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Ser protagonista : geografia


Bianca Carvalho Vieira, Carla Bilheiro Santi, Carlos Henrique Jardim, Fernando dos Santos Sampaio,
Ivone Silveira Sucena
SM
Pá gina 1

ser Protagonista

Geografia
1
ENSINO MÉDIO

GEOGRAFIA
1º ANO

MANUAL DO PROFESSOR

Organizadora:
Edições SM

Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida por Ediçõ es SM.

Editor responsá vel:


Flávio Manzatto de Souza
• Bacharel em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciê ncias Humanas da Universidade de Sã o Paulo (USP).
• Licenciado em Geografia pela Faculdade de Educaçã o da USP.
• Editor de livros didá ticos.

Bianca Carvalho Vieira


• Bacharela em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
• Mestra e Doutora em Ciê ncias – Geografia pela UFRJ.
• Professora no Ensino Superior.

Carla Bilheiro Santi


• Bacharela e Licenciada plena em Geografia pela UFRJ.
• Mestra em Ciências – Geografia pela UFRJ.
• Especializada em Políticas Territoriais do Estado do Rio de Janeiro pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
• Professora no Ensino Mé dio e Superior.

Carlos Henrique Jardim


• Bacharel em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciê ncias Humanas da USP.
• Licenciado em Geografia pela Faculdade de Educaçã o da USP.
• Mestre em Ciê ncias – Geografia Física pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciê ncias Humanas da USP.
• Doutor em Ciê ncias – Aná lise Ambiental e Dinâ mica Territorial pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP).
• Professor no Ensino Superior.
Fernando dos Santos Sampaio
• Doutor em Ciê ncias – Geografia Humana pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciê ncias Humanas da USP.
• Professor no Ensino Superior.

Ivone Silveira Sucena


• Licenciada em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciê ncias Humanas da USP.
• Professora no Ensino Fundamental e Mé dio.

3ª ediçã o
Sã o Paulo
2016

Editora SM
Pá gina 2

Ser protagonista – Geografia – 1


© Ediçõ es SM Ltda.
Todos os direitos reservados

Direção editorial Juliane Matsubara Barroso


Gerência editorial Roberta Lombardi Martins
Gerência de design e produção Marisa Iniesta Martin
Edição executiva Flá vio Manzatto de Souza
Ediçã o: Ana Carolina F. Muniz, Andrea de Marco Leite de Barros, Daniella Almeida Barroso, Felipe Khouri Barrionuevo, Gisele
Manoel, Stela Kuperman Pesso
Colaboraçã o técnico-pedagó gica: Beatriz Simõ es Gonçalves, Felipe Azevedo de Souza Mattos, Maíra Fernandes, Maria Izabel Simõ es
Gonçalves, Michelle Maria Biajante, Simone Affonso da Silva
Coordenação de controle editorial Flavia Casellato
Suporte editorial: Alzira Bertholim, Camila Cunha, Fernanda D’Angelo, Giselle Marangon, Mô nica Rocha, Silvana Siqueira, Talita
Vieira
Coordenação de revisão Clá udia Rodrigues do Espírito Santo
Preparação e revisã o: Ana Paula Ribeiro Migiyama, Berenice Baeder, Eliana Vila Nova de Souza, Eliane Santoro, Fá tima Carvalho, Lu
Peixoto, Mariana Masotti, Sâ mia Rios, Vera Lú cia Rocha
Marco Aurélio Feltran (apoio de equipe)
Coordenação de design Rafael Vianna Leal
Apoio: Didier Dias de Moraes
Design: Leika Yatsunami, Tiago Stéfano
Coordenação de arte Ulisses Pires
Ediçã o executiva de arte: Melissa Steiner
Ediçã o de arte: Pablo Braz
Coordenação de iconografia Josiane Laurentino
Pesquisa iconográ fica: Bianca Fanelli, Susan Eiko, Caio Mazzilli
Tratamento de imagem: Marcelo Casaro
Capa Didier Dias de Moraes, Rafael Vianna Leal
Imagem de capa Marcos André/Opçã o Brasil Imagens
Projeto gráfico cldt
Editoração eletrônica Setup Bureau Editoraçã o Eletrô nica
Ilustrações Adilson Secco, Estú dio Pingado, Setup Bureau, Thiago Lyra
Fabricação Alexander Maeda
Impressão

Dados Internacionais de Catalogaçã o na Publicaçã o (CIP)


(Câ mara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vieira, Bianca Carvalho
Ser protagonista : geografia, 1° ano : ensino médio / Bianca Carvalho Vieira ... [et al.] ; organizadora Ediçõ es SM ; obra coletiva concebida, desenvolvida e
produzida por Ediçõ es SM ; editor responsá vel Flá vio Manzatto de Souza. – 3. ed. – Sã o Paulo : Ediçõ es SM, 2016. – (Coleçã o ser protagonista)
Outros autores: Carla Bilheiro Santi, Carlos Henrique Jardim, Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena
Suplementado pelo manual do professor.
Bibliografia.
ISBN 978-85-418-1363-1 (aluno)
ISBN 978-85-418-1364-8 (professor)
1. Geografia (Ensino médio) I. Vieira, Bianca Carvalho. II. Santi, Carla Bilheiro. III. Jardim, Carlos Henrique. IV. Sampaio, Fernando dos Santos. V. Sucena,
Ivone Silveira. VI. Souza, Flá vio Manzatto de. VII. Série.
16-02550 CDD-910.712
Índices para catá logo sistemá tico: 1. Geografia : Ensino mé dio 910.712

3ª ediçã o, 2016

Edições SM Ltda.
Rua Tenente Lycurgo Lopes da Cruz, 55
Á gua Branca 05036-120 São Paulo SP Brasil
Tel. 11 2111-7400
edicoessm@grupo-sm.com
www.edicoessm.com.br

Editora SM
Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras das árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

ABDR - Associaçã o Brasileira de Direitos Reprográ ficos


Pá gina 3

Apresentação
É no espaço geográ fico que caminha a vida, ensinou o geó grafo brasileiro
Milton Santos.

Nesse espaço existem rios e montanhas, ruas, edifícios e plantaçõ es; há


também técnicas e prá ticas de trabalho, laços familiares, manifestaçõ es
religiosas, relaçõ es de igualdade ou de desigualdade entre pessoas, grupos e
naçõ es. Nos mú ltiplos espaços da superfície terrestre estã o representados,
em íntima associaçã o, elementos naturais e sociais, que se constroem e
reconstroem o tempo todo.

Nesta coleçã o, o espaço geográ fico é estudado em seus mú ltiplos aspectos,


sem separar a natureza da dinâ mica social. Assim, a populaçã o, os aspectos
econô micos, os problemas ambientais ou as questõ es geopolíticas sã o
analisados, em seus respectivos contextos histó ricos e naturais, de forma
integrada.

Desse modo, o estudo de Geografia feito nesta obra oferece ferramentas para
entender a realidade em que estamos mergulhados e, dessa forma,
apreender o lugar de cada um. Mais ainda, possibilita refletir e atuar sobre
essa realidade.

É este o principal objetivo da coleçã o: contribuir para a formaçã o crítica de


indivíduos capazes de entender o lugar em que vivem e agir nele de forma
responsá vel. Cidadã os que possam atuar verdadeiramente no espaço em que
caminha a vida.

Equipe editorial
Pá gina 4

A organização do livro
Pilares da coleção

Essa coleçã o organiza-se a partir de quatro pilares, cada qual com objetivo(s) pró prio(s):

CONTEXTUALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE
Relacionar o estudo dos conteú dos de Geografia ao de outras disciplinas, á reas do conhecimento e temas atuais, construindo,
assim, uma visã o ampla e integrada dos fenô menos estudados.

COMPROMISSO
Despertar a consciê ncia da responsabilidade e incentivar a reflexã o e o entendimento do mundo, para que você se torne um
cidadã o responsá vel.

VISÃO CRÍTICA
Contribuir para que você seja capaz de entender a realidade que o cerca e refletir sobre seu papel nessa realidade,
desenvolvendo, dessa maneira, sua visã o crítica.

INICIATIVA
Incentivar a atitude proativa diante de situaçõ es-problema, contribuindo para que você tome decisõ es e participe de forma
ativa em diversos contextos sociais.

As seçõ es e os boxes que se propõ em a trabalhar esses eixos estã o indicados pelos ícones que os representam.

Páginas de abertura
Abertura da unidade
Elaborada em pá gina dupla, apresenta um texto introdutó rio da temá tica da unidade articulado a uma imagem para levantar
seus conhecimentos pré vios. Em Questõ es para refletir você é convidado a pensar e a se manifestar sobre o tema.

Abertura do capítulo
Texto, imagens e questõ es se relacionam e introduzem o assunto específico do capítulo.
Apresentação dos conteúdos
O texto didá tico é complementado por imagens (ilustraçõ es, fotos, mapas) e boxes variados, a fim de estimular a sua
participaçã o e facilitar a compreensã o.

Cada volume da coleçã o traz infográ ficos, em pá ginas duplas, com riqueza de imagens (fotografias, mapas, grá ficos) e
pequenos textos que auxiliam na compreensã o do fenô meno representado.
Pá gina 5

A coleçã o conta com boxes para apresentar assuntos complementares aos temas (Saiba mais); sugerir filmes, livros e sites
para ampliaçã o dos estudos (Assista, Leia e Navegue); e destacar no texto didá tico glossá rios sobre termos que você talvez
nã o conheça.

Os boxes vinculados aos pilares contribuem para articular o tema estudado ao cotidiano (Conexã o); refletir sobre a
construçã o da cidadania e o convívio social (Açã o e cidadania); e associar os estudos a outras á reas do conhecimento
(Geografia e...).

Atividades
Atividades
Ao final dos capítulos, um conjunto de atividades possibilita a consolidaçã o, a retomada, a aná lise, a síntese e a pesquisa dos
assuntos abordados. Há trê s subseçõ es nesse conjunto: Revendo conceitos, Lendo mapas, grá ficos e tabelas e
Interpretando textos e imagens.

Vestibular e Enem
A seçã o apresenta questõ es de vestibulares do país e de vá rios Enem (Exame Nacional do Ensino Mé dio) realizados até hoje,
de acordo com o que foi estudado em cada unidade.

Seções especiais
Presença da África e Presença Indígena
Textos e atividades que valorizam a diversidade e combatem o preconceito e a discriminaçã o ao longo dos capítulos.

Em análise
Traz atividades sobre a construçã o de procedimentos e conhecimentos geográ ficos, como a elaboraçã o e interpretaçã o
cartográ fica, no final de cada unidade.

Síntese da Unidade
Atividades esquemá ticas que retomam conceitos bá sicos de cada capítulo.
Informe e Mundo Hoje
Seçõ es destinadas ao desenvolvimento do senso crítico a partir, respectivamente, de textos científicos e textos jornalísticos,
geralmente no final dos capítulos.

Geografia e...
Relaciona a Geografia com outras disciplinas do Ensino Mé dio, por meio de textos, imagens e propostas de atividades em
comum.

Projeto
Propõ e a resoluçã o de uma situaçã o-problema, que promove a iniciativa e o compartilhamento de seus estudos. Sã o
apresentados dois projetos por ano, estruturados em pá ginas duplas.
Pá gina 6

Sumário
Unidade 1 A produção do espaço no capitalismo 10

Capítulo 1 A formação do mundo capitalista 12


O renascimento comercial e urbano 13
As Grandes Navegaçõ es 14
Desenvolvimento industrial e financeiro 15
Características do sistema capitalista 15
A dificuldade de classificar os países 16
Informe: A ocupaçã o colonial na Á frica 17
Atividades 18

Capítulo 2 A DIT e as revoluções industriais 20


A DIT e a organizaçã o do espaço mundial 21
A Primeira Revoluçã o Industrial 22
A Segunda Revoluçã o Industrial 23
A Terceira Revoluçã o Industrial 24
Informe: As condiçõ es de trabalho e os trabalhadores na Primeira e na Segunda Revoluçã o
Industrial 25
Atividades 26

Xinhua/Wu Xintao/Corbis/Fotoarena

Bolsa de valores de Londres (em inglês, London Stock Exchange), Inglaterra. Foto de 2014.
Capítulo 3 O papel do comércio mundial 28
A globalizaçã o e o comércio mundial 29
Infográfico: A rede mundial de transportes 30
Atividades ilegais e globalizaçã o 33
Grandes blocos comerciais 34
Protecionismo agrícola e abertura comercial 38
Informe: As naçõ es e o nacionalismo no novo século 39
Presença da África: No vaivém das caravelas lusas, a formaçã o do eixo econô mico do Atlâ ntico 40
Atividades 42

Capítulo 4 A inserção do Brasil na economia mundial 44


A ocupaçã o do territó rio 45
A industrializaçã o e a integraçã o do territó rio 46
Características regionais do Brasil 48
Presença Indígena: Xingu 52
Mundo Hoje: A globalizaçã o e a cultura brasileira 54
Informe: Agronegó cio e o uso corporativo do territó rio na Amazô nia 55
Atividades 56

Capítulo 5 Circulação e transportes 58


O transporte marítimo 59
O transporte hidroviá rio 60
O transporte ferroviá rio 61
As rodovias 63
O transporte aéreo 64
Mundo Hoje: A ineficiência da infraestrutura logística do Brasil 65
Atividades 66
Em análise: Construir e interpretar mapas com círculos proporcionais 68
Síntese da Unidade 70
Vestibular e Enem 71
Geografia, Arte e Filosofia: Pessoas ao sol 74
Projeto: Exposiçã o: “A multinacionais brasileiras” 76
Pá gina 7

Unidade 2 A dinâmica da natureza 78

Capítulo 6 Estrutura geológica da Terra 80


Estrutura da Terra 81
Eras geoló gicas 82
Teoria da tectô nica de placas 83
Infográfico: Movimentos das placas tectô nicas 84
Terremotos e vulcanismo 86
Minerais 87
Rochas 88
Estrutura geoló gica do Brasil 90
Informe: O Brasil e os terremotos 93
Atividades 94

Capítulo 7 Relevo 96
Agentes internos ou endó genos 97
Agentes externos ou exó genos 97
Formas do relevo 98
Classificaçã o do relevo brasileiro 99
Processos de vertentes: erosã o e movimentos de massa 101
A açã o humana no relevo 102
Informe: Prevençã o de riscos de deslizamentos em encostas 103
Atividades 104

Capítulo 8 Os solos 106


Fatores de formaçã o dos solos 107
Tipos de intemperismo e fertilidade dos solos 108
Degradaçã o dos solos 109
Informe: Solos para a sustentabilidade da sociedade 110
Atividades 111

Capítulo 9 Hidrologia e hidrografia 112


Ciclo hidroló gico 113
Bacias hidrográ ficas 114
Bacias hidrográ ficas brasileiras 116
Informe: Visõ es distintas sobre a transposiçã o do rio Sã o Francisco 119
Oceanos e mares 120
Poluiçã o das á guas 122
Atividades 124
Em análise: Construir um perfil topográ fico 126
Síntese da Unidade 128
Vestibular e Enem 129
Geografia, História e Biologia: Povos pré-histó ricos e a megafauna sul-americana 132

Unidade 3 Espaço agrário 134

Capítulo 10 O mundo rural 136


Transformaçõ es no campo 137
A diversidade no mundo rural 138
Os tipos de agricultura 139
Sistemas de produçã o agrícola no mundo 140
Mundo Hoje: 2050: A escassez de á gua em vá rias partes do mundo ameaça a segurança alimentar
e os meios de subsistência 143
Atividades 144

Andre Dib/Pulsar Imagens

Paisagem da Chapada Diamantina, em Caeté-Açu (BA). Foto 2015.


Pá gina 8

Capítulo 11 O espaço rural brasileiro 146


Origens da concentraçã o de terras 147
A organizaçã o agrá ria atual 148
A expansã o das fronteiras agrícolas 149
Uso da terra no Brasil 149
Presença Indígena: Os indígenas isolados 150
Informe: A agricultura e o Có digo Florestal 152
Mundo Hoje: As experiências de produçã o e vida no assentamento Vitó ria 153
Atividades 154

João Prudente/Pulsar Imagens

Cultivo de hortaliças em Santa Bá rbara (MG). Foto de 2014.

Capítulo 12 O campo e o acesso à terra 156


Relaçõ es de poder no campo: coronelismo 157
A reforma agrá ria e as lutas sociais no campo 158
O “novo rural” brasileiro 159
Presença da África: Quilombolas: direito à terra e respeito ao modo de vida 160
Mundo Hoje: Trabalhadoras rurais protestam por políticas pú blicas e mais educaçã o 162
Informe: A compreensã o sobre o rural no Brasil 163
Atividades 164

Capítulo 13 A modernização da agricultura 166


A modernizaçã o da agricultura no Brasil 167
As relaçõ es de trabalho 168
Agricultura familiar 169
O agronegó cio 170
Mundo Hoje: Principal gargalo para a competitividade do agronegó cio brasileiro é o escoamento
da produçã o 171
Atividades 172
Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Mudas de cana-de-açú car em estufa, Goianá polis (GO). Foto de 2015.


Pá gina 9

Capítulo 14 Brasil: potência agropecuária 174


Matérias-primas 175
A produçã o de alimentos 175
A questã o dos alimentos e da fome 176
A produçã o de biocombustíveis 177
A indú stria de equipamentos agrícolas 178
Informe: Como biocombustíveis poderiam afetar a segurança alimentar? 179
Atividades 180
Em análise: Interpretar mapas de uso do solo 182
Síntese da Unidade 184
Vestibular e Enem 185
Geografia, Biologia e Química: Transgênicos e biotecnologia 188
Projeto: Os impactos das atividades agropecuá rias 190

Borchi-Ana/Only World/Only France/AFP

Detalhe da maquete de Shangai, em Shangai (China). Foto de 2013.

Unidade 4 A representação do espaço produzido 192

Capítulo 15 Localização e orientação geográfica 194


Orientaçã o 195
Coordenadas geográ ficas 196
As coordenadas no globo e no planisfério 197
Infográfico: Parque do Solstício 198
Fusos horá rios 200
Mundo Hoje: O que é reló gio bioló gico? / É verdade que o horá rio de verã o atrapalha o
funcionamento do organismo? 202
Informe: A importâ ncia dos mapas 203
Atividades 204

Capítulo 16 Diferentes formas de representação do espaço 206


Informaçã o e representaçã o do espaço 207
A importâ ncia da cartografia 208
Projeçõ es cartográ ficas 209
As diferentes escalas 210
A cartografia de base 211
A cartografia temá tica 213
Construçã o e leitura de grá ficos 217
Informe: A ideologia dos mapas 219
Atividades 220

Capítulo 17 Novas tecnologias e suas aplicações 222


O sensoriamento remoto 223
As aerofotografias 224
Informe: Estrutura das imagens de sensoriamento remoto 226
O sistema de posicionamento global 227
Os sistemas de informaçã o geográ fica e geoprocessamento 228
Mundo Hoje: Cartografia tá til: mapas para deficientes visuais 229
Atividades 230
Em análise: Fazer um mapa temá tico 232
Síntese da Unidade 234
Vestibular e Enem 235
Geografia e Arte: As cores e seu uso em mapas 238

Referências bibliográficas 239

Siglas dos exames e das universidades 240


Pá gina 10

UNIDADE 1 A produção do espaço no capitalismo


NESTA UNIDADE
1 A formação do mundo capitalista
2 A DIT e as revoluções industriais
3 O papel do comércio mundial
4 A inserção do Brasil na economia mundial
5 Circulação e transportes

Após a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas


(URSS), em 1991, o capitalismo ampliou seu domínio e as economias
nacionais tornaram-se cada vez mais interdependentes.

Apesar do crescimento econômico e do aumento da utilização dos


sistemas de informação, as crises também tornaram-se mais intensas e
abrangentes. Em 2008, por exemplo, uma grave recessão econômica
iniciou-se nos Estados Unidos e se estendeu à maioria dos países do
mundo nos anos subsequentes.

A crise causou enorme crescimento do desemprego, em especial na


Europa, onde diversos países enfrentavam dificuldades financeiras, e
fez com que multidões fossem às ruas para protestar.

QUESTÕES PARA REFLETIR

1. Além do desemprego, que outros impactos as crises econô micas podem ter na
vida das pessoas?
2. Comente o papel das tecnologias na mobilizaçã o das populaçõ es.
Pá gina 11

Marco Aprile/Demotix/Corbis/Fotoarena

Em 2015, com cerca de 25% de sua populaçã o desempregada, a Grécia vivenciava um período de grave recessã o
econô mica, cujas origens sã o anteriores à crise mundial de 2008. Manifestaçã o popular em Atenas. Foto de 2015.
Pá gina 12

CAPÍTULO 1 A formação do mundo capitalista

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


O renascimento comercial e urbano.
As Grandes Navegaçõ es.
Desenvolvimento industrial e financeiro
Características do sistema capitalista.
A dificuldade de classificar os países

Royal Mail Group Ltd/The Postal Museum/Bridgeman Images/Easypix

Funcioná rias de um banco no início do século XX, em Londres, Reino Unido. Foto de 1934.
Paul Thomas/Bloomberg/Getty Images

Pessoas em terminal de autoatendimento bancá rio no início do século XXI, em Manchester, Reino Unido. Foto de
2015.

As atividades humanas agem sobre a natureza, transformando-a em espaço geográ fico. O espaço geográ fico é,
assim, o espaço produzido e organizado pelo trabalho humano, e nele ocorrem as relaçõ es sociais.

A capacidade de transformaçã o da natureza depende do desenvolvimento técnico de um grupo social. Para o


geó grafo Milton Santos, dá -se o nome de técnica a um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais
o ser humano realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaços. Nos ú ltimos séculos, o
desenvolvimento das técnicas tem se acelerado de maneira intensa, promovendo novos arranjos espaciais e a
formaçã o ou transformaçã o do espaço geográ fico.

Neste capítulo, veremos como o modo de produçã o capitalista, predominante no mundo atual, estruturou-se a
partir do desenvolvimento do comércio, da indú stria, dos transportes e das comunicaçõ es e desse modo
reconfigurou o espaço geográ fico.

Responda à s questõ es a seguir.

1. Você concorda com a afirmaçã o de que a capacidade de transformaçã o da natureza pela sociedade depende
de seu desenvolvimento técnico? Justifique.
2. Com um colega, levante hipó teses sobre as principais diferenças no sistema bancá rio nos dois períodos
representados pelas imagens acima.
Pá gina 13

O renascimento comercial e urbano

Durante o período feudal, a maior parte da populaçã o do continente europeu habitava as


á reas rurais. Nesse período, o comércio restringia-se aos bens que nã o eram produzidos nos
feudos, como sal, vinho e metais. Esse comércio era feito com a utilizaçã o de moedas e também
por meio de troca de mercadorias, prá tica chamada de escambo.

Período feudal: período entre os sé culos V e XV em que, na Europa, predominou um modo de organizaçã o político e social
baseado nas relaçõ es entre senhor feudal e servos. Os senhores feudais exerciam pleno poder em seus feudos (unidades
bá sicas de produçã o).

No sistema feudal, o poder era descentralizado. Havia reis, mas eles tinham pouca influência
sobre os senhores feudais, que exerciam o controle sobre seus domínios.

A partir do século XII, começaram a ser definidas as fronteiras nacionais na Europa Ocidental.
Esse processo esteve relacionado ao fortalecimento do poder dos reis, à delimitaçã o dos
territó rios e à consolidaçã o de organizaçõ es políticas centralizadas sob a forma de Estados.
Portugal, França, Inglaterra e Espanha foram os primeiros Estados Nacionais a serem
constituídos. Seus territó rios já eram muito semelhantes aos de hoje.

Na mesma época, foram adotadas na agricultura algumas inovaçõ es tecnoló gicas, entre elas a
charrua, arado de ferro mais eficiente que o de madeira. Essas inovaçõ es levaram à ampliaçã o
das á reas cultivadas e ao aumento da produtividade, possibilitando a produçã o de ex cedentes,
que passaram a ser comercializados.

As cidades da península Itá lica (Veneza, Gênova e Pisa), que se mantiveram como ativos
centros urbanos durante a Idade Média, graças ao comércio com o Oriente, intensificaram suas
atividades, e produtos como a seda e as especiarias passaram a ser largamente
comercializados.

O crescimento das cidades


O desenvolvimento do comércio entre os séculos XIII e XV impulsionou o crescimento de
diversas cidades, muitas das quais formadas durante o Império Romano. As localidades onde
se realizavam as feiras, na Idade Média, serviram, por sua vez, de polos de atraçã o e deram
origem a muitos centros urbanos.

Nas cidades em expansã o houve a formaçã o de um novo grupo social: a burguesia. Ricos
comerciantes, eles se tornaram o grupo dominante. Com os burgueses, o valor de venda passou
a ser superior ao custo do produto: era o surgimento do lucro, que propiciou um grande
acú mulo de riqueza pela burguesia. Iniciava-se, assim, a primeira fase do capitalismo – o
capitalismo comercial ou mercantil.

Burguesia: camada social formada na Europa, nos sé culos XII e XIII, e que se dedicava, sobretudo, ao comé rcio. Os
burgueses eram assim chamados porque moravam nos burgos, nome dado à s cidades e aos povoados da é poca.
Bridgeman Images/Easypix

Mercadores de frutas e grã os. Detalhe de pintura em papiro de Cristoforo de Predis, 1470. Dimensõ es nã o
disponíveis.

SAIBA MAIS

O nascimento do sistema bancário

À medida que o comércio crescia, alguns mercadores europeus se especializaram em operaçõ es


financeiras, e surgiram alguns tipos de papéis, como as letras de câ mbio, contratos escritos que
serviam como pagamento em uma transaçã o comercial. Com isso, os comerciantes nã o precisavam
mais levar dinheiro em suas viagens.

Um fator que fez os bancos crescerem foi a aceitaçã o pela Igreja da usura – a cobrança de juros em
casos de empréstimo.

Assista
O mercador de Veneza. Direçã o de Michael Radford, EUA, 2004, 138 min.
O filme, cuja histó ria se passa no sé culo XVI, é uma adaptaçã o da peça homô nima de Shakespeare.
Pá gina 14

As Grandes Navegações

Em um cená rio de efervescência comercial e urbana, os capitais se acumulavam nas mã os dos


burgueses. Outros acontecimentos contribuíram, por sua vez, para a expansã o do comércio na
Europa e em outros lugares do mundo.

Em termos geográ ficos, o reconhecimento da esfericidade da Terra significou uma grande


mudança pois, a partir de entã o, podia-se supor que, saindo da Europa e viajando sempre na
mesma direçã o, os navegadores dariam uma volta na Terra e retornariam ao lugar de origem, o
que estimulou a expansã o marítima.

As inovações tecnológicas e a cartografia


Em fins do século XIII, os europeus aperfeiçoaram suas cartas ná uticas, produzindo os
portulanos (ver abaixo), mapas que representavam sobretudo a costa dos continentes e que
traziam as rotas de viagem traçadas com linhas no pró prio mapa.

No século XIV, os á rabes levaram para a Europa vá rios instrumentos que utilizavam na
navegaçã o, como a bú ssola, o astrolá bio e o quadrante. Invençã o chinesa, a bússola, por
exemplo, permitia a definiçã o de rumos em alto-mar.

No século XV, os portugueses desenvolveram a caravela, embarcaçã o leve e á gil, com velas
triangulares, que possibilitava a navegaçã o sem vento a favor, uma grande conquista para a
época.

Em 1453, quando os turcos ocuparam Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), passaram a


dificultar a circulaçã o de navios pelo mar Mediterrâ neo, prejudicando o comércio entre a
Europa e o Oriente. Para garantir o suprimento de mercadorias para o continente, os europeus
procuraram descobrir novas rotas comerciais.

Os portugueses, com grande domínio das técnicas de navegaçã o, chegaram entã o à s ilhas dos
Açores, da Madeira e de Cabo Verde e alcançaram o sul da Á frica. Navegando pró ximo à costa
africana, foram estabelecendo vá rias feitorias no continente.

Feitoria: construçã o fortificada, em geral localizada na costa, para armazenamento dos bens da colô nia que seriam
embarcados em navios para serem comercializados na Europa.

Leia
África: terra, sociedades e conflitos, de Nelson Bacic Olic e Beatriz Canepa. Sã o Paulo: Moderna, 2004.
A obra traz informaçõ es sobre povos, etnias e tradiçõ es antigas do continente, além de descrever seu processo de
colonizaçã o.

No final do século XV, Cristó vã o Colombo, a serviço da Coroa espanhola, atingiu as Antilhas, na
América Central e, em 1500, uma esquadra portuguesa chegou à costa do atual territó rio
brasileiro. A posse e a ocupaçã o das novas terras representaram uma importante medida para
a consolidaçã o da política mercantilista.

Política mercantilista: política econô mica desenvolvida pelos estados nacionais europeus entre os sé culos XVI e XVIII,
segundo a qual a riqueza de um Estado deveria ser medida pela quantidade de metais preciosos que este possuía.
Assista
1492: a conquista do paraíso. Direçã o de Ridley Scott, EUA, 1992, 154 min.
O filme narra a viagem de Cristó vã o Colombo à Amé rica.

Era o início da colonizaçã o das terras que viriam a ser chamadas de Novo Mundo, processo
feito à base da exploraçã o dos recursos naturais das colô nias e do extermínio ou escravizaçã o
dos povos nativos.

A colonizaçã o organizou espaços de produçã o e definiu o papel das novas colô nias na
economia mundial.

Instituto Cultural Banco Santos. Fotografia: ID/BR

O extremo oriente do Mediterrâ neo e parte do mar Negro, em mapa do Atlas-portulano veneziano, do cartó grafo
francês Jean-François Roussin, 1673.
Pá gina 15

Desenvolvimento industrial e financeiro

A partir do século XVIII, o sistema de produçã o europeu passou por significativas


transformaçõ es. A Revoluçã o Industrial, processo de profundas inovaçõ es tecnoló gicas e de
intensas mudanças econô micas e sociais, teve início na Inglaterra, país europeu que obteve os
melhores resultados com as políticas mercantilistas.

A Revoluçã o Industrial deu novo impulso ao sistema capitalista, inaugurando a fase do


capitalismo industrial. A começar pela Inglaterra, esse sistema foi adotado pela maioria dos
países da Europa Ocidental e pelos Estados Unidos, estendendo-se para grande parte do
mundo nos séculos XIX e XX.

A expansã o do capitalismo foi realizada por meio da expansão imperialista, caracterizada


pelo domínio territorial das naçõ es economicamente mais fortes sobre outras. Nesse período,
os países europeus formaram ou ampliaram seus domínios na Á frica e na Á sia com o objetivo
de conseguir mais matérias-primas e novos mercados consumidores para as indú strias
europeias.

Expansão imperialista: neste contexto, designa o processo, iniciado no sé culo XIX e comandado sobretudo por países
europeus, de formaçã o ou ampliaçã o dos domínios coloniais na Á frica, na Á sia e na Amé rica.

No final do século XIX, nos países mais industrializados, teve início a formaçã o de monopólios:
grandes empresas passaram por um processo de fusã o com o objetivo de controlar o mercado.
Era o nascimento das multinacionais (ou transnacionais).

Monopólio: neste contexto, designa uma situaçã o específica de mercado em que uma empresa ou um pequeno nú mero de
empresas domina o mercado.

Novamente o sistema capitalista se reformulava. Os bancos e as instituiçõ es financeiras


assumiram um papel dominante, e as empresas abriram seu capital com a venda de açõ es nas
bolsas de valores. Dessa maneira, teve início a fase do capitalismo monopolista ou
financeiro, na qual vivemos ainda hoje.

Bolsa de valores: instituiçã o na qual se negociam papé is que representam uma parte do capital de empresas privadas e
estatais. Os papé is de empresas privadas sã o chamados de açõ es e os do governo denominam-se títulos.
Xinhua/Wu Xintao/Corbis/Fotoarena

A London Stock Exchange foi fundada em 1801 e, na atualidade, é a quarta maior bolsa de valores do mundo. À sua
frente, estã o a bolsa de Nova York, a Nasdaq (ambas nos Estados Unidos) e a bolsa de valores de Tó quio, no Japã o.
Foto de 2014.

Características do sistema capitalista

Alguns elementos estruturais estã o presentes no capitalismo, de modo geral, desde sua
origem:

• Predomínio da propriedade privada dos meios de produçã o, ou seja, terras, fá bricas, minas,
bancos, etc.

• Atividades econô micas desenvolvidas com o objetivo de obter lucro.

• Divisã o da sociedade em classes e principalmente a divisã o entre os capitalistas (donos dos


meios de produçã o) e os trabalhadores (que vendem sua força de trabalho para os
capitalistas). Essa divisã o em classes é fator de concentraçã o de renda, que se intensifica em
países menos desenvolvidos.

• Relaçõ es de trabalho com o predomínio do trabalho assalariado. Os que não sã o donos dos
meios de produçã o vendem sua força de trabalho em troca de salá rio.

• Crises cíclicas que ocorrem em determinados momentos histó ricos devido a fatores
relacionados à superproduçã o, à especulaçã o financeira ou a problemas políticos. Algumas
crises podem ser lembradas, como a do final do século XIX (1874), a do início do século XX
(1929) e a que se iniciou em 2008.

• Concentraçã o de capitais em determinados países, caracterizando-os como centrais


economicamente, intensificando a desigualdade nas relaçõ es entre tais países e os demais.

Assista
Capitalismo: uma história de amor.
Direçã o de Michael Moore, EUA, 2009, 127 min.
O documentá rio aborda criticamente o sistema econô mico nos Estados Unidos durante o período da crise econô mica de
2008.

Trabalho interno.
Direçã o de Charles Ferguson, EUA, 2010, 105 min.
O documentá rio mostra as origens da crise de 2008 e seus efeitos em países como Islâ ndia, França, China e Estados Unidos.
Pá gina 16

A dificuldade de classificar os países

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Conferência das Naçõ es Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Disponível em:
<http://unctadstat.unctad.org/EN/Classifications/DimCountries_DevelopmentStatus_Hierarchy.pdf> e
<http://unctadstat.unctad.org/EN/Classifications/DimCountries_EconomicsGroupings_Hierarchy.pdf>. Acessos em: 6 mar. 2016.

Apó s o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as diferenças socioeconô micas e


tecnoló gicas entre os países tornaram-se muito evidentes. Nesse momento, consolidava-se o
capitalismo financeiro e alguns países com maior desenvolvimento econô mico e tecnoló gico
passaram a exercer hegemonia sobre os demais.

Na segunda metade do século XX, cientistas, entre eles geó grafos, analisaram as
transformaçõ es do espaço geográ fico mundial e classificaram os países em desenvolvidos e
subdesenvolvidos.

Foram considerados desenvolvidos os países de economia industrializada, centrais nas


decisõ es políticas mundiais, e com boa qualidade de vida. Os países subdesenvolvidos eram
aqueles com fraca industrializaçã o, exportaçõ es com base em matérias-primas agrícolas ou
minerais e forte dependência tecnoló gica. Nesses países, a maioria da populaçã o apresentava
precá rias condiçõ es de vida.

No entanto, diversos fatores de ordem histó rica, política e econô mica modificaram essa
classificaçã o de países, principalmente em relaçã o aos considerados subdesenvolvidos. Entre
esses fatores, podemos citar, por exemplo, o processo de reestruturaçã o econô mica, política e
social vivenciado pelas antigas repú blicas soviéticas.

As economias capitalistas antes consideradas subdesenvolvidas e periféricas apresentam na


atualidade uma complexidade de cená rios, o que leva ao questionamento da classificaçã o
mencionada anteriormente. Como considerar, por exemplo, hoje em dia, o Brasil e o México
países de fraca industrializaçã o? Como classificar a China, considerada hoje a segunda maior
economia do mundo, um país subdesenvolvido?
Atualmente, de acordo com a Unctad (sigla, em inglês, para Conferência das Naçõ es Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento), os países poderiam ser organizados em economias
desenvolvidas, em transição e em desenvolvimento (veja o mapa acima).

De acordo com a Unctad, os países que concentram os maiores volumes de capital e nos quais a
maior parte da populaçã o tem boas condiçõ es de vida, como os Estados Unidos, o Japã o e
vá rios países da Europa Ocidental, sã o classificados como economias desenvolvidas (países
ricos). Os países da ex-URSS configuram economias em transição, em razã o do processo de
reestruturação que enfrentam. Já os países antes considerados subdesenvolvidos compõ em o
grupo das economias em desenvolvimento, dentro do qual há realidades bastante distintas.
Há economias muito frá geis e com baixos índices de desenvolvimento humano (como as do
Haiti, da Nigéria e do Afeganistã o) e outras em crescimento e com industrializaçã o importante,
mas ainda com graves problemas sociais (como as do México, da China e do Brasil), chamadas
de economias ou mercados emergentes. A Unctad também considera emergentes alguns
países em transiçã o, como a Rú ssia, por exemplo.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): medida utilizada pela Organizaçã o das Naçõ es Unidas para indicar as
condiçõ es de vida da populaçã o de um país. O cá lculo é feito a partir de dados de expectativa de vida, grau de escolaridade e
renda per capita.

CONEXÃO

A redução da pobreza no Brasil

Em 2000, a Organizaçã o das Naçõ es Unidas (ONU), com o apoio de 189 naçõ es, estipulou oito metas
conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Até 2015, os países
participantes do grupo se comprometeram, por exemplo, a reduzir a pobreza extrema em seus
territó rios à metade dos níveis mundiais de 1990.

Para os ODM, sã o pessoas extremamente pobres aquelas que vivem com menos de 1,25 dó lar por
dia. Em 1990, 25,5% da populaçã o brasileira vivia nessas condiçõ es. Já em 2012, o Brasil reduziu
essa porcentagem para 3,5%. Essa expressiva mudança deve-se em grande parte ao crescimento
econô mico e a políticas de transferência de renda ocorridos no país.

1. Em grupo, relacione essa expressiva reduçã o da pobreza extrema no Brasil à classificaçã o do país
como uma economia em desenvolvimento.
Pá gina 17

Informe
A ocupação colonial na África
[…] A Á frica só começou a ser ocupada pelas potências europeias exatamente quando a
América se tornou independente, quando o antigo sistema colonial ruiu, dando lugar a outras
formas de enriquecimento e desenvolvimento das economias mais dinâ micas, que se
industrializavam e ampliavam seus mercados consumidores. Nesse momento foi criado um
novo tipo de colonialismo, implantado na Á frica a partir do final do século XIX, depois da
Conferência de Berlim, que em 1885 dividiu o continente africano entre Portugal, Espanha,
Inglaterra, França, Alemanha, Itá lia e Bélgica [ver mapa ao lado].

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Philip’ s atlas of world history – concise edition. 2. ed. London: Philip’ s, 2007. p. 206.

A divisã o, contudo, nã o foi feita de uma só vez. Se pensarmos em termos amplos, em tempos
longos, em processos que passaram por muitas etapas, a ocupaçã o da Á frica por alguns países
europeus teve as sementes lançadas desde o início do comércio atlâ ntico. Os acordos
diplomá ticos entre os países que participaram da Conferência e decidiram nas mesas de
negociaçã o europeias quem ficaria com que á reas estabeleceram que estas seriam definidas
pelos pontos de ocupaçã o já existentes na vasta costa africana. Assim, foi a partir desses
pontos, nos quais atuavam há séculos, que os países europeus começaram a tomar conta do
continente.

Além das relaçõ es diplomá ticas e comerciais que existiam entre chefes e comerciantes
africanos e os europeus desde o século XVI, outros fatores foram decisivos na ocupaçã o
colonial do continente africano. O primeiro deles foi a exploraçã o do seu interior pelos
europeus, que conheciam bem a costa, mas quase nada além dela. Os mapas anteriores ao
século XIX mostram a geografia imaginá ria que eles construíram, feita de relatos fragmentados
e de induçõ es a partir do que conheciam na costa. O aumento de interesse pelas matérias-
primas que o continente poderia oferecer para alimentar as novas necessidades das indú strias
levou os empresá rios da época de olho nos recursos naturais a investir em expediçõ es de
exploraçã o que uniam seus interesses à curiosidade de alguns cientistas e aventureiros.

Os percursos dos principais rios da Á frica, como o Nilo, o Senegal, o Níger e o Congo, só foram
revelados aos europeus no século XIX, depois de vá rias expediçõ es de exploraçã o. Na maior
parte das vezes elas eram bancadas por sociedades de geografia sediadas em Londres, Lisboa e
Paris e a partir das quais se buscava ampliar o conhecimento sobre as regiõ es até entã o
desconhecidas dos homens do Ocidente. Nessa época o exotismo, ou seja, a maneira de viver e
as expressõ es de outras culturas, era valorizado na Europa, onde os estudiosos criavam
museus para abrigar objetos que exploradores e conquistadores coletavam em terras
longínquas.

Além do interesse por matérias-primas e mercados, do maior conhecimento do interior do


continente e suas rotas de penetraçã o, da descoberta de que o quinino ajudava na cura da
malá ria, um fator decisivo para a ocupaçã o da Á frica foi a invençã o do rifle. [...] Esse conjunto
de fatores pouco a pouco venceu a resistência africana, e os exércitos europeus abriram
caminho à força para a penetraçã o dos comerciantes e dos administradores coloniais, agentes
de poderes distantes que iam subjugando as sociedades locais e impondo a sua dominaçã o. [...]

MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano. Sã o Paulo: Á tica, 2007. p. 153-155.

PARA DISCUTIR

1. Quais fatores levaram à partilha da Á frica?

2. Além da conquista pelas armas, os colonizadores utilizaram-se da estratégia de ensinar a


sua língua e a religiã o cristã aos africanos. O que se pretendia com isso? Explique.
Pá gina 18

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Qual é a relaçã o entre o desenvolvimento técnico e a transformaçã o da natureza?

2. O que é espaço geográ fico?

3. Que fatores e inovaçõ es tecnoló gicas favoreceram a expansã o marítima dos europeus?

4. De que forma a exploraçã o das colô nias esteve relacionada ao desenvolvimento do


capitalismo?

5. O que caracteriza a fase do capitalismo financeiro?

6. Selecione e explique duas características do sistema capitalista.

7. Como estã o divididas as classes sociais no sistema capitalista?

8. Quais sã o as principais características das chamadas economias desenvolvidas?

9. Por que quase todas as antigas economias socialistas podem ser classificadas atualmente
como economias em transiçã o?

Lendo mapas e tabelas

10. Observe os dois mapas a seguir. Eles representam o mundo conhecido pelos europeus,
respectivamente, por volta de 1450 e 1550. Com um colega, comparem os mapas e discutam
sobre as causas de sua ampliaçã o.
Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: BENDJEBBAR, André; BESNIER, Martine. Multilivre. Paris: Hachette, 1996. p. 53.

11. Compare o mapa abaixo com o da pá gina 16 e responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 32.

a) Que conjunto formam os países destacados?

b) Quais sã o as características comuns a esses países?

c) Dê um título ao mapa.

12. Analise a tabela e responda à s questõ es.

IDH dos 10 maiores PIBs mundiais (2014)


País PIB (bilhões de dólares) IDH
Estados Unidos 17 419 0,915 (Desenvolvimento humano muito
elevado)
China 10 354 0,727 (Desenvolvimento humano elevado)
Japã o 4 601 0,891 (Desenvolvimento humano muito
elevado)
Alemanha 3 868 0,916 (Desenvolvimento humano muito
elevado)
Reino Unido 2 988 0,907 (Desenvolvimento humano muito
elevado)
França 2 829 0,888 (Desenvolvimento humano muito
elevado)
Brasil 2 346 0,755 (Desenvolvimento humano elevado)
Itá lia 2 141 0,873 (Desenvolvimento humano muito
elevado)
Índia 2 048 0,609 (Desenvolvimento humano médio)
Rú ssia 1 860 0,798 (Desenvolvimento humano elevado)

Fontes de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD/countries/1W-IN?


display=default>; Pnud. Relatório do Desenvolvimento Humano 2015. Disponível em:
<http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr_2015_report_pt.pdf>. Acessos em: 8 abr. 2016.

a) Classifique os países de acordo com a proposta apresentada na pá gina 16.


Pá gina 19

b) Comparando o PIB e o IDH de cada país, reflita por que a riqueza econô mica nã o significa
necessariamente desenvolvimento humano muito elevado.

Interpretando textos e imagens

13. Compare as duas fotografias da Ponte Boa Vista em Recife e comente os fatores que
diferenciam a organizaçã o do espaço geo grá fico retratado.

Coleçã o Dona Thereza Christina Maria/Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ/ID/BR

Foto de 1885.

Bobby Fabisak/JCImagem/Folhapress

Foto de 2013.

14. Observe a charge. É possível estabelecer alguma relaçã o entre essa imagem e o conteú do
do capítulo? Justifique sua resposta.

Fonte: Historical and descriptive account of the caricatures of James Gillray. London: H. Humphrey, 1805. p. 240. Fotografia: ID/BR
No século XVIII, o primeiro-ministro britâ nico William Pitt e Napoleã o “repartem” o mundo no contexto do bloqueio
continental, em que Napoleã o impede que as naçõ es europeias sob seu domínio comercializem com a Inglaterra, que
reparte as terras a oeste do oceano Atlâ ntico.

15. Analise, na paisagem retratada a seguir, a relaçã o entre técnica e transformaçã o da


natureza.

Alexandr Kryazhev/RIA Novosti/AFP

Abertura de estrada em Novosibirsk, Rú ssia. Foto de 2015.

16. Leia o texto a seguir e responda à s questõ es.

A Europa entra em seu sétimo ano de crise e, se o Produto Interno Bruto (PIB) deixou de sofrer uma
forte contraçã o, o continente substituiu a recessã o por uma longa estagnaçã o, sem data para
terminar. No ritmo atual, as pró prias projeçõ es da Uniã o Europeia indicam que o bloco apenas
voltará a ter os índices econô micos de 2007 em 2020.

Em sete anos, o que era uma crise dos bancos virou uma crise social, com políticas de austeridade
tendo um impacto profundo numa sociedade que há décadas nã o sabia o que era uma crise.

Com as projeçõ es de que a estagnaçã o vai continuar, o que se observa é um novo rosto da Europa,
redefinida ao longo dos anos pela crise. [...]

Para a Unicef, as famílias europeias deram “um grande salto para trá s” desde 2008. Hoje, a renda
média das famílias no Reino Unido regrediu em seis anos. Na Grécia, as famílias voltaram ao que
ganhavam há 14 anos. Na Espanha e na Irlanda, a perda foi de dez anos, contra oito na Itá lia.

[…]

CHADE, Jamil. Crise na Europa entra no sétimo ano. O Estado de S. Paulo, 4 jan. 2015. Disponível em:
<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,crise-na-europa-entra-no-setimo-ano-imp-,1615208>. Acesso em: 25 set. 2015.

a) Como explicar a evoluçã o da “crise dos bancos” para “crise social”?

b) Como é possível interpretar a afirmaçã o “as famílias europeias deram ‘um grande salto para
trá s’”?
Pá gina 20

CAPÍTULO 2 A DIT e as revoluções industriais

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Divisã o Internacional do Trabalho.
Organizaçã o do espaço mundial.
A Primeira, a Segunda e a Terceira Revoluçã o Industrial.

Atualmente, existe um sistema de relaçõ es de produçã o e de comércio que envolve o mundo, constituindo uma
economia mundial. Nessa integraçã o econô mica, verifica-se que os países desempenham papéis distintos
nessas relaçõ es de produçã o e comércio, participando de uma Divisã o Internacional do Trabalho (DIT). A
ocorrência da DIT está relacionada tanto ao grau de desenvolvimento das forças produtivas e dos diferentes
níveis da estrutura econô mica entre os países quanto à diversidade do meio natural, à histó ria e à s condiçõ es
sociais de cada país.

Força produtiva: conjunto dos meios de produçã o, ou seja, ferramentas, instrumentos e má quinas utilizados na produçã o,
terras e os pró prios trabalhadores.

A DIT marcou a organizaçã o do espaço sob o capitalismo. Na atualidade, as economias desenvolvidas exercem
poder sobre as economias em desenvolvimento, ainda que vá rias destas tenham vivenciado um processo de
industrializaçã o. Em muitos países em desenvolvimento, por exemplo, a economia está fundamentada
fortemente na atividade agrícola. O preço dos produtos agrícolas — e também de outros produtos primá rios,
como os minérios — é em geral muito mais baixo que o preço dos produtos industrializados. Com isso, esses
países se inserem na DIT em condiçõ es de grande desvantagem.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. Sã o Paulo: Moderna, 2013. p. 53.

Analise o mapa acima e responda.

1. O que significa dizer que há países que se inserem na DIT em condiçõ es de grande desvantagem?
2. Elabore hipó teses sobre o papel dos países do continente africano na DIT.
Pá gina 21

A DIT e a organização do espaço mundial

Podemos identificar quatro momentos centrais em relaçã o à Divisã o Internacional do Trabalho


e à organizaçã o do espaço mundial.

Na Primeira Revolução Industrial, o papel principal das colô nias era o de fornecedor de
matérias-primas e consumidor dos produtos industrializados.

A Segunda Revolução Industrial marcou uma redivisã o do mundo, pois novas potências se
formaram (como a Alemanha e os Estados Unidos) e passaram a partilhar o mundo colonial. Os
demais países tornaram-se á rea para a exportaçã o de capitais e atuaçã o dos monopó lios das
novas potências. Situaçã o essa que favoreceu o desenvolvimento da industrializaçã o em alguns
desses países, como o Brasil e a Argentina.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a formaçã o do bloco socialista, novos interesses
geopolíticos passaram a prevalecer no conflito entre o capitalismo e o socialismo,
expressando-se sob a forma de ajuda (empréstimos, investimentos, melhores condiçõ es para o
comércio) dos Estados Unidos e da Uniã o Soviética aos países de seu bloco. Os investimentos
criaram condiçõ es para a industrializaçã o desses países.

Bloco socialista: conjunto de países que adotaram o sistema socialista e que estavam reunidos sob a liderança da Uniã o
Sovié tica apó s a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A Terceira Revolução Industrial transformou a DIT ao fazer com que as economias


desenvolvidas se tornassem fornecedoras de tecnologia, ao passo que algumas economias em
desenvolvimento continuaram a ser fornecedoras de produtos primá rios e outras passaram a
ser fornecedoras de matérias-primas e de produtos industrializados intensivos em mã o de
obra.

Assim, a DIT não é inalterá vel: ela se modifica de acordo com a conjuntura internacional. As
crises do capitalismo e fatores econô micos, políticos e sociais internos em cada país levam a
reestruturaçõ es econô micas que geram novas organizaçõ es espaciais.

SAIBA MAIS

Convivência de contrastes

Até o início do século XX, o Brasil era fundamentalmente exportador de produtos agrícolas. Com a
aceleraçã o da industrializaçã o, principalmente apó s 1930, os produtos industrializados passaram a
ocupar uma parte importante de suas exportaçõ es. O país também começou a produzir tecnologia
de ponta em alguns setores, como no petrolífero. Hoje em dia, coexis tem no país alguns ramos
desenvolvidos, característicos da Terceira Revoluçã o Industrial (como o da informá tica e o da
biotecnologia), e outros tecnicamente muito atrasados (alguns setores da agricultura e da
indú stria).

Biotecnologia: processo científico e té cnico desenvolvido por meio da utilizaçã o de agentes bioló gicos, como cé lulas e
microrganismos, para o estudo de plantas ou animais. A biotecnologia também pode ser usada na produçã o de sementes
melhoradas e na manipulaçã o do material gené tico.
Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Em 2014, o Brasil foi o maior país exportador de soja do mundo. Outros produtos agrícolas de exportaçã o brasileiros
sã o o café e a cana-de açú car. Apesar de o país ser o quarto maior exportador de alimentos do mundo, a participaçã o
da agricultura no PIB brasileiro foi de apenas cerca de 23% nesse mesmo ano. Colheita de soja em Rio Verde (GO).
Foto de 2015.
Pá gina 22

A Primeira Revolução Industrial

A Primeira Revoluçã o Industrial foi um processo de transformaçõ es técnicas, econô micas e


sociais ocorrido entre o final do século XVIII e o início do século XIX. Esse processo esteve
marcado pela descoberta do uso do vapor como fonte de energia, pelo estabelecimento de uma
divisã o do trabalho na produçã o de bens e pelo aumento da produtividade.

As condiçõ es iniciais para a Primeira Revoluçã o Industrial foram criadas pelas Grandes
Navegaçõ es e pelo gigantesco incremento do comércio, que formaram um mercado mundial. A
Inglaterra assumiu a liderança desse processo, em grande parte devido aos capitais
acumulados na fase do capitalismo comercial e ao fato de contar com importantes reservas de
minério de ferro (usado sobretudo na construçã o de má quinas) e de carvã o. O setor industrial
que mais contribuiu para o crescimento da economia inglesa foi o têxtil, tendo a Inglaterra
começado a produzir tecidos mais baratos e a exportá -los principalmente para as colô nias.
Outros países que se industrializaram, como o entã o Reino dos Países Baixos (Holanda), a
França e a Bélgica, levaram outras regiõ es do mundo a se articular de acordo com seus
interesses, tanto para a produçã o como para o consumo.

Leia
Germinal, de É mile Zola. Sã o Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Publicado em 1881, o romance mostra o trabalho de operá rios em minas de carvã o no interior da França durante a Primeira
Revoluçã o Industrial.

Apesar de a indú stria britâ nica ser a melhor do mundo, foram as relaçõ es coloniais e a
possibilidade de exportaçã o em condiçõ es vantajosas dos tecidos manufaturados que
garantiram a superioridade da Inglaterra nessa primeira fase da Revoluçã o Industrial.

De forma geral, vá rias características marcaram a Primeira Revoluçã o Industrial:

• A produçã o passou a ser realizada em grandes unidades fabris, com o predomínio de uma
intensa divisã o do trabalho. Isso criou condiçõ es para a diminuiçã o de preços e a expansã o do
mercado.

• Houve uma separação entre o capital e o trabalho. Na pequena produçã o mercantil, as


formas artesanais da manufatura eram dominantes, e o produtor, o comerciante e o
proprietá rio dos meios de produçã o eram a mesma pessoa. Na estrutura industrial, o
trabalhador já nã o é possuidor dos meios de produçã o, sendo obrigado a vender a sua força de
trabalho. Essa é a principal característica do modo de produção capitalista.

Assista
Os miseráveis. Direçã o de Bille August, EUA, 1998, 134 min.
Baseado no livro homô nimo de Victor Hugo, o filme conta a histó ria de Jean Valjean, um desempregado que, apó s ser
condenado à prisã o por ter roubado um pã o, é perseguido por um policial e pela sociedade francesa do sé culo XIX.

• Em busca de melhores condiçõ es de trabalho e vida, os trabalhadores se uniram em


sindicatos, dando origem ao que hoje se conhece como movimento sindical.

Movimento sindical: movimento de trabalhadores em torno da luta por melhores condiçõ es de trabalho e de salá rios e pela
manutençã o de seus empregos. Os sindicatos reú nem trabalhadores de uma mesma categoria.
• Houve enorme concentraçã o da produçã o industrial em centros urbanos. Na Grã -Bretanha,
surgiram grandes cidades industriais, como Lancashire, Manchester, Birmingham e Glasgow,
entre outras.

• As inovaçõ es técnicas eram rapidamente aplicadas a problemas prá ticos e logo absorvidas
pelos empresá rios.

GEOGRAFIA E ARTE

Revolução Industrial e degradação ambiental

Durante a Primeira Revoluçã o Industrial, diversos rios tornaram-se local de despejo dos resíduos, e
as chaminés das fábricas passaram a lançar substâncias altamente tó xicas no ar. A degradaçã o
ambiental foi representada por vá rios pintores da época.

1. Paul Sandby pertenceu a um grupo de pintores que, no final do século XVIII e início do XIX,
começou a produzir representaçõ es realistas da paisagem. Que características tem a paisagem
representada por Sandby?

2. As á reas industriais de hoje assemelham-se à á rea industrial da pintura? Explique.

Coleçã o particular. Fotografia: The Bridgeman Art Library/Easypix

Paul Sandby Munn. Bedlam Furnace, Madeley Dale, Shropshire, de 1803. Aquarela sobre papel, 32,5 cm × 54,8 cm.
Pá gina 23

AÇÃO E CIDADANIA

Mulheres nas fábricas e na política

Durante a Revoluçã o Industrial, a oportunidade de trabalho nas fá bricas, que empregavam cada vez
mais mulheres, ocasionou também o crescimento do movimento feminista.

As feministas lutavam pela igualdade de direitos entre mulheres e homens em todas as esferas da
vida. Defendiam o direito feminino ao voto, a equiparaçã o dos salá rios e o fim da violência entre os
gêneros, além de outras reivindicaçõ es.

1. Discuta com os colegas como está a igualdade de direitos entre homens e mulheres nos dias de
hoje. Que mudanças ainda precisam ser conquistadas?

A Segunda Revolução Industrial

Apó s o intenso crescimento da produçã o ocorrido com a Primeira Revoluçã o Industrial, o


capitalismo inglês passou por uma crise em meados do século XIX. Com o objetivo de retomar a
lucratividade, as empresas e o governo inglês investiram no desenvolvimento dos meios de
transporte e na expansã o geográ fica da indú stria para outros países.

No final do século XIX, diante de nova crise, as empresas procuraram criar tecnologias que
gerassem maiores lucros, ocasionando a Segunda Revoluçã o Industrial.

Os países que lideraram esse processo foram a Alemanha e os Estados Unidos. A Alemanha deu
início à incorporaçã o da ciência à empresa capitalista, em grande parte devido ao alto grau de
desenvolvimento científico do país e à necessidade de superar internamente o atraso do
capitalismo. Durante a Segunda Revoluçã o Industrial, o país foi pioneiro na transformaçã o da
química em um ramo industrial de grande importâ ncia, com efeitos sobre o processo de
produçã o de outros ramos industriais.

Nos Estados Unidos, as inovaçõ es estiveram mais relacionadas à técnica, à prá tica dos
inventores. Destacaram-se avanços em quatro campos fundamentais: eletricidade, aço,
petróleo e motor à explosão.

Algumas inovaçõ es técnicas marcaram época e foram responsá veis por grande parte do
dinamismo do sistema capitalista da época, caso da indú stria automobilística.

O grande desenvolvimento da indú stria esteve associado à criaçã o de empresas cada vez
maiores: trustes, cartéis e holdings conquistaram enorme superioridade em relaçã o aos
concorrentes.

Cartel: grupo de empresas que, com objetivos comerciais ou políticos, combinam preços e estraté gias de mercado visando
eliminar a concorrê ncia e impedir que novas empresas entrem no setor.

Holding: empresa criada para administrar um grupo de empresas com o objetivo de otimizar os processos, reduzir os custos
e coordenar açõ es e estraté gias de mercado.

Truste: grupo de empresas que se fundem para dominar o mercado e controlar a concorrê ncia, elevando o preço de seus
produtos.
O papel dos bancos e das bolsas de valores tornou-se central na economia, possibilitando a
fusã o entre o capital bancá rio (dinheiro de depó sitos, aplicaçõ es, etc.) e o capital industrial
(má quinas, prédios, etc.).

Foi também nesse período que as exportaçõ es de capital adquiriram uma importâ ncia central
na economia, diferentemente do ocorrido durante a Primeira Revoluçã o Industrial, quando as
exportaçõ es de mercadorias eram mais importantes.

As grandes empresas monopolistas associadas aos Estados modernos dividiram o mundo


entre si e transformaram a partilha colonial em uma estratégia de avanço do capitalismo e da
lucratividade das empresas. Essa política expansionista ficou conhecida comoimperialismo e
foi um dos principais motivos da ocorrência da Primeira Guerra Mundial.

GEOGRAFIA E TECNOLOGIA

A contribuição da locomotiva a vapor

A locomotiva a vapor, desenvolvida no início do século XIX, trouxe amplas oportunidades de


investimentos para o capital inglês. A Inglaterra passou a construir ferrovias em vá rias partes do
mundo. Os avanços tecnoló gicos da Segunda Revoluçã o Industrial tornaram as locomotivas mais
velozes e, no século XX, o carvã o foi substituído pelo diesel e pela eletricidade.

1. Comente com os colegas outros avanços tecnoló gicos ocorridos no setor dos transportes durante
a Segunda Revoluçã o Industrial. Reflitam sobre as consequências desse desenvolvimento.

The Granger Collection/Glow Images

Locomotiva a vapor nos Estados Unidos. Foto de 1862.


Pá gina 24

A Terceira Revolução Industrial

A Terceira Revoluçã o Industrial também ficou conhecida como Revolução Técnico-científica


e ocorreu na segunda metade do século XX, apó s o término da Segunda Guerra Mundial.
Diversas inovaçõ es tecnoló gicas marcaram esse período, principalmente nos setores
farmacêutico e químico, aéreo (surgimento do aviã o a jato) e no ramo da comunicaçã o e da
informaçã o (invençã o do computador e da internet). As inovaçõ es na agricultura –
fertilizantes, defensivos e má quinas agrícolas – também marcaram esse período, tendo sido
introduzidas em vá rias partes do globo.

No pó s-Segunda Guerra, consolidou-se também o modelo fordista de produçã o, caracterizado


pela fabricaçã o de produtos em grande quantidade e pelo incentivo ao consumo.

Fordista: termo relacionado à forma de organizaçã o do trabalho em uma fá brica proposta por Henry Ford (1863-1947).
Mais tarde, tornou-se sinô nimo de produçã o em massa (voltada para o consumo em massa).

Na América Latina, a instalaçã o das empresas multinacionais marcou um período de


desenvolvimentismo, fundamental para a entrada de alguns países (como o Brasil e a
Argentina) em uma nova DIT.

Desenvolvimentismo: política econô mica de promoçã o do desenvolvimento a partir do crescimento da produçã o industrial
e da infraestrutura por meio da participaçã o ativa do Estado.

Na década de 1970 (marcada pelos choques do petró leo de 1973 e 1979), o Japã o adquiriu
grande relevâ ncia no cená rio internacional, e o capitalismo industrial expandiu-se
geograficamente em direçã o ao Oriente. Com essa expansã o, Hong Kong, Coreia do Sul,
Cingapura e Taiwan vivenciaram intenso crescimento econô mico e formaram os Tigres
Asiáticos. No Japã o dessa época, teve origem um novo modelo de produçã o: o toyotismo.

Toyotismo: forma de organizaçã o de produçã o implantada na fá brica Toyota, apó s a Segunda Guerra Mundial, e baseada na
produçã o em pequenos lotes, feita de acordo com a demanda. Nesse sistema, cada trabalhador desempenha vá rias funçõ es,
ou seja, é versá til.

Assista
Roger e eu. Direçã o de Michael Moore, EUA, 1989, 91 min.
O documentá rio mostra a mudança de fá bricas de uma grande montadora de uma cidade dos EUA para o Mé xico,
provocando grande desemprego e crise social.

Os dias de hoje
A Terceira Revoluçã o Industrial permanece até os dias de hoje. Algumas de suas principais
características sã o:

• Desenvolvimento e uso crescente da tecnologia na produçã o com o objetivo de tornar o


trabalho mais produtivo, aumentar o rendimento das colheitas e da produçã o industrial e
tornar o setor de serviços mais eficiente. Destaca-se o desenvolvimento da robó tica, das
tecnologias de comunicaçã o e informaçã o, da biotecnologia e da química fina.

• Intensificaçã o da globalizaçã o, com a ampliaçã o do comércio internacional e do mercado


financeiro e a intensificaçã o de trocas sociais e culturais entre as populaçõ es.
• Distribuiçã o desigual da tecnologia no espaço geográ fico mundial: nos países que se inserem
de forma submissa na DIT, a tecnologia gera mais desigualdades internas e externas.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/GB.XPD.RSDV.GD.ZS?display=default>.


Acesso em: 5 out. 2015.

É grande a desigualdade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que sã o fundamentais para a produçã o de


novas tecnologias. Nos países desenvolvidos, os investimentos sã o maiores e isso gera melhores condiçõ es para a
inovaçã o. Percebe-se que o Brasil se destaca entre os países em desenvolvimento.
Pá gina 25

Informe
As condições de trabalho e os trabalhadores na
Primeira e na Segunda Revolução Industrial
[…] A manufatura de fó sforos data de 1833, quando se inventou o processo de aplicar o fó sforo
ao pró prio palito. Desde 1845 desenvolveu-se rapidamente na Inglaterra, espalhando-se das
zonas mais populosas de Londres nomeadamente para Manchester, Birmingham, Liverpool,
Bristol, Norwich, Newcastle e Glasgow, e junto com ela o trismo, que, segundo a descoberta de
um médico de Viena já em 1845, é doença peculiar dos produtores de fó sforos. A metade dos
trabalhadores sã o crianças com menos de 13 anos e jovens com menos de 18. A manufatura é
tão mal-afamada, por ser insalubre e repugnante, que somente a parte mais degradada da
classe trabalhadora, viú vas famintas, entre outras, cede-lhe crianças, “crianças esfarrapadas,
meio famintas, totalmente desamparadas e não educadas”. Das testemunhas inquiridas […]
270 tinham menos de 18 anos, quarenta menos de 10 [anos], 10 apenas 8 [anos] e 5 apenas 6
[anos]. A jornada de trabalho variava entre 12, 14 e 15 horas, com trabalho noturno, refeiçõ es
irregulares, em regra no pró prio local de trabalho, empestado pelo fó sforo. Dante [poeta
florentino, um dos precursores do Renascimento e autor de A divina comédia, obra concluída
em 1321] sentiria nessa manufatura suas fantasias mais cruéis sobre o inferno ultrapassadas.

[…]

Nas ú ltimas semanas de junho de 1863, todos os jornais de Londres trouxeram um pará grafo
com o título “Sensational: Death from simple Overwork” (morte por simples sobretrabalho).
Trata-se da morte da modista Mary Anne Walkley, de 20 anos, que trabalhava em uma
manufatura de modas muito respeitá vel, fornecedora da Corte, explorada por uma dama com o
agradá vel nome de Elise. A velha histó ria, tantas vezes contada, foi de novo agora descoberta,
de que essas moças trabalham em média 16 1/2 horas, porém durante a temporada
frequentemente 30 horas sem interrupçã o, sendo reanimadas por meio de oferta oportuna […]
vinho […] ou café, quando sua “força de trabalho” fraqueja. Estava-se entã o no ponto alto da
temporada. Era necessá rio concluir, num abrir e fechar de olhos, como num passe de má gica,
os vestidos de luxo das nobres ladies para o baile em homenagem à recé m-importada princesa
do país de Gales. Mary Anne Walkley tinha trabalhado 26 1/2 horas ininterruptas, juntamente
com 60 outras moças, cada 30 num quarto, cuja capacidade cú bica mal chegava para conter
1/3 do ar necessá rio, enquanto à noite partilhavam, duas a duas, uma cama num dos buracos
sufocantes em que se subdivide um quarto de dormir, por meio de paredes de tá buas. […]

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Sã o Paulo: Nova Cultural, 1996. v. 1. Livro primeiro. t. 1. p. 360-361; 368 (Coleçã o
Os Economistas).
Biblioteca Britânica. Fotografia: Kharbine-Tapabor

Crianças e mulher trabalhando nas minas de carvã o na Inglaterra. Gravura de artista francês desconhecido, 1843.

PARA DISCUTIR

1. Os dois excertos acima, da obra O capital, de Karl Marx, tratam das condiçõ es de trabalho no
período entre a Primeira Revoluçã o Industrial e a Segunda Revoluçã o Industrial. Descreva
quais eram essas condiçõ es.

2. Podemos dizer que essas condiçõ es mudaram nos dias de hoje? Converse com os colegas a
respeito desse tema.
Pá gina 26

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. O que é a Divisã o Internacional do Trabalho? Quais sã o as condiçõ es necessá rias para que
ela exista?

2. Qual é a característica fundamental da Primeira Revoluçã o Industrial?

3. Qual é a característica mais marcante da Segunda Revoluçã o Industrial? No que ela se


diferencia da Primeira?

4. Que países lideraram a Segunda Revoluçã o Industrial?

5. O que foi o imperialismo?

6. Como podemos caracterizar a Terceira Revoluçã o Industrial?

7. Em linhas gerais, qual é o papel do Brasil na atual DIT?

Lendo mapas, gráficos e tabelas

8. Analise o mapa e o grá fico abaixo e responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/IT.NET.USER.P2/countries?


display=default>. Acesso em: 5 out. 2015.
Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Internet World Stats. Disponível em: <http://www.internetworldstats.com/stats7.htm>. Acesso em: 5 out. 2015.

a) Considerando a classificaçã o de países em economias desenvolvidas, em transiçã o e em


desenvolvimento, a que grupo pertencem os países com menor proporçã o de usuá rios da
internet?

b) Quais sã o as línguas predominantes na internet? Levante hipó teses para explicar sua
resposta.

c) O nú mero de pessoas com acesso à internet no Brasil é considerado significativo? Em sua


opiniã o, como isso pode ser explicado?
Pá gina 27

9. Analise a tabela abaixo e faça o que se pede.

Investimentos em produção de tecnologia, em países selecionados (2012)


Países Receitas de royalties* (em Despesas com pesquisa (% do
milhões de dólares) PIB)
EUA 124 439 2,79
Reino Unido 15 415 1,72
França 12 746 2,26
Alemanha 10 261 2,92
Itália 4 100 1,27
Canadá 3 993 1,73
Israel 1 056 3,93
China 1 044 1,98
Rússia 64 1,12
Colômbia 89 0,17

* Os royalties são os valores recebidos por quem detém os direitos sobre uma inovaçã o tecnoló gica, um invento, um
novo processo, etc. Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator?display=default>.
Acesso em: 5 out. 2015.

a) Quais sã o os três países que apresentam os maiores valores de receitas correspondentes ao


recebimento de royalties?

b) Que conclusõ es podem ser tiradas a respeito da desigualdade existente entre os países na
produçã o de tecnologia? Escreva uma síntese das suas ideias no caderno.

Interpretando textos e imagens

10. Leia o trecho abaixo e responda à s questõ es.

As relaçõ es sociais estã o estreitamente ligadas à s forças produtivas. Ao adquirir novas forças
produtivas, os homens modificam seu modo de produçã o e, ao modificar seu modo de produçã o, ao
modificar a forma de ganhar seu sustento, modificam todas as suas relaçõ es sociais.

MARX, Karl. A miséria da filosofia. Apud ROSENBERG, Nathan. Por dentro da caixa-preta: tecnologia e economia. Campinas: Ed. da
Unicamp, 2006. p. 70.

a) Quais foram as principais modificaçõ es nas relaçõ es sociais que puderam ser observadas
devido ao desenvolvimento das forças produtivas ocorrido com a Primeira Revoluçã o
Industrial?

b) Há diferenças nas relaçõ es sociais entre os países altamente industrializados e os de baixa


industrializaçã o? Justifique sua resposta.

11. A histó ria em quadrinhos abaixo aborda um aspecto da Terceira Revoluçã o Industrial.
Explique que aspecto é esse e qual é a crítica apresentada. Explique e interprete também o
diá logo apresentado no ú ltimo quadrinho.
1993 Scott Adams/Dist. by Universal Uclick
Pá gina 28

CAPÍTULO 3 O papel do comércio mundial

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Globalizaçã o e comé rcio internacional.
As multinacionais e a globalizaçã o financeira.
Os movimentos antiglobalizaçã o.
Atividades ilegais e globalizaçã o.
Os grandes blocos comerciais.
O protecionismo agrícola e a abertura comercial.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Organizaçã o Mundial do Comércio (OMC). International trade statistics 2015. Disponível em:
<https://www.wto.org/english/res_e/statis_e/its2015_e/its2015_e.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2015.

A globalização, expressã o que surgiu nos Estados Unidos no início da década de 1980, pode ser definida como
um processo que promove a intensificaçã o das trocas (de mercadorias, serviços, capitais, informaçõ es e
pessoas) entre as vá rias partes do mundo. A interdependência criada pelas trocas conduz à formaçã o de um
espaço mundial cada vez mais integrado. Esse processo está relacionado a diferentes tipos de fluxos que
circulam formando redes. Pode-se afirmar que a globalizaçã o produz redes de fluxos e que estas produzem a
globalizaçã o.

De modo geral, existem dois grandes tipos de redes de fluxos: os relacionados à s trocas comerciais e à s
migraçõ es internacionais, chamados de fluxos materiais, e os fluxos cujos objetos de troca ou de circulação
sã o percebidos, trocados, mas não sã o visíveis, como os fluxos de informaçã o, denominados fluxos imateriais
ou não materiais.

Observe o mapa e responda à s questõ es.

1. Os fluxos representados podem ser classificados como materiais ou imateriais? Justifique sua resposta.

2. Quais regiõ es mostradas no mapa apresentam o maior volume de mercadorias comercializadas?


Pá gina 29

A globalização e o comércio mundial

A globalizaçã o está intrinsecamente relacionada ao desenvolvimento e à expansã o


generalizada das tecnologias de informaçã o e de comunicaçã o, que possibilitaram a
descentralizaçã o das empresas. Estas passaram a investir em modernos parques industriais e a
produzir em diferentes partes do mundo, conservando as sedes em seus países de origem.
Assim, outros dois processos estã o relacionados à intensificaçã o da globalizaçã o: a expansão
da produção e uma forte concentração do poder decisório nos países-sede.

As multinacionais
Apó s o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreu uma expansã o em grande escala das
multinacionais, possibilitando a mundializaçã o da produçã o e do comércio global.

A ascensã o dessas empresas ocorreu com base em produtividade e competitividade. Entre as


multinacionais sempre existiu concorrência, e algumas estratégias foram criadas, como a
economia de escala. Ao utilizar essa estratégia, uma multinacional podia eliminar
concorrentes, inclusive utilizando os mecanismos das fusõ es e da descentralizaçã o da
produçã o, caracterizada pela instalaçã o de filiais em outros países que oferecem condiçõ es
mais vantajosas (mã o de obra barata, presença de matérias-primas e políticas que garantem à s
empresas menores custos).

Economia de escala: estruturaçã o do processo produtivo para que a empresa ou indú stria amplie sua capacidade de
produçã o sem aumentar proporcionalmente o custo dessa produçã o.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Financial Times. Disponível em: <http://www.ft.com/cms/s/0/988051be-fdee-11e3-bd0e-


00144feab7de.html#axzz3noWoYyQa>. Acesso em: 6 out. 2015.

A globalização financeira
Uma das principais características da globalizaçã o contemporâ nea está relacionada ao
extraordiná rio fluxo de capitais que circulam livremente.
Diariamente, bilhõ es de dó lares sã o transferidos instantaneamente de um ponto a outro do
planeta, por meio dos recursos da tecnologia da informaçã o. Isso ocorre graças à
desregulamentaçã o do mercado pela abertura das fronteiras nacionais.

Em outras palavras, os controles para as entradas e saídas de capitais foram suprimidos e se


instalou um megamercado ú nico que funciona, por meio das bolsas de valores, 24 horas por
dia.

Por outro lado, essa globalizaçã o financeira que integra os mercados de capitais tem sua
contrapartida nos momentos de crise do capitalismo: problemas econô micos e financeiros em
um dos países centrais do sistema afetam as economias a ele relacionadas, e as bolsas de
valores do mundo todo sã o afetadas pela diminuiçã o dos fluxos de capitais.

A globalização dos serviços


A partir das ú ltimas décadas do século XX, expandiram-se diferentes tipos de serviços que, tal
como as mercadorias, circulam em fluxos pelo mundo.

Redes de bancos, de hotéis e de agências de turismo sã o exemplos de serviços que têm se


globalizado e que representam parte considerá vel do PIB de vá rios países, inclusive do Brasil.

CONEXÃO

Freezer ou congelador?

Para muitos cientistas, a globalizaçã o tem promovido um processo de favorecimento de algumas


culturas em detrimento de outras. Esse fenô meno pode ser percebido ao observarmos a influência
que os gêneros musicais, os tipos de alimento, a linguagem e outras manifestaçõ es culturais de
alguns países têm no dia a dia dos brasileiros. Por que muitas pessoas, por exemplo, chamam o
congelador de freezer?

1. Reú na-se em grupo para realizar as atividades a seguir.

a) Liste palavras e expressõ es da língua inglesa utilizadas no cotidiano.

b) Sintonize em uma rá dio FM por duas horas e conte quantas mú sicas em inglês e quantas em
português foram tocadas.

c) Faça um relató rio das observaçõ es e discuta sobre a influência do modo de vida e da cultura dos
países de língua inglesa (sobretudo os Estados Unidos e a Inglaterra) na sociedade brasileira.

Assista
Denise está chamando. Direçã o de Hal Salwen, EUA, 1995, 80 min.
O filme enfoca o cotidiano de pessoas que passam a se comunicar exclusivamente por telefone. É uma crítica à vida moderna,
em que há falta de contato humano.
Pá gina 30

A rede mundial de transportes

A maior parte do fluxo internacional de mercadorias se dá por navios.


No entanto, é comum que as cargas de maior valor agregado sejam
transportadas por aviões.

De acordo com a ONU, cerca de 10 bilhõ es de toneladas em mercadorias sã o


transportadas por via marítima todos os anos. As principais sã o produtos primá rios
exportados em navios-tanque ou a granel (nos porõ es dos navios, sem embalagem especial),
como minério de ferro, carvã o, grã os, bauxita, fosfato, petró leo e gá s natural. As mercadorias
transportadas por via aérea correspondem a menos de 1% do volume global transportado, no
entanto, sã o muito mais caras e pagam fretes bem maiores.

Enquanto o frete dos minérios e grã os transportados por navio, calculado por peso,
atinge um valor expresso em centavos, bens enviados por aviã o – de flores a equipamentos
eletrô nicos – tendiam a valer ao menos US$ 16 por quilo em 2013, segundo estudos da
indú stria aérea Boeing. As cargas comerciais aéreas respondem por 35% do valor
movimentado pelo comércio internacional.

Fotografia: NOAA/SPL/Latinstock

Jean Tournadre/IFREMER

Fonte de pesquisa: Tornandre/Laboratoire d’Océanographie Spatiale.


Fontes de pesquisa: BOEING COMPANY. World Air Cargo Forecast 2014-2015. Seattle: Boeing Co., 2015; UNCTAD. Review of Maritime
Transport 2014. Genebra: ONU, 2014; TOURNADE, J. Anthropogenic pressure on the open ocean. Geophys. Res. Lett./41, p.7924-7932,
2014.
Pá gina 31
Pá gina 32

O comércio internacional e o fluxo de mercadorias


Com a intensificaçã o do comércio de mercadorias apó s o fim da Segunda Guerra Mundial,
formou-se em 1947 um grupo internacional que tinha como objetivo regulamentar o comércio
mundial – o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, conhecido por sua sigla inglesaGatt (General
Agreement on Tariffs and Trade). O Gatt atuou até 1995, quando foi substituído pela
Organizaçã o Mundial do Comércio (OMC), que tem como um de seus objetivos a eliminaçã o
das barreiras comerciais e econô micas para garantir a livre circulaçã o de mercadorias.

A OMC conta com 162 países-membros (dado de 2015), dois terços dos quais sã o países em
desenvolvimento. Ela é dotada de um ó rgã o de regulamentaçã o, que pode aplicar sançõ es e
que procura dar à organizaçã o um cará ter de imparcialidade.

No final do século XX e início do século XXI, observou-se um expressivo crescimento do


comércio mundial que pode ser explicado, entre outros fatores, pelas novas relaçõ es
estabelecidas entre os Estados e o mercado a partir da adoçã o do neoliberalismo. Essa
doutrina foi gradativamente abrindo as fronteiras e reduzindo o protecionismo.

Neoliberalismo: teoria econô mica desenvolvida nos anos 1970 que defende a liberdade de mercado e a reduçã o do papel
do Estado na sociedade e na economia.

Seguindo uma tendência histó rica, observada desde a primeira Divisã o Internacional do
Trabalho, há uma forte discrepâ ncia de preços entre os bens manufaturados e os produtos
agrícolas: o valor das commodities teve pequena evoluçã o nos ú ltimos cinquenta anos,
enquanto os bens manufaturados aumentaram em quantidade e em valor.

Commodity: palavra em inglê s que designa o produto que nã o foi transformado pela indú stria (como a laranja, cereais,
miné rios) e é mundialmente comercializado em grandes volumes, cujo preço oscila de acordo com o mercado financeiro e a
demanda.

A aná lise dos fluxos de mercadorias em escala mundial também permite concluir que os três
grandes centros do sistema capitalista (Estados Unidos; Á sia, em especial Japã o e China; e a
Europa, destacadamente a porçã o ocidental) apresentam densa rede de trocas que resultam do
dinamismo de suas economias nacionais. As regiõ es menos desenvolvidas, ao contrá rio, ainda
apresentam um pequeno volume de trocas, cabendo a elas um inexpressivo papel no comércio
mundial (ver mapa da pá gina 28).

Os movimentos antiglobalização
Sobretudo a partir da década de 1990, nas discussõ es realizadas sobre o processo de
globalizaçã o e sua expansã o pelo mundo, foram enumerados os pró s e os contras desse
processo. Uma das bandeiras levantadas pelos mais otimistas era que a globalizaçã o tornaria o
mundo menos desigual economicamente: a ampliaçã o dos fluxos comerciais com maior
participaçã o dos países do hemisfério Sul, a expansã o dos meios de informaçã o e a
descentralizaçã o das atividades industriais garantiriam maior crescimento econô mico pa ra
todos os países.

No entanto, tem-se observado que os benefícios da globalizaçã o não se estendem a todos os


povos e países. Ao contrá rio, as diferenças econô micas, sociais e tecnoló gicas se ampliaram e a
pobreza nã o diminuiu. Esses dados foram responsá veis pelo surgimento de movimentos que se
opõ em à globalizaçã o, denominados movimentos antiglobalizaçã o. Seus defensores
reivindicam, por exemplo, o fim dos acordos comerciais e do livre trâ nsito de capitais.

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

Navio cargueiro se prepara para receber carregamento de minério de ferro no porto de Tubarã o, em Vitó ria (ES).
Foto de 2016.
Pá gina 33

Atividades ilegais e globalização

Ao mesmo tempo que a globalizaçã o unifica economias e sociedades segundo normas fixadas
no plano internacional, existem atividades ilegais que dela se beneficiam. Trata-se do trá fico de
drogas e de armas, do contrabando, da exploraçã o da prostituiçã o e dos crimes financeiros
(corrupçã o, fraudes fiscais, etc.). Tais atividades geram rendas ilícitas, que nã o sã o declaradas
ao Estado.

As atividades ilegais utilizam-se dos mesmos mecanismos que as atividades lícitas, ou seja,
fazem uso de sofisticados métodos de produçã o e venda, de transportes rá pidos, de tecnologias
de informaçã o e de comunicaçã o. As atividades ilegais movimentam bilhõ es de dó lares e
utilizam locais – os chamados paraísos fiscais – para a lavagem de dinheiro. Esta se
constitui em uma prá tica econô mica e financeira que tem por objetivo esconder a origem ilícita
do capital. Para isso, recursos provenientes das atividades criminosas sã o investidos em
estabelecimentos bancá rios que nã o buscam conhecer a origem do dinheiro. Depois, esses
recursos passam a transitar por empresas financeiras e vã o sendo investidos em atividades
regulamentadas, incorporando-se aos métodos legais. Acredita-se que parte do terrorismo
internacional seja financiada por recursos ilegais relacionados ao trá fico de armas e de drogas.

Os fluxos comerciais das drogas


A partir do século XX, a produçã o e a comercializaçã o de drogas − o narcotráfico − passaram a
representar grave problema para a segurança de muitos Estados. Hoje, essa atividade também
se globalizou e é uma das maiores indú strias criminosas do planeta.

O trá fico mundial de drogas gera cerca de 320 bilhõ es de dó lares anualmente (50% das
atividades do crime organizado). As principais á reas de produçã o de drogas produzidas
principalmente a partir de elementos encontrados na natureza estã o localizadas nos países
menos desenvolvidos, e os cultivos ilegais representam, muitas vezes, a sobrevivência de
lavradores pobres. Esse é o caso, por exemplo, das lavouras de subsistência de papoula
(matéria-prima do ó pio e da heroí na) na regiã o do Afeganistã o e do Paquistã o, e da coca (base
da cocaína), na América do Sul. As drogas sintéticas, por sua vez (como ecstasy e anfetaminas),
sã o largamente produzidas em laborató rios de regiõ es mais desenvolvidas, como Europa,
Austrá lia e Nova Zelâ ndia. A Rú ssia também tem papel importante na produçã o das drogas
sintéticas.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: World Drug Report 2015. United Nations Office on Drugs and Crime (Escritó rio das Naçõ es Unidas sobre Drogas e
Crime – Unodc). Disponível em: <https://www.unodc.org/documents/wdr2015/World_Drug_Report_2015.pdf>. Acesso em: 8 out.
2015.
Pá gina 34

Grandes blocos comerciais

Na atual fase do capitalismo, o alto nível de competitividade comercial, fluidez do capital


financeiro e expansã o das multinacionais intensifica as disparidades no espaço geográ fico
mundial. Essa situaçã o contribui para que os Estados se organizem regionalmente a fim de
proteger e fortalecer suas economias.

Nesse contexto econô mico, os processos de integraçã o supranacional formam diferentes


arranjos ou composiçõ es. Assim, é possível encontrar quatro modelos de blocos econô micos:

• Zona de livre-comércio, em que há reduçã o ou eliminaçã o das tarifas alfandegá rias entre os
países-membros.

• União aduaneira, em que um grupo de países elimina as tarifas alfandegá rias (as
mercadorias circulam sem pagar taxas) e estabelece a mesma taxa de importaçã o para
produtos vindos de outros países.

• Mercado comum, que permite a livre circulaçã o de pessoas, capitais e serviços entre os
países-membros.

• União econômica e monetária, em que os países-membros adotam a mesma política de


desenvolvimento e uma moeda ú nica.

Leia
União Europeia: história e geopolítica, de Demé trio Magnoli. Sã o Paulo: Moderna, 2004.
A obra discute a formaçã o do bloco e o aspecto geopolítico de sua existê ncia.

A União Europeia
Dos blocos econô micos existentes, o mais antigo e integrado é a União Europeia. Em 1957,
ainda no contexto de reconstruçã o econô mica e de Guerra Fria, seis países da Europa Ocidental
– Alemanha (na época, a Alemanha Ocidental), Bélgica, Países Baixos (Holanda), França, Itá lia e
Luxemburgo − constituíram uma organizaçã o que previa a livre circulaçã o de mercadorias,
capitais e pessoas pelo espaço do bloco que se formava. Tratava-se da Comunidade Econô mica
Europeia (CEE). De 1957, ano de sua criaçã o, até 1992, a CEE foi ampliando-se com a entrada
de novos países. Em 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht, a CEE passou a
denominar-se Uniã o Europeia (UE). Por esse tratado reestruturou-se o bloco, que assumiu o
modelo de união econômica e monetária, uma vez que, além das políticas conjuntas para os
setores de segurança e política monetá ria, foi criada uma moeda ú nica, o euro (€). Em 2015, a
moeda ú nica era adotada por 19 países-membros da Uniã o Europeia.

Em 2004, dez novos países, a maioria da Europa Oriental (ex-socialista), ingressaram na UE,
que passou a contar com 25 membros. Em 2007, outros dois países ex-comunistas aderiram ao
bloco: Bulgá ria e Romênia. Em 2013, a Croá cia ingressou na UE, sendo o 28º membro.

Segundo dados da OMC, em 2015, a Uniã o Europeia era responsá vel por cerca de 20% de todo
o comércio mundial. No interior do bloco, os países com maior participaçã o comercial sã o a
Alemanha, a França, o Reino Unido e os Países Baixos.
Diferentemente do que ocorre com os outros blocos, o comércio intrarregional supera o
comércio realizado pela Uniã o Europeia com o exterior.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: União Europeia. Disponível em: <http://europa.eu/about-eu/countries/index_pt.htm>. Acesso em: 13 out. 2015.

Navegue
União Europeia
O site oficial da Uniã o Europeia traz dados estatísticos e artigos sobre o bloco. Disponível em:
<http://linkte.me/uniaoeuropeia>. Acesso em: 16 out. 2015.
Pá gina 35

Ampliação do espaço da União Europeia

Em mais de cinquenta anos de existência, o bloco europeu passou sucessivamente de 6 para 28


membros, em um processo que se acelerou no século XXI. Apesar das políticas econô micas
comuns, nesse espaço comunitá rio existem profundas diferenças socioeconô micas. Essas
diferenças mostram, de certo modo, o hiato entre a parte ocidental (mais rica) e a parte
oriental (menos rica) do continente. Além disso, no espaço da UE há tratamentos também
diferenciados entre os antigos e os novos membros.

Embora a UE tenha como um de seus objetivos a livre circulaçã o de pessoas, foram criadas
regras para conter a migraçã o de povos dos países do Leste Europeu (e de outras regiõ es fora
da UE, como do Oriente Médio e da Á frica Subsaariana), onde a crise do desemprego era maior
que nos países da Europa Ocidental. Alguns Estados-membros abriram seus mercados de
trabalho. Outros permitem um acesso mais restrito, e o trabalhador migrante precisa de uma
autorizaçã o de trabalho durante o período de restriçã o.

A Asean
Criada em 1967 no contexto da Guerra Fria e da descolonizaçã o, a Associaçã o das Naçõ es do
Sudeste Asiá tico (Asean) foi constituída com o objetivo de assegurar a estabilidade política na
regiã o (movimentada pelo surgimento de naçõ es comunistas) e acelerar o desenvolvimento
econô mico de seus membros. Atualmente, o bloco reú ne dez países, de diferentes níveis de
desenvolvimento: Indonésia, Filipinas, Cingapura, Brunei, Laos, Vietnã , Camboja, Mianma,
Tailâ ndia e Malá sia. Em 1992, tornou-se zona de livre-comércio para atrair investimentos
estrangeiros. As disparidades cultural e econô mica entre seus membros dificultam maior
integraçã o.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Asean. Disponível em: <http://www.asean.org/asean/aseanmember-states>. Acesso em: 21 out. 2015.

A Apec
Em 1989, a Cooperaçã o Econô mica da Á sia e do Pacífico (Asia-Pacific Economic Cooperation –
Apec) foi criada como um fó rum de discussã o entre países da Asean e alguns parceiros
econô micos da regiã o do Pacífico. Em 1993, formou um bloco econô mico.
O bloco reú ne membros com níveis de desenvolvimento bem diferentes. Seu objetivo não é
formar um conjunto político, mas aproveitar o livre-comércio mundial, construindo uma
comunidade de economias diversificadas. A Apec apresenta forte potencial comercial. No
entanto, ressente-se da disputa entre Estados Unidos, Japã o e China pela hegemonia regional.

Fazem parte da Apec 21 membros: Austrá lia, Brunei, Canadá , Chile, China, Hong Kong, Coreia
do Sul, Cingapura, Estados Unidos, Rú ssia, Filipinas, Indonésia, Japã o, Malá sia, México, Nova
Zelâ ndia, Papua Nova Guiné, Peru, Tailâ ndia, Taiwan e Vietnã .

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Apec. Disponível em: <http://www.apec.org/About-Us/About-APEC/Member-Economies.aspx>. Acesso em: 21


out. 2015.
Pá gina 36

O Mercosul
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 1991 e reunia Argentina, Brasil, Paraguai,
Uruguai. A partir de 2012, a Venezuela também tornou-se membro do bloco. Em 1995, os
países-membros criaram efetivamente a zona de livre-comércio e, a partir de entã o, cerca de
90% das mercadorias produzidas nos países-membros do Mercosul podem ser
comercializadas sem tarifas comerciais.

Os países-membros adotam também a tarifa externa comum (TEC), ou seja, aplicam a mesma
tarifa aos produtos exportados para fora do bloco e privilegiam as trocas comerciais entre si.
Futuramente, há planos para a adoçã o de uma moeda ú nica, a exemplo do que fez a Uniã o
Europeia.

Além dos Estados-membros, o Mercosul conta com países associados: Bolívia, Chile, Colô mbia,
Equador, Peru, Guiana e Suriname. Desde sua fundaçã o, o bloco tem passado por crises que sã o
reflexo das condiçõ es político-econô micas instá veis de seus membros.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Portal Brasil. Disponível em: <http://www.mercosul.gov.br/index.php/saiba-mais-sobre-o-mercosul>. Acesso


em: 21 out. 2015.

Assista
A fronteira. Direçã o de Roberto Carminati, Brasil, 2003, 107 min.
Rodado no Brasil, no Mé xico e nos EUA, aborda o drama de brasileiros que tentam cruzar ilegalmente a fronteira
estadunidense, em busca de emprego.
O banheiro do papa. Direçã o de Cé sar Charlone e Enrique Ferná ndez, Brasil/Uruguai/ França, 2007, 90 min.
A visita do papa é apenas pretexto para mostrar os impactos econô micos de um evento inusitado na humilde cidade de Melo,
situada na fronteira do Uruguai com o Brasil.

O Nafta
No fim da década de 1980, os desafios econô micos associados ao fim da Guerra Fria levaram os
Estados Unidos a retomar o crescimento econô mico e a competitividade comercial. Uma das
estratégias foi sua articulaçã o com o Canadá e o México para a criaçã o do Acordo de Livre-
Comércio da América do Norte (Nafta), associaçã o que se efetivou em 1994. O Nafta tem como
objetivo a eliminaçã o das tarifas de importaçã o para que as mercadorias circulem livremente
entre os países integrantes. Nesse bloco, existem grandes diferenças socioeconô micas entre os
parceiros: ao passo que os Estados Unidos e o Canadá sã o potências econô micas, o México é
um país em desenvolvimento.

Apesar de a circulaçã o de mercadorias e de serviços ser grande e isenta de impostos entre os


países do Nafta, a circulaçã o de pessoas permanece muito rígida, sobretudo quando envolve a
emigraçã o de mexicanos para os Estados Unidos.

Com a criaçã o do Nafta, multinacionais estadunidenses instalaram indústrias maquilladoras


(“maquiadoras” ou “montadoras”) no norte do México, pró ximo à fronteira com os Estados
Unidos.

Indústria maquilladora: indú stria instalada no Mé xico e voltada para atividades de montagem e acabamento de produtos
para exportaçã o. A maior parte dessas indú strias é estadunidense e, no Mé xico, paga baixos impostos e salá rios aos
trabalhadores.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: NaftaNow.Org. Disponível em: <http://www.naftanow.org/faq_en.asp#faq-1>. Acesso em: 21 out. 2015.
Pá gina 37

A Alca
Em meados da década de 1990, o governo estadunidense propô s a criaçã o de um megabloco
que reuniria todos os paí ses do continente americano, à exceçã o de Cuba, que ainda sofre os
efeitos do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos na década de 1960.

Embargo econômico: conjunto de medidas comerciais restritivas que um país (ou um grupo de países) impõ e a outro, por
razõ es políticoideoló gicas.

A Á rea de Livre-Comércio das Américas (Alca) é, portanto, um projeto de bloco econô mico
pautado na proposta de eliminaçã o das barreiras alfandegá rias entre seus membros. Em vá rios
países latino-americanos, entre eles o Brasil, ocorreram manifestaçõ es contra a Alca, e as
negociaçõ es foram suspensas.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Congresso Nacional. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/mercosul/blocos/Alca.htm>. Acesso em: 21 out.
2015.

A Parceria Transpacífico
Em 2015, 12 países constituíram a Parceria Transpacífico, conhecida como TPP (da sigla em
inglês Trans-Pacific Partnership): Estados Unidos, Japã o, Austrá lia, Brunei, Canadá , Chile,
Malá sia, México, Nova Zelâ ndia, Peru, Cingapura e Vietnã . A criaçã o do TPP teve como objetivo
a reduçã o de tarifas comerciais entre os países-membros e o estabelecimento de padrõ es de
investimento financeiro, de intercâ mbio de informaçõ es e de propriedade intelectual entre os
integrantes.

A reduçã o de impostos sobre as mercadorias beneficiou especialmente os Estados Unidos e o


Japã o (as duas economias mais fortes do bloco), ao permitir que as empresas desses países
pudessem vender seus produtos a um preço mais baixo. Ao assinar o tratado, outro objetivo
dos EUA foi se fortalecer econô mica e politicamente perante a China.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: The United States Trade Representative. Disponível em: <https://ustr.gov/tpp/>. Acesso em: 21 out. 2015.
Pá gina 38

Protecionismo agrícola e abertura comercial

Um dos entraves ao comércio mundial tem sido a questã o do protecionismo agrícola. Esse
protecionismo tem nos subsídios agrícolas seu principal ponto de sustentaçã o. Os subsídios
sã o um volume de capital ou de bens materiais fornecidos pelo Estado aos produtores rurais
com o objetivo de auxiliá -los a manter baixos os preços dos produtos agrícolas (tornando-os
mais competitivos no mercado). Consequentemente, isso permite que a agricultura continue a
ser um ramo rentá vel.

A interferência do Estado tem sido observada principalmente nos países desenvolvidos, sendo,
portanto, os produtores desses países os maiores beneficiá rios dos subsídios. Em geral, a
defesa dos subsídios baseia-se em vá rios argumentos. O primeiro está relacionado à relativa
fragilidade do setor agrícola: mesmo dispondo de técnicas modernas, a agricultura depende de
fatores naturais que podem comprometer a produçã o, gerando crises de abastecimento e
colocando em risco a segurança alimentar. O subsídio seria uma proteçã o ao produtor. Outro
argumento relaciona-se à manutençã o da atividade rural.

Na Uniã o Europeia, por exemplo, os subsídios chegam aos agricultores por meio da Política
Agrícola Comum (PAC), e países como a França e a Alemanha estã o entre os que mais
defendem os respectivos setores agrícolas.

A Rodada de Doha
Em 2001, em Doha, capital do Catar (país do Oriente Médio), ocorreu uma reuniã o que
envolveu mais de uma centena de países-membros da OMC. Entre os objetivos dessa reuniã o,
que ficou conhecida como Rodada de Doha, estava o de obter maior liberalizaçã o do comércio
mundial, ou seja, conseguir que os fluxos de mercadorias pudessem ocorrer entre vendedores
e compradores sem barreiras alfandegá rias ou protecionismos.

Ao longo dos anos, apó s a Rodada de Doha, foram realizadas outras reuniõ es em vá rias partes
do mundo. No entanto, o impasse continua, pois os países desenvolvidos nã o aceitam remover
suas barreiras a produtos agrícolas exportados pelos países em desenvolvimento. Estes, por
sua vez, fazem restriçõ es à abertura de seus mercados para os produtos manufaturados e os
serviços exportados pelos paí ses desenvolvidos.

Roger Rozencwajg/Photononstop/Corbis/Fotoarena
A Uniã o Europeia destina quase metade de seu orçamento para subsidiar a agricultura. Silo localizado em Lorrez le
Bocage, França. Foto de 2013.

SAIBA MAIS

Agricultores contam com a PAC

A Política Agrícola Comum foi idea lizada depois do término da Segunda Guerra Mundial, período
marcado por uma grande escassez de alimentos. Em 1962, ela foi formalizada, dando aos
produtores rurais uma renda está vel e, aos consumidores, preços baixos.

Mesmo apó s a recuperaçã o no pó s-guerra, a PAC manteve-se e, atualmente, representa quase


metade da despesa anual da Uniã o Europeia.

CONEXÃO

O Brasil no comércio internacional

Na atualidade, de acordo com dados da Associaçã o de Comércio Exterior do Brasil, a participaçã o


do país na economia mundial é de apenas 3%. Ao mesmo tempo, o Brasil faz parte do G-20, um
fó rum de discussã o criado para promover a discussã o e a negociaçã o sobre temas relevantes para a
economia mundial. Em 2015, além do Brasil, integravam o G-20: Á frica do Sul, Alemanha, Ará bia
Saudita, Argentina, Austrá lia,

Canadá, China, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itá lia, Japã o, México, Reino Unido, Coreia
do Sul, Rú ssia, Turquia e Uniã o Europeia. Juntos, esses integrantes concentram cerca de 90% do PIB
e dois terços da populaçã o mundial. Nas ú ltimas décadas, o Brasil se destacou como um dos países
em desenvolvimento que exigem maior e mais justa participaçã o no comércio mundial.

1. Reú na-se com os colegas para discutir a seguinte questã o: O Brasil tem condiçõ es de liderar as
propostas comerciais do G-20? Justifiquem suas respostas.
Pá gina 39

Informe
As nações e o nacionalismo no novo século
A dialética das relaçõ es entre a globalizaçã o, a identidade nacional e a xenofobia é
enfaticamente demonstrada pela atividade pú blica que combina esses três elementos: o
futebol. Graças à televisã o global, esse esporte universalmente popular transformou-se em um
complexo industrial capitalista de categoria mundial (embora de tamanho modesto, em
comparaçã o com outras atividades de negó cios globais). […]

Dialética: debate em que um argumento é defendido e criticado, visando ao aprimoramento do conhecimento, tomado como
sempre transitó rio.

Xenofobia: sentimento e atitude de aversã o aos estrangeiros.

Praticamente desde que adquiriu um pú blico de massa, esse esporte tem sido o catalisador de
duas formas de identificaçã o grupal: a local (com o clube) e a nacional (com a seleçã o nacional,
composta com os jogadores dos clubes). No passado, elas eram complementares, mas a
transformaçã o do futebol em um negó cio mundial e sobretudo o surgimento
extraordinariamente rá pido de um mercado global de jogadores nas décadas de 1980 e 1990
[…] criaram uma crescente incompatibilidade entre os interesses empresariais, políticos e
econô micos, nacionais e globalizados, e o sentimento popular. Essencialmente, o negó cio
global do futebol é dominado pelo imperialismo de umas poucas empresas capitalistas com
nomes de marcas também globais – um pequeno nú mero de superclubes baseados em alguns
países da Europa. […]. Seus jogadores sã o recrutados em todo o mundo. Com frequência
apenas uma minoria […] dos jogadores tem a nacionalidade do país onde se situa o clube. A
partir da década de 1980, eles provêm cada vez mais de países nã o europeus, especialmente da
Á frica […].

Esses desenvolvimentos tiveram um efeito triplo. Do ponto de vista dos clubes, provocaram
um considerá vel enfraquecimento da posiçã o de todos aqueles que nã o estã o no circuito das
superligas internacionais e dos supertorneios e em especial nos clubes dos países
exportadores de jogadores, notadamente nas Américas e na Á frica. […] Na Europa, os clubes
menores mantêm-se em competiçã o com os gigantes em grande medida comprando jogadores
baratos […] na esperança de revendê-los como estrelas já descobertas aos superclubes.

O segundo efeito está em que a ló gica transnacional da empresa de negó cios entrou em conflito
com o futebol como expressã o de identidade nacional, tanto pela tendência a favorecer
torneios internacionais entre superclubes, em detrimento dos torneios tradicionais das copas e
dos campeonatos nacionais, quanto porque os interesses dos superclubes competem com os
das seleçõ es nacionais, que sã o as portadoras de toda a carga política e emocional da
identidade nacional e que têm de ser formadas por jogadores que tenham o passaporte do país.
Ao contrá rio dos superclubes, […] [as seleçõ es] não sã o permanentes. Hoje elas tendem a ser
conjuntos de jogadores, muitos dos quais – a maioria, em casos extremos como o do Brasil –
jogam em clubes estrangeiros, que perdem dinheiro a cada dia que eles se ausentam, […] para
que treinem e joguem com suas seleçõ es. Do ponto de vista dos superclubes e dos
superjogadores, o clube tende a ser mais importante do que o país. No entanto, os imperativos
não econô micos da identidade nacional têm tido força suficiente para afirmar-se […] e mesmo
para impor […] a Copa do Mundo, como o elemento principal e mais poderoso da presença
econô mica global do futebol.
O terceiro efeito pode ser visto na crescente proeminência do comportamento xenofó bico e
racista entre os torcedores […]. Eles ficam divididos entre o orgulho que sentem pelos
superclubes e pelas seleçõ es nacionais (o que inclui seus jogadores estrangeiros ou negros) e a
crescente importâ ncia que competidores provenientes de povos há tanto tempo considerados
inferiores alcançam nos seus cená rios nacionais. [...]

HOBSBAWM, Eric. Globalização, democracia e terrorismo. Sã o Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 92-95.

PARA DISCUTIR

1. O que significa a transnacionalizaçã o do futebol?

2. Como o autor relaciona globalizaçã o e identidade nacional no futebol?

3. Atualmente, quando é feita a escalaçã o da Seleçã o Brasileira de Futebol, muitos dos


jogadores convocados jogam no exterior. Quais sã o as consequências desse fato?
Pá gina 40

Presença da África
No vaivém das caravelas lusas, a formação do eixo
econômico do Atlântico
O eixo econô mico do Atlâ ntico ainda é o mais pró spero do mundo. Nã o há como saber se os
empreendedores e navegadores portugueses, apoiados inicialmente por financiamentos de
banqueiros genoveses, chegaram a suspeitar dos resultados de sua açã o pioneira.

As caravelas lusas singraram o mar Oceano – modo como era conhecido o oceano Atlântico no
século XV –, e seus navegadores mapearam o litoral da Á frica e aportaram nas costas
americanas. Seguiram mais adiante, desbravando as rotas do oceano Índico, mas nã o deixaram
de fazer uma avaliaçã o de como seria possível aproveitar as riquezas da Á frica e da América
para abastecer os á vidos mercados europeus. Ao mesmo tempo que conquistavam seu império
comercial nas á reas orientais do mundo, os portugueses arquitetavam maneiras de aproveitar
economicamente os recursos da Á frica e da América.

Nenhum recurso da natureza pode ser aproveitado sem o trabalho humano e sem o uso das
ferramentas adequadas. O ouro tem de ser minerado, a terra precisa ser cultivada, e os
rebanhos necessitam de cuidados intensivos. Na América, os pioneiros lusitanos depararam-se
com terras férteis e abundâ ncia de á gua. Mas o aproveitamento dos recursos naturais nã o se
daria por meio da mobilizaçã o e transferência de trabalhadores vindos da Europa. Os
ameríndios do litoral do Brasil logo seriam escravizados para suprir a necessidade de trabalho.

No entanto, os indígenas opuseram forte resistência à escravizaçã o, além de sofrerem muito ao


ser expostos à s doenças trazidas pelos europeus, que antes nã o existiam na América.
Dizimados pela gripe, pelo sarampo e pela varíola, milhares de indígenas morreram, e povos
inteiros chegaram a desaparecer.

Com o intuito de reforçar a transferência de força de trabalho para a América, os portugueses


se envolveram no trá fico africano de pessoas escravizadas. Os negociantes lusos não
demoraram a entender o funcionamento desse comércio, que existia na Á frica havia muito
tempo. Tudo dependia de firmar laços de amizade e de comércio com líderes das naçõ es
africanas da costa ocidental e, por meio deles, conseguir os cativos.

Assim, meticulosamente, os portugueses foram montando suas redes de fornecimento de


homens e mulheres escravizados, á reas do litoral para onde essas pessoas eram levadas e uma
frota de embarcaçõ es que se encarregava de atravessar o Atlâ ntico para abastecer os mercados
americanos. Na América, a labuta dos escravizados, distribuídos nos campos de cultivo, de
criaçã o de animais e nas minas, produzia os bens que atravessavam o Atlâ ntico na direçã o dos
mercados europeus.

Em muito pouco tempo, contando a partir de meados de 1530, quando a colonizaçã o


portuguesa se firmou no Brasil, o sistema econô mico do eixo do Atlâ ntico se regularizou,
tornando-se uma verdadeira rede. Da Á frica eram trazidos à força trabalhadores escravizados
cujo fornecimento era garantido pelos sistemas de alianças com líderes africanos e pelas naus
de transporte. Eram esses cativos que, por meio de seu trabalho, tornavam possível a obtençã o
de riquezas de todo tipo: o açú car, a aguardente, o melaço, o tabaco e, mais tarde, no caso do
Brasil, metais preciosos e diamantes.
Nos portos, as naus eram carregadas e levavam os produtos para a Europa. Outros artigos,
especialmente o tabaco e a aguardente, podiam também rumar para a Á frica, pois tinham
grande aceitaçã o nas naçõ es fornecedoras dos escravizados.

O grande negócio do tráfico


Logo, outras naçõ es europeias começaram a participar do eixo do Atlâ ntico. Portugal estava na
Á frica, mas nã o ainda como naçã o colonizadora. Ocupava á reas estratégicas no litoral, mas nã o
desfrutava da posse efetiva das terras. Mesmo na América, as atividades colonizadoras lusas
tocavam apenas terras esparsas pró ximas ao litoral. Nã o havia como assegurar nenhum tipo de
exclusividade, nem mesmo segredo.

Ao obterem terras nas Américas, muitas empresas coloniais das naçõ es concorrentes adotaram
os métodos portugueses. Comerciantes ingleses, franceses e holandeses, para resolver o
problema da falta de trabalhadores nas suas respectivas á reas coloniais, recorreram ao trá fico
de africanos escravizados. De modo geral, seguiram o mesmo padrã o luso: fazer alianças com
líderes africanos, com o intuito de montar suas pró prias redes de trá fico de escravizados. Na
América, onde fosse possível, estimulavam o cultivo dos artigos bem-aceitos na Á frica.
Montaram ainda suas pró prias frotas de navios negreiros.

Dentre esses recém-chegados, logo se destacaram os comerciantes ingleses. O tino para os


negó cios, a ousadia e a capacidade organizativa permitiram que os ingleses, a partir do século
XVIII, se tornassem os mais importantes traficantes de escravizados do Atlâ ntico.

Todo esse esforço para participar do trá fico tem uma explicaçã o de peso: os altíssimos lucros
do comércio de escravizados, que eram adquiridos por um preço relativamente baixo na Á frica
e negociados por valores muitas vezes mais elevados na América. O ganho estimulou
empreendedores e investidores de diversas regiõ es da Europa a garantir sua participaçã o
nesse negó cio inescrupuloso.
Pá gina 41

Photoshot/Easypix

O forte de Elmina, em Gana, foi construído pelos portugueses em 1482 e, depois, tornou-se presídio de africanos
escravizados que eram enviados para as Américas. Foto de 2014.

Com o passar do tempo, a colonizaçã o europeia nas Américas ampliou-se, incluindo á reas do
interior do continente na exploraçã o econô mica, e a populaçã o aumentou. Isso fortaleceu ainda
mais a prosperidade do eixo econô mico do Atlâ ntico. A riqueza produzida graças ao
aproveitamento dos recursos americanos está na base da liderança econô mica e política
alcançada pelas naçõ es europeias.

Durante trezentos anos, africanos escravizados continuaram a ser trazidos ininterruptamente


para o Novo Mundo. É importante tentar entender que a mentalidade dos povos do passado –
em que a escravidã o era muitas vezes vista como natural – é diferente do nosso modo de
pensar atual. No entanto, ressaltar que um dos motores que impulsionaram o eixo econô mico
do Atlâ ntico foi o trá fico de escravizados é sempre uma histó ria triste de contar e de lembrar.
Milhõ es de africanos, amontoa dos cruelmente em navios negreiros, deixaram a terra natal
para viver em cativeiro, do outro lado do oceano.

O eixo do Atlâ ntico é até hoje a á rea mais pró spera do mundo. No entanto, o custo de sua
montagem foi altíssimo, e poucos pagaram um preço tã o alto e carregaram um fardo tã o
pesado quanto os africanos traficados.

Leia
África e Brasil africano, de Marina de Mello e Souza. Sã o Paulo: Á tica, 2007.
O livro faz um grande retrato da Á frica, de sua diversidade cultural e de sua histó ria. Mostra també m a forte influê ncia
africana na sociedade brasileira.
O tráfico de escravos para o Brasil, de Jaime Rodrigues. Sã o Paulo: Á tica, 1998.
O livro conta a histó ria do terrível comé rcio que trouxe da Á frica para o Brasil mais de 4 milhõ es de seres humanos
escravizados. Aborda as formas de captura na Á frica, a travessia do Atlâ ntico e o imenso impacto demográ fico, econô mico e
social do trá fico no continente africano.

Navegue
Fundação Cultural Palmares
A fundaçã o, ligada ao Ministé rio da Cultura, dá apoio a açõ es e projetos culturais voltados para o resgate da identidade das
populaçõ es afrodescendentes e para a construçã o de uma sociedade sem racismo ou sem discriminaçã o. Disponível em:
<http://linkte.me/palmares>. Acesso em: 16 out. 2015.

Para discutir

1. Antes de o trá fico negreiro generalizar-se pelo Atlâ ntico, a regiã o banhada por esse oceano
não era a mais pró spera do planeta. Era através do oceano Índico que navegavam os navios
mais carregados de riquezas, e era em seus portos que se realizavam as transaçõ es mais
vultosas. Discuta com os colegas, sob a orientaçã o do professor, os motivos que levaram o eixo
do Atlâ ntico a tornar-se mais rico do que o do Índico. O grupo deve redigir um texto
argumentativo com o resultado das suas conclusõ es. Nã o se esqueçam de abordar o papel
desempenhado pelo trá fico africano nesse processo.
Pá gina 42

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. O que é globalizaçã o? Cite uma consequência desse processo.

2. Quais foram as consequências da expansã o das multinacionais?

3. A partir de quando e de onde ocorreu a descentralizaçã o da produçã o das multinacionais?

4. Qual é a relaçã o entre a Terceira Revoluçã o Industrial e as multinacionais?

5. Como ocorre o fluxo de capitais na atualidade?

6. Dê exemplos de fluxos materiais e não materiais na atualidade.

7. Quais sã o as principais críticas feitas à globalizaçã o?

8. Quais foram os fatores favorá veis à formaçã o dos blocos econô micos?

9. Como se caracteriza a Uniã o Europeia?

10. Quais sã o os obstá culos atuais enfrentados pelo Mercosul?

11. O que sã o subsídios agrícolas?

Lendo mapas, gráficos e tabelas

12. Analise a tabela a seguir e elabore uma síntese que destaque as principais características
das maiores multinacionais.

As dez maiores multinacionais (2014)

Classificação País de origem Ramo de atividade


1 Estados Unidos Loja de departamento
2 China Petró leo
3 Reino Unido/Países Baixos Petró leo
4 China Petró leo
5 Estados Unidos Petró leo
6 Reino Unido Petró leo
7 China Energia elétrica
8 Alemanha Automobilístico
9 Japã o Automobilístico
10 Reino Unido/Suíça Mineraçã o

Fonte de pesquisa: Fortune. Disponível em: <http://fortune.com/global500/>. Acesso em: 5 nov. 2015.

13. Analise o mapa e responda à s questõ es.


Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: OMC. Disponível em: <https://www.wto.org/english/res_e/statis_e/its2014_e/its14_appendix_e.htm>. Acesso


em: 13 out. 2015.

a) Quais sã o os principais mercados consumidores dos produtos chineses?

b) Na atualidade, muitos produtos utilizados no dia a dia dos brasileiros sã o fabricados na


China. Faça uma pesquisa para saber quais mercadorias predominam nas exportaçõ es
chinesas.

c) Levante hipó teses sobre as atividades econô micas predominantes na China.

14. Analise o grá fico e responda à s questõ es.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD/countries/1W?


display=default>. Acesso em: 13 out. 2015.

a) É possível afirmar que há uma disparidade econô mica entre os membros do Mercosul?
Justifique.

b) O comércio brasileiro com os países do Mercosul tem decrescido desde meados da década
de 2000, principalmente em relaçã o à s importaçõ es feitas pelo Brasil. Levante hipó teses sobre
esse fato.
Pá gina 43

15. Analise o grá fico e responda à s questõ es.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Asean. Disponível em: <http://www.asean.org/storage/images/resources/2014/Oct/ACIF%20Special


%20Edition%202014_web.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2016.

a) Qual é o principal parceiro comercial da Asean? Por que isso acontece?

b) Apenas cerca de 25% do comércio realizado pela Asean ocorre entre os países do bloco. Em
sua opiniã o, por que isso acontece?

16. Analise o grá fico e escreva um texto que apresente as mudanças ocorridas no comércio
mundial entre 1953 e 2013.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: OMC. Disponível em: <https://www.wto.org/english/res_e/statis_e/its2014_e/its14_world_trade_dev_e.htm>.


Acesso em: 13 out. 2015.
Interpretando textos e imagens

17. Analise o conteú do da charge e responda: Você diria que o autor da charge tem uma visã o
pró -globalizaçã o?

Karsten Schley/CartoonStock

Traduçã o das falas, da esquerda para a direita:


— Sou asiático e pobre.
— Sou sul-americano e pobre.
— Sou africano e pobre.
— Vê? Isso é a globalizaçã o!

18. Leia o texto a respeito da criaçã o da Parceria Transpacífico.

[…] Apesar de que todas as linhas do acordo afetam as trocas comerciais e de informaçã o, o TPP
também tem importantes consequências políticas em escala internacional. Os EUA buscaram esse
acordo com o objetivo de conter o poder da China na regiã o. […]

Veja os aspectos mais importantes do tratado comercial do Pacífico. El País, 5 out. 2015. Disponível em:
<http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/05/economia/1444063812_134639.html>. Acesso em: 19 out. 2015.

Em que medida a criaçã o do TPP pode enfraquecer politicamente a China? Explique.

19. Leia o trecho a seguir:

O Brasil precisa adotar posiçã o mais firme contra o protecionismo da nova lei agrícola dos Estados
Unidos aos produtores de algodã o […] Os norte-americanos já haviam sido condenados pela
Organizaçã o Mundial do Comércio (OMC) por uso de dispositivo protecionista semelhante, que
resultou em acordo prevendo o pagamento de multas e a modificaçã o da política de subsídios.

Apó s pagar cerca de US$ 500 milhõ es, o governo daquele país interrompeu o pagamento da multa e
aprovou nova lei agrícola, com subsídios mais amplos, assegurando renda ao produtor de algodã o
americano mesmo se nã o houver produçã o. […]

Senadores querem rigor contra protecionismo americano ao algodã o. Agência Senado, 8 maio 2014. Disponível em:
<http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/05/08/senadores-querem-rigor-contraprotecionismo-americano-ao-
algodao>. Acesso em: 9 mar. 2016.

a) Qual é a instituiçã o responsá vel por regular o comércio mundial?

b) Explique os motivos pelos quais o Brasil deveria adotar uma postura mais “firme” diante do
protecionismo dos Estados Unidos.
Pá gina 44

CAPÍTULO 4 A inserção do Brasil na economia mundial

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Formaçã o do territó rio brasileiro.
Industrializaçã o do Brasil.
Características regionais do Brasil e a divisã o oficial proposta pelo IBGE.
Desigualdades regionais.
Outras regionalizaçõ es do Brasil.

Coleçã o particular, São Paulo. Fotografia: ID/BR

Franz Post, Vista da cidade Maurícia e do Recife,1653. Ó leo sobre madeira, 48,2 cm × 83,6 cm. O artista holandês fez
parte da comitiva de Maurício de Nassau ao Brasil (1637-1644).

Para muitos autores, a conquista e a colonizaçã o territorial, a partir do século XVI, podem ser consideradas
empreendimentos capitalistas, pois os colonizadores objetivavam o lucro no comércio dos bens produzidos
nas colô nias. Nesse período, as atividades econô micas desenvolvidas no Brasil estiveram estreitamente
associadas às potencialidades naturais do territó rio e, dependentes do capital da Metró pole, visavam atender
apenas aos interesses dos europeus.

Esse cená rio começou a ser estruturado no início no século XVI, quando os colonizadores, sobretudo os
portugueses, organizaram feitorias no litoral brasileiro para a exploraçã o do pau-brasil. A partir de meados
desse século, empreenderam o cultivo de cana-de-açú car por meio do sistema deplantation, caracterizado
pela monocultura voltada para a exportaçã o, produçã o em grandes propriedades e exploração de mão de obra
escrava. Além de instituir a escravidã o, que fez milhõ es de vítimas por mais de três séculos, dizimando
numerosos povos indígenas e subjugando os africanos trazidos à força, a formaçã o desses espaços de
produçã o foi realizada a partir do desmatamento e de outras alteraçõ es que hoje identificamos como
problemas ambientais.

Em diferentes momentos ao longo da histó ria, os espaços foram organizados no Brasil para atender ao
mercado mundial, que demandava produtos agrícolas ou minerais. A implantaçã o de vá rias atividades
exportadoras explica a forma de ocupaçã o do Brasil e a construçã o de suas diferenças regionais.
1. Identifique na representaçã o de Franz Post elementos citados no texto como característicos do início da
formaçã o do territó rio brasileiro e da inserção do Brasil na economia mundial.

Assista
Desmundo. Direçã o de Alain Fresnot, Brasil, 2003, 100 min.
O filme mostra aspectos da sociedade colonial brasileira e a submissã o das mulheres no sé culo XVI.
Pá gina 45

A ocupação do território

A partir dos principais nú cleos de povoamento colonial formados até o início do século XVII –
Sã o Vicente/Sã o Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Pernambuco –, o territó rio do Brasil foi
sendo ampliado.

Entre as á reas incorporadas, esteve o semiá rido nordestino, onde a pecuária extensiva se
espalhou pelas margens do rio Sã o Francisco e chegou ao sertã o. Também se iniciou a criaçã o
de gado na regiã o onde atualmente se encontram os estados sulinos.

Pecuária extensiva: tipo de criaçã o na qual o gado é criado solto em uma extensa á rea de pasto.

Nesse século teve início, ainda, a exploraçã o de á reas de floresta Amazô nica pelos portugueses,
interessados nas chamadas drogas do sertão.

Drogas do sertão: alguns produtos da floresta Amazô nica que eram muito valorizados na Europa durante o período
colonial, tais como guaraná , castanha, cravo, canela, entre outros.

No final do século XVII, partiram de Sã o Paulo expedições de bandeirantes para capturar e


escravizar indígenas e encontrar minas de ouro e diamantes. No século XVIII, com a descoberta
do ouro nas á reas que hoje pertencem aos estados de Minas Gerais, Goiá s e Mato Grosso,
assistiu-se à interiorizaçã o da exploraçã o e da ocupaçã o colonial.

Um fato que se destaca nos três primeiros séculos de exploraçã o e ocupaçã o do territó rio
brasileiro é a descontinuidade espacial. Em outras palavras, formaram-se “ilhas” de
ocupaçã o e povoamento ao longo do litoral e nas á reas interioranas, com ligaçõ es muito
precá rias e por vezes perigosas. Os tropeiros e os pecuaristas foram os principais
responsá veis pela consolidaçã o de rotas mais duradouras, bem como pela instalaçã o de á reas
de pouso (descanso), que gradativamente tornaram-se nú cleos de povoamento.

Tropeiro: condutor de muares e cavalos que transportava bens entre os centros de produçã o e os centros de consumo
durante o período colonial.

No século XIX, algumas atividades econô micas aceleraram o processo de expansã o do


territó rio como o cultivo do café. Sob o aspecto social, o café fez surgir uma nova classe com
grande poder político, além de uma classe trabalhadora livre, formada por imigrantes
europeus. Outra atividade que teve impacto na configuraçã o do territó rio nacional foi a
exploração da borracha na Amazô nia (1870 e 1910), regiã o que recebeu elevado nú mero de
migrantes fugidos de uma seca muito rigorosa no Sertã o do Nordeste.

No século XX, o atual territó rio brasileiro foi mais amplamente ocupado, e as regiõ es passaram
a estar mais interligadas com a construçã o de ferrovias e rodovias.
Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâ micas do territó rio. Sã o Paulo: Edusp-
Imprensa Oficial, 2005. p. 33.

AÇÃO E CIDADANIA

Disputas territoriais no século XXI

As principais disputas por demarcaçã o de territó rios estã o concentradas, hoje em dia,
principalmente na Amazô nia. De um lado, grupos indígenas, historicamente os primeiros ocupantes
da regiã o. Do outro, agricultores, pecuaristas e garimpeiros que tentam apossar-se de terras por
meio de violência, além de outros meios. Essas disputas têm provocado mortes, sobretudo de
indígenas.

1. A delimitaçã o de terras indígenas pelo governo brasileiro, com limites definidos por lei, é uma
soluçã o possível para essas disputas. Pesquise as principais dificuldades enfrentadas pelos grupos
indígenas para terem suas terras reconhecidas e delimitadas nos dias atuais.
Pá gina 46

A industrialização e a integração do território

Nas ú ltimas décadas do século XIX e no início do século XX, a exportaçã o de café tornou-se a
base da economia brasileira, e o cultivo desse produto acarretou a introduçã o da mã o de obra
livre no processo produtivo. As atividades comerciais, financeiras e o setor de transportes
sofreram uma relativa modernizaçã o e, a partir do capital gerado pela economia
agroexportadora, iniciou-se o desenvolvimento do setor industrial brasileiro.

Assista
Coronel Delmiro Gouveia. Direçã o de Geraldo Sarno, Brasil, 1978, 90 min.
O filme mostra a trajetó ria de um comerciante cearense, que, no começo do sé culo XX, manteve uma fá brica de linhas no
interior do Ceará .

No início da industrializaçã o, o descompasso entre o Brasil e os países centrais quanto ao nível


técnico e à concentraçã o de capitais era muito evidente.

É importante lembrar que, nesse período, começava nos países mais desenvolvidos a Segunda
Revoluçã o Industrial, enquanto no Brasil as indú strias empregavam tecnologias simples e nã o
dispunham de capital suficiente para intensificar o processo de industrializaçã o.

Em 1929, uma crise mundial provocou um efeito positivo para o desenvolvimento da


indú stria brasileira: a substituição de importações, processo que se caracteriza pela criaçã o
de indú strias para a fabricaçã o de produtos antes importados. A substituiçã o de importaçõ es
ocorreu devido ao aumento da demanda interna por produtos industrializados e à s políticas
governamentais implantadas na época (sobretudo financiamentos e taxaçõ es sobre produtos
importados). Esse processo ocasionou uma significativa mudança na estrutura econô mica
nacional: a atividade industrial passou a ser o carro-chefe da economia brasileira,
ultrapassando o setor agroexportador, em baixa por causa da diminuiçã o da demanda mundial
por café.

Crise mundial: período cíclico do sistema capitalista mundial que geralmente se inicia com o colapso do setor financeiro,
estendendo-se, em seguida, para outros setores.

A partir da década de 1930, o Estado brasileiro empreendeu, portanto, uma política


desenvolvimentista marcada, entre outros aspectos, pelo aumento da intervençã o do Estado na
economia com o objetivo de promover a industrializaçã o. Uma importante decisã o relacionada
a essa política foi a obtençã o de financiamento estadunidense para a criaçã o de uma indú stria
siderú rgica no país – a siderú rgica de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A
consolidaçã o da política desenvolvimentista representou a chegada da Segunda Revoluçã o
Industrial no Brasil com algumas décadas de atraso em relaçã o aos países centrais.

Na década de 1940 (em plena Segunda Guerra Mundial), o Brasil possuía uma organizaçã o
fragmentada do espaço, isto é, pouco integrada. Cada porçã o do espaço apresentava mais
ligaçõ es com o exterior (onde estavam os mercados para as matérias-primas produzidas) do
que com as á reas pró ximas. A deficiente rede de transportes foi um dos fatores apontados para
a existência da chamada economia de arquipélago (ver mapa).

Economia de arquipélago: expressã o que designa a economia de um territó rio que está fragmentada em polos
praticamente independentes.
Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâ micas do territó rio. Sã o Paulo: Edusp-
Imprensa Oficial, 2005. p. 43.
Pá gina 47

O pós-guerra
O final da Segunda Guerra Mundial em 1945 e o posterior início da Guerra Fria constituíram
um marco decisivo na internacionalizaçã o da economia brasileira. A ascensã o dos Estados
Unidos como potência capitalista promoveu a articulaçã o de uma base aliada da qual faziam
parte os países da Europa Ocidental, o Japã o e a América Latina.

A criaçã o de instituiçõ es como o FMI (Fundo Monetá rio Internacional) e o Banco Mundial,
ambos destinados a socorrer países, principalmente os países em desenvolvimento, foi
decisiva para o Brasil. O fato de as políticas protecionistas do Estado brasileiro terem
permanecido no pó s-guerra permitiu ao país continuar a industrializaçã o por substituiçã o de
importaçõ es. No entanto, para as elites isso já nã o era suficiente, e disseminou-se a ideia de
que era necessá rio alcançar rapidamente o nível de industrializaçã o dos países desenvolvidos.

Na segunda metade dos anos 1950, começaram a ser instaladas indú strias mais avançadas
tecnologicamente no país. Nessa época, o Estado brasileiro permaneceu presente na
implantaçã o da infraestrutura (rede de transportes, ener gia, comunicaçõ es) e na criaçã o e
expansã o de indú strias de base (siderú rgica e petroquímica) visando dar condiçõ es para as
indú strias multinacionais produtoras de bens durá veis (automobilística, de eletrodomésticos,
etc.) instalarem-se no Brasil. Com isso, as multinacionais dominaram e direcionaram o
processo de industrializaçã o brasileiro.

Depois do golpe militar de 1964, fortaleceu-se de modo significativo o elo entre a economia
brasileira e o capital internacional. A abundâ ncia de créditos internacionais garantiu a fase
denominada “milagre brasileiro”, período entre 1967 e 1973 em que o Brasil conheceu
elevado crescimento econô mico e, simultaneamente, forte concentraçã o de renda. Esse
período foi encerrado com a primeira crise do petró leo, caracterizada por uma forte elevaçã o
do preço do barril dessa fonte de energia.

Leia
Uma breve história do Brasil, de Mary Del Priore e Renato Venancio. Sã o Paulo: Planeta, 2010.
Em linguagem simples e acessível, o livro conta a histó ria política, social e econô mica do Brasil até os dias atuais.

Na década de 1980, mudanças nas organizaçõ es econô mica e financeira mundia is tiveram
ampla repercussã o em nosso país: a economia mundial passou a crescer mais lentamente,
provocando déficits públicos em vá rios países centrais; o neoliberalismo foi adotado nos
Estados Unidos e no Reino Unido e se expandiu para outros paí ses, incluindo o Brasil; o
mercado financeiro mundializou-se, embora tenha continuado bastante centralizado nos
grandes centros financeiros de Nova York, Londres e Tó quio.

Déficit público: ocorre quando um governo gasta mais do que arrecada durante determinado período de tempo.

Navegue
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Neste portal, é possível acessar informaçõ es sobre economia e comé rcio exterior do Brasil, alé m de conteú do sobre
desenvolvimento industrial. Disponível em: <http://linkte.me/mdic>. Acesso em: 7 mar. 2016.

As multinacionais ganharam novo ritmo, pois foram (e continuam sendo) favorecidas pela
abertura dos mercados promovida pelo neoliberalismo e pelas inovaçõ es tecnoló gicas da
Terceira Revoluçã o Industrial.
A inserçã o do Brasil na economia capitalista internacional promoveu mudanças no papel
desempenhado pelo nosso país na DIT. De exportador de matérias-primas e bens agrícolas −
modelo agroexportador −, o Brasil diversificou a pauta de suas exportaçõ es com a inclusã o
de artigos manufaturados, ampliando sua participaçã o no comércio mundial (ver grá fico).

Apesar da modernizaçã o promovida pela crescente internacionalizaçã o da economia −


modelo urbano-industrial −, uma parte considerá vel da populaçã o brasileira ainda
permanece em condiçõ es de pobreza.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Ministério do Desenvolvimento, Indú stria e Comércio. Disponível em:


<http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=608>. Acesso em: 6 mar. 2016.
Pá gina 48

Características regionais do Brasil

O conceito de região é central para a Geo grafia. A regiã o pode ser definida como uma
extensã o variá vel do espaço, delimitada a partir de um conjunto de relaçõ es socioespaciais que
lhe confere uma característica pró pria que nos permite diferenciá -la dos espaços vizinhos e
externos. De forma sucinta, a regiã o é parte de um todo com o qual se inter-relaciona.

Devido à sua grande extensã o – 8 515 767,049 km2 –, o territó rio brasileiro precisa ser
dividido em partes, tanto para diferenciar cada uma delas como para conhecê-las melhor. Os
limites das regiõ es brasileiras podem ou nã o coincidir com as divisõ es político-administrativas
dos estados e isso depende do critério adotado na regionalizaçã o.

A primeira regionalizaçã o do Brasil proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE), em 1941, utilizava como critério as semelhanças naturais (clima, relevo e
vegetaçã o) de cada porçã o do territó rio e os limites dos estados. Os limites estaduais sempre
foram utilizados pelo IBGE para definir as regiõ es com o objetivo de facilitar a coleta e a
organizaçã o dos dados estatísticos e, consequentemente, a implementaçã o de medidas
administrativas pelos governos federal e estadual. O Brasil foi dividido em cinco regiõ es: Norte,
Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste.

Regiões brasileiras –Extensão e população (2014)


Regiões Extensão em km2 Habitantes
Norte 3 853 669 17 530 132
Centro-Oeste 1 606 415 15 495 210
Nordeste 1 554 257 56 650 446
Sudeste 924 616 85 929 687
Sul 576 773 29 275 942

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/default_territ_area.shtm>;


<http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acessos em: 9 out. 2015.

Nas décadas seguintes, o IBGE adotou outros critérios e propô s outras regionalizaçõ es do
territó rio.

A atual divisã o regional proposta por essa instituiçã o leva em consideraçã o aspectos
econô micos, sociais, políticos e naturais e é utilizada desde 1990. As atuais macrorregiõ es
brasileiras do IBGE sã o: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (ver mapa).
Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 94.

AÇÃO E CIDADANIA

As regiões e a diversidade cultural

As dimensõ es continentais do territó rio brasileiro ganham um novo olhar quando se estudam as
regiõ es.

É certo afirmar que cada regiã o apresenta identidade cultural pró pria, que se expressa na
literatura, na mú sica, na arte, no artesanato, na culiná ria, nas festas, no vocabulá rio regional.

Nã o raro, no interior dos limites regionais percebem-se manifestaçõ es culturais singulares, típicas
de uma pequena porçã o do espaço. A soma dessas manifestaçõ es resulta em uma extraordiná ria
diversidade cultural, cuja origem pode ser encontrada na uniã o entre a geografia e a histó ria de
cada lugar.

1. Reú nam-se em grupos e pesquisem a origem de uma manifestaçã o cultural de cada regiã o do
Brasil. Discutam em que medida as manifestaçõ es culturais pesquisadas se relacionam com a
histó ria da formaçã o e ocupaçã o do territó rio brasileiro. Apresentem para a classe uma reflexã o
acerca da importâ ncia da valorizaçã o da diversidade regional brasileira.
Pá gina 49

As regiões brasileiras
Diversas características podem ser identificadas em cada macrorregiã o definida pelo IBGE.

A Região Nordeste

O Nordeste foi a primeira regiã o brasileira a ser ocupada e a criar espaços de produçã o, ainda
no século XVI. A regiã o apresenta uma grande variedade de paisagens climatobotânicas,
utilizadas para definir sub-re giõ es em seu interior: de leste para oeste, a Zona da Mata, o
Agreste, o Sertão e o Meio-Norte (ver mapa).

Paisagem climatobotânica: paisagem que resulta da associaçã o entre o clima e a vegetaçã o de determinado local.

Na Zona da Mata, foi estruturada a primeira á rea canavieira do país, e a ocupaçã o do Agreste e
do Sertã o deu-se, em parte, pelas condiçõ es naturais dessas paisagens, adequadas à expansã o
da pecuá ria. No Meio-Norte, a expansã o ocorreu no sentido norte-sul e, na parte sul do Piauí e
do Maranhã o, o povoamento deu-se do sul e do sudeste para o norte.

Do ponto de vista econô mico, coexistem atualmente na regiã o á reas agrícolas modernas, onde
há cultivos de exportaçã o – frutas no vale médio do Sã o Francisco, soja e algodã o no oeste da
Bahia, entre outros –, e á reas com agricultura tradicional e baixa produtividade.

Durante os governos militares (1964-1985), ocorreu o primeiro grande desenvolvimento


industrial na regiã o, impulsionado por incentivos fornecidos pela Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). As principais zonas industriais nordestinas estã o,
hoje, nas á reas metropolitanas de Salvador, do Recife e de Fortaleza. Historicamente, o
Nordeste caracteriza-se por apresentar baixos níveis de desenvolvimento. A partir da década
de 2000, porém, com a ampliaçã o da irrigaçã o, o aumento da industrializaçã o e a aplicaçã o de
alguns programas sociais, verificou-se uma melhora nas condiçõ es de vida da populaçã o.

Sudene: ó rgã o criado no fim da dé cada de 1950 para promover o desenvolvimento da Regiã o Nordeste.
Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: ANDRADE, Manuel Correia. A terra e o homem no Nordeste. 6. ed. Recife: Ed. da UFPE, 1998. p. 276.

Assista
Espelho d’água: uma viagem no rio São Francisco. Direçã o de Marcus Vinícius Cesar, Brasil, 2004, 110 min.
O filme mostra uma jovem que, à procura do namorado desaparecido, percorre o rio Sã o Francisco e conhece suas belas
paisagens.
Xica da Silva. Direçã o de Cacá Diegues, Brasil, 1976, 107 min.
O filme aborda a sociedade de Minas Gerais na é poca da mineraçã o, no sé culo XVIII.

A Região Sudeste

Colonizadores portugueses estiveram presentes na atual regiã o Sudeste desde o século XVI. A
partir do século XVIII, o principal polo político e econô mico do país começou a se localizar
nessa regiã o: primeiro, devido à descoberta de ouro em Minas Gerais e à transferência da
capital da colô nia de Salvador para o Rio de Janeiro; depois, a regiã o passou a abrigar a capital
do Império e depois da Repú blica e também apresentava, a partir de meados do século XIX,
extensas á reas de cultivo de café, o principal produto de exportaçã o do Brasil na época.

Atualmente, o Sudeste é a regiã o mais populosa e urbanizada do país e abriga o setor industrial
mais desenvolvido. Estã o localizadas no Sudeste as duas maiores metró poles nacionais – Sã o
Paulo e Rio de Janeiro.

A produçã o agrícola da regiã o apresenta os maiores níveis de mecanizaçã o do país.


Importantes agroindú strias (laranja e cana-de-açú car) ocupam extensas á reas, principalmente
no estado de Sã o Paulo. Também existem na regiã o outros cultivos destinados à exportaçã o,
como o café, a soja e o milho. No Sudeste, assim como nas outras regiõ es brasileiras, a
agricultura moderna coexiste com cultivos tradicionais e pouco mecanizados.
Pá gina 50

A Região Sul

Trata-se da ú nica regiã o brasileira que apresenta a maior parte de seu territó rio na zona
temperada.

Apesar de á reas de seu espaço terem sido ocupadas desde o século XVI para a criaçã o
extensiva de gado (bovino e equino), seu crescimento demográ fico e econô mico começou a
ocorrer apenas no século XIX, quando a regiã o recebeu grande nú mero de imigrantes para
ocuparem o territó rio. A presença desses imigrantes (italianos, alemã es, poloneses,
ucranianos, entre outros) garantiu à regiã o muitos aspectos culturais diversos dos da cultura
luso-brasileira, encontrada em outras regiõ es, principalmente no Nordeste e no Sudeste.

A Regiã o Sul apresenta hoje um setor industrial e agrícola bem desenvolvido e possui os
melhores indicadores sociais do Brasil em saú de e educaçã o.

A Região Centro-Oeste

Durante séculos, o Centro-Oeste manteve-se pouco povoado. A partir da segunda metade do


século XX, a porçã o sul dessa regiã o foi afetada pelo crescimento da economia paulista com a
extensã o de linhas ferroviá rias destinadas ao transporte de gado bovino até a regiã o.

A regiã o também foi profundamente afetada pela decisã o do governo brasileiro de localizar
sua sede no entã o criado Distrito Federal. Para a construçã o de Brasília, uma grande
quantidade de migrantes (sobretudo do Nordeste) se deslocou para lá . Com as rodovias que
ligavam a nova capital ao restante do país, migrantes sulinos, em grande maioria, passaram a
desmatar á reas de Cerrado para o cultivo de grã os. O baixo preço das terras naquele momento
garantiu a formaçã o de grandes propriedades no Centro-Oeste.

Nas ú ltimas décadas do século XX, a agroindú stria expandiu-se enormemente na regiã o,
principalmente a destinada à produçã o de soja para exportaçã o. Á reas expressivas de
vegetaçã o também têm sido desmatadas para a prá tica da pecuá ria.

CONEXÃO

As monoculturas no Cerrado e a contaminação dos rios

Por muito tempo, os solos do Cerrado foram considerados impró prios para o cultivo. Quando ali
começaram a ser introduzidas as monoculturas, adotaram-se técnicas que incluíam a correçã o do
solo, maquiná rio moderno e defensivos agrícolas. Naquele momento, muitos rios da regiã o foram
contaminados por fertilizantes e agrotó xicos carregados pelas enxurradas.

1. Na regiã o onde você mora, há rios contaminados por atividade agrícola ou por outras atividades?

2. Discuta com os colegas a quem cabe a tarefa de preservaçã o dos rios.

A Região Norte
Regiã o brasileira mais extensa, foi pouco povoada durante o período colonial. A ocupaçã o da
regiã o foi estimulada pela exploraçã o da borracha, que, entre 1870 e 1910, teve importâ ncia
nas exportaçõ es brasileiras.

A integraçã o da regiã o ao espaço geográ fico nacional efetivou-se com base em uma estratégia
geopolítica, empreendida pelos governos militares, para promover a exploraçã o da floresta
Amazô nica. Para isso, foram construídas duas grandes rodovias – Cuiabá -Santarém e
Transamazô nica. Nas suas proximidades, foram instalados grandes projetos de extraçã o
mineral, como o Projeto Grande Carajás. Em 1967, o governo criou a Zona Franca de
Manaus com o objetivo de atrair empresas e promover a industrializaçã o na á rea.

Atualmente, a regiã o sofre com desmatamentos da floresta Amazô nica decorrentes


principalmente da expansã o de atividades agropecuá rias. A regiã o apresenta a maior
concentraçã o de grandes propriedades do Brasil e também as principais á reas de conflitos de
terras, principalmente no estado do Pará . Outra atividade de destaque na regiã o é a mineraçã o
(ver mapa).

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fontes de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 127; DNPM. Disponível em:
<http://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/>; Imazon. Disponível em: <http://imazon.org.br/mapas/desmatamento-na-amazo,nia-
legalate-2011/>; Inpe. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/tccerrado/dados/Mapa_TCcerrado_A1.jpg>. Acessos em: 13 abr.
2016.
Pá gina 51

Os desequilíbrios regionais
O Brasil é marcado por profundas desigualdades socioeconô micas e regionais.

Como no país a industrializaçã o fez-se de forma bastante concentrada no Sudeste, houve nessa
regiã o uma forte concentraçã o de riqueza. O Sudeste recebeu maior volume de investimentos
do Estado, que buscava atrair e favorecer o capital internacional que se instalou no país com as
multinacionais. As demais regiõ es gravitavam em torno do Sudeste, e a consequência desse
processo foi a ampliaçã o das desigualdades socioeconô micas entre as regiõ es.

A taxa de mortalidade infantil, por exemplo, reflete as condiçõ es de saneamento bá sico, nível
de instruçã o e equipamento médico-hospitalar disponível para a populaçã o. As taxas de
mortalidade infantil no Nordeste e no Norte ainda sã o bem mais altas que as das outras regiõ es
brasileiras (ver grá fico).

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: IBGE. Síntese de indicadores sociais 2014. Disponível em:


<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv91983.pdf>. Acesso em: 6 out. 2015.

Outras regionalizações do Brasil


Existem outras propostas de regionalizaçã o do territó rio brasileiro. Uma delas data de 1967 e
foi elaborada pelo geó grafo Pedro Pinchas Geiger. Esse pesquisador dividiu o Brasil em três
regiões geoeconômicas: Amazô nia, Nordeste e Centro-Sul. Os critérios dessa divisã o seriam
os processos socioeconô micos de cada porçã o do territó rio, e os limites entre as regiõ es nã o
obedeceriam aos limites político-administrativos dos estados (ver o primeiro mapa).
Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 152.

No final do século XX, os geó grafos Milton Santos e Maria Laura Silveira apresentaram outra
proposta de regionalizaçã o, dividindo o Brasil em quatro regiõ es: Amazô nia, Nordeste, Centro-
Oeste e regiã o Concentrada. O critério da regionalizaçã o seriam as condiçõ es do meio técnico-
científico-informacional (ver o segundo mapa).

Meio técnico-científico-informacional: conceito desenvolvido pelo geó grafo brasileiro Milton Santos para designar a
forma de produçã o do espaço predominante no atual momento histó rico, qual seja, a da interferê ncia da ciê ncia, da té cnica e
da informaçã o na configuraçã o do espaço geográ fico.

Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: territó rio e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record,
2001. Encarte 2.

A Amazô nia se caracterizaria por apresentar uma baixa densidade técnica e demográ fica; a
Nordeste, por uma agricultura pouco mecanizada; a regiã o Centro-Oeste apresentaria uma
agricultura mecanizada e produtiva e a regiã o Concentrada incorporaria atividades
relacionadas ao setor terciário e de serviços superiores (finanças, publicidade, entre outros),
apresentando também indú strias de ponta e agricultura e pecuá ria mecanizadas e com alta
produtividade. Os elevados níveis técnico-científico e informacional permitiriam à regiã o
Concentrada participar mais efetivamente do processo de globalizaçã o.
Setor terciário: setor das atividades econô micas relacionadas ao comé rcio e aos serviços.

De maneira geral, nas ú ltimas décadas, novos espaços metropolitanos surgiram no Brasil; as
atividades agropecuá rias e de extraçã o mineral expandiram-se por á reas ainda inexploradas, e
diversos espaços geográ ficos foram criados. Por isso, geó grafos e pesquisadores têm
argumentado que a regionalizaçã o utilizada pelo IBGE desde 1990 deve ser revista.
Pá gina 52

Presença Indígena
Xingu
O antropó logo alemã o Karl von den Steinen foi o primeiro a realizar expediçõ es científicas na
regiã o do Mato Grosso. Em uma conferência realizada em 1888, ele resumiu suas impressõ es:

Qual será o futuro dos nossos amigos do Xingu? Sã o 3 mil aborígenes que apresentamos,
primitivos como saíram das mã os da natureza, portanto, capazes de desenvolvimento
intelectual e moral se forem guiados propriamente, ou brutais se forem maltratados.

VON DEN STEINEN, Karl. Uma expedição ao Xingu. Brasília: Projeto Rondon-Ministério da Educação, s. d. p. 25.

Hoje, na regiã o estudada por Von den Steinen, está o Parque Indígena do Xingu (PIX), onde
vivem cerca de 6 mil indígenas de 16 etnias diferentes, sendo a maior referência nacional e
internacional sobre a vida dos indígenas brasileiros.

Divulgado em livros e reportagens como o “paraíso indígena”, o Xingu é visto como um local
onde os indígenas ainda vivem em “estado puro”, longe dos problemas da civilizaçã o e em
harmonia absoluta com a natureza. Essa visã o, porém, esconde os conflitos da rea lidade vivida
pelos nativos da regiã o ao longo de sua histó ria de contato com os nã o indígenas.

O Parque Indígena do Xingu foi criado em 1961 e localiza-se na regiã o norte-nordeste do


estado de Mato Grosso. Com 2,6 milhõ es de hectares – á rea equivalente à do estado de Alagoas
–, está situado na bacia do rio Xingu e de seus dois principais formadores, o rio Kuluene e o rio
Von den Steinen.

A histó ria da ocupaçã o intensiva por nã o indígenas na regiã o teve início em 1943, no contexto
da Marcha para o Oeste, um grande projeto governamental de desbravamento e ocupaçã o do
interior do Brasil. Como parte do projeto, foi organizada a expediçã o Roncador-Xingu com o
objetivo de mapear o centro do país e abrir caminhos de interligaçã o do territó rio ao restante
do país.

Contato respeitoso
Liderada pelos irmã os Clá udio, Orlando e Leo nardo Villas Bô as, a expediçã o Roncador-Xingu
foi responsá vel pelo contato com 15 etnias até entã o isoladas, pela fundaçã o de 43 cidades e
vilas e por mais de 1 500 km de caminhos na selva.

A expediçã o tornou-se, pelas mã os dos Villas Bô as, um empreendimento de contato respeitoso


com os povos contatados. Sob o lema cunhado pelo marechal Câ ndido Rondon, “Morrer se
preciso for, matar nunca”, os Villas Bô as foram os principais continuadores do modo pacífico
de contato com indígenas iniciado por aquele militar. Criador do Serviço de Proteção ao
Índio (SPI), Rondon foi também o responsá vel pela instalaçã o de linhas telegrá ficas em vá rios
pontos da Amazô nia brasileira e pelo contato com muitos povos indígenas. Antes de seu
trabalho, eram muito comuns os massacres em terras indígenas.

O objetivo do parque foi criar um lugar protegido, onde os indígenas pudessem manter sua
“cultura original”. Durante os primeiros anos, por exemplo, nã o era permitido ao indígena
andar de bicicleta nem usar chinelos.
Todos reconhecem a importâ ncia do trabalho dos Villas Bô as. Hoje, porém, entende-se que
essa postura acabava colocando o indígena numa posiçã o de inferioridade, como se ele nã o
tivesse capacidade de decidir por si pró prio.

Renato Soares/Pulsar Imagens

Crianças da etnia Kayapó , aldeia Moykarakô em Sã o Félix do Xingu, no Parque Indígena do Xingu (PA). Foto de 2015.
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Novos tempos
Orlando e Clá udio saíram da direçã o do PIX em 1973. A partir de entã o, refletindo uma nova
postura na conduçã o da questã o indígena, cada vez mais indígenas começaram a assumir
cargos no parque.

Cacique do povo Yawalapiti durante muitos anos, Aritana é um exemplo dessas mudanças.
Considerado um dos líderes mais importantes do parque, Aritana resume o processo de luta
por emancipaçã o dos povos da regiã o:

O Orlando já fez coisa demais para nó s, agora é nossa vez de cuidar daqui. Nó s nã o queremos
mais o branco mandando e defendendo a gente, queremos que os pró prios índios se
relacionem com o Governo, mandem documentos, contratem médicos e professores.

Ache Tudo & Região. Disponível em: <http://www.achetudoeregiao.com.br/mt/parque_do_xingu.htm>. Acesso em: 15 out. 2015.

Muitos sã o os desafios que líderes como Aritana têm de enfrentar. Ainda existe, mesmo
veladamente, a mentalidade de que o indígena nã o sabe como conduzir sua pró pria vida.
Segundo muitas lideranças indígenas, há grande interferência de organizaçõ es nã o indígenas
no Xingu. Aspectos que hoje fazem parte da vida xinguana, como educação diferenciada,
gestã o dos recursos naturais e empreendimentos para geraçã o de renda, ainda sofrem com a
excessiva intervençã o de organizaçõ es que nã o conseguem deixar de lado a ideo logia de
dominaçã o.

Educação diferenciada: sistema educacional que combina a estrutura e a organizaçã o dos conteú dos da escola nã o indígena
com a educaçã o indígena tradicional.

Entretanto, é uma questã o complexa, já que no pró prio parque há divergência entre as
lideranças indígenas quanto ao caminho de desenvolvimento a ser tomado. Um exemplo é o
assédio de empresas estadunidenses para explorar turisticamente a regiã o. Apesar da
discordâ ncia da maioria das lideranças, já existe um pequeno hotel pró ximo à aldeia dos
Kamaiurá .

Na á rea da educaçã o, ainda nã o há professores indígenas suficientes, e muitas escolas do


parque sã o administradas por profissionais que nã o conhecem bem o cotidiano de uma aldeia
e a diversidade cultural dos povos da regiã o.

Muitos projetos de geraçã o de renda trazidos por nã o indígenas sã o criticados por uma parte
dos indígenas. Apesar de se autointitularem “ecoló gicos” e “sustentá veis”, alguns nã o levam em
consideraçã o as características culturais de cada povo, como seu calendá rio de plantio e de
festas.

A questã o que mais tem preocupado os habitantes do PIX é a devastaçã o das cabeceiras dos
rios que formam a bacia do rio Xingu. Localizadas fora do parque, essas á reas sofrem com o
desmatamento para plantio de soja e para pecuá ria. Como a base da alimentaçã o dos indígenas
é o peixe, a diminuiçã o da vazã o dos rios comprometerá seriamente sua soberania alimentar.

Ironicamente, um dos rios ameaçados leva o nome de Von den Steinen, o antropó logo que
perguntava sobre o futuro dos indígenas. É prová vel que ele nã o soubesse que o modelo de
desen volvimento de sua pró pria cultura seria o principal responsá vel pelos problemas que
enfrentam hoje não só os habitantes do Xingu, mas também de todos os locais que essa
sociedade alcançou.

Para discutir

1. Os depoimentos de Karl von den Steinen e do líder indígena Aritana estã o separados por
mais de cem anos. De acordo com o texto, indique as principais mudanças ocorridas na regiã o
do Xingu durante esse período.

2. Na época da criaçã o do PIX, um aspecto muito importante da geografia da regiã o não foi
levado em consideraçã o, ameaçando hoje o parque e seus habitantes. Qual foi esse aspecto, e
por que isso aconteceu?

Navegue
Instituto Socioambiental (ISA)
A organizaçã o nã o governamental desenvolve diversos projetos de preservaçã o cultural e ambiental na regiã o e no Brasil de
maneira geral. Disponível em: <http://linkte.me/isa>. Acesso em: 15 out. 2015.
Y Ikatu Xingu – Salve a á gua boa do Xingu
Site da campanha Y Ikatu Xingu, iniciativa de lideranças indígenas do Xingu, de pesquisadores e da sociedade civil para
preservar e recuperar as á reas onde estã o as nascentes do rio Xingu. Disponível em: <http://linkte.me/yikatuxingu>. Acesso
em: 15 out. 2015.

Assista
Xingu. Direçã o de Cao Hamburger, Brasil, 2012, 102 min.
O filme narra a histó ria dos irmã os Villas Bô as, Orlando, Clá udio e Leonardo, que se alistam em uma missã o pelo Brasil
Central e se empenham na defesa dos povos indígenas.
Xingu: a terra ameaçada. Direçã o de Washington Novaes, Brasil, 2007, 48 min.
O documentá rio registra as mudanças ambientais e culturais que tê m ocorrido na regiã o do Parque Indígena do Xingu nos
ú ltimos vinte anos.
Pá gina 54

Mundo Hoje
A globalização e a cultura brasileira
[...] Na verdade, hoje, cultura, com exceçã o de alguns pequenos grupos, tem sido sempre
resultado de encontros de vá rios grupos sociais e, portanto, de vá rias culturas. A cultura
brasileira é, na verdade, uma grande “mistura” de vá rias culturas. E devemos nos orgulhar
disto. A mundializaçã o do capital e as novas tecnologias nã o inauguraram esta cultura, apenas
possibilitaram um aumento significativo dos encontros entre grupos sociais e da “mistura
cultural”.

Penso que nossa atençã o e nossas preocupaçõ es nã o precisam se centrar na globalizaçã o,


enquanto possibilidade de encontros entre culturas, mas, sim, na forma antidemocrá tica que
tem caracterizado esse encontro. Misturar é muito bom. O problema está em nã o misturar e
impor uma determinada cultura como se fosse a melhor. O problema está em fazer das
diferenças culturais fontes de desigualdade social. O problema está em fazer das referências
culturais de cada grupo elemento de sofrimento psicoló gico.

Nã o há culturas melhores ou piores, pois todas elas respondem a formas de vida e a


necessidades de grupos. Nã o há culturas naturais. Sã o todas histó ricas. Compreen dê-las nesta
perspectiva é fundamental para nos posicionarmos contrá rios a qualquer forma de imposiçã o
cultural, seja por potentes organizaçõ es de comunicaçã o, seja por processos de globalizaçã o
comandados por pequenos grupos representantes do capital internacional, ou seja, por visõ es
científicas discriminató rias.

As pessoas precisam de elementos culturais para desenvolverem suas identidades. Esses


elementos devem ser coerentes com a vida que levam no dia a dia. Imposiçã o cultural pode
assim ser fonte de problemas psicoló gicos e de sofrimento. Valorizar a cultura do cotidiano,
das pessoas comuns e dos grupos que integram o nosso conjunto social é uma tarefa urgente,
quando se trabalha para a promoçã o de saú de.

BOCK, Ana. A cultura brasileira hoje. Teoria e Debate, ed. 44, 10 jun. 2000. Disponível em: <http://www.teoriaedebate.org.br/?
q=materias/cultura/cultura-brasileira-hoje>. Acesso em: 15 out. 2015.
Veetmano Prem/FotoArena

O frevo é um exemplo de manifestaçã o cultural brasileira resultante da mistura de vá rias culturas. Esse gênero
musical é resultado da fusã o de outros gêneros, como a marcha, o tango brasileiro, a polca, a contradança e a mú sica
clássica; a dança foi elaborada a partir da agilidade dos lutadores de capoeira. Dançarinos de frevo em Olinda (PE).
Foto de 2015.

PARA DISCUTIR

1. Você concorda com a afirmaçã o “A cultura brasileira é, na verdade, uma grande ‘mistura’ de
vá rias culturas”? Justifique.

2. O que se entende por imposiçã o cultural? Você percebe essa situaçã o em seu cotidiano?

3. A globalizaçã o afetou ou transformou a cultura brasileira? Justifique sua resposta.


Pá gina 55

Informe
Agronegócio e o uso corporativo do território na
Amazônia
A crise econô mica e fiscal que passou o Brasil nas décadas de 1980 e 1990 inviabilizou os
investimentos pú blicos com fortes rebatimentos econô micos na regiã o Amazô nica. Como
ocorreu em quase toda a América Latina, as medidas adotadas pelo Estado brasileiro foram as
[…] liberalizantes, nas quais as exportaçõ es de commodities constituíram a receita para
alavancar a economia e diminuir o déficit pú blico. O agronegó cio tornou-se, por conseguinte, a
um só tempo, a força política e o motor econô mico que vai impor uma transformaçã o
geoeconô mica e uma agenda geopolítica no espaço rural brasileiro.

Nesse contexto, a Amazô nia vê emergir a espacialidade do capital globalizado no espaço rural,
com a inserçã o da economia de mercado nas bordas da floresta, sobretudo, no estado do Mato
Grosso, no sudeste do Pará e, em menor magnitude, em Rondô nia. […]. Destacam-se a
produçã o de grã os – soja, milho e arroz –, madeira e pecuá ria, todas essas mercadorias
destinadas, em seu maior volume, ao mercado nacional e internacional, sobretudo a soja e a
pecuá ria. Esses produtos modificam a geografia econô mica da Amazô nia, pois cristalizam as
mú ltiplas escalas geográ ficas do fenô meno da globalizaçã o, fragmentando o espaço regional.

[…]

Em duas décadas (1990 a 2010), a á rea plantada com soja na Amazô nia aumentou de 1 573
404 hectares para 6 995 455 hectares, um crescimento de 345%. [...] Quanto à produçã o de
grã os, para o mesmo período, houve um deslocamento espacial da soja, migrando da regiã o Sul
e Sudeste para o Centro-Oeste, se territorializando, principalmente, no estado do Mato Grosso
que se localiza no sul da Amazônia Legal. Em 1990, a Amazô nia produziu 5 799,580 toneladas
de grã os de arroz, milho e soja, ao passo que em 2010 essa quantidade ficou em 32 602 716
toneladas, cuja variaçã o foi de 462% […].

Amazônia Legal: regiã o criada em 1953 pelo governo federal para planejar o desenvolvimento social e econô mico da á rea
amazô nica e que hoje abrange cerca de 60% do territó rio nacional.

Significa, portanto, que de um espaço agrícola de subsistência ou de pouco excedente,


caracterizado pela atividade extensiva e de pouca tecnologia, o sul da Amazô nia se
transformou, ainda que de forma sub-regional e fragmentada, em um espaço da globalizaçã o
das grandes empresas do agronegó cio (tradings), cujos agentes hegemô nicos territorializam
seus projetos econô micos com apoio dos governos e elites regionais, metamorfoseando o
espaço num territó rio corporativo do capital.

[…]

Trading: empresa de grande porte que atua como intermediá ria entre fabricante e compradores, no comé rcio internacional.

COSTA E SILVA, Ricardo Gilson da. Amazô nia globalizada: da fronteira agrícola ao territó rio do agronegó cio – o exemplo de Rondô nia.
Confins, Revista franco-brasileira de Geografia, n. 23, 2015. Disponível em: <https://confins.revues.org/9949>. Acesso em: 15 out.
2015.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Confins, Revista franco-brasileira de Geografia. Disponível em: <https://confins.revues.org/9949>. Acesso em: 15
de out. 2015.

PARA ELABORAR

Reú na-se com os colegas e, juntos, respondam à s questõ es.

1. Que tipos de mercadorias ganharam destaque na economia da Amazô nia com a inserçã o da
regiã o, principalmente de sua porçã o sul, na economia globalizada?

2. O que muda na Amazô nia a partir do momento em que a regiã o passa a ser um espaço da
globalizaçã o das grandes empresas do agronegó cio?

3. Pesquisem quais foram as principais políticas adotadas pelo governo brasileiro para a
ocupaçã o da Amazô nia entre as décadas de 1960 e 1970. Elaborem um relató rio com as
informaçõ es encontradas, destacando também os impactos socioambientais provocados por
essas políticas.
Pá gina 56

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Para os europeus, qual era a importâ ncia de conquistar e colonizar terras nos séculos XV e
XVI?

2. Quais foram as atividades econô micas que possibilitaram a conquista do interior do


territó rio brasileiro no início da colonizaçã o?

3. Quais transformaçõ es ambientais e sociais foram promovidas pelo café a partir do século
XIX?

4. Quais características das políticas desenvolvimentistas foram levadas adiante pelo Estado
brasileiro a partir da década de 1930?

5. Como se caracteriza a indú stria de substituiçã o de importaçõ es?

6. Quais foram os critérios adotados pelo IBGE para a regionalizaçã o do Brasil?

7. Comente as principais características da regionalizaçã o do Brasil de acordo com o meio


técnico-científico-informacional.

8. Como se acentuaram as desigualdades regionais no Brasil?

Lendo mapas e gráficos

9. Anamorfose é um tipo de representaçã o grá fica que apresenta, em tamanhos proporcionais,


determinado fenô meno social ou econô mico. Analise as anamorfoses a seguir e responda à s
questõ es.

Setup Bureau/ID/BR

Setup Bureau/ID/BR
Fonte de pesquisa: IBGE. Contas regionais do Brasil 2012. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasregionais/2012/default_ods_2002_2012.shtm>. Acesso em: 6 out.
2015.

a) O que a anamorfose de populaçã o revela?

b) Comparando a anamorfose de populaçã o com a de superfície, como é possível caracterizar a


Regiã o Norte?

c) A comparaçã o entre as duas anamorfoses dá elementos para caracterizar a distribuiçã o da


populaçã o pelo territó rio? Justifique sua resposta.

10. Analise o grá fico da participaçã o das regiõ es brasileiras no PIB (Produto Interno Bruto:
soma de todos os bens e serviços produzidos numa regiã o ou num país) e escreva um texto
mostrando como se configura a desigualdade regional do Brasil.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/default_territ_area.shtm>;


<http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acessos em: 6 out. 2015.

11. Analise o grá fico e responda à s questõ es.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: IBGE. Séries histó ricas e estatísticas. Censo demográfico 2010. Disponível em:
<http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP100&sv=32&t=Popula%u00e7%u00e3o+residente+-+distribui
%u00e7%u00e3o+por+Grandes+Regi%u00f5es>. Acesso em: 6 out. 2015.
a) Em que momento do século XX a participaçã o percentual da populaçã o da Regiã o Centro-
Oeste passou a aumentar? Por quê?

b) Quando e por que passou a aumentar a participaçã o da populaçã o da Regiã o Norte?


Pá gina 57

12. Compare os mapas e responda à s questõ es.

Mapas: João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâ micas do territó rio. Sã o Paulo: Edusp-
Imprensa Oficial, 2005. p. 43.

a) Por que se afirma atualmente que a economia brasileira deixou de ser uma economia de
arquipélago?

b) De onde partiam e para onde se dirigiam os principais fluxos migrató rios em 1990?

c) Um dos símbolos da legenda indica no mapa o centro de gravidade econô mico. Onde ele se
situa? Explique o que isso significa.

Interpretando textos e imagens


13. Leia o trecho do poema “Prece de amazonense em Sã o Paulo”.

[...]
Amazonas:
Tua â nsia de infinito ainda perdura?
Ou perdi precocemente toda esperança?
Os que te queimam, impunes,
têm olhos de cobre,
mã os pesadas de ganância.
Ilhas seres rios florestas:
o céu projeta em mapas sombrios
manchas da natureza calcinada.

HATOUM, Milton. Amazônia: grandes reportagens. O Estado de S. Paulo, Sã o Paulo, p. 121, nov. 2007.

Qual é o problema levantado no trecho do poema? De acordo com o que foi estudado neste
capítulo, qual é a causa desse problema?

14. Reú na-se em grupo para ler um trecho do texto de Paul Singer e observe a imagem a
seguir.

[...] De todas as dependências, a mais irredutível é, provavelmente, a tecnoló gica. A comercial é


sempre negociá vel, pois nã o é de interesse de nenhum parceiro arruinar o outro. A financeira é
basicamente uma opçã o política, e por isso sempre revogá vel. Mas em uma época como a nossa, de
tempestuosa transformaçã o tecnoló gica, ignorar as inovaçõ es é impossível. O dilema mais bá sico
para um país como o Brasil em um momento como este é se há pretensã o de continuar sendo um
eterno cliente de técnicas de produçã o e de consumo das “naçõ es adiantadas” ou de se converter
em uma delas. [...]

SINGER, Paul. Evoluçã o da economia e vinculaçã o internacional. In: SACHS, Ignacy et al. (Org.). Brasil: um século de transformaçõ es. Sã o
Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 129.

Edmar Melo/JC Imagem/Folhapress

Vista interna de empresa de tecnologia, desenvolvimento e inovaçã o instalada em Recife (PE). Foto de 2015.

a) Debata com seu grupo e, depois, com os demais colegas o dilema brasileiro apontado no
texto e o papel dos jovens na opçã o a ser feita.

b) De que forma o local mostrado na imagem responde aos anseios de Singer sobre a posiçã o
do Brasil na economia mundial?
Pá gina 58

CAPÍTULO 5 Circulação e transportes

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


O transporte marítimo.
As hidrovias, os portos e os corredores de exportaçã o nacionais.
As ferrovias no Brasil e no mundo.
O papel integrador das rodovias brasileiras.
O transporte aé reo.

Kazuhiro Nogi/AFP

O terminal de cargas de Tó quio, no Japã o, é um dos portos mais movimentados do Pacífico. Foto de 2015.

Os meios de transporte sã o fundamentais para a circulação de pessoas, mercadorias e informaçõ es. Sua
evoluçã o nos ú ltimos séculos contribuiu decisivamente para que ocorresse uma verdadeira integraçã o do
espaço mundial, sobretudo apó s a Segunda Guerra Mundial, quando as á reas de produçã o e de consumo de
mercadorias se multiplicaram e novos meios de transporte foram criados e aperfeiçoados.

Além disso, mesmo que muitos meios de transporte ainda tenham custo elevado de aquisiçã o ou de operaçã o
(navios e aviõ es comerciais, por exemplo), os custos por unidade de produto transportado sofreram reduçã o
significativa nas ú ltimas décadas, fazendo com que a exploraçã o de mercados mais distantes tenha se tornado
vantajosa.

Como consequência desse processo, observa-se que rodovias, portos, ferrovias, hidrovias e aeroportos têm
expandido e ampliado suas á reas de influência, isto é, as á reas beneficiadas geográ fica e economicamente pela
sua presença.
Observe a fotografia acima e, em seguida, responda às questõ es.

1. Em sua opiniã o, podemos dizer que, quanto maior a rede de transporte conectada a um porto marítimo,
maior é a influência geográ fica e econô mica que esse porto exerce? Justifique.

2. Discuta com o professor e com os colegas a importâ ncia dos portos para o comércio internacional.
Pá gina 59

O transporte marítimo

Com a expansã o da globalizaçã o e a intensificaçã o do comércio mundial, o trá fego marítimo de


mercadorias tem apresentado um aumento significativo. Cerca de 80% da circulaçã o de
mercadorias é realizada por esse tipo de transporte.

Desde as ú ltimas décadas do século XX, o transporte marítimo de matérias-primas pesadas,


como minérios, tem diminuído em relaçã o ao transporte de produtos manufaturados. No
entanto, dada a sua importâ ncia, o petró leo e seus derivados ainda representam cerca de um
terço das cargas transportadas nos oceanos.

A localizaçã o dos principais portos do mundo está associada ao volume de atividades


produtivas e à s necessidades de troca de suas respectivas á reas de influência. A capacidade de
atraçã o de um porto depende, por sua vez, da infraestrutura de que ele dispõ e para assegurar a
rapidez das cargas e descargas de um grande nú mero de navios com tamanhos e
características diferentes.

Os principais portos também sã o aqueles que dispõ em de redes multimodais, ou seja, de um


conjunto de vias de transporte relacionadas entre si e que possibilitam ligaçõ es rá pidas e
eficientes entre os lugares.

Os principais portos do mundo


Até as décadas de 1970 e 1980, os principais fluxos de mercadorias aconteciam no Atlâ ntico
Norte, entre a América do Norte e a Europa Ocidental. No entanto, a partir das ú ltimas décadas
do século XX, tem-se verificado um intenso crescimento dos fluxos comerciais no oceano
Pacífico. Hoje, dos 20 principais portos do mundo, 15 estã o localizados na Á sia Oriental, regiã o
cujo crescimento econô mico se deu graças à exportaçã o de produtos manufaturados.

Nessa regiã o, estã o situados os maiores portos para contêineres (Cingapura e Hong Kong) e
os conjuntos portuá rios da baía de Tó quio, principal local de construçã o de navios e á rea de
concentraçã o de uma das maiores frotas marítimas do planeta.

SAIBA MAIS

As vantagens do contêiner

Inovaçã o importante para o transporte de mercadorias ocorreu com a criaçã o e o aperfeiçoamento


do contêiner na década de 1960. Esse recurso tornou possível a diminuiçã o do tempo de carga e
descarga dos produtos.

O contêiner é uma grande caixa metá lica, de tamanho padrã o, que pode ser movida do navio para
um caminhã o ou para um vagã o de trem (e vice-versa).
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Porto de Roterdã . Disponível em: <https://www.portofrotterdam.com/en/the-port/port-facts-and-


figures/other-ports>. Acesso em: 14 out. 2015.

Leia
A volta ao mundo em oitenta dias, de Jú lio Verne. Sã o Paulo: Melhoramentos, 2009.
Os protagonistas desse clá ssico utilizam, em pleno sé culo XIX, diversos meios de transporte para cumprir a aposta de dar a
volta ao mundo em oitenta dias.
Pá gina 60

O transporte hidroviário

Em vá rias partes do mundo, as á guas internas (rios e lagos) sã o utilizadas para a navegaçã o.
Sã o as hidrovias, consideradas um tipo de transporte barato, sobretudo para cargas pesadas,
como minérios, grã os, materiais de construçã o e combustíveis.

O Brasil possui uma rede hidroviá ria de, aproximadamente, 23 mil quilô metros de vias
navegá veis. Desse total, 16 mil encontram-se no complexo Solimõ es-Amazonas, por onde
circularam em 2013 mais de 10 milhõ es de toneladas de produtos.

Apesar do grande potencial hidroviá rio do territó rio brasileiro, apenas 5% das cargas que
circulam internamente no país sã o transportadas em hidrovias. As principais cargas sã o de
minerais (minério de ferro, bauxita, alumina), soja, milho e areia.

As hidrovias brasileiras sã o pouco utilizadas por vá rios fatores: portos mal equipados,
pequena profundidade dos rios, cursos de á gua com muitos meandros (mais difíceis de serem
percorridos), entre outros.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Ministério dos Transportes. Disponível em: <http://www2.transportes.gov.br/bit/01-inicial/07-


download/mapahidro2013.pdf>. Acesso em: 14 out. 2015.

Os portos marítimos e os corredores de exportação


O setor portuá rio brasileiro é responsá vel por cerca de 90% das exportaçõ es do país. Apesar
do extenso litoral e da importâ ncia dos portos para o comércio exterior, o Brasil não dispõ e de
um nú mero elevado de portos.

De modo geral, no Brasil, os portos apresentam baixa eficiência técnica, como a morosi dade na
carga e na descarga, deficiência no armazenamento de mercadorias, equipamentos obsoletos
ou em mau estado de conservaçã o.
Há ainda fatores de ordem organizacional ligados à burocracia na liberaçã o de cargas que
dificultam enormemente o uso dessas vias de transporte, faltando também investimentos
governamentais e empresariais no setor. Um exemplo de ineficiência portuá ria é o porto de
Santos (SP), onde, com frequência, caminhõ es com produtos destinados ao exterior ficam
parados em filas quilométricas à espera de espaço e condiçõ es para o descarregamento.

Analistas preveem que o país corre sério risco de sofrer um colapso no setor portuá rio, o que
prejudicaria muito o comércio exterior.

Alguns portos brasileiros têm maior destaque porque estã o associados a redes multimodais
que servem à s suas á reas de influência e que formam os chamados corredores de
exportação.

O maior porto exportador brasileiro é o terminal de Tubarã o, em Vitó ria (ES), especializado em
mi né rio de ferro. O porto de Santos destaca-se pela va riedade de produtos exportados e
importados.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 129.
Pá gina 61

O transporte ferroviário

A ferrovia é um dos frutos da Primeira Revoluçã o Industrial e, naquela época, teve papel
central no desenvolvimento econô mico dos países da Europa Ocidental, dos Estados Unidos e
do Japã o. A ferrovia foi a primeira inovaçã o em tecnologia de transportes e pode ser
considerada responsá vel por uma série de transformaçõ es na movimentaçã o de cargas e no
transporte de passageiros.

Assista
Sociedade do automóvel. Direçã o de Branca Nunes e Thiago Benicchio, Brasil, 2005, 40 min.
O documentá rio aborda o problema do trâ nsito nas grandes cidades.

No passado, a construçã o de ferrovias teve papel fundamental na criaçã o e recriaçã o de


espaços geográ ficos, pois, ao longo de seu percurso, instalaram-se muitas indú strias e
formaram-se novas cidades. Nas antigas colô nias africanas, como a Á frica do Sul e o Congo, as
ferrovias permitiram acelerar a posse dos territó rios.

As ferrovias têm a seu favor uma série de fatores, sendo um deles a possibilidade de
transportar por longas distâ ncias e a baixo custo matérias-primas de grande volume (minérios,
grã os, madeira), bens manufaturados (automó veis, equipamentos agrícolas) e passageiros.

Em princípio, o custo de implantaçã o de uma ferrovia (seja para a instalaçã o dos trilhos, seja
pelo valor dos equipamentos) pode ser considerado alto. No entanto, o baixo custo do frete,
sobretudo em grandes distâ ncias, permite o rá pido retorno dos investimentos.

O uso de ferrovias difere de país para país. Em países de grande extensã o territorial, as
ferrovias têm, no geral, destaque na matriz de transportes, isto é, no conjunto dos tipos de
transporte que servem à sua economia.

Com a construçã o e o desenvolvimento das rodovias no século XX, muitos países deixaram de
investir no transporte ferroviá rio, que assim passou a perder prestígio e importâ ncia
econô mica.

A partir de meados da década de 1960, no Japã o, e da década de 1980, na Europa, surgiram os


trens de alta velocidade, que possibilitaram um aumento da competitividade das ferrovias com
relaçã o a outros tipos de transporte.

Atualmente, outros países, como os Estados Unidos, a Austrá lia e a Coreia do Sul, possuem
linhas férreas de grande velocidade.

SAIBA MAIS

Transiberiana, uma ferrovia transcontinental

A Transiberiana é a ferrovia mais extensa do mundo (quase 10 mil quilô metros de extensã o) e liga a
Rú ssia Ocidental ao Extremo Oriente. A ferrovia começou a ser construída no final do século XIX e,
durante o século XX, foi intensamente modernizada. Hoje, por ela circulam trens de passageiro e de
carga e, devido à sua grande capacidade de transporte de produtos, é uma via de transporte
fundamental para a economia russa.
Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: The Trans-Siberian Railway. Disponível em: <http://www.transsib.ru/Map/transsib-passengereng.gif>. Acesso


em: 14 out. 2015.
Pá gina 62

A ferrovia no Brasil
Navegue
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)
O portal do DNIT apresenta a histó ria das ferrovias, além de trazer muito material sobre rodovias e hidrovias. Disponível
em: <http://linkte.me/dnit>. Acesso em: 21 out. 2015.
Revista Ferroviária
Revista especializada em ferrovias, com notícias nacionais e internacionais, galeria de fotos, etc. Disponível em:
<http://linkte.me/rf>. Acesso em: 21 out. 2015.

A primeira locomotiva a vapor correu pelos trilhos ingleses em 1814, e daí em diante as
ferrovias se multiplicaram pela Europa e pelos Estados Unidos. Quarenta anos depois, em
1854, inaugurou-se, no Rio de Janeiro, a primeira ferrovia em territó rio brasileiro, com 14,5
quilô metros de extensã o.

Na segunda metade do século XIX, sobretudo nas três ú ltimas décadas, ocorreu uma forte
expansã o das ferrovias no Sudeste do país. Eram as “ferrovias do café”, instaladas com o
objetivo de transportar das fazendas até o porto de Santos o principal produto de exportaçã o
do Brasil na época.

A Sã o Paulo Railway, ferrovia que ligava o interior do estado de Sã o Paulo ao porto de Santos,
foi projetada e executada por engenheiros ingleses.

Apó s um período de acentuada expansã o, as ferrovias no Brasil começaram a entrar em


decadência, o que levou o governo federal a estatizar (passar para o controle do Estado) boa
parte da malha ferroviá ria brasileira, ao final dos anos de 1950. O es ta do de Sã o Paulo passou
a gerenciar as estradas de ferro paulistas.

Apesar da estatizaçã o, as ferrovias enfrentaram a concorrência das rodovias, que daí em diante
foram se tornando o componente mais importante da rede viá ria do país. A partir da década de
1960, a malha ferroviá ria parou de crescer e, em seguida, começou a diminuir. Em 1960, o país
contava com 38 mil quilô metros de linhas férreas e, em 2015, a extensã o era de cerca de 28 mil
quilô metros.

Vá rios fatores explicam a decadência do transporte ferroviá rio no Brasil, tais como o
crescimento da indú stria automobilística no país e a pressã o das multinacionais do setor para
estimular a expansã o das rodovias, além da falta de investimentos pelo Estado que prejudicou
a manutençã o das ferrovias.

Na atualidade, a maioria das estradas de ferro ainda obedece ao traçado original, que
estabelecia a ligaçã o entre as á reas produtoras e os portos, tendo um papel pouco relevante na
integraçã o inter-regional.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Ministério dos Transportes. Disponível em: <http://www2.transportes.gov.br/bit/01-inicial/07-


download/mapaferro2013.pdf>. Acesso em: 14 out. 2015.

GEOGRAFIA E ARQUITETURA

A Estação da Luz

Data de 1867 a inauguraçã o da Sã o Paulo Railway, linha férrea que ligava Jundiaí, no interior de Sã o
Paulo, ao porto de Santos, no litoral paulista. A construçã o dessa estrada de ferro, empreendida por
engenheiros ingleses, demandou importantes obras de engenharia, uma vez que parte considerá vel
de seu trajeto era realizada nas encostas da serra do Mar, regiã o de escarpas acentuadas.

Entre 1895 e 1901, sob a supervisã o do arquiteto inglês Charles Henry Driver, foi construída a
Estaçã o da Luz em estilo neoclá ssico. Da planta aos pregos utilizados, tudo foi importado da
Inglaterra. À época, sua torre era a mais alta da cidade de Sã o Paulo.

Coleçã o particular/ID/BR

Cartã o-postal da estaçã o, cerca de 1920.

1. Por que a Estaçã o da Luz era considerada tã o importante à época de sua construçã o? Reflitam
sobre a relaçã o entre arquitetura e poder econô mico.
Pá gina 63

As rodovias

A partir de 1920, a produçã o de automó veis em linha de montagem (sistema fordista)


barateou o custo desse meio de transporte, tornando-o acessível a um nú mero maior de
consumidores. Como resultado, nas cidades da época a paisagem sofreu diversas
transformaçõ es, como a ampliaçã o e o alargamento de ruas e avenidas e a construçã o de
tú neis, pontes e viadutos para a circulaçã o de veículos.

O transporte de carga também passou a ser feito em veículos motorizados, impulsionando o


crescimento do transporte rodoviário em extensã o e importâ ncia, inicialmente nos Estados
Unidos e na Europa Ocidental.

No Brasil, o setor rodoviá rio começou a ser organizado a partir do final da década de 1930,
com a criaçã o do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).

Com a instalaçã o da indú stria automobilística no Brasil e a expansã o mundial da indú stria
petrolífera, o transporte rodoviá rio cresceu muito e, em pouco tempo, tornou-se o mais
utilizado tanto para cargas quanto para passageiros.

A opçã o pelas rodovias diferencia o Brasil de outros países de grande extensã o territorial, onde
as ferrovias e as hidrovias sã o os setores predominantes, uma vez que economicamente sã o
muito mais vantajosas.

Apesar de o investimento no transporte rodoviá rio ter sido feito em detrimento de outras vias
de transporte, nã o se pode negar que as rodovias contribuí ram para a integraçã o intra e inter-
regional do territó rio. Isso aconteceu porque, enquanto o traçado das ferrovias, por exemplo,
era determinado pelas á reas produtoras e consumidoras de bens (seu objetivo principal era o
escoamento da produçã o), as rodovias, com traçado mais flexível, podiam ser abertas em
diversas localidades.

Projetos de integração
No início da década de 1960, com a construçã o das rodovias Rio-Bahia e Régis Bittencourt (BR-
116), que faziam a ligaçã o entre Nordeste, Sudeste e Sul, começou um período de maior
desenvolvimento da integraçã o do territó rio brasileiro. É da mesma época a construçã o da
Belém-Brasília, rodovia que representou o primeiro esforço do Estado brasileiro para
promover a ligaçã o entre o Sudeste e as regiõ es Centro-Oeste e Norte do país.

A partir dos governos militares, foram efetivamente colocadas em prá tica as políticas de
integraçã o. Essas políticas faziam parte das estratégias geopolíticas dos governantes, que
utilizavam lemas como “integrar para não entregar”.

Com um projeto ambicioso e caro, no governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974)


iniciou-se a construçã o da rodovia Transamazônica (BR-230), sob o pretexto de “levar
homens sem terra para uma terra sem homens”. Ela foi planejada de leste para oeste, ligando
Joã o Pessoa (PB), Picos (PI) e Boqueirã o da Esperança (AC) numa extensã o de pouco mais de 4
mil quilô metros. À s margens da rodovia seriam instaladas agrovilas, locais onde haveria
infraestrutura para o assentamento de colonos, que receberiam lotes de terra e orientaçã o
para cultivar. Mas, apó s o início da construçã o da Transamazô nica, o projeto das agrovilas
deixou de existir, e os colonos assentados foram abandonados à pró pria sorte. Atualmente,
apenas 2,5 mil quilô metros da estrada estã o abertos.

Assentamento: á rea destinada a trabalhadores rurais e suas famílias por meio da reforma agrá ria ou por outro tipo de
política pú blica de distribuiçã o de terra.

Construída durante o período militar, outra rodovia de integraçã o teve um destino diferente da
Transamazô nica: a BR-364, que liga Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO), promoveu o rá pido
povoamento de Rondô nia. Ao longo da BR-364 ocorreu uma ocupaçã o desordenada,
provocando intenso processo de desmatamento. Também sã o importantes rodovias de
integraçã o regional a Cuiabá -Santarém e a Manaus-Rio Branco.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 128.

Navegue
Ministério dos Transportes
O Portal do Ministé rio dos Transportes traz muitas informaçõ es, relató rios e mapas sobre os diversos tipos de transporte.
Disponível em: <http://linkte.me/mt>. Acesso em: 21 out. 2015.
Pá gina 64

A privatização das rodovias


A privatizaçã o das rodovias deve ser analisada de dois diferentes ângulos. Por um lado, ao
longo de décadas, o Estado mostrou-se incapaz de conservar as estradas, que ficaram
inadequadas ao volume cada vez maior de veículos e perigosas para o trá fego. Por outro lado, a
cobrança de pedá gios deixa as viagens caras para quem transita de automó vel ou transporta
cargas de caminhã o. Os valores do pedá gio sã o repassados à s mercadorias transportadas,
tornando-as mais caras.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 128

O transporte aéreo

O transporte aéreo começou a ser realizado no mundo apó s o fim da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), quando as primeiras empresas aéreas de transporte de passageiros foram
criadas na Europa.

A partir da segunda metade do século XX, o transporte aéreo de produtos teve um grande
impulso graças ao aumento da capacidade de carga dos aviõ es e à produçã o em série de aviõ es
cargueiros.

Ao final dos anos 1990, com a globalizaçã o, em vá rias partes do mundo ocorreram processos
de fusã o entre companhias aéreas sob a alegaçã o de racionalizar os serviços e torná -los mais
baratos. Foi também a partir dessa época que o nú mero de passageiros teve um crescimento
expressivo.

A principal vantagem do transporte aéreo é permitir a circulaçã o de pessoas e mercadorias em


um intervalo de tempo mais reduzido, sobretudo em médias e longas distâ ncias. Por isso, o
transporte aéreo é mais adequado para mercadorias perecíveis ou de alto valor. A
desvantagem desse tipo de transporte é o seu preço elevado e a poluiçã o causada pela queima
de combustível.

No Brasil, o transporte aéreo de passageiros se popularizou bastante a partir de 2000. No


entanto, o nú mero de voos cresceu sem que os investimentos em infraestrutura nos
aeroportos aumentassem na mesma proporçã o.

CONEXÃO

O estado de conservação das estradas

O sistema rodoviá rio no Brasil é o principal responsá vel pelo fluxo de passageiros e pelo
escoamento das mercadorias internamente. No entanto, em 2015, o Brasil contava com cerca de 1,7
milhã o de quilô metros de rodovias e, desse total, 80% estavam sem pavimentaçã o. A maioria das
estradas pavimentadas apresentava problemas de má conservaçã o. Em estradas malconservadas,
acidentes podem causar a perda total da carga, e o tempo de transporte é muito mais elevado.

1. Existem alternativas ao sistema rodoviá rio? Quais sã o suas vantagens e desvantagens?

2. Você considera o sistema rodo viá rio o mais adequado para o trans porte de pessoas e de
mercadorias? Justifique.

Evelson de Freitas/Estadão Conteú do

Trecho da rodovia BR-364 em Rio Branco (AC) em precá rias condiçõ es para a circulaçã o de veículos. Foto de 2014.
Pá gina 65

Mundo Hoje
A ineficiência da infraestrutura logística do Brasil
[…] O problema e o desafio para o setor de transportes estã o no processo de distribuiçã o, no
trajeto das fá bricas até o cliente final. A etapa de distribuiçã o deve ser analisada com a sua
devida importâ ncia, pois esta envolve mais do que carregar e descarregar mercadoria e/ou
produtos, tendo um alto grau de complexidade. O grande desafio da á rea de logística é
descobrir e selecionar o melhor modal a ser utilizado, para cada tipo de transporte. Transporte
rodoviá rio, aéreo, marítimo ou ferroviá rio. […]

Os modais brasileiros em geral apresentam problemas e precisam de investimentos do


governo para melhoria e possível adequaçã o das suas deficiências. O sistema rodoviá rio, o
mais utilizado no país, enfrenta situaçã o ruim fora dos eixos das grandes capitais. As estradas
sã o precá rias e nã o oferecem segurança ao transporte. O sistema adotado para as privatizaçõ es
dos pedá gios acabou por onerar o transporte, deixando o custo dos fretes mais alto. O
transporte ferroviá rio poderia ser uma opçã o interessante, dada a extensã o territorial do país,
mas ainda enfrenta dificuldades de integraçã o e de renovaçã o tanto da infraestrutura bá sica
como das composiçõ es. […]

Já no comércio exterior, as mercadorias de primeira classe normalmente viajam de aviã o. No


Brasil temos menos de 1% do transporte de cargas para o exterior sendo feito por aviõ es, estas
mercadorias representam mais de 10% do total. Nos aeroportos normalmente chegam apenas
produtos com alto valor agregado e que necessitam ser entregues com urgência. […]

Entretanto, nos aeroportos brasileiros esta vantagem competitiva do modal aéreo de entrega
rá pida acaba se perdendo devido à burocracia. A Federaçã o das Indú strias do Rio de Janeiro,
2013, divulga um estudo que mostra que, em cinco aeroportos brasileiros de carga, o tempo de
liberaçã o dos produtos é de aproximadamente 175 horas. Esta espera parece mais longa se
compararmos com outros aeroportos do mundo. Por exemplo, em Londres, a liberaçã o da
carga demora cerca de 8 horas, já nos Estados Unidos, 6 horas, e, na China, demora só 4 horas.
Um dos setores mais prejudicados é o farmacêutico. Uma carga de remédios de R$ 35 milhõ es
tem o custo no valor de R$ 287 mil no aeroporto do Rio de Janeiro. Esta despesa é
aproximadamente 40 vezes maior do que o custo para se transportar a mesma carga no
aeroporto de Cingapura […]

Apesar […] [de] possuir uma extensa malha rodoviá ria, uma das mais extensas do mundo, o
Brasil ainda está muito atrasado se compararmos com as potências mundiais, tendo apenas
13% de nossas rodovias pavimentadas. […] A Índia possui expansã o territorial três vezes
menor que a brasileira e mesmo assim possui uma malha rodoviá ria pavimentada
aproximadamente sete vezes maior do que a do Brasil […]

Ainda, quanto pior estiver o estado de conservaçã o da rodovia, maior será o desgaste do
veículo, aumentando invariavelmente os custos variá veis, como peças, lubrificaçã o,
combustível, pneus […] De acordo com a CNT [Confederaçã o Nacional do Transporte] (2010),
os custos operacionais das frotas nacionais poderiam ser reduzidos aproximadamente em 25%
caso as rodovias pavimentadas do País estivessem em ó timo estado de conservaçã o.

[…]
BARBOZA, Maxwell Augusto Meireles. A ineficiência da infraestrutura logística do Brasil. Revista Portuária – Economia e Negócios, 23
set. 2014. Disponível em: <http://www.revistaportuaria.com.br/noticia/16141>. Acesso em: 22 out. 2015.

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

A aduana é o local por onde todos os produtos importados e exportados passam para entrar ou para sair do país. O
despacho aduaneiro tem por finalidade verificar a exatidã o dos dados e dos documentos fornecidos pelo exportador
ou importador. Com base nas informaçõ es prestadas, são calculados os tributos (impostos e taxas) devidos. Um dos
problemas enfrentados pelo comércio exterior brasileiro é a burocracia e a lentidã o do serviço de despacho
aduaneiro. Cargas em aduana na Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR). Foto de 2015.

PARA ELABORAR

1. Explique os principais problemas existentes nos sistemas rodoviá rio e aeroviá rio
brasileiros.

2. De que forma esses problemas afetam as atividades de comércio exterior no Brasil?


Pá gina 66

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Que fatores explicam a localizaçã o de grandes portos no litoral asiá tico do Pacífico?

2. Como é possível explicar a capacidade de atraçã o de um porto?

3. Explique em que contexto o uso do transporte ferroviá rio é mais adequado.

4. Cite os fatores que explicam a diminuiçã o das ferrovias no Brasil.

5. Que conjuntura histó rica favoreceu o investimento no transporte rodoviá rio no Brasil?

6. Por que o potencial brasileiro em hidrovias não é totalmente aproveitado?

Lendo mapas, gráficos e tabelas

7. Analise o mapa das ferrovias na Á frica e, com base em uma pesquisa com um grupo de
colegas, responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 65 e 67.

a) Quais países africanos possuem as maiores malhas ferroviá rias?


b) A maior parte da rede ferroviá ria africana localiza-se pró ximo ao litoral. Por que isso
ocorre?

c) Pode-se dizer que o continente africano é integrado por suas ferrovias?

8. Interprete o grá fico e responda à s questõ es.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Confederaçã o Nacional do Transporte (CNT). Boletim estatístico, dez. 2014. Disponível em:
<http://www.cnt.org.br/Boletim/boletim-estatistico-cnt>. Acesso em: 8 jan. 2015.

a) Que transporte tem destaque na matriz de transporte de cargas do Brasil?

b) Considerando as características do territó rio brasileiro, que modais de transporte devem


receber mais investimentos? Justifique.

9. Analise o mapa e responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 129.

a) A Regiã o Sudeste é a que recebe maior volume de carga e correspondências do exterior.


Quais devem ser as características dos produtos recebidos nessa regiã o?
b) Analise as características do transporte aéreo de cargas e correio nas outras regiõ es
brasileiras.
Pá gina 67

10. As hidrovias sã o utilizadas em larga escala em vá rias partes do mundo. Analise o mapa da
rede hidroviá ria dos Estados Unidos e responda à questã o.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. Sã o Paulo: Moderna, 2013. p. 75.

Qual é a importâ ncia das hidrovias para a regiã o da costa do Atlâ ntico e do golfo do México?

11. Analise a tabela e responda à s questõ es.

Brasil – Movimento total de cargas de importantes portos e terminais marítimos (2º trimestre de
2015)
Portos Movimento de cargas (milhões (%) do total de cargas
de toneladas) transportadas no Brasil
Terminal de Ponta da Madeira (MA) 30,9 12,1
Terminal de Tubarã o (ES) 26,6 10,4
Santos (SP) 24,0 9,4
Itaguaí (Sepetiba, RJ) 13,7 5,4
Terminal Almirante Barroso (SP) 12,0 4,7
Paranaguá (PR) 12,0 4,7
Terminal da Ilha Guaíba (RJ) 11,6 4,5
Almirante Maximiano da Fonseca 9,7 3,8
(RJ)
Terminal de Ponta Ubu (ES) 7,5 2,9
Rio Grande (RS) 6,5 2,5

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Transportes Aquaviá rios (Antaq). Boletim Informativo Portuário. Disponível em:
<http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/BoletimPortuario/BoletimPortuarioSegundoTrimestre2015.pdf>. Acesso em: 16 out. 2015.

a) Em qual regiã o se situam os maiores portos brasileiros?

b) Analise a localizaçã o dos principais portos em um atlas e cite um porto especializado na


exportaçã o de matérias-primas e um porto exportador de produtos manufaturados e
semimanufaturados.

Interpretando textos e imagens


12. Leia o texto a seguir e interprete a imagem.

Praticamente a metade (49,9%) do pavimento das rodovias brasileiras apresenta algum tipo de
deficiência, sendo classificado pela Pesquisa CNT de Rodovias 2014 como regular, ruim ou péssimo,
por apresentar buracos, trincas, afundamentos, ondulaçõ es, entre outros problemas. Em relaçã o à
superfície do pavimento, 44,7% da extensã o pesquisada está desgastada. […]

Além do risco à vida das pessoas, os problemas nas rodovias contribuem para aumentar os custos
de operaçã o e o tempo de viagem, afetando tanto o transporte de cargas como o de passageiros.
Conforme o estudo, o acréscimo médio do custo operacional devido à qualidade do pavimento das
rodovias brasileiras é de 26%. Se considerar a regiã o Norte, onde há ainda maiores deficiências na
malha, esse índice sobe para 37,6%.

Conselho Nacional de Trâ nsito. Disponível em: <http://pesquisarodovias.cnt.org.br/Paginas/principaisDados.aspx?origem=2>.


Acesso em: 24 out. 2015.

Denilton Dias/O Tempo/Folhapress

Carga de melancias de caminhã o que tombou na BR-040, em Minas Gerais. Foto de 2015.

a) Segundo o texto, quais sã o as condiçõ es das rodovias na Regiã o Norte?

b) A foto retrata um acontecimento relacionado ao mau estado das rodovias. Que problema é
esse? De que outras formas o mau estado das rodovias pode encarecer o preço dos produtos de
carga?
Pá gina 68

Em análise
Construir e interpretar mapas com círculos proporcionais
Um mapa pode oferecer grande nú mero de informaçõ es que permitem conhecer melhor as
características de determinado espaço.

Alguns mapas podem apresentar o cará ter quantitativo de um fenô meno e sua localizaçã o no
espaço. É esse o objetivo do mapa com figuras geométricas proporcionais (círculos,
quadrados, etc.). Esse mapa é mais indicado para representar quantidades absolutas, como o
nú mero de habitantes de um país. Cada figura no mapa tem um tamanho, que é determinado
pela quantidade do que está sendo representado.

A figura mais comum para simbolizar quantidades é o círculo, que deixa bem clara a diferença
entre os tamanhos. Para mostrar aspectos de um fenô meno, um círculo, representando
determinado valor, é colocado no local onde esse fenô meno ocorre.

Um círculo representando um valor é obrigatoriamente colocado no local onde ocorre o valor


do fenô meno representado. Novos círculos com valores diferentes sã o aplicados em outros
locais do mapa, conforme a proporcionalidade do que se quer representar.

Os círculos podem chegar a cobrir uns aos outros. Para possibilitar a leitura, os menores
sempre aparecem por cima dos maiores.

Abaixo, damos um exemplo de tabela cujos dados estã o representados no mapa por meio de
círculos proporcionais. Observe estes dados aplicados no mapa a seguir.

Maiores exportadores de alta tecnologia (2013)


País Valor (em milhares de dólares)
China 560 058 334
Alemanha 193 087 961
Estados Unidos 147 833 169
Cingapura 135 601 531

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/TX.VAL.TECH.CD/countries?


display=default>. Acesso em: 11 nov. 2015.

A leitura do mapa permite concluir que os países que têm maior volume de valores em
exportaçõ es de alta tecnologia estã o concentrados na América do Norte, Europa e Á sia.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/TX.VAL.TECH.CD/countries?


display=default>. Acesso em: 11 nov. 2015.
Pá gina 69

Proposta de trabalho

Os dados apresentados na tabela abaixo sã o do Financial Times, um jornal britâ nico, e mostram
a localizaçã o das 431 maiores empresas multinacionais em valor de mercado, no ano de 2014.

Localização das sedes das 431 maiores multinacionais (2014)


País-sede Número de empresas
Estados Unidos 203
Reino Unido 37
Japã o 34
França 28
Canadá 22
Alemanha 20
China 18
Hong Kong 14
Suíça 13
Austrá lia 11
Suécia 11
Brasil 10
Índia 10

Fonte de pesquisa: Financial Times. Disponível em: <http://www.ft.com/intl/cms/s/0/988051be-fdee-11e3-bd0e-


00144feab7de.html#axzz3okP961Dc> Acesso em: 16 out. 2015.

1. Para construir o mapa, reproduza um planisfério político em uma folha de papel sulfite ou
vegetal.

2. De acordo com a tabela, 203 das maiores multinacionais do mundo têm suas sedes nos
Estados Unidos. Na Índia e no Brasil estã o as sedes de 10 multinacionais. Esses dois valores
serã o os limites da legenda. Com um compasso, localize os Estados Unidos no pla nisfério e
trace um círculo com um raio de 3 cm. Repita a operaçã o para o Brasil e a Índia utilizando 0,5
cm para o raio do círculo. Todos os demais círculos estarã o entre esses dois tamanhos. Calcule
os tamanhos utilizando os dados da tabela.

3. Os outros círculos serã o proporcionais ao tamanho daquele que representa os Estados


Unidos. Essa proporcionalidade indica a diferença entre as grandezas. Para que todos os
círculos fiquem visíveis no mapa, a proporçã o grá fica nã o poderá ser exata. Por exemplo, nos
Estados Unidos existem quase seis vezes mais se des que no Reino Unido, mas na
representaçã o grá fica o círculo do Reino Unido pode equivaler à metade do círculo dos Estados
Unidos. O objetivo do ma pa, que é representar a grande diferença do fenô meno entre os
países, continua sendo alcançado. E, por meio da legenda, a informaçã o absoluta também é
dada.

4. Siga a tabela e, no planisfério, trace os círculos nos países correspondentes.

5. Utilize uma ú nica cor para pintar todos os círculos traçados no mapa.

6. Faça a legenda assinalando os três ou quatro principais círculos e seus respectivos valores. A
legenda pode ser como a do mapa da pá gina anterior ou com os círculos desenhados lado a
lado. Veja os exemplos abaixo.

7. Dê um título ao mapa.
8. Escreva no caderno uma síntese das suas conclusõ es sobre o conteú do do mapa que você
fez.

Thiago Lyra/ID/BR

Setup Bureau/ID/BR

Setup Bureau/ID/BR

Esses exemplos sã o apenas ilustrativos. Em seu mapa, use os dados da tabela.


Pá gina 70

Síntese da Unidade
Capítulo 1 A formação do mundo capitalista

• No caderno, elabore um quadro-síntese indicando, com as informaçõ es do capítulo, o início da


formaçã o, os principais fatos relacionados e as principais características de cada uma das seguintes
etapas do capitalismo: comercial, industrial, e monopolista ou financeiro.

Capítulo 2 A DIT e as revoluções industriais

• A partir do esquema abaixo, escreva frases que sintetizam o conteú do do capítulo.

Capítulo 3 O papel do comércio mundial

• Escreva duas ou três frases para cada palavra-chave ou expressã o abaixo, sintetizando as
informaçõ es do capítulo.

· Globalizaçã o
· Fluxos imateriais
· Paraíso fiscal
· Blocos econô micos
· Comércio ilegal
· Movimento antiglobalizaçã o
Capítulo 4 A inserção do Brasil na economia mundial

• A partir do esquema abaixo, escreva frases que sintetizam o conteú do do capítulo.


Capítulo 5 Circulação e transportes

• A partir das fotografias, escreva um texto sintetizando os assuntos principais desenvolvidos no


capítulo.

Vinicius Moraes/Fotoarena

Porto de Tubarã o, Vitó ria (ES). Foto de 2015.

Chico Peixoto/LeiaJáImagens/ Estadão Conteú do

Rodovia BR-232 em Recife (PE). Foto de 2015.


Pá gina 71

Vestibular e Enem
Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

1. (UFC-CE) A Primeira Revoluçã o Industrial provocou uma grande transformaçã o no espaço


geográ fico. A esse respeito, leia as afirmaçõ es abaixo.
I. Aconteceu um intenso processo de urbanizaçã o, e as cidades passaram a comandar as
atividades econô micas e a organizaçã o do espaço geográ fico.
II. Com a ampliaçã o da Divisã o Internacional do Trabalho, alguns países europeus
especializaram-se na produçã o industrial, controlando o mercado mundial de produtos
industrializados.
III. Aconteceram grandes mudanças no modo de produçã o, sem implicaçõ es na organizaçã o
política e territorial da Europa.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I é verdadeira.
b) Apenas III é verdadeira.
c) Apenas I e II sã o verdadeiras.
d) Apenas II e III sã o verdadeiras.
e) I, II e III sã o verdadeiras.

2. (Enem)

Enem/2014. Fac-símile: ID/BR

Considerando-se a dinâ mica entre tecnologia e organizaçã o do trabalho, a representaçã o


contida no cartum é caracterizada pelo pessimismo em relaçã o à :
a) ideia de progresso.
b) noçã o de sustentabilidade.
c) organizaçã o dos sindicatos.
d) obsolescência dos equipamentos.

3. (UFRJ) O mundo vem assistindo a uma revoluçã o no setor produtivo que tem sido chamada
de Terceira Revoluçã o Industrial ou Revoluçã o Técnico-Científica (Revoluçã o Tecnoló gica). A
plena inserçã o brasileira nesse contexto enfrenta um sério obstá culo, que é:
a) a grande extensã o do territó rio nacional, encarecendo a produçã o tecnoló gica.
b) o distanciamento geográ fico do Brasil em relaçã o aos principais centros tecnoló gicos.
c) a incompetência tecnoló gica nacional no setor agrá rio-exportador.
d) o exagerado crescimento brasileiro no setor da indú stria de consumo.
e) a limitada capacitaçã o técnico-científica da produçã o nacional.
4. (Fuvest-SP) Quanto à formaçã o do territó rio brasileiro, podemos afirmar que:
a) a mineraçã o, no século XVIII, foi importante na integraçã o do territó rio devido à s relaçõ es
com o Sul, provedor de charque e mulas, e com o Rio de Janeiro, por onde escoava o ouro.

b) a pecuá ria no rio Sã o Francisco, desenvolvida a partir das numerosas vilas da Zona da Mata,
foi um elemento importante na integraçã o do territó rio nacional.
c) a economia baseada, no século XVI, na exploraçã o das drogas do sertã o integrou a porçã o
Centro-Oeste à Regiã o Sul.
d) a economia açucareira do Nordeste brasileiro, baseada no binô mio plantation e escravidã o,
foi a responsá vel pela incorporaçã o ao Brasil de territó rios pertencentes à Espanha.
e) a extraçã o do pau-brasil, promovida pelos paulistas por meio das entradas e bandeiras, foi
importante na expansã o das fronteiras do territó rio brasileiro.

5. (Enem)

A urbanizaçã o brasileira, no início da segunda metade do século XX, promoveu uma radical
alteraçã o nas cidades. Ruas foram alargadas, tú neis e viadutos foram construídos. O bonde foi a
primeira vítima fatal. O destino do sistema ferroviá rio nã o foi muito diferente. O transporte coletivo
saiu definitivamente dos trilhos.

JANOT, L. F. A caminho de Guaratiba. Disponível em: <http://www.iab.org.br/>. Acesso em: 9 jan. 2014. (Adaptado.)

A relaçã o entre transportes e urbanizaçã o é explicada, no texto, pela:


a) retirada dos investimentos estatais aplicados em transporte de massa.
b) demanda por transporte individual ocasionada pela expansã o da mancha urbana.
c) presença hegemô nica do transporte alternativo localizado nas periferias das cidades.
d) aglomeraçã o do espaço urbano metropolitano impedindo a construçã o do transporte
metroviá rio.
e) predominâ ncia do transporte rodoviá rio associado à penetraçã o das multinacionais
automobilísticas.

6. (UFV-MG) A expressã o Terceira Revoluçã o Industrial ganhou validade a partir do uso dos
avanços científicos e tecnoló gicos na indú stria. No entanto, ela também abrange os progressos
ocorridos em outras á reas. De uma forma ou de outra, quase todos os setores da economia e da
sociedade se beneficiaram das novas conquistas do conhecimento humano.
Pá gina 72

Vestibular e Enem
Em relaçã o à Terceira Revoluçã o Industrial, é incorreto afirmar que ela:
a) provocou um novo equilíbrio na economia mundial na medida em que reduziu a distâ ncia
entre os países centrais e os países perifé ricos.
b) teve como um dos seus efeitos o deslocamento cada vez mais significativo do poder
decisó rio da esfera pú blica para os interesses da esfera privada.
c) aprofundou a crise nos empregos tradicionais, inclusive nos países centrais, gerando o
chamado desemprego estrutural e uma forte terceirizaçã o da economia.
d) provocou uma crescente internacionalizaçã o da produçã o capitalista e uma reconcentraçã o
do capital pelos conglomerados transnacionais.

7. (Enem)

De todas as transformaçõ es impostas pelo meio técnico-científico-informacional à logística dos


transportes, interessa-nos mais de perto a intermodalidade. E por uma razã o muito simples: o
potencial que tal “ferramenta logística” ostenta permite que haja, de fato, um sistema de
transportes condizente com a escala geográ fica do Brasil.

HUERTAS, D. M. O papel dos transportes na expansã o recente da fronteira agrícola brasileira. Revista Transporte y Territorio,
Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010. (Adaptado.)

A necessidade de modais de transporte interligados, no territó rio brasileiro justifica-se pela(s):


a) variaçõ es climá ticas no territó rio, associadas à interiorizaçã o da produçã o.
b) grandes distâ ncias e a busca da reduçã o dos custos de transporte.
c) formaçã o geoló gica do país, que impede o uso de um ú nico modal.
d) proximidade entre a á rea de produçã o agrícola intensiva e os portos.
e) diminuiçã o dos fluxos materiais em detrimento de fluxos imateriais.

8. (UFSCar-SP) A respeito das disparidades regionais do Brasil é correto afirmar que:


a) elas sempre existiram na nossa histó ria, com o Nordeste sendo a regiã o mais carente desde
os primó rdios da colonizaçã o.
b) elas se tornaram mais graves com a globalizaçã o, que ocasionou uma acelerada
industrializaçã o do Sudeste e um retrocesso no Nordeste.
c) elas foram adquirindo as características atuais com a industrializaçã o do país e tornaram-se
assunto da política nacional a partir dos anos de 1950.
d) elas decorrem fundamentalmente das diversidades naturais do nosso territó rio e da
distribuiçã o espacial das reservas minerais.
e) elas sã o um problema nacional devido à s secas do Nordeste, que sempre exigiram políticas
especiais voltadas para o desenvolvimento dessa regiã o.

9. (Unirio-RJ) Desde o seu advento até os dias de hoje, a atividade industrial passou por vá rias
transformaçõ es e teve vá rias etapas ou fases. Sã o características da Segunda Revoluçã o
Industrial a(o):
a) liderança dos Estados Unidos, o petró leo como principal fonte de energia e a indú stria
automobilística.
b) liderança inglesa, o predomínio da má quina a vapor e as indú strias têxteis.
c) disputa pela liderança entre Japã o, Estados Unidos e Europa Ocidental, a robó tica, a
informá tica e a biotecnologia.
d) dispersã o espacial da indú stria e a utilizaçã o de vá rias fontes de energia como a nuclear, a
solar e a eó lica.
e) uso do carvã o mineral como principal fonte de energia, o Taylorismo e o Fordismo.

10. (UFC-CE) Com relaçã o à organizaçã o do espaço brasileiro, é correto afirmar que:
a) os aspectos físicos naturais (clima, solo, vegetaçã o, relevo e hidrografia) sã o os ú nicos
condicionantes da organizaçã o do espaço.
b) o processo de industrializaçã o se deu de modo uniforme em todas as regiõ es brasileiras.
c) a implantaçã o das ferrovias foi o principal fator para a integraçã o entre as diferentes regiõ es
brasileiras.
d) o referido processo resulta de diferentes fatores, sendo fundamental o socioeconô mico.
e) o modelo econô mico exportador, introduzido pelos portugueses, favoreceu a integraçã o
regional e a formaçã o de um mercado consumidor interno.

11. (PUC-Campinas-SP) Os blocos econô micos surgiram nas ú ltimas décadas, numa conjuntura
marcada:
a) pelo aumento das taxas alfandegá rias, forma encontrada pelos diferentes países para
expandir a desnacionalizaçã o do capital.
b) pelas articulaçõ es realizadas por países do Tercei ro Mundo, que precisavam se unir para
ter forças para enfrentar os países industrializados desenvolvidos.
c) pelas tentativas de unificaçã o das culturas, já que os grandes obstá culos para a integraçã o
dos povos residiam nas diferenças nacionais, sobretudo em razã o do idioma e da religiã o.
d) pela necessidade que os países capitalistas tinham de impedir o avanço das economias
baseadas na planificaçã o e na ditadura do proletariado.
Pá gina 73

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

e) pela necessidade de abertura da economia, em um mercado altamente competitivo, onde as


grandes empresas que controlam as tecnologias acabam adquirindo maior poder de decisã o
que os Estados nacionais.

12. (Unifor-CE) A partir da década de 1980, a economia mundial passou por grandes
transformaçõ es que resultaram em um novo desequilíbrio entre o grupo de países
desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Dentre essas transformaçõ es, pode-se citar a
revolução tecnocientífica, que se caracterizou:
a) pela transferência de tecnologias de ponta para os países subdesenvolvidos, a partir da
generalizaçã o das transmissõ es de informaçõ es via satélite.
b) pela emergência das tecnologias da microeletrô nica e transmissã o de informaçõ es e pela
expansã o da automatizaçã o e robotizaçã o nas linhas de produçã o.
c) por uma nova concentraçã o da produçã o industrial nos países desenvolvidos, em funçã o dos
menores custos de produçã o com o uso de robô s nas fá bricas.
d) pelo uso intensivo de energia elétrica em substituiçã o ao petró leo e pelas novas aplicaçõ es
da biotecnologia no aumento da produtividade agrícola.
e) por uma maior difusã o das tecnologias de produçã o industrial em funçã o da maior
integraçã o econô mica possibilitada com o uso da internet.

13. (Vunesp) A questã o está relacionada ao mapa e ao texto a seguir.

A soja do Mato Grosso sai por rodovia para Paranaguá ou segue por ferrovia para Santos ou,
ainda, por rodovia para Porto Velho e por hidrovia até Itacoatiara, num longo caminho para o
reembarque rumo ao exterior.

Vunesp/Fac-símile: ID/BR

As aná lises do mapa e do texto permitem concluir que:


a) a criaçã o de espaços de avanço tecnoló gico no interior do país é condiçã o fundamental para
a expansã o da fronteira agrícola.
b) os produtos de exportaçã o têm possibilitado a organizaçã o do espaço da regiã o central do
Brasil.
c) a crescente utilizaçã o do transporte hidroviá rio para grandes cargas tem impulsionado a
produçã o agrícola nacional.
d) a privatizaçã o da rede ferroviá ria transformou-se em um obstá culo para a circulaçã o de
mercadorias no espaço nacional.
e) a deficiente rede de infraestrutura de transportes diminui a competitividade agrícola do
país no exterior.

14. (UEPB) A globalizaçã o que marca a nova fase do desenvolvimento capitalista se caracteriza
pela mundializaçã o da produçã o, da circulaçã o e do consumo. Processo este que foi viabilizado
pelo avanço técnico acelerado. As transformaçõ es rá pidas que ocorrem na economia e na
sociedade têm hoje a finalidade de intensificar a competitividade, que é mola propulsora do
processo de globalizaçã o. Podemos identificar como estratégias competitivas do capitalismo
globalizado:

I. A produçã o de transgênicos que, embora polêmica, é mais produtiva, aumenta a resistência


à s pragas e cria a dependência dos produtores junto à s empresas que controlam as sementes
geneticamente modificadas.
II. A customizaçã o, ou seja, a fabricaçã o de produtos sob encomenda para atender à s
especificaçõ es do consumidor final, em substituiçã o à produçã o padronizada em série e com
grandes estoques.
III. A flexibilizaçã o da produçã o através da adoçã o de um mesmo padrã o produtivo das linhas
de montagem, distribuídas pelos vá rios países do mundo, o que reduz custos e retira a
identificaçã o de um produto como sendo de uma nacionalidade.
IV. A adoçã o do protecionismo à s empresas nacionais através dos subsídios e das cotas para
dificultar a concorrência dos produtos estrangeiros dentro dos territó rios nacionais.

Estã o corretas apenas as alternativas:

a) I, II e III
b) I, III e IV
c) I e IV
d) II, III e IV
e) II e III
Pá gina 74

Geografia, Arte e Filosofia


Pessoas ao sol
O pintor Edward Hopper, nascido em Nyack (EUA) no ano de 1882, tornou-se conhecido por
seu estilo realista e é considerado um dos artistas estadunidenses mais populares.
Frequentemente retratou cenas cotidianas, abordando temas como a solidã o, a banalidade e a
melancolia na sociedade moderna. Hopper nã o deixou de expor, ao mesmo tempo, a beleza
inesperada de tais cenas.

A obra abaixo, denominada Pessoas ao sol, foi realizada em 1960, em ó leo sobre tela. Ela
retrata uma cena inusitada de um grupo de pessoas completamente vestidas tomando sol. As
pessoas estã o sentadas e parecem permanecer em silêncio. No texto a seguir, o escritor Mark
Strand busca desvendar a obra, trazendo alguns elementos para sua aná lise e reflexã o.

Smithsonian American Art Museum, Estados Unidos. Fotografia: ID/BR

HOPPER, Edward (1882-1967). People in the sun, 1960. Ó leo sobre tela, 102,6 cm × 153,4 cm.

[...] Um pequeno grupo de pessoas toma sol em cadeiras colocadas em fila. Mas estã o aí com o
objetivo de se bronzear? Se é assim, por que se vestem como se estivessem no trabalho ou no
consultó rio de um médico? Será que, nã o importa onde se encontrem, o mundo todo é sua sala
de espera? Talvez. O que devemos pensar do jovem que lê? Parece mais absorvido pela cultura
do que pela natureza, mas fica com os outros do lado de fora, à beira da estrada, sob o sol. [...]
Nã o se pode imaginar que essas pessoas estejam realmente tomando sol. Parecem olhar ao
longe tão distante quanto possível na direçã o do amplo prado que se estende até a fileira de
colinas. E as colinas apresentam um ângulo muito semelhante ao das pessoas reclinadas na
cadeira, dando a impressã o de devolver esse olhar. A natureza e a civilizaçã o quase parecem
sondar uma à outra. [...]

STRAND, Mark. Hopper. Barcelona: Lumen/Random House Mondadori, 2012. p. 61-63. (Traduçã o dos autores.)
Pá gina 75

Depois de apreciar a obra Pessoas ao sol e de ler a contribuiçã o de Mark Strand, é hora de
relacionar a apreensã o artística sobre a realidade com a visã o científica acerca das dinâ micas
do espaço geográ fico.

Agora, leia o texto abaixo sobre a interaçã o entre a natureza e a sociedade.

Sociedade e natureza
O espaço geográ fico nã o possui apenas uma dinâ mica natural. A esta deve ser acrescentada
uma dinâ mica social, exercida pelas formaçõ es sociais que ali vivem e atuam. Ao se apropriar
da natureza e transformá -la, os seres humanos criam ou produzem o espaço geográ fico,
utilizando as técnicas de que dispõ em, segundo o momento histó rico e de acordo com suas
representaçõ es, ou seja, crenças, valores, normas (direito) e interesses políticos e econô micos.

O espaço geográ fico é o espaço das sociedades ou a dimensã o espacial do social. Ele contém
elementos naturais (rios, planaltos, planícies, etc.) e artificiais (casas, avenidas, pontes, etc.).
Segundo o geó grafo Milton Santos, o espaço geográ fico somente surge depois de o territó rio
ser usado, modificado ou transformado pelas sociedades humanas. Ou quando estas imprimem
na paisagem as marcas de sua atuaçã o e organizaçã o social.

[…]

O espaço geográ fico é a expressã o visível de como a sociedade está organizada segundo as
normas estabelecidas. Nele estã o expressas as desigualdades sociais, a distribuiçã o do poder e
o jogo de interesses e de pressõ es existentes entre grupos e classes sociais sobre o Estado.

DECICINO, Ronaldo. Espaço geográ fico: sociedade transforma a natureza. Disponível em:
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/espaco-geografico-sociedade-transforma-a-natureza.htm>. Acesso em: 12 nov.
2015.

ATIVIDADES

1. A leitura de uma obra de arte pode envolver a pesquisa da técnica utilizada pelo pintor, da
época em que ele viveu, de seu jeito de ver o mundo. Além disso, cada um de nó s, de acordo
com seu gosto e sua histó ria de vida, pode expressar o que percebe de uma obra de arte. Os
estudiosos da arte de Hopper defendem que suas pinturas abordam a solidã o, a melancolia e o
isolamento das pessoas.

Você também tem essa percepçã o? Como poderíamos interpretar que, em plena época de
globalizaçã o, as pessoas sintam-se só s? A partir da leitura do texto de Mark Strand, discorde, se
for o caso, da apreciaçã o feita por esse autor.

2. “A natureza e a civilizaçã o quase parecem sondar uma à outra”. De acordo com o texto
abaixo, essa afirmaçã o de Mark Strand é possível? Justifique sua resposta.

Natureza e civilização

[...] há diferença entre Natureza e civilizaçã o, isto é, a Natureza é o reino das relaçõ es necessá rias de
causa e efeito ou das leis naturais universais e imutá veis, enquanto que a civilizaçã o é o reino da
liberdade e da finalidade proposta pela vontade livre dos pró prios homens, em seu
aperfeiçoamento moral, técnico e político.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Sã o Paulo: Á tica, 2000. p. 57.

3. A partir do artigo sobre a interaçã o entre natureza e sociedade, escreva um pequeno texto
que, para você, explique a tela de Hopper, Pessoas ao sol. Use a expressã o “espaço geográ fico”.
Pá gina 76

Projeto
Exposição: “As multinacionais brasileiras”

O que vocês vão fazer

Neste projeto, vocês vã o reunir-se em grupos e desenvolver uma pesquisa sobre as


multinacionais brasileiras. Com base nessa pesquisa, a classe vai organizar uma
exposiçã o que mostre, por meio de fotografias, mapas, recortes de jornais e outros
documentos, a atuaçã o de empresas brasileiras em outros países do mundo.

O objetivo é mostrar a participaçã o do Brasil na economia mundial, identificando as


principais empresas brasileiras que atuam internacionalmente e seus impactos na
economia brasileira e nos países de destino. Conhecer a atuaçã o das multinacionais
brasileiras é uma forma de compreender melhor as relaçõ es que o país estabelece com
o restante do mundo e o perfil de nossa economia, seus avanços, limites e desafios.

1. Levantamento de dados

Para isso, a classe deve organizar-se em grupos de pelo menos quatro pessoas. Cada
grupo obedecerá à s etapas descritas a seguir.

• Com ajuda do professor, pesquisem e façam uma lista das 10 maiores multinacionais
brasileiras. Classifiquem as empresas de acordo com os segmentos de atuaçã o:
energético, alimentício, têxtil, tecnologia da informaçã o, indú stria cosmética,
automobilística, aeroná utica, entre outros. O grá fico ao lado mostra a á rea de atuaçã o
das multinacionais brasileiras pesquisadas no documento “Ranking” FDC das
multinacionais brasileiras 2015, elaborado pela Fundaçã o Don Cabral. Observe que, de
acordo com esse documento, em 2014, o setor industrial era predominante.

• Cada grupo deve selecionar uma das multinacionais brasileiras listadas na etapa
anterior, de forma que nã o haja repetiçõ es. Em seguida, vocês devem pesquisar: o
contexto histó rico da fundaçã o da empresa, os países onde atua, quais sã o as
principais atividades desenvolvidas nesses países, os investimentos aplicados no
Brasil e no exterior, a quantidade de funcioná rios e de unidades no Brasil e no exterior.
Para obter essas e outras informaçõ es, vocês podem acessar o site da empresa e
consultar pesquisas jornalísticas.

• Busquem saber dos impactos econô micos, sociais e ambientais gerados pela
empresa, tanto no Brasil como nos demais países onde ela atua, especialmente aqueles
relativos à degradaçã o ou à conservaçã o ambiental, aos direitos trabalhistas, à
contribuiçã o ao desenvolvimento socioeconô mico.

• Comparem a multinacional brasileira escolhida pelo grupo com outras empresas


nacionais e internacionais do mesmo ramo para saber se ela está bem posicionada em
rankings mundiais.
Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015. Fundação Dom Cabral. Disponível em:
<https://www.fdc.org.br/blogespacodialogo/Documents/2015/ranking_fdc_multinacionais_brasileiras2015.pdf>. Acesso em: 10
mar. 2016.
Pá gina 77

2. Seleção e organização das informações e elaboração do cartaz

Agora, o grupo deve discutir as informaçõ es levantadas e selecionar quais sã o


significativas para demonstrar a participaçã o da empresa pesquisada no cená rio
internacional.

Em seguida, vocês deverã o elaborar um cartaz com essas informaçõ es. Para isso,
considerem as etapas a seguir.

• Identifiquem a empresa por meio de fotos de sua sede e unidades e da identidade


visual (logotipo, marca).

• Incluam informaçõ es sobre a localizaçã o da sede da empresa, a data de sua criaçã o


no Brasil e a data do início de sua internacionalizaçã o.

• Elaborem mapas, grá ficos e tabelas com as informaçõ es levantadas na pesquisa para
representar a distribuiçã o espacial da empresa pelo mundo e suas sedes no Brasil.
Como exemplo, observem o grá fico abaixo, que mostra a distribuiçã o das principais
multinacionais brasileiras em várias regiõ es do mundo.

• Utilizem trechos de matérias jornalísticas e fotos sobre os impactos positivos e


negativos da atuaçã o da empresa no Brasil e no mundo, destacando suas dimensõ es
econô mica, social e ambiental.

• Usem dados comparativos com outras empresas multinacionais brasileiras e


internacionais do setor.

• Incluam no cartaz uma pequena síntese com as conclusõ es do grupo sobre a atuaçã o
da empresa no Brasil e no mundo e sua importâ ncia no respectivo setor econô mico.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015. Fundação Dom Cabral.
*Porcentagem das empresas pesquisadas no “Ranking” FDC das multinacionais brasileiras 2015 que possuem
subsidiá rias ou franquias nessas regiõ es.

3. Apresentação da pesquisa e montagem da exposição

Ao final da elaboraçã o dos cartazes, cada grupo deverá fazer uma apresentaçã o para
os colegas na sala de aula, mostrando os resultados da pesquisa. Poderã o ser utilizados
também outros materiais obtidos durante a coleta de informaçõ es, tais como anú ncios
e filmes institucionais da empresa.

Na apresentaçã o, é importante destacar a importâ ncia da empresa para o


desenvolvimento econô mico do país, se a empresa faz parte de algum setor tradicional
da economia brasileira ou se está inserida em um setor de desenvolvimento mais
recente no país. Os impactos ambientais da empresa no Brasil e nos países em que
atuam também devem ser destacados.

Apó s a elaboraçã o dos cartazes, os grupos devem montar uma exposiçã o em local
acessível à comunidade escolar com todos os painéis confeccionados pela classe.
Pá gina 78

UNIDADE 2 A dinâmica da natureza


NESTA UNIDADE
6 Estrutura geológica da Terra
7 Relevo
8 Os solos
9 Hidrologia e hidrografia

O Brasil apresenta uma grande diversidade de paisagens formadas


pela interação entre os processos naturais e as dinâmicas sociais.

Os processos naturais que formam e transformam as paisagens


resultam da associação entre os agentes internos, como o tectonismo e
o vulcanismo, e os agentes externos, como o vento e a água,
responsáveis por processos como o intemperismo.

A sociedade apropria-se dos recursos da natureza para desenvolver


suas atividades, transformando também as paisagens.

QUESTÕES PARA REFLETIR

1. Cite algumas características da paisagem mostrada na foto.

2. A partir do texto e da foto, formule uma hipó tese sobre como essa paisagem foi
formada.

3. As formas de relevo sã o muito presentes em nossa vida. Lembre-se de alguma


forma de relevo e descreva-a.

4. Que interaçõ es ocorrem entre a natureza e a sociedade? Explique com exemplos.


Pá gina 79

Ricardo Azoury/Pulsar Imagens

Vista aérea da praia do Vidigal e do morro Dois Irmãos cujo embasamento é formado por rochas como
granitos e gnaisses. Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2015.
Pá gina 80

CAPÍTULO 6 Estrutura geológica da Terra

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


A estrutura interna da Terra.
O tempo geoló gico.
Placas tectô nicas, abalos sísmicos e atividade vulcâ nica.
Recursos minerais e diferentes tipos de rochas.
A estrutura geoló gica do Brasil.

Uwe Gross/Shutterstock.com/ID/BR

O estudo da paisagem e dos diferentes tipos de rochas dã o pistas sobre a formaçã o da Terra e sobre as mudanças
ambientais ocorridas no passado. Vista do Parque Nacional de Bryce Canyon, nos Estados Unidos. Foto de 2015.

A formaçã o da Terra é um importante tema de pesquisa para o meio científico. Acredita-se que a histó ria do
planeta tenha se iniciado há cerca de 4,5 bilhõ es de anos. Estudos mostram que a Terra, assim como outros
planetas do Sistema Solar, formou-se a partir de uma força gravitacional que “reuniu” materiais existentes no
espaço (poeira có smica e gases).

Compreender os fenô menos que ocorreram na Terra, como erupçõ es vulcâ nicas, glaciaçõ es, extinçã o dos
dinossauros, etc., é essencial para entender a sua dinâ mica espacial e temporal. Além disso, conhecer os
fenô menos que já ocorreram na histó ria do planeta pode auxiliar no entendimento e na previsã o de fenô menos
futuros.

Quanto tempo é preciso para uma rocha ou um mineral formar-se? Quando a cordilheira dos Andes começou a
formar-se? Quanto tempo é necessá rio para um rio escavar e formar um vale?

Os estudos a respeito de certos grupos de rochas sã o fundamentais para desvendar a origem e a formaçã o da
Terra. Por meio da aná lise das rochas sedimentares, por exemplo, é possível encontrar, em diferentes lugares,
fó sseis de espécies vegetais e animais semelhantes, que viveram há milhõ es ou milhares de anos. Por outro
lado, os minerais são empregados como matéria-prima de diversos produtos e, para determinados povos,
adquirem valor simbó lico.

Com base no texto e na fotografia acima, responda.

1. Como as rochas retratadas na fotografia foram “esculpidas”?

2. Há diferenças entre os tipos de rochas da paisagem retratada?

3. É possível estabelecer relaçõ es entre a estrutura interna da Terra e o que se observa na superfície do
planeta?
Pá gina 81

Estrutura da Terra

A partir de suas fases iniciais de formaçã o, a Terra foi se transformando em um planeta com
camadas distintas, de acordo com as densidades e os tipos de materiais (ver figura ao lado).
Com o resfriamento natural das á reas mais afastadas do centro do planeta, o material mais
pesado mergulhou para o interior (ferro, por exemplo), e o mais leve (gases) flutuou para a
superfície.

Thiago Lyra/ID/BR

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

Fonte de pesquisa: PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 32.

Sã o três as camadas da Terra: crosta, manto e nú cleo. A crosta é a camada rochosa mais
superficial da Terra, com espessura que vai de 0 a 40 km. É composta em grande parte (cerca
de 70%) de oxigênio e silício. Os demais elementos (como alumínio, magnésio, ferro e cá lcio)
aparecem em menores quantidades. A crosta apresenta densidades entre 2,7 g/cm3 e 2,9
g/cm3. Essa é a densidade média dos minerais e rochas que compõ em grande parte da crosta
terrestre.

O manto está localizado abaixo da crosta, representando cerca de 83% do volume da Terra,
com uma espessura que vai de 40 a 2 900 km. É formado por rochas com densidade
intermediá ria, predominando os compostos de oxigênio e magnésio, ferro e silício.

O núcleo é a parte central da Terra e é formado predominantemente por ferro e níquel. O


nú cleo externo é líquido e pastoso e inicia-se em uma profundidade de cerca de 2 900 km. O
nú cleo interno (sua porçã o mais central) é só lido e estende-se a partir de 5 150 km até o
centro da Terra, a cerca de 6 400 km. Essa diferença entre os nú cleos (só lido e outro líquido/
pastoso) deve-se à diferença do ponto de fusã o dos minerais, que variam em temperatura e
também em pressã o.
A crescente temperatura das camadas da Terra em direçã o ao nú cleo provoca a movimentaçã o
do magma que, ao aquecer, ascende e, ao resfriar, se desloca no sentido do interior do planeta.
Essa movimentaçã o, conhecida como corrente de convecção, é capaz de movimentar as
camadas superficiais da Terra, ocorrendo na astenosfera (camada localizada na parte superior
do manto, abaixo da crosta).

Magma: material rochoso em fusã o existente no interior da Terra, composto de uma parte líquida com elevadas
temperaturas (entre 700 °C e 1 200 °C), de uma parte só lida (que corresponde aos minerais já cristalizados) e uma parte
gasosa.

SAIBA MAIS

O sismógrafo e a investigação do interior da Terra

O sismó grafo é uma importante ferramenta utilizada para o estudo dos abalos sísmicos (terremotos
e maremotos) e para a investigaçã o do interior da Terra. Esse equipamento registra as ondas
sísmicas geradas por um terremoto e permite determinar a posiçã o exata do foco (hipocentro)
dessas ondas e do ponto da sua chegada à superfície terrestre (epicentro). Existem três tipos de
ondas sísmicas. As ondas primá rias ou ondas P propagam-se em materiais só lidos, líquidos e
gasosos a uma velocidade de cerca de 6 km/s. As ondas secundá rias ou ondas S propagam-se em
material só lido, com velocidade menor que a das ondas P. As ondas de superfície propagam-se nas
camadas mais superficiais da Terra (observe a ilustraçã o ao lado).

Devido à s diferenças de velocidade de propagaçã o, cada onda chegará ao sismó grafo em tempos
diferentes. Desse modo, é possível avaliar indiretamente o tipo de material através do qual a onda
se propaga, assim como o foco dos terremotos.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 475.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.


Pá gina 82

Eras geológicas

Para que pesquisadores levantassem hipó teses a respeito da formaçã o da Terra, dos
paleoclimas, da constante transformaçã o dos relevos e da distribuiçã o dos continentes,
partiram de estudos em rochas muito antigas. Algumas delas, com cerca de 4 bilhõ es de anos,
apresentaram evidências de erosã o pela á gua, indicando a presença de hidrosfera (conjunto
das á guas do planeta).

Paleoclima: termo que designa os climas de tempos geoló gicos passados.

A partir de dataçõ es, associadas a outras técnicas, foi possível interpretar “registros” em
material rochoso ou fó ssil. Há cerca de 2,5 bilhõ es de anos, houve um aumento do registro
fó ssil da vida primitiva terrestre, que revelou comportamentos adaptativos de espécies
pioneiras. Muitas delas influenciaram na transformaçã o da atmosfera e dos oceanos e,
consequentemente, na evoluçã o terrestre.

Os principais eventos ocorridos na histó ria da Terra nortearam a construçã o de uma escala do
tempo geoló gico, na qual sã o estabelecidas divisõ es da histó ria do planeta.

Os éons correspondem a maior divisã o do tempo geoló gico, sendo subdivididos em eras, que,
por sua vez, sã o caracterizadas a partir da semelhança entre registros fó sseis de organismos
que viveram no passado e da distribuiçã o dos continentes e oceanos. O período, uma divisã o
da era, é a unidade fundamental na escala do tempo geoló gico. A época é um intervalo menor
dentro de um período e pode ser dividida em idades, que sã o a menor divisã o do tempo
geoló gico.

Em consequência dos grandes avanços tecnoló gicos (como as novas técnicas de dataçã o das
rochas) e das descobertas dos pesquisadores, essa escala frequentemente sofre modificaçõ es e
novas subdivisõ es.
Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson et al. (Org.). Decifrando a Terra. 2. ed. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2009. p. 292.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 12.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.


Alamy/Latinstock

Espécie de palmeira do gênero Sabal, fossilizada na época do Oligoceno. Foto de 2014.

Dan Dry/University of Chicago/Reuters/Latinstock

Fó ssil de trilobita, animal marinho que viveu durante a era Paleozoica. Foto de 2014.
Pá gina 83

Teoria da tectônica de placas

As crostas oceâ nica e continental e a parte superior do manto terrestre formam a litosfera (do
grego lithos, “pedra”). Logo abaixo dessa camada, encontra-se a astenosfera, onde ocorrem
movimentos que arrastam a litosfera, provocando sua ruptura em placas, chamadas de placas
tectônicas.

O cientista alemã o Alfred Wegener (1880-1930), no início do século XX, contribuiu para o
desenvolvimento de uma teoria que pudesse explicar algumas questõ es como a origem das
grandes cadeias montanhosas, como o Himalaia e os Andes, que estã o localizadas nos limites
das placas tectô nicas.

Ao observar o encaixe dos contornos da Á frica e da América do Sul, Wegener baseava seus
estudos na hipó tese de uma possível uniã o continental pretérita. Para ele, todas as porçõ es de
terra teriam formado um ú nico continente, denominado Pangeia (pan = “todo” egea =
“terra”).

Algumas descobertas sustentaram essa teoria, chamada de teoria da Deriva Continental, tais
como a presença de rochas e fó sseis do mesmo tipo na Á frica e na América do Sul. Os fó sseis do
réptil mesossauro, que viveu na Terra há 270 milhõ es de anos, por exemplo, foram
encontrados apenas na América do Sul e na Á frica, e julga-se imprová vel que esse réptil
pudesse nadar 6 000 km de um continente a outro.

Nas décadas de 1940 e 1950, com os avanços tecnoló gicos estimulados pela Segunda Guerra
Mundial, muitas pesquisas foram realizadas no oceano Atlântico, e a descoberta de uma cadeia
montanhosa submersa – dorsal Mesoatlântica (ver o mapa ao lado) – mudou os rumos das
pesquisas. Nã o era somente a crosta continental que se deslocava, mas o assoalho oceâ nico
também, pois foram identificadas atividades vulcâ nicas e a formaçã o de rochas mais recentes
(com menos de 185 milhõ es de anos) do que as encontradas pró ximo ao continente africano e
sul-americano. Dessa observaçã o, constatou-se que havia algum material sob a litosfera que a
movimentava. Isso comprovou que a teoria da Deriva Continental era imprecisa, e redefiniu-se
esse conceito como teoria da Tectônica de Placas.

Quando essas placas se movimentam, chocam-se ou afastam-se, liberam grande quantidade de


energia, ocasionando abalos sísmicos (terremotos) e vulcanismo. A liberaçã o dessa energia
também pode gerar dobramentos da crosta terrestre, ocasionando assim o surgimento das
grandes cadeias montanhosas ao longo dos limites de placas. A dorsal Mesoatlâ ntica constitui-
se em um limite divergente, em que as placas tectô nicas estã o em afastamento.

Veja no infográ fico das pá ginas seguintes como a movimentaçã o das placas tectô nicas interfere
na dinâ mica da crosta e no aspecto da superfície terrestre.
Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: PETERSEN, James F.; SACK, Dorothy; GABLE, Robert E. Fundamentos de Geografia física. Sã o Paulo: Cengage Learning,
2014. p. 241.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

PRESS, F. Para entender a Terra, 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. Figs. p. 50-51, adaptadas/ID/BR

Fonte de pesquisa: PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 50.
Pá gina 84

Movimentos das placas tectônicas


As placas tectônicas estão em contínuo movimento. Elas colidem, se afastam
e se aproximam a uma velocidade média de 2 a 3 centímetros por ano.

Kevin Schafer/Biosphoto/Minden Pictures/AFP

Pingado/ID/BR

Jose Luis Stephens/Masterfile/Latinstock

Pingado/ID/BR

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Pingado/ID/BR

Poelzer Wolfgang/Alamy/Latinstock

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar: ensino fundamental do 6º ano ao 9º ano. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. p. 103.

Fonte de pesquisa (das ilustraçõ es): GROTZINGER, John; JORDAN, Tom. Para entender a Terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 32-
33.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.


Pá gina 85
Pá gina 86

Terremotos e vulcanismo

Terremotos sã o abalos sísmicos que ocorrem no interior de placas tectô nicas ou no contato
entre elas, assim como em consequência de ativida des vulcâ nicas. O ponto do interior da
crosta terrestre no qual se inicia o terremoto é chamado de hipocentro ou foco. Já o ponto
sobre a superfície terrestre onde a intensidade má xima do terremoto é registrada chama-se
epicentro. Quando a litosfera se desloca abruptamente, sã o geradas vibraçõ es sísmicas que
vã o se propagar em todas as direçõ es na forma de ondas sísmicas.

Vulcanismo é o nome dado a qualquer atividade vulcâ nica. Ele pode ocorrer de forma
contínua durante séculos ou apresentar-se totalmente inconstante. Alguns eventos vulcâ nicos
sã o responsá veis por lançar na atmos fera grandes quantidades de gases e materiais
particulados tó xicos. Os produtos de uma erupçã o vulcâ nica podem ser só lidos, líquidos ou
gasosos. A lava é o material rochoso em estado de fusã o que chega à superfície. O vulcã o
também libera na atmosfera, por erupçõ es explosivas, materiais ou misturas de cinzas
vulcâ nicas, bombas (fragmentos de rochas quentes), blocos de rochas e gases.

Material particulado: partícula muito fina de só lido ou líquido suspenso em um meio gasoso.

As atividades vulcâ nicas classificam-se como centrais, quando ocorre a formaçã o de cone
vulcâ nico; e fissurais, quando nã o ocorre a formaçã o de cone vulcâ nico, uma vez que a
formaçã o de fissuras na crosta terrestre permite a ascensã o do magma.

Adi Dwi Satrya/AFP

Em 2015, a erupçã o do vulcã o Soputan lançou gases e cinzas sobre uma vila no norte da ilha de Sulawesi, na
Indonésia. Esse vulcã o é um dos mais ativos da regiã o.

SAIBA MAIS

Tsunami no Japão

No dia 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 na escala Richter (que varia de 0 a 10)
atingiu a costa nordeste do Japã o. O sismo foi o quinto mais forte já registrado e o pior ocorrido
nesse país.
Esse abalo sísmico deu origem a um tsunami, formaçã o de grandes ondas devido à ocorrência de
um abrupto desnível no mar, que empurra a á gua para cima. O tsunami ocorrido em 2011 no Japã o
destruiu milhares de ruas e casas e danificou reatores da usina nuclear de Fukushima, iniciando o
segundo pior acidente nuclear já ocorrido (o maior foi em Chernobyl, na Ucrâ nia, em 1986).

O tsunami provocou a morte de mais de 15 mil pessoas e o desaparecimento de outras 3 mil. Para o
Japã o, esses eventos representaram a maior perda de vidas desde as bombas atô micas jogadas
pelos estadunidenses sobre Hiroshima e Nagasaki, ao final da Segunda Guerra Mundial.

Logo apó s o terremoto e o tsunami, o governo japonês deu início à reconstruçã o das á reas
atingidas.

Xinhua/Imago/Fotoarena

Apó s os efeitos do terremoto que atingiu o Japã o, morador procura pertences em meio aos destroços. Foto de 2011.
Pá gina 87

Minerais

Minerais sã o substâ ncias naturais, geralmente inorgâ nicas, com uma composiçã o química
específica. Na maioria dos casos, sã o só lidos, com exceçã o do mercú rio, que permanece líquido
à temperatura ambiente.

Os minerais podem apresentar uma estrutura química simples (como o diamante e o ouro),
constituída de á tomos de um mesmo elemento químico, ou podem ser formados por
compostos químicos (caso do quartzo: SiO2).

A hematita (Fe2O3), por exemplo, é um mineral com alta concentraçã o de ferro que pode ser
encontrado em rochas como o granito. Os minerais diferem muito uns dos outros, podendo ser
identificados a partir de certas propriedades, como transparência, brilho, cor, traço (cor do pó
do mineral), dureza (resistência que o mineral apresenta ao ser riscado), hábito cristalino,
entre outras.

Hábito cristalino: aparê ncia externa de um mineral, ou seja, sua forma geomé trica, que reflete o arranjo de seus á tomos.

De acordo com suas fontes de substâ ncias ou mesmo por seu brilho, os minerais sã o divididos
em metálicos e não metálicos. Para a utilizaçã o de um mineral metá lico, deve-se transformá -
lo em metal ou em liga metá lica. Já os minerais nã o metá licos, na maioria das vezes, podem ser
utilizados sem alteraçõ es em suas características originais.

AÇÃO E CIDADANIA

A mineração

A sociedade extrai minerais da natureza para produzir diversos objetos e ferramentas utilizados no
preparo da alimentaçã o, no vestuá rio, no cuidado com a saú de, no entretenimento, na construçã o
de moradias, etc. Os recursos minerais, porém, devem ser explorados de forma sustentá vel, ou seja,
de forma a atender à s nossas necessidades, mas sem excesso de consumo, pois podem se esgotar.

1. Dos produtos que você utiliza, faça uma lista daqueles que sã o feitos de minerais. Você poderia
dispensar ou diminuir o consumo desses produtos em sua vida? Por que é importante fazer isso?

Recursos minerais
Muitos materiais que utilizamos em nosso dia a dia sã o feitos de minerais. Dá -se o nome de
recurso mineral à substâ ncia inorgâ nica encontrada naturalmente na crosta terrestre e que é
utilizada pela sociedade como matéria-prima na confecçã o de um bem ou produto.Minério é,
por sua vez, a designaçã o dada a um mineral economicamente rentá vel e explorado
comercialmente.

No início do processo civilizató rio, os seres humanos utilizavam minerais, como o quartzo,
para confeccionar instrumentos de caça. Hoje, muitas vezes utilizamos minerais na fabricaçã o
de objetos de tecnologia de ponta. O silício, por exemplo, é empregado na produçã o de chips
de computadores.

Chip de computador: estrutura de silício essencial para que o computador realize todas as suas funçõ es.
Os recursos minerais demoram milhares ou até mesmo milhõ es de anos para serem formados.
Como o consumo desses recursos ocorre de maneira rá pida e intensa em todo o mundo, há o
risco de escassez e até esgotamento. A exploraçã o mineral pode gerar problemas
socioambientais, como desmatamentos, contaminaçã o de ecossistemas, erosã o de solos,
invasõ es de terras indígenas e exploraçã o de trabalhadores.

Assista
Serra Pelada: esperança não é sonho. Direçã o de Priscilla Brasil, Brasil, 2007, 55 min.
Esse documentá rio mostra a realidade vivida pelos garimpeiros de Serra Pelada vinte anos apó s seu fechamento.

GEOGRAFIA E ARQUEOLOGIA

Máscaras maias

Os maias, povo pré-colombiano, constituíram uma civilizaçã o em á reas da América Central. Seus
sítios arqueoló gicos datam de cerca de 700 anos a.C. Os maias utilizavam vá rios recursos naturais
existentes na regiã o, inclusive o jade, uma pedra preciosa composta de dois minerais: o piroxênio e
o anfibolito.

Para esse povo, o jade era uma pedra sagrada e significava vida e fertilidade. Hoje, é utilizado na
produçã o de joias de alto valor.

1. Reflita com os colegas por que certos minerais adquirem importâ ncia simbó lica em algumas
culturas.

Bruno Barbier/AFP

Na década de 1950, descobriu-se, no interior de uma pirâ mide em Chiapas, México, a tumba do imperador maia Pacal
Votan. Sobre seu corpo mumificado estava uma máscara feita com fragmentos de jade. Outros minerais também
estavam presentes na máscara: nos olhos, a obsidiana (mineral vulcâ nico) e o ná car; na boca, a pirita – mineral que,
segundo os maias, representava a imortalidade. Foto de 2011.
Pá gina 88

Rochas

Agregados de minerais, as rochas podem ser classificadas em magmáticas (ou ígneas),


metamórficas e sedimentares. Essa classificaçã o agrupa as rochas de acordo com seu
processo de formaçã o na natureza. Tais processos podem ocorrer tanto no interior da Terra
(endó genos) quanto na sua superfície (exó genos).

Fabio Colombini/Acervo do fotó grafo/MUGEO-USP

Fragmento de granito, uma rocha magmática intrusiva.

Rochas magmáticas
O magma, quando solidificado, dá origem à s rochas magmá ticas (ígneas). As rochas
magmá ticas podem ser classificadas, basicamente, conforme a composiçã o química do magma
e o local onde ele sofreu a solidificaçã o. Quando o magma se solidifica na superfície terrestre,
onde as temperaturas sã o mais baixas, as rochas formadas sã o denominadas magmá ticas
extrusivas ou vulcâ nicas. Quando o magma se solidifica em locais profundos da crosta
terrestre, as rochas que daí resultam sã o chamadas de magmá ticas intrusivas ou plutô nicas.

Mesmo existindo uma grande diversidade de rochas magmá ticas, os granitos e basaltos sã o os
mais presentes na superfície terrestre. Os granitos sã o rochas intrusivas compostas de
minerais mais claros (quartzo, feldspato e mica). Os basaltos sã o rochas magmá ticas extrusivas
compostas de minerais com coloraçã o mais escura (olivinas, piroxênios e plagioclá sios).

Graças a sua resistência, o granito e o basalto sã o de grande importâ ncia econô mica, sendo
utilizados sobretudo na construçã o civil e em monumentos artísticos. Além disso, essas duas
rochas aparecem em muitos lugares no mundo, formando relevos peculiares. Uma das mais
famosas quedas-d’á gua do planeta, as cataratas do rio Iguaçu, localizada na fronteira Brasil-
Argentina, tem o basalto como rocha que a sustenta.
Andre Dib/Pulsar Imagens

As escarpas de basalto formam um desnível no terreno, provocando as quedas das á guas do rio Iguaçu, e dã o origem
às Cataratas do Iguaçu (PR). Essa formaçã o basá ltica se formou a partir de um grande derramamento de lavas no
período Cretá ceo, quando houve a ruptura do continente de Gondwana, formando a América do Sul e a Á frica. Foto de
2015.

Rochas sedimentares
As rochas, quando submetidas a variaçõ es atmosféricas (vento, chuva, incidência de radiaçã o
solar, por exemplo), sofrem intemperismo, ou seja, seus minerais constituintes passam por
modificaçõ es físicas e químicas, podendo transformar-se em outros minerais ou simplesmente
se desgastar pela açã o do tempo. O material intemperizado, chamado de sedimento, pode ser
transportado por agentes externos, como gelo, vento ou á guas correntes. Quando esses agentes
“perdem” sua energia, os sedimentos se depositam e, com o passar do tempo geo ló gico, podem
transformar-se em rochas sedimentares.

Scientifica/Visuals Unlimited/SPL/Latinstock

Arenito, rocha sedimentar formada predominantemente por grã os de areia, que medem de 0,06 mm a 2 mm.

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

O Parque do Varvito em Itu (SP) preserva um raro tipo de rocha sedimentar, o varvito. Imagina-se que os sedimentos
que lhe deram origem depositaram-se em diferentes estaçõ es do ano; por essa razã o, as sucessivas lâ minas do
varvito servem de referência para a dataçã o de fenô menos geoló gicos. Foto de 2013.
Pá gina 89

As rochas sedimentares possuem grande importâ ncia econô mica, pois nelas podem ser
encontrados o carvã o e o petró leo, expressivas fontes de energia.

O carvã o é formado pela decomposiçã o de restos vegetais (matéria orgâ nica) em carbono e
substâ ncias voláteis. O petró leo se origina da decomposiçã o de seres vivos em ambiente
marinho. Essa matéria orgâ nica é deposi tada em locais rebaixados e coberta por espessas
camadas sedimentares; depois, é processada por reaçõ es químicas e bacterioló gicas, pela
pressã o das camadas sobrepostas e pela açã o do calor.

Volátil: neste contexto, substâ ncia que passa facilmente do estado líquido para o gasoso (vapor).

Rochas metamórficas
As rochas metamó rficas se formam quando uma rocha magmá tica ou sedimentar passa pelo
processo de metamorfismo, que modifica a estrutura de sua composiçã o mineraló gica ou
mesmo química por meio de alteraçõ es de temperatura e pressã o.

Além disso, rochas metamó rficas já formadas podem ser submetidas a um novo
metamorfismo, sendo transformadas em outras rochas, também metamó rficas ou
sedimentares. Apó s o metamorfismo, o arenito (rocha sedimentar) se transforma em quartzito
(rocha metamó rfica), e o calcá rio (sedimentar), em má rmore (metamó rfica), por exemplo.

Confira nesta pá gina o esquema do ciclo das rochas que mostra a formaçã o e transformaçã o
dos tipos de rochas.

Leia
Rochas & minerais: guia prático, de Rebeca Kingsley. Sã o Paulo: Nobel, 1998.
No livro, a autora apresenta mais de noventa tipos de rochas e minerais com informaçõ es sobre suas propriedades,
ocorrê ncia e utilizaçã o, alé m do sistema de classificaçã o dos cristais.

Fabio Colombini/Acervo do fotó grafo

Gnaisse. A formaçã o dessa rocha é resultado do processo de metamorfismo do granito.


Werner Rudhart/kino.com.br

Casa construída com quartzito, rocha metamó rfica, em Sã o Thomé das Letras (MG). O município possui grande á rea
de extraçã o dessa rocha, utilizada em vá rias construçõ es. Foto de 2012.

Thiago Lyra/ID/BR

As rochas metamó rficas podem se originar a partir de rochas magmá ticas, sedimentares e até mesmo metamó rficas
(ao passar por diversos processos de metamorfismo). Da mesma forma, as rochas sedimentares podem formar-se a
partir da compactaçã o de sedimentos de rochas magmá ticas, metamó ficas ou de materiais orgâ nicos. As rochas
sedimentares podem originar-se também do desgaste, acumulaçã o e diagênese (compactaçã o) de outras rochas
sedimentares.

Fonte de pesquisa (do esquema): PETERSEN, James F.; SACK, Dorothy; GABLE, Robert E. Fundamentos de Geografia física. Sã o Paulo:
Cengage Learning, 2014. p. 250.
Pá gina 90

Estrutura geológica do Brasil

Os movimentos tectô nicos causam a formaçã o de grandes estruturas na superfície terrestre, ou


seja, á reas caracterizadas por terem origem e formaçã o geoló gica semelhantes.

O Brasil, que está localizado inteiramente na placa Sul-Americana, possui duas estruturas
geoló gicas principais: os escudos cristalinos e as bacias sedimentares.

Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: SCHOBBENHAUSS, Carlos; NEVES, Benjamim Bley de Brito. A geologia do Brasil no contexto da plataforma Sul-Americana.
In: BIZZI, Luiz Augusto et al. (Ed.). Geologia, tectônica e recursos minerais do Brasil. Brasília: CPRM, 2003. p. 8.

Escudos cristalinos
Os escudos cristalinos sã o rochas ígneas e metamó rficas expostas e com relevo geralmente
brando, resultante do desgaste das rochas. Os escudos compreendem os primeiros nú cleos de
rochas emersas surgidos desde o início da formaçã o da crosta terrestre e cobrem cerca de 35%
do territó rio nacional.

O escudo das Guianas abrange as Guianas, parte da Venezuela e do Brasil, e suas rochas mais
antigas datam de mais de 2 bilhõ es de anos. O escudo Brasil-Central estende-se pelo interior
do Brasil, e o Atlântico expõ e-se na porçã o oriental, atingindo a borda atlâ ntica.

No Brasil, também há registros de cadeias orogênicas antigas que derivam do Pré-


Cambriano, como o cinturão orogênico do Atlâ ntico (Planalto Atlâ ntico), que engloba a serra
do Espinhaço, no estado de Minas Gerais. Nas á reas dos estados de Minas Gerais e do Pará
onde predominam os escudos cristalinos, encontram-se importantes reservas minerais.
Cadeia orogênica ou cinturão orogênico: sequê ncia de montanhas soerguidas pela movimentaçã o das placas tectô nicas.

Pré-Cambriano: termo utilizado para designar o período que antecede o é on Fanerozoico.

GEOGRAFIA E ARTE

Vista panorâmica de Sabará

No final do século XIX, o pintor alemã o Johann Georg Grimm (1846-1887), em viagem ao Brasil,
produziu o ó leo sobre tela Vista panorâmica de Sabará.

Na obra, pode-se ver ao fundo a serra do Espinhaço, que se estende pelos estados de Minas Gerais e
da Bahia e que faz parte do cinturã o orogênico do Atlâ ntico. Na serra do Espinhaço, as rochas mais
antigas chegam a ter 3 bilhõ es de anos.

A exploraçã o de minérios ocorre em Minas Gerais desde o século XVII e já provocou sérios prejuízos
ambientais.

Sã o encontradas reservas minerais de ferro, manganês, bauxita e ouro.

1. George Grimm foi, sobretudo, um pintor de paisagens. Discuta com os colegas de que forma os
geó grafos podem utilizar representaçõ es como a de Grimm no estudo do espaço geográ fico.

Coleçã o particular/Fotografia: ID/BR

Georg Grimm. Vista panorâmica de Sabará, s. d. Ó leo sobre tela, 57 cm × 98,5 cm. Coleçã o Sérgio Sahione Fadel.
Pá gina 91

Bacias sedimentares
As bacias sedimentares sã o á reas deprimidas e preenchidas por material sedimentar trazido
de á reas adjacentes. No Brasil, elas possuem considerá vel extensã o (cerca de 5,5 milhõ es de
km²).

Os sedimentos acumulam-se em depressõ es formadas pela subsidência, movimento de


deslocamento de porçã o da crosta terrestre para baixo. Os sedimentos sã o soterrados e
transformados em rochas sedimentares. A subsidência é controlada pelos mecanismos
tectô nicos.

As bacias sedimentares do Paraná , Amazonas e Parnaíba constituem as três maiores bacias


sedimentares brasileiras.

Algumas dessas bacias tiveram origem na era Paleozoica (entre 545 e 248 milhõ es de anos) e
outras sã o mais recentes, formadas na era Cenozoica (de 65 milhõ es de anos para cá ).

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Portal Petrobras. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-


operacoes/bacias/>. Acesso em: 17 nov. 2015.

SAIBA MAIS

O potencial energético das bacias sedimentares


Cerca de uma dezena de bacias sedimentares estã o situadas na Amazônia Legal Brasileira.
[...] Três delas – bacias do Solimõ es, Amazonas e Parnaíba – sã o as mais importantes nã o só
pelo seu tamanho (juntas ocupam aproximadamente 1,5 milhã o de km²), mas principalmente
pelo seu potencial. A bacia do Solimõ es é a terceira bacia sedimentar em produçã o de ó leo no
Brasil [...]. O estado do Amazonas tem a segunda maior reserva brasileira de gá s natural do
país, com um total de 44,5 bilhõ es de metros cú bicos. [...]

As primeiras descobertas de petró leo na Amazô nia ocorreram em 1954, quando a Petrobras
encontrou quantidades nã o comerciais nas cidades de Nova Olinda, Autá s Mirim e Maués, no
estado do Amazonas. Nos primó rdios da Petrobras, as pesquisas foram direcionadas para a
bacia do Amazonas, em detrimento da bacia do Solimõ es. Só em 1976 foi feito o primeiro
levantamento de sísmica de reflexão na bacia do Solimõ es. A partir de 1978, [...] a pesquisa
de petró leo na bacia do Solimõ es foi intensificada. [...]

Sísmica de reflexão: mé todo de investigaçã o das propriedades da subsuperfície terrestre. Nesse mé todo, a partir de uma
fonte sísmica de energia (abalo sísmico natural ou induzido por explosivos), mede-se o tempo que a onda sísmica leva para
alcançar um receptor.

Revista ComCiência. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/petroleo/pet12.shtml>. Acesso em: 29 out. 2015.


Pá gina 92

A bacia sedimentar do Paraná

A bacia sedimentar do Paraná começou a ser formada na era Paleozoica, no período


Devoniano. Ela ocupa uma á rea de aproximadamente 1 100 000 km² dentro do territó rio
brasileiro e é constituída predominantemente de materiais de origem sedimentar, mas
também de lavas basálticas.

Durante o período Cretá ceo, há cerca de 100 milhõ es de anos (era Mesozoica), ocorreu a
separaçã o entre o nordeste brasileiro e a Á frica Equatorial. Com isso, na plataforma Sul-
Americana, imensas fraturas e antigas falhas voltaram a se movimentar, e por elas um grande
volume de lava vulcâ nica emergiu à superfície, ocasionando grandes derramamentos
basá lticos. Na á rea formada hoje pela bacia sedimentar do Paraná , podemos verificar grandes
espessuras (chegando a 1 700 metros) de material magmá tico.

A constituiçã o da bacia sedimentar do Paraná possibilitou, durante o período Carbonífero, a


formaçã o de diferentes camadas de carvã o mineral. As reservas brasileiras desse recurso
natural totalizam 32 bilhõ es de toneladas. Desse total, o estado do Rio Grande do Sul é o que
tem as maiores reservas, seguido de Santa Catarina, Paraná e Sã o Paulo. Além da importâ ncia
carbonífera, a bacia sedimentar do Paraná possui uma importante reserva de á gua doce
subterrâ nea – o chamado aquífero Guarani, que cobre uma á rea de 1 087 000 km2 (ver mapa).
A á gua dessa reserva está localizada em rochas sedimentares e está depositada em diferentes
compartimentos, apresentando assim quantidade e qualidade muito variadas.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Localizado no Parque Nacional de Aparados da Serra (RS), o câ nion de Itaimbezinho foi formado por sucessivos
derramamentos basálticos na era Mesozoica. Foto de 2015.
Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. 34. ed. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 115.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: Departamento de Á gua e Esgoto de Bauru. Disponível em:


<http://www.daebauru.com.br/2014/ambiente/ambiente.php?secao=hidrico&pagina=4>. Acesso em: 16 nov. 2015.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.


Pá gina 93

Informe
O Brasil e os terremotos
A atividade sísmica do Brasil é menor do que a dos países da regiã o dos Andes, porque nosso
territó rio localiza-se no interior de uma placa tectô nica. Nas bordas ou limites dessas placas a
atividade sísmica é mais forte, mas é normalmente mais fraca no seu interior. A histó ria tem
mostrado que mesmo em regiõ es de baixa atividade sísmica (regiã o intraplaca) podem ocorrer
grandes tremores de terra.

No Brasil, o maior sismo já registrado com magnitude 6,6 ocorreu no Mato Grosso em 31 de
janeiro de 1955, e um mês depois outro tremor, com magnitude 6,3, aconteceu no oceano
Atlâ ntico, a cerca de 300 quilô metros do litoral do Espírito Santo. Depois disso, pelo menos
sete outros eventos, com magnitudes variando de 5,0 a 5,5, ocorreram em diferentes partes do
país. É bem prová vel que, se algum desses sismos tivesse epicentro pró ximo de uma grande
cidade, teria ocasionado danos significativos. Sabe-se que nã o é preciso que um sismo atinja
magnitude elevada para tornar-se destrutivo. A localizaçã o do epicentro, a profundidade do
foco, a geologia da á rea afetada e a qualidade das construçõ es sã o alguns dos fatores
determinantes do poder arrasador (intensidade) de um terremoto.

Apesar de nã o ser alarmante, o nível de sismicidade brasileira precisa ser considerado em


determinados projetos de engenharia, como centrais nucleares, grandes barragens e outras
obras de porte. É necessá rio dar atençã o especial ao padrã o das construçõ es situadas nas á reas
de maior risco sísmico preocupando-se com a qualidade das edificaçõ es para garantir maior
segurança contra os abalos sísmicos.

Os tremores de terra sã o fenô menos normais na histó ria brasileira. Em maior ou menor
intensidade, acontecem abalos sísmicos em todas as regiõ es do país. O Nordeste é uma das
á reas mais ativas, principalmente nos estados do Ceará , Rio Grande do Norte e Pernambuco.
No estado do Ceará , em 20 de novembro de 1980, foi registrado o maior terremoto da Regiã o
Nordeste, esse evento foi da ordem de 5,2 e a regiã o epicentral do mesmo está situada entre as
localidades de Brito, no município de Cascavel, e Timbaú ba dos Marinheiros, no município de
Chorozinho. Esse tremor de terra é conhecido como “O terremoto de Pacajú s” pois, na época, o
município mais pró ximo e mais populoso era Pacajú s. No entanto, os dois maiores sismos já
registrados no Brasil ocorreram em Mato Grosso e no Oceano Atlâ ntico, pró ximo ao litoral do
Espírito Santo. E suas magnitudes foram: 6,6 e 6,3, respectivamente.

Os tremores de terra que afetam nosso territó rio normalmente sã o superficiais e possuem
baixa magnitude; sã o sentidos em á reas restritas e quase nunca produzem danos materiais
graves.

VELOSO, J. A. V. Tremor de terra: saiba como agir. Ceará : Governo do Estado do Ceará /Secretaria de Segurança Pú blica e Defesa
Social/Corpo de Bombeiros Militar/Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), 2008.
João Miranda/O Tempo/Folhapress

Devido a sucessivos sismos de magnitude 3,9 na escala Richter, parte desta casa em Montes Claros (MG) foi
derrubada. Foto de 2012.

PARA DISCUTIR

1. Que característica do territó rio brasileiro propicia que ele tenha uma sismicidade mais
branda?

2. Que fatores de um sismo interferem nas consequências destrutivas que ele pode ter?

3. Como os efeitos dos abalos sísmicos sobre as populaçõ es podem ser amenizados?

4. Que medidas de prevençã o contra os abalos sísmicos sã o tomadas no Brasil?


Pá gina 94

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Explique a evoluçã o da teoria das placas tectô nicas.

2. Quais sã o os tipos de limites das placas tectô nicas? Explique cada um deles.

3. Qual é a relaçã o da estrutura interna da Terra com o movimento das placas tectô nicas?

4. No caderno, elabore um breve texto que apresente as definiçõ es de mineral, minério e rocha.

5. Explique como ocorre o ciclo das rochas e cite exemplos de rochas metamó rficas,
sedimentares e magmá ticas.

Lendo mapas

6. A imagem abaixo apresenta as idades das rochas do fundo oceâ nico e o mapeamento dessas
idades em milhõ es de anos. Cada faixa colorida indica a idade da porçã o da crosta que recobre.
A partir da aná lise do mapa e do conteú do do capítulo, explique no caderno a teoria das placas
tectô nicas.

Félix Moreno Arrastio/Eduardo Rodríguez Marín/ID/ES

Fonte de pesquisa: PEDRINACI, Emilio; GIL, Concha; SALAZAR, José M. Gó mez de. Biología y Geología. Madrid: SM, s. d. p. 268-269.

7. Observe atentamente o mapa e responda à s questõ es.


Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: U.S. Geological Survey. Disponível em: <http://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/fire.html>. Acesso em: 10 nov. 2015.

a) O que significa a á rea do mapa chamada de Círculo de Fogo?

b) Relacione os limites das placas tectô nicas com a formaçã o das principais cadeias de
montanhas dos continentes americano e asiá tico.
Pá gina 95

Interpretando textos e imagens

8. Observe a figura e explique no caderno a atividade vulcâ nica com base na teoria das placas
tectô nicas.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: GROTZINGER, John; JORDAN, Tom. 6. ed. Para entender a Terra. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 333.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

9. Observe e interprete a foto.

JiJi PressAFP

Tsunami provocado por um terremoto de magnitude 9,0 na escala Richter atinge a cidade de Miyako (Japã o) em
2011.

a) Como e por que essa onda foi formada?

b) Que medidas podem ser tomadas para a reduçã o dos impactos causados por um tsunami?

10. Leia o texto a seguir e discuta com os colegas quais sã o os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores da atividade de extraçã o mineral. Pesquisem reportagens
sobre as condiçõ es de trabalho nas mineradoras brasileiras e elaborem um texto a ser
encaminhado à s autoridades competentes.

Mineração é a maior responsável por mortes no trabalho ao redor do mundo

A Organizaçã o Internacional do Trabalho (OIT) considera o setor de mineraçã o (de ferro, carvã o,
ouro, diamante, etc.) como o mais perigoso do mundo para se trabalhar atualmente. Segundo a OIT,
a indú stria extrativa é a que mais oferece risco de acidente e até mesmo de vida, por ser a que
menos oferece medidas de segurança aos trabalhadores. [...] trabalhar em uma mina é quase
garantia de ter seus direitos desrespeitados também em termos de piso salarial, jornada de
trabalho e abusos físicos por parte dos empregadores.

[...] A exploraçã o desenfreada de metais também causa um enorme impacto negativo ao meio
ambiente e à s comunidades em torno das jazidas [...]. A falta de fiscalizaçã o também torna estes
locais verdadeiros paraísos para diversas atividades ilegais como lavagem de dinheiro, trá fico
humano, de drogas e de armas.

De quem é a culpa?

[...] Os governos dos países onde as jazidas estã o localizadas têm interesse em atrair grandes
empresas, compradores e investidores para seus territó rios. As multinacionais querem explorar ou
comprar produtos primá rios a preços baixos a fim de aumentar vendas de seus produtos finais. [...]

ALT, Vivian. Mineraçã o é a maior responsá vel por mortes no trabalho ao redor do mundo. Politike, Carta Capital, 1º jul. 2015.
Disponível em: <http://politike.cartacapital.com.br/mineracao-e-a-maior-responsavelpor-mortes-no-trabalho-ao-redor-do-
mundo/> Acesso em: 18 nov. 2015.

11. Leia o texto e, depois, responda à s questõ es.

As terras raras

Usados na fabricaçã o de uma variada gama de componentes para tablets, smartphones, baterias de
carros híbridos, passando por supercondutores, catalisadores para o refino de gasolina, sistemas de
orientaçã o espacial e indú stria bélica, esses minérios sã o considerados material estratégico para
vá rios países. Já foram apelidados de “ouro do século 21” [...] As terras raras formam um grupo de
17 elementos químicos, como lantâ nio, cério, neodímio, euró pio, apenas para citar alguns [...], com
propriedades muito semelhantes entre si em termos de maleabilidade e resistência, que permitem
aplicaçõ es diversas. [...]

FRANÇA, Martha S. Juan. Terras que valem ouro. Disponível em: <http://www.unespciencia.com.br/2012/04/unespciencia-29>. Acesso
em: 16 mar. 2016.

a) Que definiçã o de terras raras dada pelo texto permite diferenciarmos minérios de rochas?

b) As terras raras passaram a ser estratégicas para a indú stria de tecnologia de bens de
consumo. Elabore hipó teses que expliquem de que forma a obtençã o das terras raras poderia
influenciar no desenvolvimento econô mico de um país.
Pá gina 96

CAPÍTULO 7 Relevo

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Relevo: agentes endó genos e exó genos.
Formas do relevo continental e oceâ nico.
Classificaçã o do relevo brasileiro.
Erosã o e movimentos de massa.

Robert Harding/AFP

A cordilheira do Himalaia foi formada pela atuaçã o de forças endó genas, ou seja, dos movimentos entre as placas
Indo-Australiana e Euro-Asiá tica. Trecho da cordilheira no Nepal. Foto de 2015.

Na superfície terrestre, existe uma grande variedade de formas de relevo, como planícies extensas, montanhas
elevadas e planaltos ondulados. Tais formas resultam da açã o conjunta de agentes internos e externos.

Os agentes internos ou endógenos estã o relacionados à dinâ mica interna da crosta terrestre. Trata-se
sobretudo dos movimentos das placas tectô nicas, que provocam abalos sísmicos, erupçã o de vulcõ es, entre
outros fenô menos.

Os agentes externos ou exógenos estã o relacionados aos elementos climá ticos e à açã o humana. A
precipitação, a temperatura e as correntes de ar provocam intemperismo, erosã o e deposiçã o, transformando
formas de relevo (erosã o eó lica, por exemplo) e construindo outras (com o depó sito de material, pela açã o do
vento).

Esses elementos agem de modo diverso em cada localidade, de acordo com as diferenças climá ticas. Em
ambientes tropicais ú midos, por exemplo, a chuva e os rios desempenham um papel muito importante no
desgaste das rochas e na erosã o dos sedimentos provenientes do desgaste.

A sociedade, por sua vez, atua na transformaçã o do relevo ao realizar cortes em vertentes para a implantaçã o
de rodovias ou ao aplainar terrenos, por exemplo.
Para estudarmos o relevo brasileiro, partimos do mapeamento feito com base em diferentes classificaçõ es.
Algumas delas baseiam-se em critérios como a altimetria, outros caracterizam os relevos a partir dos
processos geomorfoló gicos (como a erosã o e sedimentaçã o).

Com a evoluçã o e o acesso às técnicas cartográ ficas, torna-se mais fá cil diferenciar as principais feiçõ es do
relevo e assim classificá -las de modo mais preciso.

A partir da observaçã o da imagem e do texto, responda.

1. De que forma os agentes externos podem modificar as feiçõ es do relevo da cordilheira do Himalaia?

2. Quais sã o as principais condiçõ es climá ticas que interferem na transformaçã o das formas de relevo no
Brasil?
Pá gina 97

Agentes internos ou endógenos

Os agentes internos – relacionados aos movimentos das placas tectô nicas – sã o responsá veis
pela existência das grandes formas do relevo terrestre, como as cordilheiras e as fossas
abissais.

Assim, algumas montanhas têm origem vulcâ nica e sã o formadas pelo acú mulo de material
proveniente do interior da Terra, como lavas e piroclastos. As cordilheiras, por sua vez,
formam-se em limites de placas tectô nicas convergentes, nos quais ocorrem os movimentos
horizontais das placas, que provocam o soerguimento de parte da crosta. Em cada continente,
existem grandes cordilheiras: na América, as montanhas Rochosas e os Andes; na Europa,
destacam-se os Pireneus, os Alpes, os Cá rpatos e o Cá ucaso; no continente asiá tico, o Himalaia;
e no continente africano, os montes Atlas.

Piroclasto: fragmento de rocha expelido pela erupçã o de um vulcã o.

Agentes externos ou exógenos


Os agentes externos atuam diretamente nas formas de relevo, de acordo com os diferentes
tipos de clima. Os principais agentes externos sã o os processos de intemperismo e de
erosão/ sedimentação.

O intemperismo transforma a rocha, química ou fisicamente, em material friá vel, ou seja, que
se fragmenta facilmente. A erosã o é o transporte dos fragmentos pela açã o das á guas
correntes, da chuva, do vento ou do gelo. Quando o agente transportador perde energia,
diminuindo sua capacidade de mover os sedimentos, ocorre o processo de sedimentaçã o ou
deposiçã o (ver figura).

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 266.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

A açã o humana também pode ser considerada um agente externo na formaçã o e transformaçã o
do relevo. Ao longo da histó ria, em especial nos ú ltimos séculos, o ser humano vem destruindo
morros, construindo barragens, aterrando lagos e á reas marí timas. Ou seja, a açã o humana
tem alterado o relevo originalmente formado pela açã o natural dos agentes internos e
externos.

SAIBA MAIS

O fim do morro do Castelo

Na cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, a açã o humana causou grande transformaçã o do
relevo, com a destruiçã o de morros para ampliaçã o das á reas planas.

Em 1922, o morro do Castelo, localizado no centro da cidade, foi derrubado com jatos de á gua,
motores elétricos e máquinas a vapor.

Augusto Malta/IMS

Desmonte do morro do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro, em foto de Augusto Malta, 1922.
Pá gina 98

Formas do relevo

Relevo continental
A atuaçã o conjunta dos agentes internos e externos, ao longo do tempo geoló gico, gera
diferentes formas de relevo na crosta terrestre. As principais formas do relevo continental sã o
as montanhas, os planaltos, as planícies e as depressõ es.

• Montanhas: formas de relevo geralmente com altitudes mais elevadas. Quando agrupadas,
constituem as serras, as cordilheiras e os maciços. As montanhas formadas mais recentemente
no tempo geoló gico (no Terciá rio, de 65 milhõ es a cerca de 2 milhõ es de anos) costumam ser
mais altas, com vertentes mais íngremes e maior dissecação dos vales fluviais. Já as mais
antigas, datadas do Arqueano e do Proterozoico (entre 4,5 bilhõ es e cerca de 545 milhõ es de
anos atrá s), geralmente apresentam menores altitudes e vertentes mais suaves, em virtude do
maior tempo de atuaçã o dos processos erosivos.

Dissecação: processo de rebaixamento dos vales decorrente da erosã o fluvial, pluvial ou glacial.

• Planaltos: superfícies mais ou menos planas, situadas em diferentes altitudes e delimitadas


por escarpas íngremes. A origem dos planaltos pode ser diversa e, por isso, eles podem ser
chamados de planaltos de erosã o (originados pelo rebaixamento das á reas do entorno, em
decorrência da erosã o), planaltos vulcâ nicos (formados pelo acú mulo de lava em determinadas
á reas que, protegidas da erosã o pela resistência das rochas magmá ticas, tornam-se mais
elevadas que o entorno) e planaltos tectô nicos (resultantes da movimentaçã o vertical de
porçõ es da crosta terrestre).

• Planícies: formas planas ou pouco inclinadas onde predomina o processo de deposiçã o de


sedimentos. Elas podem ser classificadas em planícies marítimas (ou costeiras) e continentais.

• Depressões: á reas geográ ficas com altitude menor do que as á reas ao redor (depressã o
relativa) ou do que o nível do mar (depressã o absoluta). A origem das depressõ es pode estar
associada aos agentes internos ou aos agentes externos, como é o caso da depressã o Periférica
Paulista, formada pela açã o erosiva dos rios.

Relevo oceânico
As principais formas do relevo oceâ nico sã o a plataforma continental, o talude continental, a
planície abissal, a fossa oceâ nica e a cordilheira oceâ nica (ver figura abaixo).

• Plataforma continental: é constituída pela continuaçã o da margem dos continentes (crosta


continental) submersa pelas á guas oceâ nicas.

• Talude continental: formaçã o sedimentar inclinada em direçã o ao fundo oceâ nico.

• Planície abissal: á rea profunda e relativamente plana que se estende da base das elevaçõ es
continentais até os relevos íngremes das cordilheiras oceâ nicas. Apresenta profundidades
entre 4600 m e 5500 m.
• Fossa oceânica ou fossa abissal: profunda depressã o formada abaixo da plataforma
continental em zonas de subducçã o (movimento de deslizamento de uma placa sob outra) de
placas tectô nicas.

• Cordilheira ou dorsal oceânica: feiçã o longa e contínua formada pelas zonas divergentes
de placas tectô nicas. Nas regiõ es centrais das cordilheiras, existem intensas atividades
tectô nicas.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 263.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.


Pá gina 99

Classificação do relevo brasileiro

O relevo atual do Brasil é resultado da influência dos movimentos das placas tectô nicas e da
erosã o, atuante em climas passados e no presente, sobre rochas muito antigas (sobretudo
magmá ticas e metamó rficas). Como o relevo do país não sofreu movimentos orogenéticos
recentes, apresenta predominantemente três formas principais de relevo: planalto, planície e
depressã o.

Vale considerar que o desenvolvimento dos estudos geomorfoló gicos foi acompanhado da
produçã o de novos conhecimentos, metodologias e critérios de classificaçã o do relevo.
Estudaremos a seguir as três classificaçõ es mais relevantes.

Classificação de Aroldo de Azevedo


Desenvolvida pelo geó grafo e professor Aroldo de Azevedo, na década de 1940, tinha como
critério de classificaçã o o nível altimétrico: superfícies planas abaixo de 200 m de altitude
foram identificadas como planícies; aquelas acima de 200 m, como planaltos.

Nível altimétrico: medida vertical de qualquer ponto na superfície terrestre.

Assim, o Brasil foi dividido em sete unidades de relevo, das quais quatro sã o planaltos, que
ocupam 59% do territó rio, e três sã o planícies, que se encontram em 41% do territó rio.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 115.

Classificação de Aziz Nacib Ab’Sáber


Desenvolvida na década de 1950 pelo geó grafo e professor Aziz Nacib Ab’Sá ber, da
Universidade de Sã o Paulo (USP), utilizava como critério de classificaçã o os processos
geomorfoló gicos (principalmente a erosã o e a sedimentaçã o), não considerando a altimetria.
De acordo com essa classificaçã o, planalto é uma superfície na qual predomina o processo de
desgaste do relevo, e planície é uma á rea de sedimentaçã o.

Na proposta de Ab’Sá ber, o relevo brasileiro é dividido em dez unidades – sete planaltos
espalhados por 75% do territó rio e três planícies nos 25% restantes.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: CALDINI, Vera L. de M.; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. Sã o Paulo: Saraiva, 2013. p. 32.

CONEXÃO

De olho no relevo

Observe as formas de relevo do lugar onde você mora. A partir dos seus estudos, identifique as
formas de relevo nele presentes.

1. Qual é a forma predominante? Que agentes externos atuam sobre o relevo? Você observa uma
modificaçã o empreendida pela açã o humana? Se sim, qual? Discuta com os colegas.
Pá gina 100

Classificação de Jurandyr Ross


Criada na década de 1990 pelo professor Jurandyr Ross, da Universidade de Sã o Paulo (USP),
essa classificaçã o foi desenvolvida a partir da aná lise de imagens produzidas pelo Radambrasil
(projeto de realizaçã o de imagens, captadas por sistema de radar, da superfície do territó rio
brasileiro entre 1970 e 1985).

Nessa classificaçã o, os processos geomorfoló gicos (que dã o origem à s formas de relevo) foram
utilizados como critério, e o relevo brasileiro foi repartido em três tipos de unidades
principais: planaltos, depressõ es e planícies.

Como se pode ver no mapa a seguir, de acordo com essa classificaçã o, os planaltos sã o
reunidos em dois grandes grupos: aqueles localizados em bacias sedimentares e aqueles
situados em estruturas cristalinas e de dobramento antigo. Os planaltos foram
considerados residuais porque estã o circundados por extensas depressõ es que colocam em
evidência os relevos mais altos, mais resistentes à erosã o.

As depressõ es do territó rio brasileiro sã o formadas por processos erosivos de intensa atuaçã o
nas bordas das bacias sedimentares. A exceçã o é a depressã o da Amazô nica Ocidental,
constituída de uma vasta á rea na parte oeste da Amazô nia com terrenos abaixo de 200 m de
altitude e dissecados, originando baixas colinas.

No territó rio brasileiro encontramos, de acordo com essa classificaçã o, importantes planícies
ao longo dos rios Amazonas, Guaporé, Araguaia e Paraguai, além das planícies da lagoa dos
Patos, da lagoa Mirim e de outras menores ao longo do litoral do país.
Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. Sã o Paulo: Edusp, 1996. p. 53.
Pá gina 101

Processos de vertentes: erosão e movimentos de massa

A erosã o e os movimentos de massa sã o dois processos que podem ser observados na


paisagem, sobretudo nas vertentes de morros, serras e montanhas. A vertente é também
chamada de encosta ou talude.

Erosão
A erosã o é um processo natural que envolve a desagregação das rochas e do solo e o
transporte de sedimentos. É gerado por agentes externos, como o vento, a chuva, os rios e o
gelo e conclui-se com a deposiçã o dos sedimentos. Cada um desses agentes atua com maior ou
menor intensidade, conforme a resistência da rocha e o tipo de clima.

As propriedades dos solos, bem como o tamanho dos grã os, a quantidade de matéria orgânica e
a porosidade, também influenciam a erosã o. Solos mais arenosos sã o em geral mais facilmente
erodidos do que solos mais argilosos, pois os primeiros costumam apresentar maior
porosidade, ou seja, maior quantidade de poros (espaços vazios). Com a infiltraçã o da á gua
nesses poros, é comum os solos sofrerem erosã o. A cobertura vegetal também pode reduzir a
erosã o, já que diminui o impacto da chuva no solo.

O escoamento pluvial intenso e concentrado em algumas partes da vertente pode produzir


pequenos canais, chamados de sulcos, e canais maiores, chamados de ravinas. Quando
grandes quantidades de á gua pas sam no mesmo sulco, o escoamento pode se ampliar pelo
deslocamento de grandes massas do so lo e grandes cavidades em extensã o e profundidade,
dando origem à s voçorocas. Trata-se de feiçõ es erosivas com paredes íngremes e fundo chato
por onde a á gua flui durante as chuvas.

Leia
Geossistemas: uma introdução à Geografia Física, de Robert W. Christopherson. Porto Alegre: Bookman, 2012.
É um dos mais completos livros publicados sobre o assunto e aborda os principais temas ligados à geografia física e
cartografia.

Os movimentos de massa
Os movimentos de massa sã o deslocamentos de solo e rocha ao longo de uma vertente sob
açã o direta da gravidade. Sã o importantes processos naturais que controlam o
desenvolvimento e a evoluçã o das vertentes.

Os movimentos de massa ocorrem em muitas regiõ es no mundo, sobretudo naquelas com


vertentes íngremes e periodicamente atingidas por intensas chuvas. A açã o humana sobre as
vertentes, visando, por exemplo, ao uso agrícola ou à construçã o de casas e divisã o de lotea-
mentos, muda as características originais da vertente. A retirada da vegetaçã o, a alteraçã o da
geometria das vertentes e a criaçã o de aterros, com a consequente mudança do regime natural
de escoamento e infiltraçã o das á guas pluviais, sã o algumas das açõ es humanas capazes de
aumentar a probabilidade de deslizamentos. A ocorrência desses processos em á reas ocupadas
pela populaçã o geralmente causa vítimas fatais e danos econô micos significativos.
Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 129.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

GEOGRAFIA E ETIMOLOGIA

Topônimos Os topô nimos sã o os nomes geográ ficos dados a lugares, como serra da Canastra.

1. A partir do conteú do apresentado no capítulo, escolha algum topô nimo e pesquise sua
etimologia, ou seja, sua origem histó rica.
Pá gina 102

A ação humana no relevo

A sociedade também é um agente de transformaçã o das formas de relevo e, nos ú ltimos


séculos, com o crescimento populacional, o desenvolvimento de novas técnicas e a ampliaçã o
do sistema capitalista de produçã o, a transformaçã o do relevo pela açã o humana tornou-se
muito mais intensa.

De um lado, o desenvolvimento da indú stria foi acompanhado do aumento da extraçã o mineral


e da produçã o de combustíveis. Atuando em larga escala, durante os séculos XIX e XX, grandes
empresas mineradoras exploraram o solo em vá rias partes do mundo, praticando o
desmatamento (intensificando assim os processos erosivos), a poluiçã o do solo e a destruiçã o
de vá rias formas de relevo.

O aterro de orlas marítimas, lagoas e outras á reas submersas para permitir a expansã o urbana
e a construçã o de portos também tem sido praticado em vá rias partes do mundo e é outro
agente exó geno que transforma o relevo.

Avener Prado/Folhapress

A atividade mineradora provoca grandes transformaçõ es no relevo, como a abertura de minas profundas e cortes em
morros para extraçã o de minérios. Na foto, exploraçã o de minério de ferro em Itabira (MG). Foto de 2015.

Autoria desconhecida/Coleção particular. Fotografia: ID/BR

Primeira ala do Mercado Novo em Florianó polis (SC), hoje Mercado Pú blico, inaugurado em 1898. Postal de 1905.
Palê Zuppani/Pulsar Imagens

Apó s sucessivos aterros para a construçã o de avenidas, o Mercado Pú blico de Florianó polis ficou distante do mar.
Foto de 2015.

AÇÃO E CIDADANIA

Deslizamentos no Brasil

No Brasil, os deslizamentos, movimentos de massa de curta duraçã o, sã o bastante frequentes. As


regiõ es Sudeste, Sul e Nordeste sã o as mais atingidas devido aos processos naturais (alta
declividade e chuvas intensas) e antró picos (desmatamento para a construçã o de casas) que
predominam nesses estados.

Em janeiro de 2011, chuvas intensas causaram grandes deslizamentos na zona serrana do estado
do Rio de Janeiro, que resultaram na morte de mais de 900 pessoas, e outras 350,
aproximadamente, desapareceram.

Os deslizamentos sã o comuns no Brasil, onde muitas vezes faltam as condiçõ es necessá rias para
prevenir esse tipo de fenô meno e diminuir os impactos naturais e sociais que ele provoca. Entre
elas, é possível destacar a regulamentaçã o para a construçã o civil (muitas casas sã o construídas em
á reas de alto risco), os sistemas de alerta prévio à populaçã o e melhores condiçõ es de socorro e
recuperaçã o das á reas atingidas.

1. Que medidas devem ser tomadas para evitar os deslizamentos de terra em á reas com ocupaçã o
humana?

2. Caso os deslizamentos de terra ocorram em á reas ocupadas, que ajuda poderia ser dada à s pes
soas atingidas? Com um colega, faça uma lista de açõ es.
Pá gina 103

Informe
Prevenção de riscos de deslizamentos em encostas
Os principais fenô menos relacionados a desastres naturais no Brasil sã o os deslizamentos de
encostas e as inundaçõ es, que estã o associados a eventos pluviométricos intensos e
prolongados, repetindo-se a cada período chuvoso mais severo. Apesar de as inundaçõ es
serem os processos que produzem as maiores perdas econô micas e os impactos mais
significativos na saú de pú blica, sã o os deslizamentos que geram o maior nú mero de vítimas
fatais. [...]

Os deslizamentos de encostas sã o fenô menos naturais, que podem ocorrer em qualquer á rea
de alta declividade, por ocasiã o de chuvas intensas e prolongadas. [...]

Nas cidades brasileiras, marcadas pela exclusã o socioespacial que lhes é característica, há um
outro fator que aumenta ainda mais a frequência dos deslizamentos: a ocupaçã o das encostas
por assentamentos precá rios, favelas, vilas e loteamentos irregulares. A remoçã o da vegetaçã o,
a execuçã o de cortes e aterros instá veis para construçã o de moradias e vias de acesso, a
deposiçã o de lixo nas encostas, a ausência de sistemas de drenagem de á guas pluviais e coleta
de esgotos, a elevada densidade populacional e a fragilidade das moradias aumentam tanto a
frequência das ocorrências como a magnitude dos acidentes.

[...] Dessa forma, uma política eficiente de prevençã o de riscos de deslizamentos em encostas
deve considerar como á reas prioritá rias de atuaçã o os assentamentos precá rios e também
fazer parte das políticas municipais de habitaçã o, saneamento e planejamento urbano. [...]

De uma forma geral, esses programas estã o estruturados na formaçã o de grupos


especialmente encarregados de: elaborar e atualizar permanentemente o mapeamento de
risco no município; monitorar precipitaçõ es pluviométricas e estabelecer açõ es preventivas de
defesa civil; desenvolver açõ es de mobilizaçã o da comunidade envolvendo aspectos de
educaçã o ambiental, monitoramento de situaçõ es de risco e técnicas construtivas adequadas;
mobilizar os demais ó rgã os da prefeitura encarregados do socorro a vítimas e estabelecer a
necessá ria articulaçã o com os governos estadual e federal, por meio do Sistema Nacional de
Defesa Civil; estabelecer redes de solidariedade para apoio à s famílias em risco; e finalmente,
planejar a implantaçã o de intervençõ es estruturais de segurança, como redes de drenagem,
obras de contençã o de taludes ou remoçã o de moradias.

CARVALHO, Celso Santos; GALVÃO, Thiago (Org.). Prevenção de riscos e deslizamentos em encostas: guia para elaboraçã o de políticas
municipais. Brasília: Ministério das Cidades; Cities Alliance, 2006. Disponível em:
<http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Biblioteca/PrevencaoErradicacao/Livro_Curso_Capacitacao_Tecnicos_
Municipais.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2015.
Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson (Org.). Decifrando a Terra. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2008. p. 127-128 e 183. Representaçã o
esquemá tica fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fanstasia.

PARA DISCUTIR

1. Quais sã o os fatores que contribuem para o aumento da frequência dos deslizamentos?

2. No município onde você reside, há problemas de enchentes ou de deslizamentos? Explique.

3. No município onde você reside há um ó rgã o da Defesa Civil? Se sim, quais sã o as atribuiçõ es
desse ó rgã o?
Pá gina 104

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. As formas de relevo sã o resultado da interaçã o de agen tes internos e externos. Explique a


açã o desses agentes.

2. Diferencie as principais formas de relevo continental.

3. Qual é a principal diferença entre o critério de classificaçã o do relevo brasileiro


desenvolvido por Aroldo de Azevedo e os critérios desenvolvidos por Ab’Saber e Jurandyr
Ross?

4. De acordo com a classificaçã o de Jurandyr Ross, quais sã o as duas categorias de planaltos no


Brasil?

5. Explique a formaçã o das planícies e dos planaltos no territó rio brasileiro.

6. Cite exemplos de modificaçã o do relevo terrestre decorrente de açõ es da sociedade.

Lendo mapas e gráficos

7. A partir da aná lise do mapa, faça o que se pede.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: ROSS, Jurandyr L.S. (Org.). Geografia do Brasil. Sã o Paulo: Edusp, 1996. p. 53.

a) Cite três estados onde há grandes á reas planá lticas contínuas.


b) Quais compartimentos do relevo estã o mais propensos à sedimentaçã o?

c) Segundo essa classificaçã o, quais sã o os processos predominantes na formaçã o das


depressõ es no Brasil?

8. O perfil topográ fico a seguir apresenta uma seçã o do relevo brasileiro das regiõ es Centro-
Oeste e Sudeste. Observe-o atentamente e, depois, enumere as principais características e os
agentes formadores de cada tipo de relevo.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. Sã o Paulo: Edusp, 2008. p. 63.

Interpretando textos e imagens

9. As duas paisagens retratadas nas fotografias abaixo sã o de planaltos. Compare-as e


responda à s questõ es.

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

Vista da serra da Barriga, em Palmares (AL). Foto de 2015.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Paisagem da Chapada Diamantina, em Caeté-Açu (BA). Foto de 2015.

a) É correto afirmar que os planaltos brasileiros apresentam diferentes formas? Explique.


b) Quais fatores atuam sobre o relevo e podem explicar as diferenças entre essas paisagens?
Pá gina 105

10. As fotografias abaixo mostram, respectivamente, uma voçoroca antes e depois do processo
de recuperaçã o, em Mineiros (GO). No local, realizaram-se obras de engenharia e o plantio de
espécies vegetais adequadas à recuperaçã o de voçorocas.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Foto de 2002.

Fabio Colombini/Acervo do fotó grafo

Foto de 2014.

Observando as imagens e relacionando-as com seus conhecimentos sobre os processos de


erosã o, responda à s questõ es.

a) Como sã o formadas as voçorocas?

b) Explique por que o plantio de á rvores pode ser uma estratégia eficiente para a recuperaçã o
de á reas que apresentam voçorocas.

c) Que consequências a voçoroca pode provocar, se nã o for realizada uma intervençã o para
contê-la?

11. Considerando que as dunas sã o formadas pela deposiçã o de sedimentos transportados por
agentes externos, com mais um colega, analisem a imagem ao lado e expliquem qual a relaçã o
existente na paisagem entre o relevo de dunas e a presença de um parque eó lico.
Andre Dib/Pulsar Imagens

Dunas e turbinas eó licas (cata-ventos) no Parque Eó lico do Trairi (CE). Foto de 2015.

12. Leia o texto e responda à s questõ es.

Há formas de intervençã o para melhorar a estabilidade dos terrenos, drenar melhor a á gua, conter
encostas, ou seja, melhorar a condiçã o de segurança e a gestã o do lugar para que, mesmo numa
situaçã o de risco, se possam evitar mortes.

Mas a questã o de fundo é que ninguém vai morar numa á rea de risco porque quer ou porque é
burro. As pessoas vã o morar numa á rea de risco porque nã o têm nenhuma opçã o para a renda que
possuem. Estamos falando de trabalhadores cujo rendimento nã o possibilita a compra ou aluguel
de uma moradia num local adequado. E isso se repete em todas as cidades e regiõ es metropolitanas.

Nã o adiantam nada as obras paliativas aqui e ali se nã o tocarmos nesse ponto fundamental que é:
quais sã o os locais adequados, ou seja, fora das á reas de risco, que serã o abertos ou
disponibilizados para que a populaçã o de menor renda possa morar?

ROLNIK, Raquel. Disponível em: <https://raquelrolnik.wordpress.com/2011/01/13/ninguem-vai-morar-em-area-de-riscoporque-


quer-ou-porque-e-burro/>. Acesso em: 10 mar. 2016.

a) Por que nas cidades e nas regiõ es metropolitanas existem tantas moradias em á rea de risco
de deslizamentos e enchentes?

b) A autora cita dois tipos de medidas para enfrentar os problemas que atingem as pessoas que
vivem em á reas de risco. Quais sã o eles?
Pá gina 106

CAPÍTULO 8 Os solos

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Fatores de formaçã o dos solos.
O papel do intemperismo.
Fertilidade dos solos no Brasil.
Degradaçã o dos solos.

Na superfície, as rochas sã o submetidas a condiçõ es diferentes daquelas dos ambientes nos quais se formaram.
Sujeitas à interaçã o com diversas substâ ncias (como a á gua) e à s mudanças de temperatura, as rochas passam
por um conjunto de modificaçõ es físicas e químicas chamado intemperismo. O intemperismo é responsá vel
pela desagregaçã o e pela alteraçã o química dos minerais que compõ em as rochas, processos que resultam na
formaçã o dos solos.

O solo pode ser definido como um corpo natural, claramente distinto do material rochoso, com presença de
vida vegetal e animal. É composto de material só lido (minerais e matéria orgâ nica), líquido (á gua, sais em
soluçã o e matéria coloidal – formada por grã os muito finos – em suspensã o) e gasoso (gá s oxigênio e gá s
carbô nico).

É possível conhecer o processo de formaçã o do solo (pedogênese) observando um perfil de solo, ou seja, um
corte vertical no terreno que, partindo da superfície, aprofunda-se e mostra camadas dispostas
horizontalmente, paralelas à superfície. As diferentes camadas de um perfil de solo são denominadas
horizontes. Cada horizonte é identificado por uma letra e possui propriedades específicas, como textura e
diferentes proporçõ es de matéria orgâ nica e material rochoso.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: LEINZ, Viktor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2003. p. 68. Representaçã o
esquemá tica fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

Com base no texto e na imagem acima, responda.


1. De que forma o intemperismo age na formaçã o dos solos?

2. Dê exemplos de agentes que intemperizam as rochas.

3. A partir da formaçã o do solo, quais outros elementos podem se desenvolver?


Pá gina 107

Fatores de formação dos solos

Diversos fatores atuam na formaçã o dos solos: o relevo, o clima, os organismos e a rocha
matriz, ou seja, a rocha que será intemperizada. O tempo durante o qual cada um desses
fatores age também interfere na formaçã o e evoluçã o do solo.

O relevo é fundamental na formaçã o dos solos, pois interfere na quantidade de á gua e na


distribuiçã o de luz e calor do Sol sobre o material intemperizado.

O clima influencia ativa e diretamente na formaçã o do solo: a velocidade e o tipo de


intemperismo sã o regulados principalmente pela temperatura e pela umidade do ambiente.

A açã o dos organismos também é importante: as raízes das plantas geram intemperismo
físico durante o crescimento; os animais movimentam o solo ao cavar buracos, e a açã o dos
microrganismos na decomposiçã o da matéria orgâ nica é essencial para a agregaçã o das
partículas que compõ em a estrutura do solo e para a formaçã o do hú mus.

A velocidade de alteraçã o das rochas e a maneira como essa alteraçã o ocorre dependem
também da resistência física e química dos minerais que as compõ em.

O fator tempo influi na formaçã o do solo em relaçã o à duraçã o do intemperismo. A indicaçã o


mais clara da influência do tempo é a diferença de espessura entre os solos e a quantidade de
horizontes que apresenta. Quanto mais antigo o solo, maior o tempo de açã o do intemperismo
e, portanto, maior tende a ser sua espessura. É importante considerar, porém, que em
ambientes tropicais, mais quentes e ú midos a pedogênese ocorre de forma mais acelerada,
dando origem a espessas camadas de solo.

Para a formaçã o de um solo, além do intemperismo, atuam também os processos


pedogenéticos, que sã o reaçõ es ou mecanismos de cará ter químico, físico e bioló gico, como a
lixiviação: em ambientes muito ú midos, o excesso de á gua retira os elementos bá sicos do solo
(cá lcio, magnésio e potá ssio, por exemplo), que sã o substituídos pelo hidrogênio da á gua,
tornando-o estéril.

A grande variedade de solos encontrada no mundo está diretamente associada à s inú meras
combinaçõ es dos fatores que influenciam os processos de intemperismo e pedogênese.
Edson Grandisoli/Pulsar Imagens

Perfil de solo formado a partir de uma rocha sedimentar, com diferentes níveis de intemperizaçã o. Piracicaba (SP).
Foto de 2012.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: VENTURI, Luis Antonio Bittar (Org.). Geografia: prá ticas de campo, laborató rio e sala de aula. Sã o Paulo: Sarandi,
2011. p. 87.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

Navegue
Programa Solo na Escola
Nesse site, da Universidade Federal do Paraná , há textos, imagens e propostas de experimentos para a aná lise e simulaçã o
de processos como a erosã o nos solos. Traz també m vídeos de curta duraçã o sobre a formaçã o dos solos. Disponível em:
<http://linkte.me/solos>. Acesso em: 12 mar. 2016.
Pá gina 108

Tipos de intemperismo e fertilidade dos solos

Na formaçã o do solo, ocorrem três tipos de intemperismo:

• Intemperismo físico: causa desagregaçã o, transformando a rocha em material friá vel (que
se fragmenta facilmente). Em á reas com grande amplitude térmica, a superfície das rochas
aquece durante o dia e esfria durante a noite. Esse processo de expansã o e contraçã o dos
minerais que compõ em a rocha promove sua desagregaçã o física.

• Intemperismo químico: provoca alteraçã o química dos minerais que compõ em a rocha. A
á gua e as substâ ncias dissolvidas podem reagir com os minerais existentes e transformá -los
quimicamente. Esse tipo de intemperismo é muito mais frequente em regiõ es quentes e
ú midas da Terra.

• Intemperismo biológico: altera as rochas pela açã o mecâ nica e química dos seres vivos
(nã o inclui alteraçã o humana ou antropismo). As raízes das plantas e a escavaçã o dos animais
(aranhas, minhocas, etc.) provocam intemperismo físico, fragmentando as rochas. Os seres
vivos também causam intemperismo químico pela liberaçã o de substâ ncias que favorecem a
alteraçã o das rochas.

No Brasil, sobretudo nas regiõ es Norte e Nordeste, de clima equatorial e tropical ú mido, o
processo de formaçã o do solo é muito acelerado, com intensa participaçã o da á gua e dos
organismos no intemperismo.

A fertilidade refere-se à capacidade de o solo fornecer nutrientes para o desenvolvimento das


plantas. A noçã o de fertilidade leva em conta principalmente a composiçã o química do solo. A
maior ou a menor fertilidade depende dos fatores de formaçã o do solo e, sobretudo, de seu uso
pela sociedade.

Assim, antes de iniciar uma atividade econô mica agrícola ou extrativa, é importante conhecer
as características do solo para utilizá -lo corretamente, garantindo sua produtividade e
conservaçã o.

Solos no Brasil
No Brasil podemos destacar, por suas características de fertilidade e importâ ncia histó rica,
duas classes que agrupam solos com semelhantes propriedades e graus de desenvolvimento: o
latossolo e o vertissolo. Os latossolos, predominantes no territó rio brasileiro, sã o bem
desenvolvidos, profundos, com alto teor de acidez e geralmente avermelhados ou alaranjados
pela forte presença de ó xidos de ferro e alumínio.

Terra roxa é o nome popular do solo encontrado nos estados da Regiã o Sul e em Sã o Paulo,
Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, classificado como latossolo vermelho e nitossolo. É
formado pela decomposiçã o de rochas ígneas como o basalto e o diabá sio. A partir dessas
rochas, o intemperismo deu origem a solos muito férteis, que serviram para o
desenvolvimento da agricultura cafeeira e, atualmente, também sã o aproveitados para o
plantio de soja, trigo e café.
Na regiã o da Zona da Mata nordestina, predomina o massapê, que desde 1999 passou a ser
reconhecido como vertissolo pelo Sistema Brasileiro de Classificaçã o de Solos. É um solo
muito ú mido, de cor cinza-escuro e com grande presença de argila. Forma-se a partir da
decomposiçã o de granito, gnaisse e rochas calcá rias, e apresenta alta fertilidade química.
Mostrou-se muito adaptado ao cultivo da cana e, por isso, foi importante para o
estabelecimento da economia açucareira no período colonial. Ainda hoje recebe o plantio de
cana-de-açú car.

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

Plantaçã o de cana-de-açú car em Itambé (PE), onde predominam solos muito argilosos. Foto de 2015.
Pá gina 109

Degradação dos solos

O solo é um recurso natural de extrema importâ ncia para o equilíbrio e para a manutençã o de
muitos ecossistemas, principalmente por sua capacidade de armazenamento da á gua utilizada
pela fauna e pela flora terrestres. Além disso, oferece suporte à atividade agrícola.

Por ser um recurso finito e nã o renová vel, pode levar milhares de anos para recuperar suas
propriedades originais. O solo pode também ser destruído no período de algumas geraçõ es e
desaparecer para sempre.

A degradação do solo é a reduçã o provisó ria ou permanente da sua capacidade produtiva em


consequência da açã o humana. A contaminação do solo ocorre quando ele recebe compostos
que modificam suas características naturais e sua utilizaçã o, produzindo efeitos negativos.
Essa contaminaçã o pode ocorrer por resíduos só lidos, líquidos e gasosos e á gua poluída.

Causas da degradação dos solos


As principais causas da degradaçã o dos solos sã o o desmatamento, a salinizaçã o, a poluiçã o, a
compactaçã o provocada pelo uso de má quinas agrícolas e pelo constante pisoteio do gado.

• Desmatamento: além de absorver á gua, a cobertura vegetal reduz a erosã o provocada pela
á gua das chuvas. Sua retirada intensifica os processos erosivos, que promovem a perda local
de solo.

• Salinização do solo: a falta de manejo para drenar á guas da irrigaçã o com concentraçã o de
sais minerais e o alto índice de evaporaçã o em á reas semiá ridas e á ridas provocam o acú mulo
desses elementos nos solos, o que reduz sua fertilidade.

• Poluição: tem como causa o uso inadequado e em larga escala de defensivos agrícolas e
fertilizantes e o despejo de resíduos industriais nos solos e nos rios.

• Compactação do solo: o uso de maquiná rio agrícola e o constante pisoteio do solo pelo gado
(pecuá ria) deixam-no mais denso, menos permeá vel e, assim, pouco adequado ao
desenvolvimento das plantas.
Universal Images Group/Getty Images

O desmatamento de uma á rea florestal teve como consequência a perda de solos e a salinizaçã o de uma área pró xima
a Perth, na Austrá lia. A remoçã o da vegetaçã o provocou a elevaçã o do lençol freá tico, que trouxe o sal de horizontes
mais profundos para a superfície. Foto de 2007.

SAIBA MAIS

A desertificação

Desertificaçã o é o processo de desequilíbrio hídrico e degradaçã o do solo, da vegetaçã o e da


biodiversidade nas zonas á ridas, semiá ridas e subú midas secas do planeta Terra. É produto de
vá rios fatores, em especial, das variaçõ es do clima e das atividades humanas.

No Brasil, calcula-se que cerca de 16% do territó rio esteja suscetível a essa transformaçã o. Essas
á reas estã o em 9 estados da regiã o Nordeste e em partes dos estados de Minas Gerais e do Espírito
Santo. Com isso, cerca de 17% da populaçã o do país é prejudicada pela baixa produtividade do solo
e pela aridez do clima.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Á rea em processo de desertificaçã o em Gilbués (PI). Foto de 2013.


Pá gina 110

Informe
Solos para a sustentabilidade da sociedade
A ONU [...] decretou 2015 como o Ano Internacional dos Solos e espera que a iniciativa sirva
para mobilizar a sociedade para a importâ ncia dos solos como parte fundamental do meio
ambiente e os perigos que envolvem a degradaçã o deles em todo o mundo.

[...] Os solos sustentam nã o apenas a produçã o agropecuá ria, mas também as cidades e
empreendimentos industriais como a mineraçã o. “Infelizmente as pessoas só pensam nos solos
quando acontecem as tragédias, como os deslizamentos de terra causados por chuvas e a
contaminaçã o provocada por excessos de aditivos químicos ou mineraçã o. Ainda assim as
informaçõ es sã o apenas factuais e nã o aprofundam no tema considerando o solo como o meio
onde acontecem as tragédias sociais ou ambientais”, diz Gonçalo Farias. [pesquisador da
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.]

A degradaçã o do solo é reconhecida como componente de risco para manutençã o da vida no


planeta. Enquanto isso, o aumento da populaçã o implica maior demanda por alimentos e
matéria-prima vegetal. Depara-se assim com o dilema de, ao mesmo tempo, produzir
alimentos, reduzir os impactos ambientais causados pelo uso intensivo do solo, recuperar
grande parte dos recursos naturais já degradados e, ainda, preservar os sistemas naturais
remanescentes. [...]

Os solos sã o cruciais para a vida na terra, com grande influência sobre o meio ambiente, as
economias regionais e globais e as aglomeraçõ es urbanas e industriais. Até mesmo a reduçã o
da capacidade de armazenamento dos reservató rios de á gua no Brasil relaciona-se com a
degradaçã o dos solos. Dentre as suas diversas funçõ es, proporciona, direta ou indiretamente,
mais de 95% da produçã o mundial de alimentos. No entanto, esta fina e frá gil camada que
recobre a superfície da Terra e leva milhõ es de anos para ser formada pode ser perdida e
degradada pela erosã o em poucos anos de uso, tornando-se improdutiva ou reduzindo sua
capacidade de produzir alimentos, pastagens, fibras e biocombustíveis para uma populaçã o
cada vez maior e mais exigente. [...]

O processo de degradaçã o já está impactando a produtividade no Brasil. “Sã o milhõ es de


hectares de terra tornando-se improdutiva que acabam por empurrar a produçã o agrícola para
novas á reas de ambientes naturais, como a floresta Amazô nica. [...]

A degradaçã o dos solos nas á reas agrícolas, em sua grande maioria, está associada à erosã o
hídrica, que é intensificada pelo cultivo contínuo e sem prá ticas conservacionistas. Esse
processo consiste no escoamento da á gua na superfície, resultante da sua menor capacidade de
se infiltrar, carreando com ela material de solo, em geral removendo a camada mais rica em
nutrientes e matéria orgâ nica do mesmo. Prá ticas culturais como a retirada da vegetaçã o
natural, araçã o/gradagem no sentido do declive do terreno, pisoteio excessivo de animais,
contribuem para que a erosã o hídrica seja acelerada.

Segundo a Organizaçã o das Naçõ es Unidas para Alimentaçã o e Agricultura (FAO). a populaçã o
mundial vai crescer dos atuais 7 bilhõ es de habitantes para 9,2 bilhõ es em 2050, o que vai
exigir um aumento na produçã o de alimentos dos atuais 1,64 bilhõ es de toneladas para 2,60
bilhõ es no ano de 2050, ou seja, um aumento de 60% na produçã o de alimentos em apenas 40
anos. Sem dú vida nenhuma o solo será a base de sustentaçã o para assegurar o crescimento
populacional, entretanto seu uso deve ser associado à conservaçã o e ao aumento da eficiência
dos sistemas de produçã o agrícola, além da eficá cia das políticas pú blicas para gestã o
adequada desse recurso natural.

Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Disponível em: <http://www.sbcs.org.br/?post_type=noticia_geral&p=3810>. Acesso em: 13


mar. 2016.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Universidade de Michigan. Global Change Program. Disponível em:


<http://www.globalchange.umich.edu/globalchange2/>. Acesso em: 14 mar. 2016.

PARA DISCUTIR

1. Considerando os solos de á reas rurais e urbanas, como o crescimento da populaçã o mundial


contribui para acelerar processos que tornam os solos improdutivos?

2. Com mais um colega, representem em um esquema ou desenho a relaçã o entre a perda dos
solos e a ocorrência de outros impactos ambientais mencionados no texto.
Pá gina 111

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Quais sã o os fatores responsá veis pela formaçã o do solo? Explique como eles atuam.

2. Estabeleça as principais diferenças entre intemperismo físico, químico e bioló gico.

3. Quais sã o os componentes do solo?

4. Qual é a importâ ncia do estudo dos horizontes para a clas sificaçã o dos solos?

5. O que é solo fértil?

6. Explique as principais causas do processo de degradaçã o dos solos.

7. O que é desertificaçã o?

Interpretando textos e imagens

8. A figura abaixo apresenta um perfil de solo. Identifique três horizontes e descreva-os,


analisando o nível de desenvolvimento do solo em cada um deles.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: LEINZ, Viktor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2003. p. 68.

9. Leia o texto abaixo e faça o que se pede a seguir.

A alimentaçã o das plantas tem muito pouco a ver com a dos seres humanos ou com a dos animais
em geral. Tanto para elas como para nó s, o elemento químico carbono constitui a “substâ ncia-
chave”, uma vez que é o principal componente de todos os compostos orgâ nicos de que sã o
formados os corpos animais e vegetais. Porém, a planta nã o necessita “comer” compostos orgâ nicos
[…], como nó s, pois ela é capaz de obter carbono do ar. […]

Por isso, os solos que possuem quantidades de sais minerais capazes de “satisfazer” plenamente as
necessidades da planta [...] sã o os solos que permitem melhores e mais abundantes colheitas. Na
natureza, esse suprimento de sais minerais é garantido pelo processo de reciclagem, isto é, as
folhas, os frutos e os pedaços de caule que continuamente sã o derrubados pelas á rvores sofrem
processo de decomposiçã o, [...] restituindo ao solo os elementos de que sã o formados e renovando
dessa maneira o manto fértil que o recobre. Mesmo os solos muito pobres […] conseguem manter
uma exuberante vegetaçã o por causa desse rá pido processo de “rodízio” dos sais minerais. […]

BRANCO, Samuel Murgel; CAVINATTO, Vilma Maria. Solos: a base da vida terrestre. São Paulo: Moderna, 1999. p. 58-59 (Coleçã o Polêmica).

Pesquise á reas agrícolas ou com pequenas plantaçõ es na regiã o onde você vive. A pesquisa
também pode ser feita em parques, jardins, condomínios, quintais, casas ou em qualquer outro
local que tenha plantas. Converse com pessoas que possam informá -lo sobre os tipos de cultivo
e de solo, o uso ou nã o de adubos e fertilizantes, a utilizaçã o de má quinas agrícolas, etc.

Lendo mapas

10. Analise o mapa a seguir e responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: CALDINI, Vera L. de M.; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. Sã o Paulo: Saraiva, 2013. p. 42.

a) Como os conhecimentos sobre o potencial agrícola de um solo podem impactar no


desenvolvimento econô mico de uma populaçã o? Explique.

b) As á reas com maior cultivo de soja do país concentram-se nos estados da Regiã o Centro-
Oeste. De acordo com o mapa, qual é o nível do “potencial agrícola” da regiã o? Pesquise e
depois explique quais sã o as técnicas implementadas nos solos para o aumento do cultivo e os
seus impactos.

Ao final, apresente um pequeno resumo da pesquisa e compare-o com os dos demais colegas
da classe.
Pá gina 112

CAPÍTULO 9 Hidrologia e hidrografia

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


O ciclo hidroló gico e a distribuiçã o da á gua pelo mundo.
Os rios e as bacias hidrográ ficas.
As bacias hidrográ ficas brasileiras.
Os mares e os oceanos, as ondas e as maré s.
A poluiçã o das á guas.

As á guas cobrem 70% da superfície terrestre. Do volume total de á gua existente no planeta, aproximadamente
97,5% é de á gua salgada e apenas 2,5% de á gua doce. Do total de á gua doce, apenas cerca de 1% está
disponível para consumo humano, ou seja, está em reservató rios de á gua subterrâ neos, rios e lagos; e o
restante se encontra em geleiras, solos gelados e cumes de altas montanhas e na atmosfera.

A á gua serve ao abastecimento humano direto, à s atividades agrícolas e industriais. Além de a quantidade de
á gua doce disponível para o consumo ser relativamente pequena quando se considera o conjunto da
hidrosfera, a distribuiçã o desse importante recurso natural no planeta é desigual. Enquanto algumas
populaçõ es habitam regiõ es com baixa disponibilidade de recursos hídricos, como o norte da Á frica e o Oriente
Médio, outras vivem em á reas onde há á gua em abundâ ncia.

A desigualdade no acesso à á gua também ocorre por motivos econô micos e pela ausência de políticas de
tratamento e abastecimento de á gua em muitas localidades, o que significa que grandes contingentes
populacionais nã o têm acesso à á gua tratada. A Organização das Naçõ es Unidas para a Educaçã o, a Ciência e a
Cultura (Unesco) estima que, em 2025, mais de 3 bilhõ es de pessoas sofrerã o com escassez de á gua no mundo.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Banco Mundial. World development indicators: freshwater. Disponível em:
<http://wdi.worldbank.org/table/3.5>. Acesso em: 25 nov. 2015.

A partir do texto e da interpretaçã o do mapa, responda.


1. Em que regiõ es do mundo as populaçõ es enfrentam escassez de á gua? E insuficiência?

2. Comente as razõ es da dificuldade de acesso à á gua potá vel por grandes contingentes populacionais.
Pá gina 113

Ciclo hidrológico

A á gua é fundamental na dinâ mica da natureza terrestre, permitindo a existência de vida no


planeta. A constante mudança da á gua de um estado físico para outro cria o ciclo hidrológico
(ou ciclo da á gua). Para que o ciclo da á gua exista, é fundamental a incidência da energia
térmica solar sobre a superfície terrestre.

O ciclo hidroló gico é composto de evapotranspiraçã o, precipitaçã o, interceptaçã o vegetal e


infiltraçã o (ver figura abaixo).

• Evapotranspiração: com a incidência dos raios solares, ocorre a evaporaçã o da á gua de rios,
lagos e oceanos, a transpiraçã o das plantas e dos animais e a passagem direta da á gua do
estado só lido para o gasoso, processo chamado sublimação. Com a evapotranspiraçã o e a
sublimaçã o, a á gua é transferida da superfície terrestre para a atmosfera.

• Precipitação: apó s ser condensada a partir do vapor de á gua contido na atmosfera, a á gua
cai sobre a superfície terrestre em forma de chuva, granizo, neve, etc.

• Interceptação vegetal: nesse processo, parte da á gua da chuva é retida pela copa das
á rvores ou absorvida pelas raízes, voltando à atmosfera por transpiraçã o e evaporaçã o.

• Infiltração: fluxo de á gua da superfície que penetra no solo. A á gua infiltra-se na terra,
formando um aquífero ou um lençol freático (fluxo subsuperficial). Além disso, pode escoar
superficialmente até chegar a um rio, lago ou ocea no (fluxo superficial), reiniciando o ciclo.

A quantidade de á gua e a velocidade com que ela circula nas diferentes fases do ciclo
hidroló gico sã o influenciadas por diversos fatores, como a cobertura vegetal, a altitude, a
topografia, a temperatura, o tipo de solo e a geologia. As alteraçõ es produzidas pelo ser
humano sobre o ecossistema (ação antrópica) podem modificar parte do ciclo hidroló gico,
tanto na quantidade quanto na qualidade das á guas superficiais e subterrâ neas. Entre essas
alteraçõ es estã o o aterramento de á reas alagá veis, o desmatamento, a alteraçã o da rede de
drenagem natural, a impermeabilizaçã o do solo por asfalto e cimento, etc.
Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: Centro de Pesquisas Geoló gicas dos Estados Unidos. Disponível em:
<http://water.usgs.gov/edu/watercycle.html>. Acesso em: 19 nov. 2015.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

AÇÃO E CIDADANIA

Uso intenso de água

A atividade humana que mais utiliza á gua no Brasil e no mundo é a irrigaçã o. O fornecimento de
á gua para as plantaçõ es requer intensa exploraçã o dos rios e de outras fontes de á gua doce e
apresenta um alto índice de desperdício (cerca de 30% da á gua destinada à irrigaçã o é perdida).
Depois da irrigaçã o, a atividade industrial é a que mais consome á gua. O abastecimento de á gua
para uso doméstico é a terceira atividade que mais consome a á gua retirada da natureza.

1. A partir da observaçã o do seu cotidiano, identifique as atividades que dependem do uso da á gua.
Há desperdício do recurso nessas atividades? Você mudaria algum há bito a fim de economizar esse
bem comum? Converse com os colegas sobre o assunto.
Pá gina 114

Bacias hidrográficas

Bacia hidrográ fica é o conjunto de terras limitadas por divisores de águas (interflú vios), que
se encontram nas regiõ es mais elevadas do relevo. As bacias sã o drenadas por um rio principal
− canal fluvial − e por seus afluentes, também chamados de tributários. Geralmente uma
bacia hidrográ fica recebe o nome de seu rio principal.

Além dos rios e dos divisores, a bacia é composta de outros elementos que influenciam a
quantidade de á gua e de sedimentos que alcançam os canais fluviais, como o solo, a rocha, a
vegetaçã o e os seres vivos que nela habitam.

Uma bacia hidrográ fica pode ter diferentes tipos de ocupaçã o – antró pica, de cobertura
vegetal, de solo, etc. –, o que vai depender da localizaçã o e da extensã o de sua á rea.

As mudanças ocorridas em uma bacia hidrográ fica interferem nos rios que a compõ em. A á gua
dos rios é alimentada diretamente pela pluviosidade (ou pelo derretimento de neve, como
ocorre em vá rios rios da bacia Amazô nica, alimentados pela neve dos Andes) e indiretamente
pela á gua que se infiltra nos solos e nas rochas, alcançando os rios de modo mais lento. Por
isso, qualquer interferência nas á reas pró ximas aos rios pode causar modificaçõ es na rede
fluvial.

Por ser considerada um sistema integrado dos elementos que a compõ em, a bacia
hidrográ fica tem sido utilizada pela sociedade como uma unidade de planejamento. Dessa
forma, governos consideram os aspectos naturais e antró picos das regiõ es abrangidas pelas
bacias e planejam a ocupaçã o do territó rio.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: Universidade Federal do Espírito Santo. Disponível em:


<http://web2.ufes.br/educacaodocampo/down/cdrom1/iii_07.html>. Acesso em: 19 nov. 2015.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.


João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Á guas. Disponível em:


<http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sag/CobrancaUso/Cobranca/04_Doce.jpg>. Acesso em: 5 jan. 2016.

A bacia hidrográ fica do rio Doce abrange porçõ es dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. O rio Doce é seu
rio principal e desemboca no oceano Atlâ ntico.

SAIBA MAIS

A usina hidrelétrica de Três Gargantas

A usina de Três Gargantas, construída no rio Yang-Tzé (rio Azul), na China, é a maior central
hidrelétrica do mundo. A barragem foi planejada para que o país reduzisse sua dependência em
relaçã o à s usinas de carvã o e de petró leo, para diminuir a ocorrência de inundaçõ es no rio e para
facilitar o transporte fluvial. Entretanto, essa grande intervençã o provocou modificaçõ es em boa
parte da bacia hidrográ fica. Para a construçã o da barragem foi necessá ria a inundaçã o de 13
cidades, 4 500 aldeias e 162 sítios arqueoló gicos. Cerca de 1,13 milhã o de pessoas foram deslocadas
e a paisagem da regiã o foi profundamente alterada.

Liu Jiao/Imaginechina/AFP

Barragem de Três Gargantas, em Yichang, China. Foto de 2014.


Pá gina 115

Rios
Os rios sã o de grande importâ ncia para a natureza e para a sociedade. Na natureza, eles sã o
responsá veis por transportar sedimentos de um ponto para outro na paisagem e, dessa forma,
sã o capazes de modificar o relevo. Para a sociedade, os rios, assim como os reservató rios
subterrâ neos, representam fonte de á gua para o consumo.

O rio é uma corrente de á gua que desá gua no mar, em um lago ou em outro rio. Nesse caso, o
rio que desá gua em outro é chamado afluente. O ponto de encontro entre cursos de á gua é
denominado confluência.

Os rios podem se originar de diferentes formas: pela á gua das chuvas que escoa
superficialmente, acumulando-se em á reas mais baixas do terreno, ou pela á gua das chuvas
que, apó s se infiltrar no solo e na rocha, forma o lençol freá tico, atingindo depois a superfície e
dando origem à nascente do rio. Os rios também podem ter origem na á gua de degelo das
montanhas, durante o período em que as temperaturas estã o mais elevadas.

Tipos de rios Os rios podem ser efêmeros, intermitentes ou perenes.

• Efêmeros: secos na maior parte do ano, comportam fluxo de á gua durante e imediata mente
apó s uma chuva.

• Intermitentes: possuem á gua durante uma parte do ano e secam no período de estiagem.

• Perenes: apresentam á gua no decorrer de todo o ano.

Regime fluvial é o termo que designa a média anual da variaçã o da descarga de á gua em uma
bacia hidrográ fica. A quantidade de á gua que atinge os rios depende do tamanho da á rea
ocupada pela bacia, das variaçõ es pluviométricas e das perdas de á gua devido à evaporaçã o e à
infiltraçã o no solo e na rocha. Dessa forma, a descarga final dos rios dependerá das variaçõ es
sazonais de períodos ú midos (maiores descargas) e de períodos secos (menores descargas).
Geralmente, quanto maior o nú mero de afluentes, maior a quantidade de á gua de um rio. Em
regiõ es á ridas, a perda por evaporaçã o pode levar a um decréscimo desse volume.
Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: Secretaria da Educaçã o do Paraná . Disponível em:


<http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1514&evento=7>. Acesso em: 19 nov. 2015.

Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

SAIBA MAIS

Planície aluvial

A planície aluvial (ou de inundaçã o) consiste em uma á rea com baixa altitude, plana e pró xima a um
curso de á gua que a inunda de acordo com seu regime fluvial. O material sedimentar (argila, silte e
areia) que se deposita na planície inundada chama-se aluvião.

As planícies aluviais, por apresentarem terrenos férteis (devido à deposiçã o dos sedimentos
aluvionares), tiveram grande importâ ncia na histó ria da humanidade. Muitas civilizaçõ es, entre elas
a da antiga Mesopotâ mia, se desenvolveram com o aproveitamento agrícola dessas planícies.

Greg O’Beirne/Acervo do fotógrafo

Nas planícies aluviais, é possível identificar as á reas alagáveis durante os períodos de cheia. Na imagem, o rio
Waimakariri e sua planície aluvial, Nova Zelâ ndia. Foto de 2007.

Navegue
Agência Nacional de Águas (ANA)
Nesta pá gina é possível ter acesso a informaçõ es sobre a gestã o dos recursos hídricos brasileiros. Disponível em:
<http://linkte.me/ana>. Acesso em: 18 abr. 2016.
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
Site da agê ncia vinculada ao Ministé rio de Minas e Energia, apresenta dados sobre geraçã o, distribuiçã o e consumo de
energia elé trica no Brasil. Disponível em: <http://linkte.me/aneel>. Acesso em: 18 abr. 2016.
Pá gina 116

Bacias hidrográficas brasileiras

A Lei n. 9 433, de 8 de janeiro de 1997, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de


Recursos Hídricos, instituindo uma política nacional para a gestã o da á gua no país. Essa
política tem como base alguns fundamentos: considera a á gua como um bem de domínio
pú blico e um recurso natural limitado e dotado de valor econô mico; em situaçõ es de escassez,
estabelece a prioridade do uso dos recursos hídricos para o consumo humano e dos animais;
reconhece que a gestã o dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso mú ltiplo das
á guas; e define a bacia hidrográfica como unidade territorial para implementaçã o da Política
Nacional de Recursos Hídricos.

Em 2003, com o objetivo de orientar o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos


no Brasil, foram definidas 12 regiõ es hidrográ ficas. Tais regiõ es sã o formadas por bacias
hidrográ ficas, agrupamentos de bacias ou sub-bacias contíguas.

Sub-bacia hidrográfica: á rea de drenagem dos rios que desembocam em um curso de água principal.

A seguir, conheça algumas bacias hidrográ ficas brasileiras.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Á guas. Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 22 nov.
2015.

Bacia do rio Amazonas


Maior bacia hidrográ fica do mundo, a bacia Amazônica abrange uma á rea de cerca de 7
milhõ es de km². Além do Brasil, estende-se por outros seis países: Peru, Colô mbia, Equador,
Venezuela, Guiana e Bolívia. Na bacia do rio Amazonas está cerca de 20% de toda a á gua doce
do mundo. Seu principal curso de á gua é o rio Amazonas, que nasce na cordilheira dos Andes,
no Peru, e desá gua no oceano Atlâ ntico, pró ximo à ilha de Marajó .

O relevo plano da regiã o apresenta diferenças em sua topografia que resultam em desníveis
nos cursos de á gua e em vá rias quedas-d’á gua, permitindo a construçã o de hidrelétricas na
bacia. A construçã o de usinas tem como consequência, porém, grandes impactos
socioambientais: requer a inundaçã o de enormes á reas, o que significa destituir diversos povos
indígenas de seus territó rios, destruir a vegetaçã o nativa e comprometer a fauna regional.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

A bacia Amazô nica ocupa aproximadamente 42% do territó rio brasileiro. Na imagem, á reas marginais do rio
Amazonas em período de cheia, Manaus (AM). Foto de 2015.

SAIBA MAIS

Os mananciais

Mananciais sã o todas as fontes de á gua doce que podem ser utilizadas para o abastecimento da
populaçã o e o desenvolvimento de atividades econô micas. Os mananciais incluem as reservas de
á gua superficiais e subterrâ neas: rios, lagos, represas, aquíferos, etc. No Brasil, desde 1997, existe
uma Lei de Proteçã o dos Mananciais.

Leia
Atlas Soci-água, de Luiz Pinguelli Rosa e Marcos Auré lio Vasconcelos de Freitas. Rio de Janeiro: Synergia, 2011.
O livro aborda os problemas sociais e as políticas pú blicas relacionadas à gestã o dos recursos hídricos no Brasil e no mundo.
Pá gina 117

Bacia dos rios Tocantins e Araguaia


Apresenta configuraçã o alongada no sentido norte-sul. Seu principal curso de á gua é o rio
Tocantins, que nasce no planal to de Goiá s, a cerca de mil metros de altitude. Seu principal
afluente é o rio Aragua ia, com cerca de 2,6 mil km de extensã o, onde se encontra a ilha do
Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. Grande parte dessa bacia está na Regiã o Centro-Oeste.

A bacia possui um grande potencial hidrelétrico. A usina hidrelétrica de Tucuruí, localizada no


baixo Tocantins, é responsá vel pelo abastecimento de energia elétrica de 96% do estado do
Pará e 99% do Maranhã o.

Bacia do rio Paraná


Grande parte da bacia do Paraná localiza-se na Regiã o Sudeste. Seu principal curso de á gua é o
rio Paraná , cuja regiã o hidrográ fica possui a maior capacidade instalada para produçã o de
energia elétrica do país (63,3% do total nacional), assim como a maior demanda (75% do
consumo nacional). Existem 176 usinas hidrelétricas na regiã o, com destaque para Itaipu,
Furnas, Porto Primavera e Marimbondo. Nã o existe disponibilidade de novos aproveitamentos
hidrelétricos de grande porte nos rios principais. Assim, vem ocorrendo atualmente uma
tendência de desenvolvimento de projetos de pequenas centrais hidrelétricas em rios de
menor porte.

A bacia possui uma importante rota de navegaçã o – a hidrovia Tietê-Paraná – e abrange a á rea
mais industrializada e urbanizada do Brasil.

Bacia do rio Paraguai


Inclui o Pantanal, que funciona como um grande reservató rio que retém a maior parte da á gua
e regulariza a vazã o do rio Paraguai. Esse rio nasce em territó rio brasileiro, e sua bacia
hidrográ fica abrange uma á rea de 1 095 000 km², sendo 33% no Brasil e o restante na
Argentina, na Bolívia e no Paraguai. No Brasil, sua á rea atinge porçõ es dos estados de Mato
Grosso do Sul e Mato Grosso.

Bacia do rio Uruguai


A bacia abrange terras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Além do Brasil, banha parte
da Argentina e do Uruguai. Juntamente com as bacias do Paraná e do Paraguai, forma a bacia
do Prata.

Assista
Belo Monte, anúncio de uma guerra. Direçã o de André D’Elia, Brasil, 2012, 104 min.
Esse documentá rio independente, produzido antes do té rmino da construçã o e do funcionamento da usina de Belo Monte,
traz depoimentos de moradores e indígenas vizinhos à s obras, alé m da opiniã o de especialistas, para mostrar os impactos da
construçã o de Belo Monte. Disponível em: <http://linkte.me/belomonte>. Acesso em: 15 mar. 2016.

CONEXÃO

Bacia Amazônica: a polêmica acerca da hidrelétrica de Belo Monte


Uma grande polêmica envolveu a construçã o da hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu (um
afluente do rio Amazonas), nas proximidades da cidade de Altamira, no Pará .

Apesar da grandiosidade do projeto, que prevê a construçã o da maior hidrelétrica brasileira (em
termos de potência) inteiramente em territó rio nacional, o alto custo das desapropriaçõ es e da
construçã o de sua barragem e os impactos ambientais e sociais diretos e indiretos da obra podem
ser superiores ao retorno da usina em termos energéticos.

Além do desmatamento e alagamento de uma imensa á rea da floresta Amazô nica, conhecida por
sua grande diversidade de fauna e flora, a obra afetou diretamente centenas de comunidades
ribeirinhas e povos indígenas.

Muitos ambientalistas defendem que um investimento de tal magnitude poderia beneficiar o


desenvolvimento de outras matrizes energéticas de menor impacto ambiental e social.

1. As hidrelétricas sã o fontes de “energia limpa”, pois nã o contribuem para o aquecimento global


com a emissã o de gases de efeito estufa na atmosfera. Que outras fontes de energia com baixo
impacto ambiental você conhece?

2. Faça uma pesquisa para conhecer como as comunidades atingidas pela barragem se organizaram
na época de sua construçã o. Verifique se em algum rio da bacia hidrográ fica em que está seu
município há projetos de construçã o de usinas e faça um levantamento das principais mudanças
que podem afetar a populaçã o.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Estima-se que cerca de 20 mil brasileiros tenham migrado para trabalhar na construçã o da usina de Belo Monte. As
condiçõ es de trabalho eram muito precá rias e houve denú ncias contra o consó rcio responsável pela obra por
exploraçã o de mã o de obra e violaçã o dos direitos trabalhistas. Foto de 2014.
Pá gina 118

Bacia do rio Parnaíba


Ocupa uma á rea correspondente a 3,9% do territó rio nacional e drena quase a totalidade do
Piauí (99%) e parte do Maranhã o (19%) e do Cea rá (10%). A maioria de seus afluentes é
perene e suprida por á guas pluviais e subterrâ neas. A á gua subterrâ nea representa a principal
fonte de abastecimento da populaçã o do Piauí.

Bacias do Atlântico Nordeste Oriental


Com uma á rea equivalente a 3% do territó rio brasileiro, essa regiã o hidrográ fica contempla
cinco capitais do Nordeste, dezenas de nú cleos urbanos e um significativo parque industrial,
localizado em Fortaleza, no Ceará .

Bacia do rio São Francisco


O rio Sã o Francisco é o principal rio dessa bacia, com aproximadamente 2,8 mil km de
extensã o. Por atravessar zonas semiá ridas, é de crucial importâ ncia para as populaçõ es
sertanejas e foi fundamental no processo histó rico de povoa mento do territó rio nacional. A
nascente do rio Sã o Francisco fica na serra da Canastra, em Minas Gerais. A bacia também
abrange os estados de Goiá s, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, além do Distrito Federal.

Entre rios, riachos, ribeirõ es e có rregos sã o, ao todo, 168 afluentes, dos quais 99 sã o perenes e
69 sã o intermitentes. O aproveitamento hidrelétrico da bacia supre a necessidade de energia
da Regiã o Nordeste: sã o 33 usinas em operaçã o, entre elas a de Paulo Afonso e a de
Sobradinho. Os recursos hídricos da bacia do Sã o Francisco também sã o bastante aproveitados
na irrigaçã o e na navegaçã o.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Vista do rio Sã o Francisco no limite dos municípios de Sã o Gonçalo do Abaeté (MG) e Três Marias (MG). Foto de 2015.

Bacias do Atlântico Nordeste Ocidental


Essa regiã o hidrográ fica situa-se no Maranhã o e em uma pequena parte do Pará . A principal
necessidade de á gua nessa regiã o hidrográ fica é para o consumo humano (64% do total).

A regiã o nã o enfrenta muitos problemas com má qualidade das á guas dos rios, pois a maioria
das cidades que abriga é de pequeno e médio portes e a á rea não possui um parque industrial
expressivo. Nas proximidades de Sã o Luís, porém, ocorre contaminaçã o por esgotos nã o
tratados.
Bacias do Atlântico Leste
A á rea abrangida por essa bacia corresponde a 8% do territó rio do país, incluindo porçõ es de
Sergipe (4%), da Bahia (69%), de Minas Gerais (26%) e do Espírito Santo (1%).

As bacias costeiras do Atlâ ntico Leste, no trecho situado entre Sergipe e Espírito Santo,
contemplam uma enorme diversidade de rios, có rregos e riachos. Observa-se elevada
concentraçã o de ferro, fó sforo e alumínio, além de turbidez (causada por matérias só lidas em
suspensã o) elevada nos rios Pardo, Salinas e Jequitinhonha, em funçã o do garimpo e da
dragagem para mineraçã o.

Bacias do Atlântico Sudeste


Seus rios principais sã o o Paraíba do Sul e o Doce. Além deles, essa regiã o hidrográ fica é
formada por diversos outros rios, pouco extensos. Os rios que formam as bacias de Santos, da
Guanabara e de Vitó ria sã o extremamente impactados pela ocupaçã o, devido à elevada
demanda de á gua pelas atividades urbanas, rurais e industriais e à poluiçã o por esgoto e lixo.

Bacias do Atlântico Sul


As bacias do Atlântico Sul estendem-se por uma á rea que vai do norte da Regiã o Sul, pró ximo à
divisa dos estados de Sã o Paulo e Paraná , até o arroio Chuí, no extremo sul do litoral brasileiro.
Abrangem porçõ es do Paraná , de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Predominam rios de
pequeno porte que escoam diretamente para o mar. As exceçõ es mais importantes sã o os rios
Itajaí e Capivari, em Santa Catarina, que apresentam maior volume de á gua.

Assista
Sobre rios e córregos. Direçã o de Camilo Tavares, Brasil, 2010, 108 min.
O documentá rio apresenta depoimentos de especialistas e cidadã os com o objetivo de refletir sobre a relaçã o estabelecida
entre as cidades e seus rios.
Pá gina 119

Informe
Visões distintas sobre a transposição do rio São
Francisco
Transposição já!
Muito tem se falado e escrito sobre o projeto do Governo Federal de transpor as á guas do rio
Sã o Francisco para as bacias hidrográ ficas menores que drenam terras dos estados do Ceará ,
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. […]

Pode-se afirmar, com certa margem de segurança, que a deficiência hídrica do sertã o
nordestino é algo absolutamente contorná vel com a aplicaçã o de tecnologias de captaçã o,
armazenamento e distribuiçã o de á gua. […]

Com a transposiçã o de parte das á guas do rio Sã o Francisco, essa regiã o tem a oportunidade de
melhorar as condiçõ es socioeconô micas a partir do desenvolvimento do programa de biodiesel
feito com mamona – planta tropical altamente produtiva e de ciclo curto. Vastas á reas poderã o
ser transformadas em pontos de produçã o de dendê e babaçu, também para geraçã o de
biodiesel. Essas atividades ocupariam extensas á reas de terras subaproveitadas e pouco
produtivas, gerariam grande nú mero de emprego e renda, além de possibilitar o
desenvolvimento da agroindú stria. […]

O projeto de transposiçã o de á guas do Sã o Francisco prevê atender à agricultura familiar


tradicional (4%), ao abastecimento urbano (21%) e aos projetos de agricultura irrigada (75%).
De acordo com o projeto, 86 cidades da bacia do Sã o Francisco receberã o á gua tratada e
saneamento bá sico. [...]

ROSS, Jurandyr. O milagre do Sã o Francisco: a polêmica em torno da transposiçã o das á guas do maior e mais importante rio
nordestino. Discutindo Geografia, Sã o Paulo, Escala Educacional, ano 2, n. 10, p. 21-22.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Discutindo Geografia, Sã o Paulo, Escala Educacional, ano 2, n. 10, p. 22.

Um erro imperdoável
Muitos têm-nos perguntado por que somos contrá rios ao projeto da transposiçã o do rio Sã o
Francisco, existindo, no país, exemplos de transposiçõ es que deram certo, como aquela
realizada no rio Paraíba do Sul, para o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro. A resposta a
esse tipo de questionamento já foi dada por Alberto Daker, eminente professor catedrá tico de
Hidrá ulica Agrícola (aposentado), da Universidade de Viçosa (MG) […]. Segundo Daker,
existem três condiçõ es bá sicas que justificam a transposiçã o de á guas de um rio: existirem
uma bacia com muita á gua sobrando e terras e relevo que nã o sirvam para irrigaçã o; outra
bacia com terras irrigá veis, mas com carência de á gua; e uma relaçã o custo-benefício viá vel
para a realizaçã o da obra. Para o caso do abastecimento do Rio de Janeiro, essas alternativas se
enquadraram perfeitamente na transposiçã o ali realizada. Já para a transposiçã o do Sã o
Francisco, as três nã o se enquadram, tendo em vista haver demanda por á gua nas terras
cultivá veis pró ximas ao rio; existir á gua na regiã o das bacias receptoras, faltando apenas o
estabelecimento de uma política eficiente para a sua distribuiçã o e posterior consumo das
populaçõ es e, por ú ltimo, faltar sustentaçã o energética e financeira para a execuçã o da obra.
[…]

Mesmo diante de alternativas mais promissoras e de custos mais apropriados, [...] as


autoridades, mesmo assim, iniciaram o projeto da transposiçã o, com a construçã o dos dois
canais de aproximaçã o (nos municípios de Cabrobó e Floresta, em Pernambuco), contando,
para isso, com a participaçã o do Exército brasileiro. […]

Na nossa avaliaçã o o que estã o fazendo lá é […] o agravamento de um processo de


desertificaçã o que se encontra em curso. […] em projetos dessa magnitude, a caatinga deveria
ser conhecida em sua plenitude, antes mesmo do início do acionamento das motosserras, sob
pena de nã o haver tempo há bil de se conhecer a biodiversidade do Bioma em questã o. [...]
Diante das agressõ es realizadas, entendemos que está se cometendo um erro imperdoá vel, de
proporçõ es incomensurá veis, e que precisa ser interrompido a todo custo, em benefício da
vida no Semiá rido. [...]

SUASSUNA, João. EcoDebate. Disponível em: <http://www.ecodebate.com.br/2009/02/10/transposicao-do-rio-sao-francisco-um-erro-


imperdoavel-artigo-de-joaosuassuna/>. Acesso em: 19 nov. 2015.

PARA DISCUTIR

1. Apó s a leitura dos textos, realizem um debate dividindo a sala de aula em dois grupos: os
favorá veis à transposiçã o e os contrá rios a ela. Reú na argumentos para defender sua posiçã o.
Pá gina 120

Oceanos e mares

Os oceanos sã o grandes extensõ es de á gua salgada que rodeiam e separam os continentes.


Eles cobrem cerca de 70% da superfície total da crosta terrestre.

Os oceanos da Terra costumam ser divididos em Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Á rtico e
Glacial Antá rtico – este ú ltimo formado por á guas dos três primeiros. O oceano Pacífico é o
mais extenso e profundo, abrangendo uma á rea de 53% do total de á guas oceâ nicas, seguido
do Índico (24%) e do Atlâ ntico (23%). Os oceanos possuem diferenças físicas, químicas e
bioló gicas.

A salinidade das á guas oceâ nicas se deve a uma soluçã o rica em sais formada
predominantemente (85%) por cloreto de só dio (NaCℓ), conhecido como sal de cozinha. Esse
enriquecimento tem ocorrido ao longo do tempo geoló gico e origina-se da dissoluçã o das
rochas da superfície terrestre (e seu consequente transporte pelos rios até os oceanos) e dos
processos vulcâ nicos que acontecem no assoalho oceâ nico. Quando esses processos ocorrem, a
á gua contida no interior do planeta, rica em cloretos e sulfatos, mistura-se à á gua dos oceanos,
aumentando sua salinidade.

Os mares sã o porçõ es de á gua salgada menores que os oceanos. Podem ser classificados em
mares abertos, mares interiores ou continentais e mares fechados ou isolados.

Os mares abertos estã o localizados ao longo das regiõ es costeiras e têm ampla comunicaçã o
com os oceanos. É o caso do mar do Leste (ou mar do Japã o).

Os mares interiores ou continentais sã o aqueles que se localizam no interior dos


continentes, mantendo comunicaçã o com os oceanos por meio de pequenas aberturas
denominadas estreitos ou canais. O mar Mediterrâ neo e o mar Vermelho (ver, abaixo, imagem
de satélite) sã o dois exemplos de mares interiores.

Os mares fechados ou isolados não mantêm comunicaçã o com ocea nos ou outros mares. É o
caso do mar Cá spio (ver, abaixo, imagem de satélite).

Mares e oceanos sã o muito importantes para a humanidade, pois sã o fontes de alimento, de


matéria-prima e de energia e sã o utilizados para o transporte e o turismo.
Photo12/AFP

Imagem de satélite mostrando os oceanos Atlâ ntico e Índico e os mares Mediterrâ neo, Vermelho e Negro (interiores),
e Cáspio (fechado). Imagem de 2013.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Programa das Naçõ es Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Disponível em: <http://web.unep.org/geo/?geo4?
report?04_water.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2015.

SAIBA MAIS

Dessalinização

Se um local nã o dispõ e de á gua doce, há duas soluçõ es possíveis: transformar á gua salgada em
doce, ou entã o transportar á gua doce de lugares em que ela exista em abundâ ncia.

A dessalinizaçã o (transformaçã o da á gua salgada, ou usada, em á gua doce) responde por


apenas 1% do consumo mundial de á gua, principalmente porque exige tecnologia cara e uma
enorme quantidade de energia. Mas nos países ricos em petró leo é uma opçã o viá vel: Kuwait e
Barein, por exemplo, dependem dela. Em outros locais, à s vezes, a tecnologia é empregada para
abastecer á reas em que há pouca á gua, mas está muito além das possibilidades da maioria das
economias mais pobres. [...]

CLARKE, Robin; KING, Jannet. O atlas da água. Sã o Paulo: Publifolha, 2005. p. 68.
Pá gina 121

Ondas e marés
Nas regiõ es onde a terra encontra o mar (costas), atuam as marés e as ondas. Esses dois
fenô menos geram correntes que causam erosã o e deposiçã o de sedimentos, criando paisagens
específicas nessas costas. As falésias, por exemplo, sã o escarpas altas e verticais erodidas
pelas ondas que atuam na base do material rochoso (ver fotografia ao lado). O material
localizado acima da linha de atuaçã o das ondas nã o suporta o peso, desmorona e é
transportado pelas correntes litorâ neas.

As ondas sã o formadas pela açã o dos ventos, que, no contato com os oceanos, transferem
energia para a superfície da á gua. As ondas também podem ser causadas por distú rbios
sísmicos, como terremotos. Nesses casos, sã o grandes e destrutivas e recebem o nome
detsunami (que, em japonês, significa “onda gigante”).

As marés sã o fenô menos perió dicos de elevaçã o (preamar ou maré alta) e abaixamento
(baixa-mar ou maré baixa) do nível das á guas do mar ao longo de um dia. Sã o causadas pelas
forças gravitacionais do Sol e da Lua e pelos movimentos de rotação e translaçãoda Terra.
Ainda que o Sol tenha massa muito superior à da Lua, como ele está mais distante da Terra, sua
influência sobre a maré é menor que a da Lua.

A diferença entre o nível das á guas do mar na maré alta e na maré baixa, chamada amplitude
das marés, é maior nas regiõ es de menor latitude (mais pró ximas do Equador).

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Período de maré baixa na praia Camacho, Maragogi (AL). Foto de 2013.


Fabio Colombini/Acervo do fotó grafo

Paisagem das falésias em Nísia Floresta (RN). Foto de 2014.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Período de maré alta na praia Camacho, Maragogi (AL). Foto de 2013.

SAIBA MAIS

O mar de Aral: um desastre ambiental

Hoje, o Aral é uma grande porçã o de á gua salgada; no passado, porém, era um grande lago natural
de á gua doce. O mar de Aral localiza-se em uma á rea desértica entre o Casaquistã o e o Uzbequistã o.
Há quase cinco décadas, quando o governo soviético desviou dois rios que o alimentavam para
irrigar plantios de algodã o, iniciou-se o processo de deterioriaçã o das á guas do lago por agrotó xicos
e pela destruiçã o da floresta que cercava suas margens. A aceleraçã o dos processos erosivos e o
desvio das á guas que abasteciam o lago aumentaram a salinidade da á gua. Os lençó is freá ticos
foram contaminados pelo sal e pelos agrotó xicos, impossibilitando os cultivos e elevando o nú mero
de doenças (como o câ ncer) na regiã o.

Atualmente, as á guas do Aral estã o salgadas e poluídas, e ele foi reduzido a um terço de sua
extensã o original. Essa situaçã o mostra como o manejo inadequado dos recursos naturais pode
causar grandes impactos ao meio ambiente.
Pá gina 122

Poluição das águas

A poluiçã o das á guas é um problema mundial. Á guas de superfície e subterrâ neas sã o


contaminadas por poluentes orgâ nicos (decomposiçã o de plantas e animais), pelo esgoto
doméstico e industrial, pelo lixo diretamente jogado nos corpos de á gua, por fertilizantes e
agrotó xicos aplicados nas plantaçõ es, por substâ ncias tó xicas aplicadas em á reas de
mineraçã o, por acidentes com derramamento de petró leo, por resíduos industriais, etc.

A poluição dos cursos de água


Um dos principais tipos de poluiçã o dos recursos hídricos é a poluição agrícola, causada pelo
uso de agrotó xicos e de fertilizantes químicos. Os produtos químicos agrícolas atingem o solo
por meio das plantas e também sã o levados pelas chuvas para os rios e mananciais, podendo
penetrar o solo e atingir os lençó is freá ticos. Os agrotó xicos, como fungicidas e pesticidas,
contaminam rios, lagos e aquíferos apó s a irrigaçã o das lavouras. Os fertilizantes poluem a
á gua porque, ao aumentarem a quantidade de nutrientes (nitratos e fosfatos), provocam o
processo conhecido como eutrofização.

Eutrofização: forte presença de nutrientes em um corpo de á gua e consequente proliferaçã o de algas. Estas, ao entrarem em
decomposiçã o, aumentam a quantidade de microrganismos que deterioram a qualidade da á gua.

A poluição urbana atinge os corpos de á gua de diferentes formas: pelo despejo de resíduos
industriais diretamente nos rios, lagos e no mar (prá tica proibida por lei) e despejo de esgoto e
lixo doméstico sem tratamento nos cursos de á gua, sobretudo nas á reas onde as pessoas não
têm acesso a saneamento bá sico (instalaçõ es sanitá rias, rede coletora de esgotos, etc.).
Vazamentos em postos de combustível também podem poluir os recursos hídricos que
abastecem as cidades.

Rubens Chaves/Pulsar Imagens

Trecho altamente poluído do rio Tietê, na cidade de Pirapora do Bom Jesus (SP). Foto de 2013.

AÇÃO E CIDADANIA

Recuperação do Capibaribe

O rio Capibaribe, um símbolo do estado de Pernambuco, foi fundamental para o desenvolvimento


do Nordeste, sobretudo na época colonial, com a cultura da cana-de-açú car. O rio, que banha a
capital, Recife, já foi fonte de inspiraçã o para poetas, escritores e cineastas. Hoje, o Capibaribe se
encontra assoreado e poluído por lixo. Desde 2008, porém, a sociedade recifense tem se mobilizado
para a recuperaçã o do rio, cobrando das autoridades um plano de sustentabilidade hídrica para a
bacia do Capibaribe (enormemente desmatada).

1. Com um grupo de colegas, faça uma pesquisa sobre os rios de sua regiã o ou de sua cidade. Se
existir algum curso de á gua que esteja poluí do, procurem saber quais sã o as causas da poluiçã o.
Escrevam uma carta a alguma autoridade governamental, apresentando ideias para a possível
recuperaçã o do rio.

Hans Von Manteuffel/Pulsar Imagens

Vista aérea do rio Capibaribe, ainda poluído, na cidade de Recife (PE). Foto de 2015.
Pá gina 123

A poluição das águas marinhas


As causas da degradaçã o do meio marinho sã o vá rias. Entre elas, destacam-se as emissõ es de
dejetos industriais, de á guas residuais nã o tratadas, de material descarregado por navios em
alto-mar, de resíduos provenientes de rios que contêm substâ ncias químicas nocivas e metais
pesados, etc. O vazamento de petróleo, causado por acidentes com petroleiros ou em
plataformas petrolíferas, provoca a morte de inú meras espécies marinhas e outras
consequências ambientais. Esses impactos sã o imediatos, porém a recuperaçã o das á reas
afetadas pode durar centenas de anos.

Os resíduos sólidos, como embalagens plá sticas e outros materiais não biodegradá veis (vidro,
lata de alumínio, etc.), poluem os oceanos e mares. Lançados nas á guas, podem machucar e
sufocar tartarugas, peixes e outros animais marinhos.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: CHARLIER, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 204.

SAIBA MAIS

As zonas mortas: o caso do mar Negro

Zona morta é o nome dado a uma porçã o de á gua onde, devido ao excesso de nutrientes e matérias
orgâ nicas, ocorreu uma intensa proliferaçã o de algas e a consequente reduçã o do nível do gá s
oxigênio, impossibilitando a manutençã o da vida marinha.

No mundo tem ocorrido um forte aumento da quantidade de zonas mortas marinhas, o que causa
grande preocupaçã o.

Na década de 1970, animais marinhos começaram a aparecer mortos no litoral do mar Negro, perto
da foz do rio Danú bio. Os cientistas verificaram entã o que uma grande zona morta havia se formado
ali em decorrência do uso intensivo de fertilizantes e agrotó xicos nas plantaçõ es à s margens do
Danú bio. Desde a década de 1990, apó s a reduçã o desse uso, as á guas do mar Negro têm dado bons
sinais de melhora.

Photo12/AFP

Acima, mar Negro em imagem de satélite de 2013. A oeste, as á reas em azul mais claro correspondem à regiã o da foz
do rio Danú bio e às á guas com maior concentraçã o de partículas em suspensã o.
Pá gina 124

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. O que é ciclo hidroló gico?

2. Explique as etapas que compõ em o ciclo hidroló gico.

3. O que é bacia hidrográ fica? Quais elementos a compõ em?

4. Escolha três bacias hidrográ ficas brasileiras e estabeleça uma comparaçã o entre elas.

5. Explique os processos pelos quais os rios se formam.

6. Qual é a diferença entre oceano e mar?

7. Como os mares sã o classificados?

8. Quais sã o as hipó teses aceitas para explicar a salinidade dos oceanos?

9. Qual é a diferença entre rio perene e rio intermitente?

10. Cite duas fontes de poluiçã o hídrica e duas consequências dessa poluiçã o para o meio
ambiente.

Interpretando textos e imagens

11. Leia o poema a seguir, do pernambucano Joã o Cabral de Melo Neto, e, depois, responda à s
questõ es.

O rio

Os rios que eu encontro


vã o seguindo comigo.
Rios sã o de á gua pouca,
em que a á gua sempre está por um fio.
Cortados no verã o
que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome
e que abraço como a amigos.
Uns com nome de gente,
outros com nome de bicho,
uns com nome de santo,
muitos só com apelido.
Mas todos como a gente
que por aqui tenho visto:
a gente cuja vida
se interrompe quando os rios.

MELO NETO, Joã o Cabral de. O rio. In: Morte e vida Severina e outros poemas. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008. p. 12-13.

a) Que tipos de rio sã o descritos no poema?

b) Sob quais condiçõ es climá ticas eles aparecem?

12. Em novembro de 2015, ocorreu o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineraçã o


de propriedade de uma grande empresa no município de Mariana (MG). Ao menos 19 pessoas
morreram, e a lama de rejeitos, além de cobrir uma grande á rea, atingiu o rio Doce. O “tsunami
de lama” percorreu cerca de 800 quilô metros do rio, até a foz, e contaminou também o mar.
Considerando a extensã o da á rea atingida, os impactos ambientais dificilmente poderã o ser
reparados em futuro pró ximo. Leia o texto, observe a foto e faça o que se pede.

Rio arrasado, pesca inviabilizada, futuro assustador. Os pescadores que vivem na cidade de
Tumiritinga (MG) e em outros municípios na rota da lama das barragens rompidas de Mariana,
desamparados, sã o incapazes de imaginar os efeitos do desastre em suas vidas, mas sabem que eles
foram imediatos.

“A pesca acabou. Tiraram 100% do nosso sustento” [...].

“Eles nã o mataram só os peixes. A esperança de muitas famílias morreu naquele momento junto
com esse rio. Se continuar do jeito que está , eles vã o matar muitas famílias de fome.”

MAIA, Gustavo; SEVILLA, Marcela. UOL Notícias, 21 nov. 2015. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2015/11/21/lama-arrasa-pesca-no-rio-doce-e-pescadores-veem-futuro-desolador.htm>. Acesso em: 15 mar. 2016.

Fabio Braga/Folhapress

A contaminaçã o por rejeitos de mineraçã o e o aumento da turbidez causaram a mortandade de peixes e de outras
espécies no rio Doce. Resplendor (MG). Foto de 2015.

a) Faça uma pesquisa em revistas e sites e reú na informaçõ es sobre o rompimento da


barragem ocorrido em Mariana (MG), em 2015, e suas consequências.

b) Converse com os colegas sobre os impactos socioambientais do desastre e elaborem uma


lista relacionando-os de acordo com os prejuízos para as populaçõ es locais, para a fauna e a
flora e para a economia.
Pá gina 125

13. Observe a charge e aponte os motivos que levaram a personagem a mudar a posiçã o do
guarda-chuva.

Lute/Acervo do cartunista

Lendo mapas e gráficos

14. Observe o mapa abaixo, identifique as regiõ es hidrográ ficas numeradas e escreva no
caderno suas principais características quanto ao potencial hídrico.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Agência Nacional de Á guas. Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 22 nov.
2015.

15. Observe o grá fico e responda à s questõ es.


Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Aurélien Loriau. Disponível em: <http://aurelienloriau.free.fr/sixi%E8me/geographie/littoraux/lecon3.htm>.


Acesso em: 20 abr. 2016.

a) Qual é a porcentagem que as atividades exercidas em terra firme representam na poluiçã o


marítima?

b) Considerando os principais agentes poluidores mostrados no grá fico, onde o nível de


poluiçã o é maior: na orla litorâ nea ou em alto-mar?

c) Pesquise sobre as providências que poderiam ser tomadas para reduzir a poluiçã o marinha.

16. Observe o mapa e faça o que se pede.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Ministério dos Transportes. Disponível em: <http://www.transportes.gov.br/conteudo/1445-bacia-do-tiete-e-


parana.html>. Acesso em: 25 nov. 2015.

a) Escreva no caderno o nome de três afluentes do rio Paraná .

b) Analise o uso da bacia hidrográ fica do rio Paraná pela sociedade com base no que você
estudou neste capítulo e nas informaçõ es apresentadas pelo mapa.
Pá gina 126

Em análise
Construir um perfil topográfico
Perfil topográ fico é um grá fico que representa esquematicamente as variaçõ es de altitude ao
longo de uma linha traçada sobre um mapa topográfico, que é um mapa de distribuiçã o
altimétrica. A imagem resultante é como um corte vertical solo adentro visto de lado. Esse tipo
de perfil é utilizado como complemento de aná lise das características topográ ficas de um
territó rio. Ele ajuda a visualizar os contrastes e a disposiçã o das diferentes unidades de relevo.

Nos mapas topográ ficos sã o identificados intervalos de altitudes do relevo de uma porçã o da
superfície terrestre. Esses intervalos sã o representados na forma de curvas de nível. Observe
a ilustraçã o a seguir.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: DINIZ, Maria  ngela Vilaça. Análise do relevo para otimização do uso e ocupação do terreno utilizando SIG. 2002. p.
14. Monografia (Especializaçã o) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em:
<http://csr.ufmg.br/geoprocessamento/publicacoes/maria%20angela%20vilaca.PDF>. Acesso em: 25 nov. 2015.

As diferentes altitudes do relevo representado são divididas em intervalos. Os intervalos dependem da escala: quanto
maior a escala, menor o intervalo. Na representaçã o cartográ fica do relevo, esses intervalos aparecem na forma de
curvas de nível, cada uma delas correspondente a uma altitude.

Para a construçã o do perfil topográ fico, traça-se uma linha que passe pelo maior nú mero
possível de curvas de nível, para que a representaçã o seja mais abrangente.

As figuras abaixo mostram, de maneira simplificada, como é elaborado um perfil topográ fico a
partir de quaisquer curvas de nível.
Sic/ID/BR

Fonte de pesquisa: DINIZ, Maria  ngela Vilaça. Análise do relevo para otimização do uso e ocupação do terreno utilizando SIG. 2002. p.
14. Monografia (Especializaçã o) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em:
<http://csr.ufmg.br/geoprocessamento/publicacoes/maria%20angela%20vilaca.PDF>. Acesso em: 25 nov. 2015.

1. Curvas de nível como a de um mapa topográfico.

2. Linha que servirá de direçã o para o perfil topográ fico.

3. Perfil construído. Perceba a proporcionalidade das distâ ncias entre as curvas de nível nos desenhos e no perfil
(linhas pontilhadas).
Pá gina 127

Proposta de trabalho

Para esta atividade, você precisará de uma régua e de papel milimetrado (ou quadriculado).

1. Com a régua, meça as distâ ncias entre as curvas de nível ao longo da linha traçada no mapa
abaixo. Transfira esses dados para o papel milimetrado, marcando essas distâncias em um eixo
horizontal.

2. Trace no papel milimetrado um eixo vertical. Defina a medida, em centímetro,


correspondente a 20 metros de altitude, que é, neste exercício, a diferença de altitude entre as
curvas de nível do mapa. Essa será a escala vertical do perfil.

3. Marque os pontos de intersecçã o entre as curvas de nível e as altitudes correspondentes.

4. Una os pontos com uma linha contínua.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Google Maps. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/@-22.9414913,-43.1016203,14z>. Acesso em:


22 nov. 2015.

5. Construído o perfil topográ fico, identifique e analise os elementos abaixo.

a) as principais formas do relevo representadas;


b) as á reas mais íngremes e as mais suaves do relevo. Um grande espaçamento entre as curvas
de nível significa que a declividade é baixa (relevo mais suave). Se o espaçamento é pequeno, o
relevo apresenta-se mais íngreme;

c) o ponto com maior altitude e o ponto com menor altitude da á rea.


Pá gina 128

Síntese da Unidade
Capítulo 6 Estrutura geológica da Terra

• Com base no esquema abaixo, escreva frases que sintetizem o conteú do do capítulo.

Capítulo 7 Relevo

• Copie o quadro-síntese abaixo no caderno e, em seguida, preencha-o com as informaçõ es do


capítulo.

Formas e relevo
Origem das formas de relevo
Atuação dos agentes internos e externos
Causas da erosão e do deslizamento de encostas
Formas dos relevos continental e oceânico
Compartimentos do relevo brasileiro

Capítulo 8 Os solos

• Com base nas imagens, escreva no caderno um pequeno texto sintetizando os principais assuntos
desenvolvidos ao longo do capítulo.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Desertificaçã o em Gilbués (PI). Foto de 2013.


Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: LEINZ, Viktor et al. Geologia geral. Sã o Paulo: Ed. Nacional, 2003. p. 68.

Capítulo 9 Hidrologia e hidrografia

• Escreva duas ou três frases usando as palavras-chaves ou expressõ es abaixo, sintetizando as


informaçõ es do capítulo.

· Infiltraçã o

· Bacia hidrográ fica

· Á guas oceâ nicas

· Ciclo hidroló gico

· Á gua doce

· Poluiçã o urbana

· Marés

· Rio principal e rios afluentes

· Bacias hidrográ ficas brasileiras

· Poluiçã o agrícola
Pá gina 129

Vestibular e Enem
Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

1. (Uece) Assinale a alternativa que contém, apenas, rochas cristalinas e de consolidaçã o muito
antiga (Pré-Cambriano).
a) Arenito, gnaisse e má rmore.
b) Quartzo, calcá rio e granito.
c) Gnaisse, granito e quartzito.
d) Má rmore, mica e arenito.

2. (Enem) O grá fico abaixo representa o fluxo (quantidade de á gua em movimento) de um rio,
em três regiõ es distintas, apó s certo tempo de chuva.

Enem/2000. Fac-símile: ID/BR

Comparando-se, nas três regiõ es, a interceptaçã o da á gua da chuva pela cobertura vegetal, é
correto afirmar que tal interceptaçã o:
a) é maior no ambiente natural preservado.
b) independe da densidade e do tipo de vegetaçã o.
c) é menor nas regiõ es de florestas.
d) aumenta quando aumenta o grau de intervençã o humana.
e) diminui à medida que aumenta a densidade da vegetaçã o.

3. (Enem)

As plataformas ou crá tons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de
erosã o. Apresentam uma grande complexidade litoló gica, prevalecendo as rochas metamó rficas
muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e
resíduos de rochas sedimentares. Sã o três as á reas de plataforma de crá tons no Brasil: a das
Guianas, a Sul-Amazô nica e a do Sã o Francisco.

ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Geografia do Brasil. Sã o Paulo: Edusp, 1998.

As regiõ es cratô nicas das Guianas e a Sul-Amazô nica têm como arcabouço geoló gico vastas
extensõ es de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraí ram a açã o de empresas
nacionais e estrangeiras do setor de mineraçã o e destacam-se pela sua histó ria geoló gica por:
a) apresentarem á reas de intrusõ es graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês).
b) corresponderem ao principal evento geoló gico do Cenozoico no territó rio brasileiro.
c) apresentarem á reas arrasadas pela erosã o, que originaram a maior planície do país.
d) possuírem em sua extensã o terrenos cristalinos ricos em reservas de petró leo e gá s natural.
e) serem esculpidas pela açã o do intemperismo físico, decorrente da variaçã o de temperatura.

4. (Uespi) Uma das principais atitudes que prejudicam as florestas é o desmatamento. Metade
das florestas do mundo, segundo estimativas internacionalmente aceitas, já foi destruída. Entre
as consequências principais desse processo, podem ser citadas as seguintes,exceto:
a) enchentes dos rios.
b) diminuiçã o da biodiversidade.
c) decréscimo do assoreamento dos canais fluviais.
d) proliferaçã o de pragas e doenças.
e) empobrecimento dos solos.

5. (Enem) Algumas medidas podem ser propostas com relaçã o aos problemas da á gua:

I. Represamento de rios e có rregos pró ximo à s cidades de maior porte.


II. Controle da ocupaçã o urbana, especialmente em torno dos mananciais.
III. Proibiçã o do despejo de esgoto industrial e doméstico sem tratamento nos rios e represas.
IV. Transferência de volume de á gua entre bacias hidrográ ficas para atender as cidades que já
apresentam alto grau de poluiçã o em seus mananciais.

As duas açõ es que devem ser tratadas como prioridades para a preservaçã o da qualidade dos
recursos hídricos sã o:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

6. (Ufam) O gabro e o granito sã o exemplos de rochas:


a) magmá ticas vulcâ nicas.
b) magmá ticas extrusivas.
c) magmá ticas plutô nicas.
d) metamó rficas.
e) sedimentares detríticas.
Pá gina 130

Vestibular e Enem
7. (Unifesp) Observe o mapa.

Unifesp/2009. Fac-símile: ID/BR

Fonte de pesquisa: ROSS, 2000. (Adaptado.)

Assinale a alternativa que contém as formas de relevo predominantes em cada porçã o do


territó rio brasileiro indicada, de acordo com a classificaçã o de Ross.
a) Faixa litorâ nea: depressõ es.
b) Amazô nia Legal: planícies.
c) Fronteira com o Mercosul: planaltos.
d) Regiã o Sul: planícies.
e) Pantanal: planaltos.

8. (PUC-RJ)

O solo nã o é está vel, nem inerte; muito pelo contrá rio: constitui um meio complexo em perpétua
transformaçã o, submetendo-se a leis pró prias que regem sua formaçã o, sua evoluçã o e sua
destruiçã o. Forma-se no ponto de contato da atmosfera, da litosfera e da biosfera; participa
intimamente nesses mundos tã o diversos, pois mantém relaçõ es constitutivas com o mundo
mineral, assim como com os seres vivos.

DORST, Jean. Antes que a natureza morra: por uma ecologia política. São Paulo: Edusp, 1973.

A partir do texto acima, assinale a alternativa que não está correta.


a) Em á reas desmatadas, a velocidade de escoamento superficial é acelerada, e a á gua diminui
sua capacidade de transportar partículas só lidas em suspensã o.
b) As características do solo estã o relacionadas com as formas de relevo e a drenagem da á gua
dos terrenos.
c) O tipo de solo predominante no Brasil é o latossolo, pró prio das regiõ es de clima quente e
ú mido, devido ao processo intenso de lavagem e dissoluçã o dos sais minerais que o compõ em
– a lixiviaçã o.
d) O plantio de espécies leguminosas intercaladas entre os cultivos permanentes, como o café,
garante o equilíbrio orgâ nico do solo e o protege da erosã o.
e) Os solos se desenvolvem a partir de um processo lento de intemperismo físico e químico
sobre uma determinada rocha e sob a influência de se res vivos.

9. (PUC-RS) [...] analise o corte esquemá tico (croqui) a seguir, que mostra as camadas internas
da Terra.

PUC-RS/2014. Fac-símile: ID/BR

No croqui, a camada identificada com o nú mero 2 corresponde ________ do planeta.


a) à crosta
b) à litosfera
c) à astenosfera
d) ao manto
e) ao nú cleo

10. (UFMA) Com base na figura abaixo, identifique as feiçõ es topográ ficas orientadas pelas
direçõ es cardeais e colaterais.

UFMA/2008. Fac-símile: ID/BR

a) Terreno íngreme ao nordeste e aplainado a oeste e leste.


b) Terreno aplainado ao noroeste e íngreme ao sudoeste e leste.
Pá gina 131

c) Terreno íngreme ao oeste e leste e aplainado ao norte.


d) Terreno aplainado ao norte e íngreme ao noroeste e sudeste.
e) Terreno íngreme ao sudeste e sudoeste e aplainado a nordeste.

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

11. (UFU-MG) Leia os trechos a seguir e observe o mapa abaixo.

“A verdade é que os brasileiros em geral, desacostumados com terremotos, nunca estiveram


prontos para encarar algumas manifestaçõ es, mesmo que leves, das consequências geradas pelos
fenô menos sísmicos. [...]”

“Apesar de estarem relativamente acostumados com eventos sísmicos, os chineses foram pegos de
forma surpreendente pelo tremor de terra de 8 graus na escala Richter que atingiu a província de
Sichuan, a sudoeste do país, no dia 12 de maio de 2008. [...] mais de 80 mil habitantes da cidade e da
regiã o perderam suas vidas [...].”

DIRANI, Claudio. Balanço brasileiro. Descobrindo Geografia, Sã o Paulo, Escala Educacional, ano 4, n. 21, p. 18-22, 2008.

UFU-MG/2008. Fac-símile: ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. p. 66. In: DIRANI, Claudio. Balanço brasileiro. Discutindo
Geografia, ano 4, n. 21.

Considerando o mapa de placas tectô nicas e os trechos sobre terremotos, marque a alternativa
correta.

a) No Brasil, os abalos sísmicos sã o de baixa magnitude, pois o país está situado no centro de
uma grande placa tectô nica – a placa Sul-Americana. Os tremores sã o provocados pelo reflexo
de fortes abalos com epicentro nas zonas de contato e, também, pela acomodaçã o de algumas
estruturas rochosas. Já, na China, os abalos sísmicos sã o intensos devido à proximidade com a
zona de contato das placas tectô nicas.
b) No Brasil, os abalos sísmicos sã o de baixa magnitude, pois o país está situado no centro de
uma grande placa tectô nica – a placa de Nazca. Os tremores sã o provocados somente pelo
reflexo de fortes abalos com epicentro nas zonas de contato. Já , na China, os abalos sísmicos
sã o intensos devido à proximidade com a zona de contato das placas da Ará bia e da Africana.
c) No Brasil, embora os abalos sísmicos sejam de baixa magnitude, é possível ocorrer uma
grande catá strofe, uma vez que o país está situado pró ximo à zona de contato das placas de
Nazca e da Sul-Americana. Já , na China, os abalos sísmicos sã o intensos devido à acomodaçã o
de suas estruturas rochosas.
d) No Brasil, os abalos sísmicos sã o de baixa magnitude, pois o país está situado no centro de
uma grande placa tectô nica. Os tremores sã o provocados pelo reflexo de fortes abalos com
epicentro nas zonas de contato entre as placas do Pacífico e da Sul-Americana e, também, pela
acomodaçã o de algumas estruturas rochosas. Já , na China, os abalos sísmicos sã o intensos
devido à proximidade com a zona de contato das placas tectô nicas Euro-Asiá tica e Norte-
Americana.

12. (UFG-GO) Os divisores de á gua constituem uma importante referência para a delimitaçã o
de uma bacia hidrográ fica. Ao utilizar como parâ metro a distribuiçã o das bacias hidrográ ficas
brasileiras, nota-se que os rios formadores das bacias Amazô nica e Tocantins-Araguaia sã o
originá rios de três divisores de á gua principais. Esses divisores sã o os seguintes:
a) Serra da Canastra, planalto Meridional e planalto Atlâ ntico.
b) Serra do Espinhaço, serra Geral e Chapada Diamantina.
c) Planalto da Borborema, planalto Meridional e serra da Mantiqueira.
d) Cordilheira dos Andes, planalto das Guianas e planalto Brasileiro.
e) Planalto Atlâ ntico, planalto da Borborema e serra do Espinhaço.

13. (Enem) A açã o humana tem provocado algumas alteraçõ es quantitativas e qualitativas da
á gua:

I. Contaminaçã o de lençó is freá ticos.


II. Diminuiçã o da umidade do solo.
III. Enchentes e inundaçõ es.

Pode-se afirmar que as principais açõ es humanas associadas à s alteraçõ es I, II e III sã o,


respectivamente:
a) uso de fertilizantes e aterros sanitá rios/lançamento de gases poluentes/canalizaçã o de
có rregos e rios.
b) lançamento de gases poluentes/lançamento de lixo nas ruas/construçã o de aterros
sanitá rios.
c) uso de fertilizantes e aterros sanitá rios/desmatamento/impermeabilizaçã o do solo urbano.
d) lançamento de lixo nas ruas/uso de fertilizantes/ construçã o de aterros sanitá rios.
e) construçã o de barragens/uso de fertilizantes/construçã o de aterros sanitá rios.
Pá gina 132

Geografia, História e Biologia


Povos pré-históricos e a megafauna sul-americana
Há cerca de 50 anos, um grupo de pesquisadores, liderado pela arqueó loga franco-brasileira
Niéde Guidon, descobriu um conjunto de pinturas rupestres no sudeste do estado do Piauí.
Desde entã o, investigaçõ es vêm sendo realizadas na regiã o e novos sítios arqueoló gicos
continuam a ser descobertos. Em 1979, o governo federal criou o Parque Nacional da Serra da
Capivara e, em 1991, a Unesco declarou a regiã o Patrimô nio Cultural da Humanidade.

Na serra da Capivara, está a maior concentraçã o de sítios arqueoló gicos pré-histó ricos das
Américas conhecidos até a atualidade.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Pintura rupestre no sítio arqueoló gico Toca do Boqueirã o, no Parque Nacional da Serra da Capivara em Sã o
Raimundo Nonato (PI). Foto de 2013.

Sítios arqueológicos
Um sítio arqueoló gico é um local no qual homens deixaram algum vestígio de suas atividades:
uma ferramenta de pedra, uma fogueira na qual assaram sua comida, uma pintura, uma
sepultura ou a simples marca de seus passos.

Na regiã o do Parque Nacional, atualmente estã o cadastrados 1 334 sítios, dos quais 1 028 com
arte rupestre, sendo 735 sítios com pinturas, 206 com pinturas e gravuras e 87 somente com
gravuras, 306 sítios sã o aldeias, oficinas líticas e alguns sã o já do período histó rico. Esses
nú meros nã o sã o definitivos, pois continuamente sã o descobertos novos sítios no Parque
Nacional e seu entorno. [...]

Fundaçã o Museu do Homem Americano. Disponível em: <http://www.fumdham.org.br>. Acesso em: 25 nov. 2015.

Preservação do patrimônio cultural


Os sítios com pinturas rupestres do Parque Nacional [da] Serra da Capivara, como toda obra de
arte exposta ao ar livre, encontram-se em permanente processo de degradaçã o.

Em alguns sítios, determinados fatores naturais ou antró picos agem, acelerando a degradaçã o
da rocha ou das pinturas. É preciso, entã o, encontrar meios de neutralizar a açã o destes
agentes destruidores para que se possa prolongar por muito tempo a vida destes
insubstituíveis documentos pré-histó ricos.
Os pigmentos das pinturas sã o elementos minerais, similares à s rochas, por isso persistem até
hoje. Só que estes elementos também passam por processos de degradaçã o natural
provocados, sobretudo, pela açã o da á gua que, em geral, quando passa, arrasta parte dessas
substâ ncias.

Alguns insetos (vespas, marimbondos, cupins), microrganismos e vegetais também provocam


a destruiçã o de sítios com pinturas. Os insetos constroem ninhos muitas vezes sobre as
pinturas. Esses ninhos sã o feitos com argila, restos vegetais e saliva animal. Com o passar do
tempo esses ninhos petrificam e recobrem definitivamente painéis com pinturas.

O problema mais intenso e mais grave de destruiçã o atinge o pró prio suporte rochoso. A rocha
é de tipo sedimentar, formada de um arenito muito poroso e cimentada com uma matriz
feldspá tica-quartzítica. Ela desagrega-se muito facilmente com a açã o da á gua, [do] vento e
variaçõ es bruscas de temperatura, típicas de clima semiá rido: um Sol escaldante ao meio-dia
com temperaturas de até 48 graus e noites frescas com temperaturas variando entre 15-20
graus. [...]

A situaçã o dos sítios de arte rupestre do Parque Nacional [da] Serra da Capivara seria bem
diferente se não houvesse uma destruiçã o acelerada do patrimô nio natural. A preservaçã o dos
sítios com pinturas depende diretamente da preservaçã o da fauna e flora da regiã o. A maioria
dos agentes causadores da destruiçã o dos sítios é consequência de um desequilíbrio ecoló gico
com quebra da cadeia alimentar. O caso dos cupins ilustra bem esta situaçã o. A caça
desordenada de animais (tamanduá , tatu) que se alimentam de cupim fez com que houvesse
um aumento considerá vel destes, que hoje constroem suas galerias sobre pinturas. [...]

Fundaçã o Museu do Homem Americano. Disponível em: <http://www.fumdham.org.br/?s=sitios+arqueologicos&post_type%5B


%5D=biblioteca&post_type%5B%5D=doar&post_type%5B%5D=evento&post_type%5B%5D=fumdacao&post_type%5B
%5D=galeriaimg&post_type%5B%5D=galeriavid&post_type%5B%5D=home&post_type%5B%5D=m_homem_americano&post_type
%5B%5D=modelosinterativos&post_type%5B%5D=noticia&post_type%5B%5D=pesquisa&post_type%5B
%5D=pn_serra_da_capivara&post_type%5B%5D=socioculturais&post_type%5B%5D=visite&Submit=OK>. Acesso em: 25 nov. 2015.

Andre Dib/Pulsar Imagens

Vista de formaçã o em arenito no Parque Nacional da Serra da Capivara, em Sã o Raimundo Nonato (PI). Foto de 2013.
Pá gina 133

Paleontologia
As pesquisas paleontoló gicas na serra da Capivara iniciaram-se em 1991 com os paleontó logos
franceses dr. Claude Guérin, da Universidade Claude Bernard – Lyon I, e a dra. Martine Faure,
da Universidade Lumière – Lyon 2. Em suas pesquisas, eles identificaram uma rica fauna
composta por animais viventes e extintos, propondo que alguns destes ú ltimos ocorriam
exclusivamente na serra da Capivara. Segundo as dataçõ es disponíveis até o momento, os
mamíferos de grande porte, chamados de megafauna, habitaram a regiã o desde o final do
Pleistoceno até o início do Holoceno. [...]

A megafauna pleistocênica da região do Parque Nacional da Serra da


Capivara

Há cerca de 60 milhõ es de anos, a América do Sul era uma ilha, assim como é hoje a Austrá lia.
Mudanças geoló gicas geraram alteraçõ es dramá ticas no relevo terrestre, como a elevaçã o da
cordilheira dos Andes, iniciada há cerca de 35 milhõ es de anos, e a formaçã o de uma ponte
intercontinental, a América Central, que comunicou as Américas do Norte e do Sul por volta de
1,8 [...] [milhã o] de anos.

Essa ligaçã o entre as terras do norte e do sul possibilitou idas e vindas das faunas dos
diferentes territó rios, evento que ficou conhecido como Grande Intercâ mbio Bió tico
Americano. Foi por esse caminho que chegaram até o nosso territó rio animais como porcos-
do-mato, lhamas, raposas, veados, onças, antas, entre outros. E, no caminho contrá rio, foram
para o norte animais como preguiças, tamanduá s, tatus e gambá s.

Na regiã o do Parque Nacional da Serra da Capivara, estã o representados vertebrados da


chamada megafauna sul-americana, caracterizada principalmente pelo gigantismo de algumas
formas, como preguiças, gliptodontes, toxodontes, mastodontes, entre outros. Esses grandes
animais foram extintos na transiçã o Pleistoceno/Holoceno, há cerca de 10 000 anos. A causa
dessa grande extinçã o é um tema bastante discutido pelos cientistas que ainda nã o possuem
um consenso sobre o tema. Sabe-se que nesse período houve drá sticas alteraçõ es climá ticas
em todo o continente e o crescimento das populaçõ es humanas, fatores que podem ter
contribuído para o declínio dessa fauna.

Fundaçã o Museu do Homem Americano. Disponível em: <http://www.fumdham.org.br/?s=fauna&post_type%5B


%5D=biblioteca&post_type%5B%5D=doar&post_type%5B%5D=evento&post_type%5B%5D=fumdacao&post_type%5B
%5D=galeriaimg&post_type%5B%5D=galeriavid&post_type%5B%5D=home&post_type%5B%5D=m_homem_americano&post_type
%5B%5D=modelosinterativos&post_type%5B%5D=noticia&post_type%5B%5D=pesquisa&post_type%5B
%5D=pn_serra_da_capivara&post_type%5B%5D=socioculturais&post_type%5B%5D=visite&Submit=OK>. Acesso em: 25 nov. 2015.
Catmando/Shutterstock.com/ID/BR

A ilustraçã o mostra o Eremotherium rusconii, um mamífero herbívoro que pesava mais de cinco toneladas e que foi
extinto há cerca de 10 mil anos.

ATIVIDADES

1. Explique quais sã o os fatores naturais e os de origem antró pica citados no texto que
ameaçam a preservaçã o dos sítios arqueoló gicos do Parque Nacional da Serra da Capivara.

2. Identifique o período geoló gico em que a América Central se formou e explique como sua
formaçã o interferiu na fauna do continente americano.

Navegue
Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham)
Fundaçã o criada para a preservaçã o do patrimô nio histó rico e natural do Parque Nacional da Serra da Capivara. No site, há
importantes informaçõ es sobre a histó ria geoló gica, humana, da fauna e da flora da regiã o. Disponível em:
<http://linkte.me/fumdham>. Acesso em: 16 mar. 2016.
Pá gina 134

UNIDADE 3 Espaço agrário


NESTA UNIDADE
10 O mundo rural
11 O espaço rural brasileiro
12 O campo e o acesso à terra
13 A modernização da agricultura
14 Brasil: potência agropecuária

O mundo rural está estreitamente relacionado à natureza. Mas sua


base natural, como o solo, o relevo e o clima, por si só não explica as
práticas agropecuárias, a variedade de cultivos ou as maneiras de
apropriação da terra. O espaço agrário também está intimamente
ligado à organização da sociedade e ao nível de desenvolvimento
econômico.

Para entender o mundo rural hoje é preciso levar em conta o sistema


capitalista. A agropecuária moderna alcança ampla produção e gera
grande riqueza. Mas não resolveu a questão da fome no mundo e causa
graves problemas ambientais. É a forma de inserção de cada país ou
região nesse sistema que pode explicar a desigualdade de acesso aos
alimentos ou à terra.

QUESTÕES PARA REFLETIR

1. Qual é a vantagem do uso de má quinas como as mostradas na foto ao lado?

2. Quais problemas ambientais podem ser causados pela aplicaçã o de técnicas


modernas na agricultura?
Pá gina 135

Gerson Sobreira/Terrastock

Colheitadeiras em plantação de algodão, Costa Rica (MS). Foto de 2015.


Pá gina 136

CAPÍTULO 10 O mundo rural

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Transformaçõ es no campo.
A diversidade do mundo rural.
Os tipos de agricultura.
Sistemas de produçã o agrícola no mundo.

As atividades ligadas ao campo são as que ocupam as maiores porçõ es da superfície dos continentes. A
agricultura e a criaçã o de animais são praticadas de vá rias formas, seja por meio de sistemas mais tradicionais,
seja por meio de técnicas avançadas, resultando em diferentes volumes de produção e também impactos
ambientais de escalas variadas (local, regional ou global).

Atualmente, grande parte da populaçã o mundial consome uma variedade maior de produtos oriundos das
mais diferentes regiõ es. Isso explica por que a localizaçã o geográ fica nã o é mais determinante no regime
alimentar.

Empresas multinacionais têm se instalado nas á reas rurais de países da Á frica, América Latina e Á sia, onde há
solos mais férteis, climas menos rigorosos e abundâ ncia de recursos hídricos. Nesses países, essas empresas
compram terras e implantam sistemas e técnicas para ampliar a capacidade produtiva dos solos. No entanto,
esse tipo de produçã o nem sempre beneficia a populaçã o local. Apesar do crescimento da produção agrícola ao
longo das ú ltimas décadas, em 2014, de acordo com o Banco Mundial, mais de 78% da populaçã o mais pobre e
carente do mundo vivia em á reas rurais, onde são insuficientes as políticas de melhoria de qualidade de vida
da populaçã o. Um dos fatores que explicam a pobreza no campo é a desigualdade no acesso à terra e à s novas
tecnologias: pequenos proprietá rios de terra poderiam, por exemplo, ter novas técnicas disponíveis assim
como políticas de crédito para ampliar sua produção.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e a Agricultura (FAO). Disponível em:
<http://www.fao.org/3/a-i4691e.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2015.

Observe o mapa e responda à s questõ es.


1. Em qual continente há mais pessoas vivendo em á reas rurais? Em qual há menos?

2. A elevada populaçã o rural pode ser considerada um indicativo do nível de desenvolvimento de um país?
Discuta com um colega e escreva uma síntese de suas conclusõ es.
Pá gina 137

Transformações no campo

No processo de formaçã o do capitalismo, na passagem da Idade Média para a Idade Moderna,


uma das características que se tornaram mais marcantes foi a transformaçã o da agricultura e
sua consequente adequaçã o ao modo capitalista de produçã o.

A agricultura passou a produzir mercadorias excedentes, com o objetivo de acumular capital


visando ao lucro. Na Inglaterra, ocorreram profundas mudanças na agropecuá ria,
especialmente com os cercamentos das terras comunais, que foram transformadas em
fazendas de criaçã o de ovelhas. Milhares de camponeses foram expulsos, migrando para as
cidades, onde muitos se tornaram operá rios nas indú strias que estavam surgindo. Esse fato foi
fundamental para a Primeira Revoluçã o Industrial e a consolidaçã o do capitalismo.

Universal History Archive/UIG/Bridgeman Images/Easypix

Propriedade de David Wells, gravura em metal (dimensõ es nã o disponíveis). A gravura de 1750 mostra cercamento
de terras em Burbage, Leicestershire, Inglaterra.

Mas o capitalismo nã o destruiu integralmente as comunidades camponesas e a agricultura


tradicional. Por meio da mercantilizaçã o, paulatinamente a agricultura tradicional foi
transformando-se em agricultura comercial. Os camponeses, que antes produziam apenas para
a subsistência e comercializavam um pequeno excedente, passaram a produzir para o
mercado, ainda de forma tradicional, mas inseridos no comércio mais amplo.

A inserçã o das relaçõ es capitalistas de produçã o no seio do campesinato teve um aspecto


contraditó rio: ao mesmo tempo que transformava parte dos camponeses em ricos agricultores,
transformava outra parte em agricultores empobrecidos e sem terra para plantar. Estes
migravam para as cidades ou passavam a trabalhar como empregados daqueles que
enriqueciam.

Campesinato: grupo social cuja economia se baseia no trabalho familiar estabelecido no campo e que se dedica à produçã o
agrícola.

A luta pela terra tornou-se uma das principais formas de resistência do campesinato no
mundo, uma maneira de resistir à s relaçõ es capitalistas que muitas vezes levavam à sua
destruiçã o como grupo social.
Os camponeses tiveram papel fundamental nas revoluçõ es e revoltas sociais do século XX, tais
como a Revoluçã o Mexicana (1910), que propunha uma reforma agrá ria por meio do
desmembramento das haciendas (grandes propriedades rurais, os latifú ndios mexicanos).

Os camponeses também desempenharam papel central em outras revoluçõ es no século XX,


como a Revoluçã o Russa (1917), a Cubana (1959), a Vietnamita (1965-1975) e a Nicaraguense
(1979). Mesmo com a intensa urbanizaçã o, diversos movimentos sociais rurais têm alcançado
grande importâ ncia nos países da América Latina, Á frica e Á sia. Ainda hoje, a luta pela terra é
uma bandeira presente nesses movimentos.

Alan Oxley/Getty Images

Trabalhadores rurais na província de Pinar del Rio, Cuba. Apó s a Revoluçã o Cubana, mais de três milhõ es de hectares
de terras foram expropriados e transformados em cooperativas sob o controle do governo. Foto de 1961.
Pá gina 138

A diversidade no mundo rural

O intenso processo de urbanizaçã o mundial ocorrido no século XX transformou


significativamente o campo. A modernizaçã o da agricultura, em conjunto com a
industrializaçã o nas cidades, levou ao êxodo rural, aumentando a populaçã o urbana e
diminuindo a rural. Nesse período, ocorreu também a subordinaçã o da produçã o agrícola ao
processo agroindustrial, cuja expansã o também afetou profundamente outros grupos sociais
no campo: comunidades quilombolas e indígenas, por exemplo, perderam parte
considerá vel de suas terras, processo que acarretou na extinçã o de culturas e modos de vida.

Comunidade quilombola: comunidade remanescente de quilombo, local onde se abrigavam escravos fugidos no período de
escravidã o no Brasil. Hoje, tais grupos conservam tradiçõ es e crenças religiosas de seus antepassados.

No mundo existem sistemas de produçã o rural muito diversificados. Em países com economias
desenvolvidas, como os Estados Unidos, a Alemanha e a Austrá lia, as á reas destinadas à
agropecuá ria sã o modernas e urbanizadas, e a populaçã o rural é reduzida.

Sylvain Cordier/Biosphoto/AFP

Agricultores semeiam a terra em Dongchuan, China. Apesar de o país ser um dos maiores produtores agrícolas
mundiais, grande parte da populaçã o chinesa pratica a agricultura tradicional. Foto de 2014.

Em vá rios países em desenvolvimento, a populaçã o rural ainda é muito numerosa e a


agropecuá ria tem uma participaçã o importante na economia e na organizaçã o social. É o caso
da China, da Índia e de outros países asiá ticos e africanos.

Existem grandes diferenças também entre os tipos de cultivo e criaçã o, entre os tamanhos das
propriedades e entre as técnicas e tecnologias empregadas (como fertilizantes, defensivos e
maquinaria). Assim, existem propriedades onde a aplicaçã o de tecnologia é elevada e a
produtividade é alta; em outras, utilizam-se sistemas tradicionais de cultivo.

As diferenças ocorrem também nas relaçõ es de trabalho, destacando-se o trabalho assalariado


e o trabalho familiar. No entanto, em certas regiõ es persiste o trabalho escravo,
universalmente considerado uma violaçã o dos direitos humanos.

Essas diferenças sã o fundamentais para o entendimento da organizaçã o do espaço rural no


mundo.
De Agostini/Getty Images

Plantaçã o de trigo que utiliza modernas técnicas de cultivo em Denver, Estados Unidos. Foto de 2014.

SAIBA MAIS

As condições naturais

As atividades econô micas do campo devem ser planejadas de modo que o produtor ou empresá rio
considere condiçõ es dos solos, recursos hídricos disponíveis, frequência das chuvas, desnível do
terreno e médias térmicas. Mesmo com o avanço das tecnologias, as condiçõ es ambientais sã o
fatores que podem comprometer a produçã o. Em países tropicais, o uso de defensivos tende a ser
mais intenso que nos países temperados, pois a quantidade de pragas que atacam as lavouras é
maior nos climas quentes. O tempo da colheita também está associado com as condiçõ es climáticas.
Em países de dimensõ es continentais, localizados na faixa tropical, como o Brasil, a colheita dura
praticamente o ano todo. Há também as produçõ es especializadas, ligadas à s “condiçõ es geográ ficas
de origem”, como alguns tipos de vinhos, queijos, cafés e azeites.

Navegue
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – Divisão Estatística (Faostat)
Esse site da FAO traz informaçõ es e estatísticas sobre a produçã o agrícola no mundo (em inglê s). Disponível em:
<http://linkte.me/faostat>. Acesso em: 26 out. 2015.
Pá gina 139

Os tipos de agricultura

Podemos caracterizar as atividades realizadas no campo de acordo com a organizaçã o do


espaço agrá rio quanto à finalidade, à técnica e à mã o de obra.

Finalidade
Agricultura de subsistência: a produçã o é voltada para o consumo dos produtores, sendo
comercializado apenas o excedente de produçã o.

Agricultura comercial: tem como objetivo a comercializaçã o do que se produz visando ao


lucro e possui uma integraçã o intensa com o mercado. Existem tanto a pequena agricultura
feita por produtores familiares quanto a grande agricultura realizada por empresas ou grandes
proprietá rios de terras.

Técnica
Agricultura tradicional: utiliza poucos recursos técnicos, pouca inovaçã o tecnoló gica e se
apoia em conhecimentos transmitidos entre geraçõ es de agricultores. Normalmente, emprega
grande quantidade de mã o de obra e apresenta baixa produtividade. Tais características sã o
mais comuns na agricultura de subsistência, mas também estã o presentes na agricultura
comercial.

Agricultura moderna: utiliza os avanços da Revolução Verde, nome dado ao processo de


mecanizaçã o da agricultura ocorrido a partir da década de 1950. A Revoluçã o Verde consistiu
no desenvolvimento de má quinas para o preparo do solo, de técnicas de produçã o de sementes
e de produtos químicos para as plantaçõ es e criaçõ es de animais. Estabelecia-se, assim, uma
relaçã o entre a pesquisa científica, a indú stria química e a agricultura.

A agricultura moderna baseia-se em uma estreita relaçã o com o mercado: a produçã o é


vendida a grandes empresas agroindustriais e o cultivo é praticado com os insumos
comprados.

Insumo: fertilizantes, implementos agrícolas (plantadeiras, colheitadeiras, arados, pulverizadores) e defensivos


(agrotó xicos, inseticidas, herbicidas, vermífugos).

Os países que dispõ em de poucos recursos financeiros para desenvolver tecnologia pró pria
estabelecem uma relaçã o de dependência econô mica, de maquiná rios e de insumos com os
países desenvolvidos.

Agricultura orgânica: sua principal característica é a utilizaçã o da terra de forma sustentá vel,
ou seja, preservando os recursos naturais e nã o poluindo o meio ambiente. No lugar da
aplicaçã o de fertilizantes e agrotó xicos, sã o usadas técnicas naturais de adubaçã o (geralmente
à base de esterco), além de métodos nã o agressivos para o controle de pragas.

Mão de obra
Agricultura patronal: é aquela na qual a mã o de obra principal provém da contrataçã o de
trabalhadores assalariados. Normalmente, os empregadores sã o empresas agrícolas que
utilizam técnicas modernas.

Agricultura familiar: nela predomina o trabalho dos membros da família e pode ser de
subsistência, comercial, tradicional, moderna ou orgâ nica. Destacam-se dois tipos de
agricultura familiar no mundo: a agricultura camponesa e o farmer estadunidense. Na
camponesa, a família produz para si mesma e para um mercado local, normalmente
objetivando o sustento da pró pria família, e nã o o lucro. Já o farmer estadunidense constitui-se
na agricultura familiar voltada para a ampliaçã o da produtividade e do lucro, estando
amplamente integrada à cadeia produtiva capitalista.

Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

O consumo de produtos orgâ nicos tem crescido muito nos ú ltimos anos no Brasil. Feira livre em Bagé (RS), em que
sã o comercializados apenas alimentos orgâ nicos. Foto de 2014.
Pá gina 140

Sistemas de produção agrícola no mundo

Uma característica que diferencia os países em desenvolvimento dos países desenvolvidos é a


participaçã o da População Economicamente Ativa (PEA) na agricultura. Ao contrá rio dos
países desenvolvidos, os países em desenvolvimento possuem uma parcela significativa de sua
populaçã o vivendo no campo. Nesses países, o processo de modernizaçã o da agricultura levou
a um êxodo rural intenso, causando uma série de problemas nas cidades. Mesmo considerando
o nú mero de pessoas que deixam o campo, ainda é grande o nú mero de pessoas que vivem nas
á reas rurais.

População Economicamente Ativa (PEA): populaçã o em idade ativa que exerce atividade ou ocupaçã o remunerada. Inclui
tanto as pessoas que trabalham quanto aquelas que estã o desempregadas, mas procurando emprego.

Em alguns países, existem políticas pú blicas voltadas para a manutençã o das populaçõ es rurais
no campo, seja por meio de subsídios à s atividades agropecuá rias, seja pela melhoria das
condiçõ es de vida nesses lugares (construçã o de escolas, investimento em transporte pú blico,
implementaçã o de saneamento bá sico, etc.).

Observe o mapa abaixo, que localiza e caracteriza, de forma genérica, as atividades


agropecuá rias no mundo. Alguns tipos de atividade agropecuá ria sã o mais comuns nos países
em desenvolvimento, como a agricultura primitiva de subsistência, a agricultura intensiva de
subsistência e o pastoreio. Essas atividades sã o comuns, por exemplo, em países dos
continentes asiá tico e africano.

Nas chamadas economias desenvolvidas, por sua vez, predominam a pecuá ria intensiva e a
agricultura associada à criaçã o. Esses tipos de atividades sã o comuns em países da Europa e
nos Estados Unidos.

Navegue
Revista Agrária
O site da revista digital da USP conté m artigos e resenhas sobre questõ es agrá rias no Brasil e no mundo.
Disponível em: <http://linkte.me/agra>. Acesso em: 18 mar. 2016.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 30.
Pá gina 141

Agricultura na Ásia e na África


A península Ará bica, o norte da Á frica e a regiã o central da Á sia sã o exemplos de como a
localizaçã o geográ fica exerce influência sobre os tipos de produçã o agrícolas: nessas regiõ es,
predomina o pastoreio nômade devido à infertilidade do solo, à altitude e à baixa
pluviosidade, que dificultam e impedem, em algumas á reas, o desenvolvimento da agricultura
intensiva. A inserçã o agrícola dessas regiõ es na economia mundial nã o ocorre também devido
aos baixos investimentos tecnoló gicos pelos governos locais, à situaçã o de fragilidade das
economias nacionais e à elevada desigualdade social.

Na Á sia, há uma grande disparidade quanto à implementaçã o de tecnologia na agricultura: o


Japã o, apesar de grande importador de matérias-primas, otimiza ao má ximo as poucas á reas
de cultivo, enquanto a Índia, a Indonésia e a Tailâ ndia ainda mantêm grande parcela da
populaçã o na á rea rural e, nesses países, as á reas que recebem mais insumos e tecnologias sã o
aquelas cuja produçã o é destinada à exportaçã o.

No Sudeste Asiá tico, é praticada a jardinagem, normalmente em á reas de planície, onde se


produzem o arroz e outros vegetais. Nesse sistema, utilizam-se intensa mã o de obra e técnicas
modernas de adubaçã o e irrigaçã o. A aplicaçã o de novas tecnologias na agricultura de
jardinagem, sobretudo na rizicultura, pode aumentar significativamente a produtividade.

Denis-Huot Michel/hemis.fr/AFP

Em terrenos muito inclinados, a jardinagem é feita utilizando o terraceamento, uma técnica agrícola de conservaçã o
do solo que o protege da erosã o hídrica e amplia as á reas de cultivo. Rizicultura em terraços na província de Yen Bai,
Vietnã . Foto de 2014.

O sistema plantation utiliza grandes á reas de monocultura (cultivo de um só produto) para


exportaçã o. Esse sistema, bastante utilizado na época da expansã o colonial europeia (séculos
XVI-XIX), é atualmente desenvolvido por grandes proprietá rios ou por empresas capitalistas,
muitas vezes multinacionais, em países como a Índia e a Nigéria, por exemplo. O sistema aplica
técnicas modernas e paga salá rios baixos aos trabalhadores.

A agricultura sedentária rudimentar caracteriza-se pela dependência das condiçõ es


ambientais e, frequentemente, os agricultores sã o vitimados pelas secas ou enchentes, o que
causa graves problemas de fome. Os meios técnicos (como maquiná rio agrícola) sã o escassos,
levando a uma baixa produtividade. Esse tipo de agricultura representa uma das principais
fontes de renda em boa parte dos países asiá ticos (como Indonésia e Laos) e africanos (países
subsaarianos, por exemplo), além de ser importante em alguns países da América Latina.

O pastoreio nô made é muito comum nas á reas pró ximas aos grandes desertos (Kalahari e
Saara, na Á frica, e Gobi, na Á sia, principalmente). As populaçõ es praticam atividades de
subsistência com base no nomadismo, como a criaçã o de cabras, camelos e gado bovino. As
condiçõ es naturais dificultam a adoçã o de prá ticas agrícolas sedentá rias.

Tony Karumba/AFP

Pastor de ovelhas no Quênia. Foto de 2012.


Pá gina 142

Agricultura nos Estados Unidos


Os Estados Unidos sã o os maiores produtores de alimentos do mundo. Possuem uma
agropecuá ria bastante moderna e integrada aos diversos processos de comercializaçã o e
industrializaçã o. Nesse país, podemos identificar dois grandes modelos agrícolas: o modelo
texano e o modelo californiano.

Modelo texano: inclui as grandes propriedades produtoras de fibras e grã os no Meio-Oeste


norte-americano, lavouras típicas dos cinturõ es agropecuá rios, chamados de belts (corn belt,
cotton belt – cinturã o do milho, cinturã o do algodã o), que produzem em larga escala e com alta
tecnologia, fazendo uso intensivo de insumos e mecanizaçã o nas lavouras. Assim, esperam ter
elevada produtividade e garantir a uniformidade dos produtos que sã o categorizados como
commodities no mercado internacional.

Modelo californiano: é o processo produtivo que tem como base a diferenciaçã o de qualidade.
Busca-se a diversidade do produto já na origem da produçã o. Nesse modelo, as mercadorias
necessitam de uma atençã o maior do produtor. Alguns desses produtos, como frutas e
legumes, não passam por processo de transformaçã o industrial; outros sã o submetidos a
processos especiais para destacar o sabor e aroma (como o café). Os ganhos estã o associados
à s especificidades e diferenciaçõ es de qualidade, e nã o à escala de produçã o. Nesse modelo,
entram os produtos orgâ nicos, por exemplo.

Estados Unidos – Posições entre os maiores produtores mundiais de produtos agropecuários


selecionados (2013)
Produto Posição Quantidade (toneladas)
Milho 1º 353 699 441
Soja 1º 76 460 778
Trigo 3º 57 966 658
Frango 1º 17 396 881
Carne bovina 1º 11 698 579

Fonte de pesquisa: Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e a Agricultura (FAO). Disponível em:
<http://faostat3.fao.org/browse/Q/QL/E>. Acesso em: 3 nov. 2015.

Agricultura na Europa
A agricultura europeia apresenta grande diversidade regional. No entanto, é possível perceber
algumas características comuns entre os países: a estrutura de propriedade baseada em
pequenos e médios estabelecimentos, a prioridade dada aos mercados internos e o
desenvolvimento de inovaçõ es tecnoló gicas voltadas para a reduçã o do impacto ambiental e a
ampliaçã o da produtividade.

Os países europeus mais industrializados praticam uma agricultura intensiva, apoiada em


técnicas modernas e integrada aos mercados, fruto de um processo de modernizaçã o que vem
ocorrendo desde o século XIX. Em outros países que tiveram uma modernizaçã o tardia,
principalmente no Leste Europeu, as prá ticas agrícolas tradicionais ainda têm grande
importâ ncia.

Os países que integram a Uniã o Europeia sã o periodicamente beneficiados com subsídios


concedidos pela PAC (Política Agrícola Comum). Grande parte do orçamento da UE é destinado
ao desenvolvimento rural. O objetivo principal é garantir que os produtos agrícolas da Uniã o
Europeia tenham preços competitivos em relaçã o aos importados, que sã o mais baratos. Por
outro lado, essas políticas também visam incentivar relaçõ es comerciais mais equitativas com
países em desenvolvimento, ao suspender alguns subsídios aos produtos europeus exportados.

Pearl Bucknall/Robert Harding/AFP

Vinhedos em Siena, na regiã o da Toscana, Itá lia. Foto de 2015.


Pá gina 143

Mundo Hoje
2050: A escassez de água em várias partes do mundo
ameaça a segurança alimentar e os meios de
subsistência
Em 2050 haverá á gua suficiente para produzir os alimentos necessá rios para alimentar a
populaçã o global, cuja expectativa é que supere os 9 bilhõ es de pessoas, mas o consumo
excessivo, a degradaçã o e o impacto das alteraçõ es climá ticas irã o reduzir a disponibilidade de
á gua em vá rias regiõ es, especialmente em países em desenvolvimento, segundo advertiram a
FAO [Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e Agricultura] e o Conselho Mundial
da Á gua (CMA) em um relató rio publicado hoje [14 abr. 2015].

O documento “Rumo a um futuro de segurança hídrica e alimentar” aponta a necessidade de


políticas governamentais e investimentos dos setores pú blico e privado para garantir que a
produçã o agrícola, animal e de pesca seja sustentá vel e contemple também a salvaguarda dos
recursos hídricos.

Essas açõ es sã o essenciais para reduzir a pobreza, aumentar os rendimentos e assegurar a


segurança alimentar de muitas pessoas que vivem em zonas rurais e urbanas, segundo destaca
o relató rio.

“A segurança alimentar e [a] hídrica estã o estreitamente ligadas. Acreditamos que,


desenvolvendo abordagens locais e fazendo os investimentos certos, os líderes mundiais
podem assegurar que haverá um volume suficiente, qualidade e acesso à á gua para garantir a
segurança alimentar em 2050 e na posteridade”, disse Benedito Braga, Presidente do Conselho
Mundial da Á gua, ao apresentar o relató rio no 7º Fó rum Mundial da Á gua, em Daegu e
Gyeongbuk, na Coreia do Sul.

“A essência do desafio é adotar programas que envolvam investimentos com benefícios a longo
prazo, como a reabilitaçã o de infraestruturas. A agricultura tem de seguir o caminho da
sustentabilidade e não o da rentabilidade imediata”, acrescentou Braga.

Sadat/Xinhua Press/Corbis/Fotoarena

A agricultura irrigada em regiõ es pró ximas do mar de Aral ocasionou a reduçã o da á rea de superfície desse lago e a
degradaçã o de suas á guas. Barcos abandonados em Tashkent, Uzbequistã o. Foto de 2015.
A agricultura continuará a ser a maior consumidora de água
Em 2050 serã o necessá rios mais de 60% de alimentos – até 100% nos países em
desenvolvimento – para alimentar o mundo, e a agricultura vai manter-se como o maior setor
2
consumidor de á gua [...] [do mundo], o que representa em muitos países cerca de ou mais da
3
disponibilidade procedente de rios, lagos e aquíferos.

Mesmo com o crescimento da urbanizaçã o, em 2050, grande parte da populaçã o mundial e a


maioria dos mais pobres continuarã o a obter sustento [...] da agricultura. Ainda assim, este
setor verá o volume de á gua disponível reduzir-se, devido a uma maior competiçã o por parte
das cidades e [da] indú stria, indica o relató rio conjunto da FAO e do CMA.

Sendo assim, por meio da tecnologia e das prá ticas de gestã o, os agricultores, especialmente os
pequenos agricultores, terã o de encontrar maneiras de aumentar a produçã o com uma
disponibilidade limitada de terra e á gua.

Atualmente, a escassez de á gua afeta mais de 40% da populaçã o mundial, uma percentagem
2
que alcançará os em 2050. Esta situaçã o deve-se em grande parte a um consumo excessivo
3
de á gua para a produçã o alimentar e agrícola. Por exemplo, em grandes zonas da Á sia
meridional e oriental, no Meio Oriente, Norte da Á frica e América Central e do Norte, é usada
mais á gua subterrâ nea do que a que pode ser reposta naturalmente.

Em algumas regiõ es a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento das


cidades sã o responsá veis pela contaminaçã o das fontes de á gua, acrescenta o relató rio. [...]

2050: A escassez de á gua em vá rias partes do mundo ameaça a segurança alimentar e os meios de subsistência. Organizaçã o das
Naçõ es Unidades para a Alimentaçã o e Agricultura (FAO), 14 abr. 2015. Disponível em:
<https://www.fao.org.br/2050eavpmasams.asp>. Acesso em: 29 out. 2015.

PARA ELABORAR

1. O ciclo hidroló gico é um processo natural de reposiçã o de á gua em mananciais. O cená rio de
escassez de á gua é realmente possível? Discuta com um colega sobre essa previsã o para 2050 e
sobre a participaçã o da agricultura nessa realidade.

2. Como e por que o planejamento integrado e sustentá vel entre recursos hídricos e
agricultura poderia fortalecer o desenvolvimento social de algumas populaçõ es?
Pá gina 144

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Qual processo histó rico deflagrou grandes mudanças na organizaçã o do campo? Em que
país ele ocorreu primeiro?

2. Qual é a principal diferença entre países desenvolvidos e em desenvolvimento no que se


refere à distribuiçã o da Populaçã o Economicamente Ativa (PEA) na agricultura?

3. Explique como se divide a agricultura quanto à finalidade, à técnica e à mã o de obra.

4. Em sua opiniã o, o acesso à s novas tecnologias poderia assegurar maior produtividade em


qualquer parte do mundo? Justifique e dê exemplos.

5. Quais sã o os principais modelos de produçã o dos Estados Unidos e quais sã o as principais


características de cada um deles?

6. Faça um quadro comparativo com as principais características das atividades agropecuá rias
na Europa, na Á sia e na Á frica.

Lendo mapas, gráficos e tabelas

7. Analise o mapa a seguir e responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e a Agricultura (FAO). Disponível em:
<http://www.fao.org/3/a-i4691e.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2015.

a) Cite alguns países que mais utilizam pesticidas.


b) A partir de que período intensifica-se o uso de fertilizantes? Houve alguma mudança nas
prá ticas agrícolas depois desse período? Explique.
c) Se um mapa anamó rfico fosse produzido a partir das informaçõ es a respeito do uso de
pesticidas, quais seriam as maiores á reas e as menores á reas?
d) Faça uma pesquisa em livros e na internet e descubra quais os impactos na saú de humana, a
longo prazo, do uso desses insumos químicos. Escreva uma síntese dos resultados no caderno.

8. Os grá ficos a seguir representam alguns impactos ambientais causados por prá ticas
agrícolas. Forme dupla com um colega e, juntos, analisem os três grá ficos. Depois, elaborem
uma síntese das conclusõ es da dupla.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: RANGANATHAN, Janet. The global food challenge explained in 18 graphics. World Resources Institute. Disponível em:
<http://www.wri.org/blog/2013/12/global-food-challengeexplained-18-graphics>. Acesso em: 5 nov. 2015.
Pá gina 145

9. Interprete a tabela a seguir e responda à s questõ es.

Maiores produtores mundiais de soja, trigo, milho, aveia e arroz (2013-2014)


Produto País/região % da produção mundial
Soja Estados Unidos 32
Trigo Uniã o Europeia 20
Milho Estados Unidos 35
Aveia Uniã o Europeia 36
Arroz China 30

Fonte de pesquisa: U.S. Department of Agriculture (USDA). World agricultural production. Disponível em:
<http://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/production.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2015.

a) Como você justifica as elevadas produtividades dos países/regiã o destacadas na tabela?


b) Considere que grande parte da produçã o de cada país ou regiã o da tabela é destinada à
exportaçã o. Em sua opiniã o, os altos investimentos dedicados a esses produtos também sã o
destinados à produçã o dos alimentos que abastecem os mercados internos? Justifique.

Interpretando textos e imagens

10. Observe a foto abaixo e responda à s questõ es.

Tony Waltham/Robert Harding Heritage/AFP

China. Foto de 2015.

a) Que tipo de agricultura a imagem mostra? Qual é a técnica de conservaçã o do solo utilizada
no cultivo representado nessa foto?
b) Em que regiõ es do mundo é comum encontrar esse tipo de agricultura?

11. Leia o trecho abaixo e responda à s questõ es.

[...] O milho é o exemplo mais característico de persistência do passado. A medida usada é o carro
de milho; ao contrá rio da carroça de burro, a plataforma do carro de boi nã o apresenta anteparo
nas suas quatro faces; as mercadorias, quando necessá rio, sã o amarradas para nã o despencarem.
No caso do milho, arma-se, ao redor da plataforma, uma esteira de bambu com um metro de altura.
Ao se comprar o milho, despejam-se as espigas até atingir a parte de cima da esteira. Temos, entã o,
o que se denomina um carro de milho. Se nã o houver carro, o comprador examina o monte de milho
na roça e escolhe 64 espigas das maiores (uma “mã o” de milho) e repete a operaçã o mais sete
vezes. Ele obtém, assim, oito mã os de milho que equivalem a um cargueiro de milho. [...]

CARONE, Edgard. Memórias da fazenda Bela Aliança. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1991. p. 100.

No mundo rural tradicional, é costumeiro o uso de medidas que nã o estã o no sistema métrico
universal.

a) Quais seriam as medidas técnicas para o exemplo dado no texto?


b) Pesquise as outras formas de medidas usadas em á reas rurais tradicionais.

12. Analise o texto a seguir e responda à s questõ es.

[...] se esta estratégia internacional de reorganizaçã o do comércio em proveito dos países pobres é
necessá ria, ela nã o será suficiente por si só para salvar e relançar vigorosamente o
desenvolvimento da economia camponesa mais subequipada. Será ainda preciso que essa
agricultura tenha efetivamente acesso à terra, ao crédito, à s instalaçõ es hidrá ulicas suficientes e em
bom estado, e a resultados de pesquisa apropriados a suas necessidades. Será preciso ainda que ela
se beneficie de uma estabilidade dos preços e de uma segurança fundiá ria suficientes para ter a
certeza de que colherá os frutos de seu trabalho e de seus investimentos, e para estar segura de que
se beneficiará da boa manutençã o e das melhorias da fertilidade das terras que ela explora. Será
preciso ainda que a renda dessa agricultura nã o seja erodida pelos custos de transformaçã o e de
comercializaçã o exorbitantes ou por encargos fundiá rios, impostos ou taxas exageradas. [...]

MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence. História das agriculturas no mundo: do Neolítico à crise contemporâ nea. São Paulo: Ed. da Unesp,
2018. p. 545. Disponível em: <http://w3.ufsm.br/gpet/files/Historia%20das%20agriculturas%20no%20mundo%20-%20Mazoyer
%20e%20Roudart.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2015.

a) Qual é o principal tema do texto?


b) Que tipos de agriculturas devem ser apoiados por uma ajuda internacional de políticas
agrícolas?
c) Cite três fatores destacados no texto que sã o fundamentais para o sucesso de políticas aos
trabalhadores rurais.
Pá gina 146

CAPÍTULO 11 O espaço rural brasileiro

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Origens da concentraçã o fundiá ria.
A Lei de Terras (1850).
Organizaçã o agrá ria atual.
Expansã o das fronteiras agrícolas e uso da terra no Brasil.

Acervo do Museu Paulista, São Paulo, SP. Fotografia: ID/BR

Moagem de cana na Fazenda Cacheira, em Campinas, ó leo sobre tela, 105 cm × 135 cm, de Benedito Calixto, s. d.

O espaço rural brasileiro apresenta enorme diversidade e complexidade, com aspectos muito contrastantes. O
meio rural convive com situaçõ es de violência ou relaçõ es de trabalho de extrema exploraçã o, mas também
com modernizaçõ es ligadas tanto à s atividades econô micas (agronegó cio e agricultura familiar tecnicizada),
quanto aos aspectos sociais, como assentamentos bem-sucedidos e experiências de agricultura orgâ nica.

Um dos principais reflexos dos contrastes existentes no espaço agrá rio brasileiro é a concentraçã o da
propriedade da terra: cerca de 1% dos proprietá rios rurais do Brasil detém 46% das terras brasileiras
localizadas no campo.

A concentraçã o da terra no Brasil originou-se a partir da primeira divisã o territorial implementada pela
metró pole portuguesa durante o período Colonial, quando o rei de Portugal dividiu grande parte do entã o
territó rio da Colô nia em 14 partes.

Observe a imagem acima e faça o que se pede.


1. O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de cana-de-açú car na atualidade. Reú na-se com um
colega e, juntos, discutam se houve mudanças no modo de produçã o da cana-de-açú car, no que diz respeito à
á rea de cultivo, às tecnologias e à mão de obra empregadas. Escrevam uma síntese de suas conclusõ es no
caderno.
Pá gina 147

Origens da concentração de terras

No início da colonizaçã o do Brasil, a partir de 1530, a Coroa portuguesa incentivou o fluxo de


exploradores para a Colô nia. Para compensá -los pelas dificuldades – como a falta de
infraestrutura, as doenças e os conflitos com a populaçã o indígena –, a Coroa criou o sistema
de capitanias hereditárias.

Esse sistema concedia terras e vantagens aos donatários (aquele que era favorecido pela
doaçã o), como dar amplos poderes a quem se dispusesse a investir dinheiro e pessoal no
estabelecimento de nú cleos de povoamento. Esses donatá rios tinham regalias como o direito
de nomear juízes e autoridades administrativas, receber impostos, distribuir terras, etc.

Em compensaçã o, arcavam com despesas para ocupar e explorar a á rea concedida. Poucas
pessoas com recursos econô micos se dispuseram a uma empreitada tã o arriscada. A maioria
dos portugueses com posses estava envolvida em negó cios no Oriente, mais pró speros que os
do Brasil.

Como o cultivo das terras doadas só era viá vel economicamente em grandes plantaçõ es, pois
não havia recursos para investir na melhoria de pequenas plantaçõ es, as doaçõ es a quem se
dispusesse a explorá -las eram generosas. Assim, a estrutura fundiá ria no país já se iniciava de
modo concentrado.

Inicialmente, foi o cultivo da cana-de-açú car que impulsionou a agricultura colonial. As


grandes monoculturas brasileiras que se formaram a partir de entã o estavam associadas ao
comércio exterior, no sistema plantation. E, de acordo com o pacto colonial, na Colô nia
produziam e exportavam matérias-primas e produtos para a Metró pole, com o emprego de
trabalho escravo.

Leia
Agricultura brasileira: formação, desenvolvimento e perspectivas, de Argemiro J. Brum e Vera Lú cia Trennepohl. Ijuí: Ed.
Unijuí, 2005.
O livro trata de diversos temas relacionados à s questõ es do campo brasileiro, como a formaçã o da sociedade agrá ria, os
movimentos sociais no campo, a reforma agrá ria e o agronegó cio.

A Lei de Terras de 1850


A Lei de Terras e a Aboliçã o da escravatura (1888) marcaram a transiçã o para uma
agricultura capitalista, pois foram os fatores centrais da criaçã o das bases desse sistema.

Com a perspectiva do fim da escravidã o, foi criado um mecanismo para impedir a livre posse
da terra pelos pobres e escravos libertos. A Coroa preocupou-se em legislar sobre a
propriedade privada no campo ao regularizar a compra e a venda de terras, por meio de
pagamento em dinheiro, e o novo tipo de mã o de obra empregado no cultivo: a assalariada.

Sancionada duas semanas apó s a proibiçã o do trá fico de escravos, a Lei de Terras, de 1850,
proibia a aquisiçã o de terras por qualquer outro meio que não fosse a compra; assim, as
doaçõ es foram proibidas. A lei garantiu a posse de terras a antigos proprietá rios eposseiros,
restringindo-a a imigrantes e ex-escravizados.

Posseiro: ocupante de uma propriedade, na maioria dos casos rural, da qual retira seu sustento, mas nã o é o proprietá rio.
Só em 1964, com o Estatuto da Terra, o governo e a sociedade passaram a discutir questõ es
relacionadas à reforma agrá ria.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

O predomínio da monocultura é marcante nas paisagens rurais do Brasil, em sua maioria ocupadas por empresas
rurais capitalistas. Herança de um sistema agrá rio dominante no período Colonial, o cultivo de grandes á reas por
poucos proprietá rios se perpetua nos dias atuais. Plantaçã o de cana-de-açú car, em Teresina (PI). Foto de 2015.
Pá gina 148

A organização agrária atual

O resgate da histó ria da formaçã o e organizaçã o do sistema agrá rio brasileiro mostra que as
camadas da sociedade que foram privilegiadas no sistema de capitanias hereditá rias e de
sesmarias continuaram sendo no da Lei de Terras, perpetuando um acesso à terra muito
desigual. Nesse sentido, a organizaçã o agrá ria atual assemelha-se muito à quela do período
Colonial: predominâ ncia de grandes propriedades, com monocultura voltada para a
exportaçã o. A principal mudança ocorrida nas ú ltimas décadas foi o aumento da utilizaçã o da
terra para a agricultura e a pecuá ria e a transformaçã o de muitos latifú ndios improdutivos em
empresas rurais que adotam prá ticas agrícolas modernas.

Sesmaria: sistema de doaçã o de pequenos lotes de terras para estimular a produçã o agrícola pelo territó rio brasileiro. Ficou
vigente até 1822.

Na legislaçã o brasileira, o termo latifúndio aparece pela primeira vez descrito no Estatuto da
Terra, em 1964. Nesse documento, latifú ndio é definido como o imó vel rural com dimensã o
superior a 15 módulos rurais, e o latifú ndio por exploraçã o seriam terras menores, mas
improdutivas, ou seja, que pouco ou nada produzem.

Módulo rural: unidade rural medida em hectare, que assegura ao trabalhador um rendimento para o seu bem-estar
econô mico e social. A medida varia conforme a regiã o.

A partir da Constituiçã o de 1988, latifú ndio passou a referir-se à grande propriedade


improdutiva. Portanto, as propriedades exploradas pela moderna empresa rural nã o podem
ser, a rigor, chamadas de latifú ndio.

A concentracão de terras
A tabela abaixo nos mostra que um pequeno nú mero de propriedades rurais concentra
grandes extensõ es de terra.

A grande maioria dos estabelecimentos rurais no Brasil (mais de 85%) sã o menores do que
100 ha e ocupam 17% da á rea total de propriedades agropecuá rias. Ao mesmo tempo, os
estabelecimentos com mais de 1 000 ha representam menos de 1,5% do nú mero total de
estabelecimentos e detêm mais de 50% da á rea total de propriedades.

A dimensã o dos estabelecimentos também é desigual entre as regiõ es do país: no Norte,


Centro-Oeste e parte do Sudeste sã o muito comuns as grandes propriedades onde predomina o
trabalho assalariado. Já no Sul e no Nordeste, há maior nú mero de propriedades de agricultura
familiar.

Nos dias de hoje, a grande concentraçã o de terras (com potencial para produzir) cria uma
imensa desigualdade no campo, pois os pequenos produtores que nã o têm recursos para
adquirir má quinas e outras tecnologias transformam-se em trabalhadores assalariados ou
migram para as cidades. A grande insatisfaçã o dessa populaçã o ampliou o debate sobre a
reforma agrá ria, assunto que será abordado no pró ximo capítulo.

Brasil – Estrutura fundiária (2012)


Tamanho das Número de Número de Área total Área total
propriedades propriedades propriedades
Em hectares Número % Área (ha) %
Até 10 1 874 899 34,10 8 834 570,54 1,46
de 10 a 100 2 863 773 52,08 95 186 129,3 15,72
de 100 a 1 000 678 462 12,34 181 757 801 30,02
1 000 e mais 81 331 1,48 319 649 245 52,80
Total 5 498 465 100 605 427 746 100

Fonte de pesquisa: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrá ria (Incra). Disponível em:
<http://www.incra.gov.br/media/politica_fundiaria/regularizacao_fundiaria/estatisitcas_cadastrais/imoveis_total_brasil.pdf>.
Acesso em: 4 nov. 2015.

GEOGRAFIA E LITERATURA

Concentração fundiária

Leia a seguir um trecho da obra Morte e vida severina: auto de natal pernambucano, escrita entre
1954 e 1955, por Joã o Cabral de Melo Neto, que narra a conversa entre dois homens que
acompanhavam o enterro de um camponês que havia sido morto.

Funeral de um lavrador

[...]– Essa cova em que está s,


com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
– É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifú ndio.
– Nã o é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
– É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estará s mais ancho
que estavas no mundo.
– É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirá s largo.
– É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca. [...]

MELO NETO, Joã o Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. 25. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988. p. 87-88.

1. O trecho da obra de Joã o Cabral faz referência aos conflitos de terra advindos da concentraçã o
fundiá ria no Nordeste brasileiro. Com um colega, leia e analise cada estrofe do poema. Em seguida,
escrevam uma síntese de suas conclusõ es no caderno.
Pá gina 149

A expansão das fronteiras agrícolas

Na histó ria do Brasil, a fronteira agrícola se expandiu em funçã o do crescimento da atividade


econô mica. Nos tempos da colonizaçã o, a Mata Atlâ ntica foi sendo destruída na costa
nordestina e no Sudeste para dar lugar ao cultivo de cana-de-açú car, utilizada na produçã o de
açú car destinado à exportaçã o. No século XIX e início do século XX, as plantaçõ es de café, que
ocupavam inicialmente terras localizadas no Rio de Janeiro, foram espalhando-se por Minas
Gerais e estendendo-se pelo interior de Sã o Paulo. À medida que os solos foram se esgotando, a
produçã o agrícola avançou para á reas de florestas em novas propriedades rurais.

A partir da década de 1970, juntamente com a implantaçã o de tecnologia no campo, o


movimento da fronteira agrícola passou para os estados do Centro-Oeste, com a soja. A
Embrapa teve importante papel nesse processo, pois criou sementes adaptadas ao clima e
possibilitou a correçã o do solo á cido do Cerrado, tornando-o fértil. Atualmente, a
produtividade da soja nessa regiã o é uma das maiores do mundo.

Embrapa: criada em 1973, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá ria, vinculada ao Ministé rio de Agricultura, Pecuá ria
e Abastecimento, tem como objetivo desenvolver inovaçõ es tecnoló gicas para a agropecuá ria brasileira.

Nas ú ltimas décadas, a expansã o da fronteira agrícola tem significado o desmatamento de


grandes á reas da floresta Amazô nica, comprometendo a manutençã o da biodiversidade,
destituindo povos indígenas, ribeirinhos e seringueiros de suas terras e comprometendo o
modo de vida dessas comunidades. A expansã o da fronteira agrícola permitiu que o Brasil se
tornasse um dos maiores exportadores mundiais de soja e carne, mas tem causado graves
prejuízos à natureza e à sociedade.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. Sã o Paulo: FTD, 2011. p. 31.

Uso da terra no Brasil


Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o uso da terra rural é
classificado em três grandes grupos: terras utilizadas para lavouras, que podem ser
permanentes ou temporá rias, terras para pastagens, que podem ser naturais ou plantadas, e
terras com matas e florestas, que podem ser naturais ou artificiais.

De acordo com o IBGE, para fins comparativos, na década de 2010, no territó rio brasileiro as
á reas de conservaçã o representavam aproximadamente 8,7%, as Terras Indígenas, 14,7%, e
quase 40% era ocupado por estabelecimentos rurais. Destes, a maior parte eram pastagens
para a prá tica da pecuá ria, que abrangiam quase 50% do total da á rea agropecuá ria do país. Os
estabelecimentos produtores de orgâ nicos representavam 1,8% do total de estabelecimentos
agropecuá rios, e as lavouras (cultivo de feijã o, algodã o, arroz, milho, entre outros alimentos)
ocupavam 18%.

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

O aumento de á reas destinadas à pastagem, para a prá tica da pecuá ria, é também um dos grandes responsá veis pela
expansã o da fronteira agrícola no Brasil. Á rea desmatada em meio à floresta Amazô nica, em Itacoatiara (AM). Foto de
2015.
Pá gina 150

Presença Indígena
Os indígenas isolados
Apó s vinte horas sobrevoando a floresta Amazô nica em um pequeno aviã o monomotor, a
equipe do sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Junior avista um pequeno grupo de pessoas.
Elas estã o espalhadas ao redor de um conjunto de três ou quatro malocas (grandes casas
coletivas) e de fartas roças à sua volta. A experiência do sertanista o ajuda a identificar as
plantaçõ es. Banana, mandioca, mamã o, milho, batata e amendoim. As mulheres vestem um
saiote de algodã o. Os homens usam um cinto de algodã o, têm cabelos longos e a parte central
da cabeça é raspada. Ao verem o aviã o, mulheres e crianças correm para a floresta em busca de
proteçã o. Os homens se posicionam e começam a atirar flechas no aviã o.

Era maio de 2008, á rea pró xima ao rio Xinane, no Acre, fronteira do Brasil com o Peru. O grupo
era formado por indígenas que se mantiveram isolados e praticamente desconhecidos, apesar
dos ciclos da borracha e da castanha que tantos migrantes levaram para a regiã o no século XX.
Havia seis grupos de indígenas não contatados nessa á rea.

A fartura das roças e sua proximidade com os igarapés, menos escondidos, indicavam que os
indígenas se sentiam seguros de viver lá . Isso acontece graças ao controle que o Estado
brasileiro vem realizando na á rea, o que dificulta a invasã o de madeireiros vindos do Peru.

Coordenador da Frente de Proteçã o Etnoambiental da Fundaçã o Nacional do Índio (Funai),


Meirelles trabalha há quase quarenta anos com grupos indígenas que têm pouco ou nenhum
contato com a sociedade envolvente. Sã o os chamados indígenas isolados.

Os grupos indígenas isolados sã o aqueles que nunca foram contatados por nenhum ó rgã o
representante da açã o do Estado.

A política de contato do Estado brasileiro com os povos indígenas iniciou-se em 1910 com o
Serviço de Proteçã o ao Índio. Naquele momento, a ideia era, nas palavras do antropó logo Darcy
Ribeiro, “fazer do índio um índio melhor”, ou seja, contatá -lo e transformá -lo em algo “melhor”,
segundo o pensamento evolucionista da época. A civilizaçã o “melhoraria” o indígena,
ensinando-o a se comportar como um ocidental.

Só em 1987, com as mudanças progressistas oriundas da redemocratizaçã o do país, é que a


política de contato foi modificada. Grupos indígenas ainda nã o contatados passaram a ser
considerados índios isolados. Caso fossem detectados grupos indígenas sem contato, o Estado
deveria promover proteçã o ao meio ambiente e a demarcaçã o de suas terras, visando garantir
o exercício de suas atividades tradicionais. Ou seja, em vez de impor aos indígenas o contato, o
Estado deve garantir-lhes condiçõ es para terem o modo de vida que demonstram querer.

O contato só deve ser feito em caso de ameaça à sobrevivência do grupo isolado. Isso acontece
quando, devido ao contato com a sociedade envolvente, os indígenas sã o expostos a doenças
para as quais seu organismo nã o tem defesa, ou quando algum aspecto da cultura “civilizada”
impede a reproduçã o de seu modo de vida tradicional. É o caso, por exemplo, de uma
madeireira ilegal em suas terras ou da desagregaçã o cultural pelo contato com invasores.
Gleison Miranda, Funai/AP/Imageplus

Indígenas do grupo isolado habitante das proximidades do rio Xinane, no Acre, miram o monomotor da Funai com
seus arcos. Foto de maio de 2008.
Pá gina 151

Povos em risco
De acordo com a Funai, em 2015, existiam no Brasil 107 povos indígenas isolados, em nove
estados da Amazô nia Legal. Parte desses grupos vive uma situaçã o grave, com perigo real de
desaparecimento. No passado, viver em lugares muito distantes dos grandes centros urbanos,
isolando-se, garantiu sua sobrevivência, mas hoje ocorre o contrá rio.

Habitando á reas de grandes obras, como hidrelétricas, e de intenso desmatamento e expansã o


ilegal do agronegó cio (grandes fazendas de criaçã o de gado, por exemplo), os indígenas
isolados dependem de uma política nacional e também internacional de proteçã o efetiva, já
que muitos territó rios tradicionais estã o em á reas de fronteira. Caso essas políticas demorem a
ser postas em prá tica, as açõ es ilegais e a “marcha do progresso”, com seu elevado prejuízo
ambiental, logo os espremerã o em pedaços de terra onde nã o conseguirã o reproduzir seu
modo de vida.

Para que os governos concretizem melhor as políticas de proteçã o desses povos, é importante
que a populaçã o em geral conheça melhor a causa indígena, mais especificamente a causa dos
indígenas isolados. Mais até do que os indígenas em contato permanente, os índigenas isolados
sã o alvo de muitos estereó tipos e preconceitos.

Isolamento intencional
Ao contrá rio do que muitos pensam, os indígenas não vivem como se ainda estivessem antes
de 1500 ou entã o como na Idade da Pedra, sem saber nada do mundo que os rodeia. Pelo
contrá rio, hoje sabemos que seu isolamento é intencional; afastam-se da sociedade não
indígena porque a conhecem e rejeitam.

Mais ainda: muitos grupos indígenas isolados nã o só conhecem a “cultura civilizada”, como
escolhem o que gostariam de incorporar ao modo de vida deles.

Nã o sã o raros os casos em que os indígenas isolados chegam, sem ninguém perceber, à s á reas
onde estã o indigenistas (pessoas que atuam junto à s populaçõ es indígenas), madeireiros ou
garimpeiros, a fim de pegar objetos para uso em seu dia a dia. Sã o peças que eles conhecem por
observar seu uso de longe ou por entrar em contato por rede de trocas com outros indígenas.
Um remo, um machado, um pedaço de fio de ná ilon para amarrar as flechas e até mesmo
espingardas sã o objetos cobiçados pelos índios.

José Carlos Meirelles, antes de filmar os povos isolados do rio Xinane, já havia encontrado
muitas flechas deles amarradas com ná ilon usado na corda dos barcos ou em peças de
artesanato do Peru.

Algo parecido ocorre com os Apiaká do Mato Grosso, que nã o pegam nada dos indigenistas,
mas vão com frequência comunicar-se com eles por meio de sons que imitam os pá ssaros. Em
geral, sempre na mesma hora, aproximam-se do posto indígena e cantam até obter resposta,
indo embora logo depois. Escolhem nã o ter contato, mas sabem fazer-se presentes.

Acontece haver até mesmo, em um mesmo grupo étnico, algumas famílias que, apó s
observarem seus parentes em contato com nã o indígenas, optam pelo isolamento. Exemplo
conhecido aqui no Brasil sã o os Awá -Guajá , que vivem no noroeste do estado do Maranhã o. Um
dos ú ltimos povos caçadores e coletores do Brasil, os Awá -Guajá sofreram expressiva queda de
populaçã o desde que ocorreu o contato com a sociedade nã o indígena. Isso fez com que parte
deles, ainda nã o contatados, optassem por viver isolados dos nã o indígenas. Em 2012, os Awá -
Guajá eram cerca de 365 pessoas, das quais aproximadamente 60 vivem isoladas, tentando
manter sua vida autô noma, apesar da ameaça constante de madeireiros da regiã o.

Esses sã o apenas alguns exemplos que demonstram que os indígenas isolados nã o sã o meras
vítimas dos nã o indígenas. A seu modo, esses indígenas delimitam seu espaço de contato e
mantêm estratégias de resistência e até mesmo de uso de costumes dos nã o indígenas. Talvez,
como afirmou Darcy Ribeiro, o objetivo deles seja “amansar os brancos”. É possível que eles,
percebendo o que nossa sociedade tem feito em suas terras ancestrais, nos considerem
bá rbaros e tolos. Será que eles estã o errados?

Para discutir

1. Segundo informaçõ es contidas no texto, muitos grupos de indígenas isolados estã o em á reas
de fronteira. Em que sentido essa localizaçã o dificulta a proteçã o de suas terras e de seus
direitos?

2. Com base no texto, discuta com os colegas esta afirmaçã o: “Os grupos indígenas isolados sã o
como aqueles indígenas que Cabral encontrou aqui em 1500”.

3. Responda, no caderno, à questã o que finaliza o texto acima, justificando sua resposta.

Leia
Violência contra os povos indígenas isolados e de pouco contato
A publicaçã o do Conselho Indigenista Missioná rio (Cimi) sobre os indígenas isolados é ilustrada com fotografias dessas
comunidades em vá rios estados brasileiros. Disponível em: <http://linkte.me/cimi>. Acesso em: 31 out. 2015.

Assista
Serras da desordem. Direçã o de Andrea Tonacci, Brasil, 2006, 135 min.
O filme conta a histó ria de Carapiru, um Awá que viveu isolado dez anos na floresta até ser “adotado” por uma nova “família”
e ter de se adaptar.
Pá gina 152

Informe
A agricultura e o Código Florestal
As mudanças no Có digo Florestal geraram intenso debate no início da década de 2010,
colocando em pauta a divergência entre os ambientalistas e os representantes do agronegó cio
que defendiam regras menos rígidas para o desmatamento e para a recuperaçã o de á reas
desmatadas. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia
Brasileira de Ciências (ABC) criaram um grupo de trabalho para analisar a questã o. Confira a
seguir algumas perguntas e respostas sobre a relaçã o entre a agricultura e o Có digo Florestal.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Plantaçã o de cana-de-açú car em Paragominas (PA) em á rea desmatada da floresta Amazô nica. Ao fundo, é possível
ver resquícios da floresta. Foto de 2014.

A SBPC e a ABC estão do lado dos ambientalistas ou dos


ruralistas?
Todas as evidências encontradas nos mais de 300 trabalhos científicos consultados indicam
grande potencial de sinergia entre produçã o rural e conservaçã o ambiental. Com o aporte de
avançadas tecnologias no ordenamento territorial inteligente, é possível multiplicar a
produçã o agrícola e – ao mesmo tempo – ampliar as á reas de produçã o de serviços ambientais
nos ecossistemas naturais. Consequentemente, a SBPC e a ABC estã o objetivamente
municiadas de argumentos para suportar [apoiar] tanto os ruralistas quanto os ambientalistas.
A ciência tem a chave para salvar um acordo entre ambientalistas e ruralistas, que se traduza
na sustentabilidade econô mica, social e ambiental das paisagens brasileiras. [...]

Qual a área efetivamente disponível para atividades produtivas


rurais no Brasil?
O Brasil ainda não dispõ e de uma política de ordenamento territorial apoiada em dados
confiá veis sobre a aptidã o agrícola das terras, restriçõ es ambientais e legais, uso atual e
potencial de uso das terras. També m nã o tem um planejamento estratégico para a expansã o
futura da agricultura. Dispõ e apenas de estimativas, muitas vezes tendenciosas. A ciência pode
fornecer tais dados e informaçõ es aos legisladores para discussã o consciente do Có digo
Florestal a partir de levantamentos de solos em escalas compatíveis, aptidã o agrícola e
tipificaçã o do uso da terra e da cobertura vegetal. Novas tecnologias e competências estã o
disponíveis em instituiçõ es como IBGE, Inpe, Embrapa e universidades e podem ser
rapidamente levantadas através de estudos em parceria. [...]

Que papel tem a inovação tecnológica no ordenamento territorial


e na solução de conflitos entre interesses de uso da terra?
Hoje é possível mapear terrenos com imagens de satélites ou aviõ es geradas em alta resoluçã o
com o auxílio de laser ou radar em termos geomorfoló gicos e hidroló gicos. Ou seja, o que antes
requeria um corpo a corpo de especialistas com cada morro e cada vale na paisagem, seguido
ainda por um elaborado processo de compilaçã o de dados e mapeamento, pode ser resolvido
agora por processamento matemá tico das imagens remotas em modelos de computador. Uma
revoluçã o semelhante a sair da fita métrica e do teodolito do agrimensor e passar para o GPS.
Mapas de terrenos competentes, com indicaçã o de tipos potenciais de solos, profundidade do
lençol freá tico, declividades, susceptibilidade à erosã o, entre outros fatores de aptidã o e risco,
têm condiçõ es de resolver disputas através de evidências incontestá veis. [...]

Perguntas Frequentes, o Có digo Florestal e a Ciência, respondidas pela SBPC e ABC. Disponível em:
<http://www.sbpcnet.org.br/site/publicacoes/outraspublicacoes/perguntas_e_respostas.pdf> Acesso em: 10 dez. 2015.

PARA DISCUTIR

1. Com base na leitura do texto, discuta com os colegas: Qual é a importâ ncia da ciência para
resolver problemas ambientais na agricultura?

2. Pesquise em jornais, revistas e sites da internet os principais argumentos que foram


favorá veis e contrá rios à s alteraçõ es no Có digo Florestal que entrou em vigor em 2012.
Pá gina 153

Mundo Hoje
As experiências de produção e vida no assentamento
Vitória
Coletividade, eficiência e método. Estas sã o as palavras que norteiam o trabalho e a vida na
Cooperativa de Produçã o Agropecuá ria Vitó ria (Copavi), criada há 21 anos por 20 famílias em
um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ao lado da á rea
urbana de Paranacity (a 74 quilô metros de Maringá ), e levaram o Instituto Nacional de
Colonizaçã o e Reforma Agrá ria (Incra) e o MST a considerá -la uma experiência bem-sucedida
de reforma agrá ria.

[…] A produçã o agrícola e pecuá ria é industrializada no pró prio assentamento, chegando ao
consumidor com valores agregados. Tanto que as 40 toneladas de açú car mascavo produzidas
mensalmente sã o comercializadas em vá rios Estados, parte com embalagem da Copavi, parte
por meio de outras empresas. E a cachaça artesanal Camponesa, com selo de produto orgâ nico,
já chega à França, Itá lia e Espanha e pode em breve ganhar outros países europeus.

[…]

A chance de transformar o sonho em realidade surgiu em 1992, quando o Incra desapropriou


uma fazenda improdutiva ao lado da á rea urbana de Paranacity, e 20 famílias que tinham
permanecido seis meses acampadas na frente do Palá cio Iguaçu, em Curitiba, foram
selecionadas para o assentamento. […]

Diferente de outros assentamentos, o Vitó ria nã o teve lotes entregues a cada assentado. Foi
definida uma á rea para a construçã o de casas, outra onde seriam implantadas as indú strias
planejadas e uma reserva de mata. Depois aconteceram modificaçõ es e hoje há uma á rea de
pastagem para a criaçã o de vacas leiteiras, outra para cana-de-açú car. Mas acontecem
remanejamentos para nã o cansar a terra e a á rea que hoje está com cana pode virar pasto, e o
pasto virar horta.

[…]

“Foi decidido que ninguém seria dono de imó veis, tudo pertence à cooperativa e quem é só cio
pode se sentir proprietá rio, mas, se alguém quiser sair, nã o pode vender sua parte na
cooperativa” [afirma Ildo Roque Calza, um dos fundadores da cooperativa.]

[…]
Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Folhapress

Estufa de criaçã o de mudas da Cooperativa de Produçã o Agropecuá ria Vitó ria (Copavi), Paranacity (PR). Foto de
2008.

Educação e consciência são prioridades


[…] uma das prioridades da cooperativa é a educaçã o dos filhos, e todos os jovens têm apoio
para estudar em algumas das melhores universidades do Brasil, graças a convênios que o
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) mantém com instituiçõ es de ensino.

[…] Assim, hoje as casas do acampamento sã o ocupadas por engenheiros florestais,


agrô nomos, contadores, professores. Tem até um engenheiro elétrico espanhol, que se casou
com a filha de um cooperado e mudou-se para o Vitó ria.

[…] uma pessoa com curso superior pode ganhar o mesmo que ganharia trabalhando em outra
empresa, “mas aqui temos a formaçã o política e ideoló gica para que o jovem compreenda seu
papel na sociedade, que o desenvolvimento econô mico tem que estar associado ao
desenvolvimento social das famílias, desconstruindo a ideia de que o campo não é mais um
bom lugar ou que é lugar de jecas”, diz o engenheiro agrô nomo Adilson Gumieiro, o Maguila,
que nã o foi sem terra, mas optou por viver no assentamento. [...]

CARVALHO, Luiz de. Vitó ria, um territó rio onde dividir dá certo. O Diário, 28 dez. 2014. Disponível em:
<http://blogs.odiario.com/luizdecarvalho/2014/12/28/vitoria-um-territorio-onde-dividir-da-certo/>. Acesso em: 21 mar. 2016.

PARA ELABORAR

1. De que tipo de agricultura trata o texto? Qual é o principal destino dos gêneros produzidos?

2. Explique como sã o organizadas a distribuiçã o de terras e a produçã o nesse assentamento.


Pá gina 154

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Qual é a principal característica do Brasil no que se refere a sua estrutura fundiá ria? Como
essa característica se consolidou?

2. O que foi a Lei de Terras de 1850 e qual sua importâ ncia para a manutençã o da estrutura
agrá ria brasileira?

3. O que é latifú ndio? Podemos dizer que toda grande propriedade é um latifú ndio? Explique.

4. Qual foi o principal marco na estrutura agrá ria brasileira nas ú ltimas décadas?

5. Qual foi a característica da expansã o da fronteira agrícola no período colonial e no período


atual?

Lendo mapas e gráficos

6. Reú na-se com um colega e observem o mapa abaixo, que mostra, entre outras informaçõ es,
alguns riscos ambientais decorrentes de atividades antró picas no territó rio brasileiro.

Compare-o com o mapa de intensidade de ocupaçã o pela agropecuá ria da pá gina 149 e
respondam à s questõ es a seguir.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 123.

a) Em que regiõ es brasileiras há mais á reas onde ocorre a intensificaçã o dos processos
erosivos?
b) Que relaçã o é possível estabelecer entre a atividade agropecuá ria e a intensificaçã o dos
processos erosivos? Justifique sua resposta.
c) Pesquisem em livros e em sites da internet as causas do processo de desertificaçã o e
arenizaçã o. Escrevam suas conclusõ es no caderno.

7. Analise o grá fico abaixo e responda à s questõ es.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Moratória da soja: 7º ano do mapeamento e monitoramento do plantio de soja no bioma Amazô nia. Abiove.
Disponível em: <http://www.abiove.org.br/site/_FILES/Portugues/12122014-105447-
19.11.2014._relatorio_da_moratoria_da_soja_-_7º_ano.pdf> Acesso em: 10 nov. 2015.

Os nú meros das barras referem-se à á rea desmatada da Amazô nia, em hectare, ocupada pelo cultivo da soja.

a) Quais anos registram a maior taxa de á rea plantada com soja em desflorestamento?
b) A soja é amplamente cultivada no país. Quais biomas sofrem os impactos desse intenso
cultivo?

8. O mapa a seguir traz informaçõ es sobre a produçã o de feijã o em unidades federativas do


Brasil. Analise-o identificando a distribuiçã o dessa produçã o no Brasil. Escreva uma síntese
com suas conclusõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. Sã o Paulo: Moderna, 2013. p. 144.
Pá gina 155

Interpretando textos e imagens

9. Observe a foto 1, que mostra a produçã o agrícola em uma pequena propriedade, e a foto 2,
que representa a produçã o em uma grande propriedade. Em seguida, faça o que se pede.

João Prudente/Pulsar Imagens

Cultivo de hortaliças em Santa Bá rbara (MG). Foto de 2014.

Thomaz Vita Neto/Pulsar Imagens

Plantio de milho em Chapadã o do Sul (MS). Foto de 2014.

a) Descreva as fotos 1 e 2, estabelecendo, para cada uma delas, hipó teses sobre a finalidade da
produçã o, o tipo de mã o de obra empregada e o grau de mecanizaçã o empregado na produçã o.
b) Quais sã o as principais diferenças entre as imagens 1 e 2 do ponto de vista da capacidade
produtiva?

10. Leia o texto a seguir, publicado por ocasiã o dos Primeiros Jogos Mundiais Indígenas. Em
seguida, responda à s questõ es.

[…] Por que os envolvidos estã o considerando o evento “uma grande conquista dos povos
indígenas?” [...]
No modelo adotado, os povos tradicionais aparecem como empecilho para o avanço econô mico do
país, como se este crescimento estivesse destinado a toda populaçã o brasileira. Este crescimento,
no entanto, refere-se ao desenvolvimento do latifú ndio e da exploraçã o de minério; está , portanto,
circunscrito a poucas pessoas que já detêm poder econô mico. […]

O Brasil pode ter demarcado larga extensã o de terra na Amazô nia, mas isso nã o corresponde à
maior parte da demanda por terra dos povos indígenas; mais de ⅔ das terras reivindicadas
continuam sem uma soluçã o ou com o procedimento demarcató rio suspenso.

BRITO, Andrey; HILGERT, Carol. “Em 2015, somos todos indígenas” ou genocidas? O Sabiá, 4 set. 2015. Disponível em:
<http://jornalggn.com.br/noticia/o-descaso-com-os-jogos-mundiais-dos-povos-indigenas>. Acesso em: 17 abr. 2016.

a) Qual é a principal reivindicaçã o dos povos indígenas expressa nessa declaraçã o?


b) A que pode ser atribuído o conflito entre os povos indígenas e os grandes fazendeiros?

11. Leia o texto a seguir e responda à s questõ es.

[…] A produçã o de alimentos orgâ nicos no sistema de agroflorestas vem ganhando destaque entre
produtores rurais e pode ser mais vantajoso a longo prazo. Segundo o extensionista rural da
Empresa de Assistência Técnica e Extensã o Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Rafael Lima de
Medeiros, a agrofloresta é um ambiente mais equilibrado do ponto de vista bioló gico e também um
sistema mais vantajoso para o agricultor, que sempre vai ter lucro com alguma colheita da á rea.

Para produzir alimentos orgâ nicos nã o é permitido ao agricultor o uso de fertilizantes sintéticos,
agrotó xicos e transgênicos na lavoura, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuá ria e
Abastecimento. E mais que isso, o processo de produçã o deve respeitar as relaçõ es sociais e
culturais e seguir os princípios agroecoló gicos, com o uso sustentá vel dos recursos naturais.

[...] As verduras, frutas e madeiras de lei estã o plantadas juntas, em consó rcio, e, segundo Silvia
[produtora rural], a biodiversidade é tã o grande que evita muitas pragas e dá mais saú de para os
vegetais. No terreno crescem, entre outras plantas, a hortelã , que afasta os insetos, e o feijã o-
guandú , capaz de fixar o nitrogênio no solo.

VERDÉLIO, Andreia. Sistema de agroflorestas é mais vantajoso na produçã o de orgânicos. Agência Brasil, 25 maio 2015. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-05/sistema-deagroflorestas-e-mais-vantajoso-na-producao-de-organicos>.
Acesso em: 21 mar. 2016.

a) Por que a produçã o de orgâ nicos em sistemas de agrofloresta é mais vantajoso a longo
prazo?
b) Podemos afirmar que a produçã o de alimentos orgâ nicos no sistema de agroflorestas busca
não prejudicar o meio ambiente? Por quê?
Pá gina 156

CAPÍTULO 12 O campo e o acesso à terra

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Características do meio rural nacional.
Coronelismo no Brasil.
Reforma agrá ria e lutas no campo.
As novas atividades rurais brasileiras.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

A fruticultura irrigada no sertã o nordestino se desenvolve com altos padrõ es de inovaçã o tecnoló gica para produzir
frutas de grande qualidade e valor para os mercados interno e externo. Colheita de uva no vale do rio Sã o Francisco,
Petrolina (PE). Foto de 2015.

Nas atividades rurais desenvolvidas atualmente no Brasil, é bastante clara a contradiçã o entre o sucesso do
agronegó cio e a desigualdade social no campo. O agronegó cio brasileiro vem se mostrando como um dos mais
desenvolvidos e competitivos do mundo, porém emprega cada vez menos trabalhadores.

A organizaçã o socioespacial do campo, como foi visto no capítulo anterior, estabeleceu-se com base nas
desigualdades de uso, ocupação e distribuição de terras. Um dos contrastes notá veis no Brasil é a presença da
agricultura moderna ao lado da agricultura tradicional (de baixo uso de insumos). O alto grau de tecnologia e
de inovaçõ es técnicas em algumas propriedades contrapõ e-se à precariedade e à falta de recursos em outras.

Podem ser destacados, porém, avanços ligados aos aspectos sociais: as experiências de sucesso em
assentamentos, o crescimento da agropecuá ria orgâ nica, as melhorias na á rea de educaçã o e na valorização da
cultura no campo. Há ainda os trabalhadores rurais sem terra, que se organizam em movimentos sociais em
busca de melhores condiçõ es de vida, e comunidades quilombolas, que praticam agricultura de subsistência.

Vale observar ainda o difícil acesso à rede de saneamento bá sico e as relaçõ es ilegais de trabalho. Situaçã o
especialmente grave é, em muitas regiõ es do país, a permanência do trabalho escravo e semiescravo, seja na
á rea urbana, seja na rural.

Navegue
Incra
Neste portal, do Instituto Nacional de Colonizaçã o e Reforma Agrá ria, há legislaçã o e dados oficiais a respeito da
reestruturaçã o do campo no Brasil. Disponível em: <http://linkte.me/incra>. Acesso em: 1º nov. 2015.

Observe a fotografia acima e responda à s questõ es.

1. As condiçõ es climá ticas locais sã o fatores que impedem o cultivo de produtos que exigem maior quantidade
de á gua? Justifique sua resposta.

2. Quais sã o as estratégias existentes na Regiã o Nordeste para captação de á gua destinada à pecuá ria e à
agricultura? Quais soluçõ es poderiam ser implementadas para beneficiar a populaçã o local?
Pá gina 157

Relações de poder no campo: coronelismo

O conhecimento acerca das relaçõ es de poder no campo permite compreender a dificuldade de


implementaçã o de mudanças na estrutura fundiá ria do país. O poder agrá rio é marcante na
vida política nacional. Mesmo apó s a Independência e a Proclamaçã o da Repú blica, os
proprietá rios de terra muitas vezes exerceram um poder paralelo ao poder do Estado. Para
isso, relembramos que a Lei de Terras – de 1850 até o Estatuto da Terra em 1965 – assegurou
e legitimou a propriedade de terras, especialmente dos latifundiá rios.

Na Repú blica Velha (1889-1930), mais de três quartos da populaçã o viviam no campo, em sua
maioria nas terras dos fazendeiros. Em época de eleiçã o, as pessoas, por gratidã o, pressã o
política ou até mesmo violência, eram levadas a votar nos candidatos indicados pelo coronel da
regiã o.

Esse tipo de relaçã o, conhecido como coronelismo, perdura até hoje. O coronelismo
caracteriza-se pela associaçã o direta entre a propriedade das terras e o poder político e pela
garantia de privilégios aos coronéis, como a construçã o de açudes em propriedades privadas
com mã o de obra e recursos pú blicos e o controle sobre serviços de saú de e transportes.

A rede de clientelismo (prestaçã o de favores políticos em troca de votos) atinge as esferas


estadual e federal. Deputados eleitos com a ajuda dos coronéis apresentam pedidos de verbas
do orçamento para realizar melhorias em suas á reas de atuaçã o. Assim, serviços pú blicos
gratuitos, de obrigaçã o do Estado, sã o apresentados como se fossem presentes obtidos pelo
prestígio pessoal do coronel, o padrinho.

Divulgaçã o/Ministério Pú blico Federal

Cartaz de campanha do Ministério Pú blico Federal realizada em 2012. Embora muitos redutos tradicionais do
coronelismo tenham perdido força, esse tipo de relaçã o social ainda é comum.

Leia
Terras do sem-fim, de Jorge Amado. Sã o Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Originalmente publicado em 1943, o livro narra a formaçã o da zona do cacau na Bahia e faz uma crítica ao coronelismo na
regiã o.

GEOGRAFIA E LITERATURA

O coronelismo em Fogo morto


José Lins do Rego viveu entre 1901 e 1957, e foi um importante escritor da literatura regionalista
no Brasil. Suas obras tratam especialmente da sociedade rural nordestina, ambiente no qual o
escritor foi criado. Na obra Fogo morto, Lins do Rego aborda a decadência dos engenhos de açú car.
No trecho reproduzido a seguir, o seleiro (artesã o de selas) José Amaro, morador das terras do
coronel Lula, é chamado pelo coronel para ser expulso da propriedade:

[...] – Coronel, eu não sou homem de leva e traz. Moro neste teu engenho desde o tempo do
capitã o Tomá s e nunca dei desgosto. […]

– Hein, mestre José Amaro, quem manda neste engenho?

– Coronel, eu já disse.

Uma raiva de tudo foi se apoderando do seleiro. Já não podia aguentar mais aquelas perguntas
bobas. […]

– Hein, mestre José Amaro, o seu pai matou em Goiana, nã o é verdade, hein, mestre José
Amaro? Eu não quero assassino no meu engenho. Nã o é, Amélia? Pode procurar outro
engenho, mestre José Amaro. Hein, mestre José Amaro, ouviu? Procure outro engenho.

Aquilo foi como uma bofetada na cara. O mestre deu dois passos para trá s, estava com os olhos
esbugalhados, com um nó na garganta. E quando pô de falar, nã o via ninguém na sua frente, via
só a luz do sol faiscar na parede branca da casa.

– Nã o sou cachorro, coronel Lula. Nã o sou cachorro.

E fez mençã o de subir os batentes. O velho gritou lá de cima:

– Hein, nã o ponha os pés nesta casa. [...]

REGO, José Lins do. Fogo morto. Sã o Paulo: Klick, 1997. p. 109-110.

Reminiscências/Acervo Iconographia

Propaganda política da década de 1920 contrá ria à compra de votos.

1. Caracterize a postura do coronel perante o seleiro. De que forma tal postura exemplifica o
coronelismo brasileiro?
Pá gina 158

A reforma agrária e as lutas sociais no campo

Pode-se definir reforma agrá ria como uma mudança na estrutura da propriedade da terra em
determinado local. O tema foi incluído na Constituiçã o brasileira, em 1988, garantindo o direito
à terra e a desapropriaçã o dos latifú ndios improdutivos para fins de reforma agrá ria. No
entanto, as divergências sobre a forma como a terra deve ser distribuída e sobre as
propriedades que podem ser desapropriadas para esse fim têm gerado inú meros conflitos de
interesse e violência no campo.

Em linhas gerais, pode-se considerar a reforma agrá ria a partir de dois pontos de vista. O
primeiro, mais distributivo, tem como objetivo o aumento do número de propriedades e
proprietá rios rurais. O segundo considera a eficiência dos métodos de produçã o e o aumento
da produtividade.

Os modelos de distribuiçã o variam desde a coletivizaçã o do uso da terra e a organizaçã o em


cooperativas até a posse comercial do terreno, em que predominam as leis de mercado
praticamente sem intervençã o do Estado. O jogo de forças entre os defensores de cada
proposta forma o contexto das lutas no campo no Brasil.

A luta pelo acesso à terra


No Brasil, os movimentos pelo acesso à terra existem desde a promulgaçã o da Lei de Terras,
em 1850. Antes disso, a forma mais utilizada para o acesso à terra era a posse. O fim da
escravidã o e a lei que determinava que a posse só seria dada a quem pagasse pelo terreno
levaram a inú meros conflitos envolvendo os grandes proprietá rios, o governo, os ex-
escravizados e os posseiros destituídos de suas terras. Exemplos de resistência e luta
camponesa estã o presentes em movimentos como a Guerra de Canudos (1893), no interior da
Bahia, e a Guerra do Contestado (1908), na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, nas quais
milhares de camponeses se agruparam para defender suas terras e organizar resistências.

As ligas camponesas e o MST


Por volta de 1945, começaram a se organizar as Ligas Camponesas, que lutavam por uma
reforma agrá ria ampla. A estratégia utilizada foi a ocupaçã o de terras. Esse movimento durou
décadas, até ser violentamente reprimido e extinto apó s o golpe militar, em 1964.

A redemocratizaçã o e as discussõ es da nova Constituiçã o, na década de 1980, possibilitaram a


reorganizaçã o dos movimentos sociais que reivindicam o acesso à terra. O principal
movimento de luta pela reforma agrá ria no Brasil é o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST). Uma vertente progressista da Igreja cató lica, a Teologia da Libertação, e
alguns partidos políticos foram os principais fomentadores do MST.

Teologia da Libertação: corrente teoló gica que defende uma sociedade mais igualitá ria, participativa e justa, na qual a fé
cristã deve voltar-se para a libertaçã o e o fim da opressã o e da exclusã o social.

Assista
Jenipapo. Direçã o de Monique Gardenberg, Brasil, 1995, 100 min.
O filme relata a histó ria de um jornalista que deseja uma entrevista com um padre defensor da reforma agrá ria e das lutas
dos sem-terra do Nordeste.
Conflitos com oligarquias e latifundiá rios, que detêm o controle das terras e do poder político,
resultaram em grande nú mero de mortes. As principais á reas de conflito estã o em fronteiras
agrícolas, principalmente em Mato Grosso e Tocantins.

Oligarquia: grupo formado por poucas pessoas que exerce domínio econô mico, social, cultural e político em uma á rea.

Atualmente, a luta dos movimentos sociais no campo é pela aceleraçã o do processo de reforma
agrá ria e pela ampliaçã o dos benefícios aos assentados, como assistência técnica e crédito
agrícola. Além da luta pela posse da terra, esses movimentos criam propostas de educaçã o e de
participaçã o social para os moradores do campo e para os assentados.

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Festa de comemoraçã o de um ano da entrega dos lotes no assentamento Eli Vive, Londrina (PR). Foto de 2015.

SAIBA MAIS

Terra pela liberdade

Na histó ria do Brasil, a luta pela terra esteve profundamente ligada à luta pela liberdade. Isso pode
ser reconhecido entre os indígenas – que já na época colonial ofereceram resistência à tomada de
suas terras pelos portugueses – e entre os negros, que se organizaram em milhares de quilombos
no territó rio brasileiro. Nos dias atuais, indígenas e remanescentes quilombolas ainda travam lutas
em defesa de suas terras.
Pá gina 159

O “novo rural” brasileiro

A partir de meados da década de 1980, começaram a ganhar importâ ncia atividades que até
entã o eram dispersas e estavam decadentes e sem competitividade no campo.

Atividades de lazer e pequenos negó cios foram transformados em novas oportunidades de


emprego e de renda. A piscicultura, a criaçã o de pequenos animais, a fruticultura de mesa, o
plantio de flores e o turismo rural sã o exemplos dessas atividades que deram nova dinâ mica ao
mundo rural.

Convencionou-se chamar essa nova configuraçã o de “novo rural”. Também é usado o conceito
de pluriatividade para denominar a diversificaçã o das atividades produtivas dentro da mesma
á rea ou da mesma propriedade rural.

Navegue
Ministério da Agricultura
O portal do Ministé rio da Agricultura, Pecuá ria e Abastecimento conté m informaçõ es variadas sobre atividades
agropecuá rias e estatísticas de produçã o. Disponível em: <http://linkte.me/agri>. Acesso em: 2 nov. 2015.

O “novo rural” pode ser dividido em dois grandes grupos de atividades:

• Novas atividades agropecuárias: destacam-se a criaçã o de pequenos animais e a plantaçã o


de flores, frutas e hortaliças. Aproveitando a existência de nichos de mercado, essas novas
atividades, como a hidroponia e a agricultura orgâ nica, introduziram e intensificaram
algumas mudanças nas formas de produzir. A produçã o orgâ nica, voltada para um mercado
mais exigente e que busca consumir produtos mais saudá veis, foi uma importante alternativa
para as pequenas propriedades.

Hidroponia: té cnica de cultivo que dispensa a terra como substrato e utiliza uma soluçã o com nutrientes para promover o
desenvolvimento dos vegetais.

• Atividades rurais não agrícolas: consistem nas atividades ligadas à moradia, à prestaçã o de
serviços, ao lazer e a uma série de atividades industriais. Um exemplo disso sã o as construçõ es
rurais, seja de casas de luxo, como segunda moradia das populaçõ es de mais alta renda em
chá caras e sítios de lazer, seja de casas populares para as populaçõ es de baixa renda, que
buscam no meio rural uma forma mais barata de obter moradia. Podemos citar ainda as
atividades agroindustriais derivadas do processamento de produtos agrícolas, como a
fabricaçã o de doces e geleias, açú car mascavo, aguardente, etc. Essas atividades levam ao
surgimento de outras, como os serviços de embalagem e transporte de produtos agrícolas, e
sã o frequentemente feitas no meio rural.

No campo, percebe-se que o uso e a ocupaçã o do solo, as novas atividades que surgem, os
tamanhos das propriedades, o agronegó cio e a agricultura familiar, a destruiçã o do meio
ambiente e as alternativas sustentá veis revelam fortes contrastes.
Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

Plantaçã o de crisâ ntemos em estufa em Sã o José do Vale do Rio Preto (RJ). Foto de 2014.

AÇÃO E CIDADANIA

Sistema agroflorestal

De acordo com o Estatuto da Terra, uma das premissas para a reforma agrá ria é a promoçã o de um
desenvolvimento rural justo e sustentá vel. Experiência bem-sucedida no campo é o modelo de
agricultura sustentá vel da agrofloresta.

1. Em grupos, pesquisem quais sã o os tipos de alimentos produzidos em sistemas agroflorestais no


Brasil, as alternativas ao uso de agrotó xicos e informaçõ es sobre a cadeia produtiva. Façam um
levantamento de mercados que sã o abastecidos por esses produtos orgâ nicos na regiã o onde vocês
vivem.

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Cultivo agroflorestal em Una (BA). Foto de 2013.


Pá gina 160

Presença da África
Quilombolas: direito à terra e respeito ao modo de
vida
Um quilombo representa a base para a sobrevivência física e cultural, o enraizamento social
das pessoas que dele fazem parte em um territó rio, e deve ser reconhecido pela sociedade
como um patrimô nio da cultura nacional. A presença de vá rios quilombos em todo o país
ilustra algumas conquistas. A pró pria Constituiçã o de 1988 estabelece que:

Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

BRASIL. Constituição, 1988. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/constituicao-federal>. Acesso em: 13 dez. 2015.

Sã o atribuiçõ es do Instituto Nacional de Colonizaçã o e Reforma Agrá ria (Incra) o


reconhecimento, a demarcaçã o e a titulaçã o das terras quilombolas. Esse é o primeiro passo
para a estabilizaçã o dessas comunidades.

No entanto, muitas terras quilombolas sã o alvo de empresas extrativistas ou do agronegó cio


que justificam a expropriaçã o dessas á reas em nome do progresso, da modernidade e do
crescimento da economia nacional. É bastante difundida a visã o de que apenas formas
“modernas” de propriedade e de exploraçã o do solo seriam capazes de produzir
comercialmente, estas representariam o progresso; as comunidades quilombolas, o atraso.

O modelo familiar de produçã o é vitimado pelo preconceito, sendo em geral associado a baixos
rendimentos, baixa produtividade e agricultura de subsistência.

Esse tipo de reflexã o tende a conduzir a opiniã o pú blica a apoiar o favorecimento da grande
propriedade, na ilusã o de que assim seriam ampliados a produçã o, o uso de técnicas
avançadas, os rendimentos, os empregos rurais, ao mesmo tempo barateando os alimentos.

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

O modelo produtivo encontrado em muitas comunidades quilombolas é o da agricultura familiar de subsistência. Na


foto, uma mulher quilombola prepara o beiju, feito a partir da mandioca, no Quilombo Maria Romana, Cabo Frio (RJ).
Foto de 2015.

Propriedade coletiva e identidade cultural


A lei assegura a propriedade da terra à s comunidades e nã o a indivíduos isolados. O direito à
terra é compreendido como a conclusã o do processo inacabado de aboliçã o da escravidã o,
como reparaçã o de uma dívida histó rica existente. É conferido por ser a comunidade
remanescente, isto é, por ter-se originado de um quilombo e ter mantido traços culturais ainda
identificá veis dessa origem. Por isso, o título da propriedade somente pode ser coletivo e
indivisível, o que diferencia da ideia de propriedade individual.

A preservaçã o das formas de organizaçã o social das comunidades remanescentes de


quilombos, assim como das terras indígenas, é importante para toda a sociedade brasileira.
Essas formas de organizaçã o sã o concepçõ es, interpretaçõ es e maneiras de lidar com a
natureza diferentes do padrã o “moderno”. Podem mostrar outras maneiras de ser e apontar
caminhos possíveis de mudança, quando for necessá rio.

O respeito à diferença de costumes, à pluralidade de culturas, à diversidade de valores é um


aspecto considerado essencial em nossos dias para a prá tica democrá tica, sendo reafirmado
pela Constituiçã o brasileira.

Nã o só a ideia de uso comum da terra caracteriza os membros das comunidades quilombolas


atuais. Eles partilham muitos outros conhecimentos e prá ticas que os tornam portadores de
uma cultura pró pria, que ainda guarda muitas influências de usos e costumes africanos.
Conforme comenta dona Luzia, da comunidade quilombola de Santa Luzia do Norte (Alagoas),
na qual nã o raramente os idosos alcançam um século de vida:

Minha mã e, Maria Rosa, ganhou uma medalha da mulher mais velha de Santa Luzia, ela morreu
com 104 anos. Meu pai, Manuel Livino, e por isso me chamam Luzia do Livino, morreu com 118
anos. […] Hoje em dia tem muito remédio, esses médicos nã o sabem de nada, dã o remédio e a
doença volta, antigamente gripe era hortelã batida e alho, e sempre comer direito. Veja só ,
antes, menino que ficava doente a gente fazia o seguinte: queimava a roupa que ele estava
vestido e defumava o menino, depois dava um pouco das cinzas com á gua morna pra ele beber
e pronto, estava curado.

CABRAL, Marcelo. O Quilombo do Norte e a fonte da juventude. Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/o-quilombo-


do-norte-e-a-fonteda-juventude>. Acesso em: 4 nov. 2015.

Ainda que reconheçam aspectos positivos na forma como vivem os não quilombolas, dona
Luzia e a grande maioria dos integrantes das comunidades ainda hoje existentes nã o querem
viver como eles.
Pá gina 161

Nã o querem abrir mã o das suas crenças religiosas, das suas concepçõ es de família, vizinhança
e solidariedade, do seu jeito de se divertir, de educar seus filhos ou de enterrar os mortos.
Querem melhorar as condiçõ es em que vivem, mas nã o querem deixar de ser quem sã o.

Nã o é uma tarefa simples, pois sua existência entra em conflito não apenas com os grandes
proprietá rios rurais, mas com a crença de que seu modo de vida pertence ao passado.
Atualmente, estima-se existir cerca de 3 mil comunidades espalhadas por todo o Brasil. Destas,
mais de 2 mil já foram reconhecidas pelo governo. O título legal é o primeiro passo para
garantir a sua sobrevivência. Muitas outras estratégias, entretanto, precisarã o ser usadas.
Talvez a mais importante seja tornarem conhecidas a sua existência e a sua importâ ncia para o
século XXI.

Até 2015, os estados brasileiros com maior nú mero de comunidades quilombolas tituladas
eram Pará (58), Maranhã o (55), Bahia (17) e Sã o Paulo (6).

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 127.

Assista
Na beira do Ribeira. Direçã o de Sergio Roizenblit, Brasil, 2006, 26 min.
O documentá rio mostra prá ticas autossustentá veis que possibilitam novas formas de sobrevivê ncia cultural e econô mica.
Quilombos vivos. Direçã o de Denise Monson, Brasil, 2006, 52 min.
O documentá rio faz parte do projeto Quilombos Vivos e realiza uma viagem pelas comunidades quilombolas paulistas.
Sementes da memória. Direçã o de Paulo Carrano, Brasil, 2006, 46 min.
O filme faz parte do projeto Prá ticas Educativas em Comunidades Tradicionais, da Universidade Federal Fluminense. Apó s
oficina com o grupo da universidade, os quilombolas do Oriximiná , no Pará , pegam as câ meras e retratam a pró pria
realidade.
Leia
Cidadania em preto e branco, de Maria Aparecida S. Bento. 4. ed. Sã o Paulo: Á tica, 2006.
O livro estimula o leitor à reflexã o sobre os problemas é tnicos brasileiros e sobre os fatos histó ricos relacionados à s
chamadas “teorias raciais”.
O racismo na história do Brasil: mito e realidade, de Maria Luiza Tucci Carneiro. 8. ed. Sã o Paulo: Á tica, 1998.
O livro reconstitui em nossa histó ria – do período colonial até os dias atuais – as marcas da discriminaçã o racial brasileira,
abordando aspectos sociais, culturais e políticos.

Navegue
Comissão Pró-Índio de São Paulo – Comunidades Quilombolas
A CPI-SP é uma organizaçã o nã o governamental, fundada em 1978 por antropó logos, mé dicos, advogados, jornalistas e
estudantes, que tem como objetivo a defesa dos direitos de povos indígenas e quilombolas. No site da entidade é possível
acompanhar a situaçã o dos processos de titulaçã o das propriedades de comunidades remanescentes de quilombos em todo
o país. Disponível em: <http://linkte.me/cpisp>. Acesso em: 22 mar. 2016.

Para discutir

1. O texto apresenta dois tipos de interesse na ocupaçã o de terras no Brasil: o lucro privado e o
interesse comunitá rio coletivo. Organizem-se em grupos e levantem argumentos favorá veis e
contrá rios a cada uma das duas formas de uso da terra. Concluída essa etapa, a classe deverá se
dividir em dois grupos para um debate: os favorá veis e os contrá rios ao uso individual e ao uso
coletivo da terra. Encerrado o debate, escreva no caderno um texto com suas pró prias
conclusõ es.
Pá gina 162

Mundo Hoje
Trabalhadoras rurais protestam por políticas públicas
e mais educação
Milhares de trabalhadoras rurais participaram da Marcha das Margaridas em Brasília [agosto
de 2015]. As mulheres se reuniram nas ruas da capital federal para protestar por mais
educaçã o e políticas pú blicas para o campo.

Trabalhadoras rurais e pequenas agricultoras se concentraram no Está dio Nacional. […]

Elas cercaram o gramado da Câ mara e do Senado para protestar contra a falta de incentivos à
agricultura familiar. “As mulheres do campo sã o mais discriminadas do que as da cidade.
Temos que ter agricultura familiar, temos que dar condiçõ es pra que elas também tenham
condiçõ es de viver bem no campo”, diz Susineide de Medeiros, presidente do Sindicato dos
Bancá rios de Pernambuco.

Essa é a quinta ediçã o da marcha, que acontece a cada dois anos em Brasília, sempre no dia 12
de agosto. A data marca o assassinato, em 1983, de Margarida Maria Alves, presidente de um
sindicato de trabalhadores na Paraíba. O tiro foi disparado por um dono de terras naquele
estado. Neste ano [2015], a marcha pediu o combate à violência contra a mulher e incentivos à
produçã o da agroecologia.

“Quem garante a diversidade na mesa das pessoas é a agricultura familiar, é a produçã o das
mulheres e nó s viemos à s ruas exigindo mais fortalecimento com mais sustentabilidade para o
campo”, diz Alessandra Luna, [da] Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag.

No começo da tarde da terça-feira (12) o Congresso fez uma sessã o especial em homenagem à s
margaridas. “Nó s queremos um país que avance nos direitos, que garanta a democracia e que
garanta o direito nosso de virmos aqui nesse espaço e fazermos as denú ncias necessá rias para
garantir vida digna para todas e todos os trabalhadores do nosso país”, diz Carmen Foro, vice-
presidente da CUT.

De volta ao Está dio Nacional as margaridas se encontraram com a presidente Dilma Rousseff.
No encontro, as trabalhadoras rurais entregaram um documento com todas as reivindicaçõ es
da marcha que serã o analisadas uma a uma pelo governo. […]

MARSOLA, Flá via. G1, 13 ago. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/hora1/noticia/2015/08/trabalhadoras-rurais-protestam-


por-politicas-publicas-e-maiseducacao.html>. Acesso em: 3 nov. 2015.
Charles Sholl/Futura Press

Na foto, passeata da Marcha das Margaridas realizada em 12 de agosto de 2015, em Brasília (DF). O evento reú ne
trabalhadoras rurais do Brasil e de outros países latino-americanos. Na ocasiã o, as participantes apresentaram
reivindicaçõ es em favor da reforma agrá ria, da igualdade de direitos entre homens e mulheres, além de defender
práticas agroecoló gicas e sustentá veis no campo.

PARA ELABORAR

1. Você conhece outros exemplos de participaçã o das mulheres em lutas sociais no campo?
Discuta com os colegas e escrevam um texto coletivo sobre a importâ ncia do aumento da
participaçã o das mulheres nessas lutas sociais.
Pá gina 163

Informe
A compreensão sobre o rural no Brasil
Desde o final dos anos 1970, a multiplicaçã o dos conflitos por terra, as lutas por melhores
preços para produtos agrícolas, por direitos previdenciá rios, pelo reconhecimento de grupos
específicos revelaram facetas de um rural até entã o pouco conhecido: sem-terra, seringueiros,
posseiros, atingidos por barragens, pequenos agricultores, quilombolas, povos indígenas, entre
outros, vieram à cena pú blica, mostraram-se como atores que recusavam os efeitos perversos
do processo de modernizaçã o da agricultura sobre seus modos de vida e trouxeram demandas
que, em seu conjunto e em suas especificidades, abriram possibilidades de afirmaçã o de outra
concepçã o de rural.

No final dos anos 1980 começou a ser mais claramente verbalizada a ideia de um novo modelo
de desenvolvimento rural com base na agricultura familiar, refletindo o incipiente
protagonismo político dessa categoria bastante diversificada internamente. [...]

Ao longo dos ú ltimos anos, diversos autores atualizaram e problematizaram a forma como o
rural vinha sendo concebido, e entraram na ordem do dia: o cruzamento da questã o agrícola
com a ambiental; a discussã o sobre o que é ser moderno; reflexõ es sobre a importâ ncia da
produçã o de alimentos mais saudá veis, sem altas doses de insumos químicos; a defesa da
soberania alimentar; a qualidade de educaçã o, habitaçã o, saú de, infraestrutura disponível no
campo. Iniciou-se, assim, um processo lento, mas significativo, de ressignificaçã o do rural, que
pouco a pouco começou a deixar de ser visto como residual e trouxe para a pauta política
demandas de melhoria das condiçõ es de quem lá permanecia, sem destruir modos tradicionais
de vida e organizaçã o.

[...] Os anos 1980 e principalmente 1990 foram períodos de grande mobilizaçã o no campo. A
literatura tem dado grande destaque à s ocupaçõ es de terra, à luta pela reforma agrá ria e ao
papel do MST, mas tende a obscurecer um segmento fundamental, que teve um papel decisivo
na ressignificaçã o do rural: os agricultores familiares. Desde o início dos anos 1990, vinha se
desenhando no interior das organizaçõ es sindicais [...] propostas de desenvolvimento com
base na agricultura familiar, deixando de reivindicar apenas políticas de crédito. Suas
demandas [...] redundaram quer no reconhecimento legal da categoria “agricultor familiar”,
quer na definiçã o de uma série de políticas pú blicas que vêm colocando em destaque o lugar
do rural e redesenhando seu significado: políticas de crédito, educaçã o, habitaçã o, saú de
(inclusive com a valorizaçã o das formas de medicina tradicionais). [...]

Uma política de educaçã o do campo, capaz de valorizar as dimensõ es culturais e de vida das
á reas rurais, tem sido uma importante demanda dos movimentos sociais nas duas ú ltimas
décadas. Iniciada com a criaçã o de escolas em assentamentos rurais, apresentada pelo MST,
desdobrou-se, em 1998, na Articulaçã o Nacional por uma Educaçã o do Campo [...]. O suposto é
a superaçã o do antagonismo entre cidade e campo, que passaram a ser vistos como
complementares e de igual valor, embora com tempos e modos diferentes de ser, viver e
produzir. A proposta contraria, pois, a pretensa superioridade do urbano sobre o rural e
admite variados modelos de organizaçã o de educaçã o e de escola [...].

MEDEIROS, Leonilde Servolo de et al. Rural e urbano no Brasil: marcos legais e estratégias políticas. Contemporânea, v. 4, n. 1, p. 118-
129, jan./jun. 2014. Disponível em: <http://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/download/195/99>.
Acesso em: 22 mar. 2016.
Zanone Fraissat/Folhapress

O aumento recente de atividades produtivas agrícolas nas cidades torna mais complexa a distinçã o entre o espaço
rural e o urbano. Horta comunitá ria em Sã o Paulo (SP). Foto de 2015.

PARA DISCUTIR

1. Quais mudanças ocorridas no campo, nas ú ltimas décadas, contribuíram para a


transformaçã o do que se entende por “rural” no Brasil?

2. O texto reconhece a agricultura familiar como uma “categoria bastante diversificada


internamente”. Reú na-se com um colega e, juntos, façam uma pesquisa sobre esse tipo de
produçã o e indiquem quais grupos compõ em a agricultura familiar no país. Como essa
classificaçã o se relaciona aos movimentos sociais no campo?
Pá gina 164

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Quais sã o as principais contradiçõ es existentes no meio rural brasileiro?

2. O que é coronelismo?

3. Quais sã o as características das lutas sociais no campo brasileiro?

4. Quais sã o as principais demandas dos movimentos sociais no campo?

5. Como podemos classificar o “novo rural” brasileiro?

6. O que sã o atividades rurais nã o agrícolas? Dê exemplos.

Lendo gráficos

7. Analise os grá ficos e responda à s questõ es.

Setup Bureau/ID/BR

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: Incra. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/sites/default/files/uploads/reforma-agraria/questao-


agraria/reformaagraria/area_reforma_agraria_serie_historica_incra_mar_2014_0.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2015.
a) Em quais anos o nú mero de famílias assentadas foi menor? Em quais anos foi maior?
b) Observando o grá fico 1, é possível perceber alguma tendência no nú mero de famílias
assentadas?
c) De acordo com o grá fico 2, em quais anos a á rea destinada à reforma agrá ria foi maior?
d) Compare os dois grá ficos. É possível observar algum período em que a evoluçã o do nú mero
de famílias assentadas corresponde à evoluçã o da á rea destinada à reforma agrá ria?

8. Observe o grá fico a seguir e responda.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Comissã o Pastoral da Terra. Conflitos no Campo: Brasil 2014. Disponível em:
<http://www.cptnacional.org.br/index.php/component/jdownloads/finish/43-conflitos-no-campo-brasil-publicacao/2392-
conflitosno-campo-brasil-2014?Itemid=23>. Acesso em: 11 jan. 2016.

a) Em quais estados ocorre o maior nú mero de mortes em conflitos no campo?


b) Quais sã o as possíveis razõ es para que esses estados sejam os mais violentos?

9. No campo, encontra-se o maior nú mero de pessoas em condiçõ es de trabalho aná logas à


escravidã o. Com base nos grá ficos a seguir, escreva um pequeno texto sobre o perfil do
trabalhador escravizado nos dias atuais.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Escravo, nem pensar! Disponível em: <http://escravonempensar.org.br/sobre-o-projeto/o-trabalho-escravo-no-


brasil>. Acesso em: 22 mar. 2016.
Pá gina 165

Interpretando textos e imagens

10. Leia o texto a seguir e responda à s questõ es.

Eles chegavam aos milhares em caravanas de ô nibus, dormiam em abrigos para mais de 400
pessoas, ocupavam as praças, supermercados e quadras de esporte das cidades e fizeram, por
décadas, parte da paisagem da regiã o de Ribeirã o Preto.

Mas, neste ano, os boias-frias desapareceram da mais tradicional regiã o produtora de cana-de-
açú car do país.

Nesta época do ano, era comum a chegada de ô nibus do Vale do Jequitinhonha (MG) ou de Codó e
Timbiras, no Maranhã o, com trabalhadores para o corte da cana na macrorregiã o de Ribeirã o. Mas,
com a assinatura do protocolo agroambiental entre as usinas e o Estado, em 2007, a mecanizaçã o
de cana avançou muito, levando os migrantes a abandonar a á rea.

Segundo a Pastoral do Migrante de Guariba (SP), em 2015 nã o chegou à cidade um ú nico migrante,
fato inédito em 40 anos. Na década passada, eram ao menos 15 mil ao ano. Agora, buscam outras
regiõ es para atuar na construçã o civil e na citricultura, ou ficam em seus estados.

Dos 1 200 boias-frias esperados no entorno de Guariba, no má ximo cem devem ser migrantes,
segundo o Sindicato dos Empregados Rurais da cidade. A mã o de obra total já foi de 60 mil.

Guariba é uma cidade símbolo da luta dos boias-frias, graças a um levante ocorrido em 1984 que
resultou em uma morte e iniciou mudanças nas relaçõ es trabalhistas.

"Hoje, quando ocorre, a migraçã o é espontâ nea. Ô nibus com centenas de migrantes chegando nã o
há mais, nem haverá ", disse a soció loga Maria Aparecida de Moraes Silva, que estuda essa dinâ mica
trabalhista no campo há mais de três décadas.

Dos 5,5 milhõ es de hectares com cana em Sã o Paulo, 85% foram colhidos por má quinas em 2014,
segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola). Em 2007, a mecanizaçã o alcançava 42%.

A cada 1% de aumento na colheita mecanizada, 702 postos de trabalho sã o extintos, segundo o


instituto.

TOLEDO, Marcelo. Boias-frias abandonam migraçã o para o corte da cana em Sã o Paulo. Folha de S.Paulo, 19 abr. 2015. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/216564-boias-frias-abandonammigracao-para-o-corte-da-cana-em-sao-paulo.shtml>.
Acesso em: 21 mar. 2016.

a) Discuta com os colegas quais sã o os impactos da mecanizaçã o agrícola para os trabalhadores


desse setor.
b) Ao buscar ocupaçã o em outros setores da economia, quais seriam as novas exigências para
esses trabalhadores?

11. Observe as fotografias abaixo e responda à s questõ es.


Tales Azzi/Pulsar Imagens

Turistas passeiam a cavalo em Cambará do Sul (RS). Foto de 2015.

Joá Souza/Futura Press

Cultivo de alface por hidroponia em Ilhéus (BA). Foto de 2012.

Marcos Vicentti/Folhapress

Derrubada de árvores para criaçã o de á reas para pastagem e agricultura em Rio Branco (AC). Foto de 2010.

a) Quais dessas imagens sã o representativas do “novo rural” brasileiro?


b) Quais sã o as características que podemos identificar em cada umas das imagens em relaçã o
à dependência de tecnologia e de mã o de obra?
Pá gina 166

CAPÍTULO 13 A modernização da agricultura

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


A modernizaçã o da agricultura no Brasil.
A diversidade das relaçõ es de trabalho no campo.
Agricultura familiar.
Agroindú strias e agronegó cio.

André Vazzios/ID/BR

Fonte de pesquisa: NUNES, José Luis da Silva. Agrolink. Disponível em:


<http://www.agrolink.com.br/georreferenciamento/AgriculturaPrecisao.aspx>. Acesso em: 12 nov. 2015.

A modernizaçã o da agricultura consistiu no desenvolvimento e na aplicação de novas tecnologias à atividade


agrícola. Esse processo de transformação da prá tica agrícola por influência do modelo industrial teve início no
século XIX, nos Estados Unidos, na Europa e no Japã o.

No Brasil, a incorporaçã o de técnicas agrícolas mais avançadas acompanhou o processo de transformaçã o do


país em uma sociedade urbano-industrial. À medida que a urbanizaçã o no Brasil avançava, o mercado
consumidor crescia nas cidades e surgia a preocupaçã o em aumentar a produtividade agrícola.

Tecnologias de geoprocessamento passaram a ser empregadas na elaboração de mapas de produçã o, e


produtores rurais passaram a contar com o suporte de pesquisas sobre a qualidade e as características
químicas dos solos, as especificidades de cada tipo de cultivo e a aplicaçã o da quantidade correta de insumos.
Esse tipo de agricultura, caracterizada pelo gerenciamento do cultivo a partir de informaçõ es detalhadas e com
o uso de tecnologias avançadas, é chamado de agricultura de precisão.

Geoprocessamento: conjunto de conceitos e té cnicas de processamento informatizado de informaçõ es geográ ficas.


No Brasil, o acesso a essas tecnologias ainda é muito desigual e grande parte dos agricultores nã o dispõ e de
recursos para introduzi-las em suas propriedades.

Navegue
Embrapa
O site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá ria (Embrapa) divulga informaçõ es sobre o desenvolvimento té cnico e
científico no setor agropecuá rio. Nele, você também encontra imagens do Somabrasil – sistema de monitoramento da
dinâ mica espacial da agroprecuá ria. Disponível em: <http://linkte.me/embrapa>. Acesso em: 4 nov. 2015.

Interprete o esquema acima e responda à s questõ es.

1. Quais sã o as quatro principais fases da produçã o da agricultura de precisã o?

2. Em quais fases as tecnologias de localização geográ fica auxiliam o produtor?

3. Em sua opiniã o, o uso de tecnologias é capaz de reduzir os impactos ambientais provocados pelas prá ticas
agrícolas? Explique.
Pá gina 167

A modernização da agricultura no Brasil

Com o apoio do Estado, a partir da década de 1960, foram adotadas no Brasil vá rias prá ticas
modernas, como o uso de defensivos em grande escala, de fertilizantes e de má quinas
agrícolas, resultado da adoçã o, pelo Sistema Nacional de Crédito Rural, do pacote tecnoló gico
da revoluçã o verde na agricultura. A agricultura brasileira atingiu alto grau de crescimento na
década de 1970. A Embrapa, empresa vinculada ao governo federal, desenvolve e implementa
essas inovaçõ es. Algumas características, como as descritas a seguir, marcaram esse processo.

• Na expansão agrícola foram aumentadas as á reas de produtos ligados à transformaçã o


industrial, como soja, pínus (madeira), cana e laranja.

• O alto grau de integração da modernizaçã o com os setores industriais, tanto no setor que
processa os produtos agrícolas (as agroindú strias) quanto nos que produzem insumos e
má quinas para a agricultura.

• A pesquisa científica e de inovação, que possibilitou a criaçã o de novas espécies adaptadas


à s condiçõ es brasileiras. Um exemplo disso é a soja, que passou a ser plantada em
praticamente todo o territó rio nacional. Outro exemplo é a pecuá ria, com o uso da inseminaçã o
artificial, que permite obter gado de melhor qualidade.

Nos anos de 1970, buscou-se a diminuiçã o da dependência do Brasil em relaçã o à s exportaçõ es


de café, e outros produtos agrícolas começaram a ser exportados.

A modernizaçã o agrícola nã o aconteceu igualmente em todo o territó rio nacional. No início, ela
foi mais concentrada no Sul e no Sudeste, que também concentraram alguns produtos (soja,
laranja, cana, etc.).

Essa política gerou críticas. Uma delas foi que o espaço rural brasileiro modernizou-se, mas a
estrutura fundiá ria presente desde o período colonial permaneceu inalterada. Outra crítica ao
modelo agrícola adotado no Brasil é que ele tem se caracterizado pela destruiçã o ambiental em
larga escala, nas grandes e pequenas propriedades. Muitos produtores alegam nã o ter
condiçõ es de adequarem-se à s legislaçõ es ambientais.

A falta de tratamento de resíduos na pecuá ria, o alto emprego de defensivos agrícolas e o uso
desordenado dos recursos hídricos, entre outros, sã o graves problemas para o avanço da
agricultura.

SAIBA MAIS

Revolução Verde

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as inovaçõ es químicas e tecnoló gicas obtidas
durante a guerra integraram um pacote verde, que contava com novas má quinas e implementos
agrícolas (adubos químicos, inseticidas, raçõ es, fertilizantes).

Ele foi adotado inicialmente nos Estados Unidos e, depois, foi “exportado”, sobretudo para os países
menos desenvolvidos, que aumentaram a produtividade, mas ficaram sob dependência tecnoló gica
em relaçã o aos Estados Unidos.
Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Mudas de cana-de-açú car em estufa, Goianá polis (GO). Mais de 50% da safra nacional de cana é destinada à produçã o
de etanol. Foto de 2015.

CONEXÃO

Acesso às tecnologias da informação

Com a expansã o da cobertura de internet nas á reas rurais, é possível administrar o cultivo por meio
de smartphones e tablets. Uma série de aplicativos de celulares foi desenvolvida para que,
remotamente, os produtores rurais possam obter informaçõ es sobre a aplicaçã o de herbicidas e
fertilizantes, o controle do volume de á gua, entre outros processos.

1. Nessa perspectiva, em grupos, discutam qual o impacto e a importâ ncia dos programas de
inclusã o digital para a populaçã o rural.
Pá gina 168

As relações de trabalho

A atividade agropecuá ria brasileira, nos dias de hoje, é desenvolvida basicamente por
empresas do tipo patronal (segmento altamente produtivo e eficiente), por empresas do tipo
familiar ou comercial, também eficientes e rentá veis, e pelos produtores ou camponeses que
moram nas propriedades, autossuficientes, mas com baixo rendimento. Desse contexto,
surgem vá rios tipos de relaçõ es de trabalho.

Assista
Alimentos S.A. Direçã o de Robert Kenner, Estados Unidos, 2008, 94 min.
O documentá rio investiga a cadeia de produçã o de alimentos nos Estados Unidos e revela o modo controverso como grandes
corporaçõ es alimentícias atingem elevada produtividade.

A escravidã o foi, por mais de três séculos, a principal relaçã o de trabalho no campo brasileiro,
perpassando praticamente todo o período anterior à Repú blica (até 1888).

Com a vinda do imigrante europeu em larga escala e o fim da escravidã o, a relaçã o de trabalho
que passou a ser dominante foi o colonato. Nesse sistema, o trabalhador era livre e sua
remuneraçã o era dada de duas formas: uma parte em concessã o de terras e a outra com salá rio
fixo anual (em dinheiro). Na cafeicultura paulista, por exemplo, os colonos plantavam seus
pró prios gêneros alimentícios no espaço entre os pés de café do patrã o.

Com a industrializaçã o e a modernizaçã o da agricultura, o emprego de trabalhadores


assalariados predomina no campo. Eles sã o divididos em:

• Trabalhador permanente: contratado o ano todo na propriedade.

• Trabalhador temporário: solicitado apenas nos momentos de maior demanda por mã o de


obra, como na colheita e no plantio. É também conhecido como boia-fria.

Embora sejam trabalhadores rurais, os assalariados do campo geralmente moram na periferia


das cidades. Outro tipo de relaçã o de trabalho é o sistema de parceria: o trabalhador entrega
parte de sua produçã o ao dono da terra como pagamento pelo seu uso. Uma das formas mais
comuns é a entrega de metade da produçã o, daí o nome meeiro.

Com a modernizaçã o da agricultura, surgiram vá rias profissõ es ligadas ao meio agrícola:


técnicos agropecuá rios, tratoristas, motoristas de colheitadeira, mecâ nicos de trator e
implementos, entre outras. Como sã o especializados, esses trabalhadores recebem salá rios
melhores que os nã o especializados. De um lado, o trabalho manual é substituído pelo
mecanizado e, de outro, há uma necessidade de qualificaçã o por parte dos trabalhadores
rurais.

Ainda existem fazendas que recrutam pessoas e as submetem ao trabalho escravo. Esses
trabalhadores sã o levados de á reas muito pobres com a promessa de receber um salá rio pelo
serviço. Mas os fazendeiros cobram pelas despesas da viagem, pela moradia e pela comida
muito mais do que o valor que pagam pelo trabalho. Os trabalhadores ficam endividados e sã o
impedidos de ir embora, muitas vezes sob ameaça de violência.
O governo brasileiro tem combatido a escravidã o, mas ela ainda existe em todo o país.
Submeter uma pessoa a trabalho escravo é crime pelas leis brasileiras e internacionais,
constituindo um atentado gravíssimo aos direitos humanos.

SAIBA MAIS

O boia-fria

Com a expansã o do trabalho assalariado no campo, em á reas de grande produçã o é comum a


utilizaçã o de boias-frias: trabalhadores por empreitada de curta duraçã o. Sã o arregimentados por
intermediá rios conhecidos como “gatos”, que cumprem a funçã o de contratadores de mã o de obra,
transportadores dos trabalhadores, fiscais, pagadores, chefes e capatazes. Os “gatos” ficam com
parte do pagamento dos boias-frias e, muitas vezes, para obterem maiores ganhos, atrasam e
diminuem os pagamentos.

Como recebem de acordo com a produçã o diá ria, os boias-frias sã o frequentemente levados a
trabalhar uma quantidade excessiva de horas por dia. Muitos adoecem gravemente.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Boias-frias trabalhando no corte de cana em Teresina (PI). Foto de 2015.


Pá gina 169

Agricultura familiar

A agricultura familiar caracteriza-se pelo uso do trabalho dos membros de uma família como
principal mã o de obra de uma propriedade rural. Segundo a definiçã o do Instituto Nacional de
Colonizaçã o e Reforma Agrá ria (Incra), na agricultura familiar a administraçã o dos trabalhos
do estabelecimento rural é exercida pelo proprietá rio das terras (ou pela pessoa que as
arrendou), e o uso do trabalho familiar tem de ser maior que o trabalho contratado.

Em geral, as propriedades agrícolas familiares têm uma extensã o de menos de 100 hectares.
Quanto ao uso de tecnologia, pode-se dividir a agricultura familiar em dois grandes grupos.

A pequena agricultura é aquela que tem um nível técnico menor, gera baixa renda e
apresenta pouca inserçã o no mercado. Como exemplo, cita-se a agricultura de subsistência,
encontrada em á reas pobres, por meio da qual o agricultor normalmente produz para suas
necessidades imediatas e comercializa o pequeno excedente.

A agricultura familiar comercial tem melhor nível técnico e, portanto, produtividade maior.
Bons exemplos disso sã o o cultivo de flores, a produçã o de hortifrú tis nos cinturões verdes
das grandes cidades e, na pecuá ria, a criaçã o de frangos e suínos que, organizada em
cooperativas, abastece as agroindú strias.

Cinturão verde: á rea situada nos arredores das cidades que abriga reservas ambientais e sítios e garante a preservaçã o
ambiental e parte do abastecimento de alimentos da populaçã o dessas regiõ es.

AÇÃO E CIDADANIA

A agricultura sustentável

Na agricultura sustentá vel busca-se utilizar o espaço agrá rio de forma racionalizada, minimizando
os impactos ambientais. Esse modelo visa reduzir o uso de produtos químicos e prezar pela
segurança e pelo desenvolvimento social do trabalhador.

O infográ fico a seguir mostra algumas das prá ticas, geralmente aplicadas em propriedades
familiares, que podem contribuir para a reduçã o de custos e para o aumento da produtividade em
relaçã o aos padrõ es tradicionais. Confira.
Getulio Delphim/ID/BR

Fontes de pesquisa: GADON, Odile. Para entender o mundo: os grandes desafios de hoje e de amanhã . Sã o Paulo: SM, 2009. p. 131;
Ministério da Agricultura da França. Disponível em: <http://agriculture.gouv.fr/agriculture-et-foret/projet-agro-ecologique>;
Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuá ria. Disponível em: <http://www.inra.fr/#thematique>. Acessos em: 13 nov. 2015.

1. Pesquise com os colegas se há no município onde vocês vivem alguma prática agrícola que
busque maior integraçã o e respeito ao meio ambiente.
Pá gina 170

O agronegócio

A modernizaçã o agrícola inseriu mais amplamente a agricultura no comércio mundial. Essa


comercializaçã o ficou conhecida como agronegócio. O uso do termo “agronegó cio” tornou-se
mais comum neste século para referir-se a empresas que têm na agricultura sua principal base
de negó cios. Podemos associar o agronegó cio a toda cadeia voltada ao mercado agroindustrial.

O agronegó cio quase sempre diz respeito à grande agricultura empresarial, produtora de grã os
e de itens voltados à exportaçã o. No entanto, existe uma diversidade no agronegó cio que
abrange tanto a produçã o para exportaçã o quanto a produçã o para o mercado interno.

A agricultura familiar comercial também faz parte do agronegó cio, pois alguns de seus
produtos, como milho, soja, arroz e leite, sã o inseridos nas cadeias agroindustriais típicas do
agronegó cio moderno.

Silva Jú nior/Folhapress

Indú stria de suco de laranja em Tabatinga (SP). Cerca de 80% das laranjas produzidas no Brasil são vendidas na
forma de suco concentrado congelado. A cadeia citrícola abrange desde a pesquisa genética até o processamento para
exportaçã o. Foto de 2015.

As agroindústrias
A agropecuá ria é o nú cleo da produçã o agrícola e inclui os processos de cultivo de plantas e de
criaçã o de animais. Normalmente, é o campo que fornece os alimentos in natura (em sua
forma natural) para o consumo e os produtos para as indú strias de transformaçã o. Com a
modernizaçã o, as atividades agrícolas se tornaram mais integradas aos processos industriais,
utilizando insumos produzidos pela indú stria (como má quinas e equipamentos) e fornecendo
produtos para o processamento por grandes empresas agroindustriais.
A formaçã o de um complexo sistema agroindustrial envolveu a especializaçã o da produçã o. A
agroindústria de processamento transforma os produtos vindos da agropecuá ria em bens
de consumo. Sã o exemplos disso o setor têxtil e de vestuá rio. As agroindústrias de bens de
capital respondem pela produçã o dos insumos e instrumentos, como a produçã o de tratores,
colheitadeiras e implementos agrícolas.

Para dinamizar o fluxo desses produtos agroindustriais, sã o de fundamental importâ ncia os


agrosserviços. Entre esses serviços encontram-se: o beneficiamento, a seleçã o e o
empacotamento; serviços especializados em gestã o e inovaçã o tecnoló gica e na manutençã o de
equipamentos; estruturas e pessoas especializadas na comercializaçã o; além da logística de
armazenamento e transporte de produtos aos mercados locais e à s empresas de exportaçã o.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fontes de pesquisa: CALDINI, Vera Lú cia de Moraes; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. Sã o Paulo: Saraiva, 2013. p. 53; SIMIELLI, Maria
Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 126.
Pá gina 171

Mundo Hoje
Principal gargalo para a competitividade do
agronegócio brasileiro é o escoamento da produção
O Brasil nasceu para ser um país agrícola. Sua localizaçã o geográ fica, suas terras cultivá veis e
seu clima colaboram com as mais variadas culturas. Nossa produçã o no setor é grande o
bastante para atender grande parte das demandas mundiais por alimentos. No período de
2014/2015 a safra esperada de grã os deve ser na ordem de 206 milhõ es de toneladas. Mas,
apesar de todo esse potencial, a questã o da logística e infraestrutura das exportaçõ es requer
atençã o, principalmente no que se refere ao escoamento da produçã o de milho e soja. “Em
2014 tivemos um déficit de capacidade de embarque desses grã os em 64 milhõ es de toneladas.
Se continuarmos com essa velocidade produtiva, mas sem melhorias em nossos transportes,
principalmente nos portos, vamos ter todo esse potencial jogado fora”, afirmou Luiz Fayet,
consultor de logística e infraestrutura da Confederaçã o de Agricultura e Pecuá ria do Brasil
(CNA) e membro da Câ mara Temá tica de Infraestrutura e Logística do Ministério da
Agricultura, Pecuá ria e Abastecimento (Mapa).

Luiz Fayet explicou que, no Brasil, o agronegó cio nasceu e se desenvolveu no Sul do País. Mas,
com a ocupaçã o de praticamente todas as á reas disponíveis localmente, migrou para o Centro-
Norte/Nordeste e o Centro-Oeste, alterando a geografia da produçã o. Com isso, passou a
ocupar regiõ es desprovidas de infraestrutura terrestre adequada e sem capacidades
portuá rias para consolidar os novos corredores, deixando-se de considerar o potencial
hidroviá rio com vistas a reduzir os custos de exportaçã o. “Assim, o problema mais grave é o
Apagã o Portuá rio. Nã o escoamos nossa produçã o pelas rotas mais racionais, que seriam as do
chamado Arco Norte – portos de Sã o Luís, Belém, Macapá , Santarém e Itacoatiara. Nossa
produçã o rola rumo aos portos do Sul e do Sudeste”, frisou.

O consultor ressalta que, à medida que o agronegó cio foi [...] para as novas fronteiras, os custos
logísticos da porteira do produtor até um porto de embarque para exportar foram
encarecendo. Hoje, equivalem a quatro vezes mais que os custos argentinos e norte-
americanos. “Tudo em funçã o da falta de infraestrutura. Se houvesse uma racionalizaçã o
nesses custos, poderíamos botar no bolso de um produtor de soja ou de milho dessas á reas uns
R$ 4,00 a mais por saca”, completou.

[...] Para o gerente de transporte e logística do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES),


Edson José Dalto, a questã o da logística sempre foi o “patinho feio” do agronegó cio. Ele
explicou que como a fronteira agrícola está em expansã o, o modo rodoviá rio é crescente, mas
ineficiente. Dalto comparou dois dos principais produtores de grã os: Brasil e Estados Unidos.
As distâ ncias que o nosso país percorre da porteira até o porto sã o grandes ou médias e
conseguem transportar 53% da produçã o de grã os. Na mesma proporçã o, os Estados Unidos
conseguem 60%. “O transporte brasileiro rodoviá rio é mais barato no Brasil do que nos
Estados Unidos, mas é ineficiente”.

Principal gargalo para a competitividade do agronegó cio brasileiro é o escoamento da produçã o. Canal do Produtor, 3 ago. 2015.
Disponível em: <http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/principal-gargalo-para-competitividade-do-
agronegocio-brasileiro-e-o-escoamento>. Acesso em: 10 dez. 2015.
Avener Prado/Folhapress

Congestionamento de caminhõ es carregados com grã os, na chegada ao porto de Santos (SP). Foto de 2013.

PARA ELABORAR

Reú nam-se em grupos e criem três listas que respondam à s questõ es a seguir.

1. Quais sã o as principais justificativas apontadas no texto para explicar o aumento no valor


dos produtos?

2. Diante do problema de logística para escoar a produçã o, quais sã o as consequências para o


produtor?

3. Como os produtores procuram manter preços competitivos no mercado internacional?


Pá gina 172

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Explique o que é a modernizaçã o da agricultura.

2. Aponte as principais características da modernizaçã o da agricultura no Brasil.

3. Quais sã o as críticas feitas à modernizaçã o da agricultura no Brasil?

4. Quais sã o as principais relaçõ es de trabalho no meio rural brasileiro?

5. Explique o que sã o os agrosserviços.

6. Quais sã o as principais características da agricultura familiar?

Lendo mapas, gráficos e tabelas

7. Observe o mapa e responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: O mercado de trabalho assalariado rural brasileiro. Dieese. Disponível em:
<http://www.dieese.org.br/estudosepesquisas/2014/estpesq74trabalhoRural.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2015.

a) É considerado trabalhador informal ou ilegal o empregado contratado sem carteira


assinada. Quais sã o as regiõ es brasileiras que apresentam as maiores taxas de informalidade
no meio rural? Em que intervalo percentual está o estado em que você vive?
b) No Brasil, em 2013, cerca de 60% dos trabalhadores em á reas rurais nã o dispunham de
carteira de trabalho assinada. Com um colega, discuta sobre os principais benefícios que nã o
sã o garantidos aos trabalhadores nessa situaçã o.
c) Em sua opiniã o, o que poderia ser feito para reduzir as taxas de informalidade no campo?

8. A inseminaçã o artificial tem sido um dos exemplos de aplicaçã o de tecnologia moderna na


pecuá ria. Analise a tabela e responda à s questõ es.

Evolução do mercado de inseminação artificial no Brasil – Origem do sêmen


Nacional Importado
Ano Doses de sêmen % Doses de sêmen %
1983 1 024 025 87,16 150 858 12,84
1993 2 597 933 78,21 723 597 21,79
2003 5 713 543 76,45 1 759 716 23,55
2013 6 593 312 50,62 6 430 721 49,38

Fonte de pesquisa: Associaçã o Brasileira de Inseminaçã o Artificial (Asbia). Disponível em:


<http://www.asbia.org.br/novo/upload/mercado/relatorio2003.pdf>;
<http://www.asbia.org.br/novo/upload/mercado/index2013.pdf>. Acessos em: 23 nov. 2015.

a) Sobre o uso dessa tecnologia no Brasil, o que ocorreu no período apontado na tabela?
b) Sobre a origem do material, qual foi a tendência verificada?

9. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tem por objetivo


dar apoio financeiro à s atividades agropecuá rias e nã o agropecuá rias (como o turismo rural)
do produtor rural e de sua família. Observe o grá fico e responda à s questõ es.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Ministério do Desenvolvimento Agrá rio. Disponível em:


<http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/user_arquivos_383/Cr%C3%A9dito%20Rural%20Pronaf%202015-
2016.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2015.

a) Em que ano agrícola se nota maior crescimento dos financiamentos do Pronaf?


b) O que se pode verificar analisando a evoluçã o dos dados?
c) Qual é a importâ ncia do financiamento concedido aos agricultores familiares?
Pá gina 173

Interpretando textos e imagens

10. Leia o trecho abaixo e responda à s questõ es.

Aos poucos, com o passar do tempo, criam-se representaçõ es e imagens, ou mesmo características
para os que mais cortam e os que menos cortam cana. Denominaçõ es como “bom”, “mau”,
“vagabundo” sã o comuns de serem ouvidas no canavial. Sempre estes termos têm como parâ metros
os objetivos das empresas, ou seja, o “bom” é porque corta muita cana e gera maior lucratividade
para empresa, o “mau” porque, comparado com “bom”, nã o corta “muita” cana e nã o possibilita
tanto lucro para a empresa quanto o outro. Para isso existem denominaçõ es específicas. Os que
mais cortam sã o chamados de “bons de facã o”, ou de “animais”. Por outro lado, os que cortam pouca
cana recebem o pseudô nimo de “facã o de borracha”. [...]

BROIETTI, Marcos Henrique. Os assalariados rurais temporários da cana. Sã o Paulo: CUT, 2003. p. 86.

a) Discuta com os colegas o significado das denominaçõ es dadas aos cortadores de cana.
b) Pode-se dizer que, com a modernizaçã o da agricultura, as relaçõ es de trabalho melhoraram?

11. Leia o texto abaixo e responda à s questõ es.

Fenô menos como altas temperaturas, geadas, chuvas excessivas, baixo índice de chuvas e noites
mais quentes podem diminuir ou até mesmo acabar por completo com safras agrícolas. “No do
milho e do algodã o, o aumento das temperaturas à noite é responsá vel pela reduçã o da produçã o,
pois esses alimentos precisam de grande diferença térmica entre o dia e a noite”, exemplifica
Eduardo Assad, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá ria (Embrapa).

Para contornar este quadro, técnicas, que vã o além da irrigaçã o tradicional – que gera grande
desperdício de á gua –, vêm sendo utilizadas para criar melhores condiçõ es para os cultivos
agrícolas […]. [...]

[Uma delas é] a chamada plasticultura, na qual o cultivo fica protegido por cobertores plá sticos.
Alguns produtores os usam para cobrir o solo, por baixo das plantas; outros usam os cobertores
como se fossem uma estufa – gerando uma espécie de microclima dentro do ambiente. […] essa
técnica é mais utilizada em locais no interior, onde os produtores têm pouca terra para plantar e faz
muito frio.

Globo Ecologia. Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2012/07/o-uso-da-tecnologia-servico-


daagricultura-contra-os-efeitos-climaticos.html>. Acesso em: 25 nov. 2015.

a) Qual é a técnica aplicada para resolver o problema das baixas temperaturas? Explique.
b) O uso de tecnologia na agricultura pode diminuir a dependência das condiçõ es naturais?
Justifique.
c) A partir de suas respostas, elabore um título para o texto transcrito.

12. As fotografias abaixo retratam duas realidades do campo brasileiro, uma com maior e
outra com menor grau de modernizaçã o.
Ricardo Teles/Pulsar Imagens

Plantio mecanizado de soja em Rio Verde (GO). Foto de 2015.

Cesar Diniz/Pulsar Imagens

Agricultor em plantaçã o de feijã o, Caxias (MA). Foto de 2014.

Discuta com os colegas quais sã o as vantagens e as desvantagens da modernizaçã o da


agricultura, no que diz respeito ao acesso à tecnologia e à s condiçõ es de trabalho.
Pá gina 174

CAPÍTULO 14 Brasil: potência agropecuária

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


A produçã o nacional de maté rias-primas.
Produçã o de alimentos e mudanças no padrã o de consumo e abastecimento.
A segurança alimentar e o problema da fome.
Biocombustíveis e suas implicaçõ es.
A indú stria de equipamentos agrícolas.

O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de alimentos e de matérias-primas, detentor de uma


produçã o moderna e integrada à s cadeias agroindustriais, com institutos de pesquisas científicas e
tecnoló gicas, indú strias de má quinas e infraestrutura de armazenagem.

A indú stria demanda da agricultura matérias-primas voltadas à produçã o têxtil, farmacêutica, de cosméticos,
de alimentos (ó leos vegetais, alimentos processados, bebidas), de energia (á lcool combustível, biodiesel,
carvã o vegetal), de papel e celulose e de mó veis.

As complexas atividades que integram a agropecuá ria brasileira proporcionam alimentos para o consumo
humano e animal, produtos extrativistas e, além disso, biomassa para a produçã o de energias renová veis,
como os biocombustíveis, a partir da extraçã o de ó leos de certas plantas.

Biomassa: maté ria orgâ nica usada como fonte de energia. Lenha, galhos e folhas de á rvores, bagaço de cana-de-açú car,
papé is, etc. sã o os tipos de biomassa mais comuns.

Adilson Secco/ID/BR
Fonte de pesquisa: Estatísticas e Dados Básicos de Economia Agrícola. Ministério da Agricultura, Pecuá ria e Abastecimento, set. 2015.
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Pasta%20de%20Setembro%20-%202015.pdf>. Acesso em: 1º dez.
2015.

Com base no grá fico, responda às questõ es.

1. Quais sã o as possíveis razõ es para o crescimento das exportaçõ es?

2. Em sua opiniã o, há relaçã o entre a ampliação das fronteiras agrícolas e os dados verificados no grá fico?
Explique.
Pá gina 175

Matérias-primas

No Brasil, destaca-se a produçã o de três matérias-primas de grande importâ ncia para a


agroindú stria: algodã o, madeira e borracha.

A cotonicultura (cultivo do algodã o) em larga escala começou, no Brasil, no século XIX, sendo
o Nordeste e parte do Sudeste (Sã o Paulo) as principais regiõ es produtoras.

Como resultado da aplicaçã o de tecnologia no campo e dos incentivos governamentais para o


setor (financiamentos, pesquisas, etc.), no ano agrícola de 2015-2016, segundo a Associaçã o
Brasileira dos Produtores de Algodã o, o Brasil era o quinto maior produtor mundial de
algodã o, e a Regiã o Centro-Oeste concentrava 88% da produçã o nacional desse produto.

O país é também o quarto produtor mundial de madeira, sobretudo de pínus e de eucalipto.


Nesse segmento, produzem-se papel e celulose, com destaque para os estados de Sã o Paulo,
Bahia, Paraná e Santa Catarina; e produtos de madeira só lida – serrados, carvã o vegetal,
chapas de madeira, etc. –, destacando-se Paraná , Santa Catarina, Sã o Paulo e Rio Grande do Sul.

A produçã o de borracha se concentrava na Amazô nia até o século XIX, quando o plantio na
Malá sia e a invençã o da borracha sintética levaram ao fim do ciclo da borracha no Brasil, que
teve seu auge entre 1880 e 1910. Atualmente, grande parte da produçã o de borracha vem de
Sã o Paulo, Bahia e Mato Grosso, que detêm mais de 80% da á rea cultivada com seringueiras no
país.

A produção de alimentos
Com a modernizaçã o da agricultura houve uma concentraçã o territorial da produçã o, ou seja,
alguns estados passaram a produzir certos gêneros agrícolas para todo o país. Antes, o mais
comum era a produçã o descentralizada, em que os produtores atendiam aos mercados locais.
Entre os produtos voltados para o mercado interno, destacam-se o arroz, o feijã o e o leite.

O feijão tem sua produçã o um pouco mais desconcentrada, destacando-se os estados de


Paraná , Minas Gerais e Bahia.

Em 2014, o Brasil era o oitavo maior produtor mundial de leite de vaca. Minas Gerais, Rio
Grande do Sul, Paraná e Goiá s respondem por cerca de 60% da produçã o nacional.

Alguns produtos voltados à exportaçã o também sã o consumidos em larga escala no mercado


interno. É o caso do café, da laranja e da soja.

O café foi o principal produto de exportaçã o brasileiro até a década de 1970. Trata-se de um
dos produtos mais importantes no desenvolvimento do país, responsá vel pela concentraçã o
industrial no Sudeste. Minas Gerais e Espírito Santo respondem por quase 70% da produçã o
nacional, mas é o norte do Paraná a maior regiã o de industrializaçã o desse produto.

O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja. Os mercados europeu e


estadunidense sã o seus principais compradores. A produçã o se concentra no estado de Sã o
Paulo, que é responsá vel por cerca de 70% da produçã o nacional.
A cultura da soja é uma atividade que tem acompanhado a expansã o da fronteira agrícola,
sendo hoje uma das responsá veis pela ocupaçã o de á reas no Centro-Oeste, na Amazô nia Legal
e no Nordeste. Os principais estados produtores sã o Mato Grosso, Paraná , Rio Grande do Sul e
Goiá s, que, juntos, representam mais de 70% da produçã o nacional.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: CALDINI, Vera Lú cia de M.; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. Sã o Paulo: Saraiva, 2013. p. 43.
Pá gina 176

A questão dos alimentos e da fome

Nas ú ltimas décadas, houve uma mudança no padrã o de consumo alimentar do brasileiro, que
passou a consumir mais produtos industrializados. Isso permitiu à s indú strias expandir sua
produçã o de alimentos processados, como queijos e sucos.

Uma das preocupaçõ es quanto à ingestã o de muitos desses novos produtos é o baixo valor
nutricional. Eles contêm alto teor de gorduras saturadas e açú car, causando obesidade, além de
outros problemas de saú de.

Assista
Muito além do peso. Direçã o de Estela Renner, Brasil, 2012, 83 min.
O documentá rio retrata a obesidade infantil, especialmente no Brasil. O filme contextualiza os novos há bitos de consumo
alimentar e evidencia os elementos artificiais que sã o aplicados em larga escala e omitidos pela publicidade.

O problema da fome
Fome é a situaçã o de carência, por um período prolongado, de alimentos capazes de fornecer a
energia e dos elementos nutritivos necessá rios para a vida e a saú de do organismo. Segundo a
FAO (sigla em inglês da Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e a Agricultura), o
mínimo diá rio para a manutençã o de uma pessoa saudá vel normalmente varia de 2 200 a 3
000 calorias.

De acordo com o relató rio da FAO intitulado O estado da segurança alimentar e nutricional no
Brasil: um retrato multidimensional, de 2014, o percentual de subnutridos no país apresentou
um queda expressiva nas ú ltimas décadas, passando de 14,9% entre os anos 1990-1992 para
6,9% no período de 2010-2012. Em razã o de diversas açõ es do governo, consolidou-se em
2010 o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que incluiu programas anteriores
de educaçã o alimentar e fomento agrícola sustentá vel. O Brasil, assim, caminha em direçã o a
sua soberania alimentar, ou seja, a possibilidade de uma naçã o definir sua pró pria política
agrícola e alimentar e produzir aquilo que é necessá rio para a alimentaçã o de sua populaçã o.

Subnutrido: pessoas com distú rbios de nutriçã o resultantes de uma dieta pobre e deficiente em vitaminas, sais minerais e
proteínas.

Atualmente, o mundo produz uma quantidade muito maior de alimentos do que seria
necessá rio para a alimentaçã o saudá vel de toda a populaçã o planetá ria. No entanto, há uma
grande concentraçã o dessa produçã o, e as populaçõ es mais pobres continuam sem acesso a
alimentos (ver mapa).
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e a Agricultura (FAO). Disponível em:
<http://www.fao.org/hunger/en/>. Acesso em: 23 nov. 2015.

CONEXÃO

A segurança alimentar

Segurança alimentar refere-se ao direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade que sejam
produzidos de forma sustentá vel, econô mica e socialmente. A fome, a má alimentaçã o, a
subnutriçã o e os preços abusivos sã o alguns fatores que indicam a falta de segurança alimentar.

1. Junte-se a um colega e discutam de que forma os latifú ndios improdutivos podem comprometer a
segurança alimentar no Brasil.
Pá gina 177

A produção de biocombustíveis

Biocombustíveis sã o materiais bioló gicos que têm a capacidade de gerar energia. Qualquer
vegetal ou animal tem potencial bioenergético. No entanto, apenas alguns podem ser
explorados economicamente. Os principais produtos biocombustíveis sã o o biodiesel e o
etanol.

O biodiesel e o etanol
O biodiesel é extraído de diversas plantas, como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim,
soja e cana-de-açú car, entre outras. Também pode ser extraído de gorduras animais.
Atualmente, o biodiesel é utilizado para substituir parcialmente o ó leo diesel em motores de
veículos e má quinas.

A escolha da matéria-prima da qual será produzido o biodiesel deve levar em conta, além de
fatores econô micos, fatores ambientais e sociais. Vegetais como o babaçu e o dendê sã o
promissores no Brasil, pois a sua extraçã o tem favorecido populaçõ es de baixa renda por meio
de programas de desen volvimento regional, além de contribuir para a preservaçã o ambiental.

O etanol (á lcool etílico) é o biocombustível mais utilizado na substituiçã o dos combustíveis


fósseis. Apresenta vá rias vantagens em relaçã o à gasolina: além de ser proveniente de
recursos naturais renová veis, as emissõ es de poluentes e gases de efeito estufa geradas pela
combustã o do etanol sã o muito menores.

Combustível fóssil: formado a partir do soterramento e decomposiçã o de maté ria orgâ nica fó ssil, de origem vegetal ou
animal. Sã o exemplos de combustíveis fó sseis o petró leo, o carvã o mineral e o gá s natural.

O etanol é produzido com diversas matérias-primas: milho, nos Estados Unidos; trigo e
beterraba, na Europa; e cana-de-açú car, no Brasil. Entre esses, o que oferece melhor eficiência
ambiental é o etanol à base de cana-de-açú car.

Há muito debate sobre as consequências nocivas do uso do etanol em larga escala em


substituiçã o aos combustíveis à base de petró leo. Embora os benefícios ambientais sejam
considerá veis (energia limpa e renová vel), vá rios aspectos negativos sã o apontados. O
principal deles é a expansã o das fronteiras agrícolas ocupadas pelo plantio de espécies que sã o
matérias-primas do biodiesel e a consequente destruiçã o de á reas florestais.

Navegue
Ministério de Minas e Energia
Portal com notícias e informaçõ es atualizadas sobre a produçã o do setor energé tico no Brasil. Divulga também assuntos
internacionais, relacionados sobretudo ao Mercosul. Disponível em: <http://linkte.me/mme>. Acesso em: 17 dez. 2015.

Impactos sociais e ambientais

Os alimentos tendem a ser cultivados em á reas cada vez menores, com produçõ es cada vez
menores, ao passo que a demanda continua em alta. Consequentemente, esse descompasso
entre oferta e procura afeta o preço dos alimentos no mundo, que acaba sendo inflacionado.

A alta dos preços de commodities como o milho (usado como matéria-prima do etanol, raçã o
de animais, entre outros usos) impacta diretamente nos preços da carne, dos ovos, do leite e
seus derivados, os quais, por sua vez, também aumentam por causa do aumento do preço da
raçã o à base de soja e milho consumida pelos animais.

Em países cuja base da alimentaçã o é o milho, os preços elevados geram graves problemas
sociais. No Brasil, apesar de esses efeitos serem quase nulos, há uma grande preocupaçã o com
a segurança e a soberania alimentar do país no que diz respeito à ampliaçã o de á reas utilizadas
na produçã o do etanol.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pequisa: Revista Biodieselbr. Disponível em: <http://www.biodieselbr.com/i/biodiesel/biodiesel-brasil-potencial.jpg>.


Acesso em: 9 nov. 2015.
Pá gina 178

A indústria de equipamentos agrícolas

Na agropecuá ria moderna, as má quinas e os equipamentos agrícolas desempenham papel


fundamental no rendimento da produtividade e na otimizaçã o do uso da terra. No agronegó cio,
há um segmento especializado na fabricaçã o de má quinas e equipamentos que operam
diretamente no preparo da terra, no plantio e na colheita, como tratores, colheitadeiras,
pulverizadores, retroescavadeiras, cultivadores motorizados, etc. Outros equipamentos
também estã o presentes nas atividades pecuá rias, como resfriadores de leite, ordenhadeiras
mecâ nicas, climatizadoras de aviá rios, etc.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: O mercado de trabalho assalariado rural brasileiro. Estudos e Pesquisas, Sã o Paulo, Dieese, n. 74, out. 2014.
Disponível em: <http://www.dieese.org.br/estudosepesquisas/2014/estpesq74trabalhoRural.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2015.

Ao tratar da produçã o de má quinas e equipamentos, percebe-se o predomínio das


multinacionais entre as principais indú strias do setor. Mas o Brasil reú ne todas as condiçõ es
essenciais para tornar-se competitivo nesse setor: tecnologia, matéria-prima, mã o de obra,
experiência acumulada, mercado interno potencial, etc. O país dispõ e de um parque industrial
com mais de trezentas empresas independentes, inclusive as quatro maiores na lista mundial
de tratores e colheitadeiras.

Outro aspecto importante em relaçã o à s má quinas agrícolas diz respeito ao financiamen to


para a compra. Como sã o equipamentos muito caros, normalmente os agricultores de
pequenas e médias propriedades precisam de algum tipo de financiamento, seja por meio de
um programa de governo, seja por meio das pró prias indú strias ou de bancos comerciais.

Atualmente, há uma preocupaçã o com a produçã o de má quinas menores, voltadas à


agricultura familiar, o que permitiria um aumento da mecanizaçã o nas pequenas propriedades.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, incentiva o desenvolvimento tecnoló gico de má quinas.
Parte delas destina-se à exportaçã o. Tratores para exportaçã o, em Canoas (RS). Foto de 2012.

AÇÃO E CIDADANIA

Entre a mecanização, a produção e o emprego

Com a proibiçã o da queima da palha da cana-de-açú car, uma das alternativas é a mecanizaçã o da
colheita. No entanto, o impacto no emprego agrícola é muito grande, devido ao elevado nú mero de
trabalhadores que a colheita mecanizada dispensa.

1. Forme um grupo com os colegas. Façam uma pesquisa para saber que tipo de problemas a
queima da cana provoca na saú de das pessoas e no meio ambiente. Em seguida, discutam quais
açõ es poderiam ser implantadas para preservar o meio ambiente nas lavouras de cana, sem
prejudicar a saú de e o emprego das pessoas.

Edson Silva/Folhapress

Queima de cana em Ribeirã o Preto (SP). Foto de 2010.


Pá gina 179

Informe
Como biocombustíveis poderiam afetar a segurança
alimentar?
[…] Em uma tentativa de reduzir a dependência do petró leo, aumentar a quota das energias
renová veis e contribuir para uma reduçã o na queda da renda agrícola, os governos de todo o
mundo aprovaram instrumentos legais que promovem a indú stria de biocombustíveis.
Preocupaçõ es sobre os preços dos alimentos têm levado alguns países a suspender
momentaneamente ou reduzir programas de apoio, como a China, por exemplo, enquanto
outros decidiram incrementar seus investimentos em tecnologias de segunda geraçã o, como os
EUA. O complexo relacionamento entre as necessidades de energia e consumo de alimentos,
bem como a meta de produçã o a custos competitivos continuam a ser questõ es-chave da
agenda política das naçõ es produtoras de biocombustíveis.

[…]

Os biocombustíveis disponíveis comercialmente empregam quase exclusivamente culturas


alimentares como matéria-prima, predominantemente cana-de-açú car, beterraba, milho e
sementes de oleaginosas (Larson, 2008). Em 2013, 41,8% de todo o milho utilizado nos EUA
foi alocado para abastecer a produçã o de etanol (USDA, 2013b). Consequentemente, os
biocombustíveis foram, pelo menos parcialmente, responsá veis pelo aumento dos preços dos
alimentos entre 2003 e 2008 […]

Os debates com foco em oportunidades e riscos para a segurança alimentar decorrentes da


produçã o de biocombustíveis destacam a necessidade de avaliaçõ es integradas e intersetoriais
de custos e benefícios em uma economia verde. Ao mesmo tempo que a produçã o de
biocombustíveis pode oferecer oportunidades de desenvolvimento para alguns […] [em
â mbito] local, os benefícios econô micos precisam ser avaliados de forma que não
comprometam a segurança alimentar nacional, devido à reduçã o de produçã o ou aumento dos
preços dos alimentos causados pela competiçã o por recursos (Pingali et al., 2008; Ewing e
Msangi, 2009; McNeely et al., 2009; Molony e Smith, 2010).

[…]

Há grande controvérsia em relaçã o ao impacto dos biocombustíveis sobre a segurança


alimentar nos países em desenvolvimento. [...] No estudo desenvolvido por Negash e Swinnen
(2013), avaliou-se o impacto da produçã o de mamona em domicílios rurais pobres e com
insegurança alimentar na Etió pia. Verificou-se que cerca de 1/3 dos agricultores pobres […]
[alocou], em média, 15% de suas terras para a produçã o de mamona sob contrato nas cadeias
de fornecimento de biocombustíveis, o que melhorou significativamente a segurança alimentar
destas famílias, uma vez que eles têm menor nú mero de meses sem alimento e a quantidade de
alimentos que consomem aumentou. Além de permitir que estas famílias invistam no cultivo
de culturas alimentares, aumentando a produtividade destas culturas e compensando a
quantidade de terra utilizada para a mamona, de forma que a segurança alimentar local total
não seja afetada. […]

A razã o de 850 milhõ es de pessoas estarem atualmente em uma zona de fome ou desnutriçã o
crô nica é devido a uma série de pressõ es e falhas nos sistemas globais de alimentos que,
juntas, impossibilitam que pessoas com deficiência nutricional tenham acesso à alimentaçã o
nutritiva de forma suficiente, principalmente devido a apresentarem baixos rendimentos,
preços elevados dos alimentos, ou ambos.

SILVA, Alexandre Navarro da. Os biocombustíveis afetam a segurança alimentar no Brasil? Discussão e abordagem quantitativa. 2014.
Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais. Disponível em:
<http://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/505/texto%20completo.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 25
nov. 2015.

Scott Olson/Getty Images/AFP

A demanda crescente por matérias-primas para a produçã o de etanol tem levado à substituiçã o do cultivo de
espécies destinadas a alimentaçã o por outras mais rentá veis, como o milho. Usina de etanol em Palestine, Illinois
(EUA). Foto de 2012.

PARA DISCUTIR

1. Quais sã o os argumentos e as experiências favorá veis e contrá rios à produçã o de


biocombustíveis levantados pelo texto, considerando o cená rio de segurança alimentar?

2. Qual é o peso dos padrõ es de consumo alimentar na demanda agrícola?


Pá gina 180

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Quais sã o as principais características da produçã o brasileira de algodã o?

2. Quais sã o os principais usos da madeira plantada?

3. Identifique os produtos que se destacam no abastecimento do mercado interno brasileiro.

4. Que características se tornaram marcantes apó s a modernizaçã o da agricultura brasileira no


que se refere à espacializaçã o da produçã o?

5. Explique o que sã o segurança alimentar e soberania alimentar.

6. Por que podemos dizer que a fome é um problema mais social do que tecnoló gico?

7. Aponte as características da produçã o de biocombustíveis no Brasil. Quais sã o os principais


produtos agrícolas ligados a essa produçã o?

8. Quais sã o as principais características da produçã o de má quinas e equipamentos agrícolas


no Brasil?

9. Comente a importâ ncia dos financiamentos para o agricultor brasileiro.

Lendo gráficos

10. Analise o esquema abaixo, que mostra a cadeia de produçã o do biodiesel. Em seguida,
escreva no caderno um pequeno texto explicando como se dã o a produçã o e o comércio desse
combustível.
Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: SILVA, Clá udio Homero F. da et al. Produçã o de biodiesel para geraçã o de energia elétrica em microturbinas e
motores estacioná rios. Biomassa & Energia, Viçosa, Renabio, v. 4, n. 2, 2011. Disponível em: <http://www.renabio.org.br/01-031-
HomeroCemig-B&E-2-2011-PF-101-112.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2015.

11. Observe o grá fico abaixo, leia o texto e responda à s questõ es a seguir.

Adilson Secco/ID/BR

[...] Em 1985, [...] havia aproximadamente 4,0 ocupados por estabelecimento, nú mero que se
reduziu para 3,2, em 2006, e chegou a 2,7 em 2013. Mantida essa tendência, a projeçã o é de que, em
2050, haja uma média de menos de dois (1,7) ocupados por estabelecimento [...]

Fonte de pesquisa: O mercado de trabalho assalariado rural brasileiro. Estudos e Pesquisas, Sã o Paulo, Dieese, n. 74, out. 2014.
Disponível em: <http://www.dieese.org.br/estudosepesquisas/2014/estpesq74trabalhoRural.pdf>. Acesso em: 18 nov.
a) De acordo com a pesquisa divulgada pelo Dieese, o nú mero de estabelecimentos
agropecuá rios tem se mantido em torno de cinco milhõ es nos ú ltimos anos. No entanto, o que o
grá fico e o texto revelam quanto à presença de trabalhadores assalariados no campo?
b) O que explicaria tal fenô meno na agropecuá ria?
Pá gina 181

Interpretando textos e imagens

12. Leia o texto e responda à questã o. [...]

O novo Plano Safra também privilegia a agricultura mais sustentá vel. Lançado há dois anos, mas
que só em 2011 deslanchou, o Programa de Agri cultura de Baixo Carbono (ABC) teve recursos
reforçados para ampliar a preocupaçã o com a preservaçã o do meio ambiente nas propriedades
rurais. Trata-se de uma política de crédito que financia técnicas agropecuá rias sustentá veis como
plantio direto na palha ou recuperaçã o de pastagens degradadas. [...]

ZAIA, Cristiano. Crédito barato para a lavoura. Dinheiro Rural, Sã o Paulo, Ed. Três, ed. 93, p. 24, jul. 2012.

Quais sã o os possíveis motivos para incentivar a agricultura sustentá vel?

13. As fotos a seguir mostram má quinas agrícolas em diferentes épocas. Observe as


características de cada uma e redija um pequeno texto sobre a evoluçã o dessas má quinas,
assim como as consequências econô micas e sociais de seu uso na agricultura.

London Stereoscopic Company/Getty Images

Homem operando má quina no campo, Estados Unidos. Foto de 1902.


Cesar Diniz/Pulsar Imagens

Colheita mecanizada de soja em Sã o Miguel do Oeste (SC). Foto de 2015.

14. Leia o texto a seguir e responda à questã o.

Todos os estados brasileiros cultivam cana-de-açú car, embora em alguns deles essa cultura nã o
tenha grande importâ ncia econô mica; em algumas á reas a cana é utilizada como forragem, na
alimentaçã o de animais, ou é industrializada em pequenos banguês [engenho de açú car, movido a
traçã o animal], visando à produçã o de açú car mascavo, de rapadura e de cachaça.

Com os programas de alimentaçã o naturista, têm sido instalados pequenos banguês que atendem a
um mercado modesto, mas em expansã o.

Também o consumo da “cachaça” ou aguardente de cana, bebida muito popular, vem contribuindo
para a implantaçã o de alambiques em á reas produtoras já famosas. Algumas empresas têm o
prestígio nacional e produzem para o mercado interno e para exportaçã o.

ANDRADE, Manuel Correia de. Modernização e pobreza: a expansã o da agroindú stria canavieira e seu impacto ecoló gico e social. Sã o
Paulo: Ed. da Unesp, 1994. p. 23.

É possível dizer que a produçã o em pequena escala é uma alternativa para a agricultura? Em
quais condiçõ es isso seria viá vel?
Pá gina 182

Em análise
Interpretar mapas de uso do solo
Os mapas de uso do solo sã o muito utilizados para compreender a organizaçã o do espaço de
determinado territó rio. Eles podem mostrar a ocupaçã o do espaço urbano, do rural ou de
ambos.

O mapa abaixo fornece informaçõ es sobre o uso do solo agrícola. Ele representa os tipos de
atividades agropecuá rias predominantes no territó rio brasileiro.

Os produtos primá rios sempre foram muito importantes para a economia brasileira desde os
tempos da colonizaçã o, quando produtos como o pau-brasil, a cana-de-açú car, o ouro, o café e a
borracha formaram as bases da economia. Nos dias atuais, a soja, a laranja, o café, a cana-de-
açú car e também as atividades pecuá rias e de extraçã o mineral sã o economicamente muito
importantes para o Brasil.

O tamanho do territó rio, as condiçõ es naturais e o está gio de desenvolvimento tecnoló gico
ajudam a explicar essa importâ ncia. Nesse sentido, os mapas de uso do solo sã o um
instrumento privilegiado, pois mostram as características da ocupaçã o do territó rio.

O mapa desta pá gina mostra, além da localizaçã o dos tipos de atividades agropecuá rias
existentes e predominantes, as condiçõ es técnicas da produçã o agropecuá ria. Assim, é
representada a organizaçã o do espaço rural brasileiro de acordo com o tipo de produçã o e com
o grau de tecnologia empregada.

A leitura do mapa permite compreender que, na Regiã o Norte e na parte norte da Regiã o
Centro-Oeste, predominam o extrativismo vegetal e, em menor grau, a pecuá ria extensiva e
pequenas lavouras comerciais e familiares. Na Regiã o Centro-Oeste, embora a pecuá ria
extensiva ainda seja significativa, também estã o presentes a pecuária melhorada e a
agricultura comercial.

Pecuária melhorada: o gado é criado confinado ou semiconfinado. Nesse tipo de pecuá ria, sã o aplicadas pesquisas para
melhoramento gené tico, e o gado consome apenas metade da á gua utilizada na pecuá ria tradicional.

Na Regiã o Nordeste, destacam-se as pequenas lavouras comerciais e familiares, acompanhadas


pela pecuá ria extensiva. Nas á reas litorâ neas, aparecem as culturas predominantemente
comerciais.

Na Regiã o Sudeste, é forte a presença da agricultura comercial, acompanhada pelas pequenas


lavouras e pela pecuá ria melhorada. Destacam-se também á reas de pecuá ria leiteira.

No Sul, assim como no Sudeste, a aplicaçã o da tecnologia no campo faz com que predominem a
pecuá ria intensiva (melhorada) e as culturas comerciais, mas há também a presença de
pequenas lavouras comerciais e familiares e de á reas com pecuá ria leiteira.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. Sã o Paulo: Á tica, 2013. p. 126.

Como é construído o mapa

Para a produçã o desse tipo de mapa, é necessá rio ter uma base confiá vel de dados estatísticos.
No exemplo abaixo, foram utilizados, entre outras fontes, dados do Atlas nacional do Brasil,
produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pá gina 183

Os dados sobre agropecuá ria foram obtidos principalmente dos censos agropecuá rios
realizados pelo IBGE, que englobam toda a produçã o agrícola, pecuá ria e de extrativismo.

Proposta de trabalho

O mapa a seguir representa o uso do solo sob outros aspectos. O objetivo central é apresentar
informaçõ es sobre o grau de modernizaçã o da atividade rural no país.

O territó rio é regionalizado em zonas modernizadas e zonas menos modernizadas. Cada


uma delas é classificada quanto ao grau de diversificaçã o das atividades (muito diversificada,
razoavelmente diversificada e pouco diversificada ou espaço de baixa densidade).

Além disso, o mapa apresenta dois tipos de linhas que representam: a fronteira de
modernização e eixo de progressão e tendência de expansão, que apresenta a difusã o de
tecnologia no espaço agropecuá rio brasileiro. Em ambos os casos, há setas indicando os eixos
de progressã o dessas fronteiras.

Para ajudar a compreender a ló gica da modernizaçã o no campo brasileiro, foi apresentada uma
informaçã o sobre a populaçã o das cidades com mais de 500 mil habitantes.

É possível perceber, portanto, que o mapa apresenta informaçõ es lineares (fronteiras), zonais
(zonas modernizadas e zonas menos modernizadas) e pontuais (populaçã o).

Para compreender melhor o mapa, responda à s questõ es a seguir.

1. Quais sã o os grandes temas que compõ em o mapa?

2. Analise as cores. É possível diferenciar grandes á reas do territó rio?

3. Analise as informaçõ es pontuais. O que representam?

4. Analise as informaçõ es zonais. Que dados sã o apresentados?

5. Analise as linhas. O que significam?

6. Ao associar as informaçõ es zonais com as lineares, o que é possível perceber?

7. Ao associar as informaçõ es pontuais com as demais, o que é possível perceber?

8. Elabore uma síntese das conclusõ es obtidas com a aná lise do mapa.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fontes de pesquisa: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâ micas do territó rio. Sã o Paulo: Edusp-
Imprensa Oficial, 2008. p. 143; Atlas geográfico Melhoramentos. São Paulo: Melhoramentos, 2011. p. 69; IBGE. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2015/estimativa_dou.shtm>. Acesso em: 1º dez. 2015.
Pá gina 184

Síntese da Unidade
Capítulo 10 O mundo rural

• Elabore no caderno um quadro-síntese com as características da produçã o agropecuá ria mundial


no que diz respeito: aos tipos de cultivo e criaçã o, uso de tecnologias e tipo de agricultura. Utilize as
informaçõ es do capítulo.

Capítulo 11 O espaço rural brasileiro

• Escreva no caderno duas ou três frases usando as palavras-chaves ou expressõ es abaixo,


sintetizando as informaçõ es do capítulo.

• Concentraçã o fundiá ria

• Pacto colonial

• Latifú ndio

• Agronegó cio

• Fronteira agrícola

• Pastagens

Capítulo 12 O campo e o acesso à terra

• Com base nas imagens, escreva no caderno um pequeno texto sintetizando os principais assuntos
desenvolvidos no capítulo.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Colheita de uva, Petrolina (PE). Foto de 2015.


Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Assentamento Eli Vive, Londrina (PR). Foto de 2015.

Capítulo 13 A modernização da agricultura

• A partir do esquema abaixo, escreva no caderno frases que sintetizem o conteú do do capítulo.

Capítulo 14 Brasil: potência agropecuária

• Com as informaçõ es do capítulo, preencha no caderno o quadro-síntese a seguir.


Características da produção
Produção de matéria-prima
Produção de alimentos
Produção de biocombustíveis
Produção de equipamentos agrícolas
Pá gina 185

Vestibular e Enem
Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

1. (Enem)

Texto I

A nossa luta é pela democratizaçã o da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso
país. Cerca de 1% de todos os proprietá rios […] [controla] 46% das terras. Fazemos pressã o por
meio da ocupaçã o de latifú ndios improdutivos e grandes propriedades, que nã o cumprem a funçã o
social, como determina a Constituiçã o de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na
grilagem de terras pú blicas.

Disponível em: <http://www.mst.org.br>. Acesso em: 25 ago. 2011. (Adaptado.)

Texto II

O pequeno proprietá rio rural é igual a um pequeno proprietá rio de loja: quanto menor o negó cio
mais difícil manter, pois tem de ser produtivo e os encargos sã o difíceis de arcar. Sou a favor de
propriedades produtivas e sustentá veis que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que
gere empregos é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrá ria.

LESSA, C. Disponível em: <http://enem.descomplica.com.br/gabarito/enem/2013/dia-1/questoes/nos-fragmentos-dos-textos,-


osposicionamentos/>. Acesso em: 25 ago. 2011. (Adaptado.)

Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relaçã o à reforma agrá ria se opõ em. Isso
acontece porque os autores associam a reforma agrá ria, respectivamente, à :
a) reduçã o do inchaço urbano e à crítica ao minifú ndio camponês.
b) ampliaçã o da renda nacional e à propriedade ao mercado externo.
c) contençã o da mecanizaçã o agrícola e ao combate ao êxodo rural.
d) privatizaçã o de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econô mico.
e) correçã o de distorçõ es histó ricas e ao prejuízo ao agronegó cio.

2. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.

É possível identificar no Brasil vá rios municípios cuja urbanizaçã o se deve diretamente à expansã o
da fronteira agrícola moderna, formando cidades funcionais ao campo denominadas de “cidades do
agronegó cio”.

ELIAS, Denise; PEQUENO, Renato. Desigualdades socioespaciais nas cidades do agronegó cio. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e
Regionais, v. 9, n. 1, p. 25-29, 2007. (Adaptado.)

Sobre a expansã o da fronteira agrícola moderna e o surgimento das “cidades do agronegó cio”,
assinale a alternativa correta.
a) A expansã o da fronteira agrícola moderna e a criaçã o das cidades do agronegó cio ocorreram
a partir de 1970, com a incorporaçã o das terras do cerrado, impulsionada por políticas
pú blicas voltadas à ocupaçã o de terras e ao desenvolvimento local.
b) A fronteira agrícola moderna e o aparecimento das cidades do agronegó cio estã o associados
à s políticas do governo Vargas direcionadas à agricultura, com a criaçã o, em 1951, do Sistema
Nacional de Crédito Rural.
c) A fronteira agrícola moderna e o aparecimento das cidades do agronegó cio ocorreram apó s
investimentos dos Estados Unidos, na década de 1950, em territó rio brasileiro para produçã o
destinada à exportaçã o.
d) As cidades do agronegó cio estã o localizadas predominantemente no Paraná , Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, estados onde ocorreu a expansã o da fronteira agrícola moderna a partir
da década de 1960.
e) Por intermédio da expansã o da fronteira agrícola moderna e a criaçã o das cidades do
agronegó cio, a partir da década de 1950, houve uma difusã o do meio técnico-científico-
informacional em todo o territó rio nacional.

3. (Uespi) Sobre a formaçã o do territó rio brasileiro e a questã o fundiá ria, leia e assinale a
alternativa que se apresenta corretamente.
a) A monocultura é uma prá tica que ocupa pequena extensã o territorial voltada para a
agricultura de subsistência.
b) As capitanias hereditá rias apresentavam grandes extensõ es de terra e formaram a base para
os latifú ndios.
c) No processo de formaçã o do territó rio as culturas do gado e do algodã o se desenvolveram
de forma intensiva.
d) A cultura cafeeira alterou as relaçõ es de trabalho e de uso da terra por meio dos processos
migrató rios gerando mais concentraçã o de terras.
e) A pequena produçã o rural familiar coexistiu juntamente com os minifú ndios e representa o
mó dulo rural dos grandes produtores.

4. (UFRGS-RS) A modernizaçã o da agricultura no planalto Central se dá por meio da relaçã o


entre mecanizaçã o e apropriaçã o do relevo em á reas de cerrado. É característica dessa relaçã o:
a) a destruiçã o das veredas destinadas à s atividades de policultura.
b) o desenvolvimento da monocultura em vastas á reas de topografia plana.
c) a drenagem dos solos hidromorfizados para atividades de pecuá ria.
d) a compactaçã o dos solos nas á reas de fundos de vale para edificaçõ es de armazéns.
e) o uso de solos em á reas de declividade acentuada para rotaçã o de culturas.
Pá gina 186

Vestibular e Enem
5. (Enem)

Mas plantar pra dividir


Nã o faço mais isso, nã o.
Eu sou um pobre caboclo,
Ganho a vida na enxada.
O que eu colho é dividido
Com quem nã o planta nada.
Se assim continuar
vou deixar o meu sertã o,
mesmo os olhos cheios d’á gua
e com dor no coraçã o.
Vou pro Rio carregar massas
pros pedreiros em construçã o.
Deus até está ajudando:
está chovendo no sertã o!
Mas plantar pra dividir,
Nã o faço mais isso, nã o.

VALE, J.; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. Sã o Paulo: Polygram, 1994. (Fragmento.)

No trecho da cançã o, composta na década de 1960, retrata-se a insatisfaçã o do trabalhador


rural com:
a) a distribuiçã o desigual da produçã o.
b) os financiamentos feitos ao produtor rural
c) a ausência de escolas técnicas no campo.
d) os empecilhos advindos das secas prolongadas.
e) a precariedade de insumos no trabalho do campo.

6. (PUC-RJ) A partir da década de 1970, o Governo Federal passou a intervir, de forma mais
decisiva, na Regiã o Centro-Oeste. Programas e planos contemplaram a regiã o, concedendo
incentivos e atraindo investidores para numerosos setores da sua economia. Assinale a
alternativa que não apresente um objetivo desses programas e planos regionais.
a) O acirramento de conflitos pela posse da terra entre grandes proprietá rios e empresá rios
agrícolas.
b) A execuçã o de grandes projetos agropecuá rios com base em incentivos fiscais.
c) A ampliaçã o da fronteira agrícola com a incorporaçã o de novos espaços produtivos.
d) O aumento do rendimento agrícola graças à introduçã o de técnicas mais eficientes.
e) A ampliaçã o da infraestrutura viá ria e a construçã o de hidrelétricas.

7. (Unifor-CE) Observe o grá fico.


IBGE.

Unifor-CE. Fac-símile: ID/BR 0 20 40 60 80

A leitura do grá fico e os conhecimentos sobre a questã o agrá ria brasileira permitem afirmar
que uma das causas que explicam a atual concentraçã o fundiá ria no país é:
a) o modelo de uso do solo, predominantemente destinado à pecuá ria bovina.
b) o avanço das fronteiras agrícolas na Amazô nia durante a ditadura militar.
c) a rá pida expansã o do processo de modernizaçã o agrícola em todo o país.
d) o significativo êxodo rural que tem esvaziado sistematicamente o campo.
e) a terra ser considerada reserva de valor, isto é, uma mercadoria.

8. (Enem) Na charge há uma crítica ao processo produtivo agrícola brasileiro relacionada ao:

Enem/2015. Disponível em: <www.amarildo.com.br>. Acesso: 3 mar. 2013.

a) elevado preço das mercadorias no comércio.


b) aumento da demanda por produtos naturais.
c) crescimento da produçã o de alimentos.
d) há bito de adquirir derivados industriais.
e) uso de agrotó xicos nas plantaçõ es.
Pá gina 187

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

9. (UFV-MG) No final dos anos [19]60 do século XX, o Brasil passou a vivenciar os impactos da
Revoluçã o Verde no desenvolvimento de uma agricultura moderna e de grande eficiência
econô mica. No entanto, a Revoluçã o Verde trouxe também efeitos perversos de ordem social,
econô mica e ambiental. Das alternativas abaixo, assinale a que não expressa um desses efeitos
do processo de modernizaçã o da agricultura brasileira.
a) Ampliaçã o do processo de concentraçã o fundiá ria pela incorporaçã o da chamada fronteira
agrícola à produçã o capitalista.
b) Formaçã o de um amplo contingente de trabalhadores volantes, dependentes de um
mercado de trabalho com grande sazonalidade.
c) Degradaçã o das á reas remanescentes de Mata Atlâ ntica do Rio de Janeiro e Sã o Paulo para a
implantaçã o da lavoura cafeeira.
d) Ampliaçã o da dependência dos produtores ao mercado de sementes pela intensa utilizaçã o
de híbridos.
e) Comprometimento dos recursos hídricos pelo assoreamento de cursos de á gua e
contaminaçã o por produtos químicos.

10. (UFPE) Existe, em diversos países do mundo, um sistema de criaçã o que é feito em amplas
á reas cercadas, onde o gado é solto para se alimentar da pastagem natural ou de restos de
cultura, apó s a colheita das mesmas. Qual a denominaçã o que é dada, em Geo grafia agrá ria, a
esse sistema de criaçã o?
a) Pecuá ria intensiva.
b) Pecuá ria ultraextensiva.
c) Pecuá ria ultraintensiva.
d) Pecuá ria nô made.
e) Pecuá ria extensiva.

11. (Fuvest-SP) No Brasil, o setor agroindustrial prevê aumento significativo da produçã o de


cana-de-açú car para os pró ximos anos. Isso pode ser atribuído:
a) à maior flexibilidade da nova regulamentaçã o ambiental, que implicará uma importante
diminuiçã o de custos.
b) ao atual acréscimo de subsídios governamentais para a produçã o de á lcool, chegando a
valores semelhantes aos do Proá lcool na década de setenta.
c) à diminuiçã o gradativa de á reas de produçã o da soja transgênica, aparecendo a cana como
alternativa econô mica e ambientalmente viá vel.
d) à recente ampliaçã o da demanda externa por todos os subprodutos da cana devido à
desvalorizaçã o do real nos ú ltimos dois anos.
e) ao aumento do interesse internacional por fontes renová veis de energia, em funçã o do
Protocolo de Kyoto.

12. (Unifesp) Observe o mapa.


Unifesp/2005. Fac-símile: ID/BR

Fonte de pesquisa: IBGE, 2002.

O produto I é beneficiado no país e exportado. O produto II atende ao mercado interno.


Identifique corretamente os produtos cultivados nas regiõ es I e II do mapa.
a) I – algodã o; II – feijã o.
b) I – laranja; II – arroz.
c) I – cana-de-açú car; II – milho.
d) I – soja; II – mandioca.
e) I – café; II – uva.

13. (UFRN) Nos anos [19]90 do século passado, intensificou-se no Brasil o crescimento da
atividade agroindustrial articulado aos vá rios setores industriais, favorecendo a emergência do
agronegó cio, que tem como característica a:
a) constituiçã o de cadeias produtivas atreladas à produçã o agrícola de cará ter familiar, com
uma gestã o voltada para os mercados internacionais e regionais.
b) constituiçã o de cadeias produtivas formadas por agentes econô micos integrados por
diversos mecanismos, como cooperativismo, associativismo e integraçã o vertical.
c) forma de produçã o na qual predomina a interaçã o entre gestã o e execuçã o do processo
produtivo pelos agricultores familiares, com ênfase no trabalho assalariado.
d) forma de produçã o que privilegia o associativismo e a formaçã o de cadeias produtivas que
ocorrem nas á reas de assentamentos rurais, onde predomina o trabalho da família.
Pá gina 188

Geografia, Biologia e Química


Transgênicos e biotecnologia
A técnica do DNA recombinante foi popularizada com o nome de engenharia genética. Por
meio dela, é possível romper as barreiras naturais que separam os seres vivos e promover a
troca de material genético entre eles. Por exemplo: em 1978, um gene humano foi inserido em
uma bactéria, e ela se tornou produtora de insulina – indispensá vel para a sobrevivência de
grande nú mero de diabéticos. Essa bactéria – um organismo geneticamente modificado (OGM)
ou transgênico – substituiu o antigo processo de obtençã o da insulina, caro e demorado.

A bioengenharia avançou principalmente na agropecuá ria. Em seu leque de produtos há ,


sobretudo, plantas com genes de outros vegetais e que podem também trazer em si material
genético de microrganismos: fungos, vírus e bactérias. Tais genes lhes conferem características
desejá veis, como maior quantidade de nutrientes ou a resistência a pragas e a agrotó xicos.
Também foram desenvolvidos OGMs que tornam infértil a segunda geraçã o de sementes.

Os transgênicos vêm sendo combatidos por muitas pessoas, em todos os continentes, desde o
lançamento da soja Roundup Ready, resistente ao herbicida Roundup, pela empresa Monsanto,
em 1996 – a primeira variedade de OGMs a entrar no mercado. Os opositores, em princípio,
não se declaram contrá rios aos OGMs e à bioengenharia. Apenas querem a realizaçã o de
experimentos e aná lises exaustivas até ser comprovado, de forma inequívoca, que os
transgênicos não prejudicam o ser humano e o meio ambiente, posiçã o que é partilhada
inclusive por diversos países europeus.

As preocupaçõ es se referem aos impactos negativos dos transgênicos sobre a biodiversidade,


ao temor de reaçõ es adversas nos seres humanos e à concentraçã o de poder econô mico pelos
grupos transnacionais. Quanto à biodiversidade, há o risco da contaminaçã o de variedades
vegetais cultivadas em diversos ecossistemas pela troca de genes entre as espécies naturais e
os transgênicos. Tal poluiçã o genética pode comprometer a diversidade das fontes de genes e,
portanto, frear o desenvolvimento futuro da pró pria bioengenharia.

Dessas circunstâ ncias decorrem as pressõ es para a rotulagem de produtos que contenham
OGMs entre seus ingredientes, em um contexto de desconfiança crescente dos cidadã os em
relaçã o a ó rgã os governamentais de vigilâ ncia sanitá ria ou encarregados de verificar a
qualidade de produtos.

Mesmo assim, em defesa dos transgênicos, as empresas interessadas sempre apresentaram um


argumento poderoso: até o momento, nã o houve nenhum desastre que possa ser atribuído a
eles. Essa situaçã o de relativo conforto foi abalada só em setembro de 2012, conforme se pode
ler no texto a seguir.
Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: GRIFFITHS, Anthony J. F.; WESSLER, Susan R. et al. Introdução à genética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p.
634.

Renato Luiz Ferreira/Folhapress

Embalagens de produto alimentício que possui em sua composiçã o componentes transgênicos. Foto de 2015.

Rodrigo Capote/Folhapress

Plantaçã o de cana-de-açú car transgênica em Piracicaba (SP). Foto de 2010.


Pá gina 189

Rotulagem como direito básico


[...]

Consumimos hoje diversos alimentos com ingredientes à base de transgênicos, produzidos


para matar insetos e resistir a agrotó xicos. [...]

Nã o existe consenso na comunidade científica sobre a segurança dos transgênicos para a saú de
humana e o meio ambiente [...]

Em 2003, foi publicado o decreto de rotulagem (4680/2003), que obrigou empresas da á rea da
alimentaçã o, produtores, e quem mais trabalha com venda de alimentos, a identificarem, com
um “T” preto, sobre um triâ ngulo amarelo, o alimento com mais de 1% de matéria-prima
transgênica.

A resistência das empresas foi muito grande, e muitas permanecem até hoje sem identificar a
presença de transgênicos em seus produtos. O cená rio começou a mudar somente apó s
denú ncia do Greenpeace, em 2005, de que as empresas Bunge e Cargill usavam transgênicos
sem rotular, como determina a lei. O Ministério Pú blico Federal investigou e a justiça
determinou que as empresas rotulassem seus produtos, o que começou a ser feito em 2008.

Greenpeace. Ruim para o produtor e para o consumidor. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-


fazemos/Transgenicos/>. Acesso em: 21 mar. 2016.

Em 2015, sob forte influência da bancada ruralista, foi aprovada na Câ mara o projeto de lei
4148/08, segundo o qual não seria preciso identificar produtos com menos de 1% de
transgenia. Entidades contrá rias à decisã o argumentam que é direito do consumidor saber as
características de um produto no pró prio ró tulo seja este transgênico ou não.

Navegue
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Ó rgã o vinculado ao governo que fiscaliza e regulamenta as legislaçõ es de serviços e produtos que afetem a saú de da
populaçã o, tais como alimentos e produtos farmacê uticos. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/ >. Acesso em: 21
mar. 2016.

O fim da dúvida
Pela primeira vez na histó ria foi realizado um estudo completo e de longo prazo para avaliar o
efeito que um transgênico e um agrotó xico podem provocar sobre a saú de pú blica. Os
resultados sã o alarmantes.

O transgênico testado foi o milho NK603, tolerante à aplicaçã o do herbicida Roundup


(característica presente em mais de 80% dos transgênicos alimentícios plantados no mundo),
e o agrotó xico avaliado foi o pró prio Roundup, o herbicida mais utilizado no planeta – ambos
de propriedade da Monsanto. […]

O estudo foi realizado ao longo de 2 anos com 200 ratos de laborató rio, nos quais foram
avaliados mais de 100 parâ metros. Eles foram alimentados de três maneiras distintas: apenas
com milho NK603, com milho NK603 tratado com Roundup e com milho nã o modificado
geneticamente tratado com Roundup. As doses de milho transgênico (a partir de 11%) e de
glifosato (0,1 ppb na á gua) utilizadas na dieta dos animais foram equivalentes à quelas a que
está exposta a populaçã o norte-americana em sua alimentaçã o cotidiana.

Os resultados revelam uma mortalidade mais alta e frequente quando se consome esses dois
produtos, com efeitos hormonais nã o lineares e relacionados ao sexo.

As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamá rios, além de problemas


hipofisá rios e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crô nicas
hepatorrenais.

O estudo, realizado pela equipe do professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na


França, foi publicado [em 19/9/2012] em uma das mais importantes revistas científicas
internacionais de toxicologia alimentar, a Food and Chemical Toxicology.

[…]

De acordo com Séralini, os efeitos do milho NK603 só haviam sido analisados até agora em
períodos de até três meses. No Brasil, a CTNBio (Comissã o Técnica Nacional de Biossegurança)
autoriza o plantio, a comercializaçã o e o consumo de produtos transgênicos com base em
estudos de curto prazo, apresentados pelas pró prias empresas demandantes do registro.

O pesquisador informou ainda que esta é a primeira vez que o herbicida Roundup foi analisado
em longo prazo. Até agora, somente seu princípio ativo (sem seus coadjuvantes) havia sido
analisado durante mais de seis meses.

[…]

AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia. 21 mar. 2012. Disponível em: <http://aspta.org.br/2012/09/o-fim-da-duvida>.


Acesso em: 11 nov. 2015.

Atividades

1. Com um colega, façam um pequeno glossá rio com as expressõ es do texto que vocês
desconhecem.

2. Os OGMs sofrem oposiçã o em grande parte do mundo. Discuta com os colegas: Quais sã o as
vantagens dos OGMs e por que eles sã o combatidos?
Pá gina 190

Projeto
Os impactos das atividades agropecuárias

O que vocês vão fazer


Neste projeto semestral, você e os colegas vã o elaborar um relató rio científico e um
seminá rio sobre os impactos positivos e negativos das atividades agropecuá rias em
seu município ou estado.

O objetivo é aprofundar os conhecimentos sobre as implicaçõ es econô micas, sociais e


ambientais das principais atividades agropecuá rias desenvolvidas no município ou no
estado em que vivem.

A elaboraçã o do projeto contará com as etapas descritas a seguir.

1. Levantamento de dados

Organizem-se em grupos. Em uma primeira etapa, cada grupo deverá pesquisar e


listar as produçõ es agropecuá rias mais importantes do município ou do estado onde
vivem. Em seguida, na sala de aula, os grupos apresentarã o suas listas e, juntos, cada
um escolherá uma das atividades listadas para o estudo. Feito isso, cada grupo deverá
coletar dados e informaçõ es sobre a produçã o selecionada procurando identificar:

• a estrutura fundiá ria: pequenas, médias ou grandes propriedades;

• as principais propriedades rurais ou empresas que atuam na produçã o selecionada


pelo grupo;

• a localizaçã o dessas propriedades, verificando se estã o concentradas ou se estã o


dispersas pelo município ou estado.

• os impactos positivos e negativos que a produçã o (cultivo ou criaçã o) escolhida pode


gerar. Para isso, verifiquem o quadro a seguir.

Impactos positivos Impactos negativos

• Gera quantidade significativa de empregos e de renda • Faz uso inadequado de agrotó xicos, fertilizantes e
para o município ou estado. adubos químicos, no caso de cultivo.

• Tem parte da produçã o que pode ser feita de forma • Faz uso inadequado de hormô nios ou alimentos para
artesanal, por comunidades quilombolas, caiçaras, os animais, no caso de uma atividade pecuá ria.
ribeirinhas e/ou indígenas. Esse tipo de produçã o é
incentivado? • Descarta os rejeitos de forma inadequada, gerando
contaminaçã o do solo e da á gua.
• Utiliza técnicas sustentá veis e que promovem a
conservaçã o da biodiversidade, tais como a • Promove a perda de biodiversidade devido à atividade
agroecologia. monocultora e uso de agrotó xicos.

• Aplica técnicas para evitar a erosã o do solo e o • Gera compactaçã o do solo.


assoreamento de rios.
• Apresenta riscos à saú de por má s condiçõ es sanitá rias.

• Com base nessa coleta de dados, pesquisem medidas para solucionar os impactos
negativos e medidas para ampliar os impactos positivos do cultivo ou da criaçã o
abordada pelo grupo.

• Vocês poderã o obter outras informaçõ es consultando sites, jornais, vídeos de


programas de TV, pesquisas acadêmicas, revistas especializadas e livros. Os sites de
ó rgã os do governo e os de ONGs sã o os mais indicados. Vocês poderã o também
realizar visitas a ó rgã os oficiais, ONGs e cooperativas de produtores do município e
realizar entrevistas com produtores e funcioná rios desses ó rgã os. A seguir, algumas
sugestõ es para consulta:

• Gestão ambiental na agropecuária, de Luciano Gebler e Julio Cesar Pascale Palhares


(Ed.). Brasília: Embrapa, 2007-2014. 2 v.

• A sustentabilidade ambiental da agropecuária brasileira: impactos, políticas públicas e


desafios, Texto para Discussão, de Regina Helena Rosa Sambuichi e outros. Brasília-Rio
de Janeiro, Ipea, n. 1 782, 2012. Disponível em: <http://linkte.me/ripea>. Acesso em:
13 dez. 2015.
Pá gina 191

• Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá ria (Embrapa). Disponível em:


<http://linkte.me/embrapa>.

• IBGE Cidades@. Disponível em: <http://linkte.me/ibgec>.

• Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://linkte.me/mmadr>. Acessos


em: 20 abr. 2016.

2. Elaboração do relatório

Uma vez de posse dos dados coletados, organizem um relató rio com a síntese da
pesquisa e as reflexõ es elaboradas pelo grupo sobre os dados e as informaçõ es
analisadas.

O relató rio deverá conter uma breve apresentaçã o sobre o tema, com a identificaçã o
da produçã o agrícola ou pecuá ria analisada e sua importâ ncia no territó rio examinado
(município ou estado).

Em seguida, deverã o ser apresentados os dados relativos:

• à estrutura fundiá ria;

• à localizaçã o da atividade agropecuária;

• aos impactos positivos e as medidas para expandi-los;

• aos impactos negativos e as medidas para atenuá -los.

Além disso, o relató rio deve ser ilustrado com fotos, grá ficos, mapas, de modo que seja
didá tico e agradá vel de ler

3. Organização do seminário

A elaboraçã o do seminá rio deverá ser feita a partir do relató rio produzido pelo grupo,
priorizando-se a utilizaçã o de imagens (fotos, mapas, ilustraçõ es, esquemas, grá ficos)
para demonstrar o conteú do a ser explicitado durante a apresentaçã o. Poderã o ser
utilizados vídeos, apresentaçõ es de slides ou outras mídias recomendadas pelo
professor.

4. Discussões

Apó s a entrega dos relató rios e a realizaçã o do seminá rio, reú nam-se para discutir as
semelhanças e as diferenças entre as atividades agropecuá rias apresentadas pelos
grupos. Reflitam sobre as características econô micas, sociais e ambientais
relacionadas a cada produçã o, utilizando os conhecimentos de Geografia para
compreender os impactos mencionados, mas também estabelecendo relaçõ es com
outras disciplinas, como Sociologia, Filosofia, Biologia, Química e Histó ria. Poderã o ser
abordados, por exemplo, temas como as relaçõ es de trabalho, a organizaçã o social e de
classes, os requisitos ambientais para a produçã o e para a conservaçã o ambiental, etc.

Paulo Fridman/Pulsar Imagens

Secagem de fibras de sisal em propriedade rural, Valente (BA). Os estados da Bahia e da Paraíba sã o os maiores
produtores de sisal do Brasil. Foto de 2015.
Pá gina 192

UNIDADE 4 A representação do espaço produzido


NESTA UNIDADE
15 Localização e orientação geográfica
16 Diferentes formas de representação do espaço
17 Novas tecnologias e suas aplicações

A sociedade humana sempre se preocupou em apreender e


representar, de alguma forma, o espaço onde vive e desenvolve suas
atividades. Nesse sentido, os mapas sempre foram e continuarão sendo
um saber social sobre o espaço, saber construído e modificado no
decorrer da História.

Um dos momentos mais importantes da construção da linguagem


cartográfica foi o período das Grandes Navegações, no qual o
conhecimento sobre o espaço terrestre aumentou muito.

Nesta unidade, vamos estudar vários aspectos da representação do


espaço: sua relação com a tecnologia, com as atividades econômicas,
com as diferentes visões de mundo, etc.

QUESTÕES PARA REFLETIR

1. O que mais chama a sua atençã o neste mapa?

2. O que se pode perceber sobre o conhecimento da América no período em que o


mapa foi elaborado?

3. E sobre o territó rio brasileiro? Cite elementos representados no mapa para


justificar sua resposta.
Pá gina 193

Coleçã o particular. Fotografia: ID/BR

América do Sul em trecho do planisfério de Pierre Descelliers, feito em Arques, na França, em 1546.
Pá gina 194

CAPÍTULO 15 Localização e orientação geográfica

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Orientaçã o.
As coordenadas geográ ficas.
Os movimentos da Terra e as estaçõ es do ano.
Os fusos horá rios e a linha internacional da data.

NASA TV/AFP

Astronauta da Estaçã o Espacial Internacional prepara-se para cumprir protocolos de segurança e verificar a
manutençã o dos equipamentos no espaço. Foto de 28 de outubro de 2015.

Quando se observa a imagem de um astronauta flutuando no espaço, é inegá vel a sensaçã o de desorientaçã o.
Isso nã o acontece por acaso: localizar um corpo ou dizer que ele está em movimento só é possível em função
de algum referencial. Esse referencial pode ser qualquer objeto: uma pessoa, um local, os corpos celestes.

Assim, esquerda, direita, acima, abaixo, etc. sã o situaçõ es relativas, ou seja, dependem de referenciais.

Nas ruas do Brasil, por exemplo, os carros devem se locomover à direita na pista. O referencial, nesse caso, é o
sentido do fluxo dos veículos, indicado pela sinalizaçã o de trá fego.

As pessoas, ao se locomoverem, também se utilizam de uma série de referenciais, como ruas e avenidas,
estabelecimentos comerciais, praças e esquinas, principalmente quando se trata de um local que nunca
tenham visitado.

Considerando o texto acima, responda.


1. Que referenciais de localizaçã o você mais utiliza? Dê exemplos.

2. Que outros referenciais de localizaçã o existem, além dos citados no texto?

3. Se você estivesse no espaço, como faria para se localizar?

4. Como a tecnologia é capaz de contribuir para que as pessoas se localizem?


Pá gina 195

Orientação

Os pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste) sã o os referenciais adotados nos mapas e servem
também como orientaçã o para aeronaves e embarcaçõ es em suas rotas. A rosa dos ventos
apresenta os pontos cardeais e a relaçã o entre eles e seus intermediá rios: os pontos colaterais
e subcolaterais.

O norte magnético é determinado pelo campo magnético da Terra, cuja localizaçã o é variá vel
ao longo do tempo geoló gico, pois depende dos movimentos realizados pela camada externa
do nú cleo terrestre.

O norte geográ fico é definido geometricamente com base no eixo em torno do qual a Terra gira
em torno de si mesma (eixo de rotaçã o). O polo, nesse caso, corresponde ao ponto da superfície
por onde passa o eixo.

Luis Moura/ID/BR

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. Sã o Paulo: FTD, 2011. p. 10.

A rosa dos ventos é um importante instrumento de orientaçã o. Na ilustraçã o acima, os pontos cardeais estã o
indicados em laranja; os pontos colaterais, em amarelo; e os subcolaterais, em verde.

Instrumentos de orientação
A bússola é o instrumento mais simples de orientaçã o geográ fica. Foi inventada pelos
chineses no século II a.C. e está presente no Ocidente desde o século XII. Foi um instrumento de
utilidade inestimá vel no período das Grandes Navegaçõ es. Desde que disposta sobre uma
superfície horizontal, longe de campos magnéticos, a ponta imantada de uma bú ssola estará
sempre direcionada para o norte magnético da Terra. Uma vez localizado o norte (a localizaçã o
do norte magnético é muito pró xima à do norte geográ fico), pode-se facilmente deduzir as
demais posiçõ es: se o norte está à sua frente, o sul ficará atrá s, o leste à direita e o oeste à
esquerda.
Triff/Shutterstock.com/ID/BR

Bú ssolas.

O GPS (sigla utilizada para designar o sistema de posicionamento global – global positioning
system, em inglês) é um sistema de orientaçã o baseado em informaçõ es transmitidas por
satélite. O satélite transmite ao aparelho receptor mó vel do GPS sua localizaçã o exata e, a
partir daí, pode traçar rotas e trajetos. Essa transmissã o de informaçã o ocorre
independentemente das condiçõ es atmosféricas. O GPS é amplamente utilizado na aviaçã o e no
transporte marítimo e fluvial e cada vez mais no transporte terrestre.

Sergio Pedreira/Pulsar Imagens

O uso de dispositivos de GPS, incorporados a automó veis e telefones celulares, tornou-se comum no auxílio aos
deslocamentos realizados em automó veis e, até mesmo, para pedestres e usuá rios de transporte coletivo. Na foto de
2015, GPS automotivo.
Pá gina 196

Coordenadas geográficas

No dia a dia, baseamos nossa orientaçã o em referenciais pró ximos, como ruas e edificaçõ es.
Veremos, agora, como essa questã o é tratada em relaçã o aos mapas, uma vez que eles sã o um
dos mais importantes meios pelos quais a Geografia representa os resultados de suas
pesquisas.

Ao observar um planisfério, você deve perceber que o Brasil está geralmente representado na
porçã o inferior esquerda do mapa. Em outras palavras, nosso país está quase todo ao sul do
Equador, linha imaginá ria que divide a Terra em duas meias esferas: o hemisfério Norte ou
Setentrional e o hemisfério Sul ou Meridional.

O meridiano de Greenwich, que também é uma linha imaginá ria, divide nosso planeta em
duas meias esferas: nos mapas-mú ndi, de modo geral, a metade esquerda representa o oeste
ou hemisfério Ocidental, e a metade direita é o leste ou hemisfério Oriental. A cidade de
Brasília, por exemplo, situa-se ao sul da linha do Equador, portanto, no hemisfério Sul, e a
oeste do meridiano de Greenwich, no hemisfério Ocidental.

Brasília, embora seja uma cidade grande, nã o passa de um ponto sobre um mapa que
representa o mundo. E, ao falar a respeito da localizaçã o de um ponto qualquer sobre a
superfície terrestre, deve-se considerar a sua posiçã o em relaçã o à s duas linhas imaginá rias
apresentadas. Se a sua posiçã o for dada a partir da linha do Equador, fala-se em latitude. Se
tiver como referência o meridiano de Greenwich, fala-se em longitude.

Portanto, a latitude refere-se à distância, medida em graus, de qualquer ponto da superfície


terrestre em relaçã o à linha do Equador (latitudes norte e sul) e varia de 0° a 90° tanto para o
norte quanto para o sul; a longitude refere-se à s distâ ncias relativas ao meridiano de
Greenwich (longitudes leste e oeste) e variam de 0° a 180° tanto para leste quanto para oeste.
Observe que a linha do Equador e o meridiano de Greenwich sã o linhas de referência: a
contagem para a determinaçã o dos valores de latitude e longitude começa sempre a partir
delas.

Ao observar um globo terrestre, vemos representadas vá rias linhas sobre o planeta, algumas
delas dispostas na horizontal, enquanto outras se alinham na vertical.

As linhas horizontais − os paralelos − assinalam as latitudes e formam uma série de círculos


concêntricos a partir do Equador. O Equador é o círculo maior, enquanto os demais diminuem
em direçã o aos polos. As linhas verticais − os meridianos − formam um feixe unindo os dois
polos.

A intersecçã o das latitudes e longitudes resulta em uma espécie de “rede”, cuja disposiçã o
facilita a localizaçã o de qualquer ponto da Terra (ver figura ao lado).

Contudo, para essa localizaçã o sã o necessá rios os dois valores, latitude e longitude. Se
dispusermos de apenas um deles, a latitude, por exemplo, nã o será possível localizar nenhum
ponto. Vamos imaginar a seguinte situaçã o: a cidade de Brasília encontra-se na latitude
aproximada de 16° ao sul do Equador. Se nã o fizermos referência à sua longitude,
completaremos uma volta inteira na Terra sem saber em que ponto fica Brasília. Porém,
sabendo que a cidade está a cerca de 48° de longitude oeste, conseguimos localizá -la
facilmente.
Moment Editorial/Getty Images

A linha traçada no chã o demarca a localizaçã o do meridiano de Greenwich, em Londres, Inglaterra. Foto de 2014.

Paulo Cesar Pereira/ID/BR polo Sul

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 10.

No sistema de coordenadas geográ ficas, as linhas que vã o do polo Norte ao polo Sul (meridianos) se cruzam com as
linhas que dã o uma volta completa ao redor da Terra na direçã o leste-oeste (paralelos). Representaçã o esquemá tica
fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.
Pá gina 197

As coordenadas no globo e no planisfério

As coordenadas geográ ficas sã o traçadas para identificar a localizaçã o tanto no globo terrestre
quanto no planisfério. É bom lembrar que o globo terrestre é um corpo tridimensional, ou
seja, possui altura, comprimento e largura (ou espessura), enquanto o mapa traz apenas duas
dessas dimensõ es (é bidimensional, não possui espessura). Entretanto, embora sejam
representaçõ es diferentes, tanto o mapa quanto o globo trazem a mesma disposiçã o de
coordenadas em forma de rede.

A importância da localização
A determinaçã o das coordenadas geográ ficas de uma localidade é muito importante para a
localizaçã o de pontos e o traçado de rotas na superfície terrestre. O sistema de coordenadas foi
estabelecido por meio de convençõ es cartográ ficas, de maneira a garantir que a localizaçã o
pela latitude e pela longitude dos pontos na superfície seja sempre a mesma em qualquer mapa
ou globo. O sistema de coordenadas é muito importante, pois, para as pessoas se deslocarem
entre os lugares da Terra, elas devem seguir referenciais precisos. Se o trá fego aéreo e de
grandes embarcaçõ es nã o dispusesse de um sistema de coordenadas, seria muito difícil
transitar com precisã o e rapidez de um ponto a outro do planeta.

A latitude informa o quanto estamos pró ximos dos polos ou da linha do Equador, indicando
também características da temperatura local, já que, em linhas gerais (e sem considerar outros
fatores que influem na temperatura, como a altitude), quanto mais perto do Equador, mais
elevadas sã o as temperaturas (climas tropicais e equatoriais). Ao contrá rio, quanto mais
pró ximos estivermos dos polos (ou distantes do Equador), mais baixas sã o as temperaturas
(climas temperados, frios e polares).

A longitude, por sua vez, é utilizada no cá lculo dos fusos horá rios, como veremos adiante.

Assista
Battleship: a batalha dos mares. Direçã o de Peter Berg, EUA, 2012, 130 min.
O filme mostra uma histó ria de ficçã o científica em que as personagens sã o envolvidas numa batalha realizada no mar, com o
intenso uso do sistema de coordenadas geográ ficas para alcançar o objetivo e vencer o inimigo.

GEOGRAFIA E MATEMÁTICA

Medição das coordenadas geográficas

A latitude e a longitude sã o medidas por graus de circunferência, indicados por graus, minutos e
segundos. Um grau equivale à medida angular de cada uma das 360 partes em que uma
circunferência pode ser dividida. No sistema de coordenadas terrestres, um grau (1°) corresponde
a 60 minutos (60’) e 1 minuto pode ser dividido em 60 segundos (60”).

1. Um intervalo de 25° equivale a quantos minutos?

2. A que latitude se encontra o tró pico de Capricó rnio?


Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 32. O mapa representa algumas das linhas de
referência das coordenadas geográ ficas.
Pá gina 198

Parque do Solstício
Um enorme círculo de blocos de granito pode ter sido usado por povos da
pré-história amazônica para marcar a mudança das estações do ano.

A incidência da luz solar sobre a superfície da Terra varia devido à movimentaçã o do planeta
ao redor de seu pró prio eixo (rotaçã o) e em volta do Sol (translaçã o). O eixo de rotaçã o da
Terra é inclinado em relaçã o ao eixo de translaçã o. Por essa razã o, as estaçõ es do ano se
sucedem de modo inverso nos hemisférios – quando é inverno no Sul, é verã o no Norte. Os
solstícios sã o os momentos em que a inclinação do eixo de rotaçã o mais interfere na
distribuiçã o da luz solar sobre a superfície terrestre, marcando o início das estaçõ es de inverno
e verã o.

Pró ximo ao litoral norte do Amapá , foram encontradas dezenas de estruturas megalíticas (do
grego mega = grande e lithos = pedra), provavelmente erguidas por povos indígenas pré-
colombianos.

Segundo arqueó logos brasileiros e europeus, um desses megalitos, hoje preservado no Parque
Arqueoló gico do Solstício, no município de Calçoene (AP), pode ter servido para marcar a
passagem do solstício de dezembro. Observe a seguir como a iluminaçã o da Terra pelo Sol
varia ao longo do ano.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

O parque, a cerca de 370 quilô metros da capital Macapá , protege um dos 30 sítios arqueoló gicos com megalitos
conhecidos no estado do Amapá .
Ilustraçõ es: Mario Kanno

Representaçõ es esquemá ticas fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia. Nã o escreva no livro.
Pá gina 199

Fotografia: Ricardo Azoury/Pulsar Imagens

Arqueó logos creem que os blocos de granito, alguns com até 2,5 metros de altura e quatro toneladas, foram talhados
e levados para o alto de uma colina por povos amazô nicos há cerca de mil anos. Este megalito é o que está
destacado na vista acima e no diagrama ao lado.

Estruturas megalíticas no Parque Arqueológico do Solstício, em Calçoene (AP). Foto de 2013.

Vista vertical da estrutura megalítica

Os megalitos do Parque do Solstício foram dispostos de modo circular, numa á rea com 30 metros de diâmetro, e, à
semelhança de outros sítios pré-histó ricos megalíticos mundo afora, como o de Stonehenge (Inglaterra), poderiam
marcar fenô menos astronô micos.
Ilustração: Mario Kanno

Como o megalito marca o solstício

A maior placa de granito foi cuidadosamente instalada em pé, de modo a ter uma leve inclinaçã o para o sul.
Arqueó logos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnoló gicas do Amapá verificaram que, do ponto de vista de
quem está junto a essa placa, sua inclinaçã o corresponde à da trajetória aparente do Sol no dia do solstício de
dezembro

No dia desse evento astronô mico, a estreita sombra que a placa projeta encontra-se perfeitamente alinhada com as
posiçõ es do nascente e do poente no horizonte.

O â ngulo da placa é tal que no solstício de dezembro as faces norte e sul do megalito ficam igualmente iluminadas,
sem projetar sombras nessas direçõ es. Ao longo do dia, as sombras sã o projetadas na direçã o noroeste-sudeste.

Ilustração: Mario Kanno

Fontes de pesquisa: CABRAL, Mariana Petry; SALDANHA, João Darcy M. Paisagens megalíticas na costa norte do Amapá . Revista de
Arqueologia, Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), Teresina, v. 21, n. 1, p. 9-26, 2008. P IVETTA, Marcos. As pedras do sol. Revista
Pesquisa Fapesp, Sã o Paulo, ed. 186, p. 84-85, ago. 2011.
Pá gina 200

Fusos horários

A alternâ ncia entre dias e noites depende do movimento de rotaçã o, que se completa em torno
de 24 horas. Nesse movimento, uma das faces da Terra fica exposta ao Sol, enquanto a outra
permanece escura. Nos pontos situados sobre a face iluminada é dia, e nos pontos situados na
face escura é noite. O movimento de rotaçã o determina nã o somente a alternâ ncia entre dia e
noite, mas também a sucessã o das horas.

Disso resultou a divisã o da Terra em 24 partes ou fusos horários, ao longo do traçado dos
meridianos. A Terra, como um corpo esférico, possui 360°. Isso significa que os fusos sã o
separados entre si por segmentos de 15°, cada um deles representando uma hora.

O meridiano de Greenwich é o meridiano de referência. O meridiano oposto ao de Greenwich,


do outro lado da Terra, é o de 180°. Se a Terra está dividida em 24 fusos, quando forem 12
horas em Greenwich, será meia-noite no meridiano oposto. E, levando em conta que a Terra se
move de oeste para leste, todos os pontos situados a leste (à direita) de Greenwich
experimentam o amanhecer antes dos pontos situados a oeste (à esquerda) desse meridiano.
Desse modo, enquanto em Brasília sã o 19 horas, em Tó quio sã o 7 horas da manhã do dia
seguinte.

Desde 2013, vigoram no Brasil quatro fusos horá rios. Comparando os pontos extremos,
quando em Rio Branco (AC) sã o 10 horas, em Cuiabá (MT) sã o 11 horas; em Salvador (BA), 12
horas; e no arquipélago de Fernando de Noronha (PE), 13 horas. Durante ohorário de verão, a
disposiçã o dos fusos continua a mesma, embora em alguns estados da Regiã o Centro-Oeste e
nos estados das regiõ es Sul e Sudeste os reló gios sejam adiantados uma hora. As regiõ es Norte
e Nordeste e parte da regiã o Centro-Oeste ficam fora do horá rio de verã o.

Nos antigos reló gios de sol, à época dos romanos, as horas eram dadas pela projeçã o da
sombra de uma haste no solo ao longo do dia. É importante lembrar que o Sol rea liza um
movimento aparente de leste (nascente) para oeste (poente).

Se uma estaca for fincada no chã o, pode-se acompanhar esse movimento e observar que a
orientaçã o e o tamanho da sombra mudam com o passar do dia. Ao meio-dia, a luz solar atinge
a Terra quase na perpendicular (isso depende da latitude), ou seja, ela forma um â ngulo de 90°,
ou pró ximo disso, com a superfície. Nesse caso, não forma sombras ou forma uma sombra
pequena. No início da manhã ou no fim da tarde, quando o Sol forma um â ngulo bastante
inclinado em relaçã o à superfície, o foco se abre e desenham-se sombras enormes a partir dos
objetos.
Sic/ID/BR

Fonte de pesquisa: Centro de Ensino e Ciência Aplicada da Universidade de Sã o Paulo. Disponível em:
<http://efisica.if.usp.br/mecanica/ensinomedio/tempo/evolucao_relogios/>. Acesso em: 30 nov. 2015.

O reló gio de sol mede as horas baseado na sombra de um objeto iluminado pelo Sol e traços marcados na superfície.
Ao amanhecer, a sombra está bem longa, ao meio-dia, está em seu menor tamanho e, ao entardecer, volta a se alongar
do lado oposto. Os reló gios de sol nã o permitem verificar as horas durante a noite e em dias nublados. Representaçã o
esquemá tica fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

Navegue
Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos
Visite o site do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Bioló gicos, vinculado à Universidade de Sã o Paulo, que
se dedica à cronobiologia – á rea que estuda os diferentes ritmos dos fenô menos bioló gicos que afetam os seres vivos. No
site, você poderá avaliar o seu pró prio “reló gio bioló gico” por meio de um questioná rio de cronotipo. Disponível em:
<http://linkte.me/cronbio>. Acesso em: 27 nov. 2015.
Pá gina 201

Linha Internacional de Data


Os 24 fusos horá rios sã o linhas imaginá rias que, como os meridianos, sã o traçadas de um polo
a outro. Ao se deslocar para oeste, a partir de Greenwich, uma pessoa terá de subtrair uma
hora para cada fuso e, ao se deslocar para leste, terá de adicionar uma hora para cada fuso.

Observe o mapa abaixo. Do fuso de Greenwich (0) à Argentina, sã o três horas de variaçã o (três
fusos); de Greenwich até o Japã o, há nove fusos e, portanto, nove horas de variaçã o. Se no
Reino Unido sã o 9 horas, no Japã o sã o 18 horas e na Argentina, 6 horas. Portanto, entre
Argentina e Japã o há 12 horas de diferença.

A Linha Internacional de Data (LID) (ou Linha de Data), estabelecida no final do século XIX,
demarca a mudança de data no calendá rio. Seu traçado coincide quase completamente com o
meridiano de 180°, com exceçã o de algumas adaptaçõ es regionais (reveja o mapa).

Se uma pessoa avançar na direçã o leste, bem depois do Japã o, as horas nã o serã o somadas
indefinidamente, pois ela encontrará a linha de mudança de data, por onde passa o fuso oposto
ao de Greenwich. Nesse caso, se ela avançar, as horas serã o adicionadas normalmente até
atingir as 24 horas ou, mais acertadamente, zero hora do dia anterior.

Leia
Pequena história do tempo, de Sylvie Baussier. Sã o Paulo: SM, 2005.
O livro aborda as diferenças entre a concepçã o linear e a concepçã o cíclica do tempo, mostrando como ambas revelam uma
noçã o social diferente sobre o passado e o futuro.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Agência Central de Inteligência Americana. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-


world-factbook/graphics/ref_maps/physical/pdf/standard_time_zones_of_the_world.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2015.

Observe que os fusos horá rios estã o sujeitos a adaptaçõ es. No Brasil, por exemplo, o primeiro dos quatro fusos
brasileiros corresponde às ilhas oceâ nicas; o fuso −3 coincide com limites estaduais; já o fuso −5 abrange o Acre e
parte do estado do Amazonas.
CONEXÃO

O horário no mundo

Greenwich é o meridiano de referência, ou seja, sobre ele passa o fuso onde se assinala o horário
universal de Greenwich. Isso significa que as horas, no mundo inteiro, sã o ajustadas de acordo com
o horá rio de Londres, na Inglaterra, por onde passa esse meridiano. Isso é ú til para quem viaja, para
o comércio internacional, para os sistemas de comunicaçã o, etc., pois, assim, horá rios do mundo
inteiro seguem um padrã o. A delimitaçã o dos meridianos e o estabelecimento dos fusos horá rios
também é importante para a padronizaçã o e a consequente organizaçã o de atividades que
envolvem pessoas em diferentes lugares da Terra.

1. Discuta com os colegas sobre como os fusos horá rios interferem nas atividades entre empresas e
organizaçõ es com atividades em â mbito mundial.
Pá gina 202

Mundo Hoje
O que é relógio biológico?
Todo ser vivo possui um ciclo de descanso e atividade relacionado aos períodos diurno e
noturno. Entre os animais, esse ciclo – chamado de circadiano (cerca de um dia) – oscila entre
23 e 26 horas. Já o reló gio dos seres humanos, com pequenos desvios, dá uma volta a cada 24
horas e 18 minutos. Como o reló gio avança diariamente esses 18 minutos, o organismo se
recupera mais facilmente de longas viagens para o leste – direçã o em que o fuso horá rio
aumenta – do que para oeste. Assim, entrar no horá rio de verã o, quando o reló gio é adiantado
em uma hora, também é mais difícil do que sair dele. “Todo dia, os minutos extras do nosso
ciclo circadiano sã o ajustados conforme as atividades e a quantidade de luz a que somos
submetidos. Se ambas sã o intensas pela manhã , o ciclo encurta. Atividades no fim da tarde ou à
noite o expandem”, afirma o fisiologista John Araú jo, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, em Natal.

Fisiologista: profissional da fisiologia, ramo da Biologia que estuda as mú ltiplas funçõ es mecâ nicas, físicas e bioquímicas
nos seres vivos.

Os bió logos acreditam que esse ciclo muda de acordo com a espécie, para que cada uma delas
explore um horá rio diferente do dia. Um estudo recente da Universidade de Osaka, no Japã o,
constatou que as espécies animais com reló gios de exatas 24 horas tendem a ter menos
sucesso evolutivo, porque, ao saírem todas juntas para caçar, formam “horá rios de rush” [de
grande movimento coletivo] nos quais a comida se torna mais escassa.

O que é reló gio bioló gico? Revista Superinteressante, Sã o Paulo, Abril, ed. 170, nov. 2001. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/ciencia/o-que-e-relogio-biologico>. Acesso em: 27 nov. 2015.

Rodval Matias/ID/BR

Enquanto uns já estã o acordados, outros ainda dormem. O sono e a vigília fazem parte do reló gio bioló gico dos seres
vivos.

É verdade que o horário de verão atrapalha o


funcionamento do organismo?
Para os mais sensíveis, sim. O organismo funciona como um reló gio, o que significa ter sono em
determinados horá rios e fome em outros. Quando se adiantam os ponteiros uma hora, o corpo
não se adapta automaticamente. O sono, principalmente, fica perturbado. Os que mais sofrem
sã o os “pequenos dormidores” – indivíduos que passam cerca de cinco horas na cama – e os
“grandes dormidores” – que precisam de dez horas. Os dois tipos representam cerca de 20%
da populaçã o.

Durante uma semana eles nã o sentem sono no horá rio em que normalmente dormiriam,
porque os ponteiros estã o adiantados. E estarã o sonolentos ao se levantar. “Isso provoca uma
queda na concentraçã o durante o dia, aumentando os riscos de acidentes no trabalho ou no
trâ nsito”, diz o cronobiologista Nelson Marques, da Universidade de Sã o Paulo. “Torna-se
também difícil rea lizar trabalhos que exigem atençã o.” O problema volta a ocorrer com o fim
do horá rio de verã o, quando os reló gios sã o atrasados em uma hora.

Horá rio de verão pode diminuir a atenção. Revista Superinteressante, Sã o Paulo, Abril, ed. 111, dez. 1996. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/ciencia/horario-de-verao-pode-diminuir-a-atencao> Acesso em: 27 nov. 2015.

PARA ELABORAR

Como grande parte do territó rio brasileiro está localizado em baixas latitudes (no caso, entre a
linha do Equador e o tró pico de Capricó rnio), a diferença de duraçã o entre os dias e as noites
ao longo do ano é muito pequena na maior parte dos estados. Já nos países situados nas
latitudes médias e altas, como a Alemanha e a Noruega, a diferença dessa duraçã o é muito
maior. Na Alemanha, por exemplo, no verã o os dias podem durar 17 horas e, no inverno,
apenas 8 horas.

Em virtude dessas consideraçõ es e daquelas apontadas nos dois textos, discuta com os colegas
as questõ es a seguir:

1. Justifica-se a implantaçã o do horá rio de verã o no Brasil? Comente os argumentos favorá veis
e os desfavorá veis à manutençã o do horá rio de verã o no Brasil.

2. Por que o horá rio de verã o não vigora nas regiõ es Norte e Nordeste?
Pá gina 203

Informe
A importância dos mapas
O mapa, um modelo de comunicaçã o visual, é utilizado cotidianamente por leigos em suas
viagens, consulta de roteiros, localizaçã o de imó veis, e por geó grafos, principalmente, de forma
específica. O mapa já era utilizado pelos homens das cavernas para expressar seus
deslocamentos e registrar as informaçõ es quanto à s possibilidades de caça, problemas de
terreno, matas, rios, etc. Eram mapas em que se usavam símbolos iconográ ficos e que tinham
por objetivo melhorar a sobrevivência. Eram mapas topoló gicos, sem preocupaçã o de projeçã o
e de sistema de signos ordenados, mas os símbolos pictó ricos eram de significaçã o direta, sem
legenda pois era a pró pria linguagem deles, a iconográ fica.

Uma vez que a geografia é uma ciência que se preocupa com a organizaçã o do espaço, para ela
o mapa é utilizado tanto para a investigaçã o quanto para constataçã o de seus dados. A
cartografia e a geografia e outras disciplinas como a geologia, biologia caminham
paralelamente para que as informaçõ es colhidas sejam representadas de forma sistemá tica e,
assim, se possa ter a compreensã o “espacial” do fenô meno.

O mapa, portanto, é de suma importâ ncia para que todos que se interessem por deslocamentos
mais racionais, pela compreensã o da distribuiçã o e organizaçã o dos espaços, possam se
informar e se utilizar deste modelo e tenham uma visã o de conjunto.

Os espaços sã o conhecidos dos cientistas que os palmilham em suas pesquisas de campo, mas é
o mapa que trará a leitura daquele espaço, mostrando a interligaçã o com espaços mais amplos.

Assim, também, os leigos, ao se preocuparem com a organizaçã o do seu espaço, ou de forma


mais cotidiana com deslocamentos mais racionais, ou circulaçõ es alternativas
(congestionamentos, impedimentos) devem apelar para o mapa.

Yves Lacoste mostra, de forma crítica, a necessidade de se preparar as pessoas para lerem
mapas, além de conhecer o seu pró prio espaço. Diz ele que a geografia e a cartografia em
particular sã o matérias que envolvem um conhecimento estratégico, o qual permite à s pessoas
que desconhecem seu espaço e sua representaçã o passarem a organizar e dominar esse
espaço.

[...]

ALMEIDA, Rosâ ngela D; PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e representação. 11. ed. Sã o Paulo: Contexto, 2001. p. 15-16.
Lachlan Bucknall/Alamy/Latinstock

Os conhecimentos cartográ ficos sã o valiosos para toda a populaçã o. Dependendo da necessidade, alguns mapas
fornecem informaçõ es mais precisas que outros. Por exemplo, nesta foto, de 2015, um grupo de esportistas planeja o
circuito de esqui na neve nos Alpes Lyngen, em Troms, Noruega.

PARA DISCUTIR

1. O autor do texto chama a atençã o para a importâ ncia de se dominar a linguagem


cartográ fica. Alguns geó grafos consideram muito importante a “alfabetizaçã o cartográ fica”.
Faça um levantamento sobre situaçõ es nas quais o domínio da linguagem cartográ fica seria
importante para uma pessoa qualquer em seu dia a dia. Depois, discuta o assunto com os
colegas.
Pá gina 204

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. No caderno, defina: latitude, longitude, paralelos e meridianos.

2. Suponha que você esteja no Rio Grande do Sul. Que referenciais você usaria se tivesse de
utilizar um mapa para explicar a um amigo onde fica o estado do Acre?

3. Qual é a diferença entre os movimentos de rotaçã o e de translaçã o da Terra? Explique e


mencione uma consequência direta de um desses movimentos.

4. Se o eixo de rotaçã o terrestre nã o apresentasse inclinaçã o em relaçã o ao plano da ó rbita da


Terra ao redor do Sol, o que mudaria nas estaçõ es do ano?

5. Qual é a necessidade de estabelecer um meridiano central (no caso, o meridiano de


Greenwich) para determinar as horas no mundo?

6. Se uma pessoa residente em Brasília fosse telefonar para um amigo em Moscou (Rú ssia) à s
22 horas no horá rio de lá , em qual horá rio em Brasília essa ligaçã o teria de ser feita?

7. Que horas serã o em Varsó via (Polô nia) quando em Belo Horizonte forem 15 horas? Leve em
conta que o horá rio de verã o está vigorando em Belo Horizonte e que Varsó via está ajustada ao
horá rio de Greenwich.

Lendo mapas e gráficos

8. Observe os mapas a seguir e faça o que se pede.


a) No mapa 1, identifique os estados de Santa Catarina e do Amapá e, no mapa 2, a Mongó lia e
Moçambique. Para cada mapa, comente a posiçã o desses territó rios, um em relaçã o ao outro.
b) Como o uso da latitude e da longitude podem auxiliar na resposta ao item anterior?
Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 90.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 32.
Pá gina 205

9. Observe o grá fico abaixo.

Veja o exemplo: o ponto A situa-se ao norte do ponto D. Agora, observe os pontos B, C e D e


identifique a posiçã o de cada um em relaçã o ao outro, utilizando os pontos cardeais e os
colaterais. Utilize a rosa dos ventos para se orientar.

Luis Moura/ID/BR

Luis Moura/ID/BR

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. Sã o Paulo: FTD, 2011. p. 10.

Interpretando textos e imagens

10. Compare as imagens a seguir. A imagem 1 mostra uma galá xia; a 2 representa Jú piter e
alguns de seus satélites, a 3 é uma imagem de satélite mostrando a regiã o metropolitana de
Vitó ria, e a 4 é uma foto dessa cidade feita a partir do Convento da Penha. Agora, responda:

a) O que mudou de uma imagem para outra?


b) Os referenciais de localizaçã o sã o os mesmos em cada uma delas? Quais seriam eles?

S. Willner/JPL-Caltech/NASA

Imagem de galá xia a cerca de 12 milhõ es de anos-luz da Terra. Foto de 2003.


Corbis/Latinstock

Representaçã o de Jú piter e alguns de seus 67 satélites. Foto de 2009.

2015, Google Earth/Digital Globe

Cidade de Vitó ria (ES), vista do Convento da Penha. Foto de 2015.

Charles Sholl/Futura Press

Imagem da regiã o metropolitana de Vitó ria (ES), captada por satélite, 2015.

11. De acordo com o texto reproduzido a seguir, responda: Qual é o foco da Geografia e sua
relaçã o com a representaçã o cartográ fica.

Pertencendo, ao mesmo tempo, ao domínio das ciências da Terra e ao das ciências humanas, a Geo
grafia tem por objeto pró prio a compreensã o do processo interativo entre sociedade e natureza,
produzindo, como resultado, um sistema de relaçõ es e de arranjos espaciais que se expressam por
unidades paisagísticas identificá veis. Esse enunciado, por si só , aponta para a dimensã o e o enorme
alcance de seu conteú do, enquanto aná lise integrada de duas categorias indissociá veis: o espaço
terrestre e a transformaçã o nele operada pela atividade humana ao longo do tempo histórico.

Em nossa opiniã o, a Geografia é, portanto, a ú nica que, sem deixar de pertencer à categoria das
geociências, integra também o quadro das ciências sociais, onde ocupa posiçã o de destaque
enquanto decodificadora das paisagens construídas pela açã o antró pica. Ao realizar essa tarefa, nas
vá rias escalas de grandeza, e de forma integrada e dinâ mica, a Geo grafia constitui um setor do
conhecimento muito bem estruturado e com marcante identidade. […] A Geografia nã o dissocia os
aspectos culturais dos naturais e nisso reside sua singularidade. Analisa a ecosfera em seus cinco
componentes (atmosfera, litosfera, hidrosfera, biosfera e antroposfera), os quais se encontram em
permanente processo interativo e de intercâ mbio de influências. […]

CONTI, José Bueno. Resgatando a “fisiologia da paisagem”. Revista do Departamento de Geografia, Sã o Paulo, n. 14, p. 59, 2001.
Disponível em: <http://www.geografia.fflch.usp.br/publicacoes/RDG/RDG_14/RDG14_Conti.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2015.
Pá gina 206

CAPÍTULO

espaço
16 Diferentes formas de representação do

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


As informaçõ es e a espacializaçã o dos fenô menos.
Principais formas de representaçã o do espaço.
Os mapas e o estudo das organizaçõ es espaciais.
Projeçõ es cartográ ficas e escalas.
Cartografia de base e cartas topográ ficas.
Cartografia temá tica, variá veis visuais e propriedades perceptivas.
Grá ficos e tabelas.

Borchi-Ana/Only World/Only France/AFP

A enorme maquete de Shangai (China), feita na escala 1/500, ocupa um andar de um prédio e demonstra a grandeza
e o dinamismo de uma cidade global e sua força econô mica. Museu do Planejamento urbano, Shangai, China. Foto de
2013.

Atualmente, dados sobre o espaço geográ fico (como a distribuiçã o da populaçã o e a ocorrência dos fenô menos
climá ticos) estã o disponíveis em vá rias fontes, basta consultar a internet ou folhear atlas, livros, jornais.

Para a elaboração da maquete acima, foi necessá rio coletar e sistematizar muitos dados sobre a organizaçã o
urbana de Shangai. Dados que, integrados, passam a ser informação. Passam a ser, em Geografia, conhecimento
geográ fico. O conhecimento dos limites da á rea urbana de Shangai é considerado um dado. Para que ele se
transforme em informaçã o, é preciso associá -lo a outras variá veis, inseri-lo em um universo mais amplo de
relaçõ es. Por exemplo, se relacionado ao dado de crescimento populacional, o conhecimento dos limites pode
resultar em informaçõ es sobre a evoluçã o da expansão urbana.

A Geografia tem preocupaçã o especial com a espacializaçã o de informaçõ es como essa, seja por meio de
maquetes, mapas, croquis, seja por outras representaçõ es grá ficas. A adequada representaçã o dos
conhecimentos geográ ficos é possível a partir da aplicação correta de certas técnicas cartográ ficas, como
escala e orientaçã o.

Leia
Conhecimento Prático: Geografia, Sã o Paulo, Escala.
Revista dedicada à divulgaçã o de conhecimentos geográ ficos.

Apó s ler o texto e observar a imagem, responda às questõ es.

1. Quais conhecimentos bá sicos de cartografia foram usados para construir essa maquete?

2. Em sua opiniã o, qual foi a intençã o do governo em representar a cidade em uma maquete nessa escala?
Pá gina 207

Informação e representação do espaço

Uma das peculiaridades da Geografia é a sua preocupaçã o com a espacializaçã o dos fenô menos
e, portanto, a representaçã o da informaçã o no espaço. Para ler, interpretar e produzir
representaçõ es espaciais, é preciso compreender as características dos diversos tipos de
representaçã o (croquis, mapas, grá ficos, perfis). Assim como ninguém inicia o aprendizado de
Matemá tica pelo cá lculo de logaritmos sem antes saber as operaçõ es bá sicas, geó grafos e
outros profissionais estudam e compreendem as representaçõ es mais simples para depois
produzirem as formas mais abstratas – os mapas.

Croquis
Quando se explica a uma pessoa como chegar a um lugar, pode-se esboçar em um papel o
desenho das ruas e os pontos de referência que ela precisa seguir. Essa forma de representaçã o
simples e imprecisa, mas muito eficaz porque destaca um aspecto particular da realidade, é o
croqui. Os croquis servem como um desenho esquemá tico, um esboço, que representa de
maneira prá tica um fenô meno, sem a necessidade de obedecer rigidamente à s convençõ es
cartográ ficas.

Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: GIUSTI, Marcos Nicol. A atualização de croquis cartográficos na Geografia. São Paulo: FFLCH-USP, 1998. p. 66.

Maquetes
Em vez de desenhar, pode-se construir um modelo em miniatura da realidade, ou seja, uma
maquete. Nesse caso, seria introduzido um importante elemento: a representação
tridimensional. É como se a pessoa estivesse vendo o objeto tal como ele é, mas em outra
proporçã o.

Um bom exemplo do uso de maquetes sã o as que podem ser vistas nos escritó rios de venda de
apartamentos. Elas se assemelham muito à realidade, mostrando casas, prédios, á rvores,
carros e até pessoas. Tudo em miniatura.

Perfis
Se fosse possível serrar uma maquete seguindo uma linha reta, a secçã o cortada revelaria um
perfil, ou seja, uma “fatia” da realidade. Através desse perfil pode-se ver o que está acima e
abaixo do terreno.

O perfil é muito ú til se a intençã o for representar ao mesmo tempo as características da cidade,
da forma de relevo, do solo e das rochas que dã o suporte ao espaço construído.

Mapas
De maneira diferente dos croquis, os mapas apresentam uma preocupaçã o maior com os
detalhes e a exatidã o. Nos mapas, temos informaçõ es mais confiá veis e precisas do que nos
croquis e nas maquetes.

Outro aspecto que diferencia os mapas e as maquetes dos croquis é a relaçã o de proporçã o
existente entre os objetos representados. Trata-se de uma relaçã o bá sica em cartografia, ou
seja, a escala cartográ fica. No croqui, a escala nem sempre é respeitada. Além disso, a escala
diz respeito ao grau de detalhamento do mapa. Quanto menor o valor numérico expresso na
escala, maior o detalhamento, ou seja, os objetos foram representados com menor reduçã o.

A opçã o por uma dessas formas de representaçã o (croqui, maquete, perfil ou mapa), bem como
a junçã o de mais de uma, visa facilitar a transmissã o de dados e informaçõ es sobre a realidade.
Pá gina 208

A importância da cartografia

Assim como a Matemá tica, a cartografia é utilizada por muitos ramos do conhecimento, além
da Geografia. Profissionais de diversas á reas, como arquitetos, geó logos, meteorologistas e
militares, fazem uso de mapas. Por outro lado, a cartografia (combinaçã o de linguagem, técnica
e ciência) é perfeitamente adequada ao objeto de estudo da ciência geográ fica: o espaço. Por
meio de símbolos qualitativos e quantitativos, a cartografia representa a localizaçã o de
fenô menos geográ ficos, geoló gicos, climá ticos, agrícolas, etc.

A representaçã o numérica, na Matemá tica, e a representaçã o cartográ fica, na Geo grafia, visam
facilitar a comunicaçã o, ou seja, tornar instantâ nea a decodificaçã o das informaçõ es contidas
nessas representaçõ es.

Para isso, a cartografia recorre a uma linguagem pró pria, caracterizada por apresentar
informaçõ es de forma precisa.

Comparando a obra de arte com o mapa, reproduzidos nesta pá gina, por exemplo, podemos
perceber que a obra de arte pode ser interpretada de vá rias maneiras, ou seja, é polissêmica,
ao passo que os mapas trazem um ú nico significado, sã o monossêmicos: para a cartografia, a
representaçã o do territó rio brasileiro só pode ser interpretada de uma maneira; no caso do
mapa do Brasil abaixo, o objetivo principal é mostrar a divisã o política do país.

Museu Lasar Segall, São Paulo, SP. Fotografia: ID/BR

Por meio de cores e formas, a arte também representa o espaço, como nessa obra de Lasar Segall, Paisagem
brasileira, 1925. Ó leo sobre tela, 64 cm × 54 cm.

Mapas e escalas de representação


De forma geral, os mapas correspondem a uma representaçã o geométrica plana simplificada
da realidade. De acordo com o nível de detalhe, ou seja, com a escala da representaçã o, os
mapas podem ser classificados nas seguintes categorias:
Plantas cadastrais: mapas nos quais a escala varia de 1:200 a 1:10 000. Nelas, acham-se
representados lotes residenciais, ruas, avenidas, praças, etc. A regularizaçã o de um imó vel ou
de um loteamento requer esse tipo de mapa, obtido nas prefeituras.

Cartas topográficas: mapas com escala entre 1:10 000 e 1:100 000. Nelas se registram a
representaçã o de rios, lagos, á reas inundá veis, altitudes, vegetaçã o, vias de comunicaçã o, á reas
urbanas, etc. As cartas topográ ficas sã o a base para a elaboraçã o das cartas temá ticas.

Mapas regionais: com escala de 1:100 000 a 1:1 000 000, representam, geralmente, unidades
administrativas.

Mapas-múndi: mapas elaborados na escala de 1:5 000 000 ou superior para representar toda
a superfície da Terra.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 90.
Pá gina 209

Projeções cartográficas

Diferentemente do globo terrestre (esférico, tridimensional), os mapas constituem


representaçõ es planas (bidimensionais). Para representar uma superfície tridimensional em
uma superfície plana (bidimensional), os cartó grafos estudam e estabelecem relaçõ es
geométricas e matemá ticas, construindo as projeções cartográficas.

As projeçõ es cartográ ficas sã o classificadas em cilíndricas, cô nicas e planas (ver mapas ao


lado), e qualquer uma delas resulta em distorçõ es nas formas, nas á reas e nas distâ ncias da
superfície da Terra.

• Projeção cilíndrica: nessa projeçã o, a esfera terrestre é envolvida por um cilindro, no qual
sã o projetados os meridianos e os paralelos. Esse tipo de projeçã o conserva as á reas, mas
deforma os â ngulos, principalmente nas altas latitudes. A projeçã o de Mercator é um exemplo
de projeçã o cilíndrica. Mercator, cujo nome verdadeiro era Gerhard Kremer (1512-1594),
conservou a forma dos continentes, as direçõ es e os â ngulos. Observe que, na projeçã o de
Mercator, a Groenlâ ndia fica do tamanho da América do Sul e o Alasca, do tamanho do Brasil. A
projeçã o Universal Transversa de Mercator (UTM) é uma variaçã o da projeçã o de Mercator e
apresenta distorçõ es menores. Em ambas, à medida que as á reas sã o ampliadas, aumentam as
distorçõ es.

• Projeção cônica: nessa projeçã o, a esfera terrestre é envolvida por um cone. Destacam-se as
formas de pequenas feiçõ es, daí sua utilizaçã o na representaçã o de localidades junto à s
latitudes médias. Quanto mais aumentam as latitudes, maior é a distorçã o.

• Projeção plana: também denominada azimutal ou zenital, resulta da projeçã o da


superfície esférica sobre um plano. Quanto mais nos afastamos do ponto em que o plano
tangencia a esfera terrestre, mais a distorçã o aumenta.
Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 21.

SAIBA MAIS

Polêmica na Geografia

Na década de 1970, criou-se uma polêmica em torno da proposta de projeçã o do cartó grafo alemã o
Arno Peters (1916-2002). Utilizando a projeçã o cilíndrica, ele teria optado pela proporçã o entre as
á reas dos países do mundo quando representadas no mapa-mú ndi. Com isso, dava destaque à s
regiõ es situadas nas latitudes baixas, pró ximas à linha do Equador, ou seja, aos países em
desenvolvimento, e confrontava a projeçã o de Mercator, que privilegiava as terras situadas nas
altas latitudes (mostrando a Europa maior do que de fato é).

Mercator desenvolveu sua projeçã o na época em que os europeus lançavam suas políticas
colonialistas nos territó rios conquistados. Em 1973, Peters desenvolveu uma projeçã o que
apresentava os continentes em seus tamanhos reais. Assim, as á reas continentais do hemisfério
Norte aparecem reduzidas, quando comparadas às apresentadas na projeçã o de Mercator.

Carlos Henrique/ID/BR

Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: CHARLIER, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 8.
Pá gina 210

As diferentes escalas

A relaçã o entre o tamanho (ou proporçã o) dos elementos representados em um mapa e o


tamanho correspondente medido sobre o terreno (superfície real) é definida pela escala.

Há níveis de detalhamento escalar totalmente diferenciados. Um bom exemplo disso é


observar uma grande cidade de um aviã o a 10 mil metros de altitude, ou observá -la a pé,
circulando entre suas ruas e casas. No primeiro caso, distingue-se apenas a mancha urbana, ou
seja, o espaço ocupado pelos edifícios, ruas, praças, etc. No segundo, esses elementos sã o
diferenciados individualmente.

Assim, as diferentes escalas sã o aplicadas à realidade conforme os objetivos da pesquisa ou


daquilo que se quer representar.

Quando se reduz um objeto, elimina-se uma série de detalhes, mas, ao mesmo tempo, abre-se
espaço para representar aquilo que realmente interessa. Portanto, um mapa é sempre uma
versã o reduzida da realidade. Há três modos de exprimir a escala.

• Na forma numérica: 1:500 000 ou 1/500 000. Lê-se “um para quinhentos mil”, ou seja, 1 cm
no mapa equivale a 500000 cm no terreno.

• Na forma nominal: 1 cm = 5000 m ou 5 km.

• Na forma gráfica, como na figura a seguir.

Setup Bureau/ID/BR

Cada “espaço” da barra apresenta a relaçã o de seu comprimento com o valor correspondente na realidade (no
terreno).

Como calcular escalas


Para verificar a escala na prá tica, basta comparar o tamanho de uma pessoa retratada em uma
fotografia com o tamanho real dessa pessoa. Se a altura dela for 1,7 m (1 m e 70 cm ou 170 cm)
e se na foto ela estiver com 17 cm, a reduçã o aplicada terá sido de dez vezes.

No caso de um objeto com as dimensõ es do Brasil, a reduçã o aplicada teria de ser de milhõ es
de vezes. Em um mapa do Brasil com escala de 1:50 000 000, 1 cm equivale a 500 km (ou 50
milhõ es de centímetros) no terreno.
Observe a seguir o mapa do estado da Bahia. Para calcular a distâ ncia aproximada entre
Salvador e Barreiras, em linha reta, basta medir com a régua (em centímetros) o espaço que
separa as duas cidades e o espaço do segmento da escala. Geralmente, o segmento da escala
possui 1 cm. Nesse caso, basta multiplicar um pelo outro. Em nosso exemplo, o segmento da
escala, de 1 cm, equivale a 165 km. A distâ ncia medida no mapa, entre Salvador e Barreiras, é
4,3 cm. Multiplicando 165 por 4,3, chegamos à distâ ncia aproximada em linha reta entre as
cidades: 710 km.

Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 170.

Como transformar escalas


Para transformar uma escala grá fica em numérica, é necessá rio saber quantos quilô metros no
terreno correspondem a 1 cm no mapa. No mapa da Bahia, por exemplo, 1 cm equivale a 165
km. Para converter quilô metros para centímetros, acrescentam-se cinco zeros. Entã o, a escala
numérica do exemplo é 1:16 500 000.

Se um mapa apresentar, por sua vez, a escala numérica, multiplica-se a escala (em centímetro)
pelo valor da distâ ncia medida no mapa (também em centímetro). Como o resultado é dado em
centímetro, cabe transformar a medida em quilô metro, cortando para isso cinco zeros.

Leia
Cartografia básica, de Paulo Roberto Fitz. Sã o Paulo: Oficina de Textos, 2008.
Em linguagem acessível, o livro trata dos conceitos bá sicos da cartografia. Há explicaçõ es, por exemplo, sobre a utilizaçã o
prá tica das escalas e a diferença de classificaçã o entre cartas, mapas e plantas. Esse livro contribui para a ampliaçã o do
estudo dos fundamentos da Cartografia.
Pá gina 211

A cartografia de base

Embora tratem de temas diversos (divisã o política, relevo, vegetaçã o, etc.), certos elementos
estã o presentes na maioria dos mapas: o territó rio dos países e dos continentes, as altitudes
(elevaçõ es continentais e profundezas oceâ nicas), as coordenadas de localizaçã o (latitude e
longitude) e a orientaçã o. Esses elementos, entre outros, traduzidos fundamentalmente por
relaçõ es numéricas, constituem a preo cupaçã o bá sica da cartografia sistemática ou
cartografia de base. E o profissional que mais se dedica a esse tipo de conhecimento é o
engenheiro cartógrafo.

Os trabalhos de mapeamento realizados pelos geó grafos contam com bases sistemá ticas, pois,
para apresentar um tema geográ fico, cuja finalidade é conhecer os fatores da distribuiçã o no
espaço dos fenô menos naturais e humanos, é necessá rio definir os elementos bá sicos de
localizaçã o, escala e forma do relevo.

Entre os produtos da cartografia de base mais amplamente utilizados por geó grafos, destacam-
se as cartas topográficas (topografia significa “descriçã o de um local”). Esse tipo de
representaçã o visa identificar e detalhar, com exatidã o, elementos da superfície terrestre,
como cursos de á gua, altitudes, vegetaçã o, estradas, etc. É possível ainda deduzir á reas,
distâ ncias, aspectos do relevo (forma do terreno ou modelado), declividade (inclinaçã o), perfis
topográ ficos e delimitaçã o de bacias hidrográ ficas.

O relevo, um dos aspectos mais importantes da carta topográ fica, é obtido pela representaçã o
do terreno em curvas de nível (isolinhas de altitude).

Curvas de nível sã o linhas paralelas que unem pontos de igual altitude. Da intersecçã o das
curvas de nível a partir de uma linha traçada sobre o mapa, obtém-se o perfil do terreno, por
meio do qual é fá cil visualizar as porçõ es elevadas e baixas do terreno. Da sucessã o de perfis é
possível construir o bloco-diagrama.

As figuras ao lado mostram tipos diferentes de representaçã o de um mesmo local. Observando


atentamente a carta topográ fica, veremos que ela proporciona uma visã o semelhante à quela
que uma pessoa teria da superfície local a bordo de um aviã o (visã o zenital). É como se o aviã o
estivesse sobrevoando o bloco-diagrama, que representa a superfície terrestre e simula, de
maneira mais aproximada, a realidade visível.
Carlos Henrique/ID/BR

Fonte de pesquisa: RAISZ, Erwin. Cartografía general. Barcelona: Omega, 1953. p. 132.

Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa: GRANELL-PÉREZ, Maria Del Carmen. Trabalhando Geografia com as cartas topográficas. Ijuí: Unijuí, 2001. p. 55.

A figura no pé da pá gina mostra a extraçã o de um perfil a partir de um segmento A-B em uma


carta topográ fica. Note que as altitudes sã o “puxadas” para o espaço tridimensional, assim
como na maquete e no bloco-diagrama.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: RAISZ, ERWIN. Cartografía general. Barcelona: Omega, 1953. p. 132.
Pá gina 212

A representação das cartas topográficas


Em uma carta topográ fica, os setores mais íngremes do terreno ou de maior declividade
aparecem nos locais onde as curvas de nível estã o mais pró ximas. Por outro lado, quanto mais
espaçadas forem essas linhas, menor será a declividade do terreno. Identificar a declividade é
muito importante, já que essa variá vel condiciona vá rias outras. A velocidade de escoamento
das á guas, por exemplo, é tanto maior quanto maior for a inclinaçã o do terreno.
Consequentemente, maior será também o potencial de destruiçã o dos solos por erosã o.

Compare as fotos abaixo com o trecho da carta topográ fica, reproduzido nesta pá gina.

O reconhecimento dessas unidades por meio da carta topográ fica é fundamental para o
planejamento do territó rio. Esse tipo de documento é bastante utilizado, por exemplo, na
construçã o de estradas e represas.

Marcos Amend/Pulsar Imagens

Vista de encosta e dos picos Esfinge, Abrolhos e Gigante, da Serra do Marumbi. A foto, de 2015, foi tirada a partir da
estaçã o ferroviá ria de Marumbi, em Morretes (PR).

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

Trecho da represa Piraquara, em Piraquara (PR). Foto de 2015.


IBGE/Copel

Fonte de pesquisa: IBGE; Companhia Paranaense de Energia (Copel). Morretes (PR). Folha M-2843-3. Rio de Janeiro: IBGE, 1992.

Detalhe de reproduçã o de carta topográ fica da serra do Marumbi, em Morretes (PR), de 1992. As á reas onde as
curvas de nível (em marrom) estã o muito pró ximas indicam a declividade do terreno, que se caracteriza por encostas
bastante inclinadas. Está indicado na carta, ao norte, o â ngulo de visada (em vermelho) da foto tirada a partir da
estaçã o Marumbi. As drenagens (em azul) cortam perpendicularmente o terreno, e a oeste, observa-se a represa
Piraquara.

GEOGRAFIA E HISTÓRIA

A antiguidade dos mapas

Ao longo da histó ria da humanidade, o desenvolvimento dos mapas ocorreu, sobretudo, devido à
necessidade crescente de deslocamento e de identificaçã o dos recursos naturais, como á gua,
alimentos, madeira, etc. Um dos mais antigos mapas de que se tem notícia teria sido feito por volta
de 2500 a.C. por povos babilô nicos. O mapa, encontrado na pequena cidade de Ga-Sur, no atual
Iraque, representava, em uma placa de argila, o vale de um rio. Ainda na Antiguidade, gregos,
chineses e egípcios desenvolveram a cartografia. Basta lembrarmos dos gregos Hiparco (190 a.C.-
126 a.C.), que criou o sistema de latitude e longitude, e Clá udio Ptolomeu (90 d.C.-168 d.C.), o
defensor da teoria geocêntrica.

Atual mente, os mapas sã o feitos com base em tecnologias avançadas, como as imagens de satélites.

1. O que faz com que representaçõ es antigas e atuais possam ser consideradas mapas?
Pá gina 213

A cartografia temática

Todos os mapas de um atlas utilizam determinadas projeçõ es cartográ ficas e possuem escala,
coordenadas geográ ficas e orientaçã o. Esses elementos foram produzidos pela cartografia de
base. No entanto, os mapas podem tratar de diversos assuntos: populaçã o, clima, geologia, etc.
É nesse tratamento dos dados e na informaçã o diversificada que reside o objeto da cartografia
temática.

Em princípio, a representaçã o espacial de um objeto qualquer pode ser expressa por meio de
pontos, linhas e á rea (dimensões do plano). Assim, em um planisfério, uma cidade é um
ponto; os rios assumem aspecto de linhas, e os países, de manchas (superfície ou á rea). Esses
mesmos elementos adquirem diferentes propriedades ao representar objetos diferenciados. As
suas representaçõ es podem variar quanto: à granulaçã o, ao valor, à forma, à orientaçã o e à cor.
Tais elementos constituem as variáveis visuais.

Thiago Lyra/ID/BR

Fonte de pesquisa: MARTINELLI, Marcello. Mapas da Geografia e cartografia temática. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 16-17; 40-41.

Em relaçã o à variá vel visual tamanho, uma cidade com 1 milhã o de habitantes seria dez vezes
maior do que outra com 100 mil. O valor designa a transiçã o do mais escuro para o mais claro
(pela intensidade do fenô meno). A densidade populacional é um exemplo de aplicaçã o dessa
variá vel. Pode-se fixar a cor e variar apenas o valor: por exemplo, vermelho-escuro para maior
concentraçã o populacional e vermelho-claro para menores concentraçõ es. Tanto a forma como
orientaçã o podem ser aplicadas para diferenciar um objeto de outro, como distinguir a á rea
urbana da rural.
Na imagem abaixo, as figuras A, D e E mostram a utilizaçã o de diferentes cores, formas e
orientaçõ es, respectivamente, para diferenciar á reas. Note que o “peso” das variá veis em cada
uma das unidades nã o se modifica, pois nã o há o objetivo de ordená -las.

Por outro lado, as figuras B e C utilizam-se, respectivamente, da varíavel valor e cor com o
propó sito de indicar sucessã o, ordem (quantidades relativas à produçã o industrial e agrícola,
por exemplo).

A figura F é um exemplo do uso da variá vel granulaçã o e constitui uma técnica utilizada na
elaboraçã o de blocos-diagramas para realçar o realismo do relevo, como é possível perceber
no bloco-diagrama presente na pá gina 211. Nele, o sombreamento das vertentes não
iluminadas é obtido pela concentraçã o de traços ou pontos pretos. A luz, nesse caso, viria do
lado esquerdo da figura.

Thiago Lyra/ID/BR

Elaborado pelos autores.


Pá gina 214

As variáveis visuais e as propriedades perceptivas


Em um mapa, um símbolo pode representar um objeto qualquer, desde que indicado na
legenda. No entanto, esse mesmo símbolo pode transmitir a ideia de quantas vezes um objeto
é maior do que outro. Embora a variá vel visual seja a mesma (forma), a informaçã o
transmitida é distinta (seleçã o e proporçã o). Essa mudança refere-se à propriedade
perceptiva.

Nos mapas desta pá gina, a variá vel visual cor foi utilizada, mas de maneiras muito diferentes.
Na primeira representaçã o, a cor foi utilizada para representar a altitude. Como a passagem de
um nível de altitude para outro é gradativa (propriedade perceptiva de ordem), ou seja, essa é
uma variável contínua, a cor está disposta em dégradé (vai diminuindo de tonalidade) e os
quadrados da legenda se sucedem sem interrupçã o.

No segundo mapa, o tema é uma variável discreta: vegetaçã o nativa no Brasil. Nesse caso, as
cores têm o objetivo de identificar cada unidade (seleção, diferenciação) e nã o de imprimir
ordem. Por isso, usam-se cores contrastantes e espaços entre os quadrados da legenda. É a
natureza do objeto estudado que orientará a escolha da forma de representaçã o.

Variá veis contínuas, como já visto, pedem um tipo de representaçã o que evoque as noçõ es de
“ordem” e de “variaçã o gradativa”. Em outro exemplo desse tipo de variá vel, a temperatura do
ar, a representaçã o vai do tom mais frio para o mais quente, associada a uma variaçã o que vai
de cores frias (violeta, azul e verde) para cores quentes (vermelho, laranja e amarelo).

Por outro lado, cidades, á reas florestais e agrícolas nã o possuem uma clara continuidade
espacial: sã o objetos localizados no espaço − ou variá veis discretas −, podendo ser traduzidos
por um ponto ou uma mancha (á rea) com cores diferenciadas ou contrastantes.

Assim, antes de elaborar um mapa, é importante pensar nos elementos abordados (as
dimensõ es do plano, as variá veis visuais e as propriedades perceptivas), aliados à s
características do fenô meno.

A cartografia nã o é apenas um conjunto de técnicas. A possibilidade de ampliar o


conhecimento a partir de relaçõ es entre a realidade e as diversas formas de representaçã o faz
da cartografia uma ciência.
Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: CHARLIER, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 172-173.

Allmaps/ID/BR

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. Sã o Paulo: FTD, 2011. p. 26.
Pá gina 215

A cartografia de síntese
Na natureza e no espaço geográ fico (produzido pela sociedade), não existem elementos
estanques e dissociados completamente entre si: os fatores que interferem no clima, por
exemplo, têm relaçã o com o solo, o relevo, a vegetaçã o, a presença de cidades, etc.

Os geó grafos, quando estudam, portanto, a dinâ mica de processos que ocorrem na natureza ou
na sociedade, pesquisam e investigam alguns fenô menos específicos como forma de
empreender uma aná lise científica, por meio da qual cada aspecto social (economia, política,
cultura, etc.) e natural (clima, solo, relevo, vegetaçã o, etc.) pode ser estudado de forma mais
aprofundada. Dessa forma, dizemos que o estudo de aspectos isolados da realidade é um
recurso científico-metodoló gico, pois, na realidade, os elementos e os fenô menos estã o
integrados. Depois de compreender cada elemento ou componente da natureza e da sociedade
de forma isolada, é necessá rio estabelecer relaçõ es entre os elementos.

Assim, como a Geografia investiga aspectos específicos e, ao mesmo tempo, estabelece relaçõ es
entre eles, existem mapas que representam dados e informaçõ es isolados (como os mapas de
isoterma, de vegetaçã o ou de tipos de solos) e outros que comunicam informaçõ es obtidas a
partir da relaçã o entre esses fenô menos e variá veis. A produçã o de mapas que sintetizam
diferentes dados faz parte de um importante ramo da cartografia temá tica nos dias de hoje: a
cartografia de síntese.

Os mapas de clima sã o resultado do estudo da relaçã o entre dados sobre temperatura, chuva,
massas de ar, ventos e outros elementos.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. Sã o Paulo: FTD, 2011. p. 24.
Pá gina 216

Um recurso bastante empregado pela cartografia de síntese é a confecçã o de mapas a partir da


sobreposiçã o de representaçõ es de dados e informaçõ es diferentes na mesma á rea.

Os mapas de zoneamento ambiental, importantes para a implantaçã o de projetos de manejo


em unidades de conservaçã o, sã o feitos dessa forma.

Mapas de risco ou suscetibilidade também sã o resultado do estudo da relaçã o entre processos


naturais e antró picos em uma á rea (erosã o, desmatamento, agentes poluidores, recursos
hídricos, tipos de solo, vegetaçã o, clima, etc.).

Outro recurso empregado pela cartografia de síntese é a comparaçã o de mapas sobre um


mesmo tema, em uma mesma á rea, no decorrer do tempo. Os mapas que representam a
expansã o de á reas urbanas ou de á reas desmatadas ao longo do tempo em um determinado
local sã o exemplos desse recurso.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Prevençã o de desastres naturais no estado de São Paulo: atuação do Instituto Geoló gico. In: VIII Simpósio de
Engenharia Ambiental da Unesp, 2012, Presidente Prudente. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/mjbrollo/preveno-de-
desastres-naturaisno-estado-de-so-paulo-atuao-do-instituto-geolgico-viii-simpsio-de-engenharia-ambiental-daunesp-de-presidente-
prudente>. Acesso em: 17 dez. 2015.
Mapas: João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: CAVALLI, Antô nio Carlos et al. Cem anos de devastação revisitada 30 anos depois. Disponível em:
<http://www.historiaambiental.org/biblioteca/ebooks/cem_anos_de_devastacao_2005.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2015.
Pá gina 217

Construção e leitura de gráficos

Os grá ficos privilegiam a quantidade de elementos, relacionando os dados com variá veis
numéricas, mas nã o mostram a localizaçã o desses elementos (funçã o desempenhada
sobretudo pelos mapas). Os grá ficos podem ser de linhas, de barras e circulares.

Gráficos de linhas e de barras


Observe os grá ficos a seguir: o primeiro – um grá fico de barras – mostra a quantidade de
precipitaçã o média (total de chuva), por mês, no município de Rio Verde, no estado de Goiá s,
em 2015. O segundo grá fico, de linhas, representa a variaçã o da temperatura no decorrer do
mesmo ano.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?


r=home/page&page=rede_estacoes_auto_graf>. Acesso em: 10 dez. 2015.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?


r=home/page&page=rede_estacoes_auto_graf>. Acesso em: 10 dez. 2015.
Note que os dois grá ficos indicam a variaçã o de um fenô meno. Entretanto, no grá fico sobre a
quantidade de chuva, a variaçã o representada é descontínua (as precipitaçõ es ocorrem em
momentos específicos). No grá fico que representa a temperatura média (elemento que sempre
está presente), por sua vez, a variá vel é contínua e o uso da linha comunica visualmente
melhor esse dado.

Na comparaçã o entre tabelas e grá ficos, vale ressaltar que a tabela apresenta dados precisos,
enquanto o grá fico possibilita uma visualizaçã o imediata da informaçã o.

Gráficos de setor
Se o dado a ser representado em um grá fico refere-se à sua participaçã o em um conjunto
maior de dados, utilizam-se os gráficos de setores ou setogramas.

No exemplo 1, ao lado, em um conjunto de vinte objetos, quatro deles representam 20%, e dez,
a metade ou 50%. O total de objetos (vinte) corresponde a 100%.

No exemplo 2, em um conjunto de mil objetos, duzentos deles representam 20%, e quinhentos,


a metade ou 50%. A totalidade dos objetos (mil) corresponde também a 100%.

Sic/ID/BR

Embora haja variaçã o na quantidade de objetos, a participaçã o deles no todo é igual, dada por
valores percentuais.
Pá gina 218

A utilização de gráficos, mapas e tabelas


A escolha da representaçã o grá fica depende do objetivo da pesquisa e das características do
objeto a ser representado. No entanto, diferentes formas de representaçã o podem se
complementar.

Observe o mapa, o grá fico e a tabela, que representam a quantidade de domicílios por regiã o
brasileira onde há pelo menos um morador indígena.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em:


<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_gerais_indigenas/default_gregioes_uf_xls.shtm>.
Acesso em: 11 dez. 2015.

Observe que o mapa localiza o fenô meno, a tabela informa a quantidade exata e o grá fico de
barras estabelece a comparaçã o entre os dados. Embora as cores utilizadas no mapa e na
legenda também tenham essa intençã o, no grá fico a decodificaçã o da informaçã o numérica é
instantâ nea, por causa da disposiçã o das barras com diferentes tamanhos.

Dois critérios sã o fundamentais na construçã o de um grá fico: igualar as escalas e o tamanho


dos grá ficos. Caso contrá rio, é impossível estabelecer uma comparaçã o, o que faz a informaçã o
grá fica perder o valor.

O mesmo vale para as tabelas: dados econô micos de países nã o devem ser organizados por
ordem alfabética se a intençã o for mostrar qual regiã o produz mais ou menos. Assim, sã o as
características dos dados ou a natureza do objeto que permitem definir qual forma de
representaçã o é a mais adequada.

Brasil – Domicílios com pelo menos 1 morador indígena por região (2010)
Região Número de domicílios
Norte 72 116
Nordeste 88 147
Centro-Oeste 40 890
Sudeste 57 971
Sul 31 665
Fonte de pesquisa: IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_gerais_indigenas/default_gregioes_uf_xls.shtm>.
Acesso em: 11 dez. 2015.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em:


<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_gerais_indigenas/default_gregioes_uf_xls.shtm>.
Acesso em: 11 dez. 2015.

SAIBA MAIS

Os gráficos e a veracidade da informação

A construçã o de representaçõ es exige critérios precisos. Se as relaçõ es de ordem, grandeza, seleçã o,


etc. nã o forem corretamente utilizadas em uma representaçã o, esta poderá comunicar uma
informaçã o errada.

Nesse sentido, um erro comumente cometido na representaçã o da variaçã o de um elemento


qualquer no tempo é o uso da mesma escala para grandezas diferentes. Na figura hipotética ao lado,
por exemplo, o crescimento de 1% aparece graficamente igual ao crescimento de 10%. No caso, a
construçã o de cada grá fico nã o está incorreta, mas a forma como eles foram apresentados, um ao
lado do outro, induz a erro.

Sic/ID/BR

Navegue
Portal de Mapas
Portal de mapas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com cerca de 22 mil mapas para consulta e
download. Disponível em: <http://linkte.me/pmibge>. Acesso em: 21 abr. 2016.
Pá gina 219

Informe
A ideologia dos mapas
Para a maioria dos geó grafos, a dimensã o do territó rio levado em consideraçã o e os critérios
dessa escolha nã o parecem dever influenciar fundamentalmente suas observaçõ es e seus
raciocínios. Contudo, basta folhear um manual de Geografia ou a coleçã o de uma revista geo
grá fica para se perceber que as ilustraçõ es cartográ ficas sã o de tipos extremamente diferentes,
pois essas cartas têm escalas muito desiguais: algumas sã o planisférios que representam todo
o globo, outras representam um continente, outras, um Estado (extenso ou pequeno), outras,
uma “regiã o” cuja extensã o pode ser variá vel, outras, uma aglomeraçã o urbana, um bairro,
uma aldeia […], uma exploraçã o rural e suas construçõ es, uma clareira na floresta, um pâ ntano,
uma casa, etc. Essas extensõ es de tamanho bem desigual sã o representadas por cartas, cujas
escalas sã o bem diversas: desde as cartas em pequeníssima escala, que representam o
conjunto do mundo, até cartas e planos em escala bem grande, que representam, de maneira
detalhada, espaços relativamente pouco extensos.

Entre todas essas cartas de escala tã o desigual, nã o há somente diferenças quantitativas, de


acordo com o tamanho do espaço representado, mas também diferenças qualitativas, pois um
fenô meno só pode ser representado numa determinada escala; em outras escalas ele nã o é
representá vel ou seu significado é modificado. É um problema essencial, mas difícil.

Ora, a escolha da escala de uma carta aparece habitualmente como uma questã o de bom senso
ou de comodidade à qual nã o se dá importâ ncia e cada geó grafo universitá rio escolhe a escala
que lhe convém, sem estar muito consciente dos motivos dessa escolha. Em contrapartida, as
exigências da prá tica fazem com que os oficiais saibam bem que nã o sã o as mesmas cartas que
servem para decidir a estratégia de conjunto e as diversas operaçõ es tá ticas. A estratégia se
elabora em escala bem menor que a tática.

[…] Certos raciocínios nã o podem se formar se nã o forem examinados os diferentes aspectos


de um fenô meno sobre o conjunto do planeta (é, por exemplo, o caso de certos fenô menos
climá ticos ou econô micos). Em contrapartida, outros fenô menos, tais como os processos de
erosã o, não podem ser convenientemente observados senã o em escala bem grande, sobre uma
vertente, no leito de uma correnteza… Essas constataçõ es sã o perfeitamente banais para os
geó grafos, que nã o parecem senã o reafirmar, ainda uma vez, o ecletismo de seus pontos de
vista: ora, dizem eles, é preciso olhar a Terra no microscó pio, ora do alto de um satélite.

LACOSTE, Yves. Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 3. ed. Campinas: Papirus, 1993. p. 74-75.
Corbis/Fotoarena

Ting Shen/Xinhua Press/Corbis/Fotoarena

A imagem de satélite (à esquerda) e a foto (à direita) mostram o lago Michigan, de diferentes pontos de vista.
Chicago, Illinois, Estados Unidos, 2015.

PARA DISCUTIR

O texto aborda a importâ ncia da escala ou da ordem de grandeza dos fenô menos naturais e
sociais. A ú ltima frase traduz essa questã o.

1. Selecione duas passagens do texto que remetam à importâ ncia da noçã o de escala no
tratamento da informaçã o.

2. A partir da reflexã o proposta no texto, discuta com os colegas sobre a relaçã o entre os
problemas ambientais e econô micos que ocorrem no lugar em que você vive e os que afetam o
Brasil.
Pá gina 220

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. Qual é a diferença entre dado e informaçã o?

2. A temperatura média em Mossoró , no Rio Grande do Norte, é 28 °C e, em Sã o Joaquim, Santa


Catarina, é 12,6 °C. Como esses dados podem ser transformados em informaçõ es?

3. Quais sã o as características bá sicas de um croqui, de uma maquete e de um perfil? Em que


situaçã o essas diferentes formas de representaçã o podem ser utilizadas?

4. Quais sã o as diferenças entre plantas, cartas e mapas? Cite um exemplo de cada.

5. Qual é a finalidade das projeçõ es cartográ ficas?

6. Qual é a finalidade da escala em um mapa?

7. Suponha que 1 centímetro em um mapa seja equivalente a 10 km ou 10 000 m no terreno.


Qual seria a escala desse mapa?

8. Qual é a finalidade e a importâ ncia das cartas topográ ficas para a Geografia?

9. Em que aspecto os grá ficos diferem dos mapas? Pode-se fazer uso conjunto dessas duas
formas de representaçã o? Explique.

Lendo mapas, gráficos e tabelas

10. Utilize a escala grá fica do mapa para calcular as distâ ncias aproximadas em linha reta
entre as cidades de Patos e Santa Rita e entre Joã o Pessoa e Campina Grande. Em seguida,
calcule a escala numérica para o mapa.
João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 166.

11. Cada uma das representaçõ es a seguir atendeu a critérios diferenciados de construçã o.
Considerando essa informaçã o, responda à s questõ es.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: Eurostat. Disponível em: <http://ec.europa.eu/eurostat/statistics-


explained/index.php/File:Unemployment_rates,_seasonally_adjusted,_October_2015.png>. Acesso em: 17 dez. 2015.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fonte de pesquisa: CHARLIER, Jacques (Dir.). Atlas du 21e siècle: nouvelle édition 2012. Paris: Nathan, 2011. p. 168.

a) Qual é o tema tratado em cada uma das representaçõ es?


b) Quais variá veis visuais foram utilizadas em cada um dos mapas?
c) Os critérios cartográ ficos adotados sã o condizentes com o tema tratado? Justifique sua
resposta.
Pá gina 221

12. Faça uma aná lise do grá fico a seguir e responda à s questõ es.

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: Inmet. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?


r=home/page&page=rede_estacoes_auto_graf>. Acesso em: 14 dez. 2015.

a) Qual é a característica dos fenô menos representados no grá fico?


b) De que forma essa característica ajuda a explicar a forma de representaçã o adotada para
cada um deles?

13. A violência contra a mulher no Brasil é uma realidade cotidiana. Quais as hipó teses para
explicar a evoluçã o desse dado?

Adilson Secco/ID/BR

Fonte de pesquisa: WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2015: homicídios de mulheres no Brasil. Brasília: OPAS/OMS/ONU
Mulheres/ SPM, 2015; Rio de Janeiro: Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Disponível em:
<http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/MapaViolencia_2015_mulheres.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2016.

14. Construa um setograma para cada uma das sequências de dados das tabelas a seguir. Na
segunda tabela, antes de transcrever os dados para o setograma, converta-os em valores
percentuais. Use uma cor para cada regiã o. Em seguida, faça uma análise sucinta de cada
setograma.

Brasil – Participação de cada região no total da população em 1º jul. 2015 (%)


Norte 8,5
Nordeste 27,7
Centro-Oeste 7,6
Sudeste 41,9
Sul 14,3
Total 100,0

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em:


<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2015/estimativa_tcu.shtm>. Acesso em: 17 dez. 2015.

Brasil – Área do território por região (km2)


Norte 3 853 670
Nordeste 1 554 291
Centro-Oeste 1 606 416
Sudeste 924 617
Sul 576 773
Área total 8 515 767

Fonte de pesquisa: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/areaterritorial/principal.shtm>. Acesso em:


15 dez. 2015.

Interpretando imagens

15. Considerando as fotos abaixo, que elementos poderiam ser destacados em termos de
relevo, vegetaçã o e uso da terra? Construa uma legenda, atribuindo cores para cada um dos
elementos que podem ser observados em cada uma das fotos. Relacione cada cor com as
características desses elementos; por exemplo, você pode utilizar o verde para a vegetaçã o.

Mario Friedlander/Pulsar Imagens

Vista aérea da regiã o da Chapada dos Guimarã es (MT). Foto de 2010.

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Vista aérea da cidade de Londrina (PR). Foto de 2015.


Pá gina 222

CAPÍTULO 17 Novas tecnologias e suas aplicações

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR


Sensoriamento remoto.
Uso das fotografias aé reas para mapeamento.
Localizaçã o por GPS.
Sistemas de informaçã o geográ fica e geoprocessamento.

ESA/Denman Productions/SPL/Latinstock

Os satélites sã o projetados para fazer observaçõ es da Terra por meio de vá rios instrumentos científicos, como
altímetros de radar e sistemas de monitoramento atmosférico. A ilustraçã o acima representa o satélite Envisat,
lançado em 2002, na ó rbita da Terra.

O ser humano já foi ao centro da Terra e descobriu que lá existe um nú cleo metá lico? Já esteve no Sol para
medir as temperaturas na sua superfície e no seu interior? Para ambas as perguntas, a resposta é negativa. As
perfuraçõ es mais profundas feitas na Terra nã o ultrapassaram a crosta, e nã o há nenhum material em nosso
planeta que resista às temperaturas solares (6 000 °C na superfície e milhõ es de graus em seu interior).

A humanidade chegou a conclusõ es sobre o Sol e sobre o interior da Terra por meio de métodos indiretos, ou
seja, utilizando sensores remotos. O termo remoto significa “afastado” ou “distante” e, atualmente, existem
aparelhos e má quinas capazes de obter imagens a distâ ncia. São má quinas fotográ ficas, binó culos, telescó pios
e sensores instalados em satélites. Um exemplo de imagem de satélite que está presente na internet e nos
telejornais são as imagens da previsã o do tempo. Estas são produzidas por sensores térmicos e recebem
tratamento grá fico com cores para realçar seus elementos: o continente, os ocea nos e as massas brancas que
se assemelham a nuvens. Assemelham-se porque, na realidade, nã o sã o propriamente nuvens, mas massas de
ar com “níveis” de temperatura diferentes. Nas imagens, as camadas mais frias aparecem mais claras e as
camadas mais quentes sã o mais escuras. As manchas de cor branca correspondem entã o aos topos de nuvens
com 15 mil metros de altitude e temperaturas inferiores a 50 °C negativos, correspondendo, portanto, a
massas de ar frias.

As imagens produzidas por sensores térmicos permitem acompanhar a evoluçã o dos sistemas atmosféricos 24
horas por dia, sem interrupçã o.
NASA/NOAA GOES Project

Imagem gerada pelo GOES-13, sistema de satélites utilizado para fazer previsõ es do tempo e pesquisas
meteoroló gicas. Imagem de 2014.

Apó s ler o texto e observar as imagens, responda à s questõ es.

1. Podemos dizer que as imagens de satélite sã o imagens a distâ ncia?

2. Em sua opiniã o, que outros usos a sociedade pode fazer das imagens de satélite? Comente-os.
Pá gina 223

O sensoriamento remoto

Sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas de obtençã o de informaçõ es sobre a


superfície terrestre a distâ ncia e a partir do registro da interaçã o entre a radiaçã o
eletromagnética e a superfície. O radar é um tipo de sensor remoto, captando ondas
eletromagnéticas, como a luz e o calor. O pulso ou sinal transmitido pelo radar é refletido pelo
objeto (alvo) e captado novamente pelo radar. Os radares permitem a obtençã o de imagens
sob quaisquer condiçõ es de tempo e nã o necessitam de sombra natural para destacar o relevo,
já que o pró prio sensor produz a sombra. O sistema, no entanto, apresenta limitaçõ es na
identificaçã o de outros elementos, como aqueles relativos à vegetaçã o e ao uso da terra.

As imagens de satélite, por sua vez, sã o produzidas a partir de sensores capazes de distinguir
a luz visível e o calor, podendo revelar desse modo características da superfície terrestre
relativas a ambiente, recursos naturais, uso da terra, etc.

Ann Ronan Picture Library/Photo12/AFP

Nessa imagem do satélite Landsat foram utilizadas informaçõ es obtidas pelo sistema de radares SRTM (sigla em
inglês para Missã o Topográ fica Radar Shuttle) para compor a representaçã o do relevo. Cabo da Boa Esperança, Á frica
do Sul, 2013.

Landsat/U. S. Navy/Google Earth

Nessa imagem captada por satélite, de trecho do rio Sã o Francisco, na regiã o dos municípios de Juazeiro (BA) e
Petrolina (PE), é possível distinguir a á gua em azul, a vegetaçã o em verde e as á reas de solo exposto ou de vegetaçã o
esparsa em tons amarelados ou ró seos. Imagem de 2013.

GEOGRAFIA, BIOLOGIA E FÍSICA


A visão nos seres vivos

É por meio dos sentidos que os seres vivos tomam contato com o ambiente. Todos os sentidos têm
características pró prias e, enquanto o paladar e o tato exigem contato direto com os objetos, a
audiçã o, a visã o e o olfato permitem que os seres vivos investiguem a natureza dos objetos a
distâ ncia.

A visã o humana é um sensor remoto que distingue a luz com determinado comprimento de onda
(luz visível) ou dotada de certa quantidade de energia. A visã o dos felinos, por sua vez, é mais
sensível do que a nossa, pois, além da luz visível, permite que eles enxerguem o calor refletido. É
por isso que os felinos conseguem localizar suas presas no escuro. As aves de rapina sã o, por sua
vez, aquelas que têm a visã o a distância mais apurada. Um falcã o, por exemplo, consegue enxergar
presas pequenas a 1 500 metros de altitude. Mato-Grossense. Foto de 2013.

Joe McDonald/Corbis/Fotoarena

Jaguatirica (Leopardus pardalis) caçando à noite, no Pantanal

1. Compare o sentido da visã o nas classes de seres vivos citadas com a técnica do sensoriamento
remoto.
Pá gina 224

As aerofotografias

Outro instrumento importante na geraçã o de dados espaciais é a aerofotografia ou fotografia


aérea. As fotografias aéreas sã o produzidas, geralmente, por câ meras fotográ ficas
convencionais instaladas em aviõ es. Como as câ meras produzem imagens a partir da luz, os
voos sã o realizados durante o dia, preferencialmente de manhã , quando os objetos na
superfície produzem sombras.

Como a altitude de sobrevoo das aeronaves se limita à troposfera (porçã o mais baixa da
atmosfera), o resultado normalmente mostra pequenas porçõ es da superfície terrestre com
muitos detalhes.

As aerofotografias sã o um recurso que pode ser utilizado a qualquer momento, pois seus
custos sã o relativamente baixos e há vá rias empresas que prestam esse serviço. As prefeituras
sã o grandes usuá rias dele, para a elaboraçã o de plantas cadastrais e demarcaçã o de
propriedades rurais.

Outro aspecto importante das fotografias aéreas é a estereoscopia, que proporciona uma
visã o em 3D (tridimensional) do terreno. Com o uso dessa técnica, o relevo, as casas e os
demais objetos aparecem como se saíssem do plano, em três dimensõ es, como nos hologramas.

Na estereoscopia, a sensaçã o de profundidade, ou seja, de que algo está situado na frente ou ao


fundo, deriva da sobreposiçã o de imagens captadas em â ngulos ligeiramente diferentes. Os
nossos olhos fazem isso. Ao fixar o olhar sobre um objeto e abrir alternadamente os olhos, o
objeto parece mudar de lugar. Na verdade, é o â ngulo de visã o sobre ele que varia. O efeito
estereoscó pico da visã o humana se dá porque nossos olhos estã o lado a lado, na frente do
rosto, gerando duas imagens ligeiramente diferentes para o nosso cérebro.

Quando o aviã o sobrevoa uma dada regiã o em linhas paralelas, seu trajeto é definido de forma
que, ao retornar, haja uma sobreposiçã o de 30% nas trajetó rias. Assim, sã o obtidos pares de
imagens da mesma á rea em diferentes â ngulos, que depois sã o ajustados em sequência. Com o
auxílio de um aparelho chamado estereoscópio, realiza-se a interpretaçã o em 3D.

O fato de realçar a altura dos elementos identificados faz desse recurso um importante
instrumento na elaboraçã o de cartas topográ ficas (que representam altitudes),
geomorfoló gicas (que dã o destaque ao relevo) e de uso da terra (que indicam a delimitaçã o
dos tipos de vegetaçã o, as estruturas urbanas e rurais, as vias de transporte, etc.).

Rodval Matias/ID/BR
Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 27.

A ilustraçã o mostra a diferença de alcance das aerofotografias e das imagens obtidas por meio de satélites.
Representaçã o esquemática fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.

Scott Bair/Acervo do fotó grafo

Estereoscó pio sendo utilizado para interpretaçã o de fotografias aéreas. Foto de 2003.

SAIBA MAIS

Do início da aerofotografia aos dias atuais

Os primeiros experimentos com fotografias aéreas remontam a meados do século XIX – o francês
Laussedalt teria feito o primeiro levantamento aerofotográ fico a bordo de um balã o em 1858. As
fotografias a distâ ncia desenvolveram-se realmente, porém, a partir da invençã o do aviã o, no final
do século XIX e início do século XX.

Atualmente, veículos aéreos nã o tripulados (Vants), controlados remotamente e popularmente


conhecidos como drones, também têm sido utilizados para levantamentos aerofotográ ficos.

A vantagem na utilizaçã o dos drones é a obtençã o de imagens de alta qualidade, com grande
precisã o de dados de localizaçã o e com menores custos em relaçã o aos métodos tradicionais por
meio de aeronaves e helicó pteros. Além disso, os drones sã o uma boa alternativa quando as á reas
em pesquisa sã o menores.
Pá gina 225

Mapeamento por meio de fotografias aéreas


A fotografia aérea abaixo, produzida em Campinas, no estado de Sã o Paulo, mostra locais com
grande aproximaçã o visual. A fotografia foi obtida por meio de câ meras localizadas em uma
aeronave.

No trecho retratado na fotografia, observamos uma á rea densamente urbanizada e á reas


ocupadas pela vegetaçã o. Na á rea urbanizada, os elementos predominantes sã o casas
residenciais (térreas ou sobrados); galpõ es comerciais ou industriais (estruturas retangulares,
maiores do que as residências comuns) e ruas paralelas e perpendiculares. Na á rea abrangida
pela fotografia também é possível observar a presença de um aeroporto.

No trecho com vegetaçã o, as á reas em verde-escuro revelam a presença de vegetaçã o arbó rea;
a vegetaçã o de baixo porte, como o capim, aparece em tom verde-claro; e as á reas de solo
exposto aparecem em tons de marrom.

Das fotografias aos mapas

O mapa abaixo da fotografia aérea foi elaborado com base na interpretaçã o dessa foto, com o
objetivo de representar aspectos do uso da terra nessas á reas.

A interpretaçã o da fotografia aérea, assim como a das imagens produzidas pelos demais tipos
de sensores, requer conhecimento geográ fico por parte do intérprete, para que se possam
distinguir os diversos elementos ali presentes.

Na impossibilidade de reconhecimento de um dado elemento, torna-se necessá rio o trabalho


de campo, ou seja, é preciso ir até o local verificar se as características do elemento
identificado correspondem à quelas sugeridas pela imagem.

Base/Base Aerofotogrametria e Projetos S/A

Foto aérea de trecho de Campinas (SP), 2012.


João Miguel A. Moreira/ID/BR

Mapa de uso da terra com base na foto aérea de trecho do município de Campinas (SP), 2012.
Pá gina 226

Informe
Estrutura das imagens de sensoriamento remoto
As imagens de sensoriamento remoto, por sua natureza digital [...] sã o constituídas por um
arranjo de elementos sob a forma de uma malha ou grid. Cada cela desse grid tem sua
localizaçã o definida em um sistema de coordenadas do tipo “linha e coluna”, representadas por
x e y, respectivamente. Por convençã o, a origem do grid é sempre no canto superior esquerdo.
O nome dado a essas celas é pixel, derivado do inglês picture element. Para um mesmo sensor
remoto, cada pixel representa sempre uma á rea com as mesmas dimensõ es na superfície da
Terra.

Pixel: a menor unidade grá fica de uma imagem matricial e que só pode assumir uma ú nica cor por vez. Quanto menor o
pixel, maior a resoluçã o da imagem.

Cada cela possui também um atributo numérico z, que indica o nível de cinza dessa cela, que
obviamente vai variar do preto ao branco; esse nível de cinza é conhecido em inglês por DN, de
digital number. O DN de uma cela representa a intensidade da energia eletromagnética
(refletida ou emitida) medida pelo sensor, para a á rea da superfície da Terra correspondente
ao tamanho do pixel. Deve ser ressaltado que o DN de um pixel corresponde sempre à média
da intensidade da energia refletida ou emitida pelos diferentes materiais presentes nesse pixel.

Uma imagem digital pode entã o ser vista como uma matriz, de dimensõ es x linhas por y
colunas, com cada elemento possuindo um atributo z (nível de cinza). No caso das imagens de
sensoriamento remoto, essas matrizes possuem dimensõ es de até alguns milhares de linhas e
de colunas (o Landsat gera imagens de 6 550 × 6 550 elementos, o que significa mais de 42
milhõ es de pixels para cada banda!). […]

Banda: regiã o do espectro eletromagné tico determinada pelo comprimento de onda e pela frequê ncia da radiaçã o.

Vale lembrar que qualquer imagem, mesmo não digital (como uma fotografia aérea, por
exemplo), pode ser transformada em imagem digital através de um processo conhecido por
digitalização. Esse processo é implementado através de um tipo de equipamento periférico
denominado scanner, que transforma uma imagem analó gica (fotografias, mapas, etc.) em uma
matriz com o nú mero de linhas e colunas e o tamanho de cada cela predefinidos, atribuindo
para cada cela um valor de nível de cinza proporcional à tonalidade da imagem original. Essa
matriz é entã o convertida para um formato digital grá fico, podendo ser lida e manipulada por
sistemas de processamento digitais. Existem vá rios tipos de scanners, desde simples modelos
de mã o, geralmente utilizados apenas para atividades de editoraçã o eletrô nica em
microcomputadores, até sofisticados sistemas de cilindro rotató rio com leitura a feixe de laser,
apropriados para digitalizaçã o de mapas e fotos aéreas por evitarem distorçõ es geométricas.

CRÓSTA, Alvaro Penteado. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. 3. ed. Campinas: IG-Unicamp, 1999. p. 23-24.
Diego Urdaneta/AFP

Apó s a digitalizaçã o, as aerofotografias podem ser analisadas e utilizadas para mapeamentos da superfície terrestre
por meio de softwares de geoprocessamento. Pesquisador do Centro de Sistemas de Informaçã o Geográ fica da
Universidade Internacional da Fló rida, Estados Unidos. Foto de 2015.

PARA DISCUTIR

1. O texto descreve a elaboraçã o de mapas com o uso da informá tica, bastante comum no
nosso cotidiano. Entretanto, é preciso refletir: É muito diferente ouvir mú sicas de um CD e
ouvir mú sicas baixadas da internet? E que diferenças existem entre ler um livro impresso e ler
um livro digital? A partir dessas questõ es, cabe pensar: Qual é a vantagem de substituirmos
uma tecnologia pela outra? Discuta com os colegas e com o professor e, em seguida, escreva
uma síntese de suas conclusõ es.
Pá gina 227

O sistema de posicionamento global

O advento dos componentes eletrô nicos, sua miniaturizaçã o e o acesso a eles possibilitaram o
surgimento de inú meros equipamentos tecnoló gicos, como os computadores e os celulares.
Um dos mais notá veis avanços tecnoló gicos das ú ltimas décadas (de grande relevâ ncia para a
Geografia) foi o GPS (do inglês global positioning system ou sistema de posicionamento
global). O equipamento, que é um pouco maior do que um telefone celular, é o receptor de
sinais enviados pelos satélites e sua principal funçã o é a localizaçã o.

A localizaçã o figura como um aspecto essencial para os estudos geográ ficos – o mapa, por
exemplo, serve para as pessoas localizarem um dado objeto ou fenô meno no tempo e no
espaço. A tecnologia GPS potencializa também a aquisiçã o de dados em campo, necessá rios à
elaboraçã o dos mapas.

O funcionamento do GPS depende da cobertura local proporcionada por uma rede de satélites
e a estrutura dos sinais é semelhante à dos sensores vistos até agora, composta de ondas
eletromagnéticas, só que menos energéticas.

O GPS é um sistema utilizado também na navegaçã o (aérea, terrestre ou marítima), permitindo


ao usuá rio estabelecer o traçado do trajeto percorrido, uma vez que os pontos marcados sã o
georreferenciados – apoiados em coordenadas geográ ficas (latitude e longitude), além da
altitude, que também é informada pelo GPS.

Os dados colhidos por esse aparelho devem ser, necessariamente, acoplados aos mapas, caso
contrá rio, apenas evitarã o que a pessoa ande em círculos. Alguns GPSs já trazem mapas.

Nos modelos utilizados em automó veis, à medida que o automó vel se desloca, um mapa no
monitor do GPS assinala exatamente onde o veículo está e sugere a rota que o motorista deve
seguir.

Nos trabalhos de campo realizados por geó grafos e pesquisadores, uma funçã o importante do
GPS é a possibilidade de assinalar com precisã o o local de coleta dos dados: um afloramento de
rocha, uma parcela de vegetaçã o delimitada em meio à mata, o local de coleta de solos ou os
pontos de mensuraçã o de dados climá ticos.
Roman Pyshchyk/Shutterstock.com/ID/BR

Na ú ltima década, o GPS passou a fazer parte do cotidiano de um grande nú mero de pessoas, tornando-se também
mais economicamente acessível. Na foto, GPS em um telefone celular, 2015.

André Vazzios/ID/BR

Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 20.

O sistema GPS conta com uma rede de 24 satélites, que cobrem toda a superfície da Terra. Cada satélite dá duas
voltas por dia no planeta, a cerca de20 200 quilô metros de altitude. Assim, a qualquer momento, os sinais de quatro
desses satélites podem ser captados em qualquer local da Terra.

Representaçã o fora de proporçã o de tamanho e distâ ncia e em cores-fantasia.


Pá gina 228

Os sistemas de informação geográfica e geoprocessamento

Para integrar os dados originados de diversas fontes (satélites, radares, aerofotogrametrias,


experimentos e observaçõ es em campo, etc.), foi desenvolvido o sistema de informação
geográfica (SIG).

Trata-se de um conjunto de ferramentas computacionais cujas principais finalidades sã o o


armazenamento e a ordenaçã o desses dados em um meio digital, para que possam ser
resgatados e manipulados rapidamente a qualquer momento.

Quando uma pessoa utiliza uma má quina digital para fotografar ou quando passa um
documento qualquer pelo scanner, está digitalizando a informaçã o, ou seja, passando dados da
realidade concreta para o meio digital (aquele dos computadores).

A linguagem dos computadores (linguagem biná ria) é extremamente rá pida, pois utiliza
apenas dois có digos, 0 e 1 (liga/desliga). É diferente, portanto, da linguagem escrita comum,
que requer o uso de todo o alfabeto.

Vem daí a necessidade de aumento da capacidade de armazenamento e da velocidade de


processamento de dados dos computadores, já que as fontes sã o diversas e, portanto, a
quantidade de dados processados é imensa.

A característica bá sica dos programas de geoprocessamento consiste na elaboraçã o de uma


matriz de correlaçõ es, na qual sã o confrontados os locais (linhas) e os dados referentes à s
características desses locais (colunas), de modo semelhante à tabela ao lado.

Os modelos computacionais utilizados no estudo e na previsã o de fenô menos climá ticos e na


simulaçã o de impactos econô micos e ambientais, por exemplo, mobilizam uma quantidade
imensa de dados: radiaçã o, temperatura, umidade, pressã o, vento, uso da terra, dados
socioeconô micos, entre outros. E todos esses fenô menos possuem um traço comum: eles se
definem pela relaçã o com diversos outros fenô menos. Por esse motivo, torna-se necessá rio o
desenvolvimento de programas sofisticados e o uso de computadores com grande capacidade
de armazenamento e processamento de dados.

Atualmente, é produzida, por meio de SIGs, uma grande variedade de produtos cartográ ficos.
Entre eles podemos citar: cartas hipsométricas (altitude), cartas de isotermas e isoietas
(distribuiçã o de temperaturas e de chuva), cartas clinográ ficas (declividade do terreno),
cá lculo de á reas, perfis, blocos-diagramas, uso da terra. Esses produtos sã o fonte primordial
para pesquisas científicas, planejamento territorial, monitoramento ambiental, etc.
Nesse exemplo, a cada uma das localidades correspondem uma localizaçã o, um relevo, um clima e um uso da terra.

IBGE/Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico/Governo do Estado de Alagoas

Reproduçã o de carta hipsométrica do estado de Alagoas atualizada e publicada em 2015 pelo governo estadual.
Pá gina 229

Mundo Hoje
Cartografia tátil: mapas para deficientes visuais
[…] ao longo de toda a histó ria da humanidade, em nenhum momento os mapas foram tã o
acessíveis quanto atualmente na era da informaçã o digital. Os computadores provocaram uma
revoluçã o jamais vista na cartografia, tanto no que concerne à confecçã o quanto na disposiçã o
e uso de mapas, e essa revoluçã o tende a se estender com a disseminaçã o desses na internet. A
possibilidade de informaçõ es geográ ficas em banco de dados espaciais colocou a cartografia a
serviço de inú meras atividades estratégicas da sociedade contemporâ nea, assim como na
disseminaçã o de informaçõ es em veículos de comunicaçã o de massa.

Por mais populares que sejam os mapas nos dias atuais, e que possam ser acessados e vistos
pela maioria da sociedade, existe uma camada minoritá ria desprovida do sentido da visã o, que
não pode ver e usar esses mapas.

[…]

O usuário da cartografia tátil


A cartografia tá til é um ramo específico da Cartografia, que se ocupa da confecçã o de mapas e
outros produtos cartográ ficos que possam ser lidos por pessoas cegas ou com baixa visã o.
Desta forma, os mapas táteis, principais produtos da cartografia tátil, sã o representaçõ es
grá ficas em textura e relevo, que servem para orientaçã o e localizaçã o de lugares e objetos à s
pessoas com deficiência visual. Eles também sã o utilizados para a disseminaçã o da informaçã o
espacial, ou seja, para o ensino de Geografia e Histó ria, permitindo que o deficiente visual
amplie sua percepçã o de mundo; portanto, sã o valiosos instrumentos de inclusã o social.

[…]

Os mapas e grá ficos táteis tanto podem funcionar como recursos educativos, como
facilitadores de mobilidade em edifícios pú blicos de grande circulaçã o, como nos terminais
rodoviá rios, metroviá rios, aeroviá rios, nos shopping centers, nos campi universitá rios e
também em centros urbanos. Para se tornarem uma realidade em nosso país é preciso o
engajamento dos segmentos citados. De qualquer forma, em ambos os casos, os produtos da
cartografia tátil podem ser enquadrados como recursos da Tecnologia Assistiva, considerados
assim por auxiliarem a promover a independência de mobilidade e ampliar a capacidade
intelectual de pessoas cegas ou com baixa visã o.

[…]

Com base na citaçã o de Mary Pat Radabaugh que diz que, se a tecnologia para as pessoas [sem
deficiência visual] torna as coisas mais fá ceis, para os deficientes ela torna as coisas possíveis,
raciocinamos da seguinte maneira em relaçã o à Cartografia: para as pessoas [sem deficiência
visual], os mapas reduzem o mundo, auxiliando-as na sua compreensã o; para as pessoas com
deficiência visual, os mapas ampliam sua concepçã o de mundo, auxiliando-as na sua
autonomia.

LOCH, Ruth E. N. Portal de Cartografia das Geociências, Londrina, v. 1, n. 1, 2008. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/portalcartografia/article/view/1362>. Acesso em: 4 dez. 2015.
G. Evangelista/Opçã o Brasil Imagens

Mapa tátil na estaçã o de metrô Siqueira Campos no município do Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2014.

Navegue
LabTate
No Laborató rio de Cartografia Tá til e Escolar da Universidade Federal de Santa Catarina, geó grafos e educadores
desenvolvem pesquisas sobre mapas temá ticos para pessoas com deficiê ncia visual. O site do LabTate apresenta mapas e
publicaçõ es sobre o tema. Disponível em: <http://linkte.me/labtate>. Acesso em: 21 jan. 2016.

PARA ELABORAR

1. O acesso à informaçã o é um direito de todos. Com base no texto, converse com os colegas
sobre como a cartografia tá til pode melhorar a vida das pessoas que possuem alguma
deficiência visual.

2. Como essa tecnologia poderia ser implantada em espaços pú blicos, por exemplo, nos
parques e museus das grandes cidades brasileiras?
Pá gina 230

Atividades
Não escreva no livro.

Revendo conceitos

1. O que é um sensor remoto?

2. Destaque as diferenças entre os radares e os sensores remotos operados por satélite.

3. Explique por que as fotografias aéreas sã o realizadas durante o dia e quais sã o seus
principais usos.

4. Quais sã o as características do sistema GPS?

5. De que forma o GPS ajuda no mapeamento da superfície terrestre? Quais outros tipos de
aplicaçõ es existem para esse sistema?

6. O que sã o e para que servem os SIGs?

7. Qual é a relaçã o dos SIGs com as demais fontes de informaçõ es? De que forma esse sistema
apoia a cartografia moderna?

Interpretando textos e imagens

8. Cada uma das imagens de satélite reproduzidas a seguir possui características diferentes. A
imagem 1 retrata a regiã o de Angra dos Reis e Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro.
Destaca-se a presença da Mata Atlâ ntica nas serranias e na Ilha Grande. Outro destaque é a
presença de pequenas ilhas na regiã o. Na imagem 2, Manaus aparece pró xima aos rios Negro
(em preto) e Solimõ es (ao sul de Manaus em tons de marrom) e ao rio Amazonas, à direita. O
verde mais escuro é a floresta Amazô nica, e o o cinza sã o á reas que comportam outros usos.
Analise as imagens e responda à s questõ es a seguir.

a) Quais elementos relativos a uso da terra, relevo e hidrografia podem ser destacados? Eles
sã o os mesmos em cada uma das imagens?
b) Que aplicaçã o das imagens de satélite poderia ser proposta na identificaçã o e na soluçã o de
problemas ambientais que afetam cada uma das regiõ es destacadas?
Landsat/U. S. Navy/Google Earth

Regiã o da baia de Ilha Grande (RJ). Imagem de 2015.

2013, Google Earth/Landsat

Manaus (AM). Imagem de 2013.

9. Os fragmentos de textos reproduzidos a seguir referem-se a procedimentos de


levantamento de dados e à utilizaçã o de tecnologias modernas de monitoramento e produçã o
de imagens a partir de aeronaves, satélites, GPS e trabalho de campo. Destaque a ideia
principal de cada trecho e aponte a perspectiva geral em relaçã o à moderna cartografia.

Texto 1

[…] Entre os diferentes tipos de sistemas de informaçã o, os Sistemas Geográ ficos de Informaçã o,
isto é, aqueles sistemas que mostram e analisam a territorialidade dos fenô menos neles
representados, sã o de uso crescente para a representaçã o de ambientes. Este uso crescente se deve,
exatamente, à capacidade que possuem de considerar, de forma integrada, a variabilidade
taxonô mica, a expressã o territorial e as alteraçõ es temporais verificá veis em uma base de dados
georreferenciada.

SILVA, Jorge Xavier da. Geoprocessamento para análise ambiental. Rio de Janeiro: D5 Produçã o Grá fica, 2001. p. 12.

Texto 2

[...] Um computador instalado em um aviã o voando a 3 600 metros de altura comunica-se com o
Sistema de Posicionamento Global Diferenciado (DGPS) e informa à câ mera quando tirar cada uma
de uma série de exposiçõ es sobrepostas. Ela marca cada foto com a altitude, latitude e longitude do
aviã o. Com resoluçã o de 1 metro.
De volta ao laborató rio, os técnicos checam as coordenadas das fotos a partir de referências
terrestres e escaneiam dezenas de quadros para o computador. Um programa retifica e funde as
sobreposiçõ es para formar mosaicos, elimina reflexos de á gua e de Sol e à s vezes aplica cores de
acordo com parâ metros como absorçã o de luz […].
Pá gina 231

A fotografia aérea pode criar imagens com resoluçã o de meio metro se o aviã o voar a cerca de 1 800
metros de altura, mas para isso é necessá ria uma quantidade maior de imagens, o que eleva os
custos. Os satélites custam milhõ es de dó lares, mas podem produzir imagens continuamente.
Também podem capturar lugares como o Afeganistã o e o Iraque, onde os aviõ es nã o podem voar
com segurança […].

FISCHETTI, Mark. Revista Scientific American Brasil, n. 20, p. 90-91, jan. 2004.

Texto 3

[…]

Por isso é importante repensar o trabalho de campo na formaçã o profissional em Geografia. Ele
permite o aprendizado de uma realidade, à medida que oportuniza a vivência em local do que
deseja estudar. […] Em outras palavras, o objeto reconstró i o sujeito à medida que lhe permite a
reflexã o, a elaboraçã o, a reformulaçã o e o conhecimento de proposiçõ es, ou seja, direciona seu
caminho de investigaçã o e tomada de decisã o. Trata-se, portanto, de uma relaçã o dialética de
interaçã o, onde, ao mesmo tempo em que o objeto (investigado) reconstró i o sujeito, é também ele
(o objeto) construído/reconstruído pelo sujeito. A construçã o do conhecimento, entã o, nã o está , de
um lado, nem no objeto, nem no conhecimento (idealizado) do outro. Surgiria da relaçã o entre eles,
ou melhor, resultaria do processo. […].

SUERTEGARAY, Dirce Maria A. Geografia física e geomorfologia: uma (re)leitura. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. p. 103, 110.

10. A foto 1, a seguir, foi realizada na cidade de Belo Horizonte (MG), a foto 2, em Recife (PE), e
a imagem de satélite 3 mostra Campo Grande (MT). As três imagens foram realizadas em
escalas e â ngulos diferentes.

Luca Atalla/Pulsar Imagens

Belo Horizonte (MG). Foto de 2015.


Hans Von Manteuffel/Pulsar Imagens

Recife (PE). Foto de 2015.

2015, Google Earth/DigitalGlobe

Campo Grande (MT). Imagem de 2015.

a) Que elementos podem ser distinguidos em cada imagem?


b) De que forma as diferenças de escala e â ngulos interferem nas características das imagens e
dos elementos identificados?

11. Leia o texto e responda à s questõ es.

Para o ser humano, a noçã o de tridimensionalidade é proporcionada pelo conjunto de seus dois
olhos. Isto se dá em funçã o da fisiologia humana, dado que o cérebro pode captar, comparar e
interpretar as imagens vindas através da sua visã o binocular. Esta característica faz com que as
imagens recebidas por cada olho se fundam em uma só , proporcionando nã o só a visualizaçã o
bidimensional mas, também, a sensaçã o de profundidade.

FRITZ, Paulo Roberto. Cartografia básica. Canoas: Unilasalle, 2005. p. 183.

a) Com base no texto e no que você estudou neste capítulo, explique como é registrada a
tridimensionalidade nas fotografias aéreas.
b) Qual é o instrumento necessá rio para interpretar tais registros?
Pá gina 232

Em análise
Fazer um mapa temático
Objetivo

A atividade proposta a seguir tem por finalidade a aplicaçã o dos recursos cartográ ficos,
visando à maior familiarizaçã o com essa linguagem. A intençã o nã o é produzir um mapa como
os realizados por profissionais da á rea, mas oferecer algumas ferramentas para facilitar o
entendimento dos mapas temá ticos.

Material

• Folhas de papel sulfite A4 ou bloco de desenho, lá pis, borracha, lá pis de cor, papel vegetal A4,
folha de cartolina ou papel-cartã o.

Se nã o for possível fazer a atividade nos arredores da escola, podem ser usadas fotos trazidas
pela classe.

Proposta de trabalho

1. Com os colegas, elabore croquis cartográ ficos de acordo com as etapas a seguir.

a) Escolham um local para ser representado nos croquis. Façam o primeiro desenho desse local
com base na memó ria visual. Se o local escolhido for uma praça ou um conjunto de casas, deve
ser incluído no croqui tudo o que estiver pró ximo (praças, prédios, á rvores, ruas, rios, á reas de
cultivo, pastagens, relevo, etc.).

b) Sigam até o ponto escolhido e executem os mesmos procedimentos da etapa anterior. Façam
outro desenho, sempre procurando identificar todos os elementos presentes.

c) Pintem os dois desenhos usando cores diferenciadas para cada elemento. Tentem relacionar
as características do objeto com a cor: vegetaçã o em verde; ruas e avenidas em cinza ou preto;
rios em azul, etc.

d) Em um canto da folha, façam a legenda com as cores que usaram nos desenhos, como no
esquema a seguir.

e) Comparem os dois croquis e respondam: O que mudou de um desenho para outro? Que
elementos predominam em cada um dos desenhos?

Esta atividade poderá ser feita em diferentes locais, em mais de duas etapas. Em vez de dois
desenhos, é possível fazer três, por exemplo.
A sequência de ilustraçõ es abaixo mostra a situaçã o proposta, considerando como local
escolhido o pico do Jaraguá , em Sã o Paulo (SP).

Ilustraçõ es: Rodval Matias/ID/BR

Nessa sequência, é possível identificar que, quanto mais pró ximo o ponto de vista, mais
detalhes podem ser observados na paisagem. Assim, no desenho 1, o objeto está distante e
predomina o elemento vegetaçã o. No desenho 2, há um equilíbrio entre vegetaçã o e relevo. No
desenho 3, surgem detalhes até entã o nã o observados, como afloramentos rochosos.

2. Depois da confecçã o dos croquis, localizem o estado e, se possível, a cidade onde vocês estã o
em um mapa do Brasil. Providenciem também, em um guia de ruas ou na internet, um mapa do
bairro do local retratado no croqui. No endereço disponível em <http://linkte.me/gmap>
(acesso em: 8 dez. 2015), há vá rios mapas das cidades brasileiras. Tirem fotocó pias e copiem
esses mapas em papel vegetal. Uma das có pias servirá de base para construir o mapa temá tico.

3. No mesmo endereço eletrô nico mencionado acima, também estã o disponíveis imagens das
cidades brasileiras captadas por satélite. Pesquisem o local retratado no croqui e imprimam a
imagem.
Pá gina 233

2015, Google Earth/DigitalGlobe

Imagem de satélite mostrando parte do Parque Estadual do Jaraguá , em Sã o Paulo (SP), 2015.

4. Colem o material produzido em uma cartolina, mostrando a passagem de um nível escalar


para outro. Vejam dois exemplos:

Ilustraçõ es: Rodval Matias/ID/BR

Carlos Henrique/ ID/BR

CBERS/Inpe/ Divulgação
Allmaps/ID/BR

Base Aerofotogrametria SA

5. Se a atividade for feita a partir de fotos de um local, juntem-nas à sequência, antes dos
croquis. Isso também pode ser feito quando a atividade for rea lizada em campo.

6. A partir da imagem de satélite e da planta da á rea estudada, copiem os contornos de seus


elementos em uma folha de papel vegetal, dando início ao mapa. Em seguida, consultando as
fotografias, as observaçõ es feitas em campo e os croquis, utilizem cores diferenciadas para
representar cada á rea, tais como os quarteirõ es com predominâ ncia de casas, as á reas verdes,
as ruas, etc.

Carlos Henrique/ ID/BR

Mapa elaborado pelos autores com base na imagem de satélite ao lado que mostra parte do Parque Estadual do
Jaraguá .

7. Elaborem uma legenda e um título para o mapa. Incluam na representaçã o a indicaçã o da


escala, das fontes consultadas e a orientaçã o. Escrevam também o nome dos autores.

8. Organizem a apresentaçã o dos trabalhos para o professor e os outros colegas.


Pá gina 234

Síntese da Unidade
Capítulo 15 Localização e orientação geográfica

• Escreva frases com cada palavra-chave ou expressã o abaixo, sintetizando as informaçõ es do


capítulo.

Movimentos da Terra

Orientaçã o

Coordenadas geográ ficas

Fusos horá rios

Capítulo 16 Diferentes formas de representação do espaço

• Há diversos tipos de representaçã o cartográ fica. Nomeie cada uma das representaçõ es
apresentadas a seguir, resuma suas principais características e identifique sua finalidade.

Disponível em: <http://mapas.guiamais.com.br/belem-pa>. Acesso: 28 jan. de 2016.

Belém (PA), 2016.

2014, Google Earth/DigitalGlobe

Á rea planejada no Plano Piloto de Brasília (DF) e seu entorno, 2014.


Allmaps/ID/BR

Relevo do Brasil.

Fonte de pesquisa: ROSS, Jurandyr L. Sanches (Org.). Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008. p. 53.

IBGE/Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral/Instituto de Geociências Aplicadas de Minas Gerais

Regiã o do município de Barbacena (MG), 2013.

Thiago Lyra/ID/BR

Representaçã o de cadeia de montanhas.

Andre Dib/Pulsar Imagens


Monte Tabor na Chapada Diamantina, Palmeiras (BA), 2015.

Capítulo 17 Novas tecnologias e suas aplicações

• Explique, com base nas informaçõ es do capítulo e na sequência abaixo, a utilizaçã o de tecnologias
modernas pela Geografia.

Satélite, radar, fotografia aérea, GPS → Computador → Mapa, carta e planta


Pá gina 235

Vestibular e Enem
Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

1. (PUC-RS) Enquanto na cidade 1 sã o 18 horas, na cidade 2 sã o 8 horas do mesmo dia. A


indicaçã o correta da longitude da cidade 2 em relaçã o à cidade 1 é:
a) 120° Oeste.
b) 120° Leste.
c) 150° Leste.
d) 150° Oeste.
e) 180° Oeste.

2. (FGV-SP) A partir da interpretaçã o do esquema, é correto afirmar que:

FGV-SP. Fac-símile: ID/BR

a) As maiores altitudes encontram-se ao centro do esquema.


b) A distâ ncia real entre os pontos X e Y é de 300 km.
c) O rio principal R segue em direçã o sudoeste.
d) As maiores declividades localizam-se na direçã o oeste.
e) A margem esquerda do rio R é a mais favorá vel à prá tica agrícola mecanizada.

3. (Enem)

Pensando nas correntes e prestes a entrar no braço que deriva da Corrente do Golfo para o norte,
lembrei-me de um vidro de café solú vel vazio. Coloquei no vidro uma nota cheia de zeros, uma bola
cor rosa-choque. Anotei a posiçã o e data: Latitude 49°49' N, Longitude 23°49' W. Tampei e joguei
na á gua. Nunca imaginei que receberia uma carta com a foto de um menino norueguês, segurando a
bolinha e a estranha nota.

KLINK, Amyr. Paratii: entre dois polos. Sã o Paulo: Companhia das Letras, 1998. (Adaptado.)

No texto, o autor anota sua coordenada geográ fica, que é:


a) a relaçã o que se estabelece entre as distâ ncias representadas no mapa e as distâncias reais
da superfície cartografada.
b) o registro de que os paralelos sã o verticais e convergem para os polos, e os meridianos sã o
círculos imaginá rios, horizontais e equidistantes.
c) a informaçã o de um conjunto de linhas imaginá rias que permitem localizar um ponto ou
acidente geográ fico na superfície terrestre.
d) a latitude como distâ ncia em graus entre um ponto e o Meridiano de Greenwich, e a
longitude como a distâ ncia em graus entre um ponto e o Equador.
e) a forma de projeçã o cartográ fica, usada para navegaçã o, onde os meridianos e paralelos
distorcem a superfície do planeta.

4. (Enem)

Quando é meio-dia nos Estados Unidos, o Sol, todo mundo sabe, está se deitando na França.
Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pô r do sol.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 1996.

A diferença espacial citada é causada por qual característica física da Terra?


a) Achatamento de suas regiõ es polares.
b) Movimento em torno de seu pró prio eixo.
c) Arredondamento de sua forma geométrica.
d) Variaçã o perió dica de sua distâ ncia do Sol.
e) Inclinaçã o em relaçã o ao seu plano de ó rbita.

5. (UFC-CE) Entre os elementos bá sicos das representaçõ es cartográ ficas estã o as


coordenadas geográ ficas. Sobre algumas de suas aplicaçõ es na cartografia está correto
afirmar que:
a) sã o símbolos utilizados exclusivamente na confecçã o de mapas e cartas climá ticas.
b) sã o sinais aplicados na delimitaçã o de cotas altimétricas e batimétricas do relevo.
c) sã o referências grá ficas que indicam á reas de mesma temperatura no globo terrestre.
d) servem para identificar zonas climá ticas diferentes e constituem um sistema de orientaçã o.
e) servem para relacionar a distâ ncia real com a distâ ncia grá fica expressa nos mapas.

6. (UFC-CE) Considere um mapa geográ fico cuja escala é de 1/1 000 000, e a distâ ncia em linha
reta entre duas cidades é de aproximadamente 7 cm. Assinale a alternativa que indica
corretamente a distâ ncia real entre as duas cidades.
a) 700 km.
b) 70 km.
c) 7 km.
d) 7 000 km.
e) 170 km.
Pá gina 236

Vestibular e Enem
7. (PUC-MG) As representaçõ es cartográ ficas não sã o neutras. Ao longo da histó ria, a
cartografia foi utilizada como instrumento estratégico de dominaçã o e de disseminaçã o de uma
visã o ideoló gica acerca do mundo. No ano de 1945 foi criada a ONU – Organizaçã o das Naçõ es
Unidas, uma organizaçã o internacional com sede em Nova Iorque. Com objetivo de promover a
paz mundial, promovendo o direito internacional, o desenvolvimento social e econô mico e os
direitos humanos, a organizaçã o serviu também para legitimar a nova ordem internacional que
se esboçava a partir de entã o. O símbolo da ONU, representado abaixo, foi elaborado a partir de
uma projeçã o cartográ fica cuidadosamente selecionada, de forma a destacar o novo contexto
geopolítico que se consolidava a partir de entã o. A aná lise desse símbolo permite concluir:

PUC-MG/2015. Fotografia: ID/BR

Fonte: <www.onu.org.br>.

a) A projeçã o escolhida procurou reforçar uma visã o eurocêntrica do mundo, aspecto essencial
num contexto em que a reconstruçã o do continente europeu tornava-se prioritá ria na agenda
mundial.
b) A projeçã o deu grande destaque ao continente africano, a partir de entã o escolhido como
á rea prioritá ria de açã o da Organizaçã o das Naçõ es Unidas, em virtude do grande nú mero de
conflitos políticos e problemas sociais e econô micos.
c) A utilizaçã o de uma projeçã o polar, elaborada a partir do polo norte, destacou a centralidade
de uma regiã o que assumiu, a partir de entã o, uma importâ ncia geopolítica estratégica, em
razã o da hegemonia de duas novas superpotências.
d) A projeçã o foi produzida a partir de uma visã o terceiro-mundista, visto que os continentes
mais pobres ganharam destaque no centro da projeçã o cartográ fica.

8. (UFRN) Analise a figura abaixo e assinale a opçã o que corresponde, respectivamente, à s


coordenadas geográ ficas dos pontos X e Z.
UFRN. Fac-símile: ID/BR

X Z
a) 60° de Latitude Sul 15° de Longitude 30° de Latitude Sul 90° de Longitude
Oeste Leste
b) 15° de Latitude Norte 60° de 90° de Latitude Norte 30° de
Longitude Leste Longitude Oeste
c) 60° de Latitude Norte 15° de 30° de Latitude Norte 90° de
Longitude Leste Longitude Oeste
d) 15° de Latitude Sul 60° de Longitude 90° de Latitude Sul 30° de Longitude
Oeste Leste

9. (UFPE) Observe as proposiçõ es abaixo:

1. Círculo de iluminaçã o é o círculo má ximo que limita a parte da Terra iluminada pelo Sol da
parte não iluminada.

2. Equinó cios sã o os dois momentos em que, durante o ano, o círculo de iluminaçã o atinge a
má xima distâ ncia dos polos.

3. Latitude de um lugar é a distâ ncia, em graus, entre o Equador, tomado como origem, e o
paralelo do lugar considerado.

4. Altitude de um lugar é a distâ ncia vertical entre o lugar considerado e o nível médio do mar.

5. Solstícios sã o os dois momentos em que o círculo de iluminaçã o passa, durante o ano, pelos
polos.

Estã o corretas:
a) 1, 2 e 3.
b) 2, 3 e 4.
c) 3, 4 e 5.
d) 2 e 5 apenas.
e) 1, 3 e 4.
Pá gina 237

Atenção: todas as questões foram reproduzidas das provas originais de que fazem parte. Responda a todas as questões no caderno.

10. (PUC-PR) Sobre orientaçã o, pode-se afirmar corretamente:


a) O espaço entre o sudeste e o noroeste tem dois pontos colaterais e cinco subcolaterais,
partindo de qualquer direçã o.
b) A representaçã o grá fica da orientaçã o é feita através das coordenadas geográ ficas.
c) A distâ ncia sudoeste-sudeste é de 180°.
d) A distâ ncia leste-oeste é de 180°.
e) O espaço entre o ponto colateral noroeste e o ponto colateral sudeste, sentido horá rio, tem
dois pontos colaterais e seis pontos subcolaterais.

11. (Vunesp) Observe o mapa e a fotografia.

Vunesp/2015. Fac-símile: ID/BR

(www. ibge.gov.br. Adaptado.)

Vunesp/2015. Fotografia: ID/BR

A partir de conhecimentos cartográ ficos sobre orientaçã o, localizaçã o e altimetria, é correto


afirmar que a fotografia foi realizada a partir da posiçã o:
a) 2.
b) 5.
c) 3.
d) 4.
e) 1.

12. (Uerj)

Parece imprová vel, mas é verdade: o Polo Norte Magnético está se movendo mais depressa do que
em qualquer outra época da histó ria da humanidade, ameaçando mudar de meios de transporte a
rotas tradicionais de migraçã o de animais. O ritmo atual de distanciamento do norte magnético da
Ilha de Ellesmere, no Canadá , em direçã o à Rú ssia, está fazendo as bú ssolas errarem em cerca de
um grau a cada cinco anos.

O Globo, 8 mar. 2011. (Adaptado.)

O fenô meno natural descrito acima nã o afeta os aparelhos de GPS – em português, Sistema de
Posicionamento Global. Isso se explica pelo fato de esses aparelhos funcionarem tecnicamente
com base na:
a) recepçã o dos sinais de rá dio emitidos por satélites.
b) gravaçã o prévia de mapas topográ ficos na memó ria digital.
c) programaçã o do sistema com as tabelas da variaçã o do Polo Norte.
d) emissã o de ondas captadas pela rede analó gica de telefonia celular.

13. (UFPB) Analisando a figura:

UFPB. Fac-símile: ID/BR

Considere as afirmativas:
I. Os pontos A e B localizam-se no hemisfério ocidental.
II. Os pontos B e C localizam-se no hemisfério boreal.
III. Os pontos A e D localizam-se no hemisfério austral.
IV. Os pontos C e D localizam-se no hemisfério oriental.

Está (ã o) correta(s):
a) apenas I e IV.
b) apenas II e III.
c) apenas I e III.
d) apenas II e IV.
e) todas.
Pá gina 238

Geografia e Arte
As cores e seu uso em mapas
[…]

Todas as cores que impressionam nossas vistas sã o obtidas pela combinaçã o do vermelho,
amarelo e azul, que sã o chamadas de cores primárias. Elas nã o podem ser obtidas por
mistura e por isso diz-se que sã o encontradas puras na natureza. Quando elas sã o misturadas
em quantidades iguais, duas a duas, dã o origem à s cores secundárias (laranja, verde e
violeta). Da mistura das cores primá rias com as secundá rias, também em partes iguais e duas a
duas, surgem as cores terciárias (abó bora, pú rpura, anil, turquesa, limã o e ouro). [...]

Cores frias e quentes


Cores frias sã o aquelas que vã o do violeta ao verde na Rosa cromá tica. [Entre elas, estã o o
verde, o azul e o violeta.] […]

Cores quentes sã o aquelas que vã o do amarelo ao vermelho na Rosa cromá tica. [Entre elas,
estã o o amarelo, o laranja e o vermelho.] […]

A harmonia das cores


Quando da confecçã o dos mapas, devemos levar em consideraçã o que as cores possuem um
significativo efeito estético, prestando-se atençã o no que podemos chamar de harmonia das
cores.

• Harmonia monocromá tica: quando usamos uma só cor, variando apenas sua tonalidade. Em
geral, esta variaçã o serve para mostrar a intensidade de um fenô meno, em que cores fracas
indicam valores fracos e cores mais escuras significam valores fortes, como acontece em
mapas que representam temperatura do ar, pressã o e precipitaçã o.

• Harmonia pelas cores vizinhas: é outra forma de se harmonizar as cores (vizinhas) da Rosa
cromá tica, devendo-se seguir um sentido anti-horá rio. […] Tanto a harmonia monocromá tica
como pelas cores vizinhas servem para mostrar fenô menos que indicam hierarquia ou
sequência.

• Harmonia pelas cores opostas: é usada quando a intençã o é […] mostrar claramente que um
fenô meno é diferente de outro. […] cor oposta é aquela que fica diametralmente contrá ria a
uma outra na Rosa cromá tica, como o verde, por exemplo, que se encontra no vértice contrá rio
ao do vermelho e vice-versa. [...]

DUARTE, Paulo A. Fundamentos de cartografia. 3. ed. Florianó polis: Ed. da UFSC, 2006. p. 180-184.
Setup Bureau/ID/BR

Fonte de pesquisa:DUARTE, Paulo A. Fundamentos de cartografia. 3. ed. Florianó polis: Ed. da UFSC, 2006. p. 181.

ATIVIDADES

1. Identifique no mapa:

a) o tipo de harmonia pelas cores. Justifique sua resposta.

b) se as cores utilizadas sã o primá rias ou secundá rias.

c) se as cores utilizadas sã o frias ou quentes.

João Miguel A. Moreira/ID/BR

Fontes de pesquisa: Anatel. Disponível em: <http://www.anatel.gov.br/dados/index.php?


option=com_content&view=article&id=269>; IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/index.php>. Acessos em: 30
nov. 2015.
Pá gina 239

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_____. Por uma outra globalização: do pensamento ú nico à consciência universal. 5. ed. Rio de
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_____; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: territó rio e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro:
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SELBOME, Lord. A ética no uso da água doce: um levantamento. Brasília: Unesco, 2001.

SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. 3. ed. Sã o Paulo: Contexto, 2007.

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SINGER, Paul. Globalização e desemprego. Sã o Paulo: Contexto, 1998.

STEINBECK, John. As vinhas da ira. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2008.

SUMMERFIELD, Michael A. Global geomorphology. Londres: John Wiley & Sons, 1991.

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TUCCI, Carlos E. M. et al. (Org.). Drenagem urbana. Porto Alegre: Ed. da Universidade ABRH/UFRGS,
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_____. Transgênicos: sementes da discó rdia. Sã o Paulo: Senac, 2007.

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VISENTINI, Paulo G. Fagundes; PEREIRA, Analú cia Danilevicz. História do mundo contemporâneo.
Petró polis: Vozes, 2008.

ZOLA, É mile. Germinal. Sã o Paulo: Abril Cultural, 1972.

Siglas dos exames e das universidades


FGV-SP – Fundaçã o Getú lio Vargas (Sã o Paulo)

Fuvest-SP – Fundaçã o Universitá ria para o Vestibular (Sã o Paulo)


PUC-Campinas-SP – Pontifícia Universidade Cató lica de Campinas (Sã o Paulo)

PUC-MG – Pontifícia Universidade Cató lica de Minas Gerais

PUC-PR – Pontifícia Universidade Cató lica do Paraná

PUC-RJ – Pontifícia Universidade Cató lica do Rio de Janeiro

PUC-RS – Pontifícia Universidade Cató lica do Rio Grande do Sul

Uece – Universidade Estadual do Ceará

UEL-PR – Universidade Estadual de Londrina (Paraná )

UEPB – Universidade Estadual da Paraíba

Uerj – Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Uespi – Universidade Estadual do Piauí

Ufam – Universidade Federal do Amazonas

UFC-CE – Universidade Federal do Ceará

UFG-GO – Universidade Federal de Goiás

UFMA – Universidade Federal do Maranhã o

UFPB – Universidade Federal da Paraíba

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFRGS-RS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFSCar-SP – Universidade Federal de Sã o Carlos (Sã o Paulo)

UFU-MG – Universidade Federal de Uberlâ ndia (Minas Gerais)

UFV-MG – Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais)

Unifesp – Universidade Federal de Sã o Paulo

Unifor-CE – Universidade de Fortaleza (Ceará )

Unirio-RJ – Universidade do Rio de Janeiro

Vunesp – Fundaçã o para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Sã o Paulo)


Pá gina 241

Geografia
1º ano
Manual do Professor
Pá gina 242

Apresentação
O principal objetivo deste manual é oferecer subsídios e sugestõ es para o trabalho cotidiano do
professor de Geografia.

Na primeira parte sã o discutidos alguns elementos teó ricos e metodoló gicos importantes para
o ensino de Geografia, ao mesmo tempo que se provocam reflexõ es, de ordem pedagó gica, com
o intuito de enriquecer o trabalho docente. Apresentam-se, também, estudos com sugestõ es de
açõ es acerca da interdisciplinaridade e do processo de avaliaçã o, além de uma descriçã o
comentada da estrutura e do conteú do dos livros da coleçã o.

A segunda parte do manual apresenta comentá rios e sugestõ es pedagó gicas detalhadas,
capítulo a capítulo, e atividades complementares e respostas a todas as atividades do Livro do
Aluno.

Este manual reú ne, também, leituras complementares e indicaçõ es de sites, livros e filmes,
para apoiar a açã o docente.

Equipe editorial
Pá gina 243

Sumário
PARTE 1 - Aspectos gerais da coleção 244

O percurso da Geografia ao longo do tempo 244

A proposta pedagó gica da coleçã o 245

A interdisciplinaridade 246

A linguagem 248

Estrutura da coleçã o 249

Visã o geral dos conteú dos da coleçã o 251

A avaliaçã o como processo 251

Sugestõ es de estratégias e metodologias para o ensino de Geografia 253

Referências bibliográficas 256

Sites para consulta 257

PARTE 2 - Referências teóricas e sugestões didáticas deste volume 259

Unidade 1 • A produção do espaço no capitalismo 259

Capítulo 1 • A formaçã o do mundo capitalista 260

Capítulo 2 • A DIT e as revoluçõ es industriais 265

Capítulo 3 • O papel do comércio mundial 269

Capítulo 4 • A inserçã o do Brasil na economia mundial 273

Capítulo 5 • Circulaçã o e transportes 277

Unidade 2 • A dinâmica da natureza 282

Capítulo 6 • Estrutura geoló gica da Terra 283

Capítulo 7 • Relevo 287

Capítulo 8 • Os solos 291

Capítulo 9 • Hidrologia e hidrografia 294

Unidade 3 • Espaço agrário 301

Capítulo 10 • O mundo rural 302


Capítulo 11 • O espaço rural brasileiro 306

Capítulo 12 • O campo e o acesso à terra 309

Capítulo 13 • A modernizaçã o da agricultura 313

Capítulo 14 • Brasil: potência agropecuá ria 317

Unidade 4 • A representação do espaço produzido 322

Capítulo 15 • Localizaçã o e orientaçã o geográ fica 323

Capítulo 16 • Diferentes formas de representaçã o do espaço 327

Capítulo 17 • Novas tecnologias e suas aplicaçõ es 332


Pá gina 244

Parte 1 – Aspectos gerais da coleção


O percurso da Geografia ao longo do tempo
As Ciências Humanas em geral, entre as quais a Geografia, a Histó ria e a Filosofia, muitas vezes
formularam conceitos globais e abrangentes, explicando a realidade, sem estabelecer limites
muito rígidos entre o seu objeto e os objetos de outras ciências. Isso deixou como legado um
vasto campo para tratamentos interdisciplinares.

A Geografia, como ciência que busca compreender, de maneira integrada, as relaçõ es entre a
natureza e a sociedade, oferece uma visã o ampla do mundo. Os conhecimentos geográ ficos
foram construídos sob diferentes perspectivas, relacionadas ao contexto em que elas se
originaram. Nã o importa por qual das linhas teó ricas já percorridas ao longo de sua trajetó ria,
a Geografia busca observar e compreender o mundo sem abdicar de uma característica
fundamental do “olhar” geográ fico, que é a aná lise das mú ltiplas determinaçõ es da realidade.

No Brasil, esse olhar geográ fico sobre a Terra e em relaçã o ao cosmos se apresentava, já em
meados do século XIX, aos estudantes do Imperial Colégio de Pedro II, atual Colégio Pedro II,
no Rio de Janeiro.

No início do século XX, a Geografia preconizava o enfoque regional. Mesclava elementos da


natureza e da sociedade no estudo dos lugares e das regiõ es. Buscava abranger descriçõ es de
solo, clima, relevo, demografia, agricultura, comércio, hidrografia, populaçã o, etc. O estudo da
paisagem era valorizado. Havia as descriçõ es textuais, embora a preferência fosse pelos
desenhos. Como exemplo, pode ser citada a valiosa série “Tipos e aspectos do Brasil”, da
Revista Brasileira de Geografia dos anos 1940 a 1960, executada a bico de pena pelo desenhista
Percy Lau. Trata-se de uma inestimá vel contribuiçã o para o registro perene de todo um
conjunto de prá ticas e formas de vida, parte do patrimô nio material e imaterial de nossa
cultura.

A construçã o do Brasil era vista como recente, e seus domínios eram considerados vastos e
desconhecidos por grande parte da ciência. Por isso, a Geografia enveredou pelos trabalhos de
campo e se ocupou, prioritariamente, em levantar informaçõ es e registrar a existência dos
lugares e das regiõ es. Teve, como prioridade, a coleta de informaçõ es ú teis ao Estado,
entendido como o grande administrador do territó rio. Esses levantamentos eram pouco
complementados por aná lises e reflexõ es.

Um amplo e rá pido desenvolvimento da Geografia brasileira só foi possível apó s a instalaçã o


das faculdades pú blicas de Filosofia (nas quais havia cursos de Geografia) em Sã o Paulo e no
Rio de Janeiro, a implantaçã o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a
formaçã o da Associaçã o dos Geó grafos Brasileiros (AGB) nos anos 1930. A partir desses
eventos, em poucas décadas, a Geografia alcançou no Brasil um elevado nível de produçã o, com
consequente melhoria de sua qualidade.

Sob forte influência francesa, a Geografia brasileira avançou na chamada síntese regional, que
buscava identificar as regiõ es como singularidades na paisagem – Vidal de la Blache, geó grafo
francês, afirmava ser esse o “objetivo ú ltimo da tarefa do geó grafo”.

[...] as monografias regionais acabaram construindo uma geografia que destacava o cará ter ú nico de cada
estudo regional, sem preocupaçã o com o estabelecimento de leis e princípios gerais no conhecimento da
realidade. [...]
LENCIONI, Sandra. Regiã o e geografia. A noçã o de regiã o no pensamento geográ fico. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org.).
Novos caminhos da geografia. 3. ed. Sã o Paulo: Contexto, 2001. p. 189 (Coleçã o Caminhos da Geografia).

No compasso da Guerra Fria, entre os anos 1950 e 1960, o planejamento regional ganhou
destaque na perspectiva do novo Estado capitalista planejador. Nesse contexto, a Geografia
passou a ser utilizada como conhecimento necessá rio para intervir diretamente no mundo por
meio do planejamento do espaço geográ fico, abandonando a atitude “passiva”, de
contemplaçã o e catalogaçã o de paisagens e de gêneros de vida.

Nos anos 1970, a abordagem crítica, influenciada por reinterpretaçõ es da obra de Karl Marx e
do marxismo em geral, tornou-se mais presente na Geografia, produzindo reflexõ es sobre a
natureza profunda e conflituosa dos problemas sociais. Milton Santos, um dos mais
importantes geó grafos brasileiros, foi um dos representantes dessa corrente de pensamento.
Em sua vasta obra, buscou aprofundar os estudos da formaçã o socioespacial brasileira,
contribuindo de forma marcante para o avanço da Geografia e do conhecimento de nossa
realidade.

A Geografia incorporou a ideia do conflito como elemento central da sociedade capitalista. Sua
atençã o passou a ser voltada a questõ es mais gerais e estruturais da sociedade e da economia,
como o imperialismo, o desenvolvimento desigual, o colonialismo e a sociedade-mundo.

[...] Os geó grafos críticos, em suas diferenciadas orientaçõ es, assumem a perspectiva popular, a da
transformaçã o da ordem social. Buscam uma Geografia mais generosa e um espaço mais justo, que seja
organizado em funçã o dos interesses dos homens.

MORAES, Antonio Carlos Robert de. Geografia: pequena histó ria crítica. 21. ed. Sã o Paulo: Annablume, 2007. p. 132.

O debate crítico sobre os problemas sociais foi por ela valorizado, sendo propostos caminhos
para um ensino devotado à cidadania, que reconhece o indivíduo como agente pensante e
transformador da realidade. Para o aluno, compreender o mundo é uma forma de entender a si
mesmo, sendo necessá rio a essa compreensã o abranger mú ltiplas escalas, do global ao local,
num enfoque dinâ mico.
Pá gina 245

Em suma, a Geografia prosseguiu em busca da compreensã o do mundo na ciência e, por meio


desta, na correspondente disciplina escolar. Embora seu campo de estudos seja vasto e
complexo, a Geografia dispõ e de mú ltiplas ferramentas teó rico-conceituais.

Por isso, esta coleçã o apresenta grande parte das diferentes abordagens da Geografia atual,
explicadas de maneira pedagó gica e complementadas por diversas seçõ es e boxes, com o
intuito de aprimorar a formaçã o geral dos alunos, a aná lise crítica da realidade e seu contato
com a diversidade.

A proposta pedagógica da coleção

Os PCNEM afirmam ser necessá rio, no estudo da Geografia, superar a simples justaposiçã o de
informaçõ es sobre aspectos físicos e estudos de atividades humanas. É importante construir
uma Geografia que vá além da descriçã o das paisagens e que nã o se restrinja aos fundamentos
econô micos e políticos da realidade social, mas que alcance explicaçõ es que abranjam de modo
mais completo o espaço geográ fico. Esse propó sito está presente no pensamento geográ fico
contemporâ neo. Para Milton Santos, o espaço geográ fico

é o conjunto indissociá vel de sistemas de objetos (redes técnicas, prédios, ruas) e de sistemas de açõ es
(organizaçã o do trabalho, produçã o, circulação, consumo de mercadorias, relaçõ es familiares cotidianas), que
procura revelar as prá ticas sociais dos diferentes grupos que nele produzem, lutam, sonham, vivem e fazem a
vida caminhar.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. Sã o Paulo: Nobel, 1987. p. 75.

Para atingir o objetivo de estudar o espaço geográ fico em sua complexidade, numa perspectiva
local, regional e global, esta coleçã o busca incorporar as mú ltiplas possibilidades oferecidas
pelos estudos geográ ficos atuais. També m atribui importâ ncia ao estudo da natureza e ao
estudo da sociedade, observadas em suas mú ltiplas relaçõ es. A linguagem cartográ fica e outros
recursos grá ficos, importantes instrumentos para a análise e a compreensã o do espaço
geográ fico, aparecem em toda a coleçã o, sempre no contexto dos temas abordados.

Além disso, o sistema educacional brasileiro passou por recentes transformaçõ es. Uma delas
foi a inclusã o do Ensino Médio na educaçã o bá sica. Com isso, o Ensino Médio deixou de ter o
papel de intermediá rio para o ingresso no ensino superior ou no ensino profissionalizante e se
tornou parte constitutiva de uma formaçã o geral.

A formaçã o geral como preparaçã o para a vida, incluindo o desenvolvimento de procedimentos


e atitudes que concretizem os conteú dos conceituais escolares, tornou-se um dos pressupostos
fundamentais na atualizaçã o das propostas pedagó gicas do país, presente tanto nos PCN+
como na Resoluçã o n. 2, de 30 de janeiro de 2012, do Ministério da Educaçã o. Essas propostas
também destacam a importâ ncia de reconhecer a realidade dos jovens, que nos dias atuais
buscam novos interesses e maior acesso ao conhecimento e ao aprendizado permanente.

Entende-se que, ao concluir a educaçã o bá sica, os alunos devem ter sido preparados para
compreender a importâ ncia de aprender continuamente, dentro e fora da escola, seja como
forma de prosseguir os estudos, seja como exigência para a inserçã o no mundo do trabalho. A
formaçã o geral, neste segmento escolar, deve contemplar o exercício da cidadania e o
desenvolvimento da autonomia, do criticismo e da criatividade. O trabalho em torno de uma
formaçã o geral, nesta coleçã o, busca aprimorar a capacidade de pesquisar, buscar informaçõ es,
selecioná -las e analisá -las de maneira crítica em prová veis aplicaçõ es na realidade geográ fica.
Ao contrá rio da compreensã o parcial e fragmentada dos fenô menos, busca-se criar
competências que permitam a compreensã o de fatos, fenô menos, informaçõ es, capazes de
subsidiar o exercício da cidadania em atividades políticas e sociais.

Na busca de explicaçõ es plurais para entender o espaço em toda a sua complexidade, promove-
se a interaçã o da Geografia com outras á reas de conhecimento, com a Arte e com a cultura, sob
o foco da Sociologia, da Histó ria, da Economia, da Literatura, das Artes plá sticas, etc. Assim, ao
estimular prá ticas interdisciplinares, é possível favorecer uma didá tica mais produtiva e uma
aprendizagem mais significativa.

Os conteú dos desta coleçã o tratam as questõ es que abordam, em diferentes escalas, do
mundial ao nacional e regional, estabelecendo conexõ es entre elas, num movimento de aná lise
que transita do simples ao complexo e do complexo ao simples. Essa abordagem também se
evidencia nos capítulos que tratam de temas nacionais, inserindo-os nos contextos local e
global. Ademais, a proposta pedagó gica da coleçã o estimula a prá tica de uma Geografia cidadã ,
na qual o aluno nã o apenas percebe o mundo em movimento, mas se percebe nesse
movimento, como agente e sujeito dos processos em curso.
Pá gina 246

Pilares da coleção

A fim de proporcionar a interaçã o da Geografia com outras á reas do conhecimento, a formaçã o


crítica, o desenvolvimento da cidadania e da autonomia, esta coleçã o foi organizada em torno
de quatro pilares, desenvolvidos pelas seçõ es e boxes esquematizados no quadro a seguir e
detalhados na descriçã o da estrutura da coleçã o, na pá gina 249 deste manual.

Contextualização e Visão Crítica Compromisso Iniciativa


interdisciplinaridade
Objetivos Promover o estudo dos Contribuir na formação Despertar no aluno a Incentivar a atitude
conteú dos da Geografia crítica do aluno, para que consciência da proativa do aluno diante
relacionados a outras ele seja capaz de responsabilidade e de situaçõ es-problema,
disciplinas, áreas do entender a realidade que prepará-lo para a para que tome decisõ es e
conhecimento e temas o cerca e a refletir sobre reflexão e o tenha participação ativa
atuais, para que o aluno seu papel nessa entendimento do mundo, em diversos contextos
tenha uma visão ampla e realidade. para que se torne um sociais.
integrada dos fenô menos cidadão responsável.
estudados.
Seções • Geografia e... • Informe • Mundo Hoje – • Projeto
Boxes • Geografia e...• Conexão – • Ação e cidadania –

O trabalho com competências e habilidades

Por fim, a linha condutora dos estudos procura desenvolver no aluno as competências e
habilidades elencadas pelos PCNEM, entendidas como essenciais à formaçã o do sujeito do
mundo atual:

Representação e comunicação

•Ler, analisar e interpretar os có digos específicos da Geografia (mapas, grá ficos, tabelas, etc.), considerando-os
como elementos de representaçã o de fatos e fenô menos espaciais e/ou espacializados.

•Reconhecer e aplicar o uso das escalas cartográ fica e geográ fica, como formas de organizar e conhecer a
localizaçã o, distribuiçã o e frequência dos fenô menos naturais e humanos.

Investigação e compreensão

•Reconhecer os fenô menos espaciais a partir da seleção, comparação e interpretaçã o, identificando as


singularidades ou generalidades de cada lugar, paisagem ou territó rio.

•Selecionar e elaborar esquemas de investigaçã o que desenvolvam a observaçã o dos processos de formação e
transformaçã o dos territó rios, tendo em vista as relaçõ es de trabalho, a incorporaçã o de técnicas e tecnologias
e o estabelecimento de redes sociais.

•Analisar e comparar, interdisciplinarmente, as relaçõ es entre preservação e degradaçã o da vida no planeta,


tendo em vista o conhecimento da sua dinâ mica e a mundializaçã o dos fenô menos culturais, econô micos,
tecnoló gicos e políticos que incidem sobre a natureza, nas diferentes escalas – local, regional, nacional e global.

Contextualização sociocultural

•Reconhecer na aparência das formas visíveis e concretas do espaço geográ fico atual a sua essência, ou seja, os
processos histó ricos, construídos em diferentes tempos, e os processos contemporâ neos, conjunto de prá ticas
dos diferentes agentes, que resultam em profundas mudanças na organizaçã o e no conteú do do espaço.

•Compreender e aplicar no cotidiano os conceitos bá sicos da Geografia.


•Identificar, analisar e avaliar o impacto das transformaçõ es naturais, sociais, econô micas, culturais e políticas
no seu “lugar-mundo”, comparando, analisando e sintetizando a densidade das relaçõ es e transformaçõ es que
tornam concreta e vivida a realidade.

BRASIL. Ministé rio da Educaçã o. Secretaria de Educaçã o Mé dia e Tecnoló gica. Parâmetros curriculares nacionais (Ensino
Médio). Brasília: MEC/Semtec, 1999. v. 4. p. 31-35.

A interdisciplinaridade
Nas discussõ es atuais sobre a reformulaçã o do Ensino Médio, um papel central é atribuído à
interdisciplinaridade. Propõ e-se uma reorganizaçã o do ensino com enfoque no tratamento
interdisciplinar de temas como eixo estruturador dos currículos, em vez da organizaçã o do
conhecimento em cada disciplina. Rompem-se as fronteiras entre as disciplinas tradicionais do
currículo mediante o ensino e a aprendizagem focados em temas da realidade concreta, nos
quais os limites disciplinares, que organizaram e ainda organizam em boa medida a pesquisa
científica, não se mantêm estanques.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Resoluçã o n. 2, de 30 de janeiro de


2012, da Câ mara de Educaçã o Bá sica do MEC) propõ em, em seu art. 8º, um tratamento
metodoló gico “que evidencie a contextualizaçã o e a interdisciplinaridade ou outras formas de
interaçã o e articulaçã o entre diferentes campos de saberes específicos”.

Nos PCN+ Ensino Médio, a nova compreensã o desse nível de ensino é descrita em termos de
uma organizaçã o do aprendizado que “nã o seria conduzida de forma solitá ria pelo professor
de cada disciplina, pois as escolhas pedagó gicas feitas numa disciplina nã o seriam
independentes do tratamento dado à s demais, uma vez que é uma açã o de cunho
interdisciplinar que articula o trabalho das disciplinas, no sentido de promover competências”
(p. 13).
Pá gina 247

Em parecer emitido pelo Conselho Nacional de Educaçã o em 2009, sobre a nova organizaçã o
curricular do Ensino Médio, reafirma-se que “a nova organizaçã o curricular pressupõ e uma
perspectiva de articulaçã o interdisciplinar”, propondo “estimular novas formas de organizaçã o
das disciplinas, articuladas com atividades integradoras, a partir das inter-relaçõ es existentes
entre os eixos constituintes do Ensino Médio, ou seja, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a
cultura” (p. 4).

Além disso, citando as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, o parecer traz
recomendaçõ es sobre a conduçã o do trabalho pedagó gico, que deveria “ir além da descriçã o e
constituir nos alunos a capacidade de analisar, explicar, prever e intervir”, ressaltando que
estes objetivos serã o mais facilmente alcançá veis “se as disciplinas, integradas em á reas de
conhecimento, puderem contribuir, cada uma com sua especificidade, para o estudo comum de
problemas concretos, ou para o desenvolvimento de projetos de investigaçã o e/ou de açã o” (p.
15).

Aponta-se, portanto, para a integraçã o interdisciplinar sem perder de vista os conhecimentos


disciplinares e estruturada em torno de objetivos comuns e do estudo de problemas concretos,
que sirvam como temas integradores. É possível, assim, estabelecer diá logos entre disciplinas
e, ao mesmo tempo, mobilizar o conhecimento destas para o tratamento dos temas de forma
interdisciplinar.

O desafio é construir uma prá tica pedagó gica articulada em torno de objetivos construídos em
conjunto por grupos de professores de diferentes disciplinas, que passam a ser estruturadores
do trabalho pedagó gico ao mobilizar os conteú dos de suas disciplinas que contribuam para a
abordagem do tema escolhido.

[...] no interior das disciplinas, os temas sã o, sempre, transversais, na medida em que se tornam ferramentas
para oferecer aos alunos os fundamentos ló gicos que dã o identidade a um campo do saber científico. Nos
projetos interdisciplinares, as disciplinas são transversais, na medida em que o objetivo é realçar o tema
estudado e o desejo é que os alunos se apropriem dos diversos olhares possíveis que podem nos ajudar no
desvendamento do mundo.

SANTOS, Douglas. Saber escolar, inter e transdisciplinaridade: o saber escolar como saber disciplinar/interdisciplinar. Á reas
do conhecimento no ensino fundamental. Salto para o Futuro, boletim 18, p. 52, out. 2007. Disponível em:
<http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/1426103172843.pdf>.
Acesso em: 30 abr. 2016.

A estratégia de problematizar conteú dos em situaçõ es interdisciplinares, na forma de


atividades ou projetos, favorece o trabalho docente. Esse tipo de trabalho interdisciplinar
valoriza a açã o coletiva dos professores, dando visibilidade aos seus esforços individuais tanto
quanto ao trabalho conjunto, porque a açã o didá tica pode se projetar para além da sala de aula
e da fronteira de cada disciplina. O planejamento, a organizaçã o, a realizaçã o e a avaliaçã o sã o
açõ es que deverã o acontecer em momentos alternados de modo individual ou coletivamente.
Exigem estudo e registros individuais para discussõ es, decisõ es e novos registros coletivos.

É interessante registrar que o planejamento nã o deve se constituir em aprisionamento ou


engessamento de prá ticas. O desenvolvimento de atividades e projetos interdisciplinares
sugere revisã o e avaliaçã o permanente. A capacidade e a condiçã o de trabalho coletivo podem
ser experimentadas e exercitadas a partir de atividades não muito longas ou demasiadamente
ambiciosas e complexas. A avaliaçã o dos resultados precisa ter critérios claros para que se
possa reconhecer a dimensã o cognitiva alcançada pelos alunos, a dimensã o produtiva do grupo
de docentes e os resultados produzidos na dimensã o geográ fica delineada pela questã o:
Dimensão cognitiva dos alunos
• Os objetivos das disciplinas envolvidas foram alcançados pelos alunos?
• Houve participaçã o e interesse no desenvolvimento de propostas didá ticas?
• Os produtos previstos se concretizaram?
• Houve proposiçõ es de novos estudos a partir das aprendizagens?

Dimensão produtiva docente


• A atividade promoveu o entrosamento entre as diferentes disciplinas e seus professores?
• Conflitos ou tensõ es surgidas em consequência do trabalho coletivo foram superados com
atitudes éticas e profissionais que garantem o fortalecimento do grupo docente?
• A vivência da atividade produziu registros que podem favorecer a formaçã o continuada do
grupo?
• Há propostas de outras atividades coletivas?

Resultados práticos apresentados à comunidade


• Houve apresentaçõ es de aprendizagens produzidas à comunidade escolar?
• Os resultados forneceram contribuiçõ es à vida da comunidade ou ficaram restritos aos
limites da escola?
• As aprendizagens de professores e de alunos resultaram em mudanças ou promessas de
mudanças em situaçõ es, atitudes ou fatos relacionados à temá tica estudada?

Esta coleçã o apresenta o desenvolvimento de atividades e projetos que contemplam


problemá ticas da á rea de Geografia e algumas conexõ es interdisciplinares. As seçõ es e os
boxes Geografia e... oferecem oportunidades para ampliar o diá logo entre conteú dos do
conhecimento geográ fico a aná lises e interpretaçõ es nascidos em outros campos do saber. Na
seçã o Projeto há problematizaçõ es e sugestõ es de assuntos que também podem mobilizar
conteú dos e análises de diferentes disciplinas, o que propicia aos professores a conduçã o de
atividades interdisciplinares.
Pá gina 248

Trabalhar essas possibilidades, ajustando-as à realidade da escola e da comunidade,


enriquecerá a formaçã o do aluno e a vivência docente.

Orientação para o desenvolvimento de atividades e projetos


interdisciplinares

O que desejamos saber?


• Definir com os alunos questõ es de investigaçã o; organizar um índice de conteú dos
necessá rios para respondê-las; provocar relaçõ es entre diferentes campos do conhecimento.

Por que queremos saber?


• Organizar uma justificativa do estudo, identificando pontos de relevâ ncia que validem a
proposta; destacar argumentaçõ es dos alunos sobre o assunto que estimulem produtividade.

Quais os materiais, equipamentos e ações que podem nos ajudar a responder à questão?
• Selecionar e planejar como obter materiais e equipamentos que podem fornecer informaçõ es
e aprendizagens sobre o assunto; identificar e planejar atividades capazes de fornecer
respostas e resultados para as questõ es em estudo; selecionar e criar metodologias para
desenvolvimento das diferentes etapas e atividades do projeto; prever tempo e condiçõ es para
o desenvolvimento do trabalho.

Quais os procedimentos e atitudes que podemos usar no desenvolvimento do projeto?


• Apresentar procedimentos que deverã o ser desenvolvidos; fornecer explicaçõ es, exercícios,
experimentaçõ es, orientaçõ es de como realizá -los (por exemplo: como fazer uma entrevista,
uma pesquisa bibliográ fica, um registro, etc.); verificar viabilidade e potencializar
possibilidades; discutir e definir normas e atitudes desejá veis; potencializar interfaces do
estudo interdisciplinar.

Como devemos efetuar os registros das aprendizagens?


• Discutir e selecionar formas diversificadas de registro.

Como apresentaremos os resultados do trabalho?


• Definir formas de apresentaçã o dos resultados parciais e finais das pesquisas,
experimentaçõ es e estudos.

Como avaliaremos o que aprendemos, corrigiremos os rumos do projeto e realizaremos


a previsão de novos projetos?
• Resgatar as questõ es iniciais; usar objetivos propostos como indicadores dos critérios de
verificaçã o das aprendizagens; avaliar a indicaçã o de novas questõ es; propor a retomada de
pontos polêmicos ou pouco aprofundados.
• Os resultados alcançados pelos alunos devem ser integrados à s situaçõ es de aprendizagem
regulares da disciplina, o que minimiza, por exemplo, a sensaçã o de que o projeto
interdisciplinar está separado do processo de ensino-aprendizagem. Isso também possibilita
realizar avaliaçõ es individuais dos alunos, assim como ampliar os instrumentos avaliativos
utilizados com os grupos.

A linguagem
A coleçã o procura utilizar linguagem adequada aos jovens do Ensino Médio, sem incorrer em
expressõ es vulgares ou excessivamente coloquiais. O professor encontrará um texto agradá vel,
objetivo e conciso, organizado em períodos e pará grafos curtos, que facilitam a leitura.

Tivemos preocupaçã o especial em aproximar os assuntos tratados ao universo do aluno, de


forma a tornar mais interessante seu contato. O boxe Conexão, por exemplo, foi pensado
exatamente para estabelecer vínculos mais pró ximos entre os assuntos abordados e a
realidade do aluno. Partimos da constataçã o de que o interesse e a curiosidade do educando
em relaçã o a temas sociais, culturais, políticos e econô micos de maior amplitude aumentam
quando ele percebe as conexõ es com o mundo que o cerca.

Mesmo quando recorremos a textos complementares, como no boxe Saiba mais e nas seçõ es
Informe e Mundo Hoje, procuramos sempre selecionar material de fá cil compreensã o, em
linguagem mais acessível.

Os textos usados sã o provenientes de fontes e autores reconhecidos, cujas informaçõ es e


abordagens enriquecem o material didá tico.

Em algumas passagens da coleçã o, o leitor encontrará trechos de poesias ou cançõ es, entre
outros gêneros textuais. Esses trechos tornam a experiência de leitura mais rica, pelas
características poética, estética, cultural presentes em textos desse estilo. É importante que o
aluno se familiarize com a diversidade de textos. Assim, terá melhor proveito e eficiência em
suas pesquisas e levantamentos em fontes secundá rias. Ao mesmo tempo, ampliará o
vocabulá rio e aprimorará sua capacidade de expressã o escrita. A variedade de gêneros textuais
é fundamental para a riqueza do aprendizado.

As imagens fazem parte da linguagem de um livro didá tico – em especial de Geografia. Nossa
coleçã o procura recorrer a ilustraçõ es, fotografias, mapas, tabelas, grá ficos, imagens de
satélite, entre outras imagens, sempre buscando explorar aquelas que contribuam para o
processo educacional, quando possível, apontando o seu uso pedagó gico. Sua funçã o é
“dialogar” com o texto didá tico ou complementá -lo. Dessa forma, o projeto grá fico foi
preparado para oferecer um material de manuseio agradá vel, de fá cil assimilaçã o e de intenso
potencial para a aprendizagem.
Pá gina 249

Além dos mapas bá sicos, a coleçã o apresenta um variado e atualizado material cartográ fico
proveniente de fontes nacionais e internacionais especializadas. Esses mapas abordam
questõ es específicas, como meio ambiente, economia, cultura, política, e podem ser usados
como meios de introduzir, aprofundar e finalizar discussõ es e estudos dos temas
contemplados.

Estrutura da coleção

Cada livro foi organizado em unidades, divididas em capítulos. A abertura de unidade


apresenta ora uma contextualizaçã o, ora uma problematizaçã o, ora um recorte de algum tema
que será estudado, em articulaçã o com uma imagem (foto, obra de arte, ilustraçã o, etc.) para
introduzir a temá tica da unidade e levantar conhecimentos prévios dos alunos. Para promover
a reflexã o, sã o propostas Questões para refletir. A abertura de capítulo traz texto
introdutó rio, associado a imagens (fotos, mapas, grá ficos, obras de arte), sobre o conteú do do
capítulo. Nela, sã o propostas questõ es de aná lise que articulam o texto e as imagens.

Ao longo dos capítulos, assuntos mais complexos, que exigem tratamento diferenciado, com
articulaçã o de diferentes linguagens, foram abordados por meio de infográficos em pá ginas
duplas, integrando textos, grá ficos, mapas, fotos, entre outras linguagens.

Em todos os volumes, o texto didá tico é complementado por vá rios boxes e por seçõ es, com
características diferenciadas.

Boxes

A seguir, a descriçã o dos boxes vinculados aos pilares:

• Geografia e... Objetiva trabalhar, ao longo do capítulo, a interdisciplinaridade, ou seja, usar o


conhecimento de vá rias disciplinas, compartilhar informaçõ es de diferentes saberes, propondo
atividades. Isso pode ser feito com a Histó ria, a Arquitetura, a Literatura, a Antropologia, a Arte
ou com outras á reas do conhecimento. Ocorre ao longo dos capítulos.

• Conexão. Tem como finalidade principal relacionar o tema abordado com a realidade do
aluno, tratando de assuntos que fazem parte do seu dia a dia. Sempre que possível, articulando
mú ltiplas escalas, do local ao global. Propõ e atividades em grupo ou individuais a fim de
problematizar essa realidade.

• Ação e cidadania. Articula o conteú do apresentado no capítulo a aspectos da realidade


social, aos direitos e deveres dos cidadã os, à s questõ es dos valores, propondo
questionamentos e atividades. Estimula o aluno a refletir sobre açõ es individuais e coletivas
voltadas à melhoria da comunidade, do bairro, da cidade, do mundo. Portanto, incentiva a
participaçã o ativa na vida em sociedade ao propor tarefas que estimulam competências e
habilidades vinculadas ao processo de formaçã o de cidadã os.

Também ocorrem na coleçã o boxes de cará ter mais abrangente. Esses vêm explicitados a
seguir:
• Saiba mais. Traz informaçõ es complementares ao conteú do tratado no texto didá tico dos
capítulos, auxiliando na sua compreensã o e aprofundando aspectos considerados importantes
ou que possam despertar a curiosidade do aluno.

• Leia, Assista e Navegue. A coleçã o indica livros, filmes e sites, em que se encontram
informaçõ es e abordagens complementares ao conteú do que está sendo trabalhado. Essas
indicaçõ es aparecem em quadros com pequenos comentá rios, pró ximos do texto didá tico. Com
isso, a coleçã o procura oferecer ao aluno e ao professor opçõ es para a ampliaçã o e o
aprofundamento dos temas tratados.

• Glossário. Traz explicaçã o de termos, pró ximo à sua ocorrência no texto didá tico,
relacionados à disciplina, favorecendo a aquisiçã o de vocabulá rio específico da temá tica
abordada.

Seções

A seguir, a descriçã o das seções vinculadas aos pilares:

• Geografia e... Trata de temas interdisciplinares e se distingue do boxe de mesmo título por
desenvolver conteú dos relacionados diretamente à s outras disciplinas do Ensino Médio. Ao
final de cada seçã o, existem exercícios que instigam o aluno a relacionar os temas tratados com
os conteú dos de cada ramo do conhecimento. A seçã o pode ser utilizada em conjunto com
outros professores para que o aproveitamento dos seus conteú dos seja mais amplo. Entra ao
final das unidades.

• Informe. Reproduz textos científicos e de especialistas relacionados aos conteú dos do


capítulo. O objetivo é oferecer ao aluno a oportunidade de ler textos produzidos por
pesquisadores de diversas á reas do conhecimento. A seçã o encerra-se com questõ es para
discussã o ou debate sobre o tema abordado. Geralmente ocorre ao final dos capítulos.

• Mundo Hoje. Traz um trecho de texto extraído de jornais, revistas ou sites, sempre de fontes
de reconhecida credibilidade. O objetivo é ampliar o repertó rio de cultura e diversidade do
aluno, colocando-o em contato com ideias e discussõ es presentes na mídia impressa e na
internet. A seçã o encerra-se com uma atividade dinâ mica, que pode ser realizada em grupo ou
individualmente (pesquisas, entrevistas, debates, seminá rios, etc.). Geralmente ocorre ao final
dos capítulos.
Pá gina 250

• Projeto. Essa atividade tem como proposta a elaboraçã o de um produto – cartaz, jornal,
debate, exposiçã o, etc. – com possibilidade de ser apresentado à comunidade (escola, família,
bairro). Promove-se a iniciativa do aluno, que poderá compartilhar com a comunidade os
conhecimentos que adquiriu e as reflexõ es que desenvolveu no decorrer do estudo de
Geografia a partir da resoluçã o de uma situaçã o-problema. Os projetos enfocam temas
relacionados a problemas coletivos, sejam eles ambientais, econô micos, sociais. Sã o
apresentados dois projetos por volume, desenvolvidos em pá ginas duplas.

Além das seçõ es vinculadas ao desenvolvimento dos pilares da coleçã o, apresentam-se outras
seçõ es. Sã o elas: Presença da África e Presença Indígena; Em análise; e Síntese da Unidade.

• Presença da África e Presença Indígena. Os textos dessas seçõ es inserem-se na


preocupaçã o fundamental de se construir uma sociedade livre de preconceitos e
discriminaçã o, combatendo o racismo e incentivando a aceitaçã o das diferenças e a valorizaçã o
da diversidade, que é uma das grandes características da populaçã o brasileira.

Em relaçã o à populaçã o de origem africana, uma das formas de alcançar esses objetivos é
possibilitar aos alunos saberem cada vez mais sobre a Á frica, incluindo aspectos atuais nem
sempre divulgados nos meios de comunicaçã o. E, também, discutir e avaliar informaçõ es sobre
a histó ria e os aspectos culturais da populaçã o afro-brasileira. Além disso, para combater as
manifestaçõ es e representaçõ es racistas – que, embora negadas, estã o presentes na cultura
brasileira –, é necessá rio promover uma representaçã o positiva do negro. Para isso, os textos
indicados para leitura nã o trazem apenas o papel de mulheres e homens negros como mã o de
obra escrava ou as condiçõ es de pobreza em que vive boa parte da populaçã o negra, na Á frica e
no Brasil, ou seu destaque apenas em manifestaçõ es culturais ou artísticas como expressõ es
idealizadas. Acredita-se na importâ ncia de se valorizar o povo em suas lutas, suas conquistas e
sua inserçã o em grandes situaçõ es e no cotidiano do país.

Sobre os indígenas, a proposta geral que norteia os textos é a desmistificaçã o da imagem que
o senso comum tem do indígena e que não corresponde à realidade. O bom indígena, o
indígena estereotipado, confinado em matas e lugares longínquos sã o exemplos dos mitos
construídos em torno de grupos de pessoas que habitavam a terra brasileira e que continuam
vivendo suas histó rias, entre outros grupos sociais, caracterizados como incapazes até
legalmente falando. O objetivo é que o conjunto de textos aborde diferentes aspectos da
realidade indígena atual. Com isso, o leitor poderá perceber a diferença entre a real situaçã o
das populaçõ es indígenas e a ideia que povoa nosso imaginá rio, veiculada por diversos
segmentos da mídia e à s vezes presentes até em muitos livros didá ticos.

O conjunto de textos certamente ajudará o aluno a refletir sobre o contato com culturas
diferentes. Ademais, poderá levá -lo a pensar no que tem a aprender com essas culturas e no
que deve saber para respeitá -las, para entender e valorizar suas prá ticas e seus valores.

Os textos estã o integrados ao conteú do dos capítulos em que ocorrem, enriquecendo-os e


ampliando sua abrangência.

• Em análise. Contém atividades com as quais se pretende fornecer ao aluno alguns recursos
importantes para a construçã o do conhecimento geográ fico. Entre elas, citamos: desenhar
grá ficos e tabelas, construir perfis topográ ficos, interpretar mapas temá ticos, construir
pirâ mides etá rias. Atividades dessa natureza visam incentivar também uma atitude proativa e
crítica dos alunos, fornecendo-lhes instrumentos para que entendam e interpretem por si
mesmos as informaçõ es, e não apenas recebam passivamente o que leem ou assistem. Ocorre
ao final de cada unidade.

• Síntese da Unidade. Trabalha com os conceitos bá sicos e as informaçõ es principais de cada


capítulo. Esses itens estã o dispostos e implícitos de vá rias maneiras: em quadros-sínteses, em
esquemas, por meio de palavras-chave e em fotografias que reproduzem um dos temas dos
capítulos. O objetivo é que o aluno, com base no que lhe é oferecido, desenvolva sua capacidade
de sintetizar conteú dos geográ ficos.

Atividades

Todo capítulo termina com uma seçã o de Atividades, composta de três subseçõ es. Sã o elas:

• Revendo conceitos. Contém questõ es dissertativas destinadas a verificar a compreensã o do


conteú do do capítulo.

• Lendo mapas, gráficos e tabelas. Propõ e ao aluno a leitura e a interpretaçã o de mapas,


tabelas e grá ficos relacionados ao conteú do do capítulo. Essas atividades sã o elaboradas para
orientar o olhar do aluno e desenvolver sua capacidade de observaçã o e aná lise. Sã o atividades
de aplicaçã o dos conhecimentos adquiridos.

• Interpretando textos e imagens. O aluno é estimulado à reflexã o sobre o que foi estudado
no capítulo, em geral a partir de uma charge, de um poema, da letra de uma cançã o, de
fragmentos de textos, etc. Essas reflexõ es podem levar à produçã o de textos opinativos, a
debates e à pesquisa coletiva ou individual, entre outras atividades.

Além da seçã o Atividades, a coleçã o oferece ao aluno, ao final de cada unidade, um conjunto de
testes de vestibulares do país e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), relacionados
aos assuntos mais importantes estudados.
Pá gina 251

No final de cada volume, estã o dispostas as Referências bibliográficas, que elencam as obras
utilizadas na elaboraçã o dos volumes e indicadas para o aprofundamento dos estudos na á rea.
Há também a apresentaçã o das Siglas dos exames e das universidades, identificando as
instituiçõ es correspondentes aos testes da seçã o Vestibular e Enem.

Visão geral dos conteúdos da coleção

Elencamos a seguir os conteú dos abordados em cada livro da coleçã o para propiciar uma visã o
geral do que será tratado e em qual momento. Posteriormente, mostraremos a organizaçã o de
cada livro em unidades e capítulos.

Livro 1

As unidades que compõ em o primeiro volume da obra mobilizam conteú dos relacionados a
processos físicos e sociais, proporcionando aos alunos uma inserçã o aprofundada nos
fundamentos do conhecimento geográ fico, o que favorece a compreensã o crítica das relaçõ es
entre sociedade e natureza. Os estudos geográ ficos contam, ainda, com a abordagem da
Cartografia, suas novas tecnologias e aplicaçõ es.

• Unidade 1. A produção do espaço no capitalismo. Aborda a formaçã o e a produçã o do espaço


no capitalismo; as revoluçõ es industriais; a inserçã o do Brasil na economia mundial; o
comércio, a circulaçã o e os transportes.

• Unidade 2. A dinâmica da natureza. A estrutura geoló gica da Terra; o relevo e os solos; a


hidrologia e a hidrografia.

• Unidade 3. Espaço agrário. Contempla o mundo rural e a agricultura no Brasil e no mundo,


além do seu processo de modernizaçã o.

• Unidade 4. A representação do espaço produzido. Localizaçã o e orientaçã o, formas de


representaçã o do espaço e novas tecnologias.

Livro 2

No segundo volume, é abordada a intensa transformaçã o do espaço geográ fico mundial


provocada, principalmente, pela industrializaçã o. A expansã o das fá bricas e do modo de vida
urbano-industrial é um dos eixos por meio dos quais sã o analisadas questõ es como migraçã o,
aumento da populaçã o das cidades e, ainda, algumas repercussõ es ambientais das demandas
industriais, com destaque para a produçã o de energia.

• Unidade 1. Sociedade e paisagens naturais. Aborda a dinâ mica climá tica; as formaçõ es
vegetais e os domínios morfoclimá ticos; os recursos naturais e as fontes de energia.

• Unidade 2. A produção do espaço industrial. Sã o tratadas as características gerais da


industrializaçã o; a industrializaçã o nos Estados Unidos, na Á sia, na América Latina, na Á frica e
no Brasil.

• Unidade 3. Dinâmicas populacionais. A populaçã o e a migraçã o mundial e brasileira e as


mudanças no mundo do trabalho.
• Unidade 4. Urbanização e movimentos sociais. O processo de urbanizaçã o, a urbanizaçã o
brasileira e os movimentos sociais no campo e na cidade.

Livro 3

A Geografia política conduz o desenvolvimento dos conteú dos do terceiro volume. As guerras e
os conflitos entre naçõ es sã o analisados sob o ponto de vista de suas implicaçõ es territoriais e
também econô micas – essas facetas da globalizaçã o estã o em destaque no volume. Há , ainda,
espaço para outras dimensõ es políticas, como as questõ es ambientais e as estratégias de
controle dos recursos naturais essenciais à manutençã o do sistema econô mico dominante no
mundo atual.

• Unidade 1. A produção do espaço político. Traz a questã o dos territó rios, das fronteiras e a
influência da geopolítica e da guerra no espaço.

• Unidade 2. A nova ordem internacional. Trata da globalizaçã o em suas diferentes dimensõ es,
a formaçã o dos blocos econô micos e as grandes potências mundiais.

• Unidade 3. O espaço político: focos de tensão. As tensõ es presentes no espaço político


europeu, africano, latino-americano e asiá tico.

• Unidade 4. Os desafios geopolíticos do século XXI. Questõ es geopolíticas acerca dos recursos
naturais, do petró leo, dos alimentos e da produçã o.

A avaliação como processo


A avaliaçã o é parte integrante e essencial do processo de ensino-aprendizagem em todas as
suas etapas. Alunos e professores precisam acompanhar o respectivo desempenho, tendo
como base indicadores quantitativos, mas, sobretudo, qualitativos.

O termo avaliar tem sido constantemente associado a expressõ es como: fazer prova, fazer exame, atribuir nota,
repetir ou passar de ano. Essa associaçã o, tã o frequente em nossas escolas, é resultante de uma concepçã o
pedagó gica arcaica, mas tradicionalmente dominante. Nela, a educaçã o é concebida como mera transmissã o e
memorizaçã o de informaçõ es prontas e o aluno é visto como um ser passivo e receptivo. Em consequência, a
avaliaçã o se restringe a medir a quantidade de informaçõ es retidas. Nessa abordagem, em que educar se
confunde com informar, a avaliaçã o assume um cará ter seletivo e competitivo.

HAYDT, Regina Cé lia C. Curso de didática geral. 8. ed. Sã o Paulo: Á tica, 2006. p. 286 (Sé rie Educaçã o em Açã o).
Pá gina 252

A forma tradicional de avaliaçã o é a aplicaçã o de uma prova mensal ou bimestral. Essa


ferramenta é limitada, pois se aplica em momentos pontuais, explora conteú dos selecionados e
procedimentos usualmente reprodutivos, mecâ nicos, com resposta apenas para o que é
perguntado. Assim, é comum aferir, com a prova, somente o nível de aprendizagem de
conceitos e, em menor grau, a capacidade de expressã o do aluno por meio da escrita. A prova
tradicional foi (e ainda é) usada como instrumento de avaliaçã o de saberes estanques,
descontextualizados, eleitos pelo professor como os mais relevantes dentro de um conjunto de
saberes maior, mais complexo. Tem representado uma maneira de avaliar aquilo que o aluno
não aprendeu ou não soube reproduzir adequadamente. Por isso ela é tão criticada quando nã o
está inserida em um contexto avaliativo mais amplo e que priorize a qualidade em detrimento
da quantidade de conhecimentos internalizados pelos alunos.

Há outras questõ es que ressaltam os limites dessa ferramenta de avaliaçã o: em geral, os


discentes procuram se concentrar só quando a prova está pró xima, ficando com a atençã o
dispersa nos períodos intermediá rios. Eles também desenvolvem atitudes de individualizaçã o
do conhecimento, potencializam a competitividade, podem buscar meios para burlar sua
expressã o autêntica do que sabem por meio da folcló rica “cola”, desenvolvem estereó tipos de
poder entre os que conseguem se sair bem e aqueles que não desenvolvem bem o esperado na
prova.

Ao elaborar uma boa proposta de avaliaçã o, nã o é necessá rio, no entanto, abolir as provas;
pode-se atribuir a elas novos significados, integrando-as ao pró prio processo de
aprendizagem. Há , ainda, quem argumente que o aluno do Ensino Médio deva se habituar a tais
momentos, pois passará por eles diversas vezes em sua vida. Em lugar de considerar a
avaliaçã o formal pontual como constrangimento e puniçã o, a prova pode oferecer ao aluno
possibilidades de construçã o do conhecimento, com base nas situaçõ es de aprendizagem que
vivenciou em aula e, assim, tornar-se um precioso recurso de avaliaçã o.

Em termos gerais, a avaliaçã o é um processo de coleta e aná lise de dados, tendo em vista
verificar se os objetivos propostos foram atingidos. No â mbito escolar, a avaliaçã o se realiza
em vá rios níveis: do processo ensino-aprendizagem, do currículo do funcionamento da escola
como um todo.

A avaliaçã o da aprendizagem do aluno está diretamente ligada à avaliaçã o do pró prio trabalho docente. Ao
avaliar o que o aluno conseguiu aprender, o professor está avaliando o que ele pró prio conseguiu ensinar.
Assim, a avaliaçã o dos avanços e dificuldades dos alunos na aprendizagem fornece ao professor indicaçõ es de
como deve encaminhar e reorientar a sua prá tica pedagó gica, visando aperfeiçoá -la. É por isso que se diz que a
avaliaçã o contribui para a melhoria da qualidade da aprendizagem e do ensino.

HAYDT, Regina Cé lia C. Curso de didática geral. 8. ed. Sã o Paulo: Á tica, 2006. p. 288 (Sé rie Educaçã o em Açã o).

Quando o professor reconhece a importâ ncia da avaliaçã o como um processo contínuo e como
algo que lhe permite rever seus pró prios instrumentos e suas estratégias, seu trabalho é
enriquecido. Haverá possibilidades concretas de adequar melhor os objetivos e ritmos à s
características da turma e de obter maior participaçã o do alunado. Dessa forma, a avaliaçã o se
tornará um instrumento permanente, nã o mais pontual e isolado. Nesse processo permanente
de avaliaçã o, a prova em moldes operató rios, criativos, críticos pode representar uma das
possibilidades de verificaçã o de aprendizagem.

Antes da introduçã o de um novo conteú do, é recomendado verificar qual é o nível de


conhecimento ou familiaridade da turma em relaçã o a ele, conforme foi proposto nesta
coleçã o. O professor pode adequar seus objetivos e a pró pria abrangência do tema a ser
tratado e, assim, tornar a prá tica pedagó gica mais condizente com o universo dos alunos.

Nessas circunstâ ncias, a prova nã o precisa ser descartada e seu papel pode ser revisto, pois,
além de conhecimentos, o processo educacional compreende a aquisiçã o de diversas outras
habilidades e competências. Por isso, é interessante que o professor observe e analise o
desempenho do aluno, considerando outros aspectos que nã o aqueles que a prova pode aferir,
como a capacidade de reagir diante de desafios, de se articular em grupo, de se comunicar.
Enfim, existem aquisiçõ es comportamentais valiosas na formaçã o do cidadã o que apenas o uso
de provas como instrumento de avaliaçã o nã o permite acompanhar.

A pró pria assimilaçã o de conteú dos abrange três dimensõ es distintas: a conceitual, a
procedimental e a atitudinal.

• A dimensã o conceitual envolve o aprendizado de teorias, conceitos, categorias e informaçõ es.


Na prova, incorre-se no risco de valorizar a capacidade do aluno de memorizar nomes,
nú meros, fatos, etc. Uma forma de afastar esse perigo é estimular o alunado a realizar
pesquisas individuais ou em grupo. A pesquisa permite colocar em prá tica o conhecimento
adquirido, gradualmente, de conceitos e categorias, pelo manuseio de dados pertinentes. E
pode também criar um ambiente favorá vel ao debate, pois o aluno, no processo da busca de
informaçõ es, se depara com inú meras situaçõ es imprevistas, inéditas, que despertam seu
interesse. Sem falar nos pró prios resultados da investigaçã o, também geradores de debates
animados. Por sua vez, a leitura interpretativa e a elaboraçã o de textos contribuem de maneira
decisiva para a aquisiçã o de habilidades e competências no â mbito conceitual.

• A dimensã o procedimental está relacionada à natureza de cada disciplina. No caso da


Geografia, os procedimentos inerentes sã o a observaçã o do meio, a descriçã o, a análise e a
representaçã o.
Pá gina 253

Nesse sentido, o professor deve estar consciente de que, a cada momento do processo de
aprendizado, o aluno não faz contato apenas com um conjunto de informaçõ es sobre
determinado fenô meno geográ fico. Ele também assimila procedimentos pró prios da disciplina,
o que implica desenvolver a observaçã o dos fenô menos estudados (por meio de textos, mapas,
fotografias, tabelas, grá ficos), a descriçã o (identificaçã o de sua natureza e características
gerais), a análise (interpretaçã o, contextualizaçã o e explicaçã o do fenô meno) e, finalmente, a
representaçã o, por meio da elaboraçã o de mapas, croquis, imagens, etc. Ao dominar de forma
gradual tais procedimentos, o aluno vai deixando de observar e compreender os temas
econô micos, políticos, sociais e ambientais de acordo com o senso comum, para começar a
percebê-los pela “lente” peculiar da Geografia.

• A dimensã o atitudinal extrapola o â mbito de cada disciplina, alcançando o exercício da


cidadania e a formaçã o integral do indivíduo. Espera-se que o aluno se torne um cidadã o com
capacidade de participar da vida social de forma consciente e responsá vel. Para isso,
habilidades relacionadas ao pensamento crítico e ao interesse participativo sã o essenciais. A
solidariedade é igualmente valorizada, e pode ser percebida e estimulada por meio de
trabalhos em grupo. Outro valor atitudinal é o respeito e a tolerâ ncia aos “diferentes”: a
capacidade de ouvir e respeitar a opiniã o e a condiçã o alheias; a sensibilidade de aceitaçã o do
outro como seu igual, embora diferente, quer seja por características físicas (cor, altura, peso,
etc.), por escolhas e orientaçõ es em â mbitos pessoais (religiã o, sexualidade, etc.) ou, ainda, por
condiçõ es socioeconô micas (situaçã o de pobreza ou de riqueza). Nessa busca por uma atitude
de respeito à alteridade, está necessariamente incluído o princípio da multiculturalidade. A
liberdade que cada um tem de escolher e desenvolver sua identidade cultural deve ser objeto
de permanente discussã o, análise e avaliaçã o.

A Geografia pode contribuir para a formaçã o de uma sociedade mais tolerante, pois trabalha
com temas relacionados à formaçã o social, evitando, colocando em discussã o ou mitigando a
reproduçã o de estereó tipos e preconceitos.

Alguns autores acreditam que o ensino de Geografia seja fundamental para que as novas geraçõ es possam
acompanhar e compreender as transformaçõ es do mundo, dando à disciplina geográ fica um status que antes
nã o possuía. [...]

Nã o podemos mais negar a realidade ao aluno. A Geografia, necessariamente, deve proporcionar a construçã o
de conceitos que possibilitem ao aluno compreender o seu presente e pensar o futuro com responsabilidade,
ou ainda, preocupar-se com o futuro através do inconformismo com o presente. [...]

STRAFORINI, Rafael. Ensinar geografia: o desafio da totalidade-mundo nas sé ries. 2. ed. Sã o Paulo: Annablume, 2008. p. 51
(Selo Universidade).

As aulas de Geografia nã o deveriam apenas oferecer situaçõ es de aprendizagem a respeito de


como a sociedade pode ser mais justa se reconhecermos o direito de todos ao exercício
político, mas, também, ser uma oportunidade para a participaçã o dos alunos.

Isso significa, entre muitas outras implicaçõ es, reconhecer o direito dos alunos de opinar sobre
o currículo e a avaliaçã o. Dessa forma, cientes dos princípios e das metas que nortearã o o
processo, poderã o se comprometer com a busca dos resultados previstos; eles estarã o, ainda,
experimentando uma atuaçã o política em uma microescala, o que lhes possibilita compreender
tais processos nas escalas geográ ficas abordadas em sala.
A avaliaçã o permanente e participativa permite um relacionamento mais confiante entre
professor e aluno, reduzindo tensõ es prejudiciais ao processo pedagó gico, e torna possível
identificar dificuldades de alunos, estimulando o professor a adotar medidas para ajudá -los a
vencer os obstá culos. A avaliaçã o permanente também ajuda o professor a descobrir se o
educando, mesmo com bom desempenho geral, enfrenta alguma dificuldade específica. Esse
acompanhamento personalizado, embora encontre limites na estrutura de nosso sistema de
ensino, é um ideal a ser perseguido.

Enfim, se o ambiente de acompanhamento e diá logo favorecer um processo de ensino-


aprendizagem mais eficiente em todos os sentidos – conceitual, atitudinal e procedimental –,
estaremos contribuindo não apenas para a preparaçã o acadêmica do aluno, mas para sua
formaçã o como indivíduo consciente e responsá vel, como autêntico cidadã o.

Sugestões de estratégias e metodologias para o ensino de Geografia


[...] poucas coisas podem ser mais distantes da ação que vislumbra a modificaçã o da realidade do que a
repetiçã o programá tica de um roteiro invariá vel. Para que tantas informaçõ es se nã o é exercitado o
pensamento sobre o que é possível fazer com elas? [...]

REGO, Nelson. Geografia educadora, isso serve para... In: Rego, Nelson et al. (Org.). Geografia: prá ticas pedagó gicas para o
ensino mé dio. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 10.

Percebe-se que os alunos tendem a apresentar maior interesse por atividades em que os
conteú dos estudados possibilitam correlaçõ es com o que conhecem e cujos resultados possam
ser divulgados e levados ao conhecimento de um pú blico mais amplo. É o caso da organizaçã o
de exposiçõ es, seminá rios abertos a outros segmentos da escola e da sociedade, da publicaçã o
de livretos e da produçã o de vídeos.
Pá gina 254

As pesquisas que envolvem todos os alunos da classe sã o particularmente interessantes por


diversas razõ es. De um ponto de vista prá tico, a participaçã o de um grande nú mero de alunos
pode resultar na coleta de maior quantidade de dados. Sã o exemplos: os censos, as pesquisas
eleitorais e os mapeamentos de bairros. Esse tipo de atividade também atende a demandas da
Geografia escolar quanto ao significado dos conteú dos estudados; ao propor um estudo em
escala local, ou mesmo em microescala, o professor mobiliza conhecimentos geográ ficos e
entrelaça nessas distintas escalas de abordagem lugares interligados por redes. O
levantamento de dados pelos alunos possibilita levantar hipó teses a respeito das condiçõ es do
lugar e também de sua inserçã o em outras escalas.

A escolha de temas presentes no cotidiano dos alunos dá -lhes a oportunidade de desenvolver


análises geográ ficas contextualizadas. Esses temas, que podem ser a violência e a segregaçã o
urbanas, a histó ria e as perspectivas das famílias, os há bitos de consumo, as chances de
inserçã o profissional, entre outros, instigam a curiosidade e a imaginaçã o, levam alunos
silenciosos a falar e ampliam o significado do espaço escolar.

No que tange a metodologias de ensino, é relevante retomar a discussã o sobre


interdisciplinaridade para enfatizar o importante papel do diá logo entre as disciplinas como
forma de se superar a falta de contexto no desenvolvimento dos conteú dos em sala de aula.
Destacamos aqui particularmente as possibilidades de diá logo entre a Geografia e a Literatura.
Em Literatura, pode-se estudar a narrativa apresentada, as personagens que a animam, a
linguagem empregada e as metá foras sugeridas. Em Geografia, podemos refletir a partir das
seguintes indagaçõ es: Que conteú dos e contextos sociais e geográ ficos estã o presentes nos
textos? Como é o lugar em que se desenrola a histó ria? (Uma sugestã o é elaborar um
cartograma ou um croqui que represente o espaço em que vivem as personagens do enredo.)
Como os temas geográ ficos (por exemplo, migraçõ es, fronteira, questã o agrá ria) aparecem no
texto?

Um tema propício ao trabalho transdisciplinar – os esportes – vem adquirindo importâ ncia


crescente na atualidade, com forte expressã o na mídia. A Geografia começa a se debruçar sobre
esse vasto campo de investigaçã o, disposta a tentar oferecer uma contribuiçã o e um “olhar”
peculiares. Os esportes mobilizam grande volume de capitais privados e estatais, além de
fomentar sentimentos de identidade territorial em diversos níveis. Em muitas naçõ es do
planeta, centenas de milhõ es de indivíduos compartilham as imagens e os signos dessa
poderosa e crescente indú stria do entretenimento. Os grandes está dios, por exemplo, sã o
planejados para facilitar o grande afluxo de espectadores em dias de importantes eventos.
Dispondo de bilhõ es de espectadores, as “cidades olímpicas” transformam-se
momentaneamente no admirado centro das atençõ es em escala planetá ria. Em certo sentido,
as Olimpíadas têm hoje um papel similar ao das grandes exposiçõ es universais realizadas entre
a segunda metade do século XIX e o início do século XX: o de pô r em relevo as utopias do
progresso sem fronteiras e da solidariedade e harmonia entre os povos.

Também cumpre um papel fundamental na elaboraçã o de situaçõ es de aprendizagem em


Geografia buscar integrar a percepçã o dos alunos aos propó sitos didá ticos do professor. Uma
sugestã o: observe se os alunos costumam formar diversas coleçõ es: de chaveiros, bolas,
camisas de times, figurinhas, bonecas, papéis de carta, postais, moe das, selos, fotos divulgadas
em sites de relacionamento, etc. O conteú do dessas coleçõ es muda com a passagem dos anos.
Uma sugestã o é pedir que tragam suas coleçõ es e que as organizem segundo determinados
critérios, por exemplo, lugares e épocas, ou características culturais. (Quem não tiver nenhuma
coleçã o, poderá iniciar uma nesse momento.) É interessante comparar diferentes coleçõ es,
interrogando os alunos sobre os motivos de suas escolhas. A ideia é compreender que os
objetos que consumimos ou colecionamos nos informam sobre lugares e tempos, despertando
sentimentos e questionamentos sobre nossa identidade e nossos há bitos. Se o
desenvolvimento dos conteú dos geográ ficos toma essas consideraçõ es como ponto de partida,
há mais chances de essa sequência didá tica proporcionar, de fato, uma aprendizagem.

O trabalho de campo

O trabalho de campo é fundamental para a Geografia. A visitaçã o dos lugares é muito


importante e se constitui num desvio do curso rotineiro das aulas, na ida da atividade
pedagó gica para fora dos limites da escola. Em campo, é possível realizar a observaçã o dos
temas trabalhados em sala de aula e levantar novos questionamentos. Trata-se de uma
oportunidade relevante para o exercício da observaçã o geográ fica, isto é, da interrogaçã o das
paisagens encontradas, com a concretizaçã o ou reformulaçã o dos conceitos geográ ficos. Nesta
coleçã o, tais aspectos foram contemplados, com sugestõ es de pesquisa de campo em projetos e
atividades.

A atividade de campo é instrumento histó rico de aná lise na Geografia. Vê-la como uma simples observaçã o de
um fenô meno ou como coleta de dados sobre objetos específicos, seguindo roteiros pré-concebidos, remete a
refletir sobre essa metodologia como açã o pedagó gica.
Pá gina 255

Superando esse modelo, encaminhamos uma estratégia de construção e de participação do aluno no seu
processo de aprendizagem. Dessa forma, vincular o trabalho desenvolvido na escola e estendê-lo ao exercício
da descoberta, da “desconstrução” e da criaçã o do saber estã o sempre presentes.

MATHEUS, Elizabeth Helena Coimbra. O que há por trá s de uma panela? Uma atividade de campo como trajetó ria a um olhar
geográ fico. In: Rego, Nelson et al. (Org.). Geografia: prá ticas pedagó gicas para o ensino mé dio. Porto Alegre: Artmed, 2007. p.
135.

Quanto à s etapas de planejamento da saída a campo, é aconselhá vel relacionar os temas vistos
em sala de aula com locais em pauta nos meios de comunicaçã o, a fim de provocar a
curiosidade do aluno, e desenvolver discussõ es a respeito desses espaços. O percurso pode ser
organizado de modo a permitir a observaçã o de diferentes paisagens e diferentes fenô menos
sociais, políticos, econô micos ou culturais.

É importante o professor visitar antes os pontos escolhidos e reunir informaçõ es sobre eles.
Dessa forma, terá elementos para organizar um roteiro de atividades que permita aos alunos
complementar a observaçã o por meio de fotos e registros verbais, assim como orientar-se no
espaço e usar mapas.

Diversas questõ es podem ser apresentadas aos alunos: O que chama a atençã o no ponto
visitado? Quais sã o as sensaçõ es que o lugar desperta? Quais os pressupostos que trazemos e
como eles se encaixam ao experimentado in loco? O que há de belo, inusitado ou típico? Essas
impressõ es podem ser traduzidas por meio de descriçõ es verbais ou de textos. Também é
possível gravar os sons do ambiente, fotografar, desenhar croquis, etc. Reunir essas produçõ es
em um portfó lio apresenta vantagens de arquivamento de registros e de trocas de
aprendizagens entre os alunos.

O contato com pessoas que vivem no lugar, ou com especialistas que tenham esse lugar como
objeto de estudo costuma ser uma experiência gratificante. Essas pessoas podem falar a
respeito do processo de ocupaçã o do local, dos eventuais conflitos em curso e das posiçõ es
assumidas pelos que participam dessas disputas. As informaçõ es coletadas enriquecem o que
foi aprendido em sala de aula, com o professor ou com os livros.

As atividades de campo também podem ser atividades de avaliaçã o, no sentido de que é


esperado dos alunos uma série de açõ es para que se atinja, juntos, o objetivo. Em campo, eles
podem organizar-se de forma mais autô noma para realizar o que foi previsto, o que deixa
espaço para o desenvolvimento de habilidades e competências no interior do grupo, inclusive
sociais, como empatia e assertividade.

Professor, de acordo com o Parecer CNE/CEB 15/2000, “o uso didá tico de imagens comerciais identificadas pode ser
pertinente desde que faça parte de um contexto pedagó gico mais amplo, conducente à apropriaçã o crítica das
mú ltiplas formas de linguagens presentes em nossa sociedade, submetido à s determinaçõ es gerais da legislaçã o
nacional e às específicas da educaçã o brasileira, com comparecimento mó dico e variado”. Para saber mais, consulte o
Parecer inteiro, especialmente a parte “II – Voto do relator”.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/PCB15_2000.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.


Pá gina 256

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VESENTINI, José Willian. O ensino de Geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 2004.

Sites para consulta

A internet pode ser um ó timo instrumento de pesquisa, porém, o professor deverá tomar
alguns cuidados ao acessá -la. Uma das precauçõ es é recorrer a sites que explicitem a fonte e a
autoria das informaçõ es veiculadas. Procurar sempre os sites idô neos de instituiçõ es de
ensino, como os de universidades e colégios, além de sites de entidades governamentais e não
governamentais confiá veis. Nas pesquisas em sites jornalísticos, o professor deverá ficar
atento à s abordagens das notícias veiculadas. Os sites listados a seguir foram acessados em 30
abr. 2016.

Entidades nacionais

Agência Nacional de Águas (ANA)


<http://linkte.me/ana>

Ambiente Brasil
<http://linkte.me/ambr>

Centro de Estudos Migratórios


<http://linkte.me/cestm>

Comissão Pastoral da Terra (CPT)


<http://linkte.me/cpt>

Conselho Indigenista Missionário


<http://linkte.me/cimibr>

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)


<http://linkte.me/dnpm>
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
<http://linkte.me/embrapa>

Fórum Social Mundial


<http://linkte.me/fsm>

Fundação Getúlio Vargas (FGV)


<http://linkte.me/fgv>

Fundação Nacional do Índio (Funai)


<http://linkte.me/funai>

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade)


<http://linkte.me/seade>

Fundo Mundial para a Natureza (WWF)


<http://linkte.me/wwf>

Greenpeace Brasil
<http://linkte.me/greenp>

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


<http://linkte.me/ibge>

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)


<http://linkte.me/ibama>

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)


<http://linkte.me/ipea>

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)


<http://linkte.me/incra>

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa)


<http://linkte.me/inpa>

Instituto Socioambiental (ISA)


<http://linkte.me/isa>

Instituto Socioambiental: povos indígenas no Brasil


<http://linkte.me/pibisa>

Ministério da Educação (MEC)


<http://linkte.me/mec>

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)


<http://linkte.me/mst>

Mulheres Negras
<http://linkte.me/mn>

Núcleo de Estudos Contemporâneos (Nec)


<http://linkte.me/nec>

Organização das Nações Unidas no Brasil (ONU)


<http://linkte.me/onu>
Serviço Geológico do Brasil (CPRM)
<http://linkte.me/cprm>

SOS Mata Atlântica


<http://linkte.me/sosma>

Worldwatch Institute Brasil


<http://linkte.me/wwiuma>

Entidades internacionais

Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos (Attac)
<http://linkte.me/attac>

Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta)


<http://linkte.me/nafta>

Área de Livre-Comércio das Américas (Alca)


<http://linkte.me/alca>

Banco Mundial
<http://linkte.me/wb>

Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad)


<http://linkte.me/unctad>

Mercado Comum do Sul (Mercosul)


<http://linkte.me/mercosur>
Pá gina 258

Organização das Nações Unidas (ONU)


<http://linkte.me/un>

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)


<http://linkte.me/unesco>

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)


<http://linkte.me/fao>

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud)


<http://linkte.me/pnud>

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)


<http://linkte.me/pnuma>

União Europeia (UE)


<http://linkte.me/uniaoeuropeia>

Outros

BBC Brasil
< http://linkte.me/bbcp>

Clube Mundo: Geografia e Política Internacional


<http://linkte.me/cm>

El País
<http://linkte.me/elpais>

Globo.com
<http://linkte.me/g1>

Le Monde Diplomatique Brasil


<http://linkte.me/lmd>

MiniWeb Educação
<http://linkte.me/mini>

Revista Caros Amigos


<http://linkte.me/ca>

Jornais

Acre
A Tribuna <http://linkte.me/jtri>
O Rio Branco <http://linkte.me/oriob>

Alagoas
Gazeta de Alagoas <http://linkte.me/agaz>
Amazonas
A Crítica <http://linkte.me/acri>
Amazonas em Tempo <http://linkte.me/emt>

Bahia
A Tarde <http://linkte.me/atar>
Correio da Bahia<http://linkte.me/corrb>

Brasília
Correio Braziliense <http://linkte.me/correb>
Diário Oficial <http://linkte.me/cbra>
Jornal de Brasília <http://linkte.me/jbra>

Ceará
Diário do Nordeste <http://linkte.me/dnord>
O Povo <http://linkte.me/opovo>

Espírito Santo
A Gazeta<http://linkte.me/gazo>
A Tribuna <http://linkte.me/trib>

Goiás
Diário da Manhã <http://linkte.me/dm>
O Popular <http://linkte.me/opop>

Maranhão
O Estado Maranhão <http://linkte.me/oest>

Mato Grosso
A Gazeta <http://linkte.me/gaz>
Folha do Estado <http://linkte.me/fdoo>

Mato Grosso do Sul


Correio do Estado<http://linkte.me/core>

Minas Gerais
Estado de Minas <http://linkte.me/em>
Tribuna de Minas <http://linkte.me/tribm>

Pará
Diário On Line <http://linkte.me/dol>
O Liberal <http://linkte.me/olib>

Paraíba
Correio da Paraíba <http://linkte.me/corpr>
Jornal da Paraíba<http://linkte.me/jpr>

Paraná
Gazeta do Paraná <http://linkte.me/gazpr>
Folha de Londrina <http://linkte.me/flond>
O Estado do Paraná <http://linkte.me/prol>

Pernambuco
Diário de Pernambuco <http://linkte.me/diape>
Folha de Pernambuco <http://linkte.me/fope>
Piauí
Diario do Povo do Piauí <http://linkte.me/diapi>
Meio Norte <http://linkte.me/meno>
O Dia <http://linkte.me/pdia>

Rio de Janeiro
Correio do Brasil <http://linkte.me/corrbr>
Jornal do Brasil <http://linkte.me/jbr>
Jornal do Comércio <http://linkte.me/jcrs>
O Globo<http://linkte.me/ogl>

Rio Grande do Norte


Tribuna do Norte <http://linkte.me/tribn>

Rio Grande do Sul


Correio do Povo <http://linkte.me/cpovo>
Zero Hora <http://linkte.me/zhora>

Rondônia
Diário da Amazônia <http://linkte.me/diaama>

Santa Catarina
Diário Catarinense <http://linkte.me/diac>
Folha do Norte <http://linkte.me/h5s36>

São Paulo
Diário de S. Paulo <http://linkte.me/diasp>
Folha de S.Paulo <http://linkte.me/fsp>
O Estado de S. Paulo <http://linkte.me/estsp>

Sergipe
Correio de Sergipe <http://linkte.me/corse>

Tocantins
Correio do Tocantins <http://linkte.me/cton>
Jornal do Tocantins<http://linkte.me/jto>
Pá gina 259

Parte 2 – Referências teóricas e sugestões didáticas deste


volume
Unidade 1 • A produção do espaço no capitalismo
Capítulo Conteúdo Objetivos O aluno Habilidades
deverá ser capaz de: mobilizadas
1. A formação do mundo • O renascimento • reconhecer que a • Identificar
capitalista comercial e urbano. evoluçã o da técnica de características do espaço
• As Grandes Navegaçõ es. trabalho implica a forma geográ fico e as
• Desenvolvimento como o espaço geográ fico transformaçõ es realizadas
industrial e financeiro. é organizado; pelo trabalho humano.
• Características do • relacionar o • Relacionar os fatores
sistema capitalista. desenvolvimento do histó ricos e as estruturas
• Classificaçã o de países. comércio com o da sociedade atual.
surgimento dos principais • Interpretar as
centros urbanos da consequências do
Europa e de uma nova capitalismo e as formas de
classe social: a burguesia; regionalizaçã o do espaço
• identificar as motivaçõ es mundial.
econô micas e os recursos • Reconhecer a
técnicos que viabilizaram importâ ncia do
as Grandes Navegaçõ es; conhecimento
• reconhecer as principais cartográ fico.
características do sistema
capitalista e entender a
diversidade
socioeconô mica dos
países.
2. A DIT e as revoluções • A DIT e a organizaçã o do • compreender o conceito • Interpretar imagens.
industriais espaço mundial. de Divisã o Internacional • Identificar os
• A Primeira Revoluçã o do Trabalho (DIT); significados das relaçõ es
Industrial. • entender como a DIT de poder entre as naçõ es.
• A Segunda Revoluçã o influencia a organizaçã o • Analisar fatores que
Industrial. do espaço mundial; explicam o impacto das
• A Terceira Revoluçã o • reconhecer a novas tecnologias na
Industrial. importâ ncia da Primeira produçã o.
Revoluçã o Industrial para • Ler criticamente textos
a consolidaçã o do informativos ou que
capitalismo; expressem opiniã o.
• indicar as motivaçõ es da
Segunda Revoluçã o
Industrial;
• relacionar a Terceira
Revoluçã o Industrial com
os novos modelos de
produçã o, inovaçã o
tecnoló gica.
3. O papel do comércio • A globalizaçã o e o • entender o conceito de • Construir e aplicar
mundial comércio mundial. globalizaçã o, fluxos e conceitos relacionados à
• Atividades ilegais e redes; globalizaçã o.
globalizaçã o. • reconhecer o papel das • Selecionar e relacionar
• Grandes blocos multinacionais para o diferentes informaçõ es
comerciais. comércio mundial; encontradas nos textos
• Protecionismo e • compreender a para posicionar-se em
abertura comercial. globalizaçã o financeira relaçã o aos temas
atual; abordados.
• analisar criticamente o • Relacionar informaçõ es
processo de globalizaçã o e de textos e dados
suas consequê ncias representados nos mapas.
negativas;
• identificar os diferentes
tipos de blocos
econô micos e como atual
no cená rio mundial;
• conhecer as medidas
protecionistas que
tensionam o processo de
globalizaçã o.
4. A inserção do Brasil na • A formaçã o do territó rio • compreender a evoluçã o • Identificar as atividades
economia mundial brasileiro. histó rica das atividades econô micas e suas
• A industrializaçã o e a econô micas do Brasil e sua implicaçõ es no territó rio
integraçã o do territó rio. inserçã o no mercado brasileiro.
• Características regionais mundial; • Compreender os fatores
do Brasil. • identificar os fatores que do desenvolvimento
• A divisã o oficial propiciaram a ocupaçã o desigual do espaço.
proposta pelo IBGE e territorial do Brasil; • Abordar os diferentes
outras propostas de • reconhecer o papel da aspectos de uma regiã o e
regionalizaçã o do Brasil. industrializaçã o para a propor novas formas de
integraçã o territorial do regionalizaçã o do Brasil.
Brasil; • Compreender o papel do
• compreender a atuaçã o Estado no
do Estado na promoçã o de desenvolvimento
infraestruturas e na econô mico do Brasil.
economia do pó s-guerra;
• apreender o conceito de
regiã o e as características
e desequilíbrios e discutir
outras formas de
regionalizaçã o.
5. Circulação e • O transporte marítimo. • reconhecer a • Analisar os diferentes
transportes • O transporte hidroviá rio. importâ ncia dos meios de processos de circulaçã o de
• O transporte ferroviá rio. transporte para os fluxos riquezas e suas
• O transporte rodoviá rio. internos e internacionais; implicaçõ es econô micas e
• O transporte aéreo. • reconhecer as espaciais.
especificidades dos • Relacionar os meios de
diferentes meios de transporte, de acordo com
transporte; os aspectos naturais e
• identificar os principais condiçõ es materiais de
portos marítimos e os cada localidade.
corredores de exportaçã o • Analisar criticamente as
no Brasil; medidas adotadas pelo
• analisar os fatores que governo brasileiro para o
levaram à decadência do desenvolvimento dos
transporte ferroviá rio e a meios de transporte.
opçã o pelo sistema
rodoviá rio no Brasil.
Pá gina 260

Abertura de unidade (p. 10)

O estudo da unidade começa com um aspecto crucial do capitalismo na atualidade: a crise, que se iniciou
nos Estados Unidos em 2008, atingiu intensamente a Europa e se estendeu também por outras partes do
mundo, como a China e o Brasil. A foto mostra uma manifestaçã o popular em Atenas, Grécia, no ano de
2015, contra o desemprego e a grave recessã o econô mica, reflexos da crise de 2008, entre outros
motivos internos, como os ajustes econô micos impostos pela Uniã o Europeia para financiamento de
parte da dívida grega com o bloco. A partir da leitura da imagem, o professor pode levantar os
conhecimentos dos alunos sobre esses acontecimentos e sobre as características do sistema capitalista.

A manifestaçã o chama a atençã o para o aspecto social e político da crise: as pessoas mais atingidas sã o as
que dependem das açõ es do Estado, como os aposentados; e as medidas dos governos atendem mais aos
interesses econô micos, comandados pelo setor financeiro, do que à s necessidades da populaçã o.

Capítulo 1 A formação do mundo capitalista

O capitalismo é mais do que um sistema que dita a organizaçã o das relaçõ es econô micas entre pessoas,
empresas e naçõ es: é um complexo de princípios e prá ticas que estruturam a dinâ mica da sociedade
contemporâ nea.

Levar o aluno a conhecer as características do capitalismo e seu desenvolvimento histó rico até os dias
atuais é essencial para a compreensã o do mundo atual, marcado pela globalizaçã o.

Para a abordagem inicial do tema do capítulo, sugerimos o diá logo com os alunos sobre a construçã o do
espaço geográ fico, que se dá pela açã o dos seres humanos sobre a natureza. Por isso, é interessante
trabalhar o conceito de técnica com os alunos, fundamental para compreender o processo de formaçã o
ou transformaçã o do espaço geográ fico.

Uma forma de abordar concretamente a relaçã o sociedade-natureza é estimular os alunos a identificar os


itens que sã o produzidos nas proximidades de seu espaço de vivência e a perceber as formas de trabalho
e os aspectos técnicos envolvidos nessa produçã o.

Sugestões didáticas

• O renascimento comercial e urbano (p. 13)

Sugere-se que as transformaçõ es ocorridas entre os séculos XII e XV, que prepararam as condiçõ es para
o surgimento do capitalismo comercial, sejam trabalhadas em sala de aula com o propó sito de revelar
um processo que envolveu vá rias instâ ncias da sociedade europeia. A expansã o e a sofisticaçã o do
comércio foram acompanhadas pela reestruturaçã o das relaçõ es de poder e das instituiçõ es políticas
(formaçã o dos Estados nacionais). Tal processo possibilitou a integraçã o de territó rios antes
fragmentados em feudos — fator que beneficiou os fluxos comerciais.

Além das características dos Estados modernos citadas no texto, é interessante abordar a criaçã o de
conjuntos de leis e sistemas de justiça unificados, a organizaçã o de sistemas tributá rios destinados a
prover os gastos do governo e, ainda, a definiçã o das línguas nacionais.

Este ú ltimo aspecto pode ser abordado com especial ênfase. A adoçã o de uma língua em todo o territó rio
nacional permite que todas as pessoas possam se entender e que o Estado fortaleça sua presença com
uma língua ú nica na administraçã o e nas leis. O idioma nacional possibilita transmitir a histó ria, os
costumes e as tradiçõ es comuns, valorizando a cultura e a identidade dos habitantes do territó rio.
É recomendá vel que o aluno seja estimulado a refletir sobre as relaçõ es entre o desenvolvimento
comercial e o ressurgimento da importâ ncia das cidades (que assumiam a funçã o de conectar os fluxos
de mercadorias e sediar as feiras).

Sobre as especiarias, é importante observar que eram produtos de altíssimo valor, cujo comércio foi um
dos principais fatores da riqueza das cidades italianas e também um dos principais motores das Grandes
Navegaçõ es. Por exemplo, foi a obtençã o de especiarias o principal motivo da viagem do navegador
português Vasco da Gama, que chegou à Índia em 1498.

O boxe Saiba mais “O nascimento do sistema bancá rio” (p. 13) pode ser utilizado para mostrar que o
capitalismo – mesmo em sua fase inicial, o capitalismo mercantil – nã o se sustenta apenas com o
comércio, sendo necessá rio o desenvolvimento ou a apropriaçã o de mecanismos que viabilizem seu
funcionamento. A possibilidade de nã o precisar viajar com dinheiro, por exemplo, contribuiu para o
aumento do comércio, já que naquela época muitos comerciantes eram roubados em suas jornadas, o
que inibia a realizaçã o das viagens comerciais.

O sistema bancá rio é fundamental para o funcionamento do sistema capitalista até os dias atuais, pois
integra a cadeia produtiva, fornecendo financiamento aos produtores para aquisiçã o de matérias-primas,
renovaçã o de má quinas e ferramentas, ampliaçã o da capacidade produtiva, etc. Além disso, fornece
crédito aos compradores, ampliando o mercado consumidor e dando vazã o à produçã o. Por isso, uma
crise que se inicia no sistema bancá rio – como a que afetou os Estados Unidos em 2008 e se estendeu por
boa parte do mundo – afeta toda a economia capitalista.

• As Grandes Navegações (p. 14)

A temá tica das Grandes Navegaçõ es possibilita ao aluno perceber que, além de integrar territorialmente
as naçõ es europeias, a expansã o do comércio para além dos eixos tradicionalmente explorados permitiu
a colonizaçã o de novas terras.

A ocupaçã o e a exploraçã o de colô nias eram parte da política mercantilista, adotada por muitos Estados
europeus entre os séculos XV e XVIII. A principal finalidade do mercantilismo era enriquecer o Estado,
que controlava as atividades econô micas. As políticas mercantilistas fortaleciam também a burguesia
mercantil, ligada ao comércio e à s manufaturas.

Além do metalismo (acú mulo de metais preciosos pelo Estado), outro princípio fundamental do
mercantilismo era a balança comercial favorá vel: era necessá rio exportar mais do que importar e, assim,
reter parte dos ganhos e acumular capital.

Uma das peças-chave do mercantilismo foi o Pacto Colonial: as colô nias eram obrigadas a exportar
metais preciosos, produtos agrícolas e matérias-primas para as metró poles europeias e a importar delas
artigos manufaturados.

Uma relevante consequência das Grandes Navegaçõ es, que permitiram a descoberta de novas terras e o
conhecimento mais detalhado da configuraçã o das costas, foi a mudança na forma como o mundo era
visto. O portulano (p. 14) pode ser empregado para exemplificar a repercussã o da ampliaçã o dos
horizontes nas representaçõ es cartográ ficas. Os alunos devem ser incentivados a analisá -lo para
identificar em seus detalhes (contornos bem traçados, rotas, orientaçõ es geográ ficas, rede de
coordenadas) recursos facilitadores dos deslocamentos marítimos.
Pá gina 261

• Desenvolvimento industrial e o financeiro (p. 15) Nesse ponto, outra fase fundamental para o
desenvolvimento do capitalismo é abordada: a Revoluçã o Industrial e o surgimento do capitalismo
industrial e financeiro.

É importante discutir como o desencadeamento das revoluçõ es industriais nos séculos XVIII e XIX levou
à concentraçã o de capitais em determinados países, à expansã o do capitalismo por meio da política
imperialista e à intensificaçã o das desigualdades nas relaçõ es entre tais países e os demais. Espera-se
que os alunos reconheçam a importâ ncia do surgimento das empresas multinacionais, da formaçã o dos
monopó lios e da expansã o do sistema financeiro como eventos importantes da configuraçã o do
capitalismo financeiro.

• Características do sistema capitalista (p. 15)

Promover a leitura atenciosa das características gerais do capitalismo é necessá rio para sintetizar os
resultados dos processos histó ricos estudados. É importante um trabalho que leve os alunos a perceber
essas características concretamente, em situaçõ es cotidianas vivenciadas por eles. Além de explorar seus
conhecimentos prévios, questionando-os a respeito das características do capitalismo reconhecidas por
eles no dia a dia, podem-se pedir pesquisas de campo para identificar situaçõ es reais em que os
elementos estruturais do capitalismo sejam identificados.

• A dificuldade de classificar os países (p. 16)

Expor a diversidade de situaçõ es econô micas e sociais encontrada no mundo capitalista, além de citar
importantes alteraçõ es ocorridas na situaçã o de determinados países, é fundamental nesse momento.

É importante mencionar uma das formas mais tradicionais de organizaçã o do espaço mundial,
representada pela divisã o em primeiro, segundo e terceiro mundos. Nessa divisã o, o primeiro mundo era
composto por países que adotaram a economia capitalista e possuem um desenvolvimento econô mico e
social avançado. Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha e Japã o sã o países que se destacavam
nesse grupo. Os países do segundo mundo pertenciam ao antigo bloco socialista, e adotaram a economia
planificada. Dentre eles, destacam-se a Uniã o das Repú blicas Soviéticas Socialistas (URSS), o Vietnã e a
China. Por fim, os países do terceiro mundo sã o caracterizados pelo baixo grau de desenvolvimento
social e econô mico, presentes, por exemplo, no continente africano, na América Latina e no Sudeste
Asiá tico.

Atualmente, a forma de organizaçã o proposta pela Unctad (sigla, em inglês, para Conferência das Naçõ es
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), que divide os países entre economias desenvolvidas, em
transiçã o e em desenvolvimento, é a mais utilizada.

É interessante conversar com os alunos sobre as diferenças de desenvolvimento entre os países,


inclusive entre aqueles classificados em um mesmo grupo. Por exemplo: o Brasil é considerado país em
desenvolvimento tal qual o Sudã o, que apresenta índices econô micos e sociais baixíssimos.

Comente com os alunos que, a partir da segunda metade do século XX, algumas transformaçõ es levaram
o mundo considerado em desenvolvimento a tornar-se mais heterogêneo. Alguns países conseguiram
alavancar vigorosos processos de industrializaçã o. Entre os motivos para essas transformaçõ es, podem
ser citados a atuaçã o de empresas multinacionais, a substituiçã o de importaçõ es, além de investimento
dos governos na criaçã o de infraestrutura e a concessã o de incentivos fiscais para empresas
estrangeiras.

Esse processo garantiu o desenvolvimento econô mico de países como o Brasil, o México e a Índia, mas
nã o necessariamente justiça social. Essa é uma questã o que propicia muitas problematizaçõ es em sala de
aula. Podem-se fornecer elementos ou requisitar pesquisas complementares que permitam aos alunos
refletir sobre as causas dessa realidade. Espera-se que eles encontrem um indício importante no fato de
os processos de industrializaçã o terem se desenvolvido nos países em desenvolvimento de forma nã o
autô noma, isto é, dependentes de capitais e tecnologias estrangeiras.

No boxe Conexão (p. 16), é importante demonstrar os avanços sociais do Brasil ocorridos nos ú ltimos
anos, graças ao crescimento econô mico e a políticas de transferência de renda realizadas no país.

• Informe – A ocupação colonial na África (p. 17)

O texto trazido pela seçã o Informe permite enfatizar um dos mais relevantes desdobramentos histó ricos
da fase industrial e financeira do capitalismo: o imperialismo europeu no continente africano. É
importante que, com base na leitura, o aluno seja orientado a fazer conexõ es com o que foi trabalhado
sobre o período pó s-Revoluçã o Industrial. Recomenda-se colocar em discussã o o aumento da capacidade
produtiva e a intensificaçã o do processo de urbanizaçã o, que pressionam a busca por matérias-primas,
além da expansã o do capitalismo, que amplia a necessidade de novos mercados consumidores. Nesse
contexto, a exploraçã o das terras colonizadas na Á sia e na Á frica tinha um cará ter estratégico para as
potências industriais europeias.

Além disso, sugerimos que a capacidade de leitura dos alunos seja estimulada, transformando-se a
interpretaçã o do texto em um subsídio para o dimensionamento do impacto da ocupaçã o europeia sobre
os povos africanos. Pode-se promover, com os alunos, o levantamento de alguns problemas decorrentes
do estabelecimento arbitrá rio de fronteiras no processo de apropriaçã o colonial, lembrando que, em
grande parte dos casos, essas fronteiras permaneceram apó s a independência dos países.

A aná lise do mapa “A partilha da Á frica (1885)” (p. 17) pode servir como complemento à s informaçõ es
contidas no texto. O mapa permite a identificaçã o das potências colonizadoras e a extensã o de sua
ocupaçã o. Os alunos podem ainda ser instigados a deduzir aspectos da configuraçã o de poder em
vigência no período da dominaçã o colonial a partir da distribuiçã o das á reas ocupadas entre os países
colonizadores. Notam-se a França e o Reino Unido como os países que dominavam as maiores á reas, pois
eram as duas maiores potências do século XIX.

Atividades complementares

1. Atividade interdisciplinar: pesquisa sobre a Idade Média na Europa

O levantamento de informaçõ es sobre a Idade Média tem grande valor para a compreensã o do contexto
histó rico que se configurou com o advento do capitalismo, já que o desmantelamento do modo de
produçã o feudal preparou as bases para a estruturaçã o do novo sistema.

Sugere-se que a pesquisa seja feita com os alunos organizados em grupos, procurando envolver os
professores cujas disciplinas tenham relaçã o com os temas a serem pesquisados. Aos professores
envolvidos caberia a orientaçã o dos grupos na busca e seleçã o das fontes de pesquisa, na separaçã o e
organizaçã o de materiais e no registro das informaçõ es pertinentes.
Pá gina 262

Temas da pesquisa

• Bases histó ricas – Investigaçã o das características dos sistemas de produçã o, da dinâ mica social e das
articulaçõ es de poder.

• Conhecimento técnico-científico – Levantamento de exemplos das tecnologias em vigor e da


abrangência do conhecimento científico, além das principais correntes de pensamento.

• Produçã o artística e literá ria – Identificaçã o das principais características da produçã o literá ria e das
manifestaçõ es artísticas de modo geral.

• Estrutura territorial – Investigaçã o dos aspectos da organizaçã o territorial e da visã o de mundo


predominante. Nesse quesito, podem-se pesquisar exemplos de materiais cartográ ficos da época para
verificar a abrangência do espaço conhecido e a forma como esse espaço era representado.

O que produzir?

A sugestã o é que cada grupo produza um painel reunindo imagens e informaçõ es escritas referentes aos
quatro temas, com o objetivo de constituir um quadro representativo das principais características da
Idade Média. A exposiçã o dos painéis pode ser um modo de valorizar o trabalho dos alunos e fomentar
ainda mais as discussõ es e os debates.

2. Interpretação da letra de uma canção

Como forma de propiciar aos alunos a oportunidade de identificar em um texto nã o acadêmico aspectos
estudados teoricamente e também de refletir sobre causas e efeitos relacionados à formaçã o do
capitalismo, em contraposiçã o à realidade encontrada na Idade Média, sugerimos trabalhar com a cançã o
“Parabolicamará ”, de Gilberto Gil. Ela faz parte do CD Parabolicamará, da Warner Music, e a letra pode
ser encontrada na internet, no link <http://linkte.me/ggparab> (acesso em: 16 out. 2015). A seguir,
algumas questõ es que podem nortear a aná lise dessa cançã o.

Questões

1. Retire um trecho da mú sica que revele uma consequência da instauraçã o do capitalismo. Explicite
essa consequência.
“Hoje mundo é muito grande / Porque Terra é pequena”. Esse trecho evidencia a redução aparente do
planeta (possibilitando conhecê-lo melhor), o que se tornou possível com a evolução dos meios de
transporte, muito estimulados pelo surgimento do capitalismo, que motiva a busca pelo lucro e,
consequentemente, a expansão territorial do mercado.

2. Utilize as ideias contidas na cançã o para comparar o papel que as distâ ncias exerciam antes e depois
do capitalismo.
Antes do capitalismo, as distâncias eram mais difíceis de vencer, pois não existiam as motivações (lucro),
nem as tecnologias para vencê-las com rapidez. Muitas terras nem eram conhecidas pelos europeus.

3. Interprete, à luz dos efeitos das Grandes Navegaçõ es, o trecho: “Antes mundo era pequeno / Porque
Terra era grande / Hoje mundo é muito grande / Porque Terra é pequena ...”.
O mundo (conhecido) antes das Grandes Navegações era pequeno, porque praticamente se ignorava o que
existia além do espaço de vivência cotidiana das pessoas. Com a evolução dos meios de transporte a partir
das Grandes Navegações, a Terra (espaço terrestre) reduziu-se, no sentido de que pode ser percorrida em
menos tempo, o que permitiu a expansão dos conhecimentos sobre o mundo.
4. É possível afirmar que o desenvolvimento de tecnologias ainda inexistentes durante a Idade Média
permitiu a ampliaçã o do mundo das pessoas? Justifique por meio de exemplos.
Sim. As embarcações mais velozes e seguras, as técnicas e os equipamentos de orientação, as locomotivas e,
mais recentemente, os aviões e as telecomunicações permitiram o levantamento de informações de cada
parte do planeta, agilizando a circulação dos conhecimentos e proporcionando às pessoas uma visão mais
ampla de mundo, sem que precisem locomover-se.

Leituras complementares

• Leitura 1

Milton Santos, grande geó grafo brasileiro, dedicou-se à construçã o do pensamento geográ fico e tornou-
se referência para as ciências humanas. Ele “ressignificou” o conceito de espaço, tratando-o como uma
categoria de aná lise fundamental para desvelar a relaçã o sociedade-natureza. O espaço, em sua
concepçã o, é o resultado da produçã o humana sobre o meio natural, por meio da técnica. As feiçõ es do
espaço seriam, portanto, manifestaçã o da combinaçã o das forças produtivas de diferentes épocas.
Abaixo, podemos ler um fragmento extraído de uma de suas mais importantes obras.

Da diversificação da natureza à divisão do trabalho

O mundo natural, mediante as trocas de energia entre os elementos, conhece um movimento perpétuo, pelo
qual sua identidade se renova enquanto se modificam os seus aspectos. É o que Whitehead intitula
diversificaçã o da natureza, processo pelo qual se constituem entidades a que chama de elementos naturais,
produtos cujas características derivam a cada movimento do respectivo modo de diversificaçã o. A um modo de
diversificaçã o sucede um outro modo de diversificaçã o. É assim que a natureza faz-se outra, enquanto mudam
os seus aspectos e ela pró pria muda como um todo.

[...] Ao papel que, no mundo natural, é representado pela diversificação da natureza, propomos comparar o
papel que, no mundo histó rico, é representado pela divisão do trabalho. Esta, movida pela produção, atribui, a
cada movimento, um novo conteú do e uma nova funçã o aos lugares. Assim, o mundo humano se renova e
diversifica, isto é, reencontra a sua identidade e a sua unidade enquanto os seus aspectos se tornam outros.
Nessa versã o geográ fica, as expressõ es “entidades” e “elementos naturais” da tese de Whitehead devem ser
lidas como “lugares” em nossa versã o disciplinar.

Quando a natureza ainda era inteiramente natural, teríamos, a rigor, uma diversificaçã o da natureza em estado
puro. O movimento das partes, causa e consequência de suas metamorfoses, deriva de um processo devido
unicamente às energias naturais desencadeadas.

A primeira presença do homem é um fator novo na diversificaçã o da natureza, pois ela atribui à s coisas um
valor, acrescentando ao processo de mudança um dado social. Num primeiro momento, ainda nã o dotado de
pró teses que aumentem seu poder transformador e sua mobilidade, o homem é criador, mas subordinado.
Depois, as invençõ es técnicas vã o aumentando o poder de intervençã o e a autonomia relativa do homem, ao
mesmo tempo em que se vai ampliando a parte da “diversificação da natureza” socialmente construída.
Pá gina 263

As economias mundo de que fala Braudel marcam uma etapa importante nesse processo, já que as mudanças
afetam cada vez mais lugares e nã o têm origem unicamente local. Com a marcha do capitalismo, amplia-se a
tendência a que, sobre a diversificação da natureza, operada pelas forças naturais, se realize uma outra
diversificaçã o, também à escala global, mediante forças sociais. Primeiro, o “social” ficava nos interstícios; hoje
é o “natural” que se aloja ou se refugia nos interstícios do social.

Com a indú stria, esta tendência se acentua ainda mais, graças à s técnicas de que o homem passa a dispor, já
que estas interferem em todas as fases do processo de produção, através das novas formas de energia
comandadas pelos homens. Hoje, o motor da divisã o do trabalho, tornada claramente internacional, é a
informação.

A diversificaçã o da natureza é processo e resultado. A divisão internacional do trabalho é processo cujo


resultado é a divisã o territorial do trabalho. Sem dú vida, as duas situaçõ es se apresentam, embora mude a
energia que as move. Por outro lado, a natureza é um processo repetitivo, enquanto a divisã o do trabalho é um
processo progressivo.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: té cnica e tempo, razã o e emoçã o. Sã o Paulo: Edusp, 2002. p. 129-132.

• Leitura 2

O modo de produçã o capitalista tem enorme relevâ ncia para os estudos de Geografia, pois dele emanam
as diretivas para a configuraçã o do espaço geográ fico contemporâ neo. Um dos fenô menos implicados na
dinâ mica capitalista que merece destaque é a circulaçã o dos elementos necessá rios ao seu ciclo
produtivo (matéria-prima, mã o de obra, mercadorias, dinheiro, etc.). Abaixo, podemos ler um trecho da
obra do geó grafo estadunidense David Harvey sobre esse tema.

As principais características do modo capitalista de produção

A expressão “modo de produçã o” é controversa, mas para o propó sito da minha argumentaçã o proponho uma
interpretaçã o relativamente simples para ela. Acredito que todos nó s concordamos de modo aceitá vel que a
reproduçã o da vida cotidiana depende das mercadorias produzidas mediante o sistema de circulaçã o de
capital, que tem a busca do lucro como seu objetivo direto e socialmente aceito. Podemos considerar a
circulaçã o do capital um processo contínuo, no qual se usa moeda para adquirir mercadorias (força de
trabalho e meios de produçã o, como matérias-primas, maquiná rio, insumos de energia etc.), com o objetivo de
combiná -los na produçã o e fabricação de uma nova mercadoria, que pode ser vendida pela moeda gasta
inicialmente mais o lucro. [...]

[...] Nã o pretendo sugerir, no entanto, que tudo o que acontece sob o capitalismo pode se reduzir a uma
manifestação direta ou mesmo indireta da circulaçã o do capital. Algumas mercadorias sã o produzidas e
comercializadas sem apelo ao estímulo do lucro, e diversas transaçõ es entre agentes econô micos existem fora
da circulação do capital. Contudo sustento que a sobrevivência do capitalismo se funda na vitalidade
permanente dessa forma de circulaçã o. Se, por exemplo, houver interrupçã o dessa forma de circulação pela
impossibilidade da obtençã o de lucro, entã o a reproduçã o da vida cotidiana que conhecemos se dissolverá no
caos.

HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Sã o Paulo: Annablume, 2005. p. 129-130.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

HOBSBAWM, Eric. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.

O historiador inglês aborda a ascensã o do capitalismo industrial e da burguesia.


MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Sã o Paulo: Civilizaçã o Brasileira, 2008.

Trata-se de um conjunto de livros de autoria do pensador alemã o, escritos na segunda metade do século
XIX. Nessa obra, Marx apresenta um minucioso estudo sobre o funcionamento do sistema capitalista,
estabelecendo os fundamentos para criticá -lo e propor sua superaçã o e a constituiçã o de um novo
sistema – o comunismo.

FILMES

Dois dias, uma noite. Direçã o: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne. França/Bélgica/Itá lia, 2015 (95
min).

O filme retrata a situaçã o vulnerá vel de uma mulher prestes a ser demitida do emprego, durante a crise
econô mica europeia no final dos anos 2000. No prazo de um fim de semana, ela tem a difícil tarefa de
procurar seus colegas de trabalho para convencê-los a desistir do bô nus anual, para que ela possa
manter seu emprego.

Tiros em Ruanda. Direçã o: Michael Caton-Jones. Inglaterra/Alemanha, 2005 (115 min).

O filme aborda o contexto da guerra civil entre as etnias hutu e tutsi em Ruanda. Os conflitos mostrados
no filme sã o um retrato fiel da verdadeira e triste herança do imperialismo europeu.

Respostas das atividades

• Questões para refletir (p. 10)

1. Além do desemprego, que atinge diretamente o rendimento familiar e traz grande insegurança aos
trabalhadores, as crises econô micas podem causar grande impacto nos benefícios sociais, como as
aposentadorias, e ainda nas á reas de educaçã o e saú de pú blica, já que os governos sã o levados a diminuir
seus gastos. As crises atingem a populaçã o em geral, mas costumam atingir com mais gravidade as
camadas que dependem mais do setor pú blico, como os pobres e os idosos.

2. As tecnologias facilitam a comunicaçã o, permitindo que as pessoas se manifestem e se organizem com


rapidez, o que possibilita grande mobilizaçã o para reuniõ es, passeatas e outras formas de protesto e
reivindicaçã o. Além disso, permitem grande circulaçã o de ideias e opiniõ es, o que pode contribuir para a
compreensã o das disputas políticas e para a construçã o de soluçõ es.

• Abertura de capítulo (p. 12)

1. É interessante pedir ao aluno que desenvolva argumentos e dê exemplos que justifiquem sua opiniã o.
O papel da técnica na capacidade humana de alterar a natureza e causar alteraçõ es no espaço pode ser
facilmente percebida com fatos do cotidiano. A construçã o de grandes rodovias ou de edifícios muito
altos sã o exemplos claros: em sociedades com pequeno desenvolvimento técnico, essas construçõ es nã o
estã o presentes. Inú meros outros exemplos podem ser lembrados: o uso de técnicas agrícolas que
possibilitam enormes plantaçõ es; a construçã o de usinas, que criam grandes lagos; a poluiçã o causada
pelo desenvolvimento industrial, que causa alteraçõ es profundas nos ambientes e nos seres vivos, etc.
Pá gina 264

2. Resposta pessoal. Oriente os alunos a observar nas duas imagens principalmente as diferenças
relacionadas à quantidade de mã o de obra presente para a realizaçã o dos serviços bancá rios e à
informatizaçã o dos sistemas.

• Conexão (p. 16)

1. Espera-se que os alunos mencionem que, de acordo com a classificaçã o dos países por grau de
desenvolvimento econô mico proposta no texto, o Brasil está incluído no grupo de países em
desenvolvimento. Nesse grupo, o país está entre os que apresentam maior dinamismo econô mico e
social. Além de ter uma economia industrializada e diversificada, nas ú ltimas décadas o Brasil passou por
um acentuado processo de melhoria social, com expressiva diminuiçã o da pobreza extrema e da
desigualdade.

• Para discutir (p. 17)

1. Os fatores que levaram à partilha da Á frica entre as potências europeias foram a busca de matérias-
primas para a indú stria, a ampliaçã o do mercado consumidor para produtos industriais, a exploraçã o e o
conhecimento geográ fico do continente africano. Esses fatores estã o relacionados à consolidaçã o e à
manutençã o do sistema capitalista.

2. O ensino da língua do colonizador e da religiã o cristã aos africanos teria como objetivo a criaçã o de
uma nova identidade para o africano, semelhante à do europeu. Uma forma de os países imperialistas
legitimarem a dominaçã o era a ideia de estender a civilizaçã o a povos considerados primitivos. De
acordo com uma visã o etnocêntrica, as culturas diferentes da europeia eram consideradas bá rbaras e
primitivas; portanto, impor a cultura europeia levaria benefício para os povos africanos e asiá ticos.
Professor: o texto nã o trata diretamente dessa questã o, mas você pode trabalhá -la a partir da leitura do
texto e das hipó teses levantadas pelos alunos. É uma maneira de aprofundar o momento de discussã o.

• Atividades (p. 18-19)

Revendo conceitos (p. 18)

1. O desenvolvimento técnico transforma a natureza e reduz seu peso sobre as atividades humanas. A
evoluçã o das técnicas é um dos agentes que produzem e transformam o espaço geográ fico.

2. Espaço geográ fico é o espaço construído pelo trabalho humano, e nele ocorrem as relaçõ es sociais. É
histó rico e dinâ mico, apresentando profunda relaçã o com o desenvolvimento técnico e o trabalho nele
desenvolvido.

3. A expansã o marítima europeia foi estimulada pelo busca de novas rotas comerciais para o Oriente.
Além disso, o reconhecimento da esfericidade da Terra, o desenvolvimento dos portulanos (mapas que
continham a costa dos continentes e as rotas de viagens) e inovaçõ es tecnoló gicas, como a bú ssola, o
astrolá bio, o quadrante e a caravela, foram importantes fatores para que as Grandes Navegaçõ es
ocorressem.

4. A exploraçã o de colô nias relaciona-se com a fase do capitalismo comercial, na qual o capital era
acumulado por meio do comércio. A política econô mica característica dessa fase é o mercantilismo, que
tinha como uma de suas bases o acú mulo de metais preciosos (metalismo) pelos Estados nacionais. As
colô nias exerciam o importante papel de fornecer metais preciosos à s suas metró poles. Além disso,
forneciam mercadorias para serem comercializadas na Europa e compravam produtos europeus.

5. O capitalismo financeiro é caracterizado pelo papel dominante exercido por bancos e instituiçõ es
financeiras sobre o sistema econô mico. Nesta fase, em vigor ainda hoje, pode-se mencionar ainda a
existência de grandes empresas, muitas delas multinacionais, que têm suas açõ es negociadas nas bolsas
de valores.

6. É interessante que, além de explicar as características escolhidas, os alunos forneçam exemplos


concretos de cada uma.

7. No capitalismo existem basicamente duas classes sociais: os capitalistas, donos dos meios de
produçã o; e os trabalhadores, que, nã o dispondo dos meios de produçã o, vendem sua força de trabalho
para os capitalistas.

8. Os países de economia desenvolvida concentram grandes volumes de capitais, e a maioria de sua


populaçã o tem boas condiçõ es de vida. Pode-se lembrar também que esses países em geral concentram
grandes instituiçõ es financeiras e detêm as mais modernas tecnologias.

9. Porque os antigos países socialistas estã o passando por um processo de modificaçõ es em sua
estrutura econô mica (passando de economias com planejamento estatal para economias de mercado),
política (boa parte deles instituindo regimes democrá ticos) e social (com classes sociais de tipo
capitalista).

Lendo mapas e tabelas (p. 18-19)

10. As diferenças entre os dois mapas relacionam-se ao conhecimento de novas terras, uma das
consequências das Grandes Navegaçõ es. No mapa de 1450, estã o representadas a Europa, a Á sia e uma
parte da Á frica, enquanto no de 1550 já aparecem o continente americano e a Á frica inteira. Note-se
também a precisã o muito maior desse mapa. Na época em que foi produzido, navegantes europeus já
tinham alcançado quase o mundo todo (com exceçã o da Oceania). Em 1543, os portugueses chegaram ao
Japã o. Professor: se considerar adequado, peça aos alunos que pesquisem informaçõ es sobre os grandes
navegadores e as datas das principais viagens que realizaram.

11. a) Os países destacados formam o grupo das economias em desenvolvimento.


b) Esses países têm economias menos desenvolvidas e a maioria de sua populaçã o nã o apresenta
condiçõ es de vida tã o boas quanto as dos países classificados como desenvolvidos. No entanto, trata-se
de um grupo muito heterogêneo, contando tanto com países muito pobres, de economias frá geis e cujas
populaçõ es vivem em má s condiçõ es de vida, quanto com países de economias fortes e diversificadas,
que apresentam índices de desenvolvimento humano médio ou elevado.
c) Países com economias em desenvolvimento ou Países em desenvolvimento.

12. a) Na tabela, os países de economia desenvolvida sã o: Estados Unidos, Japã o, Alemanha, França,
Reino Unido e Itá lia. Os países de economia em desenvolvimento sã o: China, Brasil, Rú ssia e Índia.
b) O nível de riqueza (medido pelo PIB) pode nã o corresponder ao nível de desenvolvimento humano de
um país, como mostram os dados da China. A China tem o segundo PIB do mundo, inferior apenas ao dos
Estados Unidos, mas seu IDH é inferior a quase todos os dos demais países da tabela (com exceçã o da
Índia). Isso acontece porque o IDH considera outros indicadores além da riqueza econô mica, como a
educaçã o (avaliada pela média de anos de escolaridade), a saú de (avaliada pela expectativa de vida) e a
renda per capita.
Pá gina 265

Assim, é possível um país ter alto nível de riqueza econô mica, mas seu nível de educaçã o ou de saú de ser
baixo. Quando a distribuiçã o de renda da populaçã o de um país é muito desigual, ou seja, quando uma
pequena parte da populaçã o se apropria da maior parte da riqueza do país, a maioria pode permanecer
com baixos indicadores de saú de e educaçã o.

Interpretando textos e imagens (p. 19)

13. Comparando as imagens de Recife, podemos observar a transformaçã o do espaço geográ fico
motivada pelas invençõ es tecnoló gicas, pelo crescimento econô mico e por novas relaçõ es sociais.

14. Sim. Sob o ponto de vista do colonizador, a presença europeia no continente africano era benéfica
para o sistema capitalista, que se irradiava a partir da Europa. Porém, negativa para os demais
continentes, que se viam sob a imposiçã o de uma nova ordem e privados de autonomia.

15. Na paisagem apresentada, o terreno foi aplainado, com o uso de maquiná rio. Assim, as formas
naturais do relevo sofreram alteraçã o pela açã o do trabalho humano, por meio do desenvolvimento
técnico.

16. a) A crise dos bancos evolui com a diminuiçã o das atividades econô micas do país – reduçã o da
produçã o industrial, menor exportaçã o, aumento do desemprego, aumento do nú mero de falências,
menor poder de compra para a populaçã o, entre outras.
b) O “salto para trá s” representa reduçã o da qualidade de vida: menor poder aquisitivo que se reflete na
diminuiçã o da capacidade de compra.

Capítulo 2 A DIT e as revoluções industriais

A Divisã o Internacional do Trabalho (DIT) é um conceito necessá rio à interpretaçã o do funcionamento


do capitalismo globalizado. Além de a DIT ser um elemento integrante do sistema produtivo que se torna
cada vez mais internacionalizado, sua aná lise fornece subsídios para compreender os processos
desiguais de desenvolvimento econô mico e a pró pria dinâ mica do poder mundial. Neste capítulo, essa
complexidade será trabalhada a partir das principais configuraçõ es que a DIT assumiu desde a Primeira
Revoluçã o Industrial.

É importante que o conceito de DIT seja construído junto com os alunos, demonstrando, por exemplo,
que as necessidades de mercadorias de um país sã o supridas complementarmente com produtos
importados. Desse modo, formam-se fluxos comerciais internacionais em que os países tendem a se
especializar na produçã o de determinados itens, de acordo com uma combinaçã o de fatores (capacidade
tecnoló gica, disponibilidade de recursos naturais, dinamismo econô mico, etc.).

Como os diversos países, que sã o dotados de capacidades produtivas diferentes, especializam-se na


produçã o de mercadorias com valores agregados muito desiguais, as trocas comerciais entre eles
acabam beneficiando os países industrializados e com alto desenvolvimento tecnoló gico em relaçã o aos
países essencialmente agrícolas ou exportadores de minérios.

O mapa “Mundo – Exportaçã o de produtos primá rios e industrializados (2012)” (p. 20) ilustra os países
com maiores porcentagens de exportaçã o de produtos primá rios e os países com maiores porcentagens
de exportaçã o de produtos industrializados.

Sugestões didáticas

• A DIT e a organização do espaço mundial (p. 21)


Nesse tó pico, é importante ressaltar as transformaçõ es na participaçã o dos países na DIT nos três
momentos definidos – Primeira, Segunda e Terceira Revoluçã o Industrial. Recomenda-se que os alunos
sejam orientados a identificar, na transiçã o de uma etapa para outra, rupturas e permanências nas
relaçõ es entre as economias desenvolvidas e as economias em desenvolvimento. Esse levantamento
pode servir para embasar discussõ es a respeito da possibilidade de reversã o da condiçã o de
dependência que marca as economias em desenvolvimento.

Os alunos podem ser questionados sobre se as mudanças na DIT criaram condiçõ es para que parte das
economias em desenvolvimento alcançasse maior crescimento econô mico.Espera-se que eles concluam
que, apesar de alguns desses países terem conseguido se industrializar, os avanços obtidos nã o foram
suficientes para que eles alcançassem o nível das economias desenvolvidas. Um dos motivos é que
passaram a enviar para as economias desenvolvidas os lucros das empresas multinacionais e os juros de
empréstimos adquiridos para viabilizar a infraestrutura necessá ria à industrializaçã o. Além disso, com a
Terceira Revoluçã o Industrial, as economias desenvolvidas tornaram-se fornecedoras de tecnologia,
enquanto uma parte das economias em desenvolvimento permaneceu como fornecedora de matérias-
primas ou de produtos industrializados com menor nível tecnoló gico.

Também é importante destacar que, no contexto da DIT, os países que se tornam dependentes da
exportaçã o de produtos primá rios, de baixo valor agregado, ficam em situaçã o de fragilidade diante das
instabilidades conjunturais do mercado internacional. Com o boxe Saiba mais (p. 21) é importante
apresentar o panorama atual do Brasil, em que coexis tem alguns ramos desenvolvidos, característicos
da Terceira Revoluçã o Industrial, e outros tecnicamente muito atrasados.

• A Primeira Revolução Industrial (p. 22)

As três revoluçõ es industriais significaram reestruturaçõ es profundas em todos os aspectos da sociedade


mundial. Mas cada uma delas contou com a predominâ ncia de características específicas, que a
distinguem das demais. Dessa forma, é pertinente trabalhá -las comparativamente, para identificar
sobretudo as transformaçõ es nos padrõ es tecnoló gicos, na estrutura produtiva, na dinâ mica do capital e
nas características da DIT.

A Primeira Revoluçã o Industrial ficou marcada:

• pelo surgimento das má quinas a vapor;

• pela separaçã o entre capital e trabalho (a partir da qual os burgueses passaram a concentrar os meios
de produçã o, e os proletá rios passaram a vender sua força de trabalho para os donos dos meios de
produçã o);

• pela concentraçã o da atividade industrial nas cidades, que foram se adensando;

• pela formaçã o de uma DIT em que os pioneiros da Revoluçã o Industrial importavam matérias-primas
baratas dos países pobres (principalmente das colô nias), para os quais exportavam produtos
manufaturados de maior valor agregado.

• A Segunda Revolução Industrial (p. 23) Durante a Segunda Revoluçã o Industrial, teve
continuidade o processo de urbanizaçã o. Nas fá bricas, mantiveram-se as relaçõ es de trabalho, porém as
inovaçõ es tecnoló gicas intensificaram o ritmo de produçã o. Nesse período:
Pá gina 266

• o avanço científico possibilitou a exploraçã o da energia elétrica, o surgimento dos motores a explosã o e
o desenvolvimento da indú stria química;

• ocorreu a concentraçã o de capitais em grandes empresas e a integraçã o entre capitais industriais e


bancá rios (que financiavam a produçã o);

• a principal mudança na DIT foi a importâ ncia alcançada pela exportaçã o de capitais dos países que
lideravam o processo de industrializaçã o para outros países; uma alternativa para demonstrar a
configuraçã o dessa DIT é a exibiçã o do filme Mauá, o imperador e o rei (ver item “Sugestõ es de leitura e
consulta para o professor”, mais adiante), que evidencia aspectos da relaçã o entre Brasil e Inglaterra no
fim do século XIX.

• A Terceira Revolução Industrial (p. 24)

Em relaçã o à Terceira Revoluçã o Industrial, podem ser destacados:

• o desenvolvimento da robó tica, informá tica, tecnologia espacial, energia nuclear, aviaçã o,
biotecnologia, etc.;

• a produçã o estrutura-se para atingir níveis muito elevados de produtividade, com o surgimento do
fordismo e do toyotismo;

• a DIT torna-se mais complexa; os países desenvolvidos passam a exportar, além de produtos
industrializados de grande valor agregado, tecnologias e capitais na forma de empréstimos e
investimentos produtivos e especulativos; e os demais países, além dos gêneros primá rios passam a
exportar produtos industrializados de baixo valor agregado e capitais na forma de juros, lucros e
royalties.

É importante que os pró prios alunos consigam fazer a comparaçã o entre esses períodos. Assim, pode-se
pedir que eles leiam as pá ginas 22, 23 e 24 e registrem no caderno os aspectos mais marcantes de cada
período, solicitando-se posteriormente que façam uma apresentaçã o oral do que assinalaram,
acompanhada de exemplos. Esse trabalho poderá ser completado com uma sistematizaçã o das
contribuiçõ es dos alunos no quadro de giz. Verifique se os aspectos abordados no texto foram
identificados pelos alunos, fazendo as complementaçõ es necessá rias.

Pode-se também promover uma discussã o sobre a evoluçã o do capitalismo industrial e suas
consequências para as relaçõ es entre os países. Por fim, os alunos podem produzir textos para sintetizar
a compreensã o do tema.

• Informe – As condições de trabalho e os trabalhadores na Primeira e na Segunda


Revolução Industrial (p. 25)

O Informe é uma ferramenta para contemplar um aspecto relacionado ao que já foi estudado, mas com
um enfoque diferente. O texto da seçã o aborda as condiçõ es de trabalho durante a Primeira Revoluçã o
Industrial, principalmente, e o início da Segunda Revoluçã o Industrial, caracterizadas por jornadas
excessivas e ambientes de trabalho inó spitos. Ele possibilita exercitar a capacidade de interpretaçã o
textual dos alunos e promover a seleçã o de elementos para debates.

Pode-se propor uma reflexã o sobre as consequências das condiçõ es de trabalho para a saú de e a
estrutura social e familiar dos trabalhadores. É possível abordar o que os alunos percebem como
mudança das condiçõ es de trabalho de entã o para as atuais, bem como sobre a permanência de
condiçõ es semelhantes nos dias de hoje. O filme Tempos modernos (ver item “Sugestõ es de leitura e
consulta para o professor”, mais adiante), apesar de retratar o período da Segunda Revoluçã o Industrial,
pode complementar a proposta, fornecendo outros subsídios para as discussõ es.

Atividades complementares

1. Identificação dos reflexos da DIT no cotidiano

A importâ ncia da DIT geralmente é revelada a partir dos interesses dos Estados e do empresariado, o
que pode servir de base para depreender, de modo geral, como o nível de desenvolvimento econô mico e
social é afetado. Que outros reflexos da DIT poderiam ser identificados pela aná lise do cotidiano de uma
pessoa comum?

Descrição da atividade

Cada aluno, em prazo a ser estabelecido pelo professor, deverá observar em seu cotidiano:

• quais tipos de produtos (industrializados, artesanais ou agrícolas) sã o utilizados predominantemente


no cotidiano das pessoas com quem convive;

• quais sã o os países de origem dos produtos utilizados na sua residência.

É importante que os alunos sejam orientados a realizar o registro de suas observaçõ es, mencionando os
produtos observados e seus respectivos países de origem. Apó s organizar os levantamentos, recomenda-
se que o trabalho tenha prosseguimento em grupos de quatro ou cinco alunos, em sala de aula, para que
os resultados sejam compartilhados. A pró xima etapa será a sistematizaçã o, por cada grupo, dos
registros de todos os integrantes, sintetizando as seguintes questõ es:

• Entre os produtos brasileiros mais consumidos predominam os gêneros primá rios ou os processados
(sobretudo os industrializados)? E entre os produtos importados?

• Entre os países de origem dos produtos importados, quais predominaram?

• Há diferenças de complexidade entre os produtos nacionais e os importados? Quais?

• É possível afirmar se aspectos das relaçõ es comerciais brasileiras presentes na realidade analisada sã o
favorá veis ou nã o ao Brasil?

• A aná lise dessa realidade permite identificar características da atual DIT e a posiçã o do Brasil no
conjunto?

Essa atividade tem o objetivo de exercitar a capacidade de identificar os elementos essenciais que
permitem interpretar um fenô meno e de relacionar seus aspectos gerais a suas manifestaçõ es locais
(ambiente de vivência) e cotidianas. Porém, é necessá rio orientar os alunos para que possam discernir se
o quadro levantado é representativo do que ocorre no país como um todo, ou se é característico de
recortes sociais muito específicos.

2. Análise das inovações da Terceira Revolução Industrial

Como o desenvolvimento da Terceira Revoluçã o Industrial é uma manifestaçã o contemporâ nea, muitas
inovaçõ es marcantes desse está gio do capitalismo estã o presentes em produtos de uso corriqueiro ou
sã o noticiadas com frequência pela mídia.

Descrição da atividade

O objetivo da atividade é investigar aspectos técnicos de algumas das principais inovaçõ es tecnoló gicas
relacionadas com a Revoluçã o Técnico-Científica. Sugere-se que a atividade seja realizada em grupos, e
que a investigaçã o seja orientada com o auxílio de professores das disciplinas que envolvam princípios
utilizados nas inovaçõ es levantadas.
Pá gina 267

A pesquisa consiste em levantar informaçõ es sobre a aplicaçã o, o funcionamento ou o processo de


pesquisa das seguintes inovaçõ es:

Inovação Disciplinas relacionadas


Robó tica Física
Informá tica Física, Matemá tica
Energia nuclear Química, Física
Biotecnologia Biologia, Química

A pesquisa deverá ser sistematizada em um relató rio escrito, podendo incluir imagens ilustrativas,
tabelas, mapas e grá ficos. É importante que os relató rios sejam socializados por toda a turma e que
possam motivar discussõ es sobre a importâ ncia dessas inovaçõ es para o funcionamento da globalizaçã o.

Leitura complementar

O texto a seguir procura relacionar os principais itens de destaque do projeto de desenvolvimento pelo
qual o país passou nos ú ltimos 15 anos, levantando pontos de fundamental importâ ncia para a
transformaçã o na base da sociedade brasileira. Avanços como os programas sociais, a valorizaçã o dos
salá rios e políticas de açõ es afirmativas sã o, e continuam sendo, os pilares que movimentaram o
desenvolvimento social. Os autores advogam, contudo, que mesmo essa grande transformaçã o ainda nã o
foi suficiente para colocar o Brasil em outro patamar de desenvolvimento humano, embora os
indicadores tenham melhorado.

E, para alcançar um novo patamar e superar o atual momento de crise, os desafios para um novo ciclo de
crescimento econô mico passam por uma nova reorganizaçã o das políticas pú blicas, mas também pelo
contínuo ataque à s desigualdades sociais e regionais. O recorte é parte de um artigo mais profundo sobre
esse processo, mas permite trabalhar em sala de aula as mudanças recentes, usando, inclusive, as
experiências pessoais dos alunos, quando possível. Foi escrito em 2014, quando a economia brasileira
transitava para a estagnaçã o dos anos 2015 e 2016.

Desafios para o enfrentamento da desigualdade no Brasil

[...] Apó s proceder a uma reconstruçã o histó rica do processo de desenvolvimento econô mico e social do Brasil,
torna-se possível chegar a uma visã o sintética de onde se encontra o país ao início da segunda década do
século XXI. Pode-se dizer, em primeiro lugar, que o Brasil ainda é o Brasil. A queda do Índice de Gini,
concentrada no período 2003-2009, nã o foi suficiente para impedir que a desigualdade se mantenha como um
dos traços mais marcantes da sociedade brasileira. As disparidades de renda seguem elevadas, apresentando
características específicas nas á reas urbanas e rurais. Quando se faz a comparação internacional, o índice de
desigualdade brasileiro continua entre os dez maiores do mundo, perdendo vá rias posiçõ es no IDH quando
este é ajustado pela desigualdade, segundo a metodologia do Pnud. Adicionalmente, os 10% mais ricos
recebem uma renda média 40 vezes superior aos 10% mais pobres. Apesar de inferior aos valores alcançados
em 1980, o nível de desigualdade é semelhante ao de 1970, ainda que estejamos falando de diversos padrõ es
de desigualdade. Também importa ressaltar que algumas mudanças na estrutura de classe se verificaram no
período recente, ainda que seja difícil apurar o seu resultado em termos políticos e sociais. Entretanto, fica
também evidente que o Brasil pode ser muito mais que o Brasil. A economia brasileira voltou a crescer e gerar
empregos. Novas políticas sociais foram implantadas, reduzindo a pobreza no país. Trata-se, de fato, da
primeira vez na histó ria brasileira que se reduz desigualdade e pobreza num período de consolidaçã o das
instituiçõ es democrá ticas. Esta combinaçã o torna o país capaz de gestar sua pró pria estratégia de
desenvolvimento, estruturada a partir do Estado e com ampla participaçã o da sociedade civil na formulação,
execuçã o e monitoramento das políticas econô micas, de desenvolvimento regional, agrá rio e urbano, além das
políticas sociais bá sicas (saú de, educaçã o, habitaçã o e saneamento) e daquelas voltadas à geraçã o de emprego
e renda. O desafio do país nas pró ximas décadas pode ser resumido da seguinte maneira: o ciclo expansivo dos
anos 2000 pô de assegurar crescimento econô mico e até ampliaçã o das políticas de transferência de renda,
mesmo num contexto de reconfiguraçã o da economia-mundo capitalista, cujos contornos ainda nã o se
encontram definidos. Porém, nã o parece se mostrar suficiente para enfrentar o abismo das desigualdades a
separar os privilegiados da grande massa de pré-cidadã os sem acesso a direitos, a políticas sociais de
qualidade e a níveis dignos de emprego e renda. Vale ressaltar ainda que este ú ltimo grupo apresenta-se
sobremaneira heterogêneo, pois seus vá rios segmentos se encontram vinculados a posiçõ es de classe e
territoriais distintas, exigindo um amplo e diversificado arsenal de políticas.

[...]

Logo, em primeiro lugar, conclui-se que as políticas de combate à desigualdade devem ser estruturadas de
modo a levar em conta a diversidade de situaçõ es sociais encontradas no territó rio nacional. Paralelamente
aos desníveis regionais, existem as extremas desigualdades de oportunidades – que se transfiguram em
desigualdades de renda – entre os vá rios grupos sociais por gênero, raça/cor, geraçã o e nível de escolaridade.
Apesar de algumas melhoras recentes obtidas em todas estas desigualdades, estas se fizeram sentir
essencialmente em termos de renda, oriundas da melhoria do mercado de trabalho, mas sem alterar de
maneira substantiva o quadro geral. As profundas diferenças em termos de acesso a empregos, à educaçã o e
saú de de qualidade e aos serviços urbanos em geral (transporte, habitaçã o e saneamento) acabam por se
ampliar devido às clivagens de gênero, raça/cor, geraçã o e grau de escolaridade, criando posiçõ es de classe de
baixos salá rios e ausência de direitos especialmente para mulheres, negros, jovens e pessoas de baixa
escolaridade. Neste contexto, qualquer comemoraçã o das estatísticas da década passada apenas se justifica
como uma pausa para se pensar nas reformas estruturais inadiá veis – bem distintas daquelas propugnadas
pelo mercado – que o país deve empreender no futuro pró ximo.

[...]

Barbosa, Alexandre de Freitas; Amorim, Ricardo L. C. Desafios para o enfrentamento da desigualdade no Brasil. In: Fonseca,
Ana; Fagnani, Eduardo (Org.). Políticas sociais, desenvolvimento e cidadania. Disponível em:
<http://www.fpabramo.org.br/publicacoesfpa/wp-content/uploads/2015/08/Politicas-Sociais-Vol01.pdf>. Acesso em: 29
mar. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

FILMES

Mauá, o imperador e o rei. Direçã o: Sergio Perez de Resende. Brasil, 1999 (135 min).

O filme retrata a trajetó ria do Barã o de Mauá . Suas tentativas de criar infraestruturas e viabilizar a
industrializaçã o do Brasil revelam aspectos da inserçã o do país na DIT do final do século XIX, quando a
dependência do capital e da tecnologia da Inglaterra era muito grande.
Pá gina 268

Tempos modernos. Direçã o: Charles Chaplin. EUA, 1936 (87 min).

Nesse filme do início do século XX, Chaplin faz uma crítica da sociedade urbano-industrial e, sobretudo,
das relaçõ es de trabalho. O sistema de produçã o industrial baseado em linhas de montagem é retratado
de modo a evidenciar com ironia seus reflexos para os trabalhadores.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 20)

1. Significa que os produtos que esses países exportam (produtos agrícolas e minérios, por exemplo)
têm valor muito menor que os que eles importam (por exemplo, produtos industrializados e tecnologia).
Assim, esses países recebem pelas mercadorias que vendem muito menos do que o que devem pagar
pelo que importam.

2. Resposta pessoal. Oriente os alunos a observar que a maioria dos países do continente africano possui
atividades econô micas vinculadas principalmente à exportaçã o de produtos primá rios, em geral, para
países de economia industrializada.

• Geografia e Arte (p. 22)

1. A paisagem da pintura evidencia a poluiçã o da á gua e do solo por lixo e a poluiçã o do ar pela fumaça
das fá bricas, localizadas pró ximas ao rio. A pintura tem um tom sombrio, como se o artista quisesse
representar a insalubridade local.

2. Atualmente, as indú strias sã o obrigadas e filtrar a fumaça dos fornos industriais e estã o impedidas de
causar poluiçã o da á gua e do solo, embora a poluiçã o industrial ainda seja um problema mundial.

• Ação e cidadania (p. 23)

1. Em muitos países, a igualdade de direitos entre homens e mulheres passou a ser prevista nas
legislaçõ es nacionais, e as mulheres conseguiram maior espaço de atuaçã o no campo profissional,
conquistando locais de trabalho antes ocupados apenas por homens. Em alguns países, porém, as
mulheres ainda nã o têm os mesmos direitos que os homens. Por exemplo, na Ará bia Saudita, as mulheres
nã o podem tirar carteira de motorista. Em outros países, o reconhecimento da igualdade de direitos
ainda é apenas oficial ou teó rico, nã o sendo concreto, como na remuneraçã o salarial.

• Geografia e Tecnologia (p. 23)

1. Durante a Segunda Revoluçã o Industrial, ocorrida entre meados do século XIX e meados do século XX,
além da ampliaçã o da rede ferroviá ria, foram inventados o aviã o e o automó vel. O aviã o reduziu o tempo
gasto em viagens e permitiu o crescimento do comércio de produtos e o trâ nsito de passageiros entre
regiõ es.

• Para discutir (p. 25)

1. O trabalho infantil era comum na época, e as condiçõ es de vida eram muito precá rias. A jornada de
trabalho era longa e extenuante e praticamente nã o havia preocupaçã o com as condiçõ es de vida dos
trabalhadores.

2. De forma geral houve grandes conquistas trabalhistas: a jornada de trabalho foi reduzida para oito
horas e há uma proteçã o à s condiçõ es de trabalho. No entanto, é bom lembrar que ainda existem
trabalhos realizados em condiçõ es muito degradantes e extenuantes (como os dos carvoeiros e
cortadores de cana-de-açú car) e mesmo trabalho em condiçõ es aná logas à escravidã o, tanto no campo
como na cidade.

• Atividades (p. 26-27)

Revendo conceitos (p. 26)

1. A Divisã o Internacional do Trabalho é uma divisã o dos papéis que os países desempenham nas
relaçõ es de produçã o e de comércio no mundo. Ou seja, os países se especializam na produçã o e no
comércio de determinados produtos. A DIT está relacionada à diversidade do meio natural, à s condiçõ es
sociais e ao nível da estrutura econô mica e de desenvolvimento das forças produtivas.

2. A Primeira Revoluçã o Industrial caracterizou-se basicamente pela utilizaçã o de má quinas na


fabricaçã o de produtos e pelo uso do vapor como fonte de energia. Esse processo foi acompanhado por
profundas transformaçõ es econô micas e sociais, entre as quais a separaçã o entre o capital e o trabalho
(que é a principal característica do modo de produçã o capitalista), a organizaçã o dos trabalhadores em
sindicatos e um intenso processo de urbanizaçã o.

3. É a apropriaçã o da ciência e da técnica no desenvolvimento industrial. Na Segunda Revoluçã o


Industrial, passaram a ser empregados o petró leo e a eletricidade como fontes de energia, enquanto o
vapor (proveniente da queima do carvã o) foi a fonte de energia característica da Primeira Revoluçã o
Industrial.

4. A Segunda Revoluçã o Industrial foi liderada pelos Estados Unidos e pela Alemanha.

5. Foi o processo de expansã o da economia capitalista iniciado no século XIX e comandado pelas grandes
potências europeias, que dividiram o mundo entre si e formaram ou ampliaram grandes domínios
coloniais na Á frica, na Á sia e na América.

6. A Terceira Revoluçã o Industrial é marcada, entre outras características, pelo grande desenvolvimento
da tecnologia na produçã o – por exemplo, tecnologias de informaçã o e comunicaçã o (computadores,
internet), biotecnologia, química fina –, pela ampliaçã o da globalizaçã o e pela criaçã o de um novo tipo de
organizaçã o do trabalho, mais produtivo, o toyotismo.

7. O Brasil é um grande exportador de produtos agrícolas (em parte produzidos com alta tecnologia) e
minerais, mas também de produtos industrializados. Há ramos muito desenvolvidos, como a informá tica
e a biotecnologia (pró prios da Terceira Revoluçã o Industrial) e outros com baixo nível técnico, como
parte da agricultura.

Lendo mapas, gráficos e tabelas (p. 26-27)

8. a) Pertencem ao grupo dos países em desenvolvimento, como muitos países da Á frica e da Á sia. Se
julgar oportuno, retome com os alunos o estudo da pá gina 16.
b) Sã o o inglês e o chinês. O domínio exercido pela Inglaterra no século XIX e pelos Estados Unidos no
século XX criou condiçõ es para que o inglês se tornasse uma língua utilizada comercialmente em grande
parte do globo, daí sua forte presença na internet. O amplo uso do chinês se explica pela grande
populaçã o chinesa e pelo forte crescimento econô mico do país nas ú ltimas décadas, que fez com que
muitos chineses se tornassem usuá rios da rede.
c) Entre os países em desenvolvimento, o Brasil tem se destacado no acesso à internet. Podem-se
encontrar alguns projetos de acesso à internet, realizados por governos ou ONGs, como forma de
inserçã o digital.
Pá gina 269

9. a) Os países que apresentam os maiores índices de receita de royalties sã o Estados Unidos, Reino
Unido e França.
b) Espera-se que em seu texto os alunos mencionem que o processo de produçã o tecnoló gica no mundo
se dá de forma desigual, pois grande parte dessa produçã o está concentrada nos países desenvolvidos. A
receita oriunda de royalties é muito mais alta nos países mais ricos, assim como as despesas com
pesquisa. Os países em desenvolvimento (representados na tabela pela Colô mbia), nos quais a produçã o
de tecnologia é menor, devem pagar royalties correspondentes à tecnologia produzida nos países
desenvolvidos.

Interpretando textos e imagens (p. 27)

10. a) A modificaçã o central nas relaçõ es sociais está na transformaçã o do trabalhador em um operá rio
livre, que vende sua força de trabalho, criando a característica central da sociedade industrial: o trabalho
assalariado. O processo de urbanizaçã o, acelerado com a industrializaçã o, também fez surgir relaçõ es
sociais diferentes daquelas encontradas no campo. Os alunos podem mencionar também alguma
modificaçã o trazida pelo uso do computador na terceira fase da Revoluçã o Industrial, como a ampliaçã o
do trabalho feito em casa, com o uso da internet, e a diminuiçã o dos postos de trabalho em alguns
setores, como os bancos.
b) Espera-se que os alunos baseiem suas respostas na diferença entre o desenvolvimento das forças
produtivas dos países altamente industrializados e dos de baixa industrializaçã o. Podem ser abordados
temas relativos à s lutas dos trabalhadores nos países mais industrializados, que propiciaram uma
melhora nas condiçõ es de vida da populaçã o em geral. Pode-se citar a diminuiçã o da jornada de trabalho
ou o aumento dos salá rios. Nos países com industrializaçã o mais fraca, as jornadas de trabalho sã o
maiores, estando normalmente associadas a salá rios bem mais baixos. Professor: essa questã o pode ser
trabalhada com uma discussã o em classe, na qual os alunos possam estabelecer hipó teses sobre as
relaçõ es sociais tendo em vista o grau de industrializaçã o de um país, citando exemplos.

11. O aspecto é a introduçã o da tecnologia nos processos produtivos na expectativa de que ela aumente
a produtividade. Na tira, a personagem comprova que, de fato, os computadores nã o acarretaram o
aumento da produtividade. No ú ltimo quadrinho, o dono ou diretor da empresa diz que quer
responsabilizar um funcioná rio pelo decréscimo da produtividade. Ele faz isso, provavelmente, para se
isentar da pró pria responsabilidade.

Capítulo 3 O papel do comércio mundial

A globalizaçã o é um fenô meno socialmente construído por meio da aceleraçã o das trocas materiais e
imateriais entre os países do mundo. Há vá rias abordagens para explicar o conceito de globalizaçã o, mas,
partindo da Geografia, ele deve ser entendido como um processo socioeconô mico determinado por
setores mais influentes na política e economia internacionais. Esse processo estimula a ampliaçã o dos
fluxos e criam rotas, reais e virtuais, de trocas comerciais, de produçã o, informaçã o, de transporte, de
pessoas, etc. Esses fluxos sã o mapeados em forma de redes, conceito que é utilizado para identificar os
tipos, a intensidade e o conteú do de cada um deles. É importante salientar que a globalizaçã o é a síntese
desse processo.

As decisõ es tomadas pelos setores mais influentes da globalizaçã o alteram nã o só as relaçõ es entre os
países, mas a vida das pessoas em todas as escalas, nas regiõ es, nas cidades e nos lugares. Reforce a tese
de que é possível entender a globalizaçã o a partir da escala da pró pria vida: o que consome no lugar
onde está , o que veste, onde trabalha, o que produz, para onde produz, etc.

Sugestões didáticas

• A globalização e o comércio mundial (p. 29)


Recomenda-se que o conceito de globalizaçã o seja aprofundado relacionando-o com o desenvolvimento
das tecnologias de informaçã o e de comunicaçã o, que proporcionaram, entre outros aspectos, profundas
alteraçõ es na escala dos processos produtivos e do comércio global.

Complementando os aspectos trazidos pelo tó pico, o PCN+/Ensino Médio expõ e, na pá gina 56, que

A globalizaçã o é basicamente assegurada pela implementaçã o de novas tecnologias de comunicaçã o e


informação, isto é, de novas redes técnicas que permitem a circulação de ideias, mensagens, pessoas e
mercadorias, num ritmo acelerado, criando a interconexã o dos lugares em tempo simultâ neo.

É muito importante que o aluno seja estimulado a identificar ao seu redor a ocorrência ou nã o das
consequências e dos aspectos negativos da globalizaçã o, ao observar se o espaço (no campo ou na
cidade) se organiza para atender à s demandas desse processo. A concentraçã o de renda, a presença de
produtos importados, as mudanças no padrã o de comportamento das pessoas, a abertura ou o
alargamento de vias de circulaçã o, as mudanças de funçã o dos imó veis ou o predomínio de determinado
item na produçã o regional sã o alguns exemplos de como a globalizaçã o se manifesta na escala local.

É interessante trabalhar com os alunos o grá fico da pá gina 29 para ilustrar que o processo de
globalizaçã o, apesar de promover a ideia de integraçã o econô mica entre as naçõ es, apresenta uma forte
concentraçã o de capitais em alguns países.

• Infográfico – A rede mundial de transportes (p. 30-31)

Professor: é possível utilizar esse infográ fico para tratar de vá rios temas relacionados ao capítulo e à
unidade, especialmente sobre os aspectos atuais da globalizaçã o e do comércio mundial. É importante
enfatizar as relaçõ es de troca entre os países e os materiais transportados, por exemplo, o intenso fluxo
marítimo entre os países em desenvolvimento e os países desenvolvidos, no qual pode ser destacada a
exportaçã o dos produtos primá rios.

Também podem ser salientados os aspectos da forte concentraçã o do trá fego aéreo internacional nos
Estados Unidos, na Europa e na Á sia, sobretudo na China, na Coreia do Sul e no Japã o, pois além de
grandes rotas turísticas, trata-se também dos centros administrativos do comércio internacional e do
mercado financeiro e das sedes das maiores corporaçõ es mundiais.

Como atividade, sugira aos alunos um exercício para desmontar a cadeia de produçã o dos aparelhos
eletrô nicos, como smartphones e tablets, procurando observar desde o fornecimento das matérias-
primas minerais utilizadas para fabricaçã o de seus componentes, até sua montagem e distribuiçã o.
Pá gina 270

Os dados e as informaçõ es do infográ fico ajudam, com precisã o, a destacar esse processo.

• Atividades ilegais e a globalização (p. 33)

Sugerimos também que seja feito um debate sobre as manifestaçõ es do cará ter negativo da globalizaçã o.
O tó pico em questã o levanta alguns dos principais problemas decorrentes da globalizaçã o: a facilidade
de criaçã o dos fluxos ilegais de capitais e o trá fico de drogas e de armas, contrabando, exploraçã o da
prostituiçã o e crimes financeiros.

O mapa dos fluxos de metanfetamina (p. 33) ilustra a divisã o internacional do narcotrá fico, identificando
as regiõ es produtoras e os fluxos que estabelecem o destino desse tipo de droga. Por se tratar de droga
sintética (que exige maior tecnologia na produçã o), os países centrais destacam-se como produtores; e
os maiores consumidores sã o representados por regiõ es como o Sudeste Asiá tico, a América Latina, a
Á sia Oriental e a Oceania.

• Grandes blocos comerciais (p. 34)

Os blocos econô micos sã o uma das principais facetas da organizaçã o do espaço econô mico mundial na
atualidade. Além de explorar a localizaçã o, abrangência e descriçã o das características desses blocos,
sugerimos que o tema seja abordado de forma crítica. Nã o obstante a globalizaçã o estimular discursos de
liberalizaçã o econô mica e reduçã o das barreiras comerciais, o surgimento dos blocos econô micos impõ e
uma tendência em que essas diretrizes se mostram contraditó rias. Geralmente, há esforços para
derrubar as barreiras apenas entre os países-membros, o que nã o ocorre nas relaçõ es entre estes e os
demais países.

Uma forma de instaurar o debate é questionar se todos saem ganhando com a formaçã o dos blocos, para
que os alunos percebam que os blocos também sã o uma forma de os países mais poderosos criarem
novas condiçõ es para estender seus domínios. Também é possível caminhar pelo sentido inverso, mas
complementar: explorar o que significaria ficar excluído dos blocos econô micos. A funçã o e as
características de cada bloco, além de informaçõ es sobre a desigualdade entre os países, sã o elementos
implicados nessas questõ es.

• Protecionismo agrícola e abertura comercial (p. 38)

Ao ampliar as possibilidades de comércio, a globalizaçã o aumenta as possibilidades de lucro dos


produtores, por aproximá -los de novos mercados consumidores; ao mesmo tempo, eleva seus riscos, ao
expô -los à concorrência de outros produtores em mercados consumidores que já estavam dominados.

Portanto, a globalizaçã o nã o deve ser entendida como um processo de tendências homogêneas ou


previsíveis e, nessa perspectiva, até o cará ter que dá nome ao processo – globalizaçã o, tendência de (o
capitalismo) envolver o mundo todo – pode ser questionado.

Para sobreviver ou levar vantagem no mercado mundial, empresas e governos lançam mã o de medidas
protecionistas, como os subsídios agrícolas, impondo barreiras ao fluxo “normal” da globalizaçã o. É
importante que os alunos sejam estimulados a refletir sobre essas contradiçõ es, que muitas vezes geram
conflitos comerciais entre os países.

Pode-se discutir, de acordo com o contexto exposto acima, as dificuldades de conseguir consenso na
definiçã o de critérios para o funcionamento do comércio mundial, dando destaque à Rodada de Doha,
para tratar de importantes elementos da atualidade.

• Informe – As nações e o nacionalismo no novo século (p. 39)


O tema desse Informe procura mostrar, com o exemplo do futebol, como a globalizaçã o internacionaliza
prá ticas culturais antes enraizadas apenas em seus determinados locais de origem. O futebol, embora
seja um esporte praticado em quase todo o mundo, possui características específicas em cada lugar.
Atualmente, no entanto, pode ser um exemplo das complicaçõ es que a ló gica financeira impõ e aos países,
na medida em que os jogadores vã o perdendo os laços afetivos com os países e locais de origem para se
tornarem ativos financeiros de clubes de diversas outras nacionalidades. Isso cria uma confusã o entre os
sentimentos nacionais e suas identidades, ao mesmo tempo em que pode reforçar tensõ es entre grupos
antagô nicos.

• Presença da África – No vaivém das caravelas lusas, a formação do eixo econômico do


Atlântico (p. 40-41)

Um assunto importante a investigar e discutir com a classe é o fortíssimo impacto demográ fico e
sociopolítico do trá fico no continente africano. Esse pode ser o tema de uma pesquisa, que será muito
enriquecida se for realizada como trabalho interdisciplinar com a á rea de Histó ria.

Atividade complementar

Análise de fluxos comerciais

Os fluxos globais formam redes de circulaçã o de itens distintos, integrando diferentes tecnologias e
infraestruturas, formando uma unidade complexa, que dificulta a identificaçã o de seus componentes. A
reflexã o sobre isso está vinculada à proposta a seguir.

Descrição da atividade

O objetivo desta atividade é levar o aluno a perceber as conexõ es que se formam na constituiçã o das
redes comerciais, a partir da aná lise da circulaçã o de um determinado produto alimentício. Cada aluno
deve escolher aleatoriamente um produto e pesquisar os caminhos percorridos entre os locais de
produçã o e os mercados consumidores, seguindo os passos a seguir.

• Apó s escolher o produto alimentício, pesquisar á reas produtoras (país, regiã o, estado) e optar por uma
delas.

• Verificar os destinos dos produtos comercializados pelas á reas produtoras.

• Investigar as rotas de escoamento da produçã o, levantando os meios de transporte e a infraestrutura


envolvida. Concluída a pesquisa, os alunos deverã o elaborar um croqui em uma folha de cartolina,
esboçando a rede que se articula em funçã o do produto pesquisado. É importante a elaboraçã o de
legendas para identificar cada meio de transporte e os pontos de conexã o entre eles, além das
infraestruturas e dos equipamentos tecnoló gicos utilizados (tú neis, viadutos, canais artificiais, eclusas,
aeroportos, portos, etc.). Deve-se também evitar o excesso e a sobreposiçã o de informaçõ es visuais. Em
aula agendada, pode-se fazer uma exposiçã o dos materiais produzidos.

Leitura complementar

Durante a leitura deste capítulo, a expansã o do comércio mundial e processos relacionados à


globalizaçã o sã o introduzidos. A existência e as atividades das empresas multinacionais sã o
apresentadas, bem como as formas por meio das quais estã o presentes em todo o planeta: fusõ es,
aquisiçõ es, concentraçõ es de atividades, etc.
Pá gina 271

Subjacente à expansã o material do capitalismo via globalizaçã o, está , no entanto, a intençã o da


homogeneizaçã o dos padrõ es de consumo mundiais, a partir da massificaçã o de uma linguagem estética
universal, conhecida e desejada por todas as pessoas, de todas as culturas, de todos os lugares. Nessa
fase do capitalismo, ele nã o cria apenas desejos de posse material, para consumo imediato, mas também
a necessidade de consumo estético, na medida em que cria padrõ es, dissemina, reformula e transfere à s
pessoas essa necessidade. No trecho abaixo, Gilles Lipovetsky e Jean Serroy apresentam como ocorre
esse fenô meno. Nossos desejos de consumo sã o realmente nossos? Estã o relacionados com nossas
tradiçõ es e culturas? Por que preferimos uma roupa famosa a uma roupa qualquer?

O capitalismo artista

Arquiteturas-espetá culo de tirar o fô lego que redesenham museus, está dios e aeroportos, ilhas artificiais que
compõ em uma palmeira gigante, galerias comerciais que competem em luxo decorativo, lojas que parecem
galerias de arte, hotéis, bares e restaurantes com decoraçõ es cada vez mais “tendência”, objetos comuns cuja
beleza os transforma quase em peças de coleção, desfiles de moda concebidos como mise-en-scènes e quadros
vivos, filmes e mú sica em profusã o a toda hora e em todo lugar: será que o capitalismo, desde sempre acusado
de destruir e enfear tudo, nã o é algo mais que o espetá culo aflitivo do horror e funciona também como
empreendedor de arte e motor estético? Se a era hipermoderna do capitalismo, que é a do mundo de umas três
décadas para cá , é mesmo a da planetarizaçã o e da financeirizaçã o, da desregulamentaçã o e da excrescência de
suas operaçõ es, também é a que está marcada por outra espécie de inflaçã o: a inflaçã o estética. Nã o são apenas
as megaló poles, os objetos, a informação, as transaçõ es financeiras que sã o capturadas numa escalada
hiperbó lica, mas o pró prio domínio estético. Estã o aí os mundos da arte capturados, por sua vez, nas malhas do
híper, já que o capitalismo contemporâ neo incorporou em larguíssima escala as ló gicas do estilo e do sonho, da
sedução e do divertimento, nos diferentes setores do universo consumató rio. Se há uma bolha especulativa,
existe outro tipo de bolha extremamente inflada, mas que, no entanto, nã o conhece nem crise nem crash:
vivemos no tempo do boom estético sustentado pelo capitalismo do hiperconsumo. Com a época
hipermoderna se edifica uma nova era estética, uma sociedade superestetizada, um império no qual os só is da
arte nunca se põ em. Os imperativos do estilo, da beleza, do espetá culo adquiriram tamanha importâ ncia nos
mercados de consumo, transformaram a tal ponto a elaboraçã o dos objetos e dos serviços, as formas da
comunicaçã o, da distribuiçã o e do consumo, que se torna difícil nã o reconhecer o advento de um verdadeiro
“modo de produção estético” que hoje alcançou a maioridade. Chamamos esse novo estado da economia
mercantil liberal de capitalismo artista ou capitalismo criativo, transestético. No tempo da financeirizaçã o da
economia e dos seus prejuízos sociais, ecoló gicos e humanos, a pró pria ideia de um capitalismo artista pode
parecer, nã o ignoramos, oximó rica e até radicalmente chocante. No entanto, é mesmo essa a fisionomia do
novo mundo que, confundindo as fronteiras e as antigas dicotomias, transforma a relação da economia com a
arte do mesmo modo que Warhol havia transformado a relaçã o da criaçã o artística com o mercado,
preconizando uma art business. Depois da época moderna das disjunçõ es radicais, eis a era hipermoderna das
conjunçõ es, desregulamentaçõ es e hibridizaçõ es de que o capitalismo artista constitui uma figura
particularmente emblemá tica. [...] Por meio das estratégias da obsolescência dos produtos, do estilo e da
sedução, o capitalismo transformou radicalmente as ló gicas de criaçã o e de produçã o, de distribuiçã o e de
consumo. Seu pró prio sentido se subverteu: nã o mais sistema econô mico racional, mas má quina estética
produtiva de estilos, de emoçõ es, de ficçõ es, de evasõ es, de desejos, e tudo isso nã o mais, como acontecia antes,
para uma elite social restrita, mas para o conjunto dos consumidores: o capitalismo artista nã o cessa de
construir universos ao mesmo tempo mercantis e imaginá rios. Hoje, os produtores dã o ênfase a bens capazes
de tocar a sensibilidade estética dos consumidores; nã o propõ em mais apenas produtos de que se necessita,
mas produtos diferenciados de que se tem vontade, que agradam e fazem sonhar. O capitalismo artista forjou
uma economia emocional de seduçã o assim como um consumidor louco por novidades permanentes e
desculpabilizado quanto à ideia de aproveitar ao má ximo a vida aqui e agora. A conversã o é profunda e
histó rica: o consumidor mínimo é substituído por um consumidor transestético ilimitado.

[...]

LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. Sã o Paulo: Companhia das
Letras, 2015. p. 39-40.

Sugestões de leitura e consulta para o professor


LIVROS

IANNI, Octavio. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilizaçã o Brasileira, 2007.


Rica em exemplos, a obra analisa o processo de globalizaçã o sob a ó tica da Sociologia.

VERGOPOULOS, Kostas. Globalização: o fim de um ciclo. Sã o Paulo: Contraponto, 2005.


Nesse livro, o autor contrapõ e as principais teorias da globalizaçã o, demonstrando as implicaçõ es em seu
processo de ampliaçã o e consolidaçã o, tendo como exemplo os Estados Unidos.

SITE

Uniã o Europeia
O site coloca à disposiçã o estatísticas, notícias e publicaçõ es sobre essa uniã o econô mica e monetá ria e
sobre o comércio internacional. Disponível em: <http://linkte.me/ue>. Acesso em: 17 mar. 2016.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 28)

1. Fluxos materiais, pois se referem ao comércio de mercadorias entre diferentes regiõ es no mundo.

2. Os maiores volumes estã o concentrados na Europa (mais de 4,6 bilhõ es de dó lares em mercadorias
comercializadas), Á sia (cerca de 3,1 bilhõ es de dó lares) e América do Norte (aproximadamente 1,3
bilhã o).

• Conexão (p. 29)

1. O objetivo da atividade é identificar a influência da cultura estadunidense sobre o cotidiano dos jovens
brasileiros. Os levantamentos solicitados (expressõ es e mú sicas) poderã o suscitar uma discussã o sobre
questõ es amplas, como a identidade cultural da sociedade brasileira.
Pá gina 272

• Conexão (p. 38)

1. O objetivo da atividade é discutir o papel do Brasil no comércio mundial. As questõ es suscitam a


possibilidade de incentivar os alunos à leitura de jornais e revistas, fazendo um levantamento dos
principais produtos brasileiros exportados e dos principais países importadores deles, assim como dos
principais exportadores de produtos para o Brasil. Um debate sobre as diferenças entre produtos
exportados e importados, destacando a questã o do valor agregado à s mercadorias comercializadas,
ajuda a dar profundidade à compreensã o dos alunos. A partir desse debate, o aluno tem condiçõ es de
formular uma resposta pró pria, fundamentada em argumentos pertinentes.

• Para discutir (p. 39)

1. O autor aponta a transnacionalizaçã o do futebol vinculada aos objetivos de transformar o esporte em


atividade lucrativa, por meio da comercializaçã o dos jogadores e de produtos esportivos e com a criaçã o
de superclubes.

2. Segundo o autor, enquanto, na perspectiva da globalizaçã o, o futebol é encarado como um negó cio
lucrativo, para a grande massa de torcedores, ele está relacionado à identidade nacional, como é o caso
da relaçã o entre o torcedor e a seleçã o de seu país.

3. Uma das consequências é uma perda do estilo de jogo do futebol de cada país, além de uma certa
diminuiçã o da carga de patriotismo que o ato de vestir a camisa de cada país representava, já que os
jogadores acabam se distanciando da realidade cotidiana de seu local de origem.

• Para discutir (p. 41)

A partir do século XVI, pelo oceano Atlâ ntico passaram as mais importantes rotas comerciais, que
envolviam as Américas, a Europa e a Á frica. Isso ocorreu principalmente graças ao comércio de africanos
escravizados, que eram trazidos à força para a América, e também ao comércio de produtos, como o
açú car, o tabaco, a aguardente e os metais preciosos. O trá fico era um negó cio extremamente lucrativo,
que movimentava altíssimas quantias. Os escravizados eram comprados na Á frica por preços baixos e
alcançavam um alto valor na América. Por isso, o trá fico se configurou como um grande negó cio
internacional, no qual se destacaram principalmente os traficantes ingleses.

• Atividades (p. 42-43)

Revendo conceitos (p. 42)

1. Espera-se que os alunos comentem que a globalizaçã o pode ser definida como um processo que
promove a intensificaçã o das trocas (de mercadorias, serviços, capitais, informaçõ es, pessoas)
mundialmente. Em relaçã o à s consequências, incentive o debate de ideias entre os alunos. Eles poderã o
citar tanto consequências positivas (como a possibilidade de entrar em contato com diferentes culturas),
quanto negativas (como a ampliaçã o da pobreza em países menos desenvolvidos e a concentraçã o da
riqueza nos países mais desenvolvidos).

2. Entre as consequências da expansã o das multinacionais, destacam-se a mundializaçã o da produçã o e a


ampliaçã o do comércio mundial de mercadorias e serviços.

3. A descentralizaçã o da produçã o das multinacionais ocorreu a partir do final da Segunda Grande


Guerra, inicialmente com predomínio de empresas estadunidenses.
4. Há uma estreita relaçã o entre a Terceira Revoluçã o Industrial e as multinacionais, pois estas valeram-
se da expansã o das tecnologias da informaçã o para descentralizar as unidades produtivas, além de
aumentar a produtividade e a competitividade.

5. Atualmente, os capitais financeiros circulam livremente pelo mundo e têm nas bolsas de valores um
de seus principais veículos.

6. Os fluxos relacionados à s trocas comerciais, de capitais financeiros e os relacionados à s migraçõ es


internacionais sã o chamados de fluxos materiais. Já os fluxos cujos objetos de troca ou de circulaçã o nã o
sã o visíveis, como os fluxos de informaçã o, sã o os fluxos imateriais ou nã o materiais.

7. Uma das mais importantes críticas à globalizaçã o é que seus benefícios nã o atingem todos os países. O
que se verifica, pelo contrá rio, é o aumento das diferenças sociais, econô micas e tecnoló gicas entre as
regiõ es do globo.

8. A formaçã o dos blocos econô micos deveu-se a fatores como o aumento da competitividade, a fluidez
do capital financeiro e a expansã o das multinacionais.

9. A Uniã o Europeia é uma uniã o econô mica e monetá ria formada por países europeus, cujos membros
adotam a mesma política de desenvolvimento e uma moeda ú nica.

10. Entre os obstá culos atualmente enfrentados pelo Mercosul, podem-se citar as diferenças
socioeconô micas entre seus membros e a instabilidade das políticas econô micas dos países que o
compõ em.

11. Os subsídios agrícolas sã o políticas estatais que oferecem recursos econô micos aos produtores por
unidade que produzem ou exportam. Esses subsídios tornam a produçã o mais barata e, por isso, a
agricultura subsidiada torna-se mais competitiva, reduzindo a possível concorrência de outras
agriculturas nã o subsidiadas.

Lendo mapas, gráficos e tabelas (p. 42-43)

12. Entre as dez maiores multinacionais em 2014, duas pertencem aos Estados Unidos, e as demais, à
exceçã o da que provém da China, têm origem nos países centrais do sistema capitalista. A segunda
característica marcante é o predomínio de multinacionais relacionadas ao petró leo.

13. a) O mapa mostra que os principais mercados consumidores de produtos chineses sã o a América do
Norte, a Europa e a pró pria Á sia.
b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos apontem a importâ ncia de produtos manufaturados
variados na exportaçã o chinesa.
c) Os fluxos de exportaçã o de produtos industrializados mostrados no mapa, além da observaçã o da
quantidade de produtos industrializados chineses que utilizamos no nosso cotidiano, apontam para a
hipó tese de que a atividade econô mica predominante na China é a atividade industrial.

14. a) Sim, há uma grande disparidade entre a economia brasileira e a dos outros países-membros do
Mercosul. Em 2014, o PIB brasileiro representava cerca de três quartos do PIB do Mercosul, incluindo a
Venezuela.
b) A principal hipó tese a ser levantada em relaçã o à reduçã o das importaçõ es de produtos do Mercosul
pelo Brasil é o aumento das relaçõ es comerciais com outros países, sobretudo os asiá ticos, liderados pela
China.
Pá gina 273

15. a) O principal parceiro da Asean é a China, o que pode ser explicado pela pujança do crescimento
econô mico chinês nas ú ltimas décadas. Uma das á reas de expansã o das exportaçõ es chinesas foram os
países asiá ticos, incluindo os da Asean.
b) O fato de o comércio interno da Asean ser pouco significativo em comparaçã o com o que ocorre em
outros blocos pode ser explicado pela grande desigualdade econô mica existente entre os países-
membros da Asean, alguns deles muito pobres e com pequeno mercado consumidor.

16. No período entre 1953 e 2013 ocorreram vá rias mudanças: os Estados Unidos, que apresentavam
quase 20% do comércio mundial em 1953, perderam a liderança e, em 2013, se mantiveram nos mesmos
patamares que a China. No mesmo período, observa-se o crescimento da Alemanha, que também perdeu
posiçã o no mercado em 2013 assim como o Japã o entre 2003 e 2013. Outra grande mudança foi o forte
crescimento das exportaçõ es chinesas no século XXI. Atualmente esse país se mantém líder, com os
Estados Unidos, nas exportaçõ es no comércio mundial.

Interpretando textos e imagens (p. 43)

17. Nã o, a visã o do autor da charge é de crítica à globalizaçã o, nã o é uma visã o pró -globalizaçã o. Essa
interpretaçã o pode ser justificada, em primeiro lugar, pelo fato de a maior parte dos envolvidos na
charge ser qualificada como “pobre”, destacando a manutençã o da pobreza e da desigualdade social pelo
processo de globalizaçã o. Além disso, a crítica também é uma ironia contra a ideia de uma uniã o de todo
o planeta, já que o autor localiza geograficamente os pobres e os ricos, mostrando que há uma
fragmentaçã o bem demarcada do mundo globalizado.

18. A criaçã o da Parceria Transpacífico estabelece o livre comércio entre doze países da regiã o,
liderados por Estados Unidos e Japã o. Dessa forma, abre as portas de novos mercados para os produtos
fabricados nesses países, aumentando a competitividade com os produtos chineses e enfraquecendo a
influência da China na regiã o.

19. a) A instituiçã o responsá vel por regular o comércio mundial é a Organizaçã o Mundial do Comércio
(OMC).
b) Os subsídios do governo estadunidense podem comprometer as exportaçõ es brasileiras à quele país
ou a outros com que estabelece relaçã o comercial, pois os produtos brasileiros nã o teriam preços
competitivos.

Capítulo 4 A inserção do Brasil na economia mundial

Neste capítulo, cujo foco é a inserçã o do Brasil no mercado mundial, abordam-se a organizaçã o territorial
e a articulaçã o da economia interna, com o objetivo de levar o aluno a perceber aspectos relevantes do
papel que o país pode assumir no cená rio internacional. Para analisar o nível de autonomia do Brasil em
suas relaçõ es com os demais países ao longo da histó ria, é importante entender como ocorreram a
ocupaçã o do territó rio, a definiçã o de seus limites e a sua regionalizaçã o, além das características dos
modos de exploraçã o de suas riquezas naturais.

Sugestões didáticas

• A ocupação do território (p. 45)

Antes de desvendar os processos envolvidos na formaçã o territorial do Brasil, é interessante


problematizar o pró prio conceito de territó rio. Segundo o PCN+/Ensino Médio (p. 56):

A delimitaçã o do territó rio é a delimitaçã o das relaçõ es de poder, domínio e apropriaçã o nele instaladas. É
portanto uma porçã o concreta. O territó rio pode, assim, transcender uma unidade política, e o mesmo
acontecendo com o processo de territorialidade, sendo que este nã o se traduz por uma simples expressã o
cartográ fica, mas se manifesta sob as relaçõ es variadas, desde as mais simples até as mais complexas.

A ocupaçã o e a formaçã o do territó rio brasileiro devem ser entendidas associadas ao processo
fomentado pelo capitalismo comercial, que motivava os europeus (portugueses) na busca de riquezas.
Nesse contexto, as potencialidades econô micas determinavam os rumos da ocupaçã o territorial, que
variavam na medida em que essas potencialidades se transformavam ou nã o em fontes viá veis de lucros.
Há recursos que podem facilitar a percepçã o dos alunos a respeito da relaçã o entre as á reas ocupadas no
período colonial e as atividades econô micas desenvolvidas. Pode-se, por exemplo, utilizar um mapa para
o aluno visualizar a evoluçã o da ocupaçã o do territó rio brasileiro. Se for possível utilizar um mapa físico,
as características naturais também podem ser discutidas como fatores restritivos ou facilitadores da
ocupaçã o do territó rio. Caso a escola nã o disponha de mapas em grande escala, a sugestã o é explorar o
mapa da pá gina 45, onde estã o representadas informaçõ es significativas para o entendimento da
formaçã o territorial no Brasil.

A reproduçã o da pintura da cidade do Recife (p. 44) é um recurso que pode ajudar a ressaltar a
importâ ncia da faixa litorâ nea, onde se assentou a maior parte dos habitantes desde o início da
colonizaçã o. Como a economia brasileira se configurou de modo dependente da Europa, as cidades
portuá rias tinham a funçã o de fazer a conexã o do Brasil com o mercado europeu.

O boxe Ação e cidadania (p. 45) discute as disputas por territó rios entre comunidades indígenas e
agricultores, pecuaristas e garimpeiros na Amazô nia, o que poderá ser aprofundado no desenvolvimento
da atividade proposta.

• A industrialização e a integração do território (p. 46)

O desenvolvimento industrial no Brasil é um tema fundamental para entender a situaçã o econô mica
atual do país e sua inserçã o no sistema global. Contudo, é recomendá vel que o ponto de partida do
trabalho com os alunos seja o contexto em que se deram os esforços iniciais da industrializaçã o (entre os
séculos XIX e XX). É necessá rio que o aluno dimensione os empecilhos que se colocavam à
industrializaçã o (fragilidade política, dependência econô mica, carência técnica, tradiçã o agrá ria, falta de
integraçã o territorial e econô mica, etc.).

Atentos a esse contexto, os alunos terã o bases mais adequadas para compreender o significado e o peso
dos fatores que viabilizaram a industrializaçã o no Brasil (formaçã o de capitais com a economia cafeeira,
substituiçã o de importaçõ es em decorrência das crises, atuaçã o estatal, investimentos externos, etc.).

É frutífero explorar o conceito de “economia de arquipélago”, dada sua importâ ncia no entendimento da
falta de coesã o econô mica interna no Brasil nas primeiras décadas do século XX. O mapa que mostra a
espacializaçã o dessa economia (p. 46) pode ajudar o aluno a perceber que as á reas economicamente
integradas (representadas em laranja-claro) eram muito restritas e polarizadas por Sã o Paulo e Rio de
Janeiro.
Pá gina 274

A identificaçã o das zonas de influência e dos fluxos estabelecidos permite verificar que o maior
dinamismo econô mico limitava-se à s proximidades do litoral e que a maior parte do territó rio mantinha-
se apenas com a economia local.

Com essas questõ es, é possível levar os alunos a perceber a importâ ncia da industrializaçã o para o Brasil.
Podem-se adotar como tó picos de aná lise o desenvolvimento econô mico, a dependência externa (DIT), a
urbanizaçã o, as questõ es ambientais.

• Características regionais do Brasil (p. 48)

A construçã o do significado de regionalizaçã o, exposto no início do tó pico, e a possibilidade de analisar


criticamente sua importâ ncia para a organizaçã o territorial de um país sã o pré-requisitos para a
exploraçã o das características regionais brasileiras.

É importante destacar a necessidade de levantamentos de informaçõ es geográ ficas e socioeconô micas


para fundamentar as opçõ es adotadas na determinaçã o dos limites regionais.

A abordagem das características das regiõ es brasileiras pode ser introduzida com a aná lise do mapa da
divisã o regional e da tabela que relaciona á rea e populaçã o das diferentes regiõ es (p. 48). Sugerimos que
os alunos sejam estimulados a identificar detalhes reveladores de aspectos importantes, como a
diferença de tamanho e ocupaçã o entre as regiõ es e a ausência de um equilíbrio entre á rea e ocupaçã o. A
Regiã o Sudeste, por exemplo, possui um quarto da á rea da Regiã o Norte, mas apresenta uma populaçã o
cerca de cinco vezes maior.

Discussõ es, debates, interpretaçã o, produçã o e socializaçã o de textos também sã o estratégias que podem
colaborar para o desenvolvimento do senso crítico dos alunos. Com esse objetivo, podem ser trabalhadas
as causas e as consequências das desigualdades regionais e a comparaçã o entre diferentes propostas de
regionalizaçã o (p. 51).

• Presença Indígena – Xingu (p. 52-53)

O tema Parque Indígena do Xingu (PIX) é veiculado com certa frequência nos meios de comunicaçã o,
dando-se ênfase aos rituais de suas populaçõ es, como o quarup (cerimô nia em homenagem aos mortos),
e a atividades como a caça, a pesca e o convívio com o rio. Porém, as informaçõ es sobre a histó ria, os
problemas, as necessidades, as tensõ es e as perspectivas do parque estã o menos presentes nas
reportagens veiculadas pela mídia. Sã o esses os aspectos – sempre ressaltados pelas lideranças
indígenas do Xingu – tratados no texto. Conhecer e discutir essas questõ es é fundamental para a tomada
de consciência de todos os brasileiros (sobretudo dos jovens) sobre o PIX e sobre a questã o indígena em
geral.

• Mundo Hoje – A globalização e a cultura brasileira (p. 54)

O texto discute as mudanças culturais resultantes dos encontros proporcionados pela globalizaçã o. A
autora, especialista em Psicologia Social, afirma que o verdadeiro problema é a forma antidemocrá tica
que marca esses encontros, quando uma cultura é imposta como superior a outra, quando as diferenças
culturais se tornam fonte de desigualdade social e de sofrimento para as pessoas. Ao abordar o tema,
você pode pedir aos alunos que discutam essas ideias e as exemplifiquem com fatos do cotidiano.

• Informe – Agronegócio e o uso corporativo do território na Amazônia (p. 55)

O texto demonstra a nova dinâ mica econô mica da Amazô nia, especialmente com a inserçã o da economia
de mercado em seu espaço rural. As bordas da floresta vêm se transformando em espaços fragmentados,
organizados de acordo com a globalizaçã o das grandes empresas do agronegó cio, que implantam seus
projetos econô micos com apoio dos governos e elites regionais. O texto faz um alerta sobre o processo de
transformaçã o da regiã o em um territó rio corporativo.

Atividade complementar

Caracterização das regiões brasileiras O Brasil é um país de dimensõ es continentais, fator que
reforça o isolamento entre os habitantes de regiõ es diferentes. Por isso, por mais que todos tenham
informaçõ es sobre as regiõ es brasileiras, é comum a veiculaçã o de informaçõ es estereotipadas ou
fragmentadas. Dessa forma, é importante conhecer com alguma profundidade as características das
regiõ es brasileiras para compreender melhor a realidade do país e os seus desafios.

Descrição da atividade

Sugere-se que a atividade seja realizada em grupos, cada um deles incumbido de pesquisar uma regiã o
brasileira, com o objetivo de produzir dois materiais: um texto escrito e um recurso audiovisual.

O texto consistirá em um resumo descritivo – elaborado a partir de informaçõ es coletadas em sites


(sugestã o: <http//www.ibge.gov.br>; acesso em 21 mar. 2016), enciclopédias, livros, etc. – e uma aná lise
do grupo a respeito das características da regiã o. Nessa aná lise podem ser abordadas as potencialidades
econô micas, a situaçã o social, os problemas ambientais, etc. O resumo deve contemplar os seguintes
temas:

• Aspectos naturais: clima, vegetaçã o, relevo e hidrografia.

• Aspectos econô micos: atividades produtivas, desempenho do PIB, renda per capita, distribuiçã o da
Populaçã o Economicamente Ativa, etc.

• Indicadores sociais: IDH, mortalidade infantil, expectativa de vida, escolaridade, crescimento


vegetativo, etc. O recurso audiovisual pode ser elaborado a partir de pesquisas (que podem ser
auxiliadas pelos professores de Linguagem e de Arte) sobre manifestaçõ es culturais que representem
traços da identidade regional. A atividade torna-se muito enriquecedora quando se cria a possibilidade
de os alunos realizarem, na escola, apresentaçõ es de mú sicas (gravadas ou tocadas e cantadas por eles
pró prios), poemas, literatura de cordel, vídeos com danças folcló ricas, réplicas ou objetos típicos, etc.

Leitura complementar

Corroborando o texto de Pierre Salama, sugerido na seçã o Leitura complementar referente ao capítulo 2,
Maria da Conceiçã o Tavares também expõ e as dificuldades de inserçã o do Brasil no mercado global,
enfatizando a continuidade da situaçã o de dependência em relaçã o aos países desenvolvidos a que o país
se submete. Contudo, a autora constró i sua argumentaçã o criticando o sistema financeiro. Tavares
considera que as tramas articuladas em torno do capitalismo financeiro sã o um dos principais
mecanismos para fazer persistirem as relaçõ es desiguais entre o Brasil e os países desenvolvidos.
Pá gina 275

O capitalismo tardio no Brasil

A chegada tardia do capitalismo brasileiro à primeira revoluçã o industrial deu-se nas entranhas do complexo
cafeeiro a partir do “encilhamento” do ú ltimo quartel do século XIX. Já a implantaçã o, igualmente tardia, da
indú stria pesada da segunda revoluçã o industrial só foi iniciada a partir da década de [19]50 e terminou com o
governo Geisel, 30 anos depois. Nesta longa trajetó ria de mais de cem anos de histó ria da indú stria e de
desenvolvimento de forças produtivas especificamente capitalistas, nã o foi possível conduzir o país nem à
condiçã o de potência intermédia na Ordem Mundial, nem à geração de um nú cleo endó geno de ciência e
tecnologia capaz de imprimir ao Brasil o seu “destino manifesto” da modernidade desejada por meio do
progresso. Este, apesar de colossal, nã o nos retirou da nossa condiçã o de país subdesenvolvido, nem da
combinaçã o “excêntrica” de Estado nacional periférico e de economia capitalista fortemente dependente do
capital internacional. O tipo de dependência comercial, financeira e sobretudo cultural é que tem mudado.

O Brasil tem estado sujeito – no final de cada grande ciclo longo de expansã o do capital internacional – a
incorrer em morató ria com seus credores internacionais, como mostram as três grandes morató rias
brasileiras. A primeira deu-se durante a plena vigência do padrã o ouro, em 1897. A segunda, a morató ria de
1937, ocorreu – em plena decadência do liberalismo, do padrã o ouro e da hegemonia inglesa – no clima de
intervençã o do Estado Novo, à s vésperas da Segunda Guerra Mundial. A terceira morató ria deu-se em 1987,
depois da crise geral da dívida externa de 1980-82, que atingiu todos os países periféricos, embora o novo
ajuste liberal brasileiro só viesse a repetir-se depois da outra morató ria, no início da década de [19]90, e com a
adesã o tardia do Brasil ao projeto de neoliberalismo global sob a hegemonia do “Consenso de Washington”.

É fá cil olhar da perspectiva de hoje o que significou a falta de um nú cleo endó geno de financiamento pú blico e
privado nacional capaz de articular as vá rias fraçõ es do capital sem passar pelo endividamento externo
recorrente e periodicamente paralisante. Sem um capitalismo financeiro interno que fosse além do
patrimonialismo, os bancos brasileiros foram se convertendo em parasitas do Estado e beneficiá rios da
inflaçã o (Tavares, 1972 e 1978). No final da década de [19]60, as autoridades econô micas brasileiras
produziram, de forma precoce e original vis-à- -vis a posterior globalizaçã o financeira mundial, a armadilha do
“dinheiro indexado”, que nos valeu duas décadas de superinflaçã o e crises cambiais recorrentes, e converteu o
Banco Central em banca e jogador principal do cassino da ciranda financeira interna acoplada à ciranda
financeira internacional. Entã o, como hoje, do ponto de vista do controle da acumulação de capital, o maior
fracasso de nossa histó ria financeira foi a falta de instituiçõ es pú blicas e privadas capazes de garantir
endogenamente a intermediaçã o financeira adequada ao pró prio potencial de crescimento da economia. O
poder pú blico nunca foi capaz de impedir a esterilizaçã o de nossa poupança interna pelo “moinho satâ nico” da
especulação patrimonial e financeira dos dois maiores poderes privados na histó ria da repú blica: o capital
bancá rio nacional e o capital financeiro internacional.

TAVARES, Maria da Conceiçã o. Política e economia na formação do Brasil contemporâneo. Disponível em:
<http://csbh.fpabramo.org.br/o-que-fazemos/editora/teoria-e-debate/edicoes-anteriores/economia-politica-e-economia-
na-formacaodo>. Acesso em: 21 mar. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

BECKER, Bertha K. Geopolítica da Amazô nia. Revista Estudos Avançados, Sã o Paulo, v. 19, n. 53, 2005.
Disponível em: <http://linkte.me/bbgeopam>. Acesso em: 22 mar. 2016.
A autora discute as profundas mudanças ocorridas na Amazô nia, onde novos atores, como a sociedade
civil organizada, os governos estaduais e a cooperaçã o internacional, têm papel decisivo atualmente. A
dificuldade de implementaçã o de políticas pú blicas adequadas para a Amazô nia sã o resultado dos
conflitos entre os diversos interesses dominantes na escala global, nacional e regional.

FURTADO, Celso. A economia latino-americana: formaçã o histó rica e problemas contemporâ neos. Sã o
Paulo: Companhia das Letras, 2007.
O reconhecido autor faz uma recomposiçã o histó rica dos processos que estruturaram a economia dos
países latino-americanos. Nesse trabalho é possível perceber como a articulaçã o dos sistemas coloniais
viria a pesar na definiçã o das relaçõ es comerciais externas no futuro.

RATTNER, Henrique (Org.). Brasil no limiar do século XXI. Sã o Paulo: Edusp, 2000.
O livro é uma coletâ nea de artigos que discutem a realidade brasileira sob diferentes aspectos:
econô micos, sociais, urbanos, políticos e educacionais.

SITES

Comissã o Econô mica para a América Latina e o Caribe (Cepal) no Brasil


Site da instituiçã o criada para estimular o desenvolvimento econô mico e a cooperaçã o econô mica entre
países latino-americanos e caribenhos. O site disponibiliza algumas de suas publicaçõ es, além de
documentos e notícias sobre a economia da América Latina. Disponível em: <http://linkte.me/cepal>.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


Portal do ó rgã o responsá vel pelo levantamento de dados e informaçõ es do Brasil, com o intuito de
atender a necessidades dos ó rgã os federais, estaduais e municipais e a sociedade civil. Disponível em:
<http://linkte.me/ibge>. Acessos em: 17 maio 2016.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 44)

1. Na representaçã o de Franz Post, é possível observar a ocupaçã o litorâ nea, indicando a instalaçã o das
feitorias para contabilizaçã o e envio das matérias-primas extraídas para a Europa. Além disso, a
concentraçã o de negros e indígenas pró xima à s edificaçõ es permite indicar que havia comércio de
escravos, que eram a mã o de obra utilizada no sistema de plantation.

• Ação e cidadania (p. 45)

1. Como dependem essencialmente dos recursos naturais para a sobrevivência, umas das principais
dificuldades enfrentadas pelos grupos indígenas é conseguir demarcar a á rea necessá ria para
estabelecer suas atividades, tais como a caça, a pesca, o extrativismo e a agricultura.
Pá gina 276

Além disso, muitos conflitos sã o gerados a partir dos interesses de outros grupos sociais que querem
estabelecer suas atividades econô micas nas terras demarcadas. Esses grupos reivindicam ou até mesmo
invadem terras indígenas para explorar ilegalmente a floresta ou desmatá -las para estabelecer
atividades agrícolas.

• Ação e cidadania (p. 48)

1. O multiculturalismo regional é uma das características principais do Brasil. No entanto, é importante


que os alunos reflitam que a diversidade cultural nã o respeita os limites das regionalizaçõ es e que há
muitas formas e prá ticas culturais ainda pouco conhecidas. A valorizaçã o dessas expressõ es é o que dá
identidade e caracteriza nosso mosaico cultural.

• Conexão (p. 50)

1. Resposta pessoal. O principal objetivo da atividade é que os alunos observem e discutam as condiçõ es
de existência no local onde vivem. As discussõ es envolvem a transdisciplinaridade (meio ambiente) e
podem, a seu critério, extrapolar a poluiçã o dos rios da regiã o e chegar à poluiçã o do ar e de outros
elementos do meio ambiente. Você também pode incentivá -los a levantar problemas e suas soluçõ es.

2. A tarefa de preservar os rios cabe a todos os setores da sociedade: empresas, governantes, pessoas
comuns. Nas indú strias devem ser adotadas medidas sustentá veis, incluindo a contençã o de dejetos e o
tratamento de á guas lançadas nos rios; na á rea rural, os produtores devem preservar as matas ciliares e
controlar a utilizaçã o de fertilizantes e pesticidas; os governantes devem adotar leis que regulem as
atividades que possam comprometer a qualidade da á gua dos rios e fiscalizar o seu cumprimento; e os
cidadã os devem dar uma destinaçã o correta ao lixo, evitar o desperdício e há bitos consumistas, etc.

• Para discutir (p. 53)

1. Na época em que Karl von den Steinen fez seu comentá rio, a regiã o praticamente nã o tinha sido
atingida ou ocupada pela expansã o da sociedade nã o indígena. Os indígenas viviam inteiramente de
acordo com seus costumes ancestrais, sem contato com os nã o indígenas. A partir da década de 1940,
iniciou-se a ocupaçã o da regiã o, que se intensificou nas ú ltimas décadas, com a expansã o das lavouras de
soja e da pecuá ria.

2. Nã o foi levado em conta o fato de as cabeceiras dos rios formadores do Xingu estarem fora do Parque.
Naquela época, a regiã o ainda nã o tinha passado pelo intenso processo de ocupaçã o pelas atividades
agropecuá rias que se verifica atualmente.

• Para discutir (p. 54)

1. O objetivo da questã o é que os alunos desenvolvam uma reflexã o sobre a diversidade cultural do país.
Que comparem elementos culturais da regiã o onde vivem com os de outras regiõ es e destaquem as
semelhanças e diferenças entre eles. O professor pode, por exemplo, solicitar a aná lise de um elemento
cultural, como literatura, mú sica ou gastronomia.

2. A imposiçã o cultural deve ser entendida como o abandono total ou parcial de sua pró pria identidade
cultural — reprimida ou desvalorizada, considerada inferior — em favor de outra, que se impõ e como
superior, melhor, mais valorizada. Novamente o aluno deve observar seu cotidiano e retirar dele
elementos interessantes, por exemplo, grupos economicamente mais fortes que ridicularizam as
manifestaçõ es culturais de comunidades mais pobres (vocabulá rio, mú sicas, festas) e impõ em as suas.

3. O aluno deverá identificar elementos culturais globais que se incorporaram aos locais/regionais.
• Para elaborar (p. 55)

1. Trata-se das commodities, em especial a produçã o de grã os – soja, milho e arroz. Além disso, a
exploraçã o da madeira e a pecuá ria também sã o atividades econô micas que se destacam na regiã o.

2. As transformaçõ es ocorridas recentemente na Amazô nia vêm tornando o antigo espaço agrícola de
subsistência ou de pouco excedente em um espaço cujos agentes hegemô nicos territorializam seus
projetos econô micos com apoio dos governos e das elites regionais, metamorfoseando-o em um
territó rio corporativo do capital.

3. Espera-se que os alunos apresentem as principais políticas adotadas pelo governo militar para a
ocupaçã o da Amazô nia, das quais se destacam: as grandes obras rodoviá rias, como a Transamazô nica e a
Belém-Brasília; a implantaçã o da Zona Franca de Manaus; e a criaçã o da Superintendência do
Desenvolvimento da Amazô nia (Sudam), que oferecia planejamento e incentivos aos interessados em
produzir na regiã o, em especial os produtores rurais do sul do Brasil. Apó s grandes incentivos de
ocupaçã o da Amazô nia durante essas duas décadas, os problemas socioambientais se agravaram, tais
como o intenso desmatamento com repercussã o internacional, a perda de territó rios pertencentes aos
indígenas e a precarizaçã o das condiçõ es de vida da populaçã o.

• Atividades (p. 56-57)

Revendo conceitos (p. 56)

1. Nos séculos XV e XVI, em plena fase do capitalismo mercantil, a conquista e a colonizaçã o de


territó rios significavam a possibilidade de gerar riquezas para os Estados colonizadores.

2. A mais importante das atividades econô micas ligadas à conquista do interior do territó rio foi a
pecuá ria. Citam-se ainda a busca, pelos bandeirantes, de ouro e de indígenas para escravizar, além das
drogas do sertã o na Amazô nia.

3. Entre as transformaçõ es ambientais promovidas pelo café, podemos citar o desmatamento e a erosã o
de encostas; já no â mbito social, o café propiciou a formaçã o de uma elite com grande poder político e
econô mico e de uma classe de trabalhadores livres.

4. As políticas desenvolvimentistas brasileiras estavam relacionadas à promoçã o da industrializaçã o no


Brasil.

5. A indú stria de substituiçã o de importaçõ es caracteriza-se pela produçã o nacional de bens


industrializados em substituiçã o aos produtos importados; essa indú stria teve maior desenvolvimento
nos períodos de crises mundiais.

6. Os critérios adotados pelo IBGE para a regionalizaçã o do Brasil estã o ligados à s características físicas
e econô micas de cada porçã o do espaço nacional; a delimitaçã o das regiõ es obedece aos limites político-
administrativos dos estados.

7. Espera-se que os alunos comentem que essa regionalizaçã o propõ e uma organizaçã o do Brasil em
quatro regiõ es (Amazô nia, Nordeste, Centro-Oeste e Regiã o Concentrada) de acordo com o nível técnico-
científico-informacional.
Pá gina 277

A Amazô nia se caracterizaria por baixa densidade técnica e demográ fica; o Nordeste, por uma
agricultura pouco mecanizada; o Centro-Oeste, por um setor agropecuá rio mecanizado e produtivo; e a
Regiã o Concentrada, pelo alto nível de técnica e ciência empregadas na produçã o, possibilitando à regiã o
participar mais efetivamente do processo de globalizaçã o. Se julgar necessá rio, destaque que essas
regiõ es nã o sã o homogêneas, inclusive a Regiã o Concentrada. Nelas há diferentes á reas onde os meios
técnico-científicos estã o mais concentrados ou menos concentrados. Por exemplo, há polos tecnoló gicos
importantes no Nordeste, como em Campina Grande (Joã o Pessoa), e há á reas com baixo nível de
industrializaçã o na Regiã o Concentrada, como o norte de Minas Gerais.

8. Durante o “milagre brasileiro”, no período entre 1967 e 1973, o Brasil conheceu elevado crescimento
econô mico, que se deu, prioritariamente, na Regiã o Sudeste. Isso gerou uma forte concentraçã o de renda
e um aumento da desigualdade regional.

Lendo mapas e gráficos (p. 56-57)

9. a) A anamorfose de populaçã o revela que as regiõ es Sudeste, Nordeste e Sul sã o as que apresentam
maior populaçã o.
b) A comparaçã o entre as anamorfoses de populaçã o e superfície revela que a Regiã o Norte apresenta a
maior á rea, mas sua populaçã o é pequena; portanto, é uma regiã o com baixa densidade demográ fica.
c) A comparaçã o entre as anamorfoses dá elementos para caracterizar a distribuiçã o da populaçã o pelo
territó rio, já que possibilita perceber a maior concentraçã o da populaçã o em três regiõ es (Sudeste,
Nordeste e Sul) e a presença de duas grandes regiõ es pouco populosas (Centro-Oeste e Norte).

10. O grá fico sobre a participaçã o das regiõ es brasileiras no PIB mostra a desproporcional participaçã o
do Sudeste no PIB brasileiro (55,4%). Essa desproporçã o indica a concentraçã o de atividades e riqueza
nessa regiã o.

11. a) A participaçã o da populaçã o da Regiã o Centro-Oeste no conjunto da populaçã o brasileira passou a


aumentar a partir da década de 1960, com a fundaçã o de Brasília, a construçã o de rodovias e a instalaçã o
de fazendas.
b) O crescimento da participaçã o da populaçã o da Regiã o Norte no conjunto da populaçã o nacional
ocorre a partir das décadas de 1970/1980, graças à construçã o de rodovias, aos incentivos à migraçã o
propostos pelo Estado brasileiro e à instalaçã o de projetos minerais e agropecuá rios.

12. a) Atualmente, afirma-se que a economia brasileira deixou de ser “de arquipélago” porque, ao
contrá rio do que acontecia até a primeira metade do século XX, o territó rio brasileiro está quase
inteiramente integrado.
b) Há dois fluxos migrató rios principais: um parte do Nordeste em direçã o ao Sudeste e ao Norte; o outro
parte do Sul em direçã o ao Sudeste e ao Centro-Oeste.
c) O símbolo que indica o centro de gravidade econô mica está sobre a cidade de Sã o Paulo. Ele significa
que essa cidade representa um polo, isto é, um centro de onde partem as açõ es necessá rias para a
integraçã o do territó rio.

Interpretando textos e imagens (p. 57)

13. O problema levantado pelo poeta é a queimada. As queimadas na regiã o mencionada ocorrem em
funçã o da expansã o das atividades agropecuá rias. A floresta é queimada para dar lugar ao gado e aos
cultivos.

14. a) A constante transformaçã o tecnoló gica é imperativa para o desenvolvimento de um país. No


entanto, a produçã o brasileira esteve, durante a maior parte da sua histó ria, restrita à exportaçã o de
matérias-primas. O impulso industrial, no final do século XIX e início do século XX, e as políticas estatais
para o desenvolvimento a partir do mesmo período nã o foram suficientes para reduzir (ou suprimir) sua
dependência da importaçã o de produtos e de técnicas de produçã o. O dilema dos jovens brasileiros para
o término da dependência é construir o caminho da constante renovaçã o tecnoló gica do país, para que
ele deixe de ser eternamente um mero consumidor.
b) A empresa de tecnologia, desenvolvimento e pesquisa instalada em Recife representa um dos
caminhos desejados pelo autor do texto, Paul Singer, para que o Brasil desenvolva suas pró prias
tecnologias de inovaçã o e, assim, se torne menos dependente de técnicas de produçã o e de consumo das
“naçõ es adiantadas”.

Capítulo 5 Circulação e transportes

Se a globalizaçã o se manifesta pela interconexã o dos lugares, constituindo redes que integram espaços
em diferentes escalas e pelas quais circulam inú meros itens, a base material que viabiliza esse processo é
tecida pelo desenvolvimento dos meios de transportes e comunicaçõ es.

Desse modo, os sistemas de transportes nã o devem ser vistos apenas como meios técnicos para o
estabelecimento de diversos tipos de fluxos; eles também devem ser analisados como a concretizaçã o da
dinâ mica que se estabelece entre as forças produtivas e as demandas comerciais. As redes viá rias podem
revelar aspectos da divisã o internacional do trabalho e dos eixos de influência dos países centrais do
sistema capitalista.

Sugestões didáticas

• O transporte marítimo/O transporte hidroviário/ O transporte ferroviário/As rodovias/O


transporte aéreo (p. 59-64)

Neste capítulo, é importante fazer um levantamento das características dos principais meios de
transporte utilizados no mundo. É recomendá vel que o aluno seja orientado a identificar os meios mais
adequados (de acordo com as quantidades e tempos exigidos e com a segurança necessá ria) para
transportar diferentes tipos de mercadorias. Ele deverá também depreender quais meios sã o mais
adequados ou eficientes para realizar deslocamentos internos e internacionais.

O domínio sobre as características essenciais dos principais meios de transporte permite aferir melhor a
importâ ncia de cada um para o funcionamento do mercado mundial e para se efetivar a integraçã o
territorial entre os países e dentro deles. Para isso, é importante assessorar a interpretaçã o dos textos e
a aná lise dos recursos vi suais, para que os alunos possam selecionar as principais informaçõ es,
compará -las e obter conclusõ es sobre o papel que os vá rios meios de transporte exercem na
globalizaçã o.
Pá gina 278

Isso pode ser feito com o incentivo à organizaçã o em rascunhos ou tabelas das informaçõ es levantadas (o
que facilita as comparaçõ es) e à elaboraçã o de textos com as conclusõ es.

Nos vá rios mapas apresentados ao longo do capítulo, é importante destacar a distribuiçã o das redes
viá rias representadas, identificando as desigualdades e a abrangência da integraçã o territorial e
comercial proporcionada por elas.

• Mundo Hoje – A ineficiência da infraestrutura logística do Brasil (p. 65)

O texto levanta a importâ ncia do processo de circulaçã o no Brasil, enfatizando as atuais condiçõ es dos
diferentes tipos de transporte. De acordo com o levantamento realizado, o sistema de logística brasileiro
é profundamente prejudicado pela má qualidade das rodovias fora das principais cidades, pela
obsolescência da ainda pequena malha ferroviá ria, pelos altos preços e pela lentidã o dos processos
alfandegá rios nos portos do país, entre outros problemas.

É importante apresentar aos alunos a discussã o sobre o papel da circulaçã o no processo produtivo,
passando pelas diferentes e complementares etapas, bem como a entrega dos produtos prontos para
venda final nas redes de distribuiçã o. Vale destacar os papéis exercidos pelo Estado e pelo setor privado
na ampliaçã o e manutençã o das redes de transporte e de que forma isso influencia a inserçã o brasileira
no comércio internacional.

Atividade complementar

Levantamento da situação dos meios de transporte no Brasil

Descrição da atividade

Sugere-se que o trabalho seja organizado em grupos, cada um deles devendo pesquisar as condiçõ es de
uma das principais modalidades de transporte no Brasil. Serã o distribuídos entre os grupos os seguintes
temas: rodovias, ferrovias, hidrovias, transporte aéreo, gasodutos e transporte marítimo de cabotagem.

A partir do tema indicado, cada grupo deverá elaborar um texto coletivo expressando o modo como o
grupo avalia as condiçõ es do meio de transporte pesquisado. Poderã o ser adotados como parâ metros de
avaliaçã o:

• Abrangência territorial do meio de transporte.

• Capacidade de uso (adequado à demanda, insuficiente ou subutilizado).

• Conservaçã o dos equipamentos e infraestruturas envolvidos.

• Eficiência e conexã o com outras modalidades de transporte.

• Custo do transporte.

É importante que os alunos sejam orientados a avaliar o contexto que envolve o meio de transporte
pesquisado, o que se obtém pelo processo de correlacionar as informaçõ es associadas aos tó picos acima,
e nã o por sua aná lise em separado. A orientaçã o do professor nesse sentido é fundamental. Os textos dos
grupos podem ser lidos coletivamente, o que pode ser o ponto de partida para a promoçã o de debates
sobre a situaçã o dos transportes no Brasil como um todo.

Leitura complementar
A extensã o e a eficiência da malha viá ria de um país sã o quesitos diretamente relacionados a sua
capacidade de inserçã o no mundo capitalista. Por essa malha fluem os itens que viabilizam os lucros e,
consequentemente, o desenvolvimento econô mico. Os meios de transporte, portanto, sã o parte
fundamental das infraestruturas mais presentes nas pautas de investimentos pú blicos e privados.

Devido a sua importâ ncia, torna-se um objetivo estratégico buscar meios de transporte adequados à s
especificidades geográ ficas do país, e, o quanto possível, propiciar a diversificaçã o da malha viá ria e a
integraçã o das diferentes modalidades de transporte. Mas nã o foi isso o que ocorreu no Brasil, onde o
Estado, historicamente, atendendo a interesses privados (como os da indú stria automobilística), investiu
maciçamente na construçã o de rodovias. Hoje, temos um sistema ferroviá rio sucateado, os rios
subaproveitados, e as rodovias nã o foram capazes de cumprir plenamente o objetivo de integraçã o
nacional.

O histórico do desmonte das ferrovias no Brasil

[...] o sucateamento das ferrovias começou um pouco antes da ditadura militar. Já nos anos JK o transporte
ferroviá rio foi sendo abandonado em prol do rodoviá rio, o que implicou priorizar a indú stria automobilística e
expandir as rodovias. A ditadura militar exponenciou tal processo e a privatizaçã o da RFFSA [Rede Ferroviá ria
Federal Sociedade Anô nima] jogou a ú ltima pá de cal sobre nossas ferrovias, que hoje têm uma ínfima
participação na logística de transportes nacional, sem falar [no] irrisó rio nú mero de passageiros transportados
sobre trilhos nas pouquíssimas linhas que restam. [...] o Brasil é o ú nico dos países de dimensão continental
que promoveu tal processo de desmantelamento do modal ferroviá rio.

SÉ RGIO, Clé ber. O histó rico do desmonte das ferrovias no Brasil. Disponível em: <http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-
historicodo-desmonte-das-ferrovias-no-brasil>. Acesso em: 28 abr. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

ARROYO, Mó nica; Cruz, Rita de Cá ssia Ariza. Território e circulação: a dinâ mica contraditó ria da
globalizaçã o. Sã o Paulo: Annablume, 2015.
Esse livro discute o cará ter unitá rio e contraditó rio da globalizaçã o nas dimensõ es do territó rio e da
circulaçã o, e a visã o da Geografia (em diá logo com outras ciências) sobre a fase contemporâ nea do
capitalismo.

SETTI, Joã o Bosco. Ferrovias no Brasil: um século e meio de evoluçã o. Rio de Janeiro: Memó ria do Trem,
2008.
A obra traz uma exposiçã o das principais ferrovias do país, levantando o histó rico da implantaçã o dessas
linhas.

SITE

Ministério dos Transportes


No site do encontram-se vá rios tipos de recursos e informaçõ es. Há fotos, mapas, relató rios e base de
dados sobre a rede de transportes no Brasil. Disponível em: <http://linkte.me/mtransp>. Acesso em: 22
mar. 2016.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 58)

1. Espera-se que os alunos respondam que, quanto mais conectados à s redes de transporte adjacentes,
ferrovias, rodovias, aeroportos, maior será o escoamento e a distribuiçã o de mercadorias no mundo
todo. Isso implica uma relaçã o de grande influência desses portos com as redes conectadas, pois sua
eficiência é determinante para induzir a velocidade do processos de produçã o e distribuiçã o, alterar o
preço final dos produtos, etc.
Pá gina 279

2. Na discussã o, esclareça que os portos sã o os principais meios de distribuiçã o e conexã o da produçã o


local para o comércio internacional, bem como seu oposto, ou seja, a distribuiçã o da produçã o
internacional para os lugares.

• Geografia e Arquitetura (p. 62)

1. No final do século XIX e início do século XX, a ferrovia era o meio de transporte terrestre mais
avançado e importante economicamente. A produçã o agrícola cafeeira, a principal atividade econô mica
da regiã o, passava a ser escoada pela ferrovia, cuja estaçã o ganhava destaque na paisagem da cidade de
Sã o Paulo. Materiais de construçã o, técnicas e projetos arquitetô nicos diferenciados costumam ser
apropriados ou desenvolvidos pelas camadas mais favorecidas das sociedades (seja pelo poder político,
seja por uma relevâ ncia social ou religiosa, seja pelo poder econô mico).

• Conexão (p. 64)

1. No Brasil, as ferrovias e hidrovias, por exemplo, poderiam ser alternativas vantajosas em relaçã o à s
rodovias. Mas esses meios de circulaçã o, em particular as ferrovias, recebem investimentos em
quantidades insuficientes para desafogar o fluxo rodoviá rio. Apesar do grande nú mero de rios
navegá veis no territó rio brasileiro, a quantidade de carga transportada pelas hidrovias ainda é pequena,
e as ferrovias, que já tiveram muita importâ ncia para o escoamento da produçã o de gêneros primá rios
até os portos, hoje se encontram em grande parte sucateadas.

2. O transporte rodoviá rio, responsá vel pela maior parte do fluxo de pessoas e de carga no país, nã o é o
mais adequado. Ele apresenta custos de manutençã o superiores e capacidade de carga inferior aos
transportes ferroviá rio e hidroviá rio. Com a ampliaçã o da produçã o agrícola para exportaçã o –
especialmente de grã os –, o transporte rodoviá rio mostrou-se muito insuficiente.

• Para elaborar (p. 65)

1. De maneira geral, os modais brasileiros apresentam problemas e necessitam de amplos investimentos


pú blicos para a melhoria e possível adequaçã o de suas deficiências. O sistema rodoviá rio enfrenta eixos
precá rios e sem segurança, especialmente fora das principais cidades. Os valores cobrados pelos
pedá gios em determinadas rodovias deixam o custo de circulaçã o mais alto. Já nos aeroportos
brasileiros, a vantagem competitiva do modal aéreo de entrega rá pida acaba se perdendo devido à
burocracia.

2. Os problemas existentes no setor de transporte tornam a distribuiçã o de mercadorias mais lenta e


mais cara, prejudicando as exportaçõ es e importaçõ es brasileiras. Tais problemas geram uma menor
competitividade do Brasil no mercado internacional.

• Atividades (p. 66-67)

Revendo conceitos (p. 66)

1. A localizaçã o de grandes portos no litoral asiá tico do Pacífico explica-se pelo fato de ali se
encontrarem importantes á reas industriais.

2. A capacidade de atraçã o de um porto se explica pela infraestrutura de que dispõ e para assegurar a
rapidez das cargas e descargas de um grande nú mero de navios com tamanhos e características
diferentes.
3. O transporte ferroviá rio é o mais adequado para transportar, por longas distâ ncias e a baixo custo,
matérias-primas de grande volume, bens manufaturados e passageiros. Em países de grande extensã o
territorial, as ferrovias devem ser destaque na matriz de transportes.

4. Entre os fatores que explicam a diminuiçã o das ferrovias no Brasil, citam-se a pressã o das
multinacionais automobilísticas para se privilegiarem as rodovias, a falta de investimentos no setor
ferroviá rio, a morosidade e os atrasos nas viagens, entre outros.

5. A instalaçã o da indú stria automobilística no Brasil e a expansã o mundial da indú stria petrolífera
favoreceram o investimento em transporte rodoviá rio, tornando-o o mais utilizado tanto para cargas
quanto para passageiros.

6. O potencial brasileiro em hidrovias nã o é totalmente utilizado em razã o de muitos rios carecerem de


obras de engenharia – retificaçã o dos rios, aprofundamento do canal, construçã o de pontes que
permitam a passagem de barcaças, etc. – para se tornarem hidrovias rentá veis.

Lendo mapas, gráficos e tabelas (p. 66-67)

7. a) Entre os países africanos que possuem as maiores malhas ferroviá rias, os alunos poderã o destacar
a Á frica do Sul, o Quênia e o Sudã o.
b) Porque o objetivo da construçã o da maior parte dessas linhas ferroviá rias era ligar á reas de produçã o
de matérias-primas aos portos de escoamento.
c) Nã o. As ferrovias africanas foram construídas no século XIX e início do século XX, quando a Á frica
estava ocupada pelos europeus, e nã o tiveram o objetivo de integrar o continente.

8. a) O transporte rodoviá rio, com 61,1% do total da matriz.


b) Considerando algumas das características do territó rio brasileiro, como a grande extensã o territorial
do país e a presença de extensos rios navegá veis, os transportes ferroviá rios e hidroviá rios deveriam
receber mais investimentos. O desenvolvimento de uma ampla rede ferroviá ria e hidroviá ria contribuiria
para tornar o transporte de carga mais rá pido e econô mico.

9. a) Normalmente, aos aeroportos chegam apenas produtos com alto valor agregado e que necessitam
ser entregues com urgência. No entanto, como a Regiã o Sudeste abriga um amplo mercado consumidor e
um diversificado parque industrial, tanto produtos manufaturados quanto peças e maquiná rio para
complementar a produçã o devem também estar presentes entre as cargas e correspondências vindas do
exterior.
b) As outras regiõ es brasileiras apresentam um volume de carga e correspondências do exterior bem
menor, destacando pontualmente alguns aeroportos, como o de Manaus – em funçã o da Zona Franca –, o
de Recife e o de Salvador – principais cidades da Regiã o Nordeste.

10. a) A importâ ncia das hidrovias está no fato de elas integrarem o interior aos portos. A regiã o da
costa do Atlâ ntico e do golfo do México nos Estados Unidos é atendida por uma rede multimodal,
integrando vá rios tipos de transporte: aeroportuá rio, terrestre, marítimo e fluvial. A ampla rede de
transporte na regiã o permite que os fluxos de cargas e de pessoas sejam mais rá pidos e econô micos.

11. a) De acordo com a tabela, dos dez maiores portos brasileiros, sete estã o situados na Regiã o Sudeste.
b) Exportam basicamente matérias-primas: Paranaguá , Tubarã o e os demais identificados como
terminais.
Pá gina 280

Pelo porto de Santos é exportada uma grande variedade de produtos manufaturados e


semimanufaturados.

Professor: a tabela reú ne a movimentaçã o de cargas tanto dos “portos organizados” quanto dos
“terminais de uso privativo” (TUPs), segundo os termos oficiais.

Portos organizados: instalaçõ es portuá rias concedidas ou exploradas pela Uniã o, cujo trá fego e
operaçõ es portuá rias estejam sob a jurisdiçã o de uma autoridade portuá ria.

Terminal de uso privativo: terminais onde a exploraçã o das atividades portuá rias ocorre sob o regime
privado.

Interpretando textos e imagens (p. 67)

12. a) Na Regiã o Norte, as deficiências na malha rodoviá ria provocam um grande acréscimo do custo
operacional do transporte de cargas, atingindo o índice de 37,6%, isto é, 11,6% a mais que média
registrada no restante do país.
b) A foto retrata um acidente de trâ nsito envolvendo um caminhã o de transporte de mercadorias
(frutas). O mau estado das rodovias – buracos, trincas, afundamentos, ondulaçõ es –, além de trazer risco
à vida das pessoas, contribui para o aumento do tempo de viagem e compromete a conservaçã o dos
produtos, elevando os custos de operaçã o.

• Em análise – Construir e interpretar mapas com círculos proporcionais (p. 68-69)

1-7. Professor: este é um exercício simples. Nã o é necessá ria muita exatidã o, o importante é que os
alunos compreendam o processo de construçã o e posterior leitura do mapa. Talvez seja interessante
você fazer o exercício antes de propô -lo aos alunos – dessa forma, ficará mais fá cil responder a certas
dú vidas deles sobre esses passos.

8. O texto produzido pelo aluno deverá mencionar a forte concentraçã o das sedes de multinacionais nos
países desenvolvidos, observando o destacado papel de Estados Unidos, Japã o e países europeus (Uniã o
Europeia).

Professor: é importante observar se o texto do aluno apresenta elementos discutidos na unidade, como a
concentraçã o de multinacionais nos países centrais do sistema capitalista, a liderança dos Estados
Unidos e a forte participaçã o dos países da Uniã o Europeia.

Síntese da Unidade 1 (p. 70)

• Capítulo 1. A formação do mundo capitalista

Etapas do capitalismo
Capitalismo Início de formação Principais fatos Principais características
relacionados
Comercial Séculos XIII/XV Ampliaçã o do comércio; Inovaçõ es tecnoló gicas;
crescimento das cidades. aumento da produtividade;
comercializaçã o do excedente.
Industrial Século XVIII Expansã o imperialista; Profundas inovaçõ es
formaçã o de grandes tecnoló gicas; intensas
monopó lios. mudanças econô micas e
sociais; expansã o do
capitalismo; matérias-primas
e novos mercados
consumidores.
Monopolista ou financeiro Final do século XIX Formação de monopó lios; Predomínio do capital
nascimento de financeiro e das
multinacionais; globalização. multinacionais; grande
desenvolvimento dos bancos
e instituiçõ es financeiras;
papel fundamental das bolsas
de valores.

• Capítulo 2. A DIT e as revoluções industriais

Nesta atividade, os alunos precisam utilizar as informaçõ es disponibilizadas para recompor a evoluçã o
do capitalismo de acordo com suas principais etapas. Entre os principais aspectos a serem observados
está a evoluçã o da Divisã o Internacional do Trabalho (DIT) aliada ao desenvolvimento tecnoló gico.

• Capítulo 3. O papel do comércio mundial

O objetivo da atividade é que o aluno construa os conceitos e com eles possa formar frases corretas. Um
exemplo: “A globalizaçã o é um processo que se acelerou a partir da segunda metade do século XX e
envolve a ampla circulaçã o de fluxos econô micos, financeiros e culturais”.

• Capítulo 4. A inserção do Brasil na economia mundial

A atividade tem como objetivo promover uma retomada do processo de internacionalizaçã o da economia
brasileira. É importante auxiliar os alunos na aná lise do esquema, enfatizando o processo de
industrializaçã o apó s a Segunda Guerra Mundial e a forte concentraçã o industrial na Regiã o Sudeste.

• Capítulo 5. Circulação e transportes

É importante que os alunos destaquem, com base nas imagens, a importâ ncia dos meios de transporte
para a circulaçã o de pessoas e mercadorias. É recomendá vel que eles apresentem dados sobre os
transportes no Brasil e as vantagens e desvantagens das ferrovias e rodovias, que estã o no foco da
discussã o.

Vestibular e Enem (p. 71-73)

1. Alternativa c

2. Alternativa a

3. Alternativa e

4. Alternativa a

5. Alternativa e

6. Alternativa a

7. Alternativa b

8. Alternativa d

9. Alternativa a

10. Alternativa d

11. Alternativa e

12. Alternativa b
13. Alternativa e

14. Alternativa d

Geografia, Arte e Filosofia (p. 74-75)

1. Resposta pessoal. Faça a leitura coletiva do texto. Organize a discussã o, a fim de que os alunos sintam-
se à vontade para expor seus argumentos. Valorize a manifestaçã o de cada um, as diferentes leituras.
Instigue-os, por exemplo, com algumas questõ es: “Você acha que o jovem está mesmo absorvido pela
leitura? Aquele prado poderia ser um campo de trigo cultivado pelo ser humano? Aquelas pessoas nã o
estariam apenas aproveitando o sol de um fim de tarde (ou amanhecer) de um dia frio? Isso também nã o
explicaria o fato de estarem usando roupas um tanto formais?”. Na segunda parte da pergunta, estimule
os alunos a fazer uma reflexã o sobre o fato de muitas vezes as pessoas estarem hiperconectadas com o
mundo virtual, mas alheias à realidade que as cerca. A imagem das pessoas sentadas, mas aparentemente
isoladas em suas mentes, pode ajudar a criar os cená rios para a discussã o.

2. Resposta pessoal. Avalie a coerência das respostas dos alunos. Nã o se pretende aqui aprofundar
conteú dos filosó ficos, mas fazê-los refletir sobre o tema. Natureza e civilizaçã o sã o conceitos diferentes.
(Esse texto de Chauí refere-se à Filosofia da Ilustraçã o ou Iluminismo – meados do século XVIII ao
começo do século XIX –, período em que se desenvolveu profunda crença nos poderes da razã o.)
Pá gina 281

Assim, na natureza, os acontecimentos, os seres, as coisas sã o regidos por leis universais; nã o podem ser
diferentes daquilo para o que foram “programados”. Na civilizaçã o, porque os seres humanos sã o
dotados de vontade pró pria; seu aperfeiçoamento moral, técnico e político possibilita a escolha de outras
alternativas: têm liberdade. A observaçã o de Mark Strand é poética e talvez coloque em xeque
justamente essa oposiçã o. Seria mais ló gico que a “civilizaçã o” sondasse a “natureza”.

3. Resposta pessoal. Professor: qualquer um dos pará grafos se aplica ao quadro. O aluno poderá resumi-
los ou copiá -los. É importante discutir com a turma como eles associam esses conceitos. Você poderá
sugerir que pesquisem a vida e as obras de Edward Hopper, relacionando-as com a época em que foram
produzidas.

Avaliação

Este livro dispõ e de diversos recursos que podem servir para a execuçã o de avaliaçã o. A seçã o Síntese da
Unidade (p. 70), em particular, foi pensada como um momento de recuperaçã o dos conteú dos de cada
capítulo e se organiza em diversos tipos de atividade. Também as pá ginas de 71 a 73 deVestibular e
Enem podem ser utilizadas nesse momento de avaliaçã o. Além disso, sugerimos as atividades a seguir.

1. Construa quatro frases utilizando duas ou mais expressõ es da lista apresentada a seguir. As frases
devem ser representativas desta unidade.

Globalizaçã o Comércio internacional Primeira Revoluçã o Industrial


Centro Blocos econô micos Matriz de transportes Segunda Revoluçã o Industrial
Periferia Fordismo País emergente Terceira Revoluçã o Industrial
Toyotismo Bolsas de valores Integraçã o territorial Divisã o Internacional do
Trabalho

O objetivo da atividade é verificar se os alunos incorporaram os conceitos e os aplicam corretamente.


Exemplo de frase: “Uma das características do processo de globalização é a ampliação do comércio
internacional entre os blocos econômicos”.

2. Dois países com extensã o territorial semelhante apresentam as matrizes de transporte de cargas
mostradas no quadro a seguir. Analise-o e responda à s questõ es.

Porcentagem de cargas transportadas por tipo de transporte


País A Ferrovias Hidrovias Rodovias
50 25 25
País B 13 9 78

a) Sob o aspecto da matriz de transportes adotada, qual dos dois países apresenta maior competitividade
comercial? Por quê?
O país A, porque apresenta menores custos com transportes uma vez que prioriza o transporte ferroviário e
também utiliza as hidrovias, que têm menor preço de frete.

b) Se você fosse governante do país B, que providências adotaria em relaçã o à matriz de transportes?
É importante observar que há pequena porcentagem de ferrovias e hidrovias. Investimentos nessas áreas
podem ser lembrados.

Projeto – Exposição “As multinacionais brasileiras” (p. 76-77)

O objetivo da exposiçã o é mostrar que a internacionalizaçã o da economia brasileira tem relaçã o com o
processo de formaçã o só cio-econô mico-espacial do país, uma vez que os setores da economia nacional
com maior representatividade no exterior relacionam-se, especialmente, à s indú strias tradicionais:
tecnologia da informaçã o e comunicaçã o (13%), alimentos e bebidas (10%), siderurgia e metalurgia
(10%) e materiais de construçã o (10%). Possuem grande parte de suas sedes nas regiõ es Sudeste e Sul,
as mais industrializadas e dinâ micas do país, e apresentam a maior parte de seus negó cios no exterior
localizados no continente americano.

A partir das especificidades da economia brasileira abordadas ao longo da unidade, os alunos podem
realizar uma aná lise crítica dos dados e informaçõ es levantados na pesquisa, a fim de compor um texto
síntese, a ser apresentado no painel, e expor a interpretaçã o do grupo sobre a relaçã o entre a empresa
pesquisada e a economia brasileira, na apresentaçã o oral.

É importante, antes de os alunos produzirem os painéis, reunir os grupos para que exponham uns aos
outros os dados coletados e realizem sua aná lise, traçando as expectativas em relaçã o ao trabalho e os
objetivos que pretendem alcançar. Isso é necessá rio para que os alunos possam, além de selecionar os
dados e informaçõ es coletados, escolher quais ilustraçõ es serã o produzidas (mapas, grá ficos, tabelas) e
discutir os itens que comporã o o texto síntese.

Para ampliar as possibilidades de trabalho, uma sugestã o é pedir que sejam entregues ao professor
resumos escritos, de 1 a 2 pá ginas, incluindo itens da apresentaçã o oral.

O professor poderá avaliar a pertinência das informaçõ es e dos dados levantados, a qualidade dos
produtos finais apresentados pelos alunos (painéis, apresentaçã o oral e resumo), a organizaçã o do grupo
e se este atingiu suas expectativas e os objetivos traçados na reuniã o realizada ao longo da atividade.

O documento a seguir apresenta a lista das maiores multinacionais brasileiras para auxiliar os alunos no
desenvolvimento dessa atividade: Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras 2015. Disponível em:
<http://linkte.me/rankfdc>. Acesso em: 3 abr. 2016.

Por fim, também será interessante a realizaçã o de um levantamento junto aos alunos sobre as principais
competências para conquistar uma vaga de trabalho em alguma empresa que foi pesquisada. Questione
junto a eles quais sã o os principais entraves para que uma multinacional brasileira possa se estabelecer
em outro país, por exemplo, a adaptaçã o dos aspectos culturais.
Pá gina 282

Unidade 2 • A dinâmica da natureza


Capítulo Conteúdo Objetivos O aluno Habilidades
deverá ser capaz de: mobilizadas
6. Estrutura geológica da • A estrutura interna da • reconhecer as • Construir e aplicar
Terra Terra. características das conceitos relacionados aos
• O tempo geoló gico. camadas internas da fenô menos naturais.
• Teoria da tectô nica de Terra;• apreender como • Analisar os aspectos
placas. as eras geoló gicas estã o físicos como integrantes
• Terremotos e estruturadas e qual a sua de sistemas dinâmicos.
vulcanismo. importâ ncia para • Analisar criticamente a
• Minerais e rochas. organizar os apropriaçã o humana dos
• O ciclo das rochas. conhecimentos sobre a recursos naturais.
• A estrutura geoló gica do evoluçã o da Terra; • Reconhecer a funçã o dos
Brasil. • compreender o que sã o recursos naturais na
minerais e como podem produçã o do espaço e a
ser aproveitados pelos influência dos fenô menos
seres humanos; naturais na sociedade.
• reconhecer os tipos de
rochas e entender os
processos de formaçã o de
cada um;
• entender o que sã o
placas tectô nicas e como
elas se movimentam, além
de reconhecer as
consequê ncias de sua
dinâ mica, como
terremotos e vulcõ es;
• identificar as principais
características da
estrutura geoló gica do
Brasil.
7. Relevo • Relevo: agentes • compreender a origem • Reconhecer os
endó genos e exó genos. das formas de relevo como diferentes agentes
• Formas do relevo resultado de processos envolvidos nos fenô menos
continental e oceâ nico. naturais internos e naturais e recompor as
• Classificaçã o do relevo externos à superfície interaçõ es que
brasileiro. terrestre; estabelecem.
• Erosã o e movimentos de • identificar as • Relacionar os processos
massa. características das naturais à s feiçõ es físicas
principais formas de que proporcionam.
relevo e os processos • Interpretar as
envolvidos em sua implicaçõ es das formas do
formaçã o; espaço para a ocupaçã o
• reconhecer a humana.
importâ ncia dos critérios • Comparar diferentes
para a classificaçã o do concepçõ es geográ ficas do
relevo, além da coerê ncia relevo.
das classificaçõ es
propostas no Brasil em
funçã o dos critérios
utilizados;
• compreender o conceito
de erosã o e identificar as
condiçõ es que levam à
ocorrência da erosã o e dos
movimentos de massa;
• reconhecer a açã o
humana como um dos
agentes externos no
processo de
transformaçã o do relevo.
8. Os solos • Fatores de formaçã o dos • compreender o conceito • Empregar corretamente
solos. de intemperismo, critérios para descrever
• A formaçã o e fertilidade reconhecer as diferenças aspectos do espaço
dos solos. entre os processos de geográ fico.
• Degradaçã o dos solos. origem química, física e • Interpretar recursos
bioló gica e entender como cartográ ficos para
esses fenô menos atuam na apreender fenô menos
formaçã o dos solos; naturais.
• reconhecer os principais • Avaliar as relaçõ es entre
fatores que influenciam a preservaçã o e degradaçã o
formaçã o dos solos e do meio ambiente.
entender como eles
atuam;
• reconhecer a
importâ ncia da fertilidade
dos solos no Brasil;
• reconhecer as causas
que levam à degradaçã o
dos solos e formar senso
crítico sobre como os
seres humanos podem
reduzir esse problema.
9. Hidrologia e • Ciclo hidroló gico. • reconhecer a • Apreender o caráter
hidrografia • A distribuiçã o da á gua disponibilidade e cíclico da dinâ mica que
no mundo. distribuiçã o da água no envolve os recursos
• Bacias hidrográficas. planeta Terra e naturais renová veis.
• Bacias hidrográficas compreender as razõ es • Analisar de maneira
brasileiras. que podem restringir seu crítica as interaçõ es da
• Oceanos e mares.z acesso pelos seres sociedade com o meio
• Poluiçã o das á guas. humanos; físico, levando em
• entender o conceito de consideraçã o aspectos
ciclo hidroló gico histó ricos e geográ ficos.
reconhecer os fenô menos • Selecionar do espaço
envolvidos; vivido elementos para a
• compreender o conceito compreensã o de conceitos
de bacia hidrográ fica e e fenô menos naturais.
entender a dinâ mica • Discernir peculiaridades
hídrica como um sistema entre conceitos correlatos.
integrado;
• reconhecer as principais
bacias hidrográ ficas
brasileiras, suas
características e sua
importâ ncia econô mica e
social;
• compreender as
diferenças entre oceanos e
mares e reconhecer os
diferentes tipos de mares;
• reconhecer os principais
fatores relacionados à
poluiçã o das á guas e
formar senso crítico sobre
possíveis soluçõ es.
Pá gina 283

Abertura de unidade (p. 78)

As paisagens sã o resultado das profundas relaçõ es que se estabelecem entre a natureza e a sociedade. Na
primeira unidade, tratou-se com mais ênfase dos aspectos socioeconô micos, que, no entanto, nã o podem
ser desconectados dos processos naturais. Ao conhecer esses processos, podemos compreender sua
influência na sociedade e também a influência da sociedade na sua composiçã o. Além dos aspectos
naturais da paisagem retratada, o professor pode abordar aspectos sociais presentes, em especial a
grande desigualdade social que se reflete no espaço urbano do Rio de Janeiro. Podem ser mencionadas
também a importâ ncia da proteçã o do meio ambiente e a ocupaçã o de á reas de risco pela populaçã o de
baixa renda.

Capítulo 6 Estrutura geológica da Terra

A estrutura geoló gica da Terra remete aos materiais situados sob a superfície que ocupamos, e ela nã o se
revela na simples observaçã o do espaço geográ fico. Os fenô menos que ocorrem em razã o dessa estrutura
estã o diretamente relacionados à s formas da superfície do planeta, afetando de vá rias maneiras a vida
que se desenvolve sobre elas.

Ampliar os conhecimentos sobre a composiçã o da estrutura geoló gica da Terra e sua dinâ mica é
fundamental para recompor com maior precisã o os está gios evolutivos do planeta, projetar
reconfiguraçõ es futuras da superfície terrestre e fornecer orientaçõ es sobre como lidar com fenô menos
tectô nicos que podem representar perigo à sociedade.

Sugestões didáticas

• Estrutura da Terra (p. 81)

É importante que o reconhecimento das camadas internas da Terra e a identificaçã o de suas


características sejam realizados a partir da compreensã o, em linhas gerais, do processo de formaçã o e
evoluçã o do planeta. Ou seja, o surgimento de camadas com diferentes temperaturas, consistências e
densidades decorre fundamentalmente do resfriamento do planeta, que acontece de fora para dentro e
ainda está em curso, e do fato de os materiais mais densos assentarem nas camadas mais profundas.

• Eras geológicas (p. 82)

É interessante que as eras geoló gicas nã o sejam trabalhadas como um conjunto de informaçõ es dispostas
em uma tabela a ser memorizada. Antes de apresentar a tabela “Escala do tempo geoló gico” aos alunos, é
preciso levá -los a perceber a dimensã o da escala de tempo a ser considerada na evoluçã o do planeta
Terra. Portanto, é importante que os alunos tenham clareza sobre a diferença entre o tempo geoló gico
(da natureza) e o tempo histó rico (dos grupos humanos). A partir disso, pode-se discutir a necessidade
de sistematizar os principais eventos já levantados sobre a evoluçã o da vida na Terra em uma
representaçã o que permita sua aná lise de maneira simplificada.

Desenvolvida essa etapa, propiciando ao aluno reconhecer os principais eventos relacionados à evoluçã o
da vida e da configuraçã o da superfície terrestre, a tabela poderá ser trabalhada como uma síntese dos
períodos (em diferentes escalas) correspondentes à s principais etapas da evoluçã o da Terra. Nela podem
ser identificados os principais eventos dessa evoluçã o.

• Teoria da tectônica de placas (p. 83)

As placas tectô nicas, continentais e oceâ nicas, sã o formadas por diferentes tipos de rochas, com
diferentes idades, espessuras, etc. A crosta continental está sendo formada há pelo menos 3,96 bilhõ es
de anos e apresenta grande diversidade de rochas. Já a crosta oceâ nica possui maior homogeneidade de
rochas e é bem mais recente. A crosta oceâ nica do Atlâ ntico, por exemplo, tem apenas cerca de 180
milhõ es de anos.

Entender a origem das placas tectô nicas e as causas de seu movimento implica o domínio de conceitos
que se apresentam abstratamente aos alunos. Assim, é importante que os alunos sejam conduzidos a
construir os conceitos envolvidos e recompor o modo como esses conceitos foram articulados nas
teorias tecidas para compreender a dinâ mica das placas tectô nicas.

Nesse sentido, o uso das imagens (mapas e ilustraçõ es) também é significativo para tornar mais concreta
a apreensã o dos conceitos. O mapa “Dorsal Mesoatlâ ntica no Atlâ ntico Norte” (p. 83) permite perceber as
variaçõ es dos níveis de relevo, possibilitando a identificaçã o da dorsal no limite entre as placas Africana
e Sul-Americana e a constataçã o da diferença de espessura entre as crostas oceâ nicas e continentais.

As imagens das pá ginas 84-85 podem ser utilizadas para demonstrar os diferentes efeitos na superfície
terrestre dos movimentos das placas tectô nicas em limites divergentes (formaçã o de dorsais oceâ nicas e
ilhas), convergentes (formaçã o de cordilheiras e montanhas vulcâ nicas) e conservativos (formaçã o de
falhas).

• Infográfico – Movimentos das placas tectônicas (p. 84-85)

Esse infográ fico trata de fenô menos de grande importâ ncia na estruturaçã o da superfície terrestre. A
partir das discussõ es realizadas no início desse capítulo, os alunos já devem compreender que as placas
tectô nicas sã o grandes blocos que compõ em a crosta terrestre, e que se movimentam alguns centímetros
por ano, de acordo com a teoria da Tectô nica de Placas.

O mapa apresentado nesse infográ fico ilustra todas as placas tectô nicas da superfície terrestre,
destacando os limites entre elas. É possível observar que em determinados locais elas podem se
aproximar, se afastar ou colidir, dependendo da dinâ mica interna da Terra, provocada pelas células de
convecçã o. Os três tipos de limites – conservativos, divergentes e convergentes – sã o apresentados por
meio de esquemas, imagens e exemplos para facilitar a compreensã o dos alunos, já que o tema se mostra
bastante abstrato, por se tratar de uma escala geoló gica.

É importante que os alunos sejam orientados a compreender que a movimentaçã o das placas tectô nicas
libera grande quantidade de energia, provocando uma série de consequências, como os abalos sísmicos
(terremotos), vulcanismo, dobramentos e falhas, e que vã o dando formas ao relevo da superfície
terrestre ao longo do tempo geoló gico.

Como atividade complementar, proponha aos alunos que localizem no mapa os principais locais que
sofreram abalos sísmicos de grande magnitude nos dez ú ltimos anos e levantem os danos e as
consequências negativas para a populaçã o.

• Terremotos e vulcanismo (p. 86)

Sobre os terremotos e vulcõ es, os alunos precisam ter a dimensã o de que se trata de fenô menos naturais
e inevitá veis, fato que pode ser explorado para discutir a necessidade de planejar a ocupaçã o humana do
espaço e investir em tecnologias de monitoramento das atividades tectô nicas e de prevençã o ou
atenuaçã o de catá strofes.
Pá gina 284

A partir da compreensã o da origem desses fenô menos, é interessante estimular os alunos a relacionar a
atividade tectô nica à localizaçã o predominante dos vulcõ es e à ocorrência de terremotos.

• Minerais (p. 87)

Os minerais constituem e sempre constituíram um dos recursos naturais mais importantes para os seres
humanos, servindo principalmente de matéria-prima para a confecçã o de objetos e ferramentas que
ampliaram a capacidade humana de se apropriar do espaço.

Portanto, o tema demanda uma abordagem que enfatize nã o apenas suas propriedades físico-químicas e
sua diversidade, mas também suas possibilidades de utilizaçã o.

Recomenda-se discutir os problemas ambientais oriundos da exploraçã o mineral. É importante que os


alunos tenham noçã o de que os fatores que motivam os problemas ambientais relacionados à mineraçã o
estã o vinculados a uma dinâ mica complexa e abrangente de reproduçã o do capital, o que inclui o
estabelecimento de uma sociedade de consumo, em que as demandas por matérias-primas e energia sã o
sempre crescentes.

• Rochas (p. 88)

O estudo das rochas deve visar ao reconhecimento dos principais tipos de rochas, à apreensã o de suas
características e, principalmente, à compreensã o dos processos de formaçã o e transformaçã o das rochas
(de acordo com o “ciclo das rochas”). Como elementos que dã o base e forma à superfície terrestre, as
rochas devem ser entendidas em sua dinâ mica, promovida por processos contínuos de origem endó gena
e exó gena que levam as rochas a se transformarem em sedimentos, compondo camadas no solo ou
outros tipos de rochas.

Você pode orientar os alunos a explorar a ilustraçã o “O ciclo das rochas” (p. 89), procurando identificar
as transformaçõ es que cada tipo de rocha pode sofrer e os fenô menos envolvidos em cada
transformaçã o.

• Estrutura geológica do Brasil (p. 90)

Apó s relacionar as informaçõ es do texto com a interpretaçã o do mapa “Placa Sul-Americana – Porçã o
continental” da pá gina 90, você pode orientar os alunos a fazer uma caracterizaçã o (oral ou escrita) da
estrutura geoló gica do Brasil. Retomar as eras geoló gicas para situar a idade das rochas representadas
no mapa é uma estratégia interessante para tornar os conteú dos menos fragmentados.

É importante ressaltar a predominâ ncia, na estrutura geoló gica brasileira, de formaçõ es antigas,
discutindo com os alunos como esse fator implica a ocorrência de terrenos muito desgastados. Pode-se
orientar a discussã o para fazê-los perceber que esse desgaste é contínuo, mas que é necessá rio muito
tempo para alterar profundamente as características da superfície terrestre. Também é importante,
neste momento, retomar a distinçã o entre tempo geoló gico e tempo histó rico.

Desdobrando essa ideia, os alunos podem ser questionados sobre para onde se dirigem os sedimentos
resultantes da erosã o. Você pode aproveitar a participaçã o deles para construir o conceito de bacias
sedimentares, incentivando-os a identificar as principais bacias sedimentares brasileiras no mapa da
pá gina 91 e discutindo o texto do boxe Saiba mais na mesma pá gina.

A interpretaçã o do mapa “Aquífero Guarani – Localizaçã o” (p. 92) ajuda a aprofundar os conhecimentos
sobre as bacias sedimentares brasileiras. A partir do esquema, os alunos podem compreender como as
características da bacia sedimentar do Paraná possibilitaram a formaçã o do aquífero. O tema tem
desdobramentos políticos, econô micos e ambientais e presta-se à promoçã o de um debate sobre os
riscos ambientais que cercam esse aquífero e sobre como aproveitá -lo adequadamente.

• Informe – O Brasil e os terremotos (p. 93)

O texto dessa seçã o propõ e-se a dar subsídios para que os alunos reconheçam as especificidades da
atividade sísmica no Brasil, analisando-a à luz do que eles já aprenderam sobre placas tectô nicas. Desse
modo, poderã o constatar que o fato de o Brasil situar-se distante dos limites da placa Sul-Americana,
onde ocorrem os principais eventos tectô nicos, faz com que os abalos sísmicos no Brasil sejam na
maioria das vezes imperceptíveis e geralmente provocados por abalos com epicentros distantes.

Atividade complementar

Potencial econômico das bacias sedimentares brasileiras

Os recursos presentes nas bacias sedimentares brasileiras possuem grande valor de mercado e podem
conferir ao país a oportunidade de se tornar mais independente no cená rio mundial. Por isso é muito
importante conhecer o conteú do do subsolo brasileiro e seu potencial de exploraçã o.

Descrição da atividade

A proposta consiste em pesquisar os principais recursos naturais encontrados nas bacias sedimentares
brasileiras: á gua (aquíferos), petró leo, gá s natural, carvã o mineral e xisto betuminoso. Sugere-se que a
turma seja dividida em equipes, cada uma delas se responsabilizando por pesquisar um dos recursos,
contemplando os seguintes itens:

• Á reas de ocorrência.

• Capacidade produtiva e viabilidade de exploraçã o.

• Usos, técnicas e tecnologias envolvidas em seu processamento.

• Vantagens econô micas e sociais e inserçã o no cená rio mundial.

• Problemas ambientais relacionados ao recurso.

Cada equipe deverá elaborar um relató rio contendo as descriçõ es técnicas referentes ao recurso e uma
discussã o sobre os benefícios que sua exploraçã o pode trazer, ponderando os ganhos econô micos
possibilitados e os eventuais problemas ambientais gerados. É importante que o relató rio contenha pelo
menos um mapa do Brasil representando a localizaçã o e a abrangência das reservas do recurso
pesquisado.

A realizaçã o desta atividade pode ter cará ter interdisciplinar. As pesquisas sobre as propriedades e
características técnicas dos recursos podem ser orientadas pelos professores de Física e Química, que
também podem auxiliar na compreensã o das técnicas de exploraçã o e processamento dos recursos. Os
problemas ambientais, além dos processos físicos e químicos, envolvem conhecimentos na á rea da
Biologia e trazem impactos para a sociedade (que podem ser abordados por todas as disciplinas da á rea
de Ciências Humanas e suas Tecnologias). Por fim, o formato do texto pode ser orientado pelo professor
de Língua Portuguesa.
Pá gina 285

Leitura complementar

Terremotos sã o processos naturais e nã o podem ser controlados ou previstos pela sociedade. No


entanto, relacionar os processos de origem tectô nica à s possíveis consequências para as sociedades
humanas é uma das maneiras de o aluno ver sentido no estudo desse tema, criando, assim,
oportunidades de envolvê-lo mais durante as aulas.

O texto a seguir noticia um terremoto ocorrido na costa leste dos Estados Unidos, regiã o nã o acostumada
a tremores, que deixou cidades inteiras em alerta. Trata-se de uma regiã o similar ao Brasil, longe de
qualquer encontro entre placas tectô nicas, mas que, ainda assim, sente pequenos abalos originados das
á reas mais distantes da crosta terrestre.

Terremoto que atingiu os EUA é raro

O terremoto que atingiu a costa leste dos Estados Unidos nesta terça-feira nã o foi comum. Apesar de a regiã o
ser alvo constante de pequenos tremores, um abalo de magnitude 5,9 na escala Richter só ocorre a cada 50
anos, de acordo com Marcelo Assumpçã o, professor do Instituto de Geofísica da Universidade de São Paulo. “É
uma estimativa. Quanto mais forte o terremoto, mais raro ele é.”

De acordo com Assumpçã o, é por isso que houve tantas reaçõ es ao tremor. “A costa leste nã o está acostumada
a tremores como a oeste. Por isso as pessoas se assustam mais”. A regiã o está muito longe do encontro de
placas tectô nicas, á reas mais sensíveis aos tremores. “A costa leste é uma regiã o mais está vel, como o Brasil”,
afirma Assumpção.

Mesmo longe do encontro das placas tectô nicas da América do Norte, os terremotos ocorrem na costa leste
porque a crosta está sujeita a pressõ es muito grandes, explica o professor. “A placa está sendo pressionada na
direçã o leste-oeste. Quando essa pressã o a faz trincar, ela treme e causa terremotos.”

Assumpçã o explica que o terremoto que teve epicentro em Richmond, no estado de Virgínia, e abalou a capital
Washington, foi 100 000 vezes menos intenso que o de Fukushima, que atingiu o Japã o em março. “Como foi
um terremoto raso, com apenas 6 quilô metros de profundidade, é possível que algumas estruturas pró ximas
ao epicentro tenham rachado”, disse Assumpçã o. De acordo com o especialista ele foi sentido em um raio de
até 300 quilô metros e pode ter causado estragos em um raio de 20 quilô metros.

A costa leste dos Estados Unidos já viu terremotos mais fortes. O mais intenso, de 7 graus na escala Richter,
aconteceu no estado da Carolina do Sul em 1886.

O Brasil já teve tremores parecidos com o que atingiu os EUA nesta terça em 1955: ambos com magnitude de
6,2 graus na escala Richter.

O tremor em solo americano foi sentido por equipamentos brasileiros. A Universidade de Sã o Paulo está
implantando uma rede de detecção sismográ fica e os aparelhos localizaram o epicentro e calcularam a
magnitude automaticamente. O Instituto de Geofísica ficou sabendo do terremoto momentos depois que ele
ocorreu.

Revista Veja. Terremoto que atingiu os EUA é raro. Disponível em:


<http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/terremoto-que-atingiu-os-estados-unidos-e-raro-afirma-especialista>. Acesso em:
30 mar. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS
LEINZ, Viktor; AMARAL, Sergio E. Geologia Geral. Sã o Paulo: Nacional, 2003.
Esse livro trata dos principais assuntos abrangidos pela geologia, expondo os fenô menos relacionados à
formaçã o e evoluçã o do substrato rochoso terrestre.

GROTZINGER, John; JORDAN, Tom. Para entender a Terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
Rico em esquemas, mapas e fotos, o livro contém a aná lise das principais características geoló gicas da
Terra, com ênfase nas placas tectô nicas.

TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. 2. ed. Sã o Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.
O livro aborda de maneira detalhada a dinâ mica natural do planeta Terra. Trabalhando com ênfase nos
conceitos de geologia, geofísica e geomorfologia, a obra também dialoga com outras á reas do
conhecimento (como a Química, a Física e a Biologia) para desvendar os fenô menos relacionados à
superfície terrestre. O livro traz ainda muitas ilustraçõ es, esquemas e fotografias.

SITE

Ministério de Minas e Energia


O site do Ministé rio de Minas e Energia traz vá rias informaçõ es sobre a atividade de mineraçã o e os
recursos minerais no Brasil. Nele é possível encontrar galerias de fotos, notícias, publicaçõ es e links de
entidades relacionadas. Disponível em: <http://linkte.me/mme>. Acesso em: 25 mar. 2016.

FILME

Terremoto: a falha de San Andreas. Direçã o: Brad Peyton. EUA, 2015 (114 min).
O movimentado filme do gênero catá strofe retrata o rompimento da famosa Falha de San Andreas,
provocando um terremoto de magnitude 9 na Califó rnia. Seu enredo fornece uma amostra dos
transtornos que os terremotos podem trazer e das dificuldades de resgatar sobreviventes e evitar uma
tragédia.

Respostas das atividades

• Questões para refletir (p. 78)

1. A foto mostra o mar, a Mata Atlâ ntica e um grande afloramento rochoso, representado pelo Morro
Dois Irmã os.

2. A paisagem apresenta feiçõ es do tipo “Pã o de Açú car”, representados por extensos paredõ es de rochas
gnaisses erodidas pela açã o da á gua, do vento e do sol. Os alunos poderã o citar a presença esparsa da
Mata Atlâ ntica nas escarpas abruptas em direçã o ao mar, como resultado da interaçã o entre o clima da
regiã o (quente e ú mido), os solos e minerais ali presentes.

3. Os alunos poderã o citar qualquer tipo de paisagem. Paisagens planas, depressõ es, montes, morros,
montanhas, etc. sã o exemplos de formas de relevo presentes no nosso cotidiano.
Pá gina 286

É importante auxiliar os alunos para que possam compreender que, apesar da forte interferência social
em alguns casos (morro inteiramente coberto por casas e ruas, por exemplo), tais formas sã o
perceptíveis (nesse exemplo, pelas ladeiras, pelas á reas mais altas, visíveis de outros lugares, pelo vale
onde existe um có rrego ou onde se acumula á gua da chuva, etc.).

4. Enquanto existem paisagens que sã o contempladas por sua beleza pelas pessoas, outras formas de
paisagens, como a da foto, podem ter maior nível de interaçã o social. Um morro ou uma planície pode ser
lugar de habitaçã o ou de atividades econô micas que mudam sua feiçã o, como uma pedreira. É
importante que a interaçã o entre natureza e sociedade seja percebida pelos alunos.

• Abertura de capítulo (p. 80)

1. As rochas foram esculpidas ao longo do tempo por meio do trabalho da erosã o causada pela á gua e
pelo gelo, além da açã o constante do vento.

2. A paisagem retrata, em seu plano principal, o predomínio de rochas sedimentares.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos relacionem as formas da superfície do planeta com os
processos internos e com a açã o dos agentes que atuam externamente.

• Ação e cidadania (p. 87)

1. Resposta pessoal. A variedade de minerais que utilizamos diariamente é muito grande. Alguns deles
estã o presentes em objetos de uso cotidiano como os minerais metá licos; outros, presentes em pedras
com valor estético, sã o usados em acessó rios como joias e bijuterias; há também os minerais
imprescindíveis para o funcionamento do organismo humano (como ferro e cá lcio) e que, por isso, estã o
presentes em muitos alimentos. Ao contrá rio dos minerais que compõ em a alimentaçã o humana, de
consumo indispensá vel, alguns minerais, quando utilizados em excesso, trazem danos ao meio ambiente
e à saú de das pessoas, caso do amianto (produto cancerígeno), do enxofre (relacionado à chuva á cida),
etc.

• Geografia e Arqueologia (p. 87)

1. Diferentes culturas atribuem significados e simbolismos variados aos elementos da natureza. A


relevâ ncia simbó lica adquirida por certos minerais costuma ter origem em uma ou algumas
propriedades do mineral (cor, dureza, textura).

• Geografia e Arte (p. 90)

1. A observaçã o e a aná lise de representaçõ es de paisagem podem se constituir em uma fonte de


pesquisa para os geó grafos ao comunicarem características observá veis do espaço. As paisagens
representam o que pode ser visto, ou seja, uma das dimensõ es do espaço geográ fico.

• Para discutir (p. 93)

1. Espera-se que o Brasil tenha uma sismicidade mais branda por ele nã o contar em seu territó rio com
á reas pró ximas aos limites das placas tectô nicas, onde ocorre a maior parte das atividades sísmicas.
Longe dos limites das placas tectô nicas, o acú mulo de esforços que acaba produzindo o terremoto ocorre
de forma mais lenta.

2. Entre os fatores que determinam o poder arrasador (intensidade) de um terremoto, destacam-se a


localizaçã o do epicentro, a profundidade do foco, a geologia da á rea afetada e a qualidade das
construçõ es.
3. De modo geral, os efeitos dos terremotos podem ser amenizados com técnicas de construçã o civil
aplicadas na concepçã o de edificaçõ es mais resistentes e com sistemas de amortecimento das vibraçõ es
sísmicas. Contudo, essas técnicas envolvem gastos elevados, nã o acessíveis a muitos países onde os
terremotos sã o frequentes.

4. Apesar de o nível de sismicidade brasileira nã o ser alarmante, algumas medidas de prevençã o devem
ser adotadas em determinados projetos de engenharia, como centrais nucleares, grandes barragens e
outras obras de porte, e em construçõ es situadas nas á reas de maior risco sísmico.

• Atividades (p. 94-95)

Revendo conceitos (p. 94)

1. De acordo com a teoria das placas tectô nicas, todas as terras estiveram unidas em um só continente,
denominado Pangeia, que veio a se separar ao longo do tempo. A descoberta de rochas e fó sseis comuns
a diferentes continentes ajudou a consolidar a teoria. Com a descoberta da dorsal Mesoatlâ ntica e o
advento dos equipamentos de sondagem remota, a teoria ganhou ainda mais força.

2. Limites divergentes: as placas tectô nicas afastam-se umas das outras, propiciando uma atividade
magmá tica que forma uma nova crosta oceâ nica. Limites convergentes: as placas colidem, a mais densa
“mergulha” sob a menos densa, gerando uma á rea com intenso processo de fusã o parcial da crosta que
mergulhou. Limites conservativos: nã o há formaçã o nem destruiçã o da crosta terrestre.

3. Logo abaixo da litosfera (crosta mais na parte superior do manto) encontra-se a astenosfera, onde
ocorrem movimentos que arrastam a litosfera, provocando sua ruptura em placas, chamadas de
tectô nicas.

4. Minerais sã o substâ ncias de ocorrência natural, só lidas, cristalinas, geralmente inorgâ nicas, com uma
composiçã o química específica. Minério é a designaçã o que se dá a um mineral economicamente rentá vel
e explorado comercialmente. Rochas sã o agregados de minerais.

5. A partir do resfriamento e da solidificaçã o do magma formam-se as rochas magmá ticas (ígneas). Estas
podem sofrer metamorfismo, originando as rochas metamó rficas (processo endó geno). Elas podem
ainda estar sujeitas a intemperismo e transporte de sedimentos que, ao sofrerem compactaçã o
(diagênese), dã o origem à s rochas sedimentares (processos exó genos). Sã o exemplos de rochas
magmá ticas: granito e basalto; metamó rficas: gnaisse e má rmore; sedimentares: arenito e quartzito.

Lendo mapas (p. 94)

6. A mediçã o das idades das camadas de rochas no fundo oceâ nico indica que as á reas de junçã o das
placas sã o as mais recentes. Isso evidencia o processo de separaçã o das placas, pois o afastamento entre
elas permite a emersã o de novos fluxos de magma, que solidificam em contato com a á gua, formando
novas rochas. Desse modo, temos mais um indício da veracidade da teoria das placas tectô nicas.

7. a) A á rea chamada de Círculo de Fogo está situada sobre limites de placas tectô nicas, por isso está
sujeita a constante atividade sísmica e processos vulcâ nicos.
Pá gina 287

b) Nos limites das placas tectô nicas há choque e separaçã o de placas, que provocam dobramentos na
crosta terrestre e atividade vulcâ nica, processos que dã o origem à s cadeias vulcâ nicas.

• Interpretando textos e imagens (p. 95)

8. Quando as placas tectô nicas se movimentam, chocando-se ou afastando-se, elas liberam uma grande
quantidade de energia, ocasionando o vulcanismo.

9. a) Essas ondas gigantes sã o denominadas de tsunamis ou maremotos, causadas por abalos sísmicos
ou erupçõ es vulcâ nicas que ocorrem nos limites entre as placas tectô nicas. Ao convergirem, as placas
tectô nicas liberam grande quantidade de energia, provocando uma intensa agitaçã o e deslocamento das
á guas. As ondas chegam ao litoral violentamente, ocasionando muitos danos materiais e até mortes.
b) Por ser um fenô meno natural, os danos causados pelos tsunamis sã o inevitá veis. No entanto, algumas
medidas podem ser adotadas com o intuito de salvar inú meras vidas, como a implantaçã o de sistemas de
alerta à populaçã o e equipamentos que captam e identificam a formaçã o e a propagaçã o dessas ondas.

10. Espera-se que os alunos consigam compreender, apó s a leitura do texto, que a atividade de extraçã o
mineral é uma das que apresentam os maiores riscos de acidente de trabalho nos dias atuais. Os
trabalhadores enfrentam alto risco pois nã o sã o adotadas medidas de segurança adequadas e, em certos
casos, isso pode levar à morte. Além disso, muitos direitos trabalhistas sã o desrespeitados, como baixos
salá rios, longas jornadas de trabalho e abusos físicos por parte dos empregadores. Os alunos devem ser
orientados a buscar informaçõ es e relatos em jornais, revistas, sites, blogs, etc. que denunciam as
péssimas condiçõ es enfrentadas por trabalhadores das atividades de extraçã o mineral, muitas vezes
consideradas aná logas à escravidã o.

11. a) De acordo com o texto, as terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos com
propriedades muito semelhantes entre si em termos de maleabilidade e resistência e que permitem
aplicaçõ es diversas. Por isso, sã o economicamente rentá veis e explorados comercialmente de forma
intensa.
b) Espera-se que os alunos consigam relacionar o acesso a matérias-primas estratégicas para a indú stria
como algo fundamental para o desenvolvimento econô mico de um país. No caso das terras raras, esses
recursos sã o utilizados nã o apenas para a indú stria de alta tecnologia, mas também no campo da defesa.
Os países como o Brasil, que possuem grandes reservas desses tipos de minerais, devem destinar os
recursos financeiros resultantes da comercializaçã o com outros para investir em seu pró prio
desenvolvimento.

Capítulo 7 Relevo

A superfície terrestre nã o é constituída por um conjunto de formas fixas. Mesmo o relevo, cuja fisionomia
resulta, em geral, de processos que se desenvolvem lentamente, encontra-se em contínua transformaçã o.
Nesse capítulo, sã o apresentados os dois tipos de agentes (internos e externos) que atuam na formaçã o e
transformaçã o do relevo terrestre, além das principais formas de relevo e suas características. O capítulo
também traz a classificaçã o do relevo no Brasil, mostrando os critérios utilizados por três importantes
geó grafos (Aroldo de Azevedo, Aziz Ab’Sá ber e Jurandyr Ross) para estabelecer essa classificaçã o em
diferentes momentos.

Sugestões didáticas

• Agentes internos ou endógenos/Agentes externos ou exógenos (p. 97)

As formas de relevo devem ser entendidas como resultantes da interaçã o entre os processos
relacionados ao movimento das placas tectô nicas (agentes endó genos) e os responsá veis pela erosã o das
rochas (agentes exó genos). Portanto, conhecer o papel de cada agente é fundamental para compreender
o processo de formaçã o das características presentes em cada unidade de relevo. Mas esses diferentes
agentes nã o devem ser analisados separadamente, pois suas atuaçõ es se complementam.

A ilustraçã o da pá gina 97, que representa os agentes externos que atuam sobre o relevo, pode ajudar na
construçã o da ideia de que o relevo é sempre resultado de um processo. Você pode também pedir aos
alunos que observem, na pá gina 96, a fotografia das montanhas do Himalaia (dobramentos modernos)
para reconhecerem suas características, instigando-os a refletir sobre as transformaçõ es que os agentes
exó genos podem provocar nas cordilheiras no decorrer de milhõ es de anos. Espera-se que eles apontem
a ocorrência do desgaste do relevo que provoca a diminuiçã o das altitudes e o arredondamento das
formas, podendo formar outros tipos de relevo, como os planaltos.

O boxe Saiba mais (p. 97) pode ser utilizado para estimular uma discussã o sobre as facilidades e
restriçõ es que as formas de relevo podem impor à ocupaçã o humana do espaço e como a açã o dos seres
humanos pode alterar essas formas para adaptá -las à s suas necessidades, e sobre os problemas
ambientais que podem resultar dessas interferências.

• Formas do relevo (p. 98)

É importante que o aluno compreenda que a distinçã o das formas de relevo em continentais e oceâ nicas
ocorre sobretudo em funçã o dos diferentes agentes exó genos que atuam predominantemente em cada
um dos casos.

É comum que as definiçõ es a respeito das formas de relevo pareçam muito abstratas para os alunos, se
dadas apenas pela leitura. Por isso é importante trabalhar com imagens que lhes permitam visualizar
concretamente exemplos das formas de relevo tratadas. Essas imagens, que podem ser encontradas em
revistas ou na internet, deverã o representar diversas paisagens, nas quais os alunos possam tentar
identificar os aspectos característicos de cada forma de relevo.

As principais formas do relevo oceâ nico podem ser observadas na ilustraçã o da pá gina 98.

• Classificação do relevo brasileiro (p. 99)

Apesar de ser importante dominar os principais aspectos presentes nas três formas de classificar o
relevo brasileiro apresentadas no capítulo, é fundamental que os alunos saibam reconhecer as
características gerais do relevo brasileiro como resultado de processos erosivos ocorridos desde tempos
muito antigos, além de serem fruto da inexistência de processos tectô nicos recentes. Desse modo,
predominam as formaçõ es planá lticas, seguidas de depressõ es e planícies.
Pá gina 288

Você pode pedir aos alunos que comparem as três classificaçõ es do relevo brasileiro a partir da
comparaçã o dos mapas que as representam, registrando as diferenças identificadas. É importante
orientá -los a perceber como a alteraçã o dos critérios de interpretaçã o e a incorporaçã o de novas
tecnologias permitiram tornar a classificaçã o mais complexa e precisa ao longo do tempo.

No boxe Conexão (p. 99), os alunos deverã o exercitar a observaçã o do lugar onde moram, identificando
as formas de relevo ali presentes.

• Processos de vertentes: erosão e movimentos de massa (p. 101)

A compreensã o sobre os processos de vertentes permite manejo mais adequado dos solos e melhor
orientaçã o do planejamento de sua ocupaçã o. Apó s construir junto com os alunos os conceitos de
movimento de massa e erosã o do solo, você pode discutir os fatores relacionados à ocorrência e à
intensificaçã o desses fenô menos. É importante destacar a importâ ncia das características do solo
(argiloso, arenoso, etc.), a presença de cobertura vegetal, a inclinaçã o do relevo e a frequência das
chuvas. Os fatores que favorecem a erosã o e os movimentos de massa sã o os solos arenosos, a ausência
de cobertura vegetal, grandes declividades e chuvas frequentes.

Pedir aos alunos que analisem a ilustraçã o “Formaçã o de voçorocas” (p. 101) é uma forma de ajudá -los a
identificar e comparar os diferentes está gios de remoçã o das camadas do solo (ravinas e voçorocas)
provocada pela erosã o.

• A ação humana no relevo (p. 102)

É importante esclarecer aos alunos que, além dos agentes internos e externos, a açã o humana também é
responsá vel pela intensa transformaçã o das formas de relevo. Cabe levantar inú meros exemplos das
interferências observadas na paisagem, especialmente aqueles presentes no cotidiano dos alunos. Nas
fotografias inseridas na pá gina 102, é possível observar as consequências das transformaçõ es ocorridas
no centro de Florianó polis (SC), isto é, sucessivos aterros para a construçã o de novas avenidas, no
intervalo de cerca de 100 anos. O boxe Ação e cidadania (p. 102) permite discutir a extensã o dos
prejuízos que podem ser provocados pelos deslizamentos de massa, eventos que no Brasil ocorrem
principalmente nos estados do Sul e Sudeste nos meses chuvosos de verã o.

• Informe – Prevenção de riscos de deslizamentos em encostas (p. 103)

O texto foi extraído de uma publicaçã o do Ministério das Cidades, com orientaçõ es para prevenir e
minimizar os problemas gerados pelos deslizamentos de terra, que estã o entre as principais causas de
desastres naturais no Brasil. Apó s a leitura, os alunos podem ser orientados a refletir sobre o tema pela
aná lise das ilustraçõ es e pela discussã o das questõ es.

Atividades complementares

1. Observação de campo

Ir do reconhecimento teó rico das características do relevo até sua identificaçã o no espaço concreto e
aferir as interaçõ es que a sociedade estabelece com elas exige habilidades complexas, mas fundamentais,
que esta atividade propõ e exercitar.

Descrição da atividade

Com toda a turma, faça uma caminhada pelo entorno do colégio ou visite um local específico em á rea
aberta. Durante o percurso, os alunos deverã o observar e registrar as características aparentes do relevo
e os demais componentes da paisagem. Nã o se trata de tentar classificar o relevo, mas apenas de
identificar os aspectos predominantes. As questõ es a seguir podem ser adotadas como parâ metros de
aná lise e registro:

• Durante o trajeto foram percorridos terrenos íngremes? A regiã o possui terreno plano ou acidentado
(ondulaçõ es, inclinaçõ es, vales ou encostas, etc.)?

• Há morros ou colinas no campo de visã o?

• Existe cobertura vegetal? Qual a sua situaçã o?

• A regiã o é pouco ou densamente ocupada?

• Quais as características das ruas (sinuosas, retilíneas, etc.)?

• Quais as características predominantes das edificaçõ es (arquitetura, materiais empregados,


acabamentos, estado de conservaçã o, etc.)? Há evidências de adaptaçã o à s formas de relevo? A presença
de muros de arrimo, por exemplo, é uma tentativa de conter deslizamentos de encostas.

• O relevo coloca em risco os moradores da regiã o?

• Os registros devem conter textos explicativos ou tó picos e desenhos. Caso haja possibilidade, podem-se
complementar os registros com fotografias ou filmagens.

Depois, em sala de aula e dispostos em círculo, é importante que os alunos compartilhem seus registros e
discutam como as construçõ es observadas na paisagem revelam aspectos da interaçã o entre os seres
humanos e o relevo.

É importante compreender que os terrenos mais planos facilitam a ocupaçã o, enquanto os mais
acidentados exigem o emprego de técnicas de engenharia para dar estabilidade à s edificaçõ es e evitar
desmoronamentos. A topografia também influencia no traçado das ruas: os terrenos planos facilitam a
construçã o de ruas retilíneas, já os que apresentam irregularidades e encostas íngremes exigem a
construçã o de ruas que contornem as elevaçõ es para diminuir sua declividade.

2. Pesquisa sobre deslizamentos de terra no Brasil

Descrição da atividade

Os alunos, individualmente, devem pesquisar em jornais, revistas ou sites notícias sobre a ocorrência de
deslizamentos de terra no Brasil. Apó s reunir uma quantidade de notícias considerada adequada pelo
professor, os alunos deverã o analisá -las e sistematizá -las, identificando os elementos a seguir.

• As regiõ es onde mais ocorrem deslizamentos de terra.

• Os períodos do ano em que os eventos se concentram.

• As camadas sociais mais atingidas.

• As causas mais comuns dos acidentes.

• Os danos causados.

Essas informaçõ es podem ser organizadas em cartazes, que poderã o servir de estímulo para a discussã o.
Você pode incentivar os alunos a confeccionar tabelas e grá ficos com as informaçõ es para facilitar sua
visualizaçã o no cartaz. Se for possível, é interessante convidar o professor de Matemá tica para orientar a
elaboraçã o desses elementos de representaçã o.
Pá gina 289

Leitura complementar

O texto a seguir trata de modo técnico os fatores e processos responsá veis pela movimentaçã o de massa
nas vertentes. Apesar de o texto ser direcionado ao pú blico acadêmico e empregar alguns termos que
exigem conhecimento específico, é possível compreendê-lo em sua essência, obtendo subsídios para
trabalhar com os alunos o fato de que a dinâ mica das vertentes resulta de uma combinaçã o de fatores
que determina seu grau de estabilidade. Desse modo, também é possível entender a importâ ncia do
monitoramento das encostas para evitar os deslizamentos de terra ou pelo menos minimizar seus
prejuízos.

O jogo de forças na vertente

Com exceção das á reas de afloramento de nú cleos rochosos mais resistentes ao intemperismo, das á reas
glaciais e dos desertos, todo o restante da superfície emersa da crosta terrestre corresponde a interflú vios
cujas vertentes têm por suporte materiais superficiais inconsolidados.

Tais materiais podem ser eluviais, coluviais ou aluviais, conforme tenham sua origem associada a processos
exó genos vinculados, respectivamente, ao intemperismo do embasamento rochoso in situ, ao transporte
mecâ nico e deposiçã o de materiais nas vertentes e à deposiçã o de partículas transportadas em suspensã o nos
cursos fluviais.

Os materiais interfluviais de vertente sã o inconsolidados e, portanto, sustentados por forças químicas e


mecâ nicas. Estes materiais exibem descontinuidades de natureza textural, estrutural e na concentraçã o
relativa dos seus componentes minerais, tanto em profundidade como lateralmente, ao longo dos perfis das
vertentes. Tais descontinuidades condicionam o comportamento de outras variá veis, tais como a porosidade
ou a permeabilidade dos materiais superficiais, que por sua vez regulam também os fluxos hídricos de
subsuperfície.

O nú mero de elementos e variá veis associados ao jogo de forças presentes nos materiais de vertentes é
bastante grande. Num sistema de vertente natural, uma força de cisalhamento (T) é gerada a partir da
interaçã o entre força gravitacional (Fg), carga sobrejacente ao ponto considerado e a declividade da superfície
do terreno. Seu mó dulo depende fundamentalmente dos dois ú ltimos fatores, uma vez que a força de
gravidade pode ser considerada constante.

Entretanto a força de resistência ao cisalhamento depende principalmente das características intrínsecas dos
materiais de superfície. Nos sistemas de vertente os fatores ligados, seja à força de cisalhamento, seja à força
de resistência ao cisalhamento, podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos, conforme correspondam a
características mecâ nicas pró prias dos materiais de vertente ou ligadas a outros elementos pertencentes ao
meio físico circundante. Estes dois conjuntos de fatores formam um complexo de interaçõ es dinâ micas que ora
favorece a tensã o cisalhante, ora a força de resistência. O equilíbrio de forças na vertente é mantido graças à
atuaçã o de uma série de processos superficiais de subsuperficiais de compensaçã o, para os quais a
hidrodinâ mica desempenha um papel fundamental.

As fortes declividades dos setores convexo e retilíneos do perfil de vertente sã o sustentadas por materiais que
devem apresentar uma dosagem adequada de fração de areia, com baixo grau de seleçã o, capaz de gerar força
de atrito (S) passiva, necessá ria para equilibrar a força de cisalhamento (T), ativa. [...]

Colangelo, Antonio Carlos. Os mecanismos de compensaçã o e o equilíbrio de forças na dinâ mica dos materiais de vertente.
Revista do Departamento de Geografia da USP, n. 9, p. 14, 1995.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS
CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia. Sã o Paulo: Blü cher, 2003.
Essa é uma obra de referência para o estudo da geomorfologia no Brasil. O livro trata dos processos
relacionados à formaçã o e modelagem do relevo na Terra.

ROSS, Jurandyr L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. Sã o Paulo: Contexto, 1997.


O autor analisa o relevo sob a perspectiva do planejamento ambiental, buscando respaldo na cartografia
geomorfoló gica.

GUERRA, Antô nio Teixeira; GUERRA, Antô nio José Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
O livro apresenta grande nú mero de conceitos geoló gicos e geomorfoló gicos, que sã o apresentados sob a
forma de pequenos textos e ilustrados por esquemas, fotografias e croquis.

FILME

Evereste. Direçã o: Baltasar Kormá kur. EUA/Reino Unido/ Islâ ndia, 2015 (122 min).
O filme narra uma histó ria real ocorrida em 1996, quando dois grupos de alpinistas participaram de uma
excursã o ao topo do pico mais alto do mundo, o monte Everest (8 848 metros de altitude), situado na
fronteira entre a China e o Nepal. É uma oportunidade de evidenciar de modo concreto as características
dos dobramentos modernos e propiciar a reflexã o sobre as limitaçõ es que essa forma de relevo impõ e à
ocupaçã o humana.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 96)

1. A cordilheira do Himalaia é transformada principalmente em virtude do intemperismo físico das


rochas provocado pelas baixas temperaturas. Além disso, a açã o dos ventos e o derretimento do gelo, que
provocam quebras ou fissuras nas rochas, sã o outros agentes externos que também atuam no
modelamento constante da cordilheira do Himalaia.

2. A pluviosidade é o principal fator climá tico que altera as formas de relevo no Brasil. As á guas das
chuvas, abundantes na maior parte do país, contribuem intensamente para o processo de intemperismo
físico e químico das rochas, bem como para a erosã o e para o transporte dos sedimentos.

• Conexão (p. 99)

1. Resposta pessoal. Dependendo de onde o aluno mora, do grau de urbanizaçã o do município, do tipo de
clima, da ocorrência mais ou menos acentuada de eventos agudos ou de prá ticas ligadas à s
determinaçõ es do relevo, essa observaçã o pode ser mais ou menos fá cil. É importante que o professor
intervenha, orientando o olhar do aluno, sempre que se fizer necessá rio.

• Geografia e Etimologia (p. 101)

1. Resposta pessoal. Oriente os alunos a buscar toponímias em mapas ou cartas topográ ficas e investigar
em dicioná rios e sites especializados.
Pá gina 290

• Ação e cidadania (p. 102)

1. Entre as principais medidas a ser tomadas pelo governo, destacam-se a regulamentaçã o mais eficaz
para a construçã o civil, especialmente em á reas com maior probabilidade de deslizamentos, a
implantaçã o de sistemas de alerta prévio à populaçã o e melhorias nas condiçõ es de socorro e
recuperaçã o das á reas atingidas.

2. Resposta pessoal. Nesse tipo de situaçã o, espera-se que as pessoas se unam para arrecadar donativos,
se ofereçam para ajudar na recuperaçã o ou reconstruçã o das moradias afetadas e na viabilizaçã o de
moradias provisó rias, etc.

• Para discutir (p. 103)

1. Entre os fatores que aumentam a frequência dos deslizamentos, destacam-se a remoçã o da vegetaçã o,
a deposiçã o de lixo das encostas, a execuçã o de cortes e aterros instá veis para construçã o de moradias e
vias de acesso, a ausência de sistemas de drenagem de á guas pluviais e coleta de esgotos, a elevada
densidade populacional e a fragilidade das moradias.

2. O objetivo da questã o é que o aluno observe as condiçõ es geográ ficas do seu lugar de vivência (clima
sujeito ou nã o a fortes chuvas, relevo ondulado ou plano, condiçõ es socioeconô micas da populaçã o, que,
dependendo, pode passar a ocupar á reas de risco) e pondere sobre a existência ou nã o dos fenô menos de
enchentes e deslizamentos. Esta pode ser uma oportunidade para que os alunos reflitam sobre casos
concretos de ocupaçã o de á reas de risco, desigualdade de acesso a moradia, assistência à s vítimas de
desastres, etc.

3. O objetivo da questã o é que o aluno possa ampliar seu conhecimento sobre o lugar onde vive,
interessar-se pelos problemas locais, sensibilizando-se com as situaçõ es de risco para comunidades.

• Atividades (p. 104-105)

Revendo conceitos (p. 104)

1. Os agentes internos dã o origem à s formas de relevo por meio de dobramentos de rochas e processos
vulcâ nicos, gerando cadeias montanhosas. A movimentaçã o das placas tectô nicas também provoca
falhas, que dã o origem a depressõ es. Essas formas de relevo sã o transformadas pelos agentes externos
que, de modo geral, atuam rebaixando as formas de relevo mais elevadas e transportando os sedimentos
para as partes mais baixas (depressõ es e planícies), onde sofrem processos de sedimentaçã o, vindo a
formar novas rochas.

2. As principais formas do relevo continental sã o as montanhas (formas mais elevadas, podendo atingir
mais de oito mil metros de altitude), os planaltos (com formas irregulares e muito desgastadas), as
planícies (que se caracterizam pelo recebimento de sedimentos de outras formas de relevo) e as
depressõ es (formas rebaixadas do relevo em relaçã o à s á reas adjacentes).

3. O critério de classificaçã o do relevo brasileiro desenvolvido por Aroldo de Azevedo é o nível


altimétrico, isto é, as superfícies planas abaixo de 200 m de altitude foram identificadas como planícies;
aquelas acima de 200 m, como planaltos. Já os professores Ab’Saber e Jurandyr Ross utilizaram como
critério de classificaçã o os processos geomorfoló gicos (principalmente a erosã o e a sedimentaçã o), nã o
considerando a altimetria.

4. De acordo com a classificaçã o de Jurandyr Ross, os planaltos sã o reunidos em dois grandes grupos:
aqueles localizados em bacias sedimentares e aqueles situados em estruturas cristalinas e de
dobramento antigo.
5. As planícies sã o formas de relevo planas ou pouco inclinadas e sã o originadas a partir do processo de
deposiçã o de sedimentos. Elas podem ser classificadas em planícies marítimas (ou costeiras) e
continentais. Os planaltos sã o superfícies mais ou menos planas, situadas em diferentes altitudes e
delimitadas por escarpas íngremes. A origem dos planaltos pode ser diversa e, por isso, eles podem ser
chamados de planaltos de erosã o, planaltos vulcâ nicos e planaltos tectô nicos.

6. As modificaçõ es do relevo terrestre decorrentes das açõ es humanas podem ser observadas em
determinadas atividades econô micas como a agropecuá ria, a mineraçã o, além da implantaçã o de usinas
hidrelétricas, de aterros de orlas marítimas, lagoas e outras á reas submersas, a construçã o de portos e
etc. Essas açõ es, praticadas em vá rias partes do mundo, também sã o consideradas agentes exó genos que
transformam o relevo.

Lendo mapas e gráficos (p. 104)

7. a) O aluno poderá citar Piauí, Maranhã o, Goiá s, Mato Grosso do Sul, Sã o Paulo, Paraná , Rio Grande do
Sul e Minas Gerais.
b) Os compartimentos mais propensos à sedimentaçã o sã o as depressõ es e as planícies.
c) Segundo a classificaçã o de Jurandyr Ross, as depressõ es do territó rio brasileiro sã o formadas, em sua
maioria, por processos erosivos que atuam intensamente nas bordas das bacias sedimentares.

8. O Pantanal Mato-Grossense é uma planície, ou seja, uma á rea plana ou pouco inclinada onde
predominam os processos de deposiçã o de sedimentos (aluviais, no caso do Pantanal). Em contato com a
planície do Pantanal estã o os terrenos sedimentares dos planaltos e chapadas da bacia do Paraná . Os
planaltos sã o superfícies mais ou menos planas e delimitadas por escarpas íngremes. Apó s as escarpas,
temos a depressã o periférica, que foi formada pela açã o erosiva dos rios. Seu limite é o encontro com os
planaltos e serras de leste-sudeste, fazendo a transiçã o para os terrenos de formaçã o cristalina que se
estendem até o oceano.

Interpretando textos e imagens (p. 104-105)

9. a) Sim, os planaltos apresentam diferentes feiçõ es, conforme evidenciam as imagens. A serra da
Barriga (em cima) apresenta uma sucessã o de morros e picos, enquanto a Chapada Diamantina
(embaixo) apresenta morros com topo aplainado, semelhantes a mesas.
b) As diferenças de paisagem podem ser atribuídas aos diferentes tipos de rochas (terrenos cristalinos
na serra da Barriga e sedimentares na Chapada Diamantina), à s diferenças de pluviosidade e à s
diferenças nos processos de intemperismo e de erosã o.

10. a) As voçorocas sã o formadas por sucessivas retiradas, pelas á guas da chuva, de sedimentos de solos
desprotegidos.
b) O plantio de á rvores pode ser uma estratégia eficiente para a recuperaçã o de á reas que apresentam
voçorocas, porque as raízes da vegetaçã o mantêm a coesã o do solo, retendo os sedimentos e, assim,
diminuindo a erosã o.
Pá gina 291

c) As voçorocas podem desestruturar lençó is freá ticos, comprometer construçõ es, inviabilizar o
aproveitamento agrícola do solo, etc.

11. As dunas sã o formadas por sedimentos transportados pelos ventos. Lugares com dunas nas
paisagens têm presença de fortes ventos, e esse é o fator determinante para a construçã o de parques
eó licos.

12. a) Porque nas cidades há muita desigualdade social, que se expressa na exclusã o socioespacial. A
populaçã o que mora em á reas de risco de deslizamento e de enchentes é composta por famílias de baixa
renda, que nã o conseguem morar em locais mais apropriados nessas cidades.
b) O primeiro tipo consiste nas medidas para melhorar as pró prias á reas de risco e evitar mortes:
melhorar a estabilidade dos terrenos, drenar melhor a á gua, conter encostas. O segundo tipo, que seria a
soluçã o definitiva do problema, seria disponibilizar locais adequados para moradia para a populaçã o de
menor renda.

Capítulo 8 Os solos

Além de ser o produto de importantes processos naturais, o solo é o meio essencial para o
desenvolvimento da agricultura, principal fonte de alimentaçã o da populaçã o mundial. A diversidade de
solos (em conjunto com a técnica humana) é um fator favorá vel à agricultura, pois aumenta as
possibilidades de desenvolver culturas com diferentes características de adaptaçã o.

Como a maior parte da produçã o agrícola do mundo está associada à ló gica capitalista, a busca excessiva
por lucros leva muitos produtores a adotar prá ticas agrícolas nã o sustentá veis, que provocam a
degradaçã o dos solos. Por isso esse capítulo também trata dessas e de outras causas da degradaçã o do
solo, apresentando alguns aspectos desse problema.

É relevante demonstrar que o intemperismo, responsá vel pela decomposiçã o das rochas em sedimentos,
é um fenô meno relacionado ao mesmo tempo à remodelagem do relevo (que foi estudada no capítulo
anterior, quando se falou em agentes externos ou exó genos do relevo) e à formaçã o dos solos.

Chame a atençã o dos alunos para o fato de que os solos nã o sã o formados apenas por sedimentos
minerais, mas também por matéria orgâ nica e outras substâ ncias. A ilustraçã o “Solo – Formaçã o e
evoluçã o” (p. 106) permite mostrar como o fator tempo atua no aprofundamento e na diferenciaçã o das
camadas do solo.

Sugestões didáticas

• Fatores de formação dos solos (p. 107)

Em relaçã o aos fatores que atuam na formaçã o dos solos, os alunos devem ser estimulados a nã o apenas
memorizar o papel de cada fator, mas a relacioná -los, procurando deduzir as influências que exercem
sobre a configuraçã o do solo. Em uma regiã o onde, por exemplo, há chuvas constantes e o processo de
formaçã o do solo é antigo, a profundidade do solo tende a ser grande.

A ilustraçã o “Horizontes principais do solo” pode ser explorada para que os alunos observem as camadas
que estruturam o solo, entendendo que a formaçã o de cada uma delas depende do tempo de maturaçã o
do solo e do ritmo de intemperismo da rocha, que se desagrega na mesma proporçã o em que o solo se
aprofunda. O entendimento dos horizontes do solo pode ser complementado e consolidado com a
aplicaçã o da Atividade complementar sugerida mais adiante).

• Tipos de intemperismo e fertilidade dos solos (p. 108)


Apresente aos alunos os tipos de intemperismos que atuam nos processos pedogenéticos e os fatores
que levam a maior ou menor fertilidade dos solos. Destaque os solos mais férteis no Brasil – massapé e
“terra roxa” – o que pode conduzir à relaçã o entre a ocorrência dos tipos de solo e os ciclos agrícolas
mais importantes da histó ria do país: a cultura da cana-de-açú car, no período colonial, em á reas de
massapé, e a cultura do café, entre os séculos XIX e XX, em á reas de “terra roxa”.

• Degradação dos solos (p. 109)

É importante que o tratamento desse tema extrapole as questõ es técnicas, abrangendo a discussã o sobre
as causas e consequências dos principais problemas que afetam os solos. A abordagem desse tema
permite estimular a reflexã o sobre os danos econô micos e sociais que a degradaçã o dos solos pode gerar.

Pode-se demonstrar como os fatores naturais associados à s açõ es antró picas podem gerar ou intensificar
os processos de degradaçã o do solo. O desmatamento em á reas chuvosas e com relevo íngreme, por
exemplo, implica a aceleraçã o do processo erosivo do solo.

A partir da leitura do boxe Saiba mais (p. 109), pode-se discutir o conceito de desertificaçã o. Ele se
refere a um processo que pode ocorrer naturalmente ou ser estimulado por atividades econô micas nas
á reas adjacentes à s regiõ es á ridas e semiá ridas, que passam a assumir características aná logas à s dos
desertos. Desse modo, uma á rea desertificada tem como principal característica a escassez de umidade.
No entanto, a degradaçã o do solo em á reas onde a aridez nã o é característica predominante, como no
sudoeste do Rio Grande do Sul, mas onde há perda de cobertura vegetal e formaçã o de solos arenosos,
tem sido caracterizada indevidamente como desertificaçã o. Nesse caso, é mais adequado empregar o
termo arenizaçã o — problema relacionado principalmente a prá ticas agrícolas inadequadas.

Tanto a desertificaçã o como a arenizaçã o sã o problemas graves que afetam o solo e reduzem sua
capacidade produtiva, devendo ser prevenidos com um manejo criterioso das atividades econô micas que
interferem diretamente no solo.

• Informe – Solos para a sustentabilidade da sociedade (p. 110)

O texto faz um alerta sobre a importâ ncia dos solos para a vida na Terra e sobre os perigos associados ao
meio ambiente e as consequentes implicaçõ es socioeconô micas decorrentes da sua degradaçã o. Trata-se
de um tema atual e de grande importâ ncia a ser discutido com os alunos, cujas atençõ es também sã o
manifestadas pela ONU ao declarar 2015 o ano Internacional dos Solos. É importante que fique claro aos
alunos que a utilizaçã o do solos por diversas atividades econô micas deve ser associada a sua
conservaçã o, com a implantaçã o de eficientes sistemas de produçã o agrícola e de gestã o adequada desse
recurso natural.
Pá gina 292

Atividade complementar

Análise de perfis de solo

Materiais necessários: caderneta de campo, lá pis, borracha, recipiente com á gua (para umedecer
amostras de solo).

Dica: Esta é uma atividade em que os alunos entrarã o em contato direto com o solo. É importante que
haja planejamento em relaçã o ao traje usado durante a realizaçã o da atividade e à possibilidade de se
limpar ao término dela. Trabalhando em grupos, a atividade pode ser organizada de modo que o
responsá vel pelos registros nã o entre em contato com as amostras de solo.

Descrição da atividade

Trata-se de uma atividade extraclasse, em local onde os alunos possam ter acesso a uma porçã o de solo
em perfil (encosta de morro, corte de estrada, etc.). O perfil do solo deve ser raspado para retirar
vegetaçã o rasteira, resíduos e camadas oxidadas. O objetivo é reconhecer, de modo geral, a estrutura do
solo, e nã o classificá -lo de acordo com as normas técnicas.

Em grupos, os alunos deverã o analisar o perfil do solo, de acordo com as seguintes orientaçõ es:

• Identificar os horizontes e as respectivas espessuras. O boxe Saiba mais (p. 109) traz informaçõ es
sobre os horizontes do solo.

• Reconhecer as cores e tonalidades dos horizontes. As cores evidenciam diferentes constituiçõ es dos
horizontes e o nível da transformaçã o sofrida por cada um a partir da interaçã o com á gua, gases,
microrganismos, pequenos animais e insetos, e matéria orgâ nica em decomposiçã o.

• Avaliar a composiçã o granulométrica e textura dos horizontes. Manuseando amostras de solo é


possível perceber as diferenças de tamanho dos grã os que as compõ em. As porçõ es de solo mais
grosseiras sã o as ricas em areia, enquanto nas porçõ es mais finas predominam argilas e siltes. A
avaliaçã o da textura deve ser feita esfregando-se entre os dedos amostras ú midas e homogeneizadas de
solo. A areia dá sensaçã o de atrito; o silte, de sedosidade; e a argila, de plasticidade e pegajosidade.

• Avaliar a estrutura e a consistência do solo (em cada horizonte). Consiste em verificar se os materiais
formam agregados (e qual a pressã o necessá ria para fragmentá -los em amostras secas e ú midas) ou se as
partículas encontram-se soltas, sem coesã o.

• Verificar a existência de raízes e atividade bioló gica.

Todo o levantamento deve ser registrado na caderneta de campo. O levantamento pode ser
complementado com desenhos e fotografias.

Caso seja possível, a compreensã o sobre a composiçã o e a estruturaçã o dos solos pode ser melhorada
por meio da comparaçã o de dois perfis de solos diferentes – de preferência, situados distantes um do
outro.

Embora a proposta nã o seja analisar precisamente as características do solo, consultar o Manual técnico
de pedologia do IBGE pode ajudar muito na orientaçã o da atividade e na conclusã o dos resultados.

Leitura complementar
Em funçã o do crescimento contínuo da populaçã o mundial, a preocupaçã o com o fornecimento de
alimentos capaz de abastecê-la também se amplia. Portanto, a preservaçã o das condiçõ es de fertilidade
dos solos ganha cada vez mais importâ ncia. Por outro lado, o desenvolvimento das forças produtivas e a
expansã o das demandas de consumo levam à exploraçã o intensiva dos solos e ao desmantelamento das
condiçõ es que preservam sua qualidade.

Nesse contexto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá ria (Embrapa) é um dos ó rgã os mais
importantes na realizaçã o de pesquisas e aná lises que possibilitam a produçã o de conhecimento a
respeito dos solos no Brasil. O texto abaixo é um fragmento de uma das publicaçõ es da Embrapa.

Áreas degradadas: conceitos e caracterização do problema

Segundo o Banco Mundial, os solos agrícolas do mundo vêm se degradando a uma taxa de 0,1% ao ano, dados
que corroboram com os estabelecidos pela FAO, que apontam a perda de cinco milhõ es de hectares de terras
ará veis por ano devido a más prá ticas agrícolas, secas e pressã o populacional, além de inú meras açõ es
antró picas de exploração inadequada dos recursos naturais englobando o compartimento solo.

O Programa das Naçõ es Unidas para o Meio Ambiente (PNUD), através do GLSOD (Global Assessment of Soil
Degradation – Projeto de Avaliaçã o Mundial da Degradação do Solo), registrou que 15% dos solos do planeta
(aproximadamente 20 bilhõ es de ha), uma á rea do tamanho dos Estados Unidos e Canadá juntos, estã o
classificados como degradados devido à s atividades humanas. Do total desta á rea degradada, 5% encontram-
se na América do Norte, 12% na Oceania, 14% na América do Sul, 17% na Á frica, 18% na Á sia, 21% na América
Central e 13% na Europa. Se considerarmos as á reas inabitadas do mundo, o percentual de solos degradados
no planeta sobe de 15% para 24% (Oldeman, 1994). O maior problema que reside nestas constataçõ es é que a
maioria destes solos degradados ou em processo de degradaçã o está nos países menos desenvolvidos. Estima-
se que 39% da população da Á sia (1,3 bilhã o de pessoas) vivam em á reas com tendências para desertificaçã o,
na Á frica, 65% dos solos agrícolas estã o degradados e na América Latina e Caribe, o mau uso de produtos
químicos e erosã o degradaram 300 milhõ es de ha. Na Europa, dados de 2002 publicados pela Comissã o
Europeia, estabelecem que 52 milhõ es de ha (16% da á rea agrícola total), estã o afetados por algum processo
de degradaçã o (salinizaçã o, erosã o, desertificaçã o, ou excesso de urbanização).

Essa degradaçã o ameaça a fertilidade das terras e a qualidade das á guas. O solo perde a sua funcionalidade e o
equilíbrio ecoló gico em geral. O problema é potencializado quando se leva em conta que a resiliência natural
de determinadas propriedades do solo é muito lenta. Estima-se, sob um clima ú mido, que sã o necessá rios
cerca de 500 anos para que se formem uma camada de solo de 2,5 cm de espessura.

Ainda, segundo o projeto da avaliaçã o mundial da degradaçã o de solo do PNUD (Oldeman, 1994), cinco são os
principais fatores de degradaçã o dos solos, listados a seguir (com os seus percentuais de participaçõ es nas
á reas mundiais degradadas):

1) Desmatamento ou remoçã o da vegetaçã o natural para fins de agricultura, florestas comerciais, construçã o
de estradas e urbanizaçã o (29,4%);

2) Superpastejo da vegetaçã o (34,5%);

3) Atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de prá ticas agrícolas, como o uso insuficiente ou excessivo
de fertilizantes, uso de á gua de irrigaçã o de baixa qualidade, uso inapropriado de má quinas agrícolas e
ausência de prá ticas conservacionistas de solo (28,1%);
Pá gina 293

4) Exploraçã o intensiva da vegetaçã o para fins domésticos, como combustíveis, cercas, etc., expondo o solo à
açã o dos agentes erosivos (6,8%); e

5) Atividades industriais ou bioindustriais que causam poluiçã o do solo (1,2%).

No continente sul-americano, segundo o GLSOD, tem-se 244 milhõ es de ha de solo degradado, sendo o
desmatamento responsá vel por 41%, o superpastejo por 27,9%, as atividades agrícolas por 26,2%, a
exploraçã o intensa da vegetaçã o por 4,9%.

Os dados relativos de solos degradados na América do Sul em decorrência das atividades industriais sã o
ínfimos por dois motivos: falta de levantamento sistemá tico e global no continente de sítios contaminados
e/ou degradados pelos processos industriais e a baixíssima industrializaçã o dos países do continente quando
comparado aos países desenvolvidos e industrializados. No Brasil nã o existe até o momento nenhum estudo
conclusivo quanto à quantidade e distribuiçã o dos solos degradados em escala nacional. [...]

TAVARES, Sílvio Roberto de Lucena. Á reas degradadas: conceitos e caracterizaçã o do problema. In: TAVARES, Sílvio Roberto
de Lucena et al. Curso de recuperação de áreas degradadas: a visão da Ciência do Solo no contexto do diagnóstico, manejo,
indicadores de monitoramento e estratégias de recuperação. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2008. p. 1-2. Disponível em:
<https://www.ufjf.br/analiseambiental/files/2012/02/curso_rad_2008.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

LEPSCH, Igo F. Formação e conservação dos solos. Sã o Paulo: Oficina de Textos, 2007.
Esse livro traz uma abordagem do solo que leva em consideraçã o a necessidade de preservaçã o
ambiental. Além de tratar da utilizaçã o sustentá vel e da preservaçã o do solo, como recurso natural, a
obra ainda apresenta a classificaçã o internacional de solos e o Sistema Brasileiro de Classificaçã o dos
Solos.

Manual técnico de pedologia. Disponível em: <http://linkte.me/mtpedo>. Acesso em: 28 mar. 2016.
A publicaçã o do IBGE, que contou com a colaboraçã o do Centro Nacional de Pesquisa de Solos da
Embrapa, contém conceitos, critérios e normas do Sistema Brasileiro de Classificaçã o de Solos.

SITES

Instituto Agronô mico de Campinas


Site do ó rgã o ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de Sã o Paulo, há informaçõ es
sobre aná lises do solo e seu aproveitamento para a agricultura. Disponível em: <http://linkte.me/iac>.

Embrapa Solos.
Nesse site da Embrapa há vá rios links com diferentes abordagens sobre os solos. Nele é possível acessar
mapas, publicaçõ es, projetos e informaçõ es sobre o solo, inclusive a classificaçã o dos solos no Brasil.
Disponível em: <http://linkte.me/embsolo>.

Acessos em: 12 abr. 2016.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 106)

1. O intemperismo é responsá vel pelas modificaçõ es físicas, químicas e desagregaçã o dos minerais que
constituem as rochas, culminando nos processos de formaçã o dos solos.
2. Entre os principais agentes que intemperizam as rochas, pode-se destacar a á gua e as substâ ncias
dissolvidas, a variaçã o de temperatura e os seres vivos, como as raízes das plantas e a escavaçã o dos
animais.

3. É possível observar na imagem que a camada que corresponde ao solo é a parte superior, mais escura,
por ser rica em matéria orgâ nica, á gua, sais em soluçã o e matéria coloidal. A rocha é representada pela
camada inferior, mais esbranquiçada e coesa, onde ainda nã o ocorrem os processos de intemperismos e
de formaçã o do solos.

• Para discutir (p. 110)

1. O crescimento da populaçã o mundial vai exigir cada vez mais um aumento na produçã o de alimentos,
intensificando a utilizaçã o dos solos, com o cultivo contínuo e a ausência de prá ticas conservacionistas. A
erosã o hídrica, por exemplo, provocada por certas técnicas agrícolas culturais, contribui para o
carreamento de material de solo, em geral, removendo a camada mais rica em nutrientes e matéria
orgâ nica. Os solos rapidamente se tornam improdutivos, determinando a busca de outros locais para se
estabelecer as atividades agropecuá rias. Nas á reas urbanas, o intenso desmatamento, a ocupaçã o das
á reas de vá rzeas, a construçã o de edificaçõ es, de á reas industriais e locais destinados ao depó sito de lixo
também contribuem para a contaminaçã o e a improdutividade dos solos.

2. Resposta pessoal. Oriente os alunos a relacionar a perda dos solos com o aumento de terras agrícolas
improdutivas, o assoreamento dos recursos hídricos e a reduçã o da capacidade de armazenamento dos
reservató rios de á gua usados para geraçã o de energia e para abastecimento da populaçã o, tanto nas
á reas urbanas como nas atividades rurais.

• Atividades (p. 111)

Revendo conceitos (p. 111)

1. Clima: a velocidade e o tipo de intemperismo sã o regulados principalmente pela temperatura e pela


umidade do ambiente. Açã o de organismos: as raízes das plantas geram intemperismo físico durante o
crescimento, e os animais movimentam o solo ao cavarem buracos; a açã o dos microrganismos na
decomposiçã o da matéria orgâ nica é essencial para a agregaçã o das partículas que compõ em a estrutura
do solo e para a formaçã o do hú mus. Relevo: interfere na quantidade de á gua e na distribuiçã o de luz e
calor do sol sobre o material intemperizado. Tempo: influi na formaçã o do solo em relaçã o à duraçã o do
intemperismo.

2. Intemperismo físico: causa desagregaçã o, transformando a rocha em material friá vel. Intemperismo
químico: provoca alteraçã o química dos minerais que compõ em a rocha. A á gua e as substâ ncias
dissolvidas podem reagir com os minerais existentes e transformá -los quimicamente.
Pá gina 294

Intemperismo bioló gico: as rochas sã o alteradas pela açã o mecâ nica e química dos seres vivos.

3. O solo é composto por material só lido (minerais e matéria orgâ nica), líquido (á gua, sais em soluçã o e
matéria coloidal em suspensã o) e gasoso (oxigênio, gá s carbô nico).

4. Cada horizonte do solo possui propriedades específicas, como textura, conteú do de matéria orgâ nica e
material rochoso. Ao serem identificadas, essas camadas fornecem elementos para a classificaçã o dos
solos.

5. Solo fértil é aquele que possui alta capacidade de fornecer nutrientes para o desenvolvimento das
plantas. A noçã o de fertilidade do solo leva em conta principalmente a sua composiçã o química, os
fatores de formaçã o e, sobretudo, o seu uso pela sociedade.

6. Causas: desmatamento, uso intenso do solo na pecuá ria, ausência de prá ticas agrícolas
conservacionistas e atividades industriais. Consequências: aumento da quantidade de sais em terras
irrigadas (salinizaçã o), uso mais intenso de fertilizantes e pesticidas e, consequentemente, aumento dos
resíduos desses produtos na superfície do solo e na á gua subterrâ nea. Também há a aceleraçã o
dosprocessos erosivos e da desertificaçã o.

7. Desertificaçã o é o processo de desequilíbrio hídrico e degradaçã o do solo, da vegetaçã o e da


biodiversidade nas zonas á ridas, semiá ridas e subú midas do planeta Terra. É produto de vá rios fatores,
em especial, das variaçõ es do clima e das atividades humanas.

Interpretando textos e imagens (p. 111)

8. Identificaçã o dos horizontes: O – horizonte orgâ nico; A – horizonte mineral; E – horizonte com
remoçã o da argila; B – horizonte que concentra os materiais removidos dos anteriores; C – horizonte
com material inconsolidado de rocha alterada; R – rocha alterada pelo intemperismo. A formaçã o do solo
e, portanto, o respectivo perfil, é causada por um conjunto de fatores. Sã o eles o clima, a açã o dos
organismos, o tempo e o material de origem. A rocha inalterada se desgasta por meio do processo de
intemperismo e erosã o, e recebe material alterado de outros lugares. Os organismos causam
intemperismo químico e físico no material de formaçã o, que também é afetado pelas condiçõ es
climá ticas e pela quantidade de á gua, luz e calor que recebe de acordo com sua posiçã o no relevo. Tudo
isso acontece durante uma determinada quantidade de tempo. O perfil do solo, portanto, revela as
diferentes etapas desse processo durante o tempo. Quanto mais profundo o horizonte, mais antiga a sua
formaçã o.

9. Resposta pessoal. O objetivo da atividade é possibilitar ao aluno um contato com elementos concretos
para que ele possa refletir sobre os processos envolvidos na relaçã o entre solo e vegetaçã o e sua
importâ ncia para os seres humanos.

Lendo mapas (p. 111)

10. a) Os estudos do solo e o conhecimento sobre atividades agrícolas podem gerar atividades
econô micas importantes para uma regiã o e mesmo de todo um país. Quanto maior for o domínio sobre
os recursos provenientes do solo e os ciclos das culturas, mais variadas podem ser as atividades
econô micas que geram riqueza e acú mulo de capitais. Esse acú mulo de capitais, quando reinvestido,
pode se transformar em mais produtividade, mais conhecimento e novas atividades, estimulando, assim,
todos os setores da economia.
b) O nível do potencial agrícola da Regiã o Centro-Oeste situa-se entre “regular” e “desaconselhá vel”. O
cultivo de soja é possível graças a técnicas modernas utilizadas nos solos, como aplicaçã o de nutrientes
para aumentar a fertilidade, uso intensivo de adubos químicos e defensivos agrícolas (agrotó xicos),
irrigaçã o, calagem para corrigir a acidez, etc. Essas técnicas permitem o aumento da produtividade
agrícola da regiã o, porém, também provocam uma série de impactos sociais e ambientais, entre os quais
se destacam o uso intensivo e a contaminaçã o das á guas pelos agrotó xicos, a compactaçã o e a
impermeabilizaçã o do solos devido à utilizaçã o das má quinas agrícolas, o desmatamento, o
assoreamento de rios e reservató rios, a perda de há bitat natural, etc.

Capítulo 9 Hidrologia e hidrografia

O tema da á gua é desenvolvido nesse capítulo de modo a abranger os fenô menos relacionados a sua
mobilidade e distribuiçã o no planeta e também a fornecer elementos para a reflexã o sobre a importâ ncia
da á gua para as atividades humanas e sobre a necessidade de sua preservaçã o.

É importante que os alunos sejam motivados a compreender e interpretar criticamente o processo de


apropriaçã o dos recursos naturais pela humanidade. Tal processo é fundamental para a construçã o das
estruturas que permitem o funcionamento da sociedade, mas expõ e as fontes de recursos naturais
(incluindo os recursos hídricos) a sérios impactos. Portanto, cabe a cada um, como cidadã o, pensar sobre
as causas dos problemas ambientais e atuar na sociedade levando em consideraçã o as possibilidades de
preservaçã o dos recursos do planeta. Segundo os PCN+/Ensino Médio (p. 63):

O desenvolvimento das técnicas é, ao mesmo tempo, uma conquista do ser humano e um elemento de
exercício, cada vez mais efetivo, do ser humano sobre o substrato natural que o sustenta na superfície
terrestre. O nível de exploração dos recursos existentes nesse substrato implica cada vez mais colocar em
perigo o equilíbrio dos elementos naturais que constituem a estrutura do planeta. Há , entã o, um embate entre
os processos de preservaçã o e degradaçã o da vida no planeta, no qual o predomínio desta ou daquela situação
implica uma qualidade de vida diferenciada.

Sugestões didáticas

• Ciclo hidrológico (p. 113) Ciclo hidroló gico é um conceito com o qual provavelmente os alunos já
tiveram contato. Por isso é importante verificar seu conhecimento prévio a respeito do assunto. O que os
alunos já conhecem deve ser aproveitado no aprofundamento das reflexõ es sobre o assunto.

É comum os alunos conceberem o ciclo hidroló gico como um sistema fechado e com uma sequência de
eventos predefinida. Essa ideia, superficial, pode ser aprofundada a partir de uma orientaçã o durante a
aná lise do esquema “Ciclo hidroló gico”. Você pode aproveitar para esclarecer que se trata da
representaçã o de alguns exemplos dos processos constituintes do ciclo da á gua, mas outras
configuraçõ es representativas do fenô meno seriam possíveis.
Pá gina 295

No Ensino Médio, a partir da compreensã o sobre o funcionamento do ciclo da á gua, é viá vel
problematizar vá rios aspectos. Pode-se refletir sobre quanto essa dinâ mica está implicada na
distribuiçã o da á gua na superfície terrestre. É possível discutir também a influência dos processos que
compõ em o ciclo sobre outros fenô menos da natureza e sobre as estruturas sociais. Cabe trabalhar ainda
a importâ ncia do conhecimento do ciclo hidroló gico para a preservaçã o ambiental.

Uma discussã o sobre a reduçã o da retençã o superficial pode indicar o quanto a alteraçã o das
características do solo pelo modo como ele é ocupado influi na retençã o de á gua e, consequentemente, na
fluidez de seu escoamento superficial. Os alunos podem ser levados a observar que, quando há mais
vegetaçã o e solo exposto, a capacidade de retençã o da á gua das chuvas pelo solo é maior, ao passo que,
quando a cobertura vegetal é suprimida e o solo é impermeabilizado (pelo asfalto e pelo concreto), o
escoamento superficial da á gua é muito maior. Recomenda-se estimular os alunos a levantar hipó teses
sobre as consequências desse processo. Espera-se que eles deduzam que o grande volume de á gua
(dependendo da intensidade das chuvas) que chega aos rios dificulta sua vazã o normal, o que pode
provocar enchentes e outros transtornos à populaçã o.

O boxe Ação e cidadania (p. 113) permite que os alunos possam refletir sobre o uso intensivo da á gua e a
mudança de há bitos para evitar o desperdício desse recurso.

• Bacias hidrográficas (p. 114)

Os alunos devem ter clareza de que uma bacia hidrográ fica nã o se define apenas por um conjunto de rios
interligados. A bacia hidrográ fica é composta pelo conjunto de terras onde ocorre a captaçã o das á guas
provenientes das chuvas, do descongelamento de geleiras e das nascentes oriundas dos lençó is freá ticos
e que correm em direçã o aos rios que formam seu sistema hídrico.

Assim, sugerimos pedir aos alunos que identifiquem os principais elementos formadores das bacias
hidrográ ficas. Para que consigam apreender o conceito de maneira menos abstrata, a aná lise das
imagens da pá gina 114 pode ser muito ú til. A ilustraçã o em três dimensõ es “Bacias hidrográ ficas”
favorece a observaçã o das formas que compõ em as bacias hidrográ ficas (divisores de á gua e vales),
permitindo deduzir como a á gua é conduzida por elas. Já no mapa que representa a bacia do rio Doce, é
possível visualizar satisfatoriamente a rede hídrica formada pela conexã o de rios. Para ampliar a
concretizaçã o dos conceitos envolvendo as bacias hidrográ ficas, sugerimos a realizaçã o da Atividade
complementar apresentada mais adiante.

A exploraçã o do boxe Saiba mais (p. 114) permite discutir as possíveis interferências humanas na
dinâ mica hidroló gica, incluindo os benefícios e malefícios que essas modificaçõ es podem trazer para as
sociedades. Peça a opiniã o do maior nú mero possível de alunos, valorizando cada participaçã o.

É importante incentivar a comparaçã o entre rios e outros recursos hídricos como lagos, lagoas e
represas artificiais. A utilizaçã o de conhecimentos adquiridos pelos alunos em experiências que possam
ter vivenciado valoriza o conhecimento deles e os ajuda a estabelecer relaçõ es entre os conceitos e a
realidade. Instigue os alunos a analisar a ilustraçã o “Esquema do curso de um rio” (p. 115) e a deduzir a
origem do movimento dos rios. Por meio dessa estratégia, a correnteza pode ser destacada como uma
das principais características dos rios. Espera-se que os alunos consigam estabelecer relaçã o entre a
hidrografia e o relevo, cuja inclinaçã o determina o fluxo e a intensidade da correnteza.

Sugerimos discutir a participaçã o dos rios em fenô menos naturais (como desgaste de rochas e
transporte de sedimentos, formaçã o/transformaçã o do relevo, fertilizaçã o de vá rzeas, etc.) e sua
importâ ncia social e econô mica (irrigaçã o, transporte, geraçã o de energia, saneamento bá sico, etc.).

• Bacias hidrográficas brasileiras (p. 116-118)


Sugerimos pedir aos alunos que realizem o reconhecimento das bacias hidrográ ficas brasileiras e de suas
principais características a partir da leitura das pá ginas 116 a 118 e da interpretaçã o das fotografias e
dos mapas que elas trazem. É importante incentivar o levantamento de informaçõ es sobre a extensã o e
localizaçã o, o aproveitamento econô mico e eventuais problemas ambientais de cada bacia hidrográ fica.

Para que o trabalho nã o seja apenas descritivo, é recomendá vel solicitar a confecçã o de sínteses
estruturadas em textos, que podem servir para apoiar a aná lise crítica das informaçõ es.

Depois da leitura do boxe Conexão sobre a usina de Belo Monte (p. 117), você poderá pedir aos alunos
que façam uma pesquisa rá pida para descobrir qual a situaçã o desse problema no momento em que o
assunto estiver sendo estudado.

• Informe – Visões distintas sobre a transposição do rio São Francisco (p. 119)

Dada a importâ ncia e a controvérsia que tocam o tema proposto pela seçã o, é fundamental trabalhar o
entendimento do projeto de transposiçã o do rio Sã o Francisco e, a partir da interpretaçã o dos textos,
orientar a identificaçã o dos argumentos que cada autor emprega para defender sua posiçã o. É
importante que os alunos percebam a relevâ ncia do tema, confirmada pela proporçã o das polêmicas que
desperta. Será muito enriquecedor se a discussã o sobre o texto apresentado levar os alunos a buscar
outras informaçõ es e pontos de vista e a assumir seu pró prio posicionamento a respeito.

Como no caso de Belo Monte, será interessante verificar a situaçã o da transposiçã o do rio Sã o Francisco
na época em que o tema estiver sendo abordado em classe.

• Oceanos e mares (p. 120)

A leitura do texto pode ser conduzida de modo que os alunos consigam, além de reconhecer as principais
características presentes nos oceanos, distingui-los das formaçõ es classificadas como mares. A utilizaçã o
de um mapa-mú ndi físico ajuda os alunos a visualizar exemplos de mares abertos, continentais e
isolados. Na imagem de satélite (p. 120), é possível identificar o mar Mediterrâ neo, o mar Vermelho e o
golfo Pérsico, exemplos de mares continentais.

A leitura dialogada da pá gina 121 permite a compreensã o dos fenô menos que dã o origem à s ondas e à s
marés, além do reconhecimento de suas consequências para a paisagem costeira.

O boxe Saiba mais sobre o mar de Aral (p. 121) permite discutir os riscos das grandes intervençõ es
humanas no ambiente natural. Esse exemplo trá gico pode contribuir para reforçar a consciência de que é
fundamental avaliar os impactos ambientais e sociais antes de decidir uma grande obra.
Pá gina 296

• Poluição das águas (p. 122)

Esse é um tema transdisciplinar que permite motivar muitas reflexõ es, que serã o mais frutíferas se nã o
se limitarem ao reconhecimento dos principais problemas que afetam a qualidade das fontes de á gua e
de suas causas.

É necessá rio retomar o conceito de ciclo hidroló gico, construindo a compreensã o de que, apesar de na
Terra a á gua ser um recurso limitado, de quantidade definida (que praticamente nã o se amplia e nem
diminui), ela também pode se renovar. Essa renovaçã o se dá por meio de processos naturais
(principalmente através da evaporaçã o, que destila naturalmente a á gua) ou de processos realizados
pelos seres humanos. Mas isso nã o significa que as atividades humanas possam ser praticadas sem
preocupaçã o em relaçã o a seus impactos sobre as fontes hídricas.

A partir da Revoluçã o Industrial, a capacidade produtiva das atividades econô micas urbanas e rurais
aumentou muito, ampliando o ritmo da geraçã o de dejetos. Quando esses nã o sã o devidamente tratados,
há um desequilíbrio entre a quantidade de dejetos lançada aos rios e có rregos e a capacidade natural de
purificaçã o da á gua. Além disso, o tratamento dos dejetos industriais e domésticos tem um custo elevado,
o que inviabiliza a disponibilidade de á gua potá vel para todos os habitantes do mundo, num quadro de
grande desigualdade social.

Portanto, se é fato que a á gua do planeta Terra nã o vai acabar, também é fato que ela é mal distribuída
pela superfície terrestre e que o comprometimento das fontes hídricas pelas açõ es antró picas e a falta de
recursos para recuperá -las podem fazer com que vá rios agrupamentos humanos tenham dificuldade de
acesso à á gua potá vel.

É igualmente pertinente a discussã o sobre as medidas que cada cidadã o deve adotar cotidianamente
para melhorar a preservaçã o dos recursos hídricos. Algumas açõ es de prevençã o, como evitar o
desperdício, nã o fazer ligaçõ es clandestinas de esgoto e nã o jogar lixo nas ruas ou diretamente nos rios,
sã o mais veiculadas. Porém, é fundamental que os alunos tomem consciência da complexidade da
questã o, que exige a abdicaçã o de comportamentos consumistas, e nã o apenas a reduçã o do consumo
direto de á gua, já que a maioria dos produtos exige o emprego de á gua em sua produçã o.

As autoridades governamentais também precisam ser cobradas para a ampliaçã o das infraestruturas de
saneamento bá sico e para melhoria das condiçõ es de vida da populaçã o. É preciso que os governos
coloquem como prioridade nã o só a construçã o de redes de esgoto, mas também o tratamento dele, a fim
de que os dejetos nã o sejam lançados diretamente nos rios e có rregos. Esse tema é discutido no boxe
Ação e cidadania (p. 122) sobre a condiçã o atual de assoreamento e poluiçã o do rio Capibaribe.

Atividade complementar

Confecção de maquetes de bacias hidrográficas em argila

As maquetes sã o excelentes instrumentos para se vislumbrar uma formaçã o espacial em três dimensõ es.
Com esta atividade, os alunos, além de visualizarem uma representaçã o de bacia hidrográ fica, terã o mais
uma ferramenta para a construçã o desse conceito. É uma oportunidade valiosa para o entendimento de
como o relevo determina a direçã o e a velocidade dos rios, além de definir os divisores de á gua que
delimitam as bacias hidrográ ficas, apreendendo a hidrografia como um sistema dinâ mico.

Materiais necessários: argila (aproximadamente meio quilo por aluno), á gua, espetinho de churrasco,
papel e lá pis.

Descrição da atividade
Cada grupo de aproximadamente quatro integrantes será responsá vel pela montagem de uma maquete.
Para obter melhores resultados, recomenda-se que a atividade seja realizada em conjunto com o
professor de Artes.

Antes de moldar na argila a representaçã o de uma bacia hidrográ fica, os alunos devem esboçar em uma
folha de papel sua rede hídrica, ou seja, o conjunto formado por um rio principal e seus afluentes e
subafluentes. Essa rede hídrica pode ser copiada de um mapa de hidrografia ou ser idealizada pelos
alunos.

Apó s desenharem o esboço da rede hídrica, a argila deve ser umidificada, amassada e utilizada para a
construçã o de uma base com pelo menos 5 cm de espessura. Nessa base devem ser traçados, com um
espeto de churrasco, os rios que compõ em a bacia hidrográ fica, de acordo com o esboço.

O pró ximo passo será moldar as irregularidades do relevo. Para isso, devem ser levados em consideraçã o
alguns critérios:

• A inclinaçã o do perfil percorrido por cada rio é formada com altitudes decrescentes da nascente até a
foz. Ou seja, o curso seguido pelo rio principal é mais alto na sua nascente, decrescendo em direçã o ao
mar, e os cursos percorridos pelos rios afluentes decrescem das nascentes em direçã o ao rio principal.

• Os rios percorrem vales, extensõ es com relevo rebaixado.

• Entre um rio e outro o relevo é mais elevado, e as vertentes, inclinadas em direçã o aos rios. O aluno
precisa imaginar que a inclinaçã o do relevo direciona as á guas (da chuva, por exemplo) até os rios.

• Nas bordas da bacia hidrográ fica estã o as formaçõ es mais elevadas do relevo que a constitui — os
divisores de á gua. Assim como ocorre entre um rio e outro da pró pria bacia, os divisores de á gua
possuem vertentes que direcionam a á gua. Um lado da vertente dirige a á gua para uma bacia e o outro
lado para outra ou outras bacias hidrográ ficas, delimitando-as. O aluno deve considerar que os divisores
de á gua que circundam a bacia hidrográ fica sã o responsá veis por captar a á gua e conduzi-la na direçã o
do rio principal, passando pelos subafluentes e afluentes.

Leitura complementar

O gerenciamento e a distribuiçã o dos recursos hídricos consistem em uns dos grandes desafios do século
XXI. No Brasil, nos ú ltimos anos, os problemas de abastecimento de á gua atingiram intensamente a
regiã o Sudeste, principalmente os estados de Sã o Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, conhecidos pelo
grande contingente populacional e, também, pela ampla disponibilidade hídrica em funçã o dos regimes
pluviais. Trata-se da soma entre um grande período de seca e ausência de planejamento para manter o
equilíbrio dos reservató rios. Enquanto isso, á reas do Nordeste historicamente afetadas pela seca voltam
a sentir o grave peso da escassez de á gua nos anos de 2015 e 2016. O texto a seguir apresenta alguns dos
desafios do controle e distribuiçã o da á gua, como chama atençã o para os problemas ambientais que
podem, da mesma forma, produzir escassez desse recurso.
Pá gina 297

As causas principais da “crise” da água

Segundo alguns especialistas, a crise da á gua no século XXI é muito mais de gerenciamento do que uma crise
real de escassez e estresse (Rogers et al. 2006). Entretanto, para outros especialistas, é resultado de um
conjunto de problemas ambientais agravados com outros problemas relacionados à economia e ao
desenvolvimento social (Gleick, 2000). Para Somlyody & Varis (2006), o agravamento e a complexidade da
crise da á gua decorrem de problemas reais de disponibilidade e aumento da demanda, e de um processo de
gestã o ainda setorial e de resposta a crises e problemas sem atitude preditiva e abordagem sistêmica. Tundisi
& Matsumura-Tundisi (2008) acentuam a necessidade de uma abordagem sistêmica, integrada e preditiva na
gestã o das á guas com uma descentralizaçã o para a bacia hidrográ fica. Segundo esses autores, uma base de
dados consolidada e transformada em instrumento de gestã o pode ser uma das formas mais eficazes de
enfrentar o problema de escassez de á gua, estresse de á gua e deterioraçã o da qualidade.

Tundisi et al. (2008) destacam que, no amplo contexto social, econô mico e ambiental do século XXI, os
seguintes principais problemas e processos sã o as causas principais da “crise da á gua”:

• Intensa urbanização, aumentando a demanda pela á gua, ampliando a descarga de recursos hídricos
contaminados e com grandes demandas de á gua para abastecimento e desenvolvimento econô mico e social
(Tucci, 2008).

• Estresse e escassez de á gua em muitas regiõ es do planeta em razã o das alteraçõ es na disponibilidade e
aumento de demanda.

• Infraestrutura pobre e em estado crítico, em muitas á reas urbanas com até 30% de perdas na rede apó s o
tratamento das á guas.

• Problemas de estresse e escassez em razã o de mudanças globais com eventos hidroló gicos extremos
aumentando a vulnerabilidade da populaçã o humana e comprometendo a segurança alimentar (chuvas
intensas e período intensos de seca).

• Problemas na falta de articulaçã o e falta de açõ es consistentes na governabilidade de recursos hídricos e na


sustentabilidade ambiental.

Esse conjunto de problemas apresenta dimensõ es em â mbito local, regional, continental e planetá rio. Esses
problemas contribuem para:

• Aumento e exacerbaçã o das fontes de contaminaçã o.

• A alteraçã o das fontes de recursos hídricos – mananciais – com escassez e diminuiçã o da disponibilidade.

• Aumento da vulnerabilidade da populaçã o humana em razão de contaminaçã o e dificuldade de acesso à á gua


de boa qualidade (potá vel e tratada).

• Esse conjunto de problemas está relacionado à qualidade e quantidade da á gua, e, em respostas a essas
causas, há interferências na saú de humana e saú de pú blica, com deterioraçã o da qualidade de vida e do
desenvolvimento econô mico e social.

[...]

TUNDISI, José Galizia. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluçõ es. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ea/v22n63/v22n63a02.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor


LIVRO

REBOUÇAS, Aldo da C.; BRAGA, Benedito; Tundisi, José Galizia. Águas doces no Brasil: capital ecoló gico,
uso e conservaçã o. 4. ed. Sã o Paulo: Escrituras Editora, 2002.
Os autores dessa obra reú nem importantes discussõ es sobre á guas e bacias hidrográ ficas do Brasil. A
ediçã o atualizada traça o panorama dos problemas e das perspectivas da distribuiçã o e utilizaçã o das
á guas no Brasil.

FILME

Mad Max: estrada da fúria. Direçã o: George Miller. EUA/ Austrá lia, 2015 (120 min).
O filme, vencedor de vá rios prêmios cinematográ ficos, narra uma perseguiçã o eletrizante de grupos
inimigos em busca do controle e da distribuiçã o igualitá ria de á gua doce, um bem valioso e raro em um
vasto deserto de um futuro pó s-apocalíptico.

SITES

Universidade da Á gua
O site traz uma grande quantidade de informaçõ es visuais e escritas sobre a á gua. Nele estã o à
disposiçã o artigos, ilustraçõ es, vídeos, mapas e links sobre vá rios assuntos relacionados à á gua e sua
preservaçã o. Disponível em: <http://linkte.me/uniag>.

Agência Nacional de Á guas (ANA)


O site reú ne e divulga dados que sã o de interesse coletivo com o objetivo de facilitar o acesso à
informaçã o pú blica sobre a utilizaçã o desse recurso no Brasil. Nele estã o à disposiçã o legislaçã o,
programas de gestã o, artigos, ilustraçõ es, atlas, e links sobre vá rios assuntos relacionados à á gua e sua
preservaçã o. Disponível em: <http://linkte.me/ana>.

Acessos em: 29 mar. 2016.

Respostas das atividades

• Abertura do capítulo (p. 112)

1. Em geral, enfrentam escassez as regiõ es com pouca disponibilidade hídrica, como o Deserto do Saara,
chifre da Á frica e sul desse continente, o Oriente Médio e alguns países da Á sia com grande contingente
populacional e altos índices de pobreza. Além das regiõ es citadas, o leste europeu também é afetado pela
insuficiência hídrica.

2. Além da pouca disponibilidade hídrica, a desigualdade no acesso à á gua também ocorre por motivos
econô micos e pela ausência de políticas de tratamento e abastecimento de á gua em muitas localidades. A
Índia, por exemplo, que abriga a segunda maior populaçã o do mundo, enfrenta uma crise de á gua
potá vel, pois tem apenas 4% da á gua doce do mundo. Além do baixo índice de recursos hídricos, as
atividades econô micas, o desmatamento massivo e a degradaçã o do meio ambiente contribuem para a
contaminaçã o da á gua potá vel e o agravamento da crise hídrica no país.
Pá gina 298

• Ação e cidadania (p. 113)

1. A seguir, algumas das atividades mais comuns no dia a dia que consomem á gua.

Escovaçã o de dentes: deve ser feita abrindo a torneira apenas para enxaguar a escova e a boca.

Lavagem de louça: desperdiça-se menos á gua quando a torneira permanece fechada durante o tempo em
que a louça é ensaboada, sendo aberta apenas para o enxá gue; também se desperdiça menos quando se
armazena á gua na cuba da pia para deixar a louça de molho, em vez de usar a á gua corrente para soltar a
sujeira.

Lavagem de carros: deve ser feita com o auxílio de um balde, nã o com a mangueira aberta durante todo
ou a maior parte do tempo em que o carro é lavado.

• Conexão (p. 117)

1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos indiquem fontes de energia como a eó lica, a solar, das
marés, biomassa e a geotérmica.

2. Resposta pessoal. Entre as principais formas de organizaçã o das comunidades atingidas, espera-se
que os alunos encontrem formas de resistência social como Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB), do qual fazem parte as famílias ameaçadas ou atingidas direta e indiretamente por barragens
como a usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. Oriente os alunos a buscarem dados oficiais em
ó rgã os pú blicos ou organizaçõ es nã o governamentais (ONGs) vinculadas à proteçã o do meio ambiente
sobre os projetos de construçã o de usinas e as principais mudanças ocorridas na regiã o ou município em
que residem.

• Para discutir (p. 119)

1. De modo geral, as posiçõ es apoiam-se nos argumentos abaixo.

Posiçã o favorá vel à transposiçã o: a deficiência hídrica do sertã o nordestino é contorná vel com a
aplicaçã o de tecnologias de captaçã o, armazenamento e distribuiçã o de á gua. Segundo o texto, com a
transposiçã o, a regiã o teria melhorias socioconô micas, com base na agricultura voltada para a produçã o
de biodiesel. Com isso, aumentariam as oportunidades de emprego e renda em á reas atualmente
subaproveitadas e improdutivas.

Posiçã o contrá ria à transposiçã o: a transposiçã o poderia agravar o processo de desertificaçã o. Nã o há


á gua sobrando no Sã o Francisco, havendo necessidade de á gua nas terras cultivá veis pró ximas ao rio.
Além disso, o que falta nas bacias receptoras nã o é exatamente á gua, mas uma política eficiente de
distribuiçã o e consumo. O projeto exigiria recursos energéticos e financeiros que nã o estã o disponíveis.
É possível lembrar outros argumentos que nã o estã o explícitos no texto citado. Um deles é que a situaçã o
de escassez hídrica no semiá rido nordestino se deve à má distribuiçã o dos recursos hídricos, que pode
ser alterada sem a obra de transposiçã o do rio Sã o Francisco. Outro é que a transposiçã o beneficiaria
principalmente as grandes empresas agrícolas, nã o os agricultores mais pobres (já que a á gua ficaria
cara demais), além de alterar a agricultura de vazante das planícies marginais.

• Ação e cidadania (p. 122) 1.

A recuperaçã o de um rio exige a eliminaçã o do despejo de esgotos in natura em suas á guas, o tratamento
dos esgotos industriais e domésticos, o controle do uso de agrotó xicos e fertilizantes na agricultura, o
replantio e a preservaçã o de matas ciliares. Exige ainda o planejamento da ocupaçã o do solo, evitando-se
construçõ es irregulares nas proximidades dos rios, entre outras medidas.
• Atividades (p. 124-125)

Revendo conceitos (p. 124)

1. Ciclo hidroló gico é a sequência de fenô menos naturais responsá veis pela constante alteraçã o do
estado físico da á gua presente na Terra.

2. O ciclo hidroló gico começa com a energia térmica solar incidindo sobre a superfície terrestre, o que
faz a á gua se transferir para a atmosfera, passando do estado líquido para o gasoso. Isso ocorre pelo
processo de evaporaçã o. Ao atingir camadas mais frias da atmosfera, o vapor de á gua se condensa, até o
ponto em que a á gua cai sobre a superfície terrestre em forma de chuva, granizo, neve, etc. Parte da á gua
que cai na superfície da Terra infiltra-se no solo, formando aquíferos e lençó is freá ticos. Ela também
pode escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou oceano (fluxo superficial), reiniciando o ciclo.

3. As bacias hidrográ ficas sã o á reas do terreno limitadas por divisores de á guas, regiõ es mais elevadas
do relevo, e drenadas por um rio principal e seus afluentes. Além de divisores de á guas, rio principal e
rios afluentes, as bacias hidrográ ficas sã o compostas por rochas, solo, vegetaçã o e ocupaçã o.

4. Bacia do rio Amazonas: é a maior bacia hidrográ fica do mundo, abrangendo uma á rea de cerca de 7
milhõ es de km2, ocupando aproximadamente 42% do territó rio nacional; e se estende por outros seis
países da América do Sul: Peru, Colô mbia, Equador, Venezuela, Guiana e Bolívia. Bacia dos rios Tocantins
e Araguaia: seu principal curso d’á gua é o rio Tocantins, que nasce no planalto de Goiá s, a cerca de 1 000
m de altitude. Seu principal afluente é o rio Araguaia, com 2,6 mil km de extensã o, onde se encontra a
ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo (350 km de comprimento e 80 km de largura). Bacia do rio
Paraná : grande parte da bacia localiza-se na Regiã o Sudeste. Seu principal curso d’á gua é o rio Paraná . A
regiã o possui a maior capacidade instalada para produçã o de energia elétrica do país (59,3% do total
nacional), assim como também apresenta a maior demanda (75% do consumo nacional). Bacia do rio
Paraguai: abrange 1 095 000 km2 de á rea, sendo 33% no Brasil e o restante na Argentina, na Bolívia e no
Paraguai. Bacia do rio Parnaíba: ocupa uma á rea de 3,9% do territó rio nacional, sendo a maioria de seus
afluentes perene e suprida por á guas pluviais e subterrâ neas. Bacias do Atlâ ntico Nordeste Oriental:
ocupam uma á rea equivalente a 3% do territó rio brasileiro. Bacia do rio Sã o Francisco: seu rio principal,
o Sã o Francisco, possui aproximadamente 2,7 mil km de extensã o. Por atravessar zonas semiá ridas, o rio
é de crucial importâ ncia para as populaçõ es sertanejas. Entre rios, riachos, ribeirõ es e có rregos sã o, ao
todo, 168 afluentes, dos quais 99 sã o perenes e 69 intermitentes. Bacias do Atlâ ntico Nordeste Ocidental:
situam-se no Maranhã o e em uma pequena parte do Pará . A regiã o nã o tem muitos problemas com a
qualidade das á guas dos rios, pois abriga uma maioria de cidades de pequeno e médio porte e nã o tem
um parque industrial expressivo.
Pá gina 299

Nas proximidades de Sã o Luís ocorre contaminaçã o por esgotos nã o tratados. Bacias do Atlâ ntico Leste:
a á rea abrangida corresponde a 8% do territó rio do país. As bacias costeiras do Atlâ ntico Leste, no
trecho situado entre Sergipe e Espírito Santo, contemplam uma enorme diversidade de rios, có rregos e
riachos. Bacias do Atlâ ntico Sul: estendem-se por uma á rea que vai do norte da Regiã o Sul, pró ximo à
divisa dos estados de Sã o Paulo e Paraná , até o arroio Chuí, no extremo sul do litoral brasileiro.
Predominam rios de pequeno porte que escoam diretamente para o mar.

5. Os rios podem se originar de diferentes formas: pela á gua das chuvas que escoa superficialmente,
acumulando-se em á reas mais baixas do terreno, ou pela á gua das chuvas que, apó s se infiltrar no solo e
na rocha, forma o lençol freá tico, atingindo depois a superfície e dando origem à nascente do rio. Os rios
também podem ter origem na á gua de degelo das montanhas, durante o período em que as temperaturas
estã o mais elevadas.

6. Oceanos sã o grandes extensõ es de á gua salgada que rodeiam e separam os continentes. Mares sã o
porçõ es de á gua salgada menores que os oceanos.

7. Os mares podem ser classificados em abertos, interiores ou continentais e fechados ou isolados.

8. A salinidade dos oceanos teve origem na dissoluçã o das rochas da superfície terrestre e nos processos
vulcâ nicos que ocorrem no assoalho oceâ nico.

9. Os rios perenes drenam á gua no decorrer de todo o ano. Os rios intermitentes têm á gua durante parte
do ano, chegando a secar no período de estiagem.

10. Uma das formas de poluiçã o das á guas é aquela originada pelo uso de agrotó xicos e fertilizantes
químicos na atividade agrícola. Os agrotó xicos, como fungicidas e pesticidas, contaminam rios, lagos e
aquíferos apó s a irrigaçã o das lavouras. Já os fertilizantes aumentam a quantidade de nutrientes na á gua,
levando à diminuiçã o drá stica do oxigênio dissolvido nela, comprometendo, assim, o equilíbrio
necessá rio à vida no ambiente subaquá tico. Outras fontes poluidoras das á guas sã o o esgoto doméstico,
quando despejado sem tratamento nos rios, e o lixo armazenado de forma inadequada, que atingem os
aquíferos. Essa contaminaçã o provoca alteraçã o na cor, no sabor e no odor da á gua que abastece as
cidades e coloca em risco a saú de de grandes contingentes populacionais.

Interpretando textos e imagens (p. 124-125)

11. a) No poema sã o descritos rios intermitentes ou temporá rios.


b) Os rios intermitentes fluem nos períodos chuvosos e secam durante as estiagens.

12. a) Resposta pessoal. Oriente os alunos a buscarem informaçõ es nos mais diversos meios de
comunicaçã o, bem como sobre o andamento das investigaçõ es do desastre de Mariana (MG).
b) Espera-se que os alunos citem alguns dos seguintes impactos: algumas pessoas morreram e muitas
outras perderam suas casas e também seu modo de vida; as cidades abastecidas de á gua pelo rio Doce
foram prejudicadas; os peixes e outros animais do rio morreram. Sem peixes, muitas populaçõ es foram
gravemente prejudicadas, por exemplo, os pescadores, que tiravam seu sustento do rio e do mar
atingidos pela lama. Além da pesca, outras atividades econô micas da regiã o foram afetadas, como a
agricultura, o comércio e o turismo.

13. Incentive o debate de ideias entre os alunos. Espera-se que eles comentem que a charge retrata um
possível cená rio de crise hídrica e a soluçã o encontrada pela personagem é a captaçã o de á gua da chuva.

Lendo mapas e gráficos (p. 125)


14. 1. Bacia Amazô nica; 2. Bacia dos rios Tocantins e Araguaia; 3. Bacia do rio Parnaíba; 4. Bacia do rio
Paraguai; 5. Bacia do rio Paraná . Maior potencial: Paraná , Uruguai e Tocantins e Araguaia.

15. a) Cerca de 65% da poluiçã o dos oceanos têm origem na terra: agricultura, esgotos, rejeitos líquidos
industriais, dejetos só lidos.
b) Considerando os principais agentes poluidores, chega-se à conclusã o de que a orla litorâ nea é mais
poluída.
c) Entre as providências podem-se destacar a construçã o de estaçõ es de tratamento de esgotos e o
controle sobre os agrotó xicos e fertilizantes aplicados na agricultura, que sã o carregados pelas á guas
correntes até o mar. Sã o importantes também as medidas de controle e fiscalizaçã o dos grandes navios
petroleiros e a responsabilizaçã o das empresas pelos danos ambientais em caso de vazamento de ó leo no
mar.

16. a) Rio Tietê, rio Paranapanema e rio Pardo, por exemplo.


b) A bacia hidrográ fica do rio Paraná possui a maior capacidade instalada para produçã o de energia
elétrica do país, assim como a maior demanda. Também abriga uma importante rota de navegaçã o – a
hidrovia Tietê-Paraná – que abrange a á rea mais industrializada e urbanizada do Brasil.

• Em análise – Construir um perfil topográfico (p. 126-127)

O objetivo dessa atividade é fornecer ao aluno a possibilidade de se instrumentalizar na aná lise e


produçã o de um recurso cartográ fico que representa os perfis topográ ficos do relevo. A importâ ncia
desse trabalho nã o se limita ao tema em si, pois sua dinâ mica tem relaçã o direta com a hidrografia, tema
do capítulo. Portanto, também se trata de uma oportunidade de relacionar os diferentes conteú dos
abordados nessa unidade. É importante trabalhar o fato de que o perfil do relevo (definido por processos
internos e externos) é o principal fator na determinaçã o do curso e da velocidade de escoamento dos
rios, na formaçã o de lagos e em aspectos da dinâ mica hídrica.

Síntese da Unidade 2 (p. 128)

• Capítulo 6. Estrutura geológica da Terra

Os alunos podem escrever frases explorando a relaçã o entre o resfriamento da Terra e a formaçã o da
crosta terrestre, formada por rochas e minerais. Mostrarã o como as camadas internas da Terra
interagem para dar origem ao movimento das placas tectô nicas, como a atuaçã o desses movimentos está
na origem dos vulcõ es e na formaçã o das rochas, etc.
Pá gina 300

• Capítulo 7. Relevo

Origem das formas de relevo Movimento das placas tectô nicas (agentes internos) e atuaçã o
de rios, chuvas, ventos, geleiras, microrganismos, etc. (agentes
externos).
Atuação dos agentes internos e externos Os agentes internos provocam o surgimento de vulcõ es, falhas e
dobramentos; já os agentes externos provocam o intemperismo
e a erosã o das rochas, que sã o remodeladas.
Causas da erosão e do deslizamento de encostas Desmatamento de encostas, ocupação desordenada de á reas
com grande declividade, chuvas intensas.
Formas dos relevos continental e oceânico Relevos continentais: montanhas, planaltos, planícies,
depressõ es. Relevos oceâ nicos: plataforma continental, talude
continental, planície abissal, fossa oceânica ou fossa abissal,
cordilheira ou dorsal oceâ nica.
Compartimentos do relevo brasileiro Planaltos de formaçã o cristalina e sedimentar, planícies
costeiras e fluviais, depressõ es.

• Capítulo 8. Os solos

Resposta pessoal. Professor: é importante que os alunos descrevam os processos de formaçã o do solo
em seus textos. Se achar necessá rio, oriente-os nesse sentido.

• Capítulo 9. Hidrologia e hidrografia

Essa atividade permite ao aluno refletir sobre os mú ltiplos assuntos e questõ es relacionadas ao tema
hidrografia. Instado a escrever sobre eles, o aluno precisa retomar o conteú do estudado e articular as
informaçõ es encontradas, o que facilita a síntese do capítulo.

Vestibular e Enem (p. 129-131)

1. Alternativa c

2. Alternativa a

3. Alternativa a

4. Alternativa c

5. Alternativa c

6. Alternativa c

7. Alternativa c

8. Alternativa a

9. Alternativa d

10. Alternativa a

11. Alternativa a

12. Alternativa d
13. Alternativa c

Geografia, História e Biologia – Povos pré-históricos e a megafauna sul-


americana (p. 132-133)

1. A á gua é um elemento natural que provoca a erosã o das rochas onde estã o as pinturas, podendo
apagá -las. Insetos, microrganismos e plantas também podem degradar as pinturas: insetos constroem
ninhos sobre elas; a á gua, o vento e as variaçõ es de temperatura também provocam alteraçõ es nas
rochas onde estã o as pinturas, podendo fragmentá -las. Um fator antró pico que prejudica a preservaçã o
dos sítios é a caça de animais no parque, pois a diminuiçã o de alguns mamíferos comedores de insetos,
por exemplo, acarretou o aumento destes e de sua açã o sobre as rochas.

2. A América Central foi formada há cerca de 1,8 milhã o de anos, ou seja, no começo do período
Quaterná rio. Com seu surgimento, diversos animais da América do Sul migraram para a porçã o norte
(América do Norte) e vice-versa.

Avaliação

Uma forma interessante de levantar parâ metros para avaliaçã o, apó s a conclusã o de uma unidade, é
retomar os exercícios de fixaçã o e aprendizagem. É uma oportunidade que o estudante tem de rever
conceitos, pesquisar e apresentar trabalhos que ampliem os conhecimentos adquiridos.

Também é possível explorar a seçã o Síntese da Unidade (p. 128), que pode servir de estímulo à
capacidade de formalizaçã o, de relacionar informaçõ es e de conjecturar objetivamente a partir dos
diferentes temas. Os recursos propostos para a realizaçã o da síntese da unidade, sobretudo os esquemas,
nã o devem ser aproveitados apenas como veículos de síntese prontos, mas essencialmente como
modelos de sínteses que o aluno deve aprender a elaborar.

É importante que os alunos compreendam que a revisã o das imagens, a confecçã o de esquemas, a
sistematizaçã o de informaçõ es em tabelas sã o estratégias preciosas para a síntese do aprendizado. E
para o professor esses materiais sã o indicadores da qualidade do trabalho realizado e do envolvimento e
aproveitamento de cada aluno.

Para a composiçã o de avaliaçõ es formais escritas, entre outras propostas, podem-se contemplar
questõ es que propiciam a correlaçã o entre os temas do capítulo e outros reconhecidamente importantes
em um contexto mais amplo. Nesse sentido, segue uma sugestã o que pode ser utilizada para introduzir o
tema da pró xima unidade, o espaço agrá rio.

1. Identifique no mapa da pá gina 116 – “Brasil – Regiõ es hidrográ ficas” – as á reas das bacias do rio Sã o
Francisco e do rio Parnaíba. Associe essas á reas com as informaçõ es a seguir e faça uma aná lise sobre as
possibilidades de aproveitamento das á reas pró ximas aos rios pelas atividades agropecuá rias.

Rio Sã o Francisco

Atravessa extensa á rea de clima semiá rido do norte do estado de Minas Gerais até poucos quilô metros
antes de sua foz. A duraçã o do período seco é superior a seis meses; em um trecho entre a Bahia e
Pernambuco, podem ocorrer oito meses de seca. No médio e no baixo curso do rio, o relevo apresenta
poucas ondulaçõ es, o que possibilita a ocupaçã o agropecuá ria do vale. De modo geral, no vale
predominam solos arenosos de baixa fertilidade, cuja utilizaçã o agrícola requer estudos detalhados e
correçõ es. Há á reas em que os solos correm risco de salinizaçã o.

Rio Parnaíba

Atravessa a unidade de relevo denominada Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba, com baixas
altitudes. Boa parte dos solos encontrados pró ximos à s margens do Parnaíba sã o latossolos, de baixa
fertilidade. As condiçõ es climá ticas variam: no alto curso do rio, pró ximo à nascente, o clima é tropical
com quatro a cinco meses secos. No médio e baixo curso do rio, o período seco varia entre seis e oito
meses.
As condiçõ es ambientais presentes nas proximidades dos dois rios, Sã o Francisco e Parnaíba, sugerem a
necessidade de muitas providências para o desenvolvimento da agropecuá ria, entre as quais se destacam
as seguintes.

• A questã o mais delicada que envolve o aproveitamento das á reas à s margens desses rios refere-se ao
clima e, principalmente, à duraçã o dos períodos secos. A soluçã o adequada é a irrigaçã o, com o uso da
pró pria á gua dos rios. No caso do Sã o Francisco, a irrigaçã o necessita de cuidados adicionais, devido à
tendência à salinizaçã o.

• Os solos estã o sujeitos à erosã o e, portanto, necessitam de cuidados para evitar o desmatamento.

• É necessá rio efetuar a correçã o dos solos com o uso de fertilizantes (naturais ou químicos).

• Nas á reas banhadas por ambos os rios, o relevo é descrito como sem grandes ondulaçõ es, fato que
permite a mecanizaçã o das lavouras.
Pá gina 301

Unidade 3 • Espaço agrário


Capítulo Conteúdo Objetivos O aluno Habilidades
deverá ser capaz de: mobilizadas
10. O mundo rural • Transformaçõ es no • caracterizar as • Relacionar fatores
campo. atividades agrícolas histó ricos aos processos
• A diversidade no mundo segundo a técnica, a mã o geradores de
rural. de obra e a finalidade; desigualdades atuais.
• Os tipos de agricultura. • reconhecer as • Identificar no tempo e
• Sistema de produçã o transformaçõ es ocorridas no espaço elementos de
agrícola no mundo. no campo com a inserçã o prá ticas de grupos sociais.
das relaçõ es capitalistas • Relativizar os diferentes
de produçã o; sistemas de produçã o
• identificar as diferenças rural presentes no mundo
presentes no mundo rural; todo.
• reconhecer as • Relacionar os modos de
implicaçõ es do nível de produçã o à origem das
desenvolvimento entre os lutas camponesas.
modelos agrícolas dos
países.
11. O espaço rural • Origens da concentraçã o • identificar os fatores que • Identificar estratégias
brasileiro de terras no Brasil. causam as desigualdades que promovam formas de
• Organizaçã o agrá ria no campo brasileiro; inclusã o social.
atual. • compreender • Avaliar como a dinâ mica
• Expansã o das fronteiras historicamente a origem econô mica interfere na
agrícolas. da concentraçã o fundiá ria territorializaçã o das
• O uso da terra no Brasil. no Brasil; forças produtivas.
• perceber a Lei de Terras • Discutir novas formas de
e a Aboliçã o da organizaçã o de sistemas
escravatura como marcos agrícolas.
da transiçã o para uma
agricultura capitalista;
• entender como a
dinâ mica agrá ria atual
leva à expansã o das
fronteiras agrícolas;
• reconhecer as principais
finalidades do uso das
terras agrícolas
brasileiras.
12. O campo e o acesso à • Características do meio • caracterizar a situaçã o • Identificar os
terra rural do Brasil. agrícola no Brasil; significados histó rico-
• Relaçõ es de poder no • entender as relaçõ es de geográ ficos das relaçõ es
campo. poder que marcam o de poder.
• Reforma agrá ria e lutas coronelismo; • Comparar pontos de
no campo. • reconhecer os fatores vista diferentes.
• As novas atividades que motivam as lutas pela • Relacionar informaçõ es
rurais brasileiras. reforma agrá ria e e conhecimentos para
posicionar-se criticamente construir argumentaçã o
sobre possíveis soluçõ es; consistente.
• reconhecer as
transformaçõ es recentes
no meio rural brasileiro.
13. A modernização da • A modernizaçã o da • reconhecer os processos • Compreender as
agricultura agricultura no Brasil e no envolvidos na transformaçõ es dos
mundo. modernizaçã o agrícola e espaços geográ ficos.
• A diversidade das compreender suas • Entender as
relaçõ es de trabalho no implicaçõ es no Brasil e no transformaçõ es técnicas e
campo. mundo; tecnoló gicas e seu impacto
• Agroindú strias e • perceber as nos processos de
agronegó cio. transformaçõ es nas produçã o.
relaçõ es de trabalho rural • Analisar como as
no Brasil ao longo do técnicas e as tecnologias
tempo, e posicionar-se atuam na organizaçã o do
criticamente diante das trabalho e no uso do
condiçõ es de exploraçã o; espaço.
• entender traços
importantes das relaçõ es
entre indú stria e
agricultura e identificar os
principais tipos de
agroindú stria;
• compreender as
diferentes realidades do
agronegó cio e da
agricultura familiar.
14. Brasil: potência • A produçã o nacional de • identificar os principais • Analisar de maneira
agropecuária matérias-primas. aspectos que envolvem a crítica as interaçõ es da
• Produçã o de alimentos e produçã o de matérias- sociedade com o meio
mudanças no padrã o de primas no campo físico.
consumo e abastecimento. brasileiro; • Relacionar o uso das
• A segurança alimentar e • dominar o perfil da tecnologias com os
o problema da fome. produçã o alimentícia impactos socioambientais
• Biocombustíveis e suas primá ria no Brasil e em diferentes contextos
implicaçõ es. identificar as diferenças histó rico-geográ ficos.
entre a produçã o voltada • Aferir aspectos
• A indú stria de para o mercado interno e
equipamentos agrícolas. favorá veis e desfavoráveis
para o mercado externo; em relaçã o aos destinos
• reconhecer a das á reas produtivas e dos
importâ ncia da agricultura recursos naturais.
como produtora de fontes
de energia e compreender
as possíveis implicaçõ es
para a produçã o de
alimentos;
• reconhecer o papel dos
equipamentos agrícolas
para a agricultura e a
situaçã o da produçã o
desses equipamentos no
Brasil.
Pá gina 302

Abertura de unidade (p. 134)

A leitura da imagem permite abordar dois aspectos fundamentais do mundo rural: por um lado, sua
relaçã o com as condiçõ es naturais de solo, relevo e clima; por outro, sua íntima ligaçã o com a estrutura e
organizaçã o da sociedade, enfim, com o modo pelo qual sã o produzidas e distribuídas as riquezas em
cada país ou em cada regiã o. Atualmente, é impossível entender o mundo rural sem levar em conta o
sistema capitalista, que configura tanto as formas mais avançadas como as mais precá rias de produçã o
rural. Nã o é por falta de tecnologia que ainda há fome no mundo, como mostra enfaticamente a foto. Será
interessante partir dessa questã o para motivar o estudo da unidade.

Capítulo 10 O mundo rural

Desenvolver meios para que os alunos apreendam os principais aspectos que compõ em a complexidade
do mundo rural é importante nã o apenas para a compreensã o das questõ es diretamente relacionadas à
agropecuá ria, mas para obter fundamentos relevantes à compreensã o de boa parte dos mecanismos de
produçã o e abastecimento da sociedade contemporâ nea como um todo.

A agricultura também é um parâ metro fundamental para analisar a relaçã o sociedade-natureza. Mais do
que isso, a pró pria dinâ mica social e o modo como os elementos da sociedade se relacionam entre si
alteraram-se profundamente desde a Revoluçã o Agrícola, há cerca de dez mil anos – que, junto com a
Revoluçã o Industrial, a partir do século XVIII, compô s a base da organizaçã o social predominante no
mundo atual.

Sugestões didáticas

• Transformações no campo (p. 137)

Esse assunto favorece o exercício do senso crítico dos alunos, o que pode ser feito por meio de debates e
produçã o de textos opinativos. A construçã o de um posicionamento sobre o tema exige, contudo, tomar
conhecimento da mudança do papel social da terra com o advento do capitalismo. Nesse momento
histó rico, a terra passou a significar mais que um meio de reproduçã o da vida, assumindo a condiçã o de
propriedade privada, base essencial para a reproduçã o do capital. Assim, essa nova funçã o começou a
sobrepor-se à quela que a terra tinha em momentos histó ricos pretéritos.

Também é necessá rio relacionar a estruturaçã o da propriedade privada com a expropriaçã o dos
camponeses de suas terras (ao praticarem a agricultura de subsistência, os camponeses assumem um
papel dissonante da ló gica capitalista), criando as condiçõ es para os conflitos pela posse da terra.
Desdobram-se ainda desse processo a concentraçã o fundiá ria, o êxodo rural e o crescimento exacerbado
das cidades – consequentemente, a organizaçã o de movimentos sociais que reivindicam o acesso à terra.

É nesse contexto mais geral que podem ser compreendidas as Revoluçõ es Mexicana e Chinesa, além da
atuaçã o do MST no Brasil.

• A diversidade no mundo rural (p. 138)

É interessante discutir com os alunos a importâ ncia das atividades rurais, levando-os a perceber que no
campo se concentra a produçã o de alimentos e de parte significativa das matérias-primas consumidas
pelas indú strias. Além da perspectiva econô mica, o espaço agrá rio tem relevante funçã o social a cumprir,
servindo de local de vivência e de meio de subsistência direto de parte da populaçã o mundial.

A reflexã o sobre como os choques de interesses entre as funçõ es econô micas e sociais da terra podem
gerar conflitos também pode ser contemplada como uma estratégia de abordagem do tema.
As condiçõ es naturais, discutidas no boxe Saiba mais (p. 138) se inserem entre os fatores que
influenciam na diversidade da produçã o rural e requerem a necessidade de planejamento das atividades,
considerando as condiçõ es climá ticas, dos solos, recursos hídricos e etc.

• Os tipos de agricultura (p. 139)

Sugerimos que os alunos sejam orientados a reconhecer os diversos aspectos do espaço rural
relacionados aos sistemas de produçã o, isto é, à s técnicas, à mã o de obra e à s finalidades. Eles podem ser
instigados a analisar como as características das prá ticas produtivas influem na configuraçã o do espaço e
das relaçõ es de trabalho.

• Sistemas de produção agrícola no mundo (p. 140)

Apó s a leitura do texto, sugerimos estimular os alunos a elaborar hipó teses sobre a maior participaçã o
na agricultura da Populaçã o Economicamente Ativa (PEA) dos países em desenvolvimento, comparada
aos países desenvolvidos. A defasagem tecnoló gica dos países menos desenvolvidos pode ser apontada
como um fator relacionado à dependência da mã o de obra no trabalho agrícola. Essa defasagem, junto
com a presença significativa de camponeses que ainda praticam a agricultura de subsistência, contribui
para que existam, proporcionalmente, mais trabalhadores nos campos de países em desenvolvimento do
que nos de países desenvolvidos.

Também é interessante discutir os impactos que o êxodo rural produz na intensificaçã o das
desigualdades sociais nos países ricos e pobres. O processo de êxodo rural nos países ricos esteve
estritamente relacionado à Revoluçã o Industrial, da qual esses países ricos participaram como
protagonistas, ampliando a geraçã o de capital. Isso possibilitou a criaçã o de estruturas mais adequadas à
incorporaçã o dos novos contingentes populacionais aos espaços urbanos. Já nos países mais pobres, o
êxodo rural relaciona-se à concentraçã o fundiá ria e ao desenvolvimento industrial dependente dos
capitais estrangeiros, o que leva ao crescimento acelerado e desordenado das cidades, num processo que
tem como um de seus aspectos mais visíveis a favelizaçã o.

O reconhecimento das prá ticas agrícolas encontradas na na Á sia, na Á frica, nos Estados Unidos e na
Europa, com base na aná lise do mapa apresentado na pá gina 140, é também um passo importante na
construçã o de conhecimentos do aluno.

• Mundo Hoje – 2050: A escassez de água em várias partes do mundo ameaça a segurança
alimentar e os meios de subsistência (p. 143)

O texto relata o alerta, dado pela Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e Agricultura (FAO)
e o Conselho Mundial da Á gua (CMA), referente à reduçã o da disponibilidade hídrica nas pró ximas
décadas e a consequente ameaça à segurança alimentar, já que a agricultura é o setor que mais consome
á gua.
Pá gina 303

Diante desse futuro panorama, impõ e-se a necessidade de uma açã o conjunta dos líderes mundiais para
que sejam implementadas políticas pú blicas e maciços investimentos a fim de garantir que a produçã o
agrícola seja sustentá vel e preserve os recursos hídricos.

Atividade complementar

Levantamento do perfil da produção agropecuária do município

Esta atividade propõ e aos alunos uma investigaçã o sobre as características do meio rural do município
onde vivem. É uma oportunidade de explorar o espaço em que eles estã o inseridos, analisando e
aplicando conceitos e reflexõ es adquiridos pelo estudo teó rico.

Descrição da atividade

Os alunos deverã o levantar informaçõ es sobre a atividade agropecuá ria do município por meio de
pesquisas de campo, que consistem em visitar ó rgã os relacionados ao tema ou até mesmo propriedades
produtivas.

Abaixo, seguem sugestõ es de aspectos a serem investigados.

• Principais gêneros produzidos.

• Estrutura fundiá ria: verificar se predominam grandes, pequenas ou médias propriedades.

• Nível de modernizaçã o e sistemas produtivos adotados.

• Relaçõ es de trabalho e destino da produçã o: verificar a ocorrência de produtores familiares ou voltados


para o agronegó cio, o emprego de trabalhadores assalariados fixos ou temporá rios (boias-frias), a
adoçã o de sistemas de parceria, etc. Esses tó picos podem ser roteiros para o levantamento de
informaçõ es em locais como: secretarias municipais de agricultura; associaçõ es de produtores;
sindicatos de produtores rurais; propriedades agrícolas.

Cada grupo deve se organizar para agendar as visitas, mas é importante que o professor acompanhe esse
processo. Além disso, os grupos devem verificar como as informaçõ es podem ser obtidas: por meio de
entrevistas (o que exige a preparaçã o de roteiros prévios) ou pela aná lise de materiais disponibilizados
pelas entidades visitadas. Assim, é possível planejar as formas de registrar as informaçõ es – anotaçõ es
em caderno de campo, gravaçã o de á udio ou vídeo, etc.

Apó s a coleta de informaçõ es, cada grupo deverá organizar um relató rio escrito, sintetizando um perfil
da agropecuá ria no município. Caso haja acesso a computadores, em vez de relató rio é possível elaborar
uma apresentaçõ es em slides. Nesse caso, as informaçõ es textuais devem ser breves e obje tivas e, de
preferência, acompanhadas de imagem.

Se houver possibilidade, as visitas que seriam realizadas pelos grupos podem ser convertidas em um
trabalho de campo realizado por toda a turma, organizando-se a visitaçã o a locais como os já sugeridos.
Assim, os alunos contariam com o auxílio do professor em entrevistas com autoridades no assunto e
produtores rurais, e também na aná lise de documentos.

Leitura complementar

O texto abaixo mostra, de maneira muito clara, as transformaçõ es por que passa a agropecuá ria quando
se integra plenamente ao mercado. O exemplo usado é a produçã o de frangos, que apresenta uma grande
integraçã o à cadeia produtiva. Dessa forma, resta pouca autonomia ao produtor, cuja situaçã o se
aproxima à de um operá rio de linha de produçã o.

A “fábrica avícola”

Vamos dar um exemplo bastante ilustrativo das transformaçõ es que o sistema capitalista provoca na produção
agropecuá ria: o da avicultura. Antigamente as galinhas, e os galos também, eram criados soltos nas fazendas e
sítios. Ciscavam, comiam minhocas, restos de alimentos e à s vezes até mesmo um pouco de milho. Punham
uma certa quantidade de ovos – uma ninhada de doze, quinze – e depois iam chocá -los durante semanas
seguidas. Mesmo que os ovos fossem retirados, periodicamente as galinhas paravam de botar, obedecendo ao
instinto bioló gico da procriaçã o, e punham-se “em choco”.

Mas logo descobriu-se que esta parte do processo de procriaçã o das aves podia ser feita pela incubadoura (ou
chocadeira) elétrica. E com maior eficiência que a pró pria galinha, uma vez que permite controlar melhor a
temperatura e evitar quebra dos ovos. Tornou-se necessá rio entã o fabricar uma galinha que nã o perdesse
tempo chocando, isto é, que se limitasse a produzir ovos todo o tempo de sua vida ú til. Evidentemente, uma
produçã o assim mais intensiva não era possível ser conseguida com galinhas que ciscassem e se alimentassem
à base de engolir minhocas e restos de comida. Foi preciso fabricar uma nova alimentaçã o para essas galinhas
– as raçõ es – que possibilitassem sustentar essa postura. Além de melhor alimentaçã o, as aves foram
confinadas em pequenos cubículos metá licos, para que nã o desperdiçassem energia ciscando. Estava
constituída uma verdadeira “fá brica avícola”: de um lado entra raçã o, a matéria-prima; do outro saem ovos, o
produto. Tudo padronizado, lado a lado umas das outras nas suas prisõ es. [...] E, seria o caso de se perguntar,
quem ganha com isso? A resposta é ó bvia: os donos das indú strias de raçã o, de gaiolas, de chocadeiras... O
pequeno produtor, que cria os pintinhos e vende os ovos, esse nã o. Ele tem que comprar raçã o, gaiolas,
medicamentos, pintinhos, tudo de grandes companhias. Entã o, é ló gico que ele paga caro essas coisas, porque o
seu poder de barganha é nulo frente a essas grandes empresas. Na hora de vender, é a mesma coisa: sã o
grandes compradores e há muito ovo (lembre-se que essas galinhas só fazem botar ovos). Entã o, o preço é
baixo, tã o baixo que ele precisa cuidar de milhares de galinhas para conseguir garantir a sua sobrevivência
como pequeno produtor. Em resumo, ele trabalha mais e ganha relativamente menos.

SILVA, José Graziano da. O que é questão agrária. 2. ed. Sã o Paulo: Brasiliense, 1993. p. 14-17.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVRO

FERNANDES, Bernardo Mançano et al. (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. Sã o Paulo: Expressã o e
Cultura, 2007.
O livro apresenta uma coletâ nea de artigos divididos em grandes temas, como questõ es teó ricas de
geografia agrá ria, neoliberalismo, lutas camponesas e campesinato, entre outros.
Pá gina 304

SITE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá ria


O portal da Embrapa traz informaçõ es e materiais sobre vá rios temas relacionados à produçã o
agropecuá ria e ao desenvolvimento de pesquisas científicas voltadas para o setor. Entre os recursos
disponíveis, há o link “Videoteca digital”, com vídeos que podem ser baixados. Disponível em:
<http://linkte.me/embrapa>.

Acesso em: 5 abr. 2016.

FILME

Cowspiracy: o segredo da sustentabilidade. Direçã o: Kip Andersen e Keegan Kuhn. Estados Unidos, 2014
(91 min).
Por meio de entrevistas e dados estatísticos, o documentá rio discute os problemas ambientais
provocados pela pecuá ria e o papel das principais organizaçõ es ambientalistas diante das grandes
corporaçõ es desse setor.

Respostas das atividades

• Questões para refletir (p. 134)

1. O uso de má quinas agrícolas, assim como o de adubos e outras técnicas modernas de agricultura,
permite aumentar a produtividade agrícola de uma á rea, gerando grande produçã o e desenvolvendo
outros setores, como a indú stria de má quinas, implementos, adubos e defensivos agrícolas, e ainda os
serviços, como a pesquisa agropecuá ria, as aná lises de solo, os cuidados veteriná rios, etc.

2. A aplicaçã o de técnicas modernas na agricultura pode acarretar diversos impactos ambientais, como a
destruiçã o da vegetaçã o original, erosã o e perda dos solos; poluiçã o atmosférica decorrente da queima
de diesel dos tratores e produçã o de fertilizantes; contaminaçã o de á guas superficiais e lençó is freá ticos
por resíduos e materiais lixiviados do solo e desertificaçã o.

• Abertura de capítulo (p. 136)

1. De acordo com o mapa, a Á sia e a Á frica sã o os continentes onde há mais pessoas vivendo em á reas
rurais. A Oceania e a maior parte dos continentes europeu e americano apresentam índices menores de
populaçã o rural.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos consigam relacionar o elevado percentual de populaçã o
rural à dependência da mã o de obra no trabalho agrícola, associada à defasagem tecnoló gica e ao menor
grau de desenvolvimento de determinados países.

• Para elaborar (p. 143)

1. Sim. De acordo com o texto, em 2050 haverá á gua suficiente para populaçã o global. No entanto, o
consumo excessivo, a degradaçã o e o impacto das alteraçõ es climá ticas poderã o reduzir a
disponibilidade hídrica, afetando as atividades agrícolas, pois trata-se do setor que mais consome á gua
no processo produtivo.

2. Em uma situaçã o de disponibilidade limitada de terra e á gua, algumas populaçõ es rurais,


especialmente os pequenos agricultores e a agricultura familiar, podem ser bastante prejudicadas, pois
muitas vezes nã o dispõ em de recursos e técnicas avançadas em suas prá ticas agrícolas e, portanto,
poderã o nã o encontrar maneiras de aumentar ou mesmo manter a produtividade nessas condiçõ es. O
planejamento integrado e sustentá vel das atividades agropecuá rias podem ser um caminho para
multiplicar a produçã o agrícola e, ao mesmo tempo, nã o comprometer os componentes ambientais e
sociais do planeta. Manter o ciclo hidroló gico em funcionamento é garantir disponibilidade hídrica e,
consequentemente, desenvolvimento social para essas populaçõ es mais vulnerá veis. Por isso, o texto
aponta a necessidade de políticas governamentais e de investimentos para que a produçã o agrícola,
animal e de pesca seja sustentá vel e contemple também a salvaguarda dos recursos hídricos.

• Atividades (p. 144-145)

Revendo conceitos (p. 144)

1. O processo de formaçã o do capitalismo provocou profundas alteraçõ es na organizaçã o do espaço


rural. Com a necessidade de se adequar ao modo de produçã o capitalista, a agricultura passou a produzir
mercadorias excedentes, com o objetivo de acumular capital visando o lucro. A Inglaterra foi o primeiro
país a promover tais mudanças, especialmente com os cercamentos das terras comunais e o intenso
êxodo rural, transformando milhares de camponeses em operá rios nas indú strias que estavam surgindo
durante a Primeira Revoluçã o Industrial.

2. A participaçã o da PEA na agricultura é uma das principais diferenças entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Ao contrá rio dos países desenvolvidos, esse ú ltimo grupo possui uma parcela
significativa de pessoas vivendo no campo, pois o processo de modernizaçã o agrícola levou a um êxodo
rural intenso, causando uma série de problemas nas cidades.

3. Quanto à finalidade, podemos dividir a agricultura em: de subsistência, quando a produçã o é voltada
para o consumo pró prio; e comercial, quando o objetivo é a comercializaçã o da produçã o visando ao
lucro, com uma integraçã o intensa com o mercado. Quanto à técnica, podemos dividi-la em: tradicional,
que utiliza poucos recursos técnicos e pouca inovaçã o; e moderna, que utiliza os avanços da revoluçã o
verde e a agricultura orgâ nica, cuja característica principal é a utilizaçã o da terra de forma sustentá vel,
ou seja, preservando os recursos naturais e nã o poluindo o meio ambiente. Quanto à mã o de obra,
podemos dividi-la em: patronal, cuja força de trabalho principal é composta por trabalhadores
assalariados; e familiar, na qual predomina o trabalho dos membros da família.

4. Resposta pessoal. Oriente os alunos a refletirem sobre os locais, cujas condiçõ es naturais como tipos
de solos, recursos hídricos disponíveis, frequência das chuvas, médias térmicas, desnível do terreno, etc.,
sã o fatores que podem comprometer a produtividade, mesmo com o avanço das tecnologias. Em á reas
onde ocorrem tipos de clima com temperaturas muito baixas, como no norte da Europa e do Canadá ,
bem como baixos índices de pluviosidade, como os desertos, as atividades agropecuá rias sã o,
praticamente, inexistentes.

5. Os principais modelos de produçã o dos Estados Unidos sã o: texano – inclui as grandes propriedades
produtoras de fibras e grã os e as lavouras típicas dos cinturõ es agropecuá rios, que produzem em larga
escala, com alta tecnologia e uni formidade dos produtos, categorizados como commodities no mercado
internacional; californiano – tem como base a diferenciaçã o de qualidade, a diversidade do produto já na
origem da produçã o.
Pá gina 305

Muitos produtos nã o passam por processo de transformaçã o industrial e outros sã o submetidos a


procedimentos especiais. Os ganhos estã o associados à s especificidades e diferenciaçõ es de qualidade, e
nã o à escala de produçã o.

6. Na Europa, apesar de haver grande diversidade regional, é possível perceber algumas características
comuns entre os países, tais como a estrutura baseada em pequenas e médias propriedades, a prioridade
dada aos mercados internos e o desenvolvimento de inovaçõ es tecnoló gicas voltadas para a reduçã o do
impacto ambiental e a ampliaçã o da produtividade. A Á sia e a Á frica, continentes compostos, em geral,
por economias em desenvolvimento, possuem uma parcela significativa de sua populaçã o vivendo no
campo. Muitas vezes esses países apresentam uma agricultura tecnicamente atrasada em relaçã o à dos
países desenvolvidos e de baixa produtividade. O pastoreio nô made, por exemplo, é comum no norte da
Á frica e pró ximo aos grandes desertos; a agricultura de jardinagem é comum no Sudeste Asiá tico.
Também está presente o sistema plantation, que utiliza grandes á reas de monocultura para exportaçã o.
Esse sistema é atualmente desenvolvido por grandes proprietá rios ou por empresas capitalistas, que
aplicam técnicas modernas e pagam salá rios baixos aos trabalhadores.

Lendo mapas, gráficos e tabelas (p. 144-145)

7. a) Japã o, Colô mbia e Portugal.


b) O período de intensificaçã o do uso de fertilizantes ocorreu a partir da década de 1950, com a
Revoluçã o Verde. A partir daquele momento, as prá ticas agrícolas contavam com o uso de má quinas para
o preparo do solo, de técnicas de produçã o de sementes e de produtos químicos para as plantaçõ es e
criaçõ es de animais. Estabelecia-se, assim, uma relaçã o entre a pesquisa científica, a indú stria de
fertilizantes e outros insumos químicos com a agricultura.
c) As á reas maiores seriam representadas pelo continente americano, Europa, Norte da Á frica, Japã o e
Nova Zelâ ndia. As á reas menores seriam representadas pela Austrá lia, Á frica Setentrional e a maior
parte do continente asiá tico. Se julgar necessá rio, apresente diferentes anamorfoses aos alunos. Há
opçõ es no site do Programa das Naçõ es Unidas para o Meio Ambiente, disponível em
<http://linkte.me/giar>, e no Wordmapper, vinculado à s universidades de Sheffield (Reino Unido) e
Michigan (Estados Unidos), disponível em <http://linkte.me/wmppr> (acessos em: 29 abr. 2016).
d) Além dos impactos ambientais como contaminaçã o do solo e dos recursos hídricos, desequilíbrio no
habitat natural de plantas e animais etc., é confirmado que o uso de insumos químicos na agricultura
pode provocar intoxicaçã o dos trabalhadores rurais e danos à saú de dos consumidores, que, ao longo da
vida, podem desenvolver doenças como câ ncer, hepatite e diabetes.

8. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos relacionem a importâ ncia da produçã o agrícola para a
segurança alimentar. Porém, a agricultura moderna, nos moldes das relaçõ es capitalistas de produçã o,
tem provocado grandes impactos sociais e ambientais no planeta, tais como os representados pelos
grá ficos.

9. a) Os países/regiã o destacados na tabela, em geral, possuem uma agropecuá ria bastante moderna e
integrada aos diversos processos de comercializaçã o e industrializaçã o. A produçã o em larga escala e
com alta tecnologia, além do uso intensivo de insumos, investimento em pesquisa e mecanizaçã o nas
lavouras sã o aspectos que promovem o aumento da produtividade agrícola e destacam Estados Unidos,
Uniã o Europeia e China no cená rio mundial.
b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos consigam diferenciar, principalmente, os sistemas agrícolas
dos Estados Unidos da Uniã o Europeia. Entre as principais características da agricultura dos países
europeus, destaca-se o desenvolvimento de inovaçõ es tecnoló gicas voltadas para a ampliaçã o da
produçã o que é destinada prioritariamente aos mercados internos. Ademais, os países que integram a
Uniã o Europeia sã o periodicamente beneficiados com subsídios concedidos pela Política Agrícola
Comum (PAC) que garantem competitividade de preços de produtos agrícolas locais em relaçã o aos
importados. Nos Estados Unidos, o modelo texano, por exemplo, prevê altos investimentos no setor
agrícola para garantir elevada produtividade e uniformidade dos produtos e, assim, torná -los
commodities a serem exportadas para o mercado internacional.
Interpretando textos e imagens (p. 145)

10. a) A imagem retrata um tipo de agricultura praticada em terrenos muito inclinados, denominada de
jardinagem. Essa técnica utiliza o terraceamento, que protege o solo de erosã o hídrica e amplia as á reas
de cultivo.
b) Esse tipo de agricultura é encontrada principalmente na regiã o Andina e na Á sia.

11. a) No caso do exemplo dado no texto, as medidas mais adequadas seriam o quilograma e o litro.
b) Resposta pessoal. Existem vá rios tipos de medidas adotadas no Brasil rural: a produçã o de
determinada á rea, sacas, preço, metros, alqueires, etc.

12. a) O texto levanta as necessidades para salvar e relançar vigorosamente o desenvolvimento da


economia camponesa.
b) As agriculturas que devem ser apoiadas por uma ajuda internacional de políticas agrícolas sã o aquelas
mais subequipadas e que utilizam sistemas tradicionais de cultivo: a agricultura de subsistência, voltada
basicamente para o consumo dos produtores; agricultura tradicional, que utiliza poucos recursos
técnicos, pouca inovaçã o tecnoló gica e se apoia em conhecimentos transmitidos entre geraçõ es de
agricultores; e a agricultura familiar, em que predomina o trabalho dos membros da família.
c) Entre os principais fatores fundamentais para o sucesso de políticas aos trabalhadores rurais,
destacam-se o acesso efetivo à terra, ao crédito e à s instalaçõ es hidrá ulicas suficientes e em bom estado;
a estabilidade dos preços e segurança fundiá ria; e proteçã o da renda contra os custos de transformaçã o,
de comercializaçã o e encargos fundiá rios, impostos ou taxas exageradas.
Pá gina 306

Capítulo 11 O espaço rural brasileiro

A agricultura, além de ser uma atividade econô mica importante, é um elemento de compreensã o da
realidade social brasileira e do modo como o Brasil se insere no cená rio internacional. Portanto, alguns
dos objetivos desse capítulo sã o possibilitar que os alunos apreendam as características da agricultura
brasileira, compreendam os sistemas produtivos a ela associados e os fatores que originam suas
contradiçõ es.

Sugestões didáticas

• Origens da concentração de terras (p. 147)

Como a concentraçã o fundiá ria é o aspecto marcante da estrutura agrá ria no Brasil, sugerimos conduzir
à aná lise do processo histó rico que possibilitou a configuraçã o das desigualdades na posse de terras no
país. Para isso, com um trabalho interdisciplinar com Histó ria, é importante discutir o papel da
organizaçã o territorial interna por meio do estudo das capitanias hereditá rias e das distribuiçõ es de
terras pelo sistema de sesmarias durante o período colonial. É necessá rio ainda ressaltar o cará ter
agroexportador da agricultura brasileira implementada desde o início da ocupaçã o portuguesa, em que a
grande propriedade passou a ter uma funçã o estratégica. A imagem apresentada na pá gina 146 retrata
um símbolo da produçã o agrícola colonial, a monocultura (cana-de-açú car) voltada para a exportaçã o e
desenvolvida com o trabalho de africanos escravizados.

A Lei de Terras é outro elemento de aná lise fundamental para compreender o processo de concentraçã o
de terras. Foi a partir dessa lei que se regulamentou no país a propriedade privada, fortalecendo o
cará ter comercial das atividades agrícolas (cuja ló gica de acumulaçã o liga-se diretamente à da
concentraçã o fundiá ria) e levantando restriçõ es à posse de terras pelos pequenos agricultores.

• A organização agrária atual (p. 148)

Um importante aspecto a ser explorado é a relaçã o entre a estrutura fundiá ria formada no Brasil com as
articulaçõ es de poder. A associaçã o entre a posse da terra e o poder está presente em vá rias instâ ncias,
em vá rias escalas da realidade agrá ria brasileira. A leitura da pá gina 148, que trata do latifú ndio no
Brasil, abre a possibilidade de encontrar elementos importantes para se debater o tema. Pode-se
também orientar a aná lise da tabela “Brasil – Estrutura fundiá ria (2012)”, para que os alunos possam
dimensionar a desigualdade na distribuiçã o das terras no Brasil.

A concentraçã o fundiá ria no Brasil é tema ainda do boxe Geografia e Literatura (p. 148), que traz um
trecho do livro Morte e vida severina, de Joã o Cabral de Melo Neto. Nele, o assunto é tratado de forma
poética, numa obra que, por sua beleza e força, já se tornou clá ssica. Além da desigualdade na
distribuiçã o da terra e da necessidade de realizaçã o da reforma agrá ria, o poema aborda a pobreza que
acomete grande parte da populaçã o rural no Brasil. Você pode chamar a atençã o especialmente para os
versos: “é a parte que te cabe / deste latifú ndio”, “é a terra que querias / ver dividida” e “mas estará s
mais ancho / que estavas no mundo”.

Se considerar adequado, você pode pedir aos alunos que leiam todo o poema ou ainda que assistam ao
filme Morte e vida severina, dirigido por Walter Avancini, disponível em DVD (Brasil, 2010, 61 min). A
interpretaçã o do poema completo é uma oportunidade de interdisciplinaridade com Língua Portuguesa.

• A expansão das fronteiras agrícolas (p. 149)

Além de levar os alunos a entender o que significa na prá tica a expansã o das fronteiras agrícolas,
orientando-os a identificar os fatores responsá veis pelo processo, é necessá rio fornecer elementos para
que eles possam interpretar os impactos sobre a economia e o meio ambiente. É importante destacar o
comprometimento das á reas de cerrado e floresta Amazô nica.

Um dos fatores relacionados à expansã o das fronteiras agrícolas diz respeito à estrutura fundiá ria no Sul
do país, organizada em pequenas propriedades. Essas propriedades abrigaram as levas de imigrantes
cuja entrada foi incentivada a partir do século XIX como meio de ocupar e assegurar a posse das terras
em á reas fronteiriças. Com o passar das geraçõ es – com a tendência de parcelamento das terras herdadas
pelos descendentes dos produtores –, essa estrutura deixou de comportar satisfatoriamente todos os
agricultores e seus interesses, sobretudo aqueles voltados para a produçã o comercial. Isso desencadeou
a busca por novas terras nas regiõ es Centro-Oeste e Norte do país.

O processo apontado acima e outros condicionantes da expansã o das atividades agrícolas para as regiõ es
Centro-Oeste e Norte podem ser apreendidos por meio da interpretaçã o do mapa “Brasil – Intensidade
da ocupaçã o pela agropecuá ria” (p. 149).

• Uso da terra no Brasil (p. 149)

É importante promover a caracterizaçã o do espaço agrá rio brasileiro de acordo com os dados levantados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As porcentagens apresentadas dã o ao aluno
um panorama do uso da terra rural atualmente no Brasil, destacando as á reas ocupadas por pastagem,
que sã o quase 50% do total.

• Presença Indígena – Os indígenas isolados (p. 150-151)

Uma noçã o importante a ser transmitida é que, ao contrá rio do que se acredita comumente, os indígenas
isolados nã o desconhecem a sociedade dos nã o indígenas. Eles a conhecem e nã o querem entrar em
contato com ela. Pela lei brasileira, o Estado tem o dever de proteger seu ambiente e proceder à
demarcaçã o de suas terras. Os grupos indígenas isolados devem ter condiçõ es de adotar o modo de vida
que escolherem.

• Informe – A agricultura e o Código Florestal (p. 152)

As mudanças no Có digo Florestal, realizadas em 2012, foram acompanhadas de intenso debate,


envolvendo principalmente os grupos preocupados com o meio ambiente, de um lado, e os
representantes do agronegó cio, na frente oposta.

O texto aborda essa controvérsia e aponta a importâ ncia da ciência para encontrar caminhos que
equacionem a questã o. A pesquisa indicada é muito importante para a formaçã o do pensamento crítico
dos alunos e pode ser estendida com a coleta de informaçõ es sobre a aplicaçã o das normas do Có digo
Florestal na época em que o capítulo estiver sendo estudado.

• Mundo Hoje – As experiências de produção e vida no assentamento Vitória (p. 153)

O texto permite entrar em contato com uma experiência considerada bem-sucedida de reforma agrá ria,
representada pelo assentamento Vitó ria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Pá gina 307

O relato descreve a dinâ mica de funcionamento da cooperativa de trabalhadores rurais e pode ser um
meio para esclarecer os alunos sobre outras formas de organizaçã o de sistema agrícola.

Atividade complementar

Apresentação de seminário sobre “Concentração fundiária”

A organizaçã o de seminá rios permite ao aluno desenvolver a capacidade de síntese e sistematizaçã o do


conhecimento sobre um tema, além da habilidade de falar em pú blico.

Descrição da atividade

Se for de interesse do professor, o tema poderá ser dividido em subtemas. Algumas sugestõ es: origem
histó rica da concentraçã o fundiá ria no país, concentraçã o fundiá ria hoje, aspectos da concentraçã o
fundiá ria na regiã o ou estado em que vive o aluno, consequências sociais do processo de concentraçã o
fundiá ria, medidas para solucionar o problema e dificuldades de implantaçã o de tais medidas.

Apó s dividir a turma em grupos e distribuir os subtemas (se for o caso), é necessá rio orientar a
realizaçã o de pesquisas em fontes variadas, para a seleçã o de informaçõ es pertinentes ao tema e para a
fundamentaçã o de posicionamentos diante de tó picos polêmicos. Essas informaçõ es devem ser
organizadas, destacando-se as mais importantes. Elas também devem ser divididas em partes (que
definirã o a estrutura da apresentaçã o), mas ao mesmo tempo encadeadas, de forma a permitir a
composiçã o de um percurso ló gico de ideias.

Para dar suporte à apresentaçã o oral, recomenda-se a confecçã o de materiais visuais, como cartazes ou
transparências e slides, que façam alusã o ao percurso de exposiçã o do grupo e enfatizem os aspectos
principais.

É importante cuidar para que a apresentaçã o oral se faça a partir de uma distribuiçã o igualitá ria do
tempo de fala para cada integrante do grupo. A postura dos integrantes deve ser de seriedade perante o
trabalho apresentado e também diante da exposiçã o dos colegas, e suas falas devem ser seguras e claras.

É fundamental que a apresentaçã o oral seja bem estruturada, com começo, meio e fim. Nem sempre isso
é uma tarefa fá cil para os alunos, portanto, é fundamental que o professor os acompanhe durante o
processo de estruturaçã o dos seminá rios.

Para organizar a apresentaçã o, é recomendá vel adotar etapas, como: Abertura – Introduçã o ao tema –
Apresentaçã o do percurso de exposiçã o – Desenvolvimento do assunto – Síntese das informaçõ es –
Conclusã o – Encerramento.

Leitura complementar

O avanço da fronteira agrícola no Brasil é ameaçador à s florestas nativas, especialmente na regiã o sul da
Amazô nia. Por se tratar de uma atividade importante para a economia nacional, sobretudo por gerar
empregos e abastecer o mercado interno e externo, muitas vezes nã o sã o observadas as estruturas
fundiá rias que se consolidam nesse processo. O texto a seguir chama atençã o para o avanço da fronteira
agrícola e a aquisiçã o de terras nacionais por empresas estrangeiras, o que pode permitir a retirada de
recursos do territó rio nacional para desenvolver produtos medicinais, cosméticos e até mesmo
alimentares, cobrando patentes sobre eles.

A estrangeirização da propriedade fundiária no Brasil


Estudos encomendados pelo Nú cleo de Estudos Agrá rios e Desenvolvimento Rural (Nead) do Ministério do
Desenvolvimento Agrá rio (MDA), mostram que houve um crescimento significativo de investimentos
estrangeiros diretos (IEDs) totais no Brasil a partir de 2002 (107% entre 2002 e 2008, passando de 4,33 a 8,98
bilhõ es de dó lares no mesmo período). [...] Seguindo a tendência de aumento desses investimentos
estrangeiros no Brasil nos ú ltimos anos, houve crescimento da participaçã o externa nas atividades
agropecuá rias como[...] no cultivo da canade-açú car e da soja e na produçã o de á lcool e agrocombustíveis
(Alvim, 2009, p. 53). Uma parte significativa destes investimentos foi utilizada para compra e fusõ es de
empresas já existentes (Alvim, 2009), sendo que “o total de IED realizado no agronegó cio foi de 46,95 bilhõ es
de dó lares”. [...]

Utilizando diferentes fontes de informaçõ es, como empresas de consultoria no ramo, entre outras, os jornais
de circulação nacional vêm publicando dados sobre este processo de aquisição de terras por estrangeiros no
Brasil, sem a “devida correspondência nos registros do SNCR/ Incra” (Pretto, 2009, p. 4). A partir de dados do
SNCR, a Folha de S. Paulo, por exemplo, calculou este ritmo de “estrangeirizaçã o” de terras em um intervalo de
apenas seis meses. Segundo dados da Folha, entre novembro de 2007 e maio de 2008, estrangeiros adquiriram
em torno de 1 533 imó veis rurais no Brasil, abarcando uma á rea de 226 920 hectares. [...] Uma atualizaçã o dos
dados para 2010, valendo-nos da mesma base cadastral elaborada pelo Incra, indica a existência de 34 371
imó veis rurais sob a propriedade de estrangeiros, abarcando um total de 4 349 074 hectares. [...] é possível
observar que a maior parte do nú mero de imó veis está concentrada nos estados de Sã o Paulo (35,7% do total),
Paraná (14,9%), Minas Gerais (7,68%) e Bahia (6,38%). Quando tomamos o total de á rea o quadro se altera,
apontando a liderança para os estados de Mato Grosso (19,4% da á rea total), Minas Gerais e Sã o Paulo (com
11,3% cada) e Mato Grosso do Sul (10,9%). Em ambos os casos, coincidindo significativamente com a
expansã o das fronteiras agrícolas.

SAUER, Sergio; LEITE, Sergio P. Expansão agrícola, preços e apropriação de terra por estrangeiros no Brasil. RESR, Piracicaba-
SP, v. 50, n. 3, p. 503-524, jul./set. 2012. Disponível em:<http://www.reformaagrariaemdados.org.br/biblioteca/artigoe-
ensaio/expans%C3%A3o-agr%C3%ADcola-pre%C3%A7ose-apropria%C3%A7%C3%A3o-de-terra-por-estrangeiros-
nobrasi>. Acesso em: 11 abr. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

SCOLESE, Eduardo. Folha explica: a reforma agrá ria. Sã o Paulo: Publifolha, 2005.
O livro trata de maneira sintética e dinâ mica da origem, dos desdobramentos e das consequências da
questã o fundiá ria no Brasil.
Pá gina 308

CANDIDO, Antonio. Os parceiros do rio Bonito. Sã o Paulo: Ouro Sobre Azul, 2010.
Nesse livro, fruto de sua tese de doutoramento, Antonio Candido procura identificar os aspectos mais
importantes da introduçã o do latifú ndio sobre a economia agrícola familiar do interior de Sã o Paulo e as
transformaçõ es na sociedade, como o fim de tradiçõ es caipiras e início de uma sociedade
predominantemente urbana.

STÉ DILE, Joã o Pedro. Questão agrária no Brasil. Sã o Paulo: Atual, 2011.
Com autoria de uma das principais lideranças do Movimento Sem Terra no Brasil, o livro apresenta um
panorama sobre a questã o agrá ria brasileira e destaca as variadas correntes de opiniã o que se dedicam
ao tema no país.

SITE

Instituto Nacional de Colonizaçã o e Reforma Agrá ria


Site do Incra, ó rgã o governamental que tem a funçã o de implementar a política de reforma agrá ria e
realizar o ordenamento fundiá rio do país. Disponível em: <http://linkte.me/incra>.

Acesso em: 7 abr. 2016.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 146)

1. Atualmente, o cultivo de cana-de-açú car no Brasil é feito, em geral, de forma extensiva, associada à
ampla cadeia industrial de produçã o de açú car e etanol. A colheita da cana pode ser realizada por meio
de má quinas modernas ou manualmente. A tecnologia também é aplicada no desenvolvimento de
pesquisas relacionadas à produçã o de sementes mais resistentes, insumos químicos, etc. Por fim, a mã o
de obra, muitas vezes ainda considerada escrava pelas condiçõ es precá rias de trabalho e pelos baixos
salá rios, tem sido substituída cada vez mais pela mecanizaçã o das colheitas.

• Geografia e Literatura (p. 148)

1. Interpretaçã o livre. Alguns aspectos podem ser abordados na discussã o. Na primeira estrofe,
apreende-se que a cova é medida em palmos e seria uma pequena parte da terra que o agricultor
almejava. Na segunda estrofe, fica claro que a cova seria a ú nica parte à qual o lavrador teria acesso. Seria
a parte da terra à qual o lavrador lutou para ser dividida entre os sertanejos. Na quarta estrofe, o amigo
comenta que na cova o agricultor teria mais espaço do que tinha no lugar onde morava. Apesar de ela ser
pequena, nã o era possível reclamar.

• Para discutir (p. 151)

1. A proteçã o aos indígenas isolados depende da açã o do Estado, pois eles habitam á reas que envolvem
fortes interesses, como grandes obras e os avanços da agropecuá ria. Nas á reas de fronteira, essa
proteçã o é mais difícil, já que depende da legislaçã o e das açõ es de mais de um país.

2. A afirmaçã o nã o é verdadeira. O texto dá vá rios exemplos de que os indígenas isolados conhecem o


mundo dos nã o indígenas, mas se afastam intencionalmente dele. Eles se aproximam dos postos da Funai
e, mesmo sem contato direto, obtêm objetos e materiais ú teis, como fios de ná ilon.

3. A questã o dá margem a discutir a nossa pró pria cultura. O que, em nosso modo de vida, “nã o vale a
pena”? O que teríamos a aprender com as populaçõ es indígenas?
• Para discutir (p. 152)

1. O uso mais racional da terra pode combinar um aumento da produçã o agrícola, como querem os
ruralistas, e a preservaçã o do meio ambiente, como querem os ambientalistas. O uso da ciência e da
tecnologia, com os avanços nas formas de mapear e preservar o ambiente, pode levar a esse uso mais
racional, impactando menos o meio ambiente.

2. Resposta pessoal. É importante o professor estimular o debate, podendo fazer dois grandes grupos,
que defendam os diferentes pontos de vista suscitados pela pesquisa. O professor deve lembrar aos
alunos que o uso de fontes confiá veis é importante para uma boa fundamentaçã o dos argumentos.

• Para elaborar (p. 153)

1. O texto trata da agricultura de subsistência e comercial, realizada por produtores familiares que
vendem os produtos para vá rios Estados e até para países europeus.

2. A produçã o agrícola e pecuá ria sã o industrializadas no pró prio assentamento e comercializada por
meio da cooperativa e outras empresas. Em conjunto, foram estabelecidos os locais destinados à
construçã o das casas, à implantaçã o das indú strias e à reserva florestal. Os imó veis pertencem à
cooperativa e, portanto, nã o podem ser vendidos, caso os só cios decidam deixar o assentamento.

• Atividades (p. 154-155)

Revendo conceitos (p. 154)

1. A estrutura fundiá ria brasileira caracteriza-se por ser muito desigual e altamente concentrada. Essa é
uma característica que se estabeleceu desde a colonizaçã o, mas se consolidou com a Lei de Terras, em
1850.

2. A Lei de Terras visava regulamentar a propriedade e o acesso a terras. Segundo suas disposiçõ es, o
ú nico meio de acesso à terra seria por meio da compra. Com isso, ex-escravos, colonos e imigrantes, que
nã o tinham dinheiro para pagar pela compra de terras, nã o puderam ter acesso a elas, que desde entã o
ficaram concentradas nas mã os dos grandes fazendeiros.

3. A expressã o “latifú ndio” refere-se à s grandes propriedades improdutivas. Por isso as grandes
propriedades produtivas nã o sã o legalmente consideradas latifú ndios, mas agronegó cios.

4. Nas ú ltimas décadas, vem ocorrendo um aumento da utilizaçã o da terra, transformando latifú ndios
improdutivos em empresas rurais que adotam prá ticas agrícolas modernas.

5. No período colonial, a mata Atlâ ntica foi destruída para dar lugar a plantaçõ es de cana-de-açú car,
sobretudo no Nordeste. No período atual, com a modernizaçã o e implantaçã o de tecnologia no campo, a
expansã o da fronteira agrícola ocorre na Amazô nia, principalmente com o cultivo da soja e a extraçã o de
madeira.
Pá gina 309

Lendo mapas e gráficos (p. 154)

6. a) As regiõ es Centro-Oeste, Sul e parte da Sudeste sã o as á reas onde ocorrem intensificaçã o dos
processos erosivos.
b) As prá ticas agrícolas, muitas vezes inadequadas, podem acelerar os processos erosivos, devido a uma
série de fatores como a exposiçã o dos solos provocada pela supressã o da cobertura vegetal, a
desagregaçã o e remoçã o da camada mais externa por meio dos ciclos de plantio intensivos e a alteraçã o
do escoamento superficial. Esses fatores permitem que os solos se tornem mais susceptíveis a erosã o e
com menos capacidade de produçã o. Em muitos casos, a natural movimentaçã o de sedimentos pode
evoluir para abertura de grandes valas, como as voçorocas e ravinas, tornando os solos impró prios para
a atividade agropecuá ria.
c) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos mencionem que, no Rio Grande do Sul, observa-se o
processo de degradaçã o ambiental dos solos, denominado arenizaçã o, que é resultante das alteraçõ es
climá ticas associadas à s açõ es antró picas. A remoçã o da cobertura vegetal em solos bastante arenosos,
associada a climas mais ú midos, pode provocar a formaçã o de grandes areais. Similar a esse processo, a
desertificaçã o ocorre no interior da Regiã o Nordeste, devido ao estabelecimento de atividades agrícolas
em locais de clima semiá rido. A ausência de regularidade do regime fluvial da regiã o e o uso do solo
pelas prá ticas agrícolas prejudicam a fertilidade dos solos ali presentes.

7. a) As maiores taxas de desflorestamento foram registradas em 2007 e 2008.


b) A soja é cultivada na Regiã o Centro-Oeste, onde predomina o bioma cerrado, e também nas bordas da
floresta Amazô nica.

8. O cultivo do feijã o ocorre amplamente na Regiã o Nordeste e no Centro-Sul do Brasil. Os estados que
mais se destacam nesse tipo de cultura sã o Paraná , Minas Gerais e Ceará . Trata-se de uma planta mais
delicada, que nã o suporta temperaturas extremas, o que inviabiliza o cultivo no Rio Grande do Sul
durante os meses muito frios. Por outro lado, o maior risco de ocorrência de pragas e doenças, em funçã o
das altas temperaturas e grande volume de chuvas, prejudica o cultivo do feijã o na Regiã o Norte.

Interpretando textos e imagens (p. 155)

9. a) A foto 1 representa uma agricultura baseada em trabalho manual, que nã o conta com a aplicaçã o
de tecnologias sofisticadas. Além disso, predomina a produçã o alimentícia destinada ao abastecimento
do mercado local e à subsistência dos proprietá rios. Já a foto 2 exibe o contrá rio, uma agricultura
tecnificada, provavelmente destinada à indú stria e à exportaçã o.
b) A capacidade de produçã o do tipo de agricultura representado na foto 2 é muito superior à da
agricultura representada na foto 1, em funçã o do maquiná rio presente que realiza as funçõ es da lavoura
de maneira mais rá pida e produtiva que o trabalho braçal.

10. a) Os povos indígenas reivindicam o reconhecimento dos direitos de acesso à s terras que ocupam e
que continuam sem uma soluçã o ou com o procedimento demarcató rio suspenso. Pela Constituiçã o, os
povos indígenas têm direito de viver em suas terras e praticar sua cultura e sua língua.

Professor: você pode complementar as informaçõ es com a leitura dos trechos correspondentes da
Constituiçã o de 1988, como o artigo 231:

Sã o reconhecidos aos índios sua organizaçã o social, costumes, línguas, crenças e tradiçõ es, e os direitos
originá rios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à Uniã o demarcá -las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.

BRASIL. Constituiçã o (1988). Constituiçã o da Repú blica Federativa do Brasil. Brasília, DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 21 maio 2016.
Esses sã o direitos “originá rios”, anteriores a todas as leis, pois os indígenas viviam no atual territó rio do
Brasil antes da formaçã o do Estado brasileiro. Para informaçõ es mais completas sobre os direitos
constitucionais dos povos indígenas, sugerimos consultar o site da Fundaçã o Nacional do Índio (Funai),
disponível em: <http://linkte.me/funaidir> (acesso em: 7 abr. 2016).
b) Esse conflito pode ser atribuído principalmente à expansã o das fronteiras agrícolas com o
agronegó cio, que se estende para as á reas indígenas, nã o respeitando a legislaçã o nacional e
internacional. Uma das açõ es mais graves praticada por representantes do agronegó cio é a atuaçã o de
pistoleiros, que cometem violência (incluindo assassinatos) contra os indígenas.

Sobre a violência contra os povos indígenas, você pode consultar o relató rio A violência contra os povos
indígenas 2011, do Conselho Indigenista Missioná rio (Cimi) (disponível em: <http://linkte.me/cimivio>;
acesso em: 7 abr. 2016), bem como outros documentos disponíveis no mesmo site.

11. a) De acordo com o texto, com a produçã o de alimentos orgâ nicos o ambiente se torna mais
equilibrado do ponto de vista bioló gico, o que proporciona mais vantagem para o agricultor, que sempre
vai ter a possibilidade de lucrar com alguma colheita da á rea.
b) Sim. Os sistemas agroflorestais sã o extremamente benéficos para o meio ambiente, pois a plantaçã o é
feita sem precisar desmatar, além de servirem para recuperar á reas degradadas. Além disso, para
produzir alimentos orgâ nicos nã o é permitido ao agricultor o uso de fertilizantes sintéticos, agrotó xicos
e transgênicos na lavoura, porque, ao longo do tempo, contaminam os recursos hídricos, os solos, a flora
e fauna local.

Capítulo 12 O campo e o acesso à terra

Nesse capítulo, o mundo rural brasileiro é apresentado nã o apenas como um cená rio da produçã o
agropecuá ria, mas como uma realidade formada por uma complexa teia de relaçõ es sociais e políticas.
Sã o abordados também aspectos da atuaçã o dos diferentes agentes envolvidos nessas relaçõ es e como
cada parte defende seus interesses.

Além dos focos de conflitos, o campo brasileiro também revela outras contradiçõ es que devem ser
exploradas criticamente por nossos educandos.

O professor pode promover a leitura da pá gina, evidenciando os exemplos de contradiçõ es encontradas


no campo brasileiro – entre o agronegó cio e a desigualdade social, a agricultura moderna e a arcaica, os
problemas ambientais e as alternativas sustentá veis – como uma visã o panorâ mica da heterogeneidade
do mundo rural no Brasil.
Pá gina 310

Para responder à s questõ es iniciais do capítulo, é importante resgatar com os alunos as características
físico-territoriais e fundiá rias do sertã o nordestino, levantando aspectos relacionados ao clima semi-
á rido e aos setores sociais favorecidos em políticas pú blicas de combate à seca.

Sugestões didáticas

• Relações de poder no campo: coronelismo (p. 157)

O coronelismo é uma das facetas mais marcantes das relaçõ es sociais historicamente travadas no cená rio
rural brasileiro. Trata-se de uma expressã o da articulaçã o de poder em escala local, cuja
correspondência material é a distribuiçã o irregular das terras. Nesse contexto, a figura do coronel é a
personificaçã o do latifú ndio.

A literatura brasileira retratou de maneira muito rica as relaçõ es de poder travadas no meio rural,
fornecendo material de grande valia para a aná lise geográ fica das questõ es agrá rias. A seçã o Geografia e
Literatura (p. 157) permite ilustrar aspectos dessas questõ es. Mais que isso, é uma oportunidade de
incentivar os alunos a entender as relaçõ es que dã o forma à realidade brasileira por meio da aná lise de
textos nã o necessariamente associados à produçã o do conhecimento geográ fico. É importante que os
alunos se sintam motivados a ler obras literá rias, jornais e revistas, bem como a assistir a filmes,
documentá rios e peças de teatro, que ampliam suas possibilidades de interpretaçã o da realidade. É bom
lembrar aos alunos que Fogo morto, de José Lins do Rego (1901-1957), foi escrito em 1943 e é um
romance de feiçã o realista. A obra reflete a tendência regionalista da literatura brasileira daquela época,
retratando a situaçã o política, econô mica e social do Brasil, utilizando elementos da linguagem popular
da Paraíba, estado em que o autor nasceu.

• A reforma agrária e as lutas sociais no campo (p. 158)

Contrastando com o poder emanado da posse de grandes extensõ es de terra, a organizaçã o dos
movimentos que lutam pela reforma agrá ria simboliza o outro lado da concentraçã o fundiá ria: a falta de
acesso à terra, derivada do fato de alguns possuírem terra em quantidade exagerada.
Contraditoriamente, o poder de mobilizaçã o que os militantes da reforma agrá ria conseguiram nã o vem
da posse da terra, mas da luta pela terra, em funçã o da sua escassez.

Recomenda-se recompor o histó rico da articulaçã o dos movimentos sociais pela posse da terra no Brasil
como manifestaçã o do mesmo processo que leva à concentraçã o fundiá ria. Além disso, podem-se propor
questõ es que estimulem o senso crítico dos alunos sobre a importâ ncia desses movimentos para a
reversã o das injustiças no campo e sobre suas formas de atuaçã o.

É necessá rio lembrar que as principais críticas a esses movimentos dizem respeito à ocupaçã o de
propriedades, sob a alegaçã o de serem improdutivas, como meio de protesto e pressã o à s autoridades
para que tornem mais á gil a implantaçã o da reforma agrá ria. Se é possível questionar a ocupaçã o de
propriedades alheias, a morosidade no processo de reforma agrá ria também é um problema que deve
ser resolvido. É preciso levar em consideraçã o que a atuaçã o dos movimentos nã o se resume a essas
açõ es. Inclui também projetos educativos e de assistência social à comunidade dos trabalhadores sem
terra.

• O “novo rural” brasileiro (p. 159)

A leitura da pá gina pode ser feita incentivando-se os alunos a reconhecer as atividades relacionadas ao
conceito de “novo rural” e a importâ ncia de tais atividades como fontes geradoras de renda.
O boxe Ação e cidadania, nessa pá gina, retrata o modelo de agricultura sustentá vel, representado pelos
sistemas agroflorestais, e propõ e que os alunos investiguem o funcionamento da cadeia produtiva dos
alimentos cultivados nesse tipo de experiência.

• Presença da África – Quilombolas: direito à terra e respeito ao modo de vida (p. 160-161)

Um dos aspectos mais importantes do reconhecimento das comunidades quilombolas e do incentivo à


agricultura familiar é a fixaçã o no campo das populaçõ es envolvidas. Entre outros benefícios, isso
permite a manutençã o dos laços comunitá rios, dos há bitos, das tradiçõ es e da identidade desses grupos.
Quando as pessoas sã o levadas a migrar para a cidade, ocorre em geral um forte processo de
desenraizamento, com dolorosa perda para as pessoas. Por exemplo, uma mulher que, em sua
comunidade, era respeitada e reconhecida por seu saber sobre ervas, na cidade é bem possível que se
torne anô nima e “sem valor”. Outro exemplo é o do líder das festas tradicionais, que poderá ser um
anô nimo na cidade para onde migrou.

• Mundo Hoje – Trabalhadoras rurais protestam por políticas públicas e mais educação (p.
162)

É importantíssima a participaçã o das mulheres nos movimentos sociais, tanto urbanos quanto rurais.
Além das reivindicaçõ es gerais, ligadas principalmente ao direito à terra, à s condiçõ es dignas de trabalho
e à proteçã o contra a violência que vitima os trabalhadores rurais, a luta das mulheres volta-se, também,
para direitos e necessidades relacionados mais diretamente à condiçã o feminina. Sã o exemplos a
reivindicaçã o por creches, para que as mulheres possam deixar seus filhos em segurança; a luta contra a
desigualdade de gênero e a violência contra as mulheres; a busca de maior colaboraçã o no trabalho
doméstico e na educaçã o dos filhos, etc.

• Informe – A compreensão sobre o rural no Brasil (p. 163)

Se por um lado a agricultura brasileira vem se modernizando desde os anos 1970, por outro possibilitou
um debate permeado por novas formas de concepçã o de rural, protagonizado por diversos atores sociais
do campo, que procuravam alternativas para minimizar os efeitos perversos do processo de
modernizaçã o da atividade agrícola.

O texto aborda o papel decisivo dos agricultores familiares na ressignificaçã o do rural no Brasil, a
importâ ncia do processo de reconhecimento legal dessa categoria e as principais reivindicaçõ es, que vã o
além das políticas de crédito agrícola, e direcionam a luta pela educaçã o, habitaçã o, saú de, etc., com as
dimensõ es culturais das á reas rurais.
Pá gina 311

Atividade complementar

Debate sobre a reforma agrária e as lutas sociais no campo

Descrição da atividade

É necessá ria uma preparaçã o antes do debate. Sugerimos iniciar o trabalho pela escolha de um
documento (artigo de jornal, notícia, vídeo, mú sica) cuja leitura possa servir como ponto de partida para
a discussã o. Uma possibilidade é aproveitar o texto da Leitura complementar a seguir para esse fim. Em
seguida, recomenda-se que os alunos pesquisem (no horá rio de aula ou nã o, dependendo da
possibilidade) fundamentaçõ es complementares sobre o tema: fatores histó ricos, diferentes pontos de
vista de estudiosos, dados estatísticos, etc. Com base em todo esse material, os alunos devem construir
seus posicionamentos e articular seus argumentos.Apó s a preparaçã o, é importante que o debate seja
agendado. Na aula marcada, sugerimos que se eleja um moderador, que se encarregará de passar a
palavra para os participantes. O moderador deve abster-se de dar sua opiniã o. Também deverã o ser
definidos o tempo má ximo de fala de cada participante e critérios para réplicas e tréplicas.

No fim, pode-se requisitar a produçã o de textos individuais para sintetizar as aquisiçõ es proporcionadas
pelo debate. Esse material poderá permitir uma verificaçã o de quanto os alunos lapidaram seus pontos
de vista, aprimoraram seus argumentos, entenderam as opiniõ es alheias, etc.

Leitura complementar

Ariovaldo Umbelino de Oliveira foi um reconhecido geó grafo, um dos maiores expoentes do pensamento
brasileiro sobre as questõ es agrá rias.

Entre suas principais abordagens estã o o modo capitalista de produçã o na definiçã o das relaçõ es de
trabalho no campo e na definiçã o da estrutura fundiá ria, a concentraçã o de terras e as lutas dos
movimentos sociais pelo acesso à terra no Brasil.

No texto a seguir, o autor expõ e o contexto que envolve as grandes desigualdades na distribuiçã o das
terras como o fator fundamental para a mobilizaçã o das entidades comprometidas com as causas dos
trabalhadores do campo e dos sem-terra.

O que entendemos por campesinato?

Sã o diversas as possibilidades de definiçã o conceitual do termo. Cada disciplina tende a acentuar perspectivas
específicas e a destacar um ou outro de seus aspectos constitutivos. Da mesma forma, são diversos os
contextos histó ricos nos quais o campesinato está presente nas sociedades [...]

Em termos gerais, podemos afirmar que o campesinato, como categoria analítica e histó rica, é constituído por
poliprodutores, integrados ao jogo de forças sociais do mundo contemporâ neo. Para a construçã o da histó ria
social do campesinato no Brasil, a categoria será reconhecida pela produçã o, em modo e grau variá veis, para o
mercado, termo que abrange, guardadas as singularidades inerentes a cada forma, os mercados locais, os
mercados em rede, os nacionais e os internacionais. Se a relaçã o com o mercado é característica distintiva
desses produtores (cultivadores, agricultores, extrativistas), as condiçõ es dessa produçã o guardam
especificidades que se fundamentam na alocação ou no recrutamento de mã o-de-obra familiar. Trata-se do
investimento organizativo da condiçã o de existência desses trabalhadores e de seu patrimô nio material,
produtivo e sociocultural, variá vel segundo sua capacidade produtiva (composiçã o e tamanho da família, ciclo
de vida do grupo doméstico, relaçã o entre composiçã o de unidade de produção e unidade de consumo).[...]

Para que a forma camponesa seja reconhecida, nã o basta considerar a especificidade da organizaçã o interna à
unidade de produçã o e à família trabalhadora e gestora dos meios de produçã o alocados. Todavia, essa
distinçã o é analiticamente fundamental para diferenciar os modos de existência dos camponeses dos de outros
trabalhadores (urbanos e rurais), que não operam produtivamente sob tais princípios. Percebendo-se por essa
distinçã o de modos de existência, muitos deles se encontram mobilizados politicamente para lutar pela
objetivaçã o daquela condiçã o de vida e produção (camponesa).

Em quaisquer das alternativas, impõ e-se a compreensã o mais ampla do mundo cultural, político, econô mico e
social em que o camponês produz e se reproduz. Da coexistência com outros agentes sociais, o camponês se
constitui como categoria política, reconhecendo-se pela possibilidade de referência identitá ria e de
organizaçã o social, isto é, em luta por objetivos comuns ou, mediante a luta, tornados comuns e projetivos. A
esse respeito, a construçã o da histó ria social do campesinato, como de outras categorias socioeconô micas,
deve romper com a primazia do econô mico e pri vilegiar os aspectos ligados à cultura.

GODOI, Emilia Pietrafesa de; MENEZES,Marilda Aparecida de; Marin, Rosa Acevedo Marin (Org.). A diversidade do
campesinato: expressõ es e categorias: estraté gias de reproduçã o social. Disponível em: <http://www.iicabr.iica.org.br/wp-
content/uploads/2014/03/Diversidade_do_campesinato_vol2.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

ANDRADE, Manuel Correia. Modernização e pobreza: a expansã o da agroindú stria canavieira e seu
impacto ecoló gico e social. Sã o Paulo: Ed. da Unesp, 1994.
Nesse livro, o autor faz uma leitura do desenvolvimento da indú stria canavieira no Brasil, especialmente
apó s a introduçã o do Proalcool, na década de 1970, analisando como a associaçã o entre indú stria e
agricultura afeta a vida no campo.

OLIVEIRA, Ariovaldo U. A Geografia das lutas no campo. Sã o Paulo: Contexto, 1996.


Nesse livro o autor discute a histó ria das lutas sociais no campo, destacando os confrontos entre os
camponeses sem terra e os grandes proprietá rios respaldados pelo Estado.

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Sã o Paulo: Record, 2003.


Obra literá ria que retrata as relaçõ es sociais no meio rural nordestino em meio a uma estrutura
coronelista.

FILMES

Califórnia à brasileira. Direçã o: José Roberto Novaes. Brasil, Cedi, 1991 (24 min).
O documentá rio apresenta a situaçã o dos trabalhadores rurais na regiã o de Ribeirã o Preto (SP). A
riqueza obtida com a atividade canavieira mascarava a precariedade das condiçõ es de trabalho e de vida
dos boias-frias.
Pá gina 312

Massacre de Corumbiara. Direçã o: Georges Bourdoukan. Brasil, TVT, 1995 (16 min).
O documentá rio retrata um dos episó dios mais violentos relacionado à s lutas pelo acesso à terra no
Brasil: a morte de 12 camponeses sem terra em Corumbiara, Rondô nia, em agosto de 1995, apó s uma
violenta açã o policial para cumprir um mandato de reintegraçã o de posse. O fato se repetiu pouco tempo
depois em Eldorado dos Carajá s (PA).

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 156)

1. As condiçõ es climá ticas locais podem impedir certos tipos de cultivos, mas o exemplo dado pela
imagem retrata que o uso intensivo de tecnologia nas atividades agrícolas pode transpor as dificuldades
encontradas na regiã o, nesse caso, o clima semiá rido, marcado por um regime de chuvas irregulares e
ocorrência de secas perió dicas. Dessa forma, as técnicas de irrigaçã o permitem, no sertã o nordestino, a
fruticultura de grande valor para os mercados interno e externo.

2. Devido ao regime temporá rio dos rios da Regiã o Nordeste, com exceçã o do rio Sã o Francisco, a
captaçã o e armazenamento de á gua destinada à pecuá ria e à agricultura é dependente da á gua de chuva,
realizada por meio de cisternas construídas nas propriedades agrícolas. Em períodos de estiagem a á gua
para o consumo doméstico, por exemplo, também é abastecida por carros-pipa, barreiros e cacimbas.
Além do uso de cisternas, outras soluçõ es podem ser implementadas para abastecer a populaçã o local,
como a construçã o de barragens e açudes conectados a sistemas adutores que levam a agua até as
propriedades agrícolas, a captaçã o subterrâ nea por meio da perfuraçã o e de poços artesianos, a
transposiçã o de rios perenes, considerando, no entanto, os impactos ambientais que poderã o ser
gerados.

• Geografia e Literatura (p. 157)

1. O coronel Lula tem uma postura arrogante e autoritá ria, como se José Amaro lhe devesse completa
obediência, prá tica comum no coronelismo.

• Ação e cidadania (p. 159)

1. Os sistemas agroflorestais no Brasil permitem cultivar diversos tipos de alimentos como frutas,
legumes, hortaliças, plantas medicinais e aromá ticas, tubérculos, raízes, etc. O uso de agrotó xicos e
demais insumos químicos sã o substituídos pela adubaçã o natural, proveniente dos recursos e da
ciclagem de nutrientes da pró pria floresta. Em geral, os alimentos orgâ nicos produzidos em sistemas
agroflorestais sã o destinados a feiras de ruas, quitandas e supermercados locais.

• Para discutir (p. 161)

1. Na realizaçã o do debate, convém ficar atento a manifestaçõ es de preconceito que possam vir à tona na
classe e intervir no sentido de quebrar as visõ es negativas e estereotipadas. Assim, nã o é adequado falar
das comunidades quilombolas como “atrasadas” e referir-se à “falta de cultura” de sua populaçã o. As
populaçõ es tradicionais têm um fecundo acervo de saberes que pode enriquecer o conhecimento da
sociedade como um todo.

• Para elaborar (p. 162)

1. Para dar subsídios à elaboraçã o do texto, é importante estimular o debate, mostrando a importâ ncia
crescente dos movimentos das trabalhadoras, que apresentam reivindicaçõ es específicas das mulheres e
também reivindicaçõ es mais amplas, que beneficiam os trabalhadores em geral. Também é importante
alertar para as denú ncias contra a violência de que sã o vítimas as trabalhadoras e os trabalhadores
rurais. Muitas vezes, manifestaçõ es legítimas sã o reprimidas violentamente pelo poder pú blico ou por
grupos poderosos contrá rios à s reivindicaçõ es apresentadas.

• Para discutir (p. 163)

1. A transformaçã o da concepçã o de “rural” no Brasil vem ocorrendo ao longo dos ú ltimos anos a partir
de uma série de questionamentos sobre a interaçã o entre as atividades agrícolas e o meio ambiente, a
modernizaçã o da agricultura, a produçã o de alimentos livres de insumos químicos, a soberania
alimentar, etc. Esses questionamentos trouxeram novas demandas no campo político, com o intuito de
melhorar as condiçõ es da populaçã o do campo sem destruir modos tradicionais de vida e a organizaçã o
social.

2. Os agricultores familiares podem ser agrupados entre os que destinam a produçã o basicamente ao
mercado e os que a destinam ao seu pró prio sustento, comercializando o excedente. Podem ser famílias
que vivem e que cultivam em pequenas propriedades e sob condiçõ es de pobreza ou produtores rurais
que praticam a agricultura moderna. Quilombolas, povos indígenas, silvicultores, aquicultores,
extrativistas e pescadores sã o outras categorias sociais similares que podem se enquadrar como
agricultura familiar. Em geral, a agricultura familiar se concentra na produçã o de hortifrutigranjeiros
para abastecimento das grandes e médias cidades. Os movimentos sociais do campo sã o formados
basicamente por membros da agricultura familiar que, em sua maioria, sã o desprovidos da posse de
terra e se organizam pela reforma agrá ria, entre outros direitos, e melhorias do trabalho no campo.

• Atividades (p. 164-165)

Revendo conceitos (p. 164)

1. Podemos citar como principais contradiçõ es presentes no meio rural brasileiro: sucesso do
agronegó cio e imensa desigualdade social no campo; contraste notá vel entre a presença da agricultura
moderna e da arcaica; convivência da destruiçã o do meio ambiente com alternativas sustentá veis.

2. Coronelismo foi um fenô meno que marcou o mundo rural brasileiro, caracterizado pela associaçã o
direta entre a propriedade das terras e o poder político. Apesar de ter sido mais comum no final do
século XIX e início do século XX, seus efeitos têm influenciado a vida política e cotidiana até os dias de
hoje.

3. A principal característica das lutas sociais no campo brasileiro é a luta pela reforma agrá ria,
grandemente motivada pela histó rica concentraçã o de terras no país desde o período colonial. As
desigualdades sociais no campo provocaram a eclosã o de vá rios conflitos violentos.

4. A principal demanda dos movimentos sociais no campo é a reforma agrá ria, mas também podemos
citar a luta pela educaçã o, pela inserçã o social dos agricultores, pelo financiamento para a produçã o, etc.
Pá gina 313

5. O “novo rural” é a nova configuraçã o do meio rural a partir da importâ ncia econô mica que algumas
atividades, como o turismo rural, o plantio de flores e a piscicultura, ganharam a partir dos anos 1980.

6. Atividades rurais nã o agrícolas sã o aquelas ligadas a moradia, prestaçã o de serviços, lazer e a uma
série de atividades industriais realizadas no meio rural. Um exemplo sã o as chá caras e sítios de lazer e os
serviços como o de caseiro e jardineiro.

Lendo gráficos (p. 164)

7. a) Entre os anos de 2011 a 2014 se observa o menor nú mero de famílias assentadas. Os anos de 2005
e 2006 sã o aqueles em que se observa o maior nú mero de famílias assentadas.
b) Depois de ter descido ao nú mero mais baixo em 2003, o nú mero de assentados passou a aumentar
significativamente. A partir de 2007, porém, houve um decréscimo, que se acentuou em 2011. A partir
desse ano, houve novamente acréscimo, porém em ritmo lento.
c) A á rea destinada à reforma agrá ria foi maior entre os anos de 2003 e 2006.
d) Sim. É possível observar correspondência entre os períodos demonstrados pelos dois grá ficos. O
nú mero de famílias assentadas apresenta a mesma tendência de evoluçã o da á rea destinada à reforma
agrá ria, isto é, decréscimo verificado entre os anos 1990 a 2000, seguido de significativo acréscimo na
década seguinte, e novamente apresentando queda a partir de 2006.

8. a) O maior nú mero de mortes em conflitos no campo ocorre nos estados da Regiã o Norte.
b) A característica principal desses estados é a presença de latifú ndios e o poder dos grandes
proprietá rios de terra, que muitas vezes se colocam acima da lei, criando um clima de coerçã o e
frequentemente praticando a violência aberta. O grá fico apresenta a forma mais grave dessa violência,
representada pelo grande nú mero de assassinatos.

9. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos consigam relacionar todas as informaçõ es fornecidas pelo
grá fico para poder concluir que entre os trabalhadores escravizados predominam os homens adultos,
analfabetos ou com poucos anos de estudo, e que trabalham em atividades agrícolas, como a pecuá ria, o
cultivo de cana-de-açú car e outras lavouras.

Interpretando textos e imagens (p. 165)

10. a) É importante levar o aluno a perceber que há uma série de vantagens na mecanizaçã o, tais como
menores danos ambientais, maior segurança no trabalho e maior produtividade. No entanto, a
diminuiçã o do uso de mã o de obra acaba levando a uma oferta menor de empregos no meio rural.
Também é importante mencionar que o trabalho de corte da cana-de-açú car é um trabalho muito
extenuante, o que leva a uma série de problemas de saú de e má s condiçõ es físicas para os cortadores; já
os trabalhadores que conduzem as má quinas necessitam de maior qualificaçã o e obtêm salá rios
melhores e melhores condiçõ es de trabalho.
b) Grande parte dos boias-frias possui baixo grau de escolaridade, o que dificulta o acesso a novos
empregos, em especial nas cidades. Esse desajuste social implica que esses trabalhadores se qualifiquem
para o mercado de trabalho cada vez mais exigente. Considerando a situaçã o de pobreza e
vulnerabilidade, muitos nã o conseguem se qualificar e acabam se inserindo no mercado de trabalho
informal e precarizado, onde nã o há segurança e direitos trabalhistas.

11. a) As imagens 1 e 2 sã o representativas do “novo rural” brasileiro.


b) Imagem 1: pouca tecnologia; necessidade de mã o de obra qualificada. Imagem 2: maior uso de
tecnologia; normalmente uso de mã o de obra familiar. Imagem 3: grande uso de tecnologia; mã o de obra
assalariada.

Capítulo 13 A modernização da agricultura


A modernizaçã o da agricultura no mundo é um dos principais processos vinculados à transformaçã o do
espaço agrá rio e das relaçõ es de trabalho e também à articulaçã o do comércio internacional de gêneros
agropecuá rios. Esse capítulo aborda alguns modelos agrícolas com elevado grau de modernizaçã o no
mundo, as questõ es que envolvem o processo de modernizaçã o da agropecuá ria no Brasil e, ainda, o
papel exercido pelas agroindú strias e pela produçã o voltada para o agronegó cio.

É recomendá vel promover um levantamento sobre o que os alunos já conhecem a respeito dos processos
que compõ em a modernizaçã o da agricultura. É interessante que eles percebam que esses processos
ocorrem em vá rias frentes: evoluçã o da maquinaria, aprimoramento das técnicas de correçã o do solo,
desenvolvimento de novas sementes, ampliaçã o das possibilidades da engenharia genética, organizaçã o
racional do trabalho, gerenciamento empresarial das propriedades, integraçã o entre as atividades
agrícolas e industriais, etc.

O esquema “A agricultura de precisã o” (p. 166) pode contribuir para a discussã o sobre a tecnificaçã o da
agricultura sob a égide da eficiência, revertendo-se em produtividade.

Sugestões didáticas

• A modernização da agricultura no Brasil (p. 167)

Esse tó pico propõ e trabalhar o que representa a modernizaçã o da agricultura no Brasil.

É importante destacar que no nosso país esse processo de modernizaçã o é desigual e estritamente
vinculado à s demandas da agricultura comercial, sobretudo da produçã o que se convencionou chamar de
agronegó cio, e voltado para a exportaçã o. Com a interpretaçã o da imagem do cultivo de mudas em estufa
(p. 167), vale ressaltar os gêneros que mais incorporam tecnologia na produçã o, como a cana-de-açú car,
devido a alta rentabilidade e competitividade no mercado interno e externo. Como ressalva, é possível
discutir a substituiçã o de gêneros alimentícios por outros cultivos de alta rentabilidade.

Os impactos sobre o trabalhador rural nã o proprietá rio, sobre a estrutura fundiá ria e sobre a
importâ ncia dos programas de inclusã o digital para a populaçã o rural (boxe Conexão dessa pá gina)
estã o entre os principais itens a serem debatidos.

No boxe Saiba mais (p. 167), poderá ser esclarecido com maior detalhe o processo de inovaçõ es
químicas e tecnoló gicas liderado pelos Estados Unidos no pó s-guerra, denominado de Revoluçã o Verde.
Pá gina 314

• As relações de trabalho (p. 168)

Para analisar as diferentes relaçõ es de trabalho no campo, é pertinente esclarecer que essas relaçõ es
ocorrem entre agentes desiguais: os proprietá rios de terras e aqueles que só dispõ em da força de
trabalho como meio de sustento.

A partir dessas condiçõ es específicas, os proprietá rios, motivados pela obtençã o de lucros, estruturam
contratos de trabalho ou sistemas de parceria (cessã o de parte da terra ou de toda ela em troca de fatias
da renda gerada) que lhes sejam favorá veis.

Em muitos casos, as relaçõ es de trabalho sã o conduzidas de modo que os trabalhadores sã o


demasiadamente explorados, o que os coloca em condiçõ es precá rias de vida e de desenvolvimento de
suas funçõ es de trabalhador. No limite, encontramos trabalhadores atuando em condiçõ es aná logas à
escravidã o.

Os alunos podem ser orientados a reconhecer a correlaçã o entre a questã o das relaçõ es de trabalho e a
da modernizaçã o da agricultura. Entre as linhas de aná lise, pode-se propor o tema da fragilizaçã o dos
trabalhadores rurais na busca por boas condiçõ es de trabalho, diante da maior autonomia dos
proprietá rios em relaçã o à mã o de obra, a partir da introduçã o de equipamentos e técnicas modernas de
produçã o.

• Agricultura familiar (p. 169)

É importante que o aluno reconheça na agricultura familiar e no agronegó cio praticados no Brasil uma
das evidências da diversidade que caracteriza o espaço rural brasileiro.

A agricultura familiar deve ser entendida como uma atividade importante para o país, por possibilitar a
manutençã o de parcelas relevantes da populaçã o no campo, além do abastecimento das populaçõ es
urbanas com alimentos, pois a maior parte da produçã o gerada por esse tipo de agricultura destina-se ao
mercado interno. Também é fundamental destacar que, mesmo no â mbito do que se chama de produçã o
familiar, há bastante diversidade. De modo geral, podemos dividir os agricultores familiares entre os que
destinam a produçã o basicamente ao mercado e os que a destinam majoritariamente à subsistência.

Você poderá complementar a discussã o com a leitura e a discussã o do boxe Ação e cidadania da mesma
pá gina, que ilustra o funcionamento de propriedade rural com agricultura sustentá vel.

• O agronegócio (p. 170)

A atuaçã o das empresas voltadas para o agronegó cio deve ser analisada de maneira crítica. Embora o
agronegó cio seja considerado benéfico para o país, como fonte significativa de recursos, privilegiar essa
atividade muitas vezes contribui, por exemplo, para a concentraçã o fundiá ria e a elevaçã o do preço dos
alimentos. Isso ocorre principalmente quando a maior parte da produçã o é destinada à exportaçã o.

Outro ponto relevante a ser discutido é o domínio exercido por grandes grupos empresariais no ramo,
que muitas vezes gera relaçõ es predató rias no mercado por meio da formaçã o de monopó lios e
oligopó lios (poucos concorrentes no mercado). A atuaçã o dessas empresas também pode colocar os
pequenos produtores, que lhes fornecem matérias-primas, em situaçõ es desfavorá veis. Sem ter opçõ es
de para quem vender sua produçã o, eles têm de aceitar os preços estabelecidos por elas.

• Mundo Hoje – Principal gargalo para a competitividade do agronegócio brasileiro é o


escoamento da produção (p. 171)
O texto chama atençã o para a questã o da logística e infraestrutura das exportaçõ es, fundamental para o
funcionamento do sistema agrícola brasileiro, sobretudo para os modelos de agronegó cio associados à
produçã o do milho e da soja. O déficit de capacidade de escoamento da produçã o, representado pela
precariedade dos sistemas de transportes, contribui para que os custos de exportaçã o sejam muito altos,
quando comparados aos de outros países como os Estados Unidos. Com o potencial hidroviá rio e
ferroviá rio desprezado, a opçã o pelo predomínio das rodovias no escoamento da produçã o nã o condiz
com as proporçõ es territoriais do país e decepciona o que se espera da capacidade agrícola do Brasil.

Atividade complementar

Pesquisa interdisciplinar sobre a modernização da agricultura

Descrição da atividade

Com a participaçã o de professores de outras disciplinas, sugerimos que os alunos sejam orientados a
pesquisar, individualmente ou organizados em grupos, aspectos da modernizaçã o da agricultura, de
acordo com o exposto a seguir.

• Evoluçã o das má quinas agrícolas e equipamentos mecanizados na pecuá ria: características técnicas,
mecanismos de funcionamento, etc. Orientaçã o: professor de Física.

• Evoluçã o da biotecnologia: produçã o de sementes híbridas e transgênicas, inseminaçã o artificial,


agricultura orgâ nica, etc. Orientaçã o: professor de Biologia.

• Avanço da indú stria química voltada para a agropecuá ria: correçã o química do solo, uso de defensivos
agrícolas, uso de drogas veteriná rias. Orientaçã o: professores de Química e de Biologia.

• Apó s a pesquisa, sugerimos que os alunos produzam um texto compilando as informaçõ es levantadas e
analisando os impactos da modernizaçã o da agricultura (com base nos aspectos observados) sobre a
produçã o (economia), as relaçõ es de trabalho e o meio ambiente.

Leitura complementar

A modernizaçã o da agricultura no Brasil é um tema frequentemente explorado de modo unilateral. Sã o


comuns as abordagens que ressaltam os aspectos positivos do progresso tecnoló gico e o quanto a
produtividade é estimulada, ou entã o as abordagens que trazem questionamentos sobre os impactos da
mecanizaçã o da agricultura nas relaçõ es de trabalho. O texto a seguir aponta para um quadro da
agricultura no Brasil que o processo de modernizaçã o tende a deixar mais complexo e desigual.

O caráter seletivo da modernização da agricultura

Conforme observa Delgado (1985), o processo de modernização da agricultura provoca intensa diferenciaçã o
entre as regiõ es e exclusã o de grupos sociais. É um fenô meno que não contribui para encurtar a distâ ncia
existente entre o grande e o pequeno produtor no país, mas, pelo contrá rio, contribui para aumentá -la.

Na verdade, o processo de modernizaçã o é altamente concentrador, abrangendo basicamente a Regiã o Centro-


Sul, mais propriamente o Sudeste e Sul.
Pá gina 315

Nas demais regiõ es, esse fato ocorre lentamente e permanece o predomínio de um processo produtivo
altamente heterogêneo com domínio das grandes propriedades.

A exclusã o dos produtores menos favorecidos se dá principalmente porque, com a modernizaçã o, a agricultura
se torna cara, pois à medida que se industrializa vai substituindo os insumos que eram produzidos na pró pria
propriedade por outros produzidos por setores nã o agrícolas. [...].

Além da prioridade dada a determinadas culturas no processo de modernização, o crédito também foi
diferenciado e favoreceu os grandes produtores, o que levou à expulsã o dos pequenos produtores do campo e
ao fechamento, por um certo tempo, da fronteira agrícola.

Apesar de ter realmente ocorrido a modernização parcial da agricultura brasileira, esta é extremamente
conservadora, pois tem mantido a concentraçã o de terras sempre presente na estrutura fundiá ria brasileira.

Além do cará ter conservador e diferenciado da modernização, ela também tem contribuído para o
agravamento da questã o ecoló gica no campo, provocando, segundo Graziano Neto (1985), a destruiçã o do solo,
o descontrole de pragas e doenças, a perda da qualidade bioló gica dos alimentos, a contaminaçã o dos
alimentos e do homem, a poluiçã o e a morte da natureza.

Já era de se esperar que, diante de uma organizaçã o capitalista, a prosperidade de alguns segmentos estaria
lado a lado com a miséria de outros, visto que a diferenciaçã o social é peculiar a esse sistema.

[...]

Se do ponto de vista econô mico, o processo de modernizaçã o da agricultura foi de fundamental importâ ncia,
dando um grande impulso à produção agrícola no país, do ponto de vista social e ambiental, nã o obteve o
mesmo êxito.

O uso de insumos e equipamentos modernos na agricultura, além de ter agravado a questã o ambiental,
contribuiu para o aumento do desemprego no campo, com a transferência do trabalhador rural para a zona
urbana, acarretando o inchaço das grandes cidades e consequente miséria dessa populaçã o.

Teixeira, Jodenir C. Modernizaçã o da agricultura no Brasil: impactos econô micos, sociais e ambientais. Revista Eletrônica da
Associação dos Geógrafos Brasileiros, Trê s Lagoas, v. 2, n. 2, ano 2, p. 37-40, set. 2005.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

GRAZIANO DA SILVA, José. A modernização dolorosa: estrutura agrá ria, fronteira agrícola e
trabalhadores rurais no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
O livro retrata como a modernizaçã o da agricultura brasileira contribui para a perenizaçã o da
concentraçã o fundiá ria e para a expropriaçã o do pequeno produtor de suas terras.

MARQUES, Marte Inez Medeiros et al. Geografia agrária: teoria e poder. 2. ed. Sã o Paulo: Expressã o
Popular, 2009.
Dividido em quatro partes, o livro reú ne artigos de autores diversos e aborda temas relacionados à
organizaçã o socioespacial do campo no mundo globalizado, suas contradiçõ es e sujeitos envolvidos.

ELIAS, Denise. Globalização e agricultura. Sã o Paulo: Edusp, 2003.


Nesse livro a autora analisa a nova configuraçã o do espaço rural, que, a partir da modernizaçã o de suas
atividades, sofreu fortes impactos no que se refere a sua organizaçã o social e suas relaçõ es de trabalho.
Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 166)

1. As principais fases da produçã o da agricultura de precisã o sã o preparaçã o do solo, plantio,


acompanhamento da lavoura e colheita.

2. As tecnologias de localizaçã o passaram a ser empregadas em diversas fases da agricultura de precisã o,


como plantio, acompanhamento da lavoura e colheita. Nessas fases, o sistema de posicionamento global
(GPS) e as demais geotecnologias permitem a elaboraçã o de mapas de produçã o, mapas de pragas e
doenças; o controle de produtividade do maquiná rio; o suporte de pesquisas sobre a qualidade e as
características químicas dos solos e a aplicaçã o da quantidade correta de insumos.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos consigam depreender que essas tecnologias visam otimizar
os sistemas agrícolas, por meio de açõ es e prá ticas que sejam capazes de extrair o maior potencial
produtivo da propriedade agrícola, considerando o menor impacto gerado sobre o ambiente.

• Conexão (p. 167)

1. Os programas de inclusã o digital criam oportunidades de crescimento econô mico para a populaçã o
rural, ao proporcionar o conhecimento de novas tecnologias que possam ser aplicadas na propriedade
rural, além da familiarizaçã o de ferramentas já tradicionais, como o computador e a internet. Entre os
principais benefícios, os produtores rurais poderã o ter aumento significativo da produtividade das suas
atividades e maior qualificaçã o profissional.

• Ação e cidadania (p. 169)

1. Ao realizar o trabalho, é importante que os alunos reflitam sobre os danos ao meio ambiente causados
pela agricultura feita sem prá ticas sustentá veis. Grandes empresas agrícolas e pecuá rias estenderam-se
pelo territó rio brasileiro, causando imensa devastaçã o em vá rios biomas, com destaque para o Cerrado, a
floresta e a Caatinga.

• Para elaborar (p. 171)

1. O texto aponta que a falta de infraestrutura e as precariedades dos meios de transportes que servem
para o escoamento da produçã o agrícola do país proporcionam aumento dos custos logísticos,
equivalentes a quatro vezes mais que os custos argentinos e estadunidenses.

2. Com os problemas de logística do país, o produtor rural perde rentabilidade e competitividade dos
produtos no mercado externo.

3. Uma das alternativas dos produtores para manter preços competitivos no mercado é a reduçã o da
taxa de lucro dos agricultores, além de investimentos em produtividade e reduçã o dos custos de
produçã o.
Pá gina 316

• Atividades (p. 172-173)

Revendo conceitos (p. 172)

1. A modernizaçã o da agricultura é um processo de integraçã o dessa atividade ao sistema capitalista


industrial por meio da ruptura com os sistemas antiquados e da mudança tecnoló gica.

2. Podemos apontar: mudança dos principais produtos plantados, aumentando significativamente as


á reas de cultivo de produtos em grande parte ligados à transformaçã o industrial (soja, pinus, cana e
laranja), enquanto diminuía ou permanecia estagnada a á rea de cultivo de produtos de menor integraçã o
industrial (feijã o, mandioca, amendoim, entre outros); alto grau de integraçã o da modernizaçã o com os
setores industriais, tanto no setor que processa os produtos agrícolas (as agroindú strias) quanto nos que
produzem insumos e má quinas para a agricultura; pesquisa científica e de inovaçã o, que possibilitou a
criaçã o de novas espécies adaptadas à s condiçõ es brasileiras.

3. As principais críticas referem-se ao fato de ter-se modernizado a produçã o sem que se tenha alterado
a estrutura fundiá ria, conservando-se a concentraçã o de terras. Além disso, a adoçã o de tecnologias
poupadoras de mã o de obra acelerou o êxodo rural, aumentando o contingente de desempregados nas
grandes cidades e no campo.

4. Sã o o trabalho assalariado, a parceria e o arrendamento. Persistem formas que exploram


demasiadamente o trabalhador, sendo a mais grave delas o trabalho escravo.

5. Sã o os serviços que influem diretamente na produçã o agropecuá ria. Eles se dividem em: preparaçã o e
logística; aprimoramento e ampliaçã o; transacional e de distribuiçã o.

6. A agricultura familiar tem como característica fundamental o uso da pró pria família como principal
mã o de obra. A administraçã o da propriedade é feita por um membro da família. Encontra-se agricultura
familiar voltada para cultivos de subsistência e com o emprego de técnicas rudimentares, mas também
há agricultura familiar que usa técnicas modernas e cuja produçã o se volta principalmente para o
comércio e a indú stria.

Lendo mapas, gráficos e tabelas (p. 172)

7. a) Resposta pessoal. Oriente os alunos a identificarem na legenda que as regiõ es Norte e Nordeste sã o
as que apresentam as maiores taxas de informalidade no meio rural, além das taxas registradas nos
estados em que vivem.
b) Entre os principais benefícios nã o garantidos aos trabalhadores sem carteira assinada, pode-se
destacar a proteçã o assegurada pelas leis trabalhistas, o pagamento do piso salarial estabelecido pelos
sindicatos, o comprimento da jornada de trabalho legal, o direito a férias remuneradas, o recolhimento
do fundo de garantia, a licença remunerada para gestantes e para os demais que necessitam de
tratamento de saú de, o direito ao décimo terceiro salá rio e as garantias previstas pela Previdência Social.
c) Resposta pessoal. É importante que os alunos sejam orientados a reconhecer as garantias previstas ao
trabalhador brasileiro enquanto direitos constitucionais. Por isso, a informalidade no campo deve ser
avaliada como algo grave e passível de forte fiscalizaçã o por ó rgã os responsá veis para que haja
cumprimento da lei por parte dos empregadores.

8. a) No período considerado, houve um aumento expressivo do emprego da tecnologia de inseminaçã o


artificial.
b) Observou-se um aumento gradual do uso de sêmen importado em relaçã o ao sêmen do gado nacional.

9. a) No ano agrícola de 2015/2016, quando os financiamentos tiveram um aumento de quase 20% em


relaçã o ao ano anterior.
b) Ao longo do período indicado, os créditos do Pronaf cresceram todos os anos. De 2002/2003 a
2015/2016, os financiamentos cresceram cerca de 13 vezes.
c) Com financiamentos adequados, os agricultores familiares podem melhorar suas condiçõ es de
produçã o – adquirir sementes melhoradas e equipamentos agrícolas, melhorar os processos de cultivo,
etc. –, aumentando sua produtividade e alcançando um nível de vida melhor.

Professor: é importante destacar que a produçã o de alimentos para consumo interno se deve em grande
parte à agricultura familiar. De acordo com o Censo Agropecuá rio de 2006, deviam-se à agricultura
familiar 87% da produçã o nacional de mandioca, 70% da produçã o de feijã o, 46% do milho, 38% do café,
34% do arroz, 21% do trigo e, na pecuá ria, 58% do leite, 59% do plantel de suínos, 50% das aves e 30%
dos bovinos.

Interpretando textos e imagens (p. 173)

10. a) Os apelidos visam levar os trabalhadores a produzir cada vez mais, gerando competiçã o entre eles.

b) O aluno pode assinalar o aumento do desemprego, o aumento das exigências profissionais e a


valorizaçã o dos trabalhadores mais bem qualificados como consequências da modernizaçã o no espaço
rural.

11. a) Trata-se da plasticultura, na qual o cultivo e os solos ficam cobertos por plá sticos para criar
microclima dentro do ambiente e, assim, serem protegidos das baixas temperaturas.
b) Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que pode haver adaptaçõ es de plantaçõ es para
condiçõ es naturais adversas, por isso há grande potencial em á reas que anteriormente nã o tinham
potencial agropecuá rio. No entanto, é importante perceber que nem todas as condiçõ es naturais sã o
transformadas, mas algumas características poderã o ser adaptadas para melhor aproveitamento dessas
condiçõ es.
c)Resposta pessoal. É importante o professor observar a pertinência do título elaborado pelo aluno,
incentivando-o caso ele tenha fugido do objetivo da atividade, que é estimular a criatividade e o poder de
síntese.

12. Com a tecnologia, diminui a quantidade de mã o de obra necessá ria na produçã o agrícola,
aumentando também o grau de especializaçã o e abrindo-se a possibilidade de melhores salá rios e
melhores condiçõ es de trabalho. No entanto, é importante lembrar que no Brasil ainda sã o frequentes as
relaçõ es de extrema exploraçã o do trabalhador rural.
Pá gina 317

Capítulo 14 Brasil: potência agropecuária

O Brasil é um país que se destaca como grande produtor agropecuá rio mundial e exportador de vá rios
produtos de origem rural. Mas, além da arrecadaçã o que a comercializaçã o desses produtos confere ao
país, é necessá rio abordar a contradiçã o que se configura com o fato de uma parte da populaçã o
brasileira sofrer de carência de alimentos e nutrientes.

Sugestões didáticas

• Matérias-primas (p. 175)

Apó s a leitura da pá gina, você pode pedir aos alunos que levantem os principais fatores que fazem do
Brasil um dos maiores produtores mundiais de matérias-primas. Isso pode ser complementado pelo
destaque aos aspectos mais relevantes da produçã o de algodã o, marcada pela passagem de uma
produçã o altamente dependente da mã o de obra, sobretudo na colheita, para a mecanizaçã o e o emprego
de outras tecnologias, além de outras matérias-primas, como borracha e madeira.

• A produção de alimentos (p. 175)

O tó pico permite levar os alunos a constituir um panorama da produçã o alimentícia no Brasil,


reconhecendo os principais produtos, as á reas produtoras mais importantes, os principais destinos da
produçã o e as transformaçõ es recentes da cadeia produtiva. É interessante que eles percebam que a
modernizaçã o da cadeia alimentícia brasileira tem levado à ampliaçã o da produçã o e à melhoria das
condiçõ es de conservaçã o de determinados gêneros, que passaram a atender nã o apenas aos mercados
locais, mas também aos regionais (como é o caso do arroz e do leite).

O mapa da agricultura (p. 175) possibilita visualizar a concentraçã o de determinados produtos agrícolas
no Brasil.

• A questão dos alimentos e da fome (p. 176)

O processo de modernizaçã o também tem viabilizado o aumento do processamento de gêneros


alimentícios em territó rio nacional, principalmente por meio da atuaçã o das agroindú strias, que
proporcionam maior valor agregado à produçã o. Esses gêneros alimentícios provocaram uma mudança
no padrã o de consumo alimentar do brasileiro, caracterizado por produtos de baixo valor nutricional e
alto teor de gorduras saturadas e açú car que elevaram os índices de obesidade e outros problemas de
saú de no país.

É importante discutir a contradiçã o entre a capacidade produtiva brasileira – suficiente para o


abastecimento de toda a populaçã o do país – e a convivência com o problema da fome, que acomete
muitas famílias. Os alunos podem ser instigados a debater a questã o e levantar hipó teses para explicar a
origem desse fenô meno. Espera-se que eles deduzam que a essência da contradiçã o reside no fato de a
produçã o agrícola ter antes de tudo uma funçã o econô mica e que, nesse contexto, os alimentos sã o antes
mercadorias que recursos vitais. Desse modo, as maiores possibilidades de lucro nã o coincidem com as
possibilidades de abastecimento de toda a populaçã o.

O mapa “Mundo – Subnutriçã o (2013-2015)” (p. 176) mostra as á reas do mundo onde o problema da
fome está mais presente e o boxe Conexão, na mesma pá gina, esclarece o conceito de segurança
alimentar.

• A produção de biocombustíveis (p. 177)


A produçã o de biocombustíveis é uma atividade na qual o Brasil é pioneiro e referência mundial. Apó s
caracterizar as produçõ es dos dois principais biocombustíveis no Brasil – biodiesel e etanol –, pode-se
promover uma problematizaçã o sobre as principais críticas feitas à produçã o desses combustíveis:
possibilidade de ampliaçã o do desmatamento e reduçã o da oferta de alimentos, que aumentaria a
dificuldade de superaçã o dos quadros de pobreza. É interessante propor, previamente, a realizaçã o da
Atividade complementar sugerida mais adiante, para fundamentar a argumentaçã o dos alunos.

A leitura do texto da seçã o Informe (p. 179) também pode ser articulada à discussã o aqui proposta, pois
traz outras questõ es que contribuem para o debate. No mapa relacionado à produçã o de combustíveis (p.
177) está representada a distribuiçã o espacial das produçõ es dos principais gêneros vegetais que podem
ser empregados na fabricaçã o de biocombustíveis.

A indústria de equipamentos agrícolas (p. 178)

É importante levar os alunos a reconhecer a importâ ncia da fabricaçã o de equipamentos agrícolas e do


papel que estes assumem no processo de modernizaçã o da produçã o agropecuá ria no Brasil. A leitura da
pá gina também deverá conduzi-los a identificar a situaçã o da produçã o de má quinas agrícolas no país e o
nível de dependência em relaçã o aos capitais e à s tecnologias estrangeiras.

O boxe Ação e cidadania (p. 178) pode servir para resgatar as discussõ es do capítulo anterior, no
contexto de modernizaçã o da agricultura estimulada pela mecanizaçã o do campo.

• Informe – Como biocombustíveis poderiam afetar a segurança alimentar? (p. 179)

O texto discorre sobre o avanço da produçã o agrícola para o fornecimento à cadeia de biocombustíveis e
alerta para os problemas de segurança alimentar que isso pode causar nas á reas de maior
vulnerabilidade.

É importante destacar que o autor do texto observa que as zonas de ocorrência de fome e desnutriçã o
crô nicas nã o estã o associadas diretamente à agenda da produçã o de biocombustíveis e sim a falhas de
distribuiçã o global de alimentos, associadas aos baixos rendimentos e preços elevados.

Atividade complementar

• Dissertação sobre o modelo de produção de etanol no Brasil

A produçã o de etanol no Brasil é apontada como uma alternativa ao petró leo e uma opçã o para a reduçã o
da poluiçã o atmosférica, além de representar uma fonte importante de recursos para o país. No entanto,
a produçã o de cana-de-açú car no Brasil, que compõ e a cadeia produtiva do etanol, é estruturada em
grandes propriedades e está em plena expansã o. Esse quadro desperta críticas em relaçã o a sua validade
como estratégia de combate aos problemas ambientais, à organizaçã o do trabalho e à reduçã o das á reas
destinadas ao plantio de alimentos.

Esta atividade propõ e a realizaçã o de um balanço sobre os aspectos positivos e negativos da produçã o de
á lcool combustível no Brasil.
Pá gina 318

Descrição da atividade

Os alunos deverã o pesquisar em jornais, revistas e na internet argumentos favorá veis e contrá rios à
produçã o, em territó rio brasileiro, de etanol a partir da cana-de-açú car. Apó s analisá -los, os alunos
deverã o tomar posiçã o, expressando suas conclusõ es por meio de uma dissertaçã o ou artigo de opiniã o.
A seleçã o do tipo de texto e sua produçã o podem ser orientadas por meio de um trabalho conjunto com o
professor de Língua Portuguesa.

Esse trabalho é mais enriquecedor quando se promove um momento de compartilhamento dos textos e
discussã o dos principais pontos de vista apresentados.

Leitura complementar

A produçã o de biocombustíveis no Brasil representa uma transformaçã o no setor energético brasileiro e


gera bases para as discussõ es sobre o futuro das questõ es energéticas e ambientais em todo o mundo. A
seguir, um texto sobre a produçã o do biodiesel.

Biodiesel

Biodiesel é um combustível biodegradá vel derivado de fontes renová veis, que pode ser obtido por diferentes
processos tais como o craqueamento, a esterificaçã o ou pela transesterificaçã o. Esta ú ltima, mais utilizada,
consiste numa reaçã o química de ó leos vegetais ou de gorduras animais com o á lcool comum (etanol) ou o
metanol, estimulada por um catalisador. Desse processo também se extrai a glicerina, empregada para
fabricação de sabonetes e diversos outros cosméticos. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se
podem produzir o biodiesel, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhã o manso e
soja, dentre outras.

O biodiesel substitui total ou parcialmente o ó leo diesel de petró leo em motores ciclodiesel automotivos (de
caminhõ es, tratores, camionetas, automó veis, etc.) ou estacioná rios (geradores de eletricidade, calor, etc.)
Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporçõ es. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel
de petró leo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.

[...]

Apesar de o motor chamado ciclodiesel ter funcionado inicialmente com ó leo vegetal, os baixos preços do
petró leo acabaram adiando seu uso. A intensificaçã o das pesquisas e o interesse crescente por combustíveis
substitutos do ó leo diesel mineral têm sido crescente por combustíveis substitutos do ó leo diesel mineral têm
sido crescentes depois dos choques do petró leo. A necessidade de reduzir a poluiçã o ambiental deu outro
impulso importante. Atualmente, a Uniã o Europeia, em especial a Alemanha, os Estados Unidos, e o Brasil sã o
os maiores mercados mundiais de Biodiesel. A Argentina, grande produtor de oleaginosas, é um importante
produtor de biodiesel.

O Brasil já foi detentor de uma patente para fabricaçã o de biodiesel, registrada a partir de estudos, pesquisas e
testes desenvolvidos na Universidade Federal do Ceará , nos anos 1970. Essa patente acabou expirando, sem
que o país adotasse o biodiesel, mas a experiência ficou e se consolidou ao longo do tempo.

Hoje o Brasil conta com indú stria de biodiesel consolidada, com mais de 50 usinas aptas a produzir e
comercializar biodiesel, com uma capacidade instalada superior a 6 milhõ es de metros cú bicos.

BRASIL. Ministé rio de Minas e Energia. Biodiesel. Disponível em:


<http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/menu/biodiesel/perguntas.html>. Acesso em: 29 abr. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor


LIVROS

ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. Sã o Paulo: Edusp, 2012.


Nessa obra, o autor procura elaborar a ideia de que a agricultura familiar exerce, ao contrá rio do que se
imagina, papel fundamental no desenvolvimento e na modernizaçã o das atividades no campo. Ao longo
do livro, faz comparaçõ es sobre o desenvolvimento da agricultura nos Estados Unidos, Europa e no
Brasil.

SITES

Expointer
Pá gina da Exposiçã o Internacional de Animais, Má quinas, Implementos e Produtos Agropecuá rios no Rio
Grande do Sul. Disponível em:<http://linkte.me/expoint>.

Associaçã o Brasileira do Agronegó cio


Site da Associaçã o Brasileira do Agronegó cio (Abag), que traz documentos, informaçõ es e publicaçõ es
sobre o setor. Disponível em: <http://linkte.me/abag>.

Biblioteca Domínio Pú blico


Biblioteca digital mantida pelo governo federal, disponibilizando textos, vídeos, mú sicas, livros integrais,
teses e dissertaçõ es acadêmicas sobre diversos temas. Disponível em: <http://linkte.me/dpubli>.

Acessos em: 9 abr. 2016.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 174)

1. Entre as razõ es para o crescimento das exportaçõ es estã o o aumento da demanda global por matérias-
primas, sobretudo para atender o mercado consumidor da China, Estados Unidos e Uniã o Europeia. Além
disso, a modernizaçã o do sistema agropecuá rio em curso provocou um aumento significativo da
produtividade, tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos apontem que o aumento da demanda por produtos
brasileiros tem provocado a busca por novas á reas para o estabelecimento das atividades agropecuá rias.
Por essa razã o, á reas da floresta Amazô nica têm sido ameaçadas pelo avanço das fazendas de soja e
pastagem para a pecuá ria.

• Conexão (p. 176)

1. Os latifú ndios improdutivos sã o grandes unidades de terra que nã o estã o sendo utilizadas para
nenhum tipo de produçã o agrícola, mas como reserva no mercado.
Pá gina 319

Assim, além de causar o encarecimento do preço da terra, ainda podem diminuir a disponibilidade de
alimentos e influenciar também seu custo final, atingindo as populaçõ es mais pobres.

• Ação e cidadania (p. 178)

1. Colocamos aqui alguns elementos que podem surgir nas discussõ es dos alunos. A queima da palha da
cana-de-açú car está vinculada a uma série de problemas respirató rios. Portanto, a minimizaçã o desse
problema passa por alternativas que reduzam as prá ticas de queimada.

Para discutir (p. 179)

1. O autor considera favorá vel: a produçã o agrícola para biocombustível em domicílios rurais pobres
pode oferecer oportunidades de desenvolvimento; desfavorá vel: pode comprometer a segurança
alimentar dos países devido à reduçã o da produçã o e aumento dos preços dos alimentos causados pela
competiçã o por recursos.

2. Resposta pessoal. O peso dos padrõ es de consumo varia em cada país e a demanda pode ser afetada
pela quantidade de terra disponível para agricultura. Nos ú ltimos anos, boa parte das terras agricultá veis
do mundo foi destinada à produçã o de biocombustíveis e grã os para abastecer a pecuá ria.

• Atividades (p. 180-181)

Revendo conceitos (p. 180)

1. A produçã o de algodã o em larga escala no Brasil teve início no século XIX. O produto tornou-se
importante alternativa à produçã o do café apó s os anos 1930, passando a se concentrar em Sã o Paulo e
no Paraná , com o plantio em pequenas e médias propriedades. Apó s os anos 1990, a produçã o algodoeira
concentrou-se em enormes fazendas, com o uso de tecnologia moderna, em novas á reas, sobretudo nos
estados de Mato Grosso e Bahia.

2. A produçã o madeireira pode ser dividida em dois grandes segmentos: o de papel e celulose, e o de
produtos de madeira só lida (serrados, laminados, chapas de madeira, etc.). A madeira é também
utilizada para outros fins, como a produçã o de carvã o vegetal.

3. Os produtos que se destacam no abastecimento do mercado interno brasileiro sã o: arroz, feijã o e leite
de vaca. Alguns produtos voltados à exportaçã o, como a carne bovina e de aves, o café, a laranja e a soja,
também têm importâ ncia no mercado inteiro.

4. Apó s a modernizaçã o da agricultura verificou-se uma concentraçã o territorial da produçã o agrícola:


alguns estados passaram a produzir certos gêneros para todo o país. Antes predominava a produçã o
descentralizada, em que os produtores atendiam aos mercados locais.

5. Segurança alimentar é o direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, produzidos de forma


sustentá vel econô mica e socialmente. O conceito de soberania alimentar está associado à possibilidade
de uma naçã o definir sua pró pria política agrícola e alimentar, tendo capacidade de produzir aquilo que é
necessá rio para a alimentaçã o de seu povo, com real possibilidade de decisã o quanto a forma, qualidade,
tecnologia e uso da terra.

6. Atualmente, a fome no mundo nã o é mais um problema da falta de condiçõ es para a produçã o de


alimentos. O mundo produz muito mais alimentos do que seria necessá rio para a alimentaçã o saudá vel
de toda a populaçã o planetá ria. No entanto, há uma grande concentraçã o dessa produçã o, feita com o
objetivo de lucro. Assim, as populaçõ es mais pobres continuam sem acesso a alimentos.
7. O Brasil é um dos mais importantes países produtores de biocombustíveis, com destaque para o
etanol de cana-de-açú car. Os principais produtos agrícolas ligados à produçã o de biocombustíveis sã o:
cana-de-açú car (etanol), mamona, babaçu, dendê, amendoim e girassol, entre outros (biodiesel).

8. Há predomínio de empresas multinacionais na produçã o de má quinas e equipamentos no Brasil. O


país reú ne todas as condiçõ es essenciais para ser altamente competitivo. As indú strias concentram-se no
interior de Sã o Paulo e no Rio Grande do Sul. Essas empresas atuam no mercado interno e também na
exportaçã o, principalmente para a Argentina.

9. As má quinas agrícolas sã o equipamentos caros que, em geral, precisam ser financiados. Por isso, é
importante haver mecanismos de financiamento aos agricultores. No caso dos pequenos produtores e da
agricultura familiar, é importante haver programas de governo para permitir a aquisiçã o desses
equipamentos.

Lendo gráficos (p. 180)

10. O biodiesel é produzido em usinas que usam como matéria-prima principalmente ó leo proveniente
da agricultura de oleaginosas (mamona, soja, amendoim, girassol, dendê, etc.), além de ó leo usado e
gordura animal. O biodiesel destina-se à exportaçã o e aos postos distribuidores (Petrobras), e também é
vendido aos grandes consumidores (empresas transportadoras). No Brasil, a produçã o de biodiesel
ocorre em á reas mais pobres economicamente, por meio da exploraçã o de plantas nativas. Por essa
razã o, ela é considerada uma produçã o que atende a demandas ambientais e de inclusã o social. O
biodiesel é acrescentado ao ó leo diesel mineral, nã o sendo necessá ria nenhuma adaptaçã o no motor, o
que facilita a comercializaçã o e a distribuiçã o do produto.

11. a) O grá fico e o texto revelam que a presença de trabalhadores assalariados no campo vêm
diminuindo.
b) A queda do nú mero de trabalhadores assalariados no campo é explicada pela modernizaçã o do setor
agropecuá rio brasileiro, que promoveu o aumento do uso de má quinas e outras tecnologias, substituindo
o trabalho braçal.

Interpretando textos e imagens (p. 181)

12. Nos ú ltimos anos, tem havido uma preocupaçã o cada vez maior em relaçã o à sustentabilidade. Como
grande parte da produçã o agropecuá ria brasileira é exportada e os mercados externos têm um nível de
consumo mais exigente, a preocupaçã o ambiental também se relaciona com o aumento dos mercados. Há
ainda uma pressã o social cada vez maior para que os impactos ambientais causados pela agricultura
sejam menores.
Pá gina 320

13. O desenvolvimento tecnoló gico no setor agropecuá rio, especificamente tratores e colheitadeiras,
permitiu multiplicar a produçã o agrícola, empregando menos mã o de obra, oferecendo ao produtor
vantagens comparativas e tornando-o competitivo no mercado internacional.

14. A produçã o para a grande indú stria de açú car e á lcool é altamente competitiva e especializada.
Assim, nã o é possível a pequena produçã o visando a esse mercado. No entanto, pequenos engenhos sã o
viá veis para atender alguns nichos de mercado (açú car mascavo e cachaças especiais). Algumas dessas
empresas já alcançaram renome, produzindo para o mercado interno e também para exportaçã o.

• Em análise – interpretar mapas de uso do solo (p. 182-183)

1. O uso do solo agrícola, o grau de modernizaçã o, o espaço rural e o avanço da fronteira agrícola.

2. Sim, é possível diferenciar grandes á reas do territó rio: uma Regiã o Centro-Sul (composto dos estados
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná , Sã o Paulo, Rio de Janeiro e parte dos estados de Espírito
Santo, Minas Gerais, Goiá s, Mato Grosso do Sul) mais modernizada e diversificada que o restante do país.

3. As informaçõ es pontuais sã o as á reas urbanas, cidades com mais de 500 000 habitantes.

4. As informaçõ es zonais apresentam o grau de modernizaçã o e diversificaçã o do espaço rural.

5. As linhas revelam a expansã o da fronteira agrícola.

6. A associaçã o entre informaçõ es zonais e linhas revela maior diversificaçã o no Centro-Sul e a á rea de
expansã o da fronteira indo em direçã o à s á reas menos modernas e com menor grau de diversificaçã o.

7. A associaçã o entre as informaçõ es pontuais e as demais informaçõ es revela que as maiores cidades se
encontram no Centro-Sul e no litoral do Nordeste, poucas delas distribuindo-se pelo Centro-Oeste e
Norte.

8. Recomenda-se que o aluno seja orientado a construir um texto sintetizando as questõ es anteriores. A
resposta pode ser um exercício de transformar informaçõ es pontuais em um texto coeso e coerente.

Síntese da Unidade 3 (p. 184)

• Capítulo 10. O mundo rural

Tipo de cultivo e criação Agronegó cio, jardinagem, plantation, agricultura sedentá ria
rudimentar, pastoreio nô made, agricultura familiar.
Uso de tecnologias Agricultura moderna e agricultura tradicional.
Tipo de agricultura Agricultura comercial e agricultura de subsistência.
Relações de trabalho Colonato, trabalhador permanente, trabalhador temporá rio
(boia-fria), parceria e arrendamento da terra.

• Capítulo 11. O espaço rural brasileiro

Esse tipo de atividade de síntese já foi realizado pelos alunos em momentos anteriores. Pode-se
incrementar a atividade fazendo os alunos compartilharem e criticarem suas produçõ es.

• Capítulo 12. O campo e o acesso à terra


As imagens dã o subsídios para produzir textos discutindo a questã o da concentraçã o fundiá ria no Brasil
e a necessidade de realizar a reforma agrá ria.

• Capítulo 13. A modernização da agricultura

Novamente, sugerimos o compartilhamento das respostas ou a realizaçã o da atividade em grupos como


forma de incrementar uma atividade que os alunos já conhecem.

• Capítulo 14. Brasil: potência agropecuária

Produção de matéria-prima O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas mundiais no


setor de alimentos e matériasprimas. Possui uma agricultura
moderna e integrada à s cadeias de produçã o.
Produção de alimentos O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de alimentos,
detentor de uma produçã o moderna e integrada à s cadeias
agroindustriais.
Produção de biocombustíveis Os principais produtos biocombustíveis sã o o biodiesel e o
etanol, cuja produçã o mundial é dominada pelo Brasil e pelos
Estados Unidos.
Produção de equipamentos agrícolas Apesar de o Brasil reunir todas as condiçõ es essenciais para ser
altamente competitivo nesse setor (tecnologia, matéria-prima,
mã o de obra, experiência acumulada, mercado interno
potencial, etc.), a produçã o de má quinas e equipamentos é
dominada por multinacionais.

Vestibular e Enem (p. 185-187)

1. Alternativa e

2. Alternativa a

3. Alternativa b

4. Alternativa b

5. Alternativa a

6. Alternativa a

7. Alternativa e

8. Alternativa e

9. Alternativa c

10. Alternativa e

11. Alternativa e

12. Alternativa b

13. Alternativa b

Geografia, Biologia e Química (p. 188-189)

1. Resposta pessoal. Professor: nã o há como falar em OGMs sem abordar conceitos de Biologia e
Química. Para a maioria das palavras e expressõ es desconhecidas pelos alunos, eles poderã o encontrar
respostas nos pró prios livros didá ticos de Geografia, Biologia e Química.
2. Resposta pessoal. Professor: se for o caso, organize-os em grupos para um debate. Lembre-se de
buscar informaçõ es atualizadas a respeito do Projeto de Lei 4 148/08, que prevê a necessidade de
rotulagem dos alimentos que contenham ingredientes transgênicos somente mediante aná lise específica.
Há , também, muitos estudos disponíveis na rede. Se possível, veja com a turma os vídeos e textos
indicados abaixo.
Pá gina 321

Esse material certamente oferecerá subsídios para debate.

ALTIERI, Miguel. Biotecnologia agrícola. Mitos, riscos ambientais e alternativas. Porto Alegre:
Ascar/Emater, 2002. Disponível em: <portal.mda.gov.br/o/1315510>.

MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise
contemporâ nea. Sã o Paulo: Unesp; Brasília: Nead, 2010. Disponível em: <http://linkte.me/histag8>.
(Recomendamos a leitura do prefá cio, p. 25 a 36.). Acessos em: 9 abr. 2016.

Projeto – Os impactos das atividades agropecuárias (p. 190-191)

O objetivo da campanha é utilizar os conhecimentos da Geografia para identificar e analisar os impactos


que as atividades agropecuá rias conferem à sociedade e ao meio ambiente. O tema pode ser abordado de
forma interdisciplinar, uma vez que tende a envolver assuntos abordados em Sociologia, Filosofia,
Biologia, Química, Histó ria, entre outros, dependendo do(s) impacto(s) selecionados pela classe.

Como resultado das pesquisas os alunos podem apresentar uma campanha sobre: assoreamento de rios;
contaminaçã o de solos e de á gua por agrotó xicos, fertilizantes e adubos químicos; contaminaçã o de
alimentos por uso inadequado destes insumos agrícolas; impactos no ciclo hidroló gico devido ao elevado
uso de á gua em projetos de irrigaçã o agrícola; compactaçã o do solo pelo uso de tratores e pela pecuá ria;
contaminaçã o do meio ambiente por rejeitos da pecuá ria; maus tratos e condiçõ es degradantes de
animais na pecuá ria. Por outro lado, é possível abordar: a geraçã o de emprego e renda nas atividades
primá rias; as condiçõ es de trabalho no setor; a produçã o de alimentos e matérias-primas para diversos
tipos de indú strias; técnicas e tecnologias que contribuem com o equilíbrio ecoló gico e o
desenvolvimento socioeconô mico.

Para ampliar as possibilidades de trabalho, uma sugestã o é solicitar que cada grupo formule uma cartilha
ou folder apresentando os demais impactos das atividades agropecuá rias levantados na etapa de
pesquisa. Cada grupo poderá responsabilizar-se por um impacto ou conjunto de impactos diferente. Os
alunos poderã o apresentar de forma oral para o restante da classe o resultado da pesquisa mais
aprofundada necessá ria à formulaçã o da cartilha. Posteriormente, as cartilhas poderã o ser
disponibilizadas para consulta na biblioteca da escola.

O professor poderá avaliar a pertinência das informaçõ es e dados levantados, a qualidade dos produtos
finais apresentados pelos alunos (material da campanha, debates/palestras, cartilha), a organizaçã o da
classe e dos grupos.

Avaliação

Desenvolver atividades variadas e utilizá -las como formas de avaliaçã o permite evitar que determinados
alunos fiquem estigmatizados por nã o conseguirem resultados muito expressivos (pela repetiçã o de
atividades com características semelhantes, em relaçã o à s quais nã o têm facilidade em obter um bom
desempenho) e que outros deixem de se sentir estimulados a desenvolver outras habilidades e maneiras
de compreender a realidade. A diversidade de recursos no processo de aprendizagem, que deve ser
acompanhada no processo de avaliaçã o, permite abrir meios que contemplem o modo como cada aluno
consegue construir sua inteligibilidade do mundo, além de possibilitar-lhe o desenvolvimento da
competência de se apropriar de percursos de aná lise e modos de expressar o conhecimento até entã o
pouco dominados.

A preparaçã o de avaliaçõ es formais escritas também deve tomar como base o exposto acima. É
recomendá vel que elas sejam compostas em enunciados que provoquem a reflexã o do aluno e permitam
a utilizaçã o de seu repertó rio de vida como recurso para a interpreta çã o dos diferentes temas
propostos. Além disso, sugerimos que o grau de complexidade dessas questõ es deva ser equivalente ao
de outras atividades propostas em cará ter nã o formal, para que as competências envolvidas possam ser
aprimoradas.

A seguir, temos exemplos de atividades que abordam o contexto de vivência e o cotidiano dos alunos.
Além dessas atividades, seria interessante trabalhar com os alunos a seçã o Síntese da Unidade (p. 184).

1. A integraçã o entre as atividades agropecuá rias e industriais é um processo que se intensifica cada vez
mais. Além de todos os impactos para a capacidade produtiva, a geraçã o de renda e as relaçõ es de
trabalho no campo, a conquista de espaço do modelo agropecuá rio na produçã o de alimentos influi na
transformaçã o dos há bitos alimentares das pessoas.
a) Apresente exemplos de produtos alimentícios provindos de agroindú strias presentes em seu dia a dia.
Resposta pessoal. Podem ser citados os laticínios, as carnes processadas e seus derivados, subprodutos da
soja, sucos processados, etc. O mais importante é que o aluno perceba, a partir de produtos com os quais ele
tem contato, que o processamento dos alimentos é um indício da atuação de agroindústrias. Essa
confirmação pode ser feita com a análise dos rótulos, observando-se, por exemplo, o endereço da unidade
produtiva.
b) Interprete o desfecho do enunciado, levando em consideraçã o se seus pró prios há bitos alimentares e
os das pessoas que você conhece podem confirmá -lo ou nã o.
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno conclua que a atuação das agroindústrias contribui para ampliar
no mercado a oferta de produtos não frescos. Isso, por um lado, coloca em questão a qualidade dos
alimentos industrializados em relação aos alimentos in natura, mas por outro confere mais praticidade à
vida das pessoas.

2. A concentraçã o fundiá ria brasileira é uma das maiores do mundo. A persistência dessa realidade está
relacionada ao êxodo rural e ao adensamento dos centros urbanos.
Partindo do exposto, analise como o fenô meno da concentraçã o fundiá ria no Brasil pode contribuir para
compreender sua realidade local.
Tanto em ambientes rurais como em urbanos os reflexos da concentração fundiária podem ser percebidos.
O crescimento desordenado das cidades, que atraem os expropriados rurais; a emigração de moradores de
municípios com tradição agrícola; a atividade de boias-frias, que veem nesta função a única fonte de renda
e de vínculo com o campo; a atuação de movimentos sociais que reivindicam a terra; as disputas de terra; o
preço elevado dos alimentos, em decorrência do grande volume de terras improdutivas — esses são alguns
exemplos de caminhos que podem ser explorados na resolução da atividade.
Pá gina 322

Unidade 4 • A representação do espaço produzido


Capítulo Conteúdo Objetivos O aluno Habilidades mobilizadas
deverá ser capaz de:
15. Localização e • Orientaçã o.• • dominar os referenciais • Compreender o papel de
orientação geográfica Coordenadas geográ ficas. de orientaçã o e fenô menos naturais para a
• Os movimentos da Terra reconhecer as situaçõ es composiçã o de sistemas
e as estaçõ es do ano. que exigem noçõ es de de referenciais espaciais e
• Fusos horá rios e a linha orientaçã o espacial; temporais.
internacional de data. • saber utilizar a rosa dos • Relacionar o
ventos e ter noçã o sobre o conhecimento teó rico a
funcionamento da situaçõ es concretas.
bú ssola; • Estabelecer relaçõ es de
• compreender a funçã o proporçã o entre objetos
das coordenadas de diferentes escalas.
geográ ficas e saber utilizá - • Interpretar logicamente
las para representar e situaçõ es representadas
localizar pontos na por variá veis numéricas.
superfície terrestre;
• utilizar um guia de ruas
(que emprega sistemas de
coordenadas) para
encontrar endereços;
• entender os motivos da
criaçã o dos fusos horá rios
e saber calcular suas
variaçõ es entre os
diferentes pontos da
Terra.
16. Diferentes formas de • Informaçã o e • reconhecer e saber • Interpretar formas
representação do espaço espacializaçã o dos interpretar as principais diversas de representaçã o
fenô menos. formas de representaçã o dos espaços geográ ficos.
• Formas de das variá veis geográ ficas • Ler e interpretar mapas
representaçã o do espaço. em mapas; com diferentes temas e
• A importâ ncia da • saber interpretar com variados recursos
cartografia. croquis, maquetes e perfis visuais.
• Projeçõ es cartográ ficas. e ter noçã o das situaçõ es • Construir gráficos
mais apropriadas para o elementares e dominar a
• As diferentes escalas. uso de cada um; aná lise de diferentes tipos
• A cartografia de base. • reconhecer a de grá ficos.
• A cartografia temá tica. importâ ncia dos mapas e • Reconhecer e aplicar o
• Construçã o e leitura de seus diferentes tipos; uso das escalas
grá ficos e tabelas. • compreender que as cartográ fica e geográ fica
projeçõ es cartográ ficas como formas de organizar
determinam as e conhecer a localizaçã o,
características dos mapas distribuiçã o e frequência
e revelam os objetivos e a dos fenô menos naturais e
concepçã o de mundo de humanos.
quem os confecciona;
• compreender o conceito
de escala, reconhecer as
diferentes formas de
representar as escalas e
saber calcular as
conversõ es entre
diferentes escalas;
• compreender a funçã o
da cartografia de base e da
cartografia temática,
reconhecer seus produtos
e saber interpretá -los.
17. Novas tecnologias e • O sensoriamento • entender o significado • Construir e aplicar
suas aplicações remoto. do sensoriamento remoto conceitos das vá rias áreas
• As aerofotografias e o e a abrangência de sua do conhecimento para a
mapeamento por meio de aplicaçã o; compreensã o de
fotografias aéreas. • identificar elementos fenô menos naturais e de
• O sistema de representados em processos histó rico-
posicionamento global. imagens de satélite; -geográ ficos.
• Os sistemas de • reconhecer a • Reconhecer os impactos
informaçã o geográ fica e importâ ncia das que a evoluçã o tecnoló gica
geoprocessamento. fotografias aéreas e voltada para a produçã o
compreender como sã o de conhecimento pode
utilizadas para a causar na vida cotidiana.
confecçã o de mapas;
• entender o que é sistema
de posicionamento global
(GPS) e ter noçã o sobre
suas possibilidades de
uso;
• reconhecer a
importâ ncia dos sistemas
de informaçã o geográ fica
e do geoprocessamento
como técnicas de
interpretaçã o do espaço
geográ fico.
Pá gina 323

Abertura de unidade (p. 192)

A imagem de abertura – um belo mapa da América do Sul, do século XVI – mostra com eloquência a
importâ ncia da cartografia como linguagem capaz de expressar as configuraçõ es espaciais resultantes
das relaçõ es natureza-sociedade. O professor poderá explorar o mapa, pedindo aos alunos que mostrem
as diferenças com relaçã o aos mapas atuais e também a outros produtos cartográ ficos, como as
fotografias aéreas e as imagens por satélite.

Capítulo 15 Localização e orientação geográfica

Esse capítulo permite ao professor ir além de criar situaçõ es em que os alunos possam construir
conhecimentos sobre um tema de interesse geográ fico. A localizaçã o e a orientaçã o geográ fica envolvem
informaçõ es e técnicas de fá cil domínio, que podem ser empregadas na compreensã o de fenô menos
diretamente vivenciados (como a alternâ ncia dos dias e noites, a variaçã o da iluminaçã o solar ao longo
do ano e a sazonalidade ligada ao clima) e na realizaçã o de tarefas comuns, como localizar endereços em
guias de ruas, traçar roteiros a partir de mapas, planejar o consumo de combustível em uma viagem,
calcular fusos horá rios, etc.

Sugestões didáticas

• Orientação (p. 195)

Você pode começar discutindo o conceito de referencial, para levar os alunos a perceber sua importâ ncia
para a orientaçã o espacial. A partir da compreensã o desse conceito, pode-se proceder à construçã o da
noçã o de pontos cardeais.

A funçã o da rosa dos ventos como instrumento de identificaçã o das direçõ es representadas pelos pontos
cardeais surge como elemento a ser trabalhado nesse ponto. Atividades prá ticas, aproveitando o espaço
do colégio, a partir das quais os alunos possam identificar os pontos cardeais revelam-se muito
importantes e estimulantes nesse momento. Uma das possibilidades é buscar localizar os pontos
cardeais utilizando a posiçã o de nascimento do Sol para determinar o leste, e derivando, entã o, a
localizaçã o dos demais pontos.

No entanto, o global position system (GPS) deve ser, provavelmente, o sistema de orientaçã o mais
conhecido pelos alunos. Estimule-os a refletirem sobre quais tecnologias estã o envolvidas nesse sistema
de orientaçã o e exemplificarem o uso dessa ferramenta no cotidiano. Se julgar conveniente, antecipe o
conteú do sobre O sistema de posicionamento global apresentado no capítulo 17 (p. 227).

• Coordenadas geográficas (p. 196)

Para explicar o que sã o as coordenadas geográ ficas e quais sã o suas finalidades, é recomendá vel a
utilizaçã o de guias de ruas ou mapas que possuam a representaçã o de meridianos e paralelos.

Compreender o modo como se deu a concepçã o das coordenadas geográ ficas facilita entender seu
mecanismo estrutural e, assim, fazer uso desse recurso. As coordenadas geográ ficas surgiram da
necessidade de tornar os mapas mais eficazes e precisos, como instrumentos de orientaçã o e definiçã o
de rotas. Para isso, eles passaram a representar linhas imaginá rias “horizontais” (paralelos) e “verticais”
(meridianos), cujos cruzamentos compõ em uma rede de referenciais (coordenadas geográ ficas) que
permite a localizaçã o de qualquer ponto na superfície terrestre. Contudo, para interpretar as
coordenadas geográ ficas dos mapas, é necessá rio ainda situar os hemisférios (setentrional e meridional;
oriental e ocidental) e trabalhar os conceitos de latitude e longitude. Para isso, o mapa da pá gina 201
pode ser um recurso ú til.
O domínio sobre os procedimentos de aferiçã o das coordenadas geográ ficas também requer exercício.
Desse modo, é interessante propor aos alunos atividades simulando situaçõ es prá ticas (identificaçã o de
pontos de cidades, estabelecimento de rotas, verificaçã o das coordenadas de pontos determinados, etc.).

• As coordenadas no globo e no planisfério (p. 197)

É importante esclarecer aos alunos que, embora o globo terrestre e os mapas tragam a mesma disposiçã o
em forma de rede, sã o representaçõ es com dimensõ es diferentes, isto é, um corpo tridimensional e
bidimensional, respectivamente. O sistema de coordenadas geográ ficas é muito importante para a
localizaçã o exata de pontos e traçados de rotas na superfície terrestre. Para que os alunos consigam
compreender melhor, proponha o jogo batalha-naval, cujo objetivo é afundar a esquadra inimiga. Para
isso, é preciso localizar as embarcaçõ es. Cada um dos jogadores deve tentar afundar as embarcaçõ es
inimigas utilizando coordenadas. O alvo corresponde à intersecçã o dos valores das linhas com os das
colunas. Numa delas estã o expressos valores numéricos (1, 2, 3, 4...) e, na outra, letras (A, B, C, D...), de
modo que, ao se cruzarem (A1, C10, E3, etc.), determinam o alvo (que pode ser á gua ou parte de uma
embarcaçã o). Esse mesmo sistema de coordenadas aparece nos mapas.

O boxe Geografia e Matemática (p. 197) propõ e também atividades para melhor compreender o sistema
de coordenadas geográ ficas do globo.

• Infográfico – Parque do Solstício (p. 198-199)

Esse infográ fico procura destacar os conceitos de solstício e equinó cio e, por meio de exemplos de
técnicas utilizadas por povos antigos, as razõ es geográ ficas que determinam as estaçõ es do ano no
planeta Terra. Alguns pontos devem ser enfatizados, como a inclinaçã o do eixo do planeta e a relaçã o aos
movimentos de rotaçã o e translaçã o. A ilustraçã o da primeira parte, embora esteja fora de escala,
apresenta diferentes â ngulos (lateral ou vertical) da Terra e reforça seus movimentos, que também
podem ser demonstrados em sala de aula com algum objeto esférico (representando o planeta Terra)
girando sobre um ponto fixo central (representando o Sol).

É importante ratificar a absorçã o dos conceitos propostos, de modo que os alunos possam indicar com
facilidade as características, a ocorrência e a conexã o entre os movimentos da Terra e os momentos de
solstícios e equinó cios. Para tanto, a leitura do infográ fico permite observar a iluminaçã o dos continentes
e a posiçã o dos paralelos, evidenciando o significado das linhas imaginá rias para o planeta, para as
características climá ticas regionais e para o estabelecimento das estaçõ es do ano.

Lembre-se de comentar que as datas dos solstícios e equinó cios podem variar de um ano para o outro.
Como o ano nã o possui precisamente 365 dias, os momentos exatos dos solstícios e equinó cios variam
algumas horas e podem ocorrer em datas diferentes de um ano para outro.

O tema desse infográ fico permite uma abordagem interdisciplinar.


Pá gina 324

Os professores de Física e Matemá tica podem abordar com os alunos o formato elíptico da ó rbita
terrestre, sua excentricidade e demais questionamentos que surgirem sobre esse tema.

Por fim, você pode propor uma pesquisa sobre a variaçã o das estaçõ es do ano nos dois hemisférios,
norte e sul, utilizando os conceitos abordados no infográ fico. Aproveite para solicitar aos alunos que
deem exemplos de como essas diferenças afetam o cotidiano das pessoas de diferentes países (ano
escolar, por exemplo).

• Fusos horários (p. 200)

A construçã o do conceito de fuso horá rio deve levar em consideraçã o a dinâ mica da iluminaçã o solar ao
longo de um dia, em funçã o do movimento de rotaçã o da Terra. Ir direto à aplicaçã o do conceito e aos
cá lculos de diferenças de fusos horá rios pode tornar o entendimento por parte dos alunos
excessivamente abstrato e artificial. Um recurso facilitador na formaçã o do conceito de fuso horá rio é a
utilizaçã o de um globo terrestre. Apó s a compreensã o da representaçã o de fuso, os alunos podem ser
conduzidos a perceber que uma hora representa o tempo que a luz solar leva para iluminar um fuso
inteiro, do início ao fim.

Apreendido o conceito de fuso horá rio, é importante trabalhar a capacidade de verificar as diferenças de
horá rios entre os diferentes lugares do mundo. Quando o aluno tem à sua disposiçã o um planisfério com
os meridianos dispostos a cada 15° (como o da pá gina 197), a partir da identificaçã o do meridiano de
Greenwich (0°), nã o é complicado averiguar os diferentes horá rios no mundo: o intervalo entre um
meridiano e outro representa uma hora; as horas aumentam a leste de Greenwich e diminuem a oeste.

Porém, nem sempre esses recursos estã o disponíveis, o que exige a realizaçã o de cá lculos. Para conhecer,
por exemplo, a diferença de horá rio entre duas cidades, é necessá rio pesquisar em um atlas os valores
(em graus) das respectivas longitudes e convertê-los em horas. Como 15° equivalem a uma hora, temos
de dividir o valor de cada longitude por 15, para descobrir a diferença de horá rio entre cada cidade e o
meridiano de Greenwich. Ao fazer essa divisã o, desprezam-se as casas decimais. Para estabelecer a
diferença de horá rio entre as duas cidades, precisamos saber o hemisfério onde cada uma se encontra.
Vejamos um caso concreto.

Sã o Paulo, com longitude de 46°O, tem três horas (46° divididos por 15, desprezando os decimais) de
atraso em relaçã o a Greenwich, pois as horas decrescem na direçã o oeste. E Tó quio, com 140°L, está
nove horas (140° divididos por 15, desprezando os decimais) adiantada em relaçã o a Greenwich, pois as
horas aumentam a leste desse meridiano. Desse modo, há 12 horas de diferença entre as duas cidades:
quando é meio-dia em Sã o Paulo, em Tó quio os reló gios já marcam meia-noite, iniciando o dia seguinte.

Esses exemplos servem para ilustrar como os cá lculos podem ser feitos, e nã o é recomendá vel que sejam
transformados em fó rmulas prontas: é fundamental que os alunos entendam os raciocínios empregados
e tenham liberdade para desenvolver as pró prias estratégias de cá lculo.

O boxe Conexão (p. 201) permite esclarecer melhor a importâ ncia do Meridiano de Greenwich como
referência mundial para o comécio internacional, para os sistemas de comunicaçã o, etc.

• Mundo Hoje – O que é relógio biológico?/ É verdade que o horário de verão atrapalha o
funcionamento do organismo? (p. 202)

Por tocar diretamente a vida cotidiana do aluno, esses textos sã o um ó timo instrumento para tratar o
tema do capítulo por uma abordagem mais leve e instigante. Pode-se orientar a leitura do texto e
estimular sua discussã o a partir das questõ es do boxe Para elaborar. Trata-se de uma boa ocasiã o para
demonstrar como as questõ es referentes à regulaçã o das horas e ao controle do tempo sã o importantes
para a organizaçã o da vida cotidiana e que reflexos podem ser sentidos no nosso corpo.
• Informe – A importância dos mapas (p. 203)

O texto pode ser utilizado como ferramenta para despertar o interesse dos alunos pela cartografia, cujo
trabalho exige bastante capacidade de abstraçã o, o que eventualmente resulta em dificuldades e,
consequentemente, falta de envolvimento por parte dos alunos. A abordagem do texto permite ilustrar
razõ es que fazem da leitura de mapas algo importante mesmo para pessoas nã o especializadas.

Na ciência geográ fica, especificamente, os mapas permitem que as informaçõ es sejam representadas de
forma sistemá tica e que os fenô menos sejam compreendidos espacialmente.

Atividade complementar

• Exercícios sobre fusos horários

Descrição da atividade

Trabalhando em conjunto com o professor de Matemá tica e com o auxílio de um planisfério político,
oriente os alunos a calcular a diferença de horas entre Brasília e as demais capitais dos países
americanos e entre Brasília e as capitais dos países asiá ticos. A ideia é que eles exercitem os cá lculos
entre países do mesmo hemisfério e de hemisférios diferentes. Os professores podem propor outros
exercícios, adequados à realidade de cada turma.

Leitura complementar

A orientaçã o espacial é uma noçã o desenvolvida desde os está gios iniciais da vida de cada pessoa. Mas o
reconhecimento de sua importâ ncia, a compreensã o da funçã o dos referenciais espaciais e o domínio dos
mecanismos de orientaçã o para interpretar mapas sã o habilidades que exigem estudo e aplicaçã o
prá tica. O texto a seguir expõ e como a noçã o e as técnicas de orientaçã o se aprimoraram ao longo da
histó ria.

Origem da palavra orientação

A origem da palavra orientaçã o vem de Oriente, que significa a direção do Sol nascente, a parte do céu onde
nasce o Sol. Nesse sentido da palavra, Oriente é uma definiçã o muito simples e de fá cil entendimento. A
princípio, também é muito fácil de ser posta em prá tica: basta observar a direçã o do nascer do sol no local
onde estamos.

De modo geral, qualquer observador da Antiguidade, mesmo que fosse pouco atento ou pouco curioso,
perceberia que o Sol nasce “de um lado do céu” e se põ e “mais ou menos do outro lado” e que tais posiçõ es
variam bastante ao longo do tempo. Em alguns desses momentos distantes no tempo e na histó ria,
provavelmente observadores mais atentos começaram a perceber que apenas em alguns poucos dias do ano o
sol se punha exatamente na direçã o oposta em que nascia e que estes poucos dias aconteciam somente na
primavera e no outono.
Pá gina 325

“O Sol nasce exatamente a Leste e se põ e a Oeste apenas nos equinó cios, que acontecem nos dias 22-23 de
setembro e 21-22 de março”.

As observaçõ es do céu evidenciaram outros fenô menos. As constantes mais ó bvias e importantes costumavam
ser as estrelas que aparentemente giravam em torno de um ponto fixo no céu. Com o passar do tempo, essas
direçõ es notá veis foram assumindo nomes e definiçõ es que facilitaram seu uso. Afirmar exatamente quem e
quando fez isto é, obviamente, impossível. Provavelmente as ú nicas certezas para observaçõ es que se
iniciaram tã o longe no tempo sejam que as direçõ es hoje chamadas em português de Leste e Oeste estã o
relacionadas com as direçõ es do nascer e do pô r do sol, com o Oriente e Ocidente, respectivamente. E que as
direçõ es hoje denominadas Norte e Sul estã o relacionadas com o centro do movimento aparente do céu
noturno. O conjunto destas quatro direçõ es bá sicas, Norte, Sul, Leste e Oeste, costuma ser chamado de pontos
cardeais.

Os povos que conseguiram melhor descrever estes fenô menos e relacioná -los com a passagem do tempo e das
estaçõ es do ano desenvolveram calendá rios bastante precisos, que entre outros benefícios, facilitaram
bastante o planejamento e o controle das atividades.

Os dicioná rios costumam listar muitos significados para a palavra “orientaçã o”. Os que mais se encaixam em
nosso contexto costumam ser definiçõ es do tipo “determinar uma direçã o em relaçã o aos pontos cardeais” e
“determinar uma direçã o a seguir, a fim de atingir um destino específico”. De modo geral, esses significados
descrevem muito bem o que seja orientaçã o e estã o bem relacionados à s perguntas bá sicas apresentadas no
início do texto.

Durante séculos e milênios, as ú nicas fontes de informaçã o confiá veis sobre direçõ es, para os que se
aventuravam entre terras e á guas desconhecidas, foram os movimentos aparentes do Sol e das estrelas. Se
esses astros nã o estivessem visíveis, nem mesmo manter uma direção aproximada seria possível. Imagina-se
entã o uma estimativa precisa de posição.

As formas de se determinar posição, por força das circunstâ ncias, eram muito vagas e imprecisas. Para os
navegadores marítimos, que geralmente se deslocavam pró ximos à costa, morros e montanhas notá veis,
entradas de baías e outros pontos de referência de forma bem definida poderiam indicar as proximidades de
um porto seguro e conhecido, onde seria possível, por exemplo, reabastecimento e trocas comerciais.

Um dos mais significativos marcos na histó ria das navegaçõ es e da tecnologia foi o desenvolvimento da
bú ssola. Esse instrumento simplesmente revolucionou todas as formas de navegaçã o, porque possuía a
“impressionante” característica de apontar sempre para uma mesma direção.

Com relaçã o à questã o da posição, ela era de resoluçã o mais complexa na ausência de pontos de referência.
Mas no resolver desta questã o se encontrava a chave para conhecer a posição em meio ao desconhecido e
contar, pelo menos, com a possibilidade de retorno.

Daí surge outro marco na histó ria das navegaçõ es e da tecnologia, o desenvolvimento da astronomia de
posiçã o. A astronomia de posiçã o, como o nome sugere, permitiu a determinaçã o de posiçã o em qualquer
ponto da superfície terrestre com base nas posiçõ es aparentes do Sol ou das estrelas, genericamente chamados
de astros.

O marco da astronomia de posiçã o pode ser dividido em alguns outros marcos secundá rios, cada um deles
bastante significativo. Uma vez aceito que a Terra possuía forma aproximadamente esférica, aqueles mais
familiarizados com a geometria sabiam que seriam necessá rios dois â ngulos e duas referências fixas sobre essa
esfera, para definir posiçõ es sobre a mesma, os nomes atualmente usados para estes â ngulos sã o latitude e
longitude e para as referências Equador e Meridiano de Greenwich.

A astronomia de posiçã o resolveu a questã o das posiçõ es e coordenadas e permitiu aos usuá rios
especializados determinar posiçõ es e navegar com base em coordenadas. Porém, por forças das circunstâ ncias,
para a maior parte dos usuá rios interessados em posiçõ es e coordenadas, tal recurso, por ser caro, demorado,
difícil e tedioso de usar, permaneceu inacessível até muito recentemente, a segunda metade do século XX,
quando “foi estabelecido outro marco” na histó ria da navegaçã o e da tecnologia: os sistemas de
posicionamento por satélites artificiais, sendo que o mais conhecido de todos é o GPS – Global Positioning
System.

FRIEDMANN, Raul M. P. Fundamentos de orientação, cartografia e navegação terrestre. Disponível em:


<http://pesca.iff.edu.br/curso-de-especializacao-em-pesca-aquicultura-eambiente/astronomia-aplicada-a-pesca-
1/cap01.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

ALMEIDA, Rosâ ngela Doin (Org.). Cartografia escolar. Sã o Paulo: Contexto, 2007.
O livro apresenta uma coletâ nea de textos metodoló gicos que podem orientar o trabalho dos
professores.

SCHAFFER, Neiva Otero et al. Um globo em suas mãos: prá ticas para a sala de aula. Porto Alegre: Ed. da
UFRGS, 2003.
O livro oferece inú meras atividades para trabalhar com o globo terrestre e a cartografia.

SITE

Instituto Geográ fico e Cartográ fico


Ligado ao governo do estado de Sã o Paulo, o instituto atua na produçã o de pesquisas e materiais na á rea
da cartografia, disponibilizando informaçõ es e produtos cartográ ficos referentes a esse estado.
Disponível em: <http://linkte.me/igc>.

Acesso em: 11 abr. 2016.

Respostas das atividades

• Questões para refletir (p. 192)

1. É possível que os alunos notem que se trata de um mapa ilustrado, com representaçõ es de barcos,
animais, vegetaçã o e outras figuras. Talvez notem ainda algumas identificaçõ es de lugares. Ou poderã o
fazer referência à s diferenças de sua divisã o territorial em relaçã o à que é representada nos mapas
atuais. É importante que os alunos percebam que o tratamento grá fico dos dados e das informaçõ es se
transforma ao longo da histó ria. Os produtos cartográ ficos da época das Grandes Navegaçõ es privilegiam
aspectos relativos à localizaçã o e à descriçã o dos diferentes lugares. Era comum a inserçã o de elementos
pictó ricos, como os desenhos de barcos e seres marinhos.
Pá gina 326

2. Pode-se perceber que já havia algum conhecimento sobre o continente sul-americano, especialmente
sobre as á reas litorâ neas, tanto do Atlâ ntico quanto do Pacífico, além das linhas imaginá rias e da
vegetaçã o existente.

3. Nã o há contornos nítidos a respeito do territó rio brasileiro, porém, todo o contorno do litoral está
identificado, inclusive o rio da Prata. No interior, nã o há nenhuma divisã o territorial interna, mas há
figuras (construçõ es, animais, á rvores) ocupando todo o continente.

• Abertura de capítulo (p. 194)

1. Resposta pessoal. Esperam-se respostas como a indicaçã o de nomes de avenidas, ruas e praças, além
de outros pontos de referência, como lojas, supermercados, shoppings, postos de gasolina, escolas,
edifícios pú blicos, etc.

2. Como outros referenciais de localizaçã o, os alunos poderã o citar os pontos cardeais e colaterais,
determinadas constelaçõ es, posiçã o solar e dos outros astros.

3. Resposta pessoal. Espera-se que o aluno cite o posicionamento do Sol, do planeta Terra, da Lua e das
constelaçõ es.

4. O desenvolvimento tecnoló gico amplia a capacidade do sistema de telecomunicaçõ es, e dispositivos


mó veis como os smartphones, tablets, entre outros, conectados à internet e que utilizam o sistema de
posicionamento global (GPS), sã o cada vez mais precisos ao fornecer a exata localizaçã o dos usuá rios,
bem como o traçado do trajeto percorrido, os pontos de referência no espaço, etc.

• Geografia e Matemática (p. 197)

1. Um intervalo de 25° equivale a 1 500 minutos.

2. Com base no mapa, os alunos poderã o calcular a posiçã o aproximada do tró pico de Capricó rnio.
Porém, é importante confirmar a latitude precisa do tró pico: 23°27’S.

• Conexão (p. 201)

1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos consigam relacionar as dificuldades enfrentadas a partir
dos diferentes fusos com exemplos como: a abertura e o fechamento dos pregõ es das bolsas de valores,
que funcionam em seus horá rios locais; empresas multinacionais que dividem atividades administrativas
e produtivas; centrais de atendimento (help desk) para apoio a serviços de informá tica ou televendas em
diferentes locais do mundo e que implicam horá rios distintos de trabalho dos funcioná rios; entre outros.

• Para elaborar (p. 202)

1. A questã o pede ponderaçõ es. Considerando os transtornos bioló gicos mencionados pelos textos e a
pouca diferença na duraçã o do dia e da noite no decorrer do ano, nã o se deveria aplicar o horá rio de
verã o. Por outro lado, a cifra referente à economia de energia, embora represente uma pequena parcela
diante do total produzido, nã o é negligenciá vel, constituindo um argumento vá lido a favor da
implantaçã o do horá rio de verã o. Nos estados em que ele é posto em prá tica, podem ser consideradas as
experiências pessoais dos alunos e sua percepçã o sobre essa medida (transtornos ou benefícios para sua
vida). Argumentos contrá rios: falta de sincronia entre o horá rio cronoló gico e os ciclos bioló gicos;
pequena variaçã o latitudinal do territó rio brasileiro. Argumentos favorá veis: economia de energia,
principalmente nas regiõ es Sudeste e Sul do país; maior aproveitamento do período de luminosidade
também para descanso e lazer, pois é possível sair do trabalho ainda com dia claro.
2. O fato de o horá rio de verã o nã o vigorar nas regiõ es Norte e Nordeste é devido à latitude dessas
regiõ es, junto ou pró ximo à linha do Equador. Nelas, a duraçã o horá ria dos dias e das noites é
praticamente igual no decorrer do ano, ou seja, o sol nasce e se põ e praticamente à mesma hora todos os
dias.

• Para discutir (p. 203)

1. Assim como outras formas de linguagem, a cartografia utiliza símbolos, e sua compreensã o é mais
direta do que a leitura. Exemplo disso sã o as setas de orientaçã o e os símbolos na porta de sanitá rios
(nã o é preciso estar escrito se o sanitá rio é de uso masculino ou feminino, basta que se veja o desenho na
porta). Os nú meros também se incluem nessa categoria. A decodificaçã o dos símbolos é mais rá pida. A
leitura de um mapa ou de um grá fico obedece ao mesmo princípio: é rá pida e exata. Resume
instantaneamente todo um universo de aspectos e relaçõ es. Quando aliada a outras formas de linguagem,
escritas ou orais, torna-se ainda mais eficaz a transmissã o da informaçã o.

No dia a dia, o domínio da linguagem cartográ fica é importante para encontrar um endereço na cidade;
para traçar rotas de deslocamento, definindo, por exemplo, o caminho mais curto ou que passe por
determinados pontos específicos; para apreender a disposiçã o geral dos bairros de uma grande cidade;
entre outros exemplos.

• Atividades (p. 204-205)

Revendo conceitos (p. 204)

1. A latitude refere-se à distâ ncia, medida em graus, de qualquer ponto da superfície terrestre em
relaçã o à linha do Equador e varia de 0° a 90° tanto para o norte quanto para o sul. A longitude refere-se
à s distâ ncias relativas ao meridiano de Greenwich e variam de 0° a 180° tanto para leste quanto para
oeste. No globo terrestre sã o representadas vá rias linhas sobre o planeta; algumas delas dispostas na
horizontal, enquanto outras se alinham na vertical. As linhas horizontais sã o os paralelos e assinalam as
latitudes, e as linhas verticais sã o os meridianos e formam um feixe unindo os dois polos.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos utilizem os pontos cardeais e colaterais para situar o estado
do Acre a partir da posiçã o geográ fica do Rio Grande do Sul. Nesse caso, os alunos devem citar que o Acre
está a noroeste de Rio Grande do Sul.

3. O movimento de rotaçã o corresponde a um giro de 360° da Terra em torno de seu eixo, tendo uma
duraçã o de 24 horas (um dia). A consequência do movimento de rotaçã o é a existência dos dias e das
noites.

O movimento de translaçã o é aquele em que a Terra, inclinada 23°27’ em relaçã o a seu eixo, dá uma volta
em torno do Sol. Esse movimento tem a duraçã o de 365 dias e 6 horas (um ano), e sua principal
consequência é a existência das estaçõ es do ano.

4. Se o eixo terrestre estivesse disposto verticalmente, qualquer ponto em ambos os hemisférios


receberia a mesma intensidade de radiaçã o solar o ano todo.
Pá gina 327

As grandes faixas de clima do planeta (climas zonais) continuariam existindo − mais quentes pró ximo ao
Equador (climas equatoriais e tropicais) e mais frias em direçã o aos polos (climas temperados, frios e
polares). Porém, nã o haveria as estaçõ es do ano nem a alternâ ncia de estaçõ es entre os dois hemisférios.
Cada ponto sobre a superfície terrestre teria a mesma “estaçã o” o ano todo.

5. As atividades ligadas ao comércio internacional e à s comunicaçõ es entre países sã o facilitadas pela


existência de um sistema internacional de horá rios, baseado no Horá rio Universal de Greenwich.

6. De Brasília até Moscou há seis fusos horá rios; como Moscou se situa a leste do Brasil, suas horas sã o
adiantadas em relaçã o ao horá rio brasileiro. Sendo assim, quando em Moscou forem 22h, em Brasília
serã o seis horas a menos, portanto, 16h: 22 horas – 6 horas (ou 6 fusos) = = 16 horas.

7. Em horá rio de verã o, a diferença de Belo Horizonte em relaçã o a Greenwich é de duas horas a menos.
Portanto quando em Belo Horizonte sã o 15h, em Greenwich sã o 17h. A diferença de Varsó via para
Greenwich é de uma hora a mais. Assim, em Varsó via sã o 18h (uma hora a mais que em Greenwich e três
horas a mais que em Belo Horizonte).

Lendo mapas e gráficos (p. 204-205)

8. a) Auxilie os alunos a identificar os estados e os países solicitados no mapa. Santa Catarina está ao sul
do Amapá , e o Amapá está a norte de Santa Catarina. Moçambique está a sudoeste da Mongó lia, e a
Mongó lia está a nordeste de Moçambique.
b) A latitude e a longitude sã o as distâ ncias de um ponto escolhido no globo em relaçã o à linha do
Equador (no caso da latitude), ou ao meridiano de Greenwich (no caso da longitude). Ao fazer uma
comparaçã o relativa, tomando como base outro ponto do globo, a longitude e a latitude tornam-se
irrelevantes para a explicaçã o.

9. O ponto A está a nordeste de B e de C e ao norte de D. Os pontos B e C estã o a sudoeste de A e a


noroeste de D. O ponto D está ao sul de A e a sudeste de B e C.

Interpretando textos e imagens (p. 205)

10. a) O que muda de uma imagem para a outra é a escala do espaço representado: as galá xias sã o
maiores do que os planetas, que, por sua vez, sã o maiores do que a regiã o metropolitana de Vitó ria, e
esta supera a extensã o da á rea de um bairro da cidade de Vitó ria.
b) Os referenciais de localizaçã o sã o diferentes: na imagem 1, pode-se localizar a galá xia por sua
proximidade a outras galá xias ou estrelas, e sua distâ ncia da Terra é medida em anos-luz; a imagem 2
refere-se a um planeta do Sistema Solar, o mesmo sistema em que se localiza a Terra; a imagem 3 tem
como referenciais, por exemplo, o estado do Espírito Santo ou a Regiã o Sudeste, ou ainda o relevo ou a
hidrografia locais; finalmente, o referencial para a localizaçã o de um bairro da cidade de Vitó ria pode ser
a proximidade a outro bairro, ou a um parque, avenidas, edificaçõ es, etc.

11. O texto afirma que o objetivo da Geografia é o estudo da interaçã o entre sociedade e natureza, que
produz “um sistema de relaçõ es e de arranjos espaciais”. O estudo desses arranjos espaciais também
implica o desenvolvimento de formas de registro das informaçõ es levantadas e de representaçõ es
cartográ ficas como forma de síntese e organizaçã o dessas informaçõ es.

Capítulo 16 Diferentes formas de representação do espaço

As representaçõ es cartográ ficas devem ser entendidas como instrumentos de linguagem que
sistematizam o conhecimento geográ fico, tornando sua síntese acessível. Segundo o PCN+/Ensino Médio:
Ao trabalhar com o espaço geográ fico, a Geografia constata a existência de fenô menos localizados no espaço
geográ fico ou integrantes a ele como unidade definida. Identifica também fenô menos que, por causa da açã o
do homem e dos grupos sociais como organizadores/apropriadores do espaço, se espacializam, passando a
fazer parte integrante desse mesmo espaço. Esses registros nã o sã o somente espaciais em termos de uma
delimitaçã o de ocorrência (princípio geográ fico da extensã o), mas representam também situaçõ es de
intensidade e ritmo, que se registram e se analisam mediante procedimentos matemá ticos, constituídos por
grá ficos, tabelas e mapas. Nos dois primeiros instrumentos, estã o presentes os elementos eminentemente
matemá ticos de quantidade e de ritmo. No elemento “mapas”, existem também os elementos matemá ticos, mas
entram também os componentes espaciais (localização) e a seletividade dos fenô menos apresentados.

Grá ficos, tabelas e mapas constituem registros que implicam o domínio de determinadas tecnologias, e é
exatamente por intermédio de sua execuçã o que o estudioso de Geografia registra e sintetiza suas
constataçõ es, possibilitando, além da comunicaçã o em si, igualmente um registro para sua pró pria aná lise, por
meio de reflexã o e da comparaçã o dos dados registrados.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasHumanas.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.

Assim, podemos dizer que os assuntos abordados nesse capítulo estã o articulados com os princípios que
norteiam os PCN+.

Sugestões didáticas

• Informação e representação do espaço (p. 207)

É importante esclarecer aos alunos que uma das preocupaçõ es da Geografia é a representaçã o das
informaçõ es no espaço geográ fico, isto é, a espacializaçã o dos fenô menos estudados por meio dos mapas
e outras ferramentas mais simples.

Croquis, maquetes e perfis sã o formas de representaçã o do espaço terrestre que possibilitam diferentes
visualizaçõ es, portanto, diferentes abordagens. Por isso, esses recursos sã o empregados com finalidades
específicas, uma vez que cada um representa de modo mais apropriado determinadas situaçõ es.

Desse modo, é recomendá vel promover o reconhecimento de cada tipo de representaçã o, incentivando
os alunos a identificar as possibilidades e limitaçõ es de cada um, certificando-se assim das ocasiõ es mais
adequadas para seu uso. É fundamental propiciar o contato direto com essas formas de representaçã o e,
se possível, desenvolver atividades de construçã o desses materiais. Nesse sentido, apresentamos na
seçã o Atividade complementar, adiante, uma proposta de construçã o de croquis.
Pá gina 328

• A importância dos mapas (p. 208)

Esse tó pico permite a exploraçã o das aplicaçõ es das técnicas cartográ ficas (resultando, por exemplo, em
diferentes tipos de mapas) e dos temas que podem ser representados cartograficamente. Por si só , essa
demonstraçã o já pode significar abertura para o envolvimento dos alunos, sobretudo fazendo-os
perceber que os temas sobre os quais estabelecem maior domínio e interesse também podem ser
contemplados pela linguagem cartográ fica.

Mais do que isso, temos aqui uma oportunidade de levar os alunos a compreender os objetivos essenciais
da cartografia como (de)codificaçã o do conhecimento geográ fico. O aluno deve perceber que os
materiais cartográ ficos, como fontes de informaçõ es e instrumentos de aná lise, nã o substituem outras
formas de linguagem. É preciso saber que tipo de informaçã o é possível extrair e quais tipos de reflexõ es
podem ser desdobrados de cada uma.

É importante que a cartografia seja reconhecida como uma linguagem que propõ e sistematizar e
sintetizar as variá veis das realidades representadas, permitindo aferiçõ es com base em arranjos visuais.

• Projeções cartográficas (p. 209)

Antes de propiciar o reconhecimento das principais projeçõ es cartográ ficas, é necessá rio dispor de
subsídios para a formulaçã o do conceito de projeçã o cartográ fica. O aluno deve compreender que há
formas diferentes de representar o espaço real, disposto em uma superfície esférica ou em um plano, e
que uma projeçã o cartográ fica reú ne técnicas empregadas na confecçã o de mapas de acordo com
determinados objetivos e determinada visã o de mundo.

A escolha da projeçã o cartográ fica deve levar em consideraçã o quais distorçõ es se quer evitar – o que
implica, por exemplo, a definiçã o das proporçõ es das á reas dispostas no mapa e dos formatos dos
espaços representados. Outro aspecto considerado na escolha da projeçã o diz respeito ao uso do mapa,
que pode variar da simples intençã o de destacar determinada á rea à de viabilizar o uso instrumental do
mapa para estabeler rotas precisas para a navegaçã o marítima ou a aviaçã o.

O boxe Saiba mais (p. 209) possibilita discutir como a adoçã o ou a concepçã o de uma projeçã o
cartográ fica pode evidenciar posiçõ es ideoló gicas. Os mapas ali apresentados permitem visualizar
aspectos que revelam as visõ es ideoló gicas expressas nas projeçõ es de Mercator e Peters. A projeçã o de
Mercator reflete uma visã o de mundo vinculada ao pensamento europeu no contexto das Grandes
Navegaçõ es, no qual as potências europeias estabeleciam o domínio colonial sobre parte do mundo. Na
projeçã o de Peters, a preocupaçã o com a representaçã o fiel das á reas revela uma intençã o deliberada de
colocar em relevo as regiõ es do globo pouco valorizadas na projeçã o eurocêntrica.

Uma maneira de problematizar o poder de veicular ideologias por meio da cartografia é propor uma
representaçã o do mundo com uma configuraçã o diferente da que estamos acostumados a observar – por
exemplo, com o sul disposto na parte de cima do mapa e o continente americano na parte central. Assim,
é possível, pelo grau de estranhamento dos alunos, mostrar o quanto a visã o eurocêntrica do mundo foi
consolidada historicamente no Ocidente, de tal forma que os pró prios alunos a reconhecem como a
maneira “correta” de representaçã o.

• As diferentes escalas (p. 210)

É importante levar o aluno a refletir sobre o conceito de escala nã o apenas como mecanismo de
conversã o de proporçõ es entre espaço real e espaço representado cartograficamente, mas também como
uma categoria de aná lise de grande importâ ncia para os estudos geográ ficos. Citamos mais uma vez os
PCN+/Ensino Médio.
Tanto para a elaboraçã o de documentos – mapas, tabelas e grá ficos – quanto para a aná lise do espaço geo
grá fico, o estudioso de Geografia deve conhecer os fundamentos da escala e principalmente saber utilizá -la de
forma adequada. No caso da escala cartográ fica, quem a manipula deve ter em conta que os fatos a serem
representados devem comportar uma dimensã o que se adapte tanto à s disponibilidades funcionais de espaço
para a representação, como e principalmente aos níveis da visã o que se pretende obter no processo de
representaçã o. Trata-se de uma relaçã o matemá tica que implica um processo de seletividade dos fatos, na
medida em que utilizar um grande nú mero de fatos diversificados num espaço de representaçã o reduzido
também reduz a legibilidade do documento. Além do mais, essa representaçã o escalar deve considerar o ideal
do espaço de ocorrência dos fatos a serem representados.

No que diz respeito à escala geográ fica, trata-se efetivamente de uma visã o de mundo, escolhida pelo estudioso
de Geografia, evidentemente, fundamentado nos elementos de aná lise que se pretende realizar. No caso da
escala geográ fica, embora os nú meros de reduçã o possam existir, o fato fundamental é a dimensã o das
relaçõ es que se pretende obter pela escolha seletiva dos fatos que serã o visualizados ou representados.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasHumanas.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.

Para o domínio sobre os cá lculos de escalas utilizando mapas, é recomendá vel realizar exercícios que
tenham como base situaçõ es factíveis; se possível, partindo da pró pria aná lise do espaço de vivência dos
alunos. Uma possibilidade é solicitar a elaboraçã o de plantas de espaços da escola, utilizando a noçã o de
escala como parâ metro necessá rio à confecçã o de réplicas reduzidas.

Pode-se predeterminar uma escala para a reduçã o ou deixar que os pró prios alunos encontrem maneiras
de estabelecer proporçõ es para uma representaçã o adequada. Nesse caso, é preciso solicitar o cá lculo da
escala empregada.

• A cartografia de base (p. 211)

Para a compreensã o do significado de cartografia de base, o professor pode destacar os elementos de


localizaçã o, escala e formas do terreno como componentes essenciais. A partir da sistematizaçã o desses
elementos é que se formam as bases para a construçã o de representaçõ es precisas e detalhadas da
superfície terrestre.

A aná lise da ilustraçã o “Perfil topográ fico” (p. 211) revela a possibilidade de representar o mesmo
espaço, considerando os mesmos dados, em configuraçõ es visuais diferentes. Já a comparaçã o entre o
“Bloco-diagrama” e a “Carta topográ fica” permite verificar como as técnicas da cartografia sistemá tica,
aplicadas na elaboraçã o de mapas topográ ficos, viabilizam a representaçã o de desníveis altimétricos de
formaçã o tridimensional (como é o espaço real a ser representado) em recursos visuais bidimensionais.

A reproduçã o de parte da carta topográ fica da serra do Marumbi no município de Morretes (PR) (p. 212)
pode ser utilizada para orientar a identificaçã o dos elementos necessá rios à interpretaçã o dos mapas
topográ ficos.
Pá gina 329

Para encontrar mais detalhes sobre a regiã o retratada pela carta topográ fica, como os aspectos gerais do
relevo, é possível acessar o Plano de Manejo do Parque Estadual do Pico do Marumbi no link:
<http://linkte.me/pepm>. Acesso em: 22 abr. 2016.

O boxe Geografia e História (p. 212) faz um resgate da origem dos mapas da Antiguidade e permite ao
aluno compará -los com o modo como sã o elaborados atualmente.

• A cartografia temática (p. 213)

Uma forma de abordar a cartografia temá tica é dar ideia da variedade de temas que podem ser
representados. Em seguida, os alunos podem ser levados a pensar sobre a diversidade de recursos
necessá rios para representar temas tã o diferentes.

O reconhecimento dos recursos disponíveis na pá gina 213 é importante, e você pode propor exemplos
de temas, sugerindo que os pró prios alunos pensem sobre os recursos visuais mais adequados para
representá -los. Também é interessante fazer o inverso, indicando alguns dos recursos visuais e
propondo que os alunos pensem em temas que poderiam ser representados por meio deles. As
conclusõ es dos alunos podem ser discutidas na classe.

Apó s a leitura da pá gina 214, os alunos podem ser instigados a comparar os dois mapas ali apresentados.
É aconselhá vel questionar sobre as diferenças essenciais entre os tipos de informaçã o representados nos
dois mapas e sobre os recursos visuais necessá rios para representá -los.

Pode-se observar que, no mapa “Brasil – Altitude”, a variaçã o altimétrica é representada por valores que
compõ em uma escala, o que exigiu a adoçã o de cores obedecendo a uma variaçã o de intensidade
(correspondente à variaçã o de altitude). No mapa “Brasil – Vegetaçã o nativa”, os elementos
representados nã o estabelecem hierarquia entre si, portanto, as cores adotadas nã o compõ em uma
escala, servindo apenas para estabelecer contraste entre as á reas representadas.

Além de temas específicos apresentados pelos mapas, a Geografia também estabelece relaçõ es entre
diferentes fenô menos e variá veis. A cartografia de síntese é um importante ramo da cartografia temá tica
atual, que produz mapas com a funçã o de sintetizar diferentes dados estudados.

Mapas de zoneamento ambiental e mapas de risco ou suscetibilidade, que sã o resultado da relaçã o entre
processos naturais e antró picos em uma á rea, sã o exemplos que poderã o ser fornecidos aos alunos.

• Construção e leitura de gráficos (p. 217)

Os alunos podem ser conduzidos a estabelecer comparaçõ es entre as diferentes aplicaçõ es de mapas e
grá ficos, destacando-se o cará ter de espacializaçã o encontrado nos mapas e ausente nos grá ficos. É por
isso que em certas ocasiõ es os grá ficos aparecem associados a mapas – é uma forma de possibilitar a
localizaçã o espacial de onde os dados foram coletados para a sua composiçã o.

Apó s o reconhecimento dos vá rios tipos de grá ficos, pode-se incentivar o aluno a refletir sobre a
pertinência de cada um, de acordo com a natureza dos dados representados. A principal vantagem dos
grá ficos diante de outras formas de apresentar dados numéricos (como as tabelas, por exemplo) é a
possibilidade de visualizaçã o sintética das informaçõ es que se deseja transmitir, por meio do arranjo dos
dados.

• Informe – A ideologia dos mapas (p. 219)


A temá tica trazida pela seçã o Informe permite abordar a relaçã o entre cartografia e ideologia,
aprofundando a compreensã o de que a cartografia é uma linguagem que reflete e ajuda a estabelecer
uma determinada visã o de mundo.

A seçã o pode ser trabalhada, a critério do professor, em paralelo ao tó pico sobre as projeçõ es
cartográ ficas, sobretudo o boxe Saiba mais que destaca as projeçõ es de Mercator e Peters (p. 209).

Atividade complementar

Elaboração de croquis

Descrição da atividade

Os alunos deverã o fazer observaçõ es de campo em parte do bairro onde a escola se situa com o objetivo
de identificar pontos de referência e os respectivos posicionamentos geográ ficos em relaçã o aos pontos
cardeais. Para isso, é fundamental ter em mã os uma rosa dos ventos e saber localizar os pontos cardeais
com base na posiçã o de nascimento do Sol.

A atividade pode ser realizada em uma saída conjunta, ou como liçã o de casa. O importante é que todos
os alunos observem o mesmo espaço.

Os referenciais levantados deverã o servir de base para situar e esboçar no papel a representaçã o dos
elementos que compõ em o espaço observado (ruas, casas, praças, terrenos baldios, etc.). Essa
representaçã o nã o necessita do emprego de técnicas cartográ ficas rígidas, porém, é necessá rio cuidar
para que a reduçã o das á reas representadas em relaçã o à s á reas reais seja adequada, a fim de que nã o
extrapolem o espaço disponível em uma folha.

Por fim, os alunos deverã o adotar um sistema de legendas por meio de símbolos, indicando o que
representa cada elemento do croqui. Ao final, pode-se promover uma exposiçã o, para que os alunos
possam socializar diferentes formas de observar e representar o espaço geográ fico.

Leitura complementar

Marcello Martinelli é professor do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e


Ciências Humanas da USP, onde realiza vá rias atividades de ensino e pesquisa vinculadas à cartografia,
sobretudo temá tica.

O trecho de uma de suas obras reproduzido a seguir revela os principais fundamentos da cartografia
temá tica.

Os fundamentos da cartografia temática

[...] Os mapas temá ticos, na sua multiplicidade, muitas vezes são considerados como realizaçõ es geográ ficas.
Na realidade, os mapas temá ticos interessam à Geografia na medida em que nã o só abordam conjugadamente
um mesmo territó rio, como também o consideram em diferentes escalas (Lacoste, 1976).

Assim, de acordo com essa concepçã o, o mapa temá tico reportaria certo nú mero de conjuntos espaciais
resultantes da classificação dos fenô menos que integram o objeto de estudo de determinado ramo científico.
Por outro lado, é preciso lembrar também que a tarefa de elaborar mapas, de início atribuída à Geografia dita
fundamental, um saber bastante antigo, aquele dos militares e dos homens de açã o, dissocia-se dela sob o
nome de Cartografia, a partir da segunda metade do século XIX (Lacoste, 1980).
Pá gina 330

Atualmente, a Cartografia como um todo entra na era da informá tica. Com o auxílio de satélites e
computadores, a Cartografia Temá tica torna-se um verdadeiro Sistema de Informaçõ es Geográ ficas, visando à
coleta, armazenamento, recuperaçã o, aná lise e apresentaçã o de informaçõ es sobre lugares, ao longo do tempo,
além de proporcionar simulaçõ es de eventos e situaçõ es complexas da realidade, tendo em vista a tomada de
decisõ es deliberadas.

Mas, apesar de todo esse desenvolvimento tecnoló gico de que a Cartografia vem se beneficiando na atualidade,
deve existir uma clara conscientização com o fim de avaliá -la permanentemente em seu contexto social. Assim,
nã o basta que os mapas respondam apenas à pergunta “Onde?”. Hoje, eles precisam responder também a
outras questõ es como: “Por quê”, “Quando”, “Por quem”, “Para que finalidade?” e “Para quem?” (Taylor, 1991).

Assim, hoje nã o podemos definir Cartografia sem nos referir ao mapa, ao processo por meio do qual ele é
produzido e ao contexto social em que ele se insere: “a organizaçã o, apresentaçã o, comunicaçã o e utilização da
geoinformaçã o nas formas grá fica, digital ou tá til podem incluir todas as etapas desde o levantamento dos
dados até o uso final, seja de mapas, seja de produtos relacionados à informaçã o espacial” (Taylor, 1991).

Fazer um mapa significa explorar sobre o plano as correspondências entre todos os elementos de um mesmo
componente da informaçã o – o componente locacional. As duas dimensõ es (X, Y) do plano identificam a
posiçã o do lugar (longitude e latitude).

Mas os mapas podem mostrar algo mais do que apenas a posiçã o do lugar, isto é, de somente capacitá -los para
dar resposta à questã o “Onde?”. Eles podem dizer muito sobre cada lugar, caracterizando-os.

Entramos, assim, no domínio dos mapas temá ticos.

Com o fim de representar o tema, seja no aspecto qualitativo (≠), seja no ordenado (O), seja no quantitativo
(Q), temos de explorar variaçõ es visuais sensíveis com propriedades perceptivas compatíveis; o aspecto
qualitativo (≠) responde à questã o “o quê?”, caracterizando relaçõ es de diversidade entre lugares; o aspecto
ordenado (O) responde à questã o “em que ordem?”, caracterizando relaçõ es de ordem entre lugares, e o
aspecto quantitativo (Q) responde à questã o “quanto?”, caracterizando relaçõ es de proporcionalidade entre
lugares.

Os mapas temá ticos podem ser construídos levando em conta vá rios métodos, cada um mais apropriado às
características e forma de manifestaçã o (em pontos, em linhas, em á reas) dos fenô menos considerados em
cada tema, seja na abordagem qualitativa, ordenada ou quantitativa. [...]

Martinelli, Marcello. Cartografia temática: caderno de mapas. Sã o Paulo: Edusp, 2003. p. 15-17.

Sugestões de leitura e consulta para o professor

LIVROS

MARTINELLI, Marcello. Mapas da geografia e cartografia temática. Sã o Paulo: Contexto, 2003.


Aborda fundamentos da cartografia e técnicas da comunicaçã o visual aplicadas a representaçõ es
geográ ficas.

SEEMANN, Jö rn. Mapeando culturas e espaços: uma revisã o para a geografia cultural no Brasil. In:
Almeida, Maria Geralda de; Ratts, Alecsandro J. P. (Org.). Geografia: leituras culturais. Goiâ nia:
Alternativa, 2003.
O artigo discute a relaçã o entre a cultura e a prá tica espacial para compreender melhor a particularidade
da geografia cultural.

Respostas das atividades


• Abertura de capítulo (p. 206)

1. Os alunos deverã o indicar conceitos como: escala, orientaçã o, projeçã o, altitude, hipsometria, entre
outros.

2. Incentive o debate de ideias entre os alunos. Comente que a representaçã o do espaço urbano é uma
ferramenta de planejamento fundamental para o poder pú blico. Por meio de representaçõ es, como
mapas e maquetes, é possível perceber a evoluçã o do processo de urbanizaçã o e os elementos que
interferem nesse processo; se julgar oportuno, retome com os alunos a relaçã o entre a obtençã o de
dados e a produçã o de informaçõ es. É possível que os alunos destaquem a intençã o do governo chinês
em demonstrar a grandeza de Shangai e o poderio econô mico da cidade e do país.

• Geografia e História (p. 212)

1. Os mapas sã o representaçõ es com a funçã o social de comunicar aspectos e elementos do espaço. A


forma de elaboraçã o de mapas mudou no decorrer da Histó ria, por um lado, para atender a diferentes
demandas ou interesses sociais interesses e/ou objetivos políticos, econô micos, culturais, militares,
entre outros; por outro, em razã o de inovaçõ es técnicas e instrumentos disponíveis em diferentes
momentos histó ricos. Atualmente, os mapas sã o muito mais precisos e complexos do que eram no
passado. E durante muito tempo a confecçã o deles aproximou-se mais da arte do que da tecnologia.
Professor: a abordagem sobre as novas tecnologias aplicadas à cartografia será realizada no capítulo
seguinte.

• Para discutir (p. 219)

1. Todos os pará grafos contêm elementos que podem ser aproveitados na questã o. Destacam-se o
segundo pará grafo (diferenças quantitativas e qualitativas em cartas com diferentes escalas) e o quarto
(necessidade de examinar os diferentes aspectos de um fenô meno).

2. O objetivo dessa questã o é incentivar o aluno a fazer relaçõ es pertinentes e perceber seu papel como
cidadã o. Entre os problemas ambientais, poderá apontar a qualidade da á gua, do ar e do solo; o
desmatamento e a extinçã o das espécies; o aquecimento global; as mudanças climá ticas; o efeito estufa; a
inversã o térmica; a utilizaçã o de fontes energéticas oriundas de combustíveis fó sseis; os lixos doméstico
e industrial, etc.

• Atividades (p. 220-221)

Revendo conceitos (p. 220)

1. O dado é a informaçã o ainda nã o trabalhada. Sequências numéricas, como valores de temperatura,


dimensã o do material sedimentar, etc. sã o exemplos de dados. Eles passam a constituir informaçã o
quando se indaga a respeito de sua origem e relaçã o com outros elementos do ambiente.

2. Esses dados podem ser transformados em informaçõ es ao serem inseridos em um universo mais
amplo de relaçõ es: esses valores guardam relaçõ es com outros fatores geográ ficos? No caso de Mossoró ,
a proximidade em relaçã o à faixa equatorial favorece a entrada de radiaçã o solar, garantindo excedente
de calor durante todo o ano. Em Sã o Joaquim, um dos pontos mais ao sul no territó rio brasileiro, há
significativa variaçã o na entrada de radiaçã o solar no decorrer do ano, além do fator altitude, dada a sua
localizaçã o em á rea serrana (quanto mais elevado um ponto, mais frio).
Pá gina 331

3. A motivaçã o artística é forte na elaboraçã o de um croqui. Os artistas utilizam-no ao extrair os traços


principais de um objeto a ser representado. Na Geografia, além desse cará ter, esse tipo de representaçã o
assume objetivos explicativos, ao valorizar aspectos particulares de um dado objeto. A maquete ressalta
o aspecto tridimensional (volumétrico) dos elementos da paisagem, como massas de ar, relevo, edifícios,
etc. Já o perfil destaca o componente vertical (altitude/profundidade), embora represente apenas uma
secçã o (fatia) do conjunto (segmento da superfície com vegetaçã o, perfil de solo, etc.).

4. A diferença bá sica entre plantas, cartas e mapas reside na escala de representaçã o: as plantas sã o
requeridas para objetos que exigem detalhes, como edifícios, loteamentos, etc.; as cartas representam
objetos em escalas médias, como a topografia; os mapas encerram representaçõ es com elevado grau de
generalizaçã o (planisférios, mapas físicos e políticos do Brasil, etc.).

5. A principal finalidade das projeçõ es cartográ ficas é a representaçã o da superfície esférica terrestre em
um plano.

6. Em um mapa, a escala estabelece a relaçã o de tamanho entre o real e aquilo que está representado.
Objetos cujas dimensõ es extrapolam nossa experiência cotidiana só podem ser visualizados mediante
ampliaçã o ou reduçã o.

7. A escala desse mapa seria 1:1 000 000.

8. A finalidade das cartas topográ ficas é a identificaçã o da declividade do relevo de uma á rea. Sua
importâ ncia está relacionada à possibilidade de planejamento da ocupaçã o do espaço e ao estudo de
fenô menos que envolvem a dinâ mica do relevo.

9. Os mapas representam aspectos qualitativos e quantitativos de uma porçã o do espaço. Já os grá ficos
privilegiam a quantidade de elementos, relacionando os dados com variá veis numéricas, mas nã o
mostram a localizaçã o desses elementos. Assim, a articulaçã o entre as duas formas de representaçã o
pode ser esclarecedora, ao aliar a precisã o dos dados (grá fico) e sua espacializaçã o (mapa).

Lendo mapas, gráficos e tabelas (p. 220-221)

10. Entre Patos e Santa Rita há aproximadamente 248 km; entre Joã o Pessoa e Campina Grande, cerca de
113 km. A escala numérica é 1:6 000 000.

11. a) A taxa de desemprego na Uniã o Europeia e os grupos culturais na Nigéria.


b) O mapa da Uniã o Europeia utiliza a variá vel valor, e o mapa de grupos culturais da Nigéria utiliza a
variá vel visual cor.
b) Espera-se que o aluno conclua que em ambos os mapas os critérios cartográ ficos adotados estã o
condizentes com o tema tratado. No mapa sobre a taxa de desemprego na Uniã o Europeia, a percepçã o
de intensidade do fenô meno observado (o país que tem mais ou menos desempregados em relaçã o à sua
populaçã o) é dada pelo uso de tons mais claros e mais escuros da mesma cor. No mapa de grupos
culturais da Nigéria, as cores apenas separam um tipo de grupo do outro (sã o cores diferentes, nã o
gradaçõ es da mesma cor).

12. a) Trata-se de uma variá vel contínua, no caso da temperatura, e de uma variá vel discreta, no caso da
chuva.
b) O cará ter mais marcadamente descontínuo da chuva no espaço-tempo é mais bem representado por
meio de colunas separadas; já o cará ter menos descontínuo da variaçã o da temperatura permite uma
representaçã o adequada por meio de linhas contínuas.

13. Explore o grá fico com os alunos. É importante que eles, ao lerem as informaçõ es, percebam o
crescimento a partir de 2007 e a reduçã o desse nível de crescimento a partir de 2010. Se julgar
oportuno, converse com os alunos sobre outras formas grá ficas de representar corretamente os dados,
por meio de grá ficos de barras, por exemplo.

Incentive os alunos a expor suas hipó teses. Esse é um momento importante para contribuir para a
superaçã o das formas de violência contra a mulher. O estudo no qual consta esse grá fico, Mapa da
violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil, argumenta que o aumento no nú mero de vítimas do sexo
feminino está relacionado, além do crescimento da populaçã o feminina, à inclusã o nas estatísticas de
acontecimentos que anteriormente eram considerados prá ticas costumeiras das relaçõ es sociais, como a
violência intrafamiliar, contra as crianças ou os idosos. É importante destacar também a instituiçã o da
delegacia da mulher e da Lei Maria da Penha – que procura proteger a mulher sobretudo contra a
violência doméstica –, que possibilitou um levantamento de dados mais eficaz sobre esse problema no
Brasil. Comente que o índice apresentado pelo Brasil em 2013, 4,8 ‰, o posiciona entre os cinco países
com os maiores índices de violência contra a mulher, à frente apenas de El Salvador, Colô mbia,
Guatemala e Rú ssia.

14. Em sua aná lise dos setogramas, espera-se que o aluno seja capaz de destacar o Sudeste como a
regiã o que concentrava o maior nú mero de habitantes, em 2015, ocupando a segunda menor á rea do
territó rio brasileiro. Já a Regiã o Norte possuía a maior á rea entre as regiõ es do país, sendo a segunda
menos povoada.

Grá ficos:Setup Bureau/ID/BR


Pá gina 332

Interpretando imagens (p. 221)

15. Resposta pessoal.

Exemplo:

foto 1
marrom, marrom-claro e laranja: estratos da rocha visíveis no relevo.
verde-escuro: vegetaçã o arbó rea
verde-claro: vegetaçã o arbustiva e herbá cea (gramíneas).

foto 2
branco e cinza: edifícios, casas, galpõ es e avenidas
vermelho e laranja: telhados de casas e demais construçõ es
verde-escuro: vegetaçã o arbó rea
verde-claro: terrenos com vegetaçã o herbá cea.

Espera-se que o aluno também consiga verificar que na primeira foto nã o é visível a intervençã o humana
sobre a natureza, enquanto na segunda sã o retratados muitos elementos da natureza transformados pela
sociedade (as edificaçõ es em meio à vegetaçã o). Também é importante verificar o uso do solo nos dois
casos: a ocupaçã o humana na segunda imagem é bem intensa, ao passo que na primeira ela nã o é
percebida.

Capítulo 17 Novas tecnologias e suas aplicações

Esse capítulo proporciona a oportunidade de explorar algumas das conexõ es que a Geografia estabelece
com outras á reas do conhecimento. De modo mais preciso, sã o tratados alguns exemplos de como a
Geografia pode se apropriar de tecnologias produzidas fora de suas linhas de pesquisa para a ampliaçã o
de sua capacidade analítica sobre a relaçã o entre a sociedade e o espaço geográ fico, que está entre seus
principais objetos de estudo.

As tecnologias empregadas nas aerofotografias e nas infraestruturas relativas aos satélites – que
fornecem imagens e a base para a articulaçã o do sistema de posicionamento global (GPS) – estã o entre
os recursos mais importantes para a produçã o do conhecimento geográ fico.

Sugestões didáticas

• O sensoriamento remoto (p. 223)

Antes de proceder à leitura da pá gina, sugerimos estimular os alunos a deduzir o significado de


sensoriamento remoto a partir da interpretaçã o do pró prio termo. É possível que alguns tentem fazer
analogias com os controles remotos de aparelhos eletrô nicos. Espera-se que consigam perceber que o
termo faz mençã o a açõ es indiretas, realizadas a distâ ncia. Você pode aproveitar as conclusõ es dos
alunos, fazendo correçõ es e complementaçõ es, para construir o conceito de sensoriamento remoto.

A imagem da pá gina 222 é um recurso para auxiliar a demonstraçã o de como os satélites sã o utilizados
no sensoriamento remoto. A imagem permite perceber como é feita a varredura da superfície da Terra
por meio de satélites, com vá rios instrumentos científicos, como altímetros de radar e sistemas de
monitoramento atmosférico.

Você também pode propor a comparaçã o entre as aplicaçõ es do sensoriamento remoto realizado por
meio de satélites e as do sensoriamento realizado pelos radares. Além dos diferentes produtos visuais
proporcionados pelos dois tipos de equipamentos, os â ngulos formados entre a posiçã o em que os
equipamentos estã o estabelecidos e a superfície terrestre sã o fatores determinantes das características
das imagens geradas.

As imagens da pá gina 223 podem ser utilizadas como amostras das possíveis aplicaçõ es dos materiais
produzidos a partir dos satélites e dos radares como instrumentos de aná lise. O boxe Geografia, Biologia
e Física (p. 223) faz uma analogia entre as técnicas de sensoriamento remoto e a visã o humana e dos
animais.

• As aerofotografias (p. 224)

Sugerimos que se demonstre, por meio da ilustraçã o e da fotografia da pá gina 224, como sã o obtidas e
interpretadas as fotografias aéreas. Os alunos podem ser instigados a comparar os processos de geraçã o
de imagens a partir de aviõ es e satélites. Também se pode propor a comparaçã o entre a fotografia aérea
disposta na pá gina 225 e a imagem de satélite da pá gina 223.

É recomendá vel retomar passo a passo o processo de confecçã o de mapas a partir de bases
aerofotogramé tricas, de acordo com o que é exposto na pá gina 225. O registro, no caderno, de uma
síntese dos principais aspectos desse processo é um exercício interessante para consolidar a
compreensã o acerca dele.

O boxe Saiba mais (p. 224) discute os primeiros experimentos das fotografias aéreas e permite compará -
las com as imagens de satélites sob a perspectiva dos diferentes usos que as duas ferramentas
possibilitam.

• Informe – Estrutura das imagens de sensoriamento remoto (p. 226)

Pode ser interessante que você traga para a aula imagens de internet impressas em qualidade baixa para
ilustrar o texto. Você pode copiar e ampliar bastante a impressã o, para que os pixels que formam as
imagens fiquem visíveis. Em alguns jornais e revistas de tiragem pequena também é possível encontrar
imagens assim. Isso facilitará a compreensã o do texto pelos alunos.

• O sistema de posicionamento global (p. 227)

Por se tratar de tecnologia que se tornou popular, pode-se explorar o que alunos já conhecem sobre o
GPS. Antes da leitura da pá gina, pode-se conduzir a reflexã o sobre como os satélites poderiam viabilizar
o funcionamento dessa tecnologia. Posteriormente, pode-se subsidiar a compreensã o de que o sistema
de posicionamento global depende de aparelhos capazes de captar as informaçõ es coletadas por uma
rede de satélites e retransmitidas por ondas eletromagnéticas para a superfície terrestre.

• Os sistemas de informação geográfica e geoprocessamento (p. 228)

O Sistema de Informaçã o Geográ fica (SIG) representa um dos avanços mais importantes para a
interpretaçã o das informaçõ es geográ ficas que a evoluçã o tecnoló gica pô de criar. É importante chamar a
atençã o para o fato de que sua viabilizaçã o nã o resultou da criaçã o de um equipamento específico, mas
da articulaçã o entre vá rias técnicas e tecnologias que produzem as informaçõ es, processadas por
programas de computaçã o.

Como maneira de simplificar o entendimento sobre como as informaçõ es sã o processadas, pode-se


demonstrar, por meio da ilustraçã o esquematizada em forma de tabela, que as diferentes informaçõ es de
diferentes localidades passam por um processo de cruzamento.
Pá gina 333

Para fazer referência a produtos do SIG que sejam mais concretos para os alunos, pode-se destacar que
as diversas possibilidades de aná lise viabilizadas por esse sistema podem ser sintetizadas em forma de
representaçõ es cartográ ficas, como grá ficos e mapas.

• Mundo Hoje – Cartografia tátil: mapas para deficientes visuais (p. 229)

De acordo com a LDB (Lei n. 9 394/96), em seu artigo 59, os sistemas de ensino devem garantir
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos, etc. para atender à s necessidades dos alunos com
algum tipo de deficiência. Em alguns estados, o governo tem procurado assegurar recursos e materiais
didá ticos específicos para pessoas com necessidades especiais. É o caso de Santa Catarina, que provê
esses recursos por intermédio da Fundaçã o Catarinense de Educaçã o Especial. Entre os materiais, estã o
os mapas tá teis, de imenso valor para permitir o acesso aos conteú dos de Geografia e Histó ria à s pessoas
cegas e de visã o subnormal.

No Brasil, destacam-se algumas instituiçõ es que produzem mapas, plantas baixas, grá ficos, tabelas,
â ngulos, formas geométricas e outros itens para pessoas com deficiência visual. Sã o exemplos a
Laramara – Associaçã o Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual e a Fundaçã o Dorina Nowil, ambas
de Sã o Paulo, e o Instituto Benjamim Constant, do Rio de Janeiro.

Atividade complementar

Confecção de cartazes sobre as tecnologias relacionadas à cartografia e à orientação


espacial

O objetivo desta atividade é a montagem de cartazes compondo uma síntese das principais tecnologias
apropriadas à produçã o de materiais cartográ ficos e à produçã o do conhecimento geográ fico.

Descrição da atividade

Trabalhando em pequenos grupos, os alunos deverã o fazer um levantamento dos aspectos mais
relevantes de cada recurso tecnoló gico a serviço da aná lise espacial com base em seu livro didá tico ou
em outras fontes. Além disso, os alunos terã o de identificar e/ou deduzir as principais aplicaçõ es
prá ticas de cada recurso tecnoló gico.

Sugere-se que, posteriormente, seja esquematizada, sobre uma cartolina, a síntese conjeturada – cuja
estrutura bá sica se apoia na caracterizaçã o das tecnologias e em suas possibilidades de uso. Os alunos
deverã o atentar para a necessidade de inserir informaçõ es precisas, objetivas e pouco extensas e de
escrever com letras grandes, legíveis e bem dispostas na folha.

Sugerimos realizar a exposiçã o dos cartazes em sala de aula, utilizando-os como instrumentos
facilitadores de atividades de revisã o, comparaçã o entre diferentes recursos tecnoló gicos e conexã o
entre as abordagens do capítulo.

Leitura complementar

O geoprocessamento aparece como um dos principais resultados do avanço da tecnologia passível de


aplicaçã o na produçã o do conhecimento geográ fico. O texto a seguir traz algumas questõ es técnicas e
conceituais quanto ao emprego do geoprocessamento na aplicaçã o do sistema de informaçã o geográ fica.

Conceitos básicos em ciência da geoinformação


Trabalhar com geoinformaçã o significa, antes de mais nada, utilizar computadores como instrumentos de
representaçã o de dados espacialmente referenciados. Deste modo, o problema fundamental da Ciência da
Geoinformaçã o é o estudo e a implementaçã o de diferentes formas de representaçã o computacional do espaço
geográ fico.

É costume dizer-se que Geoprocessamento é uma tecnologia interdisciplinar, que permite a convergência de
diferentes disciplinas científicas para o estudo de fenô menos ambientais e urbanos. Ou ainda, que “o espaço é
uma linguagem comum” para as diferentes disciplinas do conhecimento.

Apesar de aplicá veis, estas noçõ es escondem um problema conceitual: a pretensa interdisciplinaridade dos
SIGs é obtida pela reduçã o dos conceitos de cada disciplina a algoritmos e estruturas de dados utilizados para
armazenamento e tratamento dos dados geográ ficos. Considerem-se, a título de ilustraçã o, alguns problemas
típicos: um soció logo deseja utilizar um SIG para entender e quantificar o fenô meno da exclusão social numa
grande cidade brasileira.

Um ecó logo usa o SIG com o objetivo de compreender os remanescentes florestais da Mata Atlâ ntica, através
do conceito de fragmento típico de Ecologia da Paisagem.

Um geó logo pretende usar um SIG para determinar a distribuiçã o de um mineral numa á rea de prospecção, a
partir de um conjunto de amostras de campo. O que há de comum em todos os casos acima? Para começar,
cada especialista lida com conceitos de sua disciplina (exclusã o social, fragmentos, distribuiçã o mineral). Para
utilizar um SIG, é preciso que cada especialista transforme conceitos de sua disciplina em representaçõ es
computacionais. Apó s essa traduçã o, torna-se viá vel compartilhar os dados de estudo com outros especialistas
(eventualmente de disciplinas diferentes). Em outras palavras, quando falamos que o espaço é uma linguagem
comum no uso de SIG, estamos nos referindo ao espaço computacionalmente representado e nã o aos conceitos
abstratos de espaço geográ fico.

Do ponto de vista da aplicaçã o, utilizar um SIG implica escolher as representaçõ es computacionais mais
adequadas para capturar a semâ ntica de seu domínio de aplicaçã o. Do ponto de vista da tecnologia,
desenvolver um SIG significa oferecer o conjunto mais amplo possível de estruturas de dados e algoritmos
capazes de representar a grande diversidade de concepçõ es do espaço.

Nesta perspectiva, este capítulo examina os problemas bá sicos de representaçã o computacional de dados
geográ ficos. Os conceitos apresentados visam esclarecer as questõ es básicas do Geoprocessamento: como
representar, em computadores, os dados geográ ficos? Como as estruturas de dados geométricas e
alfanuméricas se relacionam com os dados do mundo real? Que alternativas de representaçã o computacional
existem para dados geográ ficos? [...]

CÂ MARA, Gilberto; MONTEIRO, Antô nio Miguel Vieira. Conceitos básicos em ciência da geoinformação. Sã o José dos Campos:
Inpe, 2001. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/introd/cap2-conceitos.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.
Pá gina 334

Sugestões de leitura e consulta para o professor

SITES

Google Earth
Nesse site, é possível visualizar imagens de satélite do mundo todo em alta resoluçã o. Ele também
disponibiliza um programa com ferramentas para busca e mudança de foco das imagens. Disponível em:
<http://linkte.me/gearth>.

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais


Site que disponibiliza informaçõ es sobre as tecnologias envolvidas na captaçã o de imagens via satélite,
imagens de satélite, vídeos educativos, biblioteca on-line, etc. Disponível em: <http://linkte.me/inpe>.

Acessos em: 18 abr. 2016.

Respostas das atividades

• Abertura de capítulo (p. 222)

1. Podemos dizer que sim. As imagens de satélite sã o obtidas por meio de aparelhos e má quinas, cujos
sensores sã o capazes de captar informaçõ es da superfície terrestre remotamente, isto é, a distâ ncia.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos indiquem que as imagens de satélite sã o utilizadas
amplamente para fins militares e que podem servir de base para mapeamentos necessá rios a diversos
tipos de atividades, como o planejamento territorial, o monitoramento dos recursos naturais, etc.

• Geografia, Biologia e Física (p. 223)

1. Assim como a visã o humana e a dos felinos, a técnica do sensoriamento remoto é uma ferramenta
utilizada para observar objetos a distâ ncia que capta as diferentes intensidades de luz refletida ou
dotada de certa quantidade de energia (demais faixas do espectro eletromagné tico) para obter imagens
do objeto em aná lise.

• Para discutir (p. 226)

Há vá rias formas de trabalhar a questã o por apresentar argumentos positivos e negativos. Deve-se
relativizar o uso das tecnologias. A economia de materiais na fabricaçã o de utensílios: embora possa
aumentar também a quantidade de resíduos descartados. A internet cumpre diversas funçõ es
atualmente: permite amplas pesquisas bibliográ ficas, compras, acessar opçõ es de lazer, trocas de
mensagens com pessoas distantes, etc. Por outro lado, ela põ e o usuá rio desavisado em contato com
conteú dos impró prios, já que é um meio aberto, portanto, sujeito a todo tipo de influência. Assim como a
leitura de um livro requer atençã o, o conteú do veiculado pela internet precisa ser muito bem avaliado.

• Para elaborar (p. 229)

1. Espera-se que os alunos imaginem situaçõ es prá ticas de uso da cartografia tá til para deficientes
visuais. Já há alguns bons projetos em execuçã o em algumas cidades. Em Sã o Paulo, por exemplo, há um
mapa tá til da avenida Paulista e arredores, com indicaçã o dos nomes das ruas em braile. O importante é
discutir como esse tipo de iniciativa leva à inclusã o da pessoa deficiente, permitindo que ela use mais a
cidade.
2. A implantaçã o de mapas e grá ficos tá teis em espaços pú blicos de grande circulaçã o contribuem para
promover a independência de mobilidade. Os mapas devem estar dispostos em locais estratégicos e
devem ter tamanho adequado e com informaçõ es em sistema Braille, de modo que a leitura seja
realizada por meio da exploraçã o pelo tato. Com o auxílio da legenda, os usuá rios poderã o localizar os
lugares e objetos geográ ficos do espaço pú blico, além de estimar distâ ncias e estabelecer relaçõ es entre
eles.

• Atividades (p. 230-231)

Revendo conceitos (p. 230)

1. Sensor remoto é qualquer tipo de instrumento capaz de coletar dados a longas distâ ncias, sem contato
direto com o alvo.

2. Os sensores instalados em satélites (ou plataformas orbitais) podem produzir imagens de uma ampla
variedade de elementos em superfície, desde detalhes do relevo até o planeta inteiro, dependendo da
altitude em que se encontra e da resoluçã o do sensor. Os radares podem ser montados em plataformas
terrestres ou aerotransportadas. As características das ondas emitidas pelos radares os tornam ideais
para obter informaçõ es sobre o relevo. Os sensores instalados em aviõ es captam informaçõ es em média
e grande escalas (maior detalhamento da superfície), como é o caso das fotografias aéreas, embora
possam operar também radares.

3. As fotografias aéreas sã o produzidas, geralmente, por câ meras convencionais instaladas em aviõ es,
que produzem imagens a partir da luz. Por isso, os voos devem ser realizados durante o dia,
preferencialmente de manhã , quando os objetos na superfície produzem sombras. Trata-se de um
importante instrumento na elaboraçã o de cartas topográ ficas, geomorfoló gicas e de uso da terra. Além
disso, devido aos custos relativamente baixos, as aerofotografias sã o bastante utilizadas pelas
prefeituras no processo de elaboraçã o de plantas cadastrais e na demarcaçã o de propriedades rurais.

4. O sistema GPS opera a partir de um conjunto de satélites e, com base num sistema de triangulaçã o,
permite localizar um ponto qualquer sobre a superfície terrestre.

5. Uma vez que os dados do GPS sã o georreferenciados, é possível, além de localizar um objeto, traçar a
rota de um objeto em deslocamento, daí sua utilidade na navegaçã o. Deve-se frisar que a localizaçã o
exata (ou aproximada) é importante, principalmente quando se trata da localizaçã o de elementos
pontuais no conjunto da paisagem.

6. Os SIGs sã o ferramentas de informá tica utilizadas para armazenamento, produçã o e manipulaçã o de


informaçõ es georreferenciadas.

7. Integra dados numéricos e espaciais. A passagem da informaçã o impressa para o meio digital
representa muitas vantagens, entre elas as melhores possibilidades de conservaçã o, resgate e
manipulaçã o dos dados e informaçõ es.
Pá gina 335

Interpretando textos e imagens (p. 230-231)

8. a) Os elementos presentes em cada uma das imagens nã o sã o os mesmos. O relevo pouco dissecado
(plano) retratado na imagem do Amazonas desenvolve-se sobre a planície sedimentar ou fluvial desse
rio. A ausência de “saltos” e “corredeiras” nesse trecho do rio está ligada a essa condiçã o do relevo. Já o
trecho retratado na imagem da baía da Ilha Grande desenvolve-se sobre rochas cristalinas. Os vales dos
rios, que podem ser vistos observando atentamente a imagem, e a presença da escarpa de falha da serra
do Mar evidenciam isso. Quanto ao uso da terra, o destaque recai sobre as extensas formaçõ es florestais
em tons de verde (Mata Atlâ ntica e floresta Amazô nica) e as manchas de urbanizaçã o (rosadas) como
elementos de maior destaque nessa escala.
b) Isso, evidentemente, depende da resoluçã o espacial e espectral do sensor de satélite, ou seja, do nível
de detalhamento produzido e da capacidade do sensor de distinguir objetos sobre a superfície imageada.
Mas sã o muitas as aplicaçõ es, como a identificaçã o e evoluçã o de eventos como queimadas,
desmatamento, implantaçã o e ampliaçã o de loteamentos irregulares, poluiçã o das á guas, etc.

9. Há vá rias possibilidades de trabalhar essa questã o. Pode-se destacar o uso de tecnologias nos dois
primeiros casos (utilizaçã o conjunta de SIGs, fotografias aéreas e imagens de satélite) e a necessidade do
trabalho de campo, no texto III. No entanto, deve ficar claro para o aluno que, embora se trate de
procedimentos diferentes, todos sã o complementares.

10. a) De uma maneira geral, nas três fotos é possível observar elementos urbanos, como edificaçõ es de
diversos tamanhos, ruas, avenidas, indú strias, á reas verdes etc. Em especial, a primeira e a segunda
fotografia apresentam, respectivamente, um conjunto de morros ao fundo da paisagem e o oceano e a
orla marítima da cidade.
b) As três fotografias foram produzidas a partir de tomadas aéreas, embora as duas primeiras em visã o
oblíqua (inclinada) e a terceira em visã o vertical. A visã o oblíqua permite avaliar melhor a altura das
estruturas na superfície (vegetaçã o e estruturas urbanas). A fotografia 2 é a que representa maior nível
de detalhamento. O maior ou menor nível de detalhamento (escala) depende dos objetivos da pesquisa.
Há certas questõ es que requerem escalas generalizadas (como aquelas retratadas nas imagens do
exercício anterior). Estã o neste caso os desmatamentos, a implantaçã o de amplos projetos
agropecuá rios, a formaçã o de barragens, etc. Outros temas exigem escalas menos generalizadas, como o
desenvolvimento de erosõ es, clima urbano, etc.

11. a) A tridimensionalidade, a partir de fotografias aéreas, é obtida pela sobreposiçã o de imagens


captadas em â ngulos ligeiramente diferentes.
b) Estereoscó pio.

• Em análise – Fazer um mapa temático (p. 232-233)

Professor: analise o seu caso específico para fazer esta atividade. Se for possível, seria mais interessante
que o primeiro desenho fosse feito em campo, mas a atividade continua importante no caso do trabalho
com fotos. É importante que esta atividade seja desenvolvida com o seu monitoramento, mas você pode
estimular a classe a fazer sugestõ es e incorporar essas sugestõ es ao procedimento. Você poderá auxiliar
nã o apenas na construçã o dos materiais, mas sobretudo na sua interpretaçã o. A apresentaçã o final
poderia ser feita para toda a escola, nas á reas comuns.

Síntese da Unidade 4 (p. 234)

• Capítulo 15. Localização e orientação geográfica

Sugestõ es de frases:

• Movimentos da Terra: Entre os principais movimentos da Terra, o movimento de rotaçã o é responsá vel
pela alternâ ncia de dias e noites, e o de translaçã o pela sucessã o das estaçõ es do ano.
• Orientaçã o: Os pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) definem os principais referenciais de
orientaçã o na superfície terrestre.

• Coordenadas geográ ficas: Oriente os alunos a escolher dois lugares e a fazer a aná lise de suas
coordenadas, conforme este exemplo: Goiâ nia e Porto Alegre localizam-se ao sul de Macapá . Essas três
cidades estã o em longitudes pró ximas, mas em latitudes muito diferentes. Macapá é cortada pelo
Equador, enquanto Porto Alegre se localiza ao sul do tró pico de Capricó rnio, e Goiâ nia ao norte dessa
linha. Assim, as três cidades apresentam coordenadas geográ ficas bem diferentes.

• Fusos horá rios: Os fusos horá rios sã o definidos de acordo com os meridianos, por isso o deslocamento
para leste ou oeste implica variaçã o horá ria. O mesmo nã o se pode dizer de objetos que se deslocam em
linha reta segundo a variaçã o latitudinal.

• Capítulo 16. Diferentes formas de representação do espaço

• Figura 1: Planta; estã o presentes elementos de cartografia temá tica, na diferenciaçã o de cores entre
ruas e edificaçõ es, e de cartografia sistemá tica no dimensionamento, orientaçã o e escala; obtida a partir
de fotografias aéreas; a finalidade, neste caso, é a orientaçã o nas cidades.

• Figura 2: Imagem de satélite; produto de sensoriamento remoto por satélites; privilegia objetos que se
definem em médias e grandes extensõ es sobre a superfície terrestre, como cidades.

• Figura 3: Mapa temá tico; elaborado a partir de bases topográ ficas em escala generalizada, imagens de
satélite ou de radar; o tema dessa representaçã o sã o as grandes unidades de relevo do Brasil.

• Figura 4: Carta topográ fica; obtida a partir dos mesmos princípios da anterior, embora com mais
detalhadamento; o elemento privilegiado é o relevo, a partir do traçado das isolinhas de altitude.

• Figura 5: Bloco diagrama; obtido a partir da justaposiçã o de perfis topográ ficos; encerra também
elementos artísticos, segundo a concepçã o de quem o elabora; a finalidade é ressaltar os aspectos
tridimensionais (volumétricos) da paisagem, bem como destacar um elemento da realidade (neste caso,
o relevo).

• Figura 6: Fotografia; a finalidade deste tipo de representaçã o é destacar um elemento de detalhe da


paisagem; no caso, destaque para o relevo residual.
Pá gina 336

• Capítulo 17. Novas tecnologias e suas aplicações

Os satélites sã o montados em plataformas orbitais; os radares, em plataformas terrestres e


aerotransportadas; as fotografias aéreas, em plataformas aerotransportadas; e o sistema GPS é fornecido
por um conjunto de satélites, a partir de um esquema de triangulaçã o do alvo sobre a superfície. Todos
eles fornecem dados que sã o decodificados pelo computador (o sinal é transformado em imagem,
semelhante ao aparelho de TV) para, apó s um processo de seleçã o e interpretaçã o, transformarem-se em
mapas, cartas e plantas, de acordo com o nível de detalhe (escala) e as características do objeto que se
quer representar.

Vestibular e Enem (p. 235-237)

1. Alternativa d

2. Alternativa c

3. Alternativa c

4. Alternativa b

5. Alternativa d

6. Alternativa d

7. Alternativa c

8. Alternativa a

9. Alternativa e

10. Alternativa d

11. Alternativa b

12. Alternativa a

13. Alternativa e

Geografia e Arte (p. 238)

1. a) Harmonia monocromá tica – quando usamos uma só cor, variando apenas sua tonalidade. Em geral,
essa variaçã o serve para mostrar a intensidade de um fenô meno, em que cores claras indicam valores
baixos e cores mais escuras significam valores altos. Nesse mapa, os estados com maior acesso à rede de
esgoto estã o em verde-escuro; aqueles com menor acesso, em verde-claro.
b) O verde é uma cor secundá ria.
c) O verde é uma cor fria.

Avaliação

Os momentos de avaliaçã o por meio de atividades escritas, concebidos como parte do processo de
aprendizagem, podem ser importantes para levar os alunos a estabelecer conexõ es entre os temas
trabalhados ao longo dos capítulos e entre esses temas e outros reconhecidamente importantes em
contextos mais amplos. Como exemplo, podemos citar a importâ ncia do sistema de informaçã o
geográ fica para a aná lise e definiçã o de estratégias para combater problemas ambientais sem
comprometer a subsistência da sociedade.

É importante ter clareza sobre as finalidades da avaliaçã o e as possibilidades de seu aproveitamento


como instrumento de aná lise pelo professor (em relaçã o ao trabalho desenvolvido e ao aproveitamento
da turma) e como instrumento de aprendizagem pelos alunos. Assim, o professor pode se preocupar com
a maneira de organizar suas avaliaçõ es escritas. Seguem algumas orientaçõ es e sugestõ es:

• A avaliaçã o deve conter todas as informaçõ es, para que o aluno entenda o processo e realize os
registros de forma autô noma. Por isso, é importante inserir na avaliaçã o:

• Lista dos materiais necessá rios e dos nã o permitidos.

• Regras para elaboraçã o de respostas: uso de caneta, emprego de língua culta, possibilidade de rasura,
etc.

• Lista de conteú dos e competências abordadas.

• Critérios que serã o utilizados na correçã o.

• Outras instruçõ es que julgar necessá rias.

• Os enunciados devem ser claros, sem ambiguidades, com grau de dificuldade proporcional aos
objetivos propostos, possibilitando o entendimento autô nomo das questõ es.

• As questõ es devem corresponder à s já testadas em atividades anteriores.

• A avaliaçã o deve contemplar questõ es com propostas variadas e conter níveis diferenciados de
dificuldade (sempre que possível, com progressã o crescente da dificuldade).

• Também é importante contemplar questõ es que disponibilizam informaçõ es a serem aproveitadas na


sua resoluçã o, questõ es em que os fundamentos para resoluçã o estã o pressupostos ou que fazem
mençã o a atividades desenvolvidas anteriormente. A seguir, exemplos de como algumas dessas
consideraçõ es podem ser equacionadas na preparaçã o de atividades.

1. Assinale a ú nica alternativa que revela a funçã o das coordenadas geográ ficas em uma representaçã o
cartográ fica:
a) Possibilitar um enquadramento estético das á reas representadas.
b) Evidenciar aspectos do movimento de translaçã o.
c) Facilitar a localizaçã o de pontos da representaçã o da superfície terrestre.
d) Expressar didaticamente a simbologia dos elementos mapeados.
e) Permitir o estabelecimento de relaçõ es entre diferentes escalas.

Alternativa c

2. A floresta Amazô nica reú ne características ú nicas, que a tornam um dos domínios naturais mais
importantes do mundo. Todavia, essas mesmas características, mais precisamente a grande extensã o e o
cará ter denso, sã o fatores que dificultam sua preservaçã o, pois dificultam as observaçõ es de campo em
tentativas de identificaçã o dos focos de degradaçã o provocada pelas atividades humanas. Retome o que
você aprendeu sobre sensoriamento remoto e discorra sobre como essa tecnologia pode contribuir para
o combate aos impactos predató rios em ambientes como o da floresta Amazô nica.

Espera-se que o aluno seja capaz de relacionar as características técnicas de um recurso aproveitado
para as aná lises geográ ficas com uma situaçã o concreta e muito presente nas pautas de discussã o da
sociedade contemporâ nea. Ao viabilizar a geraçã o de imagens a partir do espaço, o sensoriamento
remoto permite a identificaçã o de focos de incêndio e de desmatamentos no interior da mata. Permite
também mapear as á reas de maior ocorrência de cada problema e estabelecer a evoluçã o temporal das
á reas degradadas.

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