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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
ACÓRDÃO REGISTRADO(A) SOB N°

*02464471*
Vistos, relatados e discutidos estes autos de

APELAÇÃO CÍVEL SEM REVISÃO n° 323.857-4/0-00, da Comarca de

SÃO PAULO, em que são apelantes CARLOS ALBERTO BAPTISTAO e

OUTRA sendo apelados ESPÓLIOS de NEYDE CALIXTO RIOS e

WALDOMIRO DOS RIOS e OUTROS:

ACORDAM, em Primeira Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a

seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de

conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores ELLIOT AKEL (Presidente), PAULO EDUARDO

RAZUK.

São Paulo, 2 8 de julho de 2 009.

LUIZ y^TaWS^JEy GODOY


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO N° 16235
APELAÇÃO N° 323.857.4/0 - São Paulo
APELANTES Carlos Alberto Baptistão e Irani Aparecida Camilo
Baptistão
APELADOS Espólio de Neide Calixto Rios, espólio de Waldomiro
dos Rios, Sônia Regina dos Rios da Silva, Donizeti Aparecido da
Silva e Sérgio dos Rios

ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - Morte


dos proprietários do imóvel em discussão -
Transferência deste pela inventariante -
Pagamento integral do preço verificado -
Ausência de notícia do encerramento do
arrolamento - Legitimidade passiva dos
espólios dos proprietários do imóvel em
discussão verificada - Obrigação de outorgar
escritura definitiva do imóvel que é do espólio e
não dos herdeiros - Presente demanda que é
apta a proteger o interesse substancial dos
autores - Extinção afastada - Regular
prosseguimento do feito determinado - Recurso
provido.

Trata-se de apelação da sentença de fls. 208/210, em que foi julgada


extinta ação de adjudicação compulsória ajuizada por Carlos Alberto Baptistão e
Irani Aparecida Camilo Baptistão contra espólio de Neide Calixto Rios, espólio de
Waldomiro dos Rios, Sônia Regina dos Rios da Silva, Donizeti Aparecido da Silva e
Sérgio dos Rios, nos termos do disposto nos arts. 267, I, e 295, III, do Código de
Processo Civil. Inconformados, apelaram os autores, sustentando que, apesar de
terem quitado integralmente o preço ajustado, não lhes teriam sido outorgad/ a
escritura definitiva do imóvel. Pleitearam, assim, o afastamento da extinção. Po/fímf
pretenderam o prequestionamento dos arts. 267, I, 295, III, 296, 639 a^D^/aa,
Código de Processo Civil, e dos arts. 11 e 16, do Decreto-lei n° 58/37, art. ZfL^raLíei

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n° 6.766/79, e art. 5o, XXXV, da Constituição Federal. Foram os autos remetidos a


este Tribunal.
É o relatório, adotado, quanto ao restante, o da sentença apelada.
Segundo se constata a fls. 12/14, Sônia Regina dos Rios da Silva e
Pascoal Costa Santa Rosa celebraram contrato particular de compromisso de compra
e venda do imóvel matriculado sob n° 48.059 (9o Cartório de Registro de Imóveis de
São Paulo), que foi devidamente quitado (fls. 15).
Em 20 de maio de 1992, Pascoal Costa Santa Rosa, pelo "Instrumento
Particular de Compromisso de Venda e Compra e Seção de Direitos" (sic - fls. 42),
cedeu os direitos sobre o imóvel em discussão a Amador Faria Evangelista e Iracema
Assunção Evangelista, que, por sua vez, transferiram tais direitos aos requerentes
(fls. 43/45), que efetuaram o pagamento integral do preço ajustado.
Assim, pretendendo a outorga de escritura definitiva do imóvel em
discussão, Amador Faria Evangelista e Iracema Assunção Evangelista, representado
pelo autor Carlos Alberto Baptistão, propuseram "Alvará Judicial" (fls. 92), em
apenso aos autos de arrolamento dos bens deixados por Neide Calixto dos Rios e
Waldomiro dos Rios. Entretanto, diante do indeferimento do pedido de alvará (fls.
151/155), ajuizaram os apelantes a presente demanda para que sejam a eles
adjudicado referido imóvel.
Conforme se verifica a fls. 46/47, seriam titulares do domínio do
imóvel, adquirido pelos apelantes, Neide Calixto dos Rios e Waldomiro dos Rios, já
falecidos. Tendo Sônia Regina dos Rios da Silva, na qualidade de inventariante,
transferido o imóvel a Pascoal Costa Santa Rosa, de quem recebeu o pagamento
integral do preço, e não havendo notícia acerca do encerramento do arrolamento
(com a partilha do direito de crédito), os espólios dos proprietários do imóvel sãp,
partes legítimas para figurar no polo passivo da demanda. //
Isso porque a obrigação de outorgar escritura definitiva do imóvel é,
do espólio e não dos herdeiros, sendo, até mesmo, desnecessária a citaçq(o/destóy
Como lembra Theotônio Negrão, ao analisar os termos do art. 12, V, do Góáfgo/ae

Apelação n" 323.85 7.4/0 - São Paulo - Voto 16235 [/

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Processo Civil, "MO curso do inventário e enquanto não realizada a partilha, a ação
que teria de ser movida contra o autor da herança, em vida deste, deve ser proposta
contra o seu espólio, e não contra os herdeiros (RT 597/55, 711/105, JTJ 158/174,
206/19)" (Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, São Paulo,
Saraiva, 2008, pág. 136, art. 12:17b).
Como explica Vicente Greco Filho, o interesse processual "é uma
relação de necessidade e uma relação de adequação, porque é inútil a provocação
da tutela jurisdicional se ela, em tese, não for apta a produzir a correção da lesão
argüida na inicial. Haverá, pois, falta de interesse processual se, descrita
determinada situação jurídica, a providência pleiteada não for adequada a essa
situação'" (Direito Processual Civil Brasileiro, São Paulo, Saraiva, 1994, vol. I, pág.
81). Diante das considerações expostas acima, não há de falar-se que "o caminho
para a solução do problema é outro" (fls. 210), pois a presente demanda é apta a
proteger o interesse substancial dos autores.
Em apoio à sua pretensão podem ser lembrados os seguintes
precedentes:
"Adjudicação compulsória. Litisconsórcio. Cedentes. 1. Na
ação de adjudicação compulsória é desnecessária a presença dos cedentes
como litisconsortes, sendo corretamente ajuizada a ação contra o promitente
vendedor. 2. Recurso especial conhecido e provido" (REsp. n° 648.468 - SP,
3 a Turma do Superior Tribunal de Justiça, v. un., Rei. Min. Carlos Alberto
Menezes Direito, em 14/12/06, DJ de 23/4/07, pág. 255).
"ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - Legitimação do
cessionário, para ajuizá-la, diretamente, contra o promitente vendedor,
independente da presença do cedente - Situação em que nem o compromis^
nem a cessão estão registrados - Ausência de risco de quebra de princí
continuidade registraria - Extinção do processo, com indeferimento da
afastada - Recurso provido" (Apelação Cível n° 23.048-4 - São Bern

Apelação n"323.857.4/0 - São Paulo - Voto 16235

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Campo, 10a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de


São Paulo, v. un., Rei. Des. Quaglia Barbosa, em 27/1/98).
"COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - Adjudicação
compulsória - Carência de ação - A adjudicação compulsória é ação que se
reveste de características especiais e pertine ao compromissário-comprador,
ou ao cessionário de seus direitos à aquisição, ajuizada com relação ao titular
do domínio do imóvel que tenha prometido vendê-lo através de contrato de
compromisso de compra e venda e se omitiu quanto à escritura definitiva,
tendente ao suprimento judicial dessa outorga, mediante sentença constitutiva
com a mesma eficácia do ato não praticado - Como a adjudicação
compulsória é ação que compete ao compromissário comprador contra o
dominus, objetivando transferência do domínio, e o "instrumento do contrato"
apresentado não obedece ao modelo legal, forçoso é reconhecer-se a carência
de ação ante a impossibilidade do pedido" (Apelação Cível n. 263.768-2 -
Tupi Paulista, 5a Câmara Civil de Férias do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo, v. un., Rei. Des. Brenno Marcondes, em 15/8/95)
Não se sustenta, portanto, a sentença, razão pela qual se dá
provimento à apelação interposta para afastar a extinção, devendo o feito ter regular
prosseguimento.
Dá-se provimento ao recurso.

Lyiia ANVONIJ^E GODOY

Apelação n" 323.857.4/0 - São Paulo - Voto 16235

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