Você está na página 1de 14

JUIZO DA 2ª VARA DE FAMILIA DA COMARCA DE CAXIAS DO SUL –RS

EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO

REF.: PROCESSO Nº 5006151-70.2021.821.0010

MARA LÚCIA BIAZUS MOREIRA e ANA PAULA BIAZUS BOEIRA, já

qualificadas nos autos da AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST

MORTEM que lhe move NILCEIA DE FÁTIMA MELO, por seu procurador in fine

assinado, vem à presença de Vossa Excelência, em atenção a r. sentença do evento 94,

requerer a juntada das razões de apelação anexas, dispensadas do preparo face litigarem

ao abrigo da AJG, e após intimação da parte adversa para resposta no prazo legal, haja

o encaminhamento dos autos ao eg. TJRS para o devido processamento do recurso ora

interposto.

Porto Alegre -RS, 31 de janeiro de 2.023

PP. JULIANO FOIATO

OAB/RS 54.623

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

OBJETO: APELAÇÃO

APELANTE: MARA LÚCIA BIAZUS MOREIRA E OUTRA

Cultos Desembargadores

1.- A Apelada ingressou com ação de reconhecimento de união estável post

mortem, alegando que convivia publicamente com o de cujus sob mesmo teto desde

20/09/2016 até 01/02/2021, para que seja assegurado o direito de participar da sucessão e

partilha dos bens do finado Felisberto.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
2. As apelantes contestaram a ação alegando a inexistência de união estável

face inexistir intenção e desejo de constituir família e manter uma relação estável e duradoura,

apontaram para ausência dos requisitos para a declaração da união estável, não passando de

um simples namoro já na terceira idade, tendo o de cujus permitido a permanência da

apelada na mesma residência em meados de 2019 até FEV/2021 até que a apelada adquirisse

terreno e construísse casa na praia.

Neste curto período ocorreu interrupção com a saída da apelada da

residência, anexaram escritura pública onde a apelada se qualifica com estado civil de

DIVORCIADA e não convive em união estável, fato de conhecimento e concordância do de

cujus (10/02/2021), que a apelada não contribuiu para aquisição de nenhum bem particular

do de cujus. Apontaram a impossibilidade da união estável face o de cujus ter sido casado

com a genitora das apelantes e não terem realizado o inventário da finada Maria, o que

impede novo casamento até mencionada solução, certo que, não há distinção entre união

estável e casamento, pugnaram pela declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 2º do

artigo 1723 do CCB.

Devidamente instruído o feito e apresentados memoriais pelas partes,

advém a r. sentença de procedência da ação, conforme segue:

“...DECIDO.

Tendo o feito transcorrido sem que houvesse nulidade ou


irregularidade, bem como na ausência de preliminares, passo ao exame de
mérito.

E, de pronto, incumbe destacar a existência de união estável entre


o de cujus e a autora, uma vez que tal fato foi corroborado pelas testemunhas.

Frise-se que, das seis testemunhas ouvidas, apenas uma delas


informou que desconhecia o relacionamento entre a autora e o de cujus. As
RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR
BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
demais foram uníssonas ao apontar que a autora e Sr. Felisberto residiam juntos,
bem como que ele a apresentava como esposa em todos os locais.

No entanto, entendo que não restou comprovada a união no


período indicado na inicial, qual seja, a partir de 2016, sendo que as testemunhas
informaram o ano de o início 2019 do início da união.

Em decorrência, a procedência da ação, para o efeito de


reconhecer a união estável entre o de cujus e a autora, desde o início de 2019 até
01/03/2021, data do óbito do de cujus, é a medida que impera.

Isso posto, com amparo no art. 487, I, do CPC, JULGO


PROCEDENTE o pedido apresentado na inicial para o efeito
de DECLARAR a existência de união estável entre NILCEIA DE FATIMA
MELO e FELISBERTO BIAZUS NETO no período de o início de 2019 até
01/03/2021, nos termos da fundamentação.

Condeno a parte requerida ao pagamento das custas e honorários


advocatícios, que vão fixados em 10% do valor atualizado da causa, nos termos
do art. 85, §2º, do CPC, garantida a AJG...”

Interpostos embargos de declaração, evento 100, apontando omissão na

análise da prova documental, ausência de análise dos requisitos específicos da união estável

declarada, especificando em qual testemunho calçou sua convicção, entre outras omissões e

contradições elencadas, que tornam o julgado deficiente de fundamentação e prejudicam a

ampla defesa das apelantes, porém, os aclaratórios restaram desacolhidos.

3. Data vênia carece de reforma a v. sentença monocrática que reconhece ter


havido união estável entre o de cujus e apelada, seja pela deficiência de fundamentação e

cerceamento de defesa e/ou pela falta dos requisitos legais para ver reconhecida a união

declarada.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
4- Ainda que tributando enorme respeito a decisão prolatada, busca através

desse a respectiva reforma, objeto do presente recurso, consoante fundamentos a seguir

expostos.

PRELIMINAR DE NULIDADE DA DECISÃO

Com o respeito merecido, entendem de que a decisão recorrida fere de

morte o artigo 93, IX da CF c/c artigo 489, incisos II e III, parágrafos 1º e 3º do CPC, uma

vez que, mesmo com interposição de aclaratórios, não estão presentes os fundamentos

específicos que a nobre julgadora convenceu-se de que houve uma união estável, deixa

de valorar a prova documental e especificar a prova oral, em prejuízo da defesa, além de

não adentrar em outros pontos elencados, inclusive, requisitos do artigo 1723 do CCB e

inconstitucionalidade e/ou inaplicabilidade do parágrafo 2º de citado artigo de lei.

A sentença recorrida julgou procedente a ação com fundamentos

genéricos, passíveis de serem utilizados à qualquer julgamento similar, não enfrenta

todos os argumentos deduzidos pela defesa e capazes de infirmar a conclusão adotada

pela julgadora, o que resta vedado pelos artigos de lei supracitados, enfim, NÃO

fundamenta os pontos levantados na contestação, restando no subjetivo da magistrada

em que testemunho calçou sua decisão.

A prevalência de omissões no julgamento atacado, culmina com a

negativa de prestação jurisdicional positiva e a presença de cerceamento de defesa face

impossibilitar o exercício das razões de recurso em específico, com o cotejo analítico entre

as razões de decidir e a prova dos autos, tornando a questão genérica.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
Desse modo, a ausência de fundamentação na decisão recorrida a torna

NULA, é o que se requer.

5. No mérito em si, consigna o equívoco da r. sentenciante ao acolher o

pedido autoral e declarar a união estável entre de cujus e apelada, uma vez que, a prova

produzida nos autos não ampara os requisitos necessários para referida união, seja pela

AUSÊNCIA de ânimo em constituir família, não existiu continuidade e fidelidade, restando

injusto declarar uma situação fática após o falecimento de uma das partes, justamente e

apenas para participar da partilha dos bens particulares do de cujus, em concorrência com as

filhas, ora apelantes, pois não há interesse em preservar a família enquanto instituição.

6. DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 1.723 CCB

O ônus de comprovar de que teria havido uma união com os contornos dos

requisitos do artigo 1723 do Código Civil era da apelada, que não se desincumbiu a contento,

uma vez que, não há prova nos autos de que a relação dos envolvidos possuía o objetivo de

constituir família (elemento subjetivo), ânimo esse que deveria partir de ambos e não apenas

da apelada e após o falecimento do genitor das apelantes, quando, ao contrário do decidido,

a prova produzida nos autos indica de que o de cujus não mantinha fidelidade para com a

apelada, não compartilhava senhas de bancos e cofre, não havia conta conjunta ou bens em

comum, não havia desejo de terem filhos, não há dependência no INSS.

A prova documental e oral produzida pelas apelantes deixa evidente de que

o de cujus não queria compromisso, teve outras namoradas e apresentava a apelada aos

vizinhos como namorada, além da apelada ter firmado escritura pública mês antes do óbito

(prova contemporânea) atestando seu estado civil de “divorciada” e que não convivia em

união estável, fato de conhecimento do de cujus (procurador), vide evento 47 (Escritura 2).
RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR
BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
Da prova oral produzida pelas apelantes:

O Sr. CARLOS VARGAS era amigo íntimo do de cujus de longa data, motivo

de ter deixado de prestar compromisso, porém, em assuntos tão pessoais e íntimos, deve ser

considerado o seu depoimento (Evento 83, vídeo 4).

Atestou de que o de cujus gostava de viver livre e que não tinha intenção

em constituir nova família com a apelada, além de ter tido outro relacionamento com a Sra.

Nice (vide foto evento 89, Canela -RS) em final de 2019 e ter frequentado “casas noturnas”, o

que denota a ausência de fidelidade, continuidade e objetivo de constituir família.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
A Sra. BELONI LONG (vídeo 2), testemunha das apelantes e vizinha do finado,

comprovou de que o de cujus apresentou a apelada na condição de namorada, que ela

passava na cidade e ele na praia, que a apelada saiu da residência por cerca de 60 dias e após

retornou, também, que os pertences pessoais da falecida genitora das apelantes

permaneciam na residência, deixando comprovado de que inexistia ânimo do de cujus em

constituir família com a apelada e teve interrupção de tempo.

A jurisprudência, em casos similares, não destoa:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL.


AUSENCIA DOS REQUISITOS DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL.
INTEMPESTIVIDADE DO APELO. INOCORRENCIA. Não há falar em
intempestividade do apelo, eis que manejado em tempo hábil, considerando
a interrupção do prazo para interposição de outros recursos ocasionada pelos
embargos de declaração, nos termos do art. 538, caput do CPC. Embargos de
declaração que também não se afiguram intempestivos. Mérito. O Código Civil,
em seu art. 1.723, reconhece como entidade familiar a união estável entre homem
e mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida como objetivo de constituição de família. Tais elementos
caracterizadores da união estável devem ser demonstrados pela parte que
pretende o seu reconhecimento, conforme dicção do art. 333, I, do CPC, e, uma
vez reconhecida, impõe-se examinar os efeitos patrimoniais dela decorrentes.
Caso concreto em que a autora não logrou êxito em demonstrar ter tido com
o de cujus relação estável, contínua, duradoura e com a finalidade de
construir uma família. Relacionamento permeado de idas e vindas, muitas
brigas, inclusive com registros de ocorrências policiais, do que se depreende a
inconstância da relação. Convivência sob o mesmo teto, por curto período, que,
por si só, não é suficiente para caracterizar a existência de união estável.
Sentença de improcedência confirmada. PRELIMINAR REJEITADA. APELO
DESPROVIDO. (Apelação Cível, Nº 70049948284, Sétima Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em: 21-11-2012).
Referência legislativa: CC-1723 DE 2002 CPC-333 INC-I CPC-538; grifei
RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR
BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
Ementa: APELAÇÃO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE
RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. AUSÊNCIA
DOS REQUISITOS ESTATUÍDOS NO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL.
AFFECTIO MARITALIS NÃO DEMONSTRADA. INEXISTÊNCIA DE PROVA DA
COMUNHÃO DE VIDA, PUBLICIDADE E ESTABILIDADE DA RELAÇÃO.
PRECEDENTES. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA QUE RESTA MANTIDA,
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. APELO DESPROVIDO. (Apelação
Cível, Nº 50487736520198210001, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Roberto Arriada Lorea, Julgado em: 26-01-2023) grifei

AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. 1.


POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO MONOCRÁTICO QUANDO EM
CONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO DA CÂMARA. 2. AÇÃO
DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL POST
MORTEM. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVA HÁBIL A COMPROVAR
A OCORRÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL ENTRE O DE CUJUS E A
APELANTE/AUTORA. 2.1. NOS TERMOS DO ART. 1.723 DO
CCB, RECONHECE-SE COMO UNIÃO ESTÁVEL O RELACIONAMENTO
PÚBLICO, CONTÍNUO E DURADOURO, VISANDO À CONSTITUIÇÃO DE UM
NÚCLEO FAMILIAR. 2.2. A UNIÃO ESTÁVEL, POR SER UM FATO COM
REPERCUSSÃO JURÍDICA, EXIGE PROVA PLENA, AO CONTRÁRIO DO
CASAMENTO, QUE É UM ATO JURÍDICO, PRODUZINDO PLENOS EFEITOS
A CONTAR DA CELEBRAÇÃO VÁLIDA. 2.3. NO CASO EM EXAME, A PROVA
DOS AUTOS NÃO AUTORIZA A CONFIGURAÇÃO DO RELACIONAMENTO
MORE UXORIO, TRATANDO-SE DE RELACIONAMENTO AMOROSO QUE
NÃO PASSOU DE NAMORO. 2.4.
ASSIM, AUSENTE A AFFECTIO MARITALIS,
INVIÁVEL RECONHECER A UNIÃO ESTÁVEL, NOS EXATOS TERMOS DA
SENTENÇA. 2.5. SENTENÇA MANTIDA. 3. DECISÃO DA RELATORA
CHANCELADA PELO JULGAMENTO COLEGIADO. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. (Apelação Cível, Nº 50212801620198210001, Sétima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado
em: 31-08-2022). Grifei.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
AGRAVO INTERNO. APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO
DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL CUMULADA
COM PARTILHA DE BENS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. PRETENSÃO
RECURSAL DE REFORMA. INVIABILIDADE, NA ESPÉCIE. AUSÊNCIA
DE AFFECTIO MARITALIS. MANTIDA A DECISÃO MONOCRÁTICA. 1.
Conforme art. 1.021 do CPC, contra decisão proferida pelo relator caberá agravo
interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao
processamento, as regras do regimento interno do tribunal. Caso em que o
julgamento monocrático ocorreu de forma equivalente àquele que ocorreria pelo
Órgão Colegiado inexistindo, portanto, qualquer prejuízo à parte agravante. 2.
O reconhecimento da união estável requer a presença dos caracteres descritos
no artigo 1.723 do Código Civil, isto é, relação investida de publicidade,
durabilidade e estabilidade e com o ânimo de constituir família. Mesmo que
incontroversa a existência de relacionamento afetivo entre as partes, recai
sobre a autora o ônus de comprovar a existência dos elementos
imprescindíveis à caracterização da união estável. Caso concreto em que
a prova coligida aos autos não se afigurou suficiente à demonstração da
presença do elemento subjetivo consistente na intenção de constituir
família (affectio maritalis). Ausente caracterização da união estável, não há
falar em partilha de bens, consequentemente. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. (Agravo Interno, Nº 70085474443, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Vera Lucia Deboni, Julgado em: 23-03-2022).
Grifei.

Não de somenos, impugna o depoimento da informante CAMILA PAVAN

Vídeo 3), por ter ela interesse na causa, ser amiga íntima da procuradora da apelada e não
manter boa relação com a apelante, pugnando que seja desconsiderado seus esclarecimentos

para efeitos de prova da união e objetivo decorrente.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
Certo é que, a apelada passou a residir na residência do de cujus em

decorrência de ter vendido sua casa na cidade de Caxias do Sul para adquirir um terreno na

praia e construir naquele sua residência, de modo que, em meados de 2019 passou a residir

com o de cujus com esse objetivo, porém, em março de 2020 iniciou a pandemia com

isolamento social, o de cujus era pessoa de risco, em FEV/21 a apelada adquiriu o mencionado

terreno na praia em local próximo à casa do falecido Felisberto, porém, em MAR/21 ocorreu

o óbito do genitor das apelantes em decorrência da COVID -19.

Se houvesse realmente objetivo de constituir família e continuar morando

sob mesmo teto, por que a apelada comprou um terreno próximo à casa de praia do de

cujus??? Eles viveriam casa um em sua residência!! A prova é da claridade do relâmpago,


NÃO EXISTIU OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMILIA.

O período de convívio foi cerca de um ano e meio, desses mais de ano foi

durante a pandemia (2020), ainda, final de 2019 a apelada saiu da residência e ficou afastada

por 60 dias, vide testemunho da Sra. Beloni corroborado pela foto do evento 47, OUT6, ou

seja, além da pandemia houveram idas e vindas, não estando comprovado nos autos a união

estável reconhecida pela r. sentença recorrida, razão de pugnar pela respectiva reforma.

Não basta apenas a apelada e de cujus terem resididos sob mesmo teto por

mais que ano para declaração da união estável, pois necessário análise dos outros requisitos

exigidos pela legislação, em especial, objetivo de constituir família (affectio maritalis), que

tenha sido contínua e duradoura, pré-requisitos esses não atendidos pela relação havida

entre as partes envolvidas.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
A relação havida entre a apelada e o de cujus não se revestiu dos requisitos

necessários para a caracterização de uma união estável disciplinada pelo artigo 1.723 do CCB,

razão pela qual a reforma da decisão recorrida é o caminho justo e seguro a ser trilhado.

7. DO IMPEDIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

Embora omissa no ponto, as apelantes reiteram de que há impedimento legal na

união estável pretendida, uma vez que, o de cujus era viúvo de seu casamento que manteve

com a falecida genitora das apelantes (sra. Maria), essa faleceu em 29/03/2016, sem que

tivesse feito o inventário dos bens (evento 30), portanto, aplicável a vedação imposta pelo

artigo 1523, inciso I, do CCB, face a causa suspensiva do de cujus se casar ou contrair união

estável, requerendo que seja afastada a aplicabilidade do parágrafo 2º do artigo 1723 do CCB

e/ou declarado inconstitucional face distinguir o casamento da união estável, quando, de

modo similar, o STF já declarou ser inconstitucional o artigo 1.790 do CCB, é o que se REQUER.

7.1 Necessário, SMJ., que o juízo adentre de como será feita a partilha dos

bens em caso de prevalecer a decisão recorrida, compreendem ser aqui, na via ordinária, a

seara ideal para mencionada discussão, até porquê, a apelada abordou este ponto na inicial.

Destaca que os bens que a apelada pretende partilhar foram adquiridos

apenas pelos genitores das apelantes (particulares), antes mesmo do falecimento da genitora

das peticionárias, sem esforço comum, não devendo a atual legislação retroagir para alterar

o patrimônio de quem escolheu assim proceder há mais de 20 anos. A pessoa é livre para

dispor de seus bens e formar seu próprio patrimônio.

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
A ninguém é licito ser pego de surpresa com legislação posterior que

interfira diretamente no patrimônio privado do cidadão, alterando situação pretérita, sob

pena de ofensa ao ato jurídico perfeito. Inobstante tenha o STF declarado inconstitucional

o artigo 1.790 do CCB, não distinguindo a união estável do casamento, necessário também

que seja declarada inconstitucional o parágrafo 2º do artigo 1723 do mesmo códex, para

possibilitar a aplicação do artigo 1523, inciso I do CCB na situação de suspensão de viúvos

se casarem ou contraírem união estável antes de proceder no inventário dos bens deixados

pela antiga esposa.

Certo é que, os princípios legais que regem a sucessão e a partilha de

bens são distintos, pois a sucessão segue pela legislação ao tempo do óbito enquanto que

a partilha de bens deve se dar de acordo com o regime de bens dos envolvidos e o

ordenamento jurídico vigente ao tempo da aquisição do bem a partilhar, sob pena de

ofensa ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito.

Assim, requer do juízo ad quem que enfrente a questão de como se

dará a partilha dos bens do de cujus no processo de inventário, se aplicável o ordenamento

jurídico ao tempo da aquisição de cada bem ou será pela legislação ao tempo do óbito,

evitando assim conflito nos autos do inventário, com os fundamentos esperados.

8. DA SUCUMBÊNCIA

As apelantes discordam da condenação ao pagamento da sucumbência,

logo, seja por eventual reforma do julgado ou pelo princípio da causalidade, requerem a

reforma pontual para que seja invertido o ônus ou, subsidiariamente, distribuída em 50% para

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br
cada parte, uma vez que, foi a omissão da apelada que deu causa ao litígio, onde as apelantes

são meras representantes do de cujus, não deram causa a situação posta nos autos, assim,

não devem arcar com o ônus da sucumbência.

Ante todo o exposto, propugnam as recorrentes, pelo conhecimento e

provimento do presente recurso, nos termos supracitados, para que ao final reste julgada

improcedente a ação e condenada a apelada ao ônus da sucumbência. Subsidiariamente,

para a partilha dos bens, que seja determinada a aplicação da legislação vigente ao tempo

da aquisição de cada bem a ser partilhado nos autos do inventário.

N.T.P.D.

Porto Alegre -RS, 31 de janeiro de 2.023

PP. JULIANO FOIATO

OAB/RS 54.623

RUA DONA EUGÊNIA, 1.125 – 3º ANDAR


BAIRRO PETRÓPOLIS - PORTO ALEGRE-RS – CEP 90630-150
FONE: (51) 9.80518552
juliano@jjadv.adv.br

Você também pode gostar