Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2023.0000605240
ACÓRDÃO
réu Cleiton possui sobre os imóveis e não a parte cabente à apelante” (fl. 422).
Argumenta que “fato incontroverso, reconhecido sem qualquer meio de coação, que houve
a prática de conduta definida como crime, sendo certo que o esposo da apelada, que
inclusive movimentava suas contas bancárias, adquiriu bem móvel para sua residência, e
tal fato é suficiente para afastar a impenhorabilidade do bem de família, nos termos do
artigo 3º, inciso VI, primeira parte, da Lei nº 8.009/90” (fls. 423/424). Forte nessas
premissas, propugna pela reforma integral da sentença, a fim de que seja dado provimento
ao recurso para julgar improcedente a ação.
É o relatório.
seguintes metragens, divisas e confrontações: com a frente para a Rua 03 e mede 9,00m,
do lado direito de quem da Rua olha para o terreno, divisa com o lote 23 e mede 20,00 m,
do lado esquerdo divisa com o lote 21 e mede 20,00 e nos fundos divisa com os lotes 47 e
48 e mede 9,00 terreno esse correspondente ao lote nº 22, da quadra 321, do referido
loteamento. Cadastro municipal: 32122 (I. 22-Q 321), matriculado no CRI desta Comarca
sob nº 18.986. Terreno este que consta como pertencente ao patrimônio do executado e do
qual a embargante é detentora da meação, conforme se depreende do incluso contrato de
compromisso particular de compra e venda, datado de 29/07/2016” (fls. 3/5 e doc. fl. 36).
Verbera que “sua meação corre sério risco e não é de direito o arresto e conversão em
penhora da totalidade dos bens” (fl. 6). Argumenta que “com o advento da Lei nº 8.009 de
29 de março de 1990, o imóvel residencial próprio, quando o único do casal, tornou-se
impenhorável por qualquer tipo de dívida civil, dentre outras, desde que o devedor seja
seu proprietário e nele a família resida” (fl. 7). Alega que “o bem penhorado, como se
denota do Auto de Penhora ora juntado, se trata, na matrícula, de um terreno, todavia, ali
está fincada, como se demonstra pelas inclusas fotografias, a residência do casal, sendo
este único imóvel que possui. Junta fotografias porque a construção sequer está constando
na Prefeitura Municipal e sequer averbada na matrícula. Denota-se da exordial que a
embargada/exequente dá o endereço do executado como sendo a Rua Placídio Gonçalves,
nº 220, exatamente o bem penhorado (arrestado), sendo público e notório naquela
pequena cidade que realmente o imóvel é residência da Embargante”, portanto,
impenhorável (fls. 8/13).
Como bem observado pelo juízo a quo: “observa-se que não houve, nestes
autos, a comprovação acerca do emprego de eventuais meios ilícitos para a aquisição do
imóvel com a anuência da embargante, o que não obsta, todavia, eventual discussão da
matéria na seara criminal, bem como eventual decretação, em tal sede, da perda dos bens
adquiridos com o proveito auferido com a prática do ato criminoso. Desse modo, limitando-
se o exame aos limites desta lide civil, em face da comprovação do uso do imóvel para fins
de moradia pelo núcleo familiar, é forçoso reconhecimento da existência de direitos
incompatíveis com o ato de constrição, na forma do art.1º da Lei n. 8.009/90 (...)”
Relator