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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO


CENTRAL DE CURITIBA
1ª VARA CÍVEL DE CURITIBA - PROJUDI
Rua Cândido de Abreu, 535 - Centro Cívico - Curitiba/PR

Autos nº. 0019587-38.2010.8.16.0001

Processo: 0019587-38.2010.8.16.0001
Classe Processual: Usucapião
Assunto Principal: Usucapião Extraordinária
Valor da Causa: R$28.400,00
Autor(s): ALEX SANDRO ADONIS ZANELLATO (RG: 20712996 SSP/PR e CPF/CNPJ:
317.611.009-04)
Rua Padre José Poliga, 83 - Cajuru - CURITIBA/PR - CEP: 82.980-050
ANA DOS SANTOS TABORDA (RG: 68560110 SSP/PR e CPF/CNPJ:
024.751.609-00)
Rua Dom João VI, 399 Fundos - Cajuru - CURITIBA/PR - CEP: 82.900-150
Réu(s): FESA CONSTRUÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA (CPF/CNPJ:
78.336.427/0001-52)
Rua Emiliano Perneta, 212 - Centro - CURITIBA/PR - CEP: 80.010-050
FLORIANO TAVARES (CPF/CNPJ: Não Cadastrado)
n/consta, s/n - CURITIBA/PR
Terceiro(s): Edmar Marques de Souza (CPF/CNPJ: Não Cadastrado)
Rua Padre José Poliga, 113 - Cajuru - CURITIBA/PR - CEP: 82.980-050

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela curadora especial que


atuou em nome de FLORIANO TAVARES, à seq. 58.1, no bojo dos quais sustenta que a sentença
proferida à seq. 47.1 deixou de lhe arbitrar honorários advocatícios. Asseverou que este
entendimento é equivocado, porque a despeito de não haver pretensão resistida atuou no feito como
curadora especial, protocolou petições e atuou no feito, pelo que deve ser remunerada
adequadamente.

Instada a se manifestar (seq. 60.1), nos termos do art. 1.023, § 2º do CPC/2015,


a parte embargada nada requereu.

Conheço dos embargos de declaração, considerando que atendem aos


pressupostos de admissibilidade.

No mérito, analisando detidamente a argumentação esposada pela


embargante, vislumbra-se que lhe assiste razão.

Da análise dos autos, é possível vislumbrar que citado por edital, o réu
FLORIANO TAVARES não apresentou contestação (seq. 1.4 – fl. 203).

Assim, houve a nomeação de procurador para exercer a sua defesa, já que


permaneceu em todo o trâmite processual em lugar incerto e não sabido, impondo ao Magistrado,
nomear advogado para exercer o patrocínio da causa.

Partindo de tal premissa, convém tecer algumas considerações quanto à


responsabilidade pelo pagamento das custas finais e dos honorários do curador especial -, no
presente caso, em que o pedido de usucapião foi julgado procedente, em favor do autor.

Com efeito, o processo de usucapião tem por finalidade regularizar, perante o


registro imobiliário, a titularidade do domínio, o revestindo de publicidade. A imprescindibilidade do
ajuizamento da ação de usucapião, portanto, não está na resistência à pretensão autoral, ou seja, na
existência de lide propriamente dita, muito embora esta possa, de fato, existir, mas na própria
natureza do direito postulado.

A ação de usucapião ao ser ajuizada independentemente da presença de litígio


a ser dirimido, há que se respeitar o contraditório e a necessidade de pronunciamento judicial para o
reconhecimento da usucapião e a realização de todas as diligências legalmente exigidas – a exemplo
da citação dos confrontantes.

Justamente por esse motivo, os honorários da curadoria especial consistem em


despesa processual da ação de usucapião, pelo que seu valor deve ser suportado pela parte a quem
der causa à demanda.

À luz de tais ensinamentos, a conclusão a que se chega é a de que a autora deu


causa à demanda e sagrou-se vencedora, pelo que deve suportar tais ônus. Em idêntico sentido:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL - RÉU REVEL - NOMEAÇÃO DE


DEFENSOR DATIVO - HONORÁRIOS DO CURADOR ESPECIAL - DESPESA PROCESSUAL EM
RAZÃO DA NATUREZA DA DEMANDA- FIXAÇÃO EM FACE DO ESTADO DO PARANÁ -
NECESSIDADE DE REFORMA - ÔNUS QUE DEVE SER IMPUTADO AO AUTOR DA AÇÃO -
ART. 19 DO CPC - PRINCÍPIO DO INTERESSE - PROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO DE
USUCAPIÃO - RELEVANTE PROVEITO ECONÔMICO OBTIDO NA CAUSA - REVOGAÇÃO DA
BENESSE DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA, DE OFÍCIO - ART. 8º DA LEI 1.060/1950 -
SENTENÇA REFORMADA. 1. A imprescindibilidade do ajuizamento da ação de usucapião
não está na resistência à pretensão autoral, ou seja, na existência de lide propriamente
dita, mas na própria natureza do direito postulado. Situação que atrai a regência do
princípio do interesse, no tocante ao pagamento de custas finais e honorários
advocatícios. 2. A despeito do disposto no artigo 22, caput, da Lei nº 8.906/94, tendo em
vista o proveito econômico obtido com a causa, justifica-se a revogação da gratuidade
da justiça anteriormente concedida, de ofício, bem como a condenação da autora ao
pagamento dos honorários do curador especial.RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR
- 17ª C.Cível - AC - 1299017-3 - União da Vitória - Rel.: Rosana Amara Girardi Fachin -
Unânime - - J. 04.11.2015). (grifei)
Assim, é de se acolher os embargos manejados, para o efeito de imputar ao
autor o pagamento de honorários advocatícios em favor da curadora especial – o qual, contudo, está
suspenso, eis que o autor é beneficiário da justiça gratuita.

Logo, altero a parte dispositiva, para que passe a constar da seguinte forma:

“III – DISPOSITIVO

Isto posto, com fulcro artigo 487, inciso I do CPC/2015, JULGO PROCEDENTE o pedido

formulado por ALEX SANDRO ADONIS ZANELATO em desfavor de FEZA CONSTRUÇÕES E

EMPREENDIMENTOS LTDAe FLORIANO TAVARES, pelo que declaro o domínio do autor

sobre o imóvel inicialmente descrito, com características, medidas e confrontações

constantes do mapa e memorial descritivo que ficam fazendo parte integrante desta

decisão.

Em atenção ao princípio da sucumbência, condeno a parte autora ao pagamento das

despesas processuais e de honorários advocatícios à curadora especial, os quais fixo em

20% (vinte por cento) do valor atualizado da causa, o que faço com base no grau de zelo

do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o

trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 85, § 2º,

CPC/2015). Deve ser observada a suspensão da exigibilidade diante da concessão da

benesse da justiça gratuita à seq. 1.2 – fl. 121, nos termos do art. 98, § 3º do CPC/2015.

Transitada em julgado, expeça-se mandado para inscrição da presente na Circunscrição

Imobiliária, para que inclusive promova a abertura de matrícula individualizada, com

cópia do mapa e memorial mencionados, observando o oficial a norma contida no art.

225 da Lei nº 6.015, de 31.12.73, no Código de Normas da E. Corregedoria Geral da

Justiça e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie. Após, nada mais sendo

requerido, arquivem-se os autos, com as baixas necessárias”.

As demais disposições permanecem inalteradas.

1.1. Assim sendo, ACOLHO os embargos declaratórios opostos, nos termos da


fundamentação supra, para o fim de fixar honorários em favor da curadoria especial.
2. Transitada em julgado, cumpra-se no que couber a sentença de seq. 47.1.

Diligências necessárias.

Curitiba, data da assinatura digital.

Débora Demarchi Mendes de Melo


Juíza de Direito Substituta
S

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