Você está na página 1de 12

DOUGLAS MOREIRA NUNES

OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DO 3ª JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA
ESTADO DO PARANÁ

AUTOS Nº 0015702-88.2021.8.16.0014

ANTONIO FERREIRA DO COUTO, brasileiro, divorciado,


motorista de aplicativo, portador do RG: 4.100.234-4 SSP/PR e do CPF/MF
993.648.599-87, residente e domiciliado na Rua Serra da Carioca, 105, Jardim
Jockey Club, CEP: 86.065-650, Londrina-PR, vem, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, apresentar

CONTESTAÇÃO

ao feito da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS, que lhe move ZENILDA


MOREIRA DE SOUZA SILVA, devidamente qualificada, pelas razões de fato e
direito que a seguir expõe.
Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180
Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

1. Da Assistência Judiciária Gratuita


O requerido faz jus à concessão da gratuidade da Justiça,
haja vista que o mesmo não possui condições de custear as despesas
processuais e honorários advocatícios em detrimento de seu sustento.

Requer o requerente que lhe seja deferido os benefícios


da justiça gratuita com fundamento no disposto ao inciso LXXIV, do art. 5º da
Constituição Federal e na Lei nº 1.060/50, em virtude de ser pessoa pobre na
acepção jurídica da palavra e sem condições de arcar com os encargos
decorrentes do processo.

2. Da Tempestividade
Nos termos do art. 335 do Código de Processo Civil,
considerando que a intimação para responder a presente ação ocorreu em
29/09/2021, conforme seq. 56, tem-se por tempestiva presente contestação,
devendo ser acolhida.

3. Das Alegações da Requerente


Trata-se de ação indenizatória, em que a parte requerente
narra que, no dia 26/02/2021, às 16h44min, solicitou uma viagem pelo
aplicativo da Uber, a qual foi direcionada ao requerido, condutor de veículo
Chevrolet Onix placa PYL-1393.

Aduz que, em certo ponto do percurso, o requerido


recusou-se a continuar a viagem, sob a alegação de que seu carro não rodaria
em estrada de chão, obrigando a requerente a sair do carro em local "ermo".

Alega que tal situação, teria lhe causado abalo moral, em


razão disso, requer a condenação solidária do requerido com a empresa Uber,
ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 25.000,00
(vinte e cinco mil reais). Ainda, pugna pela aplicação do CDC ao caso concreto
e a inversão do ônus da prova.

O requerido impugna todos os fatos articulados na inicial,


que se contrapõem com os termos desta Contestação esperando a
IMPROCEDÊNCIA, da ação proposta, pelos motivos a seguir.

4. Realidade dos Fatos


O requerido é motorista do aplicativo Uber há mais de um
ano, sendo detentor de uma avaliação 4.9 estrelas, classificado pelo aplicativo
Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180
Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

como motorista diamante, com dezenas de avaliações positivas atribuídas


pelos passageiros, conforme documentos em anexo.

No dia 26/02/2021, o requerido foi chamado para uma


corrida, está se iniciaria na Comarca de Cambé, no Jardim Santo Amaro e
encerraria na Comarca de Londrina, no bairro Califórnia, senão veja-se:

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

Como de praxe, antes de iniciar a corrida o requerido


verificou com a requerente o destino final, e está apenas informou Estrada do
Limoeiro, local totalmente diverso do que se tornou posteriormente a intenção
da autora, e que restará demonstrado nesta defesa. Houve omissão dolosa da
autora em relação ao efetivo destino que pretendia, deixando de juntar nos
autos documentos que comprovem os fatos alegados.

Ocorre que, quando chegaram próximo ao endereço


indicado no aplicativo, a requerente solicitou que o requerido desviasse a rota
para entrar em uma estrada de terra, estrada está, que é inapropriada para
o veiculo do requerido, e seguisse por 4,8Km, o que não constava no
plano de viagem.

INDAGADA PELO REQUERIDO DO POR QUE NÃO


INFORMOU O DESTINO EXATO, A REQUERENTE INFORMOU QUE
TODOS OS MOTORISTAS RECUSAVAM SUAS SOLICITAÇÕES, E ASSIM,
OPTOU POR OMITIR SOBRE O ENDEREÇO CORRETO.

Veja-se que não se trata de recusa por parte do


requerido, mas sim de desvio do trajeto, omissão da requerida, omissão esta
que colocou em risco inclusive a segurança do requerido, visto que assaltos e
até homicídios ocorrem diariamente, ainda mais tendo a requerente apenas ao
final do destino, solicitado a alteração de trajeto.

A requerente ainda alega que tal recusa lhe causou


humilhação, fato este que não merece prosperar, visto que a requerente estava
acostumada com recusa por parte de outros motoristas, quando informava
corretamente o destino, e, ainda seu esposo compareceu ao local para busca-
la.

Diante do exposto, requer que seja expedido ofício a


empresa Uber, para que anexem aos autos históricos de solicitações de
viagem da requerente, documentos estes que se fazem necessários para
comprovação dos fatos alegados pelo requerido.

Alega ainda a requerente que, mesmo sem ter a viagem


concretizada, pagou de forma integral o valor da viagem.

De fato, a requerente pagou a vigem em dinheiro ao


requerido, mas, após o ocorrido a Uber efetuou o desconto do requerido e
fez a devolução do valor integral a requente, não tendo está, portanto,
sofrido prejuízo de qualquer natureza, conforme documentos em anexo.
Só este fato, já omitido pela autora, demonstra sua má-fé no ingresso da
presente.

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

Entretanto, não obstante, os argumentos lançados pelo


requerente, com o devido respeito ao eminente signatário da peça inicial, a
pretensão nela formulada não merece prosperar, como à frente será
devidamente demonstrado sejam por razões de direito ou de fato, razão pela
qual requer que a presente ação e seus pedidos sejam julgados
TOTALMENTE IMPROCEDENTES.

5. Da Inversão do Ônus da Prova –


Inocorrência
A requerente pleiteia pela inversão do ônus probatório,
ocorre que o Código de Defesa do Consumidor, é criterioso no que diz respeito
a inversão do ônus probatório, sendo aplicado somente nos casos em que for
verossímil as alegações e quando a parte for hipossuficiente, veja-se o art. 6º,
inciso VIII:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências; (grifo nosso)

Não restou preenchido nenhum dos requisitos para que


seja invertido o ônus probatório, isso porque as alegações da requerente não
são verossímeis, carecendo de provas inclusive, tendo em vista que a mesma
não anexou aos autos provas de suas alegações, se limitando a juntar print do
Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180
Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

pedido da requerente, não constando o endereço do destino, e por esta razão


impugnada desde já.

Esclarece ainda, que a requerente não é parte


hipossuficiente, visto que o requerido é autônomo, prestador de serviços, não
recebendo lucros exorbitantes e nem possui vasto rendimentos ou
conhecimento especifico sobre o tema.

Diante do exposto, reque sejam as alegações da


requerente rejeitadas e não seja invertido o ônus probatório, devendo o feito
ser julgado improcedente, visto que a requerente não juntou nenhuma prova de
suas alegações ou direito.

6. Dos Direitos – Inocorrência


A requerente imputa ao requerido o fato danoso,
requerendo que seja aplicado ao feito o Código de Defesa do Consumidor, em
que traz em seu art. 6, VI o direito do consumidor a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e morais.

Afirma ainda que o requerido praticou ilícito ao não


terminar a corrida no destino solicitado, sendo devida a condenação do mesmo
a indenizar a requerente pelos danos morais supostamente suportados.

Ocorre que conforme explanado no tópico anterior, a


requerente não comprovou que o requerido não encerrou a corrida no
endereço solicitado pelo aplicativo, limitando-se somente a narrar os supostos
fatos, e anexar aos autos print do pedido da requerente, não constando o
endereço do destino, pelo que referido documentos resta impugnado de pleno
direito.
Isto posto, o requerido não pode ser condenado a
indenizar o requerente por ter supostamente ter se negado a levar a requerida
no destino contratado, tendo em vista não se tratar da verdade dos fatos, na
medida em que o contrato de transporte pelo UBER se materializa na rota
indicada no aplicativo. Com efeito, com base nestas questões se calculam os
valores, a responsabilidade do motorista em relação ao aplicativo, e mesmo
este tem condições de aferir a segurança da viagem, eis que é notório nos
noticiários crimes cometidos contra motoristas de aplicativo.

Deve ainda ser apreciado a má-fé da requerente, tendo


em vista que move ação contra o requerido, sem comprovar suas alegações,
submetendo o requerido a transtornos em sua honra, correndo o risco de
perder até seu meio de trabalho.

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

O art. 373, I do Código de Processo Civil, dispõe acerca


do dever de prova que o autor possui, quanto ao fato constitutivo de seu direito,
veja-se:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

Isto posto, de acordo com o ordenamento jurídico, é


necessário que haja a comprovação por meio de provas do fato ocorrido, e nos
casos em que não houverem provas, não poderá haver indenização, visto que
a requerente não foi capaz de comprovar os fatos alegados.

Necessário, salientar ainda, que o requerido não pode ser


responsabilizado por ato ilícito não comprovado, e que os fatos narrados contra
ele.

Isto posto, frente a ausência de demonstração e


comprovação do fato danoso que a requerente alega ter sofrido, requer sejam
os pedidos da requerente julgados improcedentes, visto que carecem de
provas.

7. Do Não Cabimento da Indenização


por Danos Morais
A responsabilidade civil, trata de indenização para
reparar danos que o ofensor tenha causado ao ofendido, entende-se que
sem danos não há que se falar em reparação.

Há ainda, a necessidade de comprovação de tais danos,


visto que a simples alegação não caracteriza o dever de indenizar, razão
pela qual o Código Civil em seu art. 186 dispõe que “Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

O ofendido precisa essencialmente demonstrar os danos


que sofreu, e comprovar que tais danos foram oriundos de conduta do ofensor,
para que seja caracterizado o ato ilícito.

Necessário ainda frisar, que no presente caso a


requerente sequer comprovou o fato danoso causado pelo requerido que
enseje danos morais para o requerente.

Isto posto, a alegação da requerente é infundada e


inverídica, razão pela qual o mesmo não suportou nenhum dado ou ofensa em
sua honra, sendo inclusive o contrário que tenha acontecido, pois a requerente

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

age de má-fé para com o requerido, visto que este omitiu o endereço correto no
aplicativo.

Neste sentido, Sergio Cavalieri Filho expõe que:


"Por essa concepção clássica, todavia, a vítima só obterá a
reparação do dano se provar a culpa do agente, o que nem
sempre é possível na sociedade moderna. O
desenvolvimento industrial, proporcionado pelo advento do
maquinismo e outros inventos tecnológicos, bem como o
crescimento populacional geraram novas situações que não
podiam ser amparadas pelo conceito tradicional de culpa"
(Programa de responsabilidade civil, 7ªedição, p. 16. São
Paulo: Atlas, 2007) grifo nosso

Por derradeiro destaca-se a lição de Orlando Gomes, na


obra atualizada por Humberto Theodoro Júnior, no sentido de que:

"Realmente, apesar da multiplicação dos casos submetidos


ao princípio da responsabilidade objetiva, permanece, como
regra geral, o preceito que condiciona a obrigação de reparar
o dano à culpa do agente. Não foi arredado sem embargo da
adoção de processos técnicos que elastecem
consideravelmente sua aplicação. Nem é possível a
substituição pelo risco, porque esta ideia não comporta a
mesma generalização. Ainda que se multipliquem asa
situações nas quais a obrigação de indenizar seja imposta
independentemente da culpa, a solução continuará com o
caráter de exceção que possui atualmente. É que a ideia de
culpa não pode ser dissociada do conceito de delito. Afora,
pois, os casos especificados em lei, nos quais o dever de
reparar está previsto e determinado com abstração da
conduta do obrigado, a responsabilidade há de resultar de
investigação dessa conduta para a verificação de sua
anormalidade. Sempre que se quiser atribuir esse dever sem
esse pressuposto, há necessidade de especificá-lo na lei.
Assim, a questão teria solução extremamente casuística, se
porventura se viesse a suprimir a fonte genérica e abstrata
da responsabilidade, que é a culpa". (Obrigações, 10ª edição,
p. 282. São Paulo: Editora Forense, 1995). Grifo nosso

Nesta senda, de acordo com a legislação vigente bem


como o entendimento doutrinário, só será o ofensor condenado a reparar o
dano, desde que seja demonstrado de forma específica que o mesmo deu
causa.
Tem-se, portanto, que não restou configurado o nexo
causal entre a conduta do requerido e o suposto dano que a requerente alegou
ter sofrido, sendo o mesmo imprescindível para a condenação em reparar o
dano.

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

Portanto, não pode ser o requerido condenado a indenizar


o requerente pelos supostos danos morais que a mesma alega ter sofrido, sem
sequer ser demonstrado que tais danos foram causados pelo requerido.

A disposição que traz o art. 927 do Código Civil, é clara e


especifica quanto a reparação por ilícitos praticados “Art. 927. Aquele que, por
ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. O
artigo de lei é claro, assegurando que a reparação deverá ser realizada por
aquele que praticou ilícito.

Neste ínterim, o requerido não pode ser responsabilizado


a pagar por danos, que não deu causa.

Em casos que a requerente tenha concorrido para o


evento danoso, o Código Civil em seu art. 945, dispõe que a indenização nesse
caso, deverá observar a culpa concorrente da requerente:
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em
conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do
dano.

Isto posto, não pode ser imputado ao requerido a


responsabilidade por tais danos, visto que a omissão por parte da
requerente causou o evento danoso.

Diante dos fundamentos acima o requerido não pode ser


condenado a indenizar algo ao qual não deu origem ou melhor, que a
requerente não demonstrou a causa efetiva do dano. A requerente não faz
prova de suas alegações.

Em razão da ausência de tal prova, o requerido não pode


ser condenado a indenizar a requerente em valor exorbitante, os Tribunais de
Justiça possuem o entendimento de que nos casos em que não for
demonstrado o nexo causal, não faz jus a indenização e sequer a procedência
dos pedidos:

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO


INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. COBRANÇA
VEXATÓRIA NÃO DEMONSTRADA. Não demonstrada a
ocorrência de ato ilícito, não há falar-se em indenização
por dano moral. APELO DO RÉU PROVIDO. APELO DO
AUTOR PREJUDICADO. (Apelação Cível, Nº 70079748596,
Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Miriam A. Fernandes, Julgado em: 28-11-2019) (TJ-
RS - AC: 70079748596 RS, Relator: Miriam A. Fernandes,
Data de Julgamento: 28/11/2019, Décima Quarta Câmara
Cível, Data de Publicação: 03/12/2019) (grifo nosso)

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

Ante a ausência de demonstração da conduta ilícita


do requerido, e da ausência do nexo de causalidade não é cabível a
indenização por dano moral, vez que não foi demonstrado pela requerente
a suposta conduta ilícita do requerido.

Vez que não foram preenchidos os requisitos dos art. 186


e 927 do Código Civil, seja pela ausência de demonstração da conduta ilícita
do requerido e ainda da ausência de nexo de causalidade, o requerido não
deve ser condenado a indenizar a requerente, por fatos que não cometeu e que
não foi demonstrado pela requerente.

Segundo prevê o art. 373, inc. I, do CPC, a


requerente deve fazer prova bastante dos fatos alegados, sem a qual não
pode ser reconhecida a procedência do pedido. Inexiste nos autos
prova bastante dos danos morais sofridos pela requerente.

Ora, assim agindo, a requerente não demonstrou


ter sofrido qualquer abalo moral.

Portanto, deve ser julgado improcedente o pedido de


indenização por danos morais, o que se requer que seja realizado nesse
momento.

Do Quantum Indenizatório

No caso de procedência do pedido de reparação por


dano moral, deve ser observado coerentemente suas dimensões, com
adoção de alguns parâmetros, dentre outros específicos:

a) gradação do dano, inclusive o nível de risco;

b) o comportamento do autor e dos réus, como


consequência ao evento danoso;

c) a influência do meio, bem como os possíveis


efeitos ou reflexos do evento;

A mensuração do quantum devido deve ser feita


analisando todos os fatores da ocorrência, para se chegar a eventual
conclusão, tendo em vista atingir coerentemente o valor da indenizaçã o,
sem que venha causar enriquecimento fácil ou sem causa a
requerente, tornando o sofrimento em meio de captação de lucros.

Nesse sentido, destaca o prof. CAIO MARIO DA


SILVA PEREIRA:

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

“que a indenização, em termos gerais, não pode ter o


objetivo de provocar o enriquecimento ou proporcionar ao
ofendido um avantajamento, por mais forte razão deve ser
equitativa a reparação do dano moral para que se não
converta o sofrimento em móvel de captação de lucro (de
lucro capiendo).” (Caio Mário, Ob.Cit., 54p)

Não por menos, segue o posicionamento


jurisprudencial dos Tribunais:
“INDENIZAÇÃO – Dano Moral – Avaliação do quantum
que não pode ser um simples cálculo matemático-
econômico – Necessidade de o Juiz seguir um critério
justo. Em se tratando de pleito indeniz atório por dano
moral, a avaliação deste não segue o padrão simples
cálculo matemático-econômico, mas deve ser fixado
segundo critério justo a ser seguido pelo Juiz, sobremodo
para não tornar essa mesma indenização muito alta e a
ponto de reduzir o ofensor em outra vítima.” (AP. Civ.
17.557, 2ª C. do TJMT, Rel. Dês. José Ferreira Leite, RT
741/357)

Portanto, em caso de eventual condenação por dano


moral requer-se a quantificação do dano de modo coerente, apreciando
as prerrogativas e parâmetros de sua mensuração, à luz do bom direito e
da justiça, sem ocasionar o enriquecimento ilícito a requerente.

Isto porque é princípio básico da reparação por


indenização é de que o dano não pode ser fonte de lucro, sob pena de se
gerar enriquecimento sem causa, o que é vedado pelo ordenamento
jurídico brasileiro .

O artigo 884, do Código Civil estabelece claramente


que:

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à


custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos
valores monetários.

O que pelo princípio da eventualidade, requer-se que


seja aplicado ao caso em epigrafe.

8. Dos Pedidos
Ante o exposto, requer:

a) Seja o pedido de indenização por danos morais julgado


totalmente improcedente, ante os fundamentos acima expendidos e face as
Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180
Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br
DOUGLAS MOREIRA NUNES
OAB/PR 31190

EMERSON CARLOS DOS SANTOS


OAB/PR 32078

alegações totalmente descabidas da requerente e desprovidas de


comprovação documental;

b) Requer seja oportunizada a produção de todas as provas


em direito admitidas, em especial o depoimento pessoal da autora, sob pena
de confissão, juntada de novos documentos desde que assim exija o
controvertido dos autos;

c) A condenação da requerente ao pagamento das custas e


honorários sucumbências, de acordo com o artigo 85, §2º do Código de
Processo Civil, em no mínimo 10% e no máximo 20% sobre o valor da
condenação;

d) Sejam deferidos os benefícios da assistência judiciária


gratuita, nos termos do art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil.

Termos em que, pede e espera

D E F E R I M E N T O.

Londrina, 08 de outubro 2021.

Douglas Moreira Nunes Aline Cristina de Almeida


OAB/PR 31190 Bacharel em Direito

Rua Serra da Graciosa, 282, Jd. Bandeirantes Londrina - PR CEP 86065-180


Fone: 3348.2626 Fax: 3028.6262 nunesesantosadvs@sercomtel.com.br

Você também pode gostar