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AO DOUTO JUIZO DE DIREITO DA ...

VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA


DE BELO HORIZONTE, ESTADO DE MINAS GERAIS.

JOANA GOÉS, brasileira, solteira, bancária, portadora do RG..., inscrita no CPF n° ...,
residente e domiciliada Rua do bosque n° 275 - apartamento 202, bairro pampulha, Belo
Horizonte MG, CEP ..., por intermédio de seu advogado abaixo assinado, procuração
em anexo, com endereço eletrônico..., e escritório na rua..., bairro..., cidade..., estado...,
CEP ..., onde recebe intimações e notificações, propor:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C


PARTILHA DE BENS.

Em face de MÁRCIA COELHO, brasileira, viúva, engenheira, portadora do RG ...,


inscrita no CPF..., residente e domiciliada, rua..., numero..., bairro..., Betim MG, CEP...,
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I- DOS FATOS

Joana Goés como autora conheceu Márcia Coelho como requerida em janeiro de 2014,
vieram a constituir um relacionamento amoroso em forma de namoro, com a evolução
do tempo e o relacionamento enraizado, começou o convívio mais intimo que resultou
em pernoites constantes na residência, exposição ampla a amigos e familiares e forma
maior a instituição de família com intenção de adotar uma criança.

Durante o convívio em julho de 2016 a requerida comprou e vinculou em seu nome um


apartamento no montante avaliativo de R$: 800.000,00 (oitocentos mil reais),
compactuando com R$: 600.000,00 (seiscentos mil reais) de sua posse e R$: 200.000,00
(duzentos mil reais) partido de conta poupança da autora.

Ocorreu que em 10 de fevereiro de 2018 a requerida rompeu com a autora, alegando que
casaria com uma terceira de nome SILVIA.

A requerida informou no ato, que em um prazo de 15 dias devolveria o valor cedido


pela autora junto de juros e correção, o que ate a presente ação não ocorreu, sobresaindo
além de 15 dias.

Assim na forma da lei a autora vem solicitar seus direitos.


II- DO DIREITO

Baseando-se no art 226 § 3° da CF, o reconhecimento da união estável dar-se como


entidade familiar.

''É reconhecida como entidade familiar a união estável entre homens e mulheres,
configurando convivência pública, continua e duradoura com objetivo de constituir
família' 'Art 1.723 CC.

Pelas afirmações a cima exposta e com a narrativa do tópico dos fatos não existe duvida
na relação firmada de união estável entre autora e requerida, uma vez que preenche os
requisitos, expuseram a vontade de constituir família, principalmente em adotar um
filho, alem de adquirir residência para o convívio.

A constituição de união estável entre pessoas do mesmo sexo é totalmente reconhecida


pela comissão de justiça e o STJ, preiteando o direito desta ação.

Ocorre que a dissolução da união ocorreu em 10 de fevereiro de 2018, sendo quatro


anos e um mês após o início, uma relação de parte duradoura.

Da falta de contrato da união estável o Art 1.725 CC afirma que prevalecerá o regime da
comunhão parcial de bens, sendo assim o imóvel adquirido no valor de R$: 800.000,00
(oitocentos mil reais) deve ser partilhado de forma igualitária em 50% como implica o
Art 1658 CC.

III - DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL

Vejamos a jurisprudência pátria acerca de casos semelhantes:

RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO


ESTÁVEL C.C. PARTILHA DE BENS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.

Reconhecimento e dissolução de união estável c.c. partilha de


bens. Insurgência contra sentença de procedência, determinando
apenas a partilha dos bens móveis amealhados na constância da
união, vez que a união estável foi reconhecida em outro
processo. Requerida não impugnou a existência dos bens móveis
que guarneciam a residência do casal, admitindo que se trata de
bens comuns e, portanto, sujeitos à partilha. Inexistência de
prova de que alguns deles foi adquirido antes da convivência.
Inteligência do art. 1.662 do CC. Sentença mantida. Recurso
desprovido.
Inconformada, a requerida alega que não basta a simples menção
de um dos companheiros acerca dos bens para que eles sejam
passíveis de serem partilhados. Deve haver comprovação
daquilo que se alega, ônus do qual o apelado não se
desincumbiu. Acrescenta que as notas fiscais arroladas não
dizem respeito os bens elencados, e que não está na posse dos
objetos mencionados a fl. 3 dos autos.

Pugna pela reforma da sentença guerreada, julgando a ação


improcedente.

Contrarrazões a fls. 177/180.

Oposição ao julgamento virtual (fl. 186).

É o relatório.

A apelante requer a improcedência do pedido de partilha, sob o


fundamento de que o varão não apresentou prova cabal da
existência dos bens arrolados a fl. 3.

Por certo, foram juntadas aos autos diversas notas fiscais que
demonstram a aquisição de bens na constância da união, alguns
dos quais integram a lista trazida na inicial (fls.
115/118;125/126;131). Para os demais, é certo que uns estão
apenas arrolados, enquanto a aquisição de outros foi
suficientemente demonstrada por meio de documentos (fls.
112/114;119/124;127/130;132/133).

Ora, quanto aos bens móveis que guarnecem a residência do


casal, cumpre observar que o artigo 1.662 do Código Civil de
2002 determina que, na vigência do regime da comunhão parcial
de bens,
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“presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens


móveis, quando não se provar que o foram em data anterior”.

Em comentário a este artigo, ensinam Gustavo Tepedino,


Heloisa Helena Barbosa e Maria Celina Bodin de Moraes:

“A aquisição de bens móveis (arts. 82-83), diferentemente dos


bens imóveis, é de mais difícil comprovação, tendo em vista as
formalidades da escritura pública e do registro de imóveis (art.
108). Por isso, na dúvida quanto à data de aquisição do bem
imóvel, o legislador presumiu que tenha ocorrido na constância
do matrimônio, e, portanto, integra o patrimônio
comum. Caberá ao cônjuge interessado, inclusive perante
terceiro, provar o contrário através dos meios permitidos ou
não vedados por lei (art. 212), pois ausente a prova, deve
haver partilha dos mencionados bens (TJMG, 2ª C. C., Ap.
Cív. Nº 1.0051.04.009518-7/001, Rel. Des. Caetano Levi Lopes,
julg. 24.05.2005). Essa presunção, de acordo com Jeferson
Carús Guedes, 'veio suprir o absurdo de terem os cônjuges que
enumerar todos os bens que possuíam ao casar. Assim, a prova
só será feita quando um dos cônjuges quiser demonstrar o
contrário' (Comentários, vol. XV, p. 135). Em sentido diverso,
Caio Mário da Silva Pereira defende a 'necessidade de o pacto
antenupcial descrever minuciosamente
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os bens móveis, sob pena de se reputarem comuns' (Instituições,


V, pp.217-218).” (“Código Civil Interpretado Volume IV”. Rio
de Janeiro: Renovar, 2014, p. 310.) ( grifei )

Ainda que exija prova, a recorrente não nega a existência dos


bens. Pelo contrário, esclarece que “fora deixado a cargo da
requerida a retirada de pertences da residência, no passado,
incomum, agindo assim em seu devido direito a peticionante.”
(fl. 92) Da mesma forma, diz que não agiu em desconformidade
com a lei, por se tratar de patrimônio comum: “Fato que os bens
elencados remotamente são todos de natureza comum,
pertencentes a ambos, motivo o qual não denota a sua imediata
devolução por vontade alheia.” (fl. 96)

Como bem decidiu a sentença guerreada, “a requerida não


impugnou a existência de tais bens e tampouco que foram
adquiridos durante a união estável, razão pela qual tais fatos
presumem-se verdadeiros.” (fl. 158)

Assim, é de rigor a manutenção da sentença pelos seus próprios


e jurídicos fundamentos, além daqueles aqui declinados.

Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.


Diante da sucumbência, majoro os honorários advocatícios
devidos aos patronos do apelado para 15% do valor atualizado
da causa.
J. B. PAULA LIMA - RELATOR

Apelação Cível nº 1039964-50.2018.8.26.0002


Comarca: São Paulo (3ª Vara da Família e Sucessões
Foro Regional de Santo Amaro)

IV- DOS PEDIDOS

a) seja a presente ação julgada totalmente procedente para:

1- reconhecer a união estável da autora e requerida durante a data exposta, bem como
a dissolução em 10/02/2018.

2- partilhar o valor do imóvel em face de 50% de seu valor total, imóvel este em nome
da requerida.

3- seja recepcionado as custas recolhidas em GRU (em anexo)

4- intimação da requerida para audiência de conciliação

5- a produção de todos os meios de prova admitidas em direito.

6- a condenação da requerida a pagamento das custas processuais.

Dar-se à causa o valor de R$: 800.000,00 (oitocentos mil reais)

Nestes termos, pede e espera deferimento.

LOCAL:

DATA:

ADVOGADO/OAB:

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