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Martins Advogados

INARIO MARTINS DA SILVA – OAB/SP 112.128 e LUCAS MARTINS SOBRINHO – OAB/SP 406890

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 7ª VARA CÍVEL


DO FÓRUM DE SANTANA. COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Proc. N. . 1004273-36.2022.8.26.0001

GENILSON LOURENÇO DA SILVA, devidamente


qualificados nos autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, nos termos do art. 1009, IV, §
1º do Código de Processo Civil, de acordo com as razões de fato e de direito a seguir
expostas.

Termos em que,

pede deferimento.

São Paulo, 02 de fevereiro de 2023.

LUCAS MARTINS SOBRINHO


OAB/SP 406.890

1
Avenida Guapira, n. 970 - Tucuruvi – SP/SP CEP 02265-001
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DA _____ CÂMARA


DE DIREITO PRIVADO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO.

Proc. nº 1004273-36.2022.8.26.0001

EGRÉGIO TRIBUNAL!

COLENDA CÂMARA !

A respeitável sentença da lavra do MM. Juiz de direito deve ser


mantida em toda sua integralidade.

I- DO RESUMO DAS QUESTÕES ADUZIDAS

Em apertada síntese, a ré, ora apelante aduziu: 1) foi fixado


erroneamente os honorários advocatícios por 2 motivos: a) a ré concordava com a extinção de
condomínio e b) a base de cálculo não deveria ser o valor da causa e (subsidiariamente1) 2) a
redução dos honorários segundo o demonstrativo apresentado e a reforma de decisão que
condenou ao arbitramento de aluguéis.

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A apelante utilizou a expressão “pedido sucessivo”, mas é nítido tratar-se de pedido subsidiário 2
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II-DA ILEGITIMIDADE DO ADVOGADO DO AUTOR

A pretensão de reforma da sentença não prospera e nenhuma das


declarações da apelante é verossímil.

Com o máximo respeito à parte adversa, o recurso possui manifesto


intuito protelatório e, como se demonstrará, a apelante (demandada) pratica litigância de má-
fé, pois afirmou sua anterior concordância com a extinção de condomínio quando, na verdade,
resistiu à extinção do condomínio em momento posterior (fls.99-108) ao dizer que o autor já
teria vendido o imóvel!

Ademais, o próprio pedido de extinção do feito (fls.103)2 denota


resistência a todos os pedidos do autor e não apenas ao pedido de arbitramento de aluguel.

Essas questões aqui tratadas en passant, serão abordadas com


profundidade ponto por ponto no próximo tópico, pois agora trataremos do assunto pertinente
a este: a ilegitimidade do advogado do autor como parte no processo.
É de se espantar que a apelante tenha colocado como parte da demanda
o advogado do autor (fls.236):
“O advogado que representou o integrante do polo ativo em primeira instância, nesta
fase processual passa para a ser parte pois, o presente recurso versa sobre o QUANTUM DA VERBA
HONORÁRIA SUCUMBENCIAL.”

A apelante parte do pressuposto que por haver interesse no


recebimento da sucumbência, necessariamente o advogado passaria a ser parte. Nada mais
equivocado se poderia afirmar.
Se assim fosse, todo recurso teria o condão de modificar os polos da
demanda para se incluir os advogados, uma vez que seu provimento ou improvimento pode

2
“Assim sendo, o autor é parte ilegítima para requerer a extinção do condomínio e por conseguinte, a extinção
do feito sem apreciação do mérito, nos termos do artigo 485, inciso VI do Código de Processo Civil, com o
devido respeito, é medida de rigor” sic 3
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aumentar a verba honorária ou mesmo invertê-la para o patrono da parte contrária. Ora, todos
os dias o TJSP recebe inúmeros recursos e nem por isso se entende que os patronos podem se
tornar, repentinamente, litisconsortes. A suposição da apelante chega a ser cômica.
Se não cômica, chega a ser ridícula.
O recurso contra a homologação do honorário pericial transformaria o
perito em parte? É deveras jocoso.
A definição de parte está intimamente ligada àquilo que é essência do
processo: o objeto litigioso, ou mérito. Parte é quem se pleiteia ao Estado a tutela jurisdicional
do seu direito atingido ou em face de quem se pleiteia a tutela jurisdicional. Os demais atores
do processo podem eventualmente possuir interesse em uma ou outra questão processual, mas
não no objeto litigioso.
Os demais agentes no processo atuam para a realização do interesse
das partes (advogados, assistentes técnicos etc.) ou para auxiliar o desempenho da função
jurisdicional.
Além disso, há mais de um século temos consolidado tanto o conceito
de parte quanto as hipóteses de modificação dos elementos da demanda (seja os elementos
subjetivos- as partes- ou os elementos objetivos -objeto litigioso).
Assim, é cediço que a modificação dos elementos da demanda só
poderá ocorrer antes da citação (sem a anuência do réu) e após a citação (com a anuência do
réu) mas em hipótese alguma após a decisão saneadora. Além dessas hipóteses, só poderá
ocorrer a mudança dos polos subjetivos em caso de sucessão processual (em caso de
falecimento, cessão de direitos (com anuência da parte contrária- art. 109, CPC) e hipóteses
expressamente previstas.
Assim, se verifica a perpetuatio legitimis, devendo ser não conhecido o
recurso quanto ao mérito que atingiria este patrono.

III-DA RESISTÊNCIA À PRETENSÃO DO AUTOR

Conforme foi exposto acima, a apelante (ré da demanda) afirma que


não caberiam os honorários sobre o pedido de extinção de condomínio porque havia afirmado
às fls. 45/49 que concordava com a venda do imóvel. Porém, a apelante propositalmente
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omitiu que às fls. 99/108 se opôs à venda do imóvel alegando que o autor já o teria
vendido.
A omissão proposital demonstra que a apelante se utiliza da via
recursal para levar a erro os respeitáveis desembargadores do Tribunal de Justiça de
São Paulo.
A fim de não restar uma única dúvida sobre a má-fé da apelante, bem
como sobre a probidade do autor da demanda, faremos um breve relato do caso.

Conforme narrado na exordial, o autor nunca recebeu nenhuma parte


dos alugueres do imóvel em que é coproprietário com a ré. Porém, no início da pandemia com,
o agravamento da crise econômica o autor precisou de um aporte financeiro e procurou a ré
que se negou a fornecê-lo.
Com a negativa da ré, o autor consultou este advogado que ora o
representa para saber o que poderia ser feito.
Este causídico informou que era possível tanto a ação de
arbitramento de aluguel quanto a extinção do condomínio (venda judicial do imóvel).
Nesta mesma ocasião, este causídico perguntou se o imóvel era
locado. O autor respondeu que sim. Diante da resposta afirmativa do autor, este causídico
informou que tanto a locatária quanto a ré possuíam direito de preferência e que era
prudente conversar com ambas para que pudessem exercê-lo.
Primeiramente, se falou com a locatária porque o autor e sua filha
possuem antigas rusgas e acumulados desentendimentos de muitos anos (principalmente após
a separação do autor com a mãe da requerida).
Importa frisar que naquele período este causídico representava tanto
o autor quanto a locatária, pois ambos concordavam com a venda.
Ao consultar a matrícula do imóvel, verificou-se uma antiga penhora.
Por este motivo, este causídico que já representava o autor extra-judicialmente, passou a
representá-lo judicialmente na ação de execução a fim de que se retirasse a penhora.
Enquanto se regularizava a matrícula do imóvel, este causídico,
entrou em contato com a ré informando que representava a locatária (uma vez que tanto a
representava quanto também representava o autor).
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Ao entrar em contato, a ré disse que concordava com a venda, mas


não gastaria nenhum valor para efetuá-la, ficando tudo a cargo de seu pai e da locatária.
Foi explicado à ré que a venda dependeria da aprovação do
financiamento imobiliário pelo banco.

Foi aprovado o crédito, pela análise socioeconômica da locatária, mas


não foi aprovado o financiamento em si porque não estava averbada a partilha do processo de
divórcio (sendo impossível a averbação da alienação fiduciária, sem o divórcio, uma vez que
deveria ser observado o princípio da continuidade registral).
Assim, o autor outorgou nova procuração para que este causídico
desarquivasse os autos do divórcio e extraísse a carta de sentença para averbação da partilha.
Uma vez averbada a partilha, o setor jurídico do Banco Bradesco
negou novamente a realização do financiamento, sob o fundamento de que deveria ser
realizado o inventário para que constasse a ré na matrícula do imóvel.
Assim, este causídico tentou diversas vezes entrar em contato
com a ré para que ela pudesse abrir o inventário ou, se já feito, para averbá-lo para a
regularização da matrícula.
Porém, a ré nunca retornou às ligações deste causídico.
A abertura do inventário não podia ser feita pelo autor. A
abertura do inventário só poderia ser feita pela ré em razão do rol taxativo do art. 616,
CPC.
O autor não era cônjuge da Sra Dalva na data de seu falecimento e
muito menos seu herdeiro. Portanto, não possuía legitimidade para a abertura do inventário.
Assim, a necessidade de venda do imóvel para quem quer que fosse,
foi orientado a ajuizar a presente demanda.
Uma vez que a extinção de condomínio pode implicar na venda do
imóvel a qualquer pessoa, este causídico renunciou aos poderes concedidos pela locatária
antes do ajuizamento da demanda.
Assim, não houve venda do imóvel. O financiamento sequer foi
aprovado e o autor nunca recebeu um único centavo do bem que, embora lhe pertença, é usado
exclusivamente pela ré (fato esse, incontroverso!)
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Por esta razão, não havia outra maneira ao autor a não ser ajuizar
a presente demanda cobrando os aluguéis que nunca recebera e pleiteando a extinção do
condomínio.
Ao ajuizar a demanda, a ré contestou afirmando que concordaria com a
venda, mas se oporia ao arbitramento de aluguel e que por haver reconhecimento do pedido,
não caberiam honorários sucumbenciais.
Em réplica, o autor (ora apelado) atacou a alegação da ré, apelante, (na
qual dizia que o imóvel era administrado por ambos) afirmando que era impossível a
administração por ambos uma vez que o autor morava em Banzaê-BA sendo impossível
administrá-lo.
Na mesma réplica pediu a condenação ao arbitramento de aluguel e a
condenação aos honorários sobre este pedido, pois até aquele momento a ré (apelante), não
teria usado o meio ardiloso e vil (que usou posteriormente) para se opor à venda/
extinção de condomínio. Além disso, pediu o julgamento antecipado da lide porque a causa já
se encontrava madura: havia (até aquele momento) o reconhecimento do pedido e a questão
sobre o arbitramento de aluguel aparentava ser mais uma questão de direito do que questão de
fato (e mesmo se assim o fosse, os documentos juntados já seriam suficientes para o
julgamento do mérito).

Assim a magistrada determinou que as partes se manifestassem sobre


eventuais provas que queriam produzir e justificassem a pertinência.

O autor reiterou o julgamento antecipado da lide.

Neste exato momento a apelante usa de seu subterfúgio vil e, ao


invés de apresentar as provas para a fase de instrução (tal qual se determinou no
despacho), a apelante alegou que o imóvel fora vendido pelo autor e que a demanda
deveria ser julgada improcedente.

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Atente-se que a ré passou a pedir a extinção total do processo,


portanto, a partir daí, a apelante não se opôs apenas aos alugueres mas também ao
pedido de extinção de condomínio!
Se a apelante pleiteia a improcedência total da demanda é porque
se opõe a TODOS os pedidos formulados.

Após a inverídica manifestação da apelante, o apelado manifestou-se


demonstrando que nunca houve nenhuma venda do imóvel. O apelado reiterou o julgamento
antecipado da lide (conforme já havia pedido) e seu procurador explicou à Sua Excelência que
o apelado mora em Banzaê, área rural da Bahia, e que o apelado é idoso e só consegue usar o
celular para fazer ligações (desconhecendo qualquer tipo de aplicativo)- assim ficaria muito
difícil realizar a audiência virtual ou a presencial, porém para comprovar a inexistência da
venda, requereu o apelado que Sua Excelência (a magistrada de 1º grau) realizasse
pesquisa em sua conta bancária através do sistema SIMBA, no qual é possível não
apenas ver os dados bancários do apelado ,mas também a origem se sua renda e a
destinação de seus recursos.
Além disso, pleiteou subsidiariamente que caso Sua Excelência
entendesse inviável ou pouco satisfatória a pesquisa pelo SIMBA, que marcasse a audiência
presencial do autor (ora apelante).

A sentença foi prolatada nas 178/180 julgando parcialmente


procedente para extinguir o condomínio, afastando a alegação de venda para terceiro, e para o
arbitramento de aluguel que deveria ser pago da citação à notificação da imobiliária.

A ré apelou para atacar exclusivamente os honorários sucumbenciais e


o arbitramento de aluguel, aduzindo que 1)havia reconhecimento do pedido de extinção de
condomínio e por essa razão só incidiriam honorários na parte controvertida, 2) que o próprio
autor pede a condenação de honorários apenas em relação ao arbitramento de aluguel, por ser
a parte controvertida (fls. 85/86), 3) que se trata de procedimento de jurisdição voluntária, 4)
que a base de cálculo para os honorários está errada, pois não obedece a ordem do art. 85,
CPC, 5) que a procuração atribui poderes apenas para a extinção de condomínio (não
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devendo incidir sobre o arbitramento de alugueres) e 6) a sentença reconheceu que não são
devidos os alugueres em decorrência da inadimplência da locatária.

Como se verá a seguir, nenhum desses argumentos prospera.


Quanto aos fundamentos “1” e “2”, já ficou demonstrado que houve
resistência à pretensão do autor nas fls. 99/108- repise-se: a ré afirmou que concordava
com a extinção de condomínio, mas passou a se opor à extinção de condomínio nas fls.
99/108. Portanto, o pedido foi controvertido e deve incidir os honorários sucumbenciais.

Como no primeiro momento a ré afirmava que concordava com a


extinção, o autor, em demonstração de boa-fé, pleiteou aquilo quer determina a boa técnica: a
sucumbência apenas aos alugueres nas fls. 85/86, porém, (algumas páginas após- fls.99/108)
ré mudou repentinamente e passou a se opor à extinção de condomínio nas fls.99/108 e
por isso deve incidir a sucumbência sobre o pedido de extinção de condomínio.

Quanto à jurisprudência ventilada pela ré, não é cabível ao caso


concreto. Isso porque a ré, infelizmente, não entende sequer o que ela mesma lê: a
jurisprudência entende que é jurisdição voluntária quando se discorda apenas sobre a forma
de adjudicação do bem nas ações de extinção de condomínio.

Ou seja, quando todas as parte concordam com a extinção, mas


discordam apenas sobre como fazê-la (a qual condômino será adjudicado), não há
honorários sucumbenciais.

Não se trata do caso vertente em que a própria ré DISCORDA da


extinção de condomínio , ganhando esta a natureza de jurisdição contenciosa.

Bastaria que a apelante (ré) lesse a própria jurisprudência que juntou


ao recurso:
- Havendo dissenso entre os condôminos quanto a quem será cabível a adjudicação, a

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extinção do condomínio com a venda do imóvel em hasta pública é medida que se


impõe, observando-se o direito de preferência previsto no art. 1.322 do Código Civil.
(Apelação Cível nº 1.0024.04.197822-2/001 - Comarca de Belo Horizonte - Apelantes:
Antônio Carlos Cruz Rocha e outro, Ilza Gonçalves Soares - Apelados: Maurício
Soares de Oliveira, Eni Maria da Silva Soares e outro, I.L.S.S. representada por seu pai
José Adauto Soares - Relatora: Des.ª Aparecida Grossi. Data do julgamento:
02/03/2017 ). Grifos nossos.

Aliás, a jurisprudência é riquíssima em exemplos de ações de extinção


de condomínio com honorários sucumbenciais:

APELAÇÃO – Ação de extinção de condomínio e


alienação judicial de bem comum – Sentença de extinção da ação e da
reconvenção sem resolução do mérito por falta de interesse de agir –
Insurgência do autor - Preliminar de cerceamento de defesa afastada - Julgador
é o destinatário da prova e compete-lhe aferir a conveniência e oportunidade
para o pronto julgamento da demanda – Mérito - Não cabimento – Ação
proposta por ex-companheiro ao outro – Ainda não realizada a partilha de bens
da comunhão estabelecida na união estável – Falta de interesse de agir, por
subsistir o regime de mancomunhão, assim inocorrente condomínio - Adoção
integral dos fundamentos nela deduzidos - Inteligência do art. 252 do RITJ –
Sentença de extinção mantida – Honorários advocatícios majorados, nos
termos do art. 85, § 11º do CPC - Recurso improvido.

(TJSP; Apelação Cível 1001166-77.2021.8.26.0337; Relator (a): Hertha Helena de


Oliveira; Órgão Julgador: 2ª Câmara de Direito Privado; Foro de Mairinque - 2ª Vara; Data
do Julgamento: 29/08/2022; Data de Registro: 29/08/2022)

Apelação. Ação de extinção de condomínio e


alienação judicial de coisa comum indivisível. Sentença de procedência.
Inconformismo do réu. Descabimento. Comunhão do imóvel e dos veículos
automotores incontroversa. Direito do coproprietário exigir a extinção do
condomínio, diante da ausência de solução amigável entre as partes.
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Fixação de alugueres pela contraprestação por uso exclusivo de um dos


condôminos. Existência de crédito/dívidas que estão sendo apuradas na fase de
liquidação do divórcio devem ser compensadas na fase de cumprimento de
sentença naquele feito e a critério das partes. Aluguel fixado em proporção ao
quinhão do apelante e fixação de índice de correção monetária que não
caracteriza decisão 'ultra petita' por apenas recompor o patrimônio do credor.
Preliminares afastadas. Sentença mantida pelos próprios fundamentos.
Honorários sucumbenciais recursais fixados. Recurso improvido.

(TJSP; Apelação Cível 1009446-25.2020.8.26.0320; Relator (a): Pedro de


Alcântara da Silva Leme Filho; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado;
Foro de Limeira - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 27/08/2022; Data de
Registro: 27/08/2022)

Repise-se: a diferença entre os precedente agora juntados e da apelante


é que nesses as partes se opuseram à própria extinção enquanto que naquele havia plena
concordância quanto à extinção – discordando os condôminos apenas quanto ám forma de
adjudicação.
Assim a jurisprudência dos tribunais de justiça apontam para a mesma
regra: há honorários na extinção de condomínio se a parte adversa se opõe ao pedido de
extinção (tal qual a apelante fez em fls. 99/108).

A base de cálculo dos honorários de sucumbência será abordada em


tópico próprio. Por ora, serão tratados aqui os pontos “5” e “6”: os poderes outorgados na
procuração e a obrigação de pagar os alugueres arbitrados.

Em relação à procuração, é mister enfatizar que o mandato, como


qualquer outro negócio jurídico, deve ser interpretado pela vontade de quem realiza o negócio
jurídico.
Assim, é manifesto (principalmente pelos fatos narrados) que a
vontade do autor (ora apelado) é buscar os proveitos econômicos de um imóvel que lhe
pertence (, principalmente em razão de seu empobrecimento decorrente da pandemia), mas
que sua própria filha (apelante) não permite que o autor o desfrute.
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Assim, sua filha (apelante), que nunca prestou qualquer auxílio ao


autor, deveria, ao menos, permitir que este se reerga economicamente seja pela venda do
imóvel, seja por parte doa alugueres recebidos.

Nesta senda, o ajuizamento de uma ação que busca o arbitramento de


aluguel cumulado com a extinção de condomínio, atende muitíssimo melhor à vontade do
autor do que o mero pedido de extinção de condomínio.
Assim, este causídico cumpre melhor a finalidade do mandato ao
atender a razão última dos poderes outorgados: conseguir todos meios para que o autor receba
valores que o permitam viver dignamente.

Há que se observar que os limites do exercício do mandato e sua


relação com os pedidos formulados, são pressupostos processuais e possuem a natureza de
nulidade relativa, estando sujeita à preclusão. Assim, a questão está preclusa, pois
deveria ser ventilada em contestação.

Noutro giro, se a interpretação do mandato pelo atendimento do


melhor interesse do autor não for suficiente, tampouco se entenda que a matéria se trata de
nulidade relativa, não assistiria razão à apelante, pois, por se tratar de vício sanável, dever-se-
ia aplicar o art. 76 do CPC, permitindo que o autor envie nova procuração reiterando os
poderes da primeira e acrescendo os poderes para pleitear o arbitramento de aluguel.

Aplica-se aqui a lógica do “ se pode o mais, pode o menos”: se o art.


76,CPC. é aplicável para ausência total de procuração, também deveria ser aplicado se faltar
algum poder específico.

Para finalizar esse tópico, cabe a análise da afirmação inverídica de


que a sentença reconheceu que a não havia pagamento pela locatária e que isso bastaria para
cassar a decisão que determinou o arbitramento de aluguel.

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A sentença nunca reconheceu que a locatária pagava ou deixava de


pagar os alugueres. O adimplemento ou não da locatária é questão completamente irrelevante
para o arbitramento de aluguel por 2 motivos: ainda que houvesse inadimplemento a apelante
teria direito ao crédito e poderia ela exigi-lo in totum (o que não ocorre com o apelado que não
consta no contrato de locação) e, o principal, a questão está preclusa!

É inviável que a ré não pague os alugueres arbitrados porque ela


mesma afirma que não se opõe ao pedido em sua contestação (fls. 53):

“A ré não oferece e nunca ofereceu oposição ao pedido do autor quanto a receber


50% ( cinquenta por cento ) do valor do aluguel, bem como não ofereceu oposição aos demais pedidos
formulados na inicial.”

Ora, se não há oposição é porque reconhece o direito do autor!

Não obstante, a ré alega também que só não pagaria os alugueres


arbitrados porque não recebe o pagamento da locatária, porém a própria ré afirma que
“guardou todos os aluguéis de março de 2019 à dezembro de 2020” (fls.107):

“A ré recebeu procuração pública para administrar o imóvel e portanto, cabe a ela


cuidar da manutenção do bem. A ré guardou o aluguel atinente ao período, março de 2019 à novembro de
2020, para trocar o teto de estuque e reformar o imóvel. Inclusive, o teto dos quartos desabou. A locatária
instalou nos quartos forro de PVC e o valor pago foi descontado do aluguel, o que consta no demonstrativo do
pagamento da locação.”

Ora, Excelência, está comprovado que o suposto “fato impeditivo”


efetivamente não impede nada: a ré alega que não consegue pagar os alugueres porque não
recebe, mas tem aluguel guardado de março de 2029 a novembro de 2020! E ela sequer usou
esses valores para reforma, pois confessou peremptoriamente que a própria locatária que as
realizou!!

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Cabe ressaltar que não corrobora ao argumento da apelante o


ajuizamento de sua ação contra a locatária cobrando apenas 50% dos alugueres, pois a outra
metade se tornou inviável a cobrança pelo apela uma vez que este não consta no contrato de
locação. Por conseguinte, qualquer ação que o apelado promova contra a locatária será
julgada improcedente por ilegitimidade de parte em razão de constar o apelado (autor)
como parte no contrato de locação.

Ademais, é cediço que contratos geram efeitos apenas inter partes ,


ou seja, não pode o autor exigir pagamento de um contrato no qual não participou!

A “excelente” assessoria jurídica da apelante resultará em 50% dos


débitos inexequíveis, pois nem ela e muito menos o autor poderão exigir este valor em atraso.

Para finalizar, há que se observar que a sentença determinou o


pagamento dos alugueis da citação até a expedição do ofício por 2 motivos: 1) a partir da
citação a apelante tem ciência da pretensão do autor e assim se constitui o réu em mora (se
trata de mora ex persona) e 2) entende a magistrada que uma vez oficiada a imobiliária,
deveria ela (e não a ré) arcar com os alugueres arbitrados - entendimento este que
respeitosamente discordamos, pois não há sub-rogação pela imobiliária, mas simplesmente
exercício de poderes de representação.

IV-DA BASE DE CÁLCULO DOS HONORÁRIOS

Distintamente das refutações acima, esta merece um tópico a parte a


uma porque é decorrência lógica das demais (sem analisar a justa condenação, não há como
tratar do cálculo dos honorários) e a duas porque a questão trata exclusivamente de como
interpretar o art. 85, CPC e aplicá-lo ao caso.

O único acerto da apelante é em relação à afirmação de que deve o


magistrado seguir uma ordem para aplicar o percentual dos honorários advocatícios:
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primeiro sobre o montante da condenação, em segundo lugar (em caso de impossibilidade do


primeiro critério) deve-se aplicar os honorários sobre o proveito econômico e não sendo
possível mensurar nem um, nem outro, deve-se aplicar sobre o valor da causa.

De um pressuposto correto, a apelante conseguiu tirar uma conclusão


totalmente errada.
A demanda se resume a dois pedidos: extinção do condomínio e
arbitramento de aluguel. Desses pedidos, o único mensurável é o arbitramento de aluguel (pois
foi juntado o contrato de aluguel da apelante), o pedido de extinção de condomínio é
inestimável porque depende de avaliação do imóvel!

Ora, se o valor depende da avaliação do imóvel, não é possível aplicar


honorários sobre a condenação tampouco sobre proveito econômico do autor!
A única base de cálculo possível é sobre o valor da causa, pois as
demais são inestimáveis porque dependem da avaliação do imóvel.

V- DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
É evidente a litigância de má-fé da apelante.

Primeiramente, a apelante informa que não possui meios para pagar os


alugueres arbitrados porque a locatária está inadimplente mas nas petições de fls. 107 afirma
possuir todos os aluguéis guardados de março de 2019 a novembro de 2020.
Em segundo lugar, a apelante pretende ludibriar os honoráveis
desembargadores afirmando que reconhecia o pedido de extinção de condomínio e omitindo
sua oposição à extinção de condomínio sob o falso argumento de que o imóvel fora
vendido (fls.98/108).

Ora Excelência, isso por si só demonstra que as alegações de venda do


imóvel foram falsas! A apelante quis protelar sua condenação e tentou embargar a marcha
processual porque sabia que seria inexorável a extinção de condomínio!

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Uma vez que não obtém êxito em suas declarações falsas, a apelante,
novamente, se empenha em impedir a extinção de condomínio através de recurso dotado de
efeito suspensivo! Penas acautelou-se de pedir a reforma dos honorários a fim de que não
recolhesse um valor considerável de preparo.

Por estas razões, deve a apelante ser condenada à litigância de má-fé.

VI-DA TUTELA DE EVIDÊNCIA

Embora já tratada na doutrina processual durante a vigência do CPC de


1973, a tutela dos direitos evidentes (ou tutela da evidência) passou a ser positivada apenas no
atual CPC.
Neste diapasão, o legislador previu a hipótese de concessão da tutela
quando houver “manifesto recurso protelatório” e “abuso do direito de defesa” .

Trata-se do presente caso, pois as principais afirmações da apelante


podem ser afastadas com a simples leitura do processo.

A apelante afirma que não se opunha à extinção de condomínio,


quando basta ler a petição de fls. 99/108 para perceber que ela efetivamente se opôs.
A apelante pede a reforma em relação aos aluguéis,, pois não os recebe
da locatária, quando ela mesma afirmou que os recebeu e os guardou de março de 2019 a
novembro de 2020 (fls. 107).

Pela evidente falsidade das alegações, só se pode concluir que o apelo


possui intento protelatório a fim de evitar o cumprimento de sentença.
Nesta senda, há que observar o art. 311, I do CPC:

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Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o


manifesto propósito protelatório da parte;

Por estas razões se requer a concessão da tutela de evidência para


retirar o efeito suspensivo do apelo e permitir a execução provisória do comando da sentença.

VII-DA MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Por fim, deve haver a majoração dos honorários sucumbenciais


conforme previsão expressa do art. 85, § 1º CPC:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.

§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,


provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.

Por esta razão, o desprovimento do apelo da ré enseja em majoração


dos honorários sucumbenciais.
VIII-DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer:

1) O total improvimento do recurso.


2) A concessão da tutela evidência por abuso de direito de
defesa e manifesto intuito protelatório do apelo, retirando o
efeito suspensivo do recurso para permitir a execução

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provisória e a avaliação do imóvel para extinção de


condomínio.
3) A condenação à litigância de má-fé
4) A majoração dos honorários advocatícios, nos termos do art.
85, parágrafo 11, do CPC.

Termos em que,

pede deferimento.

São Paulo, 2 de fevereiro de 2023.

LUCAS MARTINS SOBRINHO


OAB/SP 406.890

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