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Acórdão

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 12ª CÂMARA CÍVEL -


PROJUDI RUA MAUÁ, 920 - ALTO DA GLORIA - Curitiba/PR - CEP:
80.030-901 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº XXXXX-
52.2020.8.16.0000, DA 2ª VARA DESCENTRALIZADA DE
PINHEIRINHO - VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DE CURITIBA
AGRAVANTES : ANTONIO CARLOS BORA E ISABEL BORA
AGRAVADA : ROSÂNGELA BORA DOS SANTOS (INVENTARIANTE)
INTERESSADOS: GOVERNO DO PARANÁ - SECRETARIA DE
ESTADO DA FAZENDA E OUTROS RELATORA : DESª IVANISE
MARIA TRATZ MARTINS PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO EM SEDE DE INVENTÁRIO. FIXAÇÃO DE
ALUGUERES POR USO EXCLUSIVO DE BEM IMÓVEL.
POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.319 DO CÓDIGO CIVIL.
ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FRUIÇÃO DOS DEMAIS HERDEIROS
POR OPÇÃO PRÓPRIA. DESCABIMENTO. IMÓVEL RESIDENCIAL
QUE INVIABILIZA UTILIZAÇÃO CONCOMITANTE DOS SEIS
HERDEIROS, FILHOS DO FALECIDO CASAL. PAGAMENTO DE
ALUGUERES PORPORCIONAIS ÀS QUOTAS PARTES DOS
HERDEIROS QUE NÃO USUFRUEM. CABIMENTO. PRECEDENTES
DO STJ. DESNECESSIDADE DE AJUIZAMENTO DE DEMANDA
PRÓPRIA PERANTE O JUÍZO CIVEL. NÃO VERIFICAÇÃO DE
QUESTÃO DE ALTA INDAGAÇÃO. JUÍZO DO INVENTÁRIO
COMPETENTE PARA APRECIAÇÃO DO PEDIDO. QUESTÃO
ATINENTE AO PRÓPRIO INVENTÁRIO E INEXISTÊNCIA DE
COMPLEXIDADE. 1. A herança enquanto universalidade de bens enseja
a formação de condomínio até que ultimada a partilha, com a destinação
a cada herdeiro de seu respectivo quinhão hereditário. 2. Deste modo,
tendo a parte alegado o uso exclusivo de bem que compõe o acervo
hereditário do por um dos herdeiros e requerido o arbitramento de
aluguel,de cujus incumbe a apreciação do pedido pelo juízo do
inventário, por não se tratar de questão de alta indagação. 3. Nos termos
do artigo 612 do Código de Processo Civil, a luz do princípio da
universalidade, o juízo do inventário deve decidir as questões de fato e
de direito atinentes à herança, inexistindo complexidade na avaliação do
valor do bem, ou mesmo respectivos locatícios, que inclusive é o
fundamento do Inventário. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento
sob nº , em que figuram, como Agravantes XXXXX-
52.2020.8.16.0000 ANTONIO CARLOS BORA E ISABEL BORA e como
Agravada ROSÂNGELA BORA DOS SANTOS. I – RELATÓRIO Trata-se
de Agravo de Instrumento interposto por ANTONIO CARLOS BORA E
ISABEL BORA impugnando decisão de mov. 160.1, que, nos autos de
Inventário sob nº , deferiu o pedido da Inventariante nos seguintes
termos que interessam:XXXXX-60.2015.8.16.0191 '“3.2. Quanto ao
aluguel, cumpre assinalar que, com o falecimento dos proprietários, o
bem passa a compor o acervo hereditário, permanecendo em
condomínio indiviso entre todos os herdeiros. Nos termos do parágrafo
único do art. 1.791 do Código Civil, ‘Até a partilha, o direito dos co-
herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e
regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio’. Conforme o art.
1.319 do mesmo diploma legal: ‘Cada condômino responde aos outros
pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que lhe causou’. Portanto,
no caso dos autos, a questão não carece de maior instrução, uma vez que
o imóvel em questão se localiza na Rua Ricardo Gasparian Machado,
1513, Pinheirinho (mov. 1.10, 1.11 e1.12) e os herdeiros Antonio Carlos,
Isabel e Sandra foram citados em tal endereço (mov. 69.1,70.1 e 77.1),
enquanto os sucessores Rosangela, Denise e Mariluce residem em outros
endereços (mov. 1.6, 49.1 e 55.2). Ou seja, os herdeiros Antonio Carlos,
Isabel e Sandra Maria são ocupantes exclusivos do imóvel inventariado,
o que torna devido o pagamento de alugueis aos herdeiros aos quais não
aproveita diretamente o uso do bem. (...) Deste modo, defiro o pedido de
arbitramento de alugueres a serem pagos pelos Srs. Antonio Carlos,
Isabel e Sandra em favor da herdeira Sra. Rosangela. 3.2.1. Para a
fixação do valor do aluguel, intimem-se os sucessores Antonio Carlos,
Isabel, Sandra e Rosangela para que apresentem 2 (duas) avaliações
para aluguel de tal imóvel, feitas por imobiliária, ou, na impossibilidade,
2 (dois) anúncios de aluguel de outro imóvel com a mesma metragem na
mesma localidade, no prazo de 15 (quinze) dias. 3.2.2. Cumprida
integralmente a determinação , voltem conclusos para arbitramento do
valorsupra do aluguel, com anotação de urgência."Irresignados os
herdeiros recorrem.ANTONIO CARLOS BORA E ISABEL BORA Narram
que após o falecimento dos genitores, três dos cinco herdeiros
permaneceram residindo no único imóvel a inventariar. E que a
inventariante então pediu o arbitramento de alugueres, obtendo o
deferimento, com o que não concordam. Isto porque desde a aquisição
do imóvel pelos genitores os três herdeiros lá residem, cada um em uma
casa por si edificada, a partir dos próprios recursos e esforços. Com
relação a Antonio, reside num “barraco de aproximadamente 4,00m2,
caindo aos pedaços, já que o mesmo é coletor de material reciclável
(carrinheiro)”. A herdeira Isabel, a seu turno, reside no imóvel desde seu
nascimento, assim como as outras duas herdeiras antes de se casarem e
saírem, por suas próprias vontades, do bem. Que a situação em tela
demanda questão de alta indagação, que não pode ser ventilada nos
autos de Inventário, especialmente por demandar avaliação oficial
acerca do valor locatício, devendo ser aplicado o art. 612 do CPC quanto
à aplicação dos meios ordinários para dirimir a questão. Pedem efeito
suspensivo, com a imediata suspensão da decisão agravada, e final
provimento do recurso, remetendo a questão à via própria. Recebido o
recurso, o Eminente Relator Convocado deferiu parcialmente o efeito
suspensivo, no que tange à ordem de pagamento de alugueres, até
julgamento do Agravo (mov. 5.1-TJ). Intimada, a Inventariante
ROSÂNGELA BORA DOS SANTOS apresentou suas contrarrazões.
Inicialmente perfaz correção na peça recursal, asseverando que se
tratam de 6 (seis) herdeiros, e não 5 (cinco). Assim o único imóvel
deixado pelo casal falecido é ocupado atualmente por três dos seis filhos,
o que torna devido o pagamento de alugueis aos herdeiros aos quais não
aproveita diretamente o uso do bem. Ademais, como asseverado pelo r.
magistrado, a questão é simples e não demanda instrução. Que os
herdeiros usufruem sozinhos do bem e impedem aos demais a fruição de
seu quinhão, sem qualquer pressa na partilha. Que os ocupantes sequer
concordam com o pedido de Alvará Judicial para alienação, e não detém
qualquer ônus, somente benefícios, protelando o feito. Destaca ainda
que a Inventariante, ao contrário dos demais, já comprovou inclusive o
recolhimento de sua quota de ITCMD. Reitera a manutenção da decisão.
É o relatório. II – FUNDAMENTAÇÃO Presentes os requisitos de
admissibilidade da espécie, conheço do recurso. Insurgem-se os
recorrentes em face da decisão que deferiu, a pedido da herdeira
Inventariante, a fixação de alugueres pelo uso do único imóvel a
inventariar, deixado pelo casal, a seis filhos. Em suma, alegam os
Agravantes que sempre residiram no bem, desde a aquisição pelos
genitores, e que as demais herdeiras de lá saíram por opção. E que no
terreno cada um dos herdeiros possui sua própria casa, construída com
recursos próprios, pelo que a questão demanda instrução, para correta
avaliação do valor de aluguel. O recurso não prospera. Contraditório,
para dizer o mínimo, o argumento de que não devem pagar aluguel
porque os demais herdeiros pararam de residir no imóvel dos pais
porque quiseram. E, após, pedir a remessa do pedido à via própria, a fim
de perquirir o valor devido de alugueis. Ora, cediço que, falecidos os
genitores, como decorrência do princípio da o acervosaisine, hereditário
passa de imediato aos sucessores. In casu, os seis filhos passaram a deter
o patrimônio em condomínio. Contudo, somente três deles usufruem,
sem qualquer ônus, em detrimento dos demais. Assim, patente o
cabimento do ressarcimento àqueles que não desfrutam de seu
patrimônio, por meio da fixação de alugueres correspondentes às quotas
partes. Esta a dicção do art. 1.319 do Código Civil: “Art. 1.319. Cada
condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e
pelo dano que lhe causou.” Sobre o condomínio em comento, a definição
de VENOSA: “A indivisibilidade de bem hereditário, quando ausente o
testamento, estabelece o condomínio.”[1] E quanto à possibilidade ora
discutida, e que foi efetivamente deferida na decisão agravada, oportuna
a doutrina de Carlos Roberto Gonçalves “Cada condômino responde aos
outros ‘pelos frutos que percebeu da coisa comum e pelo dano que lhe
causou’ ( CC, art. 1.319). Assim, se o imóvel é urbano e estiver ocupado
por um dos condôminos, podem os demais exigir-lhe pagamento de
quantia mensal correspondente ao valor locativo.”[2] Neste sentido a
jurisprudência do STJ: “AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. INVENTÁRIO. IMÓVEL. UTILIZAÇÃO EXCLUSIVA.
ALUGUEIS. POSSIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.
SÚMULAS N. 282 DO STF E 211 DO STJ. JULGAMENTO EXTRA
PETITA. NÃO OCORRÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA
N. 284 DO STF. NÃO PROVIMENTO. 1. Em princípio, é possível a
fixação de aluguéis pela utilização de bem deixado pelo autor da herança
exclusivamente por um dos herdeiros. 2. As questões não decididas pelo
Tribunal de origem não podem ser examinadas no Superior Tribunal de
Justiça, haja vista o disposto nos verbetes n. 282 da Súmula do STF e 211
do STJ. 3. Se o Tribunal de origem decide a questão que lhe foi proposta,
é incompreensível a alegação de que houve julgamento ultra ou extra
petita. Incidência do enunciado n. 284 da Súmula do STF. 4. Agravo
interno a que se nega provimento.” ( AgInt no AREsp XXXXX/RS, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
21/02/2017, DJe 10/03/2017) “RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL.
SUCESSÃO. INVENTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL DOS ALUGUÉIS
AUFERIDOS DE IMÓVEL DO ESPÓLIO. CONCORRÊNCIA DE IRMÃO
BILATERAL COM IRMÃS UNILATERAIS. INTELIGÊNCIA DO
ART. 1.841 DO CÓDIGO CIVIL. 1. Controvérsia acerca do percentual da
herança cabível em favor das irmãs unilaterais no inventário do"de
cujus", que também deixou um irmão bilateral a quem indicara em
testamento como herdeiro único. 2. Discussão judicial acerca da
validade do testamento. 3. Possibilidade de o irmão bilateral levantar a
parte incontroversa dos aluguéis do imóvel deixado pelo"de cujus". 4.
Necessidade, porém, de depósito judicial da parcela controvertida. 5.
Cálculo do valor a ser depositado em conformidade com o disposto no
art. 1841 do Código Civil ("Concorrendo à herança do falecido irmãos
bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do
que cada um daqueles herdar"). 6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.”
( REsp XXXXX/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 19/09/2013, DJe 24/09/2013) “CIVIL
E PROCESSUAL CIVIL. INVENTÁRIO. JUÍZO UNIVERSAL.
ART. 984, CPC. AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE COBRANÇA DE
ALUGUEL POR UM HERDEIRO CONTRA OUTRO. FALTA DE
INTERESSE PROCESSUAL. INVENTÁRIO EM TRAMITAÇÃO.
RECURSO DESACOLHIDO. I – As questões de fato e de direito
atinentes à herança devem ser resolvidas pelo juízo do inventário, salvo
as exceções previstas em lei, como as matérias de"alta
indagação"referidas no art. 984, CPC, e as ações reais imobiliários ou as
em que o espólio for autor. Com essas ressalvas, o foro sucessório
assume caráter universal, tal como o juízo falimentar, devendo nele ser
solucionadas as pendências entre os herdeiros. II – O ajuizamento de
ação de rito ordinário, por um herdeiro contra o outro, cobrando o
aluguel pelo tempo de ocupação de um dos bens deixados em testamento
pelo falecido, contraria o princípio da universalidade do juízo do
inventário, afirmada no art. 984 do Código de Processo Civil, uma vez
não se tratar de questão a demandar"alta indagação"ou a depender
de"outras provas", mas de matéria típica do inventário, que, como
cediço, é o procedimento apropriado para proceder–se à relação,
descrição e avaliação dos bens deixados pelo falecido. III – Eventual
crédito da herdeira pelo uso privativo da propriedade comum deve ser
aventado nos autos do inventário, para compensar–se na posterior
partilha do patrimônio líquido do espólio. O ajuizamento de ação
autônoma para esse fim não tem necessidade para o autor, que se vê,
assim, sem interesse de agir, uma das condições da ação, que se perfaz
com a conjugação da utilidade e da necessidade. IV – Sem
prequestionamento, não se instaura a via do recurso especial.” ( REsp
XXXXX/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2001, DJ 10/09/2001, p. 392)
Assim que, sendo o imóvel residencial, o que inviabiliza, de plano, a
utilização em condomínio por todos os demais herdeiros, não há guarida
ao argumento de que os demais herdeiros optaram por não usufruir de
seu patrimônio. A natureza e a finalidade do bem imóvel em tela, por si,
qual seja, residencial, já o impede. Destarte, havendo conflitos de
interesses entre herdeiros, sendo incontroversa a fruição unilateral do
bem que compõe o acervo inventariado, não há fundamento para não se
acolher o pedido do herdeiro, quanto ao pagamento de alugueres
referentes a sua quota parte. Além disso, tudo transcorre na origem sob
o crivo do contraditório, inclusive quanto às avaliações a serem levadas à
apreciação do julgador. No mais, cediço que a questão não demanda
dilação em vias ordinárias, se tratando de matéria atinente ao
Inventário: “Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde
que os fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo
para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas.”
Como dito, juridicamente, a herança se transmite no próprio momento
da morte aos herdeiros legítimos, de modo que estes já são investidos na
posição de titulares dos bens, nos termos do art. 1784 do Código Civil .
[3] Desta forma, não tendo sido homologada a partilha dos bens, as
questões atinentes à herança devem ser resolvidas pelo Juízo do
inventário, à luz do princípio da universalidade firmado no dispositivo
legal supracitado. É o entendimento jurisprudencial, de longa data:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
IMÓVEL. ALUGUEL. COBRANÇA. ENTRE HERDEIROS. ACORDO
ENTABULADO ENTRE AS PARTES. JUÍZO DO INVENTÁRIO.
COMPETENTE. QUESTÃO ATINENTE AO PRÓPRIO INVENTÁRIO.
COMPLEXIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. Verificado que houve acordo
entabulado entre as partes no sentido do pagamento de aluguel do
imóvel em que ocupa o outro herdeiro, no próprio juízo que tramita o
inventário, não há que falar em sua incompetência para determinar o
cumprimento dessa decisão. 2. Tratando de questão atinente ao próprio
inventário e não havendo complexidade, impõe-se a competência do
Juízo do Inventário para discutir e decidir a causa, prosseguindo com o
cumprimento da decisão, conforme preceitua o art. 984 do CPC. 3.
Agravo conhecido e provido.” (TJ DF - 20160020065680AGI – 3ª
Turma Cível – Relatora: Ana Catarina. Publicado em 25/05/2016)
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA FIRMADA PELA HERDEIRA
REPRESENTANTE DO ESPÓLIO. CONCESSÃO. INVENTÁRIO EM
TRAMITAÇÃO. COBRANÇA DE ALUGUÉIS E COMPENSAÇÃO DE
VALORES RECEBIDOS PELA VENDA DE BEM INVENTARIADO. NÃO
HOMOLOGAÇÃO DA PARTILHA. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DO INVENTÁRIO. (...) À luz do princípio da
universalidade firmado no artigo 984 do Código de Processo Civil, não
tendo sido homologada a partilha dos bens e distribuído o patrimônio
deixado pelo falecido, todas as questões de fato e de direito ,
notadamente quando aatinentes à herança devem ser resolvidas pelo
Juízo de Sucessões controvérsia suscitada pelo espólio cinge-se ao
arbitramento de aluguéis e à compensação de valores quanto à venda de
bens inventariados. 3) Recurso parcialmente provido. Unânime.” (TJ DF
- 20120020288672AGI – 3ª Turma Cível – Relator: Otávio Augusto.
Publicado em 04/09/2013) “CONFLITO DE COMPETÊNCIA.AÇÃO DE
ARBITRAMENTO DE ALUGUEL. UTILIZAÇÃO EXCLUSIVA DO BEM
POR HERDEIRO. PROCESSO DE INVENTÁRIO EM CURSO. JUÍZO
UNIVERSAL. As questões de fato e de direito devem ser resolvidas pelo
juízo , nosdo inventário, salvo as exceções previstas em lei, como as
matérias de alta indagação termos do artigo 984 do CPC. Pretensão de
arbitramento de aluguel que não se insere como de alta indagação para
afastar a competência do juízo universal. Precedentes do E. TJRJ e do E.
STJ. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do
juízo suscitante.” (TJ RJ - CC XXXXX20148190000 – 12ª Câmara Cível
– Relator: CHERUBIN SCHWARTZ. Publicado em 26/09/2014)
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - FIXAÇÃO E COBRANÇA DE
ALUGUEL - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DO INVENTÁRIO - QUESTÃO
QUE NÃO SE MOSTRA DE ALTA INDAGAÇÃO - MATÉRIA DE
DIREITO ATINENTES À HERANÇA DEVEM SER RESOLVIDAS PELO
- MEROS CÁLCULOS ARITMÉTICOS - DESNECESSIDADE DEJUÍZO
DO INVENTÁRIO AÇÃO PRÓPRIA - RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.” (TJPR - 12ª C.Cível - AI - 817881-2 - Curitiba - Rel.: Antonio
Loyola Vieira - Unânime - J. 07.03.2012) Não se pode afirmar que se a
questão demanda alta indagação, ou dilação probatória que autorizaria a
alteração de competência do juízo, tratando-se de matéria de
procedimento de inventário, que,típica portanto, deve ser dirimida nos
próprios autos, eis que não se verificam presentes as exceções legais.
Portanto, uma vez que se sabe que a demanda de inventário é o
procedimento apropriado para proceder–se à relação, descrição e
avaliação dos bens deixados pelo falecido, de todo incoerente remeter o
feito a pretexto de correta avaliação dos alugueres às vias ordinárias.
Sendo patente, conforme a ampla jurisprudência citada, a competência
do Juízo do Inventário para o desiderato. III – VOTO Por todo o
exposto, voto pelo conhecimento e desprovimento do Agravo de
Instrumento, mantendo a decisão agravada em seus termos. IV –
DISPOSITIVO Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 12ª
Câmara Cível do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por
unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO E NÃO PROVIDO o
recurso de ANTONIO CARLOS BORA e ISABEL BORA. O julgamento
foi presidido pelo Desembargador Rogério Etzel, sem voto, e dele
participaram a Desembargadora Ivanise Maria Tratz Martins (relatora),
o Desembargador Luis Cesar De Paula Espindola e o Desembargador
Roberto Antonio Massaro. Curitiba, 04 de maio de 2020.
Desembargadora Ivanise Maria Tratz Martins Relatora VENOSA, Silvio
de Salvo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2017. p. 363.[1] Direito civil: reais.
GONÇALVES, Carlos Roberto. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 385.[2]
Direito civil brasileiro, volume 5: direito das coisas. Art. 1.784. Aberta a
sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.[3]

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