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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA (...

) VARA DE
FAMÍLIA DA COMARCA DE (...)

(...) e (...), por seu Advogado que esta subscreve (mandato


incluso), vem perante Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS

observando-se o procedimento previsto nos arts. 719 a 725 do Novo Código de


Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

DOS FATOS

Os requerentes contraíram matrimônio em (...), tendo adotado o


regime da comunhão parcial de bens, conforme demonstra certidão de
casamento anexa (Doc.).

Na época do casamento, o casal apenas seguiu as orientações do


Oficial do Cartório de Registro Civil, não tendo real entendimento sobre o
alcance de cada um dos regimes de bens previstos no Código Civil.

Hoje cada um dos cônjuges exerce atividades de natureza


diferente; a mulher é servidora pública, enquanto o varão tenta firmar-se como
comerciante.
As atividades profissionais do varão estão sujeitas aos riscos
normais de quem explora atividade econômica comercial, enquanto, por sua
vez, a mulher goza da segurança do serviço público.

A volatilidade das atividades do requerente traz desassossego


para sua mulher, que teme que as atividades desenvolvidas pelo esposo
possam, de algum modo, comprometer os bens que ambos adquiram após o
casamento; afinal, como se sabe, os bens comuns respondem pelas
obrigações do devedor, conforme arts. 391 do Código Civil e 789 do Novo
Código de Processo Civil.

Assim motivados, os requerentes pretendem alterar o regime de


bens, passando da atual comunhão parcial de bens para a separação total de
bens.

DO DIREITO

O Código Civil vigente dá, no seu artigo 1.639, § 2º, arrimo à


pretensão dos requerentes:

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o


casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes
aprouver.

(...)

§ 2º. É admissível alteração do regime de bens, mediante


autorização judicial em pedido motivado de ambos os
cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros.

Observe-se, ademais, que o fato do casamento dos requerentes


ter ocorrido sob a égide do Código Civil de 1916 não representa, segundo
majoritária jurisprudência, óbice à pretensão do casal. Pede-se vênia para citar-
se algumas ementas:

CASAMENTO – REGIME DE BENS – PRETENSÃO DA


MUDANÇA DE COMUNHÃO PARCIAL PARA SEPARAÇÃO
DE BENS – Alteração com base no art. 1.639, § 2º do CC de
2002 – Casamento celebrado sob a égide do CC de 1916, que
preservava o regime de bens – Possibilidade – As partes
deverão proceder ao inventário e à partilha de bens –
Homologação pelo juiz, antes da expedição do mandado de
averbação ao registro civil de pessoas naturais – Necessidade
– Separação de bens que passa a vigorar daqui para adiante,
não retroagindo à época da celebração do casamento –
Recurso provido (Apelação Cível nº 499.981-4/6-00 – Lucélia –
1ª Câmara de Direito Privado – Relator Paulo Eduardo Razuk,
19-6-07, v.u., voto nº 14.795).

APELAÇÃO. REGIME DE BENS. ALTERAÇÃO. VIABILIDADE.


Viável a alteração do regime de bens dos casamentos
celebrados na vigência do Código Civil de 1916. Precedentes
jurisprudenciais. Preenchidas as condições para, no caso
concreto, permitir aos apelantes que alterem o regime de bens
pelo qual casaram. DERAM PROVIMENTO (TJRS, Apelação
nº 70012999900, Nova Prata, oitava Câmara Cível, Relator
Desembargador Rui Portanova).

Sobre o tema, segue o entendimento jurisprudencial dos nossos


Tribunais:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE


REGISTRO IMOBILIÁRIO. ALTERAÇÃO DE REGIME DE
BENS NO CASAMENTO DECRETA A RETROAÇÃO DOS
SEUS EFEITOS ATÉ A DATA DO CASAMENTO. Há de haver
um só regime de bens vigente durante toda a existência de
sociedade conjugal, havendo apenas uma exceção: quando o
casal se divorcia, sob um regime de bens, e volta a casar, sob
um novo regime de bens. Isso porque há uma interrupção de
sociedade conjugal, que se encerra. E se os mesmos
divorciados decidem casar novamente um com o outro,
constituem nova sociedade conjugal. O regime de bens desse
segundo casamento não alcança o primeiro. Diferente do
pedido de retificação do regime de bens, na constância da
mesma sociedade conjugal, que necessariamente retroage até
a data do casamento. Não havendo demonstração de vício
formal ou de vontade no ato de alteração do regime de bens,
deve ser mantida a sentença. APELO DESPROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70053854014, Vigésima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alex Gonzalez Custodio,
Julgado em 15/06/2016).

Do inventário e partilha dos bens

Até aqui, o casal logrou adquirir os seguintes bens:


(Especificar todos os bens adquiridos até o momento, com detalhes)

Os bens referidos no item retro serão partilhados da seguinte


forma:

(Detalhar a partilha, informando com quem ficará cada bem)

O casal NÃO POSSUI dívidas em aberto; ou seja, não há


empréstimos bancários, nem débitos junto a operadoras de cartão de crédito
(documentos anexos). A empresa do varão ainda não está formalizada,
contudo registra-se que não há qualquer pendência.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, considerando que a pretensão dos requerentes


encontra arrimo no art. 1.639 do Código Civil, requerem:

a) intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o


feito (art. 178 do NCPC);

b) a publicação de edital a fim de dar conhecimento a eventuais terceiros


interessados sobre a pretensão do casal, a fim de que, querendo, apresentem
contestação;

c) seja alterado o regime de bens do casal, passando do atual comunhão


parcial para separação total de bens, expedindo-se o competente mandado de
averbação para o Cartório de Registro Civil desta Comarca;

d) homologação da partilha dos bens do casal, expedindo-se o competente


mandado para o (...) Cartório de Registro de Imóveis da Comarca, a fim de
fazer-se regularizar o registro do imóvel matriculado sob nº (...).

DAS PROVAS

Provarão o que for necessário, usando de todos os meios


permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva
de testemunhas e perícia contábil.
DO VALOR DA CAUSA

Dão ao pleito o valor de R$ (...).

Termos em que, pede deferimento.

Cidade/UF, dia, mês e ano.

Advogado/OAB

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