de julho de 1994.

§4º O presidente do Procedimento Investigatório Criminal poderá delimitar o acesso do defensor aos elementos de
prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.

Art. 10 As diligências serão documentadas em autos de modo sucinto e circunstanciado.


Art. 11 As inquirições que devam ser realizadas fora dos limites territoriais da unidade em que se realizar a
investigação poderão ser feitas por meio de videoconferência ou ser deprecadas ao respectivo órgão do Ministério
Público local.

§1º Nos casos referidos no caput deste artigo, o membro do Ministério Público Militar poderá optar por realizar
diretamente a inquirição com a prévia ciência ao órgão ministerial local.

§2º A deprecação e a ciência referidas neste artigo poderão ser feitas por qualquer meio hábil de comunicação.

§3º O disposto neste artigo não obsta a requisição de informações, documentos, vistorias, perícias a órgãos ou
organizações militares sediados em localidade diversa daquela em que lotado o membro do Ministério Público
Militar.

Art. 12. A pedido da pessoa interessada, será fornecida comprovação escrita de comparecimento.

Art. 13. O Procedimento Investigatório Criminal deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias, permitidas, por
igual período, prorrogações sucessivas, por decisão fundamentada do membro do Ministério Público Militar
responsável pela sua condução.

Capítulo IV

Da persecução patrimonial

Art. 14. A persecução patrimonial voltada à localização de qualquer benefício derivado ou obtido, direta ou
indiretamente, da infração penal, ou de bens ou valores lícitos equivalentes, com vistas à propositura de medidas
cautelares reais, confisco definitivo e identificação do beneficiário econômico final da conduta, será realizada em
anexo autônomo do Procedimento Investigatório Criminal.

§1º Proposta a ação penal, a instrução do procedimento tratado no caput poderá prosseguir até que ultimadas as
diligências de persecução patrimonial.

§2º Caso a investigação sobre a materialidade e autoria da infração penal já esteja concluída, sem que tenha sido
iniciada a investigação tratada neste capítulo, procedimento investigatório específico poderá ser instaurado com o
objetivo principal de realizar a persecução patrimonial.

Capítulo V

Publicidade

Art. 15. Os atos e peças do Procedimento Investigatório Criminal são públicos, nos termos desta Resolução, salvo
disposição legal em contrário ou por razões de interesse público ou conveniência da investigação.

Parágrafo único. A publicidade consistirá:

I – na expedição de certidão, mediante requerimento do investigado, da vítima ou seu representante legal, do Poder
Judiciário, do Ministério Público ou de terceiro diretamente interessado;
II – no deferimento de pedidos de extração de cópias, com atenção ao disposto no §1º do art. 3º desta Resolução e ao
uso preferencial de meio eletrônico, desde que realizados de forma fundamentada pelas pessoas referidas no inciso I,
pelos seus procuradores com poderes específicos ou por advogado, independentemente de fundamentação, ressalvada
a limitação de acesso aos autos sigilosos a defensor que não possua procuração ou não comprove atuar na defesa do
investigado;

III – no deferimento de pedidos de acesso aos autos, realizados de forma fundamentada pelas pessoas referidas no
inciso I ou pelo defensor do investigado, pelo prazo de 5 (cinco) dias ou outro que assinalar fundamentadamente o
presidente do Procedimento Investigatório Criminal, com atenção à restrição de acesso às diligências cujo sigilo tenha
sido determinado na forma do §4º do art. 9º desta Resolução;

IV – na prestação de informações ao público em geral, a critério do presidente do Procedimento Investigatório


Criminal, observados o princípio da presunção de inocência e as hipóteses legais de sigilo.

Art. 16. O presidente do Procedimento Investigatório Criminal poderá decretar o sigilo das investigações, no todo ou
em parte, por decisão fundamentada, quando a elucidação do fato ou interesse público exigir, garantido o acesso aos
autos ao investigado e ao seu defensor, desde que munido de procuração ou de meios que comprovem atuar na defesa
do investigado, cabendo a ambos preservar o sigilo sob pena de responsabilização.

Paragrafo único. Em caso de pedido da parte interessada para a expedição de certidão a respeito da existência de
Procedimentos Investigatórios Criminais, é vedado fazer constar qualquer referência ou anotação sobre investigação
sigilosa.

Capítulo VI

Do direito das vítimas

Art. 17. O membro do Ministério Público Militar que preside o Procedimento Investigatório Criminal esclarecerá a
vítima sobre seus direitos materiais e processuais, devendo tomar todas as medidas necessárias para a preservação dos
seus direitos, a reparação dos eventuais danos por ela sofridos e a preservação da intimidade, vida privada, honra e
imagem.

§1º O membro do Ministério Público Militar velará pela segurança de vítimas e testemunhas que sofrerem ameaça ou
que, de modo concreto, estejam suscetíveis a sofrer intimidação por parte de acusados, de parentes destes ou pessoas a
seu mando, podendo, inclusive, requisitar proteção policial em seu favor.

§2º O membro do Ministério Público Militar que preside o Procedimento Investigatório Criminal, no curso da
investigação ou mesmo após o ajuizamento da ação penal, deverá providenciar o encaminhamento da vítima ou de
testemunhas, caso presentes os pressupostos legais, para inclusão em Programa de Proteção de Assistência a Vítimas e
a Testemunhas ameaçadas ou em Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados, conforme o caso.

§3º Em caso de medidas de proteção ao investigado, as vítimas e testemunhas, o membro do Ministério Público
Militar observará a tramitação prioritária do feito, bem como providenciará, se o caso, a oitiva antecipada dessas
pessoas ou pedirá a antecipação dessa oitiva em juízo.

§4º O membro do Ministério Público Militar que preside o Procedimento Investigatório Criminal providenciará o
encaminhamento da vítima e outras pessoas atingidas pela prática do fato criminoso apurado à rede de assistência,
para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas
do ofensor ou do Estado.

Capítulo VII

Do acordo de não persecução penal

Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público Militar poderá propor ao investigado acordo de não
persecução penal, nos casos de crimes militares por equiparação, tal como assim considerados por força da Lei nº
13.491/2017, quando, cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, o investigado tiver confessado formal e circunstanciadamente a sua prática, mediante as
seguintes condições, ajustadas cumulativa ou alternativamente: (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo; (Texto revogado pela Resolução nº
115/CSMPM)

II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, indicados pelo Ministério Público Militar como instrumentos,
produto ou proveito do crime (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao
delito, diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público Militar, preferencialmente em
Organização Militar, no caso de investigado militar da ativa; (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45, do Código Penal, a entidade pública ou de
interesse social a ser indicada pelo Ministério Público Militar, devendo a prestação ser destinada preferencialmente
àquelas entidades que tenham como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados
pelo delito, preferencialmente Organização Militar; (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

V – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público Militar, desde que proporcional e compatível com a
infração penal aparentemente praticada. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

§1º Não se admitirá a proposta nos casos em que: (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

I – o dano causado for superior a vinte salários mínimos ou a parâmetro econômico diverso, definido pela Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público Militar (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

II – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença
definitiva; (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

III – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa;
(Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

IV – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida; (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

V – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a prescrição da pretensão punitiva estatal; (Texto
revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

VI – o delito for hediondo ou equiparado; (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

VII – a celebração do acordo não atender ao que seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime;
(Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)
VIII – nos casos de crimes militares previstos no inciso I do art. 9º do CPM, qualquer que seja o agente; (Texto
revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

IX – o autor do delito seja militar da ativa (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

X – mesmo que o autor seja civil, nos casos de coautoria, ou participação, de militar da ativa. (Texto revogado pela
Resolução nº 115/CSMPM)

§2º A confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo serão registrados pelos meios ou recursos de gravação
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, e o investigado deve estar sempre acompanhado de
seu defensor. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

§3º O acordo será formalizado nos autos, com a qualificação completa do investigado e estipulará de modo claro as
suas condições, eventuais valores a serem restituídos e as datas para cumprimento, e será firmado pelo membro do
Ministério Público Militar, pelo investigado e seu defensor. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

§4º Realizado o acordo, a vítima será comunicada por qualquer meio idôneo, e os autos serão submetidos à apreciação
judicial. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

§5º Se o juiz considerar o acordo cabível e as condições adequadas e suficientes, devolverá os autos ao Ministério
Público Militar para sua implementação. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

§6º Se o juiz considerar incabível o acordo, bem como inadequadas ou insuficientes as condições celebradas, fará
remessa dos autos à Câmara de Coordenação e Revisão, que poderá manter o acordo de não persecução, que vinculará
toda a Instituição, ou determinar: (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

I – o oferecimento de denúncia; (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

II – a complementação das investigações; (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

III – a reformulação da proposta de acordo de não persecução, para apreciação pelo investigado; (Texto revogado
pela Resolução nº 115/CSMPM)

§7º É dever do investigado comunicar ao Ministério Público Militar eventual mudança de endereço, número de
telefone ou e-mail, e comprovar mensalmente o cumprimento das condições, independentemente de notificação ou
aviso prévio, devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar imediatamente e de forma
documentada eventual justificativa para o não cumprimento do acordo. (Texto revogado pela Resolução nº
115/CSMPM)

§8º Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo ou não observados os deveres do parágrafo anterior,
no prazo e nas condições estabelecidas, o membro do Ministério Público Militar deverá, se for o caso, imediatamente
oferecer denúncia. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

§9º Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público Militar promoverá o arquivamento da investigação, nos
termos desta Resolução. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

§10 Para aferição da pena mínima cominada ao delito, a que se refere o caput, serão consideradas as causas de
aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

CAPÍTULO VIII DA CONCLUSÃO E DO ARQUIVAMENTO


Art. 19. Se o membro do Ministério Público Militar responsável pelo Procedimento Investigatório Criminal se
convencer da inexistência de fundamento para a propositura de ação penal pública, promoverá o arquivamento dos
autos ou das peças de informação, fazendo-o fundamentadamente.

§1º A promoção de arquivamento será apresentada ao juízo competente, nos moldes do art. 397 do Código de
Processo Penal Militar, ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Militar.

§2º Na hipótese de arquivamento do Procedimento Investigatório Criminal, ou do inquérito policial militar, quando
amparado em acordo de não persecução penal, nos termos do artigo anterior, a promoção de arquivamento será
necessariamente apresentada ao juízo competente, nos moldes do art. 397 do Código de Processo Penal Militar.
(Texto revogado pela Resolução nº 115/CSMPM)

Art. 20. Se houver notícia da existência de novos elementos de informação, poderá o membro do Ministério Público
Militar requerer o desarquivamento dos autos,

CAPÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 21. No Procedimento Investigatório Criminal serão observados os direitos e as garantias individuais consagrados
na Constituição da República Federativa do Brasil, bem como as prerrogativas funcionais do investigado, aplicando-
se, no que couber, as normas do Código de Processo Penal Militar e a legislação especial pertinente.

Art. 22. Os autos dos Procedimentos Investigatórios Criminais ficam sujeitos à atividade correicional da Corregedoria
do Ministério Público Militar.

Art. 23. Ficam revogadas as disposições em contrário, notadamente a Resolução nº 51/CSMPM, de 29 de novembro
de 2006, e suas alterações posteriores.
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
Ministério Público Militar
Conselho Superior

Resolução nº 108/CSMPM, de 11 de dezembro de 2019.

Altera a Resolução nº 101/CSMPM, de 26 de setembro


de 2018, alterada pela Resolução nº 104/CSMPM, de 8
de maio de 2019, que regulamenta o Procedimento In-
vestigatório Criminal – PIC, no Ministério Público Mili-
tar.

O CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, no uso das atri-


buições que lhe confere o inciso I do art. 131 da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993,
RESOLVE:

Art. 1º. Alterar o artigo 18 da Resolução nº 101/CSMPM, que passa a ter a seguinte
redação:

“Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministé-


rio Público Militar poderá propor ao investigado acordo
de não persecução penal, nos casos de crimes militares
por equiparação, tal como assim considerados por força
da Lei nº 13.491/2017, quando, cominada pena mínima
inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa, o investigado
tiver confessado formal e circunstanciadamente a sua
prática, mediante as seguintes condições, ajustadas cu-
mulativa ou alternativamente: (...)”.

Art. 2º. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as
disposições em contrário.

Dr. Jaime de Cassio Miranda


Procurador-Geral de Justiça Militar
Presidente

Dr. Carlos Frederico de Oliveira Pereira Dr. Roberto Coutinho Dr. Edmar Jorge de Almeida
Subprocurador-Geral de Justiça Militar Vice-Procurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheiro Conselheiro

Dr. Alexandre Concesi Dra. Arilma Cunha da Silva Dr. Marcelo Weitzel Rabello de Souza
Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocuradora-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheira Conselheiro

Dr. José Garcia de Freitas Junior Dra. Herminia Celia Raymundo Dr. Giovanni Rattacaso
Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocuradora-Geral de Justiça Militar Corregedor-Geral do MPM
Conselheiro Conselheira Conselheiro

Dr. Cezar Luís Rangel Coutinho Dr. Antônio Pereira Duarte


Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro-Relator Conselheiro
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
Ministério Público Militar
Conselho Superior

Resolução nº 115/CSMPM, de 29 de outubro de 2020.

Altera a Resolução 101/CSMPM,que regulamenta o Procedimento Investigatório Criminal – PIC


no Mininistério Público Militar.

O CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, no uso das


atribuições que lhe confere o inciso I do art. 131 da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de
1993, RESOLVE:

Art. 1º Revogar o art. 18 e o § 2º do art. 19 da Resolução nº 101/CSMPM, de 26 de


setembro de 2018 e suas alterações.

Art. 2º Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as


disposições em contrário.

Antônio Pereira Duarte


Procurador-Geral de Justiça Militar
Presidente

Carlos Frederico de Oliveira Pereira Roberto Coutinho Edmar Jorge de Almeida


Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheiro Conselheiro

Alexandre Concesi Arilma Cunha da Silva José Garcia de Freitas Junior


Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocuradora-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheira Conselheiro-Relator

Herminia Celia Raymundo Giovanni Rattacaso Clauro Roberto de Bortolli


Subprocuradora-Geral de Justiça Militar Corregedor-Geral do MPM Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheira Conselheiro Conselheiro

Cezar Luís Rangel Coutinho Samuel Pereira


Subprocurador-Geral de Justiça Militar Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Conselheiro Conselheiro
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
COMANDO DE PREPARO
PUBLICAÇÃO GRAU DE SIGILO EMISSÃO VALIDADE
NOSDE/PRO/210 OSTENSIVO 30 OUT 2019
PERMANENTE
ASSUNTO
USO PROGRESSIVO DA FORÇA E REGRAS DE ENGAJAMENTO
ANEXO
Não há.
DISTRIBUIÇÃO
Todas as OM do COMAER

1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1.1 OBJETIVO

Orientar os elos do Sistema de Segurança e Defesa do Comando da


Aeronáutica (SISDE) a respeito dos procedimentos para o uso proporcional e progressivo da
força, a fim de contraporem-se a atos hostis contra pessoal, equipamentos, suprimentos e
instalações do COMAER.

1.2 ÂMBITO

Essa Norma aplica-se a todas as OM do COMAER por meio do SISDE.

1.3 RESPONSABILIDADE

A revisão e atualização desta NOSDE são de responsabilidade da Divisão de


Doutrina de Operações Terrestres da Subchefia de Segurança e Defesa.

1.4 CONCEITUAÇÕES

Os termos e expressões empregados nesta Norma têm seu significado


consagrado no vernáculo, no MD33-M-02 “Manual de Abreviaturas, Siglas, Símbolos e
Convenções Cartográficas das Forças Armadas”, no MD35-G-01 “Glossário das Forças
Armadas”, no MCA 10-3 “Manual de Abreviaturas, Siglas e Símbolos da Aeronáutica”, no
MCA 10-4 “Glossário da Aeronáutica” e na NOPREP/LEG/06 “Glossário do Comando de
Preparo”.

2 DISPOSIÇÕES GERAIS

2.1 O militar na atividade de Segurança e Defesa (SEGDEF) recebe do seu Comandante de


OM a autorização para fazer uso da força e, quando age, está fazendo-o em nome dele.

2.2 O militar de serviço de SEGDEF tem o dever de fiscalizar a obediência às leis, ordens e
regulamentos, bem como reprimir a transgressão desses. No cumprimento do seu dever,
poderá fazer uso da força em defesa própria, de terceiros e do patrimônio de interesse do
COMAER, desde que amparado, conforme o item 3 desta NOSDE.

2.3 O uso da força na atividade de SEGDEF é legal e legítimo na medida em que os


militares façam o uso adequado e proporcional da força para a prevenção ou neutralização de
2/10 NOSDE/PRO/210

atos hostis contra a integridade de pessoas ou do patrimônio do COMAER. Esse uso deve ser
entendido como excepcional e nunca deve ultrapassar o nível razoavelmente necessário para
atingir o objetivo de se fazer respeitar as leis, ordens e regulamentos.

2.4 Toda necessidade do uso da força deverá ser analisada, pois o simples fato de usá-la já
pode causar algum dano, podendo este ser físico, psicológico/emocional ou até à imagem da
pessoa ou do COMAER. Desta forma, o uso da força destina-se a prevenir a ocorrência de
um mal maior.

2.5 Todo uso da força deve ser realizado somente depois de esgotadas as possibilidades de
negociação, persuasão e/ou mediação.

2.6 O uso da força deve ser graduado por níveis e proporcional à ameaça, devendo, sempre
que possível, iniciar-se com os níveis mais baixos adequados ao controle da situação vigente.

2.7 O uso exagerado da força é ilegal, causa constrangimento, revolta o público, projeta
negativamente a imagem da atividade de SEGDEF e do COMAER, bem como pode gerar
situações com consequências maiores e incontroláveis.

2.8 Os militares de serviço na atividade de SEGDEF podem ser treinados, equipados e


distribuídos de maneira diferenciada para cada OM, conforme definição da Comissão de
Segurança Orgânica e Defesa (CSOD), permitindo a opção de uso diferenciado da força.
Entre as opções, observa-se a lista abaixo:
a) militares com treinamento para ações de imobilização e defesa pessoal;
b) uso de armas menos letais, como cassetete, dispositivos elétricos
incapacitantes, spray de pimenta, gás lacrimogêneo, munição de borracha,
etc; e
c) uso de armas letais, como o armamento orgânico.

2.9 O emprego da arma de fogo é uma medida extrema. Sempre que um militar efetua um
disparo de arma de fogo, ainda que apenas com o objetivo de dissuadir ou ferir, assume a
possibilidade de causar a morte de alguém. Dessa forma, ela só deve ser utilizada contra
pessoas em casos de legítima defesa própria ou de outrem, contra ameaça iminente de morte
ou grave ferimento.

2.10 Sempre que possível, o militar deve se identificar como tal e avisar, prévia e claramente,
a sua intenção de usar a arma de fogo. Tal ação pode dissuadir o ator hostil a cessar a ameaça,
sendo este o objetivo da atividade de SEGDEF.

2.11 O uso da força letal sempre deve ter a intenção clara de fazer cessar a ameaça à vida do
militar de SEGDEF ou de terceiros e não de matar ou lesionar seriamente o ator hostil. Nesse
uso deverá ser priorizado o seguinte:
a) a segurança do militar de SEGDEF;
b) a segurança de terceiros;
c) a segurança do ator hostil; e
d) a segurança de bens materiais.
NOSDE/PRO/210 3/10

2.12 A omissão do uso do nível de força adequado, quando necessário e dentro dos preceitos
legais, também é maléfica e pode colocar em risco a vida do militar ou de terceiros, bem
como o patrimônio e a imagem do COMAER.

2.13 Os Comandantes, Chefes e Diretores são responsáveis pelo adequado preparo e


manutenção operacional dos militares que concorrem às escalas de serviço. Os Oficiais de
Segurança Orgânica e os Oficiais de Dia devem reforçar as orientações relativas ao
cumprimento da presente norma, por meio, respectivamente, de instrução e brifins para a
Equipe de Serviço.

2.14 É impositivo o estudo deste assunto, seu entendimento e divulgação em todos os


segmentos militares, bem como situações cotidianas, em especial em toda a formação militar,
aperfeiçoamento operacional, treinamento de tiro e preparação de equipes de SEGDEF.

2.15 Esta norma deverá orientar a conduta de quaisquer militares da FAB quando na
execução de Ações de Força Aérea de Autodefesa de Superfície, Polícia da Aeronáutica e
Segurança das Instalações.

2.16 Por ocasião do serviço de SEGDEF, via de regra, não cabe o uso da força letal contra
uma pessoa, baseada na excludente “estado de necessidade”. Porém, podemos identificar a
possibilidade do seu uso contra um animal solto que ameace a integridade de uma pessoa. Se,
durante a ação para evitar um dano, baseado no “estado de necessidade”, o militar tiver sua
vida ameaçada por um ator hostil, poderá fazer o uso da força baseado na “legítima defesa”.

2.17 Por ocasião do serviço de SEGDEF, não cabe o uso da força letal contra uma pessoa,
baseada na excludente “estrito cumprimento do dever legal”. O dever legal de tirar uma vida,
no Brasil, cabe apenas nos casos de conflitos armados. Se, ao cumprir um dever legal, o
militar tiver sua vida ameaçada por um ator hostil, poderá fazer o uso da força baseado na
“legítima defesa”.

2.18 Por ocasião do serviço de SEGDEF, não cabe o uso da força letal contra uma pessoa,
baseada na excludente “exercício regular do direito”. Pelas leis vigentes, ninguém tem o
direito de tirar a vida de outra pessoa. Se, no exercício de um direito legal, o militar tiver sua
vida ameaçada por um ator hostil, poderá fazer o uso da força baseado na “legítima defesa”.

2.19 Conforme prevê o Código Penal, a obediência a ordens superiores não é justificativa
para o uso da força, quando o militar souber que, naquela circunstância, tal uso é
manifestamente ilegal e tiver razoável oportunidade de recusar a cumpri-la.

3 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO USO DA FORÇA

3.1 Os princípios sobre o uso da força têm o objetivo de orientar o militar de serviço de
SEGDEF e em outras missões na tarefa de manutenção e imposição da lei e da ordem, bem
como na proteção dos recursos do COMAER.

3.2 Antes de fazer o uso da força é necessário responder aos seguintes questionamentos:
a) O emprego da força é legal? – Princípio da Legalidade – Deve-se verificar
se o uso da força se enquadra nos preceitos dos Códigos Penal, de Processo
Penal, Penal Militar e de Processo Penal Militar.
4/10 NOSDE/PRO/210

b) A aplicação da força é necessária? – Princípio da Necessidade - Deve-se


verificar se todas as opções foram consideradas e se não existem outros
meios MENOS DANOSOS para atingir o objetivo desejado.
c) O nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de resistência
oferecido? – Princípio da Proporcionalidade – Deve-se verificar se o uso
que se faz da força é proporcional à resistência do suspeito ou transgressor.
Importante ressaltar que esse princípio se restringe ao que o militar possui
para se defender. No caso de ameaça à vida, torna-se proporcional o uso de
um fuzil contra um ator hostil que tenta esfaquear uma sentinela, pois a
sentinela só possuía aquele meio para sua defesa.
d) O uso da força é conveniente? – Princípio da Conveniência – Deve-se
verificar se o local e o momento são adequados ao uso da força, tendo em
vista o risco que pode ocasionar ao público, ao militar de serviço e ao
suspeito ou transgressor.

3.3 Os princípios da Legalidade, Necessidade e Proporcionalidade deverão estar sempre


presentes na atuação dos militares de SEGDEF. Em algumas situações onde o princípio da
Necessidade entre em confronto com o princípio da Conveniência, deverá ser priorizada a
Necessidade.

3.4 Para determinar-se de maneira rápida a legalidade no uso da força letal pode-se utilizar
o Triângulo da Força Letal. Ele é um modelo de tomada de decisão no qual cada lado do
triângulo representa um dos fatores que devem estar presentes para justificar o uso da força
letal:
a) intenção – O agressor deve demonstrar claramente a intenção de causar
grave dano à integridade física de alguém;
b) capacidade – A capacidade física do suspeito de causar dano grave à
integridade física de alguém se caracteriza quando o agente possui o meio
ou a ferramenta para causar o dano. Isto inclui a força física e a habilidade
com artes marciais; e
c) oportunidade – Para que um suspeito tenha oportunidade de causar dano à
integridade física de alguém, ele deve estar a uma distância que lhe permita
causar o dano com os meios de que dispõe, no momento da consecução do
ato.

3.5 Caso um dos elementos acima não esteja presente, o uso da força letal torna-se ilícita.
Por exemplo, o disparo contra um ator hostil que se encontra em fuga com uma arma de fogo
ou dentro de um veículo. Esse ator hostil, NAQUELE MOMENTO, possui a Capacidade
(arma de fogo/veículo), a OPORTUNIDADE (pela distância pode acertar um disparo/pode
acelerar o veículo na direção de alguém), mas NÃO POSSUI A INTENÇÃO, pois busca sua
fuga ao invés da agressão contra alguém.

4 MODELO DE USO PROGRESSIVO DA FORÇA

4.1 O uso progressivo da força é a elevação do nível de resposta a uma ação hostil. Essa
elevação progressiva visa a:
a) priorizar a negociação com o ator hostil, bem como a dissuasão;
NOSDE/PRO/210 5/10

b) responder a ações hostis dentro da legalidade, evitando assim a perda da


razão por parte da equipe de SEGDEF; e
c) controlar as ações de maneira que haja o mínimo dano possível a todos os
envolvidos, inclusive ao ator hostil;

4.2 O modelo abaixo demonstra o uso progressivo da força por ocasião da evolução das
atitudes de um suspeito ou ator hostil.

Tabela 1 - Uso progressivo da força


ATITUDE DO
SUSPEITO/ATOR RESPOSTA DO MILITAR DE SERVIÇO
HOSTIL
- manter a postura alerta, realizando o acompanhamento aproximado.
PRESENÇA
- apresentar ostensivamente os meios e ações destinados a dissuadir ou
FÍSICA
COOPERATIVA intimidar o suspeito.
- utilizar ordens verbais, em volume baixo, a fim de acalmar o suspeito.
- subir o tom de voz progressivamente a níveis adequados para cada
situação, utilizando ordens legais claras.
- informá-lo que está cometendo uma transgressão ou crime e acionar
VERBALMENTE reforço.
RESISTENTE VERBALIZAÇÃO - concitar o ator hostil a não cometer o dano à integridade física de pessoa
ou de material em voz alta e de forma enérgica.
- manter negociação à espera do reforço, isolar o local, fazendo a segurança
360° e de quem negocia com o ator hostil.
- manter-se sempre em condições de obter a vantagem tática, caso o ator
hostil passe a realizar uma ação agressiva.

- verbalizar e empregar técnicas de submissão.


FISICAMENTE - usar cão de guerra para dissuadir (ameaça).
RESISTENTE - usar algemas, spray irritante e bastão/cassetete para imobilização.
CONTROLE
- manter a arma alimentada, destravada e no coldre. Se estiver portando
FÍSICO
arma longa, mantê-la em guarda baixa.
- usar vários militares para imobilizar (evitar militares armados nessa ação e
nunca utilizar militares empunhando armas nessa ação).
- verbalizar e negociar.
- disparar munição de borracha nas pernas.
AGRESSIVA COM
- empregar armas de choque (atentar para militares segurando o ator hostil).
POSSIBILIDADE
USO DE FORÇA - empregar bastão em áreas não vitais.
DE CAUSAR DANO
NÃO-LETAL - empregar cão de guerra para subjugar (ataque).
MATERIAL OU
- usar spray irritante de forma mais agressiva (buscar neutralizar a ameaça).
FÍSICO
- carregar a arma, dependendo da situação.
- acionar a Equipe de Reação.
- verbalizar.
AGRESSIVA COM - se houver tempo, realizar disparo de advertência em direção a local
POSSIBILIDADE USO DE FORÇA seguro.
DE CAUSAR LETAL - atirar, se for o caso, em legítima defesa própria ou de terceiros e realizar
MORTE ações para dirimir os efeitos do tiro e preservar a vida, após neutralizar o
ator hostil.

4.3 Todas as utilizações de armas menos letais deverão seguir os parâmetros previstos para
tal.

4.4 Apesar de indicado no quadro acima, algumas situações em que a pistola deve ser
sacada, carregada e apontada, cabe, contudo, a cada militar a decisão de qual o momento mais
adequado para tal. Essas ações podem ser executadas passo a passo, conforme cada situação e
visam a:
6/10 NOSDE/PRO/210

a) dissuadir o ator hostil a continuar com sua ação adversa ou a passar para um
nível de maior agressividade;
b) aumentar a segurança do militar, a fim de proporcionar um rápido emprego
do armamento em caso de necessidade, mantendo-o sempre em vantagem
tática em relação ao ator hostil. Muitas vezes, não existe a certeza se o ator
hostil possui ou não alguma arma de fogo escondida; e
c) aumentar o tempo de decisão sobre efetuar um tiro ou não, evitando que, em
momento cruciais, se perca tempo para sacar, destravar, carregar e apontar a
arma.

4.5 Os níveis do uso da força acima poderão ser suprimidos de acordo com a necessidade de
reação a cada nível de ação hostil.

4.6 As advertências verbais deverão ser proferidas sempre que a situação permitir. Deverão,
ainda, ser realizadas quantas vezes forem necessárias, tendo como objetivo evitar ao máximo
o uso da força letal.

4.7 A divulgação ampla deste modelo é o segredo para o sucesso de seu emprego. É
obrigatória sua divulgação ostensiva a todos que tiram serviço de SEGDEF. Ele deve constar
nas instruções, brifins de serviço, bem como estar afixado em quadros de avisos nos
alojamentos, locais de reunião, de treinamento e salas de aula.

4.8 Um militar que não conheça o emprego prático deste modelo não está apto a tirar
serviço armado.

5 REGRAS DE ENGAJAMENTO

5.1 As Regras de Engajamento (RE) são normas de conduta que refletem a intenção de
determinada autoridade competente quanto ao uso de força para o cumprimento de uma
missão. As RE devem deixar claro como o militar deve agir nas diversas possibilidades de
atos hostis, dando ao mesmo o entendimento do que deve fazer, evitando interpretações ou
dúvidas.

5.2 As RE na SEGDEF podem ser específicas de cada área ou ponto sensível, desde que
respeitadas aquelas determinadas nesta NOSDE, bem como podem ser afetadas pelo cenário
que envolve determinada instalação. As CSOD devem fazê-las constar no Plano de Segurança
Orgânica e Defesa (PSOD) da(s) OM. As RE diferenciadas para cada posto poderão estar
definidas nas Normas Padrão de Ação (NPA), desde que esteja assim definido nos PSOD.

5.3 Na Força Aérea Componente (FAC), as RE para SEGDEF são baseadas nas ROE
(Rules Of Engagement) estabelecidas pelo Comando Combinado/Conjunto e deverão constar
no anexo de SEGDEF correspondente.

5.4 Nas Operações coordenadas pelo COMAE, as RE específicas para os meios terrestres
poderão constar nos Planos de Operações Aeroespaciais e nas Ordens Operacionais.

5.5 PROCEDIMENTOS EM CASOS DE AGRESSÕES REAIS OU IMINENTES

5.5.1 SITUAÇÃO DE AMEAÇA POTENCIAL


NOSDE/PRO/210 7/10

5.5.1.1 A situação de ameaça potencial é caracterizada pela aproximação de uma pessoa,


aparentemente não autorizada ou em atitude suspeita, de um posto de sentinela, posto de
controle ou força militar.

5.5.1.2 As etapas do procedimento, neste caso, são as seguintes:


a) 1º Passo – tomar uma postura de pronta resposta, manter contato visual
sobre o suspeito e verbalizar para que cumpra a ordem sinalizada ou verbal.
Pode ainda se posicionar de maneira que possua uma melhor proteção.
Comandar, com uma vocalização enérgica, em alto e bom tom, “PARADO,
FORÇA AÉREA! IDENTIFIQUE-SE!”, repetir a ordem duas vezes, se
houver tempo disponível. Conforme cada caso, o militar já poderá, a partir
desse momento, sacar (caso da pistola) e/ou carregar sua arma;
b) 2º Passo – caso o suspeito não obedeça à ordem de parar e identificar-se, e
se houver tempo, procurar uma posição abrigada (se for o caso), manter o
contato visual sobre o suspeito e solicitar reforço (via rádio, ramal, alarme
ou outro meio de comunicação). Voltar a verbalizar: “PARADO, FORÇA
AÉREA! IDENTIFIQUE-SE!”. Conforme cada caso, o militar já deverá
sacar (caso da pistola) e/ou carregar sua arma;
c) 3º Passo – caso o suspeito continue a se aproximar ou tome uma atitude
ameaçadora, o militar poderá apontar a arma e efetuar a seguinte
advertência, em alto e bom tom: “ÚLTIMO AVISO! PARADO, SENÃO
ATIRO!” (esse alerta possui fim dissuasório e deve se observar as próximas
atitudes do suspeito antes de levar o dedo ao gatilho); e
d) 4º Passo – caso o suspeito, mesmo assim, não obedeça à ordem e continue
avançando sobre o militar ou força militar de forma ameaçadora, que
caracterize INTENÇÃO, CAPACIDADE e OPORTUNIDADE, bem
como a possibilidade de causar morte ou grave ferimento, o militar de
serviço poderá fazer uso da força. Toda ação de uso da força deve respeitar
os princípios previstos no item 3 e modelo do item 4.

5.5.1.3 No item acima, caso a sentinela possua algum armamento menos letal e seja adequado
o uso para a situação que se apresente, este deverá obrigatoriamente ser utilizado, desde que
não a exponha a riscos desnecessários.

5.5.1.4 É preciso considerar o tempo necessário ao acatamento da ordem de forma que seja
dada a oportunidade ao suspeito de mudar sua atitude.

5.5.1.5 O disparo sobre o agressor, quando possível, deve buscar impedir que este continue
sua ação hostil, ou seja, busca a neutralização da ameaça, sendo uma possível morte a
decorrência da própria atitude hostil do agressor.

5.5.1.6 O tiro de advertência ou intimidativo, a princípio, não deve ser realizado. Porém, de
acordo com cada situação, cabe ao militar decidir fazê-lo ou não. O militar é o responsável
pelos resultados de um tiro de advertência que venha a trazer efeitos colaterais maiores que os
previamente desejados. Ou seja, um tiro de advertência pode ser realizado, mas não é
obrigatório, por não ter o militar um total controle dos efeitos de um projétil que não possua
um alvo definido. O tiro de advertência, quando realizado para o alto, pode, na sua queda,
ferir ou matar um inocente. O mesmo pode acontecer quando disparado na direção do solo, se
ricochetear em algum objeto de maior resistência. O tiro de advertência possui respaldo legal
8/10 NOSDE/PRO/210

no “estado de necessidade”, desde que não produza efeitos colaterais que inviabilizem tal
enquadramento (o mal evitado com a ação deve ser sempre maior que o mal causado).

5.5.1.7 O emprego da força deve ser proporcional à agressão, ou seja, tão logo cesse a atitude
agressiva por parte do oponente, deve ser cessada a reação da sentinela ou da força militar.

5.5.1.8 Caso a pessoa, em qualquer das etapas descritas acima, fizer alto e mostrar-se
cooperativa, os procedimentos serão os seguintes:
a) 1º Passo - comandar “COLOQUE A ARMA NO CHÃO! AFASTE-SE
DELA TRÊS PASSOS!”, caso o agressor a possua;
b) 2º Passo - comandar “MÃOS SOBRE A CABEÇA! ENTRELACE OS
DEDOS! VIRE-SE DE COSTAS! AJOELHE-SE!”. Dependendo do
caso: “MÃOS SOBRE A CABEÇA! ENTRELACE OS DEDOS! VIRE-
SE DE COSTAS! AJOELHE-SE! DEITE-SE DE BARRIGA PARA
BAIXO! ABRA OS BRAÇOS E AS PERNAS EM FORMA DE “X”!
MANTENHA O ROSTO COLADO NO CHÃO!”;
c) 3º Passo - manter a distância de segurança mínima de três passos da pessoa
e voltar a solicitar reforço. NUNCA a sentinela deverá realizar uma revista
sem a presença de outro militar na segurança; e
d) 4º Passo – a revista, a identificação e a condução da pessoa ao Oficial de
Dia deve ser feita pela Equipe de Reação Rápida ou outros militares que
atendam à ocorrência. A sentinela não deve afastar-se de seu posto.

5.5.1.9 Quando uma pessoa for ferida, ela deve receber assistência médica o mais rápido
possível.

5.5.1.10 Os parentes ou amigos íntimos da pessoa ferida ou presa devem ser notificados o
mais rápido possível.

5.5.1.11 Após o militar ter carregado sua arma, deverá receber assistência de outro militar
para efetuar os procedimentos de retirada do cartucho da câmara e retorno da arma para a
situação de segurança.

5.5.2 SITUAÇÃO DE AMEAÇA REAL

5.5.2.1 Esta situação é caracterizada quando um posto de sentinela ou uma força militar
estiver sofrendo um ataque (agressão atual), com armas de fogo ou não, ou quando este ato
hostil for iminente.

5.5.2.2 Agressão atual é aquela que já está ocorrendo, como exemplo um ator hostil efetuando
disparos contra um militar. Agressão iminente é aquela que tudo leva a crer que irá ocorrer na
sequência, como exemplo um suspeito que esteja sacando uma arma de fogo ou indo na
direção do militar de forma agressiva e com uma faca na mão.

5.5.2.3 Caracterizando-se a intenção, a capacidade e a oportunidade de causar morte ou


grave ferimento ao militar de serviço ou a terceiros, torna-se lícito o emprego da força por
“legítima defesa”.
NOSDE/PRO/210 9/10

6 DISPOSIÇÕES FINAIS

6.1 Esta NOSDE entrará em vigor a partir da data de sua emissão, ficando revogada a
NOSDE PRO-04A, de 14 de julho de 2011.

6.2 As sugestões para aperfeiçoamento deste documento deverão ser encaminhadas à


Subchefia de Segurança e Defesa do COMPREP.

6.3 Os casos não previstos no presente documento serão submetidos à apreciação do


Comandante de Preparo.

Ten Brig Ar ANTONIO CARLOS EGITO DO AMARAL


Comandante de Preparo

ANTONIO CARLOS EGITO Assinado de forma digital por


ANTONIO CARLOS EGITO DO
DO AMARAL:00485001861
AMARAL:00485001861 Dados: 2020.01.20 18:43:26 -03'00'
10/10 NOSDE/PRO/210

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. [Brasília], DF, 1988.

BRASIL. Presidência da República. Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969. Código


Penal Militar, [Brasília], DF, 1969.

BRASIL. Presidência da República. Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969. Código


de Processo Penal Militar, [Brasília], DF, 1969.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica.


Confecção, Controle e Numeração de Publicações: NSCA 5-1. [Rio de Janeiro], 2011.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Gabinete do Comandante da Aeronáutica. Portaria nº


632/GC3, de 9 de maio de 2018. BCA, Rio de Janeiro, nº 079, 11 maio 2018.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Estado-Maior da Aeronáutica. Sistema de Segurança e


Defesa no Comando da Aeronáutica: NSCA 205-3. [Brasília], DF, 2019.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Gabinete do Comandante da Aeronáutica. Auto de Prisão


em Flagrante Delito no âmbito do Comando da Aeronáutica: ICA 111-3. [Brasília], 2005.
Ministério Público da União
Ministério Público Militar
Procuradoria de Justiça Militar em Salvador

Ofício nº: 0152/2011 /PJM/BA-JUR


Salvador-BA, 25 de maio de 2011.

Senhor Comandante,

O MPM verificou, nos autos do IPM nº 54/10, que resultou em denúncia contra
militares dessa OM, que houve sérios equívocos no tratamento a presos, em especial,
no caso de apreensão de menores.

Considerando que o Ministério Público Militar, por força dos artigos 129, inciso
VII da Constituição; 9o e 117, inciso II da Lei Complementar 75, é o titular do
Controle Externo da Atividade Policial.

Considerando que o Manual Nacional do Controle Externo da Atividade


Policial destaca a importância do caráter preventivo e educativo da recomendação.

Considerando o disposto no artigo 10 da Lei Complementar n.75 e 5º, LXII da


Constituição.

Considerando o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente e no artigo


227 da Constituição.

Ilmo. Sr.
Comandante do 19º BC
Salvador/BA

PROCURADORIA DE JUSTIÇA MILITAR EM SALVADOR


Av. Luís Viana Filho, 1600 - SMU – Salvador-BA
Tel: 71 3362-6126 Cel:71 8814-3351
O Ministério Público Militar recomenda, na forma do artigo 6o, inciso XX da
Lei Complementar nº 75 que, para o fiel cumprimento da Lei:

1. a apreensão de menores deve seguir os passos bem explicados nos artigos 171 a
179 do Estatuto da Criança e do Adolescente e, em especial, o menor deve ser desde
logo encaminhado à autoridade policial competente que, no caso de Salvador-BA é a
Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI), situada na Rua Agripino Dórea, 26,
Pitangueiras de Brotas, telefone: (71) 244-4363.

2. a apreensão (e evidentemente a prisão de maior de idade que tenha sido preso,


também) deverá ser comunicada ao Ministério Público Militar (telefax: 3362-6126 e
3362-6125), ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e
Juventude ( CAOPJIJ – Tel 3103-6412 ), à 2ª Vara da Infância e Juventude ( Tel 3382-
6505) e à Auditoria da Justiça Militar em Salvador (telefax: 3213-3963).

3. os menores – bem como quaisquer presos e quaisquer pessoas – não devem ser
submetidos a maus tratos, humilhações e constrangimentos, nem a fazer o que a Lei
não manda, ainda que se trate de suposta reparação do dano cometido.

4. afastada a hipótese de flagrante, sempre que houver indícios de participação de


adolescente na prática de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao
representante do Ministério Público Público Militar e ao Ministério Público Estadual
atuante em infância e adolescência, relatório das investigações e demais documentos.

5. o menor a quem se atribua autoria de ato infracional


não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de
veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à
sua integridade física ou mental, sob pena de
responsabilidade

Fixa-se, nos termos do artigo 6o, inciso XX da Lei Complementar n.75 o prazo
de 10 (dez) dias úteis para as providências necessárias e dar conhecimento do
recomendado a todos os militares, sem prejuízo do seu cumprimento imediato, vez que

PROCURADORIA DE JUSTIÇA MILITAR EM SALVADOR


Av. Luís Viana Filho, 1600 - SMU – Salvador-BA
Tel: 71 3362-6126 Cel:71 8814-3351
apenas versa sobre legislação pátria em pleno vigor, cujo descumprimento tem
conseqüências legais várias, informando-se a esta Procuradoria, no endereço abaixo.

Aproveito a oportunidade para colocar-me à disposição no endereço abaixo e


reiterar, junto a V. Sa, protestos de admiração e respeito.

Promotor de Justiça Militar

PROCURADORIA DE JUSTIÇA MILITAR EM SALVADOR


Av. Luís Viana Filho, 1600 - SMU – Salvador-BA
Tel: 71 3362-6126 Cel:71 8814-3351
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
PROCURADORIA-GERAL DA JUSTIÇA MILITAR
Setor de Embaixadas Norte, lote 43 – Brasília/DF – CEP: 70800-400
Telefones: (61) 3255-7309/7310/7311/7312; e-mail: pgjm.gabinete@mpm.gov.br

Ofício nº. 204/2011-GAB/PGJM

Brasília-DF, 31 de maio de 2011.

SENHOR COMANDANTE,

O Ministério Público Militar verificou a necessidade de expedir


recomendação versando sobre o treinamento e os cursos dados a tropas especiais, bem
como os treinamentos especiais destinados às tropas em geral.

O MPM reconhece a necessidade de o treinamento especial para tropas de


elite ser voltado para a situação real e às condições extremas do combate, simulando-as, ou
ao menos, criando uma tensão que sirva para capacitar o militar para as mais difíceis
missões, considerando-se a conhecida máxima: Treinamento difícil:combate fácil.

Reconhece que tais treinamentos, voltados para a prática de atividades de


risco, envolvem riscos e vigor, sendo um treinamento voltado para capacitar pessoas para
situações reais de alto grau de dificuldade.

Reconhece que essas pessoas devem ser treinadas com alto grau de
exigência e que o perigo e os limites do ser humano acabam sendo parte de alguns
treinamentos, como acontece em tropas de todo o mundo e que a instrução especial
brasileira tem destaque em âmbito mundial.

Considerando, no entanto, que não deve ocorrer qualquer negligência


quanto à segurança, justamente pelas condições extremas do treinamento; e que é nessas
situações que ela tem que ser aumentada ao grau máximo, com acompanhamento médico
em tempo integral e com profissionais habilitados ao socorro rápido e eficiente e não só
isso: que esses profissionais médicos estejam autorizados a prestar imediato socorro aos
instruendos, independentemente da avaliação feita por leigos em Medicina, ainda que
no comando ou coordenação.
Considerando que, justamente pela natureza perigosa das instruções, não se
pode ser imprudente, realizando coisas não previstas, criando trotes e maus tratos que não
estejam em planos de disciplinas, currículos e programas; e que tudo que vai ser feito deve
estar definido em plano de sessão que obedeça estritamente a programas de treinamento
testados, comprovados, DETALHADOS e aprovados pelo escalão superior. Ninguém
pode ser imprudente a ponto de submeter um instruendo a exercícios, testes e riscos não
previstos, a ultrapassar o limite suportável pela fisiologia humana, a situações perigosas e
trotes sem qualquer previsão, a título de punir alguém ou para mostrar autoridade ou
extravasar sadismo. Não se pode admitir que se dê tratamento diferenciado para alguns
alunos ou instruendos, submetendo-os a rigores piores que os demais, ainda que eles
tenham demonstrado alguma característica indesejável. Se isto for observado, eles devem
ser colocados "em xeque", como se diz na gíria militar ou desligados por não atingirem os
níveis previstos no exercício ou por problemas disciplinares. Aliás, nos cursos, estágios e
instruções em que há previsão de o aluno ser desligado a pedido, por vontade própria, esta
deve ser atendida tão logo expressada, com a imediata saída de situação.

Considerando que o profissional instrutor que sabe o que é previsto


conhece a maneira como deve ser dada a instrução e não o faz corretamente, está agindo
com imperícia ou com dolo e responderá por crime doloso ou culposo conforme for
apurado em investigação submetida ao controle externo do MPM ou realizada por este.

Considerando que o MP, nos termos do artigo 6º, inciso XX da Lei


Complementar nº 75/93, pode expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços
públicos e de relevância pública, bem como ao respeito aos interesses, direitos e bens cuja
defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis
e que a atuação preventiva visa a evitar futuros problemas e salvar vidas e a incolumidade
física de indivíduos.

Considerando a experiência de fatos reais ocorridos recentemente e no


passado, com mortes e prejuízos físicos e psicológicos como a morte de aluno do NPOR
em Maceió em 2010, a morte de um Bombeiro em treinamento no Lago Paranoá em 2008;
a agressão a recrutas no Rio de Janeiro em 2008 com tapas, choque elétricos, chutes, socos
e golpes com madeira; e a morte de aluno policial militar de Alagoas em treinamento da
Policia Militar de Mato Grosso em 2010, dentre outros casos.

O MPM recomenda:

1) o estabelecimento, pelo escalão competente, de regras rígidas de


segurança e higiene e o uso de equipamentos adequados e pessoal suficiente para
segurança e socorro imediatos - sem prejuízo da dificuldade necessária ao treinamento - a
serem estritamente seguidas por todos e fiscalizada por oficial estritamente destinado a
essa fiscalização;

2) que os planos de disciplinas, currículos e programas que guiam as


instruções especiais devem ser detalhados, elaborados com atividades testadas,
comprovadas, DETALHADAS e aprovadas pelo escalão superior. Os planos de sessão,
isto é, para cada sessão de instrução, devem ser elaborados de forma detalhada e seguindo
estritamente aqueles, e devem ser executados , na prática, da maneira como foram
previstos por escrito;

2
3) que os instrutores, monitores e auxiliares devem receber ordens do
escalão superior, expressas e publicadas, de evitar e punir o castigo físico e o trote,
utilizando apenas corretivos estritamente previstos nos planos do curso e que qualquer
indício de desobediência a estas ordens e aos planos e programa de instrução devem ser
apurados na forma da Lei;

4) que médicos devem estar presentes e autorizados à intervenção sempre


que verificarem perigo à saúde de algum instruendo, não podendo ser impedidos de
atuarem. Deve estar disponível equipamento médico e de transporte adequados ao local, à
situação e ao grau e natureza do perigo a que os instruendos estiverem submetidos.
Evidentemente, poderá ser apurada e punida a conduta do instruendo que tiver
comprovadamente fingido problema de saúde para receber atendimento e/ou sair da
instrução;

5) que nos cursos, estágios e instruções em que houver possibilidade de


desligamento a pedido pelo instruendo, este deve ser prontamente atendido com a
interrupção da participação deste na instrução e

6) que todos os instruendos devem ser submetidos a exigências e testes


semelhantes, sem diferenciações pessoais ou de grupos..

Fica fixado o prazo razoável de 90 dias para a adoção das providências


cabíveis e informação ao MPM, sem prejuízo da apuração e responsabilização, desde já e
na forma da Lei, de casos de abuso que porventura venham a ocorrer.

Aproveito a oportunidade para externar votos de admiração e apreço.

3
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
PROCURADORIA-GERAL DA JUSTIÇA MILITAR

Ofício nº 125 /2008/Gab - PGJM


Brasília – DF, 10 de julho de 2008.

Assunto: Recomendação

Senhor Comandante,

No dia 3 de julho do ano em curso, Membros do Ministério Público


Militar juntamente com a Procuradora-Geral da Justiça Militar participaram da 188ª
Reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana da Secretaria
Especial dos Direitos Humanos.
Nesta reunião foram relatadas supostas condutas praticadas por
militares na condução e prisão de um Sargento do Exército que, se comprovadas,
constituem ilícitos penais e por este fato, são objeto de apuração.
O Ministério Público Militar deve atuar dentro da postura preventiva
de um Ministério Público Contemporâneo: voltado para as parcerias como
instrumentos de grande eficácia para alcançarmos os grandes objetivos sociais.
Diante daquele episódio de grande repercussão na mídia, que gerou
por parte do público dúvidas sobre a atuação do Exército, a Procuradoria-Geral da
Justiça Militar exara a presente Recomendação com o objetivo exclusivo de
aperfeiçoar a atuação da Polícia Judiciária Militar, prevenindo excessos e erros.

Considerando a condição do Ministério Público de defensor da ordem


jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis,

1
consagrada no artigo 127 da Constituição da República, e suas funções e atribuições
institucionais definidas naquele diploma legal e na Lei Complementar nº 75, de 20
de maio de 1993;
Considerando sua condição de titular do controle externo da atividade
policial;
Considerando as observações feitas durante a 188ª Reunião Ordinária
do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana;
Considerando que, até o momento, o único dispositivo que
efetivamente regula o uso de algemas no ordenamento jurídico brasileiro é o artigo
234 do Código de Processo Penal Militar, que dispõe:
Emprego de força
Art. 234 – O emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso
de desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da
parte de terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou
para defesa do executor e auxiliares seus, inclusive a prisão do ofensor. De
tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas.
Emprego de algemas
§ 1º O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo
de fuga ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será
permitido, nos presos a que se refere o art. 242. (grifamos)
Uso de armas
§ 2º O recurso ao uso de armas só se justifica quando absolutamente
necessário para vencer a resistência ou proteger a incolumidade do executor
da prisão ou a de auxiliar seu.

O Ministério Público Militar Recomenda, na forma do artigo 6º,


inciso XX, da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993:

2
1. que só se deve recorrer ao uso de algemas em caso de real
necessidade e nas estritas hipóteses elencadas no § 1º, do artigo
234 do Código de Processo Penal Militar;
2. Em caso de dúvida sobre a real necessidade do uso de algemas em
uma determinada situação, deve-se optar por outras normas de
segurança;
3. que o uso de arma de qualquer natureza contra a integridade física
do preso deve se restringir às hipóteses de legítima defesa própria
ou de terceiros, que se restringe ao uso moderado dos meios
necessários, isto é, quando não há outra forma de defesa,
utilizando-se um meio razoável, apenas para repelir a injusta
agressão atual ou iminente;
4. que o preso deve ter observados os seguintes direitos:
a) a alimentação e vestimenta fornecidas pelo Estado em
condições dignas e equivalentes aos demais presos;
b) a uma ala arejada e higiênica, com local digno para repouso
deitado ou sentado;
c) à visita da família e amigos em dias e horários pré-fixados, de
maneira razoável;
d) de escrever e receber correspondências;
e) a ser chamado pelo nome, sem nenhuma discriminação;
f) à assistência médica;
g) de audiência com o Comandante/Diretor/Chefe da Organização
Militar responsável pela prisão, a fim de expor reclamações sobre
tratamento e violações ao seus direitos;
h) à assistência judiciária e contato com advogado: todo preso
pode conversar em particular com seu advogado e se não puder
contratar um, o Estado tem o dever de lhe fornecer gratuitamente;
i) de se comunicar com seus familiares;
j) a banho diário de sol;

3
k) aos direitos e prerrogativas de cada profissão/ofício,
normalmente constantes da carteira profissional/funcional
correspondente;
l) à assistência religiosa: todo preso, se quiser, pode seguir a
religião que preferir;
m) os presos disciplinares, os submetidos às diversas espécies de
prisão provisória e os definitivamente condenados devem estar
separados.
n) de lhe serem lidos e garantidos seus direitos constitucionais do
artigo 5º, incisos LXI a LIV, antes de responder a quaisquer
perguntas.

5. Os deveres do preso são os mesmos dos demais militares e


constantes da Constituição da República, do Estatuto dos Militares, regulamentos
militares e das demais normas sobre o assunto, sem prejuízo do disposto no item 4
acima.
6. Fixo o prazo de dez dias úteis para que seja dado conhecimento
desta Recomendação a todos os militares no âmbito dessa Força.
Nesta oportunidade, renovo a V.Exª os meus protestos de
consideração, colocando-me à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Procuradora-Geral da Justiça Militar

4
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR


 
PROCURADORIA DE JUSTIÇA MILITAR EM CURITIBA

SECRETARIA DA PROCURADORIA DE JUSTIÇA MILITAR EM


CURITIBA/PR
 
Ata da 2ª Reunião do Colégio da Unidade, em 28 de outubro de 2021.
 
Aos 28  dias do mês de outubro  de 2021, em sessão virtual,
reuniu-se o Colégio da Unidade, presentes a Excelentíssima Procuradora
da Justiça Militar, REJANE BATISTA DE SOUZA BARBOSA, e os
Excelentíssimos Promotores de Justiça Militar, ANDRÉ LUIZ DE SÁ
SANTOS e ALEXANDRE REIS DE CARVALHO. Aberta a reunião às
13h00
 
O Colégio de Procuradores da Procuradoria da Justiça Militar
em Curitiba/PR, por unanimidade, resolve expedir a Recomendação nº
02/2021, com o seguinte texto:
 
Considerando  as atribuições constitucionais e legais dos
Membros do Ministério Público, em específico as previstas nos artigos
127, caput, e 129, incisos II, III, e VI, da Carta Magna; nos artigos 3º e
6º, incisos VII e XX, artigo 7º, incisos I e VII e artigo 9º, I, todos da Lei
Complementar nº 75/93:
 
Considerando que a Magna Carta estabelece ser função
institucional do Ministério Público promover, privativamente, a ação
penal (art. 129, I);
 
Considerando que a Constituição Federal também estabelece
ser função institucional do Ministério Público exercer o controle externo
da atividade policial (art. 129, VII);
 

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 1/8
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

Considerando que o Código de Processo Penal Militar define a


autoridade militar que exerce a atividade de polícia judiciária militar (art.
7º), a qual pode delegar suas atribuições específicas a oficiais da ativa,
para fins especificados e por tempo limitado (art. 7º, § 1º);
 
Considerando a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (“Lei
Maria da Penha”), que criou mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, alterando o Código de Processo
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal, dentre outras
providências;
 
Considerando que o artigo 5º da Lei Maria da Penha define que
violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da
unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida
como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação”;
 
Considerando que o Código de Processo Penal Militar
estabelece que, havendo omissão, é possível que a legislação de processo
penal comum seja aplicada ao caso concreto e sem prejuízo da índole do
processo penal militar (artigo 3º, “a”);
 
Considerando a necessidade de se adotar medidas para orientar
à autoridade policial judiciária militar no sentido de agir conforme o que
determina a Lei Maria da Penha nos casos de crimes de natureza militar
cometidos no contexto de violência familiar e doméstica contra a mulher;
 
Considerando o teor da Recomendação nº 21 – CCR/MPM,
expedida pela Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público
Militar em 03 de setembro de 2021, versando sobre essa temática
específica;
 
Recomenda o Colégio de Procuradores da Procuradoria da
Justiça Militar em Curitiba/PR aos Comandos das Organizações Militares
situadas nos estados do Paraná e Santa Catarina que orientem seus
oficiais subordinados, quando designados para o exercício das funções de
https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 2/8
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

Encarregado de Inquérito Policial Militar ou Presidente de Auto de


Prisão em Flagrante em crimes militares que ensejarem o contexto de
violência familiar e doméstica contra a mulher, sob a configuração típica
prevista no caput do artigo 5º da Lei nº 11.340/2006, acerca da
necessidade de:
 
1 – Observar fielmente o contido nos artigos 10, 10-A, 11, 12 e
seguintes da Lei Maria da Penha, que tratam especificamente do proceder
da autoridade policial, a saber:
 
“Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar
conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais
cabíveis.
 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência
doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado,
ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo
feminino - previamente capacitados.
 
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica
e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de
crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de
violência doméstica e familiar;
 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação
de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato
direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;
 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas
inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e
administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
 

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 3/8
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica


e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á,
preferencialmente, o seguinte procedimento:
 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado
para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à
idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou
testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por
profissional especializado em violência doméstica e familiar designado
pela autoridade judiciária ou policial;
 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou
magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.
 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
providências:
 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando
de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
Instituto Médico Legal;
 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para
abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a
retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
familiar;
 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e
os serviços disponíveis.
 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e
os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o
eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação
https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 4/8
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união


estável.
 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade
policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo
daqueles previstos no Código de Processo Penal:
 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
representação a termo, se apresentada;
 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
do fato e de suas circunstâncias;
 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente
apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas
protetivas de urgência;
 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
 
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos
sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado
de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
 
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse
de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa
informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável
pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);
 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao
juiz e ao Ministério Público.
 
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade
policial e deverá conter:
 
https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 5/8
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

I - qualificação da ofendida e do agressor;


 
II - nome e idade dos dependentes;
 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
solicitadas pela ofendida.
 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com
deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agravamento
de deficiência preexistente.
 
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido
no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos
disponíveis em posse da ofendida.
 
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
 
(…)
 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à
vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de
violência
doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida:
 
I - pela autoridade judicial;
 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede
de comarca; ou
 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca
e não houver delegado disponível no momento da denúncia.
 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o
juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 6/8
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida


aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.”
 
Esta Recomendação entrará em vigor a partir de sua publicação.
Publique-se em Boletim de Serviço e Diário de Justiça.
 
Fixa-se o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data do seu
recebimento, para que as Autoridades Militares se manifestem quanto aos
termos da presente Recomendação.
 
Nada mais havendo a tratar, a senhora Procuradora da Justiça
Militar declarou finda a reunião às 14h20. Para constar, eu, MÁRCIO
JOSÉ MARQUES, lavrei esta ata, que será assinada pelos Membros e
por mim.
 
 
Curitiba/PR, 28 de outubro de 2021.
 
 
REJANE BATISTA DE SOUZA BARBOSA
Procuradora da Justiça Militar
 
 
ANDRÉ LUIZ DE SÁ SANTOS
Promotor de Justiça Militar
 
 
ALEXANDRE REIS DE CARVALHO
Promotor de Justiça Militar
 
 
MÁRCIO JOSÉ MARQUES
Secretário
 
Documento assinado eletronicamente por ANDRE LUIZ DE SÁ SANTOS,
Promotor de Justiça Militar, em 29/10/2021, às 12:48, conforme art. 1º, III, "b",
https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 7/8
08/11/2021 16:12 SEI/PGJM - 0970343 - - Outros

da Lei 11.419/2006.

Documento assinado eletronicamente por REJANE BATISTA DE SOUZA


BARBOSA, Procuradora de Justiça Militar, em 03/11/2021, às 12:54,
conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

Documento assinado eletronicamente por ALEXANDRE REIS DE


CARVALHO, Promotor de Justiça Militar, em 05/11/2021, às 05:53, conforme
art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

Documento assinado eletronicamente por MARCIO JOSE MARQUES,


Secretário de Procuradoria, em 05/11/2021, às 10:52, conforme art. 1º, III, "b",
da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://sei.mpm.mp.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 informando o código
verificador 0970343 e o código CRC 81F74371.

19.03.0004.0000347/2021-38 MPM/PR/CWB/PJM/SEC0970343v4

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=1118094&infra_siste… 8/8
RECOMENDAÇÃO Nº 19 – CCR/MPM, em 25/05/2021:

Tendo em vista o descumprimento frequente das cautelas exigidas pela lei


processual penal militar e comum, quanto à preservação dos locais de crimes e,
especialmente, a apreensão dos objetos que tenham relação com o fato, art. 12, a, b e
d do CPPM e as recentes disposições sobre a cadeia de custódia, art. 158 a 158-F do
Código de Processo Penal (Lei n° 13.964, de 24 de dezembro de 2019, Pacote
Anticrime), RECOMENDA-SE aos órgãos do Ministério Público Militar que adotem
providências acauteladoras julgadas pertinentes, junto aos Comandos das
Organizações Militares, situados em sua área de atribuição, para que orientem aos
seus oficiais subordinados, quando designados para o exercício da função de

Encarregado de Inquérito Policial Militar ou como Presidente de Auto de Prisão em


Flagrante, notadamente no que tange às condutas cuja tipificação encontram
adequação no artigo 290 do Código Penal Militar, acerca da necessidade de:
1 - Ao formalizar o Auto de Prisão em Flagrante ou instruir o Inquérito
Policial Militar pela prática do delito militar de tráfico, posse ou uso de substância
entorpecente ou similar, a autoridade de polícia judiciária militar deverá, de
imediato, confeccionar e juntar o Auto de Apreensão da Substância, descrevendo,
de maneira pormenorizada, a natureza e a quantidade da substância apreendida
(se possível), onde foi encontrada, a forma e as condições de armazenamento,
devendo o auto ser acompanhado de fotografias da substância entorpecente
apreendida, as quais devem ser digitalizadas em cores;
2 - antes de encaminhar a substância entorpecente à autoridade
competente, para análise preliminar, deverá ser acondicionada de forma
adequada, lacrando-se o invólucro. O envio da substância para exame pericial
preliminar deverá ser efetuado por meio de Ofício, no qual deverá constar o
destinatário, a data do encaminhamento, a natureza e a quantidade da substância
apreendida (se possível), bem como o número do lacre aposto em seu invólucro;
3 - elaborar Ficha de Acompanhamento de Vestígio, a qual deverá
conter informações acerca do material apreendido, autoridade militar responsável
pela apreensão, número do lacre, origem e destinatário; as cautelas elencadas
podem e devem ser aplicadas em relação a qualquer objeto ou instrumento do
crime, pois a cadeia de custódia se aplica em relação a qualquer bem apreendido,
sendo que a referência expressa à substância entorpecente, na presente
Recomendação, deve-se ao fato deste delito ser mais frequente o qual tem gerado
dificuldades para a acusação ao longo de todo o Processo nas instâncias recursais.
29/03/2021 SEI/PGJM - 0860466 - - Outros

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
PROCURADORIA DA JUSTIÇA MILITAR EM BAGÉ/RS

RECOMENDAÇÃO Nº 01/2021, DE 29 DE MARÇO DE 2021.

O Ministério Público Militar, por intermédio dos membros atuantes na Procuradoria da Justiça Militar em
Bagé/RS, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, em específico as previstas nos artigos 127,
caput, e 129, incisos II, III, e VI, da Carta Magna; nos artigos 3º e 6º, incisos VII e XX, artigo 7º, incisos I e VII
e artigo 9º, I, todos da Lei Complementar nº 75/93;

Considerando que as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia sob a autoridade suprema do
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, da lei e da ordem, consoante o preconizado pelo artigo 142 da Constituição da República;

Considerando que a Magna Carta estabelece ser função institucional do Ministério Público promover,
privativamente, a ação penal (art. 129, I);

Considerando que a Constituição Federal também estabelece ser função institucional do Ministério Público
exercer o controle externo da atividade policial (art. 129, VII);

Considerando que o Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência no sentido que o Inquérito Policial, que
constitui um dos diversos instrumentos estatais de investigação penal, tem por destinatário precípuo o Ministério
Público (STF, Habeas Corpus no 94.173, Ministro Relator Celso de Mello, julgado em 27/10/2009);

Considerando que o Código de Processo Penal Militar define a autoridade militar que exerce a atividade de
polícia judiciária militar (art. 7o), a qual pode delegar suas atribuições específicas a oficiais da ativa, para fins
especificados e por tempo limitado (art. 7o, § 1º);

Considerando que o Código de Processo Penal Militar estabelece que o preso em flagrante por crime militar
será apresentado ao comandante ou ao oficial de dia, que, na condição de autoridade de polícia judiciária militar,
lavrará o respectivo auto de prisão em flagrante (art. 245);

Considerando que compete à autoridade de polícia judiciária militar apreender os instrumentos e todos os
objetos que tenham relação com o fato (art. 12, CPPM), registrando no auto de apreensão as circunstâncias do
flagrante, descrevendo, de forma pormenorizada, as características do bem apreendido;

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=982438&infra_sistema=1… 1/4
29/03/2021 SEI/PGJM - 0860466 - - Outros

Considerando a promulgação da Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019 (Pacote Anticrime), a qual


promoveu alterações nos artigos 158 a 158-F do Código de Processo Penal, regulamentando o procedimento a
ser adotado pela autoridade policial para preservação da cadeia de custódia nas infrações que deixam vestígios;

Considerando que o Código de Processo Penal Militar estabelece que, havendo omissão, é possível que a
legislação de processo penal comum seja aplicada ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal
militar (art. 3o, a);

Considerando que, dentre as alterações promovidas pela Lei no 13.964/2019 em relação à cadeia de custódia,
destaca-se a previsão legal que o vestígio apreendido deve ser acondicionado em recipiente compatível com a
sua natureza, o qual deve ser selado com lacre, com numeração individualizada, de forma a garantir a
inviolabilidade e idoneidade do vestígio durante o transporte (art. 158-D, § 1º, CPP), o qual somente poderá ser
aberto pelo perito (art. 158-D, § 3º, CPP), devendo, após eventual rompimento do lacre, fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as
informações referentes ao novo lacre utilizado (art. 158-D, § 4º, CPP), acondicionando-se o lacre rompido no
interior do novo recipiente art. 158-D, § 5º, CPP);

Considerando que a diligente Defensoria Pública da União tem arguido nas suas alegações, no exercício do seu
munus público de assegurar a ampla defesa e o contraditório aos seus assistidos (art. 5o, LV, CF), vícios na
cadeia de custódia, nominando tal tese como “Da necessidade de absolvição do acusado em razão da ausência
de prova hábil a demonstrar a materialidade delitiva. Das imprecisões em relação à substância apreendida e à
respectiva quantidade”, sustentando, por exemplo, na Ação Penal no 7000186-70.2018.7.03.0203, Evento 267
(chave de acesso 140918382718), que “não há no IPM o ofício de encaminhamento de substâncias à Polícia
Civil e, menos ainda, informação de que o material foi devidamente selado com lacre de numeração
individualizada”;

Considerando que, na Ação Penal no 7000186-70.2018.7.03.0203, o Conselho Permanente de Justiça para o


Exército entendeu, por unanimidade, em sessão de julgamento realizada em 18 de março de 2021, que a “cadeia
de custódia do material apreendido, assim como a prova pericial, guardam algumas impropriedades que
maculam o grau de certeza necessário sobre a materialidade do delito”, tendo asseverado que “observa-se a
existência de incongruência descritiva, quantitativa e qualitativa entre o material apreendido e o exame pericial
realizado nos autos, de modo a tornar duvidoso e incerto de que o material analisado no laudo definitivo
corresponde ao apreendido, por total falta de higidez na cadeia de custódia”, concluindo que “a prolação do
decreto absolutório se impõe, considerando a dúvida razoável sobre a prova acerca da materialidade do fato”
(Evento 322);

Considerando, por fim, a necessidade de se adotarem medidas padronizadas para orientar à autoridade policial
judiciária militar no sentido de instruir corretamente os procedimentos investigatórios, em especial os Autos de
Prisão em Flagrante e os Inquéritos Policiais Militares, levados a efeito nas Organizações Militares que se
encontram no âmbito da jurisdição da 2ª Auditoria da 3ª Circunscrição Judiciária Militar;

Resolve RECOMENDAR aos Comandos das Organizações Militares situadas em sua área de atribuição que
orientem aos seus oficiais subordinados, quando designados para o exercício da função de Encarregado ou como
Presidente de Auto de Prisão em Flagrante, notadamente em delitos cuja tipificação recaia no artigo 290 do
Código Penal Militar, acerca da necessidade de:

1 - ao formalizar o Auto de Prisão em Flagrante ou instruir o Inquérito Policial Militar pela prática do delito
militar de tráfico, posse ou uso de substância entorpecente ou similar, a autoridade de polícia judiciária militar
deverá, de imediato, confeccionar e juntar o Auto de Apreensão da Substância, descrevendo, de maneira
pormenorizada, a natureza e a quantidade da substância apreendida (se possível), onde foi encontrada, a forma e
as condições de armazenamento, devendo o auto ser acompanhado de fotografias da substância entorpecente
apreendida, as quais devem ser digitalizadas em cores;

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=982438&infra_sistema=1… 2/4
29/03/2021 SEI/PGJM - 0860466 - - Outros

2 - antes de encaminhar a substância entorpecente à autoridade competente para análise preliminar, a substância
deverá ser acondicionada de forma adequada, lacrando-se o invólucro. O envio da substância para exame
pericial preliminar deverá ser efetuado por meio de ofício, no qual deve constar o destinatário, a data do
encaminhamento, a natureza e quantidade da substância apreendida (se possível), bem como o número do lacre
aposto em seu invólucro;

3 – elaborar “Ficha de Acompanhamento de Vestígio”, a qual deve trazer informações acerca do material
apreendido, número do lacre, origem e destinatário, como tem sido feito, desde 2017, por exemplo, pela Escola
de Aperfeiçoamento de Sargento das Armas (Ação Penal no 0000116-03.2017.7.03.0303, Evento 1, Doc. 1, fl.
19),conforme anexo à presente recomendação;

4 – as cautelas acima elencadas podem e devem ser aplicadas em relação a qualquer objeto ou instrumento do
crime apreendido, pois a cadeia de custódia se aplica em relação a qualquer bem apreendido, sendo que a
referência expressa à substância entorpecente na presente Recomendação deve-se ao fato deste delito ser mais
usual.

Fixa-se o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data do seu recebimento, para que a Autoridade Militar se
manifeste quanto aos termos da presente Recomendação.

Bagé/RS, 29 de março de 2021.

DIMORVAN GONÇALVES LEITE


Procurador de Justiça Militar

SOEL ARPINI
Promotor de Justiça Militar

Documento assinado eletronicamente por DIMORVAN GONCALVES LEITE, Procurador de Justiça


Militar, em 29/03/2021, às 11:34, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

Documento assinado eletronicamente por SOEL ARPINI, Promotor de Justiça Militar, em 29/03/2021,
às 12:41, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=982438&infra_sistema=1… 3/4
29/03/2021 SEI/PGJM - 0860466 - - Outros

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://sei.mpm.mp.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 informando o código verificador 0860466 e o
código CRC 39291751.

19.03.0001.0000122/2019-71 MPM/RS/BG/PJM/GAB 2º OF0860466v4

https://sei.mpm.mp.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=982438&infra_sistema=1… 4/4
ANEXO

RECOMENDAÇÃO Nº 01/2021, DE 29 DE MARÇO DE 2021.


MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
PROCURADORIA DA JUSTIÇA MILITAR EM CURITIBA/PR

RECOMENDAÇÃO Nº 01/2014-PJM/CURITIBA/PR, DE 19 DE SETEMBRO DE 2014

Ao Senhor
Comandante do 10º Batalhão de Engenharia de Construção
Lages/SC

O Órgão do MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR abaixo firmado,

CONSIDERANDO o MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR como ramo


do Ministério Público da União (art. 128, inc. I, da Constituição da República
Federativa do Brasil - CFRB - e art. 24 da Lei Complementar nº 75/93) e, em
consequência, sua missão constitucional de promover a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, caput,
da CFRB);

CONSIDERANDO que compete ao Ministério Público Militar


expedir recomendações visando o respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa
lhe caiba promover (art. 129, inc. VI, da CFRB e art. 6º, inc. XX, da LC 75/93);

RESOLVE expedir a presente Recomendação Nº 01/2014-


PJM/Curitiba/PR ao Comando do 10º Batalhão de Engenharia de Construção
(Lages/SC), em face do a seguir explicitado:
RECOMENDAÇÃO Nº 01/2014-PJM/CURITIBA/PR, DE 19 DE SETEMBRO DE 2014.......................................................Pág 2 de 3

Em 19 de agosto de 2014, GUILHERME SILVA VIEIRA, desertor do


10º Batalhão de Engenharia de Construção (Lages/SC), foi preso pela Polícia Militar e
levado à Delegacia de Correia Pinto/SC, pelo suposto cometimento de violência
doméstica contra mulher.

Naquela Delegacia, o detido apresentou-se como militar, e após


confirmada a informação de que se tratava de desertor vinculado ao 10º Batalhão de
Engenharia de Construção, foi para lá encaminhado.

Nessa Organização Militar, o desertor foi logo submetido à inspeção


de saúde, e, tendo sido considerado incapaz para o serviço militar, deixou o Comando
de reinclui-lo às fileiras do Exército.

Dessarte, o Comando da Organização Militar entrou em contato com a


citada Delegacia, no intuito de devolver-lhes o preso.

No entanto, o Delegado de Polícia teria dito que não havia sido


lavrado Auto de Prisão em Flagrante e tampouco instaurado qualquer procedimento
contra aquele indivíduo, pelo que não o receberia novamente.

Diante dessa situação, o Comando do Batalhão houve por bem colocar


o ex-militar em liberdade, sem que houvesse apreciação do Parquet Castrense e
decisão judicial nesse sentido.

Vale salientar que, uma vez solto, o cidadão voltou a cometer agressão
doméstica, tendo sido recolhido, dessa vez, ao Presídio de Lages/SC.

A presente recomendação visa esclarecer que o desertor, ainda que


tido por definitivamente incapaz em inspeção de saúde – isento, portanto, da reinclusão
e do processo criminal - deve permanecer sob custódia até decisão judicial em
sentido contrário, que se dará, via de regra, após manifestação do Ministério
Público Militar.

Não incumbe ao Comando da Organização Militar antecipar, por conta


própria, a liberação do desertor.

No caso ora tratado, seria lícito restituir o preso à Delegacia para onde
havia sido levado inicialmente, local em que permaneceria à disposição da Justiça
Comum e da Justiça Militar.
RECOMENDAÇÃO Nº 01/2014-PJM/CURITIBA/PR, DE 19 DE SETEMBRO DE 2014.......................................................Pág 3 de 3

Contudo, se o Delegado, por razões que não cabe avaliar agora,


recusou-se a receber de volta o cidadão, deveria o Comando tê-lo mantido encarcerado
até o recebimento do competente Alvará de Soltura, que seria expedido pelo Juízo da
5ª CJM tão somente após a apreciação dos documentos que compõem a respectiva
Instrução Provisória de Deserção.

A manutenção da prisão de um civil, em casos tais, tem fundamento


nos artigos 452 e 457, § 2º, ambos do Código de Processo Penal Militar.

Curitiba/PR, 19 de setembro de 2014.

ANDRÉ LUIZ DE SÁ SANTOS


Promotor de Justiça Militar
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR
Procuradoria-Geral da Justiça Militar
Câmara de Coordenação e Revisão

ENUNCIADO Nº 22/2019–CCR/MPM, em 12/11/2019

A alegação de incompetência de Juízo, formulada pelo Ministério Público Militar antes do


oferecimento de denúncia, rejeitada pela Autoridade Judiciária, não se constitui em
matéria cuja discussão esteja afeta à CCR-MPM, devendo ser manejado, para tanto, o
Recurso Inominado de que trata o art. 146 do CPPM. Neste caso, o eventual
improvimento do recurso, pelo Superior Tribunal Militar, com a fixação da competência da
Justiça Militar da União, não é, por si só, causa de impedimento do membro do Ministério
Público Militar que formulou o pedido de incompetência e/ou recorreu da decisão que o
rejeitou.
ENUNCIADO nº 23/ Agosto de 2021 – CCR/MPM

“A manifestação de vontade do interrogado em exercer o direito


constitucional ao silêncio deve ser interpretada à luz do inciso LXIII do
art. 5º da Constituição Federal de 1988 c/c o inciso I do parágrafo único
do art. 15 da Lei 13.869/2019. Diante da manifestação expressa do
interrogado, para o exercício do direito citado, o ato de interrogatório
deverá ser interrompido, de forma imediata, sem mais perguntas ou sua
consignação em ata. Essa formalidade deverá ser observada com o fito
de se evitar futuras nulidades e possível responsabilização do Membro
Ministerial, atendendo-se, também, aos princípios da celeridade
processual e dignidade da pessoa humana”.
INSTRUÇÃO NORMATIVA EMCFA-MD Nº 7, DE 5 DE JULHO
DE 2021

Estabelece procedimentos,
atividades de coordenação e
responsabilidades para a
condução de investigações
de supostas falhas de
conduta de militares
brasileiros, ocorridas durante
a participação em missões
de paz da Organização das
Nações Unidas.

O CHEFE DO ESTADO-MAIOR CONJUNTO DAS FORÇAS


ARMADAS, no uso das atribuições que lhe confere o art. 58, inciso I, do Anexo
I do Decreto nº 9.570, de 20 de novembro de 2018, e considerando o que consta
no Processo Administrativo nº 60250.000209/2020-13, resolve:
Art. 1º Esta Instrução Normativa estabelece os procedimentos,
atividades de coordenação e responsabilidades para a condução de
investigações de supostas falhas de conduta, imputadas a militares brasileiros
que integrem ou participaram de Missões de Paz da Organização das Nações
Unidas (ONU), no exercício de funções como componentes de contingentes ou
de Estado-Maior ou na função de Elementos de Apoio Nacional (National Suport
Element - NSE), bem como de ações decorrentes dessas investigações.
Parágrafo único. O disposto nesta Instrução Normativa visa a orientar
a atuação dos agentes brasileiros na condução das investigações realizadas no
contexto de Missões de Paz da ONU, não afastando a incidência da legislação
penal militar e processual penal militar brasileira.
CAPÍTULO I
CONCEITOS E TERMINOLOGIAS ADOTADAS
Art. 2º Para os fins desta Instrução Normativa, adotar-se-ão os
seguintes conceitos e terminologias:
I - Missões de Paz ou Operações de Paz: instrumento único e
dinâmico desenvolvido pela ONU como uma maneira de ajudar os países
afetados por conflitos a criarem as condições para uma paz duradoura,
abrangendo tanto as Missões de Paz propriamente ditas quanto as Missões
Políticas Especiais que estejam atuando no contexto de manter a paz e a
segurança internacionais sob a égide da Organização;
II - País Contribuinte com Tropa ou com Policial (Troop/Police
Contributing Country - TCC/PCC): país que disponibiliza à ONU uma
determinada capacidade em Força de Paz para ser desdobrada em uma Missão
de Paz em curso ou em uma futura missão;
III - Força de Paz: forças militares e policiais instituídas pelo
TCC/PCC para serem desdobradas em uma Missão de Paz sob a égide da ONU;
IV - falha de conduta: qualquer ato, comissivo ou omissivo, que revele
uma violação das normas de conduta da ONU, das regras e regulamentos
específicos da Missão de Paz ou das obrigações em relação às leis e
regulamentos nacionais e locais do país anfitrião da missão, em conformidade
com o Procedimento Operacional Padrão (Standard Operating Procedure -
SOP), com o Memorando de Entendimento (Memorandum of Understanding -
MOU) estabelecido entre o Brasil e aquela Organização e com o acordo firmado
entre as Nações Unidas e o governo do país anfitrião (Status of Force Agreement
- SOFA), para o emprego de forças multinacionais em cada missão de paz da
ONU;
V - exploração sexual: induzir, promover, facilitar ou praticar qualquer
forma de sobreposição do estado de vulnerabilidade, diferencial de poder ou de
confiança, para fins sexuais, ainda que sem a finalidade de lucrar
monetariamente, socialmente ou politicamente com a exploração sexual de
outrem, também abrangendo a conduta daquele que impede ou dificulta que
alguém a abandone;
VI - abuso sexual: intrusão física ou ameaça de natureza sexual, seja
por força ou em condições desiguais ou coercitivas;
VII - investigação: processo para verificar a existência, perante a
ONU, de suposta falha de conduta imputada a militar brasileiro desdobrado em
uma área de operações ou que tenha participado de uma Missão de Paz,
podendo ser instaurado por meio de consulta daquela organização ou de ofício,
quando da existência de tropa brasileira desdobrada, sendo classificada em dois
tipos:
a) investigação substanciada: quando a ONU conclui que a alegação
foi comprovada por meio de uma investigação; ou
b) investigação não fundamentada: quando a ONU conclui que a
alegação foi refutada por uma investigação ou não há evidências suficientes para
provar a alegação; e
VIII - Oficial de Investigação Nacional (National Investigation Officer -
NIO): representante nacional indicado pelo governo brasileiro à ONU para
agilizar, acompanhar ou conduzir procedimentos administrativos relacionados às
investigações de suposta falha de conduta imputada a militar brasileiro que se
encontra desdobrado na área da missão ou que tenha participado,
anteriormente, de uma Missão de Paz, podendo compor contingentes de tropa
ou ser designado ad hoc, pelo Brasil, para a condução de uma determinada
investigação.
Parágrafo único. A ONU considera falha de conduta grave aquelas
que abrangem a execução de atos considerados como crime, tanto aqueles
relacionados aos ordenamentos jurídicos do país anfitrião ou do Estado-membro
perpetrante do ato, quanto aqueles definidos pelas Nações Unidas, que resultam
ou resultaram em sérias perdas, danos ou ferimentos a um indivíduo ou à própria
Missão de Paz, enquadrando-se ainda nessa gradação os atos de Exploração e
Abuso Sexual (Sexual Exploitation and Abuse - SEA).
CAPÍTULO II
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 3º A presente Instrução Normativa tem embasamento nos
seguintes documentos:
I - Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969, Código Penal
Militar (CPM);
II - Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969, Código de
Processo Penal Militar (CPPM);
III - Manual de Polícia Judiciária, elaborado pela Procuradoria-Geral
de Justiça Militar, com a contribuição do Ministério Público Militar, do Ministério
da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, editado
em junho de 2019;
IV - Instrução Normativa nº 5/EMCFA/MD, de 3 de outubro de 2017,
que aprova as instruções para o uso de Cartões de Bolso e do Folheto Contra
Exploração e Abuso Sexual em Operações de Paz sob a égide das Nações
Unidas;
V - Resolução nº 2.272 do Conselho de Segurança das Nações
Unidas para prevenir e reprimir os casos de SEA no contexto de missões de paz,
aprovado em 11 de março de 2016 (S/Res/2272);
VI - Relatório A/69/779 do Secretário-Geral da ONU sobre Medidas
Especiais para proteção contra exploração e abuso sexual (Special measures
for protection from sexual exploitation and sexual abuse), de 9 de outubro de
2003;
VII - Procedimento Operacional Padrão para implementação de
alterações em conduta e disciplina (Standard Operating Procedure - SOP),
aprovado em conjunto pelos Departamentos de Operações de Manutenção de
Paz (Department of Peacekeeping Operations - DPKO) e de Apoio Operacional
(Department of Field Support - DFS), em 1º de março de 2011;
VIII - Política de responsabilização pela conduta e disciplina nas
missões de paz (Accountability for Conduct and Discipline in the Field Missions),
aprovada em conjunto pelos Departamentos de Assuntos Políticos (Department
of Political Affairs - DPA), DPKO e DFS, em 1º de agosto de 2015;
IX - Política do emprego do Elemento Nacional de Apoio (DPKO/DFS
Policy on National Support Element - NSE), aprovada em conjunto pelos DPKO
e DFS, em 1º de novembro de 2015; e
X - Manual das Nações Unidas para geração e desdobramento de
unidades das forças armadas e policiais para Operações de Manutenção da Paz
(United Nations Manual for Generation and Deployment of Military and Police
Units to Peacekeeping Operations), aprovado em conjunto pelos DPKO e DFS,
em 1º de novembro de 2017.
Art. 4º Na ocorrência de consulta da ONU para a condução da
verificação de suposta falha de conduta imputada a militar brasileiro em uma
Missão de Paz, o governo brasileiro, por intermédio do Ministério da Defesa, com
a interveniência do Escritório do Conselheiro Militar (ECM) da Missão
Permanente do Brasil junto às Nações Unidas (MPBONU), realizará a condução
de investigações por meio de um NIO.
§ 1º A resposta à consulta da ONU, com os dados do NIO, deverá
ser encaminhada no prazo de até dez dias, a contar da data de recebimento do
comunicado oficial pela MPBONU.
§ 2º Deverá ser observado o prazo de até seis meses fixado pela
ONU para a condução e o consequente envio da documentação relativa às
conclusões da investigação.
Art. 5º A investigação de suposta falha de conduta imputada a militar
brasileiro, perante a ONU, será conduzida por meio de sindicância ou Inquérito
Policial Militar (IPM), de acordo com a natureza da suposta falha de conduta
imputada, na forma da legislação brasileira.
Art. 6º A investigação preliminar de supostas falhas de conduta
envolvendo os militares brasileiros nas funções de especialistas em missão
(United Nations Experts on Mission - UNMEM) - Observadores Militares (UN
Military Observers - UNMOs), Oficiais de Ligação (UN Military Liaison Officers -
MLOs), Assessores Militares (UN Military Advisers - MILADs) e Policiais
(Individual Police Officer - IPO) estará a cargo da ONU, à qual caberá a adoção
de eventuais sanções disciplinares no âmbito da Missão de Paz, conforme
normas específicas dessa organização, sem prejuízo de posterior apuração de
responsabilidade criminal pelas autoridades brasileiras.
Parágrafo único. Para as investigações de UNMEM brasileiro, o
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas poderá realizar gestões junto à
ONU, por intermédio do ECM, para acompanhamento do procedimento por parte
de um NIO brasileiro junto àquela organização, não eximindo, com isso, ações
que venham a ser tomadas no âmbito da legislação brasileira.
Art. 7º O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas manterá
coordenação relativa aos aspectos tratados na presente Instrução Normativa
com o ECM para permitir o assessoramento e o apoio às ações deste Ministério,
bem como para propiciar um efetivo acompanhamento do andamento das
investigações e das ações complementares a essas investigações.
Art. 8º Nos casos de suposta falha de conduta que possam constituir
crime militar, a Força Singular encarregada do procedimento investigativo fará o
seu processamento junto à 11ª Circunscrição Judiciária Militar, sediada na
Capital Federal.
CAPÍTULO III
INDICAÇÃO DO OFICIAL DE INVESTIGAÇÃO NACIONAL
Art. 9º Para a condução de investigações de supostas falhas de
conduta, o Brasil poderá considerar as seguintes possibilidades de indicação do
NIO à ONU, no prazo de até dez dias, após consulta e decisão da Força Singular
responsável pelo militar a quem a suposta falha de conduta foi imputada:
I - do efetivo integrante de um contingente de tropa desdobrado no
terreno; ou
II - de um representante dessa própria Força Singular.
Parágrafo único. Nas situações em que o militar a quem a suposta
falha de conduta foi imputada já tenha sido repatriado e não houver um
contingente brasileiro desdobrado, somente caberá a possibilidade de indicação
de um representante da Força Singular sediado no Brasil.
Art. 10. Em função do estabelecido em normas da ONU, o
quantitativo de NIO em cada contingente de tropa brasileira será proporcional ao
efetivo desdobrado, conforme normas expedidas pela ONU, observados os
seguintes critérios:
I - deverão ser indicados pelo menos dois NIO por unidade e natureza
de tropa empregada ou a ser desdobrada quando o efetivo for superior a
trezentos militares;
II - deverá ser indicado um NIO por unidade e natureza de tropa
empregada ou a ser desdobrada quando o efetivo tiver entre cento e cinquenta
e trezentos militares; e
III - deverá ser indicado um NIO para cada fração constituída quando
o efetivo for inferior a cento e cinquenta militares, atuando isoladamente em uma
determinada Missão de Paz.
Art. 11. A Força Singular deve observar os seguintes critérios para a
indicação de NIO em um contingente de tropa:
I - ser oficial intermediário ou oficial superior, preferencialmente com
conhecimento na área jurídica ou bacharel em Direito; e
II - atender ao quantitativo previsto no art. 10 desta Instrução
Normativa, quando integrar um contingente de tropa, considerando-se ainda os
seguintes pontos:
a) deverá pertencer à estrutura da célula de Assuntos Jurídicos ou de
Pessoal (recursos humanos) do contingente brasileiro, caso o efetivo seja
superior a cento e cinquenta militares; e
b) poderá exercer a atividade cumulativamente com outra função
prevista no quadro de cargos da Força de Paz brasileira a que estiver
incorporado.
Parágrafo único. Para a condução da investigação, o NIO deverá
possuir grau hierárquico superior ao militar investigado.
Art. 12. A Força Singular deverá encaminhar ao Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas, com uma antecedência de trinta dias em relação
à data de início do desdobramento da Força de Paz, os seguintes dados de cada
oficial indicado como NIO:
I - posto;
II - nome completo;
III - função prevista no quadro de cargos a ser cumprida na unidade
de Força de Paz; e
IV - endereço de e-mail.
Parágrafo único. As informações previstas neste artigo serão
repassadas para a ONU, por intermédio do ECM.
CAPÍTULO IV
ATRIBUIÇÕES PARA A CONDUÇÃO DE INVESTIGAÇÃO E
AÇÕES DECORRENTES
Art. 13. A abertura de uma investigação de uma suposta falha de
conduta poderá decorrer:
I - por aceitação de consulta da ONU, prevista no art. 4º desta
Instrução Normativa; ou
II - por iniciativa do comandante de contingente brasileiro.
Art. 14. Para a abertura de uma investigação, serão observados os
seguintes procedimentos:
I - quanto às provenientes da ONU, caberá à Força Singular
responsável pelo militar a quem a suposta falha de conduta foi imputada, após
solicitação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, realizada por
intermédio da Subchefia de Operações de Paz da Chefia de Operações Conjunta
(SC-4/CHOC):
a) instaurar o procedimento administrativo, sindicância ou IPM, para
a investigação do caso, dentro do prazo definido pela ONU;
b) designar um NIO como o encarregado desse procedimento, caso
não empregue ou não haja um NIO de contingente brasileiro; e
c) encaminhar ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas os
dados do NIO encarregado da investigação (posto, nome completo, telefones e
endereço de e-mail para contato), para posterior transmissão à ONU, por meio
do ECM; e
II - quanto às de iniciativa do comandante de contingente brasileiro,
a este caberá:
a) instaurar procedimento administrativo, sindicância ou IPM,
destinado à investigação, informando o fato ao Estado-Maior Conjunto das
Forças Armadas e à Força Singular;
b) designar o NIO do contingente para proceder a investigação,
desde que não haja incompatibilidade hierárquica com o investigado e a Força
Singular ratifique essa indicação; e
c) encaminhar ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, via
Força Singular do militar a quem a suposta falha de conduta foi imputada, a cópia
da portaria de instauração do procedimento e os dados da designação do
encarregado (posto, nome completo e endereço de e-mail).
Art. 15. Durante o transcurso da investigação, a Força Singular
responsável pelo militar, a quem a suposta falha de conduta foi imputada, deverá
manter o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas informado de seu
andamento ou dos eventuais óbices para o cumprimento de prazos, inclusive o
fixado pela ONU, assim como de suas necessidades justificadas de solicitação
de interrupção ou prorrogação.
Art. 16. Ao término da investigação e dentro do prazo de remessa
estabelecido pela ONU, a Força Singular ou o comandante de contingente
brasileiro encarregado pela investigação, por intermédio da Força Singular do
perpetrante do fato investigado, deverá encaminhar ao Estado-Maior Conjunto
das Forças Armadas, com os devidos carimbo e rubrica do tradutor encarregado:
I - cópia do relatório, da conclusão e da solução, em português e no
idioma inglês, quando não houver limitante de ordem jurídica; e
II - a capa correspondente ao processo e o formulário de relato de
caso (Case Reporting Document), escrituradas conforme modelo da ONU
encaminhado pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas no início do
processo.
Parágrafo único. A documentação de que trata o caput será analisada
em seu contexto administrativo e processual relacionados à adequação às
exigências normativas da ONU, para posterior encaminhamento àquela
Organização, por meio do ECM.
Art. 17. Para as investigações consideradas substanciadas, a Força
Singular responsável pelo militar a quem a suposta falha de conduta foi imputada
deverá encaminhar ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, para
posterior remessa à ONU, pelos canais oficiais de ligação:
I - o resultado das ações tomadas nas esferas administrativa,
disciplinar ou judicial relativas ao militar perpetrante do fato investigado; e
II - a atualização dos dados constantes do formulário de relato de
caso (Case Reporting Document).
Parágrafo único. Caso o resultado da sindicância empregada na
investigação aponte para a necessidade de instauração de Inquérito Policial
Militar (IPM), a portaria de instauração deverá ser expedida pela Força Singular
do indiciado, devendo o encarregado ser oficial sediado no Brasil caso o
indiciado já tenha sido repatriado e não houver um contingente brasileiro
desdobrado.
Art. 18. O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, juntamente
com a Força Singular responsável pela investigação e em coordenação com o
ECM, acompanhará o andamento desse procedimento e das ações decorrentes
até o encerramento do caso pela ONU.
Art. 19. Para permitir o acompanhamento do procedimento e das
ações decorrentes pela ONU, a Força Singular deverá transmitir ao Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas:
I - assim que ocorram, as atualizações ou as lacunas de dados
constantes do formulário de relato de caso (Case Reporting Document)
inicialmente remetido ao término da investigação; e
II - até a última segunda-feira de cada trimestre, as seguintes
informações:
a) nome da missão de paz e data de ocorrência da suposta falha de
conduta;
b) nome dos principais envolvidos;
c) resumo dos fatos geradores da suposta falha de conduta,
mencionando os nomes dos demais envolvidos, caso haja;
d) tipo de investigação conduzida e, se mais de uma, em sequência
ou decorrentes, mencionar as datas de abertura (sindicância ou IPM);
e) nome e posto do encarregado de cada um dos procedimentos; e
f) situação da investigação e do procedimento administrativo ou
penal.
Parágrafo único. Caso o processo administrativo ou judicial tenha
sido encerrado no trimestre em que estejam sendo encaminhadas as
informações de que trata o caput, a data do encerramento e os dados dos
documentos que transmitiram os documentos prescritos no art. 16 desta
Instrução Normativa deverão ser mencionados.
CAPÍTULO V
ATRIBUIÇÕES COMPLEMENTARES À CONDUÇÃO DE
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS
Art. 20. Com a finalidade de prevenir ocorrências relacionadas às
falhas de conduta, o NIO desdobrado em um contingente brasileiro deverá
promover instruções frequentes para os integrantes do contingente, durante o
período da missão, em reforço àquelas recebidas na fase de preparação, ainda
no Brasil, as quais deverão contemplar, no mínimo, os seguintes temas:
I - conhecimento e o respeito às diferenças culturais, com ênfase na
dinâmica de gênero do país anfitrião;
II - códigos de conduta pessoal para mantenedores da paz (Rules of
Personal Conduct for Blue Helmets) das Nações Unidas;
III - regras e políticas da ONU sobre SEA e a política de tolerância
zero;
IV - documentos normativos da Missão de Paz sobre SEA,
principalmente aqueles editados pelo comandante de um contingente; e
V - importância do conhecimento e do porte do cartão de bolso "Não
há desculpas", previsto no inciso IV do art. 3º desta Instrução Normativa.
Art. 21. Mediante prévia coordenação com o Estado-Maior Conjunto
das Forças Armadas e, quando necessário, com a assessoria do ECM, dentro
da área de operações da Missão de Paz, o oficial indicado como NIO em um
contingente de tropa brasileira poderá:
I - acompanhar qualquer processo instaurado pela ONU, envolvendo
UNMEM brasileiro desdobrado na região de operações; e
II - conduzir uma investigação de suposta falha de conduta em que
um militar brasileiro esteja exercendo cargo em estados-maiores da Força de
Paz.
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Não havendo concordância por parte da ONU da conclusão
da investigação conduzida pelo NIO, em decorrência do conteúdo do relatório
final ou em decorrência de fatos novos surgidos, o Estado-Maior Conjunto das
Forças Armadas, em coordenação com a Força Singular encarregada do
processo, deverá reavaliar os fatos apresentados por aquela organização para
revisão do procedimento ou apresentação dos argumentos contrários.
Art. 23. Com base na norma referenciada no inciso VIII do art. 3º, a
ONU poderá aplicar sanções administrativas relativas ao perpetrante do fato
investigado, como por exemplo:
I - repatriação por motivos disciplinares;
II - suspensão do reembolso referente ao militar envolvido; e
III - suspensão do direito de dirigir por determinado período enquanto
em função na área da missão.
Parágrafo único. As sanções de que trata o caput não eximem o
Brasil da responsabilidade de aplicação de sanções disciplinares ou penais
previstas na legislação nacional, quando o caso assim demandar.
Art. 24. Os casos de investigação de supostas falhas de conduta
imputadas a policiais militares em exercício de funções em estados-maiores de
uma Missão de Paz serão direcionados para a corporação policial de um dos
Estados da Federação ou do Distrito Federal a que pertencer, por intermédio do
Estado-Maior do Exército.
Parágrafo único. As corporações policiais dos Estados ou do Distrito
Federal poderão utilizar os procedimentos e documentos prescritos neste
Capítulo nas investigações que envolvam policiais militares.
Art. 25. Os casos não previstos nesta Instrução Normativa serão
apreciados pelo Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, após
consulta aos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Art. 26. Esta Instrução Normativa entra em vigor em 1º de agosto de
2021.

GEN EX LAERTE DE SOUZA SANTOS


MANUAL DE POLÍCIA
JUDICIÁRIA MILITAR
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR

MINISTÉRIO DA DEFESA

MARINHA DO BRASIL

EXÉRCITO BRASILEIRO

FORÇA AÉREA BRASILEIRA

BRASÍLIA/DF - JUNHO/2019
COMPOSIÇÃO DO GRUPO DE ESTUDOS DE UNIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE POLÍCIA JUDICIÁRIA

MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR

Clauro Roberto de Bortolli - Coordenador EXÉRCITO BRASILEIRO


Subprocurador-Geral de Justiça Militar
Gen Div Luciano Guilherme Cabral Pinheiro
Adriano Alves Marreiros Estado-Maior do Exército.
Promotor de Justiça Militar
Cel Reinaldo Salgado Beato
Cícero Robson Coimbra Neves Estado-Maior do Exército
Promotor de Justiça Militar
Ten Cel Cleber Barbosa Iack
Josué Senra Costa Estado-Maior do Exército
Secretário
Cap Cirelene Maria da Silva Rondon de Assis
Estado-Maior do Exército

Cap André Krempel Lós


Gabinete do Comandante do Exército
MINISTÉRIO DA DEFESA
1º Ten Paola Menezes da Rocha Crossetti
Idervânio da Silva Costa Diretoria de Saúde
Consultoria Jurídica do Minstério da Defesa
1º Ten Juliana da Silveira Camillo
Bruno Correia Cardoso Batalhão de Polícia do Exército de Brasília
Consultoria Jurídica do Minstério da Defesa
1º Ten Wiliam Roger Reis
Capitão-Tenente (AA) José Leonardo Barbosa de Andrade Estado-Maior do Exército
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas
2º Ten Pablo Henrique de Abreu Ferreira
Departamento-Geral de Pessoal

ST Antonio Carlos Franco Monteiro


Departamento-Geral de Pessoal

MARINHA DO BRASIL

CMG (T) Sara de Campos Pereira Corrêa


Gabinete do Comandante da Marinha FORÇA AÉREA BRASILEIRA

CMG (Ref) Ricardo Antonio Amaral Maj Brig Ar Arnaldo Augusto do Amaral Neto
Diretoria do Pessoal Militar da Marinha Estado-Maior da Aeronáutica

CF (T) Angelica Karina de Azevedo Caúla e Silva Romilson de Almeida Volotão


Diretoria-Geral do Pessoal da Marinha Consultoria Jurídica Adjunta do Comando da Aeronáutica

CF (T) Ronaldo Saunders Monteiro Cel Av Higino José de Oliveira


Gabinete do Comandante da Marinha Estado-Maior da Aeronáutica

CC (T) Perilda Conceição de Melo Moreno Doutel 1º Ten Webert Leandro Barreto da Silva
Diretoria do Pessoal Militar da Marinha Consultoria Jurídica Adjunta do Comando da Aeronáutica

CC (T) Ricardo Nascimento e Souza 1º Ten Rioustilhany Cardoso Campos


Diretoria-Geral do Pessoal da Marinha Consultoria Jurídica Adjunta do Comando da Aeronáutica
Diagramação e Projeto Gráfico
Assessoria de Comunicação Institucional do Ministério Público Militar

Impressão
Gráfica e Editora Movimento

Tiragem
300 exemplares

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Informações, dúvidas, esclarecimentos e sugestões sobre o Manual de Polícia Judiciária Militar deverão ser encaminhados para o
e-mail observatorio.pjm@mpm.mp.br.

Disponível também em: http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar

Catalogação na Publicação (CIP)

M294

Manual de polícia judiciária militar / Ministério Público Militar,


Ministério da Defesa, Comando da Marinha, Comando do Exército e
Comando da Aeronáutica. – Brasília, DF : MPM, 2019.
59 p.

Obra de autoria conjunta.

1. Polícia judiciária militar - Brasil. 2. Auto de prisão em flagrante


- Brasil. 3. Inquérito policial militar - Brasil. 4. Medida cautelar - Brasil. 5.
Deserção - Brasil. 6. Insubmissão - Brasil. 7. Processo penal militar - Brasil.
8. Brasil. Código de processo penal militar (1969). I. Brasil. Ministério
Público Militar. II. Brasil. Ministério da Defesa. III. Título.

CDU: 344.2(81)(035)

Catalogação na publicação por: Marina Scardovelli de Souza (CRB-1/2304)


SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................................................. 13

2. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (APF) ....................................................................................................................... 14

2.1. CONCEITO......................................................................................................................................................................... 15

2.2. RELAXAMENTO DE PRISÃO PELA AUTORIDADE DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR..................................................... 15

2.3. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE E SUA SUFICIÊNCIA................................................................................................ 15

2.4. PESSOAS ENVOLVIDAS NA LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE........................................................... 16

2.5. CRIMES PERMANENTES................................................................................................................................................ 17

2.6. MEDIDAS PRELIMINARES.............................................................................................................................................. 17

2.7. PRISÃO.......................................................................................................................................................................... 17

2.7.1. Direitos do preso................................................................................................................................................. 17

2.7.2. Casos específicos................................................................................................................................................. 18

2.7.2.1. Prisão especial............................................................................................................................................. 18

2.7.2.2. Adolescente.................................................................................................................................................. 19

2.7.2.3. Civil............................................................................................................................................................... 19

2.7.3. Uso de força e de algemas.................................................................................................................................. 19

2.8. ELABORAÇÃO DO AUTO................................................................................................................................................. 19

2.8.1. Portaria................................................................................................................................................................. 19

2.8.2. Inexistência de testemunhas do fato criminoso.............................................................................................. 19

2.8.3. Acompanhamento por advogado ou defensor público.................................................................................. 19

2.8.4. Caso específico do crime previsto no art. 290 do CPM................................................................................. 19

2.8.5. Apreensão de instrumentos e objetos de crime.............................................................................................. 20

2.8.6. Designação de Escrivão...................................................................................................................................... 20

2.8.7. Sigilo do auto....................................................................................................................................................... 20

2.8.8. Qualificação do depoente................................................................................................................................... 20

2.8.9. Compromisso de dizer a verdade, testemunhas egrégias e pessoas proíbidas de depor........................... 20


SUMÁRIO

2.8.10. Depoimentos..................................................................................................................................................... 20

2.8.11. Depoimento do analfabeto.............................................................................................................................. 21

2.8.12. Depoimento do estrangeiro e do cego, surdo ou mudo............................................................................... 21

2.8.13. Assinatura do auto............................................................................................................................................ 21

2.8.14. Recusa da assinatura......................................................................................................................................... 21

2.8.15. Confissão............................................................................................................................................................ 21

2.8.16. Acareação........................................................................................................................................................... 22

2.8.17. Nota de culpa..................................................................................................................................................... 22

2.8.18. Comunicação..................................................................................................................................................... 22

2.9. EXAMES E PERÍCIAS...................................................................................................................................................... 22

2.10. AVALIAÇÃO DIRETA E INDIRETA.................................................................................................................................. 22

2.11. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E OBJETOS............................................................................................................. 23

2.12. CONCLUSÃO................................................................................................................................................................ 23

2.13. REMESSA..................................................................................................................................................................... 23

2.14. ORDEM DOS ATOS....................................................................................................................................................... 23

3. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)............................................................................................................................. 25

3.1. PONTO DE PARTIDA..................................................................................................................................................................................................25

3.2. CONCEITO E OBJETIVO.................................................................................................................................................. 25

3.3. CASO DE DESAPARECIMENTO OU DE MORTE............................................................................................................... 27

3.4. SUFICIÊNCIA DO APF..................................................................................................................................................... 27

3.5. ATRIBUIÇÃO DA AUTORIDADE NOMEANTE.................................................................................................................. 27

3.6. INÍCIO DO IPM .............................................................................................................................................................. 27

3.7. DESIGNAÇÃO DO ENCARREGADO.................................................................................................................................. 27

3.8. DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO.......................................................................................................................................... 28

3.9. CARÁTER SIGILOSO DO IPM.......................................................................................................................................... 28

3.10. ATRIBUIÇÕES DO ENCARREGADO............................................................................................................................... 28


SUMÁRIO

3.11. CONVOCAÇÃO DE MILITAR OU CIVIL........................................................................................................................... 28

3.12. ATUAÇÃO DO ESCRIVÃO.............................................................................................................................................. 29

3.13. ORGANIZAÇÃO DOS AUTOS......................................................................................................................................... 29

3.13.1. Autuação............................................................................................................................................................ 29

3.13.2 Reunião e ordem das peças............................................................................................................................... 29

3.13.3 Despacho, recebimento, certidão, juntada e conclusão............................................................................... 29

3.14. ORDEM DE OITIVAS.................................................................................................................................................... 30

3.15.TERMO DA OITIVA......................................................................................................................................................... 30

3.16. CARTA PRECATÓRIA.................................................................................................................................................... 30

3.17. OITIVA.......................................................................................................................................................................... 30

3.18. DEPOIMENTO DO ANALFABETO, DO CEGO, DO ESTRANGEIRO, DO SURDO E DO MUDO........................................... 31

3.19. QUALIFICAÇÃO DO OFENDIDO/INDICIADO/TESTEMUNHA........................................................................................... 31

3.20. COMPROMISSO........................................................................................................................................................... 32

3.21. RECUSA DE ASSINATURA............................................................................................................................................ 32

3.22. CONFISSÃO.................................................................................................................................................................. 32

3.23. ACAREAÇÃO................................................................................................................................................................. 32

3.24. PRISÃO DURANTE O INQUÉRITO................................................................................................................................. 32

3.25. PROCEDIMENTO DOS EXAMES PERICIAIS.................................................................................................................. 33

3.25.1. Peritos................................................................................................................................................................. 33

3.25.2. Requisição de diligências e exames................................................................................................................ 33

3.25.3. Laudo de exame pericial................................................................................................................................. 33

3.25.4. Formulação de quesitos.................................................................................................................................... 33

3.25.5. Exame de corpo de delito................................................................................................................................. 33

3.25.6. Avaliação direta e indireta............................................................................................................................... 33

3.26. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E OBJETOS............................................................................................................. 34

3.27. OCORRÊNCIA FORA DA CIRCUNSCRIÇÃO/JURISDIÇÃO MILITAR............................................................................... 34

3.28. LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO................................................................................................................................. 34

3.29. AUTO DE RECONHECIMENTO DE CADÁVER................................................................................................................ 34

3.30. BUSCAS DOMICILIARES.............................................................................................................................................. 34


SUMÁRIO

3.31. RESTITUIÇÃO DOS BENS APREENDIDOS.................................................................................................................... 34

3.32. AFASTAMENTO SIGILO................................................................................................................................................. 35

3.33. IDENTIFICAÇÃO DO INDICIADO.................................................................................................................................... 35

3.34. PRAZOS PARA CONCLUSÃO E PRORROGAÇÃO........................................................................................................... 35

3.35. RELATÓRIO.................................................................................................................................................................. 35

3.36. SOLUÇÃO..................................................................................................................................................................... 36

3.37. REMESSA DE IPM........................................................................................................................................................ 37

3.38. IPM ORIUNDO DE SINDICÂNCIA.................................................................................................................................. 37

3.39. INDICIADO PRESO....................................................................................................................................................... 37

3.40. FALECIMENTO DO INDICIADO...................................................................................................................................... 37

4. MEDIDAS CAUTELARES (PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS).................................................................................. 38

4.1. MEDIDAS PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................ 38

4.1.1. – Busca (arts. 170 ao 184 do CPPM)................................................................................................................ 38

4.1.1.1. Conceito: ..................................................................................................................................................... 38

4.1.1.2. Busca Domiciliar......................................................................................................................................... 38

4.1.1.2.1. Procedimento da busca domiciliar com mandado......................................................................... 39

4.1.1.2.2. Procedimento da busca domiciliar sem mandado ........................................................................ 40

4.1.1.3. Busca pessoal .............................................................................................................................................. 40

4.1.1.3.1 Procedimento da busca pessoal ........................................................................................................ 40

4.1.2. Apreensão (arts. 185 a 189 do CPPM)............................................................................................................. 40

4.1.2.1. Conceito ...................................................................................................................................................... 40

4.1.2.2 Procedimento .............................................................................................................................................. 41

4.1.3. Restituição (arts. 190 a 198 do CPPM)............................................................................................................ 41

4.1.3.1. Conceito ...................................................................................................................................................... 41

4.1.3.2. Procedimento.............................................................................................................................................. 41
SUMÁRIO

4.1.4. Sequestro (arts. 199 ao 205 do CPPM)............................................................................................................ 41

4.1.4.1. Conceito ...................................................................................................................................................... 41

4.1.4.2. Situação fática ............................................................................................................................................. 41

4.1.4.3. Requisito indispensável ............................................................................................................................. 42

4.1.4.4. Procedimento ............................................................................................................................................. 42

4.1.5. Arresto (art. 215 ao 219 do CPPM).................................................................................................................. 42

4.1.5.1. Conceito ...................................................................................................................................................... 42

4.1.5.2. Situação fática ............................................................................................................................................. 42

4.1.5.3. Procedimento ............................................................................................................................................. 42

4.1.6. Prisão preventiva (art. 254 ao 261 do CPPM)................................................................................................. 42

4.1.6.1. Conceito ...................................................................................................................................................... 42

4.1.6.2. Características............................................................................................................................................. 43

4.2. MEDIDAS CAUTELARES EXTRAVAGANTES.................................................................................................................... 43

4.2.1. Quebra de sigilo bancário e fiscal..................................................................................................................... 43

4.2.2. Quebra de sigilo de dados telefônicos.............................................................................................................. 43

4.2.3. Medidas protetivas da lei maria da penha....................................................................................................... 44

5. INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO...................................................................................................................... 47

5.1. DA DESERÇÃO................................................................................................................................................................ 47

5.1.1. Das Considerações Gerais.................................................................................................................................. 47

5.1.2. Do Conceito de Deserção.................................................................................................................................. 47

5.1.3. Do Fundamento Legal........................................................................................................................................ 47

5.1.4. Do Objeto Jurídico.............................................................................................................................................. 48

5.1.5. Do Sujeito Ativo.................................................................................................................................................. 48

5.1.6. Do Sujeito Passivo............................................................................................................................................... 48

5.1.7. Da Consumação.................................................................................................................................................. 48

5.1.7.1. Da Deserção Comum – Consumação (Contagem do Prazo)............................................................... 48


SUMÁRIO

5.1.7.2. Dos Casos Assimilados à Deserção.......................................................................................................... 50

5.1.7.3. Da Deserção Especial – Consumação...................................................................................................... 50

5.1.7.4. Da Deserção por Evasão ou Fuga............................................................................................................. 50

5.1.7.5. Disposições Gerais...................................................................................................................................... 51

5.1.8. Da Causa Especial de Diminuição de Pena..................................................................................................... 51

5.1.9. Da Agravante Especial (Organização Militar na Faixa de Fronteira).......................................................... 51

5.2. DOS PROCESSOS ESPECIAIS DE DESERÇÃO................................................................................................................ 51

5.2.1. Da Deserção do Oficial....................................................................................................................................... 51

5.2.2. Da Deserção da Praça com Estabilidade.......................................................................................................... 52

5.2.3. Da Deserção da Praça sem Estabilidade.......................................................................................................... 52

5.3. DO PROCESSAMENTO NA UNIDADE DO CRIME DE DESERÇÃO.................................................................................... 52

5.3.1. Da Parte de Ausência.......................................................................................................................................... 52

5.3.2. Do Despacho do Comandante da Unidade - Determinação do Inventário e Designação de Militar para

Autuação do Procedimento de Deserção..................................................................................................................... 52

5.3.3. Da Parte de Deserção.......................................................................................................................................... 53

5.3.4. Da Lavratura do Termo de Deserção, da Publicação em Boletim da Unidade e da Remessa do Termo de

Deserção.......................................................................................................................................................................... 53

5.3.5. Da Apresentação ou Captura do Desertor....................................................................................................... 53

5.3.6. Da Inspeção de Saúde: Capacidade /Incapacidade do Desertor, Publicação e Remessa à Justiça Militar da

União............................................................................................................................................................................... 53

5.3.7. Da Audiência de Custódia................................................................................................................................. 53

5.3.8. Da Publicação em Boletim Interno da Unidade............................................................................................. 53

5.4. DA AUTUAÇÃO DAS PEÇAS PELO ENCARREGADO........................................................................................................ 54

6. INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE INSUBMISSÃO................................................................................................................ 55


SUMÁRIO

6.1. DA INSUBMISSÃO.......................................................................................................................................................... 55

6.1.1. Das Considerações Gerais.................................................................................................................................. 55

6.1.2. Do Conceito......................................................................................................................................................... 55

6.1.3. Do Fundamento Legal........................................................................................................................................ 55

6.1.4. Do Objeto Jurídico.............................................................................................................................................. 55

6.1.5. Do Sujeito Ativo.................................................................................................................................................. 55

6.1.6. Dos Casos Assimilados...................................................................................................................................... 55

6.1.7. Do Sujeito Passivo............................................................................................................................................... 56

6.1.8. Da Consumação.................................................................................................................................................. 56

6.1.9. Do Caso Assimilado à Insubmissão................................................................................................................. 56

6.1.10. Da Causa Especial de Diminuição de Pena................................................................................................... 56

6.2. DO PROCESSAMENTO DO CRIME DE INSUBMISSÃO.................................................................................................... 57

6.2.1. Da Parte de Consumação do Crime de Insubmissão..................................................................................... 57

6.2.2. Do Despacho do Comandante da Unidade Determinando a Lavratura do Termo de Insubmissão e

Designação de Encarregado para Autuação................................................................................................................ 57

6.2.3. Da Publicação do Termo de Insubmissão........................................................................................................ 57

6.2.4. Do Documento Hábil que Comprove o Crime de Insubmissão................................................................... 57

6.2.5. Da Remessa do Termo de Insubmissão............................................................................................................ 58

6.2.6. Dos Efeitos do Termo de Insubmissão............................................................................................................. 58

6.2.7. Da Inspeção de Saúde e da Publicação............................................................................................................. 58

6.2.8. Da Menagem........................................................................................................................................................ 58

6.2.9. Da Audiência de Custódia................................................................................................................................. 59

6.3. DA AUTUAÇÃO DAS PEÇAS PELO ENCARREGADO........................................................................................................ 59


1. APRESENTAÇÃO

Apresento o Manual de Polícia Judiciária Militar, Por todo o exposto, há fortes indícios de que o
fruto de contribuições de integrantes do Ministério Público Manual de Polícia Judiciária Militar, pioneiro nesse tema,
Militar, do Ministério da Defesa, da Marinha, do Exército não somente significará o aperfeiçoamento do procedimento
e da Aeronáutica; e elaborado a partir da percepção da investigatório, mas também será uma eficaz ferramenta aos
necessidade de se ter, no âmbito da Justiça Militar da atores desse processo.
União, um modus operandi que permita a padronização
de procedimentos da Polícia Judiciária Militar. Nossos sinceros agradecimentos aos idealizadores
e aos colaboradores de tão indispensável projeto.
Com a finalidade de se estabelecer um normativo,
um modelo na investigação criminal militar, o Ministério
Público Militar procurou o Ministério da Defesa e as três
Forças. A ideia era desenvolver um projeto integrado, com
a contribuição de todos os partícipes do procedimento,
combinando teoria, por meio do detalhamento de cada Boa leitura!
etapa da investigação, com a prática, com a disponibilização
de exemplos de documentos gerados. Assim, surgiu o Jaime de Cassio Miranda
Grupo de Estudos de Unificação dos Procedimentos de Procurador-Geral de Justiça Militar
Polícia Judiciária Militar, a quem deve ser atribuído todos
os créditos por esse brilhante trabalho.

Após a publicação deste manual, espera-se alcançar


várias medidas que reflitam na qualidade dos serviços da
persecução criminal e que tragam como consequência um
processo mais célere e fidedigno.

A exemplo disso, pode-se citar o fortalecimento


da Polícia Judiciária Militar; a excelência da atividade
investigatória; a padronização na condução dos trabalhos;
a interação entre os envolvidos nos procedimentos; a
facilidade de acesso a todos os formulários necessários ao
desenvolvimento da investigação.

Para facilitar o acesso às informações, esta publicação


está estruturada em cinco grandes grupos: o Auto de Prisão
em Flagrante (APF); o Inquérito Policial Militar (IPM); as
Medidas Cautelares; a Instrução Provisória de Deserção; e a
Instrução Provisória de Insubmissão.

13
OS ANEXOS DESSE CAPÍTULO ESTÃO DISPONÍVEIS EM: HTTP://WWW.MPM.MP.BR/MANUALDEPOLICIAJUDICIARIAMILITAR.

2. AUTO DE PRISÃO
EM FLAGRANTE
(APF)

local e nas coisas. Para socorrer a vítima, o trajeto deve


PONTO DE PARTIDA DE QUALQUER INVESTIGAÇÃO: ser feito de maneira que menos altere o local sem que isso
importe em perda de tempo para o socorro.

PRESERVAÇÃO A segurança em relação a armamento deve


DO LOCAL ser providenciada com o correto isolamento, previsto
DO CRIME na lei processual, e não com o manejo para deixá-la
descarregada, travada e sem munição. Se o local é de
intenso movimento, deve-se solicitar a mais imediata ação
pelos peritos.

Esse isolamento deve ser feito inclusive com


colocação de guarda no local com ordens expressas para
ninguém entrar. Abrangerá, ainda, com folga a área que
se entender necessária para abarcar todos os indícios
e provas. Chamados os peritos estes irão ampliar ou
restringir essa área.

É fundamental o conhecimento e entendimento do


disposto no art. 12 do CPPM por todo e qualquer
militar, funcionário civil ou qualquer um que trabalhe na
Organização Militar, já que sua inobservância pode gerar
Para o sucesso da persecução criminal é de prejuízos irrecuperáveis à apuração.
fundamental importância que o local de crime seja
mantido inalterado, o que se designa como preservação Assim, verificada a ocorrência, em tese, da
do local de crime. prática de crime militar, seja em situação de flagrância
ou não, a primeira providência a ser adotada, frise-se, é a
Tem-se por premissa que as perícias em geral, preservação do local de crime, exatamente como disciplina
para uma análise aperfeita, exigem que o estado do local a alínea “a” do art. 12 do Código de Processo Penal Militar,
do crime não seja modificado, observando-se, ademais, nos seguintes termos:
que comportamento não adequado poderá encontrar
subsunção no disposto no art. 352 e seu parágrafo único,
do Código Penal Militar.

Para o fiel cumprimento da Lei, o estado e a Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática
situação das coisas no local de um crime (ou quando há de infração penal militar, verificável na ocasião, a
indícios de um possível crime), não devem ser alterados. autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá,
Havendo vítima necessitando de socorro, este deve, se possível: a) dirigir-se ao local, providenciando
obviamente, ser prestado, vez que a vida e a incolumidade para que se não alterem o estado e a situação das
da pessoa deve ser preservada. No entanto, tal assistência coisas, enquanto necessário; [...].
deve ser dada com a interferência mínima necessária, no

14
2. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (APF)

2.1. CONCEITO: 2.2. RELAXAMENTO DE PRISÃO


PELA AUTORIDADE DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR:

A prisão em flagrante ocorre quando é presenciada


ou constatada, em algumas situações especificadas pela Nos termos do § 2º do art. 246 do CPPM, em caso
norma processual penal militar, a ocorrência de um de a autoridade militar verificar a manifesta inexistência
ilícito penal, quando o autor do fato estará em situação de de infração penal militar ou a não participação da pessoa
flagrância ou em “flagrante delito”. conduzida, relaxará a prisão, desde que o auto de prisão
ainda não tenha sido encerrado e a prisão não tenha sido
comunicada à autoridade judiciária.

Nos termos do art. 244 do Código de Processo Penal Em se tratando de infração penal comum,
Militar (CPPM), considera-se em flagrante delito remeterá o preso à autoridade civil competente.
aquele que:

Em caso de dúvida, deve-se buscar contado com o


• é encontrado cometendo infração penal; Membro do Ministério Público Militar de plantão,
conforme relação publicada no site da Instituição
• acaba de cometê-la;
(http://www.mpm.mp.br/escala-de-plantao/).
• quando, após a prática da infração penal, seja
perseguido dentro de um tempo bem próximo
ao tempo da infração, não importando por
quanto tempo dure a perseguição, desde que
não haja solução de continuidade;

• quando for encontrado, num prazo 2.3. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE E SUA SUFICIÊNCIA:
compatível com as circunstâncias de cada
caso, com instrumentos, objetos, material ou
papéis que façam presumir ser ele o autor ou
partícipe do ato delituoso. Capturado e conduzido o autor da infração à
autoridade de polícia judiciária militar, após a deliberação
pela prisão em flagrante de acordo com os requisitos
acima, inaugura-se uma nova fase, a da elaboração ou
Deve-se esclarecer que instrumentos do crime lavratura do auto de prisão.
são aqueles utilizados para a prática delitiva, a exemplo do
armamento utilizado para a prática de homicídio. Objetos Caso o auto de prisão em flagrante seja, por si
do crime, por sua vez, são aqueles sobre os quais recaem a só, suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o
conduta delitiva, a exemplo da coisa furtada (res furtiva). auto de prisão em flagrante delito substituirá o inquérito,
dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo
de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da
A prisão em flagrante, de modo geral, possui fases coisa e sua avaliação, quando o valor influir na aplicação
bem destacadas, de fundamental importância para da pena. Advirta-se, porém, que se por si só o flagrante
o desenvolvimento que se segue. São fases da prisão não for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o
em flagrante: auto de prisão em flagrante delito será peça inicial do IPM,
sendo, nesta hipótese, desnecessária a portaria, vez que as
diligências necessárias serão requisitadas pelo Ministério
• captura do autor; Público no mesmo auto de prisão.

• condução coercitiva à presença da autoridade; Não é vedado, entretanto, que se instaure, de


ofício, inquérito policial militar juntamente com o auto de
• lavratura do auto de prisão em flagrante; prisão em flagrante, desde que se apure crime ou autoria
diversos daqueles veiculados no auto de prisão.
• recolhimento à prisão.

15
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

2.4. PESSOAS ENVOLVIDAS preso ou indiciado:


NA LAVRATURA DO AUTO PRISÃO EM FLAGRANTE:
pessoa que cometeu, em tese, o crime militar e que será
conduzida à presença da autoridade de polícia judiciária
militar (recomenda-se a leitura dos arts. 302 a 306 do CPPM);
No auto de prisão em flagrante delito, é possível
identificar o papel bem definido de algumas pessoas, na testemunha:
seguinte conformidade:
pessoa que presenciou o crime praticado pelo preso ou
presidente do auto de prisão em flagrante delito: alguma situação de interesse da apuração (recomenda-se
a leitura dos arts. 347 a 364 do CPPM);
pessoa com autoridade de polícia judiciária militar
(originária ou delegada) responsável pela lavratura do
auto de prisão, assim como pela observância de sua Caso a testemunha seja criança ou adolescente,
liturgia (separação das partes, entrevista para formação é recomendável que se consulte o MPM para que
de convicção, adoção de medidas previstas no art. 12 do se verifique a possibilidade de atuação de equipe
CPPM, caso ainda não tenham sido adotadas etc.). Pelo especializada em depoimento sem dano, nos
art. 245 do CPPM, no âmbito da administração militar, a termos da Lei n. 13.431/2017.
presidência do auto de prisão recairá sobre comandante,
originariamente, ou quem o represente, como o oficial de
dia, de serviço ou de quarto.
testemunha instrumentária:
escrivão:
pessoa que não presenciou o crime praticado pelo preso,
auxiliar do Presidente do auto de prisão em flagrante, nem uma situação de interesse da investigação, mas que
digitador e guardião dos autos. As regras de designação de presencia um ato procedimental sendo praticado (ex.:
escrivão em auto de prisão em flagrante delito estão no art. testemunha de leitura do auto de prisão para o preso
245, §§ 4º e 5º, do CPPM. Por elas, se o preso for oficial, analfabeto);
a autoridade de polícia judiciária militar designará para
servir de escrivão um capitão, capitão-tenente, primeiro ofendido:
ou segundo-tenente. Nos demais casos, ou seja, se o
indiciado for praça ou mesmo um civil, poderá designar pessoa que sofreu as consequências do crime praticado com
um subtenente, suboficial ou sargento. Em casos em que a lesão, ou ameaça de lesão, a algum bem jurídico seu. Em
não se possa observar essas regras, qualquer pessoa (Cabo, alguns casos, não haverá registro da versão do ofendido,
Soldado ou mesmo um civil). por se tratar de pessoa jurídica ou por impossibilidade
outra (morte, internação etc.) (recomenda-se a leitura dos
condutor: arts. 311 a 313 do CPPM);

pessoa que encaminha o preso ao Presidente do auto de


prisão em flagrante, geralmente responsável por dar a voz Caso o ofendido seja criança ou adolescente, é
de prisão ao conduzido, a ser ratificada pelo Presidente, recomendável que se consulte o MPM para que
bem como pela observância, em primeiro momento, dos se verifique a possibilidade de atuação de equipe
direitos do preso, especialmente o direito a permanecer especializada em depoimento sem dano, nos
calado (art. 5º, LXIII, CF) e ao de não produzir prova termos da Lei n. 13.431/2017.
autoincriminatória (art. 296, § 2º, CPPM);

Qualquer militar ou civil pode dar a voz de prisão, curador:


no entanto, o condutor precisa ser mais antigo ou
superior do preso. o art. 72 do CPPM dispõe que o juiz dará curador ao
acusado incapaz, pressupondo a existência do curador
Caso a pessoa que deu a voz de prisão seja civil ou quando houver alguém civilmente incapaz acusado da
militar mais moderno que o flagranteado, deverá prática de crime militar. A disposição seria aplicável
solicitar militar mais antigo para a condução. também na fase pré-processual, no inquérito policial
militar ou no auto de prisão em flagrante delito, por
Quem deu a voz de prisão e todas as pessoas que permissão do art. 301 do CPPM. Ocorre que com o
presenciaram o crime deverão ser levados ao presidente advento do posterior Código Civil (Lei n. 10.406, de
do flagrante, mesmo que não sejam o condutor. 10 de janeiro de 2002), a incapacidade, nos termos do
art. 5º, cessa aos 18 anos de idade, coincidindo com a

16
2. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (APF)

cessação da menoridade penal, nos termos do art. 50


do CPM, com a releitura que lhe impõe o art. 228 da As medidas preliminares são:
Constituição Federal. Dessa forma, alguém acusado de
ter praticado uma infração penal militar, possuindo idade
inferior a 18 anos, será inimputável, não mais havendo a 1. dirigir-se ao local, providenciando para que se
necessidade da figura do curador no âmbito do auto de não alterem o estado e a situação das coisas,
prisão em flagrante delito. Nos casos de doença mental enquanto necessário;
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado que
leve à inimputabilidade (art. 48 do CPM), essa condição 2. apreender os instrumentos e todos os objetos
não poderá ser, em regra, aferível na prisão em flagrante, que tenham relação com o fato;
porquanto dependerá de perícia específica.
3. efetuar a prisão do infrator, observado o
disposto no art. 244;

4. colher todas as provas que sirvam para o


2.5. CRIMES PERMANENTES: esclarecimento do fato e suas circunstâncias.

Nos crimes permanentes, assim considerados


aqueles cuja consumação se prolonga no tempo (o
sequestro e o cárcere privado, por exemplo), considerar-
se-á o agente em flagrante delito, até que cesse sua 2.7. PRISÃO:
atividade criminosa.
A prisão em flagrante poderá ser efetuada em
qualquer dia, hora e local e, se necessário, podendo-se
penetrar em qualquer casa em que se encontre o infrator
(art. 5º, inciso XI da Constituição Federal). Porém,
2.6. MEDIDAS PRELIMINARES: recomenda-se que seja observado o disposto nos art. 231
a 233 do CPPM e que não haja dúvida da situação de
flagrância.

Logo que forem verificadas anormalidades ou Na prisão em flagrante, a captura dar-se-á pela
indícios de prática de infração penal, deverão ser adotadas simples voz de prisão.
as medidas preliminares preconizadas no art. 12 do
CPPM, especialmente a preservação do local de crime, já
ressaltada no item 1, acima.
2.7.1. Direitos do preso:
Essas medidas, embora estejam capituladas nos
dispositivos relativos ao inquérito policial militar, devem No momento da prisão o preso será informado de
ser observadas também no caso de prisão em flagrante, seus direitos constitucionais e legais, entre os quais:
uma vez que pretendem garantir o melhor conteúdo
probatório possível para instruir a opinião do titular
da ação penal militar e, em eventual ação penal militar, • o direito à sua integridade física e moral (inciso
garantir a produção de provas irrepetíveis em juízo. XLIX, art. 5º CF);

• de permanecer calado (inciso LXIII, art. 5º CF);

• de comunicar-se com pessoa de sua família ou


outra que queira indicar, com seu advogado (caso
não tenha advogado, deverá ser tentado um contato
com a Defensoria Pública da União, o que será
devidamente registrado, tanto em caso de sucesso,
como de insucesso) (inciso LXII, art. 5º CF);

• da identificação dos responsáveis por sua prisão e


pelo seu interrogatório (inciso LXIX, art. 5º CF);

17
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

• de não produzir prova que o incrimine ou a seu A audiência de custódia é uma medida de controle
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. judicial que atribui à autoridade de polícia judiciária,
296, §2º, CPPM). responsável pela prisão de uma pessoa, o dever de
apresentá-la à autoridade judiciária, para deliberar sobre a
legalidade da medida constritiva de liberdade. No âmbito
Deste ato será lavrado termo específico, conforme da Justiça Militar da União, está disciplinada, atualmente,
modelo do ANEXO APF 5 - NOTA DAS GARANTIAS na Resolução nº 228, de 26 de outubro de 2016.
CONSTITUCIONAIS, peça que deverá ser juntada ao
auto de prisão. No que tange à audiência de custódia, o
procedimento da polícia judiciária militar deve ser o de
Ocorrendo prisão em flagrante, em área sob informar a prisão, nos termos da lei, aguardar a designação
jurisdição militar, ou condução de preso em flagrante da audiência pelo juízo e, uma vez designada, efetuar
a uma OM, deverá ele ser imediatamente apresentado a condução do preso à presença do juiz, nos termos da
ao Comandante ou autoridade equivalente ou ao seu alínea h, do artigo 8º, CPPM.
representante legal (Oficial de Serviço ou de Quarto),
que providenciará a lavratura do competente “Termo
de Apresentação” (ANEXO APF 2 – TERMO DE
ENCAMINHAMENTO), designará um escrivão para 2.7.2. Casos específicos:
autuar o infrator e determinará, imediatamente, as
providências iniciais que o caso requeira, tais como: 2.7.2.1. Prisão especial:
exames periciais, apreensão de instrumentos, armas ou
objetos e efetuará as devidas comunicações. As autoridades mencionadas no art. 242 do CPPM e no
art. 295 do CPP terão direito a prisão especial.
Quando o ilícito penal for praticado em presença
da autoridade ou contra ela, no exercício de suas funções, 2.7.2.2. Adolescente:
deverá ela própria, nos termos do art. 249 do CPPM,
prender e autuar em flagrante o infrator, mencionando A fim de evitar questionamentos acerca da apreensão
esta circunstância no “Termo de Apresentação” (ANEXO de adolescentes infratores que cometeram fatos típicos
APF 2 – TERMO DE APRESENTAÇÃO). análogos a crime militar, por força do artigo 172 e 173
da Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente
Quando o preso for encaminhado à prisão - ECA), este menor deverá ser apresentado, por ofício,
não subordinada à autoridade que o autuou, será à Delegacia de Proteção à Criança/Adolescente mais
apresentado por “ofício” (ANEXO APF 12 – TERMO próxima da Organização Militar, ou a outra delegacia que
DE ENCAMINHAMENTO DO PRESO), contendo, atenda a esse tipo de ocorrência.
em anexo, cópia do “Auto de Prisão em Flagrante”. O
recebimento do preso será certificado por meio de
“Recibo” (ANEXO APF 13 – RECIBO DO PRESO), Lembre-se especialmente de que:
mandado passar pela autoridade que o receber, em cópia
do “Auto de Prisão em Flagrante” (art. 237 do CPPM).
• a apreensão de menores deve seguir os passos bem
O preso deverá ser conduzido normalmente, explicados nos artigos 171 a  179 do Estatuto da
sendo admissível o emprego da força, quando Criança e do Adolescente e, em especial, o menor
indispensável, nos casos de desobediência, resistência ou deve ser desde  logo encaminhado à autoridade
tentativa de fuga, na forma das disposições do art. 234 do policial competente.
CPPM e seus §§.
• a apreensão (e evidentemente a prisão de maior
Os ofícios de notificação e os relacionados de idade que tenha sido preso,  também) deverá
com providências determinadas pelo Encarregado ser comunicada ao Ministério Público Militar, ao
ou Autoridade que presidiu a autuação da prisão em ofício do Ministério Público Estadual que atua na
flagrante, assim como todos os documentos mandados área de infância e adolescência (juventude), à Vara
juntar aos autos, deverão ser relacionados no “Termo de da Infância e juventude do local e à Auditoria da
Juntada” (ANEXO IPM 16 - JUNTADA) a ser lavrado Justiça Militar.
pelo escrivão. Nenhum documento será juntado aos autos
sem ordem competente, exarada no próprio documento, • os menores – bem como quaisquer presos e
pela expressão “JUNTE-SE AOS AUTOS”, ou por meio de quaisquer pessoas – não devem ser  submetidos a
“Despacho” (ANEXO IPM 13 - DESPACHO). maus tratos, humilhações e constrangimentos, nem
a fazer o que a Lei não manda, ainda que se trate de
suposta reparação do dano cometido.

18
2. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (APF)

• afastada a hipótese de flagrante, sempre que houver • O uso de arma de qualquer natureza contra a
indícios de participação de adolescente na prática de integridade física do preso deve se restringir às
ato infracional, a autoridade policial encaminhará hipóteses de legítima defesa própria ou de terceiros,
ao representante do Ministério Público Militar e ao que se circunscrevem ao uso moderado dos meios
Ministério Público Estadual atuante em infância e necessários, isto é, quando não há outra forma de
adolescência, relatório das investigações e demais defesa, utilizando-se um meio razoável, apenas
documentos. para repelir a injusta agressão atual ou iminente.

• o menor a quem se  atribua  autoria  de  ato  infra-


cional  não poderá ser conduzido ou transportado
em compartimento fechado de veículo policial, em
condições atentatórias à sua dignidade, ou que im-
pliquem risco à sua  integridade  física  ou  mental,  2.8. ELABORAÇÃO DO AUTO:
sob  pena  de  responsabilidade.

2.7.2.3. Civil: 2.8.1. Portaria:

Após a lavratura do APF os civis serão Embora não haja previsão expressa nos artigos
encaminhados à Delegacia de Polícia, mediante recibo. relativos ao auto de prisão em flagrante delito de uma
peça inaugural, recomenda-se que seja ela lavrada com
as informações mínimas do feito, com a assinatura da
autoridade de polícia judiciária militar responsável pela
2.7.3. Uso de força e de algemas: lavratura (ANEXO APF 3 – PORTARIA).

Nos termos do art. 234 do Código de Processo


Penal Militar, o emprego de força só é permitido quando
indispensável, no caso de desobediência, resistência ou 2.8.2. Inexistência de testemunhas do fato criminoso:
tentativa de fuga.
Caso não existam testemunhas do fato, nos
Caso haja resistência da parte de terceiros, termos do § 2º do art. 245 do CPPM, deverão ser
poderão ser usados os meios necessários para vencê-la colhidas as assinaturas de duas pessoas, pelo menos, que
ou para defesa do executor e auxiliares seus, inclusive a tenham presenciado a apresentação do indiciado (preso),
prisão do ofensor, de tudo lavrando-se auto subscrito pelo conhecidas como testemunhas instrumentárias.
executor e por duas testemunhas.

O emprego de algemas deve ser evitado, desde


que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do 2.8.3. Acompanhamento por advogado ou defensor público:
preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que
se refere o art. 242. Caso haja acompanhamento por advogado do
indiciado ou por defensor público, o presidente deverá
O recurso ao uso de armas só se justifica quando garantir a entrevista reservada deste com o indiciado
absolutamente necessário para vencer a resistência ou proteger (preso), antes que preste suas declarações. Nesta situação,
a incolumidade do executor da prisão ou a de auxiliar seu. o advogado poderá, se desejar, acompanhar as declarações
do indiciado (preso), nos termos do inciso XXI do art. 7º
da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da OAB), quando também
Grave, principalmente, o que se segue: assinará o auto de prisão.

• Deve-se recorrer ao uso de algemas em caso de real


necessidade e nas estritas hipóteses enumeradas no § 2.8.4. Caso específico do crime previsto no art. 290 do CPM:
1º do art. 234 do Código de Processo Penal Militar;
Em se tratando de prisão decorrente de posse ou
tráfico de entorpecentes, previsto no art. 290 do CPM,
• Em caso de dúvida sobre a real necessidade do uso de para a materialização do flagrante, há necessidade do
algemas em uma determinada situação, deve-se consultar laudo pericial de constatação da substância apreendida.
o MPM ou optar por outras normas de segurança;

19
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Caso a administração militar possua estrutura 2.8.8. Qualificação do depoente:


para essa constatação (peritos capacitados e nomeados
e testes de constatação), poderá ser elaborado o laudo Cada depoente deverá ser completamente
conforme o modelo do ANEXO APF 7 - LAUDO DE qualificado no início do texto do termo. Esta qualificação
CONSTATAÇÃO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. deverá conter, conforme o caso: nome, data de nascimento,
Caso não possua essa estrutura, a substância apreendida posto ou graduação ou profissão, filiação, naturalidade,
deverá ser encaminhada para órgão oficial de perícia. nacionalidade, estado civil, número do cartão de identidade
civil e militar e órgão expedidor, CPF, Título de Eleitor,
Não poderá haver prisão em flagrante por residência, local de trabalho, grau de instrução, endereço
estes delitos sem este laudo, devendo a autoridade de eletrônico e telefone para contato. Quando conhecido ou
polícia judiciária militar, na impossibilidade, optar pela declarado, deverá constar, também, o apelido.
instauração de inquérito policial militar.
Após a qualificação acima mencionada, o depoente
Ainda que se tenha feito o exame de constatação será informado do motivo do depoimento e este fato constará
preliminar na administração militar, o material do correspondente termo.
apreendido deverá ser encaminhado para a elaboração de
laudo definitivo junto às repartições periciais da Polícia A qualificação do indiciado (preso) deverá
Federal, registrando-se a cadeia de custódia da droga. constar em folha própria (ANEXO APF 6 - FOLHA DE
QUALIFICAÇÃO DO PRESO), que deverá ser autuado
logo após a capa (ANEXO APF 1 – CAPA). Caso nem todas
as informações acima mencionadas estejam disponíveis,
2.8.5. Apreensão de instrumentos e objetos de crime: deverá ser consignada a expressão “não disponível”, sendo
juntada aos autos posteriormente, ou transmitida ao juízo
Em se tratando de crime onde há prova material para o qual for distribuído o procedimento, caso venha ao
(instrumentos ou objetos do crime), é necessário lavrar o conhecimento do Encarregado/Presidente.
respectivo “Termo de Apreensão” (ANEXO CAUTELAR
8 - TERMO DE APREENSÃO).

2.8.9. Compromisso de dizer a verdade, testemunhas


egrégias e pessoas proibidas de depor:
2.8.6. Designação de Escrivão:
Cada depoente, com exceção do infrator e do
A função de escrivão, como já consignado, será ofendido, é obrigado a prestar o compromisso de dizer a
exercida por um oficial intermediário ou subalterno, se o verdade, nos termos contidos no art. 352 do CPPM, e este
infrator for oficial; se praça, um suboficial ou sargento. Ele fato constará do texto inicial de seu depoimento.
lavrará o competente “Termo de Compromisso”, e, na falta
daqueles, qualquer pessoa idônea a desempenhará (art. 245, Os menores de dezoito anos, as pessoas com
§§ 4° e 5° do CPPM), a qual será denominado escrivão ad hoc. deficiência mental, os ascendentes, descendentes, sogro,
sogra, genro, nora, cônjuge, irmão ou pessoa que tenha
O escrivão designado ad hoc prestará o vínculo de adoção com o preso, poderão ser ouvidos como
compromisso legal, de acordo com o art. 11 parágrafo testemunhas, observado o disposto no art. 354 do CPPM,
único ou art. 245 § 5° do CPPM, e lavrará o competente estando isentos do compromisso de dizer a verdade.
“Termo de Compromisso” (ANEXO APF 4 - TERMO DE
COMPROMISSO DO ESCRIVÃO). Deve-se atentar que o art. 355 do CPPM enumera
pessoas proibidas de depor. Igualmente, dispõe o CPPM
(art. 350) sobre testemunhas egrégias, cujo cuidado
procedimental requer atenção.
2.8.7. Sigilo do auto:

Como feito de polícia judiciária militar, por


analogia ao disposto no art. 16 do CPPM, o auto de prisão 2.8.10. Depoimentos:
terá tratamento sigiloso.
Os depoimentos do condutor do preso, das
Este sigilo não poderá ser oposto ao advogado, testemunhas ou informantes, da vítima ou ofendido, se
salvo no que concerne aos elementos de prova ainda houver e puder fazê-lo, e do conduzido serão tomados a
não documentados no procedimento, de acordo com termo no “Auto de Prisão em Flagrante” (ANEXO APF
o enunciado da Súmula Vinculante n. 14, do Supremo 8 - AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE).
Tribunal Federal e do inciso XIV do art. 7º da Lei n.
8.906/94 (Estatuto da OAB).

20
2. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (APF)

2.8.11. Depoimento do analfabeto:


Esta ordem de oitivas deve ser obedecida.
Caso o depoente seja analfabeto, serão convocadas
duas testemunhas instrumentárias que acompanharão
o depoimento, e este deverá por elas ser firmado,
Quando o preso se recusar a assinar o “Auto comprovando ser o texto idêntico ao declarado pelo
de Prisão em Flagrante” ou não souber escrever ou não depoente. O depoente, neste caso, firmará o documento
puder fazê-lo, o fato constará do texto final desse Auto, e, pela impressão digital do polegar direito ou, na ausência
então, serão convocadas duas testemunhas, além daquelas deste, pelo esquerdo.
que presenciaram o ato criminoso ou a apresentação
do conduzido, as quais firmarão ter assistido à leitura
do termo ao preso e a sua recusa em assiná-lo ou a sua
impossibilidade de fazê-lo. 2.8.12. Depoimento do estrangeiro e do cego, surdo ou mudo:

Quando se tratar de testemunha que se recuse No caso do depoente ser estrangeiro, surdo ou
a assinar o termo ou não souber escrever ou não puder mudo, o termo será lavrado de acordo com os art. 298 e
fazê-lo, o motivo da recusa ou a causa do impedimento 299 do CPPM.
constará, também, do texto do “Auto de Prisão em
Flagrante” e será firmado como no parágrafo anterior. No caso do depoente ser cego, o depoimento
será firmado por testemunhas, as quais poderão ser de
Se das respostas do interrogatório, feito ao indicação do depoente.
conduzido durante a lavratura do “Auto de Prisão em
Flagrante”, resultarem fundadas suspeitas contra ele, a
autoridade mandará recolhê-lo à prisão, procedendo-
se, imediatamente, se for o caso, e conforme o indicado, 2.8.13. Assinatura do auto:
a exames periciais de corpo de delito, de toxidez ou de
sanidade mental, a busca e apreensão dos instrumentos Ao final dos depoimentos, o auto será lido na
do fato delituoso, e, ainda, a outras providências que presença de todos os depoentes, sendo assinado por eles,
considerar necessárias (art. 246 do CPPM). A recusa da pelo presidente e pelo escrivão. Caso hajam, assinarão
submissão do preso à exames de higidez, dosagem alcoólica também o auto o advogado ou defensor público, curador,
ou toxicológico deverá ser relatada circunstanciadamente e as testemunhas instrumentárias.
e, se possível, devendo o preso assiná-la.

Sobre o assunto, vide o item 2.9. Exames e perícias.


2.8.14. Recusa da assinatura:
Até a comunicação à autoridade judiciária e ao
MPM (subitem 2.8.18 abaixo) é possível que a própria Se o depoente recusar-se a assinar o termo de
autoridade de polícia judiciária militar, excepcionalmente, depoimento, ou não puder fazê-lo, este deverá ser firmado
calcada no poder de autotutela da Administração Pública por duas testemunhas instrumentárias, para este fim
relaxe prisão em flagrante, prosseguindo nas investigações convocadas pelo presidente, sendo tal fato mencionado
em inquérito policial militar. É possível também que no fim do depoimento e antes das assinaturas. As folhas
verifique a manifesta inexistência de infração penal que não contiverem a assinatura serão rubricadas pelas
militar ou a não participação da pessoa conduzida, ou testemunhas.
que o agente, embora provável autor da infração, não se
encontra nas situações de flagrante previstas no art. 244
do CPPM. Em ambos os casos procederá conforme o item
2.2 acima. 2.8.15. Confissão:

Nestes casos, lavrará Despacho fundamentado, Caso o infrator confesse o delito, o depoimento
conforme o ANEXO APF 11 – DESPACHO -INEXISTÊNCIA será firmado de acordo com os art. 307 a 310 do CPPM. A
DE CRIME OU DE AUTORIA. confissão não supre a necessidade da realização do exame
de corpo de delito nas infrações que deixem vestígios,
Após a comunicação ao MPM e ao Judiciário nem importa na dispensa de outras diligências que sirvam
(subitem 2.8.18 abaixo), efetivada a prisão em flagrante para elucidar o fato.
com a respectiva autuação, o relaxamento da prisão apenas
poderá ocorrer por autoridade judiciária.

21
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

2.8.16. Acareação: Inexistindo repartição específica na administração


militar, o responsável pela lavratura do “Auto de Prisão em
Os depoentes que divergirem nas partes essenciais Flagrante” deverá se valer dos órgãos de perícias oficiais
serão devidamente acareados, de acordo com o art. 365 do estaduais e federais.
CPPM, sendo lavrado o “Termo de Acareação” (ANEXO
IPM 25 - TERMO DE ACAREAÇÃO). Quando houver Deve-se sempre lembrar que, embora o feito de
acareação, os depoentes não prestarão compromisso, por polícia judiciária militar seja inquisitivo, pela alínea “a”
já o terem realizado quando do depoimento inicial. do inciso XXI do art. 7º da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da
OAB), o advogado tem o direito de formular quesitos. Este
comando legal demanda que o presidente do flagrante, em
deliberando por uma determinada perícia, deva possibilitar
2.8.17. Nota de culpa: a quesitação pelo advogado, caso haja um constituído ou
caso haja acompanhamento por Defensor Público.
Dentro do prazo de até 24 horas, contadas da
prisão, será entregue ao preso uma “Nota de Culpa” Sobre o assunto, vide:
(ANEXO APF 9 - NOTA DE CULPA), sendo a ele
solicitado firmar recibo. Em caso de recusa do preso • ANEXO IPM 29 - NOMEAÇÃO DE PERITOS
em passar o recibo, ou em caso de impossibilidade de
fazê-lo, este será firmado por duas testemunhas para tal • ANEXO IPM 30 - TERMO DE COMPROMISSO
convocadas (art. 247 do CPPM). DE PERITO

A entrega da “Nota de Culpa” ao infrator será • ANEXO IPM 31 - QUESITOS BÁSICOS PARA
certificada por meio de uma “Certidão” (ANEXO APF EXAMES PERICIAIS
10 – ENTREGA DA NOTA DE CULPA), passada pelo
escrivão. • ANEXO IPM 32 - LAUDO DE EXAME PERICIAL

• ANEXO IPM 33 - LAUDO DE EXAME DE


CORPO DE DELITO
2.8.18. Comunicação:
• ANEXO IPM 34 - LAUDO DE EXAME DE
Expedida a nota de culpa, deverá ser feita a CORPO DE DELITO INDIRETO
comunicação imediata ao juízo competente (CF, art. 5º,
LXII). A partir deste momento, o preso estará à disposição • ANEXO IPM 35 - LAUDO DE EXUMAÇÃO E
da autoridade judiciária. NECRÓPSIA

Em adição, devem ser comunicados os membros • ANEXO IPM 36 - LAUDO DE EXAME DE


do Ministério Público Militar (art. 10, da Lei Complementar TOXIDEZ
nº 75, de 20 de maio de 1993) e da Defensoria Pública da
União (art. 4º, XIV. da Lei Complementar nº 80, de 12 de • ANEXO IPM 37 - LAUDO DE EXAME DE
janeiro de 1994), neste último caso, quando o preso não SANIDADE
constituir advogado, juntando-se cópia da comunicação
nos autos.

2.10. AVALIAÇÃO DIRETA E INDIRETA:

2.9. EXAMES E PERÍCIAS:


Quando for verificado que o fato causou danos à
Fazenda Nacional, deverá ser efetuada a correspondente
Os exames periciais deverão ser procedidos de avaliação desses danos e lavrado o “Laudo de Avaliação”
acordo com o preconizado nos arts. 314 a 346 do CPPM. (ANEXO IPM 38 - LAUDO DE AVALIAÇÃO), o qual será
firmado por dois peritos designados e compromissados
Nas áreas em que já estiver em funcionamento pela autoridade que presidir a lavratura do “Auto de
repartição de polícia judiciária militar com capacidade Prisão em Flagrante”, nesse caso. Na impossibilidade de
pericial, a exemplo do Núcleo de Polícia Judiciária Militar ser efetuada uma avaliação direta do material extraviado,
(N-PJM) da Marinha e dos Pelotões de Investigação será lavrado o “Laudo de Avaliação Indireta” (ANEXO
Criminal (PIC) do Exército, as solicitações de perícias IPM 39 - LAUDO DE AVALIAÇÃO INDIRETA).
necessárias poderão ser a ela encaminhadas.

22
2. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (APF)

Caso não haja outra forma de fazer avaliação 2.13. REMESSA:


poderá se recorrer a pesquisa na internet e/ou em lojas,
neste último caso, com consulta por escrito. Em ambos
os casos os resultados da pesquisa devem ser impressos e Os autos de prisão em flagrante serão remetidos,
juntados ao laudo. imediatamente, na forma vigente e exigida pelo
procedimento do processo eletrônico.

Independentemente desse envio eletrônico,


cópia de todos os documentos previstos para o APF
2.11. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E OBJETOS: será remetida ao MPM, nos termos do artigo 10 da Lei
Complementar n. 75/93:

O reconhecimento de pessoas e objetos, ao


ser efetuado pelo depoente, será firmado no “Termo
de Reconhecimento de Pessoa” (ANEXO IPM 42 –
AUTO DE RECONHECIMENTO DE PESSOA), ou no Art. 10. A prisão de qualquer pessoa, por parte de
“Termo de Reconhecimento de Objetos” (ANEXO IPM autoridade federal ou do Distrito Federal e Territórios,
43 - AUTO DE RECONHECIMENTO DE OBJETOS), deverá ser comunicada imediatamente ao Ministério
ambos ilustrados com fotografias, respectivamente, dos Público competente, com indicação do lugar
participantes do reconhecimento pessoal e do objeto/ onde se encontra o preso e cópia dos documentos
material apreendido. comprobatórios da legalidade da prisão.

Cópia será remetida, também, à Defensoria


2.12. CONCLUSÃO: Pública da União, caso o preso não tenha informado o
nome de seu advogado, conforme disposto no art. 306, §
1° do CPP, por meio de ofício.
Conforme expõe o art. 27 do CPPM, o auto de
prisão em flagrante delito deve ser remetido à autoridade
judiciária com um breve relatório acerca dos fatos
(ANEXO APF 16 - RELATÓRIO). Não é necessário o ato
de homologação em auto de prisão em flagrante delito. 2.14. ORDEM DOS ATOS:

Concluídos os autos, o escrivão lavrará o “Termo


de Conclusão” (ANEXO IPM 12 - CONCLUSÃO). Com o intuito de garantir a correta elaboração
das peças do auto de prisão e de sua organização, tenha
Os autos conclusos serão enfeixados em uma em mente a ordem dos documentos a serem encartados.
“Capa” (ANEXO APF 1 – CAPA) e remetidos ao juiz
federal da Justiça Militar da competente Circunscrição
Judiciária Militar, mediante ofício da autoridade que
determinou a lavratura dos mesmos. Estrutura do auto de prisão em flagrante delito:

O art. 246 do CPPM menciona a possibilidade


de várias diligências, que poderão ter imediata solução ou
demandar alguns dias. Neste caso, prevê o art. 251 do CPPM 1. capa;
que poder-se-á remeter o auto de prisão em até cinco dias.
Com a realidade do processo eletrônico, essa dinâmica 2. qualificação do preso;
não mais é necessária, bastando que o documento de
encaminhamento dos autos conste as diligências faltantes 3. portaria;
que serão encaminhadas posteriormente. Este documento
poderá também conter relação de documentos inerentes 4. designação e compromisso de escrivão;
ao caso, não recebidos a tempo de serem juntados, e que
serão encaminhados tão logo recebidos. 5. documentos de entrega do conduzido, exibição
e apreensão, constatação de materialidade, de
avaliação etc.;

6. certidão de garantias do indiciado;

23
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

7. corpo do auto de prisão em flagrante;

8. nota de culpa;

9. documentos de comunicação de prisão à


autoridade judiciária, ao Ministério Público e
à Defensoria Pública (se for o caso);

10. auto ou laudo de exame de corpo de delito


prévio ao encarceramento;

11. documento de encaminhamento do preso ou


de seu encarceramento na Unidade;

12. relatório;

13. documentos de encaminhamento dos autos.

24
OS ANEXOS DESSE CAPÍTULO ESTÃO DISPONÍVEIS EM: HTTP://WWW.MPM.MP.BR/MANUALDEPOLICIAJUDICIARIAMILITAR.

3. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR


(IPM)

3.1. PONTO DE PARTIDA: trabalhe na Organização Militar, já que sua inobservância


pode gerar prejuízos irrecuperáveis à apuração. Assim,
verificada a ocorrência, em tese, da prática de crime
militar, seja em situação de flagrância ou não, a primeira
providência a ser adotada, frise-se, é a preservação do
antes de mais nada, preste socorro às vítimas local de crime, exatamente como disciplina a alínea “a” do
e providencie a preservação do local do crime. art. 12 do Código de Processo Penal Militar, conforme já
indicado no Capítulo 1 deste manual.

Relembrando o já explicitado quando tratou-


se de Auto de Prisão em Flagrante Delito: Para o fiel
cumprimento da Lei, o estado e a situação das coisas 3.2. CONCEITO E OBJETIVO:
no local de um crime (ou quando há indícios de um
possível crime), não devem ser alterados. Havendo
vítima necessitando de socorro, este deve, obviamente,
ser prestado, vez que a vida e a incolumidade da pessoa O IPM é um procedimento administrativo que se
deve ser preservada. No entanto, tal assistência deve ser destina à apuração de fatos que possam constituir crimes
dada com a interferência mínima necessária, no local e militares, delitos da competência da Justiça Militar, previstos
nas coisas. Para socorrer a vítima, o trajeto deve ser feito no art. 9° do Código Penal Militar (CPM), bem como as suas
de maneira que menos altere o local sem que isso importe autorias. Transcreve-se, abaixo o art. 9º do CPM:.
em perda de tempo para o socorro.

A segurança em relação a armamento deve “Art. 9º


ser providenciada com o correto isolamento, previsto
na lei processual, e não com o manejo para deixá-la Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
descarregada, travada e sem munição. Se o local é de
intenso movimento, deve-se solicitar a mais imediata ação
pelos peritos. I - os crimes de que trata este Código, quando
definidos de modo diverso na lei penal
Esse isolamento deve ser feito inclusive com comum, ou nela não previstos, qualquer que
colocação de guarda no local com ordens expressas para seja o agente, salvo disposição especial;
ninguém entrar. Abrangerá, ainda, com folga a área que
se entender necessária para abarcar todos os indícios
e provas. Chamados os peritos estes irão ampliar ou II - os crimes previstos neste Código e os
restringir essa área. É fundamental o conhecimento e previstos na legislação penal, quando praticados:
entendimento do disposto no art. 12 do CPPM por todo
e qualquer militar, funcionário civil ou qualquer um que

25
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

a) por militar em situação de atividade c) contra militar em formatura, ou du-


ou assemelhado, contra militar na rante o período de prontidão, vigilância,
mesma situação ou assemelhado; observação, exploração, exercício, acam-
pamento, acantonamento ou manobras;

b) por militar em situação de atividade


ou assemelhado, em lugar sujeito à d) ainda que fora do lugar sujeito à
administração militar, contra militar da administração militar, contra militar
reserva, ou reformado, ou assemelhado, em função de natureza militar, ou no
ou civil; desempenho de serviço de vigilância,
garantia e preservação da ordem pública,
administrativa ou judiciária, quando
c) por militar em serviço ou atuando legalmente requisitado para aquele fim,
em razão da função, em comissão de ou em obediência à determinação legal
natureza militar, ou em formatura, superior.
ainda que fora do lugar sujeito à
administração militar contra militar da
reserva, ou reformado, ou civil; § 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos
contra a vida e cometidos por militares contra civil,
serão de competência do Tribunal do Júri.
d) por militar durante o período de
manobras ou exercício, contra militar da
reserva, ou reformado, ou assemelhado, § 2º Os crimes de que trata este artigo, quando
ou civil; dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil, serão da competência
da Justiça Militar da União, se praticados no
e) por militar em situação de atividade, contexto:
ou assemelhado, contra o patrimônio
sob a administração militar, ou a ordem
administrativa militar; I – do cumprimento de atribuições que
lhes forem estabelecidas pelo Presidente da
República ou pelo Ministro de Estado da
f) (revogada). Defesa;

III - os crimes praticados por militar da II – de ação que envolva a segurança de


reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituição militar ou de missão militar,
instituições militares, considerando-se como mesmo que não beligerante; ou
tais não só os compreendidos no inciso I,
como os do inciso II, nos seguintes casos:
III – de atividade de natureza militar, de
operação de paz, de garantia da lei e da ordem
a) contra o patrimônio sob a adminis- ou de atribuição subsidiária, realizadas em
tração militar, ou contra a ordem admi- conformidade com o disposto no art. 142
nistrativa militar; da Constituição Federal e na forma dos
seguintes diplomas legais:

b) em lugar sujeito à administração


militar contra militar em situação de a) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de
atividade ou assemelhado, ou contra 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica;
funcionário de Ministério militar ou da
Justiça Militar, no exercício de função
inerente ao seu cargo; b) Lei Complementar no 97, de 9 de
junho de 1999;

26
3.INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)

limitado. A delegação para instauração do IPM deverá


c) Decreto-Lei no1.002, de 21 de outubro recair em Oficial de posto superior ao do indiciado, seja
de 1969 - Código de Processo Penal este Oficial da ativa, reserva, remunerada ou não, ou
Militar; e reformados.

d) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965


- Código Eleitoral.”
3.6. INÍCIO DO IPM:

O IPM é iniciado mediante “Portaria de


No inquérito são obtidos os elementos que Instauração”, por uma das situações mencionadas no art.
servirão de base para a promoção adequada do Ministério 10 do CPPM, tão logo tenha conhecimento do fato a ser
Público, a exemplo do oferecimento de denúncia e da apurado, que deva ser esclarecido. Ver:
promoção de arquivamento .
• ANEXO IPM 2 - INSTAURAÇÃO DE IPM
PELO COMANDANTE OU AUTORIDADE
Nesse sentido, é altamente recomendável que o EQUIVALENTE;
Encarregado do IPM realize contato prévio com
o MPM a fim de obter uma orientação sobre a • ANEXO IPM 3 -INSTAURAÇÃO DE IPM, POR
condução do inquérito específico. DETERMINAÇÃO SUPERIOR;

• ANEXO IPM 4 - INSTAURAÇÃO DE IPM, POR


REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO;

• ANEXO IPM 5 - INSTAURAÇÃO DE IPM, POR


3.3. CASO DE DESAPARECIMENTO OU DE MORTE: DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR;

• ANEXO IPM 6 - INSTAURAÇÃO DO IPM, POR


Será obrigatoriamente instaurado IPM quando o REQUERIMENTO DA PARTE OFENDIDA;
militar for considerado desaparecido e no caso de morte, em
que se evidencie a suspeita da ocorrência de crime militar. • ANEXO IPM 7 - INSTAURAÇÃO DO IPM,
A PARTIR DE DESDOBRAMENTO DE
SINDICÂNCIA.

3.4. SUFICIÊNCIA DO APF:


Se o fato estiver definido como crime e transgressão
ou contravenção disciplinar, prevalece a hipótese
Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato de crime militar, nos termos dos regulamentos
e sua autoria, o auto de prisão em flagrante delito substituirá disciplinares das três Forças Armadas e do Estatuto
o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o dos Militares.
exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a
identificação da coisa e sua avaliação, quando o seu valor
influir na aplicação da pena, conforme art. 27 do CPPM.

3.7. DESIGNAÇÃO DO ENCARREGADO:

3.5. ATRIBUIÇÃO DA AUTORIDADE NOMEANTE:


A designação de Encarregado do IPM será feita
na “Portaria de Instauração” da autoridade nomeante,
A instauração do IPM compete às autoridades recaindo, sempre que possível, sobre Oficial de posto não
mencionadas no art. 7° do CPPM, denominadas inferior a Capitão ou Capitão-Tenente, observando-se o
autoridades de polícia judiciária originárias. Obedecidas contido no art. 15 do CPPM. Havendo necessidade de
as normas regulamentares de jurisdição, comando e substituição do Encarregado, no curso das investigações,
hierarquia, essas atribuições poderão ser delegadas a esta será feita por meio de nova portaria da autoridade
Oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo nomeante, na qual deverá conter a motivação do ato.

27
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

O Encarregado do procedimento administrativo no que couber o procedimento preconizado no art. 13 do


assume as atribuições que lhe foram delegadas pela CPPM: a ordem a seguir dependerá das peculiaridades
autoridade nomeante por meio da respectiva “Portaria daquele IPM, sendo que a preservação do local do crime
de Autuação” (ANEXO IPM 8 - ASSUNÇÃO DE deve ser a primeira e urgente medida a tomar, logo após
ATRIBUIÇÕES PELO ENCARREGADO DO IPM). o socorro às vítimas, se houver vítimas.

Se, durante as investigações, o Encarregado verificar O Encarregado do IPM poderá solicitar ao escalão
a existência de indícios contra Oficial mais antigo, emitirá superior onde existir Núcleo de Polícia Judiciária Militar
um relatório parcial, apontando os fatos e documentos (N-PJM), Pelotão de Investigação Criminal, Assessoria
que apresentam indícios de ilícito penal, bem como os jurídica ou equivalente, auxílio na condução do IPM, em
envolvidos, sem realizar juízo de valor quanto à ação do especial no que se refere à realização de perícias em geral,
mais antigo e remeterá os autos à autoridade originária, de bem como orientação ao Ministério Público Militar, que
acordo com art. 10, § 5°, do CPPM. A autoridade originária, é o destinatário do IPM e titular do Controle Externo da
caso entenda não proceder o alegado indício, restituirá os Atividade Policial. Nesta condição, aliás, o MPM poderá
autos por meio de despacho fundamentado, determinando acompanhar qualquer procedimento de polícia judiciária
o prosseguimento do IPM ou nomeará outro Encarregado, militar por iniciativa própria, sempre que entender necessário.
se considerar conveniente.
Todas as solicitações externas determinadas pelo
Encarregado serão feitas por meio de ofício por ele assinado
e juntado aos autos em ordem cronológica.

3.8. DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO: O Encarregado determinará ao escrivão as


providências a serem tomadas por meio de “Despacho”
(ANEXO IPM 13 - DESPACHO), em continuação a
A designação do escrivão, caberá ao respectivo documentos ou no verso destes.
Encarregado do IPM, caso não tenha sido efetuada pela
autoridade originária na “Portaria de Instauração”, sendo a Quando entender que já existem indícios da
função exercida por um Oficial Subalterno, quando houver prática de crime militar em desfavor de determinada
Oficial como indiciado, ou por Suboficial ou Sargento pessoa, deve ser lavrado o Despacho de Indiciamento
nos demais casos (art. 11 do CPPM) (ANEXO IPM 9 - fundamentado, dele constando os principais indícios
PORTARIA DE DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO). existentes contra a pessoa indiciada (ANEXO IPM 45 -
DESPACHO DE INDICIAMENTO).
O escrivão designado prestará o compromisso
legal, de acordo com o art. 11, parágrafo único do CPPM, e
lavrará o competente “Termo de Compromisso” (ANEXO
IPM 10 - TERMO DE COMPROMISSO PRESTADO
PELO ESCRIVÃO). 3.11. CONVOCAÇÃO DE MILITAR OU CIVIL:

A convocação de militar da ativa será feita por


3.9. CARÁTER SIGILOSO DO IPM: intermédio de expediente endereçado ao seu comandante
ou autoridade semelhante (ANEXO IPM 17 - OFÍCIO
DE NOTIFICAÇÃO INTERNO).
O IPM tem caráter sigiloso, nos termos do art. 16
do CPPM. Este sigilo não poderá ser oposto ao advogado A convocação de depoentes civis (testemunhas
do indiciado, salvo no que concerne aos elementos de ou ofendidos) será realizada por meio de ofício, assinado
prova ainda não documentados no procedimento, de pelo Encarregado (ANEXO IPM 18 - OFÍCIO DE
acordo com o enunciado da Súmula Vinculante n. 14, do NOTIFICAÇÃO EXTERNO). O notificado ou quem
Supremo Tribunal Federal e do inciso XIV do art. 7º da Lei receber a comunicação firmará o recibo na cópia, ficando
n. 8.906/94 (Estatuto da OAB). com a original. O recibo deverá conter, além da assinatura
do recebedor, o local, a data e a hora do recebimento,
sendo firmado de próprio punho. Em se tratando de
pessoa analfabeta, esta condição deverá ser expressa no
recibo, que será então firmado por duas testemunhas
3.10. ATRIBUIÇÕES DO ENCARREGADO: perfeitamente identificadas.

No caso de recusa de testemunha em comparecer, o


Ao iniciar o IPM o Encarregado deverá cumprir, Encarregado fará nova notificação à testemunha, ressaltando

28
3.INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)

as consequências legais da desobediência. Caso, ainda assim,


a testemunha não compareça, o Encarregado oficiará ao 3. Cumprimento do determinado, com lavratura
MPM ou ao Juiz Federal da Justiça Militar, participando o de Certidão a respeito (ANEXO IPM 15 –
ocorrido e solicitando providências para a oitiva. CERTIDÃO);

Se a recusa for de ofendido, também o Encarregado


do IPM oficiará ao MPM e ao Juiz Federal da Justiça Militar,
solicitando a sua notificação. 4. Juntada aos autos do resultado das diligências
efetuadas (ANEXO IPM 16 - JUNTADA).
As citações, intimações ou notificações aos
envolvidos, em geral, serão sempre feitas de dia e com
antecedência de 3 (três) dias, pelo menos, do ato a que 5. Conclusão ao Encarregado de IPM (ANEXO IPM
se referirem. 12 - CONCLUSÃO), para novo Despacho.

3.12. ATUAÇÃO DO ESCRIVÃO:


3.13. ORGANIZAÇÃO DOS AUTOS:

O primeiro ato do escrivão, após o compromisso,


será efetuar a autuação dos documentos que lhe foram 3.13.1. Autuação:
entregues pelo Encarregado de IPM (ANEXO IPM 11
- TERMO DE AUTUAÇÃO). Após cada “Despacho” do É o termo inicial do IPM subscrito pelo escrivão
Encarregado do IPM (ANEXO IPM 13 - DESPACHO) (ANEXO IPM 11 - TERMO DE AUTUAÇÃO),
o escrivão dará cumprimento ao mesmo e, logo após, posicionando-se após a capa (ANEXO IPM 1 - CAPA)
lavrará uma “Certidão” (ANEXO IPM 15 – CERTIDÃO), e a Folha de Qualificação do Indiciado, caso já houver
na qual definirá, perfeitamente, a maneira como foram (ANEXO IPM 46 - FOLHA DE QUALIFICAÇÃO
cumpridas as determinações do encarregado ou justificará DO INDICIADO) mencionando todos os documentos
as razões que o impediram de cumpri-las, juntando aos iniciais que foram entregues ao escrivão pelo Encarregado,
autos o resultado das diligências efetuadas (ANEXO IPM incluindo-se, necessariamente, a “Portaria de Instauração”
16 - JUNTADA). (Vide item 3.6. Início do IPM), seus anexos e o “Termo
de Compromisso” (ANEXO IPM 10 - TERMO DE
Entregará os autos ao Encarregado, mediante COMPROMISSO PRESTADO PELO ESCRIVÃO).
a lavratura de “Termo de Conclusão” (ANEXO IPM 12
- CONCLUSÃO) devendo adotar este procedimento
nas demais situações em que vier a restituir os autos
ao encarregado. Conclusão é o termo mediante o qual 3.13.2 – Reunião e ordem das peças:
o escrivão submete o IPM ao exame e despacho do
Encarregado. Todas as peças do IPM serão, por ordem
cronológica reunidas, formando autos. Todas as folhas
Sempre que o escrivão receber os autos do juntadas aos autos deverão ser rubricadas e numeradas
encarregado, lavrará “Termo de Recebimento” (ANEXO pelo escrivão. A numeração é sempre lançada no ângulo
IPM 14 – RECEBIMENTO). superior do anverso da folha, a partir da folha 1 (autuação).

Consequentemente, a movimentação do IPM se


dará da seguinte forma:
3.13.3 – Despacho, recebimento, certidão, juntada e
conclusão:
1. Despacho do Encarregado do IPM, determinando
providências ao escrivão (ANEXO IPM 13 – Despacho é a determinação feita pelo Encarregado
DESPACHO); ao escrivão do IPM, para que algo seja providenciado.

Recebimento é a certificação do escrivão de que


2. Recebimento dos autos pelo Escrivão (ANEXO recebeu os autos do encarregado para cumprir despacho.
IPM 14 – RECEBIMENTO);
Certidão é a certificação do escrivão de que o
despacho foi cumprido.

29
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Juntada é o termo que registra a anexação ao IPM, 3.15. TERMO DA OITIVA:


mediante prévio despacho do Encarregado, de qualquer
documento ou papel que interesse à prova.
O ofendido será ouvido em “Termo de Inquirição”
Conclusão é o termo que registra que o escrivão (ANEXO IPM 22 - TERMO DE INQUIRIÇÃO DE
concluiu o determinado pelo despacho e fez juntada aos OFENDIDO), o indiciado em “Termo de Interrogatório”
autos, devolvendo os autos ao Encarregado. (ANEXO IPM 21 - TERMO DE INTERROGATÓRIO DE
INDICIADO) e as testemunhas em “Termo de Inquirição”
Como dito, a movimentação do IPM se dará da (ANEXO IPM 19 - TERMO DE INQUIRIÇÃO DE
seguinte forma: TESTEMUNHA COMPROMISSADA e ANEXO IPM
20 - TERMO DE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHA
NÃO COMPROMISSADA).
1. Despacho do Encarregado do IPM, determinando
providências ao escrivão (ANEXO IPM 13 –
DESPACHO);

3.16. CARTA PRECATÓRIA:


2. Recebimento dos autos pelo Escrivão (ANEXO IPM
14 – RECEBIMENTO);

As testemunhas, os indiciados ou os ofendidos


3. Cumprimento do determinado, com lavratura de que se encontrarem em cidade diferente da qual foi
Certidão a respeito (ANEXO IPM 15 – CERTIDÃO); instaurado o IPM, que não puderem ser ouvidos por
videoconferência, nos termos do item 3.14 acima, deverão
ser ouvido(s), por meio de “Carta Precatória” (ANEXO
4. Juntada aos autos do resultado das diligências IPM 23 - CARTA PRECATÓRIA) encaminhada à
efetuadas (ANEXO IPM 16 - JUNTADA). autoridade militar, sediada no local onde se encontre
servindo ou residindo, no caso de civil ou militar da
reserva.
5. Conclusão ao Encarregado do IPM (ANEXO IPM 12
- CONCLUSÃO), para novo Despacho. A autoridade recebedora da precatória despachará
(ANEXO IPM 24 – DESPACHO DA AUTORIDADE
RECEBEDORA DE CARTA PRECATÓRIA), em
continuação à mesma, determinando o seu cumprimento,
designando os elementos necessários, e providenciará
a sua restituição, com a maior brevidade possível,
3.14. ORDEM DE OITIVAS: atentando sempre para os prazos de conclusão do IPM.
A tramitação da precatória (envio e resposta) deverá
ser preferencialmente por meio eletrônico, com a
O Encarregado deverá, preferencialmente, ouvir documentação original digitalizada, a fim de agilizar o
a(s) testemunha(s), em seguida, o(s) ofendido(s), e, por trâmite.
último, o(s) indiciado(s).
A Carta Precatória tem caráter itinerante, ou
seja, mesmo que a autoridade recebedora não seja a
Esta ordem poderá ser alterada analisando-se a mencionada no endereçamento, caberá, a esta, o correto
necessidade de cada caso concreto, inclusive na endereçamento, ou, na impossibilidade do mesmo, deverá
necessidade de não se perder oportunidade, dis- ser efetivada a devolução imediata ao destinatário com as
ponibilidade ou informação relevante. Havendo devidas explicações da impossibilidade de cumprimento.
necessidade de esclarecimento de qualquer fato, as
pessoas anteriormente mencionadas poderão ser
ouvidas quantas vezes se fizerem necessárias.

3.17. OITIVA:

Estando a pessoa a ser ouvida em local distante,


a oitiva poderá se dar por videoconferência (inclusive por
programas de transmissão simultânea de imagem e som), A oitiva das testemunhas, do ofendido e do
sendo preferível tal meio à expedição de carta precatória. indiciado, exceto em caso de urgência inadiável, que
constará da respectiva assentada, devem ser realizados

30
3.INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)

durante o período que medeie entre as sete e dezoito


horas, de acordo com o art. 19 do CPPM. Nos casos de menores de 18 anos é recomendável
que seja feito contato com o MPM solicitando
A testemunha não deverá ser, normalmente, a este a possibilidade de que seja realizado o
inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo- chamado depoimento sem dano, nos termos da lei
lhe facultada um descanso de 30 minutos, sempre que 13.431/2017.
tiver que prestar declarações além daquele termo, de
acordo como art. 19, §2º do CPPM.
Atente-se para o disposto sobre as testemunhas
Os termos de interrogatório e de inquirição egrégias (art. 350 do CPPM) e aquelas proibidas de depor
deverão constar em folhas separadas. (art. 355 do CPPM).

É prudente que o interrogatório do indiciado


seja acompanhado por duas testemunhas, nomeadas
pelo Encarregado, as quais assinarão o “Termo de
Interrogatório”. 3.18. DEPOIMENTO DO ANALFABETO, DO CEGO, DO
ESTRANGEIRO, DO SURDO E DO MUDO:
Se, durante o curso das investigações, o
Encarregado verificar a existência de indícios contra
qualquer testemunha ou ofendido, que leve ao Caso o depoente seja analfabeto, serão convocadas
enquadramento de algum destes como indiciado, deverá duas testemunhas instrumentárias que acompanharão o
notificá-lo (Termo de Interrogatório) e interrogá-lo nesta depoimento, e este deverá por elas ser firmado, comprovando
condição. ser o texto idêntico ao declarado pelo depoente. O depoente,
se não puder ou souber assinar, firmará o documento pela
As perguntas formuladas ao ofendido, indiciado impressão digital do polegar direito ou, na ausência deste,
ou depoente só serão transcritas antes das respectivas pelo esquerdo.
respostas se o Encarregado entender necessário destacar
o conteúdo da pergunta. No caso do depoente ser estrangeiro, surdo ou
mudo, o termo será lavrado de acordo com os arts. 298 e
Após a oitiva, o termo deverá ser lido e 299 do CPPM.
assinado pelo ofendido, indiciado ou testemunha e
pelas testemunhas que presenciaram a oitiva, caso haja,
que rubricarão, também, as folhas que não contiverem
assinatura.
3.19. QUALIFICAÇÃO DO OFENDIDO/INDICIADO/
Poderão ser ouvidos, à semelhança das TESTEMUNHA:
testemunhas, os menores de 14 anos, os doentes ou
deficientes mentais, os ascendentes, descendentes, sogro,
sogra, genro, nora, cônjuge, separado judicialmente/ O ofendido/ indiciado/ testemunha será
divorciado, irmão ou pessoa que tenha vínculo de adoção qualificado(a) no início do texto do termo. Esta qualifi-
com o indiciado, observado o disposto nos art. 352, §2º cação deverá conter, conforme o caso: nome, posto ou
e art. 354 do CPPM, estando isentos do compromisso de graduação ou profissão, filiação, data de nascimento, na-
dizer a verdade e, sendo, assim, denominados informantes. turalidade, nacionalidade, estado civil, número de cartão
de identidade civil e militar e órgão expedidor, CPF, título
A testemunha, ofendido ou indiciado poderá de eleitor, residência e local de trabalho, grau de instru-
comparecer acompanhada de advogado, que poderá ção, endereço eletrônico e telefones fixos e celulares para
participar da oitiva não sendo o Encarregado obrigado a contato. Quando conhecido ou declarado, deverá constar,
deferir pergunta formulada pelo mesmo. As entendendo também, o apelido.
pertinentes ao esclarecimento do fato e de sua autoria, o
Encarregado as fará consignar, com as respostas versadas. Após a qualificação, o ofendido/indiciado/ teste-
munha será informado(a) do motivo da oitiva e este fato
Por ocasião da oitiva da testemunha e do ofendido, constará do correspondente termo.
deverá ser cientificado de que não estão obrigados a
prestarem esclarecimentos acerca de fatos criminosos que A qualificação do indiciado também deverá
tenham participado, nos termos do § 2° do art. 296 do constar em folha própria (ANEXO IPM 46 - FOLHA DE
CPPM, além de tomar conhecimento dos art. 343 a 346 QUALIFICAÇÃO DO INDICIADO), que deverá ser
do CPM. No caso do indiciado, deve-se ainda alertar do juntada logo após a Capa (ANEXO IPM 1 - CAPA).
direito ao silêncio.

31
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Caso nem todas as informações acima menciona- 365 e 366 do CPPM, sendo lavrado o “Termo de Acareação”
das estejam disponíveis, deverá ser consignada a expressão (ANEXO IPM 25 - TERMO DE ACAREAÇÃO).
“não disponível”, sendo juntada aos autos posteriormente,
ou transmitida ao juízo para o qual for distribuído o pro-
cedimento, caso venha ao conhecimento do Encarregado/
Presidente.
Aos participantes da acareação serão feitas as mes-
mas advertências legais e compromissoprevistos
para o depoimento de cada um (indiciado, ofen-
dido, testemunha compromissada ou testemunha
3.20. COMPROMISSO: não compromissada).

A testemunha é obrigada a prestar o compromisso


de dizer a verdade, nos termos contidos no arts. 352
do CPPM, e este fato constará do texto inicial de seu A autoridade que realizar a acareação reinquirirá
depoimento. Estão isentas de prestar compromisso as os acareados, cada um de per si e em presença um do outro,
pessoas mencionadas no artigo 354 do CPPM, o indiciado e os explicará os pontos em que divergem, conforme art.
e o ofendido. 366 do CPPM.

3.21. RECUSA DE ASSINATURA: 3.24. PRISÃO DURANTE O INQUÉRITO:

Se o indiciado ou a testemunha se recusar a assinar Quando, no curso das investigações, surgir


o termo de depoimento, este deverá ser firmado por duas necessidade da prisão do indiciado, deverá o Encarregado
testemunhas, para este fim convocadas pelo encarregado, representar, fundamentadamente, com suporte documental,
sendo este fato mencionado no fim do depoimento e antes pela decretação da prisão preventiva, com base nos arts. 254 e
das assinaturas. As folhas que não contiverem assinatura 255 do CPPM, ao MPM para tal (ANEXO CAUTELAR 16 -
serão rubricadas pelas testemunhas. PEDIDO DE DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA
– AO MPM), ou representar ao Juiz Federal da Justiça
Militar (ANEXO CAUTELAR 17 - PEDIDO DE PRISÃO
PREVENTIVA – AO JUIZ). Sobre o assunto, vide o item
4.1.6. Prisão preventiva deste Manual.
3.22. CONFISSÃO:
Uma outra possibilidade de prisão tratada no
art. 18 do CPPM, cabível apenas em crimes propriamente
Caso o indiciado confesse o delito, o interrogatório militares, conforme restringe o inciso LXI do art. 5º da CF.
deverá ser firmado de acordo com os arts. 306, § 2º, 307
a 310 do CPPM. A confissão não supre a necessidade da
realização do exame de corpo de delito nas infrações que
deixem vestígios, nem importa na dispensa de outras É recomendável, que antes de ser tomada a
diligências, as quais sirvam para elucidar o fato. Segundo providência constante do artigo 18 do CPPM, o
o art. 5º, LVI, da CF, são inadmissíveis as provas obtidas encarregado faça contato com o MPM a fim de
por meios ilícitos. verificar a possibilidade do procedimento. Vide:
ANEXO IPM 26 - MANDADO DE PRISÃO (CRIMES
PROPRIAMENTE MILITARES) e ANEXO IPM 28
- PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DE DETENÇÃO
- DURANTE A INVESTIGAÇÃO DE CRIME
3.23. ACAREAÇÃO: PROPRIAMENTE MILITAR

Sempre que houver divergência em declarações


sobre fatos ou circunstâncias relevantes entre indiciados,
testemunhas, indiciados e testemunhas, indiciado ou
testemunha e a pessoa do ofendido ou entre pessoas
ofendidas, será cabível a acareação, de acordo com os arts.

32
3.INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)

3.25. PROCEDIMENTO DOS EXAMES PERICIAIS: Em havendo necessidade de se realizar interceptação


telefônica durante a condução do IPM, o Encarregado
deverá observar os procedimentos previstos na Resolução
Os exames periciais deverão ser procedidos de nº 59, de 9 de agosto de 2008, do Conselho Nacional de
acordo com o preconizado nos arts. 314 a 346 do CPPM, Justiça (CNJ) - ANEXO CAUTELARES EXTRAVAGANTES
com atenção especial ao art. 318 e ao art. 319, Parágrafo 3 - RESOLUÇÃO N° 59 DE 9 DE SETEMBRO DE 2008.
Único.

O Encarregado do IPM poderá solicitar ao escalão


superior onde existir Núcleo de Polícia Judiciária Militar 3.25.3. Laudo de exame pericial:
(N-PJM), Pelotão de Investigação Criminal, Assessoria
jurídica ou equivalente, auxílio na condução do IPM, Caso o exame pericial seja realizado no âmbito
em especial no que se refere à realização de perícias da Força, os peritos lavrarão o correspondente “Laudo”
em geral, bem como orientação ao Ministério Público (ANEXO IPM 32 - LAUDO DE EXAME PERICIAL).
Militar, que é o destinatário do IPM e titular do Controle
Externo da Atividade Policial. Nesta condição, aliás, o Ver também:
MPM poderá acompanhar qualquer procedimento de
polícia judiciária militar por iniciativa própria, sempre • ANEXO IPM 35 - LAUDO DE EXUMAÇÃO E
que entender necessário. NECROPSIA

• ANEXO IPM 36 - LAUDO DE EXAME DE TOXIDEZ

3.25.1. Peritos: • ANEXO IPM 37 - LAUDO DE EXAME DE SANIDADE

Os peritos serão nomeados, preferencialmente,


dentre os oficiais da ativa, lotados na área e que possuam
formação técnica compatível com os exames que irão 3.25.4. Formulação de quesitos:
proceder, atendidas as especialidades, de acordo com os
artigos 48, 49 e 318 do CPPM, por portaria do Encarregado Os quesitos a serem formulados aos peritos, devem ser
do IPM (ANEXO IPM 29 - NOMEAÇÃO DE PERITOS). feitos de acordo com as circunstâncias e o que se deseja
esclarecer, devendo o encarregado ter o máximo de
Como peritos, poderão ser designados militares atenção em sua formulação, devendo ser explicitado aos
pertencentes às outras Forças Armadas, conforme enten- peritos que as respostas aos quesitos sejam detalhadamente
dimentos prévios entre os respectivos Comandos. fundamentadas (ANEXO IPM 31 - QUESITOS BÁSICOS
PARA EXAMES PERICIAIS).
Na designação dos peritos deverão ser considerados
os casos de suspeição e impedimento previstos nos art. 52 e
53 do CPPM, se verificáveis.
3.25.5. Exame de corpo de delito:
Nos casos acima deve ser juntado aos autos de
IPM o Termo de Compromisso firmado pelos peritos Quando, devido ao tempo decorrido, não puder
(ANEXO IPM 30 - TERMO DE COMPROMISSO DE PERITO). ser realizado o exame de corpo de delito direto, e assim ser
obtido o “Laudo de Exame de Corpo de Delito” (ANEXO
IPM 33 - LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO), será
lavrado o “Laudo de Exame de Corpo de Delito Indireto”
3.25.2. Requisição de diligências e exames: (ANEXO IPM 34 - LAUDO DE EXAME DE CORPO DE
DELITO INDIRETO), que conterá depoimento das pessoas
A autoridade originária poderá, se preciso for, que presenciaram a ocorrência, de acordo com o art. 328,
solicitar das autoridades policiais todas as diligências e parágrafo único, do CPPM.
exames que se fizerem necessários para esclarecimento
do fato. Quando existir, no local, instituto técnico de
criminalística poderá, também, ser este órgão solicitado
para a realização dos exames periciais. 3.25.6. Avaliação direta e indireta:

Caso necessário, poderão, ainda, ser solicitados Quando for verificado fato que causou danos
os serviços de pessoas estranhas às Forças Armadas, à Fazenda Nacional, será efetuada a correspondente
mas de comprovada experiência técnica no assunto e de avaliação desses danos e lavrado o “Laudo de Avaliação”
conhecida idoneidade moral. (ANEXO IPM 38 - LAUDO DE AVALIAÇÃO), firmado por
dois peritos designados pela autoridade nomeante ou pelo

33
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

próprio encarregado, os quais prestarão o compromisso 3.29. AUTO DE RECONHECIMENTO DE CADÁVER:


legal. Na impossibilidade de ser efetuada a avaliação direta
do material extraviado, será lavrado o “Laudo de Avaliação No caso de ocorrer falecimento e o corpo da vítima
Indireta” (ANEXO IPM 39 - LAUDO DE AVALIAÇÃO não puder ser prontamente identificado ou reconhecido,
INDIRETA). deverá ser realizado o reconhecimento por pessoas que
conheciam a vítima, sendo então lavrado o “Auto de
Reconhecimento de Cadáver”, contendo fotografias do
corpo (ANEXO IPM 44 - AUTO DE RECONHECIMENTO
DE CADÁVER).
3.26. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E OBJETOS:

O reconhecimento de pessoas e objetos não


deixa de ser um depoimento e por isso seguirá todas as 3.30. BUSCAS DOMICILIARES:
exigências previstas para um depoimento prestado pela
mesma pessoa, devendo ser observado o disposto nos arts.
368 a 370 do CPPM . Quando para apuração dos fatos forem
necessárias ações que envolvam buscas domiciliares,
Ver, a respeito: o encarregado do IPM mandará lavrar o “Termo de
Informação para Busca, Apreensão e Prisão” (ANEXO
• ANEXO IPM 41 - AUTO DE RECONHECIMENTO DE CAUTELAR 3 - TERMO DE INFORMAÇÃO PARA BUSCA,
INDICIADO APREENSÃO E PRISÃO) e representará ao MPM para
tal (ANEXO CAUTELAR 4 - PEDIDO DE EXPEDIÇÃO DE
• ANEXO IPM 42 - AUTO DE RECONHECIMENTO DE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO – AO MPM), ou
PESSOA solicitará ordem judicial nesse sentido ao Juiz Federal
da Justiça Militar (ANEXO CAUTELAR 5 - PEDIDO DE
• ANEXO IPM 43 - AUTO DE RECONHECIMENTO DE EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO
OBJETOS AO JUIZ FEDERAL DA JUSTIÇA MILITAR). Concedida a
ordem, será procedida a diligência, de conformidade com
os art. 179 e 180 do CPPM, observando-se o prescrito no
inciso XI do art. 5° da Constituição Federal.

3.27. OCORRÊNCIA FORA DA CIRCUNSCRIÇÃO/ Sobre o assunto, consulte o item 4.1.1. – Busca
JURISDIÇÃO MILITAR: deste Manual.

Quando o fato ocorrer fora da circunscrição/


jurisdição militar, será solicitada à Delegacia Policial, pelo
encarregado, cópia da ocorrência, com os respectivos 3.31. RESTITUIÇÃO DOS BENS APREENDIDOS:
termos de depoimento das testemunhas e de declaração
dos indiciados, bem como demais documentos porventura
existentes. Idêntico procedimento se observará quanto à
solicitação de Boletim de Socorro ao Hospital, do Exame O Encarregado pode restituir peças apreendidas
Pericial ao Instituto de Criminalística e do Exame de que julgar não mais interessar à apuração ou à Ação
Corpo de Delito ou do Laudo de Exame Cadavérico ao Penal que possa ser instaurada, quando não houver
Instituto Médico Legal. dúvidas quanto ao direito do reclamante ou quando
a coisa apreendida não seja irrestituível, conforme o
disposto nos art. 190 a 198 do CPPM. A medida deve ser
precedida de consulta ao MPM (ANEXO CAUTELARES
9 - CONSULTA AO MPM SOBRE RESTITUIÇÃO) e de
3.28. LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO: comunicação à autoridade judiciária competente. Para
efetuar restituições, o encarregado deverá despachar nos
autos, registrando o resultado da consulta ao MPM e
Quando for instaurado IPM para apurar autoria determinando a restituição (ANEXO CAUTELARES 10 -
de homicídio, anexar aos autos a cópia autenticada da DESPACHO DE RESTITUIÇÃO).
certidão de óbito da vítima e requisitar o Laudo de Exame
Cadavérico, se possível. A entrega será feita perante 02 (duas)
testemunhas, que assinarão o respectivo “Termo de
Restituição” (ANEXO CAUTELARES 11 - TERMO DE

34
3.INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)

RESTITUIÇÃO), que também deverá ser assinado pela 3.34. PRAZOS PARA CONCLUSÃO E PRORROGAÇÃO:
autoridade e pelo interessado.

Não poderão ser restituídos, em tempo algum, Os prazos para realização de IPM são os
os instrumentos ou produtos (direto) do crime que mencionados no art. 20 do CPPM, ou seja, 20 (vinte) dias
consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir
detenção constitua fato ilícito, bem como as coisas que, do dia em que se executar a ordem de prisão; ou em 40
pertencendo às Forças Armadas ou sendo de uso exclusivo (quarenta) dias nos demais casos, contados da data em
de militares, estejam em poder ou em uso do agente, ou de que se instaurar o inquérito. A prorrogação de que trata
pessoa não autorizada, conforme art. 190, § 1º do CPPM, o § 1° desse artigo será solicitada à autoridade nomeante,
salvo determinação judicial. com antecedência razoável.

O produto do crime ou de qualquer bem ou Serão deduzidos dos prazos determinados no art.
valor que constitua proveito auferido pelo agente com a 20 do CPPM as interrupções pelos motivos previstos no §
sua prática, cuja alienação não constitua ilícito, somente 5° do art. 10 do CPPM.
poderá ser restituído ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Se
duvidoso o direito do reclamante, a restituição não poderá O Encarregado de IPM, ao solicitar prorrogação de
ser realizada por decisão da autoridade judiciária militar, prazo para conclusão, deve fazer constar em tal solicitação
somente podendo ser efetuada em juízo. um ligeiro histórico do fato que motivou a abertura do
inquérito, das diligências empreendidas e da necessidade de
Sobre o assunto, consulte os itens 4.1.2. Apreensão prorrogação, para conhecimento da autoridade nomeante.
e 4.1.3. Restituição deste Manual. Essas informações constituem-se em elementos essenciais à
justificação prevista no § 2° do art. 20 do CPPM.

3.32. AFASTAMENTO DE SIGILOS:


3.35. RELATÓRIO:

Se, no curso das investigações, surgir necessidade


de se obter informações que impliquem no afastamento Terminado o IPM, o Encarregado, autoridade
do sigilo bancário, fiscal ou das comunicações telefônicas originária ou delegado, emitirá um “Relatório” (ANEXO
(por escuta), o Encarregado do IPM representará IPM 47 - RELATÓRIO DO IPM) constituído de três partes:
fundamentadamente com documentos ao MPM para a primeira conterá o objetivo do IPM com pequeno
que requeira ou solicitará, à autoridade judiciária militar histórico dos fatos; a segunda terá um capítulo destinado
competente para que expeça ordem judicial neste sentido às diligências realizadas e aos resultados obtidos e um
(ANEXO CAUTELARES EXTRAVAGANTES 1 - QUEBRA capítulo destinado a elencar as provas que fundamentam
DE SIGILO BANCÁRIO E FISCAL; ANEXO CAUTELARES a análise dos fatos. Uma terceira parte em que, com base
EXTRAVAGANTES 2 - QUEBRA DE SIGILO E DE DADOS nas provas elencadas, e citando-as concluirá sobre como
TELEFÔNICOS). se deram os fatos investigados, respondendo:

Algumas das medidas cautelares que podem ser 1. o que aconteceu?


tomadas durante o inquérito estão detalhadas no
Capítulo 4 deste manual, onde são feitas referências 2. quem participou ou presenciou?
aos modelos respectivos.
3. contra quem foi feito?

4. quando ocorreu?

5. onde ocorreu?
3.33. IDENTIFICAÇÃO DO INDICIADO:
6. como ocorreu?

7. por qual razão ocorreu?


Caso o indiciado civil, em crime militar, não
possua identificação, será ele encaminhado, pelo 8. com auxílio de quem?
Encarregado do IPM, ao órgão de identificação civil da
área, a fim de ser identificado civilmente. 9. e quais as normas não penais eventualmente violadas.

35
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Deverá também concluir sobre ter havido ou não as providências necessárias para a instauração de processo
crime militar, ou transgressão/contravenção disciplinar, administrativo disciplinar militar, na hipótese de restarem
não havendo necessidade de tipificar a conduta, nem indícios de transgressão disciplinar, ou determine novas
havendo óbice a que o faça. Ainda, se manifestará sobre diligências, se as julgar necessárias (ANEXO IPM 53 -
a necessidade de ser decretada a prisão preventiva, OFÍCIO DE REMESSA À AUTORIDADE ORIGINÁRIA).
conforme o arts. 22 do CPPM e art, 254 e 255 do mesmo
diploma legal. A autoridade delegante poderá, nos termos
do §2º do art. 22 do CPPM, em discordando da solução
No Relatório, o Encarregado deverá, se for o dada ao IPM pela autoridade delegada, avocá-lo para dar
caso, apontar a existência de indícios de responsabilidade solução diversa. A avocação é providência extraordinária,
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de só se justificando quando se fizer de forma fundamentada
atos lesivos à administração pública. (ANEXO IPM 52 - SOLUÇÃO - AVOCAÇÃO), não devendo
ser suprimida dos autos nem modificada a solução de que
Os autos do IPM serão remetidos à autoridade se discorde.
originária por meio de ofício de remessa (ANEXO
IPM 52 - OFÍCIO DE REMESSA À AUTORIDADE Quando ficar constatado que o fato apurado
ORIGINÁRIA). Nesse caso, o escrivão deverá lavrar constitui transgressão/contravenção disciplinar, não
termo de “Remessa” (ANEXO IPM 55 – TERMO DE tipificada como crime militar, ou que, além da conduta
REMESSA) a fim de que conste nos autos a expedição do considerada crime militar, foi constatada a existência
IPM para a autoridade originária. de transgressão/contravenção disciplinar, a autoridade
nomeante fará constar tal circunstância na Solução do
IPM (ANEXO IPM 50 – SOLUÇÃO DE IPM - CASO DE
TRANSGRESSÃO/CONTRAVENÇÃO DISCIPLINAR) e
deverá adotar as providências necessárias para apuração
3.36. SOLUÇÃO: do fato.

Quando o infrator não estiver servindo sob as


A autoridade originária examinará as conclusões ordens da autoridade nomeante, serão extraídas cópias do
expostas no “Relatório”, pelo Encarregado, e decidirá, por “Relatório” e da “Solução”, as quais serão encaminhadas
meio de “Solução”. à autoridade sob cujas ordens estiver o infrator, para
que sejam tomadas as medidas julgadas convenientes
Vide os seguintes modelos: (ANEXO IPM 55 - OFÍCIO DE REMESSA A AUTORIDADE
MILITAR).
• ANEXO IPM 48 - SOLUÇÃO – INEXISTÊNCIA DE
CRIME A solução de IPM é ato privativo da autoridade
policial judiciária militar, não se atendo à pessoa ocupante
• ANEXO IPM 49 - SOLUÇÃO – EXISTÊNCIA DE do cargo, mas sim à autoridade que dele advém. Quando
CRIME a instauração decorrer de determinação de autoridade
superior, caberá a esta homologar a “Solução” ou avocá-
• ANEXO IPM 50 – SOLUÇÃO DE IPM - CASO DE la, dando outra diferente. A “Solução” dada por outrem,
TRANSGRESSÃO/CONTRAVENÇÃO DISCIPLINAR no impedimento, só é admitida em caso plenamente
justificável, que, nela, deverá estar explicado.
• ANEXO IPM 51 – SOLUÇÃO DE IPM - CASO DE ATO
DEMERITÓRIO Caso a autoridade originária julgue os dados
apurados insuficientes para fundamentar sua decisão final
ou considere a existência de fatos novos e conhecidos após
o “Relatório”, deverá restituir os autos ao Encarregado.
A “Solução” será exarada dentro dos prazos Entretanto:
previstos no art. 20 do CPPM para conclusão do IPM.

Quando a autoridade de polícia judiciária militar


superior tiver delegado sua competência instauradora a Os prazos para conclusão não serão alterados,
outra autoridade de polícia judiciária militar subordinada, sendo as prorrogações subsequentes, decorrentes
ou quando a autoridade de polícia judiciária militar dessa devolução concedidas dentro dos prazos
houver delegado suas atribuições a Oficial (§§1º a 5º do previstos no art. 20 do CPPM.
art. 7º do CPPM), aquele que recebeu a delegação, ou seja,
a autoridade de polícia judiciária militar que instaurou o
IPM, enviará o IPM para a autoridade delegante, para que
homologue ou não a solução apresentada, para que adote

36
3.INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)

A autoridade que mandou instaurar o IPM, 3.38. IPM ORIUNDO DE SINDICÂNCIA:


concluindo tratar-se de ato demeritório praticado por
militar, procederá ao encaminhamento de cópia dos autos
para a autoridade competente, solicitando instauração de Os autos de sindicância que derem origem
correspondente Conselho de Disciplina ou de Justificação. à instauração de IPM serão anexados integralmente
à portaria, no original ou em cópia autenticada, não
Quando a autoridade nomeante, na solução havendo necessidade de repetir os procedimentos nela
do IPM, concluir haver indícios de responsabilidade contidos, a não ser que se identifique a necessidade de
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática complementar informações ou que se tenha omitido
de atos lesivos à administração pública, deverá submeter formalidade essencial.
à apreciação do respectivo ODS, por meio de ofício
explicativo, via cadeia de Comando, para a análise sobre a
possibilidade de apuração por procedimento ou processo
administrativo específico.
3.39. INDICIADO PRESO:

Quando o indiciado estiver preso respondendo a


3.37. REMESSA DE IPM: IPM, deverá constar da “Capa dos Autos” (ANEXO IPM
1 - CAPA) a expressão “PRESO” em tinta vermelha e o
ofício de encaminhamento, de que trata o subitem 3.40.1,
Solucionado o IPM, a autoridade originária deverá ter a precedência “URGENTE”.
remeterá imediatamente os autos do inquérito diretamente
ao Juiz Federal da Justiça Militar da CJM onde ocorreu a
infração penal, acompanhados dos instrumentos desta,
bem como todos os objetos que interessem à sua prova
(ANEXO IPM 54 - OFÍCIO DE REMESSA AO JUIZ 3.40. FALECIMENTO DO INDICIADO:
FEDERAL), informando, ainda, acerca das diligências que
não puderam ser concluídas.
Quando ocorrer o falecimento do indiciado,
cópia autenticada da certidão de óbito será anexada
aos autos e, se não houver mais nada a ser investigado,
Mesmo quando ficar constatado que o fato, não será elaborado relatório e solução do IPM, conforme o
caracteriza transgressão/contravenção disciplinar, preconizado subitens 3.38 e 3.39.
nem crime militar, a autoridade nomeante deverá
encaminhar o IPM à CJM correspondente, na
forma do item anterior, pois o arquivamento só
poderá ser feito judicialmente, mediante pedido
do MPM (art. 24 do CPPM).

Sendo apurada avaria, extravio ou dano a bens


da Fazenda Nacional, desvio de numerário ou de material
cadastrado ou controlado, a relação dos bens com os
respectivos valores será remetida à OM responsável pelo
controle do material e ao órgão de controle interno, sendo
informadas as providências adotadas para indenização,
quando for o caso, além de anexadas cópias do “Relatório”
e da “Solução” do IPM.

O arquivamento dos autos não impede a


instauração de novo IPM, se novas provas surgirem em
relação ao fato, ao indiciado ou terceira pessoa, ressalvadas
as hipóteses de extinção de punibilidade, conforme o art.
25 do CPPM.

37
OS ANEXOS DESSE CAPÍTULO ESTÃO DISPONÍVEIS EM: HTTP://WWW.MPM.MP.BR/MANUALDEPOLICIAJUDICIARIAMILITAR.

4. MEDIDAS CAUTELARES
(PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS)

As Medidas Cautelares podem ser definidas como


uma providência cautelar que visa garantir o provimento prender criminosos;
de um pedido, antecipando, de forma provisória, possíveis
consequências do processo principal.
apreender coisas obtidas por meios criminosos ou guar-
O CPPM prevê algumas medidas que interessam dadas ilicitamente;
à fase de polícia judiciária militar. Nestas, há uma divisão
entre medidas que recaem sobre coisas e pessoas (busca
pessoal ou domiciliar, a apreensão e a restituição) e as apreender instrumentos de falsificação ou contrafação;
que recaem apenas sobre as coisas (sequestro, a hipoteca
legal e o arresto).
apreender armas e munições e instrumentos utilizados na
Mas há também medidas questão fora do CPPM, prática de crime ou destinados a fim delituoso;
entre as quais mencionaremos algumas. Denominaremos
estas medidas como extravagantes.
descobrir objetos necessários à prova da infração ou à
defesa do acusado;

4.1. MEDIDAS PREVISTAS apreender correspondência destinada ao acusado ou


NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR: em seu poder, quando haja fundada suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação
do fato;

4.1.1. – Busca (arts. 170 ao 184 do CPPM):


apreender pessoas vítimas de crime;
4.1.1.1. Conceito:

A busca consiste em diligência destinada a colher elemento de convicção (arts. 170 a 172 do CPM).
encontrar pessoa ou coisa. Pode ser domiciliar ou pessoal.

Quando para apuração dos fatos forem necessárias


4.1.1.2. Busca Domiciliar: ações que envolvam buscas domiciliares, o encarregado
do IPM poderá expedir ofício ao Juiz Federal da Justiça
A busca domiciliar consiste na procura material Militar da União competente, solicitando ordem judicial
(portas adentro da casa) para, quando houver fundadas nesse sentido (ANEXO CAUTELAR 1 – BUSCA
razões que a autorize, dentre outras: DOMICILIAR), ou representar ao MPM para tal (ANEXO
CAUTELAR 2 – CONSULTA AO MPM SOBRE BUSCA
DOMICILIAR).

38
4.MEDIDAS CAUTELARES (PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS)

É possível a busca domiciliar sem ordem judicial, Não compreende no termo “casa”:
mas para tanto é necessário consentimento expresso
do morador, devendo o encarregado formalizar
esta autorização, com testemunhas (ANEXO 1. hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação
CAUTELAR 6 – TERMO DE CONSENTIMENTO coletiva, enquanto abertas, salvo aposento
DO MORADOR). Também é possível a busca sem ocupado de habitação coletiva;
mandado, nos casos de flagrante delito (art. 244,
do CPPM). 2. taverna, boate, casa de jogo e outras do mesmo
gênero;

Concedida a ordem, será procedida a diligência, 3. a habitação usada como local para a prática de
de conformidade com os arts. 179 e 180 do CPPM, infrações penais.
observando-se o prescrito no inciso XI do art. 5° da
Constituição Federal, em especial quanto aos horários.

4.1.1.2.1. Procedimento da busca domiciliar com


Será considerado “durante o dia” o período compre- mandado:
endido entre o nascer e o pôr-do-sol, sendo preferí-
vel que a busca não se inicie próxima ao pôr-do-sol. O executor da busca domiciliar, já munido do
mandado, quando da presença do morador, procederá da
maneira como se segue.
A busca domiciliar, quando não levada a efeito
pelo encarregado do procedimento de polícia judiciária Fará a leitura do mandado, identificar-se-á e
militar, será coordenada por oficial designado pelo dirá o que pretende localizar. Em seguida, convidará
encarregado do inquérito, atendida a hierarquia do posto o morador a franquear a entrada, sob pena de a forçar
ou graduação de quem a sofrer, se militar. se não for atendido. Uma vez dentro da casa, se estiver
à procura de pessoa ou coisa, convidará o morador a
apresentá-la ou exibi-la, e, caso não seja atendido ou
O termo “casa” compreende: em se tratando de pessoa ou coisa incerta, procederá à
busca. Se o morador ou qualquer outra pessoa recalcitrar
ou criar obstáculo, poderá usar a força necessária para
1. qualquer compartimento habitado; vencer a resistência ou remover o empecilho e arrombará,
se necessário, quaisquer móveis ou compartimentos em
2. aposento ocupado de habitação coletiva; que, presumivelmente, possam estar as coisas ou pessoas
procuradas.
3. compartimento não aberto ao público, onde
alguém exerce profissão ou atividade. Quando da ausência do morador, o executor da
busca domiciliar, procederá da seguinte maneira: tentará
localizar o morador para lhe dar ciência da diligência e
aguardará a sua chegada, se isto não frustrar a diligência. No
Atenção especial deve ser dada à busca em escritó- caso de não ser encontrado o morador ou não comparecer
rios de advocacia, possível apenas por mandado ju- com a necessária presteza, convidará pessoa capaz, maior de
dicial, nos seus exatos termos, devendo ser observa- 18 anos, que será identificada para que conste do respectivo
do o disposto no § 6º do artigo 7º da lei 8.906/94 (Es- auto, a fim de testemunhar a diligência. Após, entrará na
tatuto da OAB), notadamente a presença de repre- casa, arrombando-a, se necessário, e procederá à busca;
sentante da OAB. Neste caso, deve ser feito contato rompendo, se preciso, todos os obstáculos em móveis ou
prévio com o MPM, para orientações específicas. compartimentos onde, presumivelmente, possam estar as
coisas ou pessoas procuradas.

39
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

A busca pessoal independerá de mandado judicial


Sempre que necessário o rompimento de obstáculos, quando:
o procedimento deve ser feito com o menor dano
possível à coisa ou compartimento passível da
busca, providenciando-se, sempre que possível, a 1. Feita no ato da captura de pessoa que deve ser
intervenção de profissional habilitado, quando se presa, como no caso de prisão em flagrante ou
tratar de remover ou desmontar fechadura, ferrolho, cumprimento de mandado de prisão ou busca
peça de segredo ou qualquer outro aparelhamento de pessoa com consequente prisão;
que impeça a finalidade da diligência.

2. Executada no curso da busca domiciliar,


quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte instrumentos ou produto de crime;
Na hipótese da casa encontrar-se desabitada,
o executor da busca tentará localizar o proprietário,
procedendo da mesma forma como no caso de ausência 3. Houver fundada suspeita de que o revistando
do morador. traz consigo objetos ou papéis que constituam
corpo de delito;
Importante observar que, em casa habitada, a
busca será feita de modo que não moleste os moradores
mais do que o indispensável ao bom êxito da diligência. 4. Feita na presença do presidente do inquérito.
Ademais, os livros, documentos, papéis e objetos que
não tenham sido apreendidos devem ser repostos nos
seus lugares.
4.1.1.3.1 Procedimento da busca pessoal:

O encarregado da diligência de tudo lavrará A busca pessoal realizar-se-á por revista na


termo pormenorizado, conforme ANEXO CAUTELAR pessoa, incluídos pastas, malas e outros objetos que
7 – AUTO DE BUSCA E APREENSÃO. A filmagem da estejam com a pessoa revistada, estendendo-se, também
diligência pode ser útil para evitar contestações indevidas aos veículos e armários de alojamento.
e, sendo feita, deverá ser anexada ao termo.

A busca em mulher será realizada por outra


4.1.1.2.2 Procedimento da busca domiciliar sem mandado: mulher, se não importar retardamento ou prejuízo
da diligência, caso em que tal situação deverá ser
relatada no termo de apreensão, acaso lavrado.
Aplica-se a este caso o procedimento da busca
com mandado, no que couber.
A busca pessoal por mandado será executada
No caso de busca domiciliar em situação de por oficial, designado pelo encarregado do procedimento
flagrante delito, a realização da diligência deverá ser de polícia judiciária, atendida a hierarquia do posto ou
relatada pormenorizadamente no APF. Caso sejam graduação de quem a sofrer, se militar.
encontrados instrumentos ou objetos do crime, a
circunstância de sua localização deverá constar no Termo
de apreensão destes. Em não sendo localizados, o relato da
busca deverá constar nas declarações de quem a procedeu. 4.1.2. Apreensão (arts. 185 a 189 do CPPM):

4.1.2.1 Conceito:

4.1.1.3 Busca pessoal: A apreensão é a medida consequente da busca,


domiciliar ou pessoal, quando encontradas as pessoas ou
A busca pessoal consiste na procura material coisas procuradas. Em que pese estar relacionada à busca,
feita nas vestes, pastas, malas e outros objetos que a apreensão pode ocorrer de forma autônoma quando a
estejam com a pessoa revistada e, quando necessário, no autoridade receber o objeto, direta e espontaneamente, do
próprio corpo, quando houver fundada suspeita de que acusado ou do ofendido.
alguém oculte consigo instrumento, produto do crime
ou elementos de prova.

40
4.MEDIDAS CAUTELARES (PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS)

4.1.2.2 Procedimento: 4.1.3.2. Procedimento:

Se o executor da busca encontrar as pessoas Para efetuar restituições, o encarregado deverá


ou coisas procuradas (arts.172 e 181 do CPM), deverá despachar nos autos registrando o resultado da consulta ao
apreendê-las. De igual forma deverá proceder, caso MPM, determinando a restituição (ANEXO CAUTELAR
encontre armas ou objetos pertencentes às Forças Armadas 10 – DESPACHO DE RESTITUIÇÃO).
ou de uso exclusivo de militares, quando estejam em posse
indevida, ou seja incerta a sua propriedade. A entrega será feita perante 02 (duas)
testemunhas, que assinarão o respectivo “Termo de
No caso de serem encontradas, ao acaso, sem Restituição” (ANEXO CAUTELAR 11 – TERMO DE
relação com o fato investigado, coisas descritas nas alíneas RESTITUIÇÃO), que também deverá ser assinado pela
b, c, d, do art. 172 do CPPM, e alíneas a, b do art. 109 autoridade e pelo interessado.
do CPM, as mesmas serão apreendidas, devendo ser
instaurado procedimento adequado à apuração dos fatos. Não poderão ser restituídos, em tempo algum,
os instrumentos ou produtos (direto) do crime que
Finda a diligência, deve ser lavrado auto circuns- consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
tanciado da busca e apreensão (ANEXO CAUTELAR 8 detenção constitua fato ilícito, bem como as coisas que,
– TERMO DE APREENSÃO), assinado por 02 (duas) pertencendo às Forças Armadas ou sendo de uso exclusivo
testemunhas, com declaração do lugar, dia e hora em que de militares, estejam em poder ou em uso do agente, ou de
se realizou, com citação das pessoas que a sofreram e das pessoa não autorizada, conforme art. 190, § 1º do CPPM,
que nelas tomaram parte ou as tenham assistido, com as salvo determinação judicial.
respectivas identidades, bem como de todos os inciden-
tes ocorridos durante a sua execução. Constarão do auto, O produto do crime ou de qualquer bem ou
ou dele farão parte em anexo devidamente rubricado pelo valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
executor da diligência, a relação e descrição das coisas sua prática, cuja alienação não constitua ilícito, somente
apreendidas, com a especificação, se máquinas, veículos, poderá ser restituído ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Se
instrumentos ou armas, da sua marca e tipo e, se possível, duvidoso o direito do reclamante, a restituição não poderá
da sua origem, número e data da fabricação. Em se tra- ser realizada por decisão da autoridade judiciária militar,
tando de livros, constará o respectivo título e o nome do somente podendo ser efetuada em juízo.
autor; se documentos, a sua natureza.

Recomenda-se evitar que as testemunhas


figuradas no auto de busca e apreensão sejam as que 4.1.4. Sequestro (arts. 199 ao 205 do CPPM):
participaram da busca.
4.1.4.1. Conceito:
Todo o material apreendido deve ser encaminhado
ao juízo competente, quando da remessa dos autos do É uma medida assecuratória que recai sobre os
procedimento de polícia judiciária militar. bens adquiridos com os proventos da infração e retira o
bem da posse da pessoa. Tanto os bens móveis, quanto os
imóveis adquiridos com os proventos da infração penal,
estão sujeitos ao Sequestro, mesmo que já tenham sido
4.1.3. Restituição (arts. 190 a 198 do CPPM): transferidos para terceiros. Lembre-se: é indispensável a
existência de fortes indícios da proveniência ilícita do bem.
4.1.3.1. Conceito:
Exemplo: imóveis adquiridos pelo réu com
A restituição consiste na devolução do material valores provenientes do desvio de verbas públicas.
apreendido, quando não mais interessar à investigação
ou ao processo, desde que a coisa apreendida não seja Compreende-se que cabe sequestro nos casos
irrestituível, na forma da lei (art. 190 do CPM), e não em que é verificado ser a infração penal militar lesão, de
exista dúvida quanto ao direito do reclamante. qualquer forma, ao patrimônio sob administração militar,
e, ainda, dano à pessoa jurídica ou natural.
A restituição poderá ser ordenada pela autoridade
policial militar ou pelo Juiz, mediante termo nos autos.
A restituição, pela autoridade policial militar, no curso
de procedimento de polícia judiciária militar, deve ser 4.1.4.2. Situação fática:
precedida de consulta ao Ministério Público Militar
(ANEXO CAUTELAR 9 – CONSULTA AO MPM SOBRE Dúvida sobre a licitude da aquisição de um bem.
RESTITUIÇÃO). Há uma suspeita que o bem foi adquirido como fruto do
crime. Nesse caso, o encarregado do IPM, da maneira

41
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

fundamentada, irá solicitar à autoridade judiciária, ou 4.1.5.2. Situação fática:


representar ao MPM para fazê-lo, o sequestro desse bem
para que ao final da ação, caso o réu seja condenado, este É similar ao sequestro, mas a diferença é que
bem sirva para indenizar a vítima, repor ao erário ou no arresto não há suspeita da ilicitude da aquisição do
reparar os danos causados pelo delito, por exemplo. bem. É, de fato, uma medida cautelar para assegurar a
efetividade da reparação do dano ao final do processo.
Vejamos: ao final do processo o juiz condena o réu a
indenizar a vítima; se esse bem não tivesse sido arrestado
4.1.4.3. Requisito indispensável: e o réu tivesse vendido o bem, a vítima não iria receber
nada. Nota-se que neste caso não é um bem determinado,
O ingresso da medida não requer prova plena, não há suspeita da ilicitude da aquisição desse bem; em
mas exige indícios veementes de que o bem sequestrado verdade, arresta-se qualquer bem que sirva para assegurar
tenha sido adquirido com os proventos da infração o resultado da demanda no final do processo – art. 215,
penal. É o caso, por exemplo, de indivíduo que, logo caput e alíneas “a” e “b”, do CPPM.
após a prática de um crime, tenha adquirido patrimônio
em valor equivalente ao que se locupletou com o fato
criminoso, sem ter rendas que dessem suporte a tal
aquisição e, ainda, omitindo o bem da declaração de 4.1.5.3 Procedimento:
bens junto à Receita Federal.
Em qualquer fase do procedimento de polícia
Ou seja: a expressão ‘indícios veementes’ pode ser judiciária militar o arresto poderá ser solicitado. Nos
entendida como a probabilidade séria de que o bem tenha termos da lei, “em qualquer caso o arresto somente será
proveniência ilícita. decretado quando houver certeza da infração e fundada
suspeita de sua autoria”, o que deve ser indicado na
No caso do pedido de sequestro, há a necessidade fundamentação do pedido (ANEXO CAUTELAR 14 -
de delimitar-se especificamente os bens almejados ARRESTO e ANEXO CAUTELAR 15 – CONSULTA AO
pela medida, demonstrando-se a ligação destes com MPM QUANTO AO ARRESTO).
o proveito do crime militar. Não é possível pedido de
sequestro sobre a totalidade de bens do criminoso, sem
que seja feita a ligação destes bens com o proveito do
crime militar investigado: neste caso faz-se o arresto Uma vez que a hipoteca legal não é cabível na
(item 4.1.5 deste Manual). fase de procedimento de polícia judiciária militar,
o arresto de bens imóveis é a medida cautelar
adequada para evitar artifício fraudulento que os
transfira ou grave, impedindo a satisfação do dano
4.1.4.4. Procedimento: causado pela infração penal.

O sequestro, durante o procedimento de polícia


judiciária militar, depende de pedido do encarregado
da investigação à autoridade judiciária militar (ANEXO
CAUTELAR 12 - SEQUESTRO), ou representação ao 4.1.6. Prisão preventiva (arts. 254 ao 261 do CPPM):
MPM, para que assim o faça (ANEXO CAUTELAR 13 –
CONSULTA AO MPM QUANTO AO SEQUESTRO). 4.1.6.1 Conceito:

É uma modalidade de prisão provisória prevista


no CPPM, que pode ser requerida pela autoridade
4.1.5. Arresto (arts. 215 ao 219 do CPPM): encarregada do procedimento de polícia judiciária
militar à autoridade judiciária (ANEXO CAUTELAR
4.1.5.1 Conceito: 17 - PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA - AO JUIZ),
ou mediante representação ao MPM para assim o fazer
É uma medida cautelar que recai sobre o (ANEXO CAUTELAR 16 - PEDIDO DE DECRETAÇÃO
patrimônio lícito do acusado, a fim de garantir a reparação DE PRISÃO PREVENTIVA – AO MPM). O pedido
futura do dano gerado pelo crime militar. Recairá, deve ser devidamente fundamentado, com suporte
preferencialmente, sobre imóveis e somente se estenderá documental, notadamente quanto aos requisitos de prova
a bens móveis, caso aqueles não tiverem valor suficiente do fato delituoso e de indícios suficientes de autoria (art.
para assegurar a satisfação do dano. 254, CPPM), além de pelo menos uma das hipóteses do
art. 255, do CPPM.

42
4.MEDIDAS CAUTELARES (PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS)

4.1.6.2 Características:
4.2. MEDIDAS CAUTELARES EXTRAVAGANTES:
A prisão preventiva, além dos requisitos de prova
do fato delituoso (certeza de que ocorreu uma infração
penal) e indícios suficientes de autoria (suspeita fundada
de que o indiciado ou réu é o autor da infração penal), 4.2.1. Quebra de sigilo bancário e fiscal:
deverá fundar-se em um dos seguintes casos:
A Polícia Judiciária Militar investiga crimes
militares que venham a ser comprovados a partir de
documentos bancários e fiscais, a exemplo de estelionato
1. garantia da ordem pública; contra previdência militar, peculato e outros. Nesses
casos, diante da necessidade da coleta de dados bancários
e fiscais do indiciado, a autoridade policial militar deverá
2. conveniência da instrução criminal; representar ao Juiz Federal da Justiça Militar da União,
fundamentando essa imprescindibilidade da quebra do
sigilo bancário e fiscal.
3. periculosidade do indiciado ou acusado;
Essa representação deverá estar baseada em
fundados indícios de prática de crime militar e venha a
4. segurança da aplicação da lei penal militar; demonstrar que tal medida investigativa é necessária
e indispensável para a apuração do procedimento de
polícia judiciária militar. Além disso, deverá ser instruída
5. exigência da manutenção das normas ou com dados necessários, tais como: nome da pessoa
princípios de hierarquia e disciplina militares, (correntista), nome do banco, agência, conta e o período
quando ficarem ameaçados ou atingidos com de movimentações bancárias realizadas que se pretende
a liberdade do indiciado ou acusado. investigar. (ANEXO CAUTELARES EXTRAVAGANTES
1 – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO E FISCAL)

Garantia da Ordem Pública motivará a repre-


sentação quando houver indícios concretos de que o 4.2.2. Quebra de sigilo de dados telefônicos:
agente poderá voltar a delinquir, acaso permaneça em li-
berdade, associados à gravidade e à repercussão do delito. Cabe conceituar os procedimentos invasivos
seguintes: interceptação telefônica, escuta telefônica,
A conveniência da Instrução Criminal justifica- gravação clandestina de ligação telefônica e captação
rá a representação quando liberdade do indiciado com- (gravação) ambiental.
prometerá a colheita de provas, a realização de diligên-
cias, o curso probatório do feito, a exemplo do réu que Interceptação telefônica: é observada quando
ameaça ou corrompe a testemunha, do assaltante solto uma terceira pessoa viola e capta a ligação telefônica man-
que não comparece à audiência. tida entre dois interlocutores, sem o conhecimento e con-
sentimento deles. Assim, o teor da conversa gravada não
A periculosidade do indiciado pode ser aferida é válido como prova, não obstante revelar a ocorrência de
pelo próprio crime e por seu comportamento, antes e após um crime, já que há violação de intimidade e privacidade.
o crime, a exemplo de atitudes ameaçadoras à coletividade O art. 2° da Lei 9.296/96 descreve as hipóteses em que não
militar ou civil. será admitida a interceptação (quando não houver indí-
cios razoáveis da autoria ou participação em infração pe-
A aplicação da lei penal militar estará ameaçada nal, quando a prova puder ser feita por outros meios dis-
nos casos em que o indiciado possa fugir ou desaparecer. poníveis e quando o fato investigado constituir infração
penal punida, no máximo, com pena de detenção).
Exigência da manutenção de normas e princí-
pios de Hierarquia e Disciplina Militares estará presente Escuta telefônica: Difere da interceptação por
em situações em que a liberdade do indiciado possa causar haver a anuência de um dos interlocutores, no entanto
ameaças à manutenção da hierarquia e disciplina, a exem- também é feita por um terceiro. Essa prova é ilícita, po-
plo de comportamento acintoso, desafiador, desrespeitoso, rém, em situações de legítima defesa ou estado de neces-
em relação a seus superiores, pares e subordinados. sidade, ela é aproveitável; a exemplo de um sequestro em
que os sequestradores estão negociando o preço do resgate
com a família do sequestrado – neste caso, a prova obtida
servirá para conduzir o trabalho da polícia.

43
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Gravação clandestina: Tanto pode ocorrer via li-


gação telefônica, como na esfera ambiental, quando uma I - suspensão da posse ou restrição do
das pessoas grava a conversa havida com seu interlocu- porte de armas, com comunicação ao órgão
tor sem autorização e conhecimento deste. O uso dessa competente, nos termos da Lei no 10.826, de
gravação é legal, ainda mais quando for usada para defesa 22 de dezembro de 2003;
própria em investigação criminal – isso, pois, quem revela
a conversa da qual participou, como emissor ou receptor,
não intercepta, apenas dispõe do que também é seu. II - afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida;

III - proibição de determinadas condutas,


Quando a gravação envolve um procedimento de entre as quais:
investigação em que se grave uma conversa com
o indiciado, torna-se necessária a revelação ao a) aproximação da ofendida, de seus
inquirido de que aquela conversa está sendo grava e familiares e das testemunhas, fixando o
que ele tem o direito ao silencia. Se tais informações limite mínimo de distância entre estes
forem omitidas, os elementos informativos obtidos e o agressor;
serão considerados ilícitos, devido ao fato de não
ser observado ao indiciado o seu direito à não b) contato com a ofendida, seus
autoincriminação. familiares e testemunhas por qualquer
meio de comunicação;

Captação (gravação) ambiental: Ocorre quan- c) frequentação de determinados


do terceira pessoa capta sons ou imagens de duas ou mais lugares a fim de preservar a integridade
pessoas sem o conhecimento e autorização delas. Em física e psicológica da ofendida;
ambientes privados, tais como residências e escritórios, a
captação ambiental só pode ser realizada com autorização
judicial, ao passo que em ambientes públicos, como ruas e IV - restrição ou suspensão de visitas aos
praças, pode haver a dispensabilidade da ordem judicial. dependentes menores, ouvida a equipe de
atendimento multidisciplinar ou serviço
similar;

Nos procedimentos de polícia judiciária militar,


a autoridade militar deve representar ao Juiz V - prestação de alimentos provisionais ou
Federal da Justiça Militar da União, com exatidão, provisórios.”
a narrativa dos fatos e demonstrar, cabalmente, a
necessidade da quebra do sigilo telefônico. (ANEXO
CAUTELARES EXTRAVAGANTES 2 – QUEBRA
DE SIGILO E DE DADOS TELEFÔNICOS). Essas medidas devem ser requeridas ao Juiz
Federal da Justiça Militar, sendo recomendável que a
autoridade de polícia judiciária militar faça prévio contato
com o Ministério Público Militar.

4.2.3. Medidas protetivas da lei maria da penha: Alerte-se que as medidas supramencionadas não
impedem a aplicação de outras previstas na legislação
Interessa-nos as medidas protetivas de urgência que em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as
obrigam o agressor nos casos definidos pela Lei n. 11.340/06, circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser
especificamente em seu art. 22, nos seguintes termos: comunicada ao MPM. Exemplificativamente, pode haver
a decretação da prisão preventiva ou a execução de busca
e apreensão de coisa ou pessoa. Contudo, a fim de que
“Art. 22.  haja fundamento para o pedido de prisão preventiva
do indiciado, a autoridade de polícia judiciária militar
Constatada a prática de violência doméstica e deverá fundamentar sua representação não somente
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o nas disposições processuais da Lei Maria da Penha, mas
juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em também em um dos fundamentos-raiz do art. 255 do
conjunto ou separadamente, as seguintes medidas CPPM. (ANEXO CAUTELARES EXTRAVAGANTES 4 –
protetivas de urgência, entre outras: PRISÃO PREVENTIVA POR DESCUMPRIMENTO DE
MEDIDAS PROTETIVAS – LEI MARIA DA PENHA).

44
4.MEDIDAS CAUTELARES (PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS)

As medidas protetivas de urgência também não


afastam a necessidade de observância, no que couber, de § 2o  
medidas de tutela na fase de polícia judiciária militar,
previstas especialmente nos arts. 10 a 12-A da mesma Na inquirição de mulher em situação de violência
Lei, verbis: doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de
que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o
seguinte procedimento:

“Art. 10.  I - a inquirição será feita em recinto


especialmente projetado para esse fim, o
Na hipótese da iminência ou da prática de qual conterá os equipamentos próprios e
violência doméstica e familiar contra a mulher, a adequados à idade da mulher em situação de
autoridade policial que tomar conhecimento da violência doméstica e familiar ou testemunha
ocorrência adotará, de imediato, as providências e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
legais cabíveis.

II - quando for o caso, a inquirição será


Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste intermediada por profissional especializado
artigo ao descumprimento de medida protetiva de em violência doméstica e familiar designado
urgência deferida.” pela autoridade judiciária ou policial;

Art. 10-A.   III - o depoimento será registrado em


meio eletrônico ou magnético, devendo a
degravação e a mídia integrar o inquérito.”
É direito da mulher em situação de violência
doméstica e familiar o atendimento policial e
pericial especializado, ininterrupto e prestado por Art. 11. 
servidores - preferencialmente do sexo feminino -
previamente capacitados. No atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
entre outras providências:
§ 1o  

A inquirição de mulher em situação de violência I - garantir proteção policial, quando


doméstica e familiar ou de testemunha de violência necessário, comunicando de imediato ao
doméstica, quando se tratar de crime contra a Ministério Público e ao Poder Judiciário;
mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou


I - salvaguarda da integridade física, psíquica posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
e emocional da depoente, considerada a sua
condição peculiar de pessoa em situação de
violência doméstica e familiar; III - fornecer transporte para a ofendida e
seus dependentes para abrigo ou local seguro,
quando houver risco de vida;
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a
mulher em situação de violência doméstica
e familiar, familiares e testemunhas terão IV - se necessário, acompanhar a ofendida
contato direto com investigados ou suspeitos para assegurar a retirada de seus pertences do
e pessoas a eles relacionadas; local da ocorrência ou do domicílio familiar;

III - não revitimização da depoente, evitando V - informar à ofendida os direitos a ela


sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.”
âmbitos criminal, cível e administrativo, bem
como questionamentos sobre a vida privada.”

45
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Art. 12. 
§ 2o 
Em todos os casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, A autoridade policial deverá anexar ao documento
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, referido no § 1o  o boletim de ocorrência e cópia
os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles de todos os documentos disponíveis em posse da
previstos no Código de Processo Penal: ofendida.

I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de § 3o 


ocorrência e tomar a representação a termo,
se apresentada; Serão admitidos como meios de prova os laudos
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e
postos de saúde.
II - colher todas as provas que servirem
para o esclarecimento do fato e de suas
circunstâncias; Art. 12-A.  

Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de


III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e suas políticas e planos de atendimento à mulher em
oito) horas, expediente apartado ao juiz com situação de violência doméstica e familiar, darão
o pedido da ofendida, para a concessão de prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação
medidas protetivas de urgência; de Delegacias Especializadas de Atendimento à
Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de
Feminicídio e de equipes especializadas para o
IV - determinar que se proceda ao exame atendimento e a investigação das violências graves
de corpo de delito da ofendida e requisitar contra a mulher.
outros exames periciais necessários;

Art. 12-B.  (VETADO).


V - ouvir o agressor e as testemunhas;

§ 1o  (VETADO).
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer
juntar aos autos sua folha de antecedentes
criminais, indicando a existência de mandado § 2o  (VETADO). 
de prisão ou registro de outras ocorrências
policiais contra ele; § 3o 

A autoridade policial poderá requisitar os serviços


VII - remeter, no prazo legal, os autos do públicos necessários à defesa da mulher em
inquérito policial ao juiz e ao Ministério situação de violência doméstica e familiar e de seus
Público. dependentes.”

§ 1o 

O pedido da ofendida será tomado a termo pela


autoridade policial e deverá conter:

I - qualificação da ofendida e do agressor;

II - nome e idade dos dependentes;

III - descrição sucinta do fato e das medidas


protetivas solicitadas pela ofendida.

46
OS ANEXOS DESSE CAPÍTULO ESTÃO DISPONÍVEIS EM: HTTP://WWW.MPM.MP.BR/MANUALDEPOLICIAJUDICIARIAMILITAR.

5. INSTRUÇÃO
PROVISÓRIA DE
DESERÇÃO

Esses elementos são imprescindíveis para


5.1. DA DESERÇÃO caracterização do crime em comento. Diante da ausência
de qualquer um desses elementos, não haverá o crime.

No que tange à Deserção Especial, o art. 190 do


5.1.1. Das Considerações Gerais CPM aponta a seguinte definição típica: deixar o militar de
apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave,
A Deserção é um crime essencialmente militar, de que é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força
previsto apenas na legislação penal militar, cometido em que serve.
apenas por militar da ativa ou por militar designado para
o serviço ativo. Os elementos que compõem tal crime são os
seguintes: a) militar, que deixa de apresentar-se; b) no
Importante registrar, inicialmente, que o Código momento da partida do navio ou aeronave, em que o é
Penal Militar (CPM) traz duas espécies de deserção: tripulante ou c) de apresentar-se para o deslocamento da
deserção comum (art. 187) e deserção especial (art. 190). unidade ou força em que serve.
Além disso, aponta os casos assimilados ao crime de
deserção, art. 188. Mas não só, o Diploma Penal castrense Como dito acima, esses elementos são necessários
traz ainda a figura do crime de Concerto para Deserção e para caracterização do Crime de Deserção Especial, devendo
Deserção por Evasão ou Fuga. ser verificados pelos agentes da Administração Militar. A
ausência de um deles descaracteriza o mencionado crime.
Todas essas figuras apontadas serão apresentadas
em tópicos específicos, visto que são relevantes para que a Acerca dos casos considerados similares à Deserção,
Administração Militar possa conhecê-las e adotar medidas bem o Crime do Concerto para Deserção e da Deserção por
adequadas diante das várias espécies/modalidades do crime. Evasão ou Fuga, serão abordados nos tópicos específicos.

5.1.2. Do Conceito de Deserção 5.1.3. Do Fundamento Legal

Conforme já dito, a Deserção é um crime cometido Conforme já apresentado acima, o Crime de


por militares da ativa ou da reserva designados para o Deserção Comum e Especial encontram-se disciplinados
serviço ativo. A sua definição, notadamente a Deserção nos arts. 187 e 190, respectivamente, do CPM, cujas
Comum, encontra previsão no art. 187 do CPM, que diz redações são as seguintes:
ser crime a ausência do militar, sem licença, da unidade em
que serve ou do lugar em que deveria permanecer, por mais
de oito dias. “Art.187.

Tal conceito permite extrair os elementos Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em
essenciais que caracterizam a deserção comum: a) que serve, ou do lugar em que deve permanecer,
ausência do militar por mais de oito dias; b) sem licença, por mais de oito dias:”
isto é, autorização; c) da Unidade ou do lugar em que
deveria permanecer.

47
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

para o serviço ativo. Situação diversa da que se encontra o


“Art. 190. militar PTTC, pois ainda que vinculado funcionalmente à
administração militar mantém sua condição de militar na
Deixar o militar de apresentar-se no momento da reserva, considerando que seu contrato não tem o condão
partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, de lhe reconduzir ao serviço ativo.
ou do deslocamento da unidade ou força em que
serve:”   Portanto, é o militar da ativa ou militar da reserva
designado para o serviço militar ativo que poderá cometer o
Crime de Deserção, seja a modalidade comum, seja a especial.

Cabe ressaltar que, no âmbito do direito penal,


seja comum, seja militar, vige o princípio da legalidade,
segundo o qual, para caracterização de um crime, há que 5.1.6. Do Sujeito Passivo
se verificar a adequação perfeita da conduta realizada pelo
agente à figura típica prevista na norma legal. Sujeito passivo é aquele que suporta a incidência
da conduta. É a vítima. No homicídio, por exemplo, é a
vítima que sofre o ataque. No furto, é o proprietário do
bem furtado que é o sujeito passivo. Contudo, mesmo
5.1.4. Do Objeto Jurídico nesses casos, o Estado também é considerado vítima, na
medida em que tem sua norma legal transgredida.
Objeto jurídico nada é mais do que aquilo que a
norma visa proteger, isto é, o bem resguardado pela lei. No caso do Crime de Deserção, o sujeito passivo
é o Estado, que deve prezar pelo cumprimento do dever
O Crime de Deserção encontra-se alojado no militar e pelo serviço militar, importantes para as Forças
Título III, Parte Especial do CPM, com a seguinte redação: Armadas no cumprimento de sua missão constitucional.
Título III – Dos Crimes Contra o Serviço Militar e o Dever
Militar. Logo, é de se concluir que a norma legal visa à
proteção do serviço militar e o do dever militar, valores
indispensáveis para manter a regularidade das Instituições 5.1.7. Da Consumação
Militares.
5.1.7.1. Da Deserção Comum – Consumação (Contagem
do Prazo)

5.1.5. Do Sujeito Ativo Uma das tarefas que merece especial atenção da
administração militar é determinar o momento exato
Sujeito ativo é aquele que pratica o crime. É aquele em que o militar consumou o crime de deserção. Para tal
que realiza a figura típica, isto é, realiza a conduta descrita deve observar a correta contagem do prazo de 8 dias da
no tipo penal. Na Deserção, é o militar que se ausenta, ausência ilegal exigido pela lei. O lapso temporal de 8 dias
sem a devida autorização, da unidade ou do local onde de falta injustificada ao expediente é chamado prazo de
deveria permanecer, por mais de oito dias. Ou, no caso da graça. Cabe ressaltar que caso o prazo não se complete e
Deserção especial, aquele militar que deixa de apresentar- o militar ausente retorne antes do 8º dia, o crime não se
se no momento da partida do navio ou aeronave, de que consuma e a conduta irregular deverá ser apreciada na
é tripulante. É o que deixa apresentar-se momento do esfera disciplinar.
deslocamento da unidade ou Força em que serve.

Cabe consignar que, em regra, o militar sem Para melhor compreensão sobre esse assunto,
estabilidade reintegrado judicialmente para tratamento apresenta-se um caso prático a seguir:
de saúde não pode ser considerado desertor, isso porque
sua vinculação às fileiras da Força decorre unicamente de
decisão judicial e, ainda que remotamente se admita sua Segunda-feira, 1º FEV, às 17h, término do
exclusão administrativa do serviço por conta da deserção, expediente. Os militares são dispensados para
não estará ele apto em inspeção de saúde para nova retornarem no dia seguinte;
reinclusão e, consequentemente ser submetido ao devido
processo legal.
Terça-Feira, 2 FEV (D), 08h, o militar responsável
Notadamente, o militar da reserva Prestador de por conferir a presença dos demais militares para
Tarefa por Tempo Certo (PTTC) também não pode ser o expediente faz a chamada e percebe a falta de um
enquadrado como desertor, pois para efeito de aplicação da militar, comprovada a falta injustificada;
deserção, o militar deve estar na ativa ou ter sido designado

48
5.INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO

Quarta-Feira, 3 FEV (D+1), a partir das 00h desse


dia (3 FEV) o militar é considerado ausente (D+1),
ou seja, inicia-se a contagem dos dias de ausência
para a consumação do delito de deserção;

Quinta-Feira, 4 FEV (D+2), é confeccionada a


Parte de Ausência;

Quinta-Feira, 11 FEV, às 00h deste dia (D+9), o


militar será considerado desertor.

O exemplo em tela poderá, com mais propriedade,


ser visualizado no gráfico abaixo:

Falta 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
Injustificada Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia
Prazo de
CONTAGEM DO PRAZO

Graça

Dia (D) D+1 D+2 D+3 D+4 D+5 D+6 D+7 D+8 D+9
Parte Parte de
de Deserção
Ausência e
Termo de
Deserção

Nesse período deverão ser realizados os inventários de bens da Fazenda


Pública e particulares do militar ausente e, ainda, as diligências necessárias
para encontrá-lo.

Dia 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
do Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta
Mês

Tanto da parte de ausência, quanto do termo de deserção deverá constar o exato horário em que o militar não estava
e deveria estar, além de se registrar o início da contagem do prazo de graça que se dá à 0:00h seguinte dessa ausência

49
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

5.1.7.2. Dos Casos Assimilados à Deserção


A instauração de Inquérito Policial Militar é
Os casos assimilados estão elencados no art. 188 necessária, pois poderá haver subsunção a outro
do CPM, nos seguintes termos: tipo penal militar mais grave, a exemplo do
estelionato (art. 251, CPM), caso em que não
haverá lavratura de Termo de Deserção.
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:

I - não se apresenta no lugar designado, dentro de


oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias; 5.1.7.3. Da Deserção Especial – Consumação

II - deixa de se apresentar a autoridade competente, A consumação no caso do Crime de Deserção


dentro do prazo de oito dias, contados daquele em Especial, previsto no art. 190 do CPM, ocorre de forma
que termina ou é cassada a licença ou agregação ou imediata, ou seja, não há prazo de graça. Basta que o
em que é declarado o estado de sítio ou de guerra; militar, inequivocamente ciente do dia e horário da
missão, deixe se apresentar no momento da partida do
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, navio ou da aeronave do qual era tripulante; ou deixar de
dentro do prazo de oito dias; apresentar no momento do deslocamento da unidade ou
da força onde serve.
IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação
de inatividade, criando ou simulando incapacidade. Constatando-se tal situação, a Administração
Militar deverá confeccionar a Parte de não
comparecimento. E, ato contínuo, serão lavrados a Parte
Do inciso I ao III do dispositivo supramencio- de Deserção e o Termo de Deserção. Importante consignar
nado, percebe-se a necessidade de a Administração Mi- na Parte de não comparecimento que a autoridade que
litar bem documentar as situações antecedentes que se a lavrar desconhece os motivos que levaram o militar a
encontra o militar. Por exemplo, se o militar se encontra não se apresentar para a partida do navio ou aeronave, ou
de férias, imprescindível documentação que comprove o para o deslocamento da Unidade ou da Força. Importante
termo inicial e o final das férias. O mesmo ocorre com a juntar à Parte de Deserção a documentação comprobatória
agregação, trânsito etc. de que o militar desertor tinha ciência do dia e horário da
missão a qual faltou.
Ressalta-se que, o início da contagem do
período de graça se inicia no primeiro dia após a falta
injustificada (D+1), ou seja, o lapso temporal de 8 dias
de falta injustificada ao expediente é chamado prazo de 5.1.7.4. Da Deserção por Evasão ou Fuga
graça. Vale frisar que caso o prazo não se complete e o
militar ausente retorne antes do 8º dia, o crime não se O art. 192 do CPM diz que se o militar se evadir
consuma e a conduta irregular deverá ser apreciada na do poder da escolta, ou do recinto de detenção ou de
esfera disciplinar. prisão, ou fugir seguida à prática de crime para evitar
prisão, permanecendo ausente por mais de oito dias,
Atinente ao inciso IV, o militar, para fugir ao cometerá o crime de Deserção por Evasão ou Fuga.
serviço ativo da Força, cria uma simulação de incapacidade
ou simplesmente simula incapacidade. Entretanto, A importância desse dispositivo, notadamente
para caracterizar o mencionado crime, o militar deverá quanto à confecção dos documentos pela Administração
conseguir a exclusão do serviço ativo da Força ou situação Militar, é registrar a circunstância em que tal conduta
de inatividade, cabendo a Administração verificar se o ocorreu. Noutras palavras, a Administração Castrense
motivo que ensejou tal exclusão foi criada ou simulada deve juntar ao Termo de Deserção os documentos
pelo militar. comprobatórios de que o militar desertor estava sob poder
de escolta, ou detido, ou preso.
Nesses casos a exclusão indevida ou fraudulenta
deverá ser apurada mediante IPM, onde necessariamente Ressalta-se que, o início da contagem do
haverá avaliação da incapacidade e, depois, caso período de graça se inicia no primeiro dia após a falta
comprovada a fraude/simulação, lavrar-se-á o Termo de injustificada (D+1), ou seja, o lapso temporal de 8 dias
Deserção, que será juntado aos autos do IPM. de falta injustificada ao expediente é chamado prazo de
graça. Vale frisar que caso o prazo não se complete e o
militar ausente retorne antes do 8º dia, o crime não se
consuma e a conduta irregular deverá ser apreciada na
esfera disciplinar.

50
5.INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO

5.1.7.5. Disposições Gerais largura, ao longo das fronteiras terrestres, é considerada


faixa de fronteira, sendo fundamental para a defesa do
Em que pese não impactar diretamente no crime território nacional, o que se justifica1 “pela necessidade de
de Deserção, é importante que conste se o militar estava maior rigidez na disciplina dos militares que servem em
ou não em serviço quando se ausentou injustificadamente. unidades fronteiriças e pela necessidade da segurança da
Nessa situação, também pode ocorrer o crime de tropa em missão externa”.
abandono de posto (art. 195, CPM), caso em que, além da
IPD, deverá ser instaurado IPM. Estas duas circunstâncias devem ser demonstradas
por ocasião da lavratura do Termo de Deserção. A
Do mesmo modo, cabe alertar que o crime de condição de estar estacionada em país estrangeiro não
Concerto para Deserção é previsto no art. 191 do CPM, tem aptidão para gerar dúvidas, no entanto, pode ensejar
cuja redação é: Concertarem-se militares para a prática da alguma dificuldade a demonstração de que a unidade
deserção. A norma incrimina o acordo entre os militares encontra-se estacionada em fronteira. Logo, para fins de
para cometerem o mencionado crime. Importante fornecer elementos ao Ministério Público Militar para
registrar que o agente responderá mesmo se o crime não realizar seu juízo de valor, seria oportuno que a unidade
venha a se consumar. No entanto, não é apurado mediante militar onde o crime ocorreu informasse no corpo do
instrução provisória de deserção, mas no bojo de Inquérito Termo de Deserção, caso a sua localização encontre-se em
Policial Militar, ou seja, em regra, somente será lavrada a faixa de fronteira.
IPD se além do concerto a deserção se consumar.

5.2. DOS PROCESSOS ESPECIAIS DE DESERÇÃO


5.1.8. Da Causa Especial de Diminuição de Pena

A Deserção Comum, prevista no art.187 do CPM,


tem como pena detenção, estabelecida nos patamares de 5.2.1. Da Deserção do Oficial
seis meses a dois anos. Se o desertor for oficial, essa pena
é agravada. Contudo, mesmo após o cometimento do Todos militares da ativa podem ser sujeitos ativos
delito, há situações, previstas legalmente, que permitem de Crime de Deserção, independentemente de posto ou
ao magistrado diminuir a pena eventualmente imposta graduação. Algumas medidas, no entanto, são distintas
ao desertor. em relação às qualidades do militar que comete o Crime
de Deserção.
De acordo com o art. 189, se o desertor apresentar-
se, voluntariamente, dentro de oito dias, após a consumação No caso de oficial, deve a Administração observar
da deserção, terá a pena imposta diminuída pela metade; se, o que prescreve o § 1º do art. 454 do CPPM, que determina
no entanto, essa apresentação voluntária ocorrer após oito que o oficial, após consumar a deserção, será agregado,
dias do cometimento do crime de deserção e até sessenta permanecendo nessa situação mesmo depois do desertor
dias, sua reprimenda terá uma redução de um terço. apresentar-se ou ser capturado, ou seja, a agregação
perdura até a sentença transitar em julgado.
Percebe-se, nitidamente, que se trata de
um incentivo ao desertor para que este se apresente O Termo de Deserção de oficial será assinado por
voluntariamente, minorando os efeitos de sua conduta. duas testemunhas e lavrado pelo Comandante da Unidade,
Por isso a importância em registrar, documentalmente, de forma circunstanciada. Após, este providenciará a
a data exata de apresentação voluntária do desertor, para agregação do oficial desertor, fazendo publicar em Boletim
que ele possa, eventualmente, fazer jus a tal benefício. Interno da OM, acompanhado da Parte de Ausência, tais
documentos integrarão a IPD.

Feita a publicação, a autoridade militar remeterá,


5.1.9. Da Agravante Especial (Organização Militar na em seguida, o Termo de Deserção à Auditoria competente,
Faixa de Fronteira) acompanhado da Parte de Ausência, o inventário do material
permanente da Fazenda Nacional e as cópias do boletim ou
A agravante especial encontra-se prevista no documento equivalente e dos assentamentos do desertor.
inciso II do art. 189 do CPM, segundo a qual, se a deserção Cabe assinalar que a documentação será remetida à
ocorrer em unidade estacionada em fronteira ou país autoridade judiciária militar, sem demora, independente
estrangeiro, a pena imposta ao transgressor será agravada da captura ou apresentação do oficial desertor.
de um terço.
Importante destacar, que em caso de Deserção
Nos termos do § 2º do art. 20 da Constituição de Oficial não existe a Parte de Deserção, mas apenas
Federal, a faixa de até cento e cinquenta quilômetros de a lavratura do Termo de Deserção com base na Parte

51
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

de Ausência. Os documentos ora mencionados estão Caso seja “INCAPAZ” definitivamente para o
detalhados no item 3 a seguir. serviço ativo, não será reincluída, devendo a Ata de Inspeção
de saúde ser remetida, com urgência, à auditoria a que
tiverem sido distribuídos os autos da IPD, para que seja o
desertor sem estabilidade isento da reinclusão e do processo,
5.2.2. Da Deserção da Praça com Estabilidade sendo os autos arquivados, após o pronunciamento do
representante do Ministério Público Militar.
Atinente às ações de polícia judiciária na lavratura
de instrumentos relativos à deserção perpetrada por
praça com estabilidade, o procedimento a ser observado
será semelhante ao estabelecido para o oficial desertor,
no entanto, cabe ressaltar que no caso das praças há 5.3. DO PROCESSAMENTO NA UNIDADE
necessidade da Parte de Deserção antecedente ao Termo. DO CRIME DE DESERÇÃO
Daí constatada a consumação desse crime pela praça com
estabilidade assegurada, o Comandante da Unidade deve
agregar o militar, fazendo publicar o ato de agregação no
Boletim Interno, conforme 2ª Parte do §4º do art. 456 “(...) 5.3.1. Da Parte de Ausência
Se praça estável, será agregada, fazendo-se, em ambos os
casos, publicação, em boletim ou documento equivalente, do A Parte de Ausência é um documento que
termo de deserção e remetendo-se, em seguida, os autos à formaliza a ausência do militar (Deserção Comum) ou
autoridade competente”. a não apresentação do militar (Deserção Especial). Deve
ser confeccionada sem rasuras e assinada pela autoridade
Cabe assinalar que a documentação será remetida militar. É dirigida ao Comandante da Unidade. Portanto, é
à autoridade judiciária militar, sem demora, independente a peça inaugural da contagem do período de graça.
da captura ou apresentação do desertor.
Tal peça deve conter o máximo de informações
Ao ser capturada ou apresentar-se, a praça com acerca do militar ausente, tais como: nome completo,
estabilidade será submetida à inspeção de saúde, caso seja identidade civil e militar, CPF, endereço, endereço
considerada “APTA”, será revertida ao serviço ativo. eletrônico, nome da mãe, nome do pai, etc.

5.2.3. Da Deserção da Praça sem Estabilidade 5.3.2. Do Despacho do Comandante da Unidade -


Determinação do Inventário e Designação de Militar para
No caso da praça sem estabilidade, constatado que Autuação do Procedimento de Deserção
o militar consumou o Crime de Deserção, após a lavratura
do Termo e publicação em Boletim, deve o Comandante Recebida a Parte de Ausência, o Comandante da
da Unidade providenciar a exclusão do militar das fileiras Unidade dará o Despacho, no próprio corpo da Parte de
da Força, ato que também será publicado em Boletim Ausência, em que determinará a realização do inventário
Interno da Unidade e será encaminhado ao Juízo Militar dos bens deixados pelo ausente, pertencentes à Fazenda
juntamente com os demais documentos que acompanham Pública e também os particulares, nomeando, para tanto,
o Termo de Deserção. É o que dispõe o § 4º do art. 456 um oficial e duas testemunhas. Também determinará no
do CPM:“Consumada a deserção de praça especial ou aludido Despacho que o Chefe imediato do militar ausente
praça sem estabilidade, será ela imediatamente excluída do realize diligências para que este não venha a consumar o
serviço ativo”. crime de deserção.

Cumpre destacar que esse procedimento deve


ser aplicado ao aspirante a oficial e ao guarda marinha, Caso seja encontrado material que indique a
porquanto considerados praça especial. existência de crime militar, a exemplo de substância
entorpecente, bens furtados, armamento com
Cabe assinalar que a documentação será remetida numeração suprimida, etc, deverá ser instaurado
à autoridade judiciária militar, sem demora, independente IPM com as devidas cautelas em relação à
da captura ou apresentação do desertor. apreensão do material.

A praça sem estabilidade ao ser capturada ou


apresentar-se, será submetida à inspeção de saúde, caso
considerada “APTA”, será reincluída ao serviço ativo e
agregada para se ver processar.

52
5.INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO

5.3.3. Da Parte de Deserção Cabe ressaltar que no caso de militares sem


estabilidade assegurada, estes somente após serem
Decorridos mais de oito dias de ausência do considerados aptos em inspeção de saúde, serão
militar, no caso de da Deserção Comum, será produzida reincorporados à Força para se verem processar, ao
a Parte de Deserção, confeccionada pelo Chefe imediato passo que, no caso de oficiais e praças com estabilidade
do militar, endereçada ao Comandante da Unidade, paras assegurada, estes serão, de pronto, agregados.
providências decorrentes.

Cabe alertar que a Parte de Deserção deve conter


toda qualificação do desertor, e, principalmente, constar a 5.3.6. Da Inspeção de Saúde: Capacidade /Incapacidade do
data de consumação do crime, lembrando que, no caso de Desertor, Publicação e Remessa à Justiça Militar da União
Deserção de Oficial não existe a Parte de Deserção, mas
sim a lavratura do Termo de Deserção com base na Parte A inspeção de saúde é uma medida a ser adotada
de Ausência. pela Unidade em face da apresentação voluntária ou da
captura do desertor. O resultado deverá ser publicado
em Boletim da Unidade e, se o desertor for militar
sem estabilidade considerado apto, somente após sua
5.3.4. Da Lavratura do Termo de Deserção, da Publicação reinclusão, providenciará a remessa imediata ao Juiz
em Boletim da Unidade e da Remessa do Termo de Deserção Auditor, conforme preceitua o art. 455 do CPPM.

Recebida a Parte de Deserção, o Comandante da Cabe ressaltar que antes de ser recolhido à prisão,
Unidade providenciará a lavratura Termo de Deserção, que o desertor deverá passar pelo exame de corpo de delito,
trará informações sobre o militar desertor, procurando ou seja, deverão ser observados os mesmos cuidados no
qualificá-lo de maneira mais precisa o possível: nome, recolhimento do militar preso em flagrante delito.
identidade (civil e militar), CPF, nome do pai, nome da
mãe, alterações, assentamentos, etc.

No corpo do Termo deverá constar a informação 5.3.7. Da Audiência de Custódia


sobre a localização da Organização Militar (OM) da qual
o militar desertou, destacando se a OM encontra em área A audiência de custódia é uma medida de controle
de fronteira ou não. judicial que atribui à autoridade de polícia judiciária,
responsável pela prisão de uma pessoa, o dever de
Após a confecção do Termo de Deserção, este apresentá-la à autoridade judiciária, para deliberar sobre a
deverá ser publicado em Boletim Interno da Unidade. legalidade da medida constritiva de liberdade.No âmbito
Após tudo isso, todo o procedimento, Termo de Deserção da Justiça Militar da União, está disciplinada, atualmente,
e documentação pertinente, serão encaminhados à Justiça na Resolução nº 228, de 26 de outubro de 2016.
Militar, para que esta adote as providências decorrentes.

No que tange à audiência de custódia, o procedimento


5.3.5. Da Apresentação ou Captura do Desertor da polícia judiciária militar deve ser o de informar a
prisão, nos termos da lei, aguardar a designação da
Apresentando-se ou sendo capturado o desertor, audiência pelo juízo e, uma vez designada, efetuar a
este deverá ser imediatamente preso e submetido à condução do preso à presença do juiz, nos termos da
inspeção de saúde. Todavia, se o resultado for pela alínea h, do artigo 8º, CPPM.
incapacidade do desertor sem estabilidade, este não
será reincorporado, devendo a Administração Militar
informar tal situação com urgência à Justiça Militar, que,
após manifestação do MPM, informará a Unidade sobre
as medidas administrativas a serem adotadas que, em 5.3.8. Da Publicação em Boletim Interno da Unidade
regra, será pela liberdade do desertor, considerado que
não poderá ser denunciado na condição de ex-militar. Todos os atos realizados durante a apuração
do Crime de Deserção deverão ser publicados em
Relevante registrar que a Administração Militar Boletim Interno da Unidade, considerando que este é o
não poderá liberar o desertor calcada tão somente no fato instrumento apto a tornar público e dar efetividade aos
dele ter sido considerado incapaz na inspeção de saúde. atos administrativos do Comandante da OM. Além disso,
Apenas poderá fazê-lo após a manifestação dos Órgãos as informações contidas no Boletim farão parte dos
competentes, neste caso, mediante decisão judicial, após assentamentos do militar e irão compor a IPD.
a oitiva do Ministério Público Militar.

53
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Por fim, poderá ser designado militar para autuar


todas as peças que comporão a IPD, de modo que as folhas 11. Termo de Deserção Especial - (Anexo IPD 11);
sejam numeradas e rubricadas por esse Encarregado.

12. Remessa de procedimento ao Comandante


(Anexo IPD 12)

5.4. DA AUTUAÇÃO DAS PEÇAS PELO ENCARREGADO


13. Ato de Agregação de Militar (se for o caso –
Anexo IPD 13);

O Encarregado designado para proceder à autuação do


Termo de Deserção deve atentar para o rol de documentos 14. Ato de Exclusão de Militar (se for o caso –
que irão compor os autos, tendo em mente cada situação Anexo IPD 14);
e as especificidades da deserção, principalmente na
criteriosa atenção que deverá ser dispensada na confecção
de documentos pela autoridade competente. 15. Remessa de procedimento ao Juiz ou Auditoria
Militar - Praça (Anexo IPD 15).

Relação de documentos mínimos a serem observados: 16. Remessa de procedimento ao Juiz ou Auditoria
Militar - Oficial (Anexo IPD 16).

1. Capa (Anexo IPD 1);


17. Termo de Declaração por ocasião do
Comparecimento Espontâneo - (Anexo IPD 17);
2. Parte de Ausência – Deserção Comum -
(Anexo IPD 2);
18. Termo de Declaração por ocasião da Captura
(Anexo IPD 18);
3. Parte de Ausência – Deserção Especial -
(Anexo IPD 3);
19. Cópia da Ata de Inspeção de Saúde (em caso de
captura ou apresentação) – (Anexo IPD 19);
4. Despacho – Deserção Comum (Inventário,
designação do Encarregado de Autuação) -
Anexo IPD 4); 20. Ato de Reinclusão ao serviço ativo (praça
especial e praça sem estabilidade) – (Anexo
IPD 20);
5. Despacho – Deserção Especial (Inventário,
designação do Encarregado de Autuação -
Anexo IPD 5); 21. Ato de Reversão ao serviço ativo (praça com
estabilidade) – (Anexo IPD 21);

6. Inventário: bens particulares e da União -


(Anexo IPD 6); 22. Comunicação captura/apresentação e
solicitação de data da Audiência de Custódia
(Anexo IPD 22);
7. Notificação do desertor ou familiares –
Deserção Comum (Anexo IPD 7);
Relevante registrar que as cópias das publicações
em Boletim Interno ou documento semelhante também
8. Parte de Deserção Comum – (Anexo IPD 8); devem constar nos autos do Termo de Deserção.

9. Parte de Deserção Especial – (Anexo IPD 9);

10. Termo de Deserção Comum - (Anexo IPD 10);

54
OS ANEXOS DESSE CAPÍTULO ESTÃO DISPONÍVEIS EM: HTTP://WWW.MPM.MP.BR/MANUALDEPOLICIAJUDICIARIAMILITAR.

6. INSTRUÇÃO
PROVISÓRIA DE
INSUBMISSÃO

6.1. DA INSUBMISSÃO

6.1.1. Das Considerações Gerais 6.1.3. Do Fundamento Legal

O crime de insubmissão, previsto apenas no O crime de insubmissão encontra-se previsto,


Código Penal Militar (CPM, art. 183), é um crime militar consoante já dito, no art. 183 do Código Penal Militar,
que pode ser cometido unicamente por civis. Ocorre nos seguintes termos: “Art.183. Deixar de apresentar-se
quando o civil se alista e participa de todo o processo o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi
de seleção e, ao final, sendo convocado à incorporação marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato
às fileiras das Forças Armadas e ciente da data, horário oficial de incorporação.”
e local onde deve se apresentar, deixa dolosamente de
comparecer ao local da incorporação na data assinalada,
ou comparecendo ao lugar previamente determinado,
ausenta-se antes do ato oficial de incorporação/matrícula. 6.1.4. Do Objeto Jurídico

O objeto jurídico no crime de insubmissão, isto


é, aquilo que a norma procura resguardar é a proteção ao
6.1.2. Do Conceito Serviço Militar e ao Dever Militar, como se observa no
Título III, da Parte Especial do Código Penal Militar, onde
De acordo com o art. 183 do Código Penal se encontra inserido o aludido crime.
Militar, considera-se consumada a insubmissão quando
o convocado deixa de apresentar-se à incorporação,
dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se,
ausentar-se antes do ato oficial de incorporação. 6.1.5. Do Sujeito Ativo

Há que se destacar ainda outras situações em que o O sujeito ativo do Crime de Insubmissão será
crime de insubmissão também é cometido, como o previsto sempre o civil que, convocado, deixa de se apresentar à
caso assimilado (no §1º do art. 183: Na mesma pena incorre incorporação dentro do prazo que lhe foi marcado.
quem, dispensado temporariamente da incorporação, deixa
de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento).

No entanto, em que pese constar no mesmo 6.1.6. Dos Casos Assimilados


Título do Código Penal Militar, os crimes de criação ou
simulação de incapacidade física (art. 184), e substituição É de se destacar também que o civil, embora
de convocado (art. 185), não são considerados espécies dispensado temporariamente da incorporação, deixar de
de insubmissão devendo a apuração ser efetivada por se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento, comete
intermédio de Inquérito Policial Militar. crime, nos termos do § 1º do art. 183, combinado com

55
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

art. 20 da Lei nº 5.292, de 08 de junho de 1967, que dispõe 6.1.9. Do Caso Assimilado à Insubmissão
sobre a prestação do Serviço Militar, bem como o item 22
do art. 3º do Decreto nº 57.654, de 20 de janeiro de 1966, O caso assimilado à insubmissão encontra-se
que regulamentou a Lei do Serviço Militar. previsto no § 1º do art. 183 do Código Penal Militar, vejamos:

De igual modo, o art. 50 do Decreto nº 63.704, de


29 de novembro de 1968, prevê que: “O oficial MFDV, da
reserva de 2ª classe ou não remunerada, que, na forma da
LMFDV e deste Regulamento, for convocado para a prestação “Art. 183. (...)
de EIS e não se apresentar, dentro do prazo marcado, a
Organização Militar que lhe tenha sido designada ou que, o § 1º Na mesma pena incorre quem, dispensado
tendo feito, dela se ausente, antes do ato oficial da inclusão, temporariamente da incorporação, deixa de se
será considerado insubmisso”. Nos termos do art. 2º do apresentar, decorrido o prazo de licenciamento.”
referido decreto, a sigla MFDV se refere aos Médicos,
Farmacêuticos, Dentistas e Veterinários.

É importante consignar que o agente tem a


6.1.7. Do Sujeito Passivo obrigação de, após dispensado temporariamente da
incorporação, apresentar-se para se ver incorporado e prestar
Sujeito passivo é aquele que sofre as o serviço militar obrigatório, depois de decorrido o prazo de
consequências da violação da norma. No caso de Crime licenciamento concedido pela Administração Militar.
de Insubmissão, o Estado será o sujeito passivo da conduta
delitiva, visto que estará violado o art. 143 da Constituição
Federal de 1988. Com efeito, as Forças Armadas, partes
integrantes do Estado, terão frustradas suas expectativas 6.1.10. Da Causa Especial de Diminuição de Pena
de recompletamento do seu efetivo anual apto a garantir o
efetivo cumprimento da sua missão constitucional. O § 2º do art. 183 do Código Penal Militar traz
as causas que ensejam diminuição da pena eventualmente
imposta ao agente que comete o delito de insubmissão, são
elas: a) ignorância ou a erro de compreensão dos atos da
6.1.8. Da Consumação convocação militar, quando escusáveis (justificável) e b)
pela apresentação voluntária dentro do prazo de um ano,
Pode-se falar da consumação de um crime contado do último dia marcado para a apresentação.
quando a conduta do agente percorre todas as
elementares descritas no dispositivo penal, isto é, no Importante consignar que a situação prevista
artigo. Daí, quando o dispositivo penal diz que comete na letra a) acima será comprovada durante a instrução
o crime de insubmissão aquele convocado que deixar de processual na Justiça Militar. No entanto, para caracterizar
apresentar-se à incorporação dentro do prazo que lhe foi o que consta na letra b) cabe a Administração Militar
marcado, podem ser citados os seguintes elementos para comprovar, por meio de documento, a data fidedigna de
caracterização de tal crime: a) convocado à incorporação; apresentação do insubmisso e posterior envio à Justiça
b) especificação de um prazo para a incorporação e c) ato Militar da União, para constar dos autos do processo.
oficial de incorporação.
Nos termos do art. 462 do CPPM, consumado
Assim, se ausente qualquer um desses elementos, o crime de insubmissão, o comandante ou autoridade
não há que se falar em consumação do citado delito. Por competente, fará lavrar o termo de insubmissão,
exemplo, se um civil é convocado à incorporação, mas circunstanciadamente, com indicação, de toda a
não há prazo (data) para tal ato, descaracterizado estará o qualificação do insubmisso, bem como a data em que este
Crime de Insubmissão. Não consumado, portanto. deveria apresentar-se.

Contudo, ainda que comparecendo no local na


data marcada para a incorporação, caso se ausenta antes
do ato oficial de incorporação, consumado estará o crime.

56
6.INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE INSUBMISSÃO

6.2. DO PROCESSAMENTO DO CRIME DE INSUBMISSÃO local em que este deveria apresentar-se, comunicação
de ausência, bem como a assinatura do Comandante da
Unidade e de duas Testemunhas.

6.2.1. Da Parte de Consumação do Crime de Insubmissão

A Parte de Insubmissão é documento inaugural 6.2.3. Da Publicação do Termo de Insubmissão


da lavratura do procedimento de insubmissão, devendo
ser assinada pela autoridade competente, isto é, aquela que Tanto a Parte de Insubmissão quanto o Termo de
é responsável por conduzir o ato oficial de incorporação Insubmissão devem ser publicados em Boletim Interno
do civil/conscrito às fileiras das Forças Armadas. da Organização Militar ou documento semelhante, cujas
cópias devem constar nos autos do procedimento a ser
Tal peça deve ser encaminhada à autoridade encaminhados para a Justiça Militar da União.
competente para lavratura do Termo de Insubmissão, que,
no caso, é o Comandante da Organização Militar onde Quando da remessa do procedimento para
ocorrerá o ato oficial de incorporação. a Justiça Militar, o Comandante ou a Autoridade
competente deve observar o § 2º do art. 463 do CPPM,
A Parte de Insubmissão deverá conter dados notadamente no que se refere ao documento hábil que
específicos relativos ao insubmisso, a exemplo do nome comprove que o insubmisso tomou ciência da data, local e
completo, filiação, naturalidade e classe a que pertencer, hora de sua apresentação (vide item seguinte) e, se houver,
a data, hora e local em que este deveria apresentar-se e outros documentos existentes, a exemplo do Certificado
comunicar a ausência. de Alistamento Militar, Identidade, Comprovante de
Endereço, etc.

6.2.2. Do Despacho do Comandante da Unidade


Determinando a Lavratura do Termo de Insubmissão e 6.2.4. Do Documento Hábil que Comprove o Crime de
Designação de Encarregado para Autuação Insubmissão

Assim que recebida a Parte de Insubmissão, Como no Crime de Insubmissão, em um primeiro


o Comandante da Organização Militar ou autoridade momento, não há oitivas, mas apenas constatação de fatos,
correspondente determinará a lavratura do Termo de por meio de documentos, é imprescindível que toda a
Insubmissão, conforme disposto no art. 463 do Código de documentação seja elaborada com bastante cautela, a fim
Processo Penal Militar: de evitar erros que possam repercutir no processo a que
estará sujeito o insubmisso.

“Art. 463. Um dos pontos que demandam atenção é a


informação a ser dada pela Administração Militar ao civil/
Consumado o crime de insubmissão, o comandante, conscrito quanto à sua situação inequívoca de convocado
ou autoridade correspondente, da unidade para para incorporação, determinando de forma clara a data,
que fora designado o insubmisso, fará lavrar o hora e local, exigindo que seja dada ciência (assinatura)
termo de insubmissão, circunstanciadamente, pelo Convocado, porquanto tal documento será peça
com indicação, de nome, filiação, naturalidade e imprescindível para deflagrar o processo criminal.
classe a que pertencer o insubmisso e a data em
que este deveria apresentar-se, sendo o termo Ressalta-se que, para fins de comprovação da
assinado pelo referido comandante, ou autoridade ciência do civil/conscrito da data e horário de apresentação
correspondente, e por duas testemunhas idôneas, na OM, é essencial que haja a assinatura do conscrito
podendo ser impresso ou datilografado.” na mesma página em que constam a data e o local de
apresentação, devendo constar no cabeçalho de todas as
páginas da Lista de Convocados o seguinte texto:
Importante registrar que no próprio Despacho
que determina a lavratura do Termo de Insubmissão,
poderá o Comandante designar uma autoridade para
autuar o procedimento de Insubmissão.

O Termo de Insubmissão deve conter alguns


requisitos formais, de modo a identificar e individualizar
o insubmisso, constando ainda o nome completo, filiação,
naturalidade e classe a que pertencer, a data, hora e

57
MANUAL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares


“DECLARO QUE deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja
encontrado em flagrante delito.
TOMEI CONHECIMENTO
DA MINHA CONVOCAÇÃO À
INCORPORAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO
6.2.7. Da Inspeção de Saúde e da Publicação
MILITAR DESCRITA ABAIXO E QUE, CASO
A Inspeção de Saúde é o procedimento a que
EU NÃO ME APRESENTE NO LOCAL E
deve ser submetido o insubmisso, por ocasião de sua
DATA PREVISTOS, PODEREI INCORRER apresentação voluntário ou de sua captura. O objetivo de
tal medida é permitir que ocorra sua incorporação e, por
NO CRIME MILITAR DE INSUBMISSÃO
conseguinte, propicie a deflagração do processo a qual estará
PREVISTO NO ART. 183, sujeito. Logo, julgado incapaz, estará isento do processo e
da incorporação e da consequente ação penal militar.
DO DECRETO-LEI N 1.001, DE 21 DE
OUTUBRO DE 1969 — Vale ressaltar que o resultado da Inspeção de
Saúde deve ser publicado em Boletim Interno ou outro
CODIGO PENAL MILITAR.”
documento congênere. Devendo este ser encaminhado com
urgência à Auditoria Militar que tiverem sido distribuídos
os autos de Instrução Provisória de Insubmissão (IPI),
juntamente, caso julgado “APTO”, com a cópia do Boletim
de inclusão no serviço ativo do insubmisso.
6.2.5. Da Remessa do Termo de Insubmissão

Todas as Peças que compõem o Termo de


Insubmissão, após atuação, deverão ser encaminhadas 6.2.8. Da Menagem
pelo Comandante da Organização Militar à Auditoria
Militar de vinculação, por meio de ofício, para que seja O insubmisso terá o quartel por menagem, nos
promovida eventual ação penal pelo Ministério Público termos dos arts. 266 e 464 do CPPM e, via de regra, não
Militar em face do acusado. será recolhido ao xadrez, porém, a depender do caso, essa
medida poderá ser cassada pela autoridade judiciária.

Menagem é instituto previsto no Código de


6.2.6. Dos Efeitos do Termo de Insubmissão Processo Penal Militar, sendo direito do insubmisso, nos
termos do art. 266, com a seguinte redação:
De acordo com o § 1º do art. 463 do Código
Penal Militar, o Termo de Insubmissão tem natureza de
instrução provisória e é o instrumento legal que autoriza a
captura do insubmisso para fins de incorporação, vejamos: “Art. 266.

O insubmisso terá o quartel por menagem,


independentemente de decisão judicial, podendo,
“Art. 463. (...) entretanto, ser cassada pela autoridade militar,
por conveniência de disciplina.”
§ 1º O termo, juntamente com os demais
documentos relativos à insubmissão, tem o caráter
de instrução provisória, destina-se a fornecer os O regime de menagem importa no cumprimento
elementos necessários à propositura da ação penal normal das atividades do expediente diário da OM, com
e é o instrumento legal autorizador da captura do recolhimento ao alojamento durante a noite.
insubmisso, para efeito da incorporação.”
A cassação da menagem, por importar em
cessação de benefício do insubmisso, deve ser decidida
Nos termos do art. 243 do Código Penal Militar, pelo Poder Judiciário.
qualquer pessoa poderá, e os militares deverão prender
quem for insubmisso (vide item 6.8: nos termos do art.
266, do CPPM, o insubmisso terá direito ao quartel
como menagem).

58
6.INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE INSUBMISSÃO

6.2.9. Da Audiência de Custódia

A audiência de custódia é uma medida de controle 10. Cópia da Ata de Inspeção de Saúde Anexo
judicial que atribui à autoridade de polícia judiciária, IPI 10).
responsável pela prisão de uma pessoa, o dever de
apresentá-la à autoridade judiciária, para deliberar sobre a 11. Ato de Inclusão do insubmisso ao serviço
legalidade da medida constritiva de liberdade. No âmbito ativo (Anexo IPI 11);
da Justiça Militar da União, está disciplinada, atualmente,
na Resolução nº 228, de 26 de outubro de 2016. 12. Comunicação da prisão e solicitação da data
de Audiência de Custódia (Anexo IPI 2);

No que tange à audiência de custódia, o procedimento


da polícia judiciária militar deve ser o de informar a Relevante registrar que as cópias das publicações
prisão, nos termos da lei, aguardar a designação da em Boletim Interno ou documento semelhante também
audiência pelo juízo e, uma vez designada, efetuar a devem constar nos autos do Termo de Insubmissão.
condução do preso à presença do juiz, nos termos da
alínea h, do artigo 8º, CPPM.

6.3. DA AUTUAÇÃO DAS PEÇAS PELO ENCARREGADO

O Oficial designado para autuar as peças do Termo


de Insubmissão deve atentar para o rol de documentos que
irão compor os autos, tendo em mente cada situação e as
especificidades da insubmissão, especialmente quanto às
seguintes peças, que deverão ser rubricadas e numeradas
pelo militar encarregado de tal procedimento:

1. Capa (Anexo IPI 1);

2. Parte de Ausência (Anexo IPI 2);

3. Despacho de Designação do Encarregado


(Anexo IPI 3);

4. Termo de Insubmissão (Anexo IPI 4);

5. Documento de Ciência do Convocado


(Anexo IPI 5);

6. Remessa de procedimento ao Comandante


(Anexo IPI 6);

7. Remessa de procedimento ao Juiz Auditor


(Anexo IPI 7);

8. Termo de Declaração por ocasião do


Comparecimento Espontâneo (Anexo IPI 8);

9. Termo de Declaração por ocasião da Captura


(Anexo IPI 9);

59
CASOS DPM

OP GLO (HOMICÍDIO)

CASO 1 (homicídio de civil contra militar e uso do Tribunal do Júri na JMU)

“Homicídio qualificado funcional, previsto no art. 121, § 2º, inciso VII, do Código Penal comum
c/c art. 9º, II e III, alínea d, do Código Penal Militar (com a redação dada pela Lei 13.491, de
2017)” sob a égide do Procedimento relativo aos processos da competência do Tribunal do Júri
previsto nos Art. 406 a 497 do CPP (em atendimento ao Art. 5º, inciso XXXVIII, letra "d", da
CF/88)

CASO HAJA CONCURSO:

CASO 2 (descrevendo crime de homicídio, tentado ou consumado, em concurso de forma


qualificada)

“Subsumindo-se, pois, a conduta dos agentes ao contido no art. 205, §2°, incisos IV e V
(homicídio qualificado por traição, emboscada E para assegurar a execução, impunidade de
outro crime), e art. 205, §2°, IV e V, 13 (treze) vezes combinado com o art. 30 (que descreve ser
o crime consumado ou tentado), li, na forma do art. 79 (concurso de crimes, o crime continuado
é o art. 80), todos do CPM”

A Teoria do Domínio do Fato, sistematizada por Claus Roxin e amplamente disseminada na


comunidade jurídica após o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da Ação Penal nº 470,
conhecida popularmente como o processo do "Mensalão", não cabe no presente caso. No
emblemático caso julgado pelo STF, diversas testemunhas foram ouvidas e afirmaram que os
acusados naquele processo eram os chefes do organograma delituoso. Portanto, houve um
liame entre a conduta e os acusados. No caso ora em análise, não existe uma única pessoa -
testemunha ou ofendido - que indique ter havido uma ordem ou uma determinação para que
os traficantes fizessem a emboscada contra a tropa. Portanto, não há certeza sequer se o disparo
que atingiu a vítima, de fato, tenha partido do grupo criminoso e, mesmo que isso seja evidente,
quem tenha sido o responsável por ele ou pela ordem de disparo. Ou seja, não há autoria
mediata e nem imediata. Em que pese o relatório de inteligência apontar que os agentes do
tráfico provavelmente ajam por ordem de seus superiores, não há certeza de que, de fato, houve
determinação para que fosse implementada a emboscada dos integrantes da patrulha e o
assentimento do evento morte de qualquer um dos militares. A alegação de "provavelmente"
é, por si só, absolutamente insuficiente para respaldar uma condenação penal.

CASO 3

Em sendo assim, por ter livre e conscientemente, com intenção de matar, disparado tiros de
fuzil em direção aos três ofendidos, militares do Exército Brasileiro em atividade de natureza
militar, não obtendo sucesso por fatores alheios à sua vontade, o denunciado, CARLOS
HENRIQUE ALVES DOS SANTOS, incorreu no delito previsto no art. 121, §2º, VII do Código Penal
c/c o art. 9º, II e III, "d", do Código Penal Militar, com a redação da Lei 13.491/2017, por três
vezes, em concurso material, na forma do art. 79, também do Código Penal Militar. (...)"
No mesmo ato processual supracitado, após a manifestação das partes, a Magistrada manteve
a prisão preventiva do réu, a qual foi decretada por ocasião da Audiência de Custódia, com base
no art. 254, alíneas "a" e "b", c/c o art. 255, alíneas "a" e "d", ambos do CPPM

No julgamento, realizado em 15.6.2020, o Magistrado condenou o civil CARLOS HENRIQUE à


pena de 4 (quatro) anos, 9 (nove) meses e 18 (dezoito) dias de reclusão, como incurso no crime
de homicídio qualificado, na forma tentada, por 3 (três) vezes (art. 121, §2º, inciso VII, do CP
comum, c/c o art. 30, inciso II, do CPM, e art. 70 do CP comum), com o direito de recorrer em
liberdade e com a fixação do regime prisional inicial semiaberto.

OPINIÃO DO STM: Consigna-se que a capitulação feita pelo MPM no art. 121, § 2º, inciso VII, do
CP, em detrimento do art. 205, § 2°, do CPM, não merece reparo. No polo passivo do ilícito,
figuravam militares federais no exercício de suas funções em Operação de Garantia da Lei e da
Ordem. Assim, o art. 121, § 2°, inciso VII (com redação introduzida pela Lei nº 13.142/15), do CP
prevalece como norma especial em relação às hipóteses gerais descritas no art. 205, § 2º, do
CPM. A Lei nº 13.491/17 alterou os incisos II e III do art. 9º do CPM, atraindo os nominados
delitos por extensão ou equiparação para o universo dos crimes militares. Nessa base, a
indicação do tipo penal do CP mostra-se exata, pois atende ao Princípio da Especialidade,
considerando a inexistência de qualificadora semelhante no art. 205, § 2º, do CPM. Caso
houvesse essa qualificadora no art. 205, § 2º, do CPM, ela prevaleceria em relação à prevista no
art. 121, § 2°, inciso VII, do CP, como tenho frequentemente destacado em outros julgamentos
semelhantes.

Da pena-base (1ª fase da dosimetria). Nesse ponto, o MPM tem razão ao questionar o
estabelecimento, pelo Magistrado a quo, da penabase no mínimo legal (1ª fase da dosimetria).
Note-se que o Recurso devolve a matéria para exame deste Tribunal, pois a reanálise do art. 69
do CPM foi pedida em sua totalidade. De fato, ao examinar a Sentença vergastada, a pena-base
foi fixada no patamar mínimo permitido em Lei. Desse modo, houve desproporcionalidade, por
não atribuir valor negativo a algumas circunstâncias judiciais merecedoras de destaque e por
inexistir o consequente reflexo na reprimenda penal. O douto Magistrado, na Sentença,
desconsiderou algumas circunstâncias importantes, com força para elevar a pena-base.
Portanto, a mensuração da sanção merece reforma. Ao se examinar o teor do art. 69 do CPM,
vê-se que o Juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a personalidade do réu (macro
circunstâncias). Deve sopesar, também as micro circunstâncias (a intensidade do dolo ou do
grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios empregados, o
modo de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar, os seus
antecedentes e a sua atitude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o delito).
Não pode haver sombra de dúvida, neste sodalício jurídico, que o crime praticado é bastante
grave. Trata-se de tentativa de homicídio praticada contra militares em Operação de Garantia
da Lei e da Ordem, ou seja, afronta severa e deplorável à própria presença do Estado naquela
comunidade. Assim, ao final da primeira fase da dosimetria, a pena-base deve ser aplicada acima
do mínimo legal de 12 (doze) anos. Houve notável extensão de perigo de dano. Os disparos que
atingiram a viatura foram feitos em Comunidade habitada, durante o dia, expondo a população
a intolerável risco. Além disso, a intensidade do dolo merece ser mensurada em grau
significativo. A quantidade elevada de disparos efetuados pelo réu, contra os embarcados na
viatura militar, demonstra, cabalmente, a intenção exacerbada de ceifar a vida dos ofendidos,
com animus necandi acentuado e dolo direto. Não se notou, nos autos, qualquer atitude de
arrependimento do réu após o crime. Ao contrário, sustentou versão que se mostrou falaciosa
para tentar justificar a sua conduta. Em nenhum momento, antes ou após os fatos, expressou
qualquer preocupação ou sentimento quanto aos possíveis efeitos do crime perpetrado, pois os
disparos poderiam ter matado ou lesionado os militares do Exército. A sua frieza destoa da
versão de que teria sido coagido a conduzir a motocicleta. Empregou o fuzil para executar o
ilícito, armamento de longo alcance, de alto poder letal e de uso restrito das Forças Armadas.
Por fim, os motivos determinantes do crime também ensejam reflexão. Empreender fuga diante
das tropas federais objetiva a ocultação de outros ilícitos, assegurando-lhes impunidade. O
cidadão de bem não foge da presença do Estado, muito menos dispara contra os seus agentes.
Por sua vez, os criminosos praticam condutas ilícitas em detrimento da regular aplicação do
Direito.

O MPM pleiteia o reconhecimento do concurso material de crimes. O mesmo pleito foi


apresentado perante a Primeira Instância e rechaçado pelo Magistrado, o qual concluiu pelo
concurso formal de crimes. Considerou que os fatos ocorreram no mesmo contexto, com
unidade de desígnios. Nesse ponto, a Sentença vergastada não merece reforma. De fato, o que
houve foi um confronto com troca de disparos entre o réu e a tropa federal. Assim, embora
tenha havido a múltipla prática de crimes (três tentativas de homicídio), todas aconteceram em
contexto único, refletindo as características do concurso formal. A conduta do agente ativo do
crime não pode ser decomposta em contextos diferentes. Ressalte-se que a ação foi única,
sendo os atos diversos, perfazendo o concurso formal.

O civil que pratica tentativa de homicídio contra militares integrantes de Patrulha do Exército (
sujeito passivo em segundo grau), além de menosprezar todos os valores éticos e morais, ataca,
frontalmente, a ultima ratio do Estado - as Forças Armadas ( sujeito passivo em primeiro grau).

CASO 4

Assim, a decisão do Juízo a quo que não acolheu os argumentos do Ministério Público Militar
incorreu em error in procedendo, na medida em que suspendeu, de forma desarrazoada, o
andamento do Feito, mesmo havendo regulamentação, pelo CNJ e por esta Corte, da realização
dos atos pelo sistema de videoconferência. Ante o exposto, voto pelo conhecimento e
deferimento da Correição Parcial formulada pelo Ministério Público Militar, para desconstituir a
decisão impugnada do Juízo a quo, determinando a retomada imediata do andamento da APM
nº 7000899-89.2019.7.01.0001, com a consequente marcação da audiência de oitiva da
testemunha arrolada pela Defesa e interrogatório do Acusado, pelo sistema de
videoconferência.

CASO 5

Em que pese o brilho do voto divergente em que se assenta o inconformismo da Defensoria


Pública da União, a hipótese sub examine é mesmo de concurso dos delitos previstos no art. 177
- Resistência mediante ameaça - e no art. 209 - Lesão leve -, ambos do CPM. Como ressai com
nitidez não só da Denúncia, como também da Sentença a quo, plenamente respeitosa ao
princípio da correlação, o Acusado, além de resistir à abordagem dos militares de forma hostil e
ameaçadora, atracou-se com o Cb LEONARDO, tentando subtrair-lhe a arma e desferindo-lhe
seguidos socos na cabeça, daí resultando a queda de ambos; e, na esteira dessa queda
provocada pelo Acusado, restou lesionada a Vítima, Cb LEONARDO, na forma de " fissura em
terceiro dedo da mão direita".
Como dispõe o § 2º do art. 177 do CPM, " As penas desse artigo são aplicáveis, sem prejuízo das
correspondentes à violência ou ao fato que constitua crime mais grave". In casu, a dinâmica do
fato é claramente reveladora do propósito do Acusado de opor-se à execução do ato legalmente
levado a efeito pelo Cb LEONARDO de forma violenta, assumindo, com isso, o risco de provocar
lesões nesse militar, como veio a ocorrer. De frisar que o delito de Resistência, mesmo que na
sua forma violenta, não implica, necessariamente, a circunstância de que a Vítima reste
lesionada; mas, quando essa violência gera lesão, responde o Acusado também pela prática do
delito previsto no art. 209 do CPM.

CASO 6

o 3º SGT Roberto dos Santos Calian, solicitou que o nacional apresentasse o seu documento de
identificação e a da moto que estava conduzindo, mas o civil recusou-se.

Em seguida, o 2º Tenente Igor Pimentel da Silva Guimarães, Comandante do 3º Pelotão de


Segurança, assumiu a ocorrência e solicitou ora denunciado que apresentasse os seus
documentos e o que se seguiu foi mais uma negativa. Na sequência, após ser alertado pelo
Coronel Sylvano, Chefe de Polícia da 1ª DE que seria melhor se o civil apresentasse os seus
documentos para não agravar a situação, o denunciado não o fez. Por tal conduta, recebeu voz
de prisão em flagrante e então foi lavrado o auto de prisão em flagrante.

Lei Complementar nº 97/1999 Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na
garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz,
é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da
Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação: (...) 19.
Ainda, a respeito da função militar, o art. 23 da Lei no 6.880/80 (Estatuto dos Militares) preceitua
que a "função militar é o exercício das obrigações inerentes ao cargo militar". 20. Como pode se
observar, as Forças Armadas estão legitimadas, constitucionalmente, a atuar na defesa da
Pátria, na garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem, observada a norma
infraconstitucional criada para regulamentar de forma geral tais atividades quando da
organização, do emprego e do preparo da respectiva Força Armada. 21. Ocorre que a atuação
das Forças Armadas em operações "GLO" não se trata de sua única atividade a ser
desempenhada, visto que também atua na defesa do seu patrimônio e de seu pessoal e, para
que isso ocorra, conta com seus militares de serviço durante as 24 (vinte e quatro) horas do dia
em todos os quartéis no nosso país, bem como com militares trabalhando na prática das mais
diversas atividades destinadas à finalidade de cada Força e ao interesse nacional, diariamente,
nos horários de expediente administrativo, os quais se submetem às regras de hierarquia e
disciplina em face das ordens emanadas por seus superiores.

"ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. FORÇAS ARMADAS. ATRIBUIÇÕES. FISCALIZAÇÃO DO


TRÂNSITO EM BENS PÚBLICOS FEDERAIS, OBJETO DE SERVIDÃO MILITAR. ART. 142, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI COMPLEMENTAR Nº 97/99. ART. 24, INC. V, DO CÓDIGO NACIONAL
DE TRÂNSITO. RESOLUÇÃO SMTR N.º 842, DO SECRETÁRIO MUNICIPAL DE TRÂNSITO. 1- Ao
fiscalizar o trânsito nas ruas e avenidas da Vila Militar, o Exército exerce sua atribuição
constitucional de defesa do patrimônio que lhe é afetado, assegurando a proteção de seu
pessoal e de transeuntes, evitando inclusive alegações de responsabilidade civil, uma vez que
tais logradouros possuem a natureza jurídica de bens públicos federais, regularmente
adquiridos, sujeitos à disciplina do instituto da servidão militar. 2- Todos os bens e direitos reais
federais gozam da proteção constitucional, que deve ser argüida, na espécie, a favor da União,
sendo lícita e de base constitucional qualquer atividade fiscalizatória ou de polícia administrativa
das Forças Armadas, garantindo-se a segurança e a integridade dos Próprios Nacionais, das vias
que os integram, atravessam ou são contíguas, dos funcionários e de transeuntes, no raio de
1.320,00 metros à volta dos estabelecimentos castrenses, decorrente do instituto da servidão
militar. 3- É inequívoca a observância do papel das Forças Armadas, outorgado pelo art. 142 da
Lei Maior e regulamentado pela Lei Complementar 97/99, bem como sua participação na ordem
democrática, no âmbito de seu destino constitucional, estando plenamente integradas ao Poder
Civil, nos projetos comuns de interesse da sociedade. 4- A força armada pode fazer policiamento
ostensivo de trânsito na Área de Servidão Militar, pois essa atribuição integra o instituto e faz
parte da defesa militar preventiva das instalações e equipamentos, à distância, não se ferindo,
assim, a Resolução SMTR nº 842, do Secretário Municipal de Trânsito, nem tampouco se
contrariando o dispositivo do inciso V, do artigo 24, do Código Nacional de Trânsito. 5- Apelação
e remessa necessária parcialmente providas, reformando-se parcialmente a r. sentença a quo,
para que a atuação da Força Armada só se verifique na forma e meios constitucionais,
assegurando-se-lhe o exercício dos direitos decorrentes da Servidão Militar na área em questão,
mantendo a distância de 1.320,00 metros externa e paralelamente aos limites dos Próprios
Nacionais, inclusive na fiscalização do trânsito, garantindo a validade da Resolução SMTR nº 842,
do Secretário Municipal de Trânsito, convalidando os atos administrativos praticados,
garantindo-se, outrossim, a aplicação de sanções de trânsito pela Força Armada em outras
áreas, temporariamente, quando em missões de segurança". (TRF-2 - AC: 297952
1999.51.01.001231-4, Relator: Desembargador Federal RALDÊNIO BONIFACIO COSTA, Data de
Julgamento: 14/03/2006, OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU -
Data:21/03/2006 - Página:249).”

Destarte, pela leitura do inteiro teor do Acórdão, extrai-se, em síntese, que a atividade
fiscalizatória ou de polícia administrativa das Forças Armadas é lícita em um raio de 1.320 metros
à volta dos estabelecimentos castrenses, devido ao instituto da Servidão Militar. 24. No
entender da Defesa técnica, o referido Decreto-Lei não teria sido recepcionado pela
Constituição Federal de 1988. Todavia, o Decreto-Lei nº 3.437/1941 encontra-se em pleno vigor,
não havendo que se falar em sua não-recepção pela Carta Constitucional. 25. Acerca do instituto
da servidão militar, regulamentado por meio do Decreto-Lei nº 3.437/1941, que dispõe sobre o
aforamento de terrenos e a construção de edifícios em terrenos das fortificações, é possível
concluir que o objetivo do legislador foi o de dar ampla proteção jurídica aos bens públicos
militares, evidenciando a necessidade de limitar novas construções ou concessões de terrenos
em torno daquelas já existentes e pertencentes ao Poder Público. 26. Em que pese o referido
Decreto-Lei dispor sobre a defesa da costa e utilizar o termo "fortificações", é necessário realizar
uma interpretação extensiva do referido termo, a fim de adequar tal instituto às necessidades
gerais das Forças Armadas na proteção do patrimônio que lhe cabe. Portanto, assim como já
disposto no Acórdão utilizado pelo juízo a quo, deve-se estender o sentido da expressão
"fortificações" para que também se contemple os demais estabelecimentos militares como
objeto da proteção atribuída pelo Decreto-Lei. 27. Para tanto, o legislador editou o Decreto-Lei
nº 9.760/1941, que dispõe sobre os bens imóveis da União e dá outras providências, e
complementou a abrangência do regime de aforamento, acrescentando-lhe o termo
"estabelecimentos militares", in verbis: Art. 100. A aplicação do regime de aforamento a terras
da União, quando autorizada na forma dêste Decreto-lei, compete ao S. P. U., sujeita, porém, a
prévia audiência: a) dos Ministérios da Guerra, por intermédio dos Comandos das Regiões
Militares; da Marinha, por intermédio das Capitanias dos Portos; da Aeronáutica, por intermédio
dos Comandos das Zonas Aéreas, quando se tratar de terrenos situados dentro da faixa de
fronteiras, da faixa de 100 (cem) metros ao longo da costa marítima ou de uma circunferência
de 1.320 (mil trezentos e vinte) metros de raio em tôrno das fortificações e estabelecimentos
militares; (grifo nosso) (...).

O contexto fático probatório mostra-se totalmente desfavorável ao Apelante, restando


comprovadas a autoria e a materialidade pelo crime de desobediência ora praticado, razão
pela qual deve ser mantida a Sentença guerreada.

CASO 7

A descrição dos fatos aponta um contexto de prática de 2 (dois) crimes distintos e autônomos.
Inicialmente, percebe-se a resistência diante da voz de comando dos militares, em especial do
Cabo Leonardo, para a abordagem e revista. Conquanto isso, o Embargante irresignado naquele
momento direciona-se ao Cabo Ex Leonardo com o intuito de dominá-lo e se apropriar de um
armamento e, ante outro momento de autodefesa daquele militar, o acusado vem a provocar a
lesão corporal no integrante da patrulha do Exército.

É dizer que o Embargante, 'com vontade livre e consciente, em atitude agressiva, hostil e
desrespeitosa, opôs-se à execução de ato legal (abordagem e revista) realizado pelo Cabo do
Exército Leonardo Santos dos Anjos, durante o cumprimento de missão de garantia da lei e da
ordem (GLO), em regime de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Nessa
abordagem, o Apelante tentou retirar o armamento do militar e, na sequência, desferiu-lhe
socos na cabeça, o que provocou a queda do graduado e, em consequência, uma lesão
caracterizada por 'fissura em terceiro dedo da mão direita' (apud in parecer PGJM)'.

Conforme se depreende de toda a análise do caso e suas circunstâncias, o delito de lesão


corporal ocorrido não constituiu meio necessário (ato preparatório para outro crime) para a
configuração do crime de resistência (art. 177). Portanto, entendemos não ser aplicável ao caso
concreto o postulado da consunção/absorção, para afastar a lesão corporal prevista no art. 209
do CPM, uma vez que as condutas perpetradas, em seus limiares, atingem bens jurídicos
distintos e remanescem de forma independente entre si, com inequívoca autonomia (O Princípio
da Consunção não se aplica quando os crimes atribuídos ao agente tutelam bens jurídicos de
naturezas diversas. Precedente do Supremo Tribunal Federal.) Além do mais, o delito de Lesão
corporal praticado pelo Acusado não constituiu meio necessário para a ocorrência do crime de
Resistência, também de sua autoria, descabendo, portanto, falar-se no fenômeno da
consunção/absorção.

CASO 8

Incialmente, vale lembrar que o desacato a militar, previsto no art. 299 do CPM, é um crime de
subsidiariedade expressa, devendo ser aplicado somente quando o fato não constituir outro
delito mais grave. Logo, como a pena prevista no art. 299 do CPM é superior a dos delitos de
desobediência e de tentativa de lesão corporal leve, não existe dúvida sobre a incidência do
crime de desacato a militar no caso sub examine, porquanto é mais grave do que as demais
infrações penais cometidas pelo Réu.

No que diz respeito às condutas criminosas elencadas no 3º ato e relatadas na Denúncia,


verifica-se que o Réu, no primeiro momento, assumiu o risco de produzir o resultado lesão
corporal (dolo eventual) quando continuou acelerando o veículo em direção à tropa, mas, por
motivo alheio a sua vontade, o crime não se consumou (tentativa). E, depois disso,
ininterruptamente, prosseguiu no intento praticando o delito de desobediência até chegar ao
crime mais grave, que foi o desacato a militar. Tais fatos é uma clara demonstração do que a
doutrina e a jurisprudência entendem como progressão criminosa em sentido estrido, o que
enseja a aplicação do Princípio da Consunção,

Na progressão criminosa em sentido estrito o agente tem o desígnio inicial de cometer o delito
menos grave, só que, sem sair do iter criminis, resolve praticar outra infração penal mais grave.
Quando isso acontece, afasta-se o instituto do concurso material e aplica-se o Princípio da
Consunção para que o infrator responda apenas pelo ato punível de maior gravidade. Frisa-se
que o crime de lesão corporal somente entrou no contexto fático da progressão criminosa
porque a intenção do Réu não era atingir especificamente o Sd Ex EDUARDO SANTOS, mas, sim,
prejudicar o funcionamento da Operação Furacão de Garantia da Lei e da Ordem na Cidade de
Deus e porque, como foi leve e tentada, é menos grave do que o delito de desacato a militar,
conforme já explanado.

Com relação ao tema, cita-se o Acordão desta Corte que, também, reconheceu o Princípio da
Consunção para absorver os crimes de tentativa de lesão corporal leve, de ameaça e de violência
contra militar em razão da consumação do crime de desacato a militar, in verbis: "EMENTA:
APELAÇÃO. MPM E DEFESA. DESACATO A MILITAR. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. Não deve
prevalecer a sentença a quo que condenou o réu de forma autônoma pelos crimes de desacato,
ameaça, tentativa de lesão corporal, violência contra militar, haja vista que, pelo princípio da
consunção, tais condutas são absorvidas por um único crime de desacato, conforme pacífica e
remansosa doutrina e jurisprudência. Apelo Ministerial conhecido e desprovido. Apelo
Defensivo acolhido parcialmente. Unanimidade." (Apelação nº 14-34.2007.7.07.0007, Rel. Min.
MARCOS MARTINS TORRES, Data de Julgamento: 23/8/2011, Data de Publicação: 6/2/2012.)
(Original sem grifos.) Assim, não há como deixar de reconhecer que as condutas descritas no 3º
ato, além de terem acontecido de forma sucessiva, possuem nexo de dependência entre si,
porquanto os momentos consumativos se sucederam no mesmo contexto fático e temporal, e
o sujeito passivo direto dos crimes ora analisados é a Administração Militar

Destarte, confirmado o dolo do Civil THIAGO SOARES MACHADO quando desacatou os militares
do PBCVU da Operação Furacão LXXVI e a correta aplicação do Princípio da Consunção para
absolvê-lo dos crimes de tentativa de lesão corporal leve e desobediência, por não se vislumbrar
qualquer excludente de culpa ou de crime, nada há a ser reparado no Decisum a quo.

CORRUPÇÃO (LICITAÇÕES, ETC.)

CASO 1

CRIME DE LICITAÇÕES (FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO (art. 311) + USO DOCUMENTO FALSO


(art. 315). Pelo exposto, dou provimento ao Recurso do Órgão Ministerial para, reformando a
Sentença questionada, condenar a civil KARLA MOREIRA RIBEIRO à pena de 1 (um) ano e 2 (dois)
meses de reclusão, como incursa no art. 315, c/c o art. 311, ambos do CPM; concedo-lhe o
benefício do sursis pelo prazo de 2 (dois) anos, nos termos do art. 84 do CPM e do art. 606 do
CPPM, mediante o cumprimento das condições previstas no art. 626 do CPPM, à exceção da
alínea "a", e designo o Juiz Federal da Justiça Militar da 1ª Auditoria da 11ª CJM para presidir a
Audiência Admonitória, ex vi do art. 611 do CPPM. Outrossim, concedo o direito de recorrer em
liberdade e fixo o regime prisional aberto para o eventual cumprimento da sanção, conforme o
art. 33, § 2º, alínea "c", do CP comum, c/c o art. 110 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal).

CASO 2 (Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência, art. 339)

Conquanto se admita a existência de um aparente conflito de normas entre a Lei Substantiva


castrense e a Lei de Licitações, não há como descurar que o tipo penal descrito no art. 339 do
CPM, ao dispor sobre fraude em procedimento administrativo "para aquisição ou venda de
coisas ou mercadorias de uso das Forças Armadas", resolve a quaestio em favor da norma
castrense, diante de sua maior especialidade. Noutras palavras, a hipótese dos autos melhor se
adequa ao estabelecido no Codex, mormente em face da exigência da afetação da
Administração castrense e do critério da especialidade da sistemática legislativa, inerente ao
Direito Militar, composta por diretrizes e princípios específicos voltados à tutela das relações
jurídicas atinentes à caserna, sobre as quais se estruturam as Forças Armadas.

EXTRATOS DE PARECERES DO DR EDMAR JORGE DE ALMEIDA

Na espécie, conforme parecer ofertado pelo Subprocurador-Geral de Justiça Militar Dr. EDMAR
JORGE DE ALMEIDA, nos autos deste mandamus submetido ao crivo deste Plenário virtual, assim
dispôs, in verbis: (...) A satisfação das condições da ação e dos pressupostos processuais de
admissão apontam para o seu conhecimento. No mérito, data maxima venia, o pleito não rende
ensejo à segurança suplicada, em razão de não existir ilegalidade ou abuso de poder no decisum
impugnado. Malgrado as robustas ponderações expendidas pelo nobre Impetrante,
entendemos que a condução coercitiva do investigado para a realização de exame pericial
encontra óbice no princípio da vedação à autoincriminação. Ainda que se possa cogitar de
exame não invasivo, pensamos que a desconstrução das dúvidas que pendem sobre o grau de
limitação física do investigado não pode ser alcançada sem um comportamento ativo do
periciando, ainda que mínimo. Insta destacar que a Suprema Corte, ao julgar as ADPFs 395 e
444, declarou a inconstitucionalidade da condução coercitiva do acusado para interrogatório,
prevista no art. 260 do Código de Processo Penal comum. Embora o nobre Impetrante haja
salientado que a situação dos autos seja diversa, uma vez que não se está a falar de
interrogatório, entendemos que os citados precedentes devem ser aplicados, haja vista que o
exame pericial possui natureza probatória e, desse modo, não pode o investigado a ele ser
submetido contra a sua vontade, sob pena de violação ao supracitado princípio. Além disso,
cumpre considerar que a condução coercitiva para realização de perícia não se afigura medida
razoável ou proporcional, imprescindível à continuidade da persecução penal, haja vista que se
está em fase investigatória e que há, nos autos, outros elementos hábeis a subsidiar a formação
da opinio delicti para a eventual propositura de ação penal.

Com essa ideia, cito trecho da manifestação da PGJM nos autos da Apelação embargada, que,
em seu Parecer subscrito pelo Ilustre Subprocurador-Geral da Justiça Militar Dr. EDMAR JORGE
DE ALMEID, narrou: "(...) Com efeito, a sua conduta denota falta de atenção, cautela e diligência,
bastando para tanto a demonstração de terem efetuado os procedimentos em dissonância dos
preceitos basilares de segurança, por livre e espontânea vontade, de modo a agirem com culpa
na produção do resultado danoso indesejado, porém, previsível. A conduta é culpável,
permitindo-se delimitar juízo de reprovação e censura, porque a previsibilidade subjetiva,
atenção, cuidado e diligências especiais, são inteira e cabalmente aferíveis na conduta dos
Acusados, levadas em conta suas aptidões pessoais, em meio às circunstâncias, condições e
ocasião em que se deslindou o resultado não querido, mas previsível (...)". (

Nesse contexto de argumentações, merece destaque também o contido na manifestação do


Subprocurador-Geral da Justiça Militar, in verbis (...) No tocante ao pleito de trancamento do
IPM nº 7000064-86.2020.7.03.0203, nada há que contamine o procedimento instaurado em
detrimento do Paciente, oriundo da requisição legítima e inequívoca de membro do MPM. Tudo
foi ultimado em perfeita observância ao procedimento exigido pela legislação aplicável à espécie
(art. 10, "c", do CPPM), sem sobressalto, sequer, de violação da lei ou dos princípios garantidores
do processo penal em geral que demande a concessão de medida excepcional. (...) Querer
impedir que a autoridade militar exerça o seu múnus, sob o olhar atento do Fiscal da fiel
aplicação da lei - cuja atuação é efetiva na apuração - exibe, a mais não poder, a incongruência
da pretensão, o açodamento que só interessa aos que margeiam a lei.

Compreendeu, de forma semelhante, o douto Subprocurador-Geral Dr. Edmar Jorge de Almeida


em sua manifestação: "O cerne da questão (indeferimento indevido do requerimento ministerial
de acareação), ainda que parcialmente alcançada pela tutela cautelar, limita-se a conferir efeito
suspensivo à Correição Parcial já ajuizada e, nesse sentido, incontrastavelmente, razão assiste
ao impetrante, no resguardo não só de seus direitos, mas também dos da defesa, para o
restabelecimento do rito processual consagrado pela Lei Processual Penal Militar, garantido-se
às partes as oportunidades processuais do contraditório, mediante requerimento de diligências,
apresentação de alegações finais escritas e demais fases previstas no CPPM. Nada obstante,
permitindo a Lei 12.016, de 7 ago 2009, a execução provisória da decisão que concede a
segurança, estamos em que, à luz do princípio da economia processual, possa reconhecer-se ao
egrégio Tribunal competência para determinar a autoridade coatora prosseguir no feito como
requerido pelo Impetrante, até que o julgamento da Correição Parcial venha a confirmar o
requerido, de maneira a evitar-se o inútil, desnecessário e oneroso retardamento do processo,
contrário, a toda evidência, aos interesses públicos envolvidos".

No caso, reforço que a continuidade delitiva mediante o somatório das penas é para preservar
a especialidade do CPM. Como bem delineado pela douta Procuradoria-Geral de Justiça Militar,
a alta reprovabilidade do ato legitima a incidência do concurso material: "A repercussão
deletéria para a Instituição Militar ante a investida contra valores da lealdade e da retidão, ao
expor indevidamente área sob administração do Exército e aceitar valores indevidos em razão
de sua função, tornam a conduta da mais alta reprovabilidade, legitimando a incidência do
concurso material como solução apropriada à hipótese de que se cuida, sem redundar em
qualquer ofensa aos ditames de política criminal com foco no cumprimento dos objetivos
expressos na Lex Magna."
A Procuradoria-Geral da República opinou pela concessão da ordem: '8. Conforme dispõe o art.
456, § 4º, do Código de Processo Penal Militar, "consumada a deserção de praça especial ou
praça sem estabilidade, será ela imediatamente excluída do serviço ativo. Se praça estável será
agregada'. O processo ficará suspenso, aguardando-se a captura ou apresentação voluntária do
desertor (art. 457 do Código de Processo Penal Militar). E o art. 457, § 1º, do mesmo Código,
dispõe: 'o desertor sem estabilidade que se apresentar ou for capturado deverá ser submetido
a inspeção de saúde e, quando julgado apto para o serviço militar, será reincluído'. Em caso de
incapacidade definitiva, o desertor sem estabilidade ficará isento da reinclusão e do processo,
sendo os autos arquivados (Código de Processo Penal Militar, art. 457, § 2º). Reincluído o
desertor sem estabilidade, o processo seguirá o que determinado pelo parágrafo 3º e seguintes.
9. Donde a conclusão de que a retomada do andamento do processo, após a captura ou
apresentação voluntária, depende da verificação da aptidão na inspeção de saúde e da
reinclusão no serviço ativo, como resulta do art. 457, § 3º, do Código de Processo Penal Militar
(reincluída que seja a praça especial ou a praça sem estabilidade). Em consequência, o desertor
que for reincluído deve permanecer nessa condição de militar da ativa durante todo o processo
e, se condenado, durante a execução da pena. 10. É entendimento desse Supremo Tribunal
Federal que a condição de militar da ativa é condição necessária não só para a consumação do
crime de deserção, mas também para o processo e julgamento do delito e, em caso de
condenação, da execução da pena que for imposta, como resulta do art. 457, § 3º, do Código de
Processo Penal Militar (reincluída que seja a praça especial ou a praça sem estabilidade).
Portanto, a perda da condição de militar impede o prosseguimento da execução penal, por falta
de condição objetiva de procedibilidade. Não há como processar um civil pelo crime de
deserção. Diante da exclusão do serviço ativo não há 'condição de procedibilidade para o
prosseguimento da ação e, por conseguinte, para a execução da pena imposta pelo crime de
deserção. Precedentes.' (HC 108.197/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 15.02.2012); HC
103.254/PR, rel. Min. Celso de Mello, DJe 13.4.2011; HC 90.672/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa,
DJe 20.03.2009; HC 90.838/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 22.05.2009; HC 79.531/RJ, rel. Min.
Marco Aurélio, DJ 29.01.1996). 11. A deserção é crime propriamente militar que só pode ser
cometido por militar do serviço ativo e pressupõe que o militar esteja nessa condição na ocasião
da consumação do delito, durante o processo, no momento da condenação e da execução da
pena. Tanto assim que o desertor, se condenado, cumpre a pena em estabelecimento penal
militar, não sendo razoável cogitar que por esse crime, que só os militares podem cometer, o
sentenciado seja enviado, como civil, para o já sobre carregado Juízo Comum das Execuções e,
eventualmente, para uma penitenciária. Já foi ventilada a possibilidade da concessão da
suspensão condicional da pena, que não é solução, pois, além de vedada pelo art. 88, II, "a", do
Código Penal Militar, no caso de descumprimento das condições, a revogação do benefício
acarretará o recolhimento do sentenciado ao sistema prisional comum. A quase totalidade
desses desertores, notadamente aqueles sem estabilidade, é formada por jovens que estão
prestando o serviço militar obrigatório, não sendo razoável cogitar que, pela prática do crime
de deserção, eles possam ao final serem recolhidos a uma penitenciária civil. Para o crime de
deserção de praça é cominada pena de seis meses a dois anos, e o art. 59, inciso II, do Código
Penal Militar, dispõe que 'a pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar,
é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional ... pela
praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que estejam
cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos'. 12.
Em resumo, não mais ostentando o paciente a qualidade de militar, cabe concluir que não há
condição de procedibilidade para o prosseguimento da ação penal. Não há como processar um
civil pelo crime de deserção: 'Paciente condenado pela prática do crime de deserção, que foi
licenciado a bem da disciplina, não mais ostentando a qualidade de militar. Ausente, pois,
condição de procedibilidade para o prosseguimento da ação e, por conseguinte, para a execução
da pena imposta pelo crime de deserção'

A Procuradoria-Geral de Justiça Militar, em Parecer da lavra do insigne Subprocurador-Geral de


Justiça Militar Dr. Edmar Jorge de Almeida, opinou pelo conhecimento e desprovimento do
Apelo defensivo, nos seguintes termos: "Sendo a conduta do réu objetivamente previsível, é
típica, sendo subjetivamente previsível, é culpável, nada vicejando nos autos que possa dar
apoio à pretensão de reforma do veredito prolatado pelo E. Conselho de Justiça, no tocante à
condenação de TULLIO GOMES RODRIGUES. Motivos expostos, é o parecer para negar
provimento ao recurso interposto, mantendo-se incólume a sentença hostilizada, como
exigência da desejável justiça.".

Sob essa óptica, posicionou-se o culto Subprocurador-Geral de Justiça Militar Dr. Edmar Jorge
de Almeida: "Com efeito, a conduta de TULLIO GOMES RODRIGUES é o elemento de irrupção da
falta de atenção, cautela e diligência, bastando para tanto a demonstração de ter efetuado os
procedimentos em dissonância dos preceitos basilares de segurança, por livre e espontânea
vontade, de modo a agir com culpa na produção do resultado danoso indesejado, porém,
previsível.".

"Ab initio", a Procuradoria-Geral da Justiça Militar arguiu preliminar de não conhecimento do


Habeas Corpus em questão, por entender que esse feito não pode ser utilizado para substituir
os recursos, as ações e as exceções previstas em Lei, sob pena de banalização da utilização do
"mandamus", que deveria estar reservado para os casos de ameaça ao direito constitucional de
liberdade de locomoção, nos termos do inciso LXVIII do art. 5º da Constituição Federal de 1988.
Isso porque, no caso em exame, a PGJM sustentou que o paciente deveria ter proposto a
exceção de competência perante o Juízo a quo, no qual tramita a mencionada ação penal militar,
com o escopo de questionar esse assunto, e não o fez. Ressaltou, na ocasião, que a análise dessa
matéria por essa Corte, neste prisma, caracterizaria verdadeira supressão de instância, pois a
questão ventilada sequer foi arguida perante a autoridade tida por coatora. Entretanto, ao
analisar o pleito, este Tribunal decidiu que o pedido da PGJM não merecia prosperar, haja vista
que o feito deveria ser conhecido e analisado. Ante o exposto, rejeita-se a mencionada
preliminar levantada para conhecer integralmente do Habeas Corpus.

No Parecer subscrito pelo ilustre Subprocurador-Geral Dr. EDMAR JORGE DE ALMEIDA, a douta
ProcuradoriaGeral da Justiça Militar manifesta-se "(...) no sentido de rejeitar os embargos
opostos, para manter o Aresto hostilizado, em seus próprios e jurídicos fundamentos",
consignando, in verbis (Evento 11): "(...) são desprovidas de fundamento as ventiladas omissões.
A modificação da capitulação se deu em consonância com o preceituado no art. 550 do CPPM,
sendo cabível a revisão dos feitos findos em que tenha havido erro quanto aos fatos, sua
apreciação, avaliação e enquadramento. O art. 558 do mesmo Digesto processual, por sua vez,
preceitua que 'Julgado procedente a revisão, poderá o Tribunal absolver o réu, alterar a
classificação do crime, modificar a pena ou anular o processo'. (...) O réu procedeu com o dolo
de se locupletar dos valores arrecadados pela Comissão de Festas da Diretoria de Saúde da
Marinha, os quais evidentemente não lhe pertenciam. Como possível estratégia de defesa,
insistiu que tais valores teriam origem ilícita, chegando a mencionar que iria 'denunciar' a sua
arrecadação ao TCU."

Admitir que a perda da condição de militar mude automaticamente a competência para o juízo
monocrático, é permitir que o acusado escolha, em momento que lhe aprouver, o órgão de
julgamento, ferindo de morte o Princípio do Juiz Natural e possibilitando suprimindo do
Escabinato a apreciação de importantes questões, sob o prisma da hierarquia e disciplina
militares. Assim, o fato só é crime militar (ou seja, só é de competência da Justiça Militar da
União), porque o agente é militar ao tempo do fato, pelo que nos soa como surreal que tal
condição (de militar, ao tempo dos fatos) seja utilizada para a definição de competência da
própria Justiça Militar da União e não seja, também, para a fixação de competência do órgão
judicial desta JMU, com o pretende a decisão atacada."

Ora, a condição de militar, ao tempo dos fatos, faz nascer o crime militar, fixa a competência da
Justiça Militar da União e - também - a do Escabinato. Entender que a posterior perda da
condição de militar afaste a competência do Escabinato, é dar margem para que se pretenda,
pelo mesmo raciocínio, afastar a própria competência da Justiça Militar da União, o que nos soa
como verdadeiro absurdo.

A intimação da sentença condenatória ao ora Paciente foi efetuada em conformidade com o que
preconiza o art. 445 do Digesto Adjetivo Penal Castrense, posto que não se tratava de réu preso.
A tudo acrescemos que qualquer sentenciado que se encontre sob o amparo da suspensão
condicional da pena, ao descumpri-la, terá a sua concessão suspensa. Ora, o Paciente responde
ao Processo em liberdade, sem qualquer sobressalto de ilegalidade, praticada ou consentida
pela Autoridade Processante, nenhum constrangimento ou afetação do status libertatis ante o
regular curso da apuração. Nesse contexto, não há ilegalidade ou abuso procedimental a ser
enfrentado pela via do HC. Tais ilegalidades são ilações sem fundamento suficiente para se
reconhecer a procedência do pedido. Daí afigurar-se destituída de qualquer base a pretensão
que sustenta a violação dos princípios garantidores do devido processo legal, do contraditório e
da ampla defesa. Aliás, quanto ao último, a manutenção da ritualística processual penal militar
é o que concretiza a reclamada garantia.

"Acerca da tese de incompatibilidade do artigo 187 do CPM com a CF/88, inútil admoestar que
não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio. O crime sub oculi é um dos que mais
atentam contra a disciplina militar e a missão constitucional destinada às Forças Armadas,
ocorrendo efetiva lesão ao bem jurídico tutelado no art. 142, caput, do Estatuto Básico da
República. Noutro giro, a aplicação de uma abolitio criminis vilipendiaria o princípio da
separação dos poderes, consignado no art. 2º da Carta Federal Brasileira. O mesmo raciocínio
se aplica ao enunciado da Súmula nº 3 da Augusta Corte Castrense, o qual se acha em perfeita
consonância com a Carta da República de 1988. O reconhecimento de possível excludente de
culpabilidade incumbe a quem alega."
"[...] Destarte, uma vez instaurada a persecução penal, o que pressupõe, necessariamente, que
o réu era militar ao tempo do recebimento da denúncia - portanto, estava legitimado a
responder ao processo quando da sua instauração - a ação penal somente pode ser estancada
com a decisão transitada em julgado, ou nas hipóteses de sua extinção, taxativamente elencadas
no Código de Processo Penal Militar. Ao nosso ver, não poderia ser diferente, uma vez que a
tese de que a ação penal não pode prosseguir, porque o acusado não mais ostenta a condição
de militar, fere diversos princípios jurídicos, entre os quais o de passar este a ostentar a condição
de sujeito detentor de uma verdadeira imunidade jurisdicional, pelo simples fato de ter sido
licenciado das fileiras militares. De fato, essa ideia de o agente que praticou fato típico tornar-
se imune por não ser mais militar é, data venia, absolutamente contrária aos princípios
norteadores do sistema repressivo castrense."

"(...) O ponto nodal da controvérsia cinge-se à existência, ou não, da previsibilidade do evento


lesivo. A toda evidência, é possível entrevê-la, haja vista a violação, pelos acusados, da
NORFORESQ nº 30-01A, que consagra os parâmetros para as atividades de instrução exercidas
em câmara de gás. Autoria, nexo de causalidade, previsibilidade e materialidade demonstradas
às escâncaras, no cotejo entre os diversos elementos hauridos aos autos, entre provas
testemunhais (Evento 1, -VOLUME5, do Processo Relacionado de nº 198- 20.2014.7.01.0101) e
periciais, como os Laudos de Exame de Corpo de Delito N°14 e15/2014, do CPMM, Boletim de
Atendimento Médico - Asp Silva Cunha, Laudo de Exame de Corpo de Delito de Necropsia,
Certidão de Óbito, Parecer Técnico, Laudo Pericial, Laudo de Exame de Corpo de Delito
Complementar N° 24/2014 e de Necropsia, e Prontuário - Asp Calebe (Evento 1, APENSOS
19/20/21/30/31/32/35/39/40/44/56/57, do Processo Relacionado de nº 198-
20.2014.7.01.0101). A previsibilidade objetiva, que incide sobre a adequação típica e adota
como marco delimitador a capacidade de previsão normal, corrente, corriqueira, exigível de
qualquer pessoa de discernimento e percepção comuns, encontra-se cabalmente comprovada.
Quaisquer outros agentes teriam objetivamente possibilidade de prever o infausto. É possível ir
mais além, quaisquer outros agentes, na posição dos acusados, não permitiriam que fossem
executados procedimentos alheios às diretrizes de segurança, porquanto, do contrário,
perpetrariam uma ação manifestamente imprudente e negligente. Com efeito, a sua conduta
denota falta de atenção, cautela e diligência, bastando para tanto a demonstração de terem
efetuado os procedimentos em dissonância dos preceitos basilares de segurança, por livre e
espontânea vontade, de modo a agirem com culpa na produção do resultado danoso
indesejado, porém, previsível. A conduta é culpável, permitindo-se delimitar juízo de reprovação
e censura, porque a previsibilidade subjetiva, atenção, cuidado e diligências especiais, são
inteira e cabalmente aferíveis na conduta dos Acusados, levadas em conta suas aptidões
pessoais, em meio às circunstâncias, condições e ocasião em que se deslindou o resultado não
querido, mas previsível. No caso do 3º Sgt CARLOS EDUARDO DA SILVA, versado em defesa
nuclear, bacteriológica, química e radiológica, como admitir a exculpante por obediência
hierárquica, se deixou de admoestar ao CMG OSMAR e ao Ten BRUNO das consequências
deletérias que poderiam advir do emprego do gás fumígeno em local fechado, contribuindo para
a deflagração do processo causal que levou à morte e à lesão, respectivamente, dos aspirantes
CALEB e VINÍCIUS? Como tolerar a ação delituosa do Acusado, se o próprio chegou a admitir que
a instrução fora orientada por experiências precedentes, e não de acordo com a NORFORESQ nº
30-01A, a qual estipula a obrigação do emprego de máscara contra gases em instrução
promovida em câmara de gás, independente do gás utilizado? Nada pode servir de esteio para
a absolvição, incontestavelmente porque a deflagração do processo causal dependeu - e não se
daria de outra forma - da ação desatenta, imprudente, sem as cautelas exigíveis de TODOS os
Acusados. De fato, se o CMG OSMAR determinou a substituição do gás lacrimogêneo pelo
fumígeno, tal fato não tem o condão de justificar a conduta dos Acusados, que indevidamente
vedaram a entrada e saída do túnel com lonas, além de existir uma saída falsa, sem permitir a
utilização das máscaras, em violação das diretrizes existentes. Forçoso concluir, ipso facto, que
os Acusados, todos imputáveis, com potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de
conduta diversa, procederam de forma negligente e imprudente, ao não pautarem o exercício
militar pelas normas que regem a transposição em túnel de gás, descurando do dever de cuidado
objetivo. Extreme de dúvidas o liame causal entre a conduta e o resultado infligido, pelo grave
efeito lesivo que provoca em relação à disciplina militar. Quanto à desclassificação e dosimetria
perfilhadas, estamos em que devem ser mantidas, à luz da jurisprudência e Doutrina incidentes
na espécie. Assoma-nos, por tudo, a serena convicção da existência de provas suficientes para a
condenação, não remanescendo qualquer dúvida acerca da tipicidade da conduta e da
culpabilidade pelo resultado, em razão da previsibilidade do evento lesivo"

"(...) 'In fine', não assiste razão à irresignação defensiva de que o advento da Lei nº 13.491/17
representa 'novatio in mellius', em relação ao tipo questionado, legitimando a incidência da Lei
11.343/06 na seara castrense. A simples introdução da nova lei no ordenamento jurídico pátrio
não tem o condão de alterar o entendimento consolidado desta Corte Castrense sobre a não
aplicação das penas alternativas previstas na Lei Antidrogas (Lei nº 11.343/06), ou do Princípio
da Insignificância, às práticas criminosas como a versada nos autos, uma vez o dispositivo do art.
290 do Código Penal Militar encontra previsão diversa na lei penal comum, precipitando a
incidência do art. 9º, I, do mesmo 'Codex'. O posicionamento majoritário da melhor doutrina,
do Excelso Pretório e da Augusta Corte Castrense é no sentido de que, na realidade do combate
às drogas na seara castrense, o porte e uso vulneram a segurança e a integridade física
intramuros e coloca em risco a higidez e a operacionalidade do efetivo militar e bases
organizacionais das FFAS, instituições com sede constitucional para, entre outras finalidades,
promover a salvaguarda da ordem democrática. Além de garantir a repreensão e a prevenção,
o preceito constante do Estatuto Repressivo Militar tenciona assegurar a manutenção das bases
estruturantes das Forças Armadas, quais sejam, os Princípios da Hierarquia e da Disciplina, sob
pena de ser fomentada a impunidade ou criminalidade, pela ruptura dos valores intrínsecos ao
militarismo. A incidência reclamada indica o número II do art. 9º do CPM, com a redação
ampliada pela Lei 13.491/17, remarque-se, olvidando que o art. 290, do mesmo Codex,
combina-se com o número I do mesmo art. 9º, conferindo-lhe natureza especial em relação a
qualquer outra hipótese. É o que tem sido reiterada, harmônica e convergente jurisprudência
quanto ao tema. (...)"

"(...) reiterando-se o posicionamento adrede expendido pelo Órgão Ministerial, não deve
prosperar a tese pela redução da pena aquém do mínimo legal em virtude da confissão
espontânea do acusado, por não encontrar a menor acolhida na jurisprudência pacífica do
Excelso Pretório. A mitigação seria factível somente na hipótese da autoria de crime ignorada
ou imputada a outrem (art. 72, III. "d", do CPM), o que não se entrevê na situação em análise.
Por fim, estamos em que todo o contingente probatório inviabiliza a narrativa mal engendrada
pelo recorrido, uma vez que ROBERT MESSIAS ARAÚJO DE SOUZA procedeu em concurso com
pessoas que também invadiram a OM no momento do fato processado, sendo que, em
momento algum, ele solicitou permissão para fazer necessidade fisiológica aos militares que o
prenderam".

(...) o Apelante, ao ter encontrado um celular da marca Samsung, modelo Galaxy J5 DUAL, de
propriedade do Sd Daniel Rodrigues dos Santos, no dia 17 de abril de 2016, nas dependências
da Companhia de Manutenção do Centro de Embarcações do CMA - CECMA, veio a passar um
mês se utilizando do referido aparelho como se proprietário fosse, chegando a habilitar a linha
telefônica nº (92) 99521-2218 (em seu próprio nome), conforme se observou às fls. 08/09 dos
autos apartados de Quebra de Sigilo Telefônico - Apenso II. A tornar ainda mais patente o animus
rem sibi habendi que lhe impulsionava, o acusado chegou a trocar com a sua prima o aparelho
celular em questão (fls. 24/26 e 87/89, Apenso I) (...). Nenhuma dúvida promana da disposição
anímica de perpetrar a conduta narrada na peça pórtico e das consequências que poderiam
advir. Forçoso reconhecer que o serviço militar e o dever militar, objetos da tutela penal, de
modo categórico e inapelável, restaram atingidos. (...)".

A Procuradoria Geral da Justiça Militar, por meio do Subprocurador-Geral Dr. EDMAR JORGE DE
ALMEIDA, esclareceu, quanto à preliminar, que, quando existem conflitos entre disposições
normativas, a hermenêutica jurídica aponta para vários critérios de solução. Explicou que no
confronto entre a norma geral - o art. 366 do CPP - e a norma especial - o art. 412 do CPPM - a
superveniência daquela não tem o condão de revogar essa, uma vez que se sobreleva o critério
da especialidade, o qual postula pela incidência do Código de Processo Penal Militar. No mérito,
ressaltou que as condutas dos réus se amoldam perfeitamente ao tipo penal que define o crime
de apropriação indébita. Mencionou ainda, o representante da PGJM, que os apelantes se
defenderam a todo tempo dos fatos narrados na Denúncia e a modificação da capitulação se
deu em consonância com o preceituado no art. 437, alínea "a", do CPPM, a configurar a
emendatio libelli, recepcionada por nosso ordenamento jurídico pátrio. Sustentou que a revelia
dos acusados não induz, absolutamente, o possível desconhecimento da imputação, ao
contrário, demonstra o nítido propósito de frustrarem a aplicação da Lei Penal. Sustentou que,
nesse sentido, "não há de se beneficiarem com a própria e reiterada malícia, sendo incabível a
alegação de ofensa dos princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e
do contraditório.".

"quando há aparentes antinomias, isto é, conflitos entre disposições normativas, a


hermenêutica jurídica aponta para vários critérios de solução. Nesse diapasão, no confronto
entre a norma geral - o art. 366 do CPP -, e a especial - o art. 412 do CPPM, a superveniência
daquela não tem o condão de revogar esta. Na hipótese, sobreleva o critério da especialidade,
o qual postula pela incidência do Código de Processo Penal Militar. Se o art. 412 do Estatuto
Processual Penal Castrense disciplina a matéria, vale assinalar que não há lacuna normativa, no
âmbito da legislação penal-militar, acerca da decretação de revelia aos acusados que, citados
por edital, não comparecerem nem constituírem advogado. É assim que se posiciona reiterada
jurisprudência da Instância Superior Militar e do Pretório Excelso.".
"Extreme de dúvidas a existência de dolo posterior ao recebimento da coisa alheia, com o fim
de apropriar-se, invertendo o título da posse ou da relação possessória, na detenção, o que
assegura, sob o ponto de vista do elemento subjetivo do tipo, o aperfeiçoamento da Apropriação
Indébita. Contrario sensu do que insinua a prestimosa Defesa Pública, os elementos carreados
aos autos permitem formar, destarte, a convicção de que os réus praticaram a ação imputada
na exordial acusatória, de modo que a parte dispositiva da sentença deduz-se, logicamente, da
fundamentação, culminando na edição do decreto condenatório. De mais a mais, não se digna
ao acolhimento a pretensão defensiva, no tocante à suposta inobservância do princípio da
correlação entre a imputação e a sentença. O Conselho de Justiça deu nova definição do fato
sem modificar a descrição da conduta ínsita na exordial acusatória, conforme requerido pelo
MPM desde as alegações escritas. Os apelantes se defenderam a todo tempo dos fatos narrados
na peça pórtico, e a modificação da capitulação se deu em consonância com o preceituado no
art. 437, "a", do CPPM, a configurar a emendatio libelli, recepcionada por nosso ordenamento
jurídico pátrio.

"Assim, legítimo o prosseguimento da apuração pela via da quebra dos sigilos de dados para
complementação da prova da materialidade e esclarecimento acerca do quantum que os
investigados se locupletaram, ou em que montante foi a eventual corrupção existente entre
eles. Ora, o direito à colheita de prova, imprescindível ao esclarecimento da autoria da conduta,
em tese, criminosa, é induvidoso, mormente enquanto se tem como certo de ser a única via
possível de obtenção das informações encarecidas. É o interesse público que oferece
fundamento suficiente para o prosseguimento da apuração pela via da quebra dos sigilos de
dados. O MPM está no legítimo exercício de seu munus na apuração de fato delituoso, pela
ausência de fundamento para a sua objeção. (...)"

"(...) Se o militar, per fas et nefas, perdeu a condição peculiar de profissional das armas, após
instaurado o Processo com o recebimento da prefacial acusatória, não se extinguirá a relação
processual, a qual subsiste regular, íntegra, hígida, em congruência com a hodierna
jurisprudência da Instância Superior Castrense. Daí, não há como prevalecer o veredito que
determinou a extinção do feito, vez que nada impede que o Processo prossiga, sem qualquer
sobressalto de ilegalidade. A situação de militar da ativa é condição processual apenas exigível
para o oferecimento do libelo ministerial. A perda do status de militar, oriunda do
reconhecimento de sua incapacidade permanente para o serviço militar e não reinclusão às
fileiras do Exército, quando submetido à inspeção voluntária após a prática da segunda
deserção, não obsta o julgamento pelo foro castrense. (...)"

"(...) Parece-nos inequívoca a comprovação do elemento subjetivo do injusto pelas


circunstâncias que envolveram os fatos, estando certa a autoria e induvidosa a materialidade do
homicídio, a partir do robusto acervo probatório, quais sejam, o Termo de Apreensão de
fls.78/80; o Laudo Pericial de fls. 168/172; o Exame Necroscópico de fls. 186/194, que noticia
que a vítima veio a falecer em razão de hemorragia interna e externa deflagrada por
politraumatismo de instrumento cortante, todos do Apenso 1, vol. 1; e pela Certidão de óbito
de Demétrio Gomes de Jesus (fl. 44). Há ainda o Termo de Apreensão Complementar (fls.
108/111), do apenso 1, vol. 1, que traz o aparelho celular encontrado em posse do acusado,
devidamente periciado, cujo Laudo Pericial nº 019/17 - GIC, compõe o PQS nº 175-32.2017,
apensado aos presentes autos, volumes 1 e 2. Com efeito, o Cabo DARLEI MATOS MENDES
assassinou o 1º Ten. DEMÉTRIO GOMES DE JESUS, no interior do aquartelamento da 4ª
Companhia de Engenharia de Combate, na cidade de Jardim-MS, durante o expediente, quando
o quartel se preparava para a solenidade da Retirada da Laguna. As testemunhas que prestaram
depoimento em Juízo afirmaram não conhecer qualquer animosidade entre o apelante e a
vítima, sendo que esta última possuía uma conduta profissional exemplar, solícito com todos, e
que não fazia distinção entre os integrantes da caserna. A tudo se acresce o fato de restar
comprovado que o acusado agiu de surpresa, impossibilitando qualquer defesa por parte do
ofendido, e com requintes de crueldade. Nessa senda, as testemunhas Cabo ALTAIR, Cabo
ANTONIO e Sgt IVAN MELO narram ter visto o acusado confabulando com o Ten DEMÉTRIO e,
logo em seguida, ouviram um grito desesperado dado pelo oficial, que suplicava por socorro
enquanto o acusado o esfaqueava de inopino e implacavelmente, sem mínimas chances de se
defender da agressão. Nenhuma dúvida quanto ao dolo no comportamento do agente, que
procedeu de modo consciente, com disposição anímica de perpetrar os atos aviltantes relatados
na peça acusatória, havendo a incidência de todas as qualificadoras arguidas pelo Representante
Ministerial de 1º grau, senão vejamos: O motivo torpe - representado pelo ciúme patológico e
desmedido, face a supostas mensagens endereçadas pelo ofendido à esposa de DARLEI; O meio
cruel - relacionado ao tipo de arma que foi perfilhada e pela quantidade de golpes desferidos,
os quais deram causa ao óbito da vítima, como assevera o exame necroscópico; E a surpresa -
porquanto a vítima foi esfaqueada de inopino, à luz do dia, dentro da unidade militar, sendo que
a arma estava escondida no fardamento do denunciado, o que impossibilitou a defesa do 1º
Ten. DEMÉTRIO, além da necessidade de emprego da força, pelas testemunhas, para
interromper as agressões. (...) Por fim, estamos em que a majoração da pena ao infrator pela
prática delitiva, cuja materialidade resta sobejamente comprovada, cumpre finalidades
preventivas gerais e especiais, de magna importância para o resguardo da hierarquia e
disciplina".

"(...) Com efeito, o vertente tipo penal se destina a coibir os excessos criminosos, dado que, em
uma sociedade democrática, coexistem direitos e obrigações, sendo que os primeiros não
podem ser tidos como absolutos, e dentre essas ultimas esta o dever de respeitar ou não
vilipendiar os agentes públicos no desempenho de seu mister em benefício da coletividade. Ora,
as palavras, os gestos, a entonação, as atitudes do réu voltadas a ofender militares em serviço,
diminuindo o prestigio das funções públicas por eles desempenhadas, expressam sua
indiferença e desprezo aos procedimentos adotados na entrada da Base Aérea, culminando em
vexame, escândalo, ameaça, humilhação para os Sentinelas designados para identificar os
veículos. (...) Dolo comprovado, à saciedade. Quem age como o acusado, inequivocadamente,
conduz-se movido pela intenção de ultrajar, menosprezar, desprestigiar aqueles que apenas, e
tãosomente, cumpriam o seu dever contra comportamento que, além de menoscabar a
autoridade, a dignidade e o respeito devido à Instituição Militar, constituía evidente ultraje ao
pudor público. Houve ofensa não só aos que se achavam de serviço militar, mas à instituição
que representavam, pela recusa contumaz do réu em se dirigir à cabine do Corpo de Guarda
para ser identificado, tentando cortar caminho com o veículo; pelo emprego de palavras ríspidas
e hostis aos Sentinelas, desrespeitando a sua autoridade. A conduta merece especial
reprimenda, diante do dolo intenso, da rejeição aos cânones da caserna, por militar da reserva
graduado e motorista à disposição do Comando da Aeronáutica, de quem se espera,
normalmente, uma postura exemplar e irrepreensível na Corporação. Todavia, o acusado
preferiu afrontar o regime disciplinar e hierárquico, agindo com consciência e vontade ao
praticar a ilicitude em questão, gerando grave ameaça à regularidade da administração militar."

"(...) A reclamada atipicidade da conduta, pela insinuação da imprevisibilidade do evento


danoso, é extremamente frágil e sem cabimento. Plenamente previsível o disparo acidental que
infligiu lesões em seu colega de farda, quando o réu, com formação militar adequada e ciente
das regras de manuseio da pistola, optou por agir de forma diversa das recomendações básicas
de segurança para verificar se seu armamento estava municiado. A previsibilidade objetiva, que
incide sobre a adequação típica e adota como marco delimitador a capacidade de previsão
normal, corrente, corriqueira, exigível de qualquer pessoa de discernimento e percepção
comuns, encontrase cabalmente comprovada. Qualquer outro agente teria objetivamente
possibilidade de prever o infausto. É possível ir mais além, qualquer outro agente, na sua
posição, não executaria procedimento alheio às diretrizes de segurança, porquanto, do
contrário, estaria praticando uma ação manifestamente imprudente e negligente. Com efeito, a
conduta do réu é o elemento de irrupção da falta de atenção, cautela e diligência, bastando para
tanto a demonstração de ter efetuado os procedimentos em dissonância dos preceitos basilares
de segurança, por livre e espontânea vontade, de modo a agir com culpa na produção do
resultado danoso indesejado, porém, previsível. A conduta é culpável, permitindo-se delimitar
juízo de reprovação e censura, porque a previsibilidade subjetiva, atenção, cuidado e diligências
especiais, são inteira e cabalmente aferíveis na conduta do Acusado, levadas em conta suas
aptidões pessoais, em meio às circunstâncias, condições e ocasião em que se deslindou o
resultado não querido, mas previsível. (...)".

'(...) Em princípio, sobreleva assinalar que não há o mínimo cabimento quanto ao cerceamento
de defesa, entendido bastante para a decretação de nulidade do processo. Sobejam elementos
de prova quanto à sanidade do Recorrente, atestando a higidez mental. Quanto a isso, é certo
que fazia uso de álcool e drogas, levandoo ao estresse, como atesta o prontuário médico de fls.
136/141, bem colhido na manifestação do dominus litis. Outrossim, o caso trazido a lume nestes
autos não revelou qualquer óbice ao exercício dos direitos constitucionais do acusado e à
possibilidade de produzir prova testemunhal. Tudo quanto foi requerido foi admitido, não tendo
cabimento o pedido com base no cerceamento de defesa. Submetido à inspeção de saúde, após
apresentação voluntária, declarou-se a aptidão, emitindo-se o diagnóstico de plena capacidade
de entender e agir, diante dos fatos. Em consulta médica, reconheceu o uso de substância
entorpecente, nada obstante, reconheceu-se lhe plena aptidão. (...)

Com acerto o Órgão do Ministério Público na origem contesta o reconhecimento do perdão:


"Cabe destacar que o perdão judicial não está previsto no ordenamento penal militar para o
caso em análise...". Como reforço ao argumento, refere que, ainda admitida por hipótese sua
aplicação, carece do requisito objetivo, qual seja, "a relação de parentesco exigida na lei penal"
entre réu e vítima - Contrarrazões, fl. 262. Sobre o tema não diverge o custos legis: "De início,
sobreleva frisar que o perdão judicial não encontra guarida na legislação penal militar aplicável
ao caso sub oculi", afirmou o douto representante da Procuradoria-Geral Dr. Edmar Jorge de
Almeida. E acrescentou: "descabe cogitar, também, da analogia com a lei criminal comum,
porquanto entre réu e ofendido não há vínculo de parentesco requerido pelo diploma penal"
SEGUNDA FASE MPM ATALIBA RAMOS

Direito Militar no Zoom

SEGUNDA FASE MPM

MATERIAL DE APOIO

AULA 04 (09/12/21) – PROFESSOR ATALIBA RAMOS

CASO HIPOTÉTICO
Tempo para solução: até 3 horas (180 minutos)

O Ministério Público Militar ofereceu denúncia em desfavor de ROY DA SILVA,


brasileiro, natural de Orós/CE, casado, filho de Francisco Bento da Silva e Maria
das Dores, nascido em 18/01/1983, documento de Identidade nº 12345678,
inscrito no CPF nº 987.654.321-00, residente e domiciliado na Rua das
Elucubrações, nº 1219, Bairro Centro, CEP 62130-000, Icó/CE; e de ARMANDO
TUDO DE NOVO, brasileiro, natural de Orós/CE, solteiro, filho de Erasmo de
Novo e de Isabel Correia de Novo, nascido em 21/11/1992, documento de
Identidade nº 171171171-71, residente e domiciliado na Vila Caatinga, Bairro
Centro, Orós/CE pela prática dos fatos delituosos a seguir transcritos (Evento
01):
"(...) Trata-se de investigação oriunda do Inquérito Policial Nº
222- 11/2017 DO SIP e Inquérito Policial Militar iniciados com a
prisão em flagrante do nacional ROY DA SILVA, haja vista a
prática do delito cometido contra a Administração Pública
através do programa de abastecimento de água Operação Carro
Pipa, do Ministério da Integração Nacional.
Em apertada síntese, conclui-se que no dia 03/07/2017 ROY DA
SILVA foi flagrado por uma composição da Polícia Militar do
Estado do Ceará portando o equipamento do tipo TMS
COLETOR (MEl - Módulo de Monitoramento Embarcado) n° de

SEGUNDA FASE MPM | www.direitomilitarnozoom.com 1


1
SEGUNDA FASE MPM ATALIBA RAMOS

série: 0000000001 em veículo do tipo motocicleta Honda/V125


FAN KS, placa OVO 1234-CE, cor preta, enviando dados de
telemetria ao sistema GPIPA BRASIL, no intuito de, mediante
fraude, induzir ocorrência da efetiva entrega de
carregamento/fornecimento de água aos beneficiários do
Programa de abastecimento de água emergencial da Operação
Carro-Pipa.
Tendo a vista a natureza obrigacional estabelecida entre a
administração pública e o contratado, o equipamento acima
referido não deveria estar acoplado à veículo automotor distinto
daquele previsto em contrato, qual seja, um caminhão pipa.
Segundo laudo pericial (Evento 10), o Módulo Embarcado de
Monitoramento estava em pleno funcionamento no momento da
fraude, enviando dados para a central de monitoramento para
posterior emissão de relatório e pagamento do serviço. (...).
Na busca da verdade aproximada dos fatos, em sede de
inquirição, o denunciado ROY DA SILVA afirma ter sido
contratado por ARMANDO TUDO DE NOVO para trabalhar na
entrega das carradas de água pelo valor de R$500,00
(quinhentos reais) ao mês (Evento 30), bem como que a ordem
para retirar o aparelho de monitoramento veio de ARMANDO.
Destarte, ante os fatos expostos, restou clara a participação dos
denunciados supra qualificados em diferentes tipos de autoria.
ARMANDO TUDO DE NOVO, utilizando-se da sua
superioridade financeira perante o outro denunciado, obteve
para si o controle finalístico da ação, dando ordens e
estabelecendo a forma de execução da empreitada criminosa.
Neste sentido, pela inteligência extraída da Teoria do Domínio
do Fato, resta claro a posição deste como autor intelectual do
delito, ao qual preconizou o controle da ação.
Nessa senda, perante o fato inconteste, ROY DA SILVA
participou dos atos executórios no intuito de acarretar prejuízo à
Administração Pública, retirando o Módulo Embarcado de
Monitoramento e o colocando em motocicleta, ato que o coloca

SEGUNDA FASE MPM | www.direitomilitarnozoom.com 2


2
SEGUNDA FASE MPM ATALIBA RAMOS

na figura de autor imediato. Por conseguinte, ambos


concorreram para o delito, onde, nos termos do art. 53 do CPM,
devem incidir nas penas cominadas na medida de sua
culpabilidade.
Todavia, diante do que dos autos consta, percebe-se que os réus
não alcançaram seu intento por circunstâncias alheias às suas
vontades, já que, logo no primeiro dia de entrega prevista na
Planilha do caminhão cadastrado na Operação Pipa, o golpe foi
descoberto por ocasião da prisão de ROY, diante da fiscalização
perpetrada pelos policiais militares na estrada.
Assim agindo, a conduta perpetrada pelos Srs. ROY DA SILVA
e ARMANDO TUDO DE NOVO, incidem nas tenazes do Código
Penal Militar (...)".

O Ministério Público Militar ofertou a denúncia em 07 de maio de 2020 (Evento


1), a qual foi recebida por decisão prolatada em 21 de maio de 2020 (Evento 2)

Constam nos autos os seguintes documentos: fotografias tiradas pelos


policiais demonstrando uma motocicleta do tipo Honda/V125 FAN KS, placa
OVO 1234-CE, cor preta, bem como TMS COLETOR (MEM - Módulo Embarcado
de Monitoramento) n° de série: 0000000001. Filmagem (Vídeo) feita por um dos
Policiais Militares demonstrando a ação de prisão em flagrante e o veículo e
equipamentos apreendidos (motocicleta e MEM).

Consta, ainda, Laudo Pericial produzido pela Empresa CONSÒRCIO


TRANSPARÊNCIA em que o perito responsável atesta que o aparelho MEM (G-
PIPA) estava em perfeito funcionamento, não havendo qualquer sinal de dano
em seu funcionamento.

Em observância aos ditames da Lei Adjetiva Castrense, o acusado ARMANDO


TUDO DE NOVO foi devidamente citado, via carta precatória, em 27 de agosto
de 2020. Na ocasião, o acusado informou que teria condições de contratar
advogado (Evento 25).

SEGUNDA FASE MPM | www.direitomilitarnozoom.com 3


3
SEGUNDA FASE MPM ATALIBA RAMOS

Já ROY DA SILVA foi devidamente citado, via carta precatória, em 19 de janeiro


de 2021. Na ocasião, informou que não possuía advogado, tendo o Oficial de
Justiça lhe informado os dados da Defensoria Pública da União (Evento 60). O
réu concordou em ser assistido pela DPU.

Conforme consta em Ata de Audiência, em 9 de março de 2021, foram


qualificadas e inquiridas, através do sistema ZOOM MEETING, as testemunhas
arroladas pelo MPM: 2º Sgt EB JHON SENA, JUCA GOLAÇO (civil) e o SD
PM/CE JOAB RODRIGO.

Constam nos autos os seguintes trechos dos depoimentos das


testemunhas ministeriais:

2º Sgt EB JOHN SENA:

Testemunha compromissada na forma da lei, esclareceu que era casado com a


senhora Juliana Sena e tinha três filhos: Hugo Sena, José Sena e Luiz Sena, de
4, 7 e 12 anos, respectivamente. Frisou que naquela época estava doente e fazia
tratamento de problema no estômago. Que na época dos fatos trabalhava na
parte do manancial (local de apanha da água pelo caminhão pipa) na cidade de
Orós. Que estava atuando na sua função no manancial quando uma viatura
policial chegou ao local e pediu que acompanhasse os PM até a sede da polícia
em Orós. Que ao chegar lá, os policiais queriam que ele verificasse um
determinado dispositivo que estava acoplado em uma motocicleta e confirmasse
se o equipamento fazia parte da Operação Pipa. Que o depoente reconheceu o
GPS (G – Pipa) e foi liberado.

CIVIL JUCA GOLAÇO:

Testemunha compromissada na forma da lei, esclareceu que era casado com a


senhora Liliane Golaço, que no dia dos fatos tinha acabado de almoçar e recebeu
uma ligação informando o ocorrido, que em 2017 exerceu a função de
coordenador do COMDEC (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil) e que era
o responsável pelo acompanhamento do abastecimento de água da cidade de

SEGUNDA FASE MPM | www.direitomilitarnozoom.com 4


4
SEGUNDA FASE MPM ATALIBA RAMOS

Orós.

Que conhecia o civil ARMANDO TUDO DE NOVO, o qual era o verdadeiro dono
do caminhão que estava cadastrado na Operação Pipa, e quem usava o
caminhão para transportar a água era o ROY DA SILVA. Esclareceu que
acreditava que o habilitado no Escritório da Operação Pipa era o ARMANDO.
Quando chegou na delegacia, ficou sabendo que pegaram o ROY um aparelho
GPS na motocicleta e que não era comum e nem correto os pipeiros entregarem
água de moto.

SD PM/CE JOAB RODRIGO:

Testemunha compromissada na forma da lei, esclareceu que estava patrulhando


na cidade de Orós, na Rua 16, que tinha um rapaz numa moto parada. Que havia
um aparelho na moto e que a equipe achou estranho. Que o comandante da
equipe, o SGT FERRANDO, viu que era um GPS de caminhão. Que a equipe
conduziu o réu ROY DA SILVA para a delegacia e entraram em contato com
militares do Exército responsáveis pela Operação Pipa na cidade. Que esses
militares foram até lá e reconheceram o aparelho G-PIPA que, inclusive, estava
ligado.

Uma vez que o MPM declarou estar satisfeito com a prova testemunhal,
continuamente, abriu-se vistas à defesa para os fins do art. 417, § 2º do CPPM
(Evento 70). Por sua vez, a Defesa de ambos acusados afirmou não ter
testemunhas a arrolar (Evento 90).

Em 26 de maio do presente ano, os acusados foram qualificados e interrogados


por videoconferência, realizada através do sistema ZOOM.

Colaciona-se os seguintes trechos dos interrogatórios dos réus:

ARMANDO TUDO DE NOVO:

Inquirido, alegou que, na época, a água do manancial de Orós estava imprópria

SEGUNDA FASE MPM | www.direitomilitarnozoom.com 5


5
SEGUNDA FASE MPM ATALIBA RAMOS

para o consumo humano e, por isso, pegavam água em outro açude. Era o dono
do caminhão cadastrado no Escritório de Operação pipa junto ao Exército
Brasileiro e ROY era seu empregado. Que sabia que ROY estava fazendo o
serviço na moto mas, em razão da prisão, não recebeu pagamento do Exército
no mês em que ocorreu o fato. Que foi a primeira viagem de ROY na moto,
porque antes ele entregava dirigindo o caminhão normalmente.

ROY DA SILVA:

Inquirido, alegou que em determinada época, a água do manancial não estava


potável, e então retirava a água de um rio, entregava a água onde a planilha
indicava, depois, colocava o aparelho na moto e fazia o trajeto do manancial de
Orós até as residências dos beneficiários. Que havia somente um Módulo
embarcado de Monitoramento (MEM), que é o GPS da Operação Pipa, na moto.
Que quando foi preso, era a primeira vez que fazia o trajeto com a moto. Que
trabalhou quase um ano como motorista. Que recebia mensalmente o valor de
quinhentos reais.

Finalizado o interrogatório dos réus, determinou-se vista às partes, para os fins


do artigo 427 do CPPM.

Nessa fase, o MPM nada requereu e, no dia 27 de julho de 2021, transcorreu o


prazo para manifestação da Defensoria Pública da União.

Seguindo a marcha processual, o órgão julgador exarou despacho, dando vistas,


através do sistema e-Proc/JMU, ao Ministério Público Militar, em 02 de agosto
de 2021 (terça-feira).

Considerando que você é o membro ministerial que, na mesma data


(02/08/21), tomou ciência do despacho da autoridade judicial competente, e que
não há feriados nacionais no mês de agosto, levando-se em consideração que
não se encontram presentes causas excludentes de ilicitude e de culpabilidade
dos réus, apresente a peça processual adequada, trazendo todas as questões
de fato e de direito, bem como os requerimentos que julgar pertinentes com base

SEGUNDA FASE MPM | www.direitomilitarnozoom.com 6


6
SEGUNDA FASE MPM ATALIBA RAMOS

na lei, na doutrina e na jurisprudência dos Tribunais Superiores, em especial do


Egrégio Superior Tribunal Militar.

SEGUNDA FASE MPM | www.direitomilitarnozoom.com 7


7
ESTUDO DE CASO PARA PEÇA PRÁTICA

No dia 18 de novembro de 2021, FRANCISCO CHICO


CORINTIANO, brasileiro, Soldado do Efetivo Variável servindo
na Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas (EASA)
(RG nº 000000000000 - SSP/RS e CPF nº 0000000000-00, filho de
Sócrates Brasileiro Timão e de Kia Trago Timinho, natural de
Panambi/RS, residente na Rua da Segunda Divisão, nº 171, na
cidade de Panambi/RS), estava no serviço do Corpo da Guarda da
EASA, ocasião em que, por volta de 10h 30 min, o Cabo Edmundo
Animal, que entrava no serviço de Cabo da Guarda, procedeu
revista de rotina nos integrantes da Guarda do Quartel e, com o
detector de metais, localizou no bolso da calça do Sd Corintiano
um recipiente de metal (latinha de "Trident Mints"), no interior da
qual estava acondicionada porção de substância entorpecente,
assim apontada pelo laudo toxicológico preliminar, como sendo
Cannabis sativa L. (evento 01, documento 1, p. 21-verso),
popularmente conhecida como maconha, em quantidade de 0,5
grama (meio grama).
Indagado sobre o fato, após informado de seus direitos,
especialmente o de poder permanecer em silêncio, na presença do
Cabo Evair Justo e do 3º Sgt Rony Rústico Verdão (Cmt da Gda),
ambos do efetivo da EASA, sediada em Santa Maria/RS, o militar
embora tenha alegado que não tinha a intenção de consumir a droga
durante o serviço, confirmou a propriedade da substância, alegando
que a recebera na noite anterior, em uma boate, de uma pessoa do
sexo feminino da qual não se recordava o nome.

Alegou, ainda, que levou a droga para o interior do quartel,


onde pernoitou, e que havia decidido levar consigo a droga para o
serviço de Guarda para que não ficasse no armário e exalasse o
odor característico no alojamento.

Oferecida a denúncia pelo art. 290 do CPM, o magistrado a


rejeitou, compreendendo que deveria a subsunção do fato se dar à
luz do art. 28 da Lei n. 11.343/2006.
1) Como Promotor de Justiça, selecione e impetre o
recurso cabível.

2) Havendo o curso da ação penal, em virtude do


recurso acima, decidiu o Juízo, após a tramitação
regular do processo, apesar das respectivas
comprovações do constante na denúncia, inclusive com
a juntada do laudo definitivo e confissão do réu, em o
absolver o acusado com espeque no art. 439, “b”, do
CPPM, por considerar a aplicação do Princípio da
Insignificância. Como Promotor de Justiça, selecione e
impetre o recurso cabível.
Tópicos envolvidos:

Exceções (principalmente de incompetência)


Incidentes (principalmente de insanidade mental do
acusado/indiciado)

Questões propostas:

1. O Cadete Armando, nascido em 16/11/2003, foi liberado


(licenciado) no fim de semana para sair da Academia Militar das
Agulhas Negras, em Resende/RJ. Decidiu ir então no sábado, dia
06/11/2021, para a cidade fardado, para “impor respeito”. Lá
chegando, foi a um shopping e resolveu iniciar conversa com uma
moça que lá estava, aparentemente desacompanhada. Entretanto,
seu namorado chegou e iniciou-se uma discussão, que culminou em
agressão física praticada pelo militar, que então foi detido por
seguranças daquele local.
Armando foi levado de volta para a Academia Militar por escolta do
Comando, que foi informado pela segurança do shopping do ocorrido.
O Comando então instaurou Inquérito Policial Militar para apurar o
fato, ao final indiciando Armando por “vias de fato”. O IPM chegou
com vista da 2ª Auditoria da 1ª CJM para o candidato, como Promotor
de Justiça Militar, em 02/12/2021. O candidato deverá fazer a peça
correspondente ao fato e postular o que for pertinente, sempre de
forma justificada.

2. O Cabo Jurandir, ciente da rotina do aprovisionamento de gêneros


alimentícios de sua Organização Militar, situada em Fortaleza,
planejou subtrair 100 kg de picanha bovina, que foi recebida no dia
10/11/2021. Nesse dia, Jurandir se valeu do Soldado Da Paz, que
contrariando norma interna da OM, permitiu o seu ingresso no quartel
com veículo, fora de horário de expediente, acompanhado de seu
irmão, que é civil e tem diagnóstico de esquizofrenia feito por médico
particular. Jurandir teve acesso à câmara frigorífica por intermédio de
chave que copiou sem o conhecimento do Oficial Aprovisionador e
seu irmão, de porte físico avantajado, ficou encarregado de carregar
as pesadas caixas para o seu veículo. Em seguida, Jurandir deixou
seu irmão em casa e dirigiu seu veículo até Natal, onde ofereceu e
vendeu no dia 11/11/2021 a carga para um amigo de nome
Inocêncio, que não sabia da subtração e, embora tenha desconfiado
da procedência do material, assim mesmo o adquiriu por cerca de
metade do valor de mercado. A vizinha, Maria D’Ajuda, desconfiou da
transação que observara de longe e chamou a Polícia Militar, que
prendeu Jurandir e Inocêncio em flagrante delito. Sabendo-se que
algumas diligências ainda chegarão aos autos, inclusive a avaliação
do material, o candidato deverá elaborar de forma fundamentada as
peças correspondentes às providências que já podem ser feitas,
independente do que está pendente nos autos, considerando que
oficia na Procuradoria de Justiça Militar de Fortaleza.
Analise a seguinte situação:

O 3º Sgt HUGUINHO, o Cb ZEZINHO e o Sd LUISINHO fazem parte do quartel do 5º


Batalhão de Fuzileiros Navais (5º BFN), unidade militar da Marinha e que fica localizada na
cidade do Rio de Janeiro/RJ.
Na data de 05 Fev 21, os três militares foram escalados para atuarem em missão de
Garantia da Lei e da Ordem, devidamente estabelecida, a qual consistia em fazer patrulhas na
comunidade do Cachorro Molhado que fica situada naquela mesma cidade.
No dia 07 Fev 21, os três militares, fardados, em conjunto e a bordo de uma viatura
militar, deslocaram-se do quartel do 5º BFN até a referida comunidade.
Chegando ao local determinado, os militares desembarcaram da viatura e antes de
iniciar a patrulha, o 3º Sgt HUGUINHO entrou em comércio local chamado Bar do Zé Pinguelo
com a intenção de comprar um refrigerante, quando então se deparou com um antigo
desafeto que possuía mesmo antes de se tornar militar, seu conhecido de infância, o civil
PLUTO.
O militar e o civil começaram a discutir em razão de uma namorada em comum que
tiveram, situação que evolui até o ponto em que o civil sacou uma faca e foi em direção do
militar com a intenção de atingi-lo, momento em que o sargento sacou sua pistola e desferiu
dois tiros contra o peito do civil, o qual foi socorrido pelas pessoas que estavam no
estabelecimento e levado ao hospital, mas, não resistindo aos ferimentos que sofrera, acabou
por vir a óbito.
O Cb ZEZINHO e o Sd LUISINHO, ao perceber que o sargento estava demorando para
voltar e nada sabendo sobre o que estava ocorrendo no Bar do Zé Pinguelo (que ficava
distante de onde estavam), decidiram não o aguardar, dando início à patrulha por conta
própria.
Logo após iniciarem a patrulha, os militares se depararam com os indivíduos civis A, B
e C que estavam na frente de um beco conhecido por ser ponto de venda de entorpecentes
na comunidade.
Ao perceber a chegada dos militares, os três indivíduos, que estavam de posse de
pistolas 9mm, mesmo antes de serem abordados começaram a atirar contra tropa, vindo um
dos disparos a atingir o Cb ZEZINHO no ombro, o qual caiu no chão.
O Sd LUISINHO, percebendo que os indivíduos continuavam a atirar mesmo depois de
atingirem o Cabo, disparou com seu Fuzil de Assalto Leve (FAL), único armamento que tinha à
disposição no momento, em direção aos civis, sendo que um dos disparos acabou atingindo o
indivíduo A na cabeça, morrendo esse de imediato.
Os indivíduos B e C se evadiram do local, abandonando as pistolas 9mm que portavam,
não sendo alcançados pelos militares de imediato e nem encontrados em buscas posteriores.
As perícias realizadas atestaram: que todas as pistolas apreendidas com os civis
estavam com a numeração raspada, impossibilitando identificar a origem; que o disparo que
atingiu o ombro do Cb ZEZINHO foi proveniente da Pistola 9mm que estava de posse do
indivíduo A, sendo este identificado como TIÃO GAVIÃO; que a morte do civil PLUTO foi
decorrente do disparo proveniente da pistola pertencente ao 3º Sgt HUGUINHO; que a morte
do civil TIÃO GAVIÃO foi decorrente do disparo do fuzil pertencente ao Sd LUISINHO.
Os militares e as nove testemunhas que foram ouvidas no inquérito (DONALD,
GASTÃO e PENINHA, que estavam no Bar do Zé Pinguelo; MARGARIDA, CLARABELA, MINIE,
ZÉ CARIOCA, MICKEY e PATINHAS, que presenciaram a ação no beco) declararam que os fatos
ocorreram tal qual o acima narrado, com exceção da testemunha MARGARIDA, irmã mais
velha de TIÃO GAVIÃO, que declarou: que estava na janela da casa de fronte ao beco onde os
fatos ocorreram; que os militares chegaram atirando e sem aviso; que seu irmão apenas
revidou aos disparos iniciais dos militares.
Verificou-se que TIÃO GAVIÃO tinha 19 anos de idade e não possuía antecedentes
policiais, judiciais ou penais.
Mesmo depois de realizadas todas as diligências que seriam possíveis, não se
conseguiu identificar quem seriam os indivíduos B e C que participaram da ação.
Após concluído o inquérito policial militar, esse foi distribuído para a 3ª Auditoria da
1ª CJM, sendo o feito enviado via eproc (processo eletrônico).

Recebido o feito em vista e partindo-se da premissa de que não há outras diligências


possíveis a serem requisitadas, apresente, como Promotor de Justiça Militar, a(s)
manifestação(ões) que entender pertinente(s) ao caso.
SEGUNDA FASE MPM

SIMULADO
PROVA SUBJETIVA – CADERNO DE QUESTÕES
GRUPO I

Orientações Gerais

1) Imprima o seu simulado e o faça de forma manuscrita.


2) Separe um intervalo de 5h para resolução de seu simulado,
buscando criar um ambiente que se aproxime, ao máximo,
daquele que você enfrentará no dia do seu certame.
3) Procure não ler o conteúdo do simulado até o dia escolhido
para fazê-lo.
4) Utilize a capa da prova do último concurso, em anexo, para
servir como parâmetro de orientações gerais, que devem ser
lidas com atenção.
SEGUNDA FASE MPM

1ª PARTE: QUESTÕES DISCURSIVAS (35 PONTOS)

1) Considerando as disposições do CP comum e do Código Penal Militar


acerca do crime de furto, discorra, de forma fundamentada, sobre:

a) Teorias adotadas concernentes à consumação do crime de furto


adotada pela legislação brasileira, comparando o CP com o CPM. (10,00
pontos)

b) Aplicação do Princípio da Insignificância nos crimes patrimoniais e, em


especial, no crime de furto. (10,00 pontos)

c) O crime de furto cometido em tempo de guerra e as suas


peculiaridades. (5,00 Pontos)

2) Considerando as disposições da Lei 11.343/06 e do Código Penal


Militar, discorra, de forma fundamentada, sobre o juízo de tipicidade no
que diz respeito à conduta de tráfico de drogas e a sua caracterização
como crime militar. (10,00 pontos)
SEGUNDA FASE MPM

2ª PARTE: ELABORAÇÃO DE DENÚNCIA E/OU OUTRAS


MANIFESTAÇÕES (65 PONTOS)

1) Em 08 de novembro de 2021, chegou ao conseguimento do Comando


do 200º Batalhão de Infantaria, em Recife/PE, determinação do Escalão
Superior no sentido de que as Organizações Militares subordinadas
promovessem o necessário combate ao possível consumo de drogas no
interior dos quarteis, sendo esta, uma política estratégica do Alto
Comando do Exército Brasileiro.

Com base nessa determinação, o Comandante da Unidade Militar


determinou a realização de uma revista inopinada no aquartelamento com
a finalidade de prevenir e combater a utilização de substâncias
entorpecentes no seio da caserna.

A atividade iniciou-se por volta das 16h, sendo revistado, inicialmente, o


alojamento dos cabos e soldados, onde nada foi encontrado.

Na sequência foram revistados os alojamentos dos sargentos e dos


oficiais, ocorrendo tudo sem alteração.

Já chegando perto das 22h, desse mesmo dia, com o propósito de


proceder a revista em todos os militares da Organização Militar, inclusive
naqueles que se encontravam de serviço, em todos os postos e
graduações, o Comandante determinou a realização de revista na sala do
Oficial de Dia, incumbindo esse mister ao Subcomandante do Batalhão.
SEGUNDA FASE MPM

Em cumprimento ao determinado pelo Comando, o Coronel


ENQUADRANDO GERAL interpelou o Oficial de Dia ROY DA SILVA
SAURO, que se encontrava em seu alojamento de serviço, pedindo para
que ele abrisse um pequeno armário, situado no interior do cômodo,
momento em que, após abrir a respectiva gaveta, o denunciado mostrou-
lhe um cigarro com características suspeitas, tendo admitido, na
sequência, que se tratava de maconha.

Em razão do ocorrido, o Coronel ENQUADRANDO GERAL informou a


situação, ao Comandante do 200º Batalhão de Infantaria, o qual
determinou a lavratura do respectivo Auto de Prisão em Flagrante Delito.

Prosseguindo-se, destarte, com a apuração, ao ser ouvido em sede de


APF, o Oficial ROY DA SILVA SAURO pormenorizou o fato delituoso
esclarecendo que “estava cansado de tirar serviço” e que, por essa razão,
ligou para seu amigo de infância, o civil FELIZ DA VIDA, explicando a
situação e solicitando que ele levasse até o quartel um cigarro de
maconha “da boa”.

A Autoridade de Polícia Judiciária Militar procedeu a todas as medidas


legais necessárias para a correta lavratura do Auto de Prisão em
Flagrante Delito, promovendo, incontinenti, o encaminhamento da
substância encontrada com o Oficial ROY DA SILVA SAURO (Termo de
Apreensão 01/2021) para realização do Laudo de Exame Preliminar de
Constatação de Substância de constatação, que confirmou tratar-se de
substância proscrita.
SEGUNDA FASE MPM

Diante disso, a autoridade de polícia judiciária militar procedeu as


comunicações de praxe, e após a conclusão do APF, remeteu os autos à
Auditoria da Justiça Militar da União competente.

Com a chegada do APF, o Juízo designou o dia 09 de novembro de 2021,


às 16h, para realização da devida audiência de custódia, nos termos
preconizados pela: Resolução nº 213 do CNJ e Resolução nº 228 do STM.

Na data designada, aberta a audiência de custódia, o Juiz Federal da


Justiça Militar realizou a oitiva do custodiado.

Concedida a palavra às Partes, após ouvir o flagranteado, ainda em


audiência de custódia, o MPM requereu a concessão de liberdade
provisória e a diligência complementar para que fosse ouvido o civil FELIZ
DA VIDA, ao passo que a Defesa postulou pela concessão de liberdade
provisória.

Encerradas as manifestações das Partes, o Juiz Federal da Justiça Militar


concedeu liberdade provisória ao Oficial ROY DA SILVA SAURO, como
fundamento, a contrário sensu, do art. 254 e do art. 255, tudo do CPPM,
e determinou a remessa dos autos à autoridade de polícia judiciária militar
para cumprimento das diligências requeridas pelo Parquet Milicien.

Ao ser ouvido em sede de diligências complementares, o civil FELIZ DA


VIDA confirmou a versão apresentada pelo Oficial ROY DA SILVA
SAURO e explicou que como já tinha sido militar, em decorrência da
prestação do serviço militar obrigatório, já conhecia os trâmites para
ingresso no quartel, de modo que colocou a substância ilícita dentro das
SEGUNDA FASE MPM

suas roupas íntimas, pois sabia que a revista para ingresso na OM não
era detalhada, e após ser revistado pelo sargento OLHANDO TUDO,
passou pela guarda do quartel e encontrou o oficial de dia, em seu
alojamento, entregando-lhe um cigarro de maconha.

Entrementes, depois de ser periciada na Delegacia de Polícia Federal da


cidade, acostou-se aos autos o Laudo Definitivo, que apontou a seguinte
conclusão: “utilizando-se de suficiente quantidade para realização do
exame, o resultado foi POSITIVO para Cannabis Sativa Linneu, o que leva
a afirmar, preliminarmente, tratar-se de substância causadora de
dependência física e/ou psíquica, consoante a Portaria n° 344/99 da
Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde."

Concluídas as diligências complementares, remeteram-se os autos à


Auditoria da Justiça Militar.

DETERMINADA A ABERTA DE VISTA O(A) CANDIDATO(A),


PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA MILITAR JUNTO AO JUÍZO DA
COMPETENTE AUDITORIA DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA
MILITAR, FORMULE DENÚNCIA, OBSERVANDO-SE OS REQUISITOS
DO ART. 77, DO CPPM (SERÃO CONSIDERADAS SUPRIDAS AS
ALÍNEAS 'B', 'D' E 'H' COM A SIMPLES MENÇÃO DOS NOMES
CITADOS NO RELATO).

FORMULE IGUALMENTE A(S) NECESSÁRIA(S) COTA(S) /


MANIFESTAÇÃO(ÇÕES) NOS AUTOS, REQUERENDO O QUE
ENTENDER DE DIREITO. (45 PONTOS)
SEGUNDA FASE MPM

2) O 100º Batalhão de Infantaria lavrou o seguinte Termo de Deserção:

MINISTÉRIO DA DEFESA
Exército Brasileiro
100º Batalhão de Infantaria

TERMO DE DESERÇÃO

Aos dezoito dias do mês de setembro do ano de dois mil e vinte e


um, nesta cidade de Brasília, Distrito Federal, presente o Coronel BOB
DA SILVA, Identidade 111222, Comandante do 100º Batalhão de
Infantaria e as testemunhas Tenente ZÉ DA SILVA, Identidade 333444, e
Sargento DILIGENTE FEROZ, Identidade 555666, foi por mim Capitão
RESOLVENDO TUDO, Identidade 777888, designado Encarregado da
Lavratura deste Termo, por Despacho de dezoito de setembro de dois mil
e vinte e um, em atenção à Parte de Ausência nº 001/2021, de nove de
setembro de dois mil e vinte e um, do Capitão ENQUADRANDO GERAL,
Comandante de Companhia do Batalhão, lida a Parte de Deserção, de
dezoito de setembro de dois mil e vinte e um, do Capitão
ENQUADRANDO GERAL, Comandante de Companhia do Batalhão, na
qual consta que ESCAPANDO GERAL, Soldado do Efetivo Variável do
Exército Brasileiro, Identidade 999111, CPF nº 111.222.333-44, filho de
SEGUNDA FASE MPM

ROY DA SILVA SAURO e de MAMÃE CUIDADOSA, natural de Brasília,


DF, nascido em primeiro de abril de dois mil e três, praça, se ausentou
sem autorização a esta Organização Militar, desde o dia nove de
setembro de dois mil e vinte e um, tendo iniciado a contagem do período
de ausência à zero hora do dia 10 de setembro de dois mil e vinte e um,
e completado à zero hora do dia dezoito de setembro de dois mil e vinte
e um mais de oito dias de ausência, consumando o crime de deserção,
de acordo o art. 187 do CPM, e para constar do processo a que o militar,
responderá na forma da lei, lavrei o presente Termo que, lido e achado
conforme, vai assinado pelo Comandante, por mim e pelas testemunhas
acima mencionadas. Eu, Capitão RESOLVENDO TUDO, servindo de
Escrivão, o subscrevi.

RESOLVENDO TUDO
Capitão

BOB DA SILVA
Coronel
Testemunhas:

ZÉ DA SILVA
Tenente

DILIGENTE FEROZ
Sargento
SEGUNDA FASE MPM

Após a lavratura do respectivo Termo de Deserção, na mesma data, foi o


Militar ESCAPANDO GERAL excluído das fileiras da Força Terrestre
(exclusão do serviço ativo), tendo sido o ato publicado no Boletim Interno
nº 150, de 18 de setembro de 2021.

Ressalte-se que, logo após a constatação da sua ausência na


Organização Militar e expedição da documentação necessária, foi
efetuado o respectivo inventário de seus bens e do material pertencente
à Fazenda Nacional, que se encontravam na sua posse.

Após a realização de várias diligências por parte da Organização Militar,


com o envio de militares até a residência do trânsfuga, em 28 de setembro
de 2021, ESCAPANDO GERAL, temendo pela sua prisão e com o intuito
de resolver a sua situação perante às Forças Armadas, se apresentou
voluntariamente na OM, por volta da 23h30min.

Diante da apresentação voluntária do desertor, foi ele recolhido ao xadrez


da OM, ainda no dia 28 de setembro de 2021, tendo a autoridade de
polícia judiciária militar procedido as comunicações de praxe, bem como
à Auditoria da Justiça Militar da União competente.

Com a informação da apresentação voluntária do desertor o Juízo


designou o dia 29 de setembro de 2021, às 16h, para realização da devida
audiência de custódia.

Nesse ínterim, vieram aos autos cópia da ata de inspeção de saúde do


desertor, dando-o como “APTO PARA O SERVIÇO MILITAR” e o ato de
SEGUNDA FASE MPM

reinclusão com publicação no Boletim Interno nº 160 de 29 setembro de


2021.

Na data designada, aberta a audiência de custódia o Juiz Federal da


Justiça Militar realizou a oitiva do desertor, em cujo depoimento relatou
que: “em razão de sua apresentação voluntária acreditava que não
poderia ser preso; que era uma injustiça o que fizeram com ele; que
pensou várias vezes em fugir pois não queria ficar preso.”

Concedida a palavra às Partes, após ouvir o desertor, ainda em audiência


de custódia, o MPM requereu a decretação da sua prisão preventiva, ao
passo que a Defesa postulou pela concessão de liberdade provisória.

Encerradas as manifestações das Partes, o Juiz Federal da Justiça Militar


decretou a prisão preventiva do Soldado ESCAPANDO GERAL, como
fundamento no art. 254 e art. 255, “d” e “e”, tudo do CPPM.

FINDA A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FOI DETERMINADA A


CONCESSÃO DE ABERTA VISTA O(A) CANDIDATO(A),
PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA MILITAR JUNTO AO JUÍZO DA 1ª
AUDITORIA DA 11ª CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA MILITAR,
FORMULE DENÚNCIA, OBSERVANDO OS REQUISITOS DO ART. 77,
DO CPPM (SERÃO CONSIDERADAS SUPRIDAS AS ALÍNEAS 'B', 'D'
E 'H' COM A SIMPLES MENÇÃO DOS NOMES CITADOS NO RELATO).
SEGUNDA FASE MPM

FORMULE IGUALMENTE A (S) NECESSÁRIA (S) COTA


(S)/MANIFESTAÇÃO(ÇÕES) NOS AUTOS, REQUERENDO O QUE
ENTENDER DE DIREITO. (45 PONTOS)
SEGUNDA FASE MPM

SIMULADO EXTRA
PROVA SUBJETIVA – CADERNO DE QUESTÕES
GRUPO I

Orientações Gerais

1) Imprima o seu simulado e o faça de forma manuscrita.


2) Separe um intervalo de 5h para resolução de seu simulado,
buscando criar um ambiente que se aproxime, ao máximo,
daquele que você enfrentará no dia do seu certame.
3) Procure não ler o conteúdo do simulado até o dia escolhido
para fazê-lo.
4) Utilize a capa da prova do último concurso, em anexo, para
servir como parâmetro de orientações gerais, que devem ser
lidas com atenção.
SEGUNDA FASE MPM

1ª PARTE: QUESTÕES DISCURSIVAS (35 PONTOS)

Considerando as disposições do CP comum e do Código Penal Militar


acerca das causas excludentes de antijuridicidade, discorra, de forma
fundamentada, sobre:

1) As diversas modalidades que ensejam a exclusão do crime. (15,00


pontos)

2) Enquadramento legal do agente de segurança pública que repele


agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática
de crimes. (10,00 pontos)

3) Repercussões jurídicas da adoção da teoria diferenciadora do Estado


de Necessidade e sua aplicação no Ordenamento Jurídico Brasileiro.
(10,00 pontos)

2ª PARTE: ELABORAÇÃO DE DENÚNCIA E/OU OUTRAS


MANIFESTAÇÕES (65 PONTOS)

Em 25 de junho de 2020, na cidade de Brasília/DF, no quartel do 20º


Grupamento de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, fora lavrado o
APF nº 051/2021 em desfavor do Guarda Marinha ROY DA SILVA.
Segundo consta dos autos do APF, o condutor, Primeiro Tenente
ENQUADRANDO GERAL, afirmou que no dia 24 de dezembro de 2021,
SEGUNDA FASE MPM

estava de serviço na função de Oficial de Dia ao Grupamento, quando


recebeu uma chamada pelo rádio, por volta das 23h, perguntando sua
localização e questionou o que tinha acontecido.
O permanência relatou que o Guarda Marinha ROY DA SILVA, queria
falar com o Oficial de Dia para lhe desejar um Feliz Natal, e, nesse mesmo
momento, o flagranteado questionou ao Oficial de Dia, pelo rádio, se o
mesmo não deveria estar no corpo da guarda.
Nessa mesma ocasião, após falar com o Oficial de Dia, insatisfeito pela
demorar em ser autorizada a sua entrada na OM, dentro do seu veículo
particular, começou a xingar o permanência, Cabo MÉVIO, utilizando
palavras de baixo calão: “seu merda”, “bosta”, “você não é homem”,
tendo, inclusive, chamado o mesmo para “resolver no braço e que iria
entrar na marra”, tudo isso na área do corpo da guarda, na presença dos
Soldados AZAMBUJA e JOÃO.
Do APF extrai-se que, ao se dirigir ao Oficial de Dia, quando da chegada
deste ao corpo da Guarda, o Guarda Marinha ROY DA SILVA afirmou
que: “mesmo sendo noite de Natal, o serviço estava uma bosta”; “não
havia nenhum Sargento na guarda”; “um Soldado de merda chamado
AZAMBUJA o impediu de entrar no Grupamento, e que esse tratamento
não deveria ser dado a um ‘Naval’’’; e dizendo ainda: “se quer ceiar pelo
menos seja feito de forma organizada e não de qualquer jeito”.
Verificou-se que o Oficial de Dia tentou informar ao militar que o
Comandante do Grupamento havia determinado que a entrada na OM
estava proibida naquele horário, por questões de segurança, haja vista
que dias anteriores houve uma tentativa de invasão no quartel para
subtração de armamentos.
Nesse contexto, o Guarda Marinha ROY DA SILVA afirmou que estava
“cagando” e que o Oficial de Dia era temporário e que não tinha passado
pela gloriosa Escola Naval.
SEGUNDA FASE MPM

Depreende-se dos autos, ainda, que nesse momento, durante a conversa,


o Guarda Marinha ROY DA SILVA criticou a postura do Oficial de Dia,
empurrando as mãos do mesmo, para que ele as tirasse da cintura
enquanto o “Naval” falava.
Após a discussão, o Guarda Marinha ROY DA SILVA entrou no carro e
falou que tinha apenas ido ver como estava o serviço na noite de Natal e
foi embora.
Segundo consta dos autos, minutos após isso tudo acontecer, o Guarda
Marinha ROY DA SILVA retornou à OM, por volta das 24h, e começou a
falar que: “o papai noel chegou”; iria “distribuir chumbo em geral” e
“detonar o Oficial de Dia, aquele Imediato de merda (Capitão de Corveta
PEDRO), e o puto do Comandante (Capitão de Mar e Guerra JOSE)”;
finalizando que “iria sair dando tiro em geral”.
No curso dos trabalhos de polícia judiciária militar, por ocasião da
lavratura do APF, ao ser ouvido, o Cabo MÉVIO explicou que, nesse
retorno, enquanto conversava com o Guarda Marinha ROY DA SILVA,
este começou a fazer acelerações bruscas tentando influenciá-lo a abrir
o portão novamente e que percebeu um cheiro bastante forte de bebida
alcoólica, tendo o veículo passado por cima de seu coturno, mas sem
maiores lesões.
Ainda nessa oportunidade, o Guarda Marinha ROY DA SILVA questionou
de quem havia sido a ordem de que não estaria autorizada a entrada de
militares após as 22h, momento em que o Cabo MÉVIO explicou, mais
uma vez, que a ordem era do Comandante do Grupamento.
Toda essa situação ocorreu em região próxima à guarda do quartel, sendo
vista, em razão da grande confusão, por todos os militares que se
encontravam de serviço.
Extrai-se dos autos, também, que durante a lavratura do APF, o Guarda
Marinha ROY DA SILVA ficou transtornado, afirmando ao Oficial de Dia
SEGUNDA FASE MPM

que: “é isso que o senhor vai fazer na noite de Natal? Me prender? Isso
não vai ficar assim? O senhor vai me pagar e vai pagar caro!” e que
“dentro do quartel ele poderia até ser superior, mas na rua as coisas se
resolvem na bala”.
Afirmou que aquilo que o Presidente do Flagrante estava fazendo
juntamente com o condutor “era tudo armado” e que se continuasse a
“palhaçada, ali dentro do quartel” iria dar um tiro na cabeça do Presidente
do APF, do Oficial de Dia, do Imediato e do Comandante da OM.
Não bastasse isso, desdenhou da voz de prisão que lhe foi dada, dizendo
que quem iria prender alguém era ele, e que iria prender o “merda” do
Oficial de Dia e do Cabo MÉVIO.
Inclusive, consta dos autos que, após a lavratura do APF e quando da
condução ao cárcere, aproveitando-se de um descuido da escolta, o
Guarda Marinha ROY DA SILVA, que já se encontrava preso, tentou
evadir-se, correndo em direção ao corpo da guarda do quartel, mas
conseguiu ser capturado pelos militares de serviço, sem a ocorrência de
danos ou lesões aos militares de serviço.
Diante desse contexto, a autoridade polícia judiciária militar representou
pela prisão preventiva do Guarda Marinha ROY DA SILVA, para garantir
a manutenção das normas e dos princípios da hierarquia e da disciplina
militares, bem como, devido ao alto grau de periculosidade do
flagranteado.
Finalizados os trabalhos do APF, e as suas respectivas comunicações e
representações, a autoridade de polícia judiciária militar remeteu os autos
à Auditoria, no prazo legal, tendo o Magistrado dispensado a audiência
de custódia e concedendo vista ao MPM para os fins do art. 79 do CPPM.

ABERTA VISTA O(A) CANDIDATO(A), PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA


MILITAR JUNTO AO JUÍZO COMPETENTE, FORMULE DENÚNCIA,
SEGUNDA FASE MPM

OBSERVANDO OS REQUISITOS DO ART. 77, DO CPPM (SERÃO


CONSIDERADAS SUPRIDAS AS ALÍNEAS 'B', 'D' E 'H' COM A
SIMPLES MENÇÃO DOS NOMES CITADOS NO RELATO).

FORMULE IGUALMENTE A (S) NECESSÁRIA (S) COTA


(S)/MANIFESTAÇÃO(ÇÕES) NOS AUTOS, REQUERENDO O QUE
ENTENDER DE DIREITO. (65 PONTOS)
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR

11º CONCURSO
PARA PROMOTOR DE JUSTIÇA MILITAR – 11º CPJM

PROVA SUBJETIVA – CADERNO DE QUESTÕES


GRUPO I

Senhor(a) Candidato(a), observe as seguintes ORIENTAÇÕES:

1. Os celulares devem ser mantidos, absolutamente, desligados durante todo o tempo de prova e serão
recolhidos pelos fiscais.
2. Quando autorizado, verifique, atentamente, este CADERNO DE PROVA SUBJETIVA, que
deve conter as questões formuladas com elementos para subsidiar a elaboração das respostas.
Constatando qualquer anormalidade, como página sem impressão ou repetida, ausência de página ou,
ainda, impressão defeituosa, solicite imediatamente sua substituição.
3. A prova tem duração de 5 (cinco) horas, incluindo o tempo para preenchimento do Caderno de
Respostas.
4. É permitida consulta a diplomas normativos, desde que os textos estejam desacompanhados de
comentários, exposição de motivos, transcrições jurisprudenciais ou de súmulas, ou anotações de
qualquer natureza, vedando-se a consulta a textos doutrinários.
5. Durante a prova, o candidato não deve se comunicar com outros candidatos, por qualquer meio,
escrito ou oral. Igualmente, não deve se comunicar, por qualquer meio, com pessoas ou sistemas de
informática situados fora do recinto da prova.
6. Durante a prova, o candidato não deve se levantar. Em caso de alguma necessidade, solicitar
orientação ao fiscal de sala mais próximo. É permitida, com autorização, a ida ao banheiro.
7. É obrigatória a permanência do candidato na sala em que estiver realizando a prova por, no
mínimo, 1 (uma) hora.
8. O candidato poderá retirar-se do local de prova portando este Caderno de Questões e o Rascunho
das Respostas, após o decurso de 4h do início da prova.
9. O descumprimento destas instruções ou das constantes no Caderno de Respostas poderá acarretar
em anulação da prova do candidato e em medidas legais cabíveis.

Nome: Data:
29/06/2013
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
GRUPO I - DIREITO PENAL E DIREITO PENAL MILITAR

VALOR TOTAL: 100 PONTOS

1ª PARTE: QUESTÕES DISCURSIVAS (35 PONTOS)

1.a. Discorra, de forma sucinta, sobre a doutrina do “erro de compreensão culturalmente


condicionado”, idealizada por Eugenio Raul Zaffaroni. (5 pontos)

1.b. Qual a natureza jurídica da inexigibilidade de conduta diversa? Identifique, tanto no Código
Penal comum como no Código Penal Militar, as hipóteses em que ela está prevista. (5 pontos)

1.c. De forma sucinta, explique o que é “cláusula de consciência” ou “consciência dissidente”,


identificando relações com o direito penal militar. (5 pontos)

1.d. Sob a ótica atual do Superior Tribunal Militar e do Supremo Tribunal Federal, discorra sobre o
crime militar do art. 290 do CPM abrangendo, de forma sucinta, os seguintes aspectos: a)
aplicação do princípio da insignificância e incidência da Lei 11.343/2006; b) criminalização do
porte de clorofórmio e de cola de sapateiro. (5 pontos)

1.e. Discorra, de forma sucinta, sobre o que seriam os “bandos militares” e sua aplicação no
direito penal militar brasileiro. (5 pontos)

1.f. Discorra, de forma sucinta, sobre a figura dos “cabeças”: a) identificando qual a natureza dos
crimes que a admitem, quem pode ser cabeça e quais as hipóteses de sua ocorrência no Código
Penal Militar; b) analisando o tratamento mais severo dispensado aos cabeças e a posição da
doutrina sobre o tema. (10 pontos)

2ª PARTE: ELABORAÇÃO DE DENÚNCIA E/OU OUTRAS MANIFESTAÇÕES (65


PONTOS)

2.a. Em data de 20 de outubro de 2012, por volta das 20:00h, o Oficial de Dia ao Segundo Centro
Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – CINDACTA II foi chamado às pressas no
alojamento dos Suboficiais e Sargentos do CINDACTA, sito no bairro Bacacheri, em Curitiba – PR.
No local fora informado pelo pessoal da Guarda que o Suboficial FAB MIRONGA se encontrava
em violenta discussão com o Sargento FAB TAINHA, sendo que MIRONGA portava uma pistola
marca TAURUS, modelo PT 24/7 G2, calibre .40, com capacidade para 15 + 1 cartuchos. A arma
estava integralmente municiada, sendo que MIRONGA tinha um carregador sobressalente nas
mesmas condições.
O Tenente ESCOVINHA, Oficial de Dia, chegou ao local acompanhado de uma guarnição
da Polícia da Aeronáutica, integrada pelo Cabo COSME e pelos Soldados PLATÃO E QUINDIM,
Comissão de Concurso / MPM
11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
1
GRUPO I - DIREITO PENAL E DIREITO PENAL MILITAR

efetuando a apreensão tanto do armamento como da munição.O material apreendido ficou sob a
guarda do Setor de Material Bélico do Batalhão de Infantaria – BINFA, depois de ter sido
examinado e constatada sua eficiência e aptidão para tiro. Por ocasião desta análise inicial,
verificou-se que a arma, em que pese estar com o número parcialmente lixado, possuía um brasão
que também fora alvo de uma lixação imperfeita. Uma perícia mais detalhada permitiu recuperar o
número da pistola e identificar o brasão como sendo da Polícia Militar do Ceará. Ao entrarem em
contato com aquela corporação da PM, foi informado que a pistola e o carregador extra eram
produtos de furto ocorrido em 15 de março de 2010, no almoxarifado do 5º Batalhão Policial Militar
da PMCE, sediado em Fortaleza, sendo que o inquérito policial militar instaurado a respeito havia
sido arquivado ante a ausência de autoria do furto do armamento e munição.
O Suboficial MIRONGA, ao ser abordado pela guarnição de serviço, ficou extremamente
irritado, desferindo violento empurrão no Oficial de Dia, que desequilibrado caiu ao chão enquanto
MIRONGA gritava que nele ninguém colocaria a mão. O motivo da discussão com o Sargento
TAINHA seria o fato deste namorar com sua filha (do suboficial) RAPUNZEL, de 15 anos; a
adolescente passou a ir mal nos estudos, inclusive com suspeita de uso de drogas, que seriam
fornecidas pelo Sargento TAINHA.
Em face da alegação do Suboficial MIRONGA, o Oficial de Dia resolveu proceder uma
revista no armário pessoal que o graduado tinha no interior do alojamento, ocasião em que foi
encontrado, em um dos bolsos de uma calça de propriedade de TAINHA, e que se encontrava no
interior do armário, um envólucro de plástico contendo cerca de 10 (dez) gramas de uma erva que
submetida a exame preliminar constatou-se tratar de maconha. A droga foi apreendida, tendo o
Oficial de Dia tomado a cautela de filmar toda a operação, identificando a inspeção no armário e a
apreensão da droga. Também foi apreendido, no armário de TAINHA, uma pistola marca
TAURUS, modelo PT 57 S AMF, calibre 7,65mm, número de série M37321, com carregador, e
mais 29 (vinte e nove) cartuchos marca CBC - 7,65mm Browning. O armamento e munição
encontrados no armário de TAINHA foram apreendidos e examinados, ficando igualmente sob a
guarda do Setor de Material Bélico do Batalhão de Infantaria.
Verificou-se ainda, que o Sargento TAINHA não possuía registro e muito menos porte de
arma, sendo certo que a arma apreendida em poder do militar sequer estava registrada no Sistema
Nacional de Armas, como informou a autoridade de Polícia Federal ao ser consultada. TAINHA
alegou que recebera a pistola de presente de seu falecido pai, estando com ela desde o ano de 2005.
Por sua vez, ao ser questionado sobre a origem do armamento e munição apreendidos
consigo, o Suboficial MIRONGA alegou desconhecer sua procedência ilícita, informando que os
havia comprado em Natal/RN, ao preço de R$ 500,00 (quinhentos reais) de um amigo militar e que
pretendia regularizar a situação da pistola.
O Suboficial MIRONGA e o Sargento TAINHA receberam voz de prisão.
Enquanto aguardava a lavratura do flagrante, MIRONGA, que portava um celular, efetuou
uma ligação para sua filha RAPUNZEL, informando da prisão, e a adolescente por sua vez ligou
para seu tio paterno DUREZA, que era Sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro e que se
encontrava fazendo parte da Força Nacional de Segurança Pública – FNSP, que havia sido solicitada
pelo Governo do Estado do Paraná para atuar na fronteira com o Paraguai e Argentina, visando
coibir o tráfico internacional de drogas e armas. No dia dos fatos, a Força Nacional de Segurança
Pública se encontrava realizando exercício conjunto de policiamento rádio motorizado com efetivos
da Polícia Militar do Paraná.
Por volta das 21:00h do mesmo dia, chegou ao CINDACTA II a viatura da FNSP cuja

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
2
GRUPO I - DIREITO PENAL E DIREITO PENAL MILITAR

equipe era comandada pelo Sargento PM DUREZA, que de imediato se dirigiu até a sala onde
estava sendo lavrado o flagrante, alegando o direito constitucional do preso em ter acesso à pessoa
da família. O Sargento DUREZA, pertencente à Polícia Militar do Rio de Janeiro – PMRJ, passou
então a discutir com o Tenente ESCOVINHA, alegando que não era caso de flagrante já que os
empurrões dados por seu irmão não causaram nenhum ferimento no oficial. Quanto ao armamento e
munição apreendidos, afirmou acreditar piamente que o irmão desconhecia a procedência ilícita da
arma. Disse também que bastaria que o tenente comunicasse o fato ao Comandante, sem
necessidade de prendê-lo, ocasião em que foi mandado se enquadrar e permanecer calado. Irritado, o
Sargento PMRJ DUREZA disse que não reconhecia a autoridade do Oficial da FAB, passando a
dirigir impropérios para o Tenente ESCOVINHA, chamando-o aos gritos de “tenentinho de meia
tigela”, “puxa – saco do Comandante”, “frouxo” e “cabeça de bagre”, alegando ainda que “o Oficial
de Dia não era homem”. Dureza igualmente recebeu voz de prisão após ser contido pelos militares
da Polícia da Aeronáutica, auxiliados por um dos integrantes da guarnição FNSP, o Cabo
DURINDANA, da PM de Sergipe.
Os demais integrantes da FNSP - os Soldados ZERO e BATALHA da Polícia Militar do Rio
Grande do Sul - que até então não haviam se envolvido na contenda, passaram a discutir com o
Cabo PMSE DURINDANA, por entenderem que o mesmo não deveria ter auxiliado os militares da
Aeronáutica a conterem o Sargento DUREZA, visto serem todos policiais militares e como tal
deveriam se proteger uns aos outros. Como a discussão evoluiu, DURINDANA, sentindo-se acuado
pelos colegas de farda, sacou de sua pistola .40, necandi animus, disparando em direção aos dois
PM do Rio Grande do Sul, atingindo ZERO no peito, o qual sofreu ferimentos graves vindo a ser
hospitalizado. Um segundo disparo, dirigido ao Soldado BATALHA, desviando-se do alvo inicial,
culminou por atingir na cabeça o civil FRACOLINO - o perito policial que fora chamado para
realizar o exame de constatação na droga apreendida, matando-o instantaneamente. Com a chegada
do Pelotão de Operações Especiais da Aeronáutica, chamado pelo pessoal da Guarda, e também
com a chegada do próprio Comandante do CINDACTA II, a situação foi controlada, com a prisão
em flagrante de todos os envolvidos. A autoridade judiciária, entendendo que o auto de prisão em
flagrante não havia seguido as formalidades constitucionais, relaxou as prisões, colocando todos em
liberdade.

ABERTA VISTA O(A) CANDIDATO(A), PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA MILITAR


JUNTO AO JUÍZO DA 5ª CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA MILITAR, FORMULE
DENÚNCIA, OBSERVANDO OS REQUISITOS DO ART. 77, DO CPPM (SERÃO
CONSIDERADAS SUPRIDAS AS ALÍNEAS 'B', 'D' E 'H' COM A SIMPLES MENÇÃO
DOS NOMES CITADOS NO RELATO). FORMULE IGUALMENTE A NECESSÁRIA
COTA NOS AUTOS, REQUERENDO O QUE ENTENDER DE DIREITO. (45 PONTOS)

2.b. O Soldado DENTINHO, nascido aos 20 de janeiro de 1987, incorporou no 3º Grupo de


Artilharia de Campanha Alto Propulsado – 3º GAC AP, em Santa Maria – RS, para prestar o
serviço militar obrigatório em 1º de março de 2006. No dia 07 de julho de 2006, tendo
completado os dias de ausência injustificada previstos em lei, consumou o crime de deserção e foi
imediatamente excluído do serviço ativo a partir daquela data. Em 10 de fevereiro de 2007, o
desertor apresentou-se voluntariamente, ocasião em que foi preso e, submetido a exame de saúde,
julgado apto para o serviço do Exército, razão pela qual foi reincluído na Organização Militar de
origem. Tendo sido denunciado pelo Ministério Público Militar, como incurso no art. 187 do CPM,
Comissão de Concurso / MPM
11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
3
GRUPO I - DIREITO PENAL E DIREITO PENAL MILITAR

a denúncia foi recebida no dia 25 de fevereiro de 2007, instaurando-se o processo penal militar de
nº 001-2007.
Após ser interrogado em data de 10 de março de 2007, foi concedida liberdade provisória
ao acusado DENTINHO, razão pela qual, estando respondendo ao processo em liberdade, o mesmo
retornou às suas atividades normais. Todavia, no dia 10 de agosto de 2007, DENTINHO faltou à
formatura das 08:00h (início do expediente), não mais retornando ao quartel, e desta forma,
decorrido o prazo de graça, foi lavrado novo Termo de Deserção pela autoridade militar. Constou
destes novos autos de Instrução Provisória de Deserção – IPD, que o Soldado DENTINHO faltou ao
quartel desde o início do expediente na data de 10 de agosto de 2007, e que, exatamente a zero hora
do dia 18 de agosto do mesmo ano completou os 08 (oito) dias de ausência sem licença previstos
em lei, para que consumasse o crime de deserção, como se vê do respectivo Termo. Em decorrência
da nova deserção, DENTINHO foi novamente excluído da Organização Militar a partir de 18 de
agosto de 2007.
A autoridade militar enviou a Instrução Provisória de Deserção – IPD para a Auditoria, onde
a mesma foi autuada sob número 38-2007. Dado vista da IPD ao MPM, seu representante à época
postulou para que permanecessem os autos em cartório, até captura ou apresentação voluntária do
desertor.
Em face da segunda deserção, o Conselho de Justiça Permanente para o Exército determinou
a suspensão do processo nº 001 – 2007, porque o acusado perdera o status de militar, o qual
constitui condição de prosseguibilidade para o processo de acordo com a jurisprudência do Superior
Tribunal Militar.
No dia 20 de setembro de 2012, o desertor foi capturado trabalhando de vigia em um
Supermercado na cidade de Belém – PA. Recambiado para Santa Maria – RS, foi submetido a
exame de saúde, julgado apto para o serviço do Exército e reincluído no efetivo do 3º GAC AP. Por
ocasião de sua prisão, a autoridade militar procedeu à oitiva do desertor acerca dos motivos do
crime, tendo este informado que desertara para cuidar de sua companheira que estava grávida à
época, e que agora possuía 02 (dois) filhos menores, cujas certidões de nascimento foram juntadas
aos autos da IPD 38-2007 e também do processo 001-2007.
Em 1º de outubro de 2012, o Juiz – Auditor mandou dar vista dos autos do processo 001-
2007 e da IPD 38-2007 para o Ministério Público Militar.

O(A) CANDIDATO(A), NA QUALIDADE DE REPRESENTANTE DO MPM,


MANIFESTE-SE AO JUÍZO COMPETENTE, ADOTANDO AS PROVIDÊNCIAS
NECESSÁRIAS E REQUERENDO O QUE ENTENDER CABÍVEL. (20 PONTOS)

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
4
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR

11º CONCURSO
PARA PROMOTOR DE JUSTIÇA MILITAR – 11º CPJM

PROVA SUBJETIVA – CADERNO DE QUESTÕES


GRUPO II

Senhor(a) Candidato(a), observe as seguintes ORIENTAÇÕES:

1. Os celulares devem ser mantidos, absolutamente, desligados durante todo o tempo de prova e serão
recolhidos pelos fiscais.
2. Quando autorizado, verifique, atentamente, este CADERNO DE PROVA SUBJETIVA, que
deve conter as questões formuladas com elementos para subsidiar a elaboração das respostas.
Constatando qualquer anormalidade, como página sem impressão ou repetida, ausência de página ou,
ainda, impressão defeituosa, solicite imediatamente sua substituição.
3. A prova tem duração de 5 (cinco) horas, incluindo o tempo para preenchimento do Caderno de
Respostas.
4. É permitida consulta a diplomas normativos, desde que os textos estejam desacompanhados de
comentários, exposição de motivos, transcrições jurisprudenciais ou de súmulas, ou anotações de
qualquer natureza, vedando-se a consulta a textos doutrinários.
5. Durante a prova, o candidato não deve se comunicar com outros candidatos, por qualquer meio,
escrito ou oral. Igualmente, não deve se comunicar, por qualquer meio, com pessoas ou sistemas de
informática situados fora do recinto da prova.
6. Durante a prova, o candidato não deve se levantar. Em caso de alguma necessidade, solicitar
orientação ao fiscal de sala mais próximo. É permitida, com autorização, a ida ao banheiro.
7. É obrigatória a permanência do candidato na sala em que estiver realizando a prova por, no
mínimo, 1 (uma) hora.
8. O candidato poderá retirar-se do local de prova portando este Caderno de Questões e o Rascunho
das Respostas, após o decurso de 4h do início da prova.
9. O descumprimento destas instruções ou das constantes no Caderno de Respostas poderá acarretar
em anulação da prova do candidato e em medidas legais cabíveis.

Nome: Data:
30/06/2013
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
GRUPO II - DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR, ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
MILITAR E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO

VALOR TOTAL: 100 PONTOS

1ª PARTE - ELABORAÇÃO DE PEÇAS JURÍDICAS (50 PONTOS)

1.a. HIPÓTESE I (30 PONTOS):

Willian Frankstein da Silva, Sd Ex, da classe de 1991, responde a processo perante a


Auditoria da 12ª CJM, por crime de deserção. Segundo a denúncia, o Sd. Frankstein estava
ausente, sem autorização, desde a 00 hora do dia 03 de dezembro de 2011, do Batalhão de
Infantaria de Selva, sediado em São Gabriel da Cachoeira - SGC/AM, onde residia. O Termo de
Deserção foi lavrado dia 13, com a exclusão do desertor das fileiras do Exército a contar do dia
12, véspera. Foi capturado em 05 de março de 2012, submetido à inspeção de saúde e,
considerado capaz, foi reincluído. A denúncia foi recebida em 02 de abril de 2012, sendo o Juiz
Auditor informado, após a citação realizada por precatória, pelo Comandante da OM, que não
tinha recursos para apresentar o acusado em Juízo, encaminhando em anexo à S. Exa.
requerimento de próprio punho do SD Frankstein, afirmando que não teria meios para pagar
advogado e desejava permanecer naquela cidade perto de sua namorada, que estava grávida. O
Conselho, presentes as partes ,MPM e DPU (Defensoria Pública da União), em Sessão de 24 de
abril de 2012, decidiu pela expedição de precatória ao Juízo da Comarca de SGC/AM para os atos
de qualificação e interrogatório de Frankstein, o que foi realizado na presença do promotor e do
defensor público em exercício junto ao juízo deprecado, formulando-se os quesitos apresentados
no Juízo deprecante pelo MPM e pela DPU. Nesse ato, o acusado alegou haver desertado para
trabalhar no meio civil e ajudar sua família a consertar o telhado da casa em que moravam, pois
ameaçava ruir e também sua namorada estava com gravidez de risco e precisava sua presença. A
Defesa requereu a juntada de atestado médico, confirmando a gravidez da jovem Samantha da
Silva, de 17 anos, residente em São Gabriel da Cachoeira. Sem testemunhas arroladas ou outras
diligências requeridas, foi realizado o julgamento, sendo dispensada a presença do acusado. O
MPM protestou pela procedência da ação penal, enquanto a DPU requereu a absolvição com base
na atipicidade da conduta, face a exclusão no oitavo dia, bem como nos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, alegando ainda que Frankstein desertou acobertado pelo
estado de necessidade e inexigibilidade de conduta diversa. Culminou requerendo a concessão do
sursis, não havendo réplica e tréplica. O Conselho Permanente julgou procedente a ação e
condenou Frankstein a seis meses de detenção, convertida em prisão, por infringência do art. 187
do CPM, concedendo o direito de apelar em liberdade e a suspensão condicional da pena. Apenas
a Defesa esteve presente à leitura da sentença, havendo apelado no mesmo dia, arguindo, em suas
razões, duas preliminares de nulidade do feito, sendo a primeira por ter sido o Sd Frankstein
submetido a inspeção de saúde por um único oficial médico e reincluído com base no respectivo
laudo. A segunda por afronta à ampla defesa e ao contraditório, em virtude de seu interrogatório
haver sido realizado por precatória, em contraste com o Pacto de San Jose da Costa Rica. No
mérito, reiterou pedido de absolvição articulando os mesmos argumentos de sua sustentação oral.
O MM. Juiz Auditor determinou a intimação do MPM quanto à sentença e ao recurso da Defesa.

Recebidos os autos, na Secretaria da PJM em 13.06.2012, quarta-feira, e entregues


os autos ao Dr(a). Candidato(a), Promotor(a) de Justiça Militar em atuação perante o Juízo,
em 15.06.2012, formule as manifestações necessárias, indicando jurisprudência do STM.

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
1
GRUPO II - DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR, ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
MILITAR E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO

1.b. HIPÓTESE II (20 PONTOS)

A Defesa do SD Ex Sumério de Souza, que responde preso a processo por crime de


desrespeito a superior, perante a Auditoria da 9ª CJM, em seguida aos atos de qualificação e
interrogatório realizados em 18.04.2013, ainda durante a Sessão, requereu a liberdade provisória do
acusado e que fosse o seu constituído submetido a incidente de insanidade mental. Instado a se
manifestar, o Promotor de Justiça Militar opinou pelo indeferimento dos pedidos, sob o fundamento
de ausência de amparo legal e por não constar dos autos qualquer indicação de fato ou outra
circunstância que resultasse dúvida sobre a higidez mental do acusado. Os pedidos foram
indeferidos, com as partes intimadas no ato, constando a decisão da Ata da respectiva Sessão. No
dia 26 de abril, a Defesa requereu a reconsideração da Decisão em tela, com a soltura do acusado e a
abertura de vista para formulação de quesitos e indicação de perito. O Juiz Auditor, em 29 de abril,
segunda-feira, manteve a decisão anterior, sendo as Partes intimadas no mesmo dia. No dia 06 de
maio, segunda-feira, peticionando por fax, a Defesa requereu Correição Parcial, aduzindo erro
inescusável e ato tumultuário por parte do Juiz-Auditor, que impediu o exercício da ampla defesa e
do contraditório. Os originais do pedido aportaram no juízo no dia 14 de maio. Autos conclusos, o
Juiz-Auditor, tendo por base o princípio da fungibilidade, recebeu a correição parcial como Recurso
em Sentido Estrito, abrindo vista dos autos ao MPM.

Recebidos os autos, manifeste-se o(a) Dr(a). Candidato(a), Promotor(a) de Justiça


Militar, em atuação perante aquele Juízo, elaborando as peças necessárias.

2ª PARTE - QUESTÕES DISCURSIVAS (50 PONTOS)

2.a. A emendatio libelli, a mutatio libelli e os princípios jura novit curia (o juiz conhece o direito) e
da mihi factum, dabo tibi jus (dá-me o fato, dar-te-ei o direito), frente ao art. 437 do CPPM. A
desclassificação. Consideração de crime menos grave, culposo ou tentativa. A aplicação de
agravante objetiva. Comente as hipóteses e soluções. (10 PONTOS)

2.b. A questão prejudicial homogênea e heterogênea no Processo Penal Militar. Distinção,


exemplos e processamento. (5 PONTOS)

2.c. Os pressupostos recursais objetivos e subjetivos no Processo Penal Militar. Indique


dispositivos. (5 PONTOS)

2.d. Hipóteses de competência do Juiz-Auditor para o processo e julgamento de crimes militares na


JMU. (5 PONTOS)

2.e. O Juiz Auditor recebeu do Comando respectivo do Exército ofício informando que dois
militares integrantes do Conselho Permanente de Justiça, um deles Coronel, presidente do
Conselho, e o outro um capitão sofreram modificações na carreira. O primeiro foi transferido para a
reserva remunerada e o segundo foi promovido a Major. Os substitutos sorteados eram o Maj. Art.
BECHAMEL e o dentista 1º. Ten. Temporário TORREÃO. Além disso o Ten. Cel TRANCOSO,
integrante de um Conselho Especial de Justiça, foi movimentado por interesse relevante da
administração militar e designado para comandar uma OM situada em outra circunscrição judiciária
militar. Analise a hipótese, suas consequências e soluções. (10 PONTOS)

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
2
GRUPO II - DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR, ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
MILITAR E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO

2.f. O Procurador-Geral de Justiça Militar, com base no inciso VII do art. 124 da LC 75/93, recebeu
uma representação contra membro do MPM, exigindo pronta intervenção. Ocorre que o Corregedor-
Geral renunciou ao mandato, sendo que o primeiro de seus dois suplentes havia aposentado e o
outro estava em gozo de licença prêmio em viagem para o exterior. Analise a questão, propondo
solução ao problema. (5 PONTOS)

2.g. O Dr. ARSÊNIO, Promotor de Justiça Militar, após analisar um IPM envolvendo estelionato
previdenciário contra patrimônio sob Administração Militar – hipótese de pensão militar, suscitou a
incompetência da Justiça Militar, nos termos do art. 146 do CPPM, entendendo o fato da
competência da Justiça Federal. O MM. Juiz-Auditor rejeitou a arguição de incompetência e fixou
competente a Justiça Militar da União. Intimado da decisão, o Dr. ARSÊNIO dela não recorreu,
pelo que o Juiz-Auditor remeteu os autos ao outro Promotor, Dr. ARGUTO, o qual entendeu não
lhe caber manifestar-se nos autos, tendo em vista que seu colega não havia manifestado a opinio
delicti. O Juiz Auditor remeteu os autos ao Procurador-Geral. Analise a hipótese, indicando o
procedimento e soluções cabíveis, segundo a LOMPU. (10 PONTOS)

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
3
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR

11º CONCURSO
PARA PROMOTOR DE JUSTIÇA MILITAR – 11º CPJM

PROVA SUBJETIVA – CADERNO DE QUESTÕES


GRUPO III

Senhor(a) Candidato(a), observe as seguintes ORIENTAÇÕES:

1. Os celulares devem ser mantidos, absolutamente, desligados durante todo o tempo de prova e serão
recolhidos pelos fiscais.
2. Quando autorizado, verifique, atentamente, este CADERNO DE PROVA SUBJETIVA, que
deve conter as questões formuladas com elementos para subsidiar a elaboração das respostas.
Constatando qualquer anormalidade, como página sem impressão ou repetida, ausência de página ou,
ainda, impressão defeituosa, solicite imediatamente sua substituição.
3. A prova tem duração de 5 (cinco) horas, incluindo o tempo para preenchimento do Caderno de
Respostas.
4. É permitida consulta a diplomas normativos, desde que os textos estejam desacompanhados de
comentários, exposição de motivos, transcrições jurisprudenciais ou de súmulas, ou anotações de
qualquer natureza, vedando-se a consulta a textos doutrinários.
5. Durante a prova, o candidato não deve se comunicar com outros candidatos, por qualquer meio,
escrito ou oral. Igualmente, não deve se comunicar, por qualquer meio, com pessoas ou sistemas de
informática situados fora do recinto da prova.
6. Durante a prova, o candidato não deve se levantar. Em caso de alguma necessidade, solicitar
orientação ao fiscal de sala mais próximo. É permitida, com autorização, a ida ao banheiro.
7. É obrigatória a permanência do candidato na sala em que estiver realizando a prova por, no
mínimo, 1 (uma) hora.
8. O candidato poderá retirar-se do local de prova portando este Caderno de Questões e o Rascunho
das Respostas, após o decurso de 4h do início da prova.
9. O descumprimento destas instruções ou das constantes no Caderno de Respostas poderá acarretar
em anulação da prova do candidato e em medidas legais cabíveis.

Nome: Data:
06/07/2013
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
GRUPO III - DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS, DIREITO
INTERNACIONAL PENAL E DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS
ARMADOS

VALOR TOTAL: 100 PONTOS

1ª PARTE (70 PONTOS)

Texto de apoio a ser entregue aos candidatos: texto integral das Leis federais 6.683/1979 (texto
vigente) e 12.528/2011.

1.a. (40 PONTOS)

José, sargento do Exército em situação de atividade, pratica homicídio doloso em desfavor de civil.
O crime ocorreu na cidade de Curitiba/PR. Para apuração do fato, o comando da unidade do
Exército em que se encontra lotado o Sargento, de ofício, instaura inquérito policial militar (IPM).
Paralelamente ao inquérito policial militar, a Polícia Civil do Estado do Paraná instaura inquérito
policial. A defesa de José, então, impetra habeas corpus contra o oficial que instaurou o inquérito
policial militar perante a Justiça Federal, Seção Judiciária do Paraná. Alega, na impetração, que a
instauração do IPM contraria decisão proferida pelo STF, que considerou constitucional a fixação
da competência da Justiça comum para processar e julgar crime doloso contra a vida de civil
praticado por militar. O Juiz Federal de primeira instância concede a ordem e determina o
trancamento do IPM.

Elabore texto dissertativo abordando os seguintes pontos:

a) Eficácia erga omnes e efeito vinculante da decisão proferida pelo STF no controle abstrato de
constitucionalidade.

a.1. Conceito e fundamento constitucional;

a.2. Possibilidade de extensão às decisões proferidas em controle difuso;

a.3. Incidência na decisão que julga improcedente pedido deduzido em Ação Direta de
Inconstitucionalidade;

b) O instituto da Reclamação para garantir a autoridade das decisões proferidas pelo STF.

b.1. Conceito e fundamento constitucional;

b.2. Hipóteses de utilização e sua utilidade em relação às decisões proferidas em sede de controle de
constitucionalidade e outros casos de decisão com eficácia vinculante;

b.3. É possível seu manejo para assegurar eficácia vinculante dos fundamentos determinantes de
decisão proferida pelo STF?

b.4. O Ministério Público Militar tem legitimidade para deduzir Reclamação perante o STF?

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
1
GRUPO III - DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS, DIREITO
INTERNACIONAL PENAL E DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS
ARMADOS

1.b. (30 PONTOS)

Em 29.04.2010, o plenário do Supremo Tribunal Federal encerrou o julgamento da ADPF nº 153 e


reconheceu a plena validade da Lei nº 6.683/79 (Lei da Anistia) no contexto da Constituição de
1988. A decisão polêmica teve repercussão internacional e o Tribunal foi alvo de críticas.
Recentemente, o Ministério Público Federal ofereceu ação penal contra agentes militares pelo
sequestro do jornalista Mário Alves e pelos supostos crimes praticados durante os eventos
conhecidos como “guerrilha do Araguaia”.

Elabore texto dissertativo abordando os seguintes pontos.

a) Decisão do STF na ADPF nº 153:

a.1.) Efeitos da decisão e sua vinculatividade para os órgãos do Poder Judiciário, Administração
Pública, Poder Legislativo e o próprio STF;

a.2.) Efeitos políticos, penais e civis da decisão do STF;

a.3.) Compatibilidade dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, instituída pela Lei nº
12.528, de 18.11.2011, e das iniciativas do Ministério Público Federal descritas acima com a
decisão do STF.

b) Pode o Brasil ser responsabilizado com base na Convenção Americana sobre Direitos Humanos
por eventuais crimes praticados entre os anos de 1961 e 1979?

b.1.) Hierarquia dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro;

b.2.) Jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos para investigar os supostos crimes.

2ª PARTE (30 PONTOS)

ESTE É UM RELATÓRIO ENVIADO PELO EXMO. SR. COMANDANTE MILITAR DA


AMAZÔNIA À PJM/MANAUS, ACOMPANHADO DE DOCUMENTOS, APÓS UM CONFLITO
ARMADO INTERNACIONAL SURGIDO NA FRONTEIRA NORTE. O(A) candidato(a) é o(a)
único(a) Promotor(a) de Justiça Militar em exercício na Auditoria da 12ª CJM. A autoridade militar
relata fatos que merecem providências do Ministério Público Militar.

Exmo. Sr. Promotor de Justiça Militar:

Com os meus cumprimentos, seguem informações sobre o desenrolar e finalização


do recente conflito armado internacional que envolveu as forças militares brasileiras sob o meu
comando.
Após uma série de crises políticas sobre a fronteira norte do Brasil com o país
vizinho ¨X¨, inopinadamente, sem qualquer declaração de guerra, como determinam os acordos de

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
2
GRUPO III - DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS, DIREITO
INTERNACIONAL PENAL E DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS
ARMADOS

Haia, o que já nos parece uma enorme irregularidade, resolveu o governo do referido país, em
setembro de 2012, presidido pelo Sr. José da Silva, determinar a invasão do território nacional pelas
suas forças armadas, a fim de anexar uma área que considerava pertencente ao seu país, na fronteira
com o Estado do Amazonas. O país vizinho é signatário dos mesmos tratados de direito de guerra
que obrigam o nosso país, inclusive o Estatuto de Roma.
A invasão ocorreu no dia 10 de dezembro de 2012 através de suas três forças armadas
(Marinha, Exército e Aeronáutica). Após atravessarem a fronteira, no dia 11 de dezembro de 2012,
alguns militares de um dos batalhões do inimigo saquearam uma vila de pescadores de um rio
brasileiro, invadindo os domicílios e de lá retirando tudo que lhes interessava, cujos moradores
assistiam a tudo sem condições de resistir. O seu comandante, Cel. José Noriega, presenciou a ação
e nada fez para impedir esse ato covarde. Em seguida, as forças inimigas ocuparam a região
compreendida por um município brasileiro ¨Y¨ próximo à fronteira, no dia 12 de dezembro de 2012,
ainda sem encontrar resistência militar brasileira. No mesmo dia instalaram o seu comando no
prédio da prefeitura e assumiram a administração municipal, sob a alegação de necessidade de
segurança das operações militares.
O Brasil optou por não reconhecer formalmente a invasão como situação de conflito
armado internacional, acreditando que o problema seria rapidamente resolvido, o que não
aconteceu. A ordem do Comando do Exército ao Comando Militar da Amazônia foi de não contra-
atacar imediatamente a força expedicionária inimiga. Os civis da cidade ocupada foram orientados
para que não tomassem armas contra o invasor. Paralelamente as conversações políticas em nível
internacional, no plano militar, no lugar da resposta armada, teve início um trabalho de inteligência,
com infiltração de nossos militares nas linhas inimigas no município brasileiro ocupado, bem como
do outro lado da fronteira com o inimigo, na área territorial do município estrangeiro ¨Z¨, que
abrigava as unidades militares de apoio às forças militares invasoras. Esse município contava com
uma população de 2.000 pessoas. Os militares brasileiros atuaram nessa colheita de informações
trajando vestimenta civil e se apresentando como comerciantes. Conseguiram obter as informações
necessárias e retornaram às suas respectivas unidades.
De posse das informações, e um mês após a invasão, no dia 10 de janeiro de 2013, as
forças armadas brasileiras iniciaram o contra-ataque, valendo-se da surpresa, invadindo o território
inimigo para isolar a força invasora que ocupava o município brasileiro. Enquanto isso, o município
brasileiro ocupado começava a ser sitiado pelas forças armadas brasileiras. A retomada do território
nacional ficou para um segundo momento. Também aqui não houve reconhecimento formal da
agressão externa como conflito armado internacional.
O Comando Militar da Amazônia ordenou que o contra-ataque fosse realizado com
ação da infantaria contra os batalhões inimigos, pois um ataque direto através de artilharia e força
aérea, em que pese fossem os mais indicados, seria uma operação que causaria muitas baixas na
população civil do inimigo, tendo em vista que as principais unidades militares inimigas se
situavam no interior da área urbana. Após a ação militar brasileira, a força inimiga logo se rendeu
no dia 18 de janeiro de 2013. O Sr. Comandante militar inimigo, Gen. Div. Flores, negociou os
termos da rendição com o Sr. Comandante da 2ª Bgda de Inf. Selva. Dessa forma, as unidades
militares inimigas situadas na fronteira e no seu município ¨Z¨ foram destruídas no seu próprio
território, tendo sido registrada a morte de 500 militares inimigos; outros 500 restaram lesionados e
estão sendo atendidos por sua unidade sanitária militar fixa e três hospitais de campanha móveis.
Cerca de 200 civis morreram e mais 500 foram feridos e estão sendo tratados no único hospital civil
municipal. Esses civis não participaram das hostilidades, mas acabaram sofrendo os efeitos dos
Comissão de Concurso / MPM
11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
3
GRUPO III - DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS, DIREITO
INTERNACIONAL PENAL E DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS
ARMADOS

ataques tendo em vista a proximidade das aglomerações populacionais das OM de seu país. No
entanto, outros civis participaram dos conflitos, como abaixo descreverei.
Os 500 militares inimigos que sobreviveram sem lesão e mais 500 civis, estes sim
que participaram das hostilidades, foram todos desarmados e presos pelas forças armadas
brasileiras. Estão confinados em galpões cobertos de empresas de transporte rodoviário de carga, na
falta de outro local mais adequado, como também em razão da destruição das OM inimigas durante
os confrontos. Foram feitas adaptações possíveis, tais como, dormitórios e banheiros coletivos, com
espaço próprio para oficiais, em grande parte com a ajuda da população local.
Determinei, ainda no dia 18 de janeiro de 2013, que o comando militar na área
ocupada por nossas forças armadas demitisse o prefeito da cidade inimiga, enquanto durasse a
ocupação pela força militar nacional, bem como assumisse a administração da municipalidade um
comandante de nossos batalhões, da mesma maneira como procederam em relação ao município
brasileiro ocupado. Assim foi feito.
Os mortos de ambas as partes foram identificados, após o que se procedeu a
inumação e feitas as comunicações e demais procedimentos exigidos pelo direito de guerra.
A população local não assimilou a derrota, e alguns civis, que não se envolveram no
conflito, mesmo após a cessação das hostilidades no território do país invasor, começaram a atacar
as nossas forças militares na zona de ocupação. Foi preso no dia 20 de janeiro de 2013 um civil após
ter arremessado uma granada em um veículo militar brasileiro, matando três militares nacionais do
1º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva). O Auto de Prisão em Flagrante foi lavrado pelo Sr. Cmte
do 1º BIS e remetido à Auditoria da 12ª CJM, cuja cópia foi enviada a V. Exa no mesmo dia.
Após a rendição do Exército inimigo em seu território, no dia seguinte, as unidades
militares brasileiras sediadas no território nacional entraram no município brasileiro ocupado, tendo
início o combate em área urbana, que contou com a participação espontânea da nossa população
civil. A população civil brasileira que se armou para o combate não tinha uma organização central
aparente. Na verdade, eram grupos organizados em bairros e mataram vários militares inimigos
durante os confrontos. A ONG SDDH (Supostos Defensores dos Direitos Humanos) afirma que
esses civis deveriam ser processados por homicídio doloso. É curioso porque, quanto aos civis do
país inimigo, consideraram legítima a reação deles. Do ponto de vista militar, o resultado não foi
diferente do acontecido no território inimigo, e, no dia 30 de janeiro de 2013, o Sr. Comandante das
Forças Armadas inimigas no território brasileiro, Gen. Bgda José Cuervo, se rendeu, cessando as
hostilidades entre os dois países.
Uma vez derrotados no território nacional, foram igualmente desarmados e presos os
militares inimigos nas sedes de OM brasileiras próximas da cidade brasileira ocupada e que não
foram destruídas em razão dos confrontos. Apurou-se que um prisioneiro de guerra e então
comandante de um dos batalhões do Exército inimigo em operação no território nacional, Cel.
Aureliano Buendia, foi hoje barbaramente torturado por três militares brasileiros do 2º BIS, com
sessão de choques elétricos, que assim agiram por pura maldade, como vingança. Este fato
aconteceu fora das vistas dos nossos comandantes militares. Os autores do crime foram presos em
flagrante, cuja cópia do Auto de Prisão em Flagrante, lavrada por determinação do Sr. Comandante
do 2º BIS, acompanha o presente ofício, e o original foi enviado para a Auditoria da 12ª CJM.
Também restou apurado em IPM originário do 3º BIS, que um oficial comandante de
um dos batalhões inimigos, Cel Julio Ortega, agora nosso prisioneiro de guerra, durante os

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
4
GRUPO III - DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS, DIREITO
INTERNACIONAL PENAL E DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS
ARMADOS

confrontos no território do país invasor, determinou o fuzilamento de prisioneiros de guerra


brasileiros - um 1º Sargento e 10 soldados - que compunham uma patrulha brasileira do 3º BIS. O
IPM em questão acompanha o presente ofício, com indiciamento do mencionado oficial e do
pelotão que executou a ordem, todos prisioneiros de guerra no território estrangeiro ocupado pelas
Forças Armadas brasileiras. Está em andamento outro IPM, cuja instauração determinei, para apurar
a pilhagem na vila de pescadores brasileiros, fato acontecido durante a invasão do território nacional
e praticado por militares sob o comando do Cel. José Noriega, que, como dito, nada fez para obstar
a prática criminosa e tinha condições para tanto. Os autores da pilhagem foram identificados e
também são prisioneiros de guerra junto com o oficial superior acima mencionado, porém no
território nacional. A polícia judiciária civil do Estado do Amazonas igualmente instaurou inquérito
a respeito. Consta, ainda, que durante a ocupação do território nacional, houve vários estupros
praticados pelos militares inimigos contra mulheres civis brasileiras. Esses fatos estão sendo
igualmente apurados em inquéritos instaurados pelas polícias judiciárias, civil do Amazonas, federal
e militar, este último através de portaria de minha autoria, pois há indícios de crime contra oficial
general inimigo. Já se sabe que o Gen. José Cuervo foi informado dessa prática delitiva na época
dos fatos e nada fez para punir os agentes do crime. Os autores estão sendo aos poucos
identificados. Não custa repetir que esses militares do país inimigo, e que cometeram crimes no
território nacional, são prisioneiros de guerra e foram detidos por nossa força militar, quando da
cessação total das hostilidades. Os IPM em andamento serão enviados a V. Exa tão logo sejam
concluídos.
As autoridades do país inimigo já declararam que não veem qualquer crime no
comportamento desses oficiais, e negam-se terminantemente a instaurar qualquer procedimento
criminal contra eles.
Excia, é o que tinha a informar.

Manaus, 04 de fevereiro de 2013.

Gen. Ex. José Durão da Mata


Comandante Militar da Amazônia

Responda em tópicos as perguntas abaixo, indicando a norma cabível, seja ela de direito
internacional dos conflitos armados, de direito internacional penal, de direito penal militar ou
comum, ou de processo penal militar ou comum. Por exemplo: “As partes conferiram ao pessoal
religioso retido o estatuto de prisioneiro de guerra, artigo 33 da 3ª Convenção de Genebra de 1949”.
(O(A) candidato(a) pode abreviar o uso do tratado ou da lei. Por exemplo, nesse caso, artigo 33
GIII, ou, artigo 1º Haya III, artigo 5º do CPM (Código Penal Militar), artigo 5º do CPB (Código
Penal Brasileiro), desde que fique clara a indicação da origem da norma.

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
5
GRUPO III - DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS, DIREITO
INTERNACIONAL PENAL E DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS
ARMADOS

DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS (15 pontos)

Faça uma breve análise de todos os aspectos que o problema comporta em termos de direito
internacional dos conflitos armados, de ambas as partes em conflito, incluindo os erros e acertos de
ambas as forças militares do ponto de vista dos tratados de direito de guerra, em face dos itens
abaixo:

2.a. Conflito armado: espécie e exigências legais; início e fim de aplicação dos tratados de direito
internacional dos conflitos armados (04 pontos);

2.b. Ocupação: início, término e administração municipal pelos militares (03 pontos) ;

2.c. Prisioneiros de guerra: identificação no problema, local de detenção, retenção e liberação com
identificação no problema. Combatentes: identificação no problema (05 pontos);

2.d. Espionagem: observância ou não das regras e consequências (02 pontos);

2.e. Os militares brasileiros podem ser responsabilizados pela morte dos civis do país inimigo? (01
ponto).

DIREITO INTERNACIONAL PENAL (15 pontos)

Faça uma breve análise de todos os aspectos que o problema comporta em termos de direito
internacional penal, também em relação a ambas as partes no conflito, em face dos itens abaixo:

2.f. Crimes internacionais observáveis no problema em face do Estatuto de Roma e respectivas


violações ao direito internacional dos conflitos armados correspondentes (06 pontos);

2.g. Possibilidade de exercício da jurisdição do TPI nesse caso e em relação a quem (02 pontos);

2.h. Sendo o(a) candidato(a) o(a) destinatário(a) desse ofício e, portanto, dos procedimentos
criminais pré-processuais (APF e IPM), sobre fatos já apurados e outros com apuração em
andamento, quais as providências que você tomaria, na qualidade de único Membro do MPM em
exercício na PJM/Manaus (denúncia, arquivamento, alegação de incompetência com a indicação do
órgão julgador competente, ofícios e recomendações, dentre outras), considerando o direito
internacional penal, cujas normas possam guardar relação com o direito interno? (07 pontos).

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
6
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR

11º CONCURSO
PARA PROMOTOR DE JUSTIÇA MILITAR – 11º CPJM

PROVA SUBJETIVA – CADERNO DE QUESTÕES


GRUPO IV

Senhor(a) Candidato(a), observe as seguintes ORIENTAÇÕES:

1. Os celulares devem ser mantidos, absolutamente, desligados durante todo o tempo de prova e serão
recolhidos pelos fiscais.
2. Quando autorizado, verifique, atentamente, este CADERNO DE PROVA SUBJETIVA, que
deve conter as questões formuladas com elementos para subsidiar a elaboração das respostas.
Constatando qualquer anormalidade, como página sem impressão ou repetida, ausência de página ou,
ainda, impressão defeituosa, solicite imediatamente sua substituição.
3. A prova tem duração de 5 (cinco) horas, incluindo o tempo para preenchimento do Caderno de
Respostas.
4. É permitida consulta a diplomas normativos, desde que os textos estejam desacompanhados de
comentários, exposição de motivos, transcrições jurisprudenciais ou de súmulas, ou anotações de
qualquer natureza, vedando-se a consulta a textos doutrinários.
5. Durante a prova, o candidato não deve se comunicar com outros candidatos, por qualquer meio,
escrito ou oral. Igualmente, não deve se comunicar, por qualquer meio, com pessoas ou sistemas de
informática situados fora do recinto da prova.
6. Durante a prova, o candidato não deve se levantar. Em caso de alguma necessidade, solicitar
orientação ao fiscal de sala mais próximo. É permitida, com autorização, a ida ao banheiro.
7. É obrigatória a permanência do candidato na sala em que estiver realizando a prova por, no
mínimo, 1 (uma) hora.
8. O candidato poderá retirar-se do local de prova portando este Caderno de Questões e o Rascunho
das Respostas, após o decurso de 4h do início da prova.
9. O descumprimento destas instruções ou das constantes no Caderno de Respostas poderá acarretar
em anulação da prova do candidato e em medidas legais cabíveis.

Nome: Data:
07/07/2013
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
GRUPO IV - DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR ,
DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL

VALOR TOTAL: 100 PONTOS

1ª PARTE: Direito Administrativo (55 PONTOS)

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 3/11, em curso na Câmara dos Deputados, pretende
alterar a redação do seguinte artigo:

“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (…) V – sustar os atos


normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da
delegação legislativa.”

A única modificação pretendida pela PEC consiste em substituir, na redação constitucional, as


palavras “Poder Executivo” por “outros Poderes”.

1.a. Considerando seus conhecimentos sobre Direito Administrativo e os pontos do edital que
tratam dos seus poderes, atos e controle, disserte sobre o controle do poder regulamentar sobre atos
do Poder Executivo e do Poder Judiciário, considerando a redação vigente e a possível alteração
relatada.

2ª PARTE: Direito Processual Civil (10 PONTOS)

O Código de Processo Civil traz em seu bojo dois dispositivos que limitam a executividade do título
judicial, respectivamente no artigo 475-L, § 1º, e no artigo 471, parágrafo único:

“Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre (…) II – inexigibilidade do título;
(…). §1º Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também
inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo
Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo
tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.”

“Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre (…)
II – inexigibilidade do título (…). Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do
caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato
normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatíveis com a Constituição Federal.”

Em ambas as circunstâncias, admite-se ao legitimado passivo arguir a inexigibilidade do título


judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) ou fundado em aplicação ou interpretação de lei ou ato normativo tidas pelo STF
como incompatíveis com a Constituição Federal.

2.a. Considerando os conceitos usualmente admitidos em direito (existência, validade, eficácia e


exigibilidade), situe a questão, tendo em vista o enquadramento da sentença que pode ser hostilizada
em uma dessas categorias indicadas entre parênteses.

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
1
GRUPO IV - DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR ,
DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL

3ª PARTE: Direito Civil (15 PONTOS)

A jurisprudência do STJ entende que o proprietário de veículo que o empresta a terceiro responde
por seu uso:

“CIVIL E PROCESSUAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA.


ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO COM POSTE DE ILUMINCAÇÃO PÚBLICA.
REPARAÇÃO DO DANO. RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO.
I. O poste de iluminação, corretamente instalado na via pública, constitui obstáculo imóvel,
impossível, por si só, de causar acidente, de sorte que no caso de colisão contra o mesmo,
causando-lhe danos, cabe àquele que o atingiu demonstrar o fato excludente de sua
responsabilidade, o que, na espécie, não ocorreu. II. O proprietário de veículo que o
empresta a terceiro responde por danos causados pelo seu uso. III. Recurso especial
conhecido e provido.” (REsp 895.419/DF, Rel. Ministro ALDIR PASSARINO JUNIOR,
QUARTA TURMA, julgado em 03/08/2010, DJe 27/08/2010)

Por outro lado, o STJ, conforme sua Súmula 132, entende que o antigo proprietário do veículo não
responde por acidente de veículo pendente de transferência:

“A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo


proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado.”

3.a. Considerando seus conhecimentos sobre atos ilícitos no Direito Civil, disserte sobre a
responsabilidade civil e compare a ocorrência de seus pressupostos nas situações descritas.

4ª PARTE: Direito Administrativo Militar (20 PONTOS)

4.a. DISSERTAÇÃO (10 PONTOS)


Concurso entre crime militar e contravenção ou transgressão disciplinar

Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas preveem infrações administrativas que


encontram definições semelhantes, ou mesmo idênticas, àquelas previstas no Código Penal Militar
(CPM), podendo ser citadas, por exemplo, as seguintes condutas: ofensa corporal a terceiro,
ausência do local de serviço sem autorização, embriaguez em serviço, apropriação de bens de
terceiros, dentre outras infrações.
Na hipótese da prática de condutas que estejam previstas nos regulamentos disciplinares e, da forma
acima descrita, também no CPM, discorra sobre a responsabilização administrativa do militar
infrator, devendo abordar os seguintes tópicos:

a. Conceito de infração disciplinar e os requisitos necessários para a imposição da sanção


administrativa militar;

b. Distinção entre infração disciplinar e crime militar;

c. Possibilidade do comandante da Organização Militar sancionar disciplinarmente o infrator,


deixando de instaurar IPM;

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
2
GRUPO IV - DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR ,
DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL

d. Possibilidade da imposição de sanção disciplinar pelo comandante da Organização Militar, após a


conclusão do IPM, mas em momento anterior à apreciação, pela Justiça Militar, dos autos de
inquérito; e

e. Vinculação da autoridade policial militar em aplicar punição disciplinar em relação à conduta


apurada nos autos de IPM, após ser proferida sentença absolutória pela Justiça Militar, com
fundamento na ausência de crime, tendo o Conselho de Justiça considerado a conduta praticada
como infração disciplinar.

4.b. QUESTÕES (10 PONTOS)

Um subtenente da ativa do Exército está sendo processado na Justiça Comum pela prática, em tese,
de crimes de estupro. Segundo descrito na denúncia oferecida pelo órgão do Ministério Público
Estadual, o referido subtenente teria praticado relações sexuais com três crianças, com idade entre
oito e dez anos.
Diante da repercussão dos crimes atribuídos ao subtenente, o comandante do Batalhão em que
servia o militar acusado, oficial no posto de tenente-coronel, decidiu nomear um Conselho de
Disciplina (CD), a fim de julgar a incapacidade do militar em permanecer no servo ativo.
Concluídos os trabalhos, os membros do CD julgaram o subtenente incapaz de permanecer na ativa,
tendo a autoridade nomeante aceitado o julgamento, remetendo os autos do CD ao Comandante
Militar de Área, autoridade que, por sua vez, decidiu excluir a bem da disciplina o mencionado
subtenente, embora esse militar ainda estivesse sendo processado criminalmente.

Da análise do caso acima, responda ao seguinte questionamento:

4.b.1. Foram regulares os atos de nomeação do CD e de exclusão a bem da disciplina? Justifique a


resposta. (5 PONTOS)

4.b.2. A vedação de cabimento de “habeas corpus” em relação a punições disciplinares militares,


prevista no artigo 142, § 2º, da Constituição Federal, é absoluta? Justifique a resposta? (5
PONTOS)

Comissão de Concurso / MPM


11º Concurso Público para ingresso na carreira do MPM, no cargo de Promotor de Justiça Militar
3
INTENCIONALMENTE EM BRANCO
GRUPO I – PROVA DE DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL MILITAR, ORGANIZAÇÃO
JUDICIÁRIA E ORGANIZAÇÃO DO MPU
8 DE JULHO DE 2005

GRUPO I (100) PONTOS

1. ELABORAÇÃO DE PEÇAS JURÍDICAS (70 PONTOS)

1.a. HIPÓTESE PARA DENÚNCIA

Em 8 de julho de 1998, num exercício que envolvia OM’s do Exército, de


diversas unidades da Federação, o 1º. Ten. Ex. Mendanha, do Batalhão de
Varginha/MG, foi destacado para ministrar uma instrução de sobrevivência e de
combate a 20 recrutas do 2º. Pelotão da 1ª. Cia de Operações do Batalhão de
Campinas/SP, segundo normas previstas para tal instrução. Para tanto, seria auxiliado
pelo 2º. Ten. Aranha, os Sgts. Clarimundo e Cachoeira e o Cb. Segismundo, todos da
última OM.
Entusiasmado e buscando sempre dar mais realismo ao exercício, o Ten.
Mendanha convidou o seu cunhado, Sr. Vivaldo, ex-militar, especialista nesse
treinamento. Vivaldo mantinha guardado consig o um uniforme camuflado de
instrução, que subtraíra do Sargento Disperso, em dezembro do ano anterior, dias
antes de sua baixa, quando ambos dividiam um pequeno apartamento no centro de
Resende/RJ, tendo o uniforme as divisas de 3º Sargento, graduação que logrou
alcançar em atividade. Assim, compareceu no momento do deslocamento do Pelotão,
sendo apresentado pelo Ten. Mendanha como graduado de outra unidade militar,
destacado para colaborar na instrução, em face de sua longa experiência.
Durante o exercício, no Campo de Instrução, situado no Parque Nacional do
Itatiaia, abrangendo os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o Ten. Mendanha
imprimiu um ritmo nunca visto, exigindo dos recrutas um esforço além de suas
capacidades e, a pretexto de explicar técnicas de interrogatório de inimigo, colocou-
os no “tronco argentino” quando não conseguiam transpor os obstáculos que lhes
apresentava, no tempo mínimo por ele fixado, sempre auxiliado pelo ex-Sgt.
Vivaldo, o qual ainda subia nos joelhos dos instruendos para causar-lhes mais dor.
Como o Sd. Estrela não conseguia transpor determinado obstáculo, o Ten.
Mendanha começou a chutá-lo e a esbofeteá -lo, enquanto Vivaldo e o Cabo
Segismundo imobilizavam o recruta, tudo na presença de outros dois instruendos,
Sds. Silva e Souza, e do Sgt. Clarimundo, que, embora não agredindo o subordinado,
a tudo assistia, incentivando cada vez mais a violência. Neste momento surgiu o Cap
Floripes, supervisor da instrução para o exercício, e oficial do Batalhão do
Ipameri/GO, o qual, vendo o que se passava, advertiu severamente o Ten.
Mendanha, que retrucou, dizendo: “Você é um capitão de bosta. Pensa que não sei
que costuma ter casos com soldados de sua companhia?”. O Cap. Floripes ia reagir,
quando Mendanha partiu para cima dele, momento em que Vivaldo aplicou uma
“gravata” no Cap. Floripes, para que Mendanha desse tapas em seu rosto, o que foi
feito. Após soltá-lo, Mendanha ameaçou-o de morte se fizesse comunicação do fato
aos escalões superiores.
Vivaldo, outrossim, introduziu, pelos fundos da área de treinamento, Gertrudes,
de 16 anos de idade, moradora da região, com quem ele manteve relações sexuais,
fato levado posteriormente ao conhecimento dos militares, aos quais foi a menor
oferecida, mas eles recusaram.
Vendo tudo o que ocorria, o Sgt. Cachoeira alertou o Ten. Aranha,sendo que
este, mesmo sendo noite, dirigiu-se ao acampamento principal onde se encontrava o
Cel. Dureza, Comandante do Batalhão de Rezende/RJ e responsável por toda a
Instrução, a quem narrou o que se passava. O Cel. Dureza formou uma patrulha e
dirigiu-se ao local onde acampara o Pelotão do Ten. Mendanha, mandou conduzir ao
Hospital da Guarnição o Sd. Estrela e os demais instruendos, além de prender o Ten.

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 1/4
10º CONCURSO PARA PROMOTOR DA JUSTIÇA MILITAR
GRUPO I – PROVA DE DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL MILITAR, ORGANIZAÇÃO
JUDICIÁRIA E ORGANIZAÇÃO DO MPU
8 DE JULHO DE 2005

Mendanha, Vivaldo, o Cabo Segismundo e Gertrudes, determinando a lavratura do


Auto de Prisão em Flagrante.
No Hospital, o Sd. Estrela veio a falecer por ruptura do baço, em razão dos
chutes recebidos. Foram ainda constatadas lesões corporais de natureza grave nos
joelhos dos Sds. Silva e Souza, em Exame de Corpo de Delito. Não foi possível
precisar se o acampamento do Ten. Mendanha foi fixado no Rio de Janeiro ou em
Minas Gerais.
Encaminhados à Auditoria de Juiz de Fora, os autos foram com vista ao
MPM, nesta data. Manifeste -se o Dr. Candidato, Promotor da Justiça Militar,
em atuação perante aquele Juízo, quanto à denúncia e outras postulações que a
hipótese comportasse.

1.b. FORMULAÇÃO DE PEÇA JURÍDICA

Em março de 2003, chegou ao Cartório da Auditoria da 6ª CJM a Instrução


Provisória de Insubmissão – IPI referente ao insubmisso Antonio Certeiro, morador
do município tributável de Poções/BA, dando conta de que o mesmo havia sido
capturado em Salvador, em 04 de janeiro de 2003, onde foi submetido a inspeção de
saúde e considerado apto para o serviço militar, pelo que foi incluído no serviço ativo
do Exército, ficando no 19º BC, sob menagem, à disposição da Justiça Militar.
Narrava o Termo de Insubmissão que Antonio Certeiro, da classe de 1984, fora
selecionado em 2001 para o Tiro-de-Guerra de Poções, onde deveria ter se
apresentado em 17 de fevereiro de 2002, o que deixou de fazer, conquanto
devidamente cientificado na listagem de distribuição e consignado no seu Certificado
de Alistamento Militar.
Com vista dos autos, para se pronunciar, inclusive sobre a possibilidade de
concessão de liberdade provisória, o Ministério Público Militar ofereceu denúncia,
manifestando-se pela manutenção da custódia do insubmisso.
Em 25 de abril de 2003, o Juiz Auditor, Dr. Augusto Bandalha, recebeu a
denúncia e concedeu a liberdade provisória ao insubmisso, com fundamento na alínea
“b” do art. 270 do CPPM, dela recorrendo, na mesma data, o R. MPM.
Quando do interrogatório, a DPU indicou três testemunhas, além das referidas,
todas a serem ouvidas por precatória, com dificuldade de cumprimento. Em 04 de
maio de 2005, a Defesa requereu que o Juiz Auditor declarasse a extinção da
punibilidade, em face da prescrição da pretensão punitiva, bem como a anulação do
processo, sem renovação, em face da atipicidade quanto ao crime de insubmissão.
Formule, o Candidato, as razões do recurso Ministerial interposto em
25.04.2004, bem como elabore uma cota sobre a pretensão da Defesa contida no
requerimento de 04 de maio de 2005.

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 2/4
10º CONCURSO PARA PROMOTOR DA JUSTIÇA MILITAR
GRUPO I – PROVA DE DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL MILITAR, ORGANIZAÇÃO
JUDICIÁRIA E ORGANIZAÇÃO DO MPU
8 DE JULHO DE 2005

2. QUESTÕES DISCURSIVAS (30 PONTOS)


2.a. O soldado A, percebendo que o soldado B, conhecido ladrão, rondava o paiol,
para o qual, naquela noite, estava o soldado A escalado para atuar como sentinela,
abriu, às ocultas, a fechadura da porta dos fundos, fato que levaria o soldado B ,
logo depois, sem perceber o que ocorrera, a entrar no paiol, e dele sair, levando o
material de valor que queria. Analise a hipótese sob as perspectivas das Teorias
Restritiva (Objetivo-Formal) e Objetivo-Subjetiva do concurso de agentes.
Considere o princípio da decisão de ajustar-se de Günther Jakobs. (5 PONTOS)
2.b. Considere a hipótese: o militar A busca evitar que o militar B mate o militar
C, e,. para tanto, logra desviar o golpe do militar B que, em vez de atingir a cabeça
do militar C, causando-lhe a morte, lesa-lhe outra parte do corpo. (5 PONTOS)
Pergunta-se:
A) a hipótese refere-se a que critério normativo da moderna teoria da imputação
objetiva do resultado (concepção de Claus Roxin)?
B) qual seria o resultado jurídico, se ausente o elemento subjetivo de uma causa de
justificação, tivesse o soldado A agido com dolo (direto ou eventual)?
2.c. O concurso de agentes, em delito culposo, confunde -se com a concorrência de
delitos culposos? (5 PONTOS)
2.d. A Sgt. Ex. Isolina, servindo numa unidade sediada em Camaquã/RS,
apaixonada e abandonada pelo Ten. Aer. Robledo, que servia no Serviço de
Proteção ao Vôo – SPV, em Cachoeira do Sul/RS, e que a trocou pela Sgt. Mar
Alceia, que servia em Rio Grande/RS, preparou duas caixas de bombons com
veneno e as enviou para o seu ex-amado e sua rival, como se estes houvessem, cada
qual, enviado um ao outro, por ocasião do dia dos namorados, sendo as encomendas
remetidas às respectivas Organizações Militares. A Sgt. Alceia, em decorrência, foi
hospitalizada em estado grave no Ambula tório Naval de Rio Grande. O Ten.
Robledo, por sua vez, escapou ileso, porquanto o Servidor Civil Sandro Xereta, do
Protocolo do SPV, ao receber a caixa, desviou-a para si, levou-a para a sua casa e
comeu os bombons, vindo a falecer, sendo encontrado com a caixa vazia e o cartão
destinado ao Ten. Robledo.
A Delegacia de Polícia de Cachoeira do Sul instaurou inquérito para apurar a
morte do servidor Sandro Xereta e a Marinha instaurou IPM para apurar o
envenenamento da Sgt. Alceia.
Noticiado o fato nos jornais gaúchos, o Dr. Roberval, Promotor da Justiça
Militar da área que compreende Cachoeira do Sul, considerando ser o Promotor
Natural, instaurou um Procedimento de Diligência Investigatória Criminal – PDIC
para apurar os fatos. Colhido o depoimento do Ten. Robledo, o Dr. Roberval
solicitou à Dra. Ladina, Promotora da Justiça Militar da área de Camaquã, que
colhesse o depoimento da Sgt. Isolina, mas a. Dra. Ladina, entendendo ser ela o
Promotor Natural, instaurou igual procedimento, solicitando ao Dr. Roberval a
remessa dos autos do PDIC à sua Procuradoria, assim como oficiou ao Juiz-Auditor,
Dr. Sabugosa, competente da área de Rio Grande, para que o IPM, quando aportasse
naquele Juízo, fosse encaminhado à Auditoria da área de Camaquã ou suscitasse
conflito positivo.
O Dr. Roberval recebeu do Delegado de Cachoeira do Sul a informação de que
o Inquérito que realizara havia sido encaminhado para a Justiça local, resultando em
denúncia recebida pelo MM. Juiz de Direito, contra a Sgt. Isolin a, pela morte do
servidor Xereta.
A Dra. Ladina, obtendo cópias autenticadas de todas as investigações, ofereceu
denúncia perante o Juízo Castrense competente na área de Camaquã, que recebeu a
denúncia.
O Candidato deverá analisar a hipótese indicando, justificadamente, os
Juízos da Justiça Militar correspondentes aos locais onde ocorreu cada evento,
os órgãos judiciais competentes para o processo e o julgamento dos mesmos, a
natureza dos crimes praticados, os conflitos ocorridos e quem deveria dirimi-
los.¨ (5 PONTOS)

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 3/4
10º CONCURSO PARA PROMOTOR DA JUSTIÇA MILITAR
GRUPO I – PROVA DE DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL MILITAR, ORGANIZAÇÃO
JUDICIÁRIA E ORGANIZAÇÃO DO MPU
8 DE JULHO DE 2005

2.e. Perpétuo Filho, servidor público municipal, foi indiciado em IPM por haver
permanecido recebendo a pensão militar de sua mãe, D. Florismunda, falecida há
um ano e meio, sem que seu filho comunicasse à Administração Militar e ao Banco
do Brasil a morte da pensionista, fatos ocorridos no Rio de Janeiro.
Como D. Florismunda tivesse dificuldade de locomoção, constituiu Perpétuo
como seu Procurador, outorgando-lhe amplos poderes junto ao Banco do Brasil,
inclusive, para requisitar talões e movimentar a sua conta.
Mediante esse instrumento, Perpétuo requisitou talonários e sacou, por dezoito
meses, indevidamente, quase R$ 40.000,00, depositados pelo Exército, ignorando a
morte da pensionista. Com o valor sacado, Perpétuo havia adquirido um pequeno
apartamento na Praia de Atalaia/SE, mas estava transferindo para o nome de um
primo, que tudo sabia, para evitar ser descoberto.
Com vista do IPM, instaurado em novembro de 2004, o MPM ofereceu denúncia
em 01 de junho de 2005, pela prática do crime de estelionato, de forma continuada,
e requereu ao Juiz Auditor o arresto do bem, para evitar a sua transferência a
terceiro de forma fraudulenta, bem como a Prisão Preventiva do denunciado.
Ciente desse fato, a defesa argüiu a impropriedade da medida e a incompetência
da Justiça Militar, alegando que a pensão não constitui patrimônio militar, mas
recurso da União, sendo competente a Justiça Federal. Ademais, afirmou que o
pedido envolvia medida de natureza processual civ il, não compreendida na
competência constitucional da Justiça Militar, além de ultrapassado o prazo de
sessenta dias da instauração do IPM.
Por derradeiro, afirmou que descabia a adoção de qualquer medida preventiva ou
assecuratória singularmente pelo Juiz, vez que se tratava de matéria da competência
do Conselho de Justiça.
Analise a hipótese quanto à adequação da atuação do Promotor e à
pertinência da postulação da Defesa. (5 PONTOS)

2.f. O Sgt. Ex. Rochedo, da Polícia do Exército, integrava um pequeno comboio que
se deslocava em via pública, em direção ao Campo de Treinamento do Exército,
afastado da cidade cerca de 20 km, quando o jipe que conduzia colidiu num
cruzamento, cujo semáforo estava em pane, com uma viatura da Polícia Militar,
conduzida pelo Cb. PM Eufrásio, em serviço de policiamento no local.
O Sgt. Rochedo desceu da viatura militar e começou a discutir com o Policial
Militar, atribuindo-lhe a culpa pelo acidente. Em meio à discussão, o Sgt. Rochedo
agrediu o Policial Militar com o uso de um cassetete, causando-lhe lesão grave,
sendo contido pelos outros militares do Exército, restando preso pelo Ten. Ex.
Surpresa, que comandava o Comboio, sendo conduzido ao quartel e autuado em
flagrante.
O APF aportou na Auditoria, abrindo-se vista ao MPM.
Analise a hipótese, quanto à competência, à luz da jurisprudência mais
recente do Superior Tribunal Militar, justificando. (5 PONTOS)

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 4/4
10º CONCURSO PARA PROMOTOR DA JUSTIÇA MILITAR
GRUPO II – PROVA DE DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITOS HUMANOS E DIREITO
INTERNACIONAL PENAL
9 DE JULHO DE 2005

GRUPO II

DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS (70 PONTOS)

1. Defina os tópicos constitucionais abaixo relacionados: (10 PONTOS)

I – Recepção.
II – Repristinação.
III - Constitucionalidade superveniente.
IV – Desconstitucionalização.

2. Dissertação (20 PONTOS)

O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO


Observe, no mínimo, o seguinte roteiro:
a. Conceito e características de Estado Liberal de Direito.
b. Conceito e características de Estado Social de Direito.
c. Conceito e características de Estado Democrático de Direito.
d. Princípios de um Estado Democrático de Direito.
e. Posição do Ministério Público no âmbito de um Estado Democrático de Direito.
Responda fundamentadamente a cada item abordando o direito positivo, a
doutrina e a jurisprudência.

3. Dissertação (25 PONTOS)

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DAS ENTIDADES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA


SOCIAL.

Observe, no mínimo, o seguinte roteiro:


a. Previsão constitucional e legal.
b. Aspectos, destinatários e requisitos da norma constitucional.
c. Relação dos impostos abrangidos.
d. Abrangência da imunidade com relação à:
§ Finalidades essenciais das entidades.
§ Importação de bens;
§ Venda de mercadorias;
§ Aluguel do imóvel para terceiros;
§ Prestação de serviços.
Responda fundamentadamente a cada item e subitem abordando o direito
positivo, a doutrina e a jurisprudência.

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 1/2
10º CONCURSO PARA PROMOTOR DA JUSTIÇA MILI TAR
GRUPO II – PROVA DE DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITOS HUMANOS E DIREITO
INTERNACIONAL PENAL
9 DE JULHO DE 2005

4. SISTEMA INTERNACIONAL DE PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DE DIREITOS


HUMANOS . (15 PONTOS)

a. Quais são os marcos do processo histórico de generalização e expansão da


proteção internacional dos direitos humanos?
b. O que significa atuação do Estado no âmbito da “competência nacional
exclusiva” no que tange à proteção dos direitos básicos da pessoa humana?
c. Como se cristalizou a capacidade processual internacional dos indivíduos?
d. O que significa e como atuam em matéria de proteção do ser humano o
Princípio da reciprocidade e os imperativos de ordem pública?

DIREITO INTERNACIONAL PENAL (15 PONTOS)


5. Dissertação.

Observe, no mínimo, o seguinte roteiro:


TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
a. Precedentes Históricos.
b. Es trutura e Jurisdição.
c. Relação entre o Tribunal Penal Internacional e os Estados Partes (citar e explicar os dois
princípios que se destacam).
d. Relação entre o Tribunal Penal Internacional e o Conselho de Segurança das
Nações Unidas.
e. O Estatuto de Roma e a atual Constituição brasileira são compatíveis? Se sim,
por quais razões? E a pena de prisão perpetua é aplicável no Brasil?

Responda fundamentadamente a cada item e subitem abordando o direito positivo,


a doutrina e a jurisprudência.

DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMA DOS (15 PONTOS)


6.
a. Quais são as pessoas que têm o direito de participar diretamente nas hostilidades
ou nos combates advindos de uma guerra?
b. O que é um guerrilheiro? Ele tem ou não status de combatente?
c. O que são mercenários? Têm eles a proteção do estatuto de combatente e de
prisioneiro de guerra?
d. É crime de guerra arregimentar mercenários?
e. Defina o que é espião. Ele é um combatente legítimo ou ilegítimo?
f. O terrorista é considerado um combatente legítimo ou ilegítimo? Ele tem alguma
proteção no âmbito do Direito Internacional dos Conflitos Armados?

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 2/2
10º CONCURSO PARA PROMOTOR DA JUSTIÇA MILI TAR
GRUPO III – PROVA DE DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR
10 DE JULHO DE 2005

GRUPO III

DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR

DIREITO ADMINISTRATIVO (70 PONTOS)


1. DISSERTAÇÃO.

a. Discorrer sobre o tema: A ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO


ECONÔMICO. (20 PONTOS)
b. Discorrer sobre o tema: REGIME JURÍDICO DAS SANÇÕES
ADMINISTRATIVAS. (15 PONTOS)

2. Analise o processo de nomeação do Procurador-Geral do Conselho Administrativo


de Defesa Econômica - CADE à luz do Direito Administrativo. Justifique sua resposta.
(10 PONTOS)

3. Em um concurso público no qual se inscreveram quinhentos e oitenta candidatos,


ocorreu fraude com a divulgação prévia do gabarito de respostas para alguns
candidatos, mediante pagamento de propina. Ocorre que havia cinco vagas a serem
preenchidas, tendo sido aprovados oito candidatos. Dentre os candidatos aprovados e
nomeados, foi apurado pela Polícia que dois deles haviam participado da fraude. Em
relação a mais um dos aprovados, embora suspeito, ainda não havia sido finalizada a
apuração da sua responsabilidade. Restando três vagas a serem preenchidas, dentre os
seis outros candidatos que haviam obtido sucesso na prova e ainda não tinham
conseguido a nomeação, analise a questão à luz do Direito Administrativo e indique
justificadamente uma solução. (5 PONTOS)

4. Analise a questão do Controle judicial dos atos administrativos dos administradores


autárquicos. Justifique sua resposta. (10 PONTOS)

5. Relativamente ao tema da Responsabilidade Civil do Estado, analise o ônus da


prova na ação movida pelo lesado. (10 PONTOS)

DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR (30 PONTOS)

6. Especifique as situações em que pode ocorrer a demissão/exclusão de oficiais e


praças das Forças Armadas, demonstrando as principais distinções entre elas.
(10 PONTOS)

7. Descreva as funções exercidas pela Patrulha Naval e indique os fundamentos que


permitem e limitam a utilização de tiros diretos contra embarcações em águas
jurisdicionais brasileiras. (10 PONTOS)

8. Discorra sobre o procedimento para aplicação de punições disciplinares nas Forças


Armadas e seu controle jurisdicional. (10 PONTOS)

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR 1/1
10º CONCURSO PARA PROMOTOR DA JUSTIÇA MILITAR
SEGUNDA FASE MPM

SIMULADO
PROVA SUBJETIVA – CADERNO DE QUESTÕES
GRUPO I

Orientações Gerais

1) Imprima o seu simulado e o faça de forma manuscrita.


2) Separe um intervalo de 5h para resolução de seu simulado,
buscando criar um ambiente que se aproxime, ao máximo,
daquele que você enfrentará no dia do seu certame.
3) Procure não ler o conteúdo do simulado até o dia escolhido
para fazê-lo.
4) Utilize a capa da prova do último concurso, em anexo, para
servir como parâmetro de orientações gerais, que devem ser
lidas com atenção.
SEGUNDA FASE MPM

1ª PARTE: QUESTÕES DISCURSIVAS (50 PONTOS)

1) Considerando as disposições do CPP comum e do Código Processo


Penal Militar, discorra, de forma fundamentada, sobre a natureza jurídica
da Correição Parcial. (10,00 pontos)

2) Discorra, de forma fundamentada, sobre o impacto da Lei 13.774/18 no


Processo Penal Militar. (10,00 pontos)

3) Considerando os posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais dos


Tribunais Superiores, discorra acerca da prescindibilidade das fases
previstas no art. 427 e art. 428 do CPPM, no processo penal militar. (15,00
pontos)

4) Considerando os posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais dos


Tribunais Superiores, discorra acerca da possibilidade (ou não) de a
sessão de julgamento (art. 432 do CPPM) ser dispensada. (15,00 pontos)
SEGUNDA FASE MPM

2ª PARTE: ELABORAÇÃO DE PEÇAS JURÍDICAS (50 PONTOS)

1) Em 1º de novembro de 2021, o Juiz Federal da Justiça Militar recebeu


denúncia em desfavor de ROY DA SILVA, Coronel da Aeronáutica, e o
civil FELIZ DA VIDA pela prática, em tese, de crime previsto no art. 89 e
art. 89, parágrafo único, tudo da Lei 8.666/93, sendo aquele tipo penal
atribuído ao militar e este ao civil.

Autuada a ação penal militar, por fatos ocorridos na cidade de Bento


Gonçalves/RS no ano de 2018, determinou-se a aplicação do rito
estabelecido pelo Código de Processo Penal comum (Procedimento
Ordinário), em decorrência do disposto na Lei 14.133/21, com a
determinação de citação dos réus e a intimação para apresentação de
resposta escrita à acusação.

Nesse contexto, a Defesa Técnica do Oficial pugnou pela sua absolvição


sumária, tendo em vista que não houve demonstração de prejuízo à
Administração Militar, bem como, na hipótese de o pedido absolutório não
ser acolhido, a produção probatória por todas as formas admitidas pelo
ordenamento jurídico pátrio, apresentando, ainda em seu petitório, o rol
testemunhal.

De igual modo, a Defesa Técnica do civil apresentou resposta escrita à


acusação arguindo, preliminarmente, a incompetência da JMU para
processar e julgar civis, e pugnando, desse modo, pela remessa dos
autos à Justiça Federal.
SEGUNDA FASE MPM

Requereu ainda, em seu arrazoado prévio, que caso não fosse acolhido
o pedido de incompetência do Juízo, que fosse o civil absolvido
sumariamente em razão da inexistência de dolo em incorrer no tipo penal
descrito na denúncia.

Feito os autos conclusos, em 10 de dezembro de 2021, o Juiz Federal da


Justiça Militar rejeitou todos os pedidos defensivos, trazidos pelas
Defesas dos réus, e designou data para audiência una de instrução e
julgamento.

Na data designada, 20 de janeiro de 2022, deu-se início a audiência una


de instrução e julgamento, ouvindo-se as testemunhas arroladas pela
acusação, em atenção ao disposto no art. 212 do CPP, ou seja, logo após
a qualificação do depoente, e a tomado de seu compromisso de falar a
verdade, foi passada a palavra às Partes, a fim de que produzisse a prova
oral.

Esclareceu o magistrado, na ocasião, que a despeito de o CPPM


estabelecer o sistema presidencialista (art. 418), a redação do art. 212 é
clara e não encerra uma opção ou recomendação, ou seja, trata-se de
norma cogente, de aplicabilidade imediata, tendo inclusive o STF (HC
202557, Relator(a): EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em
03/08/2021) decidido que o seu descumprimento pelo magistrado
acarretaria a nulidade da ação penal militar.

Nesse contexto, passada a palavra ao Promotor de Justiça Militar, este


iniciou a oitiva da testemunha trazida na exordial acusatória, o Sr.
CONTANDO TUDO.
SEGUNDA FASE MPM

Ocorre que, em determinado momento da sua inquirição, a Testemunha


CONTANDO TUDO começou a pormenorizar a sua participação nos fatos
que levaram ao Órgão Ministerial a oferecer denúncia em desfavor de
ROY DA SILVA, Coronel da Aeronáutica, e o civil FELIZ DA VIDA.

Esclareceu a testemunha que era funcionário da EMPRESA OBRAS


GERAIS, cujo proprietário era o civil FELIZ DA VIDA, e que este teria
pedido para que a testemunha providenciasse toda a documentação
necessária de forma que a Aeronáutica pudesse fazer a contratação
direta (por dispensa de licitação).

No decorrer de seu depoimento, CONTANDO TUDO afirmara que, a título


de recompensa pelo trabalho realizado, a autoridade militar lhe “dera um
agrado financeiro”.

Surpreso com o comentário da testemunha, que, com outras palavras,


dissera que teria recebido vantagem para proceder ao trâmite
administrativo que culminara com a contratação direta da EMPRESA
OBRAS GERAIS, em tese sem previsão legal, o Órgão Ministerial passou
a indagar a testemunha “quanto fora esse valor?”, se era de conhecimento
da testemunha “se ela sabia que era uma hipótese que não comportava
dispensa de licitação?”, e ao final, questionando-a se ela poderia
“disponibilizar o acesso a sua conta bancária para verificação desse
agrado financeiro?”

Nesse momento, o Magistrado alertou a testemunha que ela não era


obrigada a produzir qualquer tipo de prova que a incriminasse e indeferiu
SEGUNDA FASE MPM

as perguntas do Parquet Milicien, determinando ainda que tudo deveria


ser registrado na respectiva ata de audiência.

Dando-se continuidade à instrução criminal, prosseguiu-se com a


inquirição das demais testemunhas de acusação e, na sequência, aquelas
arroladas pela Defesa.

Em razão do adiantado da hora, determinou-se o encerramento dos


trabalhos e a conclusão dos autos para designação de nova data para
continuidade da audiência.

Em 22 de janeiro de 2022, vieram aos autos a ata de audiência.

DETERMINADA A ABERTA DE VISTA E RECEBIDOS OS AUTOS NA


SECRETARIA DA PJM, O(A) CANDIDATO(A), PROMOTOR(A) DE
JUSTIÇA MILITAR JUNTO AO JUÍZO DA COMPETENTE AUDITORIA
DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA MILITAR, DEVERÁ FORMULAR A
PEÇA PROCESSUAL QUE ENTENDER CABÍVEL. (35 PONTOS)
SEGUNDA FASE MPM

2) O Soldado do Exército Brasileiro ESCAPANDO GERAL fora


denunciado pelo crime previsto no art. 290 do CPM, em decorrência de
ter sido encontrado na posse de sustância entorpecente na 100º Base
Aérea, na cidade de Uruguaiana/RS.

Recebida a denúncia e autuada a respectiva Ação Penal Militar, foi o réu


devidamente citado.

Após, em 20 de novembro de 2021, depois de o acusado ser devidamente


qualificado, ouviram-se as testemunhas arroladas na exordial acusatória.

Em audiência, após manifestação do MPM no sentido de que se


encontrava satisfeito com a prova testemunhal produzida, concedeu-se
vista à Defesa para os fins do art. 417, parágrafo segundo, do CPPM.

Com vista dos autos a Defesa Técnica arrolou como Testemunha o Sr.
VIAJANDO DA SILVA, e requereu a expedição de carta precatória para a
sua inquirição, haja vista que ela residia fora da sede da Auditoria.

O pedido defensivo foi atendido pelo Juízo.

Nesse contexto, o Juízo deprecado ouviu a testemunha defensiva.

Após a juntada aos autos do respectivo depoimento e concessão de vista


às Partes, a Defesa pugnou pela nulidade da colheita do depoimento da
Testemunha o Sr. VIAJANDO DA SILVA em decorrência de não ter sido
SEGUNDA FASE MPM

o acusado intimado pessoalmente para comparecer ao juízo deprecado e


assim exercer a sua autodefesa, em que pese a Defesa Técnica estivesse
presente.

Em razão do pedido defensivo, designou-se data para audiência de


deliberação, tendo o Juízo rejeitado o pleito trazido pela Defesa.

Irresignada, a Defesa interpôs Correição Parcial, juntamente com as suas


respectivas razões, que foi recebida pelo Juiz Federal da Justiça Militar.

Nesse contexto, determinou-se a abertura de vista dos autos ao MPM.

RECEBIDOS OS AUTOS NA SECRETARIA DA PJM, O(A)


CANDIDATO(A), PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA MILITAR JUNTO AO
JUÍZO DA COMPETENTE AUDITORIA DA CIRCUNSCRIÇÃO
JUDICIÁRIA MILITAR, DEVERÁ FORMULAR A PEÇA PROCESSUAL
QUE ENTENDER CABÍVEL. (15 PONTOS)

Você também pode gostar