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Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Natal

Rua Promotor Manoel Alves Pessoa Neto, 110, Anexo à PGJ, Candelária – CEP 59065-555 – fone/fax:
(84)3232-7178

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 8ª. VARA CRIMINAL DA COMAR-


CA DE NATAL

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, pelos


Promotores de Justiça signatários, com fundamento no Inquérito Policial n º 032/2009 - DEICOT,
no Procedimento de Investigação Criminal nº 15/15, nos Procedimentos de Quebra de Sigilo
Bancário nº 0000773-30.2011.8.20.0001, de Quebra de Sigilo de Dados e Telefônico n.º 0130155-
61.2014.8.20.0001 e de Busca e Apreensão 0108248-06.2015.8.20.001, bem como na
documentação ora anexada, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem à presença
de Vossa Excelência oferecer DENÚNCIA em desfavor de:

1) RITA DAS MERCÊS REINALDO, brasileira, divorciada, servidora


pública estadual aposentada, portadora de RG n.º 197.023 SSP/RN,
inscrita no CPF/MF sob o n.º 157.194.134-72, residente e domiciliada à
Rua Mirabeau da Cunha Melo, 1917, - Apto. 1100, Condomínio Cristal
Aquarius, Candelária – Natal;

2) MARLÚCIA MACIEL RAMOS DE OLIVEIRA, brasileira, casada,


servidora pública estadual, portadora de RG n.º 166.106 SSP/RN, inscrita
no CPF/MF sob o n.º 077.123.594-15, residente e domiciliada à Rua
Senador José Ferreira de Souza, n.º 1934, AP. 600, (Condomínio Florença,
antigo Residencial Metrópolis), Candelária, Natal/RN, CEP. 59064-520;

3) RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES, brasileiro, casado,


servidor público estadual, inscrito no CPF/MF sob n.º 297.480.204-44,
residente e domiciliado à Rua Jaguarari, n.º 4980, Casa 29, Lagoa Nova,
Natal/RN, CEP. 59064-500;

1/238
4) LUIZA DE MARILAC RODRIGUES DE QUEIROZ, brasileira, divorciada,
servidora pública, portadora do CPF: 272.311.944-00, Rua dos Potiguares,
365 – AP. 503 – Cond. Corais de Lagoa Nova – Natal - RN

5) PAULO DE TARSO PEREIRA FERNANDES, brasileiro, solteiro,


advogado, CPF nº 546.416.837-00, com endereço na Rua Praia do
Flamengo, 300/901, Estado do Rio de Janeiro OU Rua Adriano Augusto
Pereira, 1255 – Engenho – Itaguaí – RJ OU Rua Siqueira Campos, 143 –
Bloco F – AP. 1151 – Copacabana - RJ

6) OSVALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR, brasileiro, casado, bancário,


inscrito no CPF/MF nº 322.818.034-49, residente e domiciliado à Rua
Neuza Farache, n.º 1935, Capim Macio, Natal/RN;

7) JOSÉ DE PÁDUA MARTINS, brasileiro, divorciado, servidor público


estadual, portador de RG n.º 1.125.649-2 SSP/PB, inscrito no CPF/MF sob
o n.º 451.118.124-15, residente e domiciliado à Rua Pedro Fonseca Filho,
1393, Ap. 326, Condomínio Ponta Negra Beach, Ponta Negra, CEP. 59090-
080;

8) ANA PAULA DE MACEDO MOURA, CPF: 065.630.464-28, residente na


Rua Estrela do Mar, nº 222, Condomínio Plaza, Bloco Egito, Apartamento
204, Nova Parnamirim, Parnamirim/RN, CEP. 59.151-120

9) GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL NAVARRO JÚNIOR, brasileiro, ca-


sado, servidor público estadual, inscrito no CPF/MF sob o n.º 007.788.574-
09, residente e domiciliado à Rua Alfredo Dias de Figueiredo, n.º 1249, CS
– A17, Condomínio Flora Boulevard, Ponta Negra, Natal/RN;

10) GUTSON JOHNSON GIOVANY REINALDO BEZERRA, brasileiro, ad-


vogado, inscrito no CPF/MF sob o n.º 625.855.924-72, residente e domicili-
ado à Av. Ayrton Senna, Condomínio Bosque das Palmeiras, Rua Ratan,
Casa 228, Nova Parnamirim, Parnamirim/RN;

11) MARIANA MORGANA PORTELA REINALDO, brasileira, inscrita no


CPF/MF sob o nº 069.416.874-28, residente e domiciliada à Av. Ayrton
Senna, Condomínio Bosque das Palmeiras, Rua Ratan, Casa 228, Nova
Parnamirim, Parnamirim/RN;

2/238
12) ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA, brasileira, divorciada, inscrita
no CPF/MF sob o nº 021.114.184-47, residente e domiciliada à Rua Zélia
Rodrigues Rocha Bezerra, n.º 190, Condomínio Cristais do Alto, Ap. 1302,
Presidente Costa e Silva, Mossoró/RN;

13) MARIA LUCIEN REINALDO DE OLIVEIRA, brasileira, servidora públi-


ca estadual, inscrita no CPF/MF sob o nº 242.866.564-20, residente e do-
miciliada à Av. Maria Lacerda Montenegro, n.º 1925, Condomínio Saint Ja-
mes, Casa n.º 05, Nova Parnamirim, Parnamirim/RN;

14) MARIA NILZA FERREIRA DE MEDEIROS, brasileira, inscrita no


CPF/MF sob o nº 007.865.224-37, residente e domiciliada à Av. Maria La-
cerda Montenegro, n.º 1925, Condomínio Saint James, Casa n.º 05, Nova
Parnamirim, Parnamirim/RN;

15) TANGRIANY DE NEGREIROS DIÓGENES REINALDO, brasileira, ca-


sada, funcionária pública municipal, inscrita no CPF/MF sob o n.º
938.103.264-53, residente e domiciliada à Rua Doutor Rômulo Jorge, n.º
160, Edifício Arte Dell’Aqua, Apartamento 301, Lagoa Nova, Natal/RN;

16) JUSSANA PORCINO REINALDO, brasileira, casada, empresária, ins-


crita no CPF/MF sob o n.º 010.634.374-23, residente e domiciliada à Rua
Meira Brandão, n.º 634, Edifício Maria Godeiro Fernandes, Ap. 102, Barro
Vermelho, Natal/RN;

17) JERUSA BARBALHO BEZERRA, brasileira, solteira, esteticista, inscri-


ta no CPF sob o no. 423.462.074-20, residente e domiciliada na Rua Ge-
neral Péricles, 68 – Ilha de Santa Luzia – Mossoró – RN;

18) ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA, brasileiro, inscrito no CPF/MF sob o


n.º 040.371.512-44, residente e domiciliado à Rua Professor Francisco de
Assis Dias Ribeiro, n.º 425, Maracujá, Santa Cruz/RN;

19) MARIA DO SOCORRO PORDEUS ALBUQUERQUE, brasileira, inscri-


ta no CPF/MJ sob o n.º 131.870.314-04, residente na Rua Rogério Toledo,
115, Presidente Médice, Campina Grande/PB, CEP 58417-560;

3/238
20) IVONILSON CAETANO MONTEIRO, brasileiro, inscrito no CPF/MF
sob o n.º 188.491.994-49, residente e domiciliado à Av. Maria Lacerda
Montenegro, n.º 1010, Condomínio Residencial Colinas do Sol, Bloco 04,
Apartamento 401, Nova Parnamirim/RN;

21) EUDES MARTINS DE ARAÚJO, brasileiro, inscrito no CPF/MF sob o


n.º 054.962.904-14, residente e domiciliado à Rua Curimatá, n.º 281, Ponta
Negra, Natal/RN;

22) ANDRETTY LAFFITY PORDEUS MARTINS, brasileiro, inscrito no


CPF/MJ sob o n.º 007.894.784-71, Rua Rogério Toledo, 115, Presidente
Médice, Campina Grande/PB, CEP 58417-560;

23) ARANILTON BARBALHO DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, inscrito


no CPF: 77825136420, residente na Rua General Péricles, 68 – Ilha de
Santa Luzia – Mossoró – RN

24) GIZÉLIA MARIA DANTAS DE SOUZA, brasileira, casada, do lar, por-


tadora do CPF: 841.211.224-53, residente na Rua Francisco de Assis Ri-
beiro, 425 – Maracujá – Santa Cruz – RN

4/238
SUMÁRIO

1.ASPECTOS GERAIS DA INVESTIGAÇÃO. O PANORAMA DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA QUE


06
ATUAVA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
2. A CRÔNICA FALTA DE PUBLICIDADE NO ÂMBITO DA AL/RN: O AMBIENTE FÉRTIL PARA
08
ATUAÇÃO DOS MEMBROS DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
3. O PAPEL ESTRATÉGICO DO BANCO SANTANDER E DE SEU GERENTE PARA O ÊXITO DA
17
EMPREITADA DELITUOSA
4. OS PROTAGONISTAS DO ESQUEMA CRIMINOSO: FORMAÇÃO, ESTABILIDADE, PERMA-
35
NÊNCIA E ATUAÇÃO DOS MEMBROS DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (Art. 1º. § 1º da Lei
12.580/2013.
5. O PECULATO E A SUA DINÂMICA (Art. 312 DO CÓDIGO PENAL 119

5.1.DOS CRIMES DE PECULATO PRATICADOS POR RITA DAS MERCÊS E SEUS FAMILIA-
126
RES

5.1.1 GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL NAVARRO JUNIOR 141


5.1.2. GUTSON JOHNSON GIOVANY REINALDO BEZERRA 145
5.1.3. MARIANA MORGANA PORTELA LUSTOSA REINALDO 147
5.1.4. ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA 153
5.1.5. MARIA LUCIEN REINALDO DE OLIVEIRA 157
5.1.6. MARIA NILSA FERREIRA DE MEDEIROS 159
5.1.7. TANGRIANY DE NEGREIROS DIOGENES REINALDO 162
5.1.8. JUSSANA PORCINO REINALDO 166
5.1.9. JERUSA BARBALHO BEZERRA 168
5.1.10. ARANILTON BARBALHO DE OLIVEIRA 171
5.1.11. MARIA LUÍSA DA SILVA 177
5.2 DOS CRIMES DE PECULATO PRATICADOS POR JOSÉ DE PÁDUA MARTINS DE OLIVEI-
180
RA E SEUS FAMILIARES
5.2.1. ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA 180
5.2.2. MARIA DO SOCORRO PORDEUS ALBUQUERQUE 186
5.2.3. IVONILSON CAETANO MONTEIRO 192
5.2.4. EUDES MARTINS DE ARAÚJO 196
5.2.5. ANDRETTY LAFFITY PORDEUS MARTINS 201
5.2.6. GIZÉLIA MARIA DANTAS DE SOUZA 205
5.3. DOS VALORES RECEBIDOS DIRETAMENTE POR RITA DAS MERCÊS 211
5.4. DOS RECURSOS MOVIMENTADOS DIRETAMENTE POR JOSÉ DE PÁDUA 216
6. DO TOTAL DO DANO OCASIONADO AO ERÁRIO SOMENTE COM RELAÇÃO A ESTA DENÚN-
218
CIA
7. DAS CONDUTAS 220
8. DA NECESSIDADE DE LEVANTAMENTO DO SIGILO 224
9. DOS REQUERIMENTOS 229
ROL DE TESTEMUNHAS 237

5/238
1 – ASPECTOS GERAIS DA INVESTIGAÇÃO. O PANORAMA DA ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA QUE ATUAVA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE
DO NORTE.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, por meio da


Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público desta Comarca, requisitou a instauração
do Inquérito Policial no. 032/09 e, paralelamente, instaurou o Inquérito Civil no. 107/2009 com o
objetivo de descortinar esquema articulado no âmbito da Assembleia Legislativa deste Estado por
meio do qual uma sofisticada organização criminosa desviou recursos públicos mediante a
inserção fraudulenta de “servidores fantasmas” na folha de pagamento do Órgão Legislativo.

A estruturação da mencionada organização criminosa remonta, pelo menos, ao ano de


2006, tendo a mesma se mantido articulada e atuante até agosto de 2015, data da deflagração da
Operação Dama de Espadas.

A gênese da presente investigação se deu com a remessa do Relatório de Inteligência


Fiscal (RIF) no. 2367, originário do COAF, através do qual se noticiava movimentações financeiras
atípicas e de grande vulto por parte de funcionários públicos.

Uma questão bastante peculiar, que de imediato chamou a atenção no referido


relatório foi o fato das contas titularizadas pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande
do Norte apresentarem retiradas em espécie no total de R$ 2.574.000,00 (dois milhões,
quinhentos e setenta e quatro mil reais), no período de 29/10/2007 a 30/07/2008.

Partindo para o detalhamento dessas operações, pôde-se observar que dentre outras
pessoas, as servidoras RITA DAS MERCÊS REINALDO BEZERRA e MARLÚCIA MACIEL RAMOS
DE OLIVEIRA foram identificadas como responsáveis por significativos saques em espécie das
contas da Assembleia Legislativa, sob a justificativa de que tais operações eram referentes ao
pagamento de salários e verbas de gabinete, prática absolutamente rudimentar e obsoleta ainda que
se considere os idos de 2007/2008.

Tal circunstância, aliada à possibilidade dessas operações financeiras terem caráter


criminoso, ensejou a realização de várias diligências, dentre as quais a requisição ao Banco
SANTANDER de extratos das referidas contas mantidas pela Assembleia Legislativa do RN (no
período compreendido entre 29/10/2007 a 30/07/2008) – sobre as quais não incide o sigilo bancário
em virtude de ali serem movimentados apenas recursos públicos, como também documentos
referentes a saques efetuados pelos servidores da Casa Legislativa.

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Ante a recalcitrância do SANTANDER em fornecer as informações requisitadas, foi
inevitável requerer judicialmente a quebra do sigilo bancário e fiscal de parte dos Denunciados, bem
como da própria Assembleia Legislativa, em que pese o caráter público da conta do referido Órgão.
No caso vertente, o afastamento dos sigilos bancário e fiscal foi medida imprescindível ao
descortinamento dos crimes que vinham sendo praticados clandestinamente ao longo dos anos
nos recônditos da Casa Legislativa.

Inegavelmente, o grande divisor de águas da presente investigação se deu com a análise


conjugada da microfilmagem dos cheques emitidos pela Assembleia Legislativa, consultas a bancos
de dados públicos, sites de pesquisas e redes sociais, os quais permitiram identificar que certas pes-
soas, de maneira contínua, sacavam cheques originariamente emitidos em favor de outras, havendo
entre elas vínculos familiares, de amizade ou mesmo político-partidários.

No verso de inúmeros desses cheques foram identificadas as assinaturas de RITA DAS


MERCÊS, de RODRIGO MARINHO e a informação “confirmado com MARLÚCIA – NAPP” ou, ainda,
“confirmado com Rita”, sugerindo que tais servidores fossem responsáveis por autorizar os saques
dos cheques por terceiros1.

Muitos desses cheques, sacados por pessoa diversa do beneficiário, foram pagos sem
procuração. Em diversos outros, houve claro desrespeito à cadeia de endossos, violando-se frontal-
mente à Lei 7.357/85.

Cumpre esclarecer que o foco inicial das investigações foi o período entre 2006-2011,
diante da descoberta do modus operandi largamente utilizado, à época, pela organização criminosa
relativa à prática do crime de peculato. Contudo, a investigação logrou comprovar que as práticas
delituosas perduraram até o ano de 2015.

Tais cheques foram, portanto, o fio condutor da investigação que descortinou um robusto
esquema de desvio de recursos públicos encravado nas entranhas da sede do Poder Legislativo
Potiguar.

Indubitavelmente, RITA DAS MERCÊS REINALDO BEZERRA, MARLÚCIA MACIEL


RAMOS DE OLIVEIRA, RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES, LUIZA DE MARILAC,
PAULO DE TARSO FERNANDES, OSVALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR e ANA PAULA DE
MACEDO MOURA, de modo consciente e voluntário, no período compreendido entre 2006 e 2015,
constituíram e integraram organização criminosa, associando-se entre si, de forma estruturalmente
ordenada e permanente, com clara repartição de tarefas com o propósito de obter, direta e

1 Tais fatos envolvendo as pessoas vinculadas a RODRIGO MARINHO e MARLUCIA MACIEL serão objeto
de denúncias em separado.

7/238
indiretamente, vantagens ilícitas mediante a prática de crimes de peculato (art. 312, caput do Código
Penal) em seu favor, em favor dos Presidentes da AL/RN da época e de outros deputados estaduais
como será demonstrado no curso da presente Denúncia e em outras que a sucederão2.

2 – A CRÔNICA FALTA DE PUBLICIDADE NO ÂMBITO DA AL/RN : O AMBIENTE


FÉRTIL PARA ATUAÇÃO DOS MEMBROS DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Historicamente, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte se notabili-


zou como sendo um órgão refratário à publicização de seus atos, funcionando como um guarda-chu-
va generoso para acomodação de aliados políticos que, ao contrário dos servidores públicos dos de-
mais poderes, não precisavam se submeter ao filtro democrático do concurso público.

No que tange à falta de transparência, o Ministério Público expediu a Recomendação n.º


001/2012, bem como ajuizou ação civil pública (Processo n.º 0800034.53.2013.8.20.0001), visando
compelir a AL/RN a se amoldar aos ditames da Lei de Acesso à Informação. É de se ressaltar que o
Órgão, em sua defesa, desenvolveu uma linha argumentativa no sentido de que a transparência –
princípio constitucionalmente consagrado no texto constitucional - não pode se sobrepor à privaci-
dade do servidor público, o que evidencia, nas entrelinhas, o propósito do Órgão de continuar blin-
dando seus servidores do crivo da opinião pública e ocultando as práticas nada republicanas ado-
tadas “interna corporis”.

Com o objetivo de regulamentar a aplicação da Lei de Acesso à Informação, a


Assembleia Legislativa Estadual editou o Ato da Mesa n. º 249, que nos termos do seu o art. 2º,
deveria divulgar, no prazo máximo de 08 (oito) dias os dados referentes ao seu quadro de pessoal
com as respectivas tabelas de remuneração. Ocorre que, dias depois, em 10 de agosto de 2012, a
Mesa da Assembleia publicou comunicado à imprensa informando que a divulgação dos dados não
incluiria a publicação dos nomes dos servidores.

Seguindo a diretriz por ela criada, e em descompasso com a Lei n. 12.527/2011, a


Assembleia limitou-se a divulgar informações genéricas acerca do seu quadro de pessoal e da
remuneração percebida pelos ocupantes de cada cargo, abstendo-se de publicizar de forma irrestrita
as informações relativas aos subsídios e remunerações percebidos por todos os deputados e
servidores ocupantes de cargos, funções ou empregos públicos, bem como dos proventos dos
servidores inativos e pensionistas daquela Casa Legislativa.

Nessa época, em paralelo à discussão travada na via judicial, o que se pôde perceber
nos bastidores, mediante o acesso aos e-mails da denunciada RITA DAS MERCÊS obtidos através

2 Outros crimes ainda em apuração serão denunciados em ações próprias, na forma do art. 80 do Código
de Processo Penal.

8/238
do afastamento do sigilo telemático, foi uma intensa movimentação no sentido de adaptar a estrutura
administrativa e os cargos existentes de modo a torná-los publicáveis e palatáveis à opinião pública,
inclusive no que diz respeito a gratificações pagas a quem não possuía vínculos com a
Administração, às quais foram conferidas novas nomenclaturas, mediante edição de resolução.

De fato, as irregularidades eram inúmeras. No afã de conferir ares de legalidade ao


pagamento dessas gratificações e, consequentemente, viabilizar a sua divulgação, RITA DAS
MERCÊS discutiu as estratégias e as melhores formas de viabilizar esse intento, conforme e-mail
abaixo:

From: Sergio Augusto Dias Florencio <sergio.adf@terra.com.br>


Subject:Re: Res: Minuta da Resolução
To: Rita Reinaldo<rita_das@uol.com.br>;
Data: 24/08/2012 21:25

E como ficariam as atuais gratificações?

Sérgio Florêncio
(84) 9928-0000

Em 24/08/2012, às 12:47, rita_das@uol.com.br escreveu:

Oi,
Sergio q você acha de revogar o art... da Res O20, que trata da grat de serv
legislativos? Entao, não precisaria criar novas...abs ritinha
Enviado do meu BlackBerry® da TIM

-----Original Message-----
From: Sergio Augusto Dias Florencio <sergio.adf@terra.com.br>
Date: Fri, 24 Aug 2012 11:48:08
To: Rita Reinaldo<rita_das@uol.com.br>; PAULO DE TARSO Pereira
Fernandes<timbacara@hotmail.com>
Cc: <sergioaflorencio@gmail.com>
Subject: Minuta da Resolução

Paulo / Ritinha,

Segue uma minuta da Resolução preparatória.


O prazo para a publicação (45 dias) será justamente após as eleições, levando em
consideração que será aprovada na próxima semana.
Por favor façam as suas críticas e retornem.
Bom fim de semana,
Abs,

Sérgio Florêncio

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Com este e-mail, segue, em anexo, arquivo nominado
“Resolução_Transparencia_ALRN_V2” com o texto do Projeto de Resolução que “adapta” o paga-
mento de gratificações para servidores efetivos, tendo sido, posteriormente, publicada sob o número
046/2012.

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº _______________

Dispõe sobre a alteração da denominação de subquadros do


quadro de cargos previstos no Anexo I, cria o Anexo II da
consolidação realizada pela Resolução nº 025/2008, e dá
outras providências.

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO


RIO GRANDE DO NORTE, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 85, inciso
XX, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, e o artigo X, do Regimento Interno
(Resolução nº 046, de 14 de dezembro de 1990).

FAÇO SABER que o PODER LEGISLATIVO decreta e EU PROMULGO a


seguinte Resolução:

Art. 1º - Serão transformados a partir da vigência desta Resolução os


cargos previstos no Anexo I da Resolução nº 025/2008, denominados FGAL-1, FGAL-2 e FGAL-3,
com a consequente exoneração de todos os seus atuais ocupantes, os quais passarão a ter a
denominação de Agente Legislativo, sendo distribuídos da seguinte forma:

ANTERIOR ATUAL
CARGO QUANTIDADE CARGO QUANTIDADE
FGAL 1 260 AGENTE LEGISLATIVO 1
AGENTE LEGISLATIVO 2
FGAL 2 50 AGENTE LEGISLATIVO 3
AGENTE LEGISLATIVO 4
FGAL 3 56 AGENTE LEGISLATIVO 5
AGENTE LEGISLATIVO 6

Art. 2º - Fica criado o Quadro Anexo II, com a previsão das funções
10/238
comissionadas exclusivas dos servidores efetivos do Quadro de Pessoal da Assembleia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, o qual passará a fazer parte integrante da
Resolução nº 025/2008.

Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após a


data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE,


Palácio “JOSÉ AUGUSTO”, em Natal, 29 de agosto de 2012.

Deputado RICARDO MOTTA


Presidente

Além disso, contata-se nos e-mails subsequentes que foram elaboradas inúmeras
tabelas para acomodar as situações existentes de servidores efetivados sem concurso público. Para
tanto, foi publicada a Resolução n.º 051/2012, cuja constitucionalidade de alguns dispositivos (art. 22,
incisos I, II e II e parágrafos 1º e 2º), inclusive, foi questionada 3, por contemplar em seus dispositivos
mais algumas hipóteses de provimento derivado.

Em outra mensagem trocada no dia 17 de junho de 2014 entre PAULO DE TARSO e


RITA DAS MERCÊS resta claro que mesmo após mais de dois anos de publicada a Lei de Acesso
à Informação ainda não foi possível sanar todas as situações nebulosas lá existentes, razão pela
qual se adota a estratégia, no curso da ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Estadu-
al, de tentar a nulidade do processo como forma de “ganhar tempo para os ajustes necessários”:

From: PAULO DE TARSO Fernandes <timbacara@hotmail.com>


Subject:TRANSPARÊNCIA
To: RITA <rita_das@uol.com.br>;
Data: 17/06/2014 08:41

Bom dia, querida:

Vi a apelação preparada por Sérgio. É muito bom insistir na nulidade, por falta de
citação da Assembleia.
Lendo o processo, verifiquei não só que a notificação foi feita a pessoa desconhecida
(Márcia Converly), mas teria sido feita no recesso (ausência do Presidente, Deputados
e mesmo servidores).
O Juiz, em despacho, manda citar os requeridos, no plural: o Estado e a Assembleia.

3 Ação Direta de Inconstitucionalidade com Pedido de Liminar n.º 2013.016931-1 (0012143-


38.2013.8.20.0000. Relatora Desembargadora Judite Nunes.

11/238
Seria muito bom que houvesse a nulidade, para termos tempo para os ajustes
que vão ser necessários.
Observo que na Câmara, já por força de decisões judiciais, há a divulgação da lista
nominal completa; há também divulgação de lista completa com a remuneração, mas
aí só aparece a matrícula; finalmente há o mecanismo de busca pelo nome, quando
então aparece a remuneração.
Na Câmara, portanto, já está diferente do nosso portal: lá é possível identificar um
nome, e depois buscar a remuneração. A informação que consta da apelação de
Sérgio está defasada: era igual à Assembleia na época da contestação!
Já na Assembleia de São Paulo, também por força de decisão judicial, há o Ato da
Mesa nº 11, de 21 de maio de 2014, que veda totalmente a divulgação de nomes. Há
uma lista completa, com remuneração, mas só com a matrícula.
Convém verificar se as informações que tínhamos quando subsidiamos Miguel ainda
são válidas, principalmente Assembleias e MP.
Beijo.
Paulo

A conveniência em se anular a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público articula-
da na mensagem acima transcrita era evidente. Com isso buscava-se manter o véu que encobria
toda sorte de ilegalidades no âmbito da AL/RN como, por exemplo, o pagamento acima do teto fixa-
do para o funcionalismo estadual, pagamento de gratificações por função de confiança a quem não
ocupava cargo público e colocação de “funcionários fantasmas” na folha de pagamento.

Mas não é só. O acesso à planilha constante no e-mail de Rita das Mercês, referente ao
mês de agosto de 2014, corrobora o depoimento de Rychardson de Macedo Bernardo, ex-servidor
da AL/RN prestado em decorrência de compromisso de colaboração premiada já devidamente homo-
logado por esse douto Juízo, no sentido de que as quase três mil pessoas ali constantes não poderi-
am ser acomodadas nas dependências do órgão e seus anexos.

Uma série de ilegalidades historicamente praticadas no âmbito da AL/RN restou de-


monstradas no Relatório de Auditoria n.º 002/2016 – DDP/TCE-RN 4, elaborado pelo corpo técnico do
TCE a partir da análise do quadro funcional e da folha de pagamento de pessoal da Assembleia Le -
gislativa do Estado do Rio Grande do Norte. Nele foram elencados mais de 40 (quarenta) “achados
de auditoria” os quais não atendem aos comandos de legalidade, legitimidade e economicidade, im-
portando em patente má prática administrativa lesiva ao erário, dentre os quais pode-se destacar os
seguintes:
a. Inobservância de diversos dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal que
implicaram em: concessão e implementação de aumentos remuneratórios no
período em que a Assembleia se encontrava acima do limite prudencial; criação de
cargos no período em que a Assembleia se encontrava acima do limite prudencial;
alteração de estrutura de carreira que implicou aumento de despesa em período
em que a Assembleia se encontrava acima do limite prudencial; admissão de
pessoal em período em que a Assembleia se encontrava acima do limite

4 Material integrante do PIC n.º 015/15.

12/238
prudencial; aumento de despesa com pessoal sem a estimativa do real impacto
nas finanças públicas e indicação da respectiva fonte de custeio; e supressão de
despesas na contabilização do demonstrativo de despesa com pessoal.
b. Na gestão de pessoal, constatou-se a desproporcionalidade entre o número de
servidores efetivos e comissionados; irregularidades no controle de frequência
atualmente realizado; ocorrência de situações de risco de inassiduidade;
inconsistências nos procedimentos na gestão de pessoal; acúmulo irregular de
cargos públicos; e existência de servidores administradores de empresas em
situação de afronta à Lei Complementar Estadual nº 122/1994.
c. Na folha de pagamento de pessoal, verificou-se, ao longo dos últimos 10 anos,
aumento, alteração e concessão de vantagens e vencimentos através de
resolução; pagamentos indevidos de gratificação pelo desempenho de atividade
especial; pagamentos indevidos de auxílio-alimentação e auxílio-saúde;
pagamentos indevidos de vantagens declaradas inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal; pagamentos indevidos de PAE a servidores; pagamentos de
adicional de insalubridade sem laudo pericial prévio; pagamento de remuneração
em valor superior ao Teto Constitucional; pagamento de Gratificação Natalina em
valor superior ao Teto Constitucional; e inconsistências cadastrais no sistema de
controle da folha de pagamento.
d. Especificamente quanto aos servidores efetivos, constatou-se a existência de
servidores ativos com mais de 70 anos de idade, antes da entrada em vigor da Lei
Complementar Federal nº 152/2015; a efetivação de servidores públicos sem
concurso público; e a omissão na remessa de processos de atos de pessoal ao
TCE/RN.
e. Por outro lado, no que se refere aos servidores comissionados, observou-se o
provimento de cargos sem base legal; o fracionamento de cargos públicos; a
ausência de atribuições dos cargos comissionados em ato normativo; cargos em
comissão criados sem natureza de direção, chefia ou assessoramento; cargos em
comissão lotados em setores incompatíveis com sua natureza e atribuições;
provimento irregular de agentes públicos em “funções de atividade”; ocorrência de
nepotismo entre cargos comissionados; e a concessão irregular de aposentadorias
pelo Regime Próprio de Previdência – RPPS a servidores exclusivamente
comissionados.
f. Por fim, quanto à remuneração dos agentes políticos, destaca-se a constatação de
pagamento de Representação ao Presidente em valor superior ao teto constitucional;
o pagamento indevido de Gratificação Natalina; o pagamento indevido de Adicional
de Férias; e o pagamento indevido de Ajuda de Custo Parlamentar.

Decerto, as circunstâncias acima referidas servem apenas como uma pequena amostra
de situações espúrias que se desenvolviam no âmbito administrativo da Assembleia Legislativa, resi-
dindo nelas a justificativa para o obscurantismo que vinha sendo defendido a todo custo.

13/238
Não bastassem as flagrantes ilegalidades para a composição de seu corpo efetivo, os
cargos em comissão e as funções gratificadas da AL/RN, como regra, eram distribuídas em absoluta
dissonância às diretrizes constitucionais, seja porque violavam a impessoalidade na medida em que
eram atribuídas a familiares e apaniguados políticos, seja porque as funções gratificadas eram con-
cedidas a pessoas estranhas aos quadros da AL/RN, repita-se.

Com efeito, o art. 37, V da Constituição federal de 1988 assim dispõe:

Art. 37. Omissis.


V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchi-
dos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento.

De igual sorte, os quantitativos de cargos comissionados e de funções gratificadas exis-


tentes na Assembleia Legislativa sempre foram guardados a “sete chaves” e utilizados como “moeda
de troca” no duro jogo político que se estabelece internamente entre os deputados.

Tal fato é confirmado por RYCHARDSON DE MACEDO BERNARDO que atuou como
Assessor Parlamentar do então Deputado Gilson Moura e, em razão disso, detinha profundo conhe-
cimento de como se processava a distribuição dos cargos e gratificações. Veja-se trecho de seu rela-
to:

(Arquivo Capturar 4) (09min26s) MP:Você falou que no gabinete do Deputa-


do Gilson Moura comportava 16 cargos. Rychardson: Não, eu disse aproxi-
madamente. Mas isso aí é fácil. Eu acho que no próprio site da Assembleia
deve ter acesso aos organogramas. MP: Você falou em pessoas que recebi-
am gratificações pequenas de R$ 1.000,00 reais. Essas gratificações peque-
nas de R$ 1.000,00 não estavam incluídas no gabinete. Rychardson: Não.
Essas gratificações pequenas...MP: Como é que se faz? Como é que se ofe-
rece essas gratificações?Como é que ela é..?. Rychardson: Essas gratifica-
ções pequenas...o que é que ocorre? Na Assembleia são 24 deputados. É
cada um por si. Não tem ali...cada deputado quer fazer o seu e são to-
dos adversários. Se não são ali no momento da Assembleia, convivem soci-
almente mas na política vão brigar por voto. Então é o seguinte: quando Gil-
son entrou lá, Gilson tentando saber, tentou falar com Francisco José quanto
é que Francisco José tinha e não disse. Ninguém diz quanto é que cada
um tinha. MP: Que cada um tinha de que? De cargos? Rychardson: De
cargos na estrutura da Assembleia, na Fundação da Assembleia. Ali é
cada um por si. Você sabe quantos cargos tem no seu gabinete que são os
cargos que tem no gabinete e você sabe quanto tem nos gabinetes porque é
de conhecimento público. É igual pra todo mundo. Agora os cargos negoci-
ados com a Presidência o presidente negocia com cada deputado. Aí
vai de antiguidade, dos que tem conhecimento ou que já passou pela
presidência e sabe quanto tem na estrutura. Aí vai de um por um. Os no-
vatos era uma queixa muito grande porque no primeiro ano você tinha uma
porcentagem pequena e depois, com os anos passando é que você ia au-

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mentando. 10Min e 59s . Hoje só quem tem conhecimento da quantidade
de cargos que tem na Assembleia hoje é o Presidente, hoje na atualida-
de e quem já passou como Presidente tem noção de quantos cargos ti-
nha. Mas hoje, na atualidade, só tem o Presidente e a Procuradora Rita.
A Procuradora-Geral Rita e Rodrigo, que é do Financeiro porque se ele
faz o pagamento, ele sabe pra onde ele faz e a quantidade porque os pa-
gamentos de pessoais saem do setor dele, que é o Financeiro. E as no-
meações é Rita. Hoje, só quem tem conhecimento é o Presidente, o Se-
tor Financeiro que é Rodrigo e a Procuradoria-Geral que é Rita. Ne-
nhum deputado sabe o quanto o outro ganha ou quanto o outro tem ou
deixa de ter porque não dizem. 11min e 38 s MP: Então essas gratifica-
ções que você falou estão fora do gabinete e que pertenceriam à Presi-
dência elas são negociadas ...Rychardson: Direto com o deputado e o
presidente e manda direto pra Rita pra ela nomear e a conta vai lá em
Rodrigo e dá que entra no final do mês. MP: Essas pessoas então não
fazem parte do gabinete? Rychardson: Não fazem parte do gabinete.
Essas pessoas entram com a gratificação como se fossem gratificação
da instituição. É uma gratificação que eles criaram. MP: Pra ficar então
mais claro, se porventura for pedido o nome do pessoal que trabalha no
gabinete de um determinado deputado, como no caso o deputado Gil-
son Moura, isso não reflete a realidade dos cargos. Rychardson: Não
reflete na realidade do que ele tem de cargos na instituição do Poder
Legislativo. MP: Essas negociações ocorrem a todo tempo ou só no iní-
cio do mandato? Rychardson: No início do mandato essa negociação
ocorre, no interesse do Presidente de votar um projeto, no interesse do
Presidente trazer o parlamentar pro partido dele pra ele ter poder de
bancada. Tudo é negociado lá a cada momento. É o interesse do Presi-
dente. Às vezes o Presidente quer mostrar força pro Governo então ele
tem que ter nome na Assembleia. E às vezes tem um rebelde mas o re-
belde também só fica por poucos meses porque ele ajeita. Como na
Assembleia não existe ninguém rebelde. Assim, tem o da base, o da
oposição e Governo mas todos trabalham em consonância com o Presi-
dente da Assembleia.(…)

(Arquivo Capturar 5) (…) É o seguinte, eu falei que o deputado tem os car-


gos do gabinete dele e também tem um acerto como o Presidente dos outros
cargos que ele vai ter que acomodar, porque um deputado quando se elege,
vamos supor, no organograma é (sic) dezesseis cargos. Ele não tem como
acomodar todo mundo nos dezesseis. Então ele tem um acerto paralelamen-
te com o Presidente. No caso de Gilson, Gilson teve o acerto com o Presi-
dente à época e o Presidente mandou encaminhar pra Ritinha: - Procure a
Procuradora. Amanhã procure ela. Quando chegou lá Ritinha já sabia: - Olhe,
o Presidente mandou aqui vinte gratificações. Você me dê vinte nomes que
eu vou mandar implementar no setor financeiro. Eu vou passar pra Rodrigo e
vou implementar lá e eles vão receber. Todas as nomeações da Assembleia
eu tenho conhecimento, como eu fui Assessor Parlamentar, eu tenho conhe-
cimento e frequentava todas as nomeações da Assembleia são feitas na Pro-
curadoria da Assembleia. E a Procuradora à época e hoje eu tenho conheci-
mento que lá está era a senhora Rita. MP: Então a operacionalização seria
pela Procuradora Rita e depois era encaminhado pra quem? Rychardson:
Como é que ocorre? Primeiro era Rita e depois de Rita encaminha direto pra
Rodrigo. Não precisa a pessoa pegar a sua publicação e ir lá em Rodrigo,
que eu acho que deveria ser dessa forma, mas ela mesma já entra em conta-
to com o financeiro lá e já resolve e o dinheiro entra na conta. (…) MP: O se-
nhor sabe dizer se a repartição de cargos e funções gratificadas é a mesma
para todos os deputados? Rychardson: Não. Isso aí eu tenho certeza que

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não é a mesma por deputado. Vai depender do deputado que está lá por anti-
guidade porque eu conversava com Gilson e eu sabia da, da, da relação
dele de pessoal e sabia da lamentação dele. E, posteriormente de deputados
que entraram num mandato posterior e foram procurar ele pra saber e ele
nunca falou. Com o tempo que eles estavam lá ele foi aumentando as fun-
ções dele e de cargos comissionados, de acordo com o que ele negociava
com o Presidente, com o partido, com a bancada ou com o governo. MP: O
senhor tem conhecimento de disputa entre os deputados por esses cargos?
Existia uma certa...Rychardson: Eu tenho conhecimento que nenhum deputa-
do diz a quantidade que tem, nenhum sabe quanto tem e quanto o outro tem
porque se o outro tiver mais e disser os outros vão atrás. E, se tiver menos e
disser, o que tem menos vai querer mais . Então vira ali...Ninguém diz nada.
Hoje só quem sabe isso aí é o financeiro e a Procuradoria, que é quem faz as
nomeações e o financeiro é quem paga. Hoje só quem tem acesso a essa si-
tuação da Assembleia é (sic) esses dois setores porque nem os deputados
que lá estão com mandato tem acesso a isso.MP: Só pra ficar claro. Esses
cargos não são cargos do gabinete, são cargos da estrutura ... Rychardson:
Cargos da estrutura do Legislativo. MP: Distribuídos pelo que? Rychardson:
Não, aí, distribuído...MP: Distribuído que eu falo assim...é da Presidência, é
de alguma...MP: Varia. Vai da Presidência, da Fundação. Gilson na época ti-
nha gente na área médica de enfermeira, tem gente na Fundação, tem gente
na TV Assembleia, na estrutura que quem mantém é o Presidente. (…) MP:
Esse problema do espaço físico ele ocorria só no gabinete de Gilson, na sua
experiência na Assembleia, falta também espaço físicos nos outros gabinetes
na...Rychardson: Os gabinetes são quase todos padrões. Tem uns maiores e
outros menores mas não há diferença de ter gente trabalhando, entendeu?
Agora na época de Gilson tinha essas gratificações de mil, essas gratifica-
ções hoje hoje, o gabinete de Gilson tinha na época, vamos supor, tinha as
pessoas dos cargos comissionados. Podia fazer trabalho externo mas essas
gratificações que foram disponibilizadas pra Gilson era da instituição, da As-
sembleia. Essa pessoa tinha que dar expediente na Assembleia e não no ga-
binete de Gilson porque ela era contratada pela Assembleia, não no gabinete
de Gilson porque no organograma a pessoa podia fazer trabalho externo.
Mas essas gratificações que eu não me recordo, se o senhor pegar a quebra
de sigilo do meu irmão, meu irmão recebeu essas gratificações à época, de
mil reais. Essa pessoa sim, não era pra trabalhar no Gabinete de Gilson, era
para trabalhar na instituição, porque não era nada vinculada ao Gabinete de
Gilson. (…). 21min35s. Rychardson: Essas gratificações eram para a contra-
tação de pessoas que iam trabalhar na instituição, na Assembleia, no prédio,
num determinado órgão, não em gabinete. É isso que eu estou dizendo. Se
ela nomeou vinte ela tem conhecimento onde é que essas vinte trabalham.
Porque eu nomeei, eu estou aqui há vinte anos como Procuradora e dez
como Procuradora -Chefe e se eu nomeei vinte de Gilson...não sei se os ou-
tros deputados tinham... mas como eu fiz a conta se tiver eram quatrocentos
e quarenta pessoas ali para trabalhar dentro de um órgão . Em qual setor iam
colocar quatrocentos e quarenta pessoas? Então ela tinha conhecimento das
nomeações onde é que...Agora ela não pode controlar as pessoas que eram
nomeadas no gabinete porque era uma coisa privativa do deputado. Um as-
sessor parlamentar, o cara podia estar fazendo trabalho externo. Mas essas
pessoas não, essas pessoas eram nomeadas pela instituição. Então na hora
que ela era nomeada ela tinha que trabalhar na instituição, não trabalhar pra
determinado deputado. MP: Vocês eram que entregavam os documentos
pessoais daquele beneficiário daquela gratificação? Rychardson: Entregar os
documentos. Era tipo um relatoriozinho com nome, endereço, conta, CPF,
gabinete, cargo e o deputado assinava: - puff. Entregava a ela e ela imple-
mentava. Tipo uma folhazinha de entrevista.(...). (Grifos acrescidos)

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Como se percebe, no trecho do depoimento acima transcrito, Rychardson, a um só tem-
po, lança luzes na forma de distribuição das gratificações no âmbito da Assembleia e aponta a Procu-
radoria e o Setor Financeiro como peças fundamentais nessa engrenagem.

Não se trata, como pode parecer em um primeiro momento, de setores onde seus funcio-
nários se comportam como subalternos e despidos de qualquer poder decisório. Estamos diante de
um poderoso staff administrativo que, mesmo com a alteração dos Presidentes da Assembleia Legis-
lativa, mantinha-se empoderado e ditando “as regras do jogo”.

3 – O PAPEL ESTRATÉGICO DO BANCO SANTANDER E DE SEU GERENTE PARA


O ÊXITO DA EMPREITADA DELITUOSA

No curso da investigação, uma circunstância inusitada veio surpreendentemente a lume:


mesmo dispondo de métodos de pagamento práticos e tecnologicamente avançados, a Casa Legis-
lativa, no período da investigação, optou pela obsoleta e ultrapassada emissão de cheques salário
através do Banco SANTANDER.

O BANCO DO BRASIL detinha o monopólio da folha de pagamento da Assembleia Le-


gislativa, quando comunicou que não mais disponibilizaria o produto “cheque salário”. Com isso, o
Banco SANTANDER, interessado em captar esse cliente de peso, segundo afirma o Gerente-Geral
do PABX da Assembleia Legislativa, o Sr. OSVALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR, ofertou o “produ-
to” de modo a permitir que o Poder Legislativo passasse a ter dois sistemas simultâneos de paga-
mento de pessoal: um através de crédito em conta-salário mantida junto ao Banco do Brasil S/A e ou-
tro, através da emissão de uma folha paralela para pagamentos efetuados mediante de cheques sa-
lários pelo Banco SANTANDER.

Nesse sentido é o depoimento do então Gerente do Banco SANTANDER, OSVALDO


ANANIAS:
OSVALDO ANANIAS: “03min02s(...) OSVALDO: Lá atrás, eu não lhe posso
precisar o tempo mas essa folha de pagamento era junto ao Banco do Brasil.
E o Banco do Brasil fez uma exigência de não pagar mais em cheque salário
e nós, em nome da concorrência, né? A concorrência saudável, resolvemos
fazer o mesmo processo que era feito antigamente. Então emitimos os che-
ques pra eles como opção pro servidor. MP: Para eu entender melhor. Vocês
não faziam trabalho com conta-salário e passaram a fazer ou foi o inverso.
OSVALDO: Não. Nós não tínhamos a folha de pagamento. A folha de paga-
mento era exclusividade do Banco do Brasil. MP: Certo. Ai então vocês co-
meçaram a fazer o que? OSVALDO: Nós....como eles exigiram que não iam
mais ter esse produto que era o cheque salários, nós oferecemos à Assem-
bleia o cheque salário para pegar parte da folha (…).”

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No âmbito do Poder Executivo, a Secretaria Estadual de Administração e Recursos
Humanos – SEARH gerenciava a folha de pagamento do Estado pelo Sistema Ergon desde agos-
to de 2001. Ou seja, há aproximadamente 14 (quatorze) anos a folha de pagamento é operaciona-
lizada através do crédito em conta-corrente/salário. Já se tinha conhecimento, àquela época, que
o ultrapassado sistema de pagamento mediante cheque salário era suscetível a falhas quando do
fechamento da folha de pagamento, o que findava por permitir também fraudes e desvios, como a
inclusão de funcionários fantasmas, além do recebimento dos cheques por terceiros.

Prova maior disso foi o desbaratamento, pelo Ministério Público da “Máfia dos Gafa-
nhotos”, esquema criminoso capitaneado pelo então Governador Fernando Freire no âmbito do
Gabinete Civil e Vice – Governadoria do Estado do Rio Grande do Norte. No referido esquema, os
cheques salários destinados a servidores fantasmas foram o meio utilizado para a prática do des-
vio dos recursos públicos.

Corroborando os argumentos postos, em depoimento prestado ao Ministério Público


do RN, em 25 de agosto de 2015, o atual Secretário-Geral da Assembleia Legislativa, Sr. AUGUS-
TO VIVEIROS, acerca dos pagamentos levados a efeito por meio de cheque salário afirmou:

AUGUSTO VIVEIROS: (…) que ocupa o cargo de Secretário-Geral da


AL/RN desde 12 de fevereiro de 2015; que quando assumiu o cargo rece-
beu a diretriz do atual Presidente da Assembleia que a gestão fosse pauta-
da nos seguintes pilares: modernidade, transparência, segurança e rapi-
dez; que estes vetores estão previstos no planejamento estratégico do ór-
gão; que, em função disso, houve a deliberação da gestão no sentido de
que o pagamento dos servidores através de cheque salário fosse abolido;
que a gestão entende que essa forma de pagamento nem era moder-
na e nem tampouco era segura; que se identificou que o cheque salário
era confeccionado no NAPP, enviado para o RH, onde os servidores o re-
cebiam, por meio de um livro de protocolo; que essa dinâmica, no sentir
da atual gestão, carecia de segurança e modernidade; que atualmente
o pagamento é feito através de crédito em conta; que todos os servidores,
sem exceção, são pagos dessa forma; que aqueles servidores que possuí-
am restrição bancária, a gestão orientou que fosse providenciado a abertu-
ra de “conta-corrente salário” vez que a mesma evidencia a natureza ali-
mentar dos valores ali creditados; que a gestão não encontrou maiores re-
sistências por parte dos servidores na mudança da forma de pagamento;
(...).

No âmbito do Poder Legislativo Estadual é imperioso que se pontue, entretanto, que a


conjugação da fragilidade do sistema do pagamento através de cheque – salário com a má-fé de
RITA, MARLÚCIA, LUIZA DE MARILAC e RODRIGO, não teriam acarretado danos tão expressi-
vos não fosse o auxílio de outro poderoso elo, o Gerente do Banco SANTANDER, OSVALDO
ANANIAS PEREIRA JÚNIOR, conforme narrado com detalhes por RYCHARDSON MACEDO:

(Arquivo Capturar 4) – (5min01s) – Rychardson: (...) Quando a pessoa era


nomeada, a pessoa é, é, Gilson mandava fazer os exames, vinha para mim
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ou pra Assis e agente ia na Procuradoria Geral da Assembleia e procurava a
Procuradora-Geral da Assembleia e entregava: - Olhe, o deputado mandou
colocar essa pessoa nesse cargo tal. No dia subsequente saía a portaria, saí-
da a portaria e com essa portaria como você estava no quadro da Assem-
bleia, você ia no Banco SANTANDER e abria uma conta salário. Então, todo
final de mês entrava nessa sua conta salário e você ia e sacava. Na época, a
gente fazia da seguinte forma para recolher o salário de algumas pessoas: ia
lá pro Banco SANTANDER, lá existe dois caixas no Banco SANTANDER.
Tem uma tem dois caixas e uma porta que você entra. Aí tem uns gabinete-
zinhos que ficam umas pessoas sentadas. Teve mês da gente sacar lá no ga-
binetezinho que tinha uma pessoa lá responsável. Ás vezes era o gerente,
às vezes era uma pessoa do atendimento. No próprio sistema dela a
gente tinha acesso ao saldo da conta daquela pessoa que tinha sido no-
meada. Ele incluía o cartão, digitava a senha e a maquinazinha registra-
dora, como ela tinha essas maquinazinhas de cupom fiscal ela saía o
valor que tinha sido sacado. Às vezes o gerente mandava o cara assinar
e às vezes nem mandava. Então pronto. Aquilo dali eu já guardava e já
ficava de crédito. MP: E o dinheiro? Rychardson: O dinheiro, às vezes o
gerente pegava na hora ou no final me dava tudo. Ele contava quanto
eu tinha sacado e eu pegava. E algumas pessoas eu tinha que pagar na
hora, dá os R$ 300,00 porque tinha uns que realmente sobreviviam da-
quilo tão pouco, que era uma liderançazinha, que tinha uma gratificação
de R$ 1.000,00 mas só ficava com R$ 300,00. Então a pessoa ficava lá e
só saía quando recebesse, porque senão... MP: Esse pagamento era fei-
to no banco? Rychardson: No próprio banco. Grande parte no banco e
outra parte no gabinete. MP: O senhor falou que apenas no final o ge-
rente do banco fazia a entrega do numerário...? Rychardson: Era. Mas a
gente tinha dinheiro no bolso. A gente às vezes levava dinheiro porque a gen-
te já sabia quem causava problema e quem não causava, quem queria na
hora e quem podia passar depois. E também acontece, às vezes, de você.
(07min06s) MP? No caso do banco, o gerente do banco ou o funcionário
do banco tem conhecimento de que esse sistema vigora dentro da As-
sembleia? Rychardson: É. Tem porque ele tava lá . MP: Que a arrecada-
ção de recursos é entregue a uma única pessoa representante de cada
gabiente? Rychardson: Ele vê a pessoa de cada gabinete chegando e
sacando. Ele tem conhecimento porque ele é gerente do banco e ele
sabe o que acontece dentro da agência dele, né? MP: O senhor recorda
o nome do gerente? Rychardson: Não, aí eu não recordo. Faz muito
tempo. Esporadicamente....não precisava ser só o gerente não. Isso é
de conhecimento de todos os servidores do banco, do caixa, do aten-
dente. MP: Quem trabalha lá sabe...? Rychardson: Isso é uma rotina,
isso é uma rotina que acontece lá. E eu tô dizendo em relação a Gilson,
porque como se tirou vários meses isso é uma rotina. Não é uma políti-
ca que foi implantada lá na época pelo gabiente de Gilson. MP: Então o
servidor ia lá e o que ele fazia na verdade não era sair com o dinheiro, a não
ser o dinheiro que você eventualmente levava. Ele ia lá pra assinar o recebi-
mento do suposto saque? Rychardson: Ele ia lá assinar e sacar e pegar a
parte dele, o suposto saque. Ele recebia lá, vamos supor, um salário de R$
3.000,00. Então o acerto que ele tinha sido uma liderança....olhe, vou usar
seu nome e dos R$ 3.000,00 você fica com uns R$ 500,00 . Beleza,, então a
pessoa ia lá e sacava. MP: O senhor que ia lá com esse dinheiro, já fazia um
cálculo de quanto era no total pra pagar a eles? Rychardson: Não, a gente
tinha uma listazinha de quanto cada um ficava. MP: Aí providenciava, de an-
temão, o dinheiro? Rychardson: É. Porque tinham algumas pessoas que
eram próximas e que não tinha muito problema da gente sacar. O pessoal do
gabinete, ele mesmo sacava e entregava. (...)

19/238
Afora isso, foram igualmente realizadas oitivas de funcionários do Banco SANTANDER
sobretudo acerca da prática incomum de permitirem saques de vários cheques por pessoas
diversas dos beneficiários, ainda que sem endosso ou procuração, como também pelo
estranho, habitual e suspeito fato de pessoas efetuarem saques “na boca do caixa” de
expressivas quantias de dinheiro.

Rememore-se, nesse momento, os traços bastante peculiares do funcionamento da


agência relatados pela funcionária do SANTANDER LUANA BANDEIRA ATAÍDE ARRUDA, os
quais escancaram aspectos absolutamente incomuns à dinâmica de qualquer outra agência
bancária. Em relato contundente, a empregada do Banco faz menção à prática incomum de
permitirem saques de vários cheques por pessoas diversas dos beneficiários, mesmo sem
endosso ou procuração para tanto, como também pelo estranho, habitual e suposto fato de
pessoas retirarem na boca do caixa expressivas quantias de dinheiro em espécie.

LUANA BANDEIRA: (…) 12min31s - MP: Você nunca identificou nesse


período em que você estava lá uma pessoa que vinha recorrentemente pra
pegar o pagamento dessas pessoas? LUANA: Não, porque eu não tinha
esse acesso direto com as pessoas. Eu nunca trabalhei na linha de frente.
Talvez o caixa soubesse identificar tanto visualmente como de nome. Mas
foi uma das coisas que quando eu recebi essa notificação eu comentei
com o meu esposo que...eu espero ajudar mas eu não tenho muito a
agregar, embora eu queira ajudar, eu não me recordo nem o nome das
pessoas. Foi um período tão curto e tão complicado, essa questão
assim...dessas coisas, enfim. MP: Por se tratar de uma agência pequena,
o caixa não comentava alguma coisa com a sra a respeito desse fato de
uma só pessoa ir receber por várias outras? Isso era uma prática habitual?
LUANA: Era habitual e corriqueira, tanto que quando eu cheguei na
agência era uma prática normal, por isso que não se comentava em tom
de... ah, fulano. MP: Isso é normal em outras agências? LUANA: Não,
não , não. MP: Mas você nunca se insurgiu ou foi falar com o gerente que
isso era uma prática inaceitável: LUANA: Sim, sim, porque eu me
incomodei com essa questão das procurações. MP: Então, deixe eu
entender. As procurações são permitidas mas não são uma praxe no
banco? LUANA: Não. Lá é. MP: Sim, mas nessa agência. E no banco em
geral? LUANA: Não, não, porque de um modo geral, folhas de pagamento
são feitas através de contas-correntes, entendeu? Então isso foi uma
coisa que gerou incômodo quando eu cheguei na agência, ficar como
gerente administrativa e ver que estava acontecendo dessa forma. Depois

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eu fui entender que era a respeito do motivo do pagemento de cheque é
porque muitas pessoas tinham feito essa solicitação para a Assembleia
porque já tinha muita gente devendo ao banco e tal, tal, tal. Por isso o
pagamento era feito através de cheque.
28:53 - MP: Era comum que uma pessoa de um setor específico da
Assembleia fosse lá entregar esses cheques e depois buscar o dinheiro?
LUANA: Eu acredito. Eu não sei quem é mas deveriam ser sempre os
mesmos funcionários do setor de pagamento. É porque eu não sei quem
são essas pessoas mas era sempre uma pessoa ou duas, no máximo.
MP: Os valores são sempre em espécie? LUANA: Sempre, sempre em
espécie. A gente tinha que pedir muito numerário. MP: Era habitual essas
pessoas saírem com grande volume de dinheiro do banco, em espécie?
LUANA: Sim. MP: Não era habitual eles depositarem? LUANA: Não.
Depósito quase não acontecia. MP: Então você mencionou antes que não
havia essa questão do depósito dos cheques? LUANA: A maioria das
pessoas realmente transportava o numerário, levava numerário. Não tem
como saber a não ser que depositassem em outro banco. É tanto que a
previsão era feita sabendo que o pessoal levava porque às vezes, quem
trabalha com tesouraria acaba fazendo uma média, porque em épocas de
pagamento, em agências que não exista a prática, que não é assim,
geralmente você recebe o dinheiro mas já leva as contas pra pagar e lá
não era assim. Recebiam e levavam o numerário.
33:06 MP: Era comum que alguém detivesse vários cartões para efetuar
saques lá com vocês quando chegasse o período de pagamento, das
pessoas que recebiam em conta? Digamos que uma pessoa de
determinado setor tivesse vários cartões de vários funcionários que
trabalhassem com ele no mesmo setor, era comum que ele fosse com
esses vários cartões? LUANA: Já vi. Já vi. Já vi isso. MP: Uma pessoa
com vários cartões? LUANA: Já vi. MP: Era comum, bastante comum?
LUANA: Já. Não exatamente no caixa, porque você tendo o cartão você
saca no caixa eletrônico. MP: Era comum no caixa eletrônico? LUANA:
Comum não mas eu via. Eu via que a pessoa tinha poder de vários
cartões, entendeu?
39 min -MP: Qual foi o valor máximo que você viu uma só pessoa com
procuração indo lá sacar, estimativa? LUANA: Não me lembro. Eu lembro
que tinha umas com vinte e poucos mil, uma coisa assim...valores
idênticos ou próximos, mas para várias pessoas, entendeu? Tinha algumas
listas desses valores, entendeu? Mas não assim uma de cem mil não me

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recordo não (…).

Após a deflagração da Operação Dama de Espadas foram feitas oitivas de novos fun-
cionários do Banco SANTANDER que reforçam a continuidade dessas práticas na agência da As-
sembleia Legislativa do RN em prol de servidores da Assembleia Legislativa ora denunciados.

A exemplo disso tem-se o depoimento da escriturária IONARA DAS VITÓRIAS


SOARES DA CÂMARA, realizado em 28 de agosto de 2015:

IONARA DAS VITÓRIAS: (...) A Senhora trabalha no Banco SANTANDER


desde quando? Ionara: Desde 18/10/2011. MP: 2011. Então está no Banco
há aproximadamente 4 anos. Ionara: Isso. MP: Durante esse período que a
senhora está no banco, quais foram as agências pelas quais a Senhora
passou? Ionara: Na verdade eu entrei na agência, no caso, do SANTAN-
DER no PAB da Assembleia. MP: Você começou pelo PAB da Assembleia?
Ionara: Comecei lá, isso. Antes eu prestava serviço, era uma empresa ter-
ceirizada, que era do consignado, eu fazia consignado. Aí passei oito me-
ses. Aí desses oito meses surgiu a vaga para o caixa de lá. Aí pronto. Aí
até o próprio Osvaldo perguntou...MP: Então, antes disso, antes de você
ser empregada do SANTANDER, você era vinculada a uma empresa ter-
ceirizada, mas já estava na estrutura do SANTANDER. Então você já tinha
uma vivência da realidade da agência. Ionara: Isso. já, já. Sim, sim. É tanto
que eu... MP: Oito meses antes, é isso? Ionara: Isso. MP: Certo. Então, o
ano de 2011 inteiro você testemunhou o quê que acontecia no interior da
agência, né isso? (…) MP: Quem era na época o Gerente? Ionara: Osval-
do, sempre foi Osvaldo. MP: Sempre foi Osvaldo. Certo. Ionara: Desde
quando entrei lá. MP: Eu queria Ionara, que você me passasse a sua per-
cepção do quê que você testemunhou nesse período de pagamento de sa-
lário da Assembleia. Certo? Ionara: Certo. O que é que acontece. Nos dias
de pagamento, como até inclusive ontem eu falei num depoimento que,
nos dias de pagamento, acontecia é... tinha o valor que vinha pra mim, no
caso dos envelopes. Tinha os pagamentos que eu fazia na boca do caixa,
dos clientes, sacava os cheques. MP: Então o padrão era a pessoa ir com
o cheque e sacar na boca do caixa.Ionara: Isso. Outros tinham contas tam-
bém, contas-correntes também aconteciam. Inclusive já faziam pagamen-
tos também, faziam saques e já faziam pagamentos, enfim. MP: Certo. Io-
nara: E tinha também àqueles no caso, que o Osvaldo levava pra mim,
que era no caso nos, nos envelopes. MP: Vamos parar aí. Vamos nos

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deter nesse tópico. Ionara: Alguns funcionários que não estavam pre-
sentes no caixa para eu fazer os pagamentos a ele. MP: Então, o que
Osvaldo é... em dias do pagamento lhe dava cheques de pessoas que
não estavam na fila. Ionara: Sim . MP: Certo. Era no primeiro dia ou no
segundo dia? Ionara: Era no primeiro dia, era no primeiro dia. Só que
até o moço me perguntou ontem. Eu não lembro se era tipo assim. Di-
gamos, a noite para no dia seguinte ser pagamento, porque a gente
precisava ter a quantia numerário na agência ou se era antes da agên-
cia, tipo a agência abrir já separava esse dinheiro. Mas era no dia do
pagamento. MP: Certo. E aí, o que é que ele lhe passava, lhe passava
envelopes? Ionara: O quê que acontece. Eram de quatro a cinco enve-
lopes, aí dentro dos envelopes iam os cheques. MP: Então em cada
envelope tinham vários cheques. Ionara: SIM. MP: Certo. Ionara: Aí
nos cheques, assim no envelope. Tô falando em detalhes pra você,
pra ficar melhor. Aí no verso dos envelopes tinha tipo o nome, tinha lá
Rita, Marlúcia, tinha outras pessoas que eu não lembro. MP: Você se
recorda de Rita, Marlúcia. Você se recorda de uma pessoa chamada
Rodrigo? Ionara: Lembro, Lembro. Rodrigo eu não lembro. MP: Certo.
MP: Você se lembra de uma pessoa chamada Magali? Ionara: Eu lem-
bro bem dessa agência. Eu sei que era mais ou menos a quantidade
de cinco, não eram menos. MP: Cinco envelopes. Ionara: Era mais ou
menos isso. MP: LUÍZA DE MARILAC? Ionara. LUÍZA DE MARILAC eu
não lembro. Que essas pessoas todas elas, devido o meu trânsito lá
na agência eu conhecia, mas assim, do nome. Eu acho que tinha até
pessoas assim, tipo com nome diferente que eu sabia que não era
funcionário de lá. MP: Entendi. Pois vamos nos deter aqui. Então no
envelope. Vamos imaginar. No envelope da senhora Rita tinha vários
cheques. Era isso? Ionara: Isso. MP: Pronto. E aí qual era o comando
de Osvaldo para você ? Ionara: Os cheques quando ele trazia pra
mim, que já vinha nos envelopes. Já vinham vistados por ele, é... al-
guns endossados já, endossados né com ele, o visto. Eu lembro que
o visto era na frente e no verso. Aí você pode até me perguntar, por-
que você não fazia essa conferência? Por quê? Dia de pagamento lá,
ate mesmo quando ele trazia, tipo, sempre foi assim, não foi só na mi-
nha época, que eu estava lá no caixa. Para facilitar o meu trabalho, é
como se ele olhasse no sistema e isso aqui? Não já verifiquei, por
isso que ele já vistou. Tipo assim...MP: O visto. Pra eu entender um
pouco da dinâmica do Banco, porque eu não sou da área. O visto

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dava um atesto de que tava tudo ok, naquele tipo? Ionara: Isso. MP:
Né isso. Pronto. Ionara: Isso. MP: O visto era dado por Osvaldo? Iona-
ra. Isso. MP: Certo. Ionara: É tanto que, como eu tava falando. Por
que você não verificava isso aqui? Por quê, pra facilitar o meu traba-
lho, porque como eu era do caixa não podia praticamente sair, então
ele já trazia tudo pronto. Vamos dizer assim. Ionara: Aí o quê que eu
fazia? Eu separava, digamos, os envelopes. Eu não podia tipo juntar o
valor total, eu separava envelope por envelope e muitas vezes eu pe-
gava o próprio envelope, colocava que era tipo assim: Aquilo ali é de
fulano pra não misturar. MP: Então espera aí. Você disse aí. A gente
não podia separar o valor total, então. O montante total, então, tinha
que ser o valor sacado e o correspondente a cada envelope. Né isso?
Ionara: Um montante. Isso. MP: Você não podia simplesmente dá um
montante pra ele. Ionara: Não.MP: Ia fracionar. Ionara: Isso. Por isso
que vinha nos envelopes separados.MP: Já vinham separados? Iona-
ra: Já vinham separados. Tipo assim ó: Tem que ser assim. Enten-
deu? MP: Entendi. MP: Mas os valores dentro do envelope eram sepa-
rados por cheque ou eram todos os cheques num montante só? Iona-
ra: Vinha vários, tipo assim, três, quatro cheques e aí, as vezes o va-
lor já vinha atrás, vinha no envelope atrás e as vezes eu somava. En-
tendeu? Apesar que eu tinha que somar pra ver se realmente o valor
tava batendo. MP: Aí você não fazia essa separação por cheque? Io-
nara: Não. MP: Era o valor total. MP: Então. Só para eu entender, cer-
to. Vamos com calma. MP: Vinha três, cinco cheques de R$ 2.000,00,
então você separava R$ 10.000,00 e botava dentro desse envelope.
Era isso? Ionara: Era isso. Não licença. Não colocava dentro do enve-
lope porque o valor não cabia, mas colocava ali com a liga, só identifi-
cando.MP: Vinculava o dinheiro ao envelope. Ionara: Isso. MP: Depois
você ia para um outro envelope. Aí tinha quatro cheques de R$
2.500,00, somando R$ 10.000,00. Você juntava. Era assim? Ionara:
Isso, era assim. MP: Feito isso. O que você fazia com esse dinheiro?
Ionara: Feito isso, aí tipo assim, terminava. Osvaldo: já terminei. Os-
valdo pegava esse valor e ele mesmo levava lá pra sala de Dra. Rita.
Ele subia, não sei se era pra Rita ou pra Marlúcia, mas creio que fosse
pra lá. MP: Alguma vez ele lhe disse o porquê essa prática? Ionara: Só
pra... Na verdade, eu cheguei até a perguntar, mas Osvaldo, porquê?
Tipo assim: eu era nova lá, mas porquê eles não vem na boca do cai-
xa assim como os outros? Isso é até questão... Acho que foi uma vez,

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enfim. Por mais que ele fosse meu gestor, acho que eu também teria
direito de perguntar. Ele dizia: Não Ionara, pra facilitar deles vim aqui;
pra não enfrentar fila. Entendeu? Então todos os meses era feito des-
sa forma. MP: Esse era o padrão. Isso não foi uma coisa esporádica,
era padrão? Ionara: Era o padrão. MP: Os cheques dessas pessoas
eles eram sacados na boca do caixa. O beneficiário do cheque, que
estava nominativo não vinha, você entregava esse dinheiro com os
nomes e Osvaldo levava. Deixa eu te perguntar uma coisa. Após o sa-
que desses cheques você se recorda de ter havido alguma diretriz de
Osvaldo, no sentido de saque e deposite esse dinheiro na conta de a,
b ou c? Ionara: Não. MP: Como regra, ele levava o dinheiro? Ionara:
Era. MP: Você se recorda desses valores que vinham nesses envelo-
pes para você sacar na boca do caixa. Quanto era mais ou menos por
mês? Ionara: Era de 70, 80 era muito. Não era menos do que 70, não
era. Porque tinha envelope que eu lembro. Tipo assim, era 15, era 20,
era 35. Então de 70 a 100, eram valores. MP: Certo. MP: Me diga outra
coisa. E ele levava 70,80 mil? Ionara: Levava MP: Isso era todo mês?
Ionara: Todo mês. MP: No correr do mês, é, havia é, ele lhe pedia
algo? Ionara: Não, era só no dia do pagamento. MP: Só no dia do pa-
gamento? Ionara: Só no dia do pagamento. MP: Me diga outra coisa...
Ionara: Licença. Só interrompendo. No tempo que eu passei lá, quase
dois anos, nunca, nunca, Marlúcia e Dra. Rita tiveram no meu caixa
para fazer... MP: Certo. É uma boa pergunta essa. Então elas não com-
pareciam lá? Ionara: Não, não. MP: Certo. Ouvindo outros emprega-
dos do Banco, eles também me disseram que tinha uma prática de pa-
gamento feito através de procuração. Você se recorda disso? Ionara:
Lembro. É tanto que no caso, referindo-se também aos cheques, né
isso que você tá falando? MP: Sim, sim. Ionara: Pronto. Aí quando
eles já vinha também vistados por ele, aí também a gente fazia no
caso... MP: Sem precisar de procuração. Ionara: Porque ele já tinha
visto lá que tinha. MP: Compreendo. É como se o batimento da procu-
ração com o beneficiário do cheque já tivesse sido feito por Osvaldo.
Ionara: Isso. MP: O que ele sinalizava pra você é: Não precisa exigir
dessa pessoa que tá aí procuração. Ionara: Já tinha o visto já. Eu já
via que já tinha passado por lá, né. MP: Certo. Além disso, além dessas,
as pessoas que estavam na boca do caixa, estavam na fila normalmente.
Apresentavam procuração, como era a dinâmica? Ionara: Tinha alguns que
o cheque, tipo assim, já tava endossado e a pessoa pela confiança, as ve-

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zes até dizia assim ó: tô recebendo aqui e já vou entregar ali, né! Não sei
se laranja, se é porque era pagamento que tinha que fazer, enfim. Aí trazia
os cheques, muitos endossados pelas pessoas, as vezes a pessoa confia-
va tanto que já levava até a identidade do nominal do cheque e a pessoa
ali sacava. (…) MP: A senhora consegue... Voltando aqui só a questão dos
cheques, certo! A gente tava falando sobre consignado, mas eu queria vol-
tar aqui para os cheques. Os cheques que estavam dentro dos envelopes,
a senhora consegue se lembrar nome de pessoas? Ionara: Sinceramente
não. Tinha nomes, tipo, pessoas que eu nem. De tanto você ver ali no cai-
xa todos os dias, você sabe quem é quem. Quem é Maria, quem é Francis-
ca, mas os nomes assim eu não... Lembro delas entendeu?! Mas além dos
nomes delas, tinha o outras pessoas, mas era... MP: pessoas com as
quais você não via lá? Ionara: Não, não. Até assim, um detalhe. Porque
ontem eu falando, aí você: tinha o de Pádua, porque o de Pádua parece
que ele recebia num envelope e eu lembro que todo pagamento, eu digo
porque eu o via lá também na fila do caixa. MP: Não entendi. Ionara: Pá-
dua, tanto ele recebia na boca do caixa, quanto tinha nos envelopes. MP:
Certo. Então, no mesmo mês? Ionara: Sim. MP: Sabe dizer se enquanto
Pádua tava lá na fila, se ele trazia os cheques de outras pessoas? Ionara:
Eu lembro que tinha o dele, entendeu?! E uma vez eu até questionei. Eu
disse: e esse aqui? Ele disse, não é do meu irmão. Aí o Osvaldo vistou.
Isso aí eu lembro e era um irmão dele. MP: Certo. Então acontecia de ter
o pagamento de Pádua, ele lá na boca do caixa e também ele como sendo
nomezinho no envelope levado por Osvaldo. Ionara: Isso. MP: Certo. (…).

Por sua vez, um dos caixas da agência do SANTANDER, FREDERICO MIERA B.


FONTINELI, ratificou a prática obscura dos saques dos cheques salário, bem como o comporta-
mento comissivo do Gerente-Geral da agência, Osvaldo Ananias:

FREDERICO: (...) Dra., posso ser bem claro? Porque a gente, acho, que tá
dando um monte de voltas aqui. Posso falar a respeito dos cheques que
estão sendo investigados? MP: Isso, isso. É sobre isso que eu quero. Fre-
derico: Porque eu desculpa, eu pensei, fiquei com medo aqui de falar. MP:
Eu quero que você diga apenas o que você sabe. Frederico: O quê que
acontece. Geralmente, um dia antes do pagamento. Por exemplo, o paga-
mento foi sexta-feira esse mês agora, sexta agora que passou. Geralmente
na quinta-feira eu faço muita transferência, que eu faço transferência do
Banco do Brasil, que vão pagar as folhas, certo. Banco do Brasil, Caixa
Econômica, fora os fornecedores da Assembleia e nesse dia Osvaldo tam-
bém me trazia alguns cheques, certo, digitados por ele, que o cheque era
eu, que pagava o cheque, passava o cheque e pagava. MP: Isso era no fi-
nal do expediente? Frederico: Não, era durante o dia, não tinha um horá-
rio exato, não, não. MP: Mas se o pagamento era dia 30, no dia 29 ele pe-

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dia isso? Frederico: Exato. MP: Para esses cheques ele anexava procu-
ração também? Frederico: Não, esses cheques não, esses cheques não
tinham procuração pra mim, na minha época, eles vinham assinados. Por
exemplo se fosse o cheque.. vamos dizer Rita, certo, vou ser bem claro.
Frederico: Posso ser claro? MP: Claro. Frederico: Então, vem o cheque
de Rita, já vinha com a assinatura certo! O RG e os dados dela. Não era
através de procuração não, entendeu. MP: Então vamos com calma, é
muita informação pra gente não...É, a gente já tomou um depoimento aqui
anterior de uma bancária, que disse que vinha uns envelopes, certo, com
nomes, Rita, Marlúcia, num sei quem... Frederico: Exato, exato. MP: Era
desse mesmo jeito? Frederico: Era, exato. Chegavam os envelopes com
os nomes e durante o dia quando não... MP: E dentro dos envelopes tinha
o quê? Frederico: O cheque. (…) Frederico: Então vamos supor, certo.
MP: Então ele lhe dava um envelope dentro, com um nome aqui do enve-
lope vinha por exemplo: Rita. Frederico: Exato. MP: Dentro desse envelo-
pe tinha o quê? Frederico: O cheque de Rita. MP: Só o cheque de Rita?
Frederico: tinham envelopes que continham mais de um cheque, eu não
sei especificar para a senhora qual eram os envelopes, tinham alguns en-
velopes que continham mais de um cheque, mas geralmente era um. Tinha
dois ou três envelopes que continham dois, três cheques, o resto era um
pra um. MP: Certo. Frederico: Aí eu matava os envelopes. Do mesmo jeito
que vinha num envelope eu botava em outro envelope maior. Eu sacava,
botava num envelope, grampeava entregava pro Osvaldo. MP: Nesse en-
velope, você sabe dizer se tinha, é, o pagamento do salário de Rita ou
não? Frederico: É cheque salário. Vinha nominal a ela. MP: Vinha nominal
a ela. Certo! E vinha também nominal a outras pessoas. Frederico: Tinha
a outras pessoas também. MP: Você não se recorda do nome dessas ou-
tras pessoas? Frederico: Tinha Rita, tinha Rodrigo, tinha João... João Ma-
ria eu acho, que eu não conheço essa pessoa. Quê mais, deixa eu ver. De
Pádua eu não me recordo se tinha cheque dele. MP: Tinha Marlúcia? Fre-
derico: tinha Marlúcia, é, Sidney, que é do setor pessoal. MP: Nesses en-
velopes, tinha o envelope de Rita, envelope de Marlúcia, envelope de Ro-
drigo, envelope de Sidney, vinha as vezes mais de um cheque. Frederico:
Alguns envelopes, tinham mais de um cheque. MP: Certo. Você sacava o
equivalente, era isso? Imagine que vinham três cheques de mil reais, você
sacava três mil reais e colocava dentro desse envelope, era isso? Frederi-
co: Era isso. Exato. MP: Você fazia alguma transação subsequente, por
exemplo, sacava e depositava na conta de alguém? Frederico: NÃO. MP:
Era o dinheiro mesmo? Frederico: Sacava, botava num envelope, gram-
peava cada envelope, certo e passava para Oswaldo. MP: Nessa dinâmi-
ca, né, dos envelopes. Você tem ideia de quanto era sacado para colocar
dentro desses envelopes? Frederico: É mais de cem mil, agora o valor
exato. É porque vem caindo conforme o tempo vem passando. Acho que
dá uns 130 mil, porque são salários altos, certo ? MP: Mas 130 mil por pes-
soa? Frederico: Não, o montante. MP: De todas essas pessoas que você
mencionou? Frederico: É porque os salários são altos, não é? MP: Os va-
lores dos cheques eram altos, é isso que você quer dizer? Frederico: Exa-
to MP: Certo, então entre 100 e 130 mil, é isso? FREDERICO: É. MP: E aí
entregava aí sem procuração, sem nada? Frederico: Não, porque ele vi-
nha assinado, né? No caso era como se fosse a pessoa vindo pagar, só
que ela não tava lá, porque o Osvaldo que trazia os cheques e já vinha lá
de cima com o cheque e passava para gente. MP: Certo. Então já vinha
como se fosse endossado? Frederico: É porque endossado no caso, seria
como se eu tivesse colocando outra pessoa para sacar entendeu? Só que
eu não pegava o documento, como já vinha com a assinatura das pessoas
que estavam nominal, por exemplo, Rita, Rodrigo. Então, era como se ela
tivesse ali na frente, entendeu? MP: Aí no caso, alguns desses cheques

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que não pertenciam a esses três. Fazia alguma referência a procuração
em que constava Rita ou Marlúcia? Frederico: Não. Porque eu não peguei
nenhum cheque desse com procuração, os cheques que eu pegava, era só
esses que vinham já assinados atrás. MP: Certo. A minha dúvida é a se-
guinte. Digamos que estivesse algum cheque desse nominal a um José, se
atrás existia alguma procuração.. por procuração e a assinatura de Rita,
nesse período? Frederico: Não, não. MP: é... Me diga outra coisa. O que
é que Osvaldo dizia quando lhe apresentava esses cheques? Qual era a
justificativa? Frederico: Que era do, do, do pessoal da casa e que era o
salário deles. Que ia fazer assim uma gentileza. MP: Ele fazia essa prática
só com esse pessoal ou era uma prática que ele fazia com outros? Frede-
rico: Não, era só isso aí que ele se envolvia mesmo. Pelo menos no caixa
assim, de sacar, fazer movimentação, seria só isso mesmo. Desse pessoal
né, movimentação desse pessoal, que eles pagam o titus as vezes, atra-
vés de formulários. MP: Certo. Só um minuto! MP: Você já presenciou lá...
O senhor sabe quem são Rita, Marlúcia, Rodrigo? Frederico: Rodrigo eu
sei quem é, porque ele vai na agência, agora Rita e Marlúcia eu não lem-
bro de ter visto elas na agência. Pode ser que elas tenha ido eu não tenha
visto, mas não é costume elas irem na agência não. Porque eu mesmo não
lembro de ter visto elas lá. Rodrigo vai, Pádua vai de vez em quando. Pá-
dua ele faz um depósito que ele fala que é referente a uma pensão. Ele faz
um depósito numa conta que ele fala que é referente a uma pensão. MP:
Pádua sacava para mais alguém além do cheque dele, Ele sacava o che-
que de mais alguém? Frederico: Eu não lembro se tinha cheque nominal
a ele, eu não lembro, entendeu, não lembro. E o movimento que ele faz na
agência é esse, esse depósito que ele faz lá, que o período é fora do paga-
mento, que ele fala que é pensão e Rodrigo não, que ele faz pagamento já,
é boleto, tem muito pagamento que ele faz, ele vai mais na agência. MP:
Os boletos e pagamentos que Rodrigo faz são referentes a Assembleia?
Frederico: Não, pessoal. Na conta dele. MP: Só recapitulando, esse pro-
cedimento dos cheques, dos envelopes que Osvaldo apresentava sempre
no dia anterior, né, que vinha os cheques dentro. Eram mais com Rita,
Marlúcia, era com esse pessoal, não tinha outras pessoas não? Frederico:
Rodrigo. Exato. Não, tinham mais cheques, eu não lembro agora o nome
das pessoas, o que pode ser feito assim é pedir a imagem dos cheques.
Acho que Durval até consegue pra você a imagem do cheque pra ver. Por-
que como era pago um dia antes, então são os únicos cheques que eram
sacados nesse dia na conta, entendeu, eram os cheques que ele me dava.
MP: Certo. Você tem ideia de quantos cheques salários eram sacados por
mês mais ou menos, nessa época? Frederico: Não, são muitos. É que
acabou agora, tem três meses que acabaram os cheques, mas dia de pa-
gamento em torno de R$ 600.000 mil era um dia baixo, para o primeiro dia
de pagamento. MP: Por volta de 600. Mas no dia anterior saia 100MIL?
Frederico: Saia entre 100 e 200 mil. MP: no dia anterior, nesses envelo-
pes, entre 100 e 200 mil? Frederico: Isso. MP: Osvaldo saia com esse di-
nheiro na mão? Frederico: É. MP: Certo.

Aliado a esses relatos, por ocasião da busca e apreensão realizada no âmbito do


PABX do SANTANDER situado nas dependências da ALRN, foram encontrados na estação de tra-
balho de OSVALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR e, portanto, em sua posse, inúmeros compro-
vantes de transações financeiras, dentre depósitos, transferências bancárias e outros de vultosas
quantias em nome de clientes, dentre os quais os denunciados, muitos deles remontando perío-
dos de 2010 até os dias atuais, constando adiante alguns deles, apenas por amostragem:

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Nessa linha de ideias, é evidente que a manutenção desse sistema paralelo e defasa-
do de pagamento não decorreu simplesmente da conveniência no recebimento de salário de al-
guns funcionários com pendências financeiras. Igualmente difícil é aceitar que o Sr. Osvaldo Ana-
nias Pereira Júnior, com o pretexto de prospectar clientes e melhorar o relacionamento, tenha sido
complacente com práticas que afrontavam as normativas do Banco Central e mesmo a legislação
em vigor.

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Sem sombra de dúvidas, os pagamentos dos cheques emitidos pela Assembleia foram
efetuados com irregularidades que afrontavam, grosso modo, às normas estabelecidas pela lei
que regula essas transações, de forma que só poderiam ter sido assim pagos com o aval do res-
ponsável pela unidade bancária, uma vez que eram de valores elevados e necessitavam de sua
prévia autorização por meio de assinatura no verso do cheque, o que pode ser observado na mai-
oria deles, contando, por conseguinte da sua indispensável colaboração desse para o desenvolver
do esquema.
O que se apurou, a bem da verdade, é que OSVALDO mantinha estreita vinculação com
a cúpula administrativa da AL/RN, não havendo qualquer resquício de dúvidas quanto à sua adesão
ao funcionamento da engrenagem criminosa.

Afora isso, foi possível rastrear a existência de outros vínculos ainda mais estreitos
entre eles, como, por exemplo, o fato do escritório de advocacia onde Rita das Mercês é sócia ter
ajuizado um Mandado de Segurança na defesa dos interesses do filho de Osvaldo Ananias, Daniel
Torres Pereira, nos termos da mensagem encontrada no endereço eletrônico de
rita_das@uol.com.br:

From: Raphaela Reinaldo <raphaelareinaldo@hotmail.com>


Subject: Mandado de Segurança (Oswaldo)
To: Rita Reinaldo <rita_das@uol.com.br>, GUTSONreinaldo@oi.com.br
<GUTSONreinaldo@oi.com.br>
Data: 09/06/2014 17:05

GUTSON, o que estiver em vermelho é por que faltam informações.


E fiquei na dúvida da autoridade coatora, se for o subcoordenador da SUEJA (que
expediu a declaração negando a realização o exame supletivo) a competência é
Fazenda Pública ou se for a secretária é no TJ, de uma olhada!
Beijoss.

1 anexo: Mandado de Segurança – (Daniel Torres Pereira).docx:

OSVALDO ANANIAS divulgava com orgulho nas suas redes sociais o estreito vínculo
de amizade travado com RITA DAS MERCÊS, conforme a seguinte postagem retirada do seu
perfil no Facebook:

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Nesse mesmo sentido, apurou-se que OSVALDO ANANIAS compareceu na
requintada e exclusiva cerimônia de casamento do filho de Rita das Mercês, Gustavo Alberto
Vilarroel Navarro Júnior, realizado no segundo semestre de 20145 ,

Tais fatos, aliado a muitos outros, evidenciam que o vínculo existente entre Rita das Mer-
cês e Osvaldo Ananias exorbita a relação Cliente/Gerente, reforçando a tese de que essa amizade
viabilizou a participação do gerente do Banco SANTANDER nos desvios perpetrados pela organiza-
ção criminosa.

Ademais, ainda por ocasião da deflagração da Operação Dama de Espadas, foram en-
contrados no cofre do NAPP, Coordenado por Marlúcia Maciel, inúmeros comprovantes de paga-

5 Disponível em: <http://www.versaillesrecepcoes.com.br/casamento-diana-e-gustavo-lagoa-do-bom-fim-


versailles-recepcoes/#!prettyPhoto>. Acesso em 28 de julho de 2015.

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mentos de contas de energia de imóvel situado na Praia de Tabatinga (Município de Nísia Flores-
ta) em nome de seu esposo, Antônio Otto, feitos na conta-corrente tanto de Osvaldo como de seu
filho, Daniel Torres Pereira.

Dito isto, passemos a compreender a conformação administrativa da Assembleia Legisla-


tiva e seus principais atores, integrantes da organização criminosa.

4 – OS PROTAGONISTAS DO ESQUEMA CRIMINOSO: FORMAÇÃO, ESTABILIDA-


DE, PERMANÊNCIA E ATUAÇÃO DOS MEMBROS DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (Art.1º. par.
1º.Lei 12.850/2013).

Na estrutura organizacional da Assembleia Legislativa, a Procuradoria-Geral “exerce a


função de órgão máximo de assessoramento jurídico, consultoria e representação judicial da Casa,
vinculada diretamente à Presidência”, detendo as seguintes atribuições6:

 Procuradoria Administrativa: emite parecer sobre toda matéria de natu-


reza administrativa encaminhada pelo Procurador Geral.
 Procuradoria Legislativa: presta assistência aos Deputados quanto ao
processo legislativo no Plenário, na Mesa Diretora e nas Comissões.
 Procuradoria Judicial: exerce representação judicial nos processos em
que integre, de qualquer modo, a Assembleia Legislativa.
 Procuradoria de Finanças: pronuncia-se sobre matérias não jurídicas e
presta assessoramento ou representação judicial a cargo da Procuradoria-
Geral.
 Assessoria Jurídica: presta assistência judiciária àqueles que forem en-
caminhados pelos Deputados.

RITA DAS MERCÊS REINALDO era vinculada à Assembleia Legislativa desde a década
de 80, tendo sido alçada ao cargo de Procuradora-Geral na gestão de ÁLVARO COSTA DIAS como
presidente da Casa (1997-2003). A partir de então, RITA DAS MERCÊS foi, paulatinamente, galgan-
do espaço e concentrando poder, ao ponto de, até bem recentemente, precisar dar aval em toda sor-
te de decisões relevantes a serem tomadas no âmbito da Assembleia, especialmente no que tange a
nomeações dos cargos em comissão e das funções gratificadas, ainda que não estivesse no plexo
de suas atribuições, sempre com o conhecimento e a anuência dos Presidentes da Assembleia Le-
gislativa do período compreendido entre 2006 e 2015.

6 Disponível em: http://www.al.rn.gov.br/portal/p/procuradoria. Acesso em 02/03/2017.

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É o que se constata a partir dos depoimentos prestados por duas servidoras vinculadas
ao referido órgão, LÚCIA BARRETO e MARGARETE DANTAS, respectivamente:

“LÚCIA BARRETO: DEPOIMENTO:(…) Promotor: Aí.. assim, a senhora sabe


quem é que define quantas funções gratificadas vão ser atribuídas a cada de-
putado, e assim, tem ideia quem é que define “ah... deputado A vai receber 10
funções gratificadas e deputado B vai receber 20 funções gratificadas”? De-
poente: Nós temos na casa a nossa Procuradoria Geral que é vinculada à
presidência por lei, né.. hoje e sempre foi quem exerceu muita influência
perante os deputados.Tanto que a procuradora tem um banquete toda
terça e quinta no gabinete dela, para que os deputados venham lanchar
na sala dela e fiquem com ela, e tenham total assistência como se ela
fosse a mãe da casa. Então a gente, infelizmente, tem essa realidade
dentro da casa. E tudo passa por ela. Agora é óbvio que ela é mandada
também, né.. ela entrou num círculo vicioso. Então, desde a gestão de
Álvaro Dias a gente, infelizmente, aprendeu a conviver com isso. Alguns
funcionários tentaram modificar mas é um paredão muito forte. Então é
tudo vinculado à Procuradoria. Não é ela que decide, porque ela é funci-
onária igual a mim e ao senhor, mas ela entrou num círculo vicioso que,
como ela jogou a situação dos deputados pra dentro da casa dela, que
era ali a procuradoria, né.. então não é normal, porque é deputado, por-
que é promotor, tem que lanchar às custas do povo, toda terça e quinta fazer
um banquete. Não é normal, por que não é o deputado que tá dando com o
dinheiro dele, né? Nem o lanche, nem essa rotatividade, de ter que estar fre-
quentanto a Procuradoria pra isso. Então assim, a mesa diretora que é
composta por sete deputados, todos eles e todos os deputados têm ela
como a dona da casa. Então tudo gira em torno dela. Promotor: Quem
é? Depoente: A procuradora, Dra Rita Mercês Reinaldo. Até hoje ela
quem manda na casa. É tanto que eu já fui à vários congressos fora, vin-
culados à casa, mas quando a gente chega, a gente se espanta com os
comentários. É como se ela mandasse dentro da Assembleia Legislativa
do Estado do Rio Grande do Norte. (…).”

MARGARETE DANTAS: DEPOIMENTO: Promotor: E a senhora sabe dizer


quem é que define quantas funções gratificadas vão ser pra cada órgão, pra
cada deputado, como é que é feita essa definição?Depoente: Existe o regi-
mento interno, né. Não sei se no site está disponível, como é que está essa
distribuição pelo organograma. Eu acho que tem condição de vocês verem
isso. Agora, já faz desde a época de Álvaro Dias que tudo na Assembleia
é definido na Procuradoria. Tudo. Tudo quem define é a Procuradora.
Promotor: Quem é a procuradora? Depoente: Rita das Mercês. Então
ela é quem comanda do financeiro a tudo. Tudo passa pelo controle da
procuradoria. Promotor: Quem é o setor financeiro? Quem é a pessoa que
trabalha lá? Depoente: Setor financeiro eu não sei se agora é Rodrigo, não
sei se tá como titular. É como eu lhe digo, ultimamente eu tou muito afastada,
eu não sei como é que tá essa coisa. A gente vai ficando um pouco descren-
te, eu digo muito que eu fiz direito na esperança de que o direito dava direito,
depois a gente toma conhecimento de que ele não dá esse direito se você
não buscar. É uma coisa muito complexa, e principalmente pra quem não
tem o conhecimento, pra quem não tem a condição de botar um bom advo-
gado, que possa defender os seus direitos.

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Em idêntico norte aponta este trecho do depoimento de RYCHARDSON MACEDO onde
o mesmo destaca o fato dos próprios Deputados se curvarem e se submeterem às diretrizes de RITA
DAS MERCÊS:

“(Arquivo Capturar 5) (...) Todas as nomeações da Assembleia, eu tenho co-


nhecimento porque fui assessor parlamentar, eu tenho conhecimento e fre-
quentava lá, que todas as nomeações da Assembleia é (sic) feita na Procura-
doria da Assembleia e a Procuradora à época e hoje eu tenho conhecimento
que ela está era a senhora Rita. (…) MP: A própria Procuradora dispõe de
um número de cargos ou gratificações? Rychardson: Dr., eu tenho conheci-
mento que ela tem vários cargos lá. É uma pessoa que nomeia, que adminis-
tra uma Assembleia daquela e assim, é incoerente ela ficar só com o cargo
dela porque ela tem outras pessoas. Eu tenho conhecimento hoje que o filho
dela é Diretor Administrativo do Idema, entendeu?Então, assim, ela tem uma
certa influência porque nomear um filho o administrativo do Idema...é uma
pessoa que tem influência. Eu tenho conhecimento que ela também recente-
mente foi cogitada para ser Conselheira do Tribunal de Contas. Uma pessoa
pra ser Conselheira do Tribunal de Contas indicada pelo Governo do Estado
tem que ser uma pessoa que tenha influência. Então, assim, é incoerente
uma pessoa ali no sistema...ela nomeando e tirando ficar só com o cargo
dela. (…) MP: Se algum deputado for até ela pra tentar ter esse mapa da
distribuição de cargos não é possível ter acesso? Rychardson: Rapaz,
eu acho que nenhum deputado tem acesso a isso. Esse acesso hoje só
tem a Procuradoria, o Financeiro e a Presidência, por quê? Porque na
época que estava lá tinha comentário de deputado se desgastar com ela
que teve um comentário lá nos corredores que Nelter se desentendeu
com ela, que não fala nem com ela por causa disso. Porque ele como
deputado ele acha que tá no Poder Legislativo e tem autonomia. Porque
ele tem um mandato que foi dado pelo povo. Não um servidor, que está
ali pra servir os deputados não tem...o deputado não tem como ditar o
que deve fazer ou deixar de fazer, uma informação quer e ela não dá,
entendeu? É uma coisa ali que ninguém tem acesso. Só a Presidência,
quem passou pela Presidência e o Financeiro e o Administrativo.(...).”

Por sua vez, alguns servidores do Órgão e que foram identificados como beneficiários
dos cheques, ao prestarem depoimento perante o Ministério Público, reconheceram que os mesmos
foram sacados por terceiros, sem maiores formalidades, após RITA DAS MERCÊS autografar o ver-
so do cheque. A rubrica desta, ao que parece, era a senha que abria o cofre da Assembleia.

Confira abaixo:

BRUNO MACIEL DE OLIVEIRA “que trabalha na AL/RN desde fevereiro


de 2003, ocupando o cargo de Assessor Técnico Administrativo, lotado no
CCI (Comissão de Controle Interno), desempenhando a função de analista
de suporte; que os vencimentos do cargo que ocupa giram em torno de
R$ 10 mil reais líquidos; que sempre preferiu receber os seus vencimentos
através de cheque salário por acreditar que sacando o dinheiro em espécie
pode controlar melhor os seus gastos; que possui conta bancária e que
não possui restrição de crédito; que recebe seu cheque salário no RH
assina um controle e saca o salário na agência do SANTANDER; que
sempre é o depoente que recebe seu salário no banco; que MARLÚCIA
Maciel Ramos de Oliveira é Coordenadora do NAPP e é mãe do depoente;

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que MARLÚCIA possui uma procuração do depoente, estando a mesma
autorizada a sacar seu salário; que apesar da existência dessa procuração
nunca aconteceu da sua mãe sacar o salário do depoente; (...) que
apresentado o cheque emitido pela AL em favor do depoente no valor de
R$ 32.000,00, o mesmo acredita que tenha sido em razão de pagamento
de 1/3 de férias, percentual de 130. ou algum atrasado; que no verso
desse cheque há inscrição “Dra. Rita” e o depoente acredita tratar-se de
RITA DAS MERCÊS, Procuradora Geral da AL; que foi Dra. Rita que
conseguiu o cargo comissionado para o depoente em razão da amizade
que a mesma mantém com a mãe do depoente; que apresentado o cheque
no valor de R$ 21.084,00 em que consta a assinatura de MARLÚCIA
Maciel Ramos de Oliveira, o depoente reconhece que nesse caso a sua
mãe deve ter sacado em seu lugar já que a mesma possui uma
procuração; que retifica seu depoimento para afirmar que certa vez
Dra. Rita realmente sacou um cheque no valor de R$ 32 mil reais
mesmo sem procuração para tanto; que recebeu o dinheiro, em
espécie, das mãos de Dra. Rita; que acredita que isso só foi possível
porque Dra. Rita é uma funcionária muito antiga e conhecida da AL
com trânsito na agência do SANTANDER; que apresentado o cheque
no valor de R$ 12.369,00 emitido em favor do depoente, o mesmo
reafirma que deve ser em razão de pagamentos de atrasados e que se
consta o nome de Dra. Rita no verso a mesma deve ter sacado e
entregue ao depoente(...)

MAGALY CRISTINA DA SILVA: “que é servidora da Assembléia


Legislativa desde o ano de 1987, tendo sido convidada para ocupar um
cargo pelo Deputado Robinson Faria; que até então a depoente ocupava o
cargo de secretária nas empresas do Seu Osmundo, pai de Robinson; que
foi lotada em diversos setores da AL (Recursos Humanos, Presidência);
que atualmente é Coordenadora do Projeto Assembléia Cidadã; (...) que
apresentado o cheque de no. 045980 do SANTANDER em que consta
no verso a assinatura da depoente seguida da rubrica de Dra. Rita, a
depoente esclarece que possivelmente isso aconteceu como forma
de que ZEZINHO (funcionário da Procuradoria) sacasse o cheque já
que a depoente não desejava permanecer na fila; que muitas vezes o
próprio office boy pedia a assinatura de Dra. Rita já que a mesma era
uma autoridade na Casa e, assim, viabilizava o saque do cheque por
terceiros; que conhece a pessoa de MARIA COSTA HONORATO; que a
mesma é contratada eventualmente para trabalhar nas edições do
Assembléia Cidadã ensinando como fazer sabonetes e outros produtos
naturais; que se recorda de ter rubricado cheques para Maria Costa como
forma de autorizar que o cheque fosse sacado pelo officeboy;”

WILTON MARQUES DO MONTE LIMA “que é funcionário da Assembléia


Legislativa desde o ano de 01/04/1981; que ingressou nos quadros da
Assembléia como técnico D, tendo se formado e progredido internamente;
que atualmente ocupa o cargo de Procurador de Finanças;(...); que
apresentado cheque no. 36216 do SANTANDER BANESPA em que
consta a inscrição PP seguido de uma rubrica, o mesmo não soube
informar quem seria essa pessoa que supostamente teria sacado o
cheque mediante procuração; que acredita que a inscrição “Dra. Rita”
em algum de seus cheques tenha sido feito no interior do Núcleo de
Processamento de Pagamento (NAPP) como forma de identificar o
setor em que o servidor era vinculado; que acredita que alguns
desses cheques tenham sido sacados, a mando de Dra. Rita, pelo

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servidor de nome AELIO ANDRÉ; que esse servidor, como é idoso,
constantemente fazia esse tipo de serviço porque não pegava fila na
agência bancária.”

É inquestionável, portanto, o prestígio de RITA DAS MERCÊS junto aos empregados das
instituições bancárias instaladas no Órgão, sua autoridade perante os servidores da Casa e o seu po-
der frente os parlamentares, fossem eles veteranos ou neófitos.

Mas o seu prestígio ultrapassava os muros da AL/RN. Anos atrás, RITA DAS MERCÊS
figurou como forte indicada para assumir a vaga de Conselheira do Tribunal de Contas do Estado do
Rio Grande do Norte, por indicação da Assembleia Legislativa do RN, a qual findou sendo ocupada
pelo ex-Deputado Poti Júnior. Afora isso, ao longo dos anos, grande parte de sua família manteve
vínculos com órgãos públicos através de cargos de livre nomeação e exoneração, incorrendo até
mesmo, em alguns casos, na prática de nepotismo e nepotismo cruzado.

Apenas a título exemplificativo, o quadro adiante consolida os cargos que foram por fami-
liares da Procuradora-Geral da AL/RN:

SERVIDOR ÓRGÃOS PARENTESCO COM RITA


DAS MERCÊS
GUTSON JOHNSON Tribunal de Contas do RN, Assembleia FILHO
REINALDO BEZERRA Legislativa do RN, Prefeitura Municipal de
Mossoró/RN e Idema/RN
GUSTAVO ALBERTO Tribunal de Contas do RN e Assembleia FILHO
NAVARRO VILARROEL Legislativa do RN
JÚNIOR
MARIANA MORGANA Assembleia Legislativa do RN e Tribunal NETA
LUSTOSA PORTELA de Justiça do RN
REINALDO
TANGRIANY DE Urbana e Semurb NORA
NEGREIROS DIÓGENES
REINALDO
LARISSA JÉSSICA TCE/RN SOBRINHA
REINALDO DE OLIVEIRA
ARATUSA BARBALHO Assembleia Legislativa do RN e NORA
OLIVEIRA Prefeitura Municipal de Mossoró/RN
MARIA LUCIEN Assembleia Legislativa do RN IRMÃ
REINALDO DE OLIVIERA
MARIA NILZA DE Prefeitura de Mossoró/Câmara Municipal TIA
MEDEIROS de Mossoró/RN, Assembleia Legislativa
do RN
JUSSANA PORCINO Assembleia Legislativa do RN SOBRINHA
REINALDO

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Ressalte-se, ainda, para o caso do seu ex-companheiro JOSÉ DE PÁDUA, o qual foi
efetivado de forma ilegal nos quadros Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte,
oriundo dos quadros da Secretaria de Estado de Segurança Pública da Paraíba, segundo evidencia o
próprio depoimento de Orlei Martins, irmão de Pádua, em depoimento prestado ao Ministério Público:

(...) MP: O senhor já tinha me dito, em um outro depoimento, na primeira


parte. Queria só confirmar. Que seu Pádua, ele é... Com relação aos víncu-
los do Sr. Pádua, ele é de Guarabira, não é isso? Não, do Brejo, não é
isso? Orlei: É do Brejo. É Guarabira. MP: Mas que ele tinha muitos imóveis
em outras cidades da Paraíba, não é isso? Orlei: Olhe, quando ele... é isso
que eu queria fazer a retificação. Quando ele estava na minha companhia,
em Campina Grande, ele foi trabalhar na mídia do Diário da Borborema,
que é a empresa Diários associados e ele foi garoto propaganda, ele traba-
lhava com mídia. Aí ele começou. Quando saiu de lá, aí ele foi pra uma es-
cola pública do Estado, que tem o nome de Virgínios da Gama e Melo, cer-
to? Nesse tempo de Diários associados e colégio estadual, ele comprou
um terreno e nesse terreno ele construiu uns oito a nove quartinhos, que
ele alugava. Depois, ele comprou uma granja em Lagoa Seca, coisinha pe-
quena, é uma área bem próxima de Campina Grande, por sinal de hortali-
ças, então ele foi pra lá, ele ficou cuidando dessa granja. Depois ele en-
trou na Polícia Civil, no Estado da Paraíba. Foi numa festa que ele
veio em Natal, que ele conheceu a Dra. Rita, aí pediram a disponibili-
dade dele para Assembleia. Tinha uma academia...MP: Então a dispo-
nibilidade dele pra Assembleia, foi depois do envolvimento amoroso
dele com Rita? Orlei: Isto. Orlei: Tinha ao lado da minha casa uma aca-
demia. Que depois que ele foi embora pra ficar com a Dra Rita, ele levou o
material da academia (…).

Outro poderoso elo da organização criminosa é MARLÚCIA MACIEL. É funcionária per-


tencente aos quadros da Secretaria de Administração do Estado do RN e igualmente compunha o
núcleo decisório da Assembleia, tendo chefiado, anos a fio, o NAPP (Núcleo de Administração e Pa-
gamento de Pessoal), setor que concentra a gestão do pagamento dos servidores da Casa Legislati-
va. É dessa unidade administrativa que, mensalmente, parte expediente dirigido à Instituição Finan-
ceira encaminhando a relação nominal daqueles que receberão recursos públicos a título de venci-
mentos. Cabia a MARLÚCIA, portanto, a elaboração das folhas de pagamento, tendo autorização
para debitar as contas bancárias da Assembleia destinadas a pagamento de pessoal, bem como
confeccionar a respectiva DIRF (Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte) anual desse
mesmo órgão.

No depoimento prestado em função de colaboração premiada 7 celebrada com o Ministé-


rio Público, GUTSON JOHNSON esclarece que MARLUCIA foi levada para a Assembleia por RITA
DAS MERCÊS e que a mesma sempre comparecia na R&R Advocacia para tratar da folha de paga-
mento:

GUTSON: (...) outros funcionários da Assembleia que iam também, a Mar-


lucia, a Marilac... MP: Pronto.... Era isso que eu queria saber... então ela
7 Homologada pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux

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chegava a receber também outras pessoas da.... GUTSON: Outros funcio-
nários da AL... MP: Marlúcia.... GUTSON: Marilac.... era.... o menino que
era da CCI... Mazo, Mazo... tem o sobrenome de Mazo MP: Antonio Maz-
zo? GUTSON: Antonio Mazzo.... exatamente. MP: O que é que Marlucia e
Marilac iam fazer lá? GUTSON: Marlucia e Marilac iam resolver questões...
geralmente lá para resolver questões sobre folha de pagamento... porque a
folha de pagamento da Assembléia quando chegava - isso já foi relatado
por mim em outro depoimento - é.... tinha uma parte duma folha de paga-
mento que era feito lá na assem.... lá dentro do escritório.... sentava Mar-
lucia, Marlucia e o Pedro Alves.... também levava uma relação de pesso-
as.... Pedro Alves que o assessor do Presidente Ricardo Mota.... levava
uma relação de nomes para ser implantado nessa folha da Assembléia....
então a folha da Assembléia era feita num notebook de Marlucia dentro do
escritório da R&R.... MP: Então.... essa.... o que é que você tá me falan-
do.... então.... que havia uma folha de pagamento paralela? GUTSON: Ti-
nha.... MP: Que rodava dentro do notebook de Marlucia? GUTSON: De
Marlucia.... Exatamente.... MP: É.... E essa folha rodava no.... lá na R&R?
GUTSON: É... Geralmente na R&R... Pode ter sido feito em outros cantos
mas R&R eu presenciei algumas vezes, ne? Porque eles tinham... é... uns
papeis que vinham digitado... então ela passava esses... esses.... essas
pessoas e sempre com um asterisco ou dizendo de quem era aquela pes-
soa, de qual deputado seria aquele cargo, ne? Depois tudo era batido com
o Presidente da Assembléia... 5 cargos era do Deputado x, 5 cargos do de-
putado y... então era batido.... MP: Então, Marlucia e Marilac iam para a
R&R é.... para operacionalizar essa questão dessa folha paralela? GUT-
SON: Correto. MP: E tinha uma folha oficial? GUTSON: Tinha MP: Essa fo-
lha oficial rodava aonde: GUTSON: Aí eu acredito que na própria Assem-
bléia... MP: Na própria Assembléia.... GUTSON: Isso... Na própria Assem-
bléia... MP: Certo.....

(....)

.... MP: Certo. Me diga outra coisa. Então para a gente resumir essa ques-
tão da R&R: era o local dos acertos.... GUTSON: Local dos acertos. MP:
Os acertos políticos e também a folha paralela da Assembleia hã..... era
rodada lá trazida por Marilac e.... GUTSON: E por Marlucia. MP: E por
Marlucia. A folha rodava num notebook de Marlucia... GUTSON: Num note-
book de Marlucia. Sim. Exatamente. MP: Sim. Certo. Era a folha da inser-
ção fraudulenta dos servidores fantasmas. Era isso? GUTSON: Exatamen-
te. MP: Certo.

Segundo o depoente, MARLUCIA atuava ainda como uma espécie de depositária dos
valores desviados pelos funcionários fantasmas. Cabia a ela custodiar tais valores no cofre do
NAPP e posteriormente repassar para terceiros.8

O filho de Rita das Mercês, GUTSON JOHNSON, revelou ainda uma outra vertente de
atuação da organização criminosa que se deu por meio dos empréstimos consignados ( cf. trecho
do depoimento por volta de 01:07:50). Segundo ele, os contratos eram celebrados perante o Ban-
co SANTANDER, contando com o inestimável apoio de OSVALDO e os valores entregues a inte-
grantes do esquema. A dívida contraída era paga com a inserção de outras pessoas na folha de

8 No cofre do NAPP, inclusive, foram apreendidos diversos comprovantes de depósito em favor de PAULO
DE TARSO no ano de 2015 (auto de busca e apreensão – malote 66 – lacre 1103).

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pagamento e MARLÚCIA, à frente do NAPP, viabilizava a alteração das margens consignáveis
dentro dos sistemas de informação da AL/RN para aqueles que não as possuíssem.

Ainda sobre o papel de MARLÚCIA na engrenagem da AL/RN e a dinâmica de paga-


mento dos servidores, veja-se trecho do depoimento do servidor abaixo:

ALEXANDRE ANDRÉ COSTA: “que é funcionário da DATANORTE, tendo


sido contratado com analista de sistema no ano de 1982, que é cedido
para a Assembléia Legislativa do RN desde 2003, estando no exercício do
cargo comissionado Assessor Técnico; que é vinculado à Procuradoria da
AL/RN cujo chefe imediato é a Dra. MARLÚCIA Maciel;(...); que indagado
a respeito do que significaria a sigla NAPP, o declarante esclareceu
tratar-se da abreviatura do setor onde trabalha (Núcleo de
Administração e Pagamento de Pessoal); (...); que toda a folha de
pagamento da AL/RN passa pelo NAPP; que todo mês sai um ofício
do NAPP encaminhando uma relação de servidores para os bancos;
que quando o servidor opta receber através de cheque salário, o
NAPP providencia o cheque e encaminha o cheque salário ao RH e o
servidor pega o salário do RH; que o cheque sempre sai “assinado”
através de chancela pelo Diretor Administrativo da AL/RN”(...)

Observe-se que nesse depoimento há expressa referência ao Diretor Administrativo da


Assembleia Legislativa que, por um longo período, foi RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FER-
NANDES. Rodrigo, assim como Rita das Mercês, ingressou nos quadros da Assembleia Legislativa
ainda na década de 80, tendo sido alçado, por volta de 2007, ao cargo de Secretário Legislativo na
gestão de ROBINSON FARIA como presidente da Casa (2003-2010).

RODRIGO MARINHO, na qualidade de Secretário Administrativo da Assembleia Legis-


lativa do Estado do Rio Grande do Norte, tido como o “Financeiro”, igualmente integrava o topo da
estrutura organizacional do Legislativo Potiguar. Juntamente com MARLÚCIA MACIEL encami-
nhava mensalmente ofício9 para o Banco SANTANDER determinando o pagamento dos servido-
res incluídos na folha . Ademais, era ele quem controlava e emitia os cheques para pagamento de
servidores da Casa Legislativa e fornecedores, sendo recorrentemente demandado, juntamente
com Rita das Mercês, por deter valiosas informações acerca da estrutura administrativa, sobretu-
do de quadro de pessoal.

É de se registrar que a longa parceria profissional travada entre RITA, MARLÚCIA e


RODRIGO extrapolou os muros da Assembleia Legislativa fincando raízes em suas vidas pessoal
e comercial. RITA e RODRIGO foram sócios, por muitos anos, da empresa R & R ADVOCACIA E
CONSULTORIA JURÍDICA SOCIEDADE DE ADVOGADOS – ME. Além disso, RODRIGO alienou

9 Parte desses ofícios foi localizado no computador apreendido no NAAP, cujo registro é AO 767. Como
exemplo, os arquivos localizados nos seguintes endereços: Questão 1 – DOC – 1 – root- users – Marlucia
– Documents – 2010 – ofícios 2010 e Questão 1 – DOC – 1 – root- users – Marlucia – Documents – 2011
– ofícios 2011

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a RITA um apartamento localizado em João Pessoa e ambos adquiriram, juntamente a MARLÚ-
CIA, um terreno no condomínio de alto padrão nominado Quintas do Lago, no município de Areia-
PB10.
Em depoimento prestado perante o Ministério Público, RAFAEL SOBRAL, amigo pes-
soal de RITA DAS MERCÊS e Chefe de Gabinete da Procuradoria da AL/RN no período de
2011/2015, teceu um longo relato a respeito dos finais de semana compartilhados na companhia
de RITA, MARLUCIA e RODRIGO em Areia/PB, o que somente evidencia os profundos laços de
amizade existente entre eles.

Ademais, há provas dando conta de que o então esposo de RITA DAS MERCÊS,
JOSÉ DE PÁDUA, negociou com RODRIGO os seguintes bens: a) apartamento 308 do Edifício Li-
der Residence no bairro do Bessa em João Pessoa/PB; b) apartamento 1102 do Condomínio situ-
ado na Rua Amintas Barros, 1420 – Lagoa Nova – Natal – RN e; c) veículo Mercedes Benz Sprin-
ter, placa MZI 1965, dentre outros itens.

Aliás, o Escritório de Advocacia pertencente a RITA DAS MERCÊS e RODRIGO MA-


RINHO, sediado originariamente em uma ampla casa na Avenida Jaguarari, funcionou por anos a
fio como bunker da organização criminosa. Era ali que se realizavam todas as reuniões com finali-
dade espúria e eram definidas todas as estratégias de atuação. Funcionava como um locus para
receber políticos, seus apaniguados e fornecedores da AL/RN.

10 Posteriormente, RODRIGO MARINHO aliena a RITA DAS MERCÊS e MARLÚCIA MACIEL , pelo valor
de R$ 25.000,00 a terça parte dos lotes 29,30 e 31, conforme Aditivo de Contrato entre pessoas físicas
apreendido na residência de MARLÚCIA MACIEL. (malote MP – RN 1108)

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O funcionamento da R&R como sede física da organização criminosa foi também
abordado por RYCHARDSON MACEDO:

“(Arquivo Capturar 5)
(...)

Rychardson: Esse Rodrigo eu tenho conhecimento que ele é encarregado


do setor financeiro, é Diretor Financeiro. Esse Rodrigo já está na Assembleia
há uns vinte anos. Eu sei porque como eu trabalhei lá eu sei o tempo que ele
estava lá porque quando você entra num órgão assim, pra trabalhar num ór-
gão e a Assembleia é tida como um Poder forte, a gente que tá de fora ver
um deputado e a estrutura. Então assim, a gente fica querendo saber quem
são as pessoas. Como eu trabalhava no gabinete de Gilson como Assessor
Parlamentar eu queria saber. Rodrigo era encarregado do Setor Financei-
ro e Ritinha é da Procuradoria. Eles são sócios. Eu procurei saber...assim,
eles são sócios num escritório lá na Jaguarari, são advogados, são só-
cios lá. Eu disse: - Ai, é mesmo? Uma mulher dessa ganhando o salário que
ela ganha aí e com o poder que ela tem e Rodrigo ainda advogar? Como é
que ela arranja tempo pra advogar, porque ele está de manhã e de tarde
aqui? Aí o pessoal...não, não sei.

(…) 13min33s. MP: Então, por ouvir dizer, esse escritório dela seria um
apêndice da Assembleia ou você tem alguma informação de que ela, de fato,
exerce atividades de advocacia lá no escritório: Rychardson: Não, se ela
exerce atividade de advocacia ou não eu não sei mas. Agora eu sei é os
dois são sócios num escritório de advocacia e que Gilson já esteve lá
uma vez para tratar de assunto da Assembleia. Agora o que eles fazer lá
eu não sei.MP: Conhece alguém que já foi cliente dela? Rychardson: Não
nunca conheci que foi cliente dela não. MP: O senhor disse que no escritório
ela também recebe fornecedores. O senhor ouviu falar? Rychardson: Não,
nos corredores é isso aí que eu ouvi falar, que ela recebe pessoas lá no es-
critório. O escritório de advocacia é o escritório de atendimento deles,
certo? É o que falar no corredor. Que é o escritório de atendimento de-
les dois lá. Eles estão lá e atendem as pessoas paralelamente à Assem-
bleia lá e tratando de assunto da Assembleia. Pronto. MP: Mas se ela dá
expediente na Assembleia, lá, como é que ela ia utilizar esse outro escritório?
Rychardson: Rapaz, eu não sei porque ela iria utilizar esse outro escritório. Aí
tem que ver assim, se, se um fornecedor vai tratar de um assunto de uma lici-
tação de um determinado órgão, com o diretor do órgão, ele vai tratar no ór-
gão ou vão marcar em outro canto que é para poder discutir valores e outras
coisas? Eu vou dizer por mim, no Ipem, eu nunca tratei nada no Ipem. Sem-
pre tratava em locais paralelos, porque eu jamais iria receber um fornecedor
(….)

Corroborando tal depoimento, GUTSON JOHSON, filho de Rita das Mercês e um dos
advogados pertencentes aos quadros da R&R ADVOCACIA, revela o real papel do Escritório:

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GUTSON JHONSON: Por volta de 22:03 – (...) o escritório também estava
sendo muito visto por essa questão política, porque realmente eram
políticos demais.... eram políticos de manhã, a tarde.... chegou um
momento que até um cliente normal.... a gente como advogado, os clientes
ficavam até inibidos de chegar no escritório, muitos de carrões, deputados,
o pessoal conhecido e clientes realmente não apareciam.... ficou uma
forma totalmente inviável e creio eu que , na cabeça deles dois, já estava
sendo visto demais pelo Ministério Público e pela justiça em si, NE?
Porque não só.... MP: Então eles já estavam temendo uma visibilidade da
R&R.... GUTSON: Uma visibilidade maior... exatamente... É... Porque lá na
R&R não se tratou não só dos deputados, iam secretários de estado
também, entendeu.... no governo da Rosalba... o próprio Sr. Carlos
Augusto 2 ou 3 vezes foi prá lá para tratar de reuniões, questões
orçamentárias eram tratadas lá, NE? O próprio Obery uma vez esteve lá
também... e se tratava prá lá... O presidente Ricardo Mota tinha a sala dele
e ia prá lá e de lá se tratavam negócios do executivo também, NE? Nunca
vi a Governadora Rosalba lá, mas o senador Garibaldi vi, O Valtinho
também... O Valtinho tinha uma ligação muito forte com o Diogo que era o
filho de...acho que advogava para ele... eu não sei bem... Valtinho ia
sempre lá para falar com Diogo... então tinha essa presença constante...
eu eu acho que eles se acharam... se sentiram..... com medo dessa
relação que todo de Natal praticamente já sabia... que era um escritório
totalmente político.... até pela demanda... era um escritório grande se você
puxasse lá as coisas... tinham os advogados individuais... eu tinhas as
minhas 40, 50 ações, as meninas praticamente não tinham ações
nenhuma, NE? O Diogo também tinha algumas ações também.... muitas
ações também.... mas particulares que a gente saía garimpando, clientes
um a um, mas o escritório em si não nos ajudava e nem se esforçava a
querer crescer como escritório de advocacia... porque na verdade era uma
função política e estratégica deles trabalharem, NE? MP: Então o
escritório para usar uma expressão sua era... tinha uma função
apenas política e estratégica lá.... das questões da Assembleia...
GUTSON: É... exatamente... das questões da Assembleia....
Exatamente. MP: Certo.

Até mesmo a estrutura de pessoal do R&R ADVOCACIA foi utilizada no esquema cri-
minoso sob comento, como relata o réu colaborador GUTSON JOHNSON:

MP: Entendi... Me diga uma coisa... Você falou aqui o nome de... é.... 5
pessoas... Juliana, Diogo, Suzana, Roberta e você, ne? GUTSON: Certo.
MP: Essas pessoas é... eram empregadas da R&R? GUTSON: eram fun-
cionárias... é.... tinham 6 ou 7, tinham umas 8 salas no escritório, cada um
tinha uma sala, eles mesmos pegaram na Assembléia... ou .... da R&R, ti-
nham ações no nome delas... se vc puxar... vc vai ver ainda vários nomes
nas ações no nome da Roberta, da Suzana.... essa Suzana quando eu
cheguei ela já estava de saída e por sinal ela é cunhada de Rodrigo Mari-
nho... ela é cunhada de Rodrigo marinho... e... tinham ações sim, do escri-
tório.... quando chegou mais ou menos em 2009... 2009 foi.... 2010... o MP
fez uma solicitação sobre o nome das pessoas... o Rodrigo... aí eu tava na
sala de Rita e o Rodrigo chegou muito assustado... disse que ia ter que le-
var as meninas pra Assembléia, ne?... porque já estava uma coisa fican-
do... iam acabar descobrindo porque que elas recebiam na folha... MP: En-
tão, pera aí... Essas, essas, é.... essas, advogadas elas estavam na
R&R mas estavam na folha da Assembléia? GUTSON: na folha da As-
45/238
sembléia... estavam.... MP: Elas eram empregadas da R&R ou apenas
ocupavam uma sala? GUTSON: Não... elas empregadas da Assem-
bléia e recebiam pela Assembléia. MP: Quem, quem as colocou lá?
GUTSON: Rodrigo Marinho. MP: Então, estavam na folha... vc se re-
corda do período? GUTSON: É.... A Roberta, a Juliana e o Diogo e a
Suzana... começaram desde dois mil e .... desde a abertura do escritó-
rio ... 2006, NE? .... A Suzana, pelo menos fisicamente, ela ficou no
escritório até 2009, depois saiu mas desde o início do escritório eles
estavam lá, todos... todos os 4... porque eles já trabalhavam juntos....
o Rodrigo Marinho tinha um escritório antes.... então quando ele veio
ele trouxe essas pessoas para trabalharem lá. MP: Certo.... Trabalha-
vam lá, eram empregadas contratadas da R&R GUTSON: É... e recebi-
am pela AL... MP: Então eu queria voltar a esse momento quando vc
disse assim “ então o Ministério Público começou a requisitar infor-
mações e Rodrigo”... aí o que foi que aconteceu? GUTSON: Aí Rodri-
go ficou um pouco preocupado é.... eu vou levar umas dessas meni-
nas para dar pelo menos 1 expediente na Assembléia prá justificar,
ne? Então primeiramente foi a Roberta, parece quem em 2010, o Dio-
go ficou até o final, continuou na R&R, não saiu... MP: Mas Diogo...
Esse Diogo Cunha ele é o filho de Rodrigo? Filho de Rodrigo.... MP:
Ele recebia pela Assembléia? GUTSON: Recebia pela Assembléia
MP? Mas trabalhava no escritório? GUTSON: Trabalhava no escritó-
rio. MP: Ele não ia para a Assembléia? GUTSON: Não ia para a As-
sembléia, não ia. A Suzana também não ia para a Assembléia, parece
quem em 2009 ela passou num concurso, parece... Aí então ela aban-
donou porque passou num concurso do TRT, uma coisa assim.... E a
Juliana já foi bem depois , ela foi para lá em 2011, 2011 ou 2012 quan-
do ela começou a dar expediente na Assembléia.

As declarações de GUTSON foram corroboradas com o cotejo das informações cons-


tantes na DIRF da AL/RN:

NOME ANOS EM QUE CONSTARAM NA DIRF


Juliana Pinto Barcelos 2008 A 2014
Diogo Cunha Lima Fernandes 2006 A 2012
Roberta Lidice de Oliveira Botelho 2008 A 2014

Pois bem. Com a mudança da R&R Advocacia para uma sala comercial, os membros
da organização criminosa passaram a se encontrar com frequência em uma dos anexos da As-
sembleia Legislativa na Rua Jundiaí, conforme os diálogos abaixo transcritos:

46/238
Chamada do Guardião
708443.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:8499823449
NOME:ROSSITER E ROCHA
ADVOGADOS
Data da Hora da
Duração:7 CPF:07044877000123 RelevânciaBai
Chamada: Chamada:
8 ENDEREÇO:RUA DR. MUCIO GALVAO xa
01/09/2014 15:41:00
46 59022530 TIROL NATAL NA
DATA DA ATIVAÇÃO:9/3/07 12:00 AM
STAUTS: ATIVO
Transcrição:RESUMO:

HNI: Se oferece para ajudar nos trabalhos que RITA tem pra fazer (responder ofícios). RITA diz que
aceita ajuda.
Comentário:Nesse áudio, HNI liga para dizer a RITA que se precisar de ajudar ele está disposto para
responder os oficios(possivelmente oficios do Ministério Público). RITA, diz aceita a ajuda, e que eles
podem se reunir às 11horas no ANEXO DA JUNDIAI, pois na ASSEMBLÉIA fica difícil pra se trabalhar.

Chamada do Guardião
715298.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração:3 Telefone do Interlocutor:8488561520 Relevância:Méd
Chamada: Chamada:
4 ia
02/09/2014 12:51:00
Transcrição:RSEUMO:

JOÃO liga para saber qual o ANEXO. RITA diz que é o da JUNDIAI.
Comentário:Nesse áudio, JOÃO liga para saber qual o ANEXO. RITA diz que é o da JUNDIAI.
Conforme percebemos nas ligações anteriores, RITA e outros mais como por exemplo:
RODRIGO;PAULO DE TARSO; JOÃO... diante do contexto deixando nas entrelinhas uma possível
REUNIÃO no ANEXO da JUNDIAI.

Chamada do Guardião
721084.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:99840890
NOME:RICARDO JOSE MEIRELL MOTA
CPF:01228983895
Data da Hora da
Duração:2 ENDEREÇO:RUA ELEUSIS MAGNO Relevância:
Chamada: Chamada:
34 LOPES CARDOSO, 1705 - CANDELARIA, Alta
03/09/2014 09:18:00
NATAL-RN, CEP: 59064240
DATA DA ATIVAÇÃO: 4/12/11 12:00 AM
STATUS:ATIVO
Transcrição:

47/238
RITA:"Alô...".
RICARDO MOTA:"Oi tudo bom!".
RITA:"Tudo!".
RICARDO MOTA:"Tá doente?"
RITA:"Gripadíssima...Aí fui ontem pegar em papel e tudo ai piorei...Ai tô esperando dá um
tempinho aqui pra ver se eu melhoro para poder ir, conversei com PAULO ontem viu...".
RICARDO MOTA:"Sim!"
RITA:"Tosse...Ele já voltou de SANTANA ai passou direto no ANEXO(DA JUNDIAI) passeia s
informações todas pra ele".
RICARDO MOTA:"Qual".
RITA:'Do TRE...Do TRE".
RICARDO MOTA:"Do TRE, eu tive com o rapaz, o DESEMBARGADOR me apresentou o rapaz lá e tal
e eu acho que tá sendo tomada as providência, tá refeito lá o negócio....".
RITA:"É pronto certo e ai ele tem outras informações... Ele disse com relação aquele outro
procedimento que a gente aguardar não tinha que fazer nada, tinha conversado com o pessoal lá do
Vice Governador!"
RICARDO MOTA:"E aí?"
RITA:"Aí queria que a ASSEMBLÉIA se posicionasse que não é interessante pra gente né, mais ele ia
conversar com ele ontem...".
RICARDO MOTA:"Como Vice?"
RITA:'Pra dizer do que...Porque o pessoal tá escondendo dele não estão passando as informações".
RICARDO MOTA:"Hummm!"
RITA:"Aí chegou também outro pedido de informação da..Da PROCURADORIA DA... Da
PROCURADORIA DA REPÚBLICA no período de 10(dez) dias...".
RICARDO MOTA:"Sim, e o negócio de PAULO...".
RITA:"hein"!.
RICARDO MOTA:"Aquele assunto de PAULO ROBERTO..."
RITA:"Sim ele disse: "Esse aqui vamos aguardar, porque você não foi notificado ainda né...".
RICARDO MOTA:"Humm...Sei...".
RITA:"E esperar ser notificado e quando notificar, ai conversar porque tem mexer e adaptar o sistema
nosso ao SISTEMA do TCE né ai ele disse: "Não vamos aguardar e retornar a conversa né", e
enquanto isso vamos trabalhando", pois esse período é complicado de fazer tudo isso né".
RICARDO MOTA:"Tá bom!Você vem pela ASSEMBLÉIA?"
RITA:"Vou mais só acho que eu só mais tarde esperar dá um tempinho pra ver se eu melhoro mais um
pouquinho,inclusive eu vou até pedir desculpa a JARBAS porque hoje é....(INITELIGÍVEL) agora de
manhã né...".
RICARDO MOTA:"Eu já estou na ASSEMBLÉIA".
RITA:"É ai ver se eu vou lá pra meio dia...".
RICARDO MOTA:"Eu preciso falar com você, eu falei com RINALDO viu...!"
RITA:"Você me disse aquele dia, depois daquele dia?"
RICARDO MOTA:"Não, eu falei na posse do TRE".
RITA:"E foi...E foi...Certo...Certo!"
RICARDO MOTA:"Preciso Averiguar... Eu falo com você pessoalmente... é bom talvez mais tarde dá
uma ligadinha pra ele...Pra ele bater um papo..ai eu disse: "olhe se eu não lhe procurar é porque eu tô
nessa correria...".
RITA:"Humm"
RICARDO MOTA:"De viajem..."Aí qualquer coisa a Doutora lhe procura, ai ele disse:"Tudo bem,
qualquer coisa a gente bate um papo, mai fique tranquilo a gente resolve..." Ele disse...'.
RITA:"Pronto,certo".
RICARDO MOTA:"Ele disse isso mais nada, é bom mais tarde lá pra meio dia você dá uma ligadinha...".
RITA:"Pronto, tá certo".
RICARDO MOTA:"Diga que falou comigo, disse que encontrou com você se tem uma posição pra gente
bater um papo e tal, porque ele também tá numa vida meio corrida e que eu também não quero mostrar
muito interesse não!"
RITA:"Não...não...Também não é interessante não como PAULO diz, não adianta...É...!"

48/238
RICARDO MOTA:"Valorizar demais não...".
RITA:"Exatamente...Isso!"
RICARDO MOTA:"Mais é bom você dá uma ligada pra ele...Viu".
RITA:"Isso..Tá combinado...Até mais tarde".
RICARDO MOTA: "Tá bom! Fica com DEUS".
RITA:Até mais tarde!"

A migração da sede física da organização criminosa do Escritório da Jaguarari para a


Sede da AL/RN da Rua Jundiaí foi confirmada por GUTSON JOHNSON ( cf. depoimento por volta
de 01:04:30).

Por fim, LUIZA DE MARILAC, no período compreendido entre 2006 a 2011, foi deslo-
cada estrategicamente do Setor de Recursos Humanos para a Procuradoria da AL, centro nervoso
do órgão e de onde saíam todas as diretrizes para a inclusão de pessoas na folha de pagamento
de forma fraudulenta. Em razão de ter ocupado a Coordenação de Recursos Humanos nos anos
de 1997 a 2005, detinha profundo conhecimento da estrutura de cargos existente na Assembléia,
elaborando, juntamente com MARLÚCIA MACIEL, uma folha de pagamento paralela que era utili-
zada para desviar recursos públicos. Em novembro de 2011, retornou para a Coordenadoria de
Recursos Humanos perpetuando doravante o esquema criminoso outrora implantado na Procura-
doria – inclusive mantendo o rigoroso controle da distribuição dos cargos por meio de planilhas,
muitas delas localizadas em sua mesa de trabalho e no interior de seu computador.

Especificamente no que concerne a uma das planilhas encontradas arquivadas no


computador utilizado pela Coordenadora do Setor de Recursos Humanos, foi encontrado o arqui-
vo H.E Xls., dentro de uma pasta nominada FANTASMA FILME11 conforme pequena amostra re-
tratada na imagem a seguir:

11 Arquivo encontrado na evidência A087MD001 (Arquivo/1/


[root]/Users/LuizadeMarillac/Desktop/hd/fantasmafilme/HExls

49/238
Essa planilha consolida uma extensa relação de pessoas nomeadas e as respectivas
indicações, consistindo em notável evidência da colocação de “fantasmas” na Folha de Pagamen-
to da Assembleia Legislativa, para acomodação de interesses políticos.

Adiante, a apenas a título exemplificativo, segue cópia de outra planilha encontrada na


posse LUIZA DE MARILLAC por ocasião da busca e apreensão realizada no dia 20/08/2015 no
setor de Recursos Humanos da AL/RN:

Atente-se para o detalhe abaixo, constante no meio da planilha acima referenciada,


pois há algumas anotações como “prob.” (problema), bem como “não tem pasta”. De fato, pode-se
observar nas pastas localizadas no setor de Recursos Humanos que várias delas não possuem
qualquer documento referente às pessoas nomeadas, corroborando as anotações subscritas na
tabela:

50/238
Em longo depoimento prestado LUIZA DE MARILAC reconheceu que ignorava total-
mente a quantidade de gratificações flutuantes existentes no órgão. Segundo ela, era sua função
apenas receber o ofício com a indicação do futuro servidor, elaborar a portaria de nomeação, re-
metendo-a para o NAPP - que era o setor responsável pela inclusão da folha -, cabendo ao finan-
ceiro elaborar o cheque e remeter ao Banco SANTANDER.

Reconheceu ainda que sabia da existência de diversas gratificações controladas pelo


Setor Financeiro que à época era comandado por RODRIGO MARINHO.

A todo tempo, LUIZA DE MARILAC buscava se esquivar de qualquer responsabiliza-


ção, sempre ressaltando que somente executava ordens. Entretanto, a investigação amealhou im-
portantes provas no sentido de que MARILAC não só tinha amplo conhecimento do esquema de
desvio de recursos públicos como dele participou, conferindo ares de legalidade ao estratagema.
Uma das provas mais contundentes do que ora se afirma fora encontrada no interior de seu com-
putador, uma pasta cujo nome não poderia ser mais simbólico: “FANTASMA FILME”.

Não bastasse isso, o réu colaborador GUTSON JOHNSON revelou que MARILAC era
presença constante da R&R ADVOCACIA, exatamente para tratar com RITA DAS MERCÊS a res-
peito da “folha de pagamento paralela”:

GUTSON JHONSON: MP: Pronto.... Era isso que eu queria saber... então
ela chegava a receber também outras pessoas da.... GUTSON: Outros fun-
cionários da AL... MP: Marlúcia.... GUTSON: Marilac.... era.... o menino
que era da CCI... Mazo, Mazo... tem o sobrenome de Mazo MP: Antonio
Mazzo? GUTSON: Antonio Mazzo.... exatamente. MP: O que é que Marlu-

51/238
cia e Marilac iam fazer lá? GUTSON: Marlucia e Marilac iam resolver
questões... geralmente lá para resolver questões sobre folha de pa-
gamento... porque a folha de pagamento da Assembléia quando chegava
- isso já foi relatado por mim em outro depoimento - é.... tinha uma parte
duma folha de pagamento que era feito lá na assem.... lá dentro do escri-
tório.... sentava Marlucia, Marilac e o Pedro Alves.... também levava uma
relação de pessoas.... Pedro Alves que o assessor do Presidente Ricardo
Mota.... levava uma relação de nomes para ser implantado nessa folha da
Assembléia.... então a folha da Assembléia era feita num notebook de Mar-
lucia dentro do escritório da R&R.... MP: Então.... essa.... o que é que você
tá me falando.... então.... que havia uma folha de pagamento paralela?
GUTSON: Tinha.... MP: Que rodava dentro do notebook de Marlucia?
GUTSON: De Marlucia.... Exatamente.... MP: É.... E essa folha rodava
no.... lá na R&R? GUTSON: É... Geralmente na R&R... Pode ter sido feito
em outros cantos mas R&R eu presenciei algumas vezes, ne? Porque eles
tinham... é... uns papeis que vinham digitado... então ela passava esses...
esses.... essas pessoas e sempre com um asterisco ou dizendo de quem
era aquela pessoa, de qual deputado seria aquele cargo, ne? Depois tudo
era batido com o Presidente da Assembléia... 5 cargos era do Deputado x,
5 cargos do deputado y... então era batido.... MP: Então, Marlucia e Mari-
lac iam para a R&R é.... para operacionalizar essa questão dessa folha
paralela? GUTSON: Correto.” (...)
(...)
Por que que Marilac ia? GUTSON: Marilac era.... além de ser uma pes-
soa de confiança – acredito - delas, era uma pessoa que trabalhava
no RH, ficava com essa função de distribuir... de, de... de pincelar,
de,de.... de analisar as folhas para não ficar um nome repetido prá
não sair, ne? E era uma pessoa de confiança tanto da Rita como do
Rodrigo Marinho.

Como contrapartida à adesão ao esquema criminoso, LUIZA DE MARILAC inseriu na


folha de pagamento pelo menos três pessoas intimamente ligadas ao seu círculo pessoal: seus
dois filhos RAFAELA QUEIROZ PEIXOTO e RENATO QUEIROZ PEIXOTO12, além de CÁSSIA
CRISTINA MARTINS DA SILVA, filha de uma antiga empregada doméstica de sua família.

Constatou-se ainda que outra filha de MARILAC, MARIANA QUEIROZ PEIXOTO, foi
também beneficiária de cheques sem que se tenha notícia de qualquer vínculo oficial da mesma
com a AL/RN.

12 Constou na DIRF da AL/RN no ano de 2009 como tendo recebido a quantia de R$ 16.812,63

52/238
No bojo do material apreendido na mesa de LUIZA DE MARILAC, ainda foi encontrada
uma procuração de BRENO VICTOR LUZ CÂMARA 13 concedendo amplos poderes para movi-
mentar a sua conta no Banco SANTANDER. A condição de procuradora de RAFAELA, CASSIA e
BRENO foi corroborada pela documentação remetida pelo SANTANDER.

13 Consta na DIRF nos anos de 2012 e 2013

53/238
FRENTE:

VERSO:

54/238
No depoimento prestado ao Ministério Público, MARILAC negou que MARIANA e RE-
NATO tenham trabalhado na AL/RN, não sabendo esclarecer a razão pela qual ambos tenham
sido remunerados pelo Órgão Legislativo, nem tampouco a razão de terem ocorrido diversos
créditos em sua conta-corrente oriundos da Assembleia, apesar de receber seus vencimentos
através da modalidade de cheque salário14.

Todos esses elementos indicam firmemente que LUIZA DE MARILAC aderiu à organi-
zação criminosa, não só arregimentando novas pessoas para o esquema como inserindo-as em
uma folha de pagamento paralela – ainda que de maneira formal – nos quadros da AL/RN, fase
preliminar imprescindível para o desvio dos recursos públicos.

RITA DAS MERCÊS, MARLÚCIA, RODRIGO e LUIZA DE MARILAC, como se perce-


be, compunham o quarteto responsável pela gestão administrativa e financeira do Poder Legislati-
vo Estadual e, valendo-se da posição estratégica que ocupavam, se estruturaram em forma de
uma organização criminosa que desviou, em proveito próprio e em favor de terceiros arregimenta-
dos para o esquema, recursos do erário estadual.

14 Esses depósitos aleatórios oriundos da AL/RN efetuados na conta de LUIZA DE MARILAC são da ordem
de R$ 58.060,21

55/238
O núcleo central da organização criminosa, o qual será alvo desta primeira denúncia,
se perfectibiliza com a adesão de PAULO DE TARSO FERNANDES, OSVALDO ANANIAS
PEREIRA JÚNIOR e ANA PAULA DE MACEDO MOURA.

O primeiro deles, ex Deputado Estadual15 e ex- Secretário Chefe do Gabinete Civil do


Governo do Estado do RN (no Governo de Rosalba Ciarlini), é amigo pessoal de Rita das Mercês
e a quem ela sempre se consulta sobre assuntos de cunho jurídico, pelo que se infere da quebra
de sigilo telemático requerida, em que PAULO DE TARSO é recorrentemente consultado, sendo
responsável por elaborar defesas administrativas e judiciais em grande parte de processos de
interesse da AL/RN, os quais eram subscritos por Rita das Mercês, na qualidade de Procuradora-
Geral da AL/RN.

Em matéria jornalística elaborada pelo portal de notícias da AL/RN16, PAULO DE


TARSO é definido da seguinte forma:

Deputado por três mandatos, o último no período de 1987-1990, quando foi


constituinte, o advogado e jurista PAULO DE TARSO Fernandes tem uma
longa e tradicional relação com a Casa, que remonta a um tempo anterior
ao vivenciado por seus pais, Maria do Céu Fernandes, primeira deputada
do Estado (1935-1937), e Aristófanes Fernandes, legislador por dois
mandatos e constituinte (1947-1950). Esta ligação vem desde a primeira
legislatura, quando o parlamento foi instalado, em 2 de fevereiro de 1835:
o padre acariense Tomás Pereira de Araújo, que participou da primeira
legislatura, era parente de sua mãe. PAULO DE TARSO é testemunha e
partícipe de significativos períodos desta história: um dos três mandatos
que exerceu coincidiu com os 150 anos de instalação da Assembleia.

O vínculo decorrente do exercício de mandato parlamentar cessou há mais de 25 anos


e, apesar disso, PAULO DE TARSO permaneceu recebendo recursos da AL/RN, sob a
modalidade de advogado contratado, mesmo o órgão contando com uma Procuradoria atuante em
sua estrutura.

Por meio do acesso aos e-mails de RITA DAS MERCÊS (no. 125), obteve-se a minuta
de um Contrato de Prestação de Serviços a ser celebrado entre a Assembleia Legislativa e
PAULO DE TARSO, ainda no ano de 2008, 17 cujo objeto e valor estão descritos nas cláusulas

15 Deputado por 3 mandatos, o último no período de 1987 a 1990, oportunidade em que atuou como
parlamentar constituinte.
16 Disponível em: http://www.al.rn.gov.br/portal/noticias/4593/180-anos-entrevista-com-o-ex-deputado-paulo-
de-tarso-fernandes. Acesso em 06/03/2017.
17 O vínculo de PAULO DE TARSO com a AL/RN perdura até os dias atuais. O Contrato no. 104/2015,

56/238
abaixo:

CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO

O presente contrato tem por objeto a contratação de prestação de serviços técnico


especializado na área do direito constitucional e administrativo, especialmente no que
diz respeito a acompanhamento processual junto ao Supremo Tribunal Federal, em
processos de interesse do Poder Legislativo do Estado do Rio Grande do Norte,
obrigando-se, o CONTRATADO a prestar seus serviços profissionais na defesa dos
direitos da CONTRATANTE, desincumbindo-se com zelo e atividade do seu encargo
no Tribunal acima mencionado.

CLÁUSULA SEGUNDA – DO PREÇO

Em remuneração desses serviços a CONTRATANTE se obriga a pagar ao


CONTRATADO, pela execução dos serviços, ora contratados, a importância total de
R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais).

Há que se ressaltar, entretanto, que PAULO DE TARSO exorbitou no lastro


estabelecido pelas sucessivas contratações com o órgão legislativo. Ele foi além, revelando-se o
responsável por conferir suporte jurídico aos propósitos da organização criminosa, consoante
minudentemente descrito por GUTSON JOHNSON:

MP: Certo..... O senhor chegou alguma vez a presenciar o Sr. PAULO DE


TARSO nessas reuniões também? GUTSON: Não... nessas reuniões sobre
folha, não.... ela ia as vezes tratar sobre... por exemplo... chegava um
ofício do MP para fazer alguma resposta... então Dr. Paulo trazia para
lá... ficava numa sala e fazia lá as respostas que deveria ser
encaminhadas ao MP... aí por várias vezes aconteceu isso aí... com
relação a folha de pagamento, não.... mas de problemas da
Assembléia, problemas do Presidente... aí ele se dirigia ao escritório,
no próprio escritório ele redigia as respostas aos ofícios.... como eu já
falei antes.... nada saía.... MP: Você sabe dizer qual o vínculo de PAULO
DE TARSO com a Assembléia: GUTSON: O vínculo eles tinham uma
pessoa... um laranja que eu não me recordo o nome que recebia esse
valor e passaria para ele, NE? E.... passagens também eram compradas
através da Assembléia, que ele morava no Rio... passagens eram
compradas da Assembléia também... através.... MP: Mas o senhor não
sabe dizer se ele tinha algum contrato de prestação de serviços?
GUTSON: Não.... não sei dizer... acredito que não.... acredito que não....
MP: E por que é que ele não comparecia – se o Sr. Sabe dizer - por que
se responder esses ofícios, ne?... do Ministério Público eram questões....
é.... questões.... como é que eu vou dizer.... institucionais... Por que ele
não ia lá no gabinete dela na Assembléia? Ia na R&R? GUTSON: Eu não
sei... não sei se ele não tinha um vínculo direto com a Asselmbléia, talvez
por conta disso.... ele não assinava nada.... ele geralmente fazia a peça
e ela era quem respondia, NE? Ele quem digitava o texto, ele quem
fazia... acredito que por ele não ter nenhum vínculo direto com a
Assembléia... MP: Entendi.... Então ele comparecia com essa
celebrado mediante inexigibilidade de licitação pela quantia de R$ 180.000,00 ( cento e oitenta mil reais)
ensejou a instauração do Inquérito Civil 007/2016 por parte da Procuradoria-Geral de Justiça.

57/238
finalidade... GUTSON: Com essa finalidade. MP: Ele fazia... ele
confeccionava a roupagem jurídica das respostas... GUTSON: Isso...
Exatamente.... MP: Para Dra. Rita assinar GUTSON: Correto. MP:
Entendi (…).

Por volta de 01: 27:00 do depoimento de GUTSON JOHNSON, o mesmo revela ainda
que na época da criação do Portal da Transparência, a orientação de PAULO DE TARSO –
acatada por Rita das Mercês e pelo então Presidente da AL/RN – era dificultar ao máximo o
acesso às informações ali constantes por parte do Ministério Público e do cidadão comum.
Ademais, em razão de uma diretriz sua, os funcionários irregulares foram inseridos numa “folha
paralela”, que ficava à margem de qualquer publicização.

No mesmo depoimento, GUTSON JOHNSON relata que, por muitas vezes, RITA DAS
MERCÊS externou o desejo de remeter ao Ministério Público a relação integral dos funcionários
da AL/RN, - pressionada pela quantidade de ofícios requisitórios – mas PAULO DE TARSO
sempre era terminantemente contra ( cf. trecho por volta de 01:26:00)

A adesão de PAULO DE TARSO ao pacto criminoso possibilitou que o mesmo fosse


aquinhoado com a possibilidade de nomear diversas pessoas vinculadas diretamente a ele.

A planilha de excel com o sugestivo nome “FANTASMA FILME”, encontrada no compu-


tador utilizado por LUIZA DE MARILAC no Setor de Recursos Humanos da AL/RN, continha a se-
guinte relação de servidores vinculadas ao nome de PAULO DE TARSO:

202579 FRANCISCO ARAUJO DE CARVALHO AG LEGISLATIVO 2.1 PAULO DE TARSO


202537 JOAO EUDES DE SOUZA AG LEGISLATIVO 2.1 PAULO DE TARSO
MARIA DA APRESENTACAO SOARES DE
202675 MELO AG LEGISLATIVO 2.1 PAULO DE TARSO
202291 ROGERIO CESAR M ALVES ASS T PRESIDENCIA I PAULO DE TARSO
201715 LUCIMAR CIRIACO DA CRUZ ARAUJO ASS T PRESIDENCIA II PAULO DE TARSO
ZELIA DE OLIVEIRA FREIRE CANTO ME-
201987 NEZES ASS T PRESIDENCIA II PAULO DE TARSO
202501 JOSE IRAILSON DE ALMEIDA CAMARA GANS-1 PAULO DE TARSO
203551 DEYVID TRAJANO DO NASCIMENTO OF GAB PRESIDENCIA PAULO DE TARSO
SEC PART.PRESIDEN-
201253 RENATA FERNANDES PAIVA CIA PAULO DE TARSO
SECRETARIO EXECUTI-
203550 DIANA DO NASCIMENTO SILVA VO PAULO DE TARSO
TECNICO PROC DA-
200237 ARMANDO FERNANDES FILHO DOS PAULO DE TARSO
Ademais, PAULO DE TARSO e RITA DAS MERCÊS nutriam uma antiga amizade que
não arrefeceu mesmo com a mudança dele para o estado do Rio de Janeiro. O acesso às contas
de email de RITA DAS MERCÊS revelou que PAULO DE TARSO confiou à Rita a reforma de sua

58/238
casa de veraneio na praia de Caraúbas no litoral norte potiguar, e-mail ( 2318) enviado pelo profis-
sional responsável pela reforma a RITA, inclusive com fotos:

Pinturas – Gilson Cosme de Vasconcelos - ME


Rua: Esteio Nº:13 Cidade da Esperança Natal RN CEP:590.71470
Tel: 3205.2562 / 94315538 / 87049334
CNPJ:03.595.475/0001-66

Dra: Rita

como prometido ai estão as fotos da casa de praia de caraúbas depois de pronta

qualquer dúvida entre em contato

atenciosamente:
Gilson Cosme de Vasconcelos

FELIZ ANO NOVO!!!!!!!!

Em seu depoimento, GUTSON JOHNSON, por volta de 01:19:20, aborda essa amiza-
de entre RITA DAS MERCÊS e PAULO DE TARSO e faz expressa menção a essa reforma da
casa de praia em Caraúbas, a qual foi acompanhada com interesse pelo então Presidente da As-
sembleia, Ricardo Mota, destacando que os pagamentos dos funcionários envolvidos foi efetuado
por RODRIGO MARINHO na sede da R&R ADVOCACIA.

Note-se que, não por acaso, o mesmo PAULO DE TARSO que recorrentemente é con-
sultado por Rita das Mercês para assuntos de todo o gênero e que dizem respeito à Assembleia
Legislativa, inclusive sobre a adaptação do pagamento de gratificações, é o mesmo que demanda
uma série de pedidos de acomodação de pessoas do seu círculo pessoal. Ou em outras palavras:
PAULO DE TARSO ajudou a construir o arcabouço normativo da AL/RN no tocante à gestão de
pessoas, dele se beneficiando anos depois.

As ditas indicações, segundo consta em outro e-mail recebido na caixa de mensagens


de Rita das Mercês, onde existe em anexo uma tabela para publicação do Portal da Transparência
do mês de Agosto de 2014, foram prontamente atendidas, tanto em cargos comissionados, como
também nas ditas “gratificações flutuantes”, ou seja, pagas a quem não pertencia aos quadros dos
servidores efetivos, senão vejamos:

59/238
From: PAULO DE TARSO Fernandes <timbacara@hotmail.com>
Subject:TRANSPARÊNCIA
To: RITA <rita_das@uol.com.br>;
Data: 01/08/2014 12:08

Doutora:

Algumas pendências/pedidos do meu público, para seu exame:

1. Irailson diz que não recebe auxílio-alimentação, que os demais recebem: José
Irailson de Almeida Câmara.

2. Maria da Apresentação Soares de Melo (filha do caseiro) pede pagamento de férias.

3. Kleybson Alcântara Soares (neto do caseiro): tínhamos falado em mil reais para
estudo em Natal. Diz que só recebe seicentos e pouco. Tem jeito?

4. Meu décimo: como no ano passado, não saiu. Ano passado falei com você e foi
resolvido. Também tem jeito?

5. Finalmente, Renata: está cheia de problema, muito deprimida, e está no Rio em


tratamento. Ficou preocupada em dar uma satisfação, e mandou atestado médico, que
vou pedir a Magnus para lhe entregar.

Beijo.

Paulo

Destaque-se que em consulta realizada à tabela anexa ao e-mail intitulado “Planilha Por-
tal da Transparência”, referente ao mês de Agosto de 2014”, enviado por Marlúcia Maciel <marluci-
te@hotmail.com> à Procuradora Rita, (dados estes que para serem fornecidos no sítio eletrônico da
Assembleia Legislativa demandam a identificação do solicitante), foram extraídos os dados 18 a seguir
dos “apadrinhados” de PAULO DE TARSO:

18 Tabela constante em anexo de e-mail encontrado na caixa de mensagens de Rita das Mercês Reinaldo,
e cujos dados foram editados para que pudessem ser expostos na presente peça.

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Já em consulta realizada ao CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desemprega-
dos Mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em que pese José Irailson de Almeida Câmara
figurar nos quadros funcionais da Assembleia Legislativa, consta um vínculo simultâneo na Prefeitura
de Santana do Matos/RN, município distante 170 km de Natal/RN:

Por sua vez, Kleybson Alcântara Soares, neto do caseiro de PAULO DE TARSO, não
possui registro no CAGED. Em arremate, Maria da Apresentação Soares de Melo, filha do caseiro,
possui vínculo com a Assembleia Legislativa desde 02/05/2012, não obstante o fato de ser domicilia-
da no município de Maxaranguape/RN (Maracajau), segundo fontes do próprio CAGED e do INFO-
SEG.

Tal pleito de acomodação “do seu público” formulado por PAULO DE TARSO a RITA
DAS MERCES não foi um evento isolado. Isso porque, ainda em 2011, consta outra mensagem
em que a Procuradora-Geral informa sobre pagamentos efetuadas a pessoas vinculadas a PAU-
LO DE TARSO:

From: rita <rita_das@uol.com.br>


Subject:pessoal
To: PAULO DE TARSO Fernandes <timbacara@openlink.com.br>
Data: 22/02/2011 10:00
Querido Paulo,

Consegui localizar estas pessoas:

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Olindina Coelli Pereira ................R$ 5.927,50
Renata Fernandes Paiva.............R$ 5.927,50
Patricia Fernandes Paiva.............R$ 5.927,50
Armando Fernandes Filho............R$ 3.959,23
Judite Amorim........................... R$ 3.556,50
Jose Laurimar Assunção..............R$ 3.556,50
Adriana Medeiros Andrade...........R$ 1.000,00
Malfiza Medeiros de Andrade........R$ 1.000,00
Renata Fernandes Paiva..............R$ 1.000,00

Importa ressaltar que do cotejo feito entre a lista de servidores de agosto de 2014, obti-
das através da quebra de sigilo telemático, foi possível perceber que dois deles ainda percebem re-
muneração pela Assembleia Legislativa, sendo Renata Fernandes de Paiva 19 e Armando Fernandes
Filho20.

Destaque-se, ademais, no que diz respeito à pessoa de Malfiza Medeiros de Andrade,


não foi possível identificar exatamente qual o vínculo existente entre ela e PAULO DE TARSO. Con-
tudo, sabe-se que se trata da titular da linha telefônica (84) 99875904 recorrentemente utilizada por
ele para entrar em contato com Rita das Mercês, durante o período da interceptação telefônica, con-
forme os áudios 602770, 603485, 604820, 706014, 714851, 753042, 765527.

Cumpre destacar ainda que a prática de inserir novas pessoas vinculadas a PAULO DE
TARSO na folha da AL/RN permaneceu pelo menos até o ano de 2015. Na ligação abaixo transcrita,
PAULO DE TARSO e RITA tratam a respeito da inclusão na folha de pagamento de uma pessoa de
nome MATEUS, além de uma enfermeira a quem não nominam. Na oportunidade, RITA indaga a
LUIZA DE MARILAC se todas as providências burocráticas foram atendidas:

Chamada do Guardião
2535181.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)999539191 IMEI:ND
Data da Hora da
Telefone do
Chamada:13/ Chamada:13:0 Duração:336 Relevância:Alta
Interlocutor:84999875904
08/2015 9:00
Transcrição:(RITA X PAULO DE TARSO)

RESUMO A PARTIR DO MINUTO 00:03:45

PAULO DE TARSO diz que fez um e-mail sobre o assunto da enfermeira e diz ainda que vamos assumir
aquele assunto. RITA diz que está com a documentação de MATEUS e vai mandar deixar no
apartamento de PAULO. PAULO diz que pode deixar, pois já vai amanhã e quando eu vier na próxima
semana já traz assinado. PAULO pergunta se já foi publicado. RITA diz que sim e pergunta para uma
pessoa ao lado (LUIZA). PAULO diz que é pra ver se entra na folha. RITA diz sim, e que é só para
implantação e colocar no processo.

19 Secretária Particular da Presidência (Portal da Transparência - dez/2016)


20 Técnico de processamento de dados (Portal da Transparência - dez/2016)

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PAULO DE TARSO: "Agora outro assunto, eu lhe fiz uma, um e-mail já sobre o negócio da enfermeira".
RITA: "Sim".
PAULO DE TARSO: "Dê uma olhada, por que".
RITA: "Pronto, certo".
PAULO DE TARSO: "Porque, porque, VAMO ASSUMIR ali, ali, aquele, aquele...".
RITA: "Certo".
PAULO DE TARSO: "Vamo estribuchar".
RITA: "Tá certo. Outra coisa, é, é já no primeiro processo que pegaram (Incompreensível) Água Nova,
descobriram que tinha primeiro...criaram o distrito e depois criaram o do Município. Eu pedi a
CLAUDINHA pra relacionar se era distrito".
PAULO DE TARSO: "Eu acho que tudo...".
RITA: "Né".
PAULO DE TARSO: "Tiver no processo".
RITA: "Tiver no processo".
PAULO DE TARSO: "Registrar, aí depois vai e filtra, né. Aí filtra".
RITA: "Filtra, né".
PAULO DE TARSO: "Aí pra salvar no distrito aí é bom, porque aí...".
RITA: "É bom, porque já monta a história ".
PAULO DE TARSO: "É conta a história já, vem de lá".
RITA: "Vem de lá, isso. Outra coisa, eu tou com a documentação de, de, de como que é, do seu...de
MATEUS".
PAULO DE TARSO: "Sim".
RITA: "Que tem que assinar, certo. Aí eu acho bom mandar deixar no teu apartamento".
PAULO DE TARSO: "Mande deixar, aí eu vou aproveitar, porque eu vou amanhã ".
RITA: "Certo".
PAULO DE TARSO: "Aí quando eu vem a semana que entra, aí eu já trago".
RITA: "Pronto, aí você já trás assinado".
PAULO DE TARSO: "Mais já foi publicado, já, já foi...?"
RITA: "Já, tá organizado, no tá LUIZA".
PAULO DE TARSO: "Já tá valendo?"
RITA: "Tá tudo. É, falta só isso colocar no processo, sabe. Aí você leva".
PAULO DE TARSO: "Pra ver se entra na folha, né".
RITA: "É, isso, isso. 'Já foi para implantação, já LUIZA', já, foi pra implantação, é só pra botar no
processo pra não ficar faltando nada no processo".
PAULO DE TARSO: "Tá ótimo, então, você...".
RITA: "Tá certo?"
PAULO DE TARSO: "Se você mandar deixar lá, por que".
RITA: "Eu vou mandar lá. Eu vou mandar deixar no seu apartamento".
PAULO DE TARSO: "Qualquer coisa eu ainda tou aqui até amanhã de meio dia, viu".
RITA: "Pronto, mais eu mando deixar hoje".
PAULO DE TARSO: "Agora olhe aí esse e-mail que fiz o negócio da enfermeira".
RITA: "Sim".
PAULO DE TARSO: "Eu vou le mandar outo que eu já fiz o negócio do Deputado CARLOS, ".
RITA: "Pronto".
PAULO DE TARSO: "CARLOS MAIA, viu pa, pa".
RITA: "Tá certo".
PAULO DE TARSO: "Pra quando o Presidente chegar, você tá par".
RITA: "Pronto, combinado, tá certo".
PAULO DE TARSO: "Daqui, daqui a pouco eu mando que eu tou indo pra casa ".
RITA: "Tá bom, ok, vá".
PAULO DE TARSO: "Beijo".
RITA: "Tá, tchau!"
Comentário:RITA comenta com PAULO DE TARSO sobre um processo e a documentação de
MATEUS.

A documentação a qual os interlocutores ora denunciados se referiam é supostamente


à nomeação de MATHEUS FERNANDES DE PAIVA PEREIRA (supostamente sobrinho neto de
PAULO DE TARSO PEREIRA FERNANDES), haja vista ter sido localizado numa pasta de arquivo

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A-Z, preta, do NAAP – nominada como D - Diversos – 2015 - 12 (durante a busca e apreensão
realizada no setor), uma Declaração subscrita por PAULO DE TARSO PEREIRA FERNANDES,
datada de 27/07/2015, no sentido de que a pessoa de MATHEUS FERNANDES DE PAIVA PEREI-
RA residiria em seu endereço, situado à Praia de Caraúbas/RN. Imediatamente em seguida (na
dita pasta), consta outra declaração da Coordenadora do NAAP, Marlúcia Maciel Ramos de Olivei-
ra, cujos termos afirmavam que a pessoa de MATHEUS PAIVA havia apresentado declaração ao
núcleo de pagamentos afirmando residir na praia de Caraúbas:

Em seguida, foi expedido o Memorando n.º 725/15 – CRH, encaminhado pela então
Coordenadora do Setor, LUÍZA DE MARILAC, à Secretaria de Administração, solicitando a implan-
tação em folha de pagamento no mês de agosto de 2015 o referido servidor.

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Já no mês agosto de 2015, MATHEUS FERNANDES DE PAIVA PEREIRA passou a fi-
gurar na folha de pagamento da AL/RN, ocupante do cargo comissionado de Oficial de Gabinete
da Presidência21:

21 Disponível em: http://transparencia.al.rn.leg.br/transparencia/servidores.php. Acesso em 02/03/2017.

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A partir das informações extraídas das diversas listas apreendidas na Procuradoria da
Assembleia, Recursos Humanos e NAPP amealhou-se uma extensa relação de servidores inseri-
dos na folha de pagamento e que possuíam vinculação com PAULO DE TARSO, conforme discri-
minado abaixo:

NOME ANOTAÇÃO LOCAL DA APREENSÃO


JOSÉ IRAILSON DE ALMEIDA CÂMARA (SANTANA DO Procuradoria da AL
MATOS)
FRANCISCO ARAÚJO DE CARVALHO - Procuradoria da AL

FRANCISCO ASSIS DE ARAÚJO - Procuradoria da AL

MARTA GEÍSA DA SILVA - Procuradoria da AL

DIANA NASCIMENTO SILVA22 - Procuradoria da AL

DEYVID TRAJANO DO NASCIMENTO - Procuradoria da AL

LUCIMAR CIRÍACO DA CRUZ ARAÚJO23 - Procuradoria da AL

MARIA NEIDE COSTA AMARO - Procuradoria da AL

MATEUS FERNANDES DE PAIVA (CPF - PASTA DO NAAP


157.471.657-39)

JOÃO EUDES DE SOUZA (LISTA COM O Procuradoria da AL


NOME CASA)
JOSÉ ARAÚJO DIAS (LISTA COM O Procuradoria da AL
NOME CASA)
MARIA DA APRESENTAÇÃO SOARES (LISTA COM O Procuradoria da AL

22 Consta como Diana do Nascimento Silva


23 Mãe de Lardjane Ciríaco. Ex Prefeita de Santana do Matos

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DE MELO NOME CASA)

ROGÉRIO CÉSAR M. ALVES - Procuradoria da AL

THIAGO JOSE DE MELO - Procuradoria da AL

VLADIMIR PESSOA DE LIMA - Procuradoria da AL

ANA KARINA DA SILVA ARAÚJO24 - Procuradoria da AL


JOSÉ IRAILSON DE ALMEIDA CÂMARA (ANOTAÇÃO Procuradoria da AL
SANTANA DO
MATOS)
MARTA GEÍSA DA SILVA - Procuradoria da AL
MARIA NEIDE COSTA AMARO - Procuradoria da AL
JOÃO EUDES DE SOUZA (LISTA COM O Procuradoria da AL
NOME CASA)
JOSÉ ARAÚJO DIAS25 (LISTA COM O Procuradoria da AL
NOME CASA)

MARIA DA APRESENTAÇÃO SOARES (LISTA COM O Procuradoria da AL


DE MELO NOME CASA)

RENATA DE SOUZA MEDEIROS - (LISTA DO ALVO 7-D –


CAMPO GADELHA RECURSOS HUMANOS,
VOLUME V)
RENATA MORGANA MIRANDA BRAZ - (LISTA DO ALVO 7-D –
RECURSOS HUMANOS,
VOLUME V)
JOSÉ LAURIMAR ASSUNÇÃO - (AGENDA 2009 -
PROCURADORIA);

ISABEL MAGNO DA CUNHA - (AGENDA 2009 –


PROCURADORIA);
REGINA FERNANDES ANOTAÇÃO: PRIMA(AGENDA 2009 –
DE PAULO DE PROCURADORIA
TARSO)

ZÉLIA DE OLIVEIRA FREIRE CANTO - LISTA PASTA AZUL


MENEZES PROCURADORIA) (LISTA
CONSTANTE DO VOLUME I
– RH)

ARMANDO FERNANDES FILHO - (LISTA CONSTANTE DO VOLUME I


– RH)

MARIA DA APRESENTAÇÃO SOARESOBS: SEM ATO,(LISTA CONSTANTE DO VOLUME I


DE MELO SEM – RH)
FREQUÊNCIA,
SEM NADA

RENATA FERNANDES DE PAIVA - Procuradoria da AL

MARIA CRISTINA DOS SANTOS - (LISTA CONSTANTE DO VOLUME I


– RH)

24 Consta Ana Karina Lopes da Silva Araújo


25 Consta um JOSÉ ARAÚJO ( CPF: 012.089.344-49) nos anos de 2013 e 2014

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ADRIANA MEDEIROS ANDRADE 26 - (AGENDA PRATA 2011 DA
PROCURADORIA – DIA 28/02)

MALFIZA MEDEIROS DE ANDRADE - (AGENDA PRATA 2011 DA


PROCURADORIA – DIA 28/02)

OLINDINA COELLI PEREIRA27 - (AGENDA PRATA 2011 DA


PROCURADORIA – DIA 28/02)

PATRÍCIA FERNANDES DE PAIVA - (AGENDA PRATA 2011 DA


PROCURADORIA – DIA 28/02)

JUDITE AMORIM - (AGENDA PRATA 2011 DA


PROCURADORIA – DIA 28/02

Outro membro do núcleo duro da associação criminosa é o Gerente do Banco SAN-


TANDER, OSVALDO ANANIAS, responsável por operacionalizar o esquema dos desvios dentro
da instituição financeira. Seria impossível subtrair a conduta do “mago véio”, como era jocosamen-
te chamado por RODRIGO MARINHO 28, do funcionamento da engrenagem criminosa, tendo em
vista que ele criou ao longo desses anos, no âmbito da agência por ele gerenciada, um ambiente
absolutamente fecundo à operacionalização dos desvios perpetrados.

O que se apurou, de maneira irrefutável, é que OSVALDO ANANIAS mantinha estreita


vinculação com a cúpula administrativa da AL/RN, tendo, inclusive, vínculos de vizinhança com al-
guns dos membros da organização criminosa, eis que detentor de uma unidade residencial no Con-
domínio Porto Veleiro, localizado na Praia de Pirangi do Norte, Parnamirim/RN, justamente onde
Rita das Mercês possui duas unidades.

Adiante, segue teor da mensagem eletrônica enviada por OSVALDO ANANIAS ao e-


mail do escritório de Rita das Mercês e que atesta o que está sendo referido acima:

26 Consta Adriana Medeiros de Brito


27 Segundo o Portal da Transparência do Senado Federal, a mesma mantém vínculo comissionado com o
órgão desde 2007.
28 No áudio n.º 666853 da quebra de sigilo telefônico.
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From: RR ADVOCACIA ASSESSORIA <rraac@hotmail.com>
Subject: FW: CONVOCAÇÃO PORTO VELEIRO 07/10/2014
To: rita_das@uol.com.br <rita_das@uol.com.br>;
Data: 25/09/2014 17:05
Date: Thu, 25 Sep 2014 11:06:25 -0300
Subject: CONVOCAÇÃO PORTO VELEIRO 07/10/2014
To: rraac@hotmail.com
CC: boletosinternorthvirtual@hotmail.com
From: boletos@internorthvirtual.com.br

CONVOCAÇÃO PORTO VELEIRO 07/10/2014

CONDOMÍNIO PORTO VELEIRO


, 25 de setembro de 2014
Unidade(s): B2-0208

Prezado RITA DAS MERCES REINALDO, segue em anexo o edital de convocação da


Assembleia Geral Extraordinária que se realizará no dia 07 de OUTUBRO de 2014 no
CONDOMÍNIO PORTO VELEIRO, situado à Rua Xisto Tiago de Medeiros, 100, Praia
de Pirangi, Pirangi do Norte, Parnamirim, RN.

Atenciosamente,

Oswaldo Ananias Pereira Junior


Síndico

Ademais, BRUNA PEREIRA TORRES29, filha de OSVALDO ANANIAS, figurou nos


quadros da AL/RN no ano de 2014, bem como ALBANIR PEREIRA, possivelmente sua tia, no
período compreendido entre 2008 a 2011. As provas constantes nos autos dão conta de que a
inserção de ambas foi feita de maneira fraudulenta e que nenhuma delas efetivamente trabalhava
na AL/RN.

O nome de BRUNA juntamente com o de seu pai Osvaldo foi encontrado em uma
anotação feita por RITA em uma agenda a ela pertencente, onde geralmente eram anotados
pedidos de nomeação/indicações para cargos30.

29 Disponível em http://transparencia.al.rn.leg.br/transparencia/servidores.php. Acesso em 02/03/2017.


30 Agenda azul empresa Elógica apreendida na Procuradoria (item 08 do auto de busca e apreensão –
Alvo 07D)

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Com efeito, no ano de 2014, BRUNA cursava a Faculdade de Enfermagem na
31
UFRN , inclusive estagiando na Maternidade Januário Cicco, conforme informações extraídas do
Portal da Transparência, o que impediria a mesma de desenvolver qualquer tipo de atividade na
AL/RN:

31 As disciplinas são ministradas nos turnos matutino e vespertino


(https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/curso/portal.jsf?id=2000023)

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Por sua vez, ALBANIR PEREIRA era aposentada por invalidez pelo INSS em que pese
ter constado na DIRF da AL/RN por 4 anos seguidos. A inserção de seu nome na folha de paga-
mento da Assembleia Legislativa, inclusive, acarretou a suspensão da aposentadoria pela mencio-
nada Autarquia Federal, conforme documentação apreendida na residência de Osvaldo32.

Na residência de RITA DAS MERCÊS foi apreendido manuscrito contendo o número


do caso no Sistema de Investigação de Movimentação Bancária (SIMBA) 33 e o nome de diversas
pessoas envolvidas na presente investigação . Essa informação de cunho sigiloso somente é dis-
ponibilizada a bancários para fins de fornecimento de informações requisitadas judicialmente. Tal
achado investigatório indica que OSVALDO ANANIAS teve acesso a tal informação e a comparti-
lhou com RITA DAS MERCÊS, o que só evidencia o seu total alinhamento com os propósitos da
organização criminosa.

Frente do documento:

Verso do referido documento, contendo o número do caso junto ao SIMBA – Sistema


de Investigação de Movimentações Bancárias do caso em comento:

32 Conforme ofícios 53/2012 e 338/2012 – APSNSUL constante no material apreendido – alvo 5.


33 Consolida em um sistema de informática as informações remetida pelas instituições financeiras no caso
de afastamento de sigilo bancário

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O desrespeito de OSVALDO ANANIAS à legislação referente ao sigilo dos dados ban-
cários, bem como às normativas do SANTANDER em razão de seu vínculo com a organização cri-
minosa ensejou inclusive a rescisão do seu contrato de trabalho por justa causa.

Nos autos da Reclamação Trabalhista34 movida por OSVALDO ANANINAS, o SAN-


TANDER carreou ao processo Relatório da Superintendência de Ocorrências Especiais elaborado
pelo Banco e que embasou a despedida do referido empregado, cujo trecho adiante se destaca:

Considerando o quanto apurado, aliado às informações prestadas pelos


funcionários ouvidos por esta GOI, restou patente a adoção generalizada
de práticas irregulares no pagamento de cheques emitidos pela Assem-
bleia Legislativa do RN, a servidores, considerando a existência de irregu-
laridades na cadeia de endosso, pagamento através de procurações (não
localizadas) e atendimentos sem a presença dos clientes, realizadas pelo
Gerente-Geral Oswaldo Ananias Pereira Júnior, onde este de posse de
cheques de “supostos” servidores, retirava os valores e se incumbia de en-
tregar-lhes pessoalmente os valores (nesses cheques havia a assinatura
do mesmo gestor, bem como informações sobre a destinação dos valores
de seu punho escritor.
Além desse fato que fere condutas normativas pertinentes ao pagamento
dos cheques, não observadas por esse gestor, haviam (sic) indicativos de
facilitação para os atendimentos, tendo em vista a fragilidade nas confirma-
ções quanto a existência ou não dessas pessoas, devido a forma como o

34 Processo 0000052-24.2016.5.21.0002) - 2ª. Vara trabalhista de Natal

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atendimento era prestado pelo GG Oswaldo (os cheques eram alocados
em envelopes e entregues a ele). Aparentemente ensejando, possível par-
ticipação no esquema montado para levantamento de recursos a dirigente
da Assembleia Legislativa, com a inserção de “servidores fantasmas”.
Situação que poderia ser evitada se ele, gestor, realizasse de forma ade-
quada e dentro das normas o pagamento dos referidos cheques, no caixa,
coma s devidas confirmações e se necessários seguindo a cadeia de en-
dosso. Fato conhecido do referido gestor, tendo em vista o tempo em que
atua em Instituições Financeiras.
Ao nosso ver, pela forma inadequada de trabalho em detrimento as
normas, corroborou para o êxito da fraude impetrada. (sic)

Em reforço, o SANTANDER alegou na peça contestatória que a demissão de OSWAL-


DO foi fundada na total quebra da fidúcia entre a empresa e o funcionário, haja vista o total des -
respeito deste às normas internas , o que ocasionou sérios prejuízos à instituição financeira.

Releva destacar alguns excertos específicos da contestação:

Do total analisado, 1493 cheques performando R$11.408.703,65, existe


irregularidade e em 726 cheques no valor total de R$4.362.266,13, as
irregularidades ignoradas pelo reclamante e apontadas pelo GOI foram:
1- Cheques pagos somente com aparente assinatura do cliente no verso, sem
qualquer identificação documental;
2- Cheques pagos por procuração, porém sem a existência destas, principalmente
com a Sra. Rita das Mêrces Reinaldo como favorecida – Procuradora-Geral e
principal envolvida na fraude;
3- Cheques pagos somente com anotação do RG no verso, porém sem assinatura
(endosso);
4- Verso dos cheques sem qualquer anotação ou mesmo cadeia de endosso;
5- Cheques pagos com anotações manuscritas, informando o nome da pessoa
que sacou os cheques;
TODOS OS CHEQUES QUE APRESENTARAM AS IRREGULARIDADES SUPRA,
FORAM AUTORIZADOS ATRAVÉS DA ASSINATURA DO RECLAMANTE,
DESCUMPRINDO VÁRIAS NORMAS INTERNAS DO BANCO.
Conforme informado supra, os pagamentos que eram realizados através de
procuração, após a liberação, cumpria ao reclamante encaminhar ao setor de
microfilmagem e arquivamento, contudo, foram encontradas apenas 66
procurações, porém, sem qualquer relação aos cheques que apresentaram
irregularidades e que foram liberados pelo reclamante, ou seja, as procurações

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dos cheques irregulares não foram encaminhadas para microfilmagem.
(…)
Ora excelência, não há qualquer razão para motivar o reclamante a proceder com
tamanha negligência em sair da agência com malotes no valor de R$70.000,00 a
R$100.000,00 mês, isso vai de encontro as normas mais basilares deste banco
reclamado.
Conforme pode ser verificado nos documentos em anexo, resta patente várias
atitudes negligentes do reclamante, as quais ocasionaram total quebra da fidúcia
do cargo.

Como se constata, o próprio SANTANDER reconhece de forma cabal a relevância da


atuação de OSVALDO ANANIAS dentro do contexto do esquema criminoso.

Ademais, ouvido perante o Ministério Público, GUTSON JOHNSON confirmou que, a


exemplo dos demais membros da organização criminosa, Osvaldo frequentava a sede da R&R
ADVOCACIA:

MP: Certo.... O senhor chegou a presenciar é..... a ida de Osvaldo do


Banco SANTANDER ao escritório da R&R? GUTSON: Sim, sim.... Ge-
ralmente para tratar com Rodrigo MP: Então era habitual a frequência
dele no... GUTSON: Habitual.... Não tão constante mas cheguei a vê-lo
umas 6,7,8 vezes lá no escritório.... sempre a tratar assuntos de contra-
tos.... eu não sei bem porque também era a portas fechadas que eles tra-
tavam mas umas 8 vezes eu cheguei a ver a presença dele lá. MP: Então
em resumo: Marlucia... é.... Marilac, Rodrigo, PAULO DE TARSO e Os-
valdo.... todos esses compareciam com frequência lá na sede.... GUT-
SON: Compareciam com frequência. MP: Na sede da R&R... GUTSON:
Com frequência.... Todos....

Por fim, ANA PAULA MACEDO DE MOURA integrava a organização criminosa como
uma agente operacional. Inicialmente, ANA PAULA foi levada ao Escritório da R&R pelas mãos de
Rodrigo Marinho já que ela possuía uma companheira que, à época, era Secretária do mesmo. Ao
longo dos anos, ANA PAULA foi conquistando a confiança dos demais advogados componentes
do escritório, especialmente de RITA DAS MERCÊS e de RODRIGO MARINHO, passando a cui-
dar diuturna e pessoalmente de atividades privadas dos sócios da R&R ADVOCACIA, bem como
de pessoas da família destes, gerenciando a caixa de e-mails do escritório
(<rraac@hotmail.com>), atendendo a demandas diversas, consoante se extrai de inúmeras men-
sagens eletrônicas existentes na caixa de mensagens de RITA DAS MERCÊS, bem como trechos
de diálogos obtidos mediante quebra de sigilo telefônico entre os interlocutores interceptados,
conforme destacado abaixo:

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From: rita <rita_das@uol.com.br>35
Subject: Fwd: Fatura mensal – Cartão Diners Out/2013
To: rraac@hotmail.com <rrac@hotmail.com>
Data: 03/10/2013 07:58

Bom dia,
Ana Paula,
por favor pagar a minha fatura: a senha é: ████. To mandando o dinheiro por ricardo.
Obrigada e bjs . rita
De: Diners - Fatura por email < faturaporemail@diners.com.br >
Enviada: Sexta-feira, 20 de Setembro de 2013 18:34
Para: rita_das@uol.com.br < rita_das@uol.com.br >
Assunto: Fatura mensal - Cartão Diners Out/2013
Diners

No e-mail abaixo, assim como em outros, ANA PAULA toma a frente de assuntos con-
tábeis pessoais de Rita das Mercês:

From: AB Contábil<abassessoriacontabil@hotmail.com>
Subject: Darf do Parcelamento do REFIS
To: RR Advocacia <rrac@hotmail.com>, rita_das@uol.com.br <rita_das@uol.com.br
Data: 22/08/2014 11:22

Ana Paula,
Este DARf terá de ser pago na segunda feira dia 25/08/2014.
Este parcelamento terá uma redução nos juros e multa do débito tributário da Dra Rita.
Emanuel Aguiar
Att,

AB ASSESSORIA CONTABIL
Setor Fiscal/Contábil
Telefones:(84) 3211-3286/8866-6999 OI
4 Anexos 2,2 MB

35 O conteúdo do presente e-mail foi editado única e exclusivamente para inserir caracteres especiais e
ocultar o número da senha fornecida, de modo a expor a numeração da senha informada, de uso
pessoal.

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Já nas mensagens seguintes, Ana Paula resolve questões atinentes aos filhos de
RITAS DAS MERCÊS, Gustavo e Raphaela:

From: rraac<rraac@hotmail.com>
Subject: Enc: SOLICITAÇÃO
To: navarroo@hotmail.com< navarroo@hotmail.com>, rita_das@uol.com.br
Data: 30/09/2014 11:53

Ana Paula Macedo de Moura


CONSULTORIA
Contato:(84) 9162-1121
-------- Mensagem original --------
De : Jarlene Andreza
Data:30/09/2014 10:12 AM (GMT-03:00)
Para: RR ADVOCACIA ASSESSORIA
Assunto: Re: SOLICITAÇÃO

Vou digitalizar e envio. Informo que a demora no envio de uma resposta decorre de
uma conversa com o proprietário em que fomos informados de que ele e o Marcelo
(pessoa que utiliza o imóvel) teriam acordado um novo valor de aluguel. Diante da in-
formação precisamos parar tudo e fazer a checagem, para que assim possamos envi-
ar os valores alterados para vocês para voltarmos as negociações.

Em 30 de setembro de 2014 10:03, RR ADVOCACIA ASSESSORIA <rraac@hotmail.-


com> escreveu:
Olá Jarlene, preciso que me envie, se possível, o contrato de locação em nome de
Gustavo!!!
Desde já agradeço!

Ana Paula Moura


--
Jarlene
Assessoria Juridica e Cobrança
Imobiliária Caio Fernandes
(84)4008-0001
(84) 9111-5030

76/238
From: ana moura<rraac@hotmail.com>
Subject: procuração tim Raphaela
To: Rita Reinaldo rita_das@uol.com.br
Data: 25/11/2013 14:53

Oi Dra Rita...segue anexo a procuração que a senhora solicitou!!


bjos
1anexo:procuração.doc 25,0 KB

A funcionária do escritório R&R Advocacia também é contatada e referida por telefone,


segundo dados obtidos através da quebra do sigilo dos investigados:

Chamada do Guardião
604134.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da
Chamada Hora da
Duração:4 Telefone do Interlocutor:0418491621121 Relevância:Nen
: Chamada:
3 huma
19/08/201 16:09:00
4
Transcrição:
ANA PAULA: "Oi Doutora"!
RITA: " ANA PAULA, recebi uma mensagem que esta aberto RN MOTORES, no dia 10 de agosto".
ANA PAULA: " Tá pago, vou ligar pra lá".
RITA: " Tá certo, tchau"!
Comentário:Nesse áudio, RITA liga para ANA PAULA pra saber do pagamento em aberto do RN
MOTORES.

Chamada do Guardião
658705.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da
Hora da
Chamada: Duração:3 Telefone do Interlocutor:0418491621121 Relevância:Nen
Chamada:
26/08/201 8 huma
16:07:00
4
Transcrição:RESUMO:
RITA liga e fala com ANA PAULA(possivelmente secretaria) e pede pra mesma ligar para
EMANUEL, diz que ele tinha marcado pra falar com MARLÚCIA e ainda não chegou.
Comentário:Nesse áudio RITA, pedi a ANA PAULA (possivelmente secretaria)para entrar em
contato com EMANUEL que ainda não chegou, pois o mesmo tinha marcado com MARLÚCIA.

77/238
Chamada do Guardião
618272.WAV
Alvo:Rodrigo Marinho Nogueira Fernandes
Mídia do Alvo:55(84)91623736 IMEI:012836004481430
Data da
Chamada Hora da
Duração:1 Telefone do Interlocutor:8491621929
: Chamada: Relevância:Alta
49
21/08/201 12:17:00
4
Transcrição:
RODRIGO:"Oi!".
DIOGO:"Painho...".
RODRIGO:"Diz!"
DIOGO:"Puta merda esqueci...Não! Aquela Ação do Telefone sabe, eu fui fazer aquela a AÇÃO ai tá
tudo no nome do RN né"?.
RODRIGO:"Tá".
DIOGO:"É porque quando a gente tava fazendo a ação aqui, ai ANA PAULA ligou dizendo que
RITINHA não queria que fizesse, que não sei o que ...Ai então converse com ela, quando você
encontrar com RITINHA conversa com ela e ver como vocês fazem...".
RODRIGO:"Tá bom".
DIOGO:"Converse com ela e me diga o fim da conversa".
RODRIGO:"Ah!Mais ela viajou, só vem de noite".
DIOGO:"Eu acho é porque ela não deve tá entendendo bem o que é sabe. Porque o que
MARRALA(?) disse que a ANA PAULA...ANA PAULA esta passando as conversas meio
diferentes viu Pai sabe".
RODRIGO:"Sei".
DIOGO:"ANA PAULA tá meio diferente ai viu, não tá mais boazinha do jeito que tava, tá passando
as conversas diferentes, ai era bom conversar direto com RITINHA num sabe. Porque MARRALA(?)
disse até que ela foi meio grossa no telefone ela disse: "olha isso não é coisa do RN não, isso ai é
com vocês que tem que fazer a portabilidade, não sei o que..." Eu tô achando que ela não passou
a conversa direito pra RITA sabe! Mais ai você explica a RITINHA qual é o problema ai eu faço
a ação aqui e...E... deixo pra o pessoal ou não sei se GUTSON que acompanhar, eu posso
acompanhar não tem problema não, tá entendendo".
RODRIGO:"São as três linhas é portabilidade você tá dizendo né?"
DIOGO:"É. Mais se ela disser mais rodrigo não saiu da EMPRESA, se ele saiu da EMPRESA
ele vai ter que fazer a portabilidade pra não sei o que...É mais é a portabilidade que a gente
não tá conseguindo, né"
RODRIGO:"É justamente isso!"
DIOGO:"É pois é, pois converse com ela porque eu estou achando que o fio não foi passado de
forma correta sabe.
RODRIGO:"Sei".
DIOGO:" Viu ai você conversa, e me diz o fim da conversa, pois tá bom tchau".
RODRIGO:"Tá bom".
Comentário:Nesse áudio DIOGO, liga para o PAI e pedi que o mesmo converse com RITA sobre a
portabilidade das linhas, visto que DIOGO desconfia que RITA recebeu a informação de forma
distorcida.

Apesar de trabalhar na R&R ADVOCACIA, segundo dados obtidos mediante acesso


ao Portal da Transparência da Assembleia Legislativa, referente ao mês de maio de 2015, ANA
PAULA MACEDO DE MOURA constava nos quadros funcionais do Legislativo36 desde 2009,
como faz prova o seguinte extrato:

36 Disponível em: <http://www.al.rn.gov.br/portal/transparencia>. Acesso em 28/07/2015.

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Segundo dados do CAGED, na mesma data em que ANA PAULA foi admitida como
empregada da empresa RR Advocacia Assessoria e Consultoria, qual seja, 01/08/2009, também
ingressou nos quadros funcionais da Assembleia Legislativa. Em que pese ter se desligado for-
malmente do escritório na data de 01/09/2010, continuava laborando no mesmo local, mas era
mensalmente remunerada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, percebendo a im-
portância líquida de R$ 12.890,80 (doze mil, oitocentos e noventa reais e oitenta centavos).

79/238
Ainda com relação a ANA PAULA DE MACEDO MOURA, pode-se dizer que não so-
mente era a secretária pessoal e particular de RITA DAS MERCÊS como também funcionava
como braço operacional da organização criminosa. A busca e apreensão realizada em sua re-
sidência reafirma as evidências já colhidas durante a fase anterior da investigação, haja vista te-
rem sido encontrados incontáveis documentos referentes à vida financeira da então Procuradora
da Assembleia, como também de toda a sua família, tais como contas diversas, contratos, procu-
rações, declarações de imposto de renda de filhos, noras e de outras pessoas incluídas na folha
de pagamento da Assembleia Legislativa, a exemplo de ARANILTON OLIVEIRA, irmão da sua
nora ARATUSA, dentre outros.

Outrossim, de acordo com evidências amealhadas por ocasião de extração de dados


de dispositivos de mídias realizada com relação ao alvo ANA PAULA DE MACEDO MOURA,
pode-se observar, especificamente com relação ao celular da marca LG G3 (cujo número de iden-
tificação é A0926) encontrado na posse da denunciada por ocasião da busca e apreensão pesso-
al realizada, a existência de conversas travadas através do aplicativo Whatsapp37 entre ela e RITA
DAS MERCÊS em que tratam de assuntos dessa natureza. O diálogo a seguir exemplifica o rela-
tado:

37 RTN 008.17.DS.01\Alvo12\A0926\MD009(Celular)\A0926MD000FIS01.7z\A0926MD000-relatórioUFEP

80/238
PLATAFORMA: CELULAR/WHATSAPP.NET
INTERLOCUTORES: 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) X 558496178150@s.whatsapp.net
(Dra. Rita Whats)
DATA/ INTERLOCUTORES / TELEFONES TRANSCRIÇÃO
HORA/
DURAÇÃO
06/06/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Paguei todas q a senhora me passou. Mas
20:03:46(UT X amanha vejo a fatura paga por mim e
C+0) 558496178150@s.whatsapp.net(Dra. Rita Whats) segunda vejo com sr osvaldo tambem pq
ocorreu isso na
sua conta.
06/06/2015 558496178150@s.whatsapp.net(Dra. Rita Whats) Leve a fatura p oswaldo ver e o que ele pode
20:11:47(UT X fazer.. Obga.
C+0), 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
06/06/2015 558496178150@s.whatsapp.net(Dra. Rita Whats) E a de dez.. Master SANTANDER
20:16:43(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)

Já na casa da mãe de ANA PAULA, D. Geni, localizada em Santa Cruz/RN, igualmen-


te foi arrecadado uma grande quantidade de documentos relacionados à RITA DAS MERCÊS, em
que pese dias antes de ter sido deflagrada a operação Dama de Espadas já terem sido destruídos
vários outros documentos, como se depreende do teor das ligações obtidas mediante autorização
judicial:

MAE: "OI!"
ANA PAULA: "Benção mãe".
MAE: "Deus te abençõe! tá gripada é?"
ANA PAULA: "Não um pouquinho. Tá chovendo aí eu fico assim (Incompreensível)".
MAE: "Tá chovendo é?"
ANA PAULA: "Muito".
MAE: "Aqui tá nublado, fechado o tempo".
ANA PAULA: "MAE você mandou, você mandou queimar aqueles negócios que eu disse a
você?"
MAE: "Mulher ainda não, vou queimar agora. Por que?".
ANA PAULA: "Não pode botar no lixo, tem que queimar".
MAE: "Eu vou queimar, eu vou queimar. Agora mesmo vou levar... ".
ANA PAULA: "Tem muita informação DELA, sabe, aí não pode ".
MAE: "Vou queimar agora, eu guardei as pastas e vou queimar agora, agora mermo".
ANA PAULA: "Heim!"
MAE: "Agora mermo vou queimar, vou ali pra fora pra queimar".

Ainda em relação ao mesmo dispositivo de mídia acima referido, observou-se a


existência de conversas travadas através do aplicativo Whatsapp38 entre ela e GUTSON
JHONSON, em que questiona o repasse de valores a serem feitos a ela por RENATO BEZERRA

38 RTN 008.17.DS.01\Alvo12\A0926\MD009(Celular)\A0926MD000FIS01.7z\A0926MD000-relatórioUFEP

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DE MEDEIROS39, os quais dependiam da autorização do interlocutor. Ainda no diálogo, ANA
PAULA demonstra irritação pelo fato de Renato Bezerra ignorar os seus pedidos de repasses do
valor em questão, o que reforça que o trânsito de valores desviados pela organização criminosa,
através de RENATO, transitavam pelas finanças pessoais da mesma.

PLATAFORMA: CELULAR/WHATSAPP.NET
INTERLOCUTORES: 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) X558491797472@s.whatsapp.net
(Renato Bezerra)
DATA/HORA/ INTERLOCUTOR/TELEFONE TRANSCRIÇÃO
DURAÇÃO
15/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula MM) Bom dia. Gutson disse agora que ja te
11:42:19(UTC X autorizou a pagar
+0) 558491797472@s.whatsapp.net(RenatoBezerra)
15/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula MM) Boa tarde. So me diz por favor se vai ser
19:24:01(UT X hoje ou nao? To cansada dessa enrolação
C+0) 558491797472@s.whatsapp.net(RenatoBezerra)
15/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula MM) Ele me disse q ja te autorizou...procede?
19:24:30(UT X
C+0) 558491797472@s.whatsapp.net(RenatoBezerra)
16/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula MM) Bom dia renato
13:56:05(UT X
C+0) 558491797472@s.whatsapp.net(RenatoBezerra)
20/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula MM) Bom dia. Gutson autorizou?
11:03:26(UTC X
+0) 558491797472@s.whatsapp.net(RenatoBezerra)
25/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula MM) Bom dia. Desde a sua viagem.pra sao jose
12:28:35(UT X que vc disse q assim q chegasse em natal
C+0) 558491797472@s.whatsapp.netRenato Bezerra) depositava meu dinheiro.. Ainda to
aguardando.
Tenho esperança de receber e nao ser
enrolada mais do que ja fui. Obrigada

Diante do silêncio de Renato Bezerra, ANA PAULA confronta GUTSON JHONSON, no


que diz respeito aos repasses que lhe eram devidos:

PLATAFORMA: CELULAR/WHATSAPP.NET
INTERLOCUTORES: 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) X558491797472@s.whatsapp.net
(Renato Bezerra)
DATA/HORA INTERLOCUTOR/TELEFONE TRANSCRIÇÃO
/DURAÇÃO
14/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net(Ana Paula M M) Boa tarde. Renato disse q vc nao autorizou
19:00:45(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
14/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Menina eu dormei remedio acordei hoje
19:02:02(UT X quase 10 horas ele e q liga pra mim pede pra
C+0), 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) ele me ligar.

39 RENATO BEZERRA DE MEDEIROS é sócio da B e G Automóveis, cujo real proprietário era GUTSON
JHONSON REINALDO BEZERRA.

82/238
14/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Kkkkkk
19:02:14(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
14/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Ta certo
19:02:20(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
15/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Bom dia. Renato vai me pagar hoje?
11:24:52(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
15/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Ja. Mandei paula.
11:25:23(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
16/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Bom dia
11:02:10(UT X
C+0 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
16/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Nada do meu dinheiro
11:02:20(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
16/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Renato nem me responde
11:02:39(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
16/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Mulher vou pedi a nilson nem comigo ele
11:04:18(UT X atende estou em salvador
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
16/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Mais ele vai fazer isso hoje vou da um jeito
11:04:19(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
16/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Vou liga pra nilson.
11:05:47(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
16/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Ta
11:06:57(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
16/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Agora sim o povo nem comigo fala mais
11:08:34(UT X KKKK existe isso.
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
17/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Nilson disse q nao ligou p ele nao...q nao
10:19:37(UT X falou sobre isso..e renato disse q nao
C+0), 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) paga porque vc nao autoriza... Desse jeito
vc ta saindo por mentiroso. Poxa vida...to
super chateda porq estão me enrolando.
Que falta de respeito e consideração..logo
comigo que sempre tenho boa vontade
pra resolver tudo q me pede.
17/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Paula você ta me chamando do q menina
10:32:40(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
17/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Ta bom
10:32:44(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
17/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M) Mentiroso
10:32:44(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)

83/238
17/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Blz
10:32:56(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
17/07/2015 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) Você acha q oreciso d 500 reais seu menina
10:34:24(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
17/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Claro q nao. Estou dizendo que renato e
10:34:45(UT X nilson disseram o contrário
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
17/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Que você nao falou do dinheiro
10:34:54(UT X
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2)
17/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Claro q vc nao precisa gutson. Eu que
10:36:08(UT X preciso. So queria q me considerassem
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) mais...pagasse no dia. Passei tudo pra
renato bem direitinho e todo mes eh isso.
Faço pra evitar o bloqueio das linhas e
acontece isso. Se coloque por favor um
pouco no meu lugar
17/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Renato nem fala mais comigo. Vc acha isso
10:37:35(UT X certo? Claro que não. Como eu sou correta
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) nao me acostumo com essas coisas. Por isso
to chateada. Porq acho falta de consideração
e respeito comigo. So isso.
17/07/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Mas tudo bem. Nao vou mais falar sobre isso
10:38:24(UT X nem vou mais aborrecer com essas
C+0) 558499520401@s.whatsapp.net (Gutson Novo 2) cobranças a renato nao. Vao da consciência
de cada um. Deus te abençoe

Saliente-se, apenas para contextualizar, que Renato era funcionário fantasma da


Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, tendo sido inserido na folha de
pagamento do dito órgão em substituição a ARANILTON BARBALHO DE OLIVEIRA, ex-cunhado
de GUTSON JHONSON e igualmente funcionário fantasma da AL/RN. Seu nome foi utilizado pela
organização criminosa para operacionalizar os desvios de recursos públicos do legislativo
potiguar, consoante será demonstrado adiante, tratando-se apenas de mais uma amostra de que
a organização criminosa continuava em pleno funcionamento no ano de 2015.

Tais fatos restam comprovados por meio de documentação encontrada em busca e


apreensão realizada no Setor de Recursos Humanos da AL/RN. Especificamente nos autos do
Processo Administrativo Protocolado sob o número 9584/2014, instaurado em 23/09/2014, consta
o ato de nomeação de RENATO BEZERRA DE MEDEIROS, acompanhados de cópia de
documentos pessoais com a anotação: “sai Aranilton Barbalho, entra Renato” e, ainda, na
sequencia, ato de exoneração de Aranilton Barbalho.

84/238
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ANA PAULA igualmente se envolveu no esquema de desvio de recursos no IDEMA, ao
tempo em que GUTSON JOHSON foi o Diretor Administrativo do órgão. A mesma foi inserida frau-
dulentamente com bolsista da FAPERN, entidade que fornecia mão de obra para referida autar-
quia estadual, tendo recebido a importância de R$ 78.500,00 ( setenta e oito mil e quinhentos re-
ais) no período compreendido entre julho de 2012 e dezembro de 2013 – período este concomi-
tante ao exercício do cargo da Assembléia Legislativa.

Não bastasse isso, ANA PAULA figura também como “testa-de-ferro” de GUTSON
JOHNSON GIOVANY REINALDO BEZERRA à frente da empresa COSEM - Comercial e Serviços
MELO, única empresa com a qual, de fato, mantinha o IDEMA contrato de locação de veículos

Em um pendrive também arrecadado na busca (identificado pelo código A0651), foi


possível obter o arquivo contendo a imagem de um cheque no valor de R$ 20.000,0040 (vinte mil
reais) emitido pela empresa CLAREAR, contratada pelo IDEMA na gestão de GUTSON
JOHNSON, em favor de ANA PAULA, bem como o envelope de depósito tendo como destinatário
o próprio GUTSON41, além de vários documentos e planilhas de gastos pessoais de Rita das
Mercês e seus familiares, bem como planilhas de controle de gastos do escritório R & R
Advocacia.

40 RTN 008.17.DS.03\Alvo12\A0651 (Pendrive Preto e Vermelho)\alocados\Documentos de


Publicacao.tar.gz\destino\A0651\pdf\origem\ANA PAULA\cheques.pdf
41 RTN 008.17.DS.03\Alvo12\A0651 (Pendrive Preto e Vermelho)\alocados\Documentos de
Publicacao.tar.gz\destino\A0651\pdf\origem\ANA PAULA\envelopre.pdf

86/238
No depoimento prestado por GUTSON JOHNSON, o mesmo confirmou que cabia a
ANA PAULA captar pessoas de seu convívio para o esquema criminoso estabelecido na Assem-
bleia Legislativa:

Por volta de 24:55:


MP: Aí Ana Paula depois passou a trabalhar na Assembéia também?
GUTSON: Foi.... Quando foi dissolvida essa sociedade em 2013/2014 mais
ou menos.... Rita continuou com o nome da R&R Advocacia, Rodrigo
colocou um novo escritório, abriu uma nova razão social. A gente mudou
para outra sala que era no plenário, entregamos esse prédio e Rita me
colocou na sociedade da R&R Advocacia e, desde então, como não tinha
necessidade, eu tava no IDEMA e não ia e fica praticamente só para a
Rita, ela pegou e levou Ana Paula para trabalhar lá com ela na Assembléia.
Acho que isso foi em meados de 2014 MP: Certo.... GUTSON: Agora,
continuava resolvendo as coisas de Rita lá de dentro da Assembleia, assim
também como coisas minhas que eu também pedia a ela, coisas minhas
também. MP: Certo. É.... Ana Paula nesse esquema de cheque salário e
tudo mais.... ela sacava dinheiro por alguém? Vc sabe dizer qual era o
papel da Ana Paula desse... GUTSON:É... As pessoas que ela sacava
eu não sei mas eu sei que ela sacava, sim, ela ficou incumbida de
arranjar algumas pessoas MP: Pronto... era isso que eu... Qual era o
papel dela.... Ela chegou a arregimentar gente para o esquema?
GUTSON: Chegou, chegou, chegou sim.... Uma que eu sei com
certeza que me falaram que continua até na folha da Assembleia é a
atual companheira dela... a Luciana ... acho que é Luciana o nome
dela... que diz que continua com esse vínculo ainda com a
Assembleia. MP: Uma delas é Luciana que é a atual companheira dela
GUTSON: Que é a atual companheira.... Os outros.... as outras
pessoas.... o nome em si eu não sei.... eu não sei.... MP: Mas ela
chegou a arregimentar.... GUTSON: Chegou, chegou sim.... Pessoas
de Santa Cruz MP: Pessoal de Santa Cruz? GUTSON: Santa Cruz... a
região dela MP: Que é aonde a mãe dela mora? GUTSON: Exatamente,
em Santa Cruz....

Em contrapartida pelos relevantes serviços prestados ao corpo criminoso, ANA PAU-


LA conseguiu inclusive emplacar sua companheira, LUCIANNA MEDEIROS E SILVA LOUREN-
ÇO, na folha de pagamento da AL/RN, eis que esta consta na DIRF do órgão do ano de 2014.

87/238
Não restam dúvidas: a então Procuradora-Geral da Assembleia Legislativa, RITA DAS
MERCÊS, juntamente com o Presidente da Assembléia à época, exercia o protagonismo no es-
quema criminosa. RITA DAS MERCÊS monopolizava todas as informações referentes a
cargos/gratificações dos servidores, em que pese não ser sua missão institucional precípua. To-
das as nomeações e exonerações passavam pelo ser crivo, o que favorece sobremaneira a inclu-
são/exclusão, ao seu bel prazer, de pessoas nos quadros do órgão em comento.

Indubitavelmente, a análise da documentação amealhada quando do cumprimento dos


mandados de busca a apreensão realizados na Procuradoria da Assembleia Legislativa ratifica
toda a tese que já vinha sendo construída pelo Ministério Público no curso da investigação e que
foi fielmente relatada por Rychardson de Macedo Bernardo.

O próprio irmão de José de Pádua, Orlei Martins, prestou um depoimento no sentido


de que RITA DAS MERCÊS detinha total controle sobre a questão das nomeações de pessoal do
Legislativo, cujo trecho se transcreve a seguir:

MP: O senhor está falando da Dra. Rita, que então era casada com José
de Pádua. Orlei: Com o meu irmão. Mas que eles não estavam em um re-
lacionamento... que não estava muito certo. Os dois não se combinavam
bem. Aí foi quando justamente ele se separou dela e eu perdi esse traba-
lho. MP: Então o senhor saiu no momento da ruptura do relacionamento do
casal? Orlei: Foi. MP: Certo. Orlei: Aí foi que ele me avisou... MP: Eu que-
ria compreender qual foi o papel de Dra. Rita na sua nomeação. Orlei:
Olha, eu acredito que o papel dela na minha nomeação deve ter sido muito
importante por ela, porque era ela que fazia essas coisas. MP: Era ela que
ficava... as nomeações...Orlei: É. Ela era a responsável por esse setor.
MP: Certo.
(….)
MP: Mas era Dra. Rita que tinha esse poder de nomear e exonerar. Orlei:
Era Dra. Rita. Sempre quando eu falava qualquer coisa ele pedia para eu
conversar com ela. MP: E qual era o nível da tratativa que o senhor tinha
com Dra. Rita? Como era sua relação? Orlei: Olhe. Doutora. Rita é uma
mulher que eu considerava rica. E a minha ligação... MP: Por que o senhor
considerava Rita uma pessoa rica? Orlei: Até porque quando eu a conheci
ela tinha alguma coisa e a família dela lá pro lado de Mossoró, são pesso-
as que... proprietários de terra, donos de agência de automóvel, então eu
sabia que ela era. Até pelo padrão de vida que o meu irmão quando pas-

88/238
sou a morar com ela, passou a ter diferente. MP: Mas o senhor considera-
va ela como uma pessoa influente dentro da Assembleia? Orlei: Correta-
mente! MP: Mas era uma pessoa que estava sempre a beneficiar os famili-
ares dela? Orlei: Sempre, sempre.

Em seu local de trabalho – a Procuradoria da AL/RN - foi encontrada vasta documen-


tação, dentre as quais inúmeras agendas e listas com indicações, cargos, quantidades de cargos,
gratificações, etc, que apontam para conclusão de que RITA DAS MERCÊS realmente detinha o
controle quase que exclusivo dessas informações.

RITA DAS MERCÊS bem como os demais membros da organização criminosa, cujas
funções foram acima especificadas, mostraram-se imprescindíveis para viabilizar o cometimento
de vários crimes, dos quais todos tiveram, em maior ou menor medida, sua cota de proveito eco-
nômico.

Corroborando todas as evidências reunidas no curso da investigação, há elementos de


denotam claramente que os investigados RITA DAS MERCÊS REINALDO, MARLÚCIA MACIEL,
RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES, LUIZA DE MARILAC, PAULO DE TARSO, OS-
VALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR e ANA PAULA associaram-se de forma estável e ordenada,
cada um exercendo uma atividade específica, com a finalidade exclusiva de desviar recursos pú-
blicos.

Inegavelmente, estão presentes todos os requisitos exigidos para a configuração de


uma organização criminosa, conforme acima especificado. Decerto, há a reunião, de modo está-
vel, uma pluralidade de agentes — pelo menos 05 (cinco) integrantes já identificados do núcleo
desde, no mínimo, o ano de 2006, desde quando se constatou a estabilidade do grupo com a pre-
tensão de realizar a prática de crimes de peculato.

Ademais, os diálogos transcritos no tópico a seguir igualmente apontam para o fato de


que os investigados permaneceram articulados e reiterando na prática criminosa até pelo
menos agosto de 2015, período em que a organização fora desbaratada. Com efeito,
conforme se pôde constatar por meio das conversas adiante citadas e de outras igualmente
interceptadas, restaram colhidos elementos que sinalizam a prática do crime de fraude
processual, justamente no período em que foram realizadas as oitivas pelo Ministério Público,
uma vez que atuaram, com vista a falsear a verdade dos fatos sob apuração ao induzirem a erro o
investigador (MP) e, por via de consequência, o magistrado que julgará a causa, a partir da
orientação ardilosa dos servidores que prestariam seus depoimentos.

89/238
Além disso, há outros elementos probatórios angariados através da interceptação
telefônica que robustecem a caracterização da estabilidade e da permanência da organização
criminosa, visto que, conforme se constata a partir do diálogo abaixo, eles vinham alterando os
dados cadastrais de servidores (inclusive aposentados):

Chamada do Guardião
603782.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração:2 Telefone do Interlocutor:32325756
Chamada: Chamada: Relevância:Alta
01
19/08/2014 15:02:00
Transcrição:
HNI:CAF, Boa tarde"!
RITA (GALEGA):"Passe ai pra SIDNEY...aposentou-se desde 2008... (falando baixo, possivelmente com
outra pessoa enquanto aguarda falar com SIDNEY)risos. SIDNEY veja ai, RITA esta pedindo um
material, que ela pediu ai...e veja ai quantos aposentados tem cheques salários e quantos efetivos e me
diga a quantidade"..
SIDNEY: "Certo, certo peraí que ALEXANDRE quer falar com você
ALEXANDRE:"...GALEGA"!
RITA(GALEGA):Ah!
ALEXANDRE:"Você vai entregar aquele material hoje? "
RITA(GALEGA): "Hein".
ALEXANDRE:" Aquele material hoje não né"?
GALEGA:" Que material"
ALEXANDRE:"Da correção dos Cadastros".
GALEGA:Dos cadastros, sim a correção dos cadastros né, por que você não pode não"?
ALEXANDRE:"Não eu posso mais vai dá tempo pra hoje"?
GALEGA:"Que material".
ALEXANDRE:"Daquele PESSOAL das correções cadastrais"
GALEGA:"Sim, a correção dos CADASTROS né, por que você não pode fazer não"?
ALEXANDRE:"Não eu posso mais vai dá tempo pra hoje"?
GALEGA:"Não sei".
ALEXANDRE: "Porque aquilo lá eu já fiz os outros até mandei SIDNEY guardar com o resto do material.
Ai a RITA tem que ver o resto ainda né"?
GALEGA: "Pois é".
ALEXANDRE: "Pois era pra saber que eu fiz né".
GALEGA: "Fala com a RITA baixinho"RITA o ALEXANDRE tá perguntando se pode deixar pra fazer
amanhã...GALEGA retorna a ligação para ALEXANDRE, aguarde " não se deixa pra manhã o que
se pode fazer hoje"
ALEXANDRE: "Não, tá certo"

ALEXANDRE é inclusive mencionado claramente no depoimento de GUTSON


JOHNSON como um servidor do NAPP que possuía amplo conhecimento desse esquema da
alteração dos dados constantes nos sistemas de informação da AL/RN:

(...) MP: o senhor sabe dizer como eles fariam pra regularizar essas
situações? O senhor sabe dizer como é que eles fizeram pra regularizar a
situação… GUTSON: na verdade, eles não regularizavam, foi criado essa

90/238
folha suplementar, alguns casos em si foram colocados ali e tal, mas tinha
coisas na Assembleia, que tinha uma função la, um emprego, uma função
com 05 pessoas localizadas nessa função, então essas 04 não poderiam ir
pro mesmo cargo, então essas 05 pessoas iam pra folha suplementar,
essa folha suplementar foi criada justamente pra eles poderem colocar o
no Portal da Transparencia sem ser as pessoas que tavam regularizadas,
o restante era tudo nessa folha suplementar MP: que era essa que rodava
no… GUTSON: rodava nesse HD de Marlucia MP: era no notebook?
GUTSON: era no notebook, exatamente, no notebook, que a Marlucia, que
segundo na época, o pessoal ficou preocupado e que a Marlucia
simplesmente deu fim nesse HD ne? Tanto que a historia que me
passaram foi que esse HD desapareceu, o notebook eu não sei se foi
apreendido, mas o HD desapareceu e como eu já falei pra doutora antes
tinha o Sidney também tinha como o Alexandre também tinha
conhecimento dessas questões, conhecimento HD, conhecimento
dessa folha suplementar, não sei da época dos cheques se já
trabalhavam mas dessa época mais recente agora, essa folha
suplementar, o Alexandre e o Sidney tinham total conhecimento” (...)

E essas suspeitas ganham ainda mais robustez diante das informações repassadas
pela Receita Federal do Brasil, a partir do intercâmbio autorizado judicialmente, no sentido de que,
nos últimos anos, as Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) enviadas pela
Assembleia Legislativa Estadual, exatamente em relação ao período de 2006 / 2011, vêm
sofrendo sucessivas e atípicas retificações, tanto para a inclusão de dados quanto para proceder
à exclusão de alguns outros.
Curiosamente, um dos dados alterados diz respeito a Bruno Maciel de Oliveira, filho de
MARLÚCIA MACIEL. Constaram na DIRF da AL/RN de 2007 informações quanto à percepção de
proventos pelo mesmo no valor total de R$ 183.740,37 (cento e oitenta e três mil setecentos e
quarenta reais e trinta e sete centavos). Contudo, através de Declaração Retificadora apresentada
no ano de 2013, foram alteradas tais informações ao ponto dele ter excluído da lista de
rendimentos, querendo fazer crer, de maneira audaciosa, que BRUNO não manteve qualquer
vínculo com o aludido órgão no ano de 2007.

Prova maior disso é o arquivo intitulado “Declaração Correção DIRF” 42 constante no


computador apreendido no Gabinete de MARLUCIA MACIEL no NAAP cujo teor é o seguinte:

42 Encontrado na evidência A0767MD001/Questão 1/DOC/1/


[root]/Users/Marlucia/Documents/2013/DECLARAÇÕES

91/238
Contudo, tal fato colide frontalmente com o depoimento do próprio BRUNO MACIEL
DE OLIVEIRA prestado perante o Ministério Público na data de 18.08.2014, oportunidade em que
afirmou que mantém vínculo com a Assembleia Legislativa Estadual desde fevereiro de 2003,
conforme comprova o trecho a seguir transcrito:

BRUNO MACIEL:(…) que trabalha na AL/RN desde fevereiro de 2003,


ocupando o cargo de Assessor Técnico Administrativo, lotado no CCI
(Comissão de Controle Interno), desempenhando a função de analista de
suporte;que os vencimentos do cargo que ocupa giram em torno de R$ 10
mil reais líquidos;(...)” Grifo nosso – Depoimento prestado por Bruno Maciel
de Oliveira.

É importante pontuar que esse é só um caso ilustrativo, visto que há provas de que
outros servidores tiveram seus nomes incluídos ou excluídos das DIRF’s, e que a pessoa
responsável por repassar tais declarações era MARLÚCIA MACIEL, chefe do NAPP, ora
denunciada.

Ademais, há fortes indícios que apontam para a incidência do crime de inserção de


dados falsos em sistemas de informação, ou seja, o programa que gera os contracheques
emitidos pelo órgão público, cujo setor responsável é justamente o NAPP máxime diante das
declarações prestadas por THYAGO CORTEZ, atual Coordenador do RH da AL/RN e que, por

92/238
algum tempo, substituiu MARLUCIA no NAPP:

THYAGO CORTEZ: (...) que quando assumiu o cargo apenas 3 pessoas


acessavam o sistema da folha: MARLUCIA, ALEXANDRE e SIDNEY; que
toda a parametrização do sistema ficava a cargo de ALEXANDRE mas
que o perfil de usuário dos mesmos os autorizava a proceder altera-
ções na folha”.

De fato, avaliando informações atinentes a empréstimos consignados realizados por


MARLÚCIA em seu nome, pode-se constatar uma acintosa manipulação nas informações
contantes nos contracheques apresentados à instituição financeira como comprovante de
rendimentos:

Tal constatação ganha reforço com o depoimento de GUTSON JOHNSON onde o


mesmo declara que era usual MARLUCIA alterar as informações constantes nos contracheques
para viabilizar a alteração das margens para os empréstimos consignados contraídos no
SANTANDER:
MP: é, essas questões dos empréstimos, Marlucia participava? GUTSON:
participava, tudo tinha que ter autorização dela, era ela quem autorizava os
limites, ela tinha consciência de todos. MP: o senhor sabe assim, que
mesmo a pessoa não tendo limite de margem ela… GUTSON: ela fazia a
operação (inaudivel) MP: mesmo com no negativo? GUTSON: mesmo no
negativo MP: quem fazia? GUTSON: Marlucia MP: Marlucia, ela tinha o
poder de manipular o … GUTSON: de manipular, exatamente, vai,
ultrapassei… o sistema, exatamente, eu ultrapassei aquele limite, não
tenho mais limite, ela colocava um limite, isso ela fazia pra deputados
também, não só pro pessoal (inaudivel), pra vários deputados também
eram feitos esses valores MP: então essa questão do empréstimo era algo
recorrente? GUTSON: era algo recorrente.

Na mesma linha, o atual Coordenador de Recursos Humanos da AL/RN, THYAGO


CORTEZ, em depoimento prestado, descreveu a situação caótica em que encontrou o NAPP, se-
tor até então comandado por MARLÚCIA, elencando as inúmeras irregularidades ali detectadas,
especialmente as que dizem respeito à baixa confiabilidade dos dados gerados pelo Órgão e a
possibilidade concreta de manipulação, o que, de fato, ocorreu:

93/238
THIAGO CORTEZ: (…) Que ocupou o cargo de Coordenador da Folha de
Pagamento da Secretaria de Administração e de Recursos Humanos do
Estado do RN por 5 anos; que em razão dessa experiência foi convidado
por Dr. Augusto Viveiros para realizar um trabalho de auditoria e acompa-
nhamento da folha da Assembléia Legislativa uma vez que a nova gestão
estava encontrando dificuldade em gerenciar a folha, especialmente em ra-
zão da ausência de informações confiáveis; que foi nomeado para traba-
lhar na AL/RN semanas antes da deflagração da Operação Dama de Espa-
das; que após a operação ficou na condição de Substituto de Marlucia Ma-
ciel no NAPP e desde logo a sua chegada gerou um certo desconforto por
parte de MARLUCIA; que de imediato percebeu que sempre que era preci-
so obter uma informação, MARLUCIA se reportava a uma empresa terceiri-
zada que é a proprietária do sistema que “roda” a folha (ELOGICA); (…)
(...) que as análises preliminares que foram feitas já detectaram mui-
tas inconsistências dentro do sistema, a exemplo de: servidores que
não descontavam previdência, servidores que não descontavam im-
posto de renda, pagamento de vantagens indevidas, servidores na fo-
lha sem ato de nomeação; servidores com empréstimos consignados
acima do limite legal; pessoas que já tinham sido exoneradas e per-
maneciam na folha; a inexistência do abate de teto constitucional,
servidores que estavam com nome abreviado ou de solteira para difi-
cultar a detecção de nepotismo ou de outras irregularidades; que
percebeu que não havia um rigor no encaminhamento das informa-
ções referentes à GFIP para CEF; (…)
(...) que detectou ainda que além das folhas de pagamentos dos ati-
vos, aposentados e da fundação djalma marinho, havia uma outra
base/ seção do sistema para o processamento da folha de pagamento
das gratificações chamadas GAAT/ prestação de serviço; que para
acessar essa base de dados era necessário logar com outro usuário e
senha e somente MARLUCIA era quem acessava; que essa “folha a par-
te” girava em torno de R$ 720.000,00 (setecentos e vinte mil reais); que
tais gratificações atualmente não estão mais sendo pagas; que não havia
qualquer complexidade para incluir/excluir servidores do sistema de paga-
mento da folha “ (…)
A análise do conjunto probatório elege o NAPP como setor estratégico na dinâmica
implementada para desviar recursos públicos e MARLUCIA como um elo indispensável da cadeia
criminosa que permaneceu em atividade até a deflagração da operação.

94/238
Nesse sentido, impõe destacar que RITA, MARLÚCIA, RODRIGO, LUIZA , PAULO DE
TARSO e ANA PAULA mantiveram-se fortemente articulados no período em que foram iniciadas
as oitivas dos beneficiários dos cheques no bojo do Inquérito Civil no. 107/09. Tais beneficiários
foram escolhidos de forma aleatória dentro do universo de títulos em que recorrentemente consta-
vam as assinaturas dos mesmos.

Tão logo foram iniciadas as oitivas, observou-se, através das conversas captadas em
interceptação telefônica, um flagrante desconforto, como também uma frenética movimentação
em torno da ex-Procuradora-Geral da Assembleia. Assim que as primeiras pessoas receberam
suas respectivas notificações, RITA DAS MERCÊS ativou sua rede de contatos, convocando
reuniões entre advogados e testemunhas intimadas, bem como com parceiros de trabalho, dentre
os quais MARLÚCIA MACIEL e RODRIGO MARINHO, na tentativa de orquestrar os depoimentos
e desvirtuar a verdade acerca dos fatos ora apurados na presente investigação, senão vejamos o
teor de alguns áudios captados através da linhas-alvo de sua titularidade:

Chamada do Guardião
571507.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do
IMEI:358491050326420
Alvo:55(84)99539191
Telefone do Interlocutor:8499280000
NOME:SERGIO AUGUSTO DIAS
CPF:17603056420
Data da Hora da
Duração ENDEREÇO:RUI BARBOSA 836 A
Chamada: Chamada Relevância:Baixa
:241 59015290 TIROL NATAL e R PAULO
15/08/2014 : 08:53:00
BARROS DE GOES, 1925 - LAGOA NOVA,
NATAL-RN, CEP: 59064460

Transcrição:ÁUDIO A PARTIR DO MINUTO 00:02:19

SÉRGIO: "Em relação ao, aos servidores acha melhor cada um ir, ir...".
RITA: "É, nesse momento. Aí já, já, já teve uns que já contrataram advogado e hoje iam tentar ele e
o advogado pegar a cópia do processo pro pessoal no chegar lá sem...,né. ".
SÉRGIO: "De mão abanando"
RITA: "Alheio de tudo. É como PAULO disse: 'vai, vai, vai produzir provas contra si próprio,
entendeu...falar, né, entendeu?"
SÉRGIO: "É"
RITA: "Aí hoje eu vou reunir com outro pessoal e dizer o pessoal que ficou na expectativa de
dizer, aí vou ligar pra VIGÍLIO43 também, mas aí já teve uns cinco que já, já contrataram. Eu
acredito que esse outro pessoal não deve ser ninguém da Assembleia, né ".
SÉRGIO: "Rum".

43 Virgílio é supostamente Virgílio Otávio Pacheco, cuja ex-esposa, Caroline Gurgel Carneiro de Lima
Dantas foi intimada para comparecer a este Órgão Ministerial para prestar depoimento. Vale ressaltar
que a assinatura do verso do cheque da Assembleia Legislativa emitido em favor de Carolina é de
Virgílio Otávio. Caroline Gurgel Carneiro de Lima Dantas, no mesmo período em que trabalhava nos
quadros da Assembleia Legislativa do Estado do RN (15/02/2003 a 01/08/2007), igualmente trabalhou
na empresa Adroaldo Tapetes do Mundo Ltda (02/09/2002 a 20/01/2005), cujo horário de expediente era
das 09horas até as 19 horas, com o intervalo de duas horas de almoço (ver informações constantes no
Anexo 1 ao IC n.º 107/09).

95/238
RITA: "Aí, foi, foi,né. Se você tiver alguém pra indicar".
SÉRGIO: "Não, não. Algum advogado você diz?"
RITA: "Sim, sim, entendeu? Porque se outras pessoa precisar, sabe."
SÉRGIO: "Eu até tenho uma pessoa que...".
RITA: "Tem, né, pronto que você..."
SÉRGIO: "Que tá por dentro dessa história de improbidade administrativa..."
RITA: "Ah!, então, pronto, então ótimo, porque agente divide o, o...nunca fica um advogado pra todo
mundo, sabe".
SÉRGIO: "Certo, pois quem, quiser, pois quem quiser procurar"
RITA: "Pronto, aí eu já passo, eu le digo, porque aí hoje...".
SÉRGIO: "Eu passo o telefone. Eu já posso dar um número do telefone agora pra você que aí eu
vou ligar pra ele e pedir pra ele ficar alerta sobre isso".
RITA: "Pronto, tá certo, deixe eu anotar. Peraí deixei eu aqui pegar aqui uma caneta, porque aí eu
já, já, já, já...com esse advogado de CÉSAR arranjou aí ele já ia uma pessoa dessas ia passar a
procuração e ele vê e tirar uma cópia do processo".
SÉRGIO: "No precisa anotar nada não, eu mando, eu mando pelo uma mensagem".
RITA: "Mande pelo WhatsApp, mande uma mensagem".
SÉRGIO: "Pelo whasApp".
RITA: "Tá bom, tá certo".
SÉRGIO: "ok, beleza".
RITA: "Tá bom, eu ligo pra você, tá bom beijo, tchau!"
SÉRGIO: "Tchau!"
RITA:"Tchau!"

Chamada do Guardião
592473.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420

Data da Hora da Telefone do Interlocutor:8432325951


Duração:
Chamada: Chamada: Relevância:Alta
104
18/08/2014 08:26:00
Transcrição:RESUMO:
O Senhor VALERIANO44(Advogado) liga para informa a RITA que a pessoa HNI já recebeu
(possivelmente a intimação para depor). Rita pergunta qual o dia.
VALERIANO: Diz que é hoje as 15:40 e CESAR ROCHA diz que uma pessoa irá acompanhá-lo.
RITA: Diz que vai ligar para CESAR.

Comentário:VALERIANO comunicado a RITA que o amigo recebeu a intimação do MPRN e ele


gostaria de saber quem irá acompanhá-lo.

Já Valeriano, com quem Rita entra em contato para informar o número do advogado
por ela indicado, trata-se de VALERIANO ALVES DA SILVA FILHO e, embora não tenha sido
intimado para prestar esclarecimentos no Ministério Público, figura como beneficiário de vários
cheques sacados pela pessoa de JOCELIM FERREIRA DE ANDRADE (mesmo sem endosso ou
até mesmo, procuração), este sim notificado e acompanhado justamente pelo Dr. Sérgio Banhos.

44 Valeriano Alves da Silva Filho é Procurador da Assembleia Legislativa e está muito provavelmente se
referindo à intimação recebida pelo servidor JOCELIM FERREIRA DE ANDRADE, tendo em vista que
este recebe vários cheques cujo beneficiário é o dito procurador.

96/238
Chamada do Guardião
592513.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Telefone do Relevância:Médi
Chamada: Chamada: Duração:32
Interlocutor:8432325951 a
18/08/2014 08:30:00
Transcrição:RITA: Liga para VALERIANO e pedi para ele anotar um número de Doutor SÉRGIO
BANHOS - Número 9418-1120.
Comentário:RITA: Repassa um número de telefone para VALERIANO do senhor SÉRGIO BANHO
9418-1120 que possivelmente seja de um ADVOGADO para acompanhar o amigo de
dele(VALERIANO), conforme solicitado em ligação anterior pelo mesmo.

Chamada do Guardião
593349.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:8499823449
NOME:ROSSITER E ROCHA
Data da Hora da ADVOGADOS
Relevância:
Chamada: Chamada: Duração:42 CNPJ:07044877000123
Nenhuma
18/08/2014 10:16:00 ENDEREÇO:RUA DR. MUCIO
GALVAO 46 59022530 TIROL
NATAL NA
Transcrição:
RITA: "Oi CESAR"!
CESAR: "Bom dia!Tá na ASSEMBLÉIA"?
RITA: "Tô, tô...".
CESAR:"Tá bom!Estou saindo da PROMOTORIA". ai estou chegando ai...".
RITA: "Hummm...hummm".
CESAR: "Ai estou chegando ai..."Além do seu ASSESSOR, Além do seu também, eu também
VIDENTE!
RITA: Risos...É né...
CESAR: Quando eu chegar ai eu lhe digo!
RITA: "Tá tchau"!
CESAR: "Tá tchau"!
Comentário:Nesse áudio CESAR liga para RITA informando que esta saindo da PROMOTORIA e indo
pra ASSEMBLÉIA falar com a mesma.

Chamada do Guardião
611893.WAV
Alvo:Rodrigo Marinho Nogueira Fernandes
Mídia do Alvo:55(84)91623736 IMEI:012836004481430
Data da Hora da Telefone do
Duração:1 Relevância
Chamada: Chamada: Interlocutor:8499876300
12 :Baixa
20/08/2014 15:55:00

97/238
Transcrição:RESUMO:

SÉRGIO TEIXEIRA:Liga para RODRIGO para se encontrarem, porém RODRIGO diz não poder marcar
nada para o final da tarde, pois terá uma REUNIÃO a partir das quatro e meia.
SÉRGIO TEIXEIRA: Ainda insiste em esperar, mas RODRIGO diz que não precisa pois vai demorar
mesmo...E fica pra outro dia a conversa.
Comentário:Nesse áudio SÉRGIO TEIXEIRA liga para RODRIGO pra o mesmo passar no escritório
dele para conversarem. RODRIGO descarta e diz que não será possível pois terá uma reunião a partir
das quatro da tarde e não sabe a hora que vai terminar.

Não por acaso, o advogado acima referido, Sérgio Banhos Teixeira, de fato
acompanhou grande parte dos depoimentos prestados neste Órgão Ministerial, em que pese
vários depoentes aparentemente não possuírem qualquer relação entre si. Sem qualquer motivo
aparente, muitas pessoas que foram intimadas se reportaram à RITA DAS MERCÊS acerca deste
fato e vieram ao Ministério Público acompanhadas por este advogado.

O que as uniu em torno de praticamente um único advogado indicado por RITA DAS
MERCÊS é o ponto fundamental da investigação levada a cabo pelo Ministério Público: sua
relação direta com as irregularidades referentes aos cheques emitidos pela Assembleia45.

Ademais, apenas para confirmar o seu papel centralizador nesse contexto, oportuno
trazer a lume o teor da mensagem eletrônica e seu respectivo anexo enviados pelo advogado
Sérgio Banhos (originada do endereço <sergiobanhos@gmail.com>) para o endereço eletrônico
<ritas_das@uol.com.br>, este último alvo do pedido de quebra de sigilo telemático deferido pelo
Juízo da 7ª Vara Criminal da Comarca de Natal/RN, através do qual o advogado remete o modelo
de procuração a ser assinada pelos beneficiários dos cheques emitidos pela AL/RN e intimados
para comparecimento ao MP/RN – em tese, “clientes seus”, senão vejamos:

Enviado via iPad

Início da mensagem encaminhada

De: Sérgio Banhos Teixeira <sergiobanhos@hotmail.com>


Data: 26 de agosto de 2014 12:45:00 BRT
Para: "sergiobanhos@gmail.com" <sergiobanhos@gmail.com>
Assunto: Procuração caso servidores ALERN

Procuração p servidores ALERN, caso Inquérito Civil...

45 De igual modo, pôde-se verificar que as pessoas supostamente vinculadas à investigada Marlúcia Maciel
e à Luiza de Marilac foram acompanhadas, em sua grande maioria, por um mesmo advogado: o Dr. Majuli
Andrade.

98/238
Trata-se de documento loquaz, na medida em que deixa claro que os supostos
“clientes” de Dr. Sérgio Banhos tinham as assinaturas de suas procurações providenciadas por
RITA DAS MERCÊS, evidenciando que ela era grande interessada no bom encaminhamento de
suas defesas, que, por via de consequência, viriam a ser a dela própria.

Ainda sobre as audiências, em áudio captado através da IT, RITA DAS MERCÊS
comenta sobre as oitivas, bem como acerca da forma de acesso ao procedimento por parte das
testemunhas. É possível perceber que a conversa é permeada por uma linguagem cifrada, sendo
constatável, entretanto, que se referem ao agendamento de uma reunião quando mencionam um
“jogo de paintball” para ir todo mundo e “alguém”46 “que tinha mais de dez pessoas no seu time”.

Chamada do Guardião
573417.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da Duração:1 Telefone do Relevância:Média
Chamada:15/ Chamada:1 61 Interlocutor:0418499746791
08/2014 3:49:00 NOME: COMERCIAL NORTE DE
CNPJ:10948575000194
ENDEREÇO:R JOAO VITORINO
DE ANDRADE 33 59540000
CENTRO CAICARA DO RIO DO
VENTO CA

46 Possivelmente LUÍZA DE MARILAC.

99/238
Transcrição:
HNI: "Oi, mainha".
RITA: "Oi! tou indo pra casa, tou aqui no Hiper"
HNI: "Mais aquilo ali, mais era aquela situação ali mermo. Aquela, aquela da moça de lá".
RITA: "Da moça, né?".
HNI: "É deve (incompreensível) o amigo lá, entendeu?"
RITA: "É, isso exatamente ".
HNI: "Já tá sabendo".
RITA: "É, já".
HNI: "Mais aí é, toda ele mostrou o, o, o ofício lá, sabe, passar pra ele".
RITA: "É, tudo igual".
HNI: "Tudo igual, né?"
RITA: "É, tudo igual".
HNI: "É, tudo igual. Aí você teve informações da amiga lá".
RITA: "Tive, tive,,lá do, do".
HNI: "Foram boas ou foram ruins?"
RITA: "Não. Ele não teve acesso, porque disse que as pessoas vão na condição de testemunha, né".
HNI: "Certo".
RITA: "Entendeu?, porque tem os investigados, só investigados é, que tem acesso, né. Mais como é
que são investigados, logicamente no ia dizer, né".
HNI: "Lógico".
RITA: "Entendeu. Aí disse: 'não, minha cliente teve ontem aqui e tentou...inclusive o advogado não
conseguiu ver os autos, né. Aí disse: 'se você me perguntar agora eu também no sei porque tá tendo
uma correção aqui' e agente no sabe".
HNI: "Lógico, e, e LUIZA, você falou com LUIZA".
RITA: "Em?"
HNI: "Falou com LUIZA sobre a empregada dela?"
RITA: "Não, não é. Não aí ela foi. Vão ter. Em?
HNI: "LUIZA, LUIZA sobre a empregada dela".
RITA: "Não é, vão, não aí...vão ter a reunião agora tarde com o advogado".
HNI: "Certo. Mais o contexto é, é o contexto é só aquele mermo, né?"
RITA: "É é, o contexto é aquele mesmo que acho que...é tão investigando mais outras coisas
né".
HNI: "É lógico. É o início né".
RITA: "É , exatamente".
HNI: "Aí eu conversei muito com a menina e nosso amigo lá, sabe. Aí eu disse a ele:' cê tem ói que,
quer pra todo que vocês lá conversarem pra eles marcarem essa, esse jogo lá de, de petibol pra ir
todo mundo, né".
RITA: "É, exatamente, é, exato. É, mais aí tá o menino foi o a advogado da menina foi lá e
conversou. Ela tava exonerada desde...ela foi exonerada em 2009 essa menina".
HNI: "Pois é, mais é, mais ela tinha mais de dez pessoas no time dela".
RITA: "É, pois é, exatamente, sei, sei".
HNI: "Pois tá bom, pois é isso aí".
RITA: "Tá bom, tá certo".
HNI: "Tá, tchau!"
RITA: "Tá, tchau!"

De igual forma, os interlocutores referem-se ao depoimento de Osvaldo, que vem a ser


Osvaldo Ananias Pereira Júnior, o já mencionado Gerente-Geral da agência do SANTANDER
mantida dentro da Assembleia Legislativa (PABX). Inclusive é pertinente rememorar o fato que,
dias antes de comparecer ao Ministério Público, o funcionário do Banco se reuniu com RITA e
outros membros da associação criminosa, além de terceiros na Assembleia Legislativa para tratar

100/238
de assuntos referentes à investigação.

Já nos diálogos seguintes, RITA DAS MERCÊS segue articulando com vistas a alinhar
de forma conveniente os depoimentos das pessoas notificadas pelo Ministério Público:

Chamada do Guardião
651223.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração:2 Telefone do Interlocutor:8432112753
Chamada: Chamada:17:05 Relevância:Alta
34
25/08/2014 :00
Transcrição:
RITA:"Oiii...".
ALCIMAR:"É isso mesmo minha filha".
RITA:"É né".
ALCIMAR:"INQUERÍTO CIVIL /09 tal ...Vou lê aqui nos termos do artigo tal...129 da Constituição
Federal...Lei Federal fica notificada para comparecer no MINISTÉRIO PÚBLICO, situado na rua tal...".
RITA:"Qual foi a data, que ela foi...".
ALCIMAR:'Recebeu hoje pra ir é quarta-feira ás 13:30".
RITA:"Pronto porque agora mesmo estava com KÁTIA, DÉBORA KÁTIA a secretária de ROBSON
né que também recebeu para quarta-feira dia 27, ai já várias pessoas já foram, a gente tá
orientando ALCIMAR não sem ADVOGADO".
ALCIMAR:"Não ir com ADVOGADO".
RITA:'Ir...ir com ADVOGADO ir...".
ALCIMAR:"Ir hum!"
RITA:"Ai se ela quiser ir porque SÉRGIO BANHOS, é um ADVOGADO, quer dizer tem vários a
ADVOGADOS, mais esse já acompanhou umas 03 ou 04 pessoas, e a gente tá indicando, sabe!"
ALCIMAR:"Não, eu sigo sua orientação, não porque esse negócio não deve ser merda, quer ver
diligência INICIAIS para notificar LÚCIA REGINA BARRETO...".
RITA:"É exatamente é aquela denúncia...(fala com pessoa ao lado) É aquelas DENÚNCIAS daquele
povo sem futuro...".
ALCIMAR:"É...".
RITA:"É pra saber se trabalha"
ALCIMAR:"É dá expediente... "
RITA:"Se não trabalha,entendeu se conhece Quem .Fulano...".
ALCIMAR:"Dá expediente, se recebe direitinho...hein?"
RITA:"Exatamente".
ALCIMAR:"Não ai eu sigo sua orientação, pronto então entrar em contato com ele"!
RITA:"Pronto, você quer o telefone de SÉRGIO"?
ALCIMAR"Não, eu quero que você fale com ele, e ligue pra mim diga que tem uma pessoa...".
RITA:"Não eu falo, com ele entendeu SÉRGIO BANHOS, porque ai pra ele ir acompanhar e dá uma
orientação, como ele tá acompanhando".
ALCIMAR:"Não, pega um bandido bota pra perguntar...".
RITA:"É exatamente pra não ir sem essas pessoas, ADVOGADO que eles...".
ALCIMAR:"Pronto então entre em contato com ele, e amanhã eu entro em contato com você, se quiser
eu marco um canto com ele, com você e ele como você quiser, ligue pra ele".
RITA:"Pronto. Porque de manhã ele vai atender esse pessoal de ROBSON que também esta marcado
na quarta-feira".
ALCIMAR:"Na mesma hora?"
RITA:"É de manhã, de manhã às 11:00 e 11:40".
ALCIMAR:"O de ELZA é às 13:30".
RITA:"Pronto tá certo!"
ALCIMAR:"Como é o nome dele?"

101/238
RITA:"É SÉRGIO BANHOS".
ALCIMAR:"SÉRGIO BANHOS".
RITA:"Quer anotar o telefone dele?"
ALCIMAR:"Não eu quero que você faça isso!''
RITA:"Pronto tá certo!
ALCIMAR:"Porque é que eu botei você lá RITA.
RITA:"Não...Risos...Não é só marcar pra ver que horas ele pode atender, porque de 09horas ele vai
atender aquele pessoal lá de ROBSON".
ALCIMAR:"Mais eu vou se você quiser eu vou não tem problema não!"
RITA:"Ai pro de HELGA, eu ligo pra ele e ligo pra você pra dizer aonde".
ALCIMAR:"Isso...isso".
RITA:"Certo".
ALCIAMAR:"Pronto, você liga pra ele e marca com ele e amanhã...Oi você liga ainda hoje né?"
RITA:"Ligo, ligo sim...Eu vou ligar para ele agora ai ligo pra você".
ALCIMAR:"Como é mesmo o nome, RITA?"
RITA:"É SÉRGIO BANHOS".
ALCIMAR:"SÉRGIO BANHOS...(fala com uma pessoa ao lado SÉRGIO BANHOS anota ai), pois tá
bom, RITA eu aguardo!"
RITA:"Tá bom tá certo".
ALCIMAR:"Tchau..Tchau".

Chamada do Guardião
651261.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração:8 Telefone do Interlocutor:0418494181120 Relevância:
Chamada: Chamada:
5 Alta
25/08/2014 17:09:00
Transcrição:SÉRGIO:"Oi!"
RITA:"Oi, SÉRGIO, é RITA".
SÉRGIO:"Opa! Oi tudo bem RITINHA"!
RITA:"Tudo bom, KÁTIA ligou pra você né?"
SÉRGIO:"Ligou...ligou".
RITA:"Mais quem ligou pra mim agora, foi ALCIMAR TORQUATO, que a filha dele também foi
sorteada".
SÉRGIO:"Quem"?
RITA:"ALCIMAR TORQUATO!"
SÉRGIO:"ALCIMAR...".
RITA:"HELGA TORQUATO, que é funcionária da ASSEMBLÉIA entendeu. Ai eu indiquei seu nome e
tudo, mais ai que horas você poderia atender, no período da manhã você vai encontrar com DÉBORA
KÁTIA né?"
SÉRGIO:"É vou conversar com KÁTIA de 09horas ai e tenho audiência no juizado de 11:30".
RITA:"A conversa. Certo"
SÉRGIO:"Ai de repente quando eu sair de KÁTIA, que não deve ser muito longa a conversa ai eu
passo ai".
RITA:"A conversa".
SÉRGIO: "Entendeu!"
RITA:"Lá na ASSEMBLÉIA?"
SÉRGIO:"É".
RITA:"Então pronto eu vou dizer a HELGA que ela esta lá no Setor Médico, ai ela vai lá e conversa com
você".
SÉRGIO:"Pronto e eu vou guardar seu telefone aqui, qualquer coisa eu entro em contato".
RITA:"Pronto que horas você acha que você tá lá na ASSEMBLEÍA no final da manhã?"
SÉRGIO:"Olha se eu for de 09:horas".
RITA:"A sua Audiência é?"

102/238
SÉRGIO:"A minha audiência é de 11;30".
RITA:Ah! Então você vai antes, você vai antes?''
SÉRGIO:"É vou antes..."
RITA:"Então eu vou marcar as 10:30.Tá ótimo então eu vou marcar ás 10 e pouquinho...é né".
SÉRGIO:"Pronto é exato, tá certo, tá joia".
RITA:"É HELGA, HELGA TORQ...Tá bom valeu obrigada".
SÉRGIO:"Tá ok".

Nesse contexto, convém observar que RODRIGO MARINHO também é contatado por
uma das pessoas intimadas a comparecerem ao MP/RN através da seguinte mensagem
telefônica: “recebi uma intimação para ir ao MP”. Logo em seguida, ele repassa a informação para
Rita das Mercês:

DATA/ INTERLOCUTORES LEGENDA TRANSCRIÇÃO


HORA/ / TELEFONES
DURAÇÃO
26/08/2014 16:33:42 08491436556 @ Rodrigo quando puder me ligue
X recebi uma intimaçao para ir ao
RODRIGO MP, nao fao idiia do que se trata
gostaria de saber se foi so eu ou
voce sabe de alguim mais

26/08/2014 17:10:32 RODRIGO @ Oi


X
RITA
26/08/2014 17:10:57 RITA @ Oi
X
RODRIGO
26/08/2014 17:11:04 RODRIGO @ +1
X
RITA
26/08/2014 17:11:17 RITA @ Quem
X
RODRIGO
26/08/2014 17:13:10 RITA @ Para amanha?
X
RODRIGO
26/08/2014 17:14:10 RODRIGO @ 10
X
RITA
26/08/2014 17:15:03 RITA @ Quem?
X
RODRIGO
26/08/2014 17:17:36 RITA @ Falou c sergio?
X
RODRIGO
26/08/2014 17:17:44 RITA @ Banhos
X
RODRIGO

103/238
26/08/2014 17:18:50 RODRIGO @ Precisa
X
RITA
26/08/2014 17:20:02 RITA @ 94181120
X
RODRIGO
26/08/2014 17:21:02 RITA @ Sombra?
X
RODRIGO
26/08/2014 17:26:02 RODRIGO @ Antes de Gina
X
RITA
26/08/2014 17:27:14 RITA @ Aff
X
RODRIGO
26/08/2014 17:27:15 RITA @ Aff
X
RODRIGO
26/08/2014 17:27:50 RITA @ Aff
X
RODRIGO

Dessa forma, é possível perceber nesta troca de mensagens entre RITA e RODRIGO
a preocupação com os depoimentos. Pelo teor do SMS entende-se como sendo referente às
oitivas. Isto porque ele diz “+1”numa clara alusão a tratar-se de mais uma pessoa para ser
ouvida. Em seguida eles postam a mensagem “10”, que é exatamente o total de pessoas
intimadas para prestarem depoimento no dia 27/08/2014. Não por acaso, grande parte dos
depoimentos foi no mesmo sentido e com as mesmas nuances – praticamente um coro entoado,
havendo fortes indícios de que os acusados articularam uma inovação artificiosa, visando
convencionar uma realidade posta. E a menção à SÉRGIOS BANHOS, o advogado que
acompanhou todas as oitivas nessa data, reforça mais ainda esta convicção.

Decerto, a possibilidade de descortinamento dos graves fatos em apuração, vinha


criando temor nos Investigados, não obstante o fato de manterem integral controle sobre as oitivas
realizadas por este Órgão Ministerial. Tanto é que por ocasião da intimação da nora de Rita das
Mercês, TANGRIANY de Negreiros Diógenes Reinaldo, para comparecimento ao MP/RN, RITA
liga para RAFAEL47, uma espécie de conselheiro espiritual, pedindo-lhe que faça orações e
acenda velas por esta pessoa que está sendo ouvida naquele momento, justamente no dia e no

47 RAFAEL, referido na ligação acima,é RAFAEL FERNANDES SOBRAL NETO, espécie de conselheiro
espiritual de vários servidores a AL/RN, inclusive de alguns deputados. Segundo elementos colhidos no
curso das investigações, RAFAEL faz consultas, psicografias, orações, acende velas e prepara banhos.
Além disso, RAFAEL figura na multicitada relação de agosto de 2014 do Portal da Transparência,
encontrada no endereço eletrônico de Rita das Mercês. Ele é ocupante de cargo comissionado no
Legislativo Potiguar desde 1º/1/2011, no cargo cuja sigla é CSEC01N, percebendo uma remuneração
mensal líquida de R$ 5.973,47 (cinco mil, novecentos e setenta e três reais e quarenta e sete centavos).

104/238
horário em que a mencionada pessoa prestava depoimento:

Chamada do Guardião
666377.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração: Telefone do Interlocutor:0418494014509 Relevância:
Chamada: Chamada:
93 Baixa
27/08/2014 16:09:00
Transcrição:RESUMO:
RITA: Liga para RAFAEL(uma espécie de pai de santo) e pergunta sobre a consulta de uma pessoa
que seria ás 12:30. RAFAEL, diz que houve a consulta mais só coisas pessoais e saiu de 15 minutos
pra 13:00, mais muito apressada também... RAFAEL disse que passou um WHATSZAP para ela
(RITA) mais a pessoa foi só, não foi com os outros dois que ele queria mais ele. RITA, pergunta
como está a vela de TANGRIANY. RAFAEL diz que tá linda e que o mesmo rezou bastante. RITA
diz que ela tá sendo ouvida agora. RITA diz que liga a noite pra ele (RAFAEL).

Em outros diálogos captados verifica-se intensa preocupação dos interlocutores em


evitar contatos telefônicos, privilegiando a conversa pessoal, muito provavelmente pela ciência da
real possibilidade deles estarem sendo interceptados e, sobretudo por terem a ciência do cunho
incriminador de suas conversas.
Chamada do Guardião
593635.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração:5 Telefone do Interlocutor:91623736 Relevância:Nenhum
Chamada: Chamada:
8 a
18/08/2014 10:55:00
Transcrição:
HNI:"Ritinha"!
RITA: "Oi".
HNI:"Tudo bem"?
RITA:"Tudo"!
HNI:"Chegar ai, eu vou saber! Você esta na ASSEMBLÉIA?
RITA:"Tô"!
HNI:"Tá"?
RITA:"Tô"!
HNI:"Tá. Não eu só queria saber... Porque eu estou preocupado com o prazo da impressão do...".
RITA:"Não eu já paguei...Não já falei venha pra aqui na ASSEMBLÉIA, você esta aonde"?
HNI:"Eu estou aqui no anexo, saindo daqui eu vou pra ai".
RITA:"Não. Venha pra cá, mais venha pra cá pra gente conversar"! Porquê tem outros assuntos pra
colocar em pauta".
HNI:"Tá bom! Tchau chego já ai".
Comentário:Nesse áudio HNI liga para RITA, e se diz preocupados com umas impressões...Rita por
sua vez corta a falar de HNI, parecendo não deixar a conversa acontecer por telefone, e o convida-o
para ir à ASSEMBLEIA para conversarem melhor, bem como ressalta que há outros assuntos em
pauta.

Chamada do Guardião

105/238
595270.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:99555544
NOME:MAGALY CRISTINA DA SILVA
CPF:39255700472
Data da Hora da
Duração: ENDEREÇO:PROFESSORA DIRCE Relevância:Mé
Chamada: Chamada:
45 COUTINHO, 1728 – CAPIM MACIO, NATAL- dia
18/08/2014 14:45:00
RN, CEP: 59082180 E R FRANCISCO
SIMPLICIO 145 A 59090315 PONTA NEGRA
NATAL NA
Transcrição:
MNI: "Oi!"
RITA: "Oi!"
MNI:"Eu tenho um recado pra você dele".
RITA:"Hummm"
MNI:"Da conversa, você tá por onde?"
RITA: "Tô na Assembleia, venha aqui"!..
MNI:"Não é melhor fora dai não".
RITA:"Não, não eu estou esperando uma pessoa aqui".
MNI:Eu pedi meu almoço, eu estou comendo aqui,ai quando acabar eu vou ai tá certo".
RITA:Então tá certo, ok. tchau."
MNI:"Tchau".
MNI:"Não é melhor fora dai, fora da Assembleia".
RITA.
Comentário:Nesse áudio MNI, liga para RITA dizendo ter um recado pra ela, "Da conversa".

Chamada do Guardião
610081.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:8499823449
NOME:ROSSITER E ROCHA
Data da Hora da
ADVOGADOS Relevância:M
Chamada: Chamada: Duração:49
CNPJ:07044877000123 édia
20/08/2014 11:35:00
ENDEREÇO:RUA DR. MUCIO GALVAO
46 59022530 TIROL ,NATAL NA
Transcrição:RESUMO:

CESAR liga para RITA e diz que esta chegando na ASSEMBLÉIA agora.
RITA: Diz que esta quase chegando.
Comentário:Nesse áudio, CESAR liga para RITA e pergunta se há alguma novidade, RITA diz que
não tudo tranquilo até o momento mais ressalta que é melhor conversar pessoalmente.

Já no áudio seguinte, é perceptível a instabilidade gerada nos interlocutores quanto às


intimações do Ministério Público. É nítida a preocupação em traçar possíveis estratégias para se
contrapor às investidas do Ministério Público para descortinar os desvios há anos perpetrados,
porém o fato mais relevante ocorre quando PAULO levanta a suspeita de que esse “inquérito” ou
esta “investigação” tenha sido em virtude de alguns “saques que foram feitos na boca do caixa 48”,

48 Já em 2006, Rita das Mercês sacou 03(três) cheques nominais a OLINDINA COELI PEREIRA
FERNANDES (Cheques número 0004674310, 0004674518 e 0004639312, todos com microfilmagens
constantes no CD 3), irmã de PAULO DE TARSO, ou seja, o que reforça a sua participação na

106/238
evidenciando uma inequívoca vinculação com os fatos ocorridos no passado.

Não por acaso, quando Rita lhe comunica sobre o procedimento em curso no
Ministério Público, ele, em tom enigmático, indaga: “não é aquele saque na boca do caixa que
fazia muito?", e, em outro momento, dispara: ou ainda “Hummm...tem pagamento no meio
é?”, consoante se observa nos diálogos abaixo transcritos.

Chamada do Guardião
569491.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração Telefone do Interlocutor:21999110508
Chamada: Chamada: Relevância:Alta
:300
14/08/2014 15:49:00
Transcrição:
RITA: "Oi querido!"
PAULO: "Oi querida!"
RITA: "Tudo bom?. Tudo. Não sei se você viu, não sei se você um e-mail...de, de SÉRGIO".
PAULO: "Ainda não".
RITA: "É o seguinte. Ainda não né? Mais é o seguinte. Alguns servidores foram notificados pelo o MP,
é, é já pra segunda-feira. Servidores do Esta..., estatutário, servidores comissionados num
procedimento de 2009. É é assunto: 'apurar movimentação financeiras expressivas realizadas por
funcionários da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte'. Tem pessoa...os meninos que era
do som é...agente no tá conseguindo chegar até onde esse povo quer, sabe?"
HNI: "(Incompreensível)".
RITA: "Aí diz: 'nos termos da Constituição tal a comparecer neste órgão Ministerial, situado na rua tal,
no próximo dia 18, com fins de prestar esclarecimentos sobre os fatos especificados nos
procedimentos supra referido'. Aí SÉRGIO sugeriu em cima daquela resolução que Assembleia
é...chamasse pra gente".
PAULO: "Pedisse informação".
RITA: "Pedisse informação considerando que os servidores buscaram orientação".
PAULO: "Quer dizer que esse assunto Assembleia nunca foi chamada não?"
RITA: "Nunca foi chamada. Mais eu acho, aqui é minha opinião pessoal, que agente entrar no
assunto que o servidor foi notificado individualmente sem ser o que e nem sabe o que é...porque
SÉRGIO queria usar aquela resolução, né porque".
PAULO: "A resolução que indica (incompreensível)".
RITA: "É do CND, é exatamente, mais como eles tão sendo notificados para esclarecer fatos
investigados. Agora isso, tem gente comissionado, tem gente estatutário, pessoal...o menino quase
cego que era realmente do som, VALDEMIR".
PAULO: "São muitos?"
RITA: "Até agora oito que me, me procuraram. O menino do banco, OSVALDO do banco no mesmo
no mesmo teor, no me smo teor do ofício, entendeu? Agora isso para segunda-feira já, sabe?"
PAULO: "Não é aquele saque não na boca do caixa que fazia muito?"
RITA: "No sei. 2009, né. O inquérito é de 2009".
PAULO: "Porque se tem o banco no meio".
RITA: "Mais, mais ele não foi, foi pra casa dele. Não foi ele na figura de gerente, foi como pessoa
física normal, né. Como outros servidores...".
PAULO: "Pra casa dele?"
RITA: "Foi, foi pra casa dele. Não veio assim como gerente do banco do SANTANDER. Aí ele tá
aguardando orientação do banco, né da assessoria jurídica que tem ele que comunicar, né".
PAULO: "Hum!"
RITA: "Aí tem pessoas que foi exoneradas, sabe, tem pessoas que já foram exoneradas. O que que

organização criminosa desde os idos de 2006.

107/238
você, você sugere?"
PAULO: "O que, que SÉRGIO me mandou que vou dar uma olhada?"
RITA: "SÉRGIO, SÉRGIO mandou, mandou...os ofícios".
PAULO: "As notificações".
RITA: "Não, mandou as notificações não, mandou só ofício".
PAULO: "Já lá a volta".
RITA: "É, certo, exatamente aquela resposta, puxando pra assembleia dentro da, da".
PAULO: "Mais eu acho que aí não".
RITA: "Se os servidores procurarem eu acho que agente no deveria puxar pra gente no é não, né".
PAULO: "Porque , por exemplo por exemplo, OSVALDO no é servidor da assembleia"
RITA: "É exatamente é no é. Agente sabe assim informalmente que ele veio e mostrou e tal aquela
coisa. Mais a tarde eu tava conversando aqui. Eu tou mais ISRAEL e com CÉSAR de dessas
pessoas não irem sozinhas, irem com...".
PAULO: "Eu acho que precisar ir".
RITA: "No é, com advogado".
PAULO: "Com advogado".
RITA: "Com advogado".
PAULO: "Assembleia podia providenciar isso"
RITA: "É exatamente, porque ninguém sabe o que tem lá. porque pra essas pessoas no chegarem lá
de peito aberto sem saber o que é né".
PAULO: "Agora não pode deixar de ir com advogado".
RITA: "É".
PAULO: "Agora, agora poderia ser um advogado da própria Assembleia?"
RITA: "Não, não, agente tava pensando em contratar esse, esse da assembleia".
PAULO: "É melhor"
RITA: "No é melhor, esse da Assembleia".
PAULO: "Melhor, mais, mais tem que fazer".
RITA: "Tem que fazer, né tem que fazer. Porque ninguém sabe o que tão, tão querendo, né. O
inquérito de 2009".
PAULO: "Nesse caso, vamos ver se encontra uma pessoa e que, e que antes der uma conversada
com esse advogado pra, pra dizer alguma pista do que pode ser, d que pode...".
RITA: "Exatamente".
PAULO: "Principalmente do que se pode acontecer lá".
RITA: "Do que pode acontecer e agente ter...".
PAULO: "Agente tentar interromper pra, pra gente".
RITA: "Exatamente".
PAULO: "Pra que Assembleia participe".
RITA: "Exatamente".
PAULO: "Ou qualquer coisa desse tipo no, no ir a (incompreensível)".
RITA: "Oi, alô!, alô!".

108/238
Chamada do Guardião
602770.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do
Interlocutor:0418499875904
NOME:MALFIZA MEDEIROS
Data da Hora da ANDRADE
Chamada: Chamada: Duração:192 CPF:59795131400 Relevância:Alta
19/08/2014 12:38:00 ENDEREÇO:AV DEODORO DA
FONSECA, 240 - RIBEIRA, NATALRN,
CEP: 59012600

Transcrição:Numa ligação de 02:52.

Por volta das 01:36 HNI (que se encontra no RIO DE JANEIRO) pergunta a RITA sobre o negócio do
MINISTÉRIO PÚBLICO.
PAULO:"aquele assunto do Ministério Público, como está"?
RITA: "Esta complicando! tá complicando!
PAULO: "Tá".
RITA:"Tá".
PAULO:"Mais hoje foram lá"?
RITA:"Hoje foram, tão indo foram ontem, foram sabe, sabe"!
PAULO:"Mais tinha advogado"?
RITA:"Eu mandei, arranjamos fora da Assembleia o pessoal contratou, né...Entendeu, ai mais ai só
pessoalmente".
PAULO: "Ah! tá bom"!
RITA: "Os detalhes, vamos aguardar os acontecimentos né...".
PAULO:"Mais uma né".
RITA:"Do Promotor. Mais uma porque é sabe...Pega lá da administração anterior...Entendeu ai eu já
comuniquei".
PAULO:"Hummm...Tem pagamento no meio é"?
RITA:"Tem..tem...tem...Entendeu...Eu já comuniquei... "
PAULO:"Quando chagar ai você me diz..."
RITA:"Tá bom! tá certo.
PAULO:"E um ultimo, um outro assunto...
RITA:"Você vem quando"?
PAULO:"Eu acho que eu só vou no final de semana, ai fica a semana".
RITA:"Pronto tá ótimo"
PAULO:"Um outro assunto, aquele assunto de Gilson"?
RITA:"Tá na pauta, parece que outro dia, vai para julgamento do Mérito.
PAULO:"Ah! já ".
RITA:"O Desembargador tinha mandado ouvir o MINISTÉRIO PÚBLICO né".
PAULO:"Hummm".
RITA:"Voltou, as três liminares sairam"
PAULO: "Faltou uma né"
RITA: "Ai essa vai para o pleno
PAULO: "Vai ser já"
RITA:" Agora parace que esta marcada para o dia 27, agora".
PAULO: "Tá bom! Eu vou tentar falar com NELTER agora".
RITA: "Tá bom querido bjss".

109/238
Chamada do Guardião
603485.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:0418499875904
Data da Hora da NOME:MALFIZA MEDEIROS ANDRADE
Duração:
Chamada: Chamada: CPF:59795131400 Relevância:Alta
65
19/08/2014 14:15:00 ENDEREÇO:AV DEODORO DA FONSECA,
240 - RIBEIRA, NATALRN, CEP: 59012600
Transcrição:
RITA:"Oi querido eu estou aqui com o Presidente falando aquele assunto que eu tinha falado com
você e que se você não poderia vir logo, antes do final de semana".
PAULO:"Posso, posso...".
RITA:"Pode né ".
PAULO:"Aquele negócio sobre o MP "
RITA:"Sim...Sim...Porque esta tomando um vulto entendeu...".
PAULO:"AH! Entendi".
RITA:"Entendeu".
PAULO:"Ah! Entendi".
RITA:"Entendeu, ai era interessante se você viesse".
PAULO:"Então eu vou resolver eu vou logo amanhã.
RITA:" Você vem logo amanhã né, pronto tá ótimo".
PAULO:"Vou ver com a agência pra ver se tem amanhã, porque hoje não tem mais voô".
RITA:"Ver com a agência, ver com agência pra tá qui do meu lado,o que for mais rápido, pra esses
lados, tá certo, tá bom amore".
PAULO: "Tá certo. Porque hoje não tem mais voô".
RITA:"Pronto tá certo, então beijos, até mais tarde".
PAULO:"Vou cair em campo e lhe aviso".
RITA:"Até mais tarde, beijos me avise".

Comentário:Nesse áudio RITA liga solicitando que PAULO venha o mais rápido possível , pra esta
ao lado dela, pois o negócio do MINISTÉRIO PÚBLICO esta se complicando.

Chamada do Guardião
604820.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:0418499875904
Data da Hora da NOME:MALFIZA MEDEIROS ANDRADE
Duração
Chamada: Chamada: CPF:59795131400 Relevância:Média
:122
19/08/2014 17:40:00 ENDEREÇO:AV DEODORO DA FONSECA,
240 - RIBEIRA, NATALRN, CEP: 59012600
Transcrição:
PAULO:" Alô!... Alô!...Alô!..."
RITA: "Alô"!
PAULO: " Alô!"
RITA:" Oi querido você conseguiu"?
PAULO:Consegui chego amanhã às 16 horas?"
RITA: "Porque ai a gente manda, porque agora é longe né amigo"!

110/238
PAULO: "Agora é longe...".
RITA: " Risos".
PAULO:"Mais EDIMILSON vem me buscar".
RITA:"Ah! Mais é que o presidente disse que ia mandar o motorista e lhe pegar".
PAULO:"Mais se for então nesse caso, pra ir direto ao encontro de vocês talvez seja melhor".
RITA:"Isso..isso ".
PAULO:"Então pode mandar me pega, porque eu chego as 16:30 eu chego na GOL".
RITA:"Pronto na GOL né, tá certo".
PAULO:"Pra hoje eu não tinha condição de sair daqui.
RITA: " É isso também ficava muito em cima".
PAULO: "Tinha um voô.
PAULO:"E amanhã tinha um voô as 09 horas, mais também pra mim era complicado e ai eu vou as
16:30".
RITA:"Pronto".
PAULO:"Peça pra mim...Porque ai eu já vou ao encontro de vocês".
RITA:"Pronto combinado então vai ser João que vai lhe pegar viu”.
PAULO: "Tá certo, chego as 16:30".
RITA:"AS 16:30 né, é JOÃO que vai lhe pegar, porque fica melhor ele disse ligue pra PAULO e veja a
hora, porque o motorista vai pegar ele vai chegar, porque ele fica tranquilo porque é longe e agora é
uma caminhada boa".
PAULO:"É porque EDMILSON fica com meu carro, mais ai depois ele me leva pra casa".
RITA: "Não tranquilo depois ele lhe leva em casa".
PAULO: "Exatamente".
RITA:"Exatamente, beijos boa viagem".
Comentário:Nesse áudio RITA liga para PAULO para acerta sua vinda ao encontro deles.

Imediatamente no dia seguinte, com a chegada de PAULO DE TARSO em solo norte-


rio-grandense, Rita das Mercês reúne seu staff - PAULO DE TARSO, MARLÚCIA, RODRIGO
(justamente a inadiável reunião à qual Rodrigo se reporta em diálogo anterior) e OSVALDO
ANANIAS- para fins de definição das diretrizes a serem adotadas para o enfrentamento da
suposta crise que se avizinhava, em função dos rumos da investigação intentada pelo Ministério
Público.

Chamada do Guardião
612696.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:0418499840890
NOME:RICARDO JOSE MEIRELL MOTA
Data da Hora da
Duração:7CPF:01228983895
Chamada: Chamada:
7 ENDEREÇO: RUA ELEUSIS MAGNO
20/08/2014 18:08:00
LOPES CARDOSO, 1705 CANDELARIA,
NATAL-RN, CEP: 59064240
Transcrição:
RITA:"Oii"!
RICARDO MOTA:"Diga ai e ai"?
RITA:"Tá tudo tranquilo, já passamos aqui, PAULO é tranquilo né"
RICARDO MOTA:"Certo, você está aonde"?
RITA:"Eu estou aqui na ASSEMBLÉIA aqui ainda".
RICARDO MOTA:"Ele ainda tá ai"?
RITA:"Tá ele ainda esta qui".

111/238
RICARDO MOTA:"Eu acho que vou dá uma chegadinha ai"?
RITA:"Venha...venha tá bom eu falei que você vinha"
RICARDO MOTA:"Eita porra! É problema demais onde a gente se vira bronca...hein"!
RITA:"É mais relaxe que consegue"
RICARDO MOTA:"Me conta ai, ai vai dá tudo certo"?
RITA:"Vai..Vai...Paulo é tranquilo né, já acalmou aqui...tá mais tranquilo".
RICARDO MOTA:"Quem é que está ai você e ele só"?
RITA:"Eu, ele, MARLÚCIA, RODRIGO e OSWALDO".
RICARDO MOTA:" E quem..OSWALDO".
RITA:"OSWALDO.. certo".
RITA: "Tá bom! beijos".
RICARDO MOTA:'Tá bom, eu vou dá uma passadinha ai, tá bom, beijos".
Comentário:Nesse áudio, RICARDO MOTA liga para RITA para saber como foi a REUNIÃO.

Vale salientar que não obstante a chamada acima ter sido realizada por volta das
dezoito horas, a reunião já perdurava por mais de seis horas, posto que, segundo ligação anterior,
desde as 12h e 55min já havia se iniciado:

Chamada do Guardião
610779.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:8499840890
NOME:RICARDO JOSE MEIRELL MOTA
Data da Hora da CPF:01228983895
Duração
Chamada: Chamada: ENDEREÇO: RUA ELEUSIS MAGNO Relevância:Alta
:90
20/08/2014 12:55:00 LOPES CARDOSO, 1705 CANDELARIA,
NATAL-RN, CEP: 59064240

Transcrição:
RITA: "Oi"
HNI:" Diga ai o que é que há"
RITA: "Oi diga ai tudo bom"!
HNI:"Caminhando né"!
RITA:"Tudo caminhando né"
HNI:"Diga ai"?
RITA:"Tô esperando né!PAULO chega de quatro e meia né, ai eu vou mandar pegá-lo e ele vem direto
pra cá"
HNI:"Hum"
RITA:"Porque ele só conseguiu o voo da GOL agora de uma hora e chega agora as quatro e meia".
HNI:"Mais alguma novidade"?
RITA:"Não, não...não...".
HNI:"Hum "
RITA:"Não as mesmas de ontem né, ai estou aqui reunido com o pessoal pra ver o que posso fazer".
HNI:"Converse com eles...Adriano falou com você não?
RITA:"Falou...falou...Viu".
HNI:"Tá bom!
RITA:"Tá certo"!
HNI:"Eu estou no anexo, converse com ele só vocês dois mesmo, depois me chama ai eu entro e vejo
e entro na conversa lá".

112/238
que eu posso fazer".
RITA:"Combinado então"!
HNI:"Um beijo então".
RITA:"Beijo".

Comentário:Nesse áudio,HNI liga para RITA para saber se tem alguma novidade. RITA diz que não
continua as mesmas e que esta aguardando PAULO chegar de viagem as quatro e meia e no final da
tarde pra REUNIÃO.

Já nos diálogos a seguir, travados com a pessoa de PAULO DE TARSO que, mesmo à
distância, continuou acompanhando com apreensão o desenrolar da investigação em curso nos
autos do Inquérito Civil n.º 107/09 (cujo objeto corresponde aos fatos ora investigados, na esfera
cível), percebe-se que as novas oitivas vinham gerando intensa inquietação nos interlocutores.
Noutrossim, PAULO DE TARSO é inteirado de tudo o que vem acontecendo (inclusive acerca de
outros “assuntos” da Assembleia), sobretudo em reuniões realizadas a portas fechadas, no anexo
da Assembleia Legislativa, situado na Rua Jundiaí, no bairro de Tirol49. Além disso, ele se reúne
com algumas pessoas que compareceram ao MP/RN, concluindo e informando à Rita que as
coisas estão se “complicando”, que são “coisas muito profundas”, bem como que “eles
(MP) tem todas as informações”, “coisas que são incríveis de acreditar”, senão vejamos:

Chamada do Guardião
706014.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Telefone do Interlocutor:8499875904
NOME:MALFIZA MEDEIROS ANDRADE
Data da Hora da CPF:59795131400
Duração
Chamada: Chamada: ENDEREÇO:AV DEODORO DA FONSECA, Relevância:Alta
:638
01/09/2014 10:48:00 240 - RIBEIRA, NATALRN, CEP: 59012600
DATA DA ATIVAÇÃO:3/16/14 12:00 AM
STATUS:ATIVO
Transcrição:
RITA: "Oi querido".
PAULO DE TARSO: "Oi querida, bom dia!"
RITA: "Bom dia! tudo".
PAULO DE TARSO: "É, é a minha parte tá nas últimas mesmo".
RITA: "Oh meu Deus".
PAULO DE TARSO: "É mais, mais 86 anos".
RITA: "É, é esperado, também é esperado".
PAULO DE TARSO: "Tava até comentando aqui no teve câncer, no teve dor, no teve sofrimento. Só
em casa (incompreensível) mais aí o médico disse que no adiantava mais nada, então eu tou indo pra
lá".
RITA: "Certo".
PAULO DE TARSO: "Tou lhe prevenindo, já tou aqui passando aqui por Lajes".
RITA: "Certo".
PAULO DE TARSO: "Mais eu acho que devo ir lá hoje".

49 No anexo funcionam o Setor Financeiro, o Setor de Controle Interno, Setor de Transporte, Procon e
Assistência Jurídica ao Cidadão, sendo que esses dois últimos setores ficam fora do prédio, cuja
entrada é restrita.
113/238
RITA: "Hum".
PAULO DE TARSO: "Porque...no sábado de manhã com as três pessoas do (incompreensível)
daí".
RITA: "Certo".
PAULO DE TARSO: "Pelo que me contaram lá, a visita que fizeram lá, né".
RITA: "Certo, certo".
PAULO DE TARSO: "É complicado".
RITA: "É, muito".
PAULO DE TARSO: "É complicado, aí eu preciso...aí precisa se sentar".
RITA: "É".
PAULO DE TARSO: "É, pra poder...viu?"
RITA: "Certo, exatamente".
PAULO DE TARSO: "Então, o que tiver por aqui já definido, aí eu volto pra Natal pra gente ver".
RITA: "Pronto, tá certo, tá certo, tá combinado, porque também teve um outro probleminha do,
do, do".
PAULO DE TARSO: "O presidente daquele outro assunto também, né. O de RAFAEL tem prazo?"
RITA: "Não, não, porque...eu tive conversando com...Não, tem não, tem não. E, e eu tive conversando
com, com Desembargador de lá e tudo ".
PAULO DE TARSO: "Sim".
RITA: "E cópia, eu tou com a cópia, do, do, eu já tou com a cópia do processo, certo".
PAULO DE TARSO: "Informalmente, você pediu?"
RITA: "Foi, foi, isso".
PAULO DE TARSO: "No tem prazo ainda não?"
RITA: "Não, porque eu acho que eles no encaminharam ainda pra, pra outro lado não. Agora tem, tem
uma informação que agente tem que ver, que aí ele que tá mais preocupado com isso. Se lembra
daquele treinamento que agente teve com o TCE pra o sistema começarem e tal?"
PAULO DE TARSO: "Me lembro, me lembro".
RITA: "Lembra?
PAULO DE TARSO: "Me lembro".
RITA: ''Pronto. Aí vai chegar aqui, eu já tou sabendo que vai chegar aqui a notificação do Presidente,
de 2013 até agora. Certo? pra mandar as informações, porque os outros órgãos já mandaram".
PAULO DE TARSO: "Isso. Sei, a gente tinha mandado assim, é...".
RITA: " Não, a gente nem mandou, né agente nem...".
PAULO DE TARSO: "A gente num mandou, a gente no fez...".
RITA: "É porque no tinha, o sistema no tava pronto, né, agente".
PAULO DE TARSO: "Alegando qualquer...".
RITA: "Isso, exatamente".
PAULO DE TARSO: "Uma história qualquer".
RITA: "Foi, foi, exatamente, aí ficou...mais como tá se aproximando do final do ano, né aí, aí eu tive
conhecimento que a diretora de pessoal de lá".
PAULO DE TARSO: "Rum".
RITA: "Já notificou a, a conselheira".
PAULO DE TARSO: "Rum".
RITA: "Que é a nossa jurisdição, nossa jurisdicionário dela".
PAULO DE TARSO: "Ham!"
RITA: "E que vai chegar essa notificação, entendeu, para o envio das, das informações e eu procurei
saber também, os outros órgãos já tão encaminhando tudo inclusive...".
PAULO DE TARSO: "Mais aquele fluxo permanente?"
RITA: "Isso, não mensalmente, aquela, aquela resolução deles".
PAULO DE TARSO: "Aquela resolução deles".
RITA: "Aquela resolução deles, entendeu? aí isso que agente tem que sentar e, e discutir e , e a
outra, outro lado conversando, eu conversei também com o pessoal que acompanhou"
PAULO DE TARSO: "Rum".
RITA: "Né, que eu acho que é muito,...talvez tenha um cunho político na história, sabe?"
PAULO DE TARSO: "Agora eu acho que é uma coisa muito profunda".

114/238
RITA: "É, é".
PAULO DE TARSO: "Eles tem todas as informações".
RITA: "Tem, tem, tem, tem, tem, tem. Olha é de 2003".
PAULO DE TARSO: "Me disseram coisas que é incríveis acreditar ".
RITA: "É de 2003 até 2009"
PAULO DE TARSO: "E mexe com aquela, como é o nome dela, aquela maluquinha que tem aí".
RITA: "Exatamente, começou com as duas, começou com as duas, né"
PAULO DE TARSO: "É, é".
RITA: "As duas, mas deram muita asa, né".
PAULO DE TARSO: "É".
RITA: "Deram muita asa".
PAULO DE TARSO: "Pois é, é. Aí foi interessado (incompreensível) e só isso. Fulaninha
arquivou isso, no arquivou não".
RITA: "Não, não, no tem nada arquivado não".
PAULO DE TARSO: "Não houve esse arquivamento não".
RITA: "Não, foi não".
PAULO DE TARSO: "Arquivado outras coisas".
RITA: "É".
PAULO DE TARSO: "Mais essa aí não".
RITA: "Esse aí não"
PAULO DE TARSO: "Esse aí agente nem sabia".
RITA:''A gente nem sabia".
PAULO DE TARSO: "Como é que a gente...".
RITA: "Agente nem sabia, agente nem sabia desse aí".
PAULO DE TARSO: "Porque foi arquivado, só agora por causa que...".
RITA: "Agora que fizeram uma".
PAULO DE TARSO: "(Incompreensível)".
RITA: "É. Eles fizeram uma amostragem, sabe PAULO?"
PAULO DE TARSO: "Hum".
RITA: "Eles fizeram uma amostragem e pegaram servidores antigos, efetivos é...".
PAULO DE TARSO: "Hum".
RITA: "É entendeu? mais que no fundo, no fundo eu acho que o foco, o foco era a opção 2".
PAULO DE TARSO: "Rá".
RITA: "Sabe?"
PAULO DE TARSO: "Certo".
RITA: "É a opção 2".
PAULO DE TARSO: "Certo, porque eu acho...".
RITA: "Como é que funcionava, como é que funcionava os setores".
PAULO DE TARSO: "Certo".
RITA: "Como funcionava, entendeu? o a o, o pessoal do banco".
PAULO DE TARSO: "Certo".
RITA: "Foi muito esclarecedor, entendeu, foi".
PAULO DE TARSO: "É isso aí que eu preciso saber que ele teve lá".
RITA: "É, foi muito foi muito esclarecedor, foi, muito esclarecedor, entendeu?"
PAULO DE TARSO: "Tá bom".
RITA: "Esclareceu tranquilamente as informações. As informações que eu tenho é que foi muito
esclarecedor as informações que o banco pediu".
PAULO DE TARSO: "(incompreensível)".
RITA: "Agora a forma como se comportaram lá".
PAULO DE TARSO: "Rum".
RITA: "É que alguns...aí realmente precisa ser conversado".
PAULO DE TARSO: "Porque no é, porque todo mundo no é igual, né".
RITA: "Não".
PAULO DE TARSO: "E nem tem o discernimento e o.... ".
RITA: "Isso".

115/238
PAULO DE TARSO: "E a capacidade de, né ".
RITA: "E, e já vai na pressão, né".
PAULO DE TARSO: "E já vai...exatamente".
RITA: "Eu tava conversando, eu tava conversando agora, agora a pouco, com, com ELGA, com
ELGA foi também, né".
PAULO DE TARSO: "Ram".
RITA: "Aí ela disse: 'não foi tranquilo tudinho', só que teve a, a, a figura principal".
PAULO DE TARSO: "(Incompreensível)".
RITA: "Já foi topando lá, sabe, é, reclamando porque tava demorando porque fazia desde do sei
que hora que tava lá, aí, aí a, a coordenadora, a chefe lá do procedimento já veio saber quem
tava reclamando".
PAULO DE TARSO: "Rum".
RITA: "E ela soltando piada lá pro, pro a pessoa lá, né...que devia fazer um iterante lá na
assembleia, quer dizer já, já criou um clima".
PAULO DE TARSO: "É".
RITA: "Já, já criou um clima".
PAULO DE TARSO: "Certo".
RITA: "Já criou um clima, entendeu, já criou um clima. E eu acho que essa aí pode ser que
tenha um procedimento, sabe que vai vim pra assembleia necessariamente vai vim pra
assembleia essas coisas, o pedido de".
PAULO DE TARSO: "É".
RITA: "O pedido de, de informação, né. E teve algumas omissões, né".
PAULO DE TARSO: "É agora, agora...".
RITA: "Da parte desse povo ".
PAULO DE TARSO: "Tem informações que são incríveis".
RITA: "São, são, são".
PAULO DE TARSO: "Detalhes".
RITA: "São, tem tudo, tem tudo, tem tudo, tem tudo, tem tudo, tem tudo".
PAULO DE TARSO: "Tanto é que eu acho que não adianta conversa, isso aí no, no regride não".
RITA: "Não, não".
PAULO DE TARSO: "Conversa, falar com (incompreensível) tá muito profundo".
RITA: "Agora eu conversando com o advogado que acompanhou, que acompanhou e tudo ele
fez um resumo e ele disse: ' olhe doutora, inclusive isso aí já prescreveu, por isso que era
pressa de ouvir todo mundo até aquela data, né'. Porque a portaria era de, de julho de 2009".
PAULO DE TARSO: "Rum".
RITA: "A portaria que abriu o procedimento, né. Aí ela disse: 'vamo ver e tal no sei o quê,
sabe?' "
PAULO DE TARSO: "Ele disse que está preste a quê?"
RITA: "A prescrever".
PAULO DE TARSO: "Rum".
RITA: "A prescrever, tá certo".
PAULO DE TARSO: "De 2003 pra cá?"
RITA: "De 2003 pra cá, o procedimento é de 2009, passou 2009 pra cá. A primeira coisa que
fizeram no processo".
PAULO DE TARSO: "O problema é que pode até haver uma ilegalidade nesse, nesse prazo, mas
o problema é que enquanto tá sobre sigilo, é na hora que agente reclamar de sigilo ou de
querer ter acesso, saber exatamente o que é. Quebra o sigilo pra eles também, aí você sabe, é
complicado (incompreensível)".
RITA: "É, exatamente, ele disse, ele disse: 'tem muita coisa que pode'. Aí eu disse:'vamos
acalmar' olhe, porque por exemplo, vamos acalmar. De LEILA, por exemplo, de LEILA foi, aí ela
disse: 'olhe doutora eu passei uns dias sem dormir, o negócio veio na minha casa aberto, o
ofício, meu marido viu, meu filho de 17 anos, pensa logo que é, é...eu fiquei apavorada. Se a
senhora me perguntar de PRIMÊNIA imagine de PRIMÊNIA e de ZEZO. Você lembra de
PRIMÊNIA e de ZEZO' "
PAULO DE TARSO: "Mais menino".

116/238
RITA: "Pois é, de PRIMÊNIA e de ZEZO porque ela tinha procuração pública PRIMÊNIA. Ela
disse: 'tinha eles moram em Martins eu que pagava as conta dela, tinha a procuração, pagava,
tal, a senhora me deixar dois dias sem dormir por conta disso' ".
PAULO DE TARSO: "Você ver que eles tem tudo".
RITA: "Tudo".
PAULO DE TARSO: "Agora não tem o rumo".
RITA: "Tem não, tem não, tem não, tem não"
PAULO DE TARSO: "Agora que tem tudo tem".
RITA: "Tem, tem, tem, tem".
PAULO DE TARSO: "Agora de ZEZO".
RITA: "De ZEZO já (incompreensível) ZEZO morreu, PRIMÊNIA já morreu eu acho".
PAULO DE TARSO: "PRIMÊNIA morreu. Primeiro que faz mil anos que saiu daí".
RITA: "Foi. E ela disse: 'eu tinha procuração, porque eles moram em Martins e eu quem pagava
as conta dela e outa coisa. Eu sou coordenadora financeira eu posso ter errado, posso,
qualquer pessoa pode errar, né, qualquer coisa ninguém é infalível né''.
PAULO DE TARSO: ''É".
RITA: '' 'Agora eu um passei dois dias sem, sem dormir eu gostaria que fosse consignado aí' ''.
.PAULO DE TARSO: "Ah!"
RITA: " 'Que eu me senti constrangida, constrangida do, do documento chegar aberto na minha
casa, meu marido deixou em cima da mesa, meu filho viu de 17 anos, tá achando que eu tinha
cometido um dos maiores crimes', né, aí ela disse: 'você que registre?', aí ela disse: 'quero que
registre'. E tem muita coisa assim que eles... eu acho que o foco em um só".
PAULO DE TARSO: "É".
RITA: "O foco é um só, entendeu".
PAULO DE TARSO: "É incrível".
RITA: "Aí".
PAULO DE TARSO: "Tanto jantar, tanto almoço".
RITA: "Hein?"
PAULO DE TARSO: "Tanto jantar, tanto almoço".
RITA: "Pois é, exatamente, exatamente".
PAULO DE TARSO: "Resolve nada".
RITA: "Exatamente, exatamente".
PAULO DE TARSO: "Oh querida beijo pra você".
RITA: "Tá bom, vá meu filho, vá, vá".
PAULO DE TARSO: "...(incompreensível)".
RITA: "Tá certo, combinado então, me dê notícias, beijo".
PAULO DE TARSO: "Tá, tchau!"
RITA: "Tá, tchau!"

Por sua vez, RITA DAS MERCÊS segue orientando, com pulso firme, as oitivas,
direcionando a maioria dos depoentes para serem acompanhados pelo mesmo advogado por ela
indicado, do mesmo modo que se verifica uma preocupação para que os depoentes sustentem a
versão por ela engendrada.

Outro aspecto deveras relevante apto a caracterizar o nível de profissionalismo da


organização criminosa em questão é justamente a contratação de um contador comum aos
membros da organização criminosa, qual seja, Emanuel Aguiar. Este é o contador de RITA DAS
MERCÊS, fazendo também a contabilidade de toda sua família, como também do escritório R&R,
desde a época em que RODRIGO MARINHO figurava como sócio, da ASPROTEL – Associação
dos Procuradores e Assessores Técnico-Legislativos do Poder Legislativo do Estado do Rio
Grande do Norte (cuja presidente era RITA), além de fazer a contabilidade de fantasmas da

117/238
AL/RN, a exemplo de ARANILTON, ARATUSA e outros cujas declarações de IRPF foram
localizadas na busca e apreensão realizada na residência de ANA PAULA DE MACEDO MOURA,
todas a mando de RITA DAS MERCÊS.

Emanuel também é mencionado com frequencia em e-mails, ligações telefônicas entre


eles (muitas vezes intermediado por ANA PAULA, bem como em favor dela) e mediante uso do
aplicativo Whatsapp50 (celular LG de ANA PAULA, já referido), tendo sido constatado o vínculo
dele com outros membros do grupo:

Chamada do Guardião
658705.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Telefone do Interlocutor:0418491621121 Relevância:N
Chamada: Chamada: Duração:38
nhuma
26/08/2014 16:07:00
Transcrição:RESUMO:
RITA liga e fala com ANA PAULA(possivelmente secretaria) e pedi pra mesma ligar para EMANUEL, diz que ele
tinha marcado pra falar com MARLÚCIA e ainda não chegou.
Comentário: Nesse áudio RITA, pede a ANA PAULA (possivelmente secretaria) para entrar em contato com
EMANUEL que ainda não chegou, pois o mesmo tinha marcado com MARLÚCIA.

Chamada do Guardião
658726.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Telefone do Interlocutor:8488666999 Relevância:Ba
Chamada: Chamada: Duração:68
xa
26/08/2014 16:09:00
Transcrição:RESUMO:
HNI: possivelmente (EMANUEL) liga para se desculpar pelo atraso. RITA remarca para o dia 27/08/214 às 10 horas
da manhã ou 10 e meia, diz que pode ter acontecido algum problema com CARLA também.
Comentário:Nesse áudio EMANUEL(possivelmente) liga para se desculpar pelo atraso. Rita remarca para o dia
seguinte entre 10 ou 10:30 da manhã.

PLATAFORMA: CELULAR/WHATSAPP.NET
INTERLOCUTORES: 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) X 558488666999@s.whatsapp.net
Emanuel
DATA/ INTERLOCUTORES / TELEFONES TRANSCRIÇÃO
HORA/
DURAÇÃO
04/08/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Depositado
12:07:12(UT X
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel
04/08/2015 558488666999@s.whatsapp.net (Emanuel) Ok obrigado
12:01:35(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)

50 Disponível em: RTN 008.17.DS.01\Alvo12\A0926\MD009(Celular)\A0926MD000FIS01.7z\A0926MD000-


relatórioUFEP.

118/238
04/08/2015 558488666999@s.whatsapp.net (Emanuel) Bom dia
12:01:38(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
04/08/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) To providenciando Asprotel
12:07:10(UT X
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel
04/08/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Ja voltou? Ta bem?
12:07:18(UT X
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel
04/08/2015 558488666999@s.whatsapp.net (Emanuel) Sim pela manhã. ..período da tarde to na
12:08:09(UT X fisioterapia.
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Obrigado por sua atenção Ana.
04/08/2015 558488666999@s.whatsapp.net (Emanuel) A cirurgia foi um sucesso Graças a Deus.
12:08:37(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
04/08/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Deus te abençoe
12:08:39(UT X
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel
07/08/2015 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) E aquele negócio..viu
10:37:46(UT X
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel
07/08/2015 58491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) ?
10:37:50(UT X
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel
07/08/2015 58491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Obrigada
13:53:32(UT X
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel
07/08/2015 558488666999@s.whatsapp.net (Emanuel) Ana aqui tudo pronto as.pasta.
14:10:09(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M)
07/08/2015 558488666999@s.whatsapp.net (Emanuel) Ok
14:10:14(UT X
C+0) 558491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M
M)
11/08/2015 58491621121@s.whatsapp.net (Ana Paula M M) Ela quer pagar o parcelamento e nao o
19:37:06(UT X consolidado. Vai ficar pagando todo mes.
C+0) 558488666999@s.whatsapp.net Emanuel Do jeito q vc manda os dela..ai vc fica
mandando o de aratusa tambem. Ok??

As articulações travadas nos bastidores evidenciam um retrato, sem retoques, de


como funciona a engrenagem da organização criminosa e quais são os artifícios utilizados para
evitar que os crimes praticados, nas entranhas do Poder Legislativo, permaneçam impunes.

Do modo como fora exaustivamente demonstrado no presente tópico, tem-se que


RITA DAS MERCÊS, MARLÚCIA, RODRIGO, LUIZA DE MARILAC, PAULO DE TARSO,
OSVALDO E ANA PAULA mantiveram-se alinhados e reunidos com o propósito de cometer
crimes incorrendo, dessa maneira, na prática do delito capitulado no art 2º., caput, da Lei n.º
12.850/2013.

119/238
5 – O PECULATO E A SUA DINÂMICA (ART. 312 DO CÓDIGO PENAL).

Consoante dito alhures, o ponto determinante para o avanço da presente investigação se


deu com a análise pormenorizada da microfilmagem dos mais de 20 mil cheques emitidos pela As-
sembleia Legislativa no período investigado (contas públicas, ressalte-se, mantidas junto ao Banco
SANTANDER), os quais permitiram vislumbrar um padrão de comportamento alheio à dinâmica ope-
racional seguida por instituições financeiras, onde determinadas pessoas recorrentemente sacavam
cheques originariamente emitidos em favor de outras, com e sem procuração ou endosso e com a
anuência do Gerente do Banco SANTANDER.

Essa exaustiva metodologia conferiu contornos de veracidade à suspeita antes ventilada,


no sentido de que esse padrão observado guardava relação com as movimentações atípicas comuni-
cadas no Relatório de Inteligência Financeira elaborado pelo COAF, posto que havia uma inafastável
interseção de algumas pessoas apontadas como sacadores de grande volume de dinheiro em es-
pécie das contas da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, as quais figuravam como saca-
dores desses cheques em nome de terceiros beneficiários.

Pois bem. A investigação logrou comprovar que o modus operandi adotado pela organi-
zação criminosa foi o de inserir servidores “fantasmas” em cargos de natureza precária e temporária
integrantes do quadro de pessoal da aludida Casa Legislativa e dissimular seus respectivos paga-
mentos lançando mão do meio mais contumaz adotado à época, que era o “cheque salário”. Para
tanto, promoveram a inclusão dos nomes de parentes, amigos ou de pessoas próximas (ex. funcio-
nários de casa) na lista de pessoal da Assembleia Legislativa com a indicação do cargo ou função
ocupada e o setor de lotação, sem que, para isso, qualquer dos beneficiários tenha precisado dar um
só dia de expediente e, ao final de cada mês, liberaram o respectivo cheque salário cujo saque, mui-
tas vezes, nem era realizado pelo próprio beneficiário, mas sim por algum integrante da organização
criminosa, ou por alguém a seu mando, para garantir o acesso imediato ao dinheiro.

Com efeito, durante as investigações, levantou-se as mais diversas justificativas para se


entender o porquê da opção por grande parte dos servidores daquela Casa Legislativa, à época, pelo
uso de uma forma de pagamento de característica tão arcaica e insegura.

Tal horizonte, a bem da verdade, só veio a se desenhar a partir do conhecimento da


anômala rotina em dia de pagamento da agência do banco SANTANDER (antigo Banespa), situada
dentro das dependências da aludida Casa, a qual era a entidade financeira ofertante do produto
bancário “cheque salário” aos servidores do Legislativo ao tempo, com a negativa do Banco do Brasil
em manter a operacionalização do mesmo.

120/238
Como se constata, a assunção do Banco SANTANDER (antigo Banespa) à condição
de detentor de parte da folha de pagamento da Assembleia Legislativa Estadual veio condicionada
ao fornecimento do produto bancário “cheque salário”, fato este que, inclusive, foi a mola
propulsora para a transformação do simples PAB então existente ao status de agência, como
também para a respectiva indicação de OSWALDO ANANIAS ao cargo de gerente-geral da
mesma.

De fato, a construção desse cenário foi determinante para que os planos escusos da
organização criminosa pudessem ser implementados de maneira exitosa.

Dessa forma, RITA DAS MERCÊS REINALDO, MARLÚCIA MACIEL RAMOS DE


OLIVEIRA , LUIZA DE MARILAC, RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES E PAULO DE
TARSO FERNANDES orquestraram um esquema de desvio de recursos públicos valendo-se dos
cargos que ocupavam, sem esquecer, a toda evidência, do apoio indispensável fornecido por
OSWALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR, viabilizando a fase final do desvio dos recursos, a partir da
flexibilização ardilosa de alguns procedimentos bancários.

Aliás, foi exatamente essa anômala rotina bancária criada a partir da flexibilização de
certos procedimentos que fomentou ainda mais o uso por grande parte dos servidores da Casa
Legislativa Estadual do cheque salário, visto que, além de outras particularidades, não precisava o
próprio beneficiário ir ao banco sacar seu pagamento, podendo pessoa diversa a seu mando, na
posse do referido título, retirar o respectivo montante, consoante bem frisou em seu depoimento a
funcionária do SANTANDER, Luana Bandeira.

Essa praxe bancária foi igualmente ratificada, em depoimento prestado ao Ministério


Público, por Rychardson de Macedo Bernardo, já referido e alguns servidores da Assembleia
Legislativa que confirmaram terem sacado cheques salário por outros colegas de trabalho sem que
existisse endosso ou procuração lhes outorgando poderes para tal fim, tendo ainda destacado o fato
comum da necessária aposição da rubrica por parte da “Dra. Rita” no verso dos mesmos, conforme
se depreende a seguir:

“(...) que retifica seu depoimento para afirmar que certa vez Dra. Rita
realmente sacou um cheque no valor de R$ 32 mil reais mesmo sem
procuração para tanto; que recebeu o dinheiro, em espécie, das mãos
de Dra. Rita; que acredita que isso só foi possível porque Dra. Rita é
uma funcionária muito antiga e conhecida da AL com trânsito na
agência do SANTANDER;(...) Grifos acrescidos (Depoimento prestado por
Bruno Maciel de Oliveira)

“(...) que eventualmente sacava os cheques de sua mãe , a sra. MARIA


ELIETE; que esta endossava o título e a depoente sacava pela sua a mãe;
que apresentado o cheque 035916 do SANTANDER emitido em favor de

121/238
MARIA ELIETE, a depoente reconhece a sua assinatura no verso do título e
a assinatura de Dra. Rita; que acredita que o gerente tenha pago o
cheque após a Dra. Rita colocar a sua própria assinatura; que se
recorda que isso de fato ocorreu certa vez; que conhece ELIONAI
BEZERRA DUARTE ( é ex cunhado da depoente) e JOSÉ EVANDRO
DUARTE SOBRINHO; que ambos trabalhava no Gabinete de Robinson
Farias mas na parte de articulação política pelo interior do estado; que
conhece RODRIGO SALUSTINO CYRO COSTA( ele é sobrinho da ex
esposa de Robinson Farias, a Sra. Nina Salustino); que acredita que o
mesmo ainda hoje trabalhe no setor de informática; que conhece DIVAIZA
ATALIBA FERNANDES e NATALIA SILVA DE QUEIROZ não se recordando
o setor em que as mesmas trabalhavam; que se recorda que foi a depoente
que as convidou para trabalhar na AL mas que depois não soube em que
setor as mesmas foram lotadas; que Natalia era esposa de José Evandro
Sobrinho; que Divaíza era irmã de José Evandro Sobrinho; que não se
recorda do nome da pessoa de IZABEL COSTA DE ARAÚJO; que atribui ao
fato de sacar os cheques emitidos em favor das pessoas acima nominadas
apenas como um favor aos beneficiários dos cheques; que isso era feito de
maneira muito informal, muitas vezes prescindindo de procuração.” -
Grifos acrescidos (Depoimento prestado por Débora Kátia Medeiros de
Morais)

“(...)que apresentado o cheque de no. 045980 do SANTANDER em que


consta no verso a assinatura da depoente seguida da rubrica de Dra. Rita, a
depoente esclarece que possivelmente isso aconteceu como forma de que
ZEZINHO (funcionário da Procuradoria) sacasse o cheque já que a depoente
não desejava permanecer na fila; que muitas vezes o próprio office boy
pedia a assinatura de Dra. Rita já que a mesma era uma autoridade na
Casa e, assim, viabilizava o saque do cheque por terceiros; (…) que não
tem amizade pessoal com UBALDO, sendo apenas um colega de
trabalho; que não tem conhecimento do mesmo ter sido procurador da
mãe da depoente, não descartando a hipótese do mesmo ter sacado,
mesmo sem qualquer instrumento de mandato, na época em que
trabalhava no gabinete do Deputado Robinson”- Grifos acrescidos
(Depoimento prestado por Magaly Cristina da Silva)

De fato, quando da análise de alguns dos cheques salário, foi verificado que em seus
versos constavam recorrentemente assinaturas de Rita das Mercês, JOSÉ DE PÁDUA, Rodrigo
Marinho e de MARLÚCIA ou a informação “confirmado com MARLÚCIA – NAPP e número de
telefone” ou, ainda, “confirmado com Rita”, como se fossem os responsáveis por autorizar os saques
das quantias nominais dos cheques por terceiros.

E, na mesma situação, tem-se ainda a participação de OSWALDO ANANIAS, posto que,


como ele mesmo confirmou em depoimento ao Ministério Público (trechos abaixo), todos os cheques
sacados na aludida agência passavam pelo seu aval para ratificar o pagamento, ou seja, era mais
um dos responsáveis por autorizar os saques das quantias nominais dos cheques por terceiros:

OSWALDO ANANIAS: “01min12seg(...) Promotor: O senhor é funcio-


nário do banco SANTANDER há quanto tempo? Oswaldo: Há 28 anos.
Promotor: 28 anos? OSWALDO ANANIAS: 28 anos. Promotor: O se-
nhor passou por quais agências? OSWALDO ANANIAS: Passei pela

122/238
agência Natal que, na época, era a única que existia. Eu sou concursa-
do do antigo banco do Estado de São Paulo-BANESPA, e, após a pri-
vatização, eu continuei na instituição SANTANDER. E acerca de 8
anos, 7, 8 anos, mais ou menos, estou na agência da Assembleia por-
que antigamente era um PAB vinculado à agência e houve uma desvin-
culação, tornando agência e eu fui convidado a ser o gerente-geral de
lá.(...)
07min58seg - OSVALDO ANANIAS: Porque, na verdade, como ge-
rente-geral todo... Mas assim, todos os cheques independentes
são assinados por mim. Se um cliente for ao caixa e fizer a tratati-
va toda, no final do dia, o caixa necessariamente passa para eu
dar os vistos e encontros (compreendido pelo analista)

Portanto, essa prática contava com o aval do gerente do PAB – SANTANDER OSVALDO
ANANIAS PEREIRA JÚNIOR, pessoa do círculo íntimo de amizade de RITAS MERCÊS. Prova ir-
refutável dessa vinculação estreita reside no fato de que, tão logo foi notificado para prestar de-
poimento perante o Ministério Público, mesmo não integrando os quadros do Legislativo Potiguar,
reportou-se imediatamente à RITA DAS MERCÊS, com ela se reunindo previamente e repassan-
do, a posteriori, todas as informações do que ocorreu durante a audiência, consoante se depreen-
de de diálogo acima destacado.

No depoimento prestado por GUTSON JOHNSON, o mesmo descreve como se proces-


sava a dinâmica para o desvio dos recursos públicos por meio dos cheques salários, qualificando-
o como “algo simples, sem burocracia”:

(...) MP: (...) Eu queria que você me dissesse… Você sabe me dizer como era
esse esquema? GUTSON: mais ou menos, assim era uma documentação muito
simples, uma conta bancaria, CPF né? E um comprovante de endereço qualquer
daqui da região de Natal, eram levados esses nomes para… para a Rita, a Rita
repassava para a Marilac, se reunia com Marlucia e Marlucia implantava na folha
normalmente uma coisa simples, ne? Tinha o aval do Osvaldo que também não
criava nenhum tipo de empecilho nem questionamentos, simplesmente os no-
mes batiam aqueles nomes e ele também não questionava e efetuava os paga-
mentos, não tinha nenhuma dificuldade de contratação, contratação simples,
sem burocracia” (...)

Ainda no que tange a OSVALDO ANANIAS, é visível o tanto quanto ele se arriscava,
violando regras institucionais e até mesmo normas do Banco Central do Brasil para “viabilizar” os
pagamentos dos cheques salários. Consoante as imagens a seguir, é possível observar que
recorrentemente Osvaldo Ananias autoriza o pagamento de cheques nominais a terceiros única e
exclusivamente com a rubrica de Rita, Rodrigo ou MARLÚCIA, sem qualquer atendimento à
cadeia de endossos ou, tampouco, com referência à existência de procurações para tanto.

123/238
CHEQUE N.º 2

124/238
Perceba-se que nos cheques acima constam tão somente a rubrica da acusada RITA
DAS MERCÊS. Imediatamente ao lado consta a assinatura do Gerente do Banco SANTANDER,
OSVALDO ANANIAS, com o respectivo carimbo.

O cheque abaixo, cuja microfilmagem foi enviada com baixa qualidade, estando pouco
legível, foi emitido em favor de DIOGO CUNHA LIMA FERNANDES, filho de RODRIGO
MARINHO, cuja rubrica foi aposta no verso do título, sendo a mesma constante na chancela
existente no rosto do documento.

125/238
Ademais, com o avançar das investigações, foi possível observar através do acesso aos
dados bancários de vários investigados, que ambos sistemas de pagamento de pessoal, tanto de
cheque como de crédito em conta corrente, alimentavam os desvios, sendo utilizados, muitas vezes,
de forma concomitante e não alternativa.

Para efeito da presente denúncia, serão abordados os vínculos familiares de RITA


DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA. Os demais beneficiários serão objeto de ações penais diver-
sas, referentes a diversos núcleos que aderiram e se acoplaram a este núcleo estável da organi-
zação criminosa .

5.1 – DOS CRIMES DE PECULATO PRATICADOS POR RITA DAS MERCÊS E


SEUS FAMILIARES

O afastamento do sigilo bancário de RITAS DAS MERCES no período compreendido


entre anos de 2006 e 2011 evidenciou que transitaram nas contas por ela titularizada valores ab-
solutamente desproporcionais àqueles percebidos pela mesma a título de vencimentos pela As-
sembleia Legislativa.

Aliado a isso, o cotejo de um expressivo número de cheques emitidos pelo Legislativo


no mesmo lapso temporal mostrou que grande parte deles continha em seu verso a rubrica de
RITA DAS MERCÊS, a inscrição “Dra. Rita” ou a indicação de que a mesma sacou o valor do che-
que mediante procuração.

No lapso temporal correspondente aos anos de 2006 - 2011, foram rastreados 443 51
cheques emitidos pela Assembleia Legislativa e sacados por RITA DAS MERCÊS REINALDO,
cheques esses em que não constava seu nome como beneficiária , ou seja, não eram nominativos
a ela e que contabilizaram o montante de R$ 2.627.900,47. Somando-se a eles os cheques em
que RITA DAS MERCÊS consta como beneficiária (98 cheques), acrescidos dos créditos em con-
ta (22 transações), atinge-se a impressionante cifra de R$ 5.291.093,98.

51Saliente-se que essa quantidade é apenas uma fração do universo dos cheques, tendo em vista que hou-
ve corte de valor na requisição das microfilmagens, além de uma quantidade expressiva de títulos ilegíveis
remetidos pelo Banco SANTANDER.

126/238
Por sua vez, se agregarmos esse montante total recebido diretamente por Rita das
Mercês, ao que foi sacado diretamente por seus familiares e de José de Pádua - R$ 466.951,37 -
atinge-se a quantia de R$ 5.758.045,35.

O montante dos recursos recebido por RITA DAS MERCÊS oriundos da Assembleia
Legislativa pode ser assim traduzido:

A figura ilustra a maneira como se efetivou a distribuição dos valores pagos em cheque,
sendo possível visualizar o modus operandi de recebimento desses recursos por meio desses
títulos.

Ao analisar a forma como foram pagos os cheques observou-se que uma parte deles foi
endossada em favor de RITA DAS MERCÊS, outra parte foi sacada mediante procuração. Entre-
tanto, uma parcela expressiva de cheques foi descontada sem qualquer autorização do beneficiá-
rio via endosso ou procuração.

Vale pontuar que o uso dessas procurações era algo tão disseminado que já existia uma
minuta padrão no setor de pagamento, tendo este modelo, inclusive, sido enviado por e-mail à
Rita das Mercês, em 2008, pelo servidor lotado no NAPP, Sidney de Macêdo Alves:

127/238
From: Sidney de Macêdo Alves <smacedo@rn.gov.br>
Subject: Procuração
To: rita_das@uol.com.br
Data: 27/06/2008 09:49

Bom dia Rita, através deste estou te enviando o modelo de procuração que dispomos
aqui no núcleo.

Sem mais para o momento,

Atenciosamente,

Sidney
NAPP - AL/RN

1Anexo: PROCURAÇÃO. Doc 20,5KB

128/238
P R O C U R A Ç Ã O

Pelo presente instrumento particular de procuração, eu , residente e domiciliado na ,


nacionalidade: , estado civil, portador da carteira de identidade nº , expedida pelo(a), CPF:,
nomeio e constituo meu bastante procurador o Sr. E ou Sra. , residente na, nacionalidade: estado
civil: , portador da carteira de identidade nº , expedida pelo(a), CPF:, para o fim receber toda e
qualquer importância destinada e ou depositada da gratificação, do quadro de pessoal da
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte. Sendo que o presente instrumento terá
validade de um ano.

Natal(RN), de de 2007.

RECONHECER FIRMA
(Art. 654 2º do Código Civil Brasileiro)

Disto isto, retomemos aos cheques remetidos pelo SANTANDER. A tabela abaixo
consolida a relação completa dos beneficiários de cheques que foram sacados por RITA e a
informação se constavam ou não na DIRF do Órgão:

Beneficiários de Cheques sacados por Rita:


BENEFICIÁRIO DIRF/ANO
ADRIANA RIBEIRO DE AZEVEDO Não Consta
AELIO ANDRE DE SOUZA 2006 a 2011.
ALBANITA DE OLIVEIRA DE LIMA 2006, 2009, 2010 e 2011.
ALESSANDRU EMMANUEL PINHEIRO ALVES 2006 a 2011.

129/238
ANTOMAR LEITE DANTAS 2006.
ANTÔNIO MEDEIROS DA COSTA Não consta
ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA 2006, 2009, 2010 e 2011.
BRUNO M OLIVEIRA Não consta.
CRISTIANE ACIOLE MARTINS 2006 a 2011.
CRISTIANE SILVA DA COSTA Não consta.
DANIELLE RENATA DA COSTA SALES Não consta.
DANILO JOSÉ SILVA GESTEIRA 2006 a 2011.
DÉBORA KÁTIA MEDEIROS DE MORAIS
DUARTE 2006 a 2011.
DIOGO CUNHA LIMA FERNANDES 2006 a 2011.
EDILZA OLIVEIRA DE ARRUDA 2008 a 2011.
ELIELMA GERALDA DA SILVA Não consta.
ELISIANE VIEIRA DA COSTA Não consta.
EUDES MARTINS DE ARAÚJO 2006 a 2007.
FRANCISCA DAS C PEIXOTO LEANDRO 2006 a 2011.
FRANCISCO DE ASSIS DOS SANTOS Não consta.
GETULIO LUCIANO RIBEIRO 2006 a 2008
GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL N. JÚNIOR Não consta.
GUTSON JOHNSON GIOVANY R. BEZERRA 2007 a 2008.
HELGA MOREIRA TORQUATO DE ALMEIDA 2006 a 2011.
HUMBERTO COSTA DIAS 2006 a 2011.
ILEGÍVEL -
ISRAEL FERREIRA NUNES NETO 2006 a 2011.
IVONILSON CAETANO MONTEIRO 2006 a 2011.
JOÃO NETO DA COSTA 2006.
JOÃO ROCHA NETO 2006 a 2011.
JOAQUIM EVARISTO GUIMARÃES NETO 2006 a 2011.
JORGE CÉLIO DA COSTA LIMA 2006 a 2011.
JOSÉ DE PÁDUA MARTINS DE OLIVEIRA 2006 a 2011.
JOSÉ WILTON DIAS DO REGO 2006 a 2011.
JULIANA DE LOURDES SILVA GESTEIRA 2006
JULIANA PINTO BARCELOS 2008 a 2009.
JUSSANA PORCINO REINALDO 2006.
KARINA CORDEIRO DO NASCIMENTO 2008 a 2011.
LISIANE VIEIRA DA COSTA Não consta.
LUCIENE RAMALHO DA SILVA 2008 a 2009.
LUCIMIRA RAMALHO DA SILVA 2008 a 2009.
LUIZ ALVES GESTEIRA 2006 a 2011.
LUIZ CARLOS DO NASCIMENTO ANDRADE Não consta.
LUIZA DE MARILLAC RODRIGUES DE QUEIROZ
C PEIXOTO 2006 a 2011.
MAGALY CRISTINA DA SILVA 2006 a 2011.
MARIA CRISTINA DOS SANTOS 2008 a 2009.
MARIA DE FÁTIMA ALVES DE OLIVEIRA -
MARIA HELENA CORDEIRO DO NASCIMENTO 2008 a 2011.
MARIA LUCIEN REINALDO Não consta.
MARIA LUIZA DA SILVA 2006.

130/238
MARIA NILZA DE MEDEIROS 2006.
MARIANA QUEIROZ PEIXOTO Não consta.
MARIANE MORGANA PORTELA REINALDO 2011.
MARLUCIA MACIEL RAMOS DE OLIVEIRA 2006 a 2011.
OLGA MOREIRA TORQUATO DE ALMEIDA 2006 a 2011.
OLINDINA COELLI PEREIRA 2006 a 2011.
ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA 2006 a 2008.
PATRÍCIA PEREIRA NUNES LOPES 2006 a 2011.
PRISCILA DA ESCÓSSIA PEGADO 2009.
RAFAELA QUEIROZ PEIXOTO Não consta.
ROBERTINA PINHEIRO DE MACEDO 2007 a 2011.
RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES 2006 a 2011.
ROSEANE APARECIDA DE BRITO 2006 a 2008.
ROSSANA CUNHA LIMA FERNANDES 2006 a 2011.
SATURNINO PEDRO DA SILVA 2006 a 2011.
SEBASTIÃO ALVES DE OLIVEIRA 2008 a 2009.
TANGRIANY DE NEGUREIRO DIÓGENES Não consta.
TEREZA CRISTINA CORREIA MOREIRA 2006 a 2011.
UBALDO ALVES GESTEIRA 2006 a 2011.
VIRGÍLIO OTÁVIO PACHECO DANTAS NETO 2006 a 2011.
WILTON MARQUES DO MONTE LIMA 2006 a 2011.
ZELINDA CAVALCANTI DE LIMA 2006 a 2011.

De logo, chama a atenção o fato de que diversos servidores da Assembleia Legislativa


não figurem na DIRF apesar de terem recebido recursos públicos a título de trabalho assalaria-
do52.

De acordo com pesquisa realizada no site da Assembleia Legislativa53, foi possível ob-
servar que nos Boletins Oficiais disponíveis no período de 2005 a 2015, nenhuma das pessoas
abaixo relacionadas consta em qualquer ato de nomeação/exoneração, ou ainda, de designação
ou coisa que o valha.

ADRIANA RIBEIRO DE AZEVEDO


ANTÔNIO MEDEIROS DA COSTA
BRUNO M OLIVEIRA

52 Receita 0561 - Fato gerador: Pagamento de salário, inclusive adiantamento de salário a qualquer título,
indenização sujeita à tributação, ordenado, vencimento, soldo, pro labore, remuneração indireta, retirada,
vantagem, subsídio, comissão, corretagem, benefício(remuneração mensal ou prestação única) da
previdência social, remuneração de conselheiro fiscal e de administração, diretor e administrador de pessoa
jurídica, titular de empresa individual, gratificação e participação dos dirigentes no lucro e demais
remunerações decorrentes de vínculo empregatício, recebidos por pessoa física residente no Brasil.
(RECEITA FEDERAL. (2015). Manual do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - Mafon. Pag. 09. Fonte:
RECEITA FEDERAL DO BRASIL - MINISTÉRIO DA FAZENDA. Disponível em:
http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/dirf/Mafondirf2014/Mafon2014.pdf. Acesso em 10 de fevereiro de
2015.)"
53 Disponível em: <http://www.al.rn.gov.br/portal/boletins>. Acesso em 08 de julho de 2015.

131/238
CRISTIANE SILVA DA COSTA
DANIELLE RENATA DA COSTA SALES
ELIELMA GERALDA DA SILVA
ELISIANE VIEIRA DA COSTA
FRANCISCO DE ASSIS DOS SANTOS
GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL N. JÚNIOR
LISIANE VIEIRA DA COSTA
LUIZ CARLOS DO NASCIMENTO ANDRADE
MARIA LUCIEN REINALDO
MARIANA QUEIROZ PEIXOTO
RAFAELA QUEIROZ PEIXOTO
TANGRIANY DE NEGREIRO DIÓGENES

Mas não é só isso. O minucioso trabalho de análise e catalogação dos cheques reme-
tidos pelo SANTANDER permitiu identificar que um número considerável de pessoas pertencentes
ao núcleo familiar de RITA DAS MERCÊS e ao de seu então esposo JOSÉ DE PÁDUA, igualmen-
te servidor da Assembleia Legislativa, mantinha vínculos com a AL/RN, seja como detentores de
cargos comissionados, de função gratificada ou ainda de maneira até o momento não identificada.

No contexto da análise dos desvios operacionalizados mediante a inserção fraudulen-


ta de familiares e amigos de RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA na folha de pagamento, um
aspecto que merece ser reportado diz respeito às inúmeras divergências constantes nas informa-
ções oriundas da AL/RN . Prova disso são os registros financeiros constantes no sistema de folha
de pagamento do órgão, processados pela empresa Elógica, ao serem confrontados com as infor-
mações bancárias e fiscais tanto dos próprios réus, como também da Assembleia Legislativa,
amealhadas no curso da investigação.

Dentre as inconsistências, pode-se mencionar, a título exemplificativo, que os ora de-


nunciados GUSTAVO ALBERTO VILLAROEL NAVARRO JÚNIOR, GUTSON JOHNSON REINAL-
DO BEZERRA, IVONILSON CAETANO MONTEIRO, JUSSANA PORCINO REINALDO e TANGRI-
ANY DE NEGREIROS DIÓGENES REINALDO, em que pese terem recebido valores da AL/RN
não possuem nenhum registro financeiro ou informações referentes a pagamentos efetuados em
favor dos mesmos, consoante ofício oriundo da Coordenadoria de Execução Financeira e Orça-
mentária - CEFO .

É nesse contexto que RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES, Secretário Ad-


ministrativo à época dos fatos, MARLÚCIA MACIEL RAMOS DE OLIVEIRA, Coordenadora do
NAPP e LUIZA DE MARILAC, servidora vinculada à Procuradoria da AL e que detinha todo o
know-how da gestão de pessoas do órgão, mostram-se elos poderosos dentro da cadeia crimino-
sa que se enraizou nas estruturas da AL/RN.

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Através deles é que foi viabilizada a inserção dos familiares de RITAS MERCÊS e de
JOSÉ DE PÁDUA na estrutura administrativa do Órgão e, de igual forma, foi através deles que se
operacionalizou a emissão dos cheques posteriormente sacados pelo casal. ORLEI MARTINS, ir-
mão de JOSÉ DE PÁDUA, relatou com clareza todo o modus operandi da dupla referida com ri-
queza de detalhes, especificando a forma como ingressou no esquema criminoso, senão vejamos
a transcrição dos trechos mais relevantes do depoimento prestado ao Ministério Público:

“Orlei – Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 1) (...) MP: Perfeito. Então
pelo que estou percebendo, a sua carreira foi uma carreira voltada para o
magistério? Orlei: Para o magistério. MP: Certo. O senhor já trabalhou na
Fundação Apolônio Sales de Desenvolvimento Educacional? Em Recife?
Orlei: Dra. A senhora pode repetir, por favor?MP: Pois não. O senhor já
trabalhou na Fundação Apolônio Sales de Desenvolvimento Educacional?
Em Pernambuco? Orlei: Em Pernambuco. Já. MP: O senhor se recorda o
período? Orlei: Não me recordo, mas faz mais ou menos uns 6 anos a 7
sete atrás. MP: O senhor já trabalhou na prefeitura de Santa Cruz do
Capiberibe? Orlei: Era esse trabalho... era justamente ligado... A Secretaria
de Educação era a dona dessa entidade, e eu prestava serviço aos dois.
Fui funcionário da prefeitura. MP: O senhor fazia o quê? Orlei: Ensinava.
Ministrava aula. MP: Era o quê? Cursinho? Orlei: Era cursinho e colégio.
MP: Aonde era isso? Em que município? Orlei: Santa Cruz do Capiberibe.
MP: Isso fica perto de quê, só para eu me situar? Orlei: Ela fica no centro
da cidade. MP: Não, não. O município fica a quantos quilômetros de Recife
ou de João Pessoa...Orlei: Olha... Eu vou dar a localidade diretamente
ligada a Campina Grande, que fica mais próximo. Cento e vinte, cento e
vinte três quilômetros. E na época eu morava em Campina Grande. MP:
Entendi. Então nessa época o senhor morava em Campina Grande. Orlei:
Em Campina Grande. MP: Então o senhor se deslocava de Campina para
Santa Cruz do Capiberibe. Orlei: Santa Cruz do Capiberibe. MP: Aí o
senhor passava o dia dando aula lá? Orlei: Não. Eu dava aula à noite e me
deslocava às 22:30 de lá para Campina Grande. Depois quando eu fiz o
concurso para Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Capiberibe. Aí meu
horário ficou... era cinco aulas pela manhã, cinco à tarde, cinco à noite
durante dois dias, que dava uma carga horária de 60, aliás, 30 aulas por
semana. MP: Entendi. O senhor ainda mantém esse vínculo com essa
prefeitura? Orlei: Aproximadamente... Não chegou a três anos. Porque me
botaram...MP: O senhor se recorda dos anos? De tanto a tanto. Qual era o
período? Orlei: Dra., Eu não me recordo. MP: Então do que eu conversei
com o senhor, eu percebo que o senhor é professor e faz disso o seu
ganha-pão. Orlei: Olha, valor-aula depende da escola. MP: Não, não. O
que estou perguntando. Eu queria que ele se afastasse um pouquinho da
câmera. Isso. O que estou perguntando é se seu ganha-pão sempre foi
ligado ao magistério? Orlei: Sempre na área de educação. MP: O senhor
nunca teve nenhuma espécie de vínculo com algum órgão aqui do Rio
Grande do Norte? Orlei: Sim. Com a Assembleia Legislativa. MP:
Então seu único ganha-pão não foi na área do magistério. Orlei: Mas
tá dentro da área de educação porque eu assessorava a parte de
narrativa escrita justamente de José de Pádua. Diretor... MP: Não
entendi. Não ficou claro para mim. Orlei: Eu fazia... O meu trabalho na
Assembleia era justamente de correção, de elaboração de alguma
coisa escrita diretamente com Pádua Martins. MP: Eu queria que o
senhor me definisse o que é “alguma coisa escrita”. O que é isso? Eu
não estou entendendo. Orlei: Por exemplo. Ele ia realizar uma
recepção com uma figura do mundo político em Natal, então o que ele
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elaborava, ele me dava para eu rever, olhar e até fazer a correção. MP:
Entendi. Então o senhor atuava como uma espécie de revisor do
material... Orlei: Eu era um assessor dele para esse assunto. MP:
Entendi. Certo. O senhor ficou vinculado... Qual era o cargo que o
senhor ocupava lá? Orlei: Eu não tenho um cargo assim porque ele
dizia que eu era um assessor dele nesse âmbito. MP: O senhor não se
recorda o nome do cargo? Orlei: Não senhora. Até porque eu não
tenho nenhum documento que comprove isso pra lhe dizer. No
momento. MP: Certo. O senhor se recorda. Qual era o expediente que
o senhor dava lá na Assembleia, se o senhor morava em Campina
Grande? Orlei: Eu não tinha um expediente. Ele ligava para mim, já
que eu não morava em Natal, ou então quando ele ia no final de
semana, levava alguma coisa e na minha própria residência, olhava a
documentação, fazia algum documento que ele me pedia, ou então
quando ele ligava me chamando. MP: Certo. Então o senhor não
comparecia à Assembleia? Essa assessoria era remota? Orlei: É. Era
uma assessoria dele. Do Pádua. MP: Certo. Mas era remota. O senhor
não estava na Assembleia. Orlei: Não estava. MP: Nunca compareceu
à Assembleia? Orlei: Compareci algumas vezes. Só para pegar
alguma coisa e levar. MP: Certo. E qual é o seu vínculo com José de
Pádua? Orlei: José de Pádua é meu irmão. E, além de meu irmão, é
praticamente um filho que eu tive, porque quando minha mãe morreu,
muito jovem aos 48 anos, me entregou três filhos dela... Eu tinha
casado, e aí eu fui criá-los. Eles cresceram comigo. MP: Certo. O
senhor nunca morou em Natal? Orlei: Nunca morei em Natal. Tô
morando em Santa Cruz, até porque quando me aposentei, ele disse
“vá morar no Rio Grande do Norte! Ou em Natal ou próximo de Natal”.
Aí eu disse para ele “ Natal o custo de vida é muito alto e o meu
salário não é compatível com essa realidade”. Aí vim à Santa Cruz, já
que em Santa Cruz, minha esposa é do Rio Grande do Norte e a mãe
dela morava aqui, tem família aqui. Aí eu vim visitar, numa festa de
Santa Rita de Cássia. Gostei da cidade e me transferi para cá. MP: O
senhor se recorda por quanto tempo o senhor ficou vinculado à
Assembleia prestando essa assessoria? Orlei: Numa faixa de dois
anos. MP: Dois anos. E nesse período o senhor se recorda qual era
seu salário? Orlei: Doutora, era 4 mil e alguma coisa. Eu não me
recordo do salário, mas era 4 mil e alguma coisa. MP: Certo. E como
era que o senhor recebia esse salário? Orlei: Como eu não vivia aqui
no Rio Grande do Norte, passei uma procuração para ele e toda essa
parte bancária era feita com ele. MP: Não era mais fácil o senhor
receber isso em conta? Orlei: Era, porque eu tinha uma conta do BB,
mas quando eu pedi a ele, para ele arranjar uma coisa para mim, já
que eu estava próximo de me aposentar, a Dra. Rita pediu meus
documentos, foi lá em casa... MP: O senhor está falando da Dra. Rita,
que então era casada com José de Pádua. Orlei: Com o meu irmão.
Mas que eles não estavam em um relacionamento... que não estava
muito certo. Os dois não se combinavam bem. Aí foi quando
justamente ele se separou dela e eu perdi esse trabalho. MP: Então o
senhor saiu no momento da ruptura do relacionamento do casal?
Orlei: Foi. MP: Certo. Orlei: Aí foi que ele me avisou... MP: Eu queria
compreender qual foi o papel de Dra. Rita na sua nomeação. Orlei:
Olha, eu acredito que o papel dela na minha nomeação deve ter sido
muito importante por ela, porque era ela que fazia essas coisas. MP:
Era ela que ficava... as nomeações...Orlei: É. Ela era a responsável
por esse setor. MP: Certo. E como foi então? O senhor falou com seu
irmão e disse o quê? Que estava precisando de um emprego... Como foi?
Orlei: Foi. A senhora sabe muito bem que salário de professor é um salário

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irrisório e eu já venho de separação, então tirava ainda desse mísero
salário, ainda saía alguma coisa para, pouca coisa, mas de qualquer
maneira, saía do meu salário e eu precisava de alguma coisa mais. Como
a meta deles era querer ajudar a família. Nós somos de família humilde.
Quando ela conheceu meu irmão, meu irmão tinha trabalhado, mas era de
família humilde, então ela prometeu ajudar e me ajudou nesse aspecto.
MP: Certo. Esses R$ 4 mil né? Que o senhor disse? Orlei: R$ 4 mil. É. MP:
Esses R$ 4 mil era por cheque ou era por crédito em conta? Orlei: Ele
tirava esse dinheiro do meu salário e me dava uma ajuda... R$
1.500,00... MP: Desculpa. Eu não entendi. Ele o quê? Orlei: Tirava um
salário, que ele tinha procuração, e me dava uma ajuda de R$
1.500,00. MP: Ah! Entendi! Então ele ficava com uma parte, era isso?
Orlei: Acredito que, entre eles, eu não sei com quem ficava, mas ele
me dava só R$ 1.500,00. MP: Entendi. Então vamos lá, que isso é uma
informação nova. O senhor pediu para ser inserido na folha. É isso? Orlei:
Eu solicitei um trabalho e eles ficaram de arranjar, até porque eu não sabia
que estava vinculado à folha do Estado. Foi quando, um dia, eu precisei de
um contracheque para eu fazer um cadastro, aí fui até ele. Aí ele disse
“vamos falar com Rita”. Eu fui e solicitei, que se eu era funcionário, eu
tinha direito a um contracheque. Ela foi e me deu um contracheque. E foi
esse contracheque que eu “xeroquei” e dei entrada nessa negociação do
que eu estava pretendendo, que era um empréstimo. MP: Certo. Então
vamos lá. Então o senhor pediu um emprego, né? Sabia que Dra. Rita
era uma pessoa influente dentro da Assembleia, né? Orlei: Com
certeza. MP: Então quando o senhor pediu um emprego o senhor já
imaginou que podia conseguir algo dentro da Assembleia, é isso?
Orlei: Isso! MP: Perfeito. O seu irmão, na época convivia com Dra.
Rita. Orlei: Certo. MP: Então ele conseguiu um cargo para o senhor, o
senhor nunca foi na Assembleia e aí... Orlei: Fui! Não obrigatória...MP: Só
esporadicamente. O senhor não dava expediente. Orlei: Isto. MP: Pronto.
Em razão desse emprego, né, que eles conseguiram, o senhor recebia R$
1.500,00. Orlei: Era. MP: Mas o senhor sabia, o senhor tinha conhecimento
de que o salário era maior. Orlei: Eu não sabia do salário. Eu só vim saber
quando eu pedi...
MP: Sr. Orlei, o senhor sabia o salário total do cargo que o senhor estava
ocupando? Orlei: Como eu já disse a senhora. Eu vim ser sabedor do salá-
rio quando eu pedi um contracheque. MP: Ah! Entendi. O contracheque.
Orlei: Entendeu? MP: Entendi. Certo. Até então o senhor não sabia. O se-
nhor achava que eram os R$ 1.500,00, mesmo? Orlei: É, eu não sabia do
valor total. MP: Como é que ele lhe repassava esse dinheiro? Esses R$
1.500,00. Orlei: Como ele ia sempre à Paraíba, principalmente sempre à
minha casa, ele quando chegava no início de cada mês, ele me dava a im-
portância. Eu não assinava nada...(...)MP: Certo. Me diga uma coisa, en-
tão ele lhe entregava o dinheiro em espécie quando ia se encontrar
com o senhor em Campina Grande. Orlei: Me dava em espécie. MP:
Certo. Me diga outra coisa. Existe uma conta que está no nome do se-
nhor, uma conta do Banco do Brasil, certo? Que ele é o procurador. O
senhor deu uma procuração para ele? Orlei: Dei uma procuração a
ele. MP: Certo. A pedido dele? Orlei: A pedido dele. MP: Certo. O que
foi que ele disse para lhe pedir essa procuração? Orlei: Porque desde o
tempo que ele morou comigo, ele movimentava minhas coisas, já que eu
trabalhava manhã, tarde e noite e ele trabalhava no centro de Campina
Grande, nos diários associados, justamente na sede do jornal Diário da
Borborema, então ele fazia todas as minhas transações. Então continuou.
Quando eu recebia essa ajuda dele, aí ele disse que era preciso eu estar
lá sempre pra eu receber, todo mês, eu disse “como vai ser?”, aí ele disse,
me passe uma procuração que eu resolvo, aí eu passei uma procuração

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para ele. MP: Certo. O senhor sabia que era para isso? Orlei: Sabia que
era para isso. MP: Certo. Orlei: Até aí eu não sabia quanto eu ganhava
também. Como funcionário da Assembleia...MP: Quando o senhor rece-
beu, Sr. Orlei, esse contracheque que o senhor estava precisando, né,
para fazer o empréstimo, certo, o senhor não perguntou a Pádua “ei rapaz,
meu salário é tudo isso e você só está me repassando R$ 1.500,00?”. Vo-
cês não chegaram a conversar sobre isso? Orlei: É. Falei. Mas aí foi quan-
do eu fui informado por eles que desse meu salário sairiam algumas aju-
das para pessoas da minha própria família. MP: Quem seriam essas pes-
soas? Orlei: Tinha uma sobrinha minha que ele dava R$ 300,00. MP: Tinha
uma sobrinha o quê? Orlei: Sobrinha minha que ele dava R$ 300,00. MP:
Como era o nome dela? Orlei: Que por sinal não durou muito não... MP:
Mas como era o nome dela. Orlei: Era Daniele. MP: Daniele? Orlei: É. MP:
Ela é filha de quem? Orlei: De uma irmã minha. MP: Como é o nome da
sua irmã? Orlei: Ducilene Martins de Oliveira. MP: Jucilene? Orlei: Du-ci-le-
ne. Com “D”. MP: Certo. Então, parte desse dinheiro, do seu salário, ia pra
Daniele, filha de Ducilene? Orlei: Não, só uma parte de R$ 300,00. MP:
Certo. R$ 300,00, parte desse dinheiro ia para ela. Orlei: Era. E o resto ele
dizia que ia dar... Ele e Rita, que estavam prestigiando alguns membros da
família. MP: Entendi, entendi. Sr. Orlei, eu queria que o senhor me disses-
se... O senhor disse que ficou três anos, não foi? Na Assembleia? Orlei:
Aproximadamente. MP: (Eu queria que) o senhor se recordasse quais fo-
ram os trabalhos que o senhor fez de revisão para Pádua. Orlei: Doutora,
era assim, por exemplo, ele queria fazer um cartaz para comunicar aquele
evento. Como eu era professor de língua portuguesa, eu redigia uma arte e
entregava a ele. Era mais ou menos assim. Então, evento cultural... A As-
sembleia vai fazer... Aí ele sempre pedia uma opinião minha ou ajuda. MP:
Entendi. Tá certo. O senhor mora em Santa Cruz? Orlei: Moro em Santa
Cruz.(...)
Orlei – Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 2)
(...)MP: O senhor tinha dito o contexto da sua inserção na folha da As-
sembleia. Vamos lá resgatar. O senhor disse que estava passando por
dificuldades financeiras e pediu um emprego a Pádua. Não foi isso?
Orlei: Foi isso. E inclusive a Dra. Rita, mais ele, sempre se apresenta-
vam dispostos a ajudar a família. Aí foi quando ela me pediu os docu-
mentos, eu passei documentos para ela, e um dia Pádua me pediu
para ir a Natal, que era justamente para abrir uma conta no Banco do
Brasil. MP: Então Dra. Rita e Dr. Pádua, na época eles eram casados,
viviam juntos. Orlei: Já eram casados. MP: Aí eles sempre se dispuse-
ram a ajudar a família e foi assim que o senhor pediu esse emprego.
Orlei: Pois não. MP: O senhor sabia que o emprego era pra Assem-
bleia? Orlei: Sabia que era dentro do campo dela né? Dentro da As-
sembleia. MP: E aí o que foi que Pádua pediu para operacionalizar
isso? Orlei: Primeiro, os documentos que entreguei. E no dia que fui a
Natal para abrir a conta, uma procuração. MP: O senhor disse que en-
tregou documentos. O senhor se recorda a quem o senhor entregou
os documentos? Orlei: Justamente. Eu fui a Natal. Ele foi com ela lá
na minha casa e entreguei os documentos a ela mais ele. MP: Certo.
Na casa deles? Orlei: Na minha. MP: Na sua casa em Natal? Orlei: Em
Campina Grande. Eu morava em Campina. MP: E a conta? Era uma conta
no BB? Orlei: Do Brasil. Em Natal. No Centro Administrativo. MP: O sr.
passou uma procuração? Orlei: Foi. MP: Uma procuração pra quem? Orlei:
Para José de Pádua Martins. Porque sempre, até no tempo de solteiro, ele
era quem resolvia os meus problemas. Que eu trabalhava manhã, tarde e
noite, corria para Pernambuco. Corria antes para Patos. Depois eu fiquei
só Pernambuco e Campina Grande. MP: O senhor tem outras contas cor-
rentes? Orlei: Eu tenho. Tenho a conta corrente... MP: Mas ele é procura-

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dor só dessa? Orlei: Só dessa. MP: O senhor foi inserido na folha depois
disso. Orlei: Não, eu não sei doutora. Porque eu só vim saber que estava
como funcionário quando eu perguntei se havia possibilidade de eu rece-
ber um contracheque. MP: Certo. Mas o senhor me disse no outro depoi-
mento que ele lhe dava todo mês uma determinada quantia. Orlei: Justa-
mente. É isso que eu queria explicar à senhora. Porque eu acho que ficou
mal-entendido. A importância de (R$) 4.000 e alguma coisa, não me lem-
bro o resto... Então ele me dava, pelo que eu fazia, ele me dava R$
1.500,00 e o resto ficou combinado para ele dar a algumas pessoas mi-
nhas que viviam... pro exemplo, filhos que trabalhavam no comércio e ca-
sados. A senhora sabe do salário comercial. E essa sobrinha que eu citei,
chamada de Daniele, que dava 300... Até porque ela é obesa, ela tem pro-
blema de saúde... é uma herança da diabetes da mãe dela... Então achei
que ele podia pegar o restante e passar para os outros. MP: Senhor Orlei,
vamos com calma. Não foi isso que o senhor me disse da primeira ocasião
e eu preciso compreender, certo? Orlei: Pois não. MP: O que o senhor ti-
nha me dito da primeira oportunidade era que o senhor recebia R$ 1.500
todo mês. Orlei: Todo mês. MP: E que o senhor só descobriu que o salário
era mais quando pediu um contracheque. Orlei: Foi. MP: O senhor recebia
R$ 1.500,00 e achava que isso era o valor, não é isso? Orlei: Não senhora.
Eu achava, porque ele disse a mim que o emprego na Assembleia era de
RS 2.000,00 pra lá. Então eu pedi a ele. Você fica me dando essa ajuda de
R$ 1.500,00 e o resto você faz o seguinte. Dá 300 à minha sobrinha Danie-
le e já que você vive sempre visitando os meus filhos, você ajuda eles que
eles estão precisando. São casados, são três casados. E aí ele mesmo fa-
zia essa distribuição. MP: Então o senhor está mudando o seu depoimen-
to, não é isto? Orlei: Não senhora. Eu pensei em retificar porque deixei a
coisa incompreensiva, certo? Eu não pegava no montante da mão dele.
Ele me dava R$ 1.500,00. Como ele viajava pra vir pra Natal e passava na
casa da minha irmã em João Pessoa e ia pra casa dos meus filhos, era da
mão dele que saía, e não da minha. MP: E por que o senhor não ficava
com o dinheiro para o senhor mesmo dar para os seus filhos? Orlei: Por-
que eu não tinha contato com meus filhos que moravam com minha ex-
mulher. Quando nós nos separamos... É tanto que eu fui embora morar em
João Pessoa na casa da minha irmã e ele é quem tinha contato com
eles.MP: Me diga uma coisa. Qual era a sua função? O senhor tinha dito
que na condição de professor fazia pequenas revisões, não era isso? De
material? Orlei: Isso. De panfletos, de algum documento que ele fazia, que
ele pedia para eu rever... E a Assembleia tinha um cursinho e algumas ve-
zes ele me perguntava sobre material didático. MP: O senhor se recorda
de ter assinado algum documento formal com relação a essas revi-
sões? Vinha algum material... Orlei: Não senhora. Eram coisas banais,
coisas simples. Panfletos, algum convite que ele queria fazer. Ele ti-
nha medo da língua, então ele sempre me pedia apoio. Eu dava uma
olhada...MP: Então o dinheiro que o senhor recebia era pra fazer es-
sas revisões. No material do cerimonial. Então o senhor não dava ex-
pediente na Assembleia? Orlei: Na Assembleia, não senhora. Até por-
que não tinha condições de eu sair de Campina Grande pra dar expe-
diente. MP: E como o senhor fazia pra declarar esse dinheiro que o
senhor recebeu? Orlei: A senhora fala em termos de declaração de
imposto de renda? MP: É. Orlei: Era feita por ele mesmo. MP: Por
quem? Orlei: Por Pádua. Era ele que fazia. Ele me pedia alguns ele-
mentos sobre salários que eu recebia na Paraíba, eu passava para a
mão dele e ele fazia. MP: Ele sempre fez sua declaração? Orlei: Sem-
pre. MP: O senhor se recorda que período esteve vinculado à Assem-
bleia? Orlei: Não senhora. Mas acredito que foi na faixa de uns dois
anos. MP: Entre 2006... Orlei: Até a separação deles. MP: Quando se-

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parou, aí o senhor saiu? Orlei: Aí ele foi à Campina Grande e disse
que eu não tinha mais o salário. Porque ela tinha cortado de todo
mundo da família. MP: Quem eram as pessoas da família? Orlei: Jus-
tamente eu não sei. Ele disse assim. MP: Mas o senhor não consegue
dizer quais eram as pessoas. Orlei: Não, eu não consigo porque eu
não sei. Não é do meu conhecimento. MP: Mas era Dra. Rita que tinha
esse poder de nomear e exonerar. Orlei: Era Dra. Rita. Sempre quando
eu falava qualquer coisa ele pedia para eu conversar com ela. MP: E
qual era o nível da tratativa que o senhor tinha com Dra. Rita? Como
era sua relação? Orlei: Olhe. Doutora. Rita é uma mulher que eu con-
siderava rica. E a minha ligação... MP: Por que o senhor considerava
Rita uma pessoa rica? Orlei: Até porque quando eu a conheci ela ti-
nha alguma coisa e a família dela lá pro lado de Mossoró, são pesso-
as que... proprietários de terra, donos de agência de automóvel, então
eu sabia que ela era. Até pelo padrão de vida que o meu irmão quando
passou a morar com ela, passou a ter diferente. MP: Mas o senhor
considerava ela como uma pessoa influente dentro da Assembleia?
Orlei: Corretamente! MP: Mas era uma pessoa que estava sempre a
beneficiar os familiares dela? Orlei: Sempre, sempre. MP: E do com-
panheiro dela, seu irmão, na época, né? José de Pádua. Orlei: E até
por ser meu irmão, mas eu não tinha conversa, até porque eu não gosto de
me envolver, perguntar nada a ninguém... Então eu sou uma pessoa muito
calada e limitado. Quando me compete, eu falo. Quando não me compete,
eu não me envolvo. MP: O senhor sabe dizer se houve publicação da sua
nomeação? Orlei: Sei não, senhora.(...)
Orlei – Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 3).
(...)MP: Certo. Esse dinheiro o senhor, Seu Orlei, recebeu , esses mil e qui-
nhentos, Pádua lhe entregava na sua casa, não era assim? Orlei: Era. MP:
Era em espécie? Orlei: Era em espécie. MP: Certo. Então ele sacava...Or-
lei: É. Eu passei a procuração pra ele, então quem sacava era ele e o di-
nheiro meu e o de um pessoal que ele ajudava, como eu citei, era ele mes-
mo que entregava, porque ele ia passar pela casa deles. MP: Entendi. Or-
lei: Os de Campina e a da menina de João Pessoa. MP: O senhor já tinha
me dito, em um outro depoimento, na primeira parte. Queria só confirmar.
(...)”

Os familiares de RITA DAS MERCÊS e de JOSÉ DE PÁDUA com seus respectivos


vínculos estão evidenciados no gráfico a seguir:

138/238
139/238
Embora esteja evidenciado de maneira inconteste a prática do nepotismo, afrontando
violentamente a moralidade administrativa, o que se logrou comprovar é algo ainda mais pernicio-
so. Os familiares de RITA DAS MERCÊS e de seu ex – esposo JOSÉ DE PÁDUA foram inseridos
na estrutura da Assembleia para servir ao propósito de enriquecimento do casal, dos Presidente
da Assembleia à época dos fatos, de outros deputados e de terceiros ainda não identificados.

O apurado do montante desviado54 até o momento no período compreendido entre


2006-2011 é o seguinte:

No caso específico de RITA DAS MERCÊS, merece destaque a constatação de que


do valor total de cheques emitidos em favor do seu grupo familiar, aproximadamente 78%
foi sacado por ela mesma, seja através de procuração, de endosso ou mesmo sem qual-
quer formalidade.

A forma como cada beneficiário atuou para o êxito de desvio de recursos públicos bem
como os valores subtraídos serão explicitados na sequência.

5.1.1 GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL NAVARRO JUNIOR

54 A metodologia do cálculo do desvio está descrita no Relatório de Análise LAB-LD No. 01/2017/LABIF
acostado ao PIC 15/15

140/238
GUSTAVO VILLARROEL é filho de RITA DAS MERCÊS. Em favor dele foi direcionado,
através de 24 cheques55 da Assembleia, o valor de R$ 348.556,69, sendo R$ 289.763,67 sacados
por sua genitora, no período de 26/01/2006 a 27/12/2007. Além desses valores, no ano de 2010,
foram direcionados recursos da AL/RN para as contas titularizadas por ele no montante de R$
8.442,12.

Os valores desviados podem ser discriminados da seguinte maneira:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2006 11 cheques R$ 185.441,65
2007 13 cheques R$ 154.672,92
2010 02 transferências bancárias R$ 8.442,12
TOTAL R$ 348.556,69

O diagrama abaixo reproduz como foi efetuado o recebimento dos recursos:

Apesar de ter recebido essa expressiva quantia, GUSTAVO VILARROEL, de maneira


surpreendente, não figurou em nenhuma DIRF da AL/RN nos anos acima especificados.

Importa pontuar que não foi encontrado em pesquisas realizadas nos Boletins Oficiais
55Os cheques emitidos pela Assembleia Legislativa e destinados a GUSTAVO VILARROEL estão
discriminados no RELATÓRIO DE ANÁLISE LAB-LDNº01/2017/LABIF acostado ao PIC 15/15.

141/238
da AL/RN, como dito anteriormente, nenhum ato de nomeação/exoneração ou designação do filho
de Rita das Mercês. Em que pese tal constatação, o CAGED informa que a data de abertura do
vínculo de Gustavo Navarro com a AL/RN remonta a 1º/10/2003, data em que GUSTAVO sequer
contava com 18 (dezoito) anos de idade completos.56

Por sua vez, o afastamento do sigilo fiscal de GUSTAVO VILARROEL evidenciou que
os únicos dados constantes no seu Imposto de Renda dizem respeito ao vínculo com o Tribunal
de Contas do Estado, que se iniciou, conforme consulta aos dados do Ministério do Trabalho, em
01/05/2005 e permaneceu durante todo o período do afastamento de sigilo bancário e fiscal,
conforme dados da DIRF.

Em período concomitante ao da Assembleia Legislativa, GUSTAVO VILARROEL


recebeu recursos oriundos do Tribunal de Contas do Estado (2006 a 2011) decorrente do
exercício do cargo de Assessor de Gabinete57.

Ademais, ao estabelecer um comparativo entre a movimentação financeira de


GUSTAVO VILARROEL, via DIMOF, e os rendimentos auferidos na DIRF decorrentes do trabalho
assalariado no Tribunal de Contas do Estado no período entre janeiro de 2006 e dezembro de
2007 constata-se que o montante de R$ 348.556,69 referente aos cheques que lhe foram
destinados pela Assembleia Legislativa, não transitou por suas contas, vez que a
movimentação financeira é compatível tão somente com os rendimentos auferidos pelo Tribunal
de Contas do Estado.

Veja-se:

Tabela comparativa DIRF versus DIMOF:

Rendimentos Renda Total Valores Movimentação Percentual


Líquidos Líquida de Líquido conforme Financeira X da

56 Segundo dados do CAGED e da Receita Federal sua data do nascimento é 13/04/1986.


57 Conforme pode ser conferido nos dados obtidos mediante o afastamento de sigilo fiscal, compilados no
Relatório de Análise LAB-LD Nº 01/2015/LABIF acostado aos autos da quebra de sigilo bancário n.º
0000773-30.2011.8.20.0001.

142/238
Movimenta
Órgão Aplicações Disponível Rendimentos ção
ANO Conforme DCPMF ou
informante Financeira no ano (e) = Líquidos (g) = (f) Financeira
S (a) DIRF (c) DIMOF (f)
(b) (d) (c) + (d) – (e) X DIRF (h)
= (f) / (e)

Tribunal de
2006 46.443,31 46.443,31 51.978,90 5.535,59 111,92%
Contas

Tribunal de
2007 47.480,98 47.480,98 47.505,20 24,22 100,05%
Contas

Tribunal de
2008 50.324,75 50.324,75 95.862,24 45.537,49 190,49%
Contas

Tribunal de
2009 56.305,14 96,61 56.401,75 84.463,73 28.061,98 149,75%
Contas

Tribunal de
2010 59.616,67 235,64 59.852,31 100.661,68 40.809,37 168,18%
Contas

Tribunal de
2011 61.535,84 45,73 61.581,57 236.141,73 174.560,16 383,46%
Contas

No depoimento prestado perante o Ministério Público, GUTSON JOHNSON relata que


GUSTAVO VILARROEL, seu irmão, chegou a trabalhar na AL/RN, tendo sido deslocado
posteriomente para o TCE/RN, em razão de acordo firmado com o ex-Conselheiro do dito órgão,
Alcimar Torquato, o qual enviou familiar seu para ocupar cargo na AL/RN, em evidente hipótese
de nepotismo cruzado:

(…) MP: Certo, Gustavo? GUTSON: Gustavo, acho que tinha Maria Nilda,
que era uma tia dela. MP: Então vamo la, Gustavo, não trabalhavam,
ninguém desse pessoal trabalhava? GUTSON: Não, não, o Gustavo
trabalhava na Assembleia e depois foi feita uma permuta com Alcimar
Torquato e ele foi pro Tribunal de Contas, eu não sei ate que ponto, até
que tempo que ele recebeu ai. MP: Alguém de Alcimar Torquato foi…
GUTSON: Foi, exatamente, foi pra Assembleia e ficou recebendo, ficou até
lotado no Procuradoria, não sei se foi uma filha, ou quem foi e Gustavo foi
pro Tribunal de Contas né? Isso permaneceu esse acordo MP: isso foi,
essa permuta foi na época do nepotismo? GUTSON: Na época do
nepotismo.(…).

Decerto, em janeiro de 2006, desde quando há registros de que GUSTAVO


VILARROEL recebia cheques da AL/RN, o mesmo já figurava nos quadros do TCE/RN, restando
clarividente que tal não poderia comparecer simultaneamente a dois órgão públicos para trabalhar,
ocupando cargos inacumuláveis, o que torna inafastável a conclusão de que sua condição, nos
quadros da AL/RN, era completamente ficta.
143/238
No caso vertente, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de
LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, que trataram de inserir fraudulentamente GUSTAVO
VILLARROEL (que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO
MARINHO, que remeteu, juntamente a MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de
servidores fraudada, além de ter assinado os cheques em favor de GUSTAVO, tendo todos a
plena consciência de que o mesmo se tratava de um “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria
expressiva dos títulos foi sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou
mesmo procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Dessa maneira, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,


RODRIGO, MARILAC e de OSVALDO, desviou, em seu favor e em favor de seu filho GUSTAVO
VILARROEL a importância de R$ 348.556,69 oriundos da AL/RN.

Portanto, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput, c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 11(onze)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 13 (treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 02 (duas) vezes, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2010.

MARLÚCIA, RODRIGO MARILAC e GUSTAVO VILLARROEL – art. 312, caput c/c


art. 327, parágrafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 13 (treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 02 (duas) vezes,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010.

OSVALDO ANANIAS - art. 312 caput 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput, 13 (treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2007; todos c/c art. 30 do CP.

5.1.2. GUTSON JOHNSON GIOVANY REINALDO BEZERRA

144/238
GUTSON JONHSON é o filho primogênito de RITA DAS MERCÊS e a ele foi
destinada, através de 12 (doze) cheques da Assembleia Legislativa, a importância de R$
168.116,18, sendo que R$ 124.329,49 foram sacados diretamente por sua genitora58 . A exemplo
do que ocorreu com os cheques emitidos em favor de GUSTAVO VILARROEL, os cheques
destinados a Gutson Jhonson também não obedeceram nenhum padrão de valores.

GUTSON JOHNSON recebeu em sua conta transferências bancárias da Assembleia


no montante de R$ 133.927,84, todas creditadas sob a rubrica “PROVENTOS”.

Os valores desviados podem ser discriminados da seguinte maneira:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2006 06 cheques R$ 91.613,77
2007 06 cheques R$ 76.503,21
13 transferências R$ 58.094,66
2008 08 transferências R$ 75.833,18
TOTAL R$ 302.044,82

Saliente-se que não foi encontrado em pesquisas realizadas nos Boletins Oficiais da
AL/RN, nenhum ato de nomeação/exoneração ou designação deste filho de Rita das Mercês.

Ao analisar os dados constantes no afastamento de sigilo bancário e fiscal verificou-se


que GUTSON possuía vínculos laborais com outros órgãos, inclusive em períodos concomitantes.
O diagrama abaixo ilustra esses vínculos, conforme dados extraídos do Dossiê Integrado da RFB:

Diagrama de Vínculos Laborais conforme DIRF:

58Dados constantes no Relatório de Análise LAB-LD n.º 01/2015 e no Relatório de Análise n.º 01/2017 -
LABIF)

145/238
Observa-se que GUTSON JHONSON trabalhou em dois órgãos em períodos
coincidentes apenas em 2011, no IDEMA e Prefeitura de Mossoró. Entretanto, a análise
conjugada dos seus dados bancários e as microfilmagens dos cheques emitidos pela Assembleia
evidencia que, ao contrário do que consta nos bancos de dados oficiais, GUTSON JHONSON
começou a receber recursos da AL ainda em janeiro de 2006 59, em que pese tais valores não
constarem nas DIRF’s da Casa Legislativa.

Em seu próprio depoimento, GUTSON JOHNSON reconheceu que forneceu seus


dados para que seu nome fosse inserido na folha de pagamento da AL/RN, sem que nunca tenha
trabalhado no órgão, tendo RITA DAS MERCÊS lhe repassado uma ajuda mensal no valor de R$
1.500,00 e ficado com a quantia remanescente para benefício próprio ou de terceiro. GUTSON
JHONSON revelou ainda que arregimentou para o esquema EDIVANILSON (motorista de
denunciado), a mãe deste, a sra. MARIA ALIETE (cujas cópias de documentos, como identidade e
cópia do cartão de conta bancária junto ao Banco do Brasil foram encontradas na busca e
apreensão realizada na residência de Rita das Mercês), bem como a esposa e um sobrinho da
mesma e, ainda, RENATO BEZERRA DE MEDEIROS, JERUSA BARBALHO BEZERRA e HIAGO,
os dois últimos familiares de sua ex-esposa ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA.

De tudo o que foi dito até o momento, para o êxito do desvio criminoso, foi
fundamental a participação de LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir
fraudulentamente GUTSON (que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN,
RODRIGO MARINHO, que remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com
59 Todos os dados bancários e fiscais estão compilados no Relatório de Análise LAB-LD Nº01/2017/LABIF
acostado ao PIC 15/15.

146/238
a lista de servidores fraudada, além de ter assinado os cheques em favor deGUTSON, tendo
todos a plena consciência de que o mesmo se tratava de um “funcionário fantasma”. Ademais, a
maioria expressiva dos títulos foi sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso
ou mesmo procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Dessa maneira, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,


RODRIGO, MARILAC e de OSVALDO, desviou, em seu favor , de seu filho GUTSON JHONSON
e de terceiros, a importância de R$ 302.044,82 oriundos da AL/RN. Assim sendo, as respectivas
condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 06 (seis)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 19 (dezenove) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 08 (oito) vezes,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

MARLÚCIA, RODRIGO, MARILAC e GUTSON JHONSON – art. 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 19 (dezenove) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito)
vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

OSVALDO ANANIAS – art. 312, caput 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2007; todos c/c art. 30 do CP.

5.1.3. MARIANA MORGANA PORTELA LUSTOSA REINALDO

MARIANA MORGANA é neta de Rita das Mercês e filha de GUTSON JHONSON. A


ela foi destinado o montante de R$ 91.792,06, sendo R$ 23.870,49 através de 05 (cinco) cheques,
dos quais 03 foram sacados por sua avó, e R$ 64.885,71 diluídos em 43 (quarenta e três)
transferências bancárias creditadas em sua conta no Banco do Brasil.

Os valores desviados foram operacionalizados da seguinte maneira:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO

147/238
2008 05 cheques
02 transações bancárias
2009 13 transações bancárias
201060 14 transações bancárias
2011 08 transferências bancárias

Saliente-se, que de acordo com os seus dados fiscais, MARIANA MORGANA só


possuiu vínculo com a Assembleia Legislativa durante o ano de 2010. Entretanto, o afastamento
do seu sigilo bancário revelou que a mesma recebia recursos oriundos da Assembleia
Legislativa desde março de 2008, em que pese não ter sido encontrado em pesquisas
realizadas nos Boletins Oficiais da AL/RN, nenhum ato de nomeação/exoneração ou
designação da neta de Rita das Mercês, nem tampouco a pasta funcional dentre o material
arrecadado na busca e apreensão realizada no Setor de Recursos Humanos do órgão.

Inclusive, chama a atenção o fato de que a data da abertura da Conta titularizada por
MARIANA MORGANA ( BB - Ag.: 36 - CC: 597791) coincide com o primeiro cheque emitido em
seu favor ( 28 de março de 2008), o que indica que a conta fora aberta tão somente para este fim.

Veja-se o cheque:

60Vale registrar, que para efeito de composição total da quantia desviada, com relação ao ano de 2010 foi
considerado o valor com base nos Rendimentos Brutos constantes na DIRF, uma vez que os valores
rastreados através das transações bancárias nesse período são inferiores ao informado oficialmente pela
AL/RN à RFB, além de englobar as demais despesas efetuadas pelo Órgão.

148/238
E

Entretanto, a investigação logrou comprovar que os cinco cheques emitidos pela


AL/RN em favor de MARIANA MORGANA não transitaram pela conta da mesma:

149/238
28/03/2008 - R$ 8.943,25
28/04/2008 - R$ 3.731,81
28/05/2008 - R$ 3.731,81
29/07/2008 - R$ 3.731,81
27/08/2008 - R$ 3.731,81

Inobstante tal fato, mensalmente a sua avó RITA DAS MERCÊS creditava a módica
quantia de R$ 400,00 na prefalada conta-corrente como uma espécie de mesada pelo fato da neta
ter fornecido os seus dados pessoais para figurar na folha da AL/RN.

A partir de setembro de 2008, os vencimentos da AL/RN passaram a ser creditados


diretamente na conta, ao mesmo tempo em que a contribuição financeira da avó cessou.

Durante o ano de 2011, Mariana também recebeu recursos do Tribunal de Justiça do


Estado do Rio Grande do Norte61, só que esses valores, diferentemente dos pagos pela AL, foram
declarados à Receita Federal por meio da DIRF, conforme a ilustração que se segue:

O diagrama abaixo condiz à forma como esses recursos foram recebidos:

Assim, ao confrontar os valores oriundos das DIRF’s da AL/RN e TJ/RN com a


respectiva movimentação financeira captada pela DIMOF, verifica-se que MARIANA movimentou
recursos muito superiores daqueles oriundos das suas fontes formais de renda.

Tabela comparativa DIRF versus DIMOF:

61 Nomeada em 1º de julho de 2011, para exercer o cargo comissionado de Chefe de Seção de Registro
Patrimonial, do Quadro de Provimento em Comissão do Poder Judiciário do RN, DJe 04/07/11.

150/238
Movimenta
Percentu
Renda ção
al da
Líquida Financeira
Rendimento Total Líquido Valores Movimen
Órgão de X
s Líquidos Disponível no conforme tação
ANOS informante Aplicaçõ Rendiment
Conforme ano (e) = (c) + DCPMF ou Financeir
(b) es os
DIRF (c) (d) DIMOF (f) a X DIRF
Financeir Líquidos
(h) = (f) /
a (d) (g) = (f) –
(e)
(e)

2008 0,00 R$ 8.820,00 R$8.820,00


R$32.034,1
2009 0,00 R$ 32.034,19 9

Assembleia R$
2010 Legislativa R$ 23.277,60 R$ 23.277,60 R$ 39.322,27 16.044,67 168,93%
Tribunal de
2011 Justiça – R$
RN R$ 39.850,86 R$39.850,86 R$ 85.055,38 45.204,52 213,43%

No depoimento prestado perante o Ministério Público, o pai de MARIANA MORGANA,


Sr. GUTSON JOHNSON, revelou os acertos realizados para a nomeação da mesma e a
concomitância no pagamento pelo TJ/RN e AL/RN, conforme trecho a seguir destacado:

(…) MP: é… Mariana Morgana? GUTSON: é Mariana Morgana que é


minha filha recebia da Assembleia, tinha um cargo na Assembleia e depois
de um certo tempo chegaram a um acordo ela, o Ricardo Mota precisava
de uma pessoa pra colocar no Tribunal, pra ser uma troca junto com um
desembargador lá e fizeram essa permuta, ela foi pra o Tribunal de
Contas, Tribunal de Justiça e essa pessoa ficou na Assembleia, né? E ela
recebeu acho que durante algum tempo, eu vim saber depois, eu já tava
até preso quando eu vim saber dessa situação que durante algum período
continuou saindo esses dois pagamentos dela, tanto da Assembleia como
o do Tribunal, o do Tribunal de Contas ela repassava pro deputado Ricardo
Mota, a Morgana, e ficaria com o da Assembleia e esse desembargador
ficou com esse outro valor desse da Assembleia MP: quem era o
desembargador? GUTSON: Na época era o Cláudio (...) Santos, esse que
foi presidente agora.(...).

No caso, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de LUIZA DE


MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente MARIANA (que forneceu
os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu,
juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores fraudada, além

151/238
de ter assinado os cheques em favor de MARIANA, tendo todos a plena consciência de que a
mesma se tratava de um “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria expressiva dos títulos foi
sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou mesmo procuração, por
expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Dessa maneira, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,


RODRIGO, MARILAC e de OSVALDO, desviou, em seu favor e da sua neta MARIANA
MORGANA a importância de R$ 91.792,06 oriundos da AL/RN, conforme a seguinte metodologia,
adiante consolidada em tabela:

- Referente aos anos de 2008, 2009 e 2011 foi calculado em cima dos valores pagos
por meio de créditos em conta e cheques emitidos, que foram os valores de R$
25.870,49, R$ 13.000,00 e R$ 26.240,02, respectivamente;

- Referente ao ano de 2010 foi calculado com base nos Rendimentos Brutos
constantes na DIRF, uma vez que esse foi maior do que foi rastreado e engloba as
demais despesas efetuadas pelo órgão, no valor de R$ 26.681,55.

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR CONSIDERADO VALOR TOTAL


05 cheques 05 cheques R$ 23.870,49
2008
02 transações bancárias 02 transações bancárias R$ 2.000,00
2009 13 transações bancárias 13 transações bancárias R$ 13.000,00
201062 14 transações bancárias DIRF63 R$ 26.681,55
2011 08 transferências bancárias 08 transferências R$ 26.240,02
bancárias
TOTAL R$ 91.792,06

Portanto, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07(sete)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; artigo 312, caput c/c art.
62 Vale registrar, que para efeito de composição total da quantia desviada, com relação ao ano de 2010 foi
considerado o valor com base nos Rendimentos Brutos constantes na DIRF, uma vez que os valores
rastreados através das transações bancárias nesse período são inferiores ao informado oficialmente pela
AL/RN à RFB, além de englobar as demais despesas efetuadas pelo Órgão.
63 Quantidade de créditos, segundo informação constante das DIRF’s (informações fornecidas mês a mês,
constante do Relatório de Análise LAB-LD n.º 01/2017 - LABIF.

152/238
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 13 (treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2009; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 14 (catorze) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º
c/c art. 62, I, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011.

MARLÚCIA, RODRIGO, MARILAC e MARIANA MORGANA – art. 312 caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 07(sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2008; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 13 (treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 14 (quatorze)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010, art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011.

OSVALDO ANANIAS - art. 312 caput 05 (cinco) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2008.

153/238
5.1.4. ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA

ARATUSA é nora de RITA, ex-esposa de GUTSON JHONSON e a ela foi destinada a


quantia de R$ 641.8943,91, tendo recebido valores tanto através de cheques, como de
transferências bancárias64, conforme especificado abaixo65:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO


2006 06 cheques
2007 03 cheques
2008 08 cheques
2009 05 cheques
2010 01 cheque
09 transações bancárias
2011 14 transações bancárias

De acordo com os seus dados fiscais, ARATUSA possuiu vínculo com a Assembleia
Legislativa durante os anos de 2006, 2009, 2010 e 2011. Segundo dados do CAGED, a mesma
iniciou seu vínculo com AL/RN em 01/02/2003, em que pese no período não constar qualquer
nomeação ou designação nos Boletins Oficiais. Nessa mesma época, mantinha relação
empregatícia com as Lojas Riachuelo S/A, cujo contrato cessou apenas em 13/05/2004.

Ao analisar as microfilmagens dos cheques remetidos pelo SANTANDER e os dados


bancários de suas contas verifica-se que a mesma recebeu recursos da Assembleia nos anos de
2007 e 2008, mesmo sem qualquer vínculo com o Órgão. Saliente-se que todos os títulos
emitidos em favor de ARATUSA foram sacados por Rita das Mercês, sua sogra.

Nos anos de 2010 e 2011, ARATUSA manteve dois vínculos empregatícios formais
concomitantes: um perante a Assembleia Legislativa do RN e outro na Certa Serv. Empresarias e
Representações (empresa titular do CNPJ. 07.468.050/0001-47, sediada em Fortaleza/CE, no
período de 1º/09/09 a 31/01/2013).66

64 Nos anos de 2010 e 2011, foram considerados, para fins de cálculo o desvio, os valores informados na
DIRF da AL/RN, conforme metodologia descrita no Relatório de Análise N.º 01/2017/LABIFconstante nos
autos.
65 Apesar de nos anos de 2009, 2010 e 2011 haver registro de pagamentos efetuados tanto através de
cheques, como também mediante transações bancárias, para efeitos do cálculo da quantia total desviada
pela denunciada foi considerado o valor das DIRF’s, valor superior aos cheques enviados pelo
SANTANDER os quais só representam uma amostragem pequena do universo total de títulos emitidos em
favor de ARATUSA.
66 Na busca e apreensão realizada na residência de ANA PAULA foi apreendido comprovante de
rendimentos emitido pela CERTA SER EMPRESA E REPRESENTAÇÕES LTDA referente a ARATUSA
BARBALHO DE OLIVEIRA dando conta de que esta auferiu no ano calendário 2010 a importância de

154/238
Não obstante, o cotejo de seus dados bancários revelou que foram destinados
recursos a ARATUSA oriundos da Assembleia Legislativa em todos os anos, coexistindo também
pagamentos da AL/RN e Prefeitura de Mossoró nos demais anos.

ARATUSA recebeu também no ano de 2011 recursos oriundos de bolsas da FAPERN


– Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte, entidade conveniada com o
IDEMA (e de quem recebe elevados recursos para sua manutenção e realização de projetos),
período em que o seu então esposo, GUTSON REINALDO, já mantinha vínculos com o órgão
ambiental, que totalizam o montante de R$ 19.000,00, mesmo estando, nesse ano, vinculada à
AL/RN e a Certa Serv. Empres e Representações. O diagrama 67 abaixo ilustra as fontes
identificadas pelas quais ARATUSA recebeu os recursos.

No material apreendido na busca e apreensão na residência de ANA PAULA MACEDO


constaM, inclusive informações fiscais de ARATUSA onde se constata que no ano-calendário 2013
a mesma declarou ter auferido renda da AL/RN no montante de R$ 185.623,68 e da CERTA
SERVIÇOS EMPRESARIAIS E REPRESENTAÇÕES LTDA a importância de R$ 3.766,77. As
ditas informações fiscais de ARATUSA, inclusive, são feitas pelo contador de RITA DAS MERCÊS,
o Sr. Emanuel Aguiar.

R$ 13.640,00
67 Informações constantes da imagem acima foram obtidas através da quebra de sigilo fiscal e bancário
da denunciada.

155/238
Havendo vínculos simultâneos em diversos órgão públicos e empresas privadas,
insuscetíveis de serem acumulados, o que se constata, portanto, é que ARATUSA nunca
trabalhou na Assembleia Legislativa, tendo fornecido tão somente os seus dados cadastrais para
viabilizar o desvio de recursos por parte de sua sogra RITA DAS MERCÊS.

Para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de LUIZA DE


MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente ARATUSA (que forneceu
os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu,
juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores fraudada, além
de ter assinado os cheques em favor de ARATUSA, tendo todos a plena consciência de que a
mesma se tratava de uma “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria expressiva dos títulos foi
sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou mesmo procuração, por
expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.
Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,
RODRIGO, MARILAC e OSVALDO, desviou em seu favor e em favor de sua então nora
ARATUSA BARBALHO a importância de R$ 641.8943,91 oriundos da AL/RN, conforme a seguinte
metodologia (para fins de apuração do valor do dano), adiante consolidada em tabela:

- 2006 – Valor efetivamente recebido, uma vez que na DIRF consta apenas R$ 3.357,11,
que é R$ 13.626,25;

- 2007 – Valor efetivamente recebido, uma vez que não houve declaração na DIRF no ano,
que é R$ 7.201,77;

- 2008 - Valor efetivamente recebido, uma vez que não houve declaração na DIRF no ano,
que é R$ 46.383,29;

- 2009 – Valor declarado por meio da DIRF – Rendimentos Brutos que é R$ 174.373,88;

- 2010 – Valor declarado por meio da DIRF – Rendimentos Brutos que é R$ 194.061,19;

- 2011 – Valor declarado por meio da DIRF – Rendimentos Brutos que é R$ 206.248,53;

Por fim, o montante do desvio total atribuído a Aratusa, foi de R$ 641.894,91.

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR VALOR TOTAL


CONSIDERADO
2006 06 cheques 06 cheques R$ 13.626,25
2007 03 cheques 03 cheques R$ 7.201,77
2008 08 cheques 08 cheques R$ 46.383,29

156/238
2009 05 cheques DIRF R$ 174.373,88
2010 01 cheque DIRF R$ 194.061,19
09 transações bancárias
2011 14 transações bancárias DIRF R$ 206.248,53
TOTAL R$ 641.894,91

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 06(seis)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 03 (três) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 08 (oito) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c
art. 62, I, 05 (cinco) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009, art.
312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 10 (dez) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2010 e art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 14
(catorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011.

MARLÚCIA, RODRIGO, MARILAC e ARATUSA – art. 312, caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006;
artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 03 (três) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo
2º, 05 (cinco) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312,
caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 10 (dez) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2010; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 14 (quatorze) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2011.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 06 (seis) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput 03 (três) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007 e art. 312 caput 08 (oito) vezes, c/c art. 71, c/c
art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput 05 (cinco) vezes, c/c art.
71, c/c art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009 e art. 312 caput 01 (uma) vez,
c/c art. 71, c/c art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010.

5.1.5. MARIA LUCIEN REINALDO DE OLIVEIRA

MARIA LUCIEN é irmã de RITA DAS MERCÊS. Apesar de não constar na DIRF da

157/238
AL/RN, a ela foi destinado o montante de R$ 49.305,34 em cheques, no período compreendido
entre janeiro de 2006 a julho de 2008, sendo R$ 39.653,59 sacados diretamente por Rita.68

Os cheques emitidos em favor de MARIA LUCIEN podem ser assim consolidados:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2006 07 cheques R$ 15.487,86
2007 07 cheques R$ 15.648,34
2008 08 cheques R$ 18.169,14
TOTAL R$ 49.305,37

Os valores destinados a MARIA LUCIEN não foram declarados à Receita Federal,


tendo a mesma vínculos laborais junto ao Governo do Estado e Universidade Estadual do Rio
Grande do Norte durante o mesmo período em que recebeu os cheques da Assembleia.

No depoimento prestado por GUTSON JOHNSON, o mesmo revelou que MARIA


LUCIEN acreditava que receberia valores da AL/RN decorrente do pagamento de diárias –
mesmo sem manter qualquer vínculo o órgão – e que seu nome havia sido inserido na folha sem o
seu conhecimento, conforme transcrição abaixo:

(...)MP: Maria Lucien, o que que você sabe? GUTSON: Maria Lucien, o
que que eu sei, é… quando aconteceu todo esse problema, ela foi me
visitar um dia no quartel e conversando sobre isso, ai ela disse que não
sabia, que tinha sido umas diárias, assim ela me falou, eu não sei, que
tinha sido umas diárias que recebia, é pela Assembleia, é que ela era
professora da Universidade e tentou ser transferida pra Assembleia, não
conseguiu e pra ela, ela disse que também foi uma surpresa também
depois… MP: então ela não sabia? GUTSON: é, ela sabia que tinha uns
valores, não que tava esse montante, não sei qual era o montante que ela
recebia, pra ela foi uma surpresa porque ela disse que o… que tinha sido
aceitado ou acordado teria sido a questão de umas diárias, se o vinculo
dela passou a ser de funcionário ou servidor ai eu desconheço, pra ela
também, ela me falou que tinha sido uma surpresa pra ela também MP:
certo, ela tinha, trabalhava em algum canto? GUTSON: ela era professora
da UERN e trabalhava no Hospital da Policia Militar MP: certo, então ela
acreditava que tava recebendo umas diárias? GUTSON: foi, isso que ela
me falou, a própria Lucien que me falou isso né?(…).

68 Todos os dados bancários e fiscais estão compilados no Relatório de Análise LAB-LD Nº01/2017/LABIF
acostado ao PIC 15/15.

158/238
Também não foram identificados em suas contas créditos oriundos da Assembleia no
período da quebra de sigilo bancário uma vez que os cheques da Assembleia destinados a ela
não circularam através de suas contas.

Sem dúvidas, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de


LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente MARIA LUCIEN
(que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que
remeteu, juntamente a MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores
fraudada, além de ter assinado os cheques em favor de MARIA LUCIEN, tendo todos a plena
consciência de que a mesma se tratava de uma “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria
expressiva dos títulos foi sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou
mesmo procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,


RODRIGO, MARILAC e OSVALDO, desviou em seu favor e em favor de sua irmã MARIA LUCIEN
a importância de R$ 49.305,37. Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos
seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07 (sete)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 08 (oito) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

MARLÚCIA, MARILAC, RODRIGO MARINHO e MARIA LUCIEN – art. 312, caput c/c
art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes,
c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 07 (sete) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput 07 (sete) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007 e art. 312 caput 08 (oito) vezes, c/c art. 71, c/c
art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

5.1.6. MARIA NILSA FERREIRA DE MEDEIROS

159/238
MARIA NILSA é tia de RITA DAS MERCÊS. A ela foi destinado o montante de R$
79.104,26, tanto mediante a emissão de cheques salário, como também através de
transferências69 de recursos das contas da Assembleia no período de 2006 a 2011, consoante
imagem que segue:

Em detalhes, os valores emitidos em favor de MARIA NILSA podem ser assim


consolidados:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO


2006 06 cheques
2007 03 cheques
2008 02 cheques
2010 11 transações bancárias
2011 14 transações bancárias

No que concerne à DIRF da AL, verificou-se que só houve declaração nos anos de
2006 e 2010, tendo sido declarado os valores de R$ 327,59 e R$ 17.655,04, respectivamente, em
que pese MARIA NILSA ter recebido no ano de 2006 a importância de R$ 16.705,05 mediante
cheques emitidos pelo órgão. Ressalte-se que também lhe foram pagos, embora não declarados,
valores em 2007, 2008 e 2011.

69 Maria Nilsa não teve a quebra de sigilo bancária decretada, razão pela qual os dados foram extraídos
das contas bancárias pertencentes a Assembleia Legislativa, conforme minudentemente descrito no
Relatório de Análise LAB-LD Nº01/2017/LABIF acostado ao PIC 15/15.

160/238
Vale ressaltar que, segundo dados do CAGED, no período de 02/01/2005 a
30/06/2006 MARIA NILSA manteve vínculo com a Câmara Municipal de Mossoró/RN, enquanto
no período de 02/10/2006 a 01/03/2007 possuía vínculo com a Prefeitura de Mossoró/RN.
Ademais, em consultas realizadas em bancos de dados disponíveis, pode-se observar que o
endereço informado por MARIA NILSA sempre foi em Mossoró/RN, bem como todos os veículos
cadastrados em seu nome também foram registrados naquela cidade, evidenciando que ela
jamais residiu nesta Capital ou tampouco trabalhou efetivamente na AL/RN.

Corroborando as provas até então amealhadas, GUTSON JOHNSON declarou o


seguinte acerca da sua tia MARIA NILSA:

MP: Certo, Maria Nilza? GUTSON: Maria Nilza é uma tia dela, de Rita, que mora
em Mossoró e foi uma gratificação que foi dado pra ela, pra ajuda dela, que foi
como se tivesse ajudado a criar Rita, então Maria Nilza recebia esse valor, eu
sabia que ela recebia, não sei o valor, mas que ela tinha essa gratificação, esse
salário. MP: Mas não sabe se ela ficava com o valor integral não, né? GUTSON:
Não, ela ficava com o valor integral. MP: O senhor sabe dizer se em algum
momento se Maria Nilza residiu em Natal? GUTSON: Maria Nilza residiu. MP:
Maria Nilza? GUTSON: Maria Nilza, acho que durante um ano e pouco, um ano
e meio mais ou menos. MP: Mas fora isso, todo o tempo em Mossoró?
GUTSON: Todo o tempo em Mossoró MP: Mas não trabalhou? GUTSON: Não,
nunca trabalhou.

Sem dúvidas, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de


LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente MARIA NILSA
(que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que
remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores
fraudada, além de ter assinado os cheques em favor de MARIA NILSA, tendo todos a plena
consciência de que a mesma se tratava de uma “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria
expressiva dos títulos foi sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou
mesmo procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,


RODRIGO, MARILAC e OSVALDO, desviou em seu favor e em favor de sua tia MARIA NILSA a
importância de R$ R$ 79.104,26, oriundos da AL/RN conforme a seguinte metodologia, adiante
consolidada em tabela:

- Referente aos anos de 2006 (valor da DIRF é inferior), 2007, 2008 e 2011 foi calculado
em cima dos valores pagos por meio de créditos em conta e cheques emitidos, que foram
os valores de R$ 16.705,05, R$ 7.204,21, R$ 7.776,30 e R$ 23.773,01, respectivamente.

- Referente ao ano de 2010 foi calculado com base nos Rendimentos Brutos constantes na
DIRF, uma vez que esse foi maior do que foi rastreado e engloba as demais despesas

161/238
efetuadas pelo órgão , no valor de R$ 23.645,69.

ANO MEIO DE VALOR VALOR TOTAL


RECEBIMENTO CONSIDERADO
2006 06 cheques 06 cheques R$ 16.705,05
2007 03 cheques 03 cheques R$ 7.204,21
2008 02 cheques 02 cheques R$ 7.776,30
2010 11 transações DIRF R$ 23.645,69
bancárias
2011 14 transações 14 transações R$ 23.773,01
bancárias bancárias
TOTAL R$ 79.104,26

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 06(seis)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 03 (três) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 02 (duas) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c
art. 62, I, 11 (onze) vezes, c/c art. 71 todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010, art. 312
caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 14(catorze) vezes, c/c art. 71 todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2011.

MARLÚCIA, RODRIGO, MARILAC e MARIA NILSA – art. 312, caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006;
artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 03 (três) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 02 (duas) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º,
11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010, art. 312 caput
c/c art. 327, parágrafo 2º, 14(catorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2011.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 06 (seis) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput 03 (três) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007 e art. 312 caput 02 (duas) vezes, c/c art. 71, c/c
art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

5.1.7. TANGRIANY DE NEGREIROS DIOGENES REINALDO

162/238
TANGRIANY é nora de RITA, casada com seu filho Guto Guiarone Reinaldo Bezerra, e
a ela foi destinado o montante total de R$ 81.361,07, durante o período de janeiro/2006 a
dezembro de 2008, conforme discriminado no Relatório de Análise LAB-LD Nº01/2017/LABIF
acostado ao PIC 15/15.

Os valores emitidos em favor de TANGRIANY podem ser assim consolidados:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2006 11 cheques R$ 20.880,86
2007 04 cheques R$ 16.415,49
2008 08 cheques R$ 44.064,72
TOTAL R$ 81.361,07

Nos termos da ficha funcional de TANGRIANY encontrada na busca a apreensão


realizada no setor de Recursos Humanos da AL/RN, consta que tal foi nomeada em 01/02/2003
para exercer o cargo comissionado de Chefe de Gabinete da Procuradoria-Geral, sendo
exonerada em 1º/02/2007. Não obstante tal fato ter sido exonerada no início de 2007,
TANGRIANY continuou a perceber remuneração do órgão.

Outro aspecto que merece ser destacado, é que ao confrontar os recursos recebidos
por TANGRIANY com a sua declaração de imposto de renda verifica-se que esses valores não
foram declarados. Inclusive, no mesmo período em que foram recebidos os recursos da AL/RN
(de 2006 a 2008), TANGRIANY possuía vínculo laboral com outras duas empresas privadas:
Nacional Serviços e Arrecadação (01/10/2003 a 01/11/2008) e Lemon Tecnologia de Arrecadação
Ltda (01/06/2005 a 01/10/2008).

Ainda sobre TANGRIANY há outro ponto a ser considerado. No curso das


investigações, restou evidenciada a prática de nepotismo cruzado, sob a interferência direta de
RITA DAS MERCÊS, fato este que aponta para sua enorme influência em várias esferas de Poder.

Isso porque, nos termos do e-mail constante da caixa de mensagem de Rita das
Mercês, esta envia ao então Secretário Municipal de Meio Ambiente de Urbanismo de Natal -
SEMURB, Marcelo Saldanha Toscano, datada de 20/12/20012 (atual Diretor-Presidente da
CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte), o currículo de sua nora, que
no mês seguinte foi prontamente nomeada para cargo comissionado no órgão referido:

From: Marcelo Toscano <toscanomarcelo@hotmail.com>


Subject: Re: curriculum
To: rita<rita_das@uol.com.br>
163/238
Data: 20/12/2012 19:11
Oi Dr Rita , já recebi e darei andamento . Desde já agradeço por sua atenção também.
Um feliz Natal para senhora e toda sua família ,

Enviado via iPhone

Em 20/12/2012, às 18:53, "rita" <rita_das@uol.com.br> escreveu:

Boa noite, Marcelo

Estou encaminhando o e-mail de TANGRIANY. Qualquer coisa o telefone dela é


87032788. Obrigada pela atenção. Um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de harmonia
e paz. Att. Rita

Mensagem original
De: TANGRIANY Negreiros < TANGRIANY@hotmail.com >
Para: rita_das@uol.com.br < rita_das@uol.com.br >
Assunto: curriculum
Enviada: 19/12/2012 23:13

OI Ritinha,

Boa Noite!

Segue em anexo curriculum.

Desde já, muito obrigada.

TANGRIANY de N.D.Reinaldo

<curricullum TANGRIANY.doc>

Possível observar em consulta ao Portal da Transparência da Prefeitura Municipal de


70
Natal que TANGRIANY, consoante relatado anteriormente, foi nomeada dias após a remessa da
mensagem referida, ou seja, no dia 08/01/2013 (ver item data de ingresso no órgão):

70 Disponível em: <http://natal.rn.gov.br/transis/servidor/detalhe.php>. Acesso em 13/07/2015.

164/238
Por sua vez, ao mesmo tempo em que TANGRIANY passou a ocupar o cargo
comissionado de Chefe do Setor de Desenvolvimento da Informática, a irmã de Marcelo Saldanha
Toscano, a Sra. Regina Lúcia Saldanha Toscano, ingressou nos quadros da AL/RN (em
02/01/2013), em um cargo cuja a nomenclatura é GANS02, dito como comissionado mas que
supostamente vem a ser uma função gratificada paga mesmo a quem não vem a ocupar um cargo
efetivo da Casa Legislativa. Tal informação foi extraída do multicitado e-mail também constante da
caixa de mensagens rita_das@uol.com.br, em que consta um anexo designado
PLANILHA_PORTAL_TRANSPARÊNCIA_agosto2014.xlsx.

Ademais, foi possível observar que a intimação da nora de Rita das Mercês,
TANGRIANY NEGREIROS, para prestar depoimento no Ministério Público gerou tremendo
desconforto à então Procuradora da Assembleia, diante da possibilidade de descortinamento dos
graves fatos em apuração, fazendo com que esta providenciasse a adequação das fichas
funcionais da intimada. Segundo consta dos áudios a seguir, Rita pede a seu filho, Guto Guiarone
os dados de sua esposa, bem como documentos fiscais para que pudessem instruir os assentos
funcionais de Tangriany.

165/238
Chamada do Guardião
657352.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração:Telefone do Interlocutor:0418487238600 Relevância:B
Chamada: Chamada:
58 ixa
26/08/2014 12:28:00
Transcrição:RESUMO:
RITA: Liga para GUIGUI(FILHO) não pergunta se CRIS não retornou o telefone dela ainda não né. RITA
pergunta se o mesmo tem o CPF DELA.
GUIGUI: Repassa o CPF:938.103.264-53.
RITA:Diz que é só ver umas informações.

CPF:938.103.264-53 - TANGRIANY DE NEGREIROS DIOGENES REINALDO.


Comentário:Nesse áudio, RITA liga para GUI (FILHO) do CPF de CRIS. (Possivelmente CRISTIANE)

Chamada do Guardião
657445.WAV
Alvo:Rita das Mercês Reinaldo
Mídia do Alvo:55(84)99539191 IMEI:358491050326420
Data da Hora da
Duração:5 Telefone do Interlocutor:0418487238600 Relevância:B
Chamada: Chamada:
0 ixa
26/08/2014 12:39:00
Transcrição:RESUMO:
RITA, liga para seu FILHO(HNI) e pedi pra ele trazer os comprovantes de IMPOSTO DE RENDA d
TANGRIANY de 2003 a 2007. RITA diz pois achou a FICHA dela (possivelmente na ASSEMBLEIA) e o
comprovantes serão para juntar mesma.
Possivelmente: TANGRIANY DE NEGREIROS DIOGENES REINALDO.
Comentário: Nesse áudio, RITA liga pra seu filho e solicita os comprovantes de IMPOSTO DE RENDA D
TANGRIANE do ano de 2003 a 2007.

Consoante frisado anteriormente, o desconforto de Rita das Mercês com a oitiva de


Tangriany de Negreiros Diógenes Reinaldo ao MP/RN, foi tamanho que RITA solicitou ao seu
conselheiro espiritual, RAFAEL, orações e velas no momento em que a nora prestava depoimento
ao MP.
Decerto, os elementos existentes nos autos indicam que TANGRIANY jamais exerceu
suas atividades laborais na Assembleia Legislativa do RN, servindo apenas como um nome a
mais acrescido na folha de pagamento do órgão para fins de desvios em prol da associação
criminosa capitaneada por sua sogra.

Tal fato é corroborado pelo depoimento de GUTSON JOHNSON que asseverou ter
testemunhado por diversas vezes TANGRIANY entregar envelopes a RITA nos dias
imediatamente seguintes ao pagamento da Assembleia Legislativa. Cumpre destacar que grande
parte dos cheques emitidos em favor de TANGRIANY consta no verso como tendo sido sacados
por sua sogra.

166/238
Sem dúvidas, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de
LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente TANGRIANY
(que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que
remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores
fraudada, além de ter assinado os cheques em favor de TANGRIANY, tendo todos a plena
consciência de que a mesma se tratava de uma “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria
expressiva dos títulos foi sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou
mesmo procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,


RODRIGO, MARILAC e OSVALDO, desviou em seu favor e em favor de sua nora TANGRIANY a
importância de R$ R$ 81.361,07. Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos
seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 11 (onze)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 08 (oito) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

MARLÚCIA, MARILAC, RODRIGO MARINHO e TANGRIANY – art. 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes,
c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 11 (onze) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput 04(quatro) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007 e art. 312 caput 08 (oito) vezes, c/c art. 71, c/c
art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

5.1.8. JUSSANA PORCINO REINALDO

JUSSANA PORCINO é sobrinha de Rita das Mercês, filha de ANTONIO VITALINO


REINALDO FILHO, irmão de RITA DAS MERCÊS, e o montante a ela destinado, através de 15
cheques da AL/RN, foi de R$ 61.104,37, no período compreendido entre 2006 e 2008.

167/238
Os valores emitidos em favor de JUSSANA podem ser assim consolidados:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2006 07 cheques R$ 19.609,46
2007 06 cheques R$ 19.058,50
2008 06 cheques R$ 22.436,41
TOTAL R$ 61.104,37

Analisando-se a DIRF da AL/RN constatou-se que o valor declarado à Receita Federal


no ano de 2006 foi de apenas R$ 355,46. Nos demais anos, não houve nenhuma declaração
desses recursos recebidos.

Mas há outro fato peculiar no que se refere à JUSSANA PORCINO REINALDO. É que,
segundo consta na quebra de sigilo fiscal da sobrinha de RITA DAS MERCÊS, no período em que
auferiu rendimentos pela Assembleia Legislativa, ou seja, de 2006 a 2008, o seu endereço
enquanto declarante foi o situado à Rua Joaquim Nabuco, n.º 500, Ap. 501, Meireles,
Fortaleza/CE, sendo a sua ocupação principal -120 – Dirigente, presidente e diretor de empresa
industrial, comercial ou prestadora de serviços e não funcionária pública, como era de se esperar.

Segundo consta de sua DIRF, JUSSANA é sócia das empresa Grand Fort Comércio
de Veículos Ltda, bem como da Empresa Vale do Jaguaribe Locação Ltda, ambas situadas no
Estado do Ceará.

Em depoimento prestado ao Ministério Público, após deflagrada a Operação Dama de


Espadas, JUSSANA mostrou um evidente alheiamento acerca das suas supostas atividades no
âmbito na AL/RN, limitando-se a declarar que não se recordava de maiores detalhes vez que não
trabalhava mais no órgão há muito tempo, o que evidencia que a mesma jamais exerceu, de fato,
qualquer cargo naquela Casa Legislativa.

Decerto, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de LUIZA DE


MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente JUSSANA (que forneceu
os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu,
juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores fraudada, além
de ter assinado os cheques em favor de JUSSANA, tendo todos a plena consciência de que a
mesma se tratava de uma “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria expressiva dos títulos foi
sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou mesmo procuração, por
expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,


RODRIGO, MARILAC e OSVALDO, desviou em seu favor e em favor de sua sobrinha, JUSSANA,

168/238
a importância de R$ R$ 61.104,37. Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos
seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07 (sete)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 06 (seis) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

MARLÚCIA, MARILAC, RODRIGO MARINHO e JUSSANA – art. 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis) vezes,
c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 07 (sete) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput 06 (seis) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007 e art. 312 caput 06 (seis) vezes, c/c art. 71, c/c
art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

5.1.9. JERUSA BARBALHO BEZERRA

JERUSA BARBALHO é irmã de ARATUSA BARBALHO, sendo essa ex-nora de


RITA DAS MERCÊS, consoante relatada acima. A ela foi destinado, no período compreendido
entre 2009 e 2011, o montante de R$ 38.920,00, sendo R$ 36.120,00 creditados diretamente em
sua conta.

Importante destacar que JERUSA BARBALHO não figurou na DIRF da AL/RN no


período compreendido entre 2006 a 2011, em que pese ter recebido do órgão legislativo estadual
os valores abaixo discriminados:

169/238
Ademais, foram encontrados dois cheques emitidos em seu favor, no total R$
2.800,00 depositados na conta-corrente por ela titularizada71. Os valores emitidos em favor de
JERUSA podem ser assim consolidados:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2009 04 créditos em conta R$ 5.600,00
2010 11 créditos em conta R$ 15.400,00
11 créditos em conta R$ 15.120,00
2011
02 cheques R$ 2.800,00
TOTAL R$ 38.920,00

No depoimento prestado por GUTSON JOHNSON, o mesmo revelou que JERUSA


BARBALHO foi, igualmente, arregimentada para o esquema conforme transcrição abaixo:

MP: É… com relação... alegaram que tinham outras pessoas da família da


sua esposa, da Aratuza. GUTSON: Não, que eu me lembre não. MP:
Jerusa? GUTSON: Jerusa… foi a Jerusa foi, sim, acho que durante uns
seis meses, foi sim, foi arregimentada sim.

Por sua vez, em seu próprio depoimento, JERUSA BARBALHO apresentou uma
versão pouco crível de que trabalhava na AL/RN, em Mossoró, sem se recordar, entretanto, quem

71 A mesma em que eram creditados valores diretamente da conta da AL/RN – Conta-Corrente n.º 15.133-
5

170/238
era o seu chefe imediato, qual o período, nem tampouco o nome do cargo que ocupava.

Inegavelmente, JERUSA BARBALHO foi mais um elo na enorme cadeia criminosa


implementada na estrutura da Casa Legislativa para desviar recursos públicos, tendo em vista,
diante do quadro probatório, que ela nunca trabalhou na Assembleia Legislativa, tendo fornecido
tão somente os seus dados cadastrais para viabilizar o desvio de recursos por parte de RITA DAS
MERCÊS e GUTSON JHONSON.

Em resumo, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de LUIZA


DE MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente JERUSA (que forneceu
os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu,
juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores fraudada, além
de ter assinado os cheques em favor de JERUSA, tendo todos a plena consciência de que a
mesma se tratava de uma “funcionário fantasma”. Ademais, a maioria expressiva dos títulos foi
sacada por RITA DAS MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou mesmo procuração, por
expressa autorização de OSVALDO ANANIAS. Por fim, GUTSON foi o responsável por
arregimentar JERUSA para o esquema.

Dessa maneira, RITA DAS MERCÊS e GUTSON JHONSON, contando com a


colaboração de MARLÚCIA, RODRIGO e MARILAC, desviaram, em seu favor ou em favor de
terceiros, a importância de R$ 38.920,00 oriundos da AL/RN, em prol de JERUSA BARBALHO
BEZERRA, de modo que, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 04
(quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput
c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 13 (treze) vezes,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011.

MARLÚCIA, RODRIGO, MARILAC e JERUSA – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo
2º, 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312,
caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2010; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 13 (treze) vezes, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2011.

GUTSON JHONSON - art. 312, caput 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-

171/238
nal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput, 13 (treze) vezes, todos do Código Penal, com re-
lação ao ano de 2011, todos c/c art. 30 do CP.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 02 (duas) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal.

5.1.10. ARANILTON BARBALHO DE OLIVEIRA

ARANILTON BARBALHO é irmão de ARATUSA, ex-esposa de GUTSON. A ele foi


destinada a quantia de R$ 469.918,64, segundo dados constantes nas DIRF's informadas pela
AL/RN, no período de 2009 a 2011.

Vale salientar, de acordo com os dados bancários da Assembleia Legislativa, foram


72
creditados na conta-corrente de ARANILTON BARBALHO os valores consolidados na tabela
abaixo:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2009 06 créditos em conta R$ 76.171,38
2010 14 créditos em conta R$ 192.654,94
2011 14 créditos em conta R$ 201.092,32
TOTAL R$ 469.918,64

Em que pese ARANILTON não possuir afastamento de seu sigilo bancário e fiscal
ainda decretado há vários elementos de prova consubstanciados nos autos que apontam para a
irrefutável utilização do seu nome para os desvios perpetrados através da organização criminosa
em atuação na Assembleia Legislativa.

Um desses elementos, vale pontuar, é que em caderno de anotações encontrado na


busca e apreensão realizada no Gabinete de Rita das Mercês na Procuradoria da AL/RN foi
localizado um cheque emitido pelo dito órgão, em nome de ARANILTON BARBALHO DE
OLIVEIRA, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), ainda no ano de novembro de 2008, ou seja,
em período em que sequer consta na DIRF da AL/RN.

Frente:

72 Banco do Brasil, Agência n.º 0036, CC 635286


172/238
Verso:

Na verdade, o seu caso em particular chega a ser emblemático. Isso porque até
mesmo a sua declaração de imposto de renda foi elaborada pelo contador Emanuel Aguiar (diga-
se, o mesmo contador da organização criminosa), contratado de RITA DAS MERCÊS para
realização da contabilidade do seu núcleo familiar, sendo o dito documento, referente ao Ano de
2015 (Ano Base 2014), encontrado no material amealhado na busca a apreensão realizada na
residência da denunciada Ana Paula Macedo de Moura73, juntamente com a de outras pessoas da
família de então Procuradora-Geral da AL/RN.

Vale destacar que o endereço informado no referido documento como sendo o de


ARANILTON o situado à Rua das Algarobas, n.º 01, Ap. 702, Condomínio Parque Itatiaia, Nova
Parnamirim, Parnamirim/RN, CEP. 59.151-433, pertence a um imóvel de propriedade de sua irmã
Aratusa74. ARANILTON, na verdade, jamais residiu em Natal.

73 Alvo 12, Volume I.


74 Informação constante em documentação obtida através da quebra do sigilo fiscal de Aratusa Barbalho
de Oliveira.

173/238
Além disso, desde que ARANILTON abriu uma conta para receber os recursos da
AL/RN, GUTSON apropriou-se do cartão bancário e da respectiva senha, passando a movimentá-
la com exclusividade, conforme com os termos do depoimento de Aranilton, prestado em
24/01/2017, cujo trecho é transcrito a seguir:

“(...)Que nunca esteve vinculado e/ou trabalhou junto à Assembleia


Legislativa do RN em Natal, tampouco em Mossoró; Que sempre trabalhou
como soldador autônomo; que é cunhado de Gutson Reinaldo, filho de Rita
das Mercês; que Gutson pediu ao declarante que abrisse uma conta no
Banco do Brasil e foi com ele até a agência bancária na cidade de
Mossoró, oportunidade em que Gutson já ficou com cartão e senha
da respectiva conta; que Gutson não disse a razão pela qual desejava
que o declarante abrisse a conta bancária, que abriu a conta bancária em
confiança a Gutson que era seu cunhado e não acreditava que chegaria a
ser vinculado a um cargo sem sua autorização; que quando da abertura da
conta não negociou com Gutson o recebimento de qualquer valor; que,
todavia, numa periodicidade quase mensal, Gutson repassava ao
declarente, em espécie, o valor de 200 a 300 reais, que às vezes passava
mais de um mês sem lhe repassar nada; que Gutson nunca disse ao
declarante se repassava esse dinheiro a terceiras pessoas ou ficava para
si; que apenas soube de seu nome vinculado à ALRN quando da
deflagração da Operação Dama de Espadas; que após a deflagração da
operação, recebeu correspondências dos bancos SANTANDER e
Banco do Brasil sobre empréstimos que o declarante nem sabia da
existência; que não tinha conta no Banco SANTANDER, só tomando
conhecimento de tal conta e empréstimos por ocasião do
recebimento das correspondências; que não tem ideia do valor dos
empréstimos, que não tem ideia de que fez os empréstimos em seu nome
(…) que nunca assinou nenhuma procuração em favor de Gutson nem de
qualquer outra pessoa vinculada a ele; (…) que não entregou qualquer
outro documento seu a Gutson nem autorizou que ele fizesse sua
declaração de Imposto de Renda; (…) que nunca residiu em Natal,
sempre residiu em Mossoró; que desconhece o endereço Rua das
Algarobas, s/n, Ap. 702, Cidade Verde, Parnamirim/RN (...)”

Não por acaso, ao analisar a quebra do sigilo bancário dos denunciados GUTSON e
ARATUSA, foi possível observar no período de 2009 a 2011, créditos oriundos da conta-corrente
de ARANILTON, os quais totalizaram algo em torno de R$ 50.800,00 (cinquenta mil e oitocentos
reais).

Nesse contexto, importa destacar que ARANILTON não concorreu apenas para o
desvio de recursos públicos através de emissão de cheques salários fraudulentos . Como se pode
ver adiante, GUTSON e RITA contraíram empréstimos bancários em nome daquele, igualmente
com o propósito de desviar recursos públicos.

Vale ressaltar que, segundo o próprio GUTSON, a inclusão de novas pessoas nas
folhas de pagamento da AL/RN era meio para o pagamento de empréstimos consignados
anteriormente contratados, de acordo com o trecho abaixo destacado :

174/238
MP: para o grupo de Rita ou o senhor tinha um grupo pessoal? GUTSON:
não, para o grupo de Rita sim foi arregimentado, que foi o Erivanilson, a
esposa do Erivanilson, um sobrinho da esposa, o irmão dela, Igor, o irmão
da.. não to lembrado do nome da esposa dele agora, o Igor MP: Eliete?
GUTSON: Eliete MP: ou era a mãe dele? A esposa ou a mãe? GUTSON:
não, não, Eliete era a mãe MP: mãe de Erivanilson? GUTSON: mae de
Erivanilson MP: Renato? GUTSON: Renato foi depois da saída do
arregimentado por mim, depois da ainda do.. Aranilton, foi arregimentado
por mim ele fez substituição em nome do Renato MP: então Aranilton
tambem? GUTSON: é, Aranilton também MP: feito por você? GUTSON: é,
por mim, justamente, Aranilton era repassado, como eu já falei o valor, pra
ele era repassado era 200 ou 300 reais, por ai, é, eu ficava com mil reais e
o restante do valor eu entregava a ela, a Rita, que segundo ela era pro
presidente da Assembleia. (…) MP: é… Renato Bezerra foi colocado la,
porque que Aranilton foi substituido? GUTSON: ele foi substituido porque já
havia um processo de separação muito conturbado com a Aratuza e ela
ficava me cobrando muito que retirasse o nome de Aranilton porque não
queria o nome do irmao dela mais em nenhum tipo de confusão, essas
coisas ne? Ai tudo bem, foi feito, ai pediu pra tirar porque acabou que o
nome do menino complicado por causa da situação antes de acontecer
qualquer problema né? E não queria mais de jeito nenhum. MP: Mas essas
pessoas arregimentadas que foram colocadas jamais trabalharam
também? Dessas dai, o Iago… GUTSON: Não, não trabalharam não. MP:
Eles residiam em Mossoró? GUTSON: Em Mossoró MP: Jamais chegaram
a residir em Natal. GUTSON: Não MP: Embora Aratuza tenha o endereço
em Parnamirim? GUTSON: É, o endereço em Parnamirim porque na
época Rita pediu que colocasse o endereço daqui de Natal, o endereço
daqui de Natal.(...) MP: É outra coisa, é, ela, quem fazia essas declarações
de renda GUTSON: Era a própria Rita que fazia. MP: Do grupo familiar?
GUTSON: Do grupo familiar, primeiro a minha e da Aratuza, a do Aranilton
era ela quem fazia. MP: Ela fazia exatamente pra compatibilizar os
valores? GUTSON: É, pra compatibilizar os valores e pra não expor
também pra outras pessoas de fora ver talvez, né? Acredito que seja dessa
forma né? MP: é, o senhor sabe ou conhece é, o Gustavo Meira Gois?
GUTSON: Gustavo…? MP: Gustavo Meira Gois GUTSON: Não MP: É,
essas pessoas que o senhor arregimentou, é Aranilton, da família de
Aratuza, Aranilton, Gerusa e Iago, eles tinham conhecimento? É… Gustavo
foi incluido na folha da Assembleia legislativa e eles recebiam parte desses
valores? GUTSON: É, sim. (…) MP: Então, é, seguindo aqui no… calma…
o senhor tinha o controle da conta corrente de Aranilton? GUTSON: total
MP: o senhor quem tinha… manuseava.. GUTSON: é, o Aranilton, é, ele é
um menino que vem de serra, não saia nem de casa, no dia que vocês
forem ver ele, vocês vao ver, ele não sabia de nada, ele sabia que, que a
historia foi o que, que eu precisava de um emprego que era emprego pra
receber na Assembleia, eu dava 200-300 reais a ele, ele me deu o cartao,
me deu os documentos certo? Foi feito essa abertura de conta pra ele e
tudo e simplesmente eu chegava e… MP: o senhor era o procurador dele?
GUTSON: nessa época, na verdade, não precisava nem dessa questao de
procurador, pra ser bem sincero, não existia procurador, assim tinha o
cartao dele, sacava mil reais a cada dia. MP: e tinha a senha dele?
GUTSON: tinha, tinha a senha do cartao MP: o senhor quem realizava
essas operaçãoes? GUTSON: eu realizava as operações, sempre eu
sacava o dinheiro, não transferia, sempre sacava e o que que acontecia,
quando eu sacava o dinheiro eu chegava com o valor, eu ficava com mil
reais, sobrava dez mil, dez mil entregava na mao de Rita né? Segunda ela
o restante era para o presidente, na época, o Robson e posteriormente

175/238
passou a ser, que era quem tava na presidencia, o Ricardo Mota MP: a
Aratuza tambem chegava a movimentar? GUTSON: o cartao dela? MP: De
Aranilton GUTSON: de Aranilton, não, muito pouco pra sacar, quando, por
exemplo, eu tava com (…), minha obrigação era dar os dez mil a Rita
certo? Eu (…) os dez mil e se eu tivese o dinheiro eu dava em espécie e
continuava sacando como se fosse um cartao normal de uma conta minha,
o que eu tinha que fazer era dar os dez mil reais a Rita, em relação a
Aranilton, ate 3-4 dias depois do recebimento que era a época que fechava
o acordo pra entregar pro presidente. MP: então retomando aqui…
GUTSON: por sinal, o Aranilton nunca soube nem o valor que recebia, nem
o valor era tratado com ele. (…) MP: Você, no periodo que você constou na
folha de pagamento da Assembleia, você chegou a fazer emprestimo
consignado? GUTSON: fiz MP: mas pra você? GUTSON: o que eu fiz foi
pra mim MP: foi? GUTSON: foi MP: você sabe dizer de Aratuza?
GUTSON: não, o de Aratuza foi pra ela, o do Aranilton foi feito pra a Rita
que pediu la que seria um compromisso com o presidente que foi feito la,
que foi feito um empretimo mal feito, que por sinal tá ate ai, com esse
problema ai MP: então, só pra mim entender, Aranilton contraiu um
emprestimo, vamos supor, de 30 mil reais ne? Entregou esse dinheiro pra
Rita. GUTSON: ele nem chegou a pegar nesse dinheiro, isso foi feito com
Osvaldo, ele não passou nem pela minha mão, passou direto pras mãos
de Rita isso ai.

Por fim, cumpre asseverar, que o empréstimo vinha sendo quitado com os recursos
oriundos da nomeação de terceiro na folha de pagamento da AL/RN, tanto que após a exoneração
de Aranilton, nos idos de 2014, houve a substituição do seu nome por RENATO BEZERRA DE
MEDEIROS, consoante narrado anteriormente, além do que restou evidenciado, que RITA DAS
MERCÊS detinha o controle do pagamento desse empréstimo, como se pode perceber do
documento encontrado em sua residência75, consistente numa consulta de contrato em nome
ARANILTON:

75 Volume I do Alvo I
176/238
Ressalte-se que os crimes referentes à contratação dos empréstimos consignados
incontestável versatilidade da organização criminosa que atuava em diversas frentes no propósito
de desviar recursos públicos.

Diante do quadro probatório, resta clarividente que ARANILTON nunca trabalhou na


Assembleia Legislativa, tendo fornecido tão somente os seus dados cadastrais para viabilizar o
desvio de recursos por parte de RITA DAS MERCÊS e GUTSON JHONSON.
Para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de LUIZA DE
MARILAC e MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente ARANILTON (que forneceu
os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu,

177/238
juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores fraudada,
tendo todos a plena consciência de que o mesmo se tratava de uma “funcionário fantasma”.

Dessa maneira, RITA DAS MERCÊS e GUTSON JHONSON, contando com a


colaboração de MARLÚCIA, RODRIGO e MARILAC, desviaram, em seu favor ou em favor de
terceiros, a importância de R$ R$ 469.918,64 oriundos da AL/RN.

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 06 (seis)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 14 (catorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2010; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 14 (catorze) vezes, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2011.

MARLÚCIA, RODRIGO, MARILAC e ARANILTON – art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009;
artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 14 (catorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 14 (catorze) vezes, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2011.

GUTSON JHONSON - art. 312 caput 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput, 14 (catorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput, 14 (catorze) vezes, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2011, todos c/c art. 30 do CP.

5.1.11. MARIA LUÍSA DA SILVA

MARIA LUÍSA DA SILVA era empregada doméstica contratada pela ex-Procuradora


Geral da AL/RN. A ela foi destinada a quantia de R$ 16.357,00, em cheques, no período
compreendido entre julho de 2006 a março de 2008, todos eles tendo como destinatário final a
76
sua então empregadora. Cumpre asseverar que embora só conste da DIRF no ano de 2006, tal
declaração foi feita a menor, como se naquele ano-calendário somente tivesse recebido do órgão

76 Todos os dados bancários e fiscais estão compilados no Relatório de Análise LAB-LD Nº01/2017/LABIF
acostado ao PIC 15/15.

178/238
a quantia de R$ 326,10. Na verdade, somente no ano de 2006 MARIA LUÍSA recebeu R$
9.563,72, além de receber valores também nos anos de 2007 e 2008, consoante tabela que
segue:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2006 04 cheques R$ 9.563,72
2007 01 cheque R$ 2.402,31
2008 01 cheque R$ 4.390,97
TOTAL R$ 16.357,00

Ainda sobre MARIA LUÍSA, convém destacar que segundo dados do Infoseg, consta
como sendo o seu endereço o mesmo anteriormente ocupado por Rita das Mercês, qual seja, Rua
Mirabeau da Cunha Melo, n.º 1917, AP. 300, Candelária, CEP. 59064-490, Natal/RN.

Segundo dados coletados através do CAGED, tem-se que MARIA LUÍSA consta como
tendo sido funcionária da AL/RN no período de 01/01/2005 a 01/04/2008.

Ao ser intimada para prestar esclarecimentos neste Órgão Ministerial, restou


informado que a mesma havia falecido, o que pode ser confirmado pelos dados também
constantes no Infoseg, o qual especifica o ano do óbito como sendo 2013.

Ainda sobre a pessoa de MARIA LUÍSA, vale trazer a lume trecho do depoimento
prestado por GUTSON JHONSON à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, nos seguintes
termos:
(…) MP: O senhor sabe dizer se na (…) de Rita, tinha alguma
funcionária com o nome de Maria LUIZA, que chegou a trabalhar la,
uma pessoa de nome Maria Luísa? GUTSON: Chegou, Maria Luísa,
chegou, já faleceu, faleceu já ha uns 3-4 anos. MP: mas ela era
funcionária...? GUTSON: Era de Rita, ela trabalhou uns 20 e tantos
anos com Rita, mais de 20 anos. MP: O senhor sabe dizer se ela constou
na folha GUTSON: Não sei, uma pessoa, dentro da casa de (…), ela
chegou ha 20 anos trabalhar com ela. (...).

Desse modo, com relação a prática de crimes cometidos por MARIA LUÍSA, extinta
está a punibilidade, em função do disposto no art. 107, inciso I do Código Penal.

Já com relação aos demais denunciados, tem-se que, para a viabilidade dos desvios
praticados através de MARIA LUÍSA, foi imperiosa a participação de LUIZA DE MARILAC e

179/238
MARLÚCIA, as quais trataram de inserir fraudulentamente MARIA LUISA (que forneceu os seus
dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu, juntamente a
MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores fraudada, além de ter assinado
os cheques em favor de JERUSA, tendo todos a plena consciência de que a mesma se tratava de
uma “funcionária fantasma”. Ademais, a maioria expressiva dos títulos foi sacada por RITA DAS
MERCÊS, muitos sem qualquer endosso ou mesmo procuração, por expressa autorização de
OSVALDO ANANIAS.
Dessa maneira, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de MARLÚCIA,
RODRIGO e MARILAC, desviaram, em seu favor ou em favor de terceiros, a importância de R$
R$ R$ 16.357,00 oriundos da AL/RN.

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 04
(quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput
c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 01 (uma) vez, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 01 (uma) vez, c/c
art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

MARLÚCIA, MARILAC e RODRIGO MARINHO – art. 312, caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006;
artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 01 (uma) vez, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 01 (uma) vez, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput 01 (uma) vez, c/c art. 71, c/c art. 30,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007 e art. 312 caput 01 (uma) vez, c/c art. 71, c/c
art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

5.2 DOS CRIMES DE PECULATO PRATICADOS POR JOSÉ DE PÁDUA MARTINS


DE OLIVEIRA E SEUS FAMILIARES

JOSÉ DE PÁDUA conviveu em união estável com RITA DAS MERCÊS


aproximadamente 20 (vinte) anos, até meados do ano de 2013, abarcando todo o período da
presente investigação (2006 a 2011). A exemplo de RITA MERCÊS, JOSÉ DE PÁDUA é servidor

180/238
da Assembleia Legislativa.

Consta que JOSÉ DE PÁDUA ingressou no serviço público em 03/09/1991, no cargo


de Agente Administrativo da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Paraíba 77. De
acordo com a Resolução n.º 007/93 foi enquadrado na AL/RN, no cargo de Assessor Técnico
Administrativo e, 27/01/2002, através da Decisão n.º 005/02, BO n.º 2038, de 30/01/02.

Durante a constância da sociedade conjugal, o casal, de maneira injustificada, obteve


um incremento exponencial de seu patrimônio, o que, em grande parte, pode ser atribuída aos
desvios de recursos operacionalizados através de uma rede de familiares.

A exemplo do que aconteceu com RITA DAS MERCÊS, JOSÉ DE PÁDUA cooptou
pessoas de sua relação familiar para que fossem inseridas fraudulentamente na folha de
pagamento da AL/RN, conforme será discriminado na sequência.

5.2.1. ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA

Irmão de JOSÉ DE PÁDUA e por este foi arregimentado para o esquema de desvio de
recursos públicos na Assembleia Legislativa.

Na busca e apreensão realizada no Setor de Recursos Humanos da AL/RN foi


apreendida a pasta funcional de ORLEI, através da qual se constata que o vínculo do mesmo
remonta ao longínquo ano de 2004, quando foi nomeado para o cargo de Diretor do Serviço
Odontológico, tendo sido exonerado em 2007 por meio do Ato da Mesa no. 06/2007.
Curiosamente, consta em seus assentamentos outro ato de exoneração desse mesmo cargo em
01/10/2008 (Ato da Mesa no. 200/08), sem que tenha havido qualquer outro ato de nomeação
prévio.
A ORLEI foram destinados, segundo dados da DIRF, os rendimentos brutos a seguir
relacionados:

ANO VALOR TOTAL


2006 R$ 61.629,39
2007 R$ 64.728,66
2008 R$ 5.837,69
TOTAL R$ 132.195,74

77 De acordo com o teor da tabela constante em mensagem enviada pela servidora Kércia Abdon à Rita
das Mercês.

181/238
Observe-se que, embora conste dados da DIRF referente a ORLEI apenas nos anos
de 2006, 2007 e 2008, foram rastreados outros inúmeros créditos oriundos na AL/RN em seu
favor, inclusive nos anos de 2009 e 2010.

As quantias rastreadas por meio de cheques e créditos e conta foram consolidadas da


seguinte maneira:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO


2006 07 Cheques
2007 06 Créditos em conta
05 Cheques
2008 08 Créditos em conta
02 Cheques
2009 06 Créditos em conta
2010 09 Créditos em conta

Cabe ressaltar ainda que todos os valores destinados em cheques a ORLEI foram
sacados por seu irmão, JOSÉ DE PÁDUA, ou por sua cunhada, Rita das Mercês. Ademais, a
conta-corrente pela qual eram direcionados os créditos da Assembleia (BB - Ag. 1588 – CC
282090) tinha como procurador, de acordo com o CCS 78, no período de 03/08/2007 a 13/07/2009,
JOSÉ DE PÁDUA.

Destaque-se que na busca e apreensão realizada na residência de JOSÉ DE PÁDUA


foi encontrada procuração de ORLEI conferindo poderes ao seu irmão para representá-lo junto ao
Banco do Brasil e Banco SANTANDER, além de comprovante de saque realizado em sua conta
(adiante acostado, no item 5.2.6):

78 Cadastro de Clientes no Sistema Financeiro Nacional do Banco Central do Brasil.

182/238
Ao se analisar o CCS observou-se que JOSÉ DE PÁDUA realmente figurava como
procurador de ORLEI exclusivamente da destinatária dos recursos da Assembleia. Conjugando a
análise dos dados fiscais e bancários com as informações do CAGED observou-se que Orlei
Martins, durante períodos concomitantes, além da AL/RN, manteve-se vinculado ao Governo do
Estado da Paraíba, à Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco, e à Fundação
Apolônio Sales de Desenvolvimento Educacional, fundação privada localizada em Recife – PE.

Este Órgão Ministerial, inclusive, realizou diligências no sentido de obter a


comprovação ou não de vínculo empregatício da pessoa de ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA com
a Fundação Apolônio Sales de Desenvolvimento Educacional ou até mesmo com a Prefeitura de
Santa Cruz de Capibaribe/PE, sendo informado pelo Secretário Executivo da referida entidade, Sr.
Antônio Faustino Cavalcanti de Albuquerque Neto, que Orlei foi contratado pelo período de 02
(dois) meses, correspondentes a novembro e dezembro de 2007, para ministrar aulas em curso
preparatório de vestibular financiado pela Prefeitura de Santa Cruz do Capiberibe/PB e que, após
esse período, foi dispensado por haver expirado o prazo estipulado no contrato. Ademais,
informou que é comum que o funcionário fique residindo no município em que o serviço está
sendo prestado durante o período do contrato.

Os vínculos concomitantes – todos eles inacumuláveis - podem ser assim


demonstrados:

183/238
 Em 2007 Orlei recebeu recursos da Assembleia, do Município de
Santa Cruz do Capibaribe e da Fundação Apolônio Sales de
Desenvolvimento Educacional;
 Em 2008 Orlei recebeu recursos da Assembleia e do Município de
Santa Cruz do Capibaribe;
 Em 2009 Orlei recebeu recursos da Assembleia, do Município de
Santa Cruz do Capibaribe e da Secretaria de Estado da Receita da
Paraíba;
 Em 2010 Orlei recebeu recursos da Assembleia e da Secretaria de
Estado da Receita da Paraíba;
 Em 2011 Orlei recebeu recursos da Secretaria de Estado da
Receita da Paraíba.

Releva, ainda considerar que o domicílio do ora denunciado informado em suas


DIRPF de 2006 a 2011 e em sua própria ficha funcional é o da Rua Maria José Rique, n.º 219,
Cristo Redentor, João Pessoa, Paraíba, de modo que incompatível com o domicílio de funcionário
público da AL/RN, sediada nesta capital.

Consoante exposto acima, ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA ratifica em seu


depoimento as informações amealhadas no curso das investigações, bem como confirma que
nunca deu expediente na AL/RN, prestando apenas serviços banais de revisão de panfletos para
o órgão.

As provas carreadas até então autorizam afirmar que ORLEI emprestou o seu nome
para que fosse inserido fraudulentamente por seu irmão JOSÉ DE PÁDUA e RITA DAS MERCÊS
na folha de pagamento da Assembleia, nos termos acima transcritos.

Em resumo, ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA auferiu rendimentos de acordo com o


diagrama abaixo:

184/238
Para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de JOSÉ DE PÁDUA,
que arregimentou seu próprio irmão, ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA, para o esquema,
convencendo-o a aderir à empreitada criminosa, LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, que tratou de
inserir ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA (que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da
AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao
SANTANDER com a lista de servidores fraudada, além de ter assinado os cheques em favor do
mesmo, tendo todos a plena consciência de que ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA se tratava de um
“funcionário fantasma”. Ademais, vários dos títulos foram sacados por RITA DAS MERCÊS, sem
qualquer endosso ou mesmo procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA, contando com a


colaboração de MARLÚCIA , RODRIGO, LUIZA DE MARILAC e OSVALDO, desviaram em seu
favor e em favor de ORLEI a importância de R$ 179.400,62 oriundos da AL/RN, conforme a
seguinte metodologia:
- 2006 e 2007 – foi calculado com base nos rendimentos brutos constantes na DIRF,
uma vez que foram maiores do que o rastreado por meio de cheques e créditos em
conta, além de englobar as demais despesas efetuadas pelo órgão em favor de
ORLEI;
- 2008 – foram considerados os rendimentos brutos, somados à diferença entre o valor
recebido por ORLEI através de cheques e crédito em conta e os rendimentos líquidos;
- 2009 e 2010 – calculado com base nos valores encontrados nos cheques e créditos
e conta.

185/238
ANO MEIO DE RECEBIMENTO TOTAL
2006 DIRF R$ 61.629,39
2007 DIRF R$ 64.728,66
2008 08 Créditos em conta R$ 28.282,83
02 Cheques R$ 9.203,12
79
Descontos IR e Previdência R$ 556,62
2009 06 Créditos em conta R$ 6.000,00
2010 09 Créditos em conta R$ 9.000,00
TOTAL 179.400,62

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07 (sete)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º c/c art. 62, I, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano
de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 10 (dez) vezes, c/c art. 71, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2008; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art.
62, I, 06 (seis) vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/
art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 09 (nove) vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano
de 2010.

MARLÚCIA, RODRIGO, LUIZA DE MARILAC, JOSÉ DE PÁDUA e ORLEI – art. 312,


caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 10 (dez) vezes, c/c
art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo
2º, 06 (seis) vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009 e artigo 312, caput c/ art.
327, parágrafo 2º, 09 (nove) vezes, todos do Código Penal com relação ao ano de 2010.

OSVALDO ANANIAS - art. 312, caput 07 (sete) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput 05 (cinco) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30,

79 Considerando que a DIRF informada referente ao ano de 2008 está em quantia bem inferior ao
efetivamente recebido pelo investigado, foi considerado para o cálculo do valor os créditos em conta,
acrescidos dos valores dos cheques, mais o que foi pago de Imposto de Renda e Previdência Oficial,
chegando-se ao valor final de R$ 38.042,57.

186/238
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; art. 312 caput 02 (duas) vezes, c/c art. 71, c/c
art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008.

5.2.2. MARIA DO SOCORRO PORDEUS ALBUQUERQUE

Trata-se da ex-cunhada de JOSÉ DE PÁDUA, tendo sido a primeira esposa de Orlei


Martins de Oliveira, seu irmão. Não foram identificadas transações eletrônicas a partir de contas
da Assembleia para Maria do Socorro, porém foram localizados 80 27 cheques emitidos em seu
favor (e sacados por JOSÉ DE PÁDUA), no período compreendido entre 2008 e 2010,
contabilizando o valor de R$ 98.925,97.

ANO MEIO DE RECEBIMENTO


2008 07 cheques
2009 15 cheques
2010 05 cheques
2011 DIRF (13 créditos)

Apesar de não ter havido o afastamento dos seus sigilos bancário e fiscal até a
presente data, identificou-se, pelas DIRF`S da Assembleia (2008 a 2011), que MARIA DO
SOCORRO recebeu dos cofres públicos um total de R$ 257.824,32 (rendimento bruto).

No tocante à situação funcional, não há como se precisar a forma pela qual se deu o pro-
vimento de MARIA DO SOCORRO PORDEUS MARTINS em cargo ou função na AL/RN, pois segun-
do pesquisas realizadas nos Boletins Oficiais disponíveis no sítio eletrônico da Assembleia Legislativa
do RN, já referidos, não foi localizado ato de nomeação/exoneração, designação ou concessão de
gratificação, tampouco foi identificada a pasta funcional respectiva no material apreendido no Setor
de Recursos Humanos da AL/RN, por ocasião da deflagração da Operação Dama de Espadas.

Em depoimento prestado ao Ministério Público, o Sr. Orlei Martins de Oliveira, ex-cônjuge


de MARIA DO SOCORRO, faz afirmações que levam a crer que ela sempre morou em Campina
Grande/PB, onde trabalhava como dona de casa e manicure. Em suma, no que diz respeito à MARIA
DO SOCORRO, o Sr. ORLEI afirma:

“Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 1): (...)MP: Certo. Conhece a


Sra. Maria do Socorro Pordeus Albuquerque? Orlei: Ex-esposa minha.
E foi praticamente a mãe dele. MP: Certo. O senhor conviveu com a
senhora Maria do Socorro por quanto tempo? Orlei: Vinte e poucos

80 Microfilmagens enviadas pelo Banco SANTANDER por meio do expediente CPI-335264155038 em


resposta ao ofício nº 844/2015

187/238
anos. MP: Sabe dizer se a senhora Maria do Socorro também era
empregada da Assembleia? Orlei: Sei não, senhora. Até porque quando
nós nos separamos, eu fui morar em João Pessoa e de lá fui para... MP:
Certo. O senhor se separou dela quando? Orlei: Doutora, faz mais de
dezessete anos. MP: Certo. Sabe dizer se Pádua ainda mantém contato
com a Maria do Socorro? Orlei: Sei não, senhora. MP: Sabe dizer onde
ela mora? Orlei: Sei que mora em Campina Grande. MP: Sempre
morou lá? Orlei: Morou em Guarabira e depois foi quando nós fomos
para Campina. MP: A Dona Maria do Socorro... o senhor não sabe se
ela foi funcionária da Assembleia, do mesmo jeito que o senhor?
Orlei: Sei não, senhora. MP: A Dona Maria do Socorro faz o quê da
vida para viver? Orlei: É uma manicure. MP: Manicure? Orlei:
Manicure. MP: O senhor sabe mais ou menos a idade dela? Orlei:
Chegando aos 50 anos. MP: Ela tem algum tipo de formação? Orlei: Tem
o ensino médio.MP: Ensino médio. Quando ela vivia com o senhor, ela
era dona de casa? Orlei: Era dona de casa e trabalhava como
manicure. MP: Sabe dizer se ela ainda trabalha como manicure? Orlei:
Trabalha. Eu sei porque tem filho meu que sempre a visita e diz que
ela está vivendo de uma pensão pequena que eu dou e... MP: O
senhor dá quanto a ela de pensão? Orlei: É descontado em folha a
parte de R$ 400,00 a R$ 500,00. MP: Então ela deve ser beneficiária do
bolsa família? Orlei: Não, porque os filhos estão grandes já. Ela mora com
um filho. MP: Do senhor. Orlei: Ela. Mora com um filho. MP: O filho é do
senhor? Orlei: É. Meu filho. MP: Então mora em Campina?
Orlei: Mora em Campina.MP: Nunca foi ao Rio Grande do Norte? Orlei:
Também não sei.(...)”
Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 2): “(...)MP: Me diga outra coisa.
O senhor conhece Maria do Socorro Pordeus Albuquerque. Orlei: Ex-
esposa minha. MP: O senhor tinha dito que tinha sido casado por um
longo período. Por quantos anos? Orlei: 20 e alguma coisa. MP: Está
separado dela há quanto tempo? Orlei: Há muito tempo. Faz muito
tempo, não me recordo a data, mas faz tempo. MP: Já tá muito tempo
que está separado dela? Orlei: Já. Porque tenho uma nova família já
faz 15 anos. MP: Ah, então já faz muito tempo. No período que o
senhor esteve com ela, ela só trabalhava em casa? Orlei: Era. Era
doméstica e manicure. Final de semana ela fazia o trabalho de
manicure e continua fazendo hoje. (...)”
Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 3). “(...)MP: Certo. Me diga uma
coisa. O senhor sabe dizer, é, o senhor tem algum contato com a Dona
Maria do Socorro? Orlei: Não senhora, depois que nós nos separamos,
não vou dizer que ficamos inimigos. Mas não apareço lá, nem ela aparece
aqui, nem a agente conversa nada. MP: Certo. Então o senhor não sabe
se ela contraiu um empréstimo pra Pádua. Nem nada disso não? Orlei:
Não senhora. MP: Certo. Como é que a Dona Maria do Socorro, é... ela
vive do quê? Orlei: Como é Dra.? MP: O senhor sabe dizer do que é que a
Dona Maria do Socorro vive? Ela trabalha com o quê pra sobreviver. Orlei:
Com a pensão de 400 e pouco que sai do meu contracheque no Estado da
Paraíba e justamente com o que ela afaz de manicure e com a ajuda do
meu filho que mora com ela. MP: Certo. O seu filho que mora com ela é o
Andreti? Orlei: É o Andreti. MP: Certo. O Andreti hoje faz o quê? Orlei:
Trabalha em Itabaiana. MP: Desculpe. Itabaiana o que é Itabaiana? É um
município é? Orlei: Itabaiana é uma cidade que fica próxima da capital do
Estado. A uma base de 80 a 90 km. MP: Ele trabalha fazendo o quê Sr.
Orlei? Orlei: Ele trabalha na Prefeitura. MP: Atualmente então, ele é
servidor da prefeitura. Orlei: Atualmente. MP: O senhor sabe dizer a partir
de quando ele virou servidor de Itabaiana?(...)”

188/238
Chama a atenção ainda o fato de que , segundo o CCS de JOSÉ DE PÁDUA, o mesmo
é procurador das contas titularizadas por MARIA DO SOCORRO PORDEUS (procuração envia-
da pelo Banco SANTANDER, acostada aos autos do IC n.º 107/09, cuja cópia segue anexa ao PIC
n.º 015/15), autorizando a conclusão de que tais recursos igualmente foram carreados para o
casal RITA – JOSÉ DE PÁDUA.

Noutrossim, não se pode olvidar que na busca e apreensão realizada na residência de


JOSÉ DE PÁDUA foram localizados inúmeros documentos atinentes a MARIA DO SOCORRO,
dentre os quais pode-se citar: cópias de identidade e CPF, extrato de empréstimo consignado no
valor de R$ 61.037,38, realizado junto ao Banco do Brasil em nome da denunciada (mediante
convênio com a AL/RN), datado de abril de 2010, além de comprovantes de pagamentos de boletos
em nome de MARIA DO SOCORRO (com o endereço dele), feito na conta-corrente de JOSÉ DE
PÁDUA.
Por sua vez, ao ser ouvida na sede da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de
Campina Grande/PB, em 14/02/2017, a sra. MARIA DO SOCORRO apresentou versão que se coa-
duna com o depoimento do seu ex-esposo ORLEI, além de corroborar vários elementos de provas
colhidos nos autos, nos seguintes termos:

“Que nunca exerceu cargo na Assembleia Legislativa do Rio Grande do


Norte, ponderando que somente foi duas vezes a Natal, não sabendo
sequer onde é a ALRN; que nunca foi indicada ou convidada para exer-
cer cargo público; que nunca foi à ALRN, que nunca trabalhou para tal
órgão, não sabendo o endereço ou localização, razão pela qual restam
prejudicadas as indagações sobre tarefa, chefia, horário e valores percebi-
dos; que não recebia qualquer valor da ALRN; que conhece José de Pá-
dua Martins de Oliveira e Rita das Mercês, sendo que aquele foi criado
pela depoente; que José de Pádua Martins de Oliveira trabalhava no Ce-
rimonial da ALRN e veio lhe visitar, acompanhado de sua esposa, Maria
das Mercês, que era Procuradora da Assembleia; que José de Pádua
Martins de Oliveira lhe pediu para passar procuração, afirmando que
isso seria bom, pois assim lhe ajudaria com dinheiro, que repete que
não recebeu salário ou qualquer outra forma de pagamento da ALRN;
que José de Pádua lhe repassava diretamente algum dinheiro, mas era
189/238
muito pouco; que José de Pádua, munido dessa procuração, abriu
conta-corrente em Natal/RN, prometendo avisar quando surgisse uma
proposta de emprego ; que assinou a procuração, mas sequer a leu,
principalmente porque confiava muito em José de Pádua, de dentro de
sua casa; que, posteriormente, teve a feitura de outra procuração, pois
teve um crediário recusado, razão pela qual chamou José de Pádua
para se explicar; que José de Pádua afirmou que tinha feito um em-
préstimo em seu nome, em um montante de mais de R$ 70.000,00 (se-
tenta mil reais); que seu nome saiu até no Fantástico, fato que vem lhe ti-
rando seu sossego, que contratou uma advogada para renegociar esse débi-
to, por sugestão de José de Pádua; que este vinha pagando esse débito,
mas parou em novembro de 2016, que não conhece nenhum deputado do
Rio Grande do Norte; que não prestou qualquer serviço para algum parla-
mentar, tampouco fundação ou associação vinculada a deputado; que, como
dito, não leu a procuração que passou para José de Pádua, razão pela qual
não sabe dizer se ele poderia ter utilizado seu nome para receber uma gratifi-
cação na ALRN; que, fora José de Pádua, não passou procuração para ne-
nhuma outra pessoa; que já trabalhou em empresas privadas e como servi-
dora comissionada em Itabaiana-PB, mas suas atividades se resumem a fa-
zer unhas de algumas clientes, sem horário determinado; que nunca saiu de
Campina Grande, motivo pelo qual estava residindo no seu endereço
entre 2008 e 2011; que só conhece José de Pádua e Maria das Mercês
como funcionários da ALRN; que, como explicado, José de Pádua é como
se fosse um filho de criação; desde que tinha 10(dez) anos; que Maria das
Mercês era casada com ele; que José de Pádua é irmão de Orlei Martins de
Oliveira, seu ex-marido; que se divorciou de Orlei Martins faz mais de 18(de-
zoito) anos; que não assou procuração para Orlei, pelo menos não se lem-
bra, que possui apenas uma casinha, onde reside, estando muito abalada
com esses constrangimentos, temendo perder seu único bem; que não termi-
nou sequer o segundo grau (ensino médio), sendo uma pessoa humilde, mas
honesta em tudo que faz; que foi ludibriada pela confiança que nutria por
José de Pádua; que se coloca à disposição para qualquer esclarecimento,
tanto ao Ministério Público quanto à Justiça (...)”.

Não por acaso, segundo o CCS de JOSÉ DE PÁDUA, o mesmo figura como procura-
dor das contas titularizadas por MARIA DO SOCORRO PORDEUS (procuração enviada pelo
Banco Santander, acostada aos autos do IC n.º 107/09, cuja cópia segue anexa ao PIC n.º 015/15),

190/238
autorizando a conclusão de que tais recursos obtidos por intermédio da referida pessoa fo-
ram igualmente foram carreados para o casal RITA – JOSÉ DE PÁDUA.

Noutrossim, não se pode olvidar que na busca e apreensão realizada na residência de


JOSÉ DE PÁDUA foram localizados inúmeros documentos atinentes a MARIA DO SOCORRO, den-
tre os quais pode-se citar: cópias de identidade e CPF, extrato de empréstimo consignado no valor de
R$ 61.037,38, realizado junto ao Banco do Brasil em nome da denunciada , datado de abril de 2010,
além de comprovantes de pagamentos de boletos em nome de MARIA DO SOCORRO, feito na
conta-corrente de JOSÉ DE PÁDUA.

Ademais, na caixa de e-mails de RITA DAS MERCÊS81 foi encontrado (na mensagem n.º
2429) arquivo da contestação apresentada por JOSÉ DE PÁDUA na ação de dissolução de
sociedade de fato um trecho que faz alusão à MARIA DO SOCORRO, no item “das dívidas
contraídas”, no sentido de que o empréstimo em nome dela teria sido feito em benefício do casal, de
modo que o débito fosse dividido igualmente entre as partes, o que reforça sobremaneira a inclusão
do nome de sua ex-cunhada nos quadros da AL/RN para viabilizar os desvios realizados pela
organização criminosa.

81 Endereço eletrônico rita_das@uol.com.br, obtido mediante quebra do sigilo telemático deferido por este
Juízo.

191/238
Assim, tem-se que que Maria do Socorro jamais residiu em Natal ou tampouco exerceu
qualquer atividade laborativa nos quadros da AL/RN, tendo emprestado o seu nome para que fosse
inserido fraudulentamente por seu ex-cunhado e Rita das Mercês na folha de pagamento do
referido órgão como forma de viabilizar os desvios.

Assim, considerando que os cheques listados são inferiores aos valores constantes na
DIRF, por essa englobar outros tipos de custos despendidos pela Assembleia com a Denunciada,
para cálculo do desvio usou-se como critério os Rendimentos Brutos, que totalizaram R$
257.824,32 no período compreendido entre 2008 e 2011, consolidados na tabela a seguir:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2008 Dados da DIRF R$ 36.118,04
2009 Dados da DIRF R$ 70.287,80
2010 Dados da DIRF R$ 74.362,15
2011 Dados da DIRF R$ 77.056,33
TOTAL R$ 257.824,32

No caso vertente, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de


LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, que trataram de inserir fraudulentamente MARIA DO
SOCORRO (que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO
MARINHO, que remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de
servidores fraudada, bem como assinou os cheques emitidos em favor da mesma, tendo todos a
plena consciência de que a mesma se tratava de uma “funcionário fantasma”. Ademais, os
cheques emitidos em seu favor foram sacados por JOSÉ DE PÁDUA, companheiro de RITA DAS
MERCÊS à época dos fatos, sem qualquer endosso ou mesmo procuração, por expressa
autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA, contando com a


colaboração de MARLÚCIA , LUIZA DE MARILAC, RODRIGO e OSVALDO, desviaram em seu
favor e em favor de MARIA DOS SOCORRO a importância de R$ 257.824,32 oriundos da AL/RN.
Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais82:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07 (sete)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º c/c art. 62, I, 15 (quinze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2009; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 05 (cinco), c/c art. 71, todos

82 Nesse caso, para fins de capitulação, será considerada a quantidade de vezes que figurou na DIRF
mensal naquele ano

192/238
do Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art.
62, I, 13 (treze), c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011;

MARLÚCIA, RODRIGO, LUIZA DE MARILAC, JOSÉ DE PÁDUA e MARIA DO SO-


CORRO – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 15 (quinze) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º,
05 (cinco), c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 13 (treze), c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011.

OSVALDO ANANIAS - art. 312 caput 07 (sete) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput 15 (quinze) vezes, c/c art. 71, c/c art. 30,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009 e art. 312 caput 05 (cinco) vezes, c/c art. 71,
c/c art. 30, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010.

5.2.3. IVONILSON CAETANO MONTEIRO

IVONILSON CAETANO MONTEIRO é cunhado de JOSÉ DE PÁDUA, vez que casado


com sua irmã Maria do Céu Martins. Segundo consta do Boletim Oficial da AL/RN n.º 2080, de
30/01/2003, Ivonilson Caetano foi designado para exercer uma função gratificada - FG06 no
Legislativo, tendo figurado em todas as DIRF`s DA AL/RN no período compreendido entre 2006 e
2011, sem que, entretanto, tenha sido localizada a sua pasta funcional entre o material arrecadado
na busca e apreensão. A ele foi destinado a importância de R$ 228.226,5283.

Não foram identificadas transações eletrônicas a partir de contas da Assembleia para


IVONILSON, porém foram localizados diversos cheques emitidos em seu favor, em sua quase
totalidade, sacados por JOSÉ DE PÁDUA e RITA DAS MERCÊS, de acordo com a tabela abaixo:

83 A metodologia para o cálculo do desvio está descrita no Relatório 01/2017 acostado ao PIC 15/15

193/238
ANO QUANTIDADE
2006 08 cheques
2007 04 cheques
2008 14 cheques
2009 12 cheques
2010 07 cheques
2011 DIRF (13 créditos)

De acordo com os dados do CAGED, seu vínculo com a AL/RN foi iniciado em
11/03/2003, mesma época em que figurava como empregado da empresa CENTRAL
TELECOMUNICAÇÕES LTDA (01/07/2009 a 21/06/2003). Em 01/07/2003 consta outro vínculo
empregatício com a empresa ARM TELECOMUNICAÇÕES E SERVIÇOS DE ENGENHARIA
LTDA, cujo nome anterior era RM Engenharia Ltda, onde permaneceu até 01/07/2013.

Vale salientar que, nos termos do contrato de trabalho firmado entre IVONILSON
CAETANO e a RM ENGENHARIA, obtido mediante requisição ministerial constante no Anexo
respectivo do PIC 15/15, consta que tal foi contratado para a função de almoxarife, com carga
horária de 44 horas semanais de trabalho (cláusula primeira), o que aponta para a
impossibilidade de conciliar o exercício do emprego concomitantemente com a função
pública.

Durante o período do afastamento do sigilo fiscal, constatou-se que além de recursos da


Assembleia, IVONILSON recebeu recursos das empresas RM ENGENHARIA e ARM TELECOM,
com quem manteve vínculo empregatício .

Diagrama de Recebimento conforme DIRF – dossiê integrado:

194/238
Confrontando os dados da DIRF da AL/RN e das empresas RM ENGENHARIA e ARM
TELECOM constata-se que os valores que transitaram pelas contas de IVONILSON, em alguns
anos, são sensivelmente inferiores aos valores líquidos disponíveis – soma de rendimentos líquidos
da Assembleia e RM Engenharia.

O confronto dos dados bancários e fiscais de IVONILSON revelou, até não mais poder,
que a sua movimentação financeira é compatível com os rendimentos oriundos de seus vínculos la-
borais privados, indicando que os recursos da Assembléia Legislativa do RN não transitaram
por suas contas84, tendo sido carreado para RITA E PÁDUA.

No caso vertente, para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de


LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, que trataram de inserir fraudulentamente IVONILSON (que
forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que remeteu,
juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores fraudada, além
de ter assinado os cheques em favor de IVONILSON, tendo todos a plena consciência de que o
mesmo se tratava de um “funcionário fantasma”. Ademais, os cheques emitido em seu favor foram
sacados por RITA DAS MERCÊS e por JOSÉ DE PÁDUA, sem qualquer endosso ou mesmo
procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA, contando com a


colaboração de MARLÚCIA , RODRIGO, LUIZA DE MARILAC e OSVALDO, desviaram em seu
favor e em favor de IVONILSON a importância de R$ 228.226,52 oriundos da AL/RN, conforme a
seguinte metodologia, adiante consolidada em tabela:

2006 e 2007, 2010 e 201185 – foi calculado com base nos rendimentos brutos
constantes na DIRF;
2008 e 2009 – Considerando que a DIRF informada referente ao ano de 2008 está em
quantia inferior ao efetivamente recebido pelo investigado, foi considerado para o
cálculo do valor dos cheques, mais o que foi pago de Imposto de Renda e Previdência
Oficial, chegando-se ao valor final de R$ 22.692,01 e R$ 25.782,99, nos anos de
2008 e 2009, respectivamente.

84 Todos os dados bancários e fiscais estão compilados no Relatório de Análise LAB-LD Nº01/2017/LABIF
acostado ao PIC 15/15.
85 Nesse caso, para fins de capitulação, será considerada a quantidade de vezes que figurou na DIRF
mensal naquele ano

195/238
ANO QUANTIDADE VALOR TOTAL
2006 DIRF R$ 19.985,33
2007 DIRF R$ 19.942,00
2008 14 cheques R$ 22.615,24
Descontos IR e Previdência R$ 76,77
2009 12 cheques R$ 23.055,27
Descontos IR e Previdência R$ 2.727,72
2010 DIRF R$ 62.766,69
2011 DIRF R$ 77.057,50
TOTAL R$ 228.226,52

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 08 (oito)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º c/c art. 62, I, 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2007; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 14 (quatorze) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c
art. 62, I, 12 (doze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo
312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 13
(treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011

MARLÚCIA, RODRIGO, LUIZA DE MARILAC, JOSÉ DE PÁDUA e IVONILSON - art.


312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 04 (quatro) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 14
(quatorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput
c/c art. 327, parágrafo 2º, 12 (doze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano
de 2009; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 13 (treze) vezes,
c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011;

OSVALDO - art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 04
(quatro) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; art. 312 caput c/c
art. 327, parágrafo 2º, 14 (quatorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano
de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 12 (doze) vezes, c/c art. 71, todos do Código

196/238
Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes,
c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010, comunicando a este a qualidade
de “funcionário público” , elementar do delito de peculato na forma do art. 30 do CP.

5.2.4. EUDES MARTINS DE ARAÚJO

EUDES MARTINS ARAÚJO é sobrinho de JOSÉ DE PÁDUA. A ele foram destinados os


cheques abaixo discriminados:
ANO QUANTIDADE
2006 07 cheques
2007 01 cheque

Analisando os dados constantes no dossiê integrado, durante o período do afastamento


do sigilo fiscal, constatou-se que, além de recursos da Assembleia, o presente acusado recebeu re-
cursos da empresa Presta Serv Prestadora de Serviços Ltda, situada na cidade de Belo
Horizonte/MG, durantes os meses de janeiro e fevereiro de 2007.

Este Órgão Ministerial diligenciou junto à empresa acima referida no sentido de obter da-
dos referentes ao vínculo empregatício de Eudes Araújo, sendo informado que ele trabalhou no esta-
belecimento como estagiário no período de 25/09/2006 a 01/07/2007 e como empregado no período
de 01/07/2007 a 15/01/2008, onde ocupou a função de auxiliar administrativo. Tem-se, pois, que boa
parte do período em que Eudes figura como servidor da AL/RN, esteve concomitantemente exercen-
do atividades laborais na referida empresa.

Analisando-se o período de 2006, ano em que foram recebidos recursos em todos os


meses, constatou-se que os valores movimentados na conta corresponderam a apenas 16% dos va-
lores recebidos, podendo-se afirmar que os recursos recebidos pela Assembleia não circula-
ram nas contas de sua titularidade.

Em depoimento prestado ao Ministério Público do RN, após deflagrada a Operação


Dama de Espadas, EUDES MARTINS DE ARAÚJO esclareceu que nunca residiu no Estado de Mi-
nas Gerais mas trabalhava em uma filial da empresa em Natal/RN. Em linhas gerais, jamais traba-
lhou na Assembleia Legislativa do RN, em que pese o fato de durante uns dois anos ter recebido aju-
da financeira do seu tio, JOSÉ DE PÁDUA. Adiante, seguem os detalhes dos desvios, na ótica de
EUDES MARTINS:

197/238
“MP: Sr. Eudes, me diga uma coisa. Qual a profissão do senhor? EUDES:
Gerente comercial, hoje gerente comercial. MP: Hoje gerente comercial.O
senhor é gerente comercial de que empresa? EUDES: Padrão de vida, que
é correspondente do Banco BMG. Trabalho com o Bradesco, trabalho com
crédito consignado. MP: Certo, certo. Vinculado ao Banco Bradesco?
Eudes: Vinculado ao Banco BMG. Na verdade essas instituições
financeiras, elas trabalham com correspondentes bancários e aí a gente,
eles terceirizam esse serviço de coleta dos contratos de créditos
consignados e tem vários representantes e eu sou um desses
representantes. MP: O senhor trabalha nessa empresa desde quando?
EUDES: Nessa empresa desde setembro de 2009, finalzinho de 2009,
mais ou menos isso. MP: Final de 2009, certo. MP: Antes disso, o senhor
trabalhava onde? EUDES: Antes de trabalhar na Padrão, eu trabalhei na
Unicred, antes de trabalhar na unicred eu trabalhei no Banco BMG como
assistente comercial e antes do Banco BMG na Prestaserv. MP: Certo. (…)
MP: Então vamos lá. Só pra eu não perder a cronologia. O senhor
trabalhou aonde? EUDES: Prestaserv, aqui, voltando né?! Na Padrão de
Vida hoje, antes da Padrão de Vida eu trabalhei na Unicred, antes da
Unicred, trabalhei no Banco BMG, fiquei um período e acabei sendo
desligado, demitido né. Passei um período sem trabalhar e depois Unicred
e antes do BMG a Prestaserv. MP: Na Prestaserv, o senhor fazia o quê?
EUDES: Era Auxiliar Administrativo. Pagava contrato, analisava
documentação. MP: Certo. Qual o seu período da Prestaserv? EUDES:
Dra. o período da Prestaserv eu não tenho, eu não tenho muito em mente,
mas deixa eu... Acho que foi na Prestaserv, não sei se foi no finalzinho de
2005, foi finalzinho de 2005 que eu comecei na Prestaserv. MP: Não foi em
2007? Por que pelo menos aqui no Caged que são as informações no
órgão de cadastro dos empregados, diz que foi em 2007. Não confere
isso? EUDES: 2007. Não, em 2007 eu já trabalhava lá, já. Aí sai de lá e fui
pro BMG. MP: Então, qual é o período que o senhor ficou na Prestaserv?
EUDES: Eu fiquei na Prestaserv, acho que pouco mais de 2 anos. MP:
Então, de que período a que período, 2007 a 2009 é isso? EUDES: Não.
Na Prestaserv provavelmente do finalzinho de 2005 ao final de 2007. MP:
E na sequência pro BMG. Eudes: Isso! MP: Entendi. A Prestaserv ela é
sediada onde? É o senhor trabalhava pela Prestaserv aonde? EUDES:
Aqui em Natal. MP: Aqui em Natal. Aonde? EUDES: No Edifício... Fica na
Romualdo Galvão, Trade Center. MP: Certo. Aonde, no escritório? EUDES:
No escritório da Prestaserv. Exatamente. MP: Certo. Certo. MP: O senhor
já trabalhou na Assembleia Legislativa? EUDES: Não, MP: Nunca?
EUDES: Nunca. MP: O que o senhor é do Sr. Orlei? Martins de Oliveira?
EUDES: Orlei é meu tio. MP: Orlei Martins de Oliveira. EUDES: Isso. Meu
Tio. MP: Então é... Sr Orlei é irmão do Sr. Pádua? EUDES: Correto e é
irmão da minha mãe. MP: A sua mãe. Proto! Era a minha próxima
pergunta. Como é o nome da sua mãe?
EUDES: Ducileide Martins de Araújo. MP: Certo. Nunca trabalhou para a
Assembleia? EUDES: Não. MP: Nunca atendeu algum pedido do seu Tio
para fornecer seus dados, alguma coisa assim nesse sentido? EUDES:
Não. De fornecer meus dados, não. MP: Nenhum tipo de prestação de
serviço pra Assembleia, sr Eudes? EUDES: Não Doutora. MP: Eu te
pergunto isso Eudes, porque a gente tem alguns cheques emitidos em seu
nome. Você saberia explicar a razão? EUDES: Dra é... Nesse período
minha família estava passando por problemas financeiros, tá e aí
conversando com vários colegas, é, é, até antes mesmo de... MP: Você é
lá do mesmo interior do...Você é da Paraíba? EUDES: Não. Eu sou do
Ceará. Não tenho muito contato com os meus... MP: Com a sua família.
EUDES: Não tenho muito contato com a minha família, sempre é mais

198/238
contato com a família do meu pai, entendeu?! A família da minha mãe
sempre morou muito na Paraíba. MP: Certo. A dona Dulcileide é que é do
lado de Pádua, não é isso? EUDES: Correto. MP: Entendi. Então os seus
vínculos mais profundos são com a família do seu pai. Eudes: Isso, do meu
pai e depois que eu casei, praticamente eu perdi contato com todo mundo,
porque como eu trabalho como Gerente Comercial, eu viajo bastante.
Logo, eu praticamente pra ver meu filho, é praticamente de sábado a
domingo. Mas em relação ao que a senhora me perguntou, minha família
tava passando por problemas financeiros... MP: Quem é que quando você
fala assim: A gente. A gente quem? EUDES: Minha família. Meu pai, minha
mãe e minha irmã. Aí conversando com alguns amigos, a gente tava num
processo seletivo, acho que processo seletivo da Prestasev, eu já tinha
entrado, mas, mesmo assim, tava com dificuldade financeira. E aí, tava na
faculdade, precisava arcar... MP: Você fazia que curso? EUDES: Eu fazia
Administração. E aí, teve um colega meu que falou que tinha um Projeto
na Assembleia, através de Gabinete de Deputados, de ajuda de custos,
certo?! E aí, eu falei com minha mãe, minha mãe conversou com Pádua.
MP: Quem foi o colega? EUDES: Eu não posso, não tenho como precisar
para a senhora, porque faz muito tempo isso daí. Mas é, é... MP: Como
era essa coisa da Ajuda de Custo? EUDES: Não ele falava que, como tava
na faculdade e aí, você falando que tava na faculdade, você receberia tipo
uma bolsa, uma ajuda de custos. E aí minha mãe conversou com Pádua e
logo em seguida ele falou que tinha conseguido isso aí para a gente.
Entendeu. MP: Aí você então Eudes. Eu vou falando e você vai dizendo se
o que eu tô falando é verdade e se por acaso eu tiver cometendo algum
equívoco, você me corrige. EUDES: OK! MP: A sua família passava por
dificuldade. Vocês sabiam que Pádua. Você conhecia Rita? EUDES:
Conhecia, mas não tinha contato com ela. MP: Mas sabia que Pádua e
Rita eram pessoas influentes dentro da Assembleia. Sua família passava
por um momento de privação. Você ouviu falar que tinha uma espécie de
ajuda custo se socorreu deles. EUDES: Sim. MP: E aí, Pádua depois disse
que tinha arrumado essa ajuda de custo. EUDES: Isso. MP: Você sabe
como era que isso se processava? EUDES: Não sei Doutora. MP: Essa
ajuda de custo era como se fosse algo assistencial, era isso? EUDES: Eu
entendi como algo assistencial. Até porque eu já estava trabalhando, seria
algo assistencial, entendeu. E Foi exatamente o que a gente tava
precisando, no momento algo assistencial pra cobrir as minhas despesas,
entendeu! MP: Certo. Você era aluno de Escola Pública ou Privada?
EUDES: Pública. MP: Eu te pergunto, com base nisso o que é que você
fez para fazer jus a essa ajuda de custo? EUDES: Doutora, o Pádua só
disse para mim que tinha conseguido e pronto. MP: Não te pediu nada,
documento? EUDES: Não, me pediu nada. Que eu me recorde não teve
nenhum documento, nada que. MP: CPF, foto? Você não precisou ir ao
órgão?Eudes: Que eu me recorde, não teve nada disso não. MP: Nem
falou qual seria o Gabinete do Deputado que iria patrocinar essa ajuda de
custo? EUDES: Não. MP: A minha próxima pergunta. E aí, você de fato
recebeu essa ajuda de custo? EUDES: Recebi sim. Uma ajuda de custo de
mais ou menos R$ 500,00.MP: R$ 500,00 reais. Por quanto tempo Eudes?
EUDES: Doutora, eu acredito que entre o período de 2006. Finalzinho de
2005 até 2007. Um período desse. MP: Certo. Todo mês? EUDES: Isso.
MP: Então foram 24 meses, mais ou menos recebendo R$ 500,00. Eudes:
Mias ou menos. Isso. MP: Daria R$ 12.000,00. É isso? Eudes: Não
doutora, é, mais ou menos. MP: Certo. Mais ou menos isso. É só pra eu ter
uma ideia do tamanho da ajuda de custo. Como você fazia para receber
essa ajuda de custo? EUDES: Em alguns momentos eu ia na sala dele,
recebia dele. MP: Pronto. É muito importante isso. Vamos parar aqui,
porque é muito importante eu compreender essa dinâmica do recebimento.

199/238
Você ia na Assembleia? EUDES: Isso. Em outros momentos ele me
entregava fora da Assembleia, deixava na casa da minha mãe. MP: Certo.
O dinheiro em espécie? EUDES: Sim. MP: Dinheiro. Não era cheque?
Eudes: Não. Teve, teve, se não me falhe a memória, teve um momento
que ele me dava um cheque administrativo no valor da ajuda de custo, que
eu sacava lá na agência do SANTANDER. MP: Os R$ 500,00? Eudes:
Exatamente. Aproximadamente isso aí. MP: Certo. Quando você ia lá na
Assembleia para receber, você disse que em algumas oportunidades foi lá.
Onde era fisicamente que você recebia? EUDES: Eu sei Dra que era na,
na sala dele, agora onde é, como faz muito tempo que eu não vou, não é
corriqueiro hoje em dia eu ir a Assembleia, então não sei. Mas era na sala
dele, no escritório dele. MP: No escritório. Ele tava lá e lhe entregava? R$
500,00? Eudes: Isso. MP: Certo. A gente requisitou ao SANTANDER que
era o Banco Eudes, diversos cheques e você aparece como beneficiário,
os cheques estão nominativos a você certo. Os cheques são em valores,
como regra mais ou menos no valor de R$ 3.000,00. Sempre sacados por
Rita ou pelo próprio Pádua. Você sabia disso? EUDES: De jeito nenhum.
De jeito nenhum. MP: Certo. Soube agora ou tá sabendo agora. Como é?
Eudes: Eu tô sabendo agora assim, eu tô tomando ... MP: O cheque está
nominal a você, entendeu. E é algo muito semelhante ao que aconteceu
com o seu Tio Orlei, o seu Tio mora na Paraíba e ...EUDES: Entendi.
Como eu falei pra senhora, eu estou sabendo das proporções disso agora,
porque pra mim, me desculpe o desabafo, mas é total constrangimento,
porque a gente que batalha muito pra ter as coisas. Tenho um filho de 7
anos e aí pra criação dele , meu trabalho está sendo afetado com isso,
entendeu?! A minha vida está sendo afetada por isso, então tô tomando as
proporções falando com a senhora aqui, achando que, isso aí meio que
perplexo. MP: Então, vamos lá. É muito importante a gente compreender a
sua intenção no recebimento desse dinheiro, porque isso define eventual
cometimento de crime ou não. Você recebeu os R$ 500,00, achando que
estava recebendo de maneira legítima? EUDES: Isso, uma ajuda de custo
que até onde eu sei... MP: Pádua confirmava que era uma ajuda de custo?
EUDES: Dra vou ser sincero com a senhora, a conversa nunca foi se isso
era uma ajuda de custo. Disse que deu certo e pronto e me entregava. MP:
Eu preciso que você seja muito claro. O que você pediu foi uma ajuda ao
seu tio? EUDES: Exatamente. MP: Veja aí como é que a Assembleia pode
me ajudar, uma assistência e tudo mais. Foi nesse sentido? Eudes: Nesse
sentido. MP: E aí, o senhor de fato recebeu por dois anos, mas não sabe
nada da existência desses cheques salários? EUDES: Da existência
desses cheques não. MP: Os valores que você recebeu... Na época o
senhor não declarava imposto de renda, o senhor era isento. Então não
teve declaração desses valores? EUDES: Isso. Aí vai depender, eu não
tenho certeza, porque como faz muito tempo, porque eu estava no Banco e
mudei de função pode ser que eu tenha declarado. Não sei precisar isso
pra senhora. MP: O senhor ficou por dois anos e como foi o contexto da
saída do senhor dessa ajuda de custo? EUDES: Do mesmo jeito que
entrou, não teve MP: Parou e o senhor não chegou a perguntar: Tio o quê
que houve? EUDES: Não, porque aí eu já estava no Banco e já estava
com uma condição um pouco melhor. MP: Entendi. Certo. Então o senhor
na verdade recebeu, apenas e tão somente esses 500,00 reais mensal.
Oras na assembleia, oras na casa da sua mãe. MP: O senhor tem mais
alguma coisa a dizer? EUDES: Não Dra só isso mesmo. Eu precisava, eu
sei que isso não muda nada, mas o desabafo mesmo dessa situação
constrangedora pra mim, pra minha família. MP: Depois disso tudo o
senhor não procurou seu tio? Eudes: Não. Não tenho muito contato, como
disse pra senhora, depois que casei mais com a família da minha esposa.
Como eu trabalho de segunda a sexta na área comercial viajando, tem

200/238
dias que viajo na segunda e só volto na sexta ou no sábado. MP: Tá certo.
Tá bom.”

Como se pode perceber, com relação a mais esse membro da família de JOSÉ DE PÁ-
DUA, o modus operandi da organização criminosa funcionou de igual forma para viabilizar o desvio
de recursos da AL/RN.

Para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de JOSÉ DE PÁDUA,


que arregimentou EUDES MARTINS para o esquema, convencendo-o a aderir à empreitada
criminosa, LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, que trataram de inserir fraudulentamente EUDES
(que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO MARINHO, que
remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de servidores
fraudada, além de ter assinado os cheques em favor de EUDES, tendo todos a plena consciência
de que o mesmo se tratava de um “funcionário fantasma”. Ademais, os cheques emitido em seu
favor foram sacados por RITA DAS MERCÊS e por JOSÉ DE PÁDUA, sem qualquer endosso ou
mesmo procuração, por expressa autorização de OSVALDO ANANIAS.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA, contando com a


colaboração de MARLÚCIA , RODRIGO, LUIZA DE MARILAC e OSVALDO, desviaram em seu
favor e em favor de IVONILSON a importância de R$ 71.338,69 oriundos da AL/RN, tomando
como parâmetro para cálculo do desvio, o montante dos rendimentos brutos constantes na DIRF (já
que os cheques encontrados pela AL/RN em seu favor foram em valor inferior ao informado
oficialmente pelo órgão à Receita), conforme discriminado abaixo:

ANO VALOR TOTAL


2006 R$ 61.629,39
2007 R$ 9.709,30

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07(sete)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º c/c art. 62, I, 01 (uma) vez, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007;

MARLÚCIA, RODRIGO, LUIZA DE MARILAC, JOSÉ DE PÁDUA e EUDES - art. 312


caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 01 (uma) vez, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2007;

201/238
OSVALDO - art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 01 (uma)
vez, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007, comunicando a este a
qualidade de “funcionário público”, elementar do delito de peculato na forma do art. 30 do CP.

5.2.5. ANDRETTY LAFFITY PORDEUS MARTINS

ANDRETTY LAFFITY é filho de Maria do Socorro Pordeus Maia e Orlei Martins de Olivei-
ra, consequentemente, sobrinho de JOSÉ DE PÁDUA. Por meio da DIRF da AL/RN foi possível
constatar que foi destinado a ele o montante de R$ 319.216,63, distribuído da seguinte maneira:

ANO VALOR TOTAL


2009 (13 créditos)86 R$ 121.874,22
2010 (13 créditos) R$197.342,41
TOTAL R$ 319.216,63

Segundo consta no Boletim n.º 2530 da Assembleia Legislativa, de 04/05/2009, AN-


DRETTY LAFFITY foi nomeado para exercer o cargo em comissão de Assessor Técnico da Presi-
dência I. Em que pese o registro, nos termos do CAGED, ANDRETTY integrou os quadros da AL/RN
no período de 01/05/2009 a 01/11/2009, mesmo período em que esteve lotado no Governo do Esta-
do da Paraíba, cujo vínculo encontra-se aberto desde 01/06/2008.

Ademais, nos termos de informações amealhadas na internet foi possível observar que
ANDRETTY LAFFITY há anos reside efetivamente no Estado da Paraíba, tendo se candidatado ao
cargo de Vereador do Município de Campina Grande nas eleições de 2004 e 2012, bem como possui
veículos registrados no DETRAN daquele ente federativo, demonstrando que jamais prestou serviços
à Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte dados os seus vínculos com o estado da
Paraíba.

Ainda no que diz respeito à Andretty Laffity, tem-se que, nos termos de depoimento pres-
tado por ORLEI MARTINS, seu genitor, há fortes indícios de que este sempre residiu no Estado da
Paraíba.87

86 Segundo informação constante do Ofício n.º NT 20170002 – RFB/Copei/Sapeint, com relação aos anos
de 2009 e 2010.
87 No mesmo sentido foi o depoimento prestado pela atual esposa de ORLEI, Gizelia Maria Dantas de Souza.

202/238
“Orlei – Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 2) : MP: O que o senhor
tinha me dito da primeira oportunidade era que o senhor recebia R$ 1.500
todo mês. Orlei: Todo mês. MP: E que o senhor só descobriu que o salário
era mais quando pediu um contracheque. Orlei: Foi. MP: O senhor recebia
R$ 1.500,00 e achava que isso era o valor, não é isso? Orlei: Não senhora.
Eu achava, porque ele disse a mim que o emprego na Assembleia era de
RS 2.000,00 pra lá. Então eu pedi a ele. Você fica me dando essa ajuda de
R$ 1.500,00 e o resto você faz o seguinte. Dá 300 à minha sobrinha Danie-
le e já que você vive sempre visitando os meus filhos, você ajuda eles que
eles estão precisando. São casados, são três casados. E aí ele mesmo fa-
zia essa distribuição. MP: Então o senhor está mudando o seu depoimen-
to, não é isto? Orlei: Não senhora. Eu pensei em retificar porque deixei a
coisa incompreensiva, certo? Eu não pegava no montante da mão dele.
Ele me dava R$ 1.500,00. Como ele viajava pra vir pra Natal e passava na
casa da minha irmã em João Pessoa e ia pra casa dos meus filhos, era da
mão dele que saía, e não da minha. MP: E por que o senhor não ficava
com o dinheiro para o senhor mesmo dar para os seus filhos? Orlei: Por-
que eu não tinha contato com meus filhos que moravam com minha ex-
mulher. Quando nós nos separamos... É tanto que eu fui embora morar em
João Pessoa na casa da minha irmã e ele é quem tinha contato com eles.
Arquivo 502031 Defaut xxx.512 (Parte 3). “(...)MP: Andretty Laffite
Pordeus Martins. Orlei: Meu filho. MP: Certo. Orlei: Mora em Campina
Grande. MP: Ele mora em Campina? Sempre morou? Orlei: Ele morou
em Campina Grande... quando eu me separei, ficaram três filhos com
a ex-esposa e ele foi para minha companhia em João Pessoa. MP:
Certo. Ele tem um vínculo com o Governo do Estado da Paraíba? Ele
é... trabalha para o governo, é? Orlei: Trabalha não, senhora. MP: Ele
trabalha com o quê? Orlei: Bem, ele fazia administração e foi candida-
to a vereador, tal, mas perdeu... MP: Candidato a vereador aonde? Or-
lei: Em Campina Grande. MP: Então ele mora em Campina Grande?
Orlei: Atualmente mora em Campina Grande. MP: E ele morava antes
aonde? Orlei: Morava com a mãe e na separação ele foi para minha
companhia, até porque ele queria estudar e fazia Administração em
João Pessoa. MP: Certo.Orlei: Quando terminou voltou para a compa-
nhia da mãe. MP: Ele se candidatou em que ano pra vereador? Orlei: A
candidatura dele...a anterior. MP: A eleição passada? Orlei: Retrasada.
MP: Retrasada? Certo. O senhor sabe dizer se ele trabalhou para a As-
sembleia? Se ele teve algum cargo na Assembleia? MP: Não senhora. Não
tenho conhecimento. MP: Ele nunca comentou? Orlei: Ele nunca comen-
tou. A mim não. MP: Se Pádua teria oferecido ou se ele teria pedido? Orlei:
Também ele não me falou isso não. MP: Certo. Ele está morando hoje
onde? Orlei: Campina Grande. MP: Com a mãe dele? Orlei: Com a
mãe dele. MP: O senhor sabe o endereço dele? Orlei: Olhe, sei dizer
somente a avenida. Mas número de casa eu não sei dizer não porque
faz muitos anos que eu não vou lá e nem me lembro do número. MP:
Certo. Esse dinheiro o senhor, Seu Orlei, recebeu, esses mil e qui-
nhentos, Pádua lhe entregava na sua casa, não era assim? Orlei: Era.
MP: Era em espécie? Orlei: Era em espécie. MP: Certo. Então ele sa-
cava... Orlei: É. Eu passei a procuração pra ele, então quem sacava
era ele e o dinheiro meu e o de um pessoal que ele ajudava, como eu
citei, era ele mesmo que entregava, porque ele ia passar pela casa de-
les. MP: Entendi. Orlei: Os de Campina e a da menina de João Pessoa.
MP: O senhor já tinha me dito, em outro depoimento, na primeira parte.
(...)MP: Certo. Como é que a Dona Maria do Socorro, é... ela vive do quê?
Orlei: Como é Dra.? MP: O senhor sabe dizer do que é que a Dona Maria
do Socorro vive? Ela trabalha com o quê pra sobreviver. Orlei: Com a pen-
são de 400 e pouco que sai do meu contracheque no Estado da Paraíba e

203/238
justamente com o que ela afaz de manicure e com a ajuda do meu filho
que mora com ela. MP: Certo. O seu filho que mora com ela é o Andreti?
Orlei: É o Andreti. MP: Certo. O Andreti hoje faz o quê? Orlei: Trabalha
em Itabaiana. MP: Desculpe. Itabaiana o que é Itabaiana? É um muni-
cípio é? Orlei: Itabaiana é uma cidade que fica próxima da capital do
Estado. A uma base de 80 a 90 km. MP: Ele trabalha fazendo o quê Sr.
Orlei? Orlei: Ele trabalha na Prefeitura. MP: Atualmente então, ele é
servidor da prefeitura. Orlei: Atualmente. MP: O senhor sabe dizer a
partir de quando ele virou servidor de Itabaiana? Orlei: Faz uns dois
anos no máximo. MP: Certo. É me diga uma última coisa, Sr. Orlei, o
senhor não sabe como era a forma de salário que recebia não né. Se
o seu salário, se era por crédito, nessa conta que o senhor passou a
procuração ou se era por cheque salário? Orlei: Não, sei não senhora.
MP: Ele ia todo mês lhe entregar esses R$ 1.500,00? Orlei: Todo mês.
Ele visitava todo pessoal de lá e entregava a minha parte e o resto ele
ia entregar. MP: Certo. Tá bem Sr. Orlei.”

Entretanto, ao ser ouvido perante a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de


Campina Grande/PB, em 21 de fevereiro do ano corrente, ADRETTY LAFITTY não deixa dúvidas
quanto ao fato de nunca ter exercido suas funções junto à ALRN, além de esclarecer as circunstân-
cias em que foi cooptado para o esquema:

“(…) Que nunca exerceu nenhuma atividade na Assembleia Legislativa do


Rio grande do Norte, mas tem conhecimento que o seu tio, Sr. José de Pá-
dua Martins Oliveira, exercia a função de chefe de cerimonial, isso no período
de 2009 até a constatação das irregularidades investigadas no procedimento
ministerial mencionado alhures; que vinha passando por problemas financei-
ros quando propôs ao seu tio, Sr. José de Pádua, para conseguir um empre-
go na ALRN, que o Sr. José de Pádua não conseguiu o emprego para o de-
poente, porém a ex-esposa do seu tio, Sra. Rita das Mercês, que na época
era procuradora da ALRN, ofereceu-lhe uma ajuda de custa no valor de R$
500,00 (quinhentos reais) mensais, pelo período de dois anos; que foi ape-
nas uma vez à ALRN com o objetivo de encontrar o seu tio para posterior-
mente abrir uma conta bancária para receber a ajuda de custo; que não sabe
dizer a origem do dinheiro que seu tio Sr. José de Pádua lhe dava; que o va-
lor concedido ao depoente tinha como finalidade custear a faculdade; que es-
tudava na Faculdade Paraibana – FAP, localizada no bairro do Miramar, na
cidade de João Pessoa; que em João Pessoa o depoente trabalhava em
uma cantina do colégio Anglo Curso (cursinho preparatório para vestibular) e
acumulava o dinheiro do trabalho com a quantia paga pelo seu tio; que nunca
exerceu nenhuma função na ALRN e, apesar de ter ido ao referido órgão
uma vez, não lembra o endereço ou a sua localização, razão pela qual res-
tam prejudicadas as indagações sobre tarefa, chefia, horário e valores perce-

204/238
bidos; que ressalva não recebia nenhum valor da ALRN, mas só uma “ajuda”
do seu tio, como dito anteriormente; que não conheceu nenhum deputado da
ALRN, nem mesmo prestou qualquer serviço, que não exerceu nenhuma fun-
ção em fundação ou associação vinculada a algum deputado, enfatizando
que nunca teve nenhuma atividade laboral no Estado do Rio Grande do Nor-
te; que o depoente acredita que a Sra. Rita das Mercês e o Sr. José de Pá-
dua Martins de Oliveira poderiam ter utilizado seu nome para receber gratifi-
cações da ALRN, que atualmente o depoente está desempregado, fazendo
“bicos”, como por exemplo o trabalho que prestou por poucos dias em João
Pessoa, a título informal; que entre 2009 e 2010 morava em João Pessoa,
pois fazia faculdade Administração da FAP; que os únicos funcionários da
ALRN que conhecia foram a ex-esposa do seu tio, Sra. Rita das Mercês, bem
como seu tio, Sr. José de Pádua martins de Oliveira; que o Sr. Orlei Martins
de Oliveira é o pai do depoente e irmão do Sr. José de Pádua Martins de Oli-
veira; que não assinou nenhum instrumento procuratório para o Sr. José de
Pádua Martins de Oliveira; que não assinou nenhum instrumento procuratório
para o Sr. José de Pádua Martins de Oliveira, para a Sra. Rita das Mercês ou
mesmo para o Sr. Orlei Martins de Oliveira; que os únicos documentos assi-
nados pelo depoente foram os referentes à conta-corrente do Banco Santan-
der, localizado na própria Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte;
que apenas recebia os R$ 500,00 (quinhentos reais) mensais porque acredi-
tava na idoneidade dos seus parentes(...)”.

Inegavelmente, ANDRETTY LAFFITY, sobrinho de JOSÉ DE PÁDUA, assim como os de-


mais membros de sua família, também teve seu nome inserido de forma indevida na folha de paga-
mento da AL/RN por seu tio e Rita das Mercês como forma de viabilizar desvios de valores do legisla-
tivo potiguar.

Para o êxito do desvio criminoso, foi fundamental a participação de JOSÉ DE PÁDUA,


que arregimentou ANDRETTY LAFFITY para o esquema, convencendo-o a aderir à empreitada
criminosa, LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA, que trataram de inserir fraudulentamente
ANDRETTY (que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN, RODRIGO
MARINHO, que remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com a lista de
servidores fraudada, tendo todos a plena consciência de que o mesmo se tratava de um
“funcionário fantasma”.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA, contando com a


colaboração de MARLÚCIA , LUIZA DE MARILAC e RODRIGO, desviaram em seu favor e em

205/238
favor de ANDRETTY LAFFITY a importância de R$ 319.216,63 oriundos da AL/RN, tomando-se
como referência os dados constantes na DIRF.

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, por 13
(treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; art. 312 caput c/c
art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 13 (treze) vezes, c/c art. 71 do Código Penal, com relação ao
ano de 2010;

MARLÚCIA, LUIZA DE MARILAC, JOSÉ DE PÁDUA, RODRIGO e ANDRETTY


LAFFITY - art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, por 13 (treze) vezes, c/c art. 71 todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, do Código
Penal, 13 (treze) vezes, c/c art. 71 do Código Penal com relação ao ano de 2010;

5.2.6. GIZÉLIA MARIA DANTAS DE SOUZA

GIZÉLIA MARIA DANTAS DE SOUZA é a atual esposa de Orlei Martins de Oliveira,


irmão de José de Pádua e por este foi cooptada para o esquema de desvio de recursos públicos
na Assembleia Legislativa. A ela foram destinados, nos anos de 2007 e 2008, tendo-lhe sido
creditado, a partir de extratos bancários de contas públicas do órgão, R$ 21.650,11 (6 transações)
no ano de 2007, R$ 35.089,71 (10 transações) no ano de 2008

Entretanto, nos anos referidos, os rendimentos brutos que totalizam o montante de R$


97.987,03, segundo dados constantes nas DIRF's informadas pela AL/RN à Receita Federal do
Brasil, o que supera consideravelmente os valores recebidos mediante transferências bancárias.
Já nos anos de 2009 e 2010, em que pese não terem sido informados pela Assembleia Legislativa
o pagamento de valores à Gizélia por meio das DIRF's, foi possível observar, a partir de extratos
bancários de contas públicas do referido órgão, a existência de transações eletrônicas destinadas
a contas de sua titularidade, no valor total de R$ 8.000,00, as quais seguem consolidadas na
tabela abaixo:

ANO MEIO DE RECEBIMENTO


2007 06 transações bancárias
2008 10 transações bancárias
2009 07 transações bancárias

206/238
2010 09 transações bancárias

Apesar de GIZÉLIA não ter tido, até o presente momento, o afastamento de sigilo
bancário e fiscal decretado por este juízo, constam dos autos outros elementos de prova que
remetem à sua inafastável participação nos desvios perpetrados através da organização criminosa
em atuação na Assembleia Legislativa, os quais atingiram o montante de R$ 105.987,03.

Em depoimento prestado por GIZÉLIA à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público


de Natal/RN, através do sistema de videoconferência (Natal – Santa Cruz), a denunciada prestou
os seguintes esclarecimentos:

MP: ‘(…) A senhora teve… já teve, a senhora me disse que depois que
teve filho não trabalhou mais e isso já faz 15 anos, a senhora já teve algum
vínculo com a Assembleia Legislativa? GIZÉLIA: De trabalho? Nunca
trabalhei, não excelência, não, nunca trabalhei, não excelência, nunca.
MP: A senhora já recebeu algum dinheiro da Assembleia? GIZÉLIA:
Recebi, excelência. MP; A senhora, dona Gizélia, recebeu esse dinheiro a
que título, porque que a senhora recebeu esse dinheiro? GIZÉLIA: Pelo
seguinte, é, meu cunhado, ele trabalhava na Assembleia e era casado com
a Doutora Rita. MP: O seu cunhado quem era? Era José de Pádua?
GIZÉLIA: Pádua, isso, ele é irmão do meu esposo, então, é, na época a
gente já pensava de vir embora pra cá, pro Rio Grande do Norte, que eu
gosto daqui, eu sou daqui e a gente já pensava em vir pra cá, ai eu pedia
algo pra ele pra eu conseguir trabalhar aqui, como a gente sempre pediu,
é… assim, ajuda a quem tem condição de conseguir um emprego, né? Ai
ele disse pra mim que ia tentar conseguir, ai quando foi uma vez, ai, e eu
ficava, assim, fazendo confecção em casa, eu costurava em casa, fazia
algumas coisas, ai quando foi uma vez ele foi e falou pra mim, disse: “ -
olhe, eu vou tentar conseguir algo pra você - ”. Aí eu disse: “ - tá certo, se
você conseguir a gente vai embora pra lá - ”, só que ele nunca conseguiu,
ai uma vez ele pediu minha documentação disse a mim… MP: A senhora
se recorda quando, a senhora já estava morando em Santa Cruz?
GIZÉLIA: Não, excelência, tava em João Pessoa. MP: Entendi. GIZÉLIA:
era, tava em João Pessoa, ai eu falei, ai eu fui dei minha documentação
pra ele, pra ver o que ele poderia conseguir pra mim, ai ele foi chegou pra
mim uma vez e disse: “ - ó Gizélia, no momento a gente vai tá
organizando, mas você vai receber R$ 500 reais e você vai ficar vindo, a
gente vai marcar o dia pra você vir pra assinar tudo pra você começar a

207/238
trabalhar - ”. Só que nunca me chamou, excelência, eu ainda recebi eu
acho que umas 4 ou 5 vezes, eu não me recordo, mas é… eu nunca
trabalhei, nunca fui chamada, nunca assinaram carteira minha, nunca pisei
nem lá. MP: Mas a senhora recebeu esse R$ 500 reais? GIZÉLIA: É,
recebia, R$ 500 reais, foram uns 4 ou 5 meses, excelência. Aí depois
cortou, ai eu falei pra ele: “- como é que vocês tão me dando dinheiro e
não me deu ainda o emprego? - ”. Aí ele disse: “ - ah, não deu certo - ”. Aí
eu digo: “- ah foi?”. Aí ele disse: “- não, não deu certo, Gizélia,
infelizmente.”. Aí me cortou e nem me deu o emprego nem nada. MP: O
seu esposo, o seu Orlei, ele também ficou nessa mesma situação?
GIZÉLIA: Não, excelência, o meu marido trabalhou com ele na
Assembleia, que meu marido é professor de português, então assim, ele
trabalhou um tempo, ele passou um tempo indo pra Natal umas duas
vezes por semana, ele fazia alguma coisa com o irmão dele lá na
Assembleia, ele trabalhou um tempo sim pra lá. MP: Certo, é… o S. Pádua
chegou a pedir pra senhora assinar alguma documentação, alguma
espécie de procuração…? GIZÉLIA: Não, excelência, eu não assinei nada
não, que eu lembre não. MP: E esse R$ 500 reais, a senhora recebia
como esse dinheiro? GIZÉLIA: No banco, ele me levou no Banco do Brasil
e disse que ia abrir uma conta-salário. MP: Qual era a agência do Banco
do Brasil? GIZÉLIA: Em Natal, era em Natal. MP: Então a senhora chegou
a vir a Natal? GIZÉLIA: Fui a Natal, fui a Natal sim. MP: Certo, chegou a ir
a Assembleia? GIZÉLIA: Não, não, não fui la não, não conheço. MP:
Certo, então a senhora foi em uma agência do Banco do Brasil? GIZÉLIA:
Foi, ele falou que era uma conta-salário e abriu essa conta, foi onde era
depositado esses R$ 500 reais MP: Certo, e a senhora sacava esse
dinheiro como? GIZÉLIA: No cartão eletrônico MP: A senhora ficou com o
cartão? GIZÉLIA: Fiquei, excelência, eu tenho ele aqui na minha bolsa, só
que tá inválido né? Que… e eu nunca fui fechar a conta porque o rapaz
disse “não, como é conta-salário, no que deixa de movimentar, ela não…
não… MP: Não gera custo…? GIZÉLIA: Isso, exatamente, ai pronto, ficou
pra lá e eu nunca fui, mas eu tenho o cartão de lá. MP: Entendi, é… do
Seu Pádua foi isso? Depois ele disse que não deu certo e pronto e a
senhora recebeu por esses 5 meses? GIZÉLIA: Foi, mais ou menos isso,
de 4 a 5 meses MP: certo, a senhora sabe dizer se algum filho do Seu
Orlei também recebeu? GIZÉLIA: Excelência, eu não sei dizer bem porque
assim, eu não tinha muito, assim, eu não conversava muito… porque os
meninos...é do primeiro casamento dele, ai eu não me envolvia muito

208/238
entendeu? Eu soube por segundos, eu não posso dizer a senhora uma
coisa de certeza, porque eu não tinha contato é… que tinha um dos
meninos e a mãe do menino, era a … o Andrete e … MP: Andrete Lafite?
GIZÉLIA: Andrete Lafite e a Socorro, que era a ex-esposa do meu marido
MP: Maria do Socorro por Deus? GIZÉLIA: Isso, excelência, isso, eu
soube que eles também tinham alguma coisa na Assembleia, mas eu
nunca tomei conhecimento de que, quanto, o que era não, isso ai eu não
me envolvia MP: Entendi, e me diga outra coisa e Dona Rita a senhora
chegou a conhecer? GIZÉLIA: Conhecia, excelência, ela já foi, já esteve
na minha casa, eu já estive uma vez no apartamento deles quando eles
eram casados, a gente viajou uma vez… eles tinham uma granja em
Macaíba e a gente sempre ia pra granja, ela sempre tava lá, ela ia com os
deputados, faziam festa e meu esposo ajudava nessa granja como se
fosse trabalhava, assim, tipo administrando a granja deles, ai depois eles
venderam a granja e a gente deixou de ir. MP: Certo, me diga outra coisa,
é… é… a senhora... depois eles se separaram? GIZÉLIA: Foi, foi MP: a
senhora se recorda se foi mais ou menos no período que a senhora deixou
de receber esse dinheiro? GIZÉLIA: Ai, excelência, não, foi muito depois
ainda, depois desse dinheiro ainda passou muito tempo pra eles se
separarem MP: Foi né? GIZÉLIA: isso MP: Então, o que a senhora sabe
objetivamente: é que seu esposo também estava na folha e que também ia
la umas duas vezes por semana prestar uma assessoria a Pádua?
GIZÉLIA: É, isso, é verdade. MP: É… que a ex-mulher do seu Orlei e o
filho dele, Andrete, também foram inseridos na folha, tinham algum vínculo
com a folha, com a Assembleia Legislativa? GIZÉLIA: Isso, tinham sim.
MP: Que a senhora recebeu os R$ 500 reais por uns 5 meses né? 4 a 5
meses GIZÉLIA: É, isso, excelência”.

Como se pode ver do depoimento acima transcrito, Gizélia nunca prestou qualquer
serviço à AL/RN, jamais comparecendo, sequer, à sede do dito Órgão.

Note-se, por oportuno, em que pese Gizélia Souza ter afirmado ser portadora do seu
cartão da conta-corrente que possuía junto ao Banco do Brasil S/A, bem como não se recordar de
ter passado procuração ao seu cunhado, foi encontrado nos autos da busca e apreensão
realizada na residência do Sr. José de Pádua comprovantes de saques em conta-corrente (fita
detalhe) levado a efeito na referida instituição financeira em que, sequenciadamente, foram
levantadas as quantias de R$ 3.582,00 e R$ 3.860,00, no dia 29/08/2008, nas contas de Orlei
Martins (às 12h:19mim e21s) e Gizélia (às 12h:21mim e 31s), evidenciando que José de Pádua

209/238
detinha poderes para movimentar valores na conta de sua cunhada (assim como
comprovadamente possuía no que concerne à conta de Orlei Martins, como bem exposto no item
correlato ao seu irmão). O comprovante abaixo confirma o alegado:

210/238
O cenário probatório delineado até o presente momento autoriza afirmar que GIZÉLIA
nunca trabalhou na Assembleia Legislativa, tendo fornecido tão somente os seus dados cadastrais
para viabilizar o desvio de recursos por parte de RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA. Vale
registar, ademais, que nos autos da busca e apreensão realizada no Setor de Recursos Humanos
da Assembleia Legislativa foi possível localizar a ficha funcional deGIZÉLIA, constando que tal foi
nomeada para exercer o cargo de Chefe de Assessoria de Relações Públicas pelo Ato da Mesa
n.º 217, de 01/03/2007 (DOE 23/03/2007), tendo sido exonerada pelo Ato da Mesa de 01/10/2008
(DOE 01/10/2008). Tal documentação leva a crer, portanto, que nos anos de 2009 e 2010, Gizélia
Maria percebeu valores do Legislativo Potiguar sem sequer ser investida em cargo público88.

Desse modo, para que o desvio criminoso atingisse o seu intento foi fundamental a
participação de JOSÉ DE PÁDUA, que arregimentou GIZÉLIA para o esquema, convencendo-a a
aderir à empreitada criminosa LUIZA DE MARILAC e MARLÚCIA que trataram de inserir
fraudulentamente GIZÉLIA (que forneceu os seus dados) na folha de pagamento da AL/RN,
RODRIGO MARINHO, que remeteu, juntamente com MARLUCIA, os ofícios ao SANTANDER com
a lista de servidores fraudada, tendo todos a plena consciência de que o mesmo se tratava de
uma “funcionária fantasma”.
Portanto, RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA, contando com a colaboração de
MARLÚCIA, RODRIGO e MARILAC, desviaram, em seu favor, bem como de GIZÉLIA SOUZA
(concunhada e cunhada, respectivamente) a importância de R$ 105.987,03 oriundos da AL/RN,
conforme a seguinte metodologia, adiante consolidada em tabela:

– 2007 e 2008 a fonte utilizada foi a DIRF, referente as informações constantes nos
Rendimentos Brutos, que soma o valor de R$ 97.987,03;

– 2009 e 2010 a fonte utilizada foi o extrato bancários da Assembleia, referente às


transações eletrônicas destinadas as contas de sua titularidade no valor total de R$
8.000,00.

ANO MEIO DE RECEBIMENTO VALOR TOTAL


2007 Dados da DIRF R$ 52.592,04
2008 Dados da DIRF R$ 45.394,99
2009 07 Créditos em conta R$ 3.500,00
2010 09 Créditos em conta R$ 4.500,00
TOTAL R$ 105.987,03

88 Não foi localizado no computador da Secretaria dos Recursos Humanos qualquer ato de nomeação ou
de exoneração referente ao nome de GIZÉLIA

211/238
Em suma, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS - artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 06 (seis)
vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo
2º c/c art. 62, I, 10 (dez) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008;
artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 07 (sete) vezes, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, 09 (nove)
vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010;

MARLÚCIA, LUIZA DE MARILAC, RODRIGO, JOSÉ DE PÁDUA e GIZÉLIA – artigo 312,


caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007;
artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 10 (dez) vezes, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2008; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2009 e artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 09 (nove) vezes, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2010.

Além dos cheques destinados a pessoas de seu círculo familiar, apurou-se ainda que va-
lores expressivos oriundos da Assembleia Legislativa foram destinados diretamente à RITA DAS
MERCÊS e JOSÉ DE PÁDUA, seja por meio de cheques ou através de depósitos em contas por eles
titularizadas, sem que houvesse qualquer justificativa para tanto.

É o que será analisado de forma pormenorizada a seguir.

5.3 – DOS VALORES RECEBIDOS DIRETAMENTE POR RITA DAS MERCÊS

No período referente ao afastamento do sigilo bancário de RITA DAS MERCÊS


(2006/2011) foram identificados 98 (noventa e oito ) cheques89 emitidos em seu favor e 22 (vinte e
duas) operações a créditos (transferências, proventos e DOC/TED), ambos oriundos das contas titu-
larizadas pela AL/RN.

Dessa forma, foi creditado, através de cheques da Assembleia Legislativa, em favor de


RITA DAS MERCÊS o montante de R$ 2.090.819,35 ( dois milhões e noventa mil, oitocentos e deze-
nove reais e trinta e cinco centavos), ao passo que R$ 572.374,16 (quinhentos e setenta e dois mil,
trezentos e setenta e quatro reais e dezesseis centavos) foram transferidos pela AL/RN mediante
créditos na conta de RITA DAS MERCÊS.

89 Todos os cheques encontram-se listados no RELATÓRIO DE ANÁLISE LAB-LD Nº01/2015/LABIF e no


RELATÓRIO DE ANÁLISE LAB-LD Nº 01/2017/LABIF.

212/238
Note-se que num universo de 06 (seis) anos de investigação, considerando o período de
2006 a 2011, era de se esperar que a denunciada RITA DAS MERCÊS – percebendo seus proventos
mediante salário ou conta-corrente – obtivesse em média cerca de 84 créditos de salários, equivalen-
tes a um mês por ano, acrescidos de 13º salário (01 crédito de antecipação e outro da diferença paga
no fim de ano, com os descontos de praxe), no total de 14 créditos anuais. Contudo, somente de
2006 a 2010, a denunciada recebeu 98 (noventa e oito) cheques (somente no universo disponibiliza-
do pelo Banco SANTANDER, afora os que não foram remetidos pela instituição financeira ou que es-
tão ilegíveis), em benefício próprio, aliados às 22 (vinte e duas) operações de créditos diretos em sua
conta-corrente, havendo meses, inclusive, em que há o recebimento concomitante tanto por cheque,
como mediante crédito em conta. Sem dúvidas, esse padrão excede sobremaneira o que seria habi-
tual e regular a um servidor público como outro qualquer.

Confrontando os dados bancários da RITA DAS MERCÊS com as fichas financeiras re-
metidas pela AL/RN, constatou-se uma discrepância nos anos de 2008 e 2009 da ordem de R$
815.401,26, conforme ilustrado no gráfico abaixo:

Considerando a possibilidade de existirem valores pagos pela Assembleia que não cons-
tem na ficha financeira, tais como diárias, foram abatidos os valores informados a título de Rendi-

213/238
mentos Isentos e não tributáveis nas declarações efetuadas por RITA DAS MERCÊS à Receita Fede-
ral.

Com efeito, nos anos 2008 e 2009, constatou-se o recebimento de R$ 5.306,64


naquela categoria, valor esse debitado do montante total que superou a remuneração líquida,
obtendo - se o valor final de R$ 810.098,62 ( oitocentos e dez mil e noventa e oito reais e
sessenta e dois centavos).

A exorbitante diferença constatada evidencia que recursos alheios aos proventos fo-
ram transferidos dos cofres da Assembleia Legislativa à RITA DAS MERCÊS sem qualquer justifi-
cativa que lhe conferisse respaldo dentro do campo da legalidade.

E é necessário que se consigne que tal prática só se viabilizou com a participação de


MARLÚCIA MACIEL e RODRIGO MARINHO uma vez que, em todo esse período, os mesmos
monopolizavam a gestão financeira do órgão, detendo os meios para efetuar o pagamento de re-
cursos sob comento.

Os sucessivos pagamentos efetuados pela AL/RN em favor de RITA DAS MERCÊS,


em valores superiores aos seus vencimentos, acarretou uma enorme discrepância entre a DIRF
declarados pela AL/RN e a DIMOF (Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira)
de RITA DAS MERCÊS:

Demonstração gráfica da DIRF X DIMOF:

214/238
O gráfico90 acima ilustra que as movimentações financeiras de RITA DAS MERCÊS em
suas contas bancárias extrapolaram, em todos os anos, os rendimentos líquidos declarados na
DIRF, o que evidencia que créditos alheios aos vencimentos de Procuradora da Assembleia transi-
taram por suas contas, sem que sua Declaração perante a Receita Federal evidenciasse qualquer
outra fonte de renda lícita no mesmo período, nem mesmo do escritório que possuía em socieda-
de com Rodrigo Marinho, a R&R Advocacia.

Vale destacar, que a advocacia privada não remunerava RITA DAS MERCÊS 91.
Consoante bem exposto por GUTSON JHONSON, em seu multicitado depoimento prestado ao
MP/RN:
02:20 – MP: Então desde 2006 havia a sociedade entre Rita e Rodrigo.
Eles advogavam? GUTSON: O Rodrigo e a Rita, não. É.... Basicamente...
É.... quem cuidava de toda a parte financeira do escritório era o Rodrigo
Marinho e Rita recebia políticos. MP: Então o papel de Rita dentro da R&R,
o local físico da R&R para Rita era de receber políticos... GUTSON:
Correto. (…) GUTSON: Geralmente não eram encontros só com um
deputado só, geralmente eram encontros com o Presidente mais dois ou
três deputados, né... sempre para tratar assuntos pessoais deles.... MP:
certo... GUTSON: Isso era basicamente que Rita fazia, no escritório era
basicamente isso aí... MP: certo... GUTSON: Mas em ação nenhuma ela
nunca trabalhou... MP: não advogava, né? O escritório, para ela NE, era
para esse tipo de encontro.... com .... com... GUTSON: Com políticos MP:
Com grupos políticos.... certo.... MP: Você entrou em 2008... GUTSON:
Isso.

Não bastassem todas essas constatações, o Conselho de Controle de Atividades Fi-


nanceiras produziu o RIF no. 15553 com base em notificações obrigatórias92 fornecidas pelo Ban-
co SANTANDER através do qual se identificou o seguinte:

28/10/2007 – Saques em espécie da conta da Assembleia Legislativa por


RITA DAS MERCES e terceiros no valor de R$ 99.839,00. No dia seguinte
(29/10/07), foram creditados R$ 18.500,00 por meio de três depósitos nos

90 O levantamento foi feito considerando as informações constantes na DCPMF, na DIMOF, na DIRF e na


DECRED, todos constantes no Dossiê Integrado disponibilizado através do afastamento do sigilo fiscal de
RITA DAS MERCÊS.
91 Ressalte-se que no volume II do Inquérito Civil n.º 107/2009 (cópia inclusa no PIC n.º 015/15) constam
várias certidões expedidas por órgãos do judiciário potiguar, tanto da esfera estadual quanto federal e
trabalhista, que apontam para o fato de Rita das Mercês não atuar na advocacia privada.
92 Ao todo foram três comunicações em atendimento a circular 3098/2003, revogada pela circular
3.409/2009 e atualmente a Circular nº 3.461/2009, art. 12, II, do Banco Central do Brasil que prevê a
comunicação obrigatória de depósitos ou saques em espécie a partir de R$ 100.000,00.

215/238
bancos HSBC, CEF e Banco do Brasil em contas titularizadas por RITA
DAS MERCÊS.
28/11/2007 – Saques em espécie da conta da Assembleia Legislativa por
RITA DAS MERCES no valor de R$ 212.869,00, sendo R$ 51.069,08 refe-
rente a desconto de cheques para pagamento de salário de servidores e
R$ 161.800,00 destinados a pagamento de despesas de gabinete, confor-
me descrito no RIF. Nessa mesma data foram identificados três cheques
destinados ao seu núcleo familiar, um cheque de R$ 5.825,58, destinado a
TANGRIANY, outro de valor de R$ 9.509,01, destinado a JOSÉ DE PÁDUA
e outro de R$ 8.441,68, destinado a Gustavo Alberto, sua nora, esposo e
filho, respectivamente. No mesmo dia , foi creditado R$ 10.000,00 na con-
ta de RITA DAS MERCÊS e, no dia seguinte, na agência de Banco do Bra-
sil, dois depósitos em espécie que somam R$ 8.000,00 .
28/05/2008 – Saques em espécie da conta da Assembleia Legislativa por
RITA DAS MERCES no valor de R$228.787,00, tendo sido declarado, na
época, que os valores seriam destinados ao pagamento de salário de ser-
vidores da Assembleia. Na análise dos cheques microfilmados identificou-
se que nesse mesmo dia, foram sacados por Rita cheques da Assembleia
emitidos em favor de ARATUSA Barbalho de Oliveira, no valor R$
6.058,81, Ivonilson Caetano de Monteiro, no valor de R$ 1.365,26, JOSÉ
DE PÁDUA Martins de Oliveira, no valor de R$ 13.841,91, Maria Lucien
Reinaldo, no valor de R$ 2.428,41 e Mariane Morgana Portela Reinaldo, no
valor de R$ 3.731,81, além de dois cheques emitidos em seu favor, nos va-
lores de R$ 34.589,98 e R$ 15.006,10, totalizando-se o montante de R$
77.022,28. No mesmo dia foi creditado na sua conta-corrente do Banco do
Brasil o valor de R$ 10.000,00.

Em assim agindo, RITA DAS MERCÊS, contando com a colaboração de RODRIGO,


MARLÚCIA, desviou em benefício próprio e/ou de terceiros a importância de R$ 810.098,62 oriun-
dos da AL/RN.

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I do Código
Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, do Códi -
go Penal, com relação ao ano de 2009, ambos na forma do artigo 69 do CP.

216/238
RODRIGO e MARLÚCIA - art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, do Código Penal, com
relação ao ano de 2008; - art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, do Código Penal, com relação ao
ano de 2009, ambos na forma do artigo 69 do CP.

5.4-DOS RECURSOS MOVIMENTADOS DIRETAMENTE POR JOSÉ DE PÁDUA

No período referente ao afastamento do sigilo bancário de JOSÉ DE PÁDUA (2006/2011)


foram identificados 47 (quarenta e sete) cheques93 emitidos em seu favor, totalizando o valor de R$
493.659,90. Já no que diz respeito aos recursos recebidos em conta diretamente da Assembleia Le-
gislativa (sendo 107 operações a créditos, dentre as quais, transferências, proventos, Aviso de Lan-
çamento e DOC/TED), apurou-se a quantia de R$ 1.013.189,93.

No total, foi destinado a JOSÉ DE PÁDUA, oriundo das contas da AL/RN, o valor de
R$ 1.506.849,83, consoante segue especificado no quadro a seguir:

Note-se que num universo de 06 (seis) anos de investigação, considerando o período de


2006 a 2011, era de se esperar que o denunciado JOSÉ DE PÁDUA – percebendo seus proventos
mediante salário ou conta-corrente – obtivesse, a grosso modo, em média cerca de 84 créditos de
salários, equivalentes a um mês por ano, acrescidos de 13º salário (01 crédito de antecipação e outro
da diferença paga no fim de ano, com os descontos de praxe), no total de 14 créditos anuais. Contu-
do, somente de 2006 a 2011, o denunciado recebeu 47 (quarenta e sete) cheques (somente no uni-

93 Todos os cheques encontram-se listados no RELATÓRIO DE ANÁLISE LAB-LD Nº01/2015/LABIF e no


RELATÓRIO DE ANÁLISE LAB-LD Nº 01/2017/LABIF.

217/238
verso disponibilizado pelo Banco SANTANDER, afora os que não foram remetidos pela instituição fi-
nanceira ou que estão ilegíveis), em benefício próprio, aliados às 107 (cento e sete) operações de
créditos diretos em sua conta-corrente, havendo meses, inclusive, em que há o recebimento conco-
mitante tanto por cheque, como mediante crédito em conta, além de vários créditos em conta em um
único mês. Sem dúvidas, esse padrão excede sobremaneira o que seria habitual e regular a um ser-
vidor público como outro qualquer.

Confrontando os dados bancários de JOSÉ DE PÁDUA com as fichas financeiras remeti-


das pela AL/RN, constatou-se uma discrepância nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2011 da or -
dem de R$ 262.539,71, conforme ilustrado no gráfico abaixo:

Considerando a possibilidade de existirem valores pagos pela Assembleia que não


constassem na ficha financeira, tais como diárias, foram abatidos os valores informados a título
de Rendimentos Isentos e não tributáveis nas declarações efetuadas por JOSÉ DE PÁDUA à
Receita Federal.

Nas declarações de JOSÉ DE PÁDUA nos anos em que houve divergências entre os
valores constantes na ficha financeira e os efetivamente recebidos, averiguou-se o recebimento
naquela categoria a importância de R$ 12.651,38, valor esse debitado do montante total que
superou a remuneração líquida, obtendo- se o valor final de R$ 249.888,13(duzentos e quarenta
e nove mil, oitocentos e oitenta e oito mil e treze centavos)

218/238
Em assim agindo, JOSÉ DE PÁDUA e RITA DAS MERCÊS, contando com a colabora-
ção de RODRIGO, MARLÚCIA, desviaram em benefício próprio e/ou de terceiros a importância de
249.888,13 oriundos da AL/RN.

Dessa maneira, as respectivas condutas amoldam-se aos seguintes tipos penais:

RITA DAS MERCÊS – art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I do Código
Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, do Códi -
go Penal, com relação ao ano de 2008, art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, do
Código Penal, com relação ao ano de 2010, todos na forma do artigo 69 do CP.

JOSÉ DE PÁDUA, RODRIGO e MARLÚCIA - art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; - art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2008, art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º c/c art. 62, I, do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2010, todos ambos na forma do artigo 69 do CP.

6.DO TOTAL DO DANO OCASIONADO AO ERÁRIO SOMENTE COM RELAÇÃO À


ESTA PRIMEIRA DENÚNCIA:

A minuciosa exposição tecida até o presente momento revela, de maneira


incontestável, que, pelo menos até o ano de 2015, uma organização criminosa desviou recursos
dos cofres da Assembleia Legislativa Estadual, por meio do uso do “cheque salário” e transferências
bancárias destinados a servidores inseridos fraudulentamente na folha de pagamento.
A presente denúncia – voltada para os familiares de RITA DAS MERCÊS e JOSÉ DE
PÁDUA – logrou comprovar um dano causado ao erário estadual no período compreendido entre
2006 e 2011, da ordem de R$ 4.402,335,72 (quatro milhões, quatrocentos e dois mil , trezentos e
trinta e cinco reais e setenta e dois centavos).
Com a atualização monetária, utilizando como índice a SELIC, o montante total desviado
é de R$ 9.338.872,32 (nove milhões,trezentos e trinta e oito mil, oitocentos e setenta e dois reais e
trinta e dois centavos).

219/238
BENEFICIÁRIO TOTAL DO DESVIO VALOR CORRIGIDO
(em R$) (em R$)
ANDRETTY LAFFITY PORDEUS MARTINS 319.216,63 640.963,96
ARANILTON BARBALHO DE OLIVEIRA 469.918,64 883.375,60
ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA 641.894,91 1.271.170,36
EUDES MARTINS DE ARAÚJO 71.338,69 206.605,15
GIZÉLIA MARIA DANTAS DE OLIVEIRA 105.987,03 260.392,18
GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL NAVARRO JÚNIOR 348.556,69 967.665,91
GUTSON JOHNSON GIOVANY REINALDO BEZERRA 302.044,82 800.033,73
IVONILSON CAETANO MONTEIRO 228.226,52 474.633,86
JERUSA BARBALHO BEZERRA 38.920,00 72.786,47
JOSÉ DE PÁDUA MARTINS 249.888,13 603.813,25
JUSSANA PORCINO REINALDO 61.104,37 160.115,77
MARIA LUISA DA SILVA 16.357,00 34.414,54
MARIA DO SOCORRO PORDEUS ALBUQUERQUE 257.824,32 511,307,53
MARIA LUCIEN REINALDO DE OLIVEIRA 49.305,34 129.074,87
MARIA NILZA FERREIRA DE MEDEIROS 79.104,26 173.182,77
MARIANA MORGANA PORTELA REINALDO 91.792,06 185.216,62
ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA 179.400,62 470.221,23
RITA DAS MERCÊS REINALDO 810.094,62 1.797.770,27
TANGRIANY DE NEGREIROS DIÓGENES REINALDO 81.361,07 207.435,78
VALOR TOTAL 4.402,335,72 9.338.872,32
7. DAS CONDUTAS:

RITA DAS MERCÊS REINALDO, na condição de Procuradora-Geral da Assembleia


Legislativa do Rio Grande do Norte, associou-se com outras pessoas em uma organização
criminosa devidamente estruturada e com nítida divisão de tarefas, com a finalidade de obter
vantagem de cunho patrimonial em seu benefício ou de terceiros, mediante desvio de vultosa
quantia subtraída dos cofres da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, no
período compreendido entre 2006 e agosto de 2015.

Ademais, no interregno de 2006 a 2011, valendo-se da função pública que ocupava e


em concurso com demais funcionários públicos do referido órgão, entabulou esquema criminoso
objetivando desviar recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante a inserção
fraudulenta de pessoas nas folhas de pagamento do dito órgão. Seu papel era de coordenar a
organização, definindo as estratégias para a inserção de servidores fantasmas na folha de
pagamento da AL/RN, arregimentando familiares seus e de pessoas de seu vínculo pessoal para o
esquema, desviando em seu favor e em prol de terceiros os valores referentes aos vencimentos
desses servidores fictícios.

MARLÚCIA MACIEL RAMOS DE OLIVEIRA, na condição de Chefe do Núcleo de Ad-


ministração e Pagamento de Pessoal da AL/RN, setor que concentra a gestão de pagamentos do
dito órgão, associou-se com outras pessoas em uma organização criminosa devidamente estrutu-
rada e com nítida divisão de tarefas, com a finalidade de obter vantagem de cunho patrimonial em
seu benefício ou de terceiros, mediante desvio de vultosa quantia subtraída dos cofres da Assem-
bleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, no período compreendido entre 2006 e agos-
to de 2015.

No período de 2006 a 2011, valendo-se da função pública que ocupava e em concurso


com demais funcionários públicos do referido órgão, entabulou esquema criminoso objetivando
desviar recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante a inserção de servidores
fictícios nas folhas de pagamento do dito órgão. Cabia a Marlúcia a elaboração das folhas de paga-
mento, tendo autorização para debitar as contas bancárias da Assembleia destinadas a pagamento
de pessoal, bem como confeccionar a DIRF (Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte) anu-
al desse mesmo órgão, inserindo ou excluindo servidores dessas listagens conforme os propósitos
da organização criminosa.

RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES, na condição de Secretário Adminis-


trativo da AL/RN, associou-se com outras pessoas em uma organização criminosa devidamente
estruturada e com nítida divisão de tarefas, com a finalidade de obter vantagem de cunho patrimo-

221/238
nial em seu benefício ou de terceiros, mediante desvio de vultosa quantia subtraída dos cofres da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, no período compreendido entre 2006 a
agosto de 2015.

No período de 2006 a 2011, valendo-se da função pública que ocupava e em


concurso com demais funcionários públicos do referido órgão, entabulou esquema criminoso
objetivando desviar recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante a inserção
fraudulenta de pessoas nas folhas de pagamento do dito órgão. Cabia ao denunciado controlar e
emitir os cheques para pagamento de servidores incluídos ilicitamente nas folhas de pagamento da
Casa Legislativa.

LUIZA DE MARILAC, na condição de servidora lotada na Procuradoria e posteriormente


no Setor de Recursos Humanos da Assembleia Legislativa, associou-se com outras pessoas em
uma organização criminosa devidamente estruturada e com nítida divisão de tarefas, com a
finalidade de obter vantagem de cunho patrimonial em seu benefício ou de terceiros, mediante
desvio de vultosa quantia subtraída dos cofres da Assembleia Legislativa do Estado do Rio
Grande do Norte, no período compreendido entre 2006 a agosto de 2015.

No período de 2006 a 2011, valendo-se da função pública que ocupava e em concurso


com demais funcionários públicos do referido órgão, entabulou esquema criminoso objetivando
desviar recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante a inserção fraudulenta de
pessoas nas folhas de pagamento do dito órgão. Cabia a denunciada, juntamente com
MARLÚCIA MACIEL, organizar as planilhas com os nomes dos servidores fantasmas e
posteriormente a elaborar os atos internos que possibilitaram a inclusão ilícita dos mesmos nas
folhas de pagamento da Casa Legislativa.

OSVALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR, na condição de Gerente da agência do


banco SANTANDER instalada nas dependências da Assembléia Legislativa, associou-se com
outras pessoas em uma organização criminosa devidamente estruturada e com nítida divisão de
tarefas, com a finalidade de obter vantagem de cunho patrimonial em seu benefício ou de
terceiros, mediante desvio de vultosa quantia subtraída dos cofres da Assembleia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Norte, no período compreendido entre 2006 a agosto de 2015.

No período de 2006 a 2011, em conluio com funcionários públicos Assembleia


Legislativa entabulou esquema criminoso objetivando desviar recursos públicos, em benefício
próprio e de terceiros, mediante a inserção fraudulenta de pessoas nas folhas de pagamento do
dito órgão. Era o responsável por operacionalizar o esquema dos desvios dentro da instituição
financeira, autorizando o pagamento de cheques violando a Lei 7.357/85, tendo, a exemplo dos

222/238
demais membros, arregimentado pessoas do seu núcleo familiar, para o esquema de desvio de
recursos públicos94

PAULO DE TARSO PEREIRA FERNANDES, na qualidade de Consultor Jurídico


contratado pela AL/RN, associou-se com outras pessoas em uma organização criminosa
devidamente estruturada e com nítida divisão de tarefas, com a finalidade de obter vantagem de
cunho patrimonial em seu benefício ou de terceiros, mediante desvio de vultosa quantia subtraída
dos cofres da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, no período
compreendido entre 2006 a agosto de 2015. Cabia ao denunciado municiar os demais membros
com assessoramento jurídico, apontando soluções dentro do arcabouço legal que viabilizasse os
intentos da organização. Igualmente, arregimentou pessoas do seu núcleo familiar e pessoal, para
o esquema de desvio de recursos públicos (sendo este último fato objeto de denúncias futuras).

ANA PAULA DE MACEDO MOURA, na condição de secretária particular de RITA


DAS MERCÊS, associou-se com outras pessoas em uma organização criminosa devidamente
estruturada e com nítida divisão de tarefas, com a finalidade de obter vantagem de cunho
patrimonial em seu benefício ou de terceiros, mediante desvio de vultosa quantia subtraída dos
cofres da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, no período compreendido
entre 2008 a agosto de 2015. Trata-se de um dos braços operacionais da organização criminosa.

JOSÉ DE PÁDUA MARTINS, restou comprovado que o denunciado, Chefe do Setor


de Cerimonial da AL/RN e ex – cônjuge de Rita das Mercês, valendo-se da função pública que
ocupava e em concurso com demais funcionários públicos do referido órgão, entabulou esquema
criminoso objetivando desviar recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, por meio da
estratégia de arregimentar pessoas para, em seguida, incluí-las ilicitamente nas folhas de
pagamento do dito órgão.

GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL NAVARRO JÚNIOR, filho de RITA DAS


MERCÊS, desviou recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimen-
to de seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção fraudulenta de seu nome na folha de
pessoal do órgão Legislativo.

GUTSON JOHNSON GIOVANY REINALDO BEZERRA, filho de RITA DAS MERCÊS,


desviou recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de seus
documentos pessoais que viabilizaram a inserção fraudulenta de seu nome na folha de pessoal do
órgão Legislativo. O denunciado em questão igualmente arregimentou pessoas para, em seguida,
incluí-las ilicitamente nas folhas de pagamento do dito órgão, de modo que as mesmas percebes-

94 Sendo este último fato objeto de denúncias vindouras.


223/238
sem recursos públicos os quais posteriormente eram carreados para GUTSON, para os membros
da organização criminosa ou para terceiros.

MARIANE MORGANA PORTELA REINALDO, neta de RITA DAS MERCÊS, concor-


reu para o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o forneci-
mento de seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção fraudulenta de seu nome na fo-
lha de pessoal do órgão Legislativo.

ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA, nora de RITA DAS MERCÊS, concorreu para


o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de
seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção fraudulenta de seu nome na folha de pes-
soal do órgão Legislativo.

MARIA LUCIEN REINALDO DE OLIVEIRA, irmã de RITA DAS MERCÊS, concorreu


para o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento
de seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha de pessoal
do órgão Legislativo.

MARIA NILZA FERREIRA DE MEDEIROS, tia de RITA DAS MERCÊS, concorreu para
o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de
seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção fraudulenta de seu nome na folha de pes-
soal do órgão Legislativo.

TANGRIANY DE NEGREIROS DIÓGENES REINALDO, nora de RITA DAS MERCÊS,


concorreu para o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o for-
necimento de seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha
de pessoal do órgão Legislativo.

JUSSANA PORCINO REINALDO, sobrinha de RITA DAS MERCÊS, concorreu para o


desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de seus
documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha de pessoal do ór-
gão Legislativo.

JERUSA BARBALHO BEZERRA, irmã de ARATUSA BARBALHO, ex nora de RITA


DAS MERCÊS, concorreu para o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros,
mediante o fornecimento de seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu
nome na folha de pessoal do órgão Legislativo.

224/238
ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA, irmão de JOSÉ DE PÁDUA, concorreu para o desvio
de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de seus docu-
mentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha de pessoal do órgão Le-
gislativo.
MARIA DO SOCORRO PORDEUS ALBUQUERQUE, ex-cunhada de JOSÉ DE
PÁDUA, concorreu para o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, medi-
ante o fornecimento de seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu
nome na folha de pessoal do órgão Legislativo.

IVONILSON CAETANO MONTEIRO, cunhado de JOSÉ DE PÁDUA, concorreu para o


desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de seus
documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha de pessoal do ór-
gão Legislativo.

EUDES MARTINS DE ARAÚJO, sobrinho de JOSÉ DE PÁDUA, concorreu para o


desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de seus
documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha de pessoal do ór-
gão Legislativo.

ANDRETTY LAFFITY PORDEUS MARTINS, sobrinho de JOSÉ DE PÁDUA, concor-


reu para o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o forneci-
mento de seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha de
pessoal do órgão Legislativo.

GIZÉLIA MARIA DANTAS DE SOUSA, cunhada de JOSÉ DE PÁDUA, concorreu para


o desvio de recursos públicos, em benefício próprio e de terceiros, mediante o fornecimento de
seus documentos pessoais que viabilizaram a inserção ilícita de seu nome na folha de pessoal do
órgão Legislativo.

8 .DA NECESSIDADE DE LEVANTAMENTO DO SIGILO

Em razão de decisão deste Douto Juízo da 8.ª Vara Criminal da Comarca de Natal, foi
decretada a plenitude da publicidade dos processos que embasaram a presente ação penal,
excetuando-se as informações relativas a quebras de sigilos constitucionais, como sigilo bancário
e fiscal, áudios de interceptações telefônicas e correspondências físicas e telemáticas.

Todavia, na mesma decisão, permitiu-se a publicidade das petições onde foram


veiculados os pedidos de busca e apreensão, sequestro e prisão dos envolvidos.

225/238
Do mesmo modo, aqui se requer que seja autorizada a publicidade da presente
denúncia, em razão dos mesmos fundamentos outrora expostos.

Este requerimento encontra amparo no direito à informação, previsto no artigo 5 o, XIV,


da Constituição Federal, e no dever de transparência da administração pública. O interesse
público justifica, amplamente, o conhecimento da acusação formal agora apresentada pelo
Ministério Público. A Operação Dama de Espadas ganhou ampla repercussão na mídia e a
sociedade já esperava uma resposta por parte do Ministério Público, devendo a mesma ser
informada acerca de todos os fatos aqui narrados e de todos os envolvidos, mormente em se
tratando de gravíssimos crimes contra o Patrimônio Público, envolvendo agentes públicos que,
desprezando a confiança neles depositada pelo conjunto da sociedade, utilizaram de suas
prerrogativas legais para se locupletar indevidamente e permitir o enriquecimento ilícito de
terceiros.

Note-se, Excelência, que a medida ora requerida não objetiva atingir, de qualquer
maneira, a vida privada ou a intimidade dos investigados, mas, sim, demonstrar à população em
geral os graves fundamentos de fato que impulsionaram o agir ministerial, bem como
fundamentaram as decisões do Poder Judiciário, de modo que sejam plenamente esclarecidos os
aspectos que motivaram a atuação desses órgãos do Estado.

Relevante esclarecer que o Supremo Tribunal Federal, na interpretação da densidade


normativa da proteção constitucional à vida privada, à honra e à imagem de investigados
criminalmente, vem atestando que tais direitos não são absolutos, podendo ser restringidos
quando em causa interesse público superior, tal como demonstra o seguinte julgado:

“HABEAS CORPUS. FALSIDADE IDEOLÓGICA. INTERCEPTAÇÃO


AMBIENTAL POR UM DOS INTERLOCUTORES. ILICITUDE DA PROVA.
INOCORRÊNCIA. REPORTAGEM LEVADA AO AR POR EMISSORA DE
TELEVISÃO. NOTITIA CRIMINIS. DEVER-PODER DE INVESTIGAR.
1. Paciente denunciado por falsidade ideológica, consubstanciada em
exigir quantia em dinheiro para inserir falsa informação de excesso de
contingente em certificado de dispensa de incorporação. Gravação
clandestina realizada pelo alistando, a pedido de emissora de televisão,
que levou as imagens ao ar em todo o território nacional por meio de
conhecido programa jornalístico. O conteúdo da reportagem representou
notitia criminis, compelindo as autoridades ao exercício do dever-poder de
investigar, sob pena de prevaricação.
2. A ordem cronológica dos fatos evidencia que as provas, consistentes
nos depoimentos das testemunhas e no interrogatório do paciente, foram
produzidas em decorrência da notitia criminis e antes da juntada da fita nos
autos do processo de sindicância que embasou o Inquérito Policial Militar.
3. A questão posta não é de inviolabilidade das comunicações e sim da
proteção da privacidade e da própria honra, que não constitui direito

226/238
absoluto, devendo ceder em prol do interesse público (Precedentes).
Ordem denegada” (grifado).
(Habeas Corpus nº 87341/PR, 2ª Turma do STF, Rel. Min. Eros Grau. j.
07.02.2006, unânime, DJ 03.03.2006).

No mesmo sentido, veja-se o seguinte julgado do Tribunal Regional Federal da 4 a


Região:

“PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE


SIGILO FISCAL. PERMISSÃO LEGAL. VIOLAÇÃO AO ART. 5º, X E XII DA
CF. INOCORRÊNCIA.
1. Não há no Sistema Constitucional Brasileiro direito ou garantias
individuais de caráter absoluto. As liberdades previstas no artigo 5º, da Lei
Maior, devem ser interpretadas à luz do princípio da razoabilidade,
devendo ceder quando está em jogo, principalmente, o interesse público.
Assim, o sigilo bancário e/ou fiscal – extensão do direito à vida privada
estabelecido no inciso X, do referido dispositivo legal – também deve
submeter-se a esse regramento, sob pena de ocorrer indevida supremacia
do interesse particular frente ao coletivo. Para evitar possíveis abusos por
parte dos órgãos estatais no tocante à privacidade e intimidade das
pessoas, qualquer procedimento visando a quebra de sigilo deve ser
devidamente fundamentado, mencionando a efetiva necessidade da
medida.
2. Na hipótese, demonstrada a pertinência das informações fiscais para o
deslinde da persecutio criminis in iudicio, não há falar em ofensa a direito
líquido e certo da impetrante.
3. Ordem denegada”.
(Mandado de Segurança nº 5437/PR (200304010582588), 8ª Turma do
TRF da 4ª Região, Rel. Juiz Élcio Pinheiro de Castro. j. 30.06.2004,
unânime, DJU 14.07.2004).

Tal entendimento se aplica, por inteiro, ao requerimento em apreço, tendo em vista


que a presente denúncia da Operação Dama de Espadas envolve diversos agentes públicos,
alguns do alto escalão da Assembleia Legislativa Estadual, mas que não estavam desincumbindo-
se com lealdade às instituições do seu múnus público, desvirtuando-se por completo as graves
responsabilidades a si atribuídas.

Por outro lado, não existe direito absoluto à intimidade, à vida privada, à honra e à
imagem, devendo tais bens jurídicos serem restringidos quando necessário para a satisfação do
interesse público concretamente existente, o que no caso importa em revelar à opinião pública as
razões em se funda a grave acusação do Ministério Público, especialmente os meandros do
esquema criminoso que desviou recursos públicos através do uso do “cheque-salário”.

É de se esclarecer, ainda, que a própria Lei 9.296/96, em seu artigo 10 95, a contrario
sensu, admite a possibilidade de o Juiz responsável pelas investigações em que se tiver sido
95 “Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, e informática ou telemática,
ou quebrar segredo de Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena -
reclusão, de 02 (dois) a 04 (quatro) anos, e multa”.

227/238
deferida a medida de interceptação telefônica autorizar a divulgação do conteúdo da mesma ou de
partes da mesma, quando presentes motivos suficientes para tanto, o que consideramos ser o
caso, em virtude da conclusão da fase sigilosa das investigações do Ministério Público.

Com efeito, ao incriminar a conduta de “quebrar o sigilo legal”, no âmbito de


investigações amparadas por interceptações telefônicas, a Lei 9.296/96, em seu artigo 10,
ressalva que apenas será criminosa a conduta que ferir tal sigilo “sem autorização judicial”,
circunstância lingüística suficiente a autorizar o intérprete a concluir que, havendo autorização
judicial, deixa de ser ilícita a conduta de divulgar fatos obtidos por intermédio de gravações
autorizadas pela Justiça, tendo em vista, por óbvio, a existência de interesse público suficiente
para a tal autorização, devidamente demonstrado na decisão que a acatar.

Por fim, consigne-se que a medida postulada pelo parquet também serve para
resguardar todos os outros agentes públicos que não se envolveram na trama, no intuito de evitar
generalizações perigosas e injustas. Nesse sentido, a posição ora defendida está em perfeita
harmonia com a decisão da Ministra ELIANA CALMON, no inquérito que resultou na chamada
“Operação Navalha” da Polícia Federal, em que a mesma decretou o fim dos sigilos das
investigações com as seguintes considerações, aplicáveis, mutatis mutandi, à presente causa:
“verifico que não mais se apresenta necessária a confidencialidade do processo (…) por outro
ângulo, pela esteira de boatos e maledicências que pairam sobre pessoas que nenhum
envolvimento têm com os fatos em apuração e pela necessidade constante de alinharem-se os
órgãos do Estado para, conjuntamente, adotarem as providências cabíveis dentro de suas
competências e atribuições”.

Este último argumento citado pela Ministra, inclusive, de permitir o conhecimento de


outros órgãos do Estado, acerca dos fatos investigados, tem grande relevância também para o
deferimento da medida ora postulada, tendo em vista que, com o acatamento do requerimento
abaixo, outros órgãos públicos do Estado poderão tomar as medidas legais cabíveis para apurar a
responsabilidade dos investigados em suas respectivas esferas.

Resta dizer, ainda, que a publicização de alguns diálogos, não diferirá do


procedimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal, no caso do “Mensalão”, em que o relator
do processo (Inquérito 2245/MG), Sua Excelência, o ex-Ministro Joaquim Barbosa, antes mesmo
do recebimento da denúncia pelo pleno do STF, autorizou a divulgação, para conhecimento da
nação, de todos os fatos que motivaram o ajuizamento da denúncia contra figuras expressivas da
República, entre elas parlamentares e Ministros de Estado. A denúncia, como todos sabem, foi
publicada no sítio oficial da Procuradoria-Geral da República.
A providência ora requerida já fora adotada outras tantas vezes nesta Comarca de

228/238
Natal, a exemplo da “Operação Impacto”, que tramitou perante a 4ª. Vara Criminal, no caso da
“Operação Pecado Capital”, que tramitou perante a 7.ª Vara Criminal desta comarca, e, mais
recentemente, na “Operação Candeeiro”, cujo processamento ficou a cargo do juízo da 6 a. Vara
criminal.

Nesta mesma senda, impõe destacar que na “Operação Lava Jato” , vem sendo
adotada a argumentação no sentido de que o sigilo do processo deve se prestar apenas a garantir
a efetivação das medidas cautelares, sendo que, superada essa fase, sua divulgação decorre do
disposto no artigo 5º, LX, da CF, tendo ainda o condão de auxiliar no exercício da ampla defesa
dos investigados, como também de contraprestação ao público em geral dos trabalhos realizados
pela Administração Pública e pela Justiça Criminal. Eis a seguir trecho retirado de uma de suas
últimas decisões a esse respeito:

Decreto o sigilo sobre esta decisão e sobre os autos dos processos


até a efetivação das prisões e das buscas e apreensões. Efetivadas as
medidas, não sendo mais ele necessário para preservar as
investigações, fica levantado o sigilo. Entendo que, considerando a
natureza e magnitude dos crimes aqui investigados, o interesse
público e a previsão constitucional de publicidade dos processos
(artigo 5º, LX, CF) impedem a imposição da continuidade de sigilo
sobre autos. O levantamento propiciará assim não só o exercício da
ampla defesa pelos investigados, mas também o saudável escrutínio
público sobre a atuação da Administração Pública e da própria
Justiça criminal. (PEDIDO DE BUSCA E APREENSÃO CRIMINAL Nº
5024251-72.2015.4.04.7000/PR. REQUERENTE: POLÍCIA FEDERAL/PR.
ACUSADO: CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SA. ACUSADO:
CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S A).

Como se vê, o dever de transparência da administração pública e o interesse público


autorizam, amplamente, o conhecimento das investigações de crimes dessa natureza, praticados
em detrimento do erário e de toda a coletividade, especialmente havendo provas robustas contra
os Denunciados, como é o caso dos autos.

Por esses motivos, requer o Parquet, ao final, autorização judicial para que possa dar
publicidade, através da sua assessoria de comunicação, do conteúdo da presente petição e
das provas nela citadas, como áudios de interceptação telefônica, e-mails, depoimentos e
documentos, bem como da decisão judicial que tenha autorizado este levantamento de
sigilo.

229/238
9 – DOS REQUERIMENTOS:

Ante o todo o exposto, requer o Ministério Público o seguinte:

a) A condenação dos ora denunciados em razão da prática dos seguintes delitos:

1) RITA DAS MERCÊS REINALDO praticou em concurso material os


crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 81 (oitenta e
uma) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 78 (setenta e oito) vezes,
c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo
312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 91 (noventa e uma) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 82 (oitenta e duas) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2009; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo
2º, 106 (cento e seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2010; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 89
(oitenta e nove) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2011; bem como o crime previsto no art. 2º caput c/c § 3º c/c § 4º,
inciso II, todos da Lei 12.850/2013;

2) MARLÚCIA MACIEL RAMOS DE OLIVEIRA praticou em concurso


material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 81
(oitenta e uma) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 78 (setenta e oito)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007;
artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 91 (noventa e um) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c
art. 327, parágrafo 2º, 82 (oitenta e dois) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2009; art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 106 (cento e seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2010; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 89
(oitenta e nove) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2011; bem como o crime previsto no art. 2º caput c/c § 4º, inciso II
da Lei 12.850/2013;

230/238
3) RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES praticou em concurso
material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 81
(oitenta e uma) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 78 (setenta e oito)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007;
artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 91 (noventa e um) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c
art. 327, parágrafo 2º, 82 (oitenta e dois) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2009; art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 106 (cento e seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2010; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 89
(oitenta e nove) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2011; bem como o crime previsto no art. 2º caput c/c § 4º, inciso II
da Lei 12.850/2013;

4) LUIZA DE MARILAC RODRIGUES DE QUEIROZ praticou em concurso


material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 80
(oitenta) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 78 (setenta e oito) vezes,
c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo
312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 89 (oitenta e nove) vezes, c/c art. 71,
todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 81 (oitenta e um) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2009; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo
2º, 105 (cento e cinco) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2010; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 89
(oitenta e nove) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2011; bem como o crime previsto no art. 2º caput c/c §4º, inciso II
da Lei 12.850/2013;

5) PAULO DE TARSO PEREIRA FERNANDES praticou o crime previsto


no art. 2º caput c/c § 4º, inciso II da Lei 12.850/2013;

6) OSVALDO ANANIAS PEREIRA JÚNIOR praticou em concurso material


os crimes previstos art. 312 caput 80 (oitenta) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo 312, caput, 53 (cinquenta
e três) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2007; artigo 312, caput, 61 (sessenta e uma) vezes, c/c art. 71, todos do

231/238
Código Penal, com relação ao ano de 2008; artigo 312, caput, 22 (vinte e
duas) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009,
artigo 312, caput, 13 (treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2010; artigo 312, caput, 02 (duas) vezes, c/c art. 71, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2011; todos c/c art. 30 do CP; bem
como o crime previsto no art. 2º caput da Lei 12.850/2013;

7) JOSÉ DE PÁDUA MARTINS praticou em concurso material os crimes


previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 23 (vinte e três)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006;
artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 16 (dezesseis) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput
c/ art. 327, parágrafo 2º, 32 (trinta e duas) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2008, art. 312 caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 46 (quarenta e seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2009; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo
2º, 35 (trinta e cinco) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2010; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 26 (vinte
e seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2011, sendo todos ele em concurso material;

8) ANA PAULA DE MACEDO MOURA FERNANDES praticou o crime


previsto no art. art. 1º, parágrafo 1º. da Lei 12.850/2013;

9) GUSTAVO ALBERTO VILLARROEL NAVARRO JÚNIOR FERNANDES


praticou em concurso material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 13 (treze)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; art.
312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 02 (duas) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2010;

10) GUTSON JOHNSON GIOVANY REINALDO BEZERRA praticou em


concurso material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parág-
rafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2006; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 19 (dezenove) ve-
zes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; art.
312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do

232/238
Código Penal, com relação ao ano de 2009. Já com relação ao fato de ter
arregimentado JERUSA e ARANILTON para os desvios perpetrados, prati-
cou os crimes do art. 312 caput 10 (dez) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput, 25 (vinte e cinco) ve-
zes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo
312, caput, 27 (vinte e sete) vezes, todos do Código Penal, com relação ao
ano de 2011, todos c/c art. 30 do CP;

11) MARIANE MORGANA PORTELA REINALDO praticou em concurso


material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º,
07(sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2008; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 13 (treze) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput
c/ art. 327, parágrafo 2º, 14 (quatorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2010, art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo
2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano
de 2011;

12) ARATUSA BARBALHO DE OLIVEIRA praticou em concurso material


os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; ar-
tigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 03 (três) vezes, c/c art. 71, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2008; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 05 (cin-
co) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009;
artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 10 (dez) vezes, c/c art. 71, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/ art.
327, parágrafo 2º, 14 (quatorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2011;

13) MARIA LUCIEN REINALDO DE OLIVEIRA praticou em concurso ma-


terial os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07
(sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput
c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2008;

233/238
14) MARIA NILZA FERREIRA DE MEDEIROS praticou em concurso mate-
rial os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 06
(seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 03 (três) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput
c/c art. 327, parágrafo 2º, 02 (duas) vezes, c/c art. 71, todos do Código Pe-
nal, com relação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º,
11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de
2010, art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 14(catorze) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2011;

15) TANGRIANY DE NEGREIROS DIÓGENES REINALDO praticou em


concurso material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parág-
rafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2006; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 04 (quatro) ve-
zes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo
312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2008;

16) JUSSANA PORCINO REINALDO praticou em concurso material os


crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) ve-
zes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; artigo
312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327,
parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com rela-
ção ao ano de 2008;

17) JERUSA BARBALHO BEZERRA praticou em concurso material os cri-


mes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 04 (quatro) ve-
zes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo
312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/ art. 327,
parágrafo 2º, 13 (treze) vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano
de 2011;

18) ARANILTON BARBALHO DE OLIVEIRA praticou em concurso materi-


al os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; ar-

234/238
tigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 14 (catorze) vezes, c/c art. 71, to-
dos do Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/ art.
327, parágrafo 2º, 14 (catorze) vezes, todos do Código Penal, com relação
ao ano de 2011;

19) ORLEI MARTINS DE OLIVEIRA praticou em concurso material os cri-


mes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c
art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art. 312 caput
c/c art. 327, parágrafo 2º, 11 (onze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2007; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 10
(dez) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2008;
artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis) vezes, todos do Código
Penal, com relação ao ano de 2009 e artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo
2º, 09 (nove) vezes, todos do Código Penal com relação ao ano de 2010;

20) MARIA DO SOCORRO PORDEUS ALBUQUERQUE praticou em con-


curso material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo
2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano
de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 15 (quinze) vezes, c/c art.
71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; artigo 312, caput
c/c art. 327, parágrafo 2º, 05 (cinco), c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2010 e artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 13 (tre-
ze), c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2010;

21) IVONILSON CAETANO MONTEIRO praticou em concurso material os


crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 08 (oito) ve-
zes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art.
312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 04 (quatro) vezes, c/c art. 71, todos do
Código Penal, com relação ao ano de 2007; art. 312 caput c/c art. 327, pa-
rágrafo 2º, 14 (quatorze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com re-
lação ao ano de 2008; art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 12 (doze)
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009; ar-
tigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete) vezes, c/c art. 71, todos
do Código Penal, com relação ao ano de 2010; artigo 312, caput c/c art.
327, parágrafo 2º, 13 (treze) vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2011;
22) EUDES MARTINS DE ARAÚJO praticou em concurso material os
crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete)

235/238
vezes, c/c art. 71, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2006; art.
312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, 01 (uma) vez, todos do Código Penal,
com relação ao ano de 2007;

23) ANDRETTY LAFFITY PORDEUS MARTINS praticou em concurso


material os crimes previstos no art. 312 caput c/c art. 327, parágrafo 2º, por
13 (treze) vezes, c/c art. 71 todos do Código Penal, com relação ao ano de
2009; artigo 312, caput c/c art. 327, parágrafo 2º, do Código Penal, 13
(treze) vezes, c/c art. 71 do Código Penal com relação ao ano de 2010;

24) GIZÉLIA MARIA DANTAS DE SOUZA praticou em concurso material


os crimes previstos no artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 06 (seis)
vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2007; artigo 312,
caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 10 (dez) vezes, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2008; artigo 312, caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 07 (sete)
vezes, todos do Código Penal, com relação ao ano de 2009 e artigo 312,
caput c/ art. 327, parágrafo 2º, 09 (nove) vezes, todos do Código Penal, com
relação ao ano de 2010.

b) o recebimento da presente denúncia e a citação dos denunciados para oferecer


resposta, nos termos do art. 396, do Código de Processo Penal, com exceção, apenas, dos
denunciados que são servidores públicos, já que é possibilitada a defesa preliminar;

c) a autorização judicial para levantamento do sigilo com relação ao conteúdo da


presente denúncia, sobretudo dos dados e informações que estão protegidos por sigilo;

d) seja oficiado ao ITEP/RN, requisitando a ficha de antecedentes criminais dos


denunciados;

e) seja oficiado à Distribuição Criminal da Comarca de Natal e da Paraíba, bem como


à Seção Judiciária Federal do Rio Grande do Norte e à Justiça Eleitoral, para o fim de fornecerem
certidões acerca da existência de eventuais ações penais contra os denunciados;

f) recebida a denúncia, seja oficiado, ao Instituto Nacional de Identificação Criminal


(INIC), através da Superintendência da Polícia Federal neste Estado, Setor Técnico-Científico,
Núcleo de Identificação na Rua Lauro Pinto, S/N, Lagoa Nova, Natal, RN, informando os dados do
processo, para fins de registro no INFOSEG/MJ;

236/238
g) a designação de audiência de instrução e julgamento para que sejam ouvidas as
testemunhas constantes no rol apresentado abaixo, mediante regular intimação para
comparecimento em juízo na data aprazada, sob pena de condução coercitiva;

h) ao final, a condenação de todos os denunciados como incursos nas penas dos


artigos narrados e descritos acima;

i) requer o sequestro e perdimento dos bens dos denunciados, com base no Decreto –
Lei n.º 3240/41, bem como a decretação da perda dos cargos daqueles que ostentem a condição
de servidores públicos;

j) sem prejuízo do disposto nas alíneas anteriores, também se requer o arbitramento


do dano mínimo, a ser revertido em favor do Estado do Rio Grande do Norte, com esteio nas
disposições encartadas no art. 387, caput e IV do CPP, no montante de R$
9.338.872,32devidamente atualizados com juros e correção monetária;

k) com o trânsito em julgado, incluam-se seus nomes no rol dos culpados, informando-
se ainda o fato à Justiça Eleitoral para efeito de suspensão dos direitos políticos durante o prazo
da condenação.

Protesta o Ministério Público pela produção de todas as provas admissíveis em direito.

Nestes termos, pede deferimento.

Natal/RN, 17 de abril de 2017.

Keiviany Silva de Sena


Promotora de Justiça

Eudo Rodrigues Leite


Promotor de Justiça

Paulo Batista Lopes


Promotor de Justiça

237/238
Augusto Carlos Rocha de Lima
Promotor de Justiça

Hellen de Macedo Maciel


Promotora de Justiça

Alysson Michel de Azevedo Dantas


Promotor de Justiça

ROL DE TESTEMUNHAS:

1) RYCHARDSON DE MACEDO BERNARDO ,CPF nº 913.961.904-49, brasileiro, solteiro,


empresário, com endereço a ser informado em documento apartado.
2) LUANA ATAÍDE BANDEIRA ARRUDA, CPF nº 157.050.994-87, brasileira, casada,
bancária, com domicílio à Av. Abel Cabral,316, Apto. 1700, Nova Parnamirim,
Parnamirim/RN, CEP: 59014-100, nesta capital;
3) LÚCIA REGINA BARRETO, CPF 378.562.944-34, residente na Rua Dr. Raimundo
Correia, 75 ou 85 – Pitimbu – Natal – RN OU Rua dos Jesuítas, 306 – Jardim Planalto –
Parnamirim – RN OU Praça Sete de Setembro, 01 – Cidade Alta – Natal – RN;
4) MARGARETE DANTAS DE CARVALHO, CPF 202.147.074-15 , com endereço na Rua
Walter Pereira Duarte, 1728 – Bloco 3 – apartamento 304 – Condomínio S – Capim Macio
– Natal – RN OU Rua Walter Pereira Duarte, 1708 – Capim Macio – Natal – RN ;0
5) IONARA DAS VITÓRIAS SOARES DA CÂMARA, brasileira, solteira, bancário, portadora
do CPF n.º 024.329.644-46, residente na Av. Duque de Caxias, 2641 – Ribeira – Natal –
RN OU Rua Dr. João Medeiros Filho, 241 – A – Potengi – Natal – RN OU Av. Tocantinea,
68 – Pajuçara – Natal – RN;
6) FREDERICO MEIRA B FONTINELI, brasileiro, casado, bancário, portador de CPF sob o
número 105.269.827-13, residente na Av. Governador Silvio Pedrosa, 306 – AP. 1401 –
Areia Preta – Natal – RN OU Rua Jundiaí, 429 – AP. 3405 – Natal – RN;
7) RAFAEL FERNANDES SOBRAL NETO, brasileiro, solteiro, portador do CPF:
157.040.174-87, residente na Av. Ayrton Senna, 1630 – Bloco 38 – Serrambi II – Natal –
RN;
8) THYAGO CORTEZ DO CARMO CARVALHO, brasileiro, casado, servidor público estadu-
al, CPF: 009.900.174-86, residente na Av. dos Caiapós, 2885 – casa 156 – Pitimbu – Natal
– RN.

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