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11606/9788575063552
Organizadores
Wanderley Messias da Costa
Daniel Bruno Vasconcelos
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e autoria,
proibindo qualquer uso para fins comerciais.
DOI: 10.11606/9788575063552
Organizadores
Wanderley Messias da Costa
Daniel Bruno Vasconcelos
23.783 KB ; PDF.
ISBN 978-85-7506-355-2
DOI: 10.11606/9788575063552
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
(CAPES) – Código de Financiamento 001
Revisão
Tikinet Edição
Agradecimentos
Antes de tudo, nossa gratidão aos autores e autoras que contribuíram com
seus textos para a construção deste livro, oferecendo aos leitores da geografia,
da comunidade acadêmica das áreas afins e ao público em geral, um amplo e
diversificado panorama da realidade atual e das perspectivas futuras da América
do Sul mediante abordagens da Geografia Política e da Geopolítica.
Nossos agradecimentos, também, à Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Geografia Humana da USP e à Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – CAPES, que custearam a produção do livro, bem
como à Chefia do Departamento de Geografia da FFLCH-USP pelo apoio à
revisão dos textos.
Sumário
Apresentação......................................................................................................... 9
Wanderley Messias da Costa; Daniel Bruno Vasconcelos
Sul” e “América Latina”. O texto alerta que essas denominações são muitas vezes
tratadas como sinônimos, pois há o entendimento comum de que se referem
a âmbitos geográficos sobrepostos. Ao mesmo tempo, eles também podem ser
definidos como epistemologicamente distintos e até mesmo politicamente
rivais. Nesse debate também é abordada e avaliada a diplomacia brasileira em
suas atuações na América Central e Caribe, tendo em vista o uso do discurso
“sul-americanista”.
A Parte II – Conflitos, Resistências e Políticas de Estado deste livro
inicia com um texto de Daniel Bruno Vasconcelos que assume uma visão crítica
e ao mesmo tempo progressista sobre a questão das políticas de drogas no
continente Americano, articulando-a a uma análise geográfica e geopolítica
sobre esse tema. O artigo é dividido em três níveis de reflexão, em que o
primeiro analisa o nexo entre a proibição de entorpecentes e a geopolítica global
e regional, discutindo a relação entre EUA e América Latina. O segundo examina
a questão do narcotráfico e a política de drogas na América do Sul. A terceira –
histórica e geográfica – aborda os sentidos da antropogeografia na discussão
sobre as raízes da colonização do continente Americano e as atuais políticas de
drogas.
O longo conflito armado na Colômbia envolve diferentes atores nessa
guerra que se desenrola sobre um panorama de profundas desigualdades sociais,
um cenário que se repete de forma quase ininterrupta durante o último meio
século, com uma guerra bipartidária regional conhecida como La Violencia,
na qual se originalizaram a partir da década de 1960 vários movimentos de
guerrilhas, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército
do Povo (FARC-EP) e o Exército de Libertação Nacional (ELN). Diante desse
contexto a autora Ginneth Pulido Gómez analisa em seu texto três momentos
na história do conflito colombiano até os dias de hoje, a fim de compreender a
evolução do poder político no país e suas implicações sub-regionais.
As relações entre políticas territoriais, regionalização e regime autoritário
no Chile no período de 1973-1975, é o tema explorado por Rodolfo Quiroz Rojas,
que aborda o viés especificamente geopolítico do regime militar e suas conexões
com a estrutura administrativa e territorial. Para o autor, o sentido geopolítico
da regionalização expressaria uma divisão complexa da ordem territorial no
Chile. No texto também são examinados os antecedentes da regionalização que
inspiraram o regime militar, problematizando o tipo de ordenamento territorial
da geopolítica desdobrada do seu alcance, limite e transcendência.
Ao fazer uma análise das características da América do Sul, Hervé Théry
aborda a questão das imensas áreas de baixa densidade populacional, os “vazios”
de milhares de quilômetros quadrados entre as áreas de povoamento. Para o
autor, dado que a conquista desses espaços está progredindo na atualidade, a
questão da proteção desses ecossistemas e das comunidades indígenas deve
ser destacada. O texto também examina em detalhe os atuais esforços da
apresentação 13
Resumo: O texto apresenta uma visão geral sobre as tendências e os rumos dominantes
atuais da integração sul-americana com o olhar da geopolítica e, portanto, atento ao
papel proeminente dos Estados nacionais e suas estratégias internacionais, às relações
de poder e aos territórios. Ao mesmo tempo, tem foco no permanente embate entre
continuidades e mudanças e os movimentos e linhas de força nacionais, regionais
e extrarregionais que impulsionam, modulam e configuram processos de coesão e
fragmentação ou de convergências e divergências no subcontinente. Nesse cenário
atual, examina as causas do declínio do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e o insucesso
da União de Nações Sul-Americana (Unasul) – em especial do Conselho de Defesa Sul-
Americano. Aborda, também, as antigas e novas contendas e conflitos fronteiriços, ao
lado das articulações e do adensamento das relações transfronteiriças em curso nos
âmbitos do Mercosul e da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-
Americana (Iirsa).
Palavras-chave: América do Sul; Integração; Desagregação; Geopolítica.
Introdução
para os países do bloco, mas que representaram apenas 10% do total das
exportações, uma queda acentuada em relação aos 14% alcançados em 2000
(MDIC, 2018).
Outro aspecto, nesse caso positivo para o Brasil, mas negativo para
o desempenho do bloco, é o crescente superávit do país em relação aos seus
parceiros (US$ 22,6 bilhões de exportações e US$ 11 bilhões de importações),
especialmente com relação à Argentina (mais de US$ 7 bilhões de superávit
em 2017). Além disso, essa persistente assimetria é agravada pelo fato de que,
enquanto 90% das exportações brasileiras são formadas por produtos industriais
de ponta (mais de 70% são máquinas e material de transporte), por volta de
60% das importações provenientes de seus parceiros regionais são formadas por
commodities e produtos manufaturados de baixo valor agregado, porcentagem
que só não é maior graças à destacada participação dos veículos automotores
exportados para cá pela Argentina no âmbito do acordo em separado entre os
dois países nesse setor.
Um conjunto de antigos e novos problemas, ligados ou não ao comércio
exterior, também tem contribuído para o declínio da força gravitacional do
bloco no âmbito interno e da sua projeção como player relevante no sistema
internacional. Ainda com relação ao comércio, além da manutenção das listas
de exceção nas tarifas comuns de importação para grupo de produtos sensíveis
– especialmente nas trocas Brasil-Argentina –, o referido documento da CNI
aponta que tem aumentado nos últimos anos no bloco a adoção de medidas
protecionistas não tarifárias (fitossanitárias, ambientais e outras) que ao lado
da pesada burocracia alfandegária constituem sério entrave para a expansão
das trocas comerciais. Os empresários também destacam a fraca projeção
internacional do Mercosul para além da América do Sul, visto que até hoje ele
estabeleceu poucas parcerias – de modo geral, com países de pequena relevância
no comércio exterior – e, um aspecto crucial, ainda não conseguiu concluir o
longo e penoso processo de negociações com a União Europeia.
Para muitos analistas, uma medida que terá impactos positivos para a
dinamização das trocas comerciais no bloco é a entrada em vigor do acordo que
regula o comércio de serviços (Protocolo de Montevidéu de 2005), matéria de
especial interesse para milhares de pequenas e médias empresas que já atuam ou
pretendem ingressar nesse mercado. Esse também é o caso do acordo que regula
a concessão do visto de residente temporário que favorecerá o intercâmbio
dos que migram em busca de trabalho, aprovado recentemente, mas ainda não
ratificado pela Argentina. Com relação aos investimentos diretos estrangeiros
(IDE), frise-se que apenas em 2017 foi aprovado um acordo multilateral sobre
esse tema no bloco (Protocolo de Cooperação e Facilitação de Investimentos –
PCFI), de modo que o fluxo de capitais produtivos – principalmente de empresas
brasileiras – em toda a América do Sul, que cresceu exponencialmente nos
crise da integração e tendências geopolíticas na américa do sul 21
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